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Administração pública: instrumento de ação coletiva da nação RSP

Reportagem

Administração pública:
instrumento de ação
coletiva da nação
Diego Gomes
Colaboraram Daniella Álvares Melo e
Luis Fernando de Lara Resende

“A administração pública é cada vez mais percebida como um locus de influência e participação
democrática”, avalia o professor norte-americano Guy Peters, ao ministrar palestra na ENAP. O
evento contou ainda com a participação das doutoras em administração pública Evelyn Levy e
Maria Rita Loureiro, que, em entrevista à RSP, falam dos desafios da gestão pública.

A conformação do Estado está direta- prover uma ampla gama de serviços aos
mente relacionada a distintos elementos de cidadãos. No contexto da crise econô-
sua formação histórica, diversidade mico-fiscal decorrente da expansão das
sociocultural, características ideológicas da atividades dos estados nacionais e também
sociedade e regime político adotado. A pela incapacidade de a burocracia estatal
análise desses elementos, em grande em lidar com as crescentes e complexas
medida, auxilia no estudo e na tentativa de demandas da sociedade (associada à deca-
entender os estilos administrativos, os obje- dência do mundo soviético e de seu
tivos e o papel das administrações públicas modelo estatizante, fadado ao fracasso
ao redor do mundo. Verifica-se ainda que econômico e político), as ideias divulgadas
instituições herdadas e já estabelecidas pelo Consenso de Washington ganharam
condicionam fortemente os caminhos a fôlego e impeliram as reformas adminis-
serem seguidos, inclusive com a perma- trativas na maioria dos países.
nência de arranjos institucionais, muitas Nesse contexto, o Brasil vivenciava um
vezes, pouco eficientes. período de transição democrática, assim
A ocorrência de movimentos de como grande parte dos países sul-ameri-
dimensões globais que interferem “local- canos, com várias alterações no modo de
mente” é inequívoca, a exemplo da crise vida social, político e econômico do País.
dos modelos do Estado de Bem-estar Reinaugurado o regime democrático, as
Social, marcada, entre outros, pela inter- reformas propaladas ao redor do mundo
venção do Estado na economia e pelo ganharam relevo por aqui. Essas novas
aumento exponencial dos gastos buscando práticas – conhecidas como New Public

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Management (NPM) ou Administração administração pública, a estrutura e a di-


Pública Gerencial (AP gerencial) – foram nâmica do Estado pós-reforma não ga-
vistas como a segunda grande reforma do rantiram uma inserção da sociedade civil
aparelho do Estado moderno e, no Brasil, nas decisões estratégicas e na formulação
foram encaradas como possibilidade de de políticas públicas.
modernização da AP brasileira.
Superado o foco no equilíbrio das Os 50 anos da administração
contas públicas (obtido com a redução do pública
gasto público), buscou-se avançar nas
mudanças administrativas e políticas, inves- Para recapitular os avanços no campo
tindo em diferentes estratégias de atuação. da administração pública desde o término
No Brasil, o modelo da administração da Segundo Guerra Mundial (1945) e
pública gerencial materializou-se com a apresentar um panorama analítico da
promulgação do Plano Diretor da Refor- situação atual e das perspectivas futuras para
ma do Aparelho do Estado (PDRAE, a área, Guy Peters, catedrático do Depar-
1995), proposto por Bresser-Pereira, então tamento de Ciência Política da Univer-
Ministro de Reforma do Estado. De sidade de Pittsburgh, ministrou a palestra
acordo com seus formuladores, a reforma “50 Anos de Administração Pública: teoria
administrativa gerencial preconizava a e prática”, na ENAP, no dia 19 de setem-
incorporação dos princípios gerenciais da bro de 2012.
administração privada na administração Considerado um dos maiores especia-
pública, tentando, com isso, conferir mais listas internacionais em administração e
eficiência, eficácia, efetividade ao aparato políticas públicas, Peters destacou que a
estatal, além de tentar dar legitimidade administração pública é uma disciplina
democrática às atividades do governo, e científica independente, mas que interage
conceder maior autonomia e responsabi- fortemente com outras áreas do conheci-
lidade a administradores públicos e agências mento, como o direito, a ciência política, a
executoras dos serviços sociais mais economia e a sociologia. Ressaltou que seu
descentralizadas. conhecimento deve basear-se em uma
Entretanto, muitos autores já demons- forte correlação entre teoria e prática.
traram os limites da reforma gerencial no
Brasil, apontando o lugar despolitizado que
a participação social ocupa no modelo da
administração gerencial e a continuidade
da reprodução do autoritarismo e do
patrimonialismo no aparelho do Estado.
Para Paes Paula (2009), na adminis-
tração pública gerencial, o processo deci-
sório continuou como um monopólio do
núcleo estratégico do Estado e das instân-
cias executivas, e o ideal tecnocrático foi
reconstituído pela nova política de recursos
Paulo Carvalho, Presidente da ENAP e Guy Peters,
humanos. Em contrapartida, apesar do catedrático do Departamento de Ciência Política da
discurso participativo da nova Universidade de Pittsburgh.

