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QUESTÕES

AULAS 6, 7 E 8
1. Quais são as características do Campo de Públicas na Ciência
Política e na Administração Pública? Aproxima-las e distanciá-las.
Embora que todo tipo de análise de políticas públicas parta de
horizontes normativos, já que essas envolvem necessariamente os dois
tipos de causalidades, as causas dos problemas e seus efeitos tanto dos
problemas quanto das políticas aplicadas, de modo que a maior parte
das propostas de intervenção contenham essas duas causalidades,
diferentes métodos podem ser empregados como foco nesse processo.
A atuação da Ciência Política no que diz respeito às Políticas Públicas
ocorre com enfoque na agenda e na implementação, assumindo um
papel nas ideias e valores na produção de políticas públicas, com uma
crescente politização no processo de produção de políticas públicas,
que foram entendidos cada vez mais como processos complexos
constituídos por dinâmicas de poderes. Nesse sentido, a disciplina
visava estudar por quê o Estado age e como age de forma analítica, no
caso, estudar como Estado opera e as normas que o fazem operar
dessa forma ao se dedicar a compreender e analisar as políticas e o
Estado por si só. Com esse olhar analítico, os problemas enfrentados
pelas políticas públicas tendem a ser considerados como complexos,
plenos de conflitos e gerados por vários centros de dinâmica.
No que diz respeito ao trajeto histórico das políticas públicas na Ciência
Política, houve a perda da centralidade da racionalidade e do processo
de decisão nas políticas, ao mesmo tempo que esse se tornou mais
complexo uma vez que as fases do ciclo foram, ao longo do tempo,
colocadas de maneira sobrepostas de forma específica para cada
política, ao passo que muitas fases passaram a ser aplicadas de forma
conjunta, rompendo com a ideia cíclica do processo. Como já visto, a
fase da implementação passou a ser a central e foram levados em
conta conjuntos mais amplos de atores. Tanto na formação da agenda,
outra parte central do processo na visão da Ciência Política, quanto em
todas as outras fases, as visões de mundo e as ideias sobre os
problemas a enfrentar, também sobre as próprias políticas, se
tornaram cada vez mais importantes. O processo foi sendo pensado de
modo mais político, o que teve como consequência a proposição de
soluções e a melhora das condições de produção de bens e serviços
pelo Estado de maneira a incorporar cada vez mais os atores e
contextos envolvidos, suas estratégias e conflitos, bem como suas
crenças e relações. Portanto, a produção de políticas públicas passou a
se parecer menos como uma atividade de design, na qual o encontro
de uma formulação perfeita é o centro, e passou a ser visto como um
artesanato, no qual o mais importante é a adequação das soluções aos
problemas vigentes, levando sempre em conta as condições locais em
questão de implementação e de atores presentes.
Na Administração Pública, ciência sendo originada da Ciência Política e
da Administração de Empresa e com o Direito existente nessa,
contando com outras tendências norte-americanas, por outro lado, o
foco era analisar e sugerir caminhos para melhorar o funcionamento
das políticas e do Estado, se constituindo como uma forma aplicada de
estudos. Era voltada, assim, dentro do policy processo (processo de
políticas públicas), para a implementação das políticas públicas e
atividades de meio no geral.
A partir desse olhar normativo, os problemas enfrentados pelas
políticas públicas são vistos como técnicos a serem resolvidos por essa
mesma lógica, sendo que essa deveria ser feita de maneira imparcial e
apolítica, com base em uma sólida formação profissional, sendo uma
ciência com esses valores e que buscava obedecer às regras gerais de
procedimentos, visando a eficiência no funcionamento da
administração governamental.
(incompleta)
2. Encontramos a unidade dentro da diversidade. O que é e como ela
