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Agenda

no
Ciclo da Política Pública

Ricardo M. Rebello Valéria Silvestre


Agenda ou “Agenda Setting” no
Ciclo da Política Pública:

1- Formação da Agenda
2- Formulação de Política
3- Implementação
4- Avaliação

Agenda no Ciclo da Política Pública


“Agenda Setting”

Termo originado do ambiente jornalístico,


que indica a pauta (agenda) jornalística,
assim, a pauta a ser discutida na sociedade.

Também chamada “teoria do agendamento”,


indica a influência que a agenda jornalística
tem nos assuntos discutidos pela população.

Agenda no Ciclo da Política Pública


“Agenda Setting”
“As pessoas têm a tendência para incluir ou excluir de
seus próprios conhecimentos, aquilo que a mídia inclui ou
exclui do seu próprio conteúdo”. (Shaw)

Agenda no Ciclo da Política Pública


Mas o que é esta “agenda”
no Ciclo das Políticas Públicas?

É a definição dos assuntos que serão


objeto de políticas públicas.

Agenda no Ciclo da Política Pública


Por que alguns assuntos são
selecionados para a
deliberação governamental
(para a agenda pública)
e outros não?

Agenda no Ciclo da Política Pública


“Guerra dos problemas”

Luta para que um determinado assunto seja tratado


como política pública.

Exemplo:

-Redução da maioridade penal;


-Novo Código Florestal;
-Revisão Veicular Obrigatória.

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“Guerra dos problemas”

A disputa por fatias do orçamento do


governo, já antecipa uma disputa:
sobre qual setor do governo irá
implantar mais políticas públicas do
que outro.

Mesmo num mesmo setor (Ministério


ou Secretaria), poderá haver disputa
pela hegemonia na escolha da política
pública a ser adotada.

Agenda no Ciclo da Política Pública


Quem participa da
formulação da agenda?

Qual o critério para um assunto ser tratado


como uma política pública e outro não?

Pode-se achar um problema, para depois


implementar a solução para o mesmo?

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Alguns conceitos:

“Policy Maker”: agências ou pessoas


“elaboradores de política”;

“Policy Entrepreneurs”: pessoas que


investem seus recursos à favor de
determinadas políticas, com poder de
provocar alterações. Possuem interesse
econômico e/ou ideológico.
Ex. Lobistas, entre outros.

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Alguns conceitos:

“Sistemas de Arenas Públicas”


(Hilgartner e Bosk, 1988).

Espaço onde ocorrem as atividades


reivindicatórias de grupos, trabalhos de
mídias, criação de novas leis...e a
definição de políticas públicas. (Fuks)

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Algumas teorias:

Segundo Richard Hofferbert:

A agenda governamental ou a escolha do


assunto que virará foco de uma política
pública, é decidida a partir do meio social
e político.

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Segundo John Kingdon:

Fatores que influenciam na agenda:

1) Os participantes ativos (governo ou não/ atores


visíveis ou invisíveis)

2) O processo, que depende:


- Do reconhecimento de problemas
(Indicadores, Eventos, Crise);
- Da proposição de políticas (comunidade
política);
- Da política em si (Institucional).

Agenda no Ciclo da Política Pública


Na formação da Agenda Setting, identifica-
se na prática as Teorias de John Kingdom:

A) Os três Tipos de Agenda (do Estado ou


Sistêmica, Governamental e de Decisão) ;

B) Das Múltiplas Correntes (Multiple Stream) e;

C) Janela de Oportunidade (Policy Windows).

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A) Três Tipos de Agenda
•Agenda do Estado, Sistêmica
ou não-governamental:
Exemplos: Combate ao
terrorismo e ao tráfico de drogas,
Mobilidade Urbana. O que irá
diferenciar é a forma de aplicação.

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A) Três Tipos de Agenda
•Agenda do Estado, Sistêmica
ou não-governamental;

•Agenda Governamental:
Específica daquele governo,
daquele grupo político.
Ex. Política de Defesa dos Direitos
Humanos, Política Povos
Quilombolas, Programa cicloviário,
etc.

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A) Três Tipos de Agenda
•Agenda do Estado, Sistêmica
ou não-governamental;

•Agenda Governamental;

•Agenda de Decisão.
Efetivamente “encaminhado à
tomada de decisão pelo sistema
político” (Romanini e Rua)

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B) Múltiplas Correntes

É o encontro do problema com o


fluxo político e o fluxo da agenda
governamental, catalisada por uma
espécie de ação empreendedora de
lideranças políticas.

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B) Múltiplas Correntes

FLUXO DOS FLUXO DAS FLUXO DA


PROBLEMAS SOLUÇÕES POLÍTICA
Indicadores de crise, Viabilidade técnica, “Humor nacional”,
eventos focais $ e aceitação social Articulações e Alianças

JANELA DE
OPORTUNIDADE DE
MUDANÇA ABERTA

AGENDA-SETTING Fonte: Capella, 2007, p. 98

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C) Janela de Oportunidade

Os fluxos (Problemas, Soluções e


Políticos) se convergem e abrem a
“Janela de Oportunidades” na estrutura
de Governo.
A Janela de Oportunidade é assim um
momento de oportunidade para incluir
um tema na Agenda Pública, e deste
modo, desenvolver uma política pública.

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Reflexões...

Grupos internos e externos ao governo, procuram


identificar problemas e caminhar para formulação
de políticas públicas que atendam suas
necessidades.

Quase sempre se parte do problema para a


solução, mas o caminho contrário existe também:
partir da solução para encontrar um problema que
lhe caiba.

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Segundo Cobb e Elder:

A formação da agenda é um processo que


envolve os chamados “guardiões da agenda”, da
política institucional.
Entretanto, há a possibilidade do acesso da
sociedade civil a estes “guardiões”, mas que
dependerá de sua força de articulação política e
técnica (argumentos).

