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Aula 7

Campo de Públicas
Focar na multidisciplinaridade, na unidade na diversidade e no contexto
favorável para o Campo de Públicas
 Campo de Públicas -> termo que surgiu em 2010 para designar os
cursos de graduação de Administração Pública e conexos
relacionados ao interesse público e aos valores republicanos que
caracteriza uma identidade coletiva presente em todos os cursos
compreendendo o campo multidisciplinar de investigação e atuação
profissional voltado ao Estado, ao Governo, à Administração Pública
e Políticas Públicas, à Gestão Pública, à Gestão Social e à Gestão de
Políticas Públicas

 Campo com origens multidisciplinares e com uma variedade de


nomenclaturas de cursos de graduação, cada qual com diferentes
ascendências e/ou imbricações de áreas de conhecimento
(Administração, Ciência Política, Economia, Direito, Planejamento
Urbano e Sociologia), demonstrando a amplitude do CP e elucida
como a educação superior nacional respondeu às transformações
do Estado e da administração pública no Brasil a partir dos
desdobramentos da Constituição de 1988, da Reforma do Aparelho
do Estado da década de 1990 e da ampliação do rol de políticas
públicas nos anos 2000

 Se inaugurou ao reafirmar as diferenças do ensino de graduação de


gestão pública da administração (empresarial), resultando na
homologação de Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os
bacharelados de Administração Pública e congêneres

 Movimento que partiu da Administração Pública

 A crise do Estado e a transição do paradigma da administração


pública enfraquecerem esse ensino superior nos anos 1980, a
agenda de reforma do Estado e o ideário da New Public
Management, entre meados dos anos 1990 e 2000, (re)incentivam
tal formação acadêmica.
 Estudos de políticas públicas que nascem e se desenvolvem em
diversas áreas e que em determinados momentos/linhas teóricas há
um protagonismo de outras áreas (Ciência Política, Adm Pública...)
para a contribuição no Campo de Políticas Públicas ≠
Institucionalização do Campo de Públicas e a organização desse
conhecimento como disciplina (protagonismo na Administração
Pública)

 Em 2014 foram publicadas as DCNs para os cursos de graduação


em Administração Pública e correlatos no País, reconhecendo a
identidade desse campo do saber no que se refere à formação
acadêmica

 O surgimento da área de Políticas Públicas no Brasil sempre esteve


vinculado a um momento especial: Redemocratização, federalismo,
pacto federativo, relação entre União, Estados e Município,
autonomia dos municípios pós-democratização, reforma do Estado,
reforma gerencial, produção de políticas públicas mais organizadas,
coordenação multinível das pp.

 O Campo de Públicas era uma subárea da Ciência Política

 A Administração Pública era uma subárea da Administração

 O Campo de Públicas seria o que une todos os cursos vinculados à


essa área com nomenclaturas diferentes (Administração Pública,
Políticas Públicas, Ciências do Estado...).

 Em 2000/2010, ocorreu um movimento encabeçado pelos grandes


pesquisadores da área pela regulamentação e pelo reconhecimento
dos cursos com nomenclaturas diferentes, para que todos
pudessem ter cargas horárias e temas mínimas para serem
identificados como sendo do Campo de Públicas. Isso é importante
para o reconhecimento do Conselho Nacional de Educação e para
uma regulamentação profissional.
 As diretrizes curriculares ao mesmo tempo segregam a Adm Pública
da Adm de Empresa e elevam Adm Pública de uma subárea para
uma área própria do conhecimento, ao mesmo tempo em que ao
realizar esse deslocamento carrega junto todos os outros cursos
com nomenclaturas diferentes, formando o Campo de Públicas.

 A emancipação e o reconhecimento da Adm Pública como área do


conhecimento no Brasil que não subárea exclusivamente da Adm é
acompanhado por um crescimento do campo de pp e de todos os
cursos de diversas nomenclaturas desse campo

Quais foram as transformações no Estado e na sociedade pós-


Constituição de 88 que possibilitaram a ascensão do Campo de Públicas?
 Demanda popular pela redução do tamanho do Estado e cobra mais
eficiência, eficácia e qualidade na prestação dos serviços públicos,
buscando reformar o Estado e construir um modelo de gestão
pública capaz de torná-lo mais aberto às necessidades dos cidadãos
brasileiros, mais voltado para o interesse público e mais eficiente na
coordenação da economia e dos serviços públicos.

 Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado: proposição de


uma nova arquitetura organizacional, a adoção de instrumentos
gerenciais e a revitalização da política de recursos humanos

 essa agenda de reforma da administração pública no ente federal


introduziu as ideias/valores da administração pública gerencial no
País inclusive nos governos subnacionais.

 A Constituição de 1988, em direção a um federalismo mais


descentralizado colocou aos governos subnacionais o imperativo de
construção de uma nova gestão pública na esfera municipal
evidenciando a necessidade de profissionais capacitados para
exercerem nesse meio e de inovações no nível das instituições e das
práticas governamentais de modo geral
 As (ONGs, OSs, Oscips, fundações, etc. Deixaram de ocupar o
terceiro setor e passaram a empreender múltiplos projetos
sociais e atuariam como interlocutoras e/ou parceiras das
políticas governamentais.

 Tudo isso moldaria um macroambiente favorável para o ensino


de administração pública, seja no nível de formação acadêmica,
seja no nível de capacitação, requerindo um perfil novo de
administrador público, desde as posições estratégicas da alta
burocracia até os cargos técnicos da baixa gerência,
consequentemente acarretando na expansão dos cursos de
graduação em Administração Pública no país no pós-1995.

 A administração pública nacional se transfigurou, também, com


o crescimento do setor público não-estatal nas políticas públicas
e o aumento da interface entre a iniciativa privada e a gestão
pública, ampliando seu locus, antes circunscrito ao aparelho
estatal, para uma ligação entre Estado, terceiro setor e mercado,
interconectado pelo ideário de redes intersetoriais.

 O boom institucional e a diversificação de objetivos –


movimentos sociais, entidades associativistas, filantropia
empresarial e novos arranjos administrativos como as Oss
formava um novo mercado de trabalho na gestão pública – no
entendimento do termo “público” para além da ambiência
estatal. No setor privado cresciam as áreas/departamentos de
relações governamentais nas grandes empresas que atuavam
em atividades reguladas pelo Estado (energia,
telecomunicações, bancos etc.) e que se dedicavam à prestação
de serviços públicos (concessão, terceirização e consultorias
etc.). Tudo isso marca um crescente mercado de trabalho para
administradores públicos, o que seria a fase embrioná ria do campo de
pú blicas.

 Portanto, fatores como relevância social da eficiência e eficácia,


competência político-administrativa, construção de espaços
democráticos, organizações do terceiro setor, responsabilidade
socioambiental e profissionalização do serviço público,
justificavam o ensino de graduação em Administração Pública no
Brasil no início dos anos 2000.

 Mediante a crescente necessidade de formação profissional


para a gestão local no Brasil, o ensino de graduação em
Administração Pública dava também os primeiros passos para
um processo de interiorização.

 A complexificação dos papéis do setor público – nos três


Poderes e em suas múltiplas organizações –, assim como a
miríade de arranjos do Estado-rede com as organizações da
sociedade civil e com o mercado privado, demandaram que os
bacharelados e graduações tecnológicas do CP se integrassem à
realidade de cada território (municípios, regiões e/ou estados) e
explorassem distintos designs curriculares.
 Entender as transformações do modelo político, econômico e social
no Brasil é importante para entender a construção do Campo de
Públicas, já que ambas estão vinculadas, sobretudo pelo processo
de:

 Redemocratização
 Pacto Federativo, em que os funcionários públicos de alto
escalão que formulavam, implementavam e
operacionalizavam as pp que ficavam nos estados e na união
agora precisam estar nos municípios, uma vez que agora tem
mais responsabilidade e precisam de profissionais adequados
para lidar com isso.
 A Reforma gerencial, apesar da redução do tamanho do
Estado, ainda deu espaço para “braços do Estado” que
operacionalizam aquilo que antes exclusivamente do Estado,
de forma a fazer a ligação entre este e o terceiro
setor/iniciativa privada, passando a existir a necessidade de
coordenação federativa (união, estados e municípios), que
significa a coordenação entre os diversos tipos de atores
(estatais, paraestatais, empresariais, terceiro setor...).

 Assim se dá a importância e o boom dos cursos de públicas, para


contemplar, operacionalizar e produzir recursos humanos para
trabalhar nisso, formando um mercado necessário tanto para a
iniciativa pública quanto para a iniciativa privada.