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No decorrer da história da disciplina imparcialidade (neutralidade) perante os


Administração Pública, doutrinas orien- cidadãos e os grupos políticos que assumem
tadas pela prática tiveram significativo im- o poder e, ao mesmo tempo, seu compro-
pacto na pesquisa científica, em particular metimento para com esses mesmos
no período em que a Nova Administra- cidadãos e sua dedicação para servir a obje-
ção Pública (New Public Management) era a tivos políticos declarados. Para Peters, essas
teoria dominante. duas demandas aparentemente confron-
A apresentação do professor foi estru- tantes ainda estão por ser balanceadas.
turada a partir de sete dicotomias concei- “Profissionais de alto escalão do setor
tuais e suas contradições: gestão e adminis- público são essenciais para que esse objetivo
tração, imparcialidade e receptividade, seja alcançado”, salienta. Nesse contexto,
simplicidade e complexidade, especialização Peters comentou sobre os problemas da
e coordenação, autonomia e integração, politização da máquina pública e, também,
racionalidade e evolução, e autoridade e sobre um ponto igualmente grave: a
democracia. despolitização da administração pública, o
Inicialmente, o professor Peters focou que, na sua visão, permite que percepções
uma dicotomia que transcende a admi- tecnocráticas de gestão do bem público
nistração pública desde que começou a terminem por impedir que os líderes polí-
ser estudada como disciplina: aquela en- ticos possuam instrumentos de direção
tre a orientação legal (Weber) e a admi- adequados.
nistrativa (Wilson) das organizações. Peters Ao falar da busca da ciência e da prática
considera que, nas últimas décadas, o pên- por soluções organizacionais simples para
dulo tem-se voltado para os valores problemas complexos da administração
gerenciais da eficiência e da eficácia. “A pública, Peters afirma que a eficiência não
desregulamentação e o fortalecimento tem como ser alcançada por meios de
dos poderes dos gestores públicos, con- reestruturações organizacionais, em parti-
tudo, têm levado a um enfraquecimento cular a curto prazo. Segundo ele, o conside-
da proteção dos direitos do cidadão e a ravelmente simples e tradicional modelo
um confisco do poder decisório das úni- hierárquico piramidal tem sido substituído
cas pessoas que, em última instância, pos- por dois outros: a substituição dos minis-
suem legitimidade para administrar as térios centrais por unidades políticas rela-
políticas públicas: os políticos eleitos”, tivamente pequenas, com as tarefas execu-
completa. A partir dessa análise, Peters tivas sendo delegadas a agências (semi)
ressalta a necessidade de se fortalecer os autônomas, mais fáceis de serem contro-
valores legais e de haver políticos atuan- ladas e avaliadas; e a criação de grandes
tes para o bom funcionamento da admi- departamentos administrativos, que con-
nistração pública, em detrimento do po- têm numerosas atividades relativamente
der burocrático. similares, agrupados para permitir uma
melhor coerência ou uma maior facilida-
A busca pela eficiência de de coordenação.
O professor norte-americano ressaltou
Em sua exposição, foram abordadas que não é difícil alocar a maior parte
as formas de se combinar duas qualidades das atividades públicas em um único
indispensáveis aos servidores públicos: sua departamento, sendo essa a principal razão

