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Resumo
A pesquisa empreendida consiste em “educação, ensino e pesquisa em administração
pública” no Brasil. Em linhas gerais, o artigo buscou proposições para aperfeiçoar o ensino
sobre a administração pública no Brasil, visando o aprimoramento dos processos e
procedimentos adotados pelo Estado no cotidiano de seus órgãos e instituições. O trabalho
tem como importância relatar a evolução da administração pública no país, tal como seu
panorama histórico de ensino e pesquisa. Os métodos de pesquisa utilizados foram o
qualitativo, através de uma fundamentação teórica, e o quantitativo através da realização de
um estudo de campo aplicando-se o instrumento de coleta de dados questionário, elaborado
pelos próprios autores. Contudo, constatou-se que ainda são diversos os problemas
enfrentados por esse campo do saber, vão desde materiais didáticos desatualizados a pouca
oferta de cursos voltados especificamente para administração pública.
1 – Introdução
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2 – Referencial Teórico
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Segundo Gaetani (1999), a administração pública teve seu marco como disciplina
acadêmica no Brasil em 1952, quando a Fundação Getúlio Vargas (FGV), criou a Escola
Brasileira de Administração Pública (EBAP) e também formações em pós-graduação nessa
área. Esse estabelecimento de ensino originou-se sob a direção das Organizações da Nações
Unidas (ONU) e no encadeamento de planos de coadjuvação estratégica com os regimes
norte-americano e europeu.
A convenção entre essas instituições estrangeiras tinha como objetivo a conservação
de educadores estrangeiros no Brasil e o auxílio de instrução fora do país destinado ao
aprimoramento dos docentes brasileiros. Em meados da década de 60 a FGV começou a
oferecer vagas para mestrado, tornando-se a principal matriz de orientadores para outros
estabelecimentos desse campo do saber, ocasionando uma grande ampliação da trajetória da
administração. Essa dilatação cresceu de uma forma que nos anos 70 essas áreas começaram a
receber estudos de doutorado (CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO, 2010).
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Na década de 60, alguns fatos marcaram uma nova fase no ensino de administração
pública no Brasil. Para Keinert (2007), o lançamento da Revista de Administração Pública,
em 1967, realizada pela FGV/EBAP atinge um mérito de regularidade, grande solidez e
excelente valor em seus artigos, vindo a ser a maior representação da construção de
conhecimento em administração pública.
Na transição da década de 60 para 70, o fenômeno do milagre econômico contribuiu
para a maximização do ensino sobre administração de empresas no país. E tal fato trouxe
reflexos para a instrução do administrador público, diante da “competitividade”, agora
estabelecida (GAETANI, 1999).
Gaetani (1999), diz ainda que, no transcurso dos anos 70 para os 80, com a tendência
do endurecimento da administração indireta, o Estado deixou de ser o principal protagonista
na esfera da administração pública, o que gerou algumas consequências, principalmente no
que tange a oferecer o ensino.
Existem dois problemas, o primeiro deles, é que muitos professores não possuem
uma boa combinação de treinamento acadêmico e experiência profissional adquirida
no setor público. Logo, não são maduros o suficiente para ministrarem disciplinas
acerca de gestão pública. O segundo diz respeito à forma com que a disciplina
administração é ensinada nas escolas. O administrador, de maneira geral, tem que
agir por intermédio de pessoas e a habilidade do administrador em potencial de fazer
isso não se pode fixar sem uma autêntica experiência de trabalho (KOONTZ e
O’DONNELL, 1974, p. 16).
Como ponto inicial, este artigo parte da seguinte assertiva: o futuro da administração
pública no Estado passa necessariamente pelo fortalecimento acadêmico desta disciplina, com
intercâmbios entre as escolas já existentes, estabelecimentos de nível superior e o próprio
Estado, aliada a um real investimento do governo federal na disseminação dos conhecimentos
deste setor nas esferas estatal e municipal.
