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CURSO DE
PROPAGANDISTA FARMACÊUTICO
Aluno:
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CURSO DE
PROPAGANDISTA FARMACÊUTICO
MÓDULO III
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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Uma vez que os medicamentos, se usados incorretamente, podem acarretar
em dano à saúde dos consumidores, a promoção comercial dos medicamentos deve
ser orientada na ética e pelo, já comentado no módulo anterior, uso racional de
medicamentos. Entretanto, como evidenciou Barros (1995), em países em
desenvolvimento como o nosso muitas vezes a promoção dos medicamentos passa
a ser guiada em prática por uma orientação marcadamente dirigida ao retorno
econômico.
O fato de existirem várias opções farmacêuticas para o mesmo fim faz da
propaganda e de outras técnicas de mercado elementos diferenciais para vender
mais ou menos um produto. Na tentativa de definir o consumo em favor de seus
próprios produtos, as indústrias lançam mão de diversas práticas promocionais que
visam atingir o médico, o profissional dispensador e mesmo o consumidor
(BARROS, 1995).
Na propaganda de seus produtos, a indústria farmacêutica gasta valores
próximos ao do custo de produção desses medicamentos. Incrivelmente, se gasta
mais dinheiro na propaganda do que em pesquisa e desenvolvimento de novos
fármacos (LEXCHIN, 1997).
Dados mostram que mais da metade dos gastos com publicidade feitos
pelas empresas recaem sobre o propagandista farmacêutico, o qual já foi apontando
em muitos estudos como a maior fonte de informação e de influência sobre a
prescrição médica (PANZETTI, 2006). É por meio do propagandista farmacêutico
que chega aos médicos, em geral, o conhecimento da presença de um novo
medicamento ou produto no mercado.
A preocupação em se promover comercialmente os medicamentos de forma
mais responsável iniciou-se legalmente em 1981, quando a Federação
Intercontinental das Indústrias de Medicamentos publicou o Código de
Comercialização de Produtos Farmacêuticos.
A atualização desse código, em 1994, incluiu os Critérios Éticos para a
Promoção de Medicamentos, aprovados pela Assembleia Mundial de Saúde, em
1988. Esses critérios são normas sobre diferentes e relevantes aspectos da
comercialização de produtos farmacêuticos (OMS, 1988; SOBRAVIME, 2001).
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Mais recentemente a ANVISA estabeleceu a RDC Nº 96, de 17 de dezembro
de 2008, trata-se de uma resolução que dispõe sobre a propaganda, publicidade,
informação e outras práticas cujo objetivo seja a divulgação ou promoção comercial
de medicamentos. Essa resolução é um marco importantíssimo para o controle da
promoção comercial de medicamentos, pode ser acessada no site:
http://www.anvisa.gov.br/propaganda/legis.htm
Em nosso país, além dos órgãos governamentais de fiscalização e controle
das ações, serviços e produtos em saúde, há também o Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária, o “CONAR”.
O CONAR é um órgão não governamental corporativo que promove a
autorregulamentação publicitária, ou seja, estabelece as regras éticas para a
indústria publicitária.
A missão do CONAR é:
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O propagandista em si não constitui um problema se os objetivos comerciais
não ultrapassam os limites éticos. Além do mais é imprescindível que o
propagandista farmacêutico em suas visitas aos consultórios médicos, ou a qualquer
outro cliente, lembre-se de que, assim como indicado no artigo 1º do CONAR, suas
informações sobre os medicamentos que promove devem ser respeitosas, honestas
e verdadeiras.
Resumidamente os pontos-chave para a promoção comercial de
medicamento no Brasil são:
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FIGURA 21: O DICIONÁRIO DE ESPECIALIDADES FARMACÊUTICAS
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Além do mais, os fabricantes de medicamentos investem no propagandista
farmacêutico, pois já o identificaram como um item imprescindível nas estratégias de
marketing.
Alguns estudos apontam que o contato pessoal tem maior eficácia sobre o
comportamento do prescritor e a informação oral, em geral, é mais retida e utilizada
que a informação escrita (PETERS, 1981).
Os prescritores preferem a informação oral, pois assim otimizam seu tempo,
que é escasso. Por isso, mais uma vez reforçamos que o propagandista
farmacêutico é peça fundamental para levar as informações técnicas dos produtos
que representa até os prescritores.
