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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
PROPAGANDISTA FARMACÊUTICO

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
PROPAGANDISTA FARMACÊUTICO

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO III

3 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS

Vimos em nosso primeiro módulo que propagandas são peças publicitárias


que convencem, seduzem, fascinam e são até capazes de gerar desejos ou mesmo
chegam a criar necessidades.
Infelizmente, muitas estratégias de marketing utilizadas pelas indústrias
farmacêuticas visam somente ao aumento dos lucros em detrimento da qualidade
das informações transmitidas.
Como o medicamento é um produto essencial à saúde, não pode ser
reduzido à simples mercadoria. Por isso, nesse módulo vamos tratar dos assuntos
éticos e legais que envolvem a propaganda de medicamentos como um todo. Nosso
objetivo é auxiliar na formação de um profissional ético para promover a propaganda
de medicamentos de forma mais segura para a saúde dos consumidores finais.

3.1 A PROMOÇÃO COMERCIAL DE MEDICAMENTOS

Segundo a OMS, as promoções de medicamentos são as atividades


informativas com intuito de persuasão que os fabricantes de medicamentos realizam
a fim de induzir a prescrição, a provisão, a aquisição ou a utilização de
medicamentos (SOBRAVIME, 2001).
As formas de promoção são variadas: publicidade em revistas
especializadas ou em outras publicações, incluindo jornais, folhetos para o público
ou para profissionais da área da saúde, incentivos econômicos, financiamento de
reunião de profissionais e patrocínios de associações de pacientes ou organizações
científicas (BARROS, 1995).

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Uma vez que os medicamentos, se usados incorretamente, podem acarretar
em dano à saúde dos consumidores, a promoção comercial dos medicamentos deve
ser orientada na ética e pelo, já comentado no módulo anterior, uso racional de
medicamentos. Entretanto, como evidenciou Barros (1995), em países em
desenvolvimento como o nosso muitas vezes a promoção dos medicamentos passa
a ser guiada em prática por uma orientação marcadamente dirigida ao retorno
econômico.
O fato de existirem várias opções farmacêuticas para o mesmo fim faz da
propaganda e de outras técnicas de mercado elementos diferenciais para vender
mais ou menos um produto. Na tentativa de definir o consumo em favor de seus
próprios produtos, as indústrias lançam mão de diversas práticas promocionais que
visam atingir o médico, o profissional dispensador e mesmo o consumidor
(BARROS, 1995).
Na propaganda de seus produtos, a indústria farmacêutica gasta valores
próximos ao do custo de produção desses medicamentos. Incrivelmente, se gasta
mais dinheiro na propaganda do que em pesquisa e desenvolvimento de novos
fármacos (LEXCHIN, 1997).
Dados mostram que mais da metade dos gastos com publicidade feitos
pelas empresas recaem sobre o propagandista farmacêutico, o qual já foi apontando
em muitos estudos como a maior fonte de informação e de influência sobre a
prescrição médica (PANZETTI, 2006). É por meio do propagandista farmacêutico
que chega aos médicos, em geral, o conhecimento da presença de um novo
medicamento ou produto no mercado.
A preocupação em se promover comercialmente os medicamentos de forma
mais responsável iniciou-se legalmente em 1981, quando a Federação
Intercontinental das Indústrias de Medicamentos publicou o Código de
Comercialização de Produtos Farmacêuticos.
A atualização desse código, em 1994, incluiu os Critérios Éticos para a
Promoção de Medicamentos, aprovados pela Assembleia Mundial de Saúde, em
1988. Esses critérios são normas sobre diferentes e relevantes aspectos da
comercialização de produtos farmacêuticos (OMS, 1988; SOBRAVIME, 2001).

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Mais recentemente a ANVISA estabeleceu a RDC Nº 96, de 17 de dezembro
de 2008, trata-se de uma resolução que dispõe sobre a propaganda, publicidade,
informação e outras práticas cujo objetivo seja a divulgação ou promoção comercial
de medicamentos. Essa resolução é um marco importantíssimo para o controle da
promoção comercial de medicamentos, pode ser acessada no site:
http://www.anvisa.gov.br/propaganda/legis.htm
Em nosso país, além dos órgãos governamentais de fiscalização e controle
das ações, serviços e produtos em saúde, há também o Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária, o “CONAR”.
O CONAR é um órgão não governamental corporativo que promove a
autorregulamentação publicitária, ou seja, estabelece as regras éticas para a
indústria publicitária.
A missão do CONAR é:

 "Impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause


constrangimento ao consumidor ou às empresas”.

