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UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL

CURSO DE MEDICINA
SAÚDE COLETIVA E INTERAÇÃO COMUNITÁRIA
POLÍTICAS PÚBLICAS

Amanda Gabriela da Silva

POLITICAS PÚBLICAS E O SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO

Santa Cruz do Sul


2016
POLÍTICAS PÚBLICAS E O SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO

1. INTRODUÇÃO
O trabalho tem como objetivo reunir os conteúdos estudados na disciplina de
Políticas Públicas no segundo semestre de 2017. No início das aulas foi
debatido o conceito de políticas públicas bem como suas aplicações e em
seguida o professor abordou as fases que cada política pública precisa passar
para se tornar de fato uma política. Nas aulas posteriores foi discutido o
conceito de empatia relacionado as políticas públicas, visto que é preciso que
os governantes sejam empáticos e se coloquem no lugar da população para
que políticas sociais sejam criadas de modo eficiente. Além da empatia, o
planejamento do orçamento governamental é imprescindível para que as
politicas públicas prossigam e seja eficiente, pois só assim é possível destinar
verba suficiente para as necessidades da população, por isso, também foi
discutido em aula a elaboração do Orçamento. Seguidamente, estudou-se a
judicialização da saúde inclusive com um convidado para trazer uma
abordagem mais ampla sobre como as políticas públicas se relaciona com a
saúde. Com isso, fechamos a primeira parte do trabalho e iniciamos a segunda
parte que trata principalmente sobre a história das politicas públicas no Brasil e
como a saúde evolui junto com essas politicas. Isso se relaciona ao segundo
tema estudado, o Plano Nacional de Saúde, que é a forma mais organizada de
saúde que temos na história e abrange não só aspectos técnicos, mas também
sociais. Encerrando a segunda parte do trabalho foi abordado vários modelos
de saúde em outros países como Canadá, França e Inglaterra, novamente veio
novos convidados para amplificar a visão dos alunos.

2. DESENVOLVIMENTO

Nas aulas iniciais trabalhos sobre o conceito de políticas públicas


abordando que elas podem ser definidas como respostas aos problemas
políticos bem como orientações a ação estatal. Elas apontam ao governo
estratégias e rumos que visam resolucionar problemas sociais. Dessa forma, é
de fundamental importância que os agentes públicos tenham conhecimento
sobre políticas públicas para que haja, então, ações mais qualificadas em prol
da sociedade. Além disso, cabe aos cidadãos também ter conhecimentos sobre
as políticas para cumprirem seu dever com a democracia de monitorar as
realizações do estado para que a política seja transparente. Infelizmente, as
políticas não conseguem atender a todas as demandas sociais requeridas e,
por isso, ela atende os problemas que afetam com intensidade o meio social
como o racismo, violência contra mulher e trabalho infantil, por exemplo. Dessa
forma, percebe-se que o conhecimento das políticas públicas é de interesse de
toda a sociedade e não apenas dos políticos, visto que de modo direto ou
indireto, elas atingem todos os cidadãos. De modo a organizar e tornar as
politicas publicas mais praticas, elas são divididas em cinco fases:
 Percepção e definição dos problemas: o governo deve delinear
prioridades nas políticas públicas de acordo com a força que tem para
implanta-las e com os recursos disponíveis. Além disso, a influência da mídia e
o modo como os problemas afetam o meio social também deve ser
consideradas no que tange a percepção de problemas. É uma fase
predominantemente teórica.
 Inserção na agenda política: os problemas percebidos na fase anterior
agora são alvo de maior atenção e planejamento do governo. Há um
delineamento ainda maior sobre os problemas a serem resolvidos.
‘’ Além dos assuntos recorrentes, há em cada período
histórico questões novas, vinculados à emergência de
novos fenômenos e acontecimentos. A biotecnologia, por
exemplo, começou a ser discutida no país de forma
intensa nos anos 1990, com fortes polêmicas nos meios
acadêmico, religioso, político e da produção. Fruto dos
debates, o governo federal logrou estabelecer as bases
para a política de desenvolvimento da biotecnologia no
ano de 2007’’ João Pedro Schmidt