se relaciona a aquilo que motivou e estruturou a criação da Policy
Science? (Valdemir pires)
O atual Campo de Públicas como hoje conhecemos passou por um
complexo processo de estruturação, de forma que só foi de fato formar
sua identidade e se configurar por volta de no período entre 2002 e 2014.
Antes, apesar de já existirem, os cursos desse campo estavam
subordinado ao Currículo Mínimo de Administração, com lógica de
business school, distorcendo sua identidade pelo mimetismo de gestão
privada e/ou pela oferta de bacharelados em Administração Pública
justapostos com os cursos superiores de administração de empresas. O
estágio de construção/reconstrução do ensino de graduação de AP de um
modo não circunscrito à Administração e com a incorporação da Ciência
Política, ensejaria o movimento “Campo de Públicas”, suprimindo os
substantivos “Administração”, “Gestão” e “Política” e destacando o
adjetivo “Pública” como consenso, a priori, para uma identidade na
formação acadêmica. Situa-se um movimento entre 2002 e 2014 no qual
docentes e discentes se articularam em redes em prol da independência
dos cursos de graduação de “Públicas” das amarras da Administração de
Empresas no sistema de educação superior nacional. No ano de 2014 com
as DCNs, o Campo de Públicas conquistas, por fim, sua institucionalização
Portanto, o que hoje recebe o nome de Campo de Públicas se estabeleceu
como o conhecemos com uma variedade de nomes e abordagens de
cursos de graduação e pós-graduação, com contribuições de muitas áreas
de conhecimento que comungam do âmbito público e que confirmam um
espectro amplo de questões públicas. Assim, segundo o autor Fernando
Coelho , o Campo de Pública é caracterizado pela “unidade na
diversidade”, , sendo que a “unidade” se dá no princípio em comum
encontrado em todos os cursos com diferentes nomenclaturas que
pertencem a esse campo (Administração Pública e Políticas Públicas, à
Gestão Pública, à Gestão Social e à Gestão de Políticas Públicas, entre
outros) uma vez que todos apresentam a mesma essência de foco em
tudo aquilo que compreende a esfera pública e a noção de res pública, as
investigações sobre o bem comum, e a ação coletiva, enquanto a
“diversidade” seria relacionada à multidisciplinariedade teórica existente
dentro dos mesmos, cada qual com diferentes ascendências e/ou
imbricações de áreas de conhecimento (Administração, Ciência Política,
Economia, Direito, Planejamento Urbano e Sociologia) e contando com a
afluência de pesquisadores de diversas áreas de conhecimento
(Administração, Antropologia, Ciência Política, Ciência da Informação,
Ciências Ambientais, Comunicação Social, Contabilidade, Demografia,
Direito, Economia, Educação, Filosofia, Geografia Humana, História,
Planejamento Urbano e Regional, Psicologia Social, Relações
Internacionais, Saúde Coletiva, Serviço Social e Sociologia) e na pluralidade
de projetos político-pedagógicos que redefiniram o ensino de graduação
do Campo de Públicas no país neste século, além das faces internacionais
que configuram um campo de natureza não-autóctone, apesar de ter se
formado com uma moldura que o caracteriza nacionalmente
Visto isso, as consequências da questão vigente se dão
no fato de que se, por um lado, o Campo de Públicas se une
em torno de valores como o republicanismo e a democracia e
contestam a prevalência da Administração (de Empresas) na
história desse ensino no país, por outro, se depara com
conflitos de articulação/complementariedade na formação
acadêmica entre suas dimensões político-social e
administrativa-gerencial e as orientações teórico-científica e
técnica-profissional, formando-se uma área de complexa
identidade individual e coletiva, tal como um senso de perten
cimento, multidisciplinar e plural e, por vezes, desafiadora, e
com uma comunidade científica multidisciplinar, em torno do
“público” como objeto de ensino e pesquisa no Campo de
Públicas do país.