Apesar de todo esse poder persuasivo que o propagandista farmacêutico
possa exercer em uma prescrição, neste módulo do nosso curso estamos sempre
relembrando que a promoção comercial dos produtos representados pelo
propagandista deve ser realizada de forma ética e responsável.
Assim, um bom propagandista farmacêutico pode sim causar um efeito
positivo na prescrição de medicamentos, pois de sua visita provêm informações
importantes a respeito da eficácia dos medicamentos e de possíveis reações
adversas.
Fato é que um propagandista farmacêutico geralmente não fornece
informações sobre os medicamentos somente aos médicos, alguns trabalham
promovendo seus produtos junto a balconistas de farmácias e drogarias.
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Muitas indústrias oferecem benefícios aos balconistas de farmácias, os
benefícios ocorrem toda vez que o balconista vende um determinado medicamento.
Essas bonificações também podem ocorrer para a própria farmácia, toda vez que
comprar o produto para revender no varejo. Essa prática é mais utilizada por
empresas pequenas, com dificuldades de penetrar no mercado dominado pelas
multinacionais.
Atualmente, a propaganda dirige-se cada vez mais ao consumidor, o que
aumenta drasticamente o uso de medicamentos, enfatizando os benefícios e não os
riscos advindos de seu uso. Não tem o objetivo de educar, mas sim de estimular o
consumo. Muitas vezes até induz a prática da automedicação, assunto que iremos
abordar a seguir.
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e a prática da “empurroterapia” nesses estabelecimentos, vamos abordar
rapidamente esses temas em nosso curso.
Como já foi dito, o Brasil está entre os dez maiores mercados farmacêuticos
do mundo. No mercado varejista de medicamentos, por exemplo, há em média uma
farmácia ou drogaria para cada 3 mil habitantes.
A herança cultural, a falta de acesso aos médicos e a escassez de
profissionais qualificados para a correta instrução quanto ao uso dos medicamentos
somadas a alta exposição de mensagens persuasivas de propagandas, torna a
automedicação no Brasil um caso de saúde pública.
A ANVISA define automedicação como o uso de medicamento sem a
prescrição, orientação ou o acompanhamento do médico.
A propaganda de medicamentos, mesmo daqueles de venda livre, é um
ponto de discussões e como já vimos vem sendo pouco a pouco regulamentada. Um
dos principais malefícios apontados como resultado da influência da propaganda é a
automedicação.
Muitas vezes, as propagandas divulgam os medicamentos como se fossem
quaisquer outros produtos, exaltando seus benefícios e ocultando suas
desvantagens. Isso é bem observado durante as visitações dos propagandistas aos
médicos, quase nunca esses profissionais citam espontaneamente os efeitos
colaterais ou as reações adversas que os medicamentos que estão promovendo
podem causar.
Com a automedicação irresponsável, a pessoa pode mascarar o sintoma de
uma doença maior ou correr o risco de sofrer uma interação medicamentosa, caso
esteja fazendo uso de duas ou mais medicação no mesmo período.
A automedicação irresponsável é uma prática de uso irracional dos
medicamentos. Caracterizada muitas vezes pelo uso abusivo de diversos
medicamentos, nós chamamos esse hábito de polimedicação.
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Por meio da polimedicação é frequente o surgimento de interações
medicamentosas. As interações medicamentosas formam um evento clínico em que
os efeitos de um medicamento são alterados pela presença de outro medicamento,
alimento ou bebida, como é o caso do álcool.
Na maioria das vezes a interação se reverte em risco e prejuízos à saúde.
Um perigoso hábito referente à automedicação é o uso inadequado de
antimicrobianos: os antibióticos.
O uso inadequado de antibióticos, principalmente os de largo espectro, ou
seja, aqueles que possuem ação sobre uma ampla variedade de bactérias
patogênicas, contribuem para o aparecimento do fenômeno da resistência
bacteriana.
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Em outras palavras, as bactérias se tornam resistentes aos antibióticos
porque desenvolvem mecanismos de resistência. O uso inadequado desses
antibióticos, como um uso frequente e desnecessário por meio de uma
automedicação irresponsável, faz com que esses mecanismos apareçam cada vez
mais cedo.
Sendo assim, chegará um futuro em que superbactérias não serão
combatidas por nenhum antibiótico!
Ainda segundo Santos (2004): a resistência aos antibióticos é inevitável e
irreversível!