Já no artigo 1º do ANEXO I do código de diretrizes do CONAR encontramos


a seguinte determinação:

 “Todo anúncio deve ser respeitador e conformar-se às leis do país;


deve, ainda, ser honesto e verdadeiro”.

Após lermos esse artigo 1º do ANEXO I do CONAR, relembremos como


eram as propagandas de medicamentos feitas no início do século passado,
abordadas no primeiro módulo do nosso curso.
Pense: Eram propagandas pautadas no respeito, na honestidade e na
verdade? Obviamente que não! Por conta disso, houve a instalação de um órgão
como o CONAR e de várias outras legislações desenvolvidas pela ANVISA na
regulamentação da propaganda de medicamentos.
É certo que o propagandista farmacêutico é uma ferramenta legítima,
utilizado pelas diversas indústrias e laboratórios farmacêuticos para a divulgação de
seus produtos.

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O propagandista em si não constitui um problema se os objetivos comerciais
não ultrapassam os limites éticos. Além do mais é imprescindível que o
propagandista farmacêutico em suas visitas aos consultórios médicos, ou a qualquer
outro cliente, lembre-se de que, assim como indicado no artigo 1º do CONAR, suas
informações sobre os medicamentos que promove devem ser respeitosas, honestas
e verdadeiras.
Resumidamente os pontos-chave para a promoção comercial de
medicamento no Brasil são:

 A propaganda de medicamentos é assegurada pela Constituição


Federal brasileira.
 A propaganda de medicamentos, além de obedecer a princípios gerais
de ética, é regida também pelo ANEXO “I” do CONAR, que dispõe de
Produtos Farmacêuticos Isentos de Prescrição.
 A propaganda de medicamentos isentos de prescrição médica é
permitida ao público geral, respeitando requisitos específicos, segundo
a ANVISA.
 A propaganda de medicamentos de venda sob prescrição médica é
feita exclusivamente aos profissionais prescritores por meio de
profissionais propagandistas ou propagandas em meios de
comunicação específicos da área médica.

3.2 O PROPAGANDISTA FARMACÊUTICO E A FORMAÇÃO DE OPINIÃO DOS


PRESCRITORES

Além do poder de persuasão, muitas vezes, a propaganda de medicamentos


exerce um papel de fonte de informação, principalmente para os prescritores.

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FIGURA 21: O DICIONÁRIO DE ESPECIALIDADES FARMACÊUTICAS

FONTE: Disponível em:<http://www.farmaceuticovirtual.com.br>. Acesso em: 12 abr. 2013.

O “Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF)”, demonstrado na


figura acima, é um exemplo de como a propaganda de medicamentos exerce forte
influência sobre a formação de opinião de vários profissionais da saúde. O DEF é
um veículo de propaganda, sob a forma de uma coletânea de bulas é publicado
pelas indústrias e amplamente utilizado pelos prescritores como fonte de
informações terapêuticas.
Os medicamentos mais anunciados, principalmente em publicações
específicas da área da saúde, são com frequência os mais prescritos (BARROS,
2000).
Estudos realizados com o propósito de identificar quais as fontes de
informação e qual a influência dessas informações sobre a prescrição determinaram
que o propagandista farmacêutico ocupe um lugar de destaque. Sendo assim, não
por acaso, mais da metade dos gastos com propaganda de medicamentos recaem
sobre o propagandista.
É por meio do propagandista farmacêutico que chega aos prescritores,
médicos em geral, o conhecimento da presença de um novo medicamento ou
qualquer produto farmacêutico no mercado.