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para a inconstância e a procura por estru- Entretanto, devido ao envolvimento de


turas organizacionais ideais. vários segmentos sociais nos processos de
Peters analisa a divisão existente entre prestação de serviços públicos (sociedade
a necessidade de permanente especialização civil, cidadãos como indivíduos e terceiri-
de parcela da administração pública, de zação para o setor privado), e à indepen-
forma a refletir a complexidade da socie- dência de partes do setor público, o
dade que a permeia, e a necessidade de problema da integração na administração
coordenação intensiva que vem com ela. pública passa a adquirir relevância. Peters
O número de políticas intersetoriais está propõe, então, uma abordagem em rede
crescendo e, consequentemente, mais para a gestão dos assuntos públicos, limi-
recursos públicos são alocados para o seu tando de certa forma a primazia das enti-
alinhamento e harmonização. Comentando dades políticas eleitas (governança sem
sobre os diversos métodos de coorde- governo), e fazendo das organizações
nação, o professor concluiu que, até pouco administrativas as colunas de sustentação
tempo, era da maior relevância que “o de políticas públicas específicas e gerentes
governo falasse como uma única voz”. das redes de políticas públicas.

Além do palestrante Guy Peters, compuseram a mesa de abertura o secretário executivo do Ministério do
Meio-Ambiente, Francisco Gaetani, o diretor do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do
Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador André Corrêa do Lago, e o presidente da ENAP,
Paulo Carvalho.

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Esses processos forçam uma gradual exige um apoio teórico firme e inequí-
e maior exposição da administração voco para maiores pesquisas em uma área
pública ao abrir linhas alternativas de de grande complexidade”.
responsabilização direta aos cidadãos
(accountability). Além disso, na avaliação do A profissionalização da adminis-
professor, a administração pública é cada tração pública brasileira
vez mais percebida como um locus de
influência e participação democrática. Nas duas últimas décadas, houve um
“Torna-se, de certa forma, uma segunda aumento da percepção por parte da socie-
via para processos democráticos, com as dade em relação à relevância e à necessi-
políticas públicas sendo mais facilmente dade de fortalecimento da gestão pública
influenciadas durante sua criação e implan- na agenda política do Brasil. Há uma
tação do que ao longo do caminho tradi- demanda maior por resultados nas dife-
cional seguido pelos representantes eleitos. rentes políticas públicas, há mais protestos
Dessa forma, a democracia não é vista contra o desperdício e indignação contra
apenas como uma precondição, mas o descaso ou a arbitrariedade de agentes
também como um resultado do funcio- públicos.
namento da administração pública”, diz.
Guy Peters finaliza apresentando uma
visão geral dos principais conceitos
“... uma solução não
teóricos em administração pública, inclu- resolve todos os
sive os arquétipos de racionalidade e as problemas e ‘reinventar
ideias deles derivadas. Chama a atenção a roda’ torna-se um
para a existência de novos métodos de fenômeno frequente na
supervisão da administração pública e
argumenta que eles se tornam mais difíceis
administração pública...”
de serem adotados, logo, a administração
pública se torna mais complexa, abran-
gente e versátil. “Portanto, uma solução Maria Rita Loureiro, pós-doutora em
não resolve todos os problemas e sociologia e professora titular da Fun-
‘reinventar a roda’ torna-se um fenômeno dação Getúlio Vargas na área de admi-
frequente na administração pública, seja nistração pública e governo, acredita que,
no nível teórico, seja no prático. As de modo geral, a necessidade de fortaleci-
dicotomias utilizadas como suporte mento da gestão pública tem sido
analítico decorrem da ausência de uma evidenciada não só em jornais e na tele-
teoria compreensiva que permita unificar visão, mas também nos meios acadê-
as diversas divagações e sobreposições micos. “Está ficando cada vez mais clara
teóricas existentes”, completa. Peters a necessidade de melhorar a ação do setor
insiste em que há várias ideias, mas que público, tanto do ponto de vista de
não há uma teoria consolidada que capacitação dos servidores quanto de
permita oferecer respostas para pro- investimento na infraestrutura dos órgãos
blemas que, com o passar do tempo, se estatais, em equipamentos e tecnologia,
tornam mais complexos. “Administração além da necessária modernização de
pública, como uma disciplina específica, procedimentos”, avalia.