A carência de um forte eixo institucional acadêmico complica as possibilidades do
conhecimento produzido na Escola Nacional de Administração Pública ser aproveitado de
forma ordenada, quer como matéria-prima para ensino, quer como parcela de métodos de
pesquisa mais abrangentes. No entanto, à medida que a ENAP estabelecer sua ação como
ponto central de progresso de recursos humanos, exercer investigação e divulgação no
domínio da gestão pública, aspira-se que tais obstáculos sejam superados. E dentro deste
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3 – Metodologia
4 – Resultados e discussões
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50,0
40,0
30,0 56,4
20,0 Percentual
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Na seção 4.2, foram obtidas 149 respostas e percebeu-se que a maioria da amostra
considerada foi constituída por pessoas com menos de 5 anos de atuação no setor público
(41,60%), e aproximadamente 82% do efetivo considerado possui no máximo de 10 anos de
atividade na administração pública, o que permite inferir que o público analisado não se
caracterizou por indivíduos com elevado tempo de atuação na área de administração pública.
Contudo, ressalta-se que o tempo diminuto de atuação na administração não significa
dizer que tal público possuísse baixa expertise de conhecimento, mas sim sapiência bem
atualizada nesse campo do saber!
Na seção 4.3, foram obtidas 129 respostas, tendo em vista que o público respondente
foi composto somente por militares e servidores públicos. O fato de 41,9%, soma de 32,6%
mais 9,3%, da população analisada considerar o nível de aplicabilidade dos conceitos de
Administração Pública na rotina de trabalho como elevado e/ou muito elevado foi um dado
que revelou o grau de importância dos conhecimentos atinentes à gestão pública nos mais
variados setores, independentemente do ramo de atuação (seja público ou privado). Como
exemplo, podem ser citados os processos de licitação que se desenrolam na área pública.
Tanto os agentes públicos, como os entes privados, interessados em ofertar produtos à
administração, devem estar plenamente inteirados das regras e normas vigentes, de modo que
todos os trâmites necessários ocorram no campo da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.
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Na seção 4.4, foram obtidas 150 respostas acerca do nível da qualidade do ensino
referente nos bancos escolares. A maioria das pessoas consultadas considerou o nível da
qualidade do ensino de Administração Pública no Brasil como mediano e/ou bom, o que
mostra a necessidade de se promover uma profunda reformulação na área de ensino, com a
utilização de indicadores e acompanhamento permanente por parte do MEC e das secretarias
de educação (estaduais e municipais). Nenhum participante da amostra selecionada
considerou a qualidade do ensino como excelente. Tal fato revelou a necessidade de serem
adotadas medidas, visando à maximização deste percentual, que para o contexto atual, ainda
não atingiu os padrões de excelência desejáveis.
Na seção 4.5, foram obtidas 212 respostas, pois os respondentes poderiam selecionar
mais de uma opção neste tópico. Obteve-se um total de respostas, as quais sinalizaram que o
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fator que mais dificulta o progresso do ensino de Administração Pública no Brasil é a pouca
oferta de cursos na área, com 28,8%. E o que menos dificulta é o material acadêmico
deficitário, com 14,1%. Entre o maior e menor fator tem-se ainda o desinteresse dos discentes
– 22,6%; a ausência de docentes capacitados – 17,5%, e a grade curricular desatualizada –
17%. Tomando-se como referência que o segundo maior grupo da amostra considerada foi
composto por estudantes, pode-se inferir que na visão destes, o nível cognitivo de seus
docentes encontra-se adequado face às exigências do ensino de administração. O segundo
fator que mais dificulta o progresso supracitado - desinteresse dos discentes, com 22,6%,
provoca uma reflexão, a qual visa elencar as razões de tal comportamento adotado pelos
alunos e permite a seguinte indagação: onde está o erro? No processo de ensino-
aprendizagem, no comportamento do docente; enfim, cabe destacar que tal temática é bastante
complexa e pode ser desdobrada em outros estudos acadêmicos.
Outro ponto a se analisar é a elevada gama de assuntos relacionados à Administração
Pública que ganha destaque no mercado de trabalho. Tal assertiva é facilmente ratificada com
a mudança, atualmente, ocorrida nas bancas de concursos dos principais certames do país, que
cobram em seus editais, disciplinas como: Administração Financeira e Orçamentária (AFO) e
Contabilidade Pública, outrora não mencionadas.