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Além do mais, os fabricantes de medicamentos investem no propagandista
farmacêutico, pois já o identificaram como um item imprescindível nas estratégias de
marketing.
Alguns estudos apontam que o contato pessoal tem maior eficácia sobre o
comportamento do prescritor e a informação oral, em geral, é mais retida e utilizada
que a informação escrita (PETERS, 1981).
Os prescritores preferem a informação oral, pois assim otimizam seu tempo,
que é escasso. Por isso, mais uma vez reforçamos que o propagandista
farmacêutico é peça fundamental para levar as informações técnicas dos produtos
que representa até os prescritores.
Apesar de todo esse poder persuasivo que o propagandista farmacêutico
possa exercer em uma prescrição, neste módulo do nosso curso estamos sempre
relembrando que a promoção comercial dos produtos representados pelo
propagandista deve ser realizada de forma ética e responsável.
Assim, um bom propagandista farmacêutico pode sim causar um efeito
positivo na prescrição de medicamentos, pois de sua visita provêm informações
importantes a respeito da eficácia dos medicamentos e de possíveis reações
adversas.
Fato é que um propagandista farmacêutico geralmente não fornece
informações sobre os medicamentos somente aos médicos, alguns trabalham
promovendo seus produtos junto a balconistas de farmácias e drogarias.

FIGURA 22: O DISPENSADOR DE MEDICAMENTOS

FONTE: Disponível em: <http://www.ascoferj.com.br/materia-da-revista/farmaceuticos-gestores>.


Acesso em: 12 abr. 2013.

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Muitas indústrias oferecem benefícios aos balconistas de farmácias, os
benefícios ocorrem toda vez que o balconista vende um determinado medicamento.
Essas bonificações também podem ocorrer para a própria farmácia, toda vez que
comprar o produto para revender no varejo. Essa prática é mais utilizada por
empresas pequenas, com dificuldades de penetrar no mercado dominado pelas
multinacionais.
Atualmente, a propaganda dirige-se cada vez mais ao consumidor, o que
aumenta drasticamente o uso de medicamentos, enfatizando os benefícios e não os
riscos advindos de seu uso. Não tem o objetivo de educar, mas sim de estimular o
consumo. Muitas vezes até induz a prática da automedicação, assunto que iremos
abordar a seguir.

3.3 O COMÉRCIO DE MEDICAMENTOS E A PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO

FIGURA 23: AUTOMEDICAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://alergohouse.com.br/blog/index.php/vale-a-pena-ler/automedicacao/>.


Acesso em: 12 abr. 2013.

Mesmo que, em sua maioria, o propagandista farmacêutico irá atuar junto a


profissionais prescritores, alguns podem atuar junto aos profissionais dispensadores,
ou seja, em farmácias e drogarias. Assim, considerando os riscos da automedicação

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e a prática da “empurroterapia” nesses estabelecimentos, vamos abordar
rapidamente esses temas em nosso curso.

3.3.1 Os perigos da automedicação

Como já foi dito, o Brasil está entre os dez maiores mercados farmacêuticos
do mundo. No mercado varejista de medicamentos, por exemplo, há em média uma
farmácia ou drogaria para cada 3 mil habitantes.
A herança cultural, a falta de acesso aos médicos e a escassez de
profissionais qualificados para a correta instrução quanto ao uso dos medicamentos
somadas a alta exposição de mensagens persuasivas de propagandas, torna a
automedicação no Brasil um caso de saúde pública.
A ANVISA define automedicação como o uso de medicamento sem a
prescrição, orientação ou o acompanhamento do médico.
A propaganda de medicamentos, mesmo daqueles de venda livre, é um
ponto de discussões e como já vimos vem sendo pouco a pouco regulamentada. Um
dos principais malefícios apontados como resultado da influência da propaganda é a
automedicação.
Muitas vezes, as propagandas divulgam os medicamentos como se fossem
quaisquer outros produtos, exaltando seus benefícios e ocultando suas
desvantagens. Isso é bem observado durante as visitações dos propagandistas aos
médicos, quase nunca esses profissionais citam espontaneamente os efeitos
colaterais ou as reações adversas que os medicamentos que estão promovendo
podem causar.
Com a automedicação irresponsável, a pessoa pode mascarar o sintoma de
uma doença maior ou correr o risco de sofrer uma interação medicamentosa, caso
esteja fazendo uso de duas ou mais medicação no mesmo período.
A automedicação irresponsável é uma prática de uso irracional dos
medicamentos. Caracterizada muitas vezes pelo uso abusivo de diversos
medicamentos, nós chamamos esse hábito de polimedicação.