 Formulação: essa fase é orientada por interesses e, por isso, envolver


parcialmente critérios técnicos. Envolve, também, o estabelecimento de
diretrizes, objetivos e metas. Nessa fase são decididas as alternativas para
resolver os problemas que originam projetos e por consequência ações.
 Implementação: Nessa fase busca-se concretizar o que foi discutido
anteriormente. Envolve principalmente o aparelho burocrático. Porém, para que
as políticas públicas tenham sucesso é preciso que haja coerência e integração
entre o que foi planejado e a ação.
 Avaliação: essa é a fase mais democrática que envolve a eficiência das
políticas públicas. A resposta da sociedade se dá pelo meio eleitoral. Todavia,
não é apenas por esse meio que as políticas públicas devem ser avaliadas, é
preciso também analisar as falhas e os êxitos delas.
Para que as políticas públicas sejam construídas de maneira justa é
preciso que os governantes tenham empatia que é definida como a arte de se
colocar no lugar do outro, devido a isso, a empatia foi outro tópico abordado
durante o semeste. Pode se dizer que é algo natural e quase involuntário para
quase todos os seres humanos. Segundo o texto de Roman Krznaric, a
empatia é uma ferramenta poderosa que pode tanto criar mudança social
quanto dar maior profundidade e significado as nossas vidas. Pensando nisso,
pode-se dizer que a empatia nas políticas pública é de fundamente
importância, uma vez que elas atendem a necessidade de seres humanos que
não podem ser discutidas sobre um ponto de vista apenas técnico. Por meio da
empatia, as decisões políticas se tornam mais humanas e menos influenciada
por interesse. Além disso, a empatia não se resumo a se pôr no lugar de uma
pessoa só, mas no caso da política, no lugar de um grupo social que se
encontra desfavorecido. Assim, conclui-se que a empatia torna a política mais
humana e mais capaz de tomar decisões que beneficiem as minorias.