 Após os anos 90, existiram 3 questões específicas de mudanças no


Estado, em que o mercado começa a entender que precisa de
recursos humanos para isso:

 A abertura a que se expos organização público-estatais por


meio da desregulamentação de atividades e da privatização
de funções econômicas a partir dos anos 90
 Os benefícios da imagem organizacional e as condições de
lucratividade
 A compreensão do papel e função que pode desempenhar no
zelo e promoção de interesse público a partir de noção de
governança corporativa, desenvolvimento sustentável e
responsabilidade social

 Tudo isso faz parte de um sistema e de uma nova transformação do


que é gestão pública e de quais são as funções do Estado e as
funções sociais do mercado e das grandes corporações
A unidade na diversidade
 O estágio de construção, ou reconstrução, do ensino de graduação
de AP, não circunscrito à Administração e com a incorporação da
Ciência Política, ensejaria o movimento “Campo de Públicas”,
suprimindo os substantivos “Administração”, “Gestão” e “Política” e
destacando o adjetivo “Pública” como consenso, para uma
identidade na formação acadêmica, em prol da independência dos
cursos de graduação de “Públicas” das amarras da Administração
(de Empresas) no sistema de educação superior nacional.

 No Brasil, à luz de experiências como a norte-americana e a inglesa,


temos, gradualmente, a afluência de pesquisadores de diversas
áreas de conhecimento (Administração, Antropologia, Ciência
Política, Ciência da Informação, Ciências Ambientais, Comunicação
Social, Contabilidade, Demografia, Direito, Economia, Educação,
Filosofia, Geografia Humana, História, Planejamento Urbano e
Regional, Psicologia Social, Relações Internacionais, Saúde Coletiva,
Serviço Social e Sociologia) que integram a identidade coletiva (tal
como um senso de pertencimento) e multidisciplinar, com o aporte
de diferentes áreas de conhecimento das Ciências Humanas e
Ciências Sociais Aplicadas, de ensino e pesquisa em torno do lócus
“público” e a partir dos subcampos de Administração Pública,
Políticas Públicas e Gestão Social.
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 Reforma gerencial: oposição ao Estado promotor, que passa a
gerenciar as instituições paraestatais na oferta e na execução das
pp, já que é um Estado liberal e privatizador, visando a eficiência
nas ofertas de serviços.
 O Estado passa a ser um tipo de mercado ao oferecer esses serviços,
criando a oferta/demanda para esse tipo de serviço fora do campo
exclusivo do governo, sendo feita através de editais e concorrência
para operar o dinheiro público em serviços

 Para isso, é necessário pessoas capacitadas, o que justifica o


surgimento dos diversos cursos no campo da Adm Pública, incluindo
os cursos providos de ensino superior privado.

 O Campo de Públicas é marcado pela “unidade na diversidade”:


diversos cursos com nomenclaturas diferentes e focos disciplinares
diferentes, porém que atendem ao mesmo objetivo, além do que
dentro dos próprios cursos existe uma multidisciplinaridade na
grade (sociologia, economia, direito...) de forma que todos
dialoguem.

 A Ciência Política se apoia sobre o estudo de atores e nos processos


pré decisórios para entender por que as políticas públicas são
formuladas

 A Ciência Política se dedica mais aos processos de formação de


agenda e de avaliação nas políticas públicas, de forma a entender o
início e o final do processo, no que diz respeito à efetividade para,
com a avaliação, entender se a política pública obteve um bom
resultado para talvez voltar a aplicá-la. Além disso, o
questionamento do porquê o problema vigente é identificado e
como deve ser resolvido.

 Na Administração Pública, o foco se dá na implementação das


políticas públicas e na Máquina Pública, cabendo, portanto, a
execução do serviço que foi pensado pela vertente da Ciência
Política, sobretudo na função de ver os desvios na implementação,
sendo um processo decisório que pode interferir em toda a política
pública, já que passou a ser feito por pessoas (burocratas). Pode-se
dizer, portanto, que a Adm Pública olha e operacionaliza
especificamente para a implementação.
 O contexto de ambos é o mesmo (Redemocratização, Reforma do
Estado e Nova Constituição.)

 No policy process, a diferença entre a Ciência Política e a


Administração Pública é: a subjetividade, os atores, as ideias e
valores.

 A Enap, as escolas de governo, e a aproximação da Adm Pública


com a pp, foram importantes para a criação de servidores, uma vez
que os municípios menores não possuíam capacidade de
operacionalizar todas as pp que deveriam ser feitas.

 A Adm Pública só começou a fazer parte das pp nos anos 50, antes
apenas a Ciência Política fazia parte disso, pois a ideia
anteriormente era apenas de otimização, feita por administradores
de empresa. A partir do reconhecimento da complexidade dos
problemas e da sociedade no geral, a operacionalização matemática
já não servia mais.

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