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Por meio da polimedicação é frequente o surgimento de interações
medicamentosas. As interações medicamentosas formam um evento clínico em que
os efeitos de um medicamento são alterados pela presença de outro medicamento,
alimento ou bebida, como é o caso do álcool.
Na maioria das vezes a interação se reverte em risco e prejuízos à saúde.
Um perigoso hábito referente à automedicação é o uso inadequado de
antimicrobianos: os antibióticos.
O uso inadequado de antibióticos, principalmente os de largo espectro, ou
seja, aqueles que possuem ação sobre uma ampla variedade de bactérias
patogênicas, contribuem para o aparecimento do fenômeno da resistência
bacteriana.

FIGURA 24: A RESISTÊNCIA BACTERIANA

FONTE: Disponível em:


<http://ptbr.infomedica.wikia.com/wiki/Resist%C3%AAncia_Bacteriana_a_Antibi%C3%B3ticos>.
Acesso em: 12 abr. 2013.

De acordo com Santos (2004), a resistência aos antibióticos se desenvolve


como uma natural consequência da habilidade da população bacteriana de se
adaptar. O uso indiscriminado de antibióticos aumenta a pressão seletiva e essa
oportunidade facilita a aquisição de mecanismos de resistência.

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Em outras palavras, as bactérias se tornam resistentes aos antibióticos
porque desenvolvem mecanismos de resistência. O uso inadequado desses
antibióticos, como um uso frequente e desnecessário por meio de uma
automedicação irresponsável, faz com que esses mecanismos apareçam cada vez
mais cedo.
Sendo assim, chegará um futuro em que superbactérias não serão
combatidas por nenhum antibiótico!
Ainda segundo Santos (2004): a resistência aos antibióticos é inevitável e
irreversível!
Além da automedicação e o uso irracional dos antibióticos outros fatores
também contribuem para o desenvolvimento da resistência bacteriana, são eles:

 O uso intenso de antibióticos na produção de alimentos para animais;


 O uso intenso de antibióticos na agricultura.

Embora a automedicação deva ser combatida, não há nenhum gesto


marcante para o combate da prática por parte das autoridades públicas. E na
realidade não há como acabar com essa prática e sim minimizá-lo, pois é da
condição humana testar e arriscar.

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3.3.2 A “empurroterapia"

FIGURA 25: A EMPURROTERAPIA

FONTE: Disponível em: <http://paracelso.zip.net/farmacia/>. Acesso em: 12 abr. 2013.

De acordo com a ANVISA, a “empurroterapia” é uma prática que ocorre em


farmácias e drogarias pelos profissionais dispensadores, em geral, farmacêuticos e
balconistas que recebem algum benefício dos laboratórios produtores dos
medicamentos “empurrados” aos consumidores.
Na maioria dos casos, os dispensadores convencem os consumidores a
adquirirem os chamados medicamentos similares, no lugar dos medicamentos de
referência ou dos genéricos.
Anteriormente, nós já falamos sobre o que são os medicamentos genéricos
e sua importância no mercado farmacêutico brasileiro atual.
Lembre-se que os medicamentos genéricos podem substituir os respectivos
medicamentos de referência em uma prescrição, ou seja, trocar o medicamento de
referência de uma receita médica pelo genérico não é praticar “empurroterapia”.
Essa prática ilegal ocorre quando a troca é feita pelos medicamentos similares.

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O medicamento similar possui os mesmos princípios ativos do respectivo
medicamento de referência. O similar, assim como o medicamento de referência e o
genérico, também possui registro no Ministério da Saúde.
O que diferencia um medicamento similar e um genérico é a
“bioequivalência”. Um medicamento genérico apresenta comprovação técnica de
que possuem a mesma bioequivalência do medicamento de referência, ao contrário
os similares não possuem tal comprovação. Mas e o que é “bioequivalência”?

Bioequivalência se refere à quantidade e à velocidade em que um medicamento


será absorvido e estará disponível para produzir efeito no local de ação.

Resumindo: um medicamento genérico, mas não um similar, possui


comprovação técnica de que será absorvido em igual quantidade e na mesma
velocidade pelo organismo.
Pelo detalhe de não ter a biodisponibilidade comprovada, um medicamento
similar não pode substituir um de referência ou um genérico.
A figura a seguir mostra claramente como a intercambialidade na prescrição
é permitida:

FIGURA 26: A INTERCAMBIALIDADE ENTRE MEDICAMENTOS DE


REFERÊNCIA, GENÉRICOS E SIMILARES

FONTE: Disponível em: <http://www.ecofarmajr.com.br/2012/11/similar-x-generico-o-que-voce-sabe-


sobre-isso/>. Acesso em: 13 abr. 2013.

