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Neste capítulo buscamos discutir o que é uma política pública e qual é a sua importância.
Políticas públicas são essenciais para o desenvolvimento humano, para a formação da
cidadania e para a promoção de igualdades. Por meio delas se estabelece diretrizes para
as ações do poder público com objetivos e metas, buscando evitar atividades que não
atinjam seus objetivos e desperdicem dinheiro público.
ATIVIDADE
PROGRAMADA
Alguma experiência
no seu município
completou esse ciclo?
Descreva relacionando
com as etapas
mencionadas.
Foto 1: Cisterna do Programa 1 Milhão de Cisternas
Fonte: ASA Brasil (s.d.).
?
Os dois devem ser utilizados para aprimorar essa política
e garantir a participação e o controle social.
VOCÊ SABIA
Rua (2010) define a avaliação como o exame sistemático As primeiras avaliações de
de intervenções planejadas na realidade. Usa como políticas públicas surgem
na década de 1960, nos
base procedimentos científicos de coleta e análise de Estados Unidos. Elas foram
informação sobre o conteúdo, a estrutura, o processo, institucionalizadas com
um enfoque top-down, ou
os resultados e/ou impactos de políticas, programas ou seja, de cima para baixo,
determinadas pelo presidente
projetos. norte-americano para avaliar
programas sociais. Nas
A avaliação foi usada inicialmente nos Estados Unidos na décadas seguintes, ocorre um
boom da avaliação associado
década de 1960. Ela foi aplicada em programas sociais e ao movimento de reforma
ampliada nas décadas seguintes, principalmente em países do Estado e de seu aparelho
administrativo, conhecido
desenvolvidos. No Brasil, diversos fatores contribuíram como New Public Management
para que o Estado brasileiro passasse a redefinir sua (Nova Gestão Pública). Esse
movimento recomendava uma
área de atuação a partir dos anos 1990, reestruturando redefinição do papel do Estado
e a implantação de mecanismos
sua função de planejamento e gestão. O processo de de gestão da iniciativa
redemocratização trouxe à tona novos atores sociais privada na administração
pública. No Brasil, essa nova
e novas reivindicações aos governantes. A crise fiscal orientação político-ideológica
diminuiu a capacidade de gasto dos governos e aumentou e gerencial acontece com a
Reforma Administrativa em
a pressão por maior eficiência. A crise econômica em 1998, por meio da Emenda
Constitucional nº 19
que o país e o mundo estavam mergulhados2 aumentou (RAMOS; SCHABBACH,
a desigualdade social e a busca por serviços e políticas 2012).
sociais (RAMOS; SCHABBACH, 2012).
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Monitorar, Avaliar, Criticar e Aprender com o desenvolvimento urbano sustentável
Monitoramento e avaliação não são sinônimos, ainda que os dois processos ou etapas
estejam intimamente ligados (Figura 3). Não é possível realizar uma boa avaliação sem
um conjunto de indicadores consistentes e atualizados, não importa a metodologia
24
Monitorar, Avaliar, Criticar e Aprender com o desenvolvimento urbano sustentável
Entre muitos índices econômicos disponíveis temos: o Produto Interno Bruto (PIB); o PIB
per capita; o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da
inflação do país; e o indicador de consumo per capita. Exemplos de indicadores sociais
são: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); o Índice Paulista de Vulnerabilidade
Social (IPVS); e a taxa de mortalidade/sexo.
1
PARA MAIS
sustentabilidade. Mais recentemente, discute-se INFORMAÇÕES
como medir o desenvolvimento urbano sustentável e SOBRE O TEMA
VER TAMBÉM O
a sustentabilidade urbana, sendo que até hoje não se
MÓDULO 1.
chegou a um consenso. Consulte o Módulo 1 para mais
detalhes sobre esse assunto.
Os indicadores de
monitoramento e
APROFUNDE-SE avaliação de políticas
Caso tenha interesse em se aprofundar
mais sobre indicadores sociais, incluindo
públicas urbanas devem
uma análise sobre os impactos da pandemia ser capazes de medir não
de COVID-19 na população brasileira, só o cumprimento de
consulte a publicação do IBGE Síntese
de Indicadores Sociais: Uma análise das
objetivos e metas, mas
condições de vida da população brasileira: também o quanto estas
2021. políticas contribuem
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE
para o desenvolvimento
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese urbano sustentável. Assim,
de indicadores sociais: uma análise das apresentamos a seguir
condições de vida da população brasileira:
2021. IBGE: Rio de Janeiro, 2021.
os principais conceitos e
tipologias de indicadores
Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov. usados normalmente
br/index.php/biblioteca-catalogo?view=de-
talhes&id=2101892
no monitoramento e na
avaliação.
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Monitorar, Avaliar, Criticar e Aprender com o desenvolvimento urbano sustentável
3
PARA MAIS
quantificar aspectos de uma determinada INFORMAÇÕES
situação da realidade que desejamos avaliar”. SOBRE O TEMA
VER TAMBÉM O
Indicador também pode ser definido como
MÓDULO 3.
um instrumento que resume um conjunto de
informações em um número. Portanto, ele permite
medir certos fenômenos entre si ou ao longo
de certo tempo. Os indicadores são utilizados
para simplificar informações sobre fenômenos
complexos e comunicá-los de modo mais
compreensível e quantificável (Figura 4).
Um indicador é o meio e não o fim. É necessário ter clareza de sua função e utilidade,
ainda que ele seja o instrumento operacional do monitoramento e da avaliação de
programas/políticas. Caso contrário, é possível produzir informações inadequadas
sobre a realidade na qual se pretende intervir. Como apontado por Kayano e Caldas
(2002), é preciso cautela tanto na construção quanto na interpretação dos indicadores,
pois eles servem a vários interesses.
AULA 1
MÓDULO 7
APROFUNDE-SE
Caso tenha interesse em se aprofundar na construção e uso de indicadores sintéticos ou índices, há uma
ampla literatura sobre o clássico debate das potencialidades e limitações do Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH). Ele foi proposto em 1990 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
sob a liderança do economista paquistanês Mahbub ul Haq e com base no enfoque proposto por Amartya
Sen (Prêmio Nobel de economia de 1998). O PNUD publica desde 1990 relatórios anuais sobre as diversas
dimensões do desenvolvimento humano.
VEIGA, J. E. Problemas do uso ingênuo do IDH-M. Valor, [s.l.], 14 jan. 2003. Disponível em: http://www.zeeli.
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GUIMARÃES, J. R. S.; JANNUZZI, P. M. IDH, Indicadores sintéticos e suas aplicações em políticas públicas:
uma análise crítica. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, Salvador, v. 7, n. 1, p. 73-89, maio 2005.
Disponível em: https://rbeur.anpur.org.br/rbeur/article/view/136. Acesso em 05/10/22