Além da empatia, é necessário a elaboração do orçamento e considerar


aspectos como espaço de conflitos, oportunidade de cooperação. Em nosso
país pagamos impostos direta e indiretamente para obter retornos do governo
por meio de serviços públicos. Após a arrecadação, o governo faz o orçamento
que pode ser dar na esfera federal, estadual e municipal. Para que tudo isso
seja feito de forma legal há a lei orçamentaria que autoriza o executivo a gastar
o valor arrecado para manter a administração e cumprir seu dever com a
população. Com a elaboração do orçamento o governo deve estimar o quanto
pode gastar com determinados setores para que não falte em outros e também
deve definir quais as áreas que serão prioridade em investimento. Ao realizar o
trabalho de políticas pública sobre gastos públicos, meu grupo, por exemplo
decidiu investir em saúde e educação e depois remanejar o que sobrou para
outras áreas. Todavia, as decisões orçamentais não cabem somente ao
governo, mas também ao poder legislativo. Para que não haja corrupção e
desvio do dinheiro público – algo visto com frequência em nosso país – é
preciso que haja um controle social, ou seja, o governo deve deixar ao acesso
da população o quanto que foi arrecadado e o quanto vai ser investido e onde
vai ser investido. A aplicação dos recursos possui diversos princípios, dentre
eles estão: Unidade: é preciso haver um único orçamento. Universalidade:
Tudo que será arrecado e tudo que será investido deve estar dentro do plano
orçamentário. Não é permitido investir em algo que não esteja regulamentado
no plano. Anualidade: A cada ano uma nova lei orçamentária é formulada
pelos governantes.
Mesmo que haja um planejamento rigoroso sobre o orçamento, muitas
vezes, há despesas que não foram previstas como por exemplo, com
medicamentos que caros para pacientes. Com isso, entramos no debate sobre
a judicialização da saúde que gira principalmente em torno do fornecimento de
medicamentos a população. O grande problema de tudo isso é que muitas
vezes o município e o estado não possuem recurso financeiros suficientes para
disponibilizar os remédios. Muitas vezes, um paciente apenas requer quase
metade dos recursos destinados para o fornecimento de medicamentos e, com
isso, outras pessoas pode ficam sem. Conforme a roda de conversa com
Edson sobre o assunto fomos informados que geralmente os municípios
gastam 24% do orçamento para a saúde. Em especial em tratamentos de
média complexidade. A atenção básica recebe verbas para comprar
medicamentos necessários e além disso há uma relação de medicamentos que
deve ser garantida a população por lei. É o município que solicita conforme a
demanda de remédio e geralmente as solicitações são como do ano anterior,
podendo haver mudanças conforme as doenças que aparecerem. O que mais
se distribui é antidepressivo devido a diagnostico mal feito principalmente na
área do vale do Rio Pardo. Em municípios pequenos não há desperdícios de
remédios pois há maior controle, diferentemente de metrópoles como em São
Paulo. Assim percebe-se que a distribuição de medicamentos pela rede
pública é extremamente regulada pela questão financeira e, por isso, a cada
ano aumenta cada vez mais os processos de pacientes que precisam de
remédios mais caros.
Para entender a evolução das políticas públicas no Brasil realizamos uma
retrospectiva história na qual foi possível ver o quanto as políticas públicas avançaram
no sentido de atender mais e melhor a população bem como. Além disso, a medicina se
tornou mais humanizada e o Plano Nacional de Saúde tem auxiliado a relacionar as
políticas públicas de saúde com as políticas sociais, visto que o ambiente em o que
paciente vive interfere intensamente em sua saúde.
Antes do Brasil ser colonizado pelos europeus, a medicina era exercida
de modo empírico pelos índios que utilizavam plantas medicinais para
combater as enfermidades. Durante o Brasil Colônia, a medicina não teve
muitos avanços técnicos e profissionais, a carência de profissionais médicos
era evidente. No Rio de Janeiro, em 1789, só existiam quatro médicos
exercendo a profissão. Em outros estados brasileiros eram mesmo
inexistentes. Posteriormente a esses fatos, com a vinda da família real para o
Brasil e com a abertura dos portos às nações amigas, João VI, fundou o
Colégio Médico - Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador e a
Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro, anexa ao real Hospital. Por isso, pode-se
dizer que o berço da medicina no Brasil foi na Bahia e no Rio de Janeiro.
No Brasil Império, sob administração de Dom Pedro I, muitos médicos de
Portugal, formados em Coimbra para atuar no país. Ao mesmo tempo, muitos
jovens saiam do Brasil para estudar medicina na Europa. Os médicos dividiram
o Brasil de acordo com o clima de cada região podendo assim diagnosticar
melhor as doenças locais. Essa é uma característica do Brasil Império que
atualmente é uma das recomendações do SUS: cuidar dos pacientes de
acordo com o ambiente em que vivem.
Nesse período, somente os grandes latifundiários e quem tinha um
grande poder aquisitivo tinha acesso a médicos. Os escravos e os setores mais