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Porém, alguns laboratórios produtores de similares oferecem comissão para
que farmacêuticos e balconistas “empurrem” os medicamentos similares ao
consumidor.
A “empurroterapia” é uma prática irregular. Pelas normas da ANVISA,
somente o farmacêutico, não o balconista, pode indicar outro medicamento além do
prescrito. Essa indicação, ou na verdade, substituição só pode ser feita pelo
medicamento genérico do medicamento de referência na prescrição. Os similares
não são substitutos permitidos.
Veja resumidamente no esquema a seguir as características das três
categorias de medicamentos. Observe também que em nosso país, o consumo dos
similares supera o dos genéricos e os de referência.

FIGURA 27: OS TIPOS DE MEDICAMENTO

FONTE: Disponível em: <http://saudefloripa33pj.wordpress.com/2010/07/05/medicos-resistem-a-


similares-e-genericos/>. Acesso em: 12 abr. 2013.

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A “empurroterapia” é uma prática disseminada em nosso país, trata-se de
uma briga comercial entre os fabricantes de similares, genéricos e medicamentos de
referência. Porém, como os medicamentos não são simples bens de consumo, essa
briga afeta questões de saúde pública e em alguns momentos passa para o campo
da ilegalidade.

3.4 A REGULAÇÃO E A LEGISLAÇÃO DA PROPAGANDA DE MEDICAMENTOS


NO BRASIL

Após discutirmos sobre a influência da propaganda de medicamentos sobre


a prescrição e o uso de medicamentos e os aspectos éticos que envolvem essa
propaganda, nesse momento vamos falar sobre as leis que regulamentam essa
propaganda em nosso país.
Uma vez que os medicamentos são diferentes, sob muitos aspectos, de
outros bens de consumo, o mercado farmacêutico não se autorregula e, por essa
razão, requer uma intervenção constante do poder público.
Em nosso país, tanto a criação, a produção e a venda de medicamentos são
reguladas por leis e normas administrativas e técnicas.
Como temos visto no decorrer deste módulo a propaganda de
medicamentos pode educar ou deseducar, formar opinião, ser moral ou imoral,
sugerir condutas de ordem ou desordem social, influir na procura e nos preços dos
medicamentos. Por tais motivos, o Estado tem o direito e o dever de regular o
exercício da propaganda na forma que melhor consulte aos interesses coletivos.
Antes de iniciarmos com as leis que iremos abordar, vamos definir os
produtos que estão sob regulamentação de tais leis. São eles:

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FIGURA 28: PRODUTOS SOBRE REGULAMENTAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://www.abimip.org.br/site/index.php>. Acesso em: 12 abr. 2013.

 Medicamentos;
 Drogas;
 Insumos farmacêuticos e correlatos (definidos pela Lei nº 5.991/73);
 Produtos de higiene;
 Cosméticos e Perfumes;
 Saneantes domissanitários;
 Produtos destinados à correção estética.

Dados esses produtos sob regulamentação, vamos apresentar


resumidamente, algumas leis que regulamentam a propaganda de medicamentos no
Brasil, enfatizando os pontos mais importantes para o propagandista de produtos
farmacêuticos:

 A Lei federal 6.224/75 é a lei que regula o exercício da profissão de


Propagandista e Vendedor de Produtos. De acordo com essa lei, o
propagandista farmacêutico é um profissional que exerce função
remunerada nos serviços de propaganda de produtos químico-
farmacêuticos e biológicos, nos consultórios, farmácias, drogarias e