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Em consonância com esse movimento, Nova perspectiva: estruturação


nota-se uma maior participação social na e planejamento
gestão pública, o que contribui para a im-
plantação de melhores práticas de gestão, O recrutamento por meio de con-
com impacto positivo na melhoria dos ser- cursos, a criação de novas carreiras, os
viços públicos, especialmente em áreas investimentos em capacitação, o cresci-
como educação e saúde. “A maior partici- mento do número de escolas de governo,
a ampliação dos cursos de graduação e
pós-graduação na área de gestão de polí-
“A maior participação ticas públicas se somam e contribuem para
social, associada à a profissionalização do serviço público.
elevação dos níveis “Não se trata, porém, de um processo
educacionais e padrões linear. Esses novos aportes se inserem em
um contexto institucional e político que
de cidadania, e da
opõe, frequentemente, fortes resistências ao
atuação eficaz das novo. Outras vezes, o cumprimento de
diferentes mídias, uma nova norma se faz sem que novas
tem contribuído para práticas sejam desenvolvidas; então, nos
uma sociedade mais detalhes da implementação, se perdem os
objetivos que se pretendia alcançar”,
democrática.” ressalta Evelyn Levy.
Maria Rita Loureiro sublinha que esse
pação social, associada à elevação dos níveis movimento de profissionalização teve
educacionais e padrões de cidadania, e da início após a redemocratização do Brasil,
atuação eficaz das diferentes mídias, tem com o advento da Constituição de 1988,
contribuído para uma sociedade mais e tem se intensificado. “Houve momentos
democrática. A expansão da informação, de recuo nesse processo. A era Collor,
tanto aquela oferecida pelos poderes por exemplo, desarticulou agências e
públicos quanto aquela que é objeto de aná- órgãos públicos, demitiu e afastou profis-
lise por diferentes atores, e sua circulação, sionais em diferentes campos, especial-
tem estimulado esse debate”, declarou mente em áreas técnicas de planejamento,
Evelyn Levy, especialista em administração engenharia e formação de projetos. No
pública com ênfase em organizações período do Governo Fernando Henrique,
públicas. também houve redução de áreas do se-
Nesse sentido, Maria Rita Loureiro tor público”, exemplifica. Segundo ela, nos
destaca que houve movimentos em busca últimos 10 anos, houve uma retomada na
de maior transparência das ações estatais, formação e qualificação do pessoal de
o que levou à formação de ONG’s, a Estado, mas ressalta que se trata de um
exemplo da ONG Contas Abertas. “Há processo lento.
também o aspecto da probidade adminis- No âmbito do aperfeiçoamento dos
trativa, que ganhou relevo nos últimos processos de trabalho, o foco atual é no
anos, evidenciado na Lei da Ficha Limpa planejamento estratégico de longo prazo,
e na Lei de Acesso à Informação”, no estabelecimento de metas e indicadores
informa. de desempenho, na qualificação de