pobres da sociedade recorriam a curandeiros e a conhecimentos empíricos
assim como os índios.
O século XIX trouxe muitas mudanças para o mundo e
consequentemente para o Brasil no que tange a medicina. Com a revolução
industrial e o desenvolvimento de novas terapias, além da descoberta do raio x,
o país, a partir de 1808, tratava-se não só de absorver a incrível quantidade e
diversidade de conhecimentos trazidos da Europa, mas de recuperar 300 anos
de colonização predatória e restritiva da produção de conhecimentos. A
medicina penetrou na sociedade e incorporou o meio urbano como alvo da
reflexão e da prática médica. Além disso a medicina passou a receber apoio
científico indispensável recebendo reconhecimento do Estado.
Em 1829 foi fundada a Junta de Higiene Pública que comparando com os
dias atuais teve papel semelhante, porém bem menos eficiente, ao da ANVISA,
pois incorporou a inspeção de saúde dos portos e o instituto vacínico do
Império. Nesse momento o saneamento básico e a união entre saúde e
sociedade começam a ser mais valorizadas e receberem mais atenção. Em
1851 foi fundada a Junta Central de Higiene Pública que tem função
semelhante a anterior, porém engloba a inspeção de alimentos, farmácias,
armazéns de mantimentos, restaurantes, açougues, hospitais, colégios,
cadeias, aquedutos, cemitérios, oficinas, laboratórios, fabricas e, em geral,
todos os lugares de onde possa provir danos à saúde pública. Os resultados
dessas medidas foi a redução de gastroenterites e intoxicação alimentar.
Apesar disso, muitas pessoas morreram durante o Império devido a febre
amarela e tuberculose.
Na República Velha e principalmente na República Nova o Brasil passou
de uma economia essencialmente agrária para um país industrial. Todavia, não
havia direitos trabalhistas para os operários nem amparo a saúde. Dessa
forma, muitas enfermidades dessa época se relacionavam as péssimas
condições de trabalho, além das doenças infectocontagiosas. Nesse contexto,
a medicina assumiu o papel de guia do Estado para assuntos sanitários,
comprometendo-se a garantir a melhoria da saúde individual e coletiva e, por
extensão, a defesa do projeto de modernização do país
◦ Ex: Liga Brasileira contra a Tuberculose, No RJ (1900);
A ideia de prevenir doenças no Brasil teve seu grande marco inicial com o
movimento sanitarista. O movimento sanitarista, organizado em torno da
proposta de políticas de saúde e saneamento, visando atender não só as
capitais e os portos, mas também o interior que até o momento estava
desassistido. A falta de um modelo sanitário para o país deixava as cidades
brasileiras à mercê das epidemias. No início do século XX, a cidade do Rio de
Janeiro apresentava um quadro sanitário caótico, caracterizado pela presença
de diversas doenças graves que acometiam a população, como a varíola, a
malária, a febre amarela e, posteriormente, a peste.
A criação de uma política de saúde se deu com a incorporação dos novos
conhecimentos clínicos e epidemiológicos às práticas de proteção da saúde
coletiva. Com isso os governos republicanos, pela primeira vez na história do
país, a elaborar minuciosos planos de combate às enfermidades que reduziam
a vida produtiva, ou útil, da população. Oswaldo Cruz e Carlos Chagas,
Adolpho Lutz, Arthur Neiva e Vital Brasil são nomes importantes para a história
das políticas públicas no Brasil.
Na Era Vargas caracterizou-se pela criação dos IAMPS que assegurava
aposentadoria, pensão em caso de morte e principalmente no que se refere a
medicina assistência médica e hospitalar, com internação até 30 dias e
socorros farmacêuticos, mediante indenização pelo preço do custo acrescido
das despesas de administração. Além disso, Vargas criou Ministério da
Educação e Saúde Pública (Mesp) que assegurava direitos a saúde da
população que não estavam inclusos nos direitos previdenciários como
moradia e saneamento. Também substitiu as CAPs (Instituição das Caixas de
Aposentadoria e Pensão) criadas em 1923 pelas IAPs (Institutos de
Aposentadorias e Pensões).
Durante a ditadura repressão política atinge o campo da saúde -com
cassações de direitos políticos, exílio, intimidações, inquéritos policiais – militar,
aposentadoria compulsória de pesquisadores, falta de financiamento e
fechamento de centros de pesquisas, além de restringir novamente o acesso a
saúde. Outro problema foi que na ditadura a medicina preventiva foi
negligenciada o que levou a altas despesas com saúde.
◦ A Conferência Internacional sobre a Atenção Primária à Saúde,
realizada em Alma abordava tópicos contra a inacessibilidade dos serviços
médicos às grandes massas populacionais e reafirmou-se ser a saúde um dos
direitos fundamentais do homem e responsabilidade dos governos.
Em 1987, já com a redemocratização do país é implementado o Sistema
Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das
Ações Integradas de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização
e a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados, a
regionalização dos serviços de saúde e implementação de distritos sanitários, a
descentralização das ações de saúde, o desenvolvimento de instituições
colegiadas gestoras e o desenvolvimento de uma política de recursos