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estabelecimentos de serviços médicos, odontológicos, médico-
veterinários e hospitalares, públicos e privados.
 Lei federal 6.360/76, em seu Art. 58 determina que a propaganda, sob
qualquer forma de divulgação e meio de comunicação, somente poderá
ser promovida após autorização do Ministério da Saúde. Além disso,
determina que a propaganda de medicamento vendido sob prescrição
é restrita a publicações que se destinem exclusivamente à distribuição
a médicos, cirurgiões-dentistas e farmacêuticos.
 A Lei federal 6.437/77 entre outras infrações à legislação sanitária
federal é a lei que trata dos abusos referentes à propaganda e
publicidade de medicamentos.
 A Lei federal 9.294/96 dispõe sobre as restrições ao uso e à
propaganda de produtos como cigarros, bebidas alcoólicas,
medicamentos e defensivos agrícolas.
 Em 1999 foi criada a ANVISA e realizadas alterações democráticas, ou
seja, com a participação da população, no regulamento para a
propaganda de medicamentos previstos na Lei 6.360/76.
 Em meados de 2000, é criada, na ANVISA, a Gerência de Fiscalização
e Controle de Medicamentos e Produtos (GFIMP), responsável pelo
controle, acompanhamento e fiscalização da propaganda e publicidade
de produtos submetidos ao regime de vigilância sanitária.
 Ainda no ano 2000, é publicado um regulamento específico para a
publicidade e propaganda de medicamentos. Trata-se da RDC 102.
Nela estão definidas as regras para a promoção de medicamentos de
venda livre e com venda sob prescrição médica em todos os meios de
comunicação, incluindo a Internet.

É muito importante conhecermos a RDC 102, pois ela também regula os


requisitos para visitas de propagandistas farmacêuticos.
De acordo com a RDC 102, os propagandistas farmacêuticos:

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 Devem transmitir informações precisas e completas sobre os
medicamentos que representem no decorrer da ação de propaganda,
promoção e publicidade junto aos profissionais de saúde habilitados a
prescrever e dispensar.
 Estão proibidos de outorgar, oferecer ou prometer prêmios, vantagens
pecuniárias ou em espécie, aos profissionais de saúde habilitados a
prescrever ou dispensar medicamentos, ou aos que os vendem
diretamente ao consumidor.

Obs.: você poderá encontrar a RDC 102/00 na íntegra acessando o site


http://www.fenapro.org.br/legislacao/download/resol_102_00rdc.pdf

Finalmente, no final de 2008, foi aprovada a resolução 96/08 que trata das
novas regras da propaganda de medicamentos.
A seguir está a transcrição na íntegra dos objetivos dessa resolução:

“Esta resolução se aplica à propaganda, publicidade, informação e outras


práticas cujo objetivo seja a divulgação ou promoção comercial de medicamentos,
de produção nacional ou estrangeira, quaisquer que sejam as formas e meios de
sua veiculação, incluindo as transmitidas no decorrer da programação normal das
emissoras de rádio e televisão”.

Essa resolução também prevê restrições quanto ao uso de amostras grátis,


determina a obrigação de mensagens de advertências específicas às substâncias
presentes em um medicamento e proíbe a distribuição de qualquer brinde aos
prescritores.
A resolução 96/08 também prevê os: REQUISITOS PARA A VISITA DE
PROPAGANDISTAS.
Como é de extrema importância que você saiba sobre esses requisitos, os
transcrevemos a seguir:

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 Art. 38: Quando as informações técnicas sobre os
medicamentos industrializados e manipulados forem levadas
aos profissionais prescritores ou dispensadores por intermédio
de propagandistas das empresas, elas deverão ser transmitidas
com intuito de promover a prescrição e dispensação do
medicamento de forma adequada e condizente com a Política
Nacional de Medicamentos.

§1º Nas suas ações de propaganda ou publicidade, os propagandistas


devem limitar-se às informações científicas e características do
medicamento registradas na ANVISA.

§2º A visita do propagandista não pode interferir na assistência


farmacêutica, nem na atenção aos pacientes, bem como não pode ser
realizada na presença de pacientes e seus respectivos acompanhantes,
ficando a critério das instituições de saúde a regulamentação das visitas dos
propagandistas.

Obs.: você poderá encontrar a RDC 96/08 na íntegra acessando o site:


http://www.anvisa.gov.br/propaganda/rdc/rdc_96_2008_consolidada.pdf

Diante de uma legislação sobre a propaganda de medicamentos cada vez


mais rigorosa, as indústrias farmacêuticas focalizam suas estratégias de marketing
diretamente aos prescritores e aos pontos de venda. Então, como já comentamos,
vem o poder dos propagandistas farmacêuticos para os planos de marketing das
indústrias farmacêuticas.

FIM DO MÓDULO III

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