3. A Constituição Federal de 1988 e a Reforma Gerencial


do Estado são dois momentos de grande importância
para a expansão e a consolidação do campo de
públicas no Brasil, seja como campo do conhecimento,
seja na institucionalização do ensino e na criação de
novos cursos de graduação de pós-graduação. Explique
de que forma tais momentos impactaram no campo de
políticas públicas no Brasil.
No contexto da redemocratização de 1988, algumas
mudanças no Estado brasileiro se fizeram imprescindíveis
para a formação do Campo de Públicas no país, tais como a
Constituição Federal de 1988 e a Reforma Gerencial do
Estado. A Constituição Federal de 1988, decorrida do
processo de redemocratização no País, focava em um
federalismo mais descentralizado, numa lógica de restrição
orçamentária, competição político-eleitoral e agenda
democrática, o que colocou aos governos subnacionais o
imperativo de construção de uma nova gestão pública.

 Constituição Federal de 1988: focava em um regime de


federalismo mais descentralizado num ambiente de
restrição orçamentária, além de uma competição
político-eleitoral e agenda democrática, que colocou
aos governos subnacionais o imperativo de construção
de uma nova gestão pública.

o ajuste/equilíbrio fiscal, a desregulamentação, a privatização e as parcerias público-


privadas ampliaram o papel do Estado de provedor para o trinômio provedor- regulador-
catalisador. , As inovações gerenciais, a descentralização de políticas/recursos, o
foco no cidadão-usuário e a profissionalização da burocracia tornaram-se
intenções e/ou ações que, gradativamente, impactaram a gestão pública,
desfocalizando-a dos processos e orientando-a para resultados. A transparência, a
accountability, a intersetorialidade e a participação são os mecanismos que entraram na
agenda governamental para rearranjar as relações entre Estado e sociedade. Tudo
isso cria um cenário onde o papel do Estado, o modelo de gestão pública e a relação
Estado-sociedade se redefiniam no Brasil e imbricaram na reforma da administração
pública no País,

 Reforma Gerencial: As principais discussões/ações


orientaram-se para a proposição de uma nova
arquitetura organizaciona, buscando reformar o Estado
e construir um modelo de gestão pública capaz de
torná-lo mais aberto às necessidades dos cidadãos
brasileiros, mais voltado para o interesse público e
mais eficiente na coordenação da economia e dos
serviços públicos. Essa agenda de reforma da
administração pública no ente federal e permeou a
prestação de alguns serviços públicos inclusive nos
governos subnacionais.

A partir dessas mudanças, fica visível que Os ditames da


Constituição Federal de 1988 e o início da configuração de
uma nova gestão pública no País requeria um perfil novo de
administrador público 5 , desde as posições estratégicas da
alta burocracia até os cargos técnicos da baixa gerência. A
administração pública nacional se transfigurou, também, com
o crescimento do setor público não-estatal nas políticas
públicas e o aumento da interface entre a iniciativa privada e
a gestão pública, ampliando sua área de atuação, antes
circunscrito ao aparelho estatal, para uma junção entre
Estado, terceiro setor e mercado, interconectado pelo ideário
de redes intersetoriais. As(ONGs, OSs, Oscips, fundações, etc.
Deixaram de ocupar o terceiro setor e passaam a
empreender múltiplos projetos sociais e atuariam como
interlocutoras e/ou parceiras das políticas governamentais.
Igualmente, o mercado, cada vez mais, se aproximava de
espaços públicos que, tradicionalmente, competiam ao
Estado. , essas transformações na administração pública
nacional, iniciadas na década de 1980 e intensificadas no pós-
1995, requeriam tal formação para uma gestão pública plural
e heterogênea marcada tanto pela afluência da reforma do
aparelho do Estado (e pela ascensão do paradigma da new
public management) nos três níveis de governo quanto pelo
crescimento do setor público não-estatal.
Em suma, a expansão dos cursos de
graduação em Administração Pública no País
no pós-1995 foi propiciada pelo macroambiente
favorável à gestão pública, a qual se revigorou
como práxis (campo de prática profissional) e
como objeto de estudo (campo de especulação
teórica) no bojo das transformações do Estado
brasileiro, visto que a havia um um crescente mercado de
trabalho para administradores públicos em decorrência da financeira

ação do mercado de trabalho de gestão pública,


referente à profissionalização no setor público-
estatal e ao crescimento do setor público não-
estatal, evidenciando a necessidade de
trabalhadores capacitados para atuar nesse
mercado, o que foi a mola-mestra que
impulsionou as IES a conceberem novos cursos
superiores de AP e correlatos naquela ocasião,
sobretudo com o boom institucional e a diversificação de
objetivos No setor público não-estatal, o que formava um novo mercado de
trabalho na gestão pública no entendimento do termo “público” para além da
ambiência estatal, e com o cresciam as áreas/departamentos de relações
governamentais nas grandes empresas que atuavam em atividades reguladas pelo
Estado (energia, telecomunicações, bancos etc.) e que se dedicavam à
prestação de serviços públicos (concessão, terceirização e consultorias etc.).
no o setor privado, além da internacionalização da administração pública
com a formação de espaços supranacionais e o aumento da governança
mundial.

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