humanos. O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal,
promulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o processo
desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema Único de
Saúde (SUS) e determinando que "a saúde é direito de todos e dever do
Estado".
Atualmente as políticas públicas de saúde são muito bem planejadas e
isso tudo se deve ao Plano Nacional de Saúde que constitui-se como um
planejamento que orienta a implementação de todas as iniciativas de gestão,
explicitando os compromissos setoriais de governo e reflexão a partir de uma
avaliação situacional das necessidades de saúde da população. Sua
importância está justamente na orientação e no planejamento das ações que
envolvam a saúde da população, ciente da sua respectiva situação e contexto
em que vive. O planejamento da saúde e sua articulação se dá por meio de
Regiões de saúde, um espaço geográfico contínuo constituído por
agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades
culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de
transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o
planejamento e a execução de ações e serviços de saúde.
O Plano Nacional de Saúde tem como objetivos principais, ampliar e qualificar
o acesso aos serviços de saúde, abordando principalmente a política de
humanização. Uma das metas desse objetivo é ampliar o número de equipes
da Estratégia Saúde da Família para 46 mil. Além disso o plano busca
aprimorar e implantar as Redes de Atenção à Saúde nas regiões de saúde e
busca articular várias áreas de atuação médica como a Rede de Urgência e
Emergência, Rede Cegonha, Rede de Atenção Psicossocial, Rede de
Cuidados à Pessoa com Deficiência, e da Rede de Atenção à Saúde das
Pessoas com Doenças Crônicas. Esse objetivo integra várias áreas da
medicina e inclui o princípio de analisar o paciente em seu ambiente social.
Tem como uma de suas metas realizar 15 milhões de mamografias bilaterais
para rastreamento do câncer de mama em mulheres de 50‐ 69 anos. Outro
objetivo é a promoção do cuidado integral às pessoas nos ciclos de vida
(criança, adolescente, jovem, adultos e idoso), considerando as questões de
gênero, orientação sexual, raça/etnia, situações de vulnerabilidade, as
especificidades e a diversidade na atenção básica, nas redes temáticas e nas
redes de atenção à saúde.
Em síntese, o plano nacional de saúde possui ênfase na atenção básica,
buscando ampliar o acesso a saúde para além de consultas clássicas além de
promover o atendimento diferenciado ao tratar cada paciente como único,
considerando suas individualidades. Além disso, o plano tem um grande foco
em ações preventivas que melhoram a qualidade de vida da população além
de reduzir, futuramente, os gastos com a saúde no Brasil.
Para abordar os sistemas de saúde internacionais e o do Brasil,
precisamos ante de tudo fala sobre o estado, uma que é ele quem determina
na maior parte as políticas relacionadas a saúde.
ESTADO: é uma forma de organização política das sociedades humanas. Ao
longo da história diversas formas de estado surgiram, como por exemplo o
Estado-nação no qual há um poder soberano sobre um território, infelizmente
os estados não foram em sua maioria pacíficos e empáticos.
ESTADO DE BEM ESTAR SOCIAL – fenômeno do século 20 e no que tange a
saúde busca aproximar saúde e sociedade. No Brasil não havia estado de
bem-estar social antes do século 20 e só a partir da Era Vargas passou-se a
pensar nessas questões.
No contexto internacional, a saúde passou a ter mais investimentos após a
primeira guerra mundial, pois nesse momento passou-se a arrecadar impostos
nos países eurpeus que, consequentemente, utilizaram essa arrecadação para
investir em saúde. Hoje a grande maioria dos países europeus cobra muitos
tributos, a Suécia, por exemplo, cobra impostos mais altos, todavia, oferece
serviços públicos mais amplos e com mais qualidade.
Duas grandes formas de incluir a saúde no plano de bem-estar social:
 PLANO CONTINENTAL: seguro social. Acordo entre patrão e
empregado. Protege aqueles que contribuem com o sistema.
 PLANO ATLÂNTICO: Lorde Beveridge. Seguridade Universal. Proteção
a todos independente da contribuição. Exemplo: Noruega. O sus
brasileiro se relaciona com essa ideia.
No Brasil, há o Sistema Único de Saúde que atende toda população e inclusive
estrangeiros. Infelizmente, como o país tem uma grande extensão territorial,
muitas vezes é difícil fiscalizar corretamente os serviços de saúde. Por isso, o
sistema muitas vezes é falho e não consegue atender a população com
qualidade. Além disso, falta estruturas em muitos hospitais, faltam médicos nas
cidades interioranas e isso se agrava mais ainda quando as verbas destinadas
a saúde são desviadas pelos sistemas de corrupção do país.
Em Santa Cruz do Sul, o sistema funciona de uma maneira geral muito bem,
pois conta com a universidade que administra o maior hospital e não conta com
fins lucrativos. Essa poderia ser uma saída para o governo com o intuito de
aprimorar a saúde em outras regiões: associar o público ao privado.
Na França, o sistema de saúde é um dos componentes do Sistema de
Seguridade Social e como no Brasil também é público. Segundo Isabel Hilbig