Além da automedicação e o uso irracional dos antibióticos outros fatores
também contribuem para o desenvolvimento da resistência bacteriana, são eles:
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3.3.2 A “empurroterapia"
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O medicamento similar possui os mesmos princípios ativos do respectivo
medicamento de referência. O similar, assim como o medicamento de referência e o
genérico, também possui registro no Ministério da Saúde.
O que diferencia um medicamento similar e um genérico é a
“bioequivalência”. Um medicamento genérico apresenta comprovação técnica de
que possuem a mesma bioequivalência do medicamento de referência, ao contrário
os similares não possuem tal comprovação. Mas e o que é “bioequivalência”?
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Porém, alguns laboratórios produtores de similares oferecem comissão para
que farmacêuticos e balconistas “empurrem” os medicamentos similares ao
consumidor.
A “empurroterapia” é uma prática irregular. Pelas normas da ANVISA,
somente o farmacêutico, não o balconista, pode indicar outro medicamento além do
prescrito. Essa indicação, ou na verdade, substituição só pode ser feita pelo
medicamento genérico do medicamento de referência na prescrição. Os similares
não são substitutos permitidos.
Veja resumidamente no esquema a seguir as características das três
categorias de medicamentos. Observe também que em nosso país, o consumo dos
similares supera o dos genéricos e os de referência.
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A “empurroterapia” é uma prática disseminada em nosso país, trata-se de
uma briga comercial entre os fabricantes de similares, genéricos e medicamentos de
referência. Porém, como os medicamentos não são simples bens de consumo, essa
briga afeta questões de saúde pública e em alguns momentos passa para o campo
da ilegalidade.
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FIGURA 28: PRODUTOS SOBRE REGULAMENTAÇÃO
Medicamentos;
Drogas;
Insumos farmacêuticos e correlatos (definidos pela Lei nº 5.991/73);
Produtos de higiene;
Cosméticos e Perfumes;
Saneantes domissanitários;
Produtos destinados à correção estética.
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estabelecimentos de serviços médicos, odontológicos, médico-
veterinários e hospitalares, públicos e privados.
Lei federal 6.360/76, em seu Art. 58 determina que a propaganda, sob
qualquer forma de divulgação e meio de comunicação, somente poderá
ser promovida após autorização do Ministério da Saúde. Além disso,
determina que a propaganda de medicamento vendido sob prescrição
é restrita a publicações que se destinem exclusivamente à distribuição
a médicos, cirurgiões-dentistas e farmacêuticos.
A Lei federal 6.437/77 entre outras infrações à legislação sanitária
federal é a lei que trata dos abusos referentes à propaganda e
publicidade de medicamentos.
A Lei federal 9.294/96 dispõe sobre as restrições ao uso e à
propaganda de produtos como cigarros, bebidas alcoólicas,
medicamentos e defensivos agrícolas.
Em 1999 foi criada a ANVISA e realizadas alterações democráticas, ou
seja, com a participação da população, no regulamento para a
propaganda de medicamentos previstos na Lei 6.360/76.
Em meados de 2000, é criada, na ANVISA, a Gerência de Fiscalização
e Controle de Medicamentos e Produtos (GFIMP), responsável pelo
controle, acompanhamento e fiscalização da propaganda e publicidade
de produtos submetidos ao regime de vigilância sanitária.
Ainda no ano 2000, é publicado um regulamento específico para a
publicidade e propaganda de medicamentos. Trata-se da RDC 102.
Nela estão definidas as regras para a promoção de medicamentos de
venda livre e com venda sob prescrição médica em todos os meios de
comunicação, incluindo a Internet.
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Devem transmitir informações precisas e completas sobre os
medicamentos que representem no decorrer da ação de propaganda,
promoção e publicidade junto aos profissionais de saúde habilitados a
prescrever e dispensar.
Estão proibidos de outorgar, oferecer ou prometer prêmios, vantagens
pecuniárias ou em espécie, aos profissionais de saúde habilitados a
prescrever ou dispensar medicamentos, ou aos que os vendem
diretamente ao consumidor.
Finalmente, no final de 2008, foi aprovada a resolução 96/08 que trata das
novas regras da propaganda de medicamentos.
A seguir está a transcrição na íntegra dos objetivos dessa resolução:
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Art. 38: Quando as informações técnicas sobre os
medicamentos industrializados e manipulados forem levadas
aos profissionais prescritores ou dispensadores por intermédio
de propagandistas das empresas, elas deverão ser transmitidas
com intuito de promover a prescrição e dispensação do
medicamento de forma adequada e condizente com a Política
Nacional de Medicamentos.
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