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AGENDA

AULA 10
 Buscaram compreender como a agenda é construída e quem participa desse
processo
 Schattscheneider (1960) e Bachrach e Baratz (1962) não são considerados autores de
agenda, apenhas tentam entender como os autores participam do processo na
dinâmica democrática
 Se atentar aos demais atores quando a questão é agenda
 Reler Kingdom

 Os estudos de agenda se iniciam buscando a compreensão da seleção daquilo


que era noticiado e dos efeitos provocados por essas notícias na opinião
pública, em um contexto de progressivo crescimento dos meios de
comunicação

 Agenda midiática: assuntos prioritários a serem anunciados pelos veículos de


comunicação em massa
 Agenda Pública: a importância percebida pela opinião pública geral sobre um
conjunto de temas
 Agenda de políticas públicas: assuntos prioritários que chamam a atenção dos
formuladores de políticas e grupos próximos a eles

 A agenda midiática influencia tanto a agenda pública como a agenda política. A


agenda política também pode influenciar a agenda midiática. A agenda pública
tem o poder de influenciar a agenda de políticas públicas. As três agendas, no
entanto, sofrem com fatores externos.

 Apesar de áreas do conhecimento diferentes, o estudo da agenda no geral


indica a escolha de prioridades que determinados temas ou problemas
assumem em um momento específico, partindo do pressuposto de que os
recursos da atenção são escassos e, por isso, não se pode olhar para todas as
questões ao mesmo tempo, o que justifica a priorização à determinados
assuntos, variando de acordo com a importância e com os interesses sobre
esse.

 A agenda midiática influencia diretamente a opinião pública, e


consequentemente na agenda política

 Estudo de Chapel Hill: por meio de análises de conteúdo midiático e pesquisas


de opinião pública, testa a relação entre os assuntos que eram veiculados pela
mídia e os assuntos que eram identificados pelo público como sendo assuntos
mais relevantes naquela conjuntura, comprovando a relação entre a agenda
midiática e a agenda pública, e consequentemente, a agenda de políticas
públicas.

 Evidência que a imprensa tem uma enorme capacidade de dizer aos ouvintes o
que pensar, mas não necessariamente como pensar sobre

 Concluiu-se que a mídia, ao selecionar ou não assuntos, influenciam


diretamente em quais temas estarão a percepção pública. A partir disso, a
população, que pressiona os atores públicos sobre questões a serem tratadas,
influenciam no processo de construção de agenda.

 Processo altamente competitivo em que existem necessariamente ganhadores


e perdedores dependendo da escolha/prioridade a ser feita

 Está na fase pré-decisória, pois se dá como um processo subjetivo de disputas


de ideias e valores antes de entrar na tomada de decisão

 Entre a década de 60 e 70, o foco nos estudos de agenda partiu para a análise
de como uma questão consegue chamar a atenção dos formuladores de
política dar origem a uma política pública

Schattscheneider (1960)

 Mobilização de Opinião: o conflito gerado em torno de um tema e a


organização dos atores em torno da sua definição e promoção, seriam capazes
tanto de expandir o conflito transformando-o de uma questão privada em uma
questão política, como de suprimi-lo a ponto de o tema em questão não ser
reconhecido como um problema

 É importante levar o debate para o público para que haja o apoio popular e a
pressão para que o problema seja resolvido

 Mobilização de opinião: enquadramento de opinião sobre o problema, de


forma a guiar como o problema é percebido ou não

 Socializar conflito: não há um controle sobre o conflito, seria apenas divulgar o
problema

 Os sistemas políticos e seus atores não são capazes de identificar e lidar com
todos os problemas existente em uma sociedade, assim como não é possível
definir alternativas viáveis para resolver todos os potenciais problemas que
possam surgir num dado momento
 Sendo assim, é somente com a união entre identificação de problema e
proposição de alternativas que geram decisões e a ações políticas

Bachrach e Baratz (1962)

 Dialogam com Schattscheneider ao proporem a existência de duas faces de


poder: se por um lado, há o interesse em trazer uma pauta para a atenção
pública, por outro também pode haver o interesse em ocultar o problema da
atenção pública

Cobb e Elder (1971)

 Cobb e Elder são os primeiros autores a colocarem esse processo todo como
“agenda” no campo da política

 Problemas são questões sociais mutáveis, e o processo de identificação desses


problemas é dada pelo duelo entre os distintos grupos de interesses

 No entanto, os problemas públicos são aqueles que, por uma razão, extrapolam
a barreira individual e obtém a atenção governamental ao serem considerados
dignos de uma solução, já que não se é possível lidar com todos os problemas
existentes na sociedade, mesmo que sejam do âmbito público.