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processos e na gestão de projetos. “Identi- constituir um rol único de estratégias para


ficar os resultados que se quer alcançar, melhorar a gestão pública.
avaliá-los, investigar as causas dos acertos “Em praticamente todos os casos, a
e erros (evidence-based policy making) para inclusão do cidadão, como avaliador dos
correção e, sobretudo, aprender são serviços e das políticas públicas, esteve pre-
mesmo fundamentais”, destaca Evelyn sente. O fortalecimento da ideia de resul-
Levy, que também frisa a questão da tados, dando maior flexibilidade aos pro-
responsabilização dos agentes públicos, cessos, também foi recorrente”, pondera
para que esses se enxerguem melhor nos Evelyn Levy, observando que a dissemi-
processos, bem como se sintam estimu- nação do uso da tecnologia da informação
lados a melhorar e inovar. tem provocado muitas alterações nas
Para Evelyn Levy, é fundamental que formas de prover serviços públicos e de
toda organização pública tenha um plano relacionamento com os cidadãos, além
estratégico e que esse seja compartilhado de ser parte desse movimento.
por todos os integrantes da organização, a Na sua avaliação, estratégias foram
fim de fortalecer processos e ferramentas sendo construídas de acordo com as
para melhoria dos serviços públicos. contingências. “Esse é o caso do Brasil
“A comunicação permanente entre a direção também. A NPM teve início como uma
e o conjunto da organização também é resposta inovadora às crises fiscais que
muito importante. Reconhecer avanços e dominaram os países desenvolvidos no
aqueles que contribuíram para os mesmos final dos anos 1970 e 1980. Nos anos 1990,
fortalece o sentimento de justiça e identida- a América Latina também enfrentava essa
de. Qualificar todos para que revejam pro- questão e a isso adicionava o fato de sair
cessos e busquem permanentemente novos de anos pesados de ditadura. Portanto, a
caminhos para produzir os melhores resul- velha questão da busca da eficiência –
tados faz parte da lista, sem se esquecer do presente no modo burocrático – associou-
mais importante: o cidadão”, reitera. se à busca da transparência e do envolvi-
mento do cidadão e também do servidor
New Public Management e o público”, destaca. Como terceiro elemento
Brasil fundamental, Levy ressalta a busca de
resultados, a pactuação de metas e a avalia-
Doutoras em administração pública, ção do realizado. “Se entendermos que a
Evelyn Levy e Maria Rita Loureiro acom- NPM repousa nesse tripé, eu diria que esse
panharam a palestra ministrada por Guy paradigma continua vigente e sua imple-
Peters na ENAP e, a exemplo do exposto mentação tem trazido novos patamares de
pelo professor, divergem sobre os disposi- desenvolvimento e democracia”, finaliza.
tivos da New Public Management (NPM) ainda “Esse movimento tem lados positi-
se refletirem nos processos de moder- vos e negativos. O positivo certamente
nização e transparência da administração está relacionado às questões de eficiência
pública brasileira. Atualmente, há um e responsabilidade continuada dos
debate no campo da gestão pública sobre gestores públicos, que estão no bojo das
o modelo NPM. Alguns autores entendem propostas da NPM”, explica Maria Rita
que ele foi superado, mas muitos entendem Loureiro. O lado negativo, na visão da
que o New Public Management não chegou a professora titular da FGV, está baseado

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na suposição de que a grande questão do Maria Rita Loureiro afirma que há de


setor público é de se assemelhar à gestão se ter uma reflexão específica para o setor
do setor empresarial – voltada para fins público, procurando entender quais as suas
lucrativos – e não levar em conta as reais demandas e necessidades, para que
especificidades públicas, nas quais eficiên- não seja a mera transposição daquilo que é
cia tem de ser conjugada com princípios utilizado no setor privado. “Essa reflexão
democráticos, levando em consideração deve permear a discussão sobre qual a
a assimetria de recursos, informações e melhor gestão para a administração pública
poder entre os cidadãos. brasileira”, conclui.

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