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Fonte e Loureiro (2013), apresentam o ato de planejar como uma ação que
ocorre e materializa-se em diferentes níveis de complexidade, nesse sentido o
planejamento educacional não é uma prática simplória e o tema requer uma
abordagem cuidadosa. As condições em que o trabalho docente realiza-se
interferem no planejamento que estende-se da intervenção em sala de aula à luta
social pela construção de um sistema educacional, portanto, a qualidade do
planejamento depende, por exemplo, de como se dá a incorporação do tempo de
planejar na jornada de trabalho e da valorização da profissão docente. Os autores
consideram essas questões prioritárias no debate sobre planejamento
educacional, entretanto, objetivam ao longo do texto discutir os entraves de ordem
teórica que derivam de condições históricas objetivas ao passo que as influenciam
e interferem na realização do planejamento. São discutidos obstáculos teóricos
referentes à tradição pedagógica tecnicista e à agenda denominada de pós-ismos.
Fonte e Loureiro ao mobilizarem as pesquisas de Vasconcellos (1995) e
Rojo (2001), afirmam que a descrença e o desapreço dos docentes pelo ato de
planejar são legado de uma educação tecnicista, apontam ainda que elementos
do tecnicismo estão presentes no imaginário de professores e também no dia a dia
escolar, orientando regras e normas. Essa perspectiva pedagógica, inspirada na
Teoria do Capital Humano, chegou ao Brasil no final da década de 1960 por meio
dos acordos entre o governo militar com os Estados Unidos, objetivando
modernizar o sistema de ensino brasileiro a partir dos valores eficiência e
produtividade. Para formatar a educação a partir desses valores, os meios foram
adequados aos fins buscando assim atingi-los em menor tempo e com menor
esforço, as ferramentas técnicas revestidas de uma pseudoneutralidade e o
planejamento tomado como ferramenta garantidora da eficiência ambicionada.
Ao citar Saviani (1986) e Vasconcellos (1995), os autores reiteram que o
planejamento depois da implementação da educação tecnicista, passou a ser lido
como solução para a falta de produtividade escolar e como garantia de uma boa
prática pedagógica, o que na realidade não foi observado, pelo contrário, a
tentativa de tornar a escola mais eficiente e produtiva via planejamento e legar a
ele todos os problemas educacionais agravou os problemas existentes, uma vez
que provocou uma cisão no trabalho pedagógico deslocando o papel de planejar
para especialistas que não os “professores da prática”, tornando-os meros
aplicadores de teorias refletidas por outrem. Para compreender melhor como o
planejamento foi esvaziado no fazer docente, o texto recupera condições históricas
específicas do capitalismo contemporâneo e revela as formulações teóricas do
tecnicismo e da pós-modernidade, conforme veremos a seguir.
No final da década de 1970 e início dos anos 1980 o mundo experimentou a
Referências bibliográficas