que morou por um tempo no país, uma das diferenças com é a legalização de
abortos e o maior número de partos normais. O sistema oferece hospitais,
médicos e medicamentos de alta qualidade o que vai de encontro ao que Isabel
relatou em aula.
A Inglaterra também oferece serviços de saúde públicos e conforme um trecho
de um documentário passado em aula, os médicos tem uma qualidade alta de
vida sendo muito bem pagos pelo governo. Segundo informações do New
England o sistema emprega 1.3 milhões de pessoas, atende a 1 milhão de
pacientes a cada 36 horas e é considerado a maior estrutura de saúde pública
do mundo. Segundo Geovane Souza que morou com sua família no país por
anos, o único ponto negativo em sua experiência foi a demora significativa para
conseguir consulta com especialistas.
O Canadá não existe apenas um serviço, mas sim um para cada província ou
território. Conforme Isabel Hilbig que também passou um tempo no país, os
serviços de urgência e emergência são de muita qualidade, porém, quanto o
atendimento não se encaixa em casos de urgência a demora para conseguir
atendimento médico é de qualidade. Essa é uma questão que difere da cidade
de Santa Cruz do Sul, pois o atendimento não é voltado apenas para situações
e urgência, pacientes em estado estável, porém com algum problema de saúde
se direcionam a UPA e ao pronto atendimento e são atendidos, dependendo do
período do dia, em menos de uma hora.
Subjetivamente, um dos tópicos mais interessantes abordados em sala de
aula foi o fenômeno da automedicação. Foi importante abordar a indústria
farmacêutica como um crime organizado que mobiliza médicos e advogados
para que consiga vender seus produtos em grande escala sem se preocupar
com a saúde da população. Ademais, a automedicação se tornou um hábito da
população que passou a ter acesso a todos os tipos de medicamentos
facilmente, o que contribui ainda mais para que a máfia da indústria
farmacêutica permaneça em ação. Infelizmente hoje, qualquer desconforto já é
pretexto para se medicar e como consequência, muitas vezes os remédios
intoxicam os pacientes bem como causam reações adversas perigosas que
colocam a vida de muitas pessoas em risco.
‘’Os fabricantes de medicamentos nunca falam sobre os
benefícios e danos de seus produtos, mas sim sobre sua eficácia e
segurança.’’ Goetze, Peter C. 2016 em Medicamentos Mortais e
Crime Organizado.
Após refletirmos sobre automedicação, foi abordado um dos temas mais
atuais em saúde e que com certeza é um grande avanço relacionado as
políticas públicas de saúde: Praticas Integrativas Complementares. No SUS,
estão disponíveis para acompanhar o tratamento medicamentoso métodos
como acupuntura, massagem, musicoterapia, etc. As Medicinas Tradicionais e
Complementares são compostas por abordagens de cuidado e recursos
terapêuticos diferenciados que não focam somente na saúde física, mas
também na saúde mental dos pacientes que é de extrema importância para
que a terapia medicamentosa funcione e o tratamento tenha sucesso. Os
pacientes realizam Praticas Complementares tem mais sucesso no tratamento
e aumentam sua qualidade de vida, visto que as práticas ajudam a melhorar a
autoestima do paciente e o bem-estar social. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) incentiva e fortalece a inserção, reconhecimento e regulamentação
destas práticas, produtos e de seus praticantes nos Sistemas Nacionais de
Saúde. Neste sentido, atualizou as suas diretrizes a partir do documento
“Estratégia da OMS sobre Medicinas Tradicionais para 2014-2023”.
Outro tema de caráter mais político foi debatido com a professora Ana
Zoé Schilling sobre as primeiras ações como secretário de saúde e a
integração dos profissionais da saúde na rede pública. A professora abordou
sabiamente que é de extrema importância analisar os projetos e documentos
da gestão passada para ter conhecimento e se integrar do momento político
atual e de como começar a atuar. Além disso, foi abordado também que um
secretário da saúde que é formado academicamente na área da saúde é de
extrema importância pois tem maior noção sobre as reais necessidades do
município em saúde e sabe prover melhor os recursos necessários para os
pacientes. A professora também acrescentou que caso o secretário não seja
formado em saúde ele precisa convocar profissionais para auxilia-lo.
Um tema importante discutido no final da disciplina foi exercícios Físico e
Esportes; Pilates, Basquete e foi observado que na turma há bastante
praticantes de esportes.
Seguidamente, tivemos uma roda de conversa com a professora e
doutora Chana que abordou tópicos sobre medicamentos fitoterápicos. O
professor relacionou essa abordagem ao estudo feito sobre o crime organizado
da indústria farmacêutica e a professora reconheceu que com medicamentos
fitoterápicos ocorre a mesma manipulação da indústria. Além disso, fomos
alertados que medicamentos fitoterápicos também possuem uma dose tóxica e
também pode interagir com outros medicamentos, por isso, também precisam
ser estudados de maneira aprofundada e de maneira que garantam a
segurança da população. Com isso, encerramos a disciplina de políticas
públicas de modo satisfatório.

