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Aula 4 –Equilíbrio no

mercado de trabalho

Prof. Me Débora de Lima Braga Penha


• O equilíbrio “harmoniza” o querer conflitante entre trabalhadores e empresas,
determinando o salário e o nível de emprego observado no mercado.
• Ao entender como o equilíbrio é alcançado, podemos endereçar o que talvez seja