Logo, pensando-se de forma sistêmica, existe a necessidade de uma revitalização dos
cursos de Administração Pública, com a adoção de conhecimentos teóricos e práticos que
estejam em consonância com a realidade brasileira.
Por fim, na seção 4.6, foram obtidas 228 respostas, tendo em vista que os respondentes
também poderiam selecionar mais de uma opção neste tópico. Percebeu-se que o fator de
aperfeiçoamento do ensino de Administração Pública no Brasil com maior índice foi a
necessidade de ocorrer uma maior integração entre os centros de ensino e os órgãos do setor
público, com 37,3%. Esta integração é importante para a promoção de um ensino calcado nas
mais diversas situações que ocorrem no cotidiano de um setor administrativo público, em
suma, para a ocorrência de uma perfeita “simbiose” entre a teoria escolar e a prática do dia-a-
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dia.
O segundo fator mais escolhido foi: maior investimento em pesquisas acadêmicas sobre a
realidade da Administração Pública no Brasil – 23,7%. Tal investimento pode ser
incrementado com a criação de estabelecimentos de ensino focados na pesquisa, formulação e
desenvolvimento de melhores práticas de gestão pública. E reitera-se a importância destes
estabelecimentos não perderem o viés público, de maneira que interesses escusos e privados
não modifiquem a principal razão de suas existências. Em terceiro lugar, a busca constante dos
centros de ensino pela maximização da aplicabilidade prática dos conhecimentos teóricos –
17,5% resume-se em ensinar aos discentes a efetividade de se colocar o que é aprendido como
habitualidade, não se deixando levar pelo senso comum. E por fim, com porcentagens bem
próximas, na visão dos entrevistados, os fatores que menos precisam de aperfeiçoamento são a
maior atuação do MEC no acompanhamento do conteúdo programático fornecido aos discentes
e o feedback constante dos discentes de Administração Pública recém-egressos dos
estabelecimentos de ensino, com 10,5% e 11%, respectivamente.
5 – Conclusão
Este artigo científico teve como objetivo apontar a evolução da administração pública
no Brasil bem como seu panorama histórico de ensino e pesquisa e a identificação dos
principais óbices existentes neste contexto. A realização deste estudo foi viabilizada por
intermédio de pesquisas bibliográficas temáticas publicadas recentemente e pelos resultados
obtidos nos questionários estruturados distribuídos a uma amostra de pessoas de variados
órgãos da Administração Pública, instituições militares, entre escolas de especialização e
aquartelamentos administrativos e estabelecimentos de educação superior (públicos e
privados).
Percebeu-se que o assunto administração pública encontra-se cada vez mais presente
na rotina das pessoas, porém, muitas vezes, existem lacunas de conhecimentos atinentes a seu
correto emprego nos mais variados setores, independentemente do ramo de atuação.
Ademais, tanto a escassez de habilidades dos gestores no que diz respeito à utilização
de recursos humanos, financeiros e materiais, quanto suas faltas de conhecimento prático nas
atividades dos órgãos públicos, formam alguns dos problemas que necessitam ser estudados
gradativamente.
Então, pode-se constatar que os desafios enfrentados no ensino de administração
pública no Brasil são vultosos e também estão bastante arraigados no universo escolar, seja
pela pouca oferta de cursos, seja pela falha da dicotomia teórica e prática nas instituições de
ensino.
Assim, profícuas pesquisas são necessárias no campo da administração pública,
envolvendo todos os personagens integrantes desse macrocenário, a saber: docentes, discentes
e de maneira generalista, os gestores públicos, para que de forma racional haja uma real
simbiose entre a teoria ensinada nos bancos escolares e a prática, alicerçada em experiências
profissionais bem sucedidas, a fim de se ter uma percepção clara dos problemas existentes,
buscando eliminá-los em face de eficazes tomadas de decisão no trato dos recursos públicos.
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6 – Referências
ARAÚJO, Igor Vidal. Administração pública para concursos. Brasília: Vestcon, 2013.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 16ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.
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MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 35.ed. São Paulo: Malheiros,
2009.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 25.ed. São Paulo:
Malheiros, 2008.
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