 Os autores desinteressados, ou seja, a sociedade civil sem interesses por trás,


ao terem sua atenção voltada à determinada questão, podem exercer pressão
para que essa seja resolvida pelos tomadores de decisão, de forma que esses
temas possam ser identificados como alvos de políticas públicas por esses.
Dessa forma, expandir um conflito leva ao aumento da participação popular
nas questões políticas, fator fundamental na democracia. Por essas e outras
que a mídia tem um papel indispensável na opinião pública, além da vivência
dos próprios indivíduos ou de grupos.

 Problemas podem ser criados, ocultados e/ou percebidos.

 Direcionam seus estudos para a relação entre a formação da agenda de


políticas públicas e a participação de diferentes atores no policymaking process

 Relação entre a participação popular e o processo de formação de políticas


públicas -> os problemas são construções sociais e os atores os filtram para
resolverem, de forma que ao expandir a atenção em uma pauta com o
aumento da atenção e da mobilização popular no conflito, influencia
consequentemente a priorização da resolução do conflito pelos tomadores de
decisões

 Agenda Sistêmica: A partir do momento em que um grupo ou parte


considerável do público passa a demandar algum tipo de ação concreta com
relação ao problema identificado, ou ainda no caso de haver uma percepção
pelos membros de uma comunidade política de que uma questão deve ser
tratada pelo governo, passamos a identificá-la como parte da agenda sistêmica.
Sendo assim, são os problemas que tem a possibilidade de serem alvos de pp.

 Agenda institucional/governamental/formal: questões conseguirão chamar a


atenção do governo e, ao serem priorizadas, passam da agenda sistêmica para
a agenda governamental por meio de:

 expansão do interesse de um assunto por parte de um grupo fora da


estrutura de governo para outros grupos, buscando mobilizar a
população para ganhar um lugar na agenda governamental

 do próprio governo que chama a atenção do público para um dado


problema na busca de maior efetividade na implementação de uma
política.

 questões identificadas pelos formuladores de políticas, de modo que


surge em órgãos governamentais mais específicos que buscam limitar
que as decisões caiam na agenda sistêmica onde podem encontrar
limitações e oposição.

 Algumas questões morrem na agenda sistêmica e algumas passam para a


agenda governamental, por essa razão a diferenciação das duas importa

Downs (1972)

 As políticas públicas possuem natureza vaga e transitória, de forma que


dependam da atenção momentânea dada pela opinião pública à problemas e
questões sociais

 Passam por um ciclo de atenção

 O ciclo de atenção é importante para entender o timing de se formular políticas


públicas com apoio popular

O Ciclo de Atenção aos Problemas (issue attention cycle)


 pré-problema: uma condição social existente ainda não chama a atenção do
público;

 momento de “descoberta e entusiasmo”: o público se torna consciente de uma


questão e alarmado com suas consequências;

 percepção sobre as dificuldades e os custos envolvidos na resolução do


problema;

 o interesse do público sobre a questão começa a declinar gradualmente

 saída do problema do centro das preocupações do público, seja por meio da


substituição do problema por outro ou seu deslocamento para fora do debate
público, onde recebe um nível muito menor de atenção.

 Além disso, problemas resultados de arranjos institucionais ou políticas que


beneficiam uma maioria da população, ou mesmo problemas capazes de gerar
momentos ‘’dramáticos’’ costumam chamar mais atenção do público

 Nos anos 80-90, começou-se a focar no fato de que nem todas as questões que
são seriamente consideradas pelos tomadores de decisão tornar-se-ão políticas
públicas, mesmo que integrem a agenda governamental

Kingdom (2003)

 Nos anos 80, são propostos modelos sintéticos de análise de políticas públicas
para observar o processo de formação de agenda. Até então, os estudos eram
feitos em áreas setoriais específicas, de modo que o ponto inovador foi um
modelo que pôde ser aplicado em qualquer área

 John Kingdom cria um primeiro modelo para olhar qualquer política pública em
seu processo de “múltiplos fluxos” até a “janela de oportunidade”

 Agenda governamental: conjunto de assuntos sobre os quais o governo (e


pessoas ligadas a ele) concentram sua atenção num determinado momento

 Agenda decisória: subconjunto da agenda governamental que contempla


questões prestes a se tornarem políticas públicas

 Existem 3 fluxos, de forma que uma política pública possa ser encaixada,
dependendo de suas características, em algum:

 Fluxo de problemas: Por meio de um processo de seleção, realizado não pela


alta política mas por terceiros, e interpretação de indicadores de problemas
capazes de chamar a atenção dos tomadores de decisão, os problemas são
definidos e passam a ter maiores ou menores chances de chamar a atenção
dos tomadores de decisão

 A interpretação de um evento e seu entendimento enquanto problema que


demanda ação governamental é que determina o sucesso de uma questão na
agenda governamental, não basta apenas que o problema exista

 Fluxo político: momento político favorável para que o problema entre na


agenda, a partir da percepção geral da sociedade sobre determinadas questões
e do posicionamento dos grupos de interesse em relação a uma questão, de
maneira a formar um ambiente propício para o entendimento do problema
como algo a ser tratado

 A mudança na agenda governamental, portanto, resulta da combinação desses


dois fatores - a forma pela qual um problema é percebido (fluxo de problemas)
e as alterações na dinâmica política e da opinião pública (fluxo político)

 Ambos se relacionam na entrada de um problema na agenda governamental

 Uma política pública só tem início se uma questão chega à agenda decisória,
depois de passar pela agenda governamental

 “janelas de políticas”, ou policy window: momentos nos quais a oportunidade de


conexão entre os três fluxos é maior, uma vez que os indivíduos envolvidos
nesse processo se mobilizam para mover a pauta para a agenda decisória

Baumgartner e Jones (1993)

 Equilíbrio Pontuado: longos períodos de estabilidade nos sistemas políticos,


pontuados por momentos de mudanças profundas e rápidas.

 Monopólio de políticas: estruturas institucionais que limitam o acesso de


participantes no debate sobre uma política, de forma que esses autores
tenham o controle a imagem (como assunto é percebido e debatido), formando
a estabilidade nos sistemas políticos

 Nesse sentido, as políticas públicas são formadas quando o monopólio sobre


determinado assunto é rompido e a questão chega ao macrossistema, onde
pequenas mudanças são feitas

 feedback negativo: quando as políticas estão no estado de estabilidade,


funciona a partir dos monopólios
 feedback positivo: quando as políticas estão no estado de propensão a
pequenas mudanças, funciona a partir de:
 mimetização: efeito de cascata social, os indivíduos observam o
comportamento dos outros e agem de acordo, causando a alteração em
seus valores e ideias sobre determinado(s) problema(s)
 deslocamento de atenção: os indivíduos não têm condições de prestar
atenção a todas as dimensões da escolha simultaneamente e acabam
por considerar apenas algumas dimensões para embasar sua decisão

 Sendo assim, as mudanças ocorrem de forma incremental (lenta e aos poucos)


em virtude desses conflitos de interesses, e o custo para destruir esse
monopólio da informação é muito alto e complexo

 Nos anos 2000, os estudos contribuíram para a disseminação das ideias


anteriores e para a realização de testes empíricos sobre essas

 A partir de 2010, os estudos se constituíram como investigações sobre o


processo de mudanças em políticas em diferentes contextos nacionais, sobre
como novas ideias, novos entendimentos sobre as questões e problemas são
aceitos ou não em diferentes contextos nacionais.

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