3. CONCLUSÃO

Diante de todos os conteúdos estudados na disciplina, pode-se notar que


todos estão relacionados com as políticas públicas e a saúde. Desde o ensino
das fases das políticas públicas para que compreendêssemos como elas são
efetivadas no sistema de saúde até a necessidade de um planejamento
orçamentário para que não falte verba para nenhuma área de prioridade
incluindo a saúde. Além de tudo isso, entender como a saúde é feita em outros
países em comparação com o nosso e como as políticas públicas são
realizadas em outros locais foi imprescindível para analisar melhor o Plano
Nacional de Saúde que foi outro tópico abordado em aula e abrange a
necessidade da interação entre políticas de saúde e políticas sociais para
garantir a qualidade de vida dos pacientes. Pode-se notar, também, com a
retrospectiva histórica que as políticas públicas contribuíram com o acesso não
só da classe alta a saúde, mas também da população mais pobre que agora
também tem direito consultar com médicos especialistas e conseguir os
exames que precisam. Além disso, é imprescindível entender que o desvio de
verbas e a dificuldade em administrar um sistema tão grande como o SUS é
um entrave para que as políticas públicas avancem e junto com isso vem
muitas falhas no sistema, como a falta de médicos e a irresponsabilidade de
muitos profissionais da saúde que muitas vezes não atendem os pacientes
com qualidade devido à baixa remuneração. Assim, devido à forte relação das
políticas públicas com o SUS que é o nosso futuro meio de trabalho, conclui-
se, assim, a importância do estudo das políticas públicas e o sistema de saúde
brasileiro.
4. REFERÊNCIAS
GØTZSCHE, P. Medicamentos mortais e crime organizado: como a
indústria farmacêutica corrompeu a assistência médica. Porto Alegre:
Bookman,2016.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
plano_nacional_saude_2016_2019_30032015_final.pdf - acessado em 30 de
Novembro de 2017.
RIBEIRO, Patrícia Tavares. Perspectiva territorial, regionalização e redes: uma
abordagem à política de saúde da República Federativa do Brasil. Saúde
soc., São Paulo,  v. 24, n. 2, p. 403-412,  Junho, 2015 

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