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Segundo Viana Monteiro:

O reconhecimento de que “algo precisa ser feito”


pode partir de dentro ou fora do governo, sendo que
em governos autoritários, o processo decisório é
parcialmente do executivo, enquanto em governos
mais democráticos, tal processo é dividido também
com o poder legislativo.

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Segundo Fuks:

A condição para que uma determinada questão


se torne objeto de atenção social é o seu
reconhecimento como um assunto público.

Exemplos:
1. Evasão Escolar: no passado era um caso
familiar, hoje se tornou uma questão pública.
2. Violência contra a mulher: no passado era
assunto privado (“em briga de marido e mulher...”).
3. Ciclistas no trânsito: no passado eram raros.
Hoje exige uma política pública específica.

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Segundo Spector e Kitsue:

As atividades reivindicatórias de grupos, como os


responsáveis por esse reconhecimento social,
também transforma um assunto específico em
“problema social”.
Exemplo, acidentes de ciclistas: no passado
passava-se desapercebido pelo
grande público, hoje tem
cobertura específica pela mídia,
com mobilização dos cicloativistas.

Agenda no Ciclo da Política Pública


Assim, não necessariamente as
condições objetivas caracterizam o
assunto público, mas também o
“processo de reconhecimento
subjetivo que conduz à sua
definição enquanto problema
social” (Fuks).

Destaca-se o papel da mídia e das mídias


sociais e o cuidado com as Fake News.

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O contexto cultural (ideológico, valores e tradições)
também constitui elemento responsável na
identificação dos problemas, por tornar questões
específicas em assuntos de interesse público (Fuks), e
assim definir o que será incluído na agenda pública e
como será tratado.

Exemplo, a Política de Energia Nuclear: de


assunto de política energética associada ao
progresso, passou a ser criticada dentro da
agenda da política ambiental.

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Segundo Fuks:

Uma questão importante é sobre quem define e


quem participa da definição dos problemas
públicos, pois aquele que consegue definir, dará
a cartada inicial e terá vantagem na condução do
debate.

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Segundo Fuks:

Após alcançar um tema, um assunto e conseguir


seu status de “assunto público”, surge a questão
da sua manutenção na agenda pública, o que
depende de estratégia para manter o assunto.
E manter no sentido e no enfoque proposto!

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Segundo Fuks:

Para Rochefort e Cobb, as definições distintas da


natureza do problema, implicam também em
diferentes propostas de solução.

Ex: 1) Revolta social em Los Angeles (1992):


problema racial ou de segurança pública?
2) População em situação de rua :
problema desta população
ou problema do observador?

Fonte: https://www.aquinoticias.com/2017/06/morador-de-rua-
morre-em-madrugada-mais-fria-do-ano-na-capital-paulista/

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Segundo Fuks:

Entre os diferentes espaços de construção e/ou


formulação de uma política pública, existe
aquela intitulada de “arena estratégica”,
constituída pelos meios de comunicação de
massa, as mídias, que servirão para articular
as diversas arenas, bem como para difusão
pública das idéias.

Agenda no Ciclo da Política Pública


Segundo Fuks:

Para Baumgartner e Janes, a explicação para a


dinâmica da vida política encontra-se na indiferença
de grande parte do público, que assim, age a favor
daquele que controla determinada área de ação
governamental.
Cabe a mobilização dessa massa “indiferente”, para
que haja a mudança no quadro de equilíbrio do
domínio da ação governamental.

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Segundo Monteiro:

A fase de reconhecimento, chamada também


como “capacidade de rastreio” dependerá da
percepção do formulador de política, o Policy
Maker, quanto ao momento vivido e aos sinais.

Agenda no Ciclo da Política Pública


Segundo Viana Monteiro:

A falta de sensibilidade ou o rastreio falho, poderá


levar à consequências desastrosas, pois a política
pública poderá chegar atrasada com prejuízo político
e/ou social.

Exemplo: Problema na política (ou não política pública)


de tratamento da questão
dos refugiados venezuelanos.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/ha-grupos-de-brasileiros-cacando-venezuelanos-na-fronteira-diz-imigrante.shtml

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Segundo Viana Monteiro:

Esta atividade de rastreio envolverá a


definição e a construção de “base de dados
estratégicos” (BDE), que são evidências sobre os
aspectos mais significativos.

Atividade de rastreio

DEFINIÇÃO E
CONSTRUÇÃO DE DECISÃO PRECISA, DE
UMA BASE DE DADOS UMA POLÍTICA PÚBLICA
ESTRATÉGICOS

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Segundo Viana Monteiro:

As Bases de Dados Estratégicos-BDEs, desempenham


um papel importante no monitoramento da
conjuntura, e auxiliam no processo decisório da
política pública:

- condições políticas;
- condições organizacionais;
- conjectura interna;
- condições empresariais;
- conjectura internacional.

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Base teórica/bibliográfica da aula 2:

- FUKS, Mario. Definição da agenda, debate público e problemas sociais:


uma perspectiva argumentativa da dinâmica do conflito social. BIB, Rio
de Janeiro, n.º49, pp. 79-94, 1º sem./2000.

- VIANA, Ana Luiza. Abordagem metodológica em políticas públicas.


Caderno de Pesquisa Nepp n.º 5, (UNICAMP-Nepp), 1989.

- MONTEIRO, Jorge Vianna. O processo decisório de política. In


FERRAREZA, Elizabete, Políticas públicas, coletâneas. Brasília, ENAP,
2006.

- CAPELLA, Ana Claudia N. Perspectivas Tóricas sobre o processo de


Formulação de políticas públicas. BIB, São Paulo, n.º61, pp. 25-52,
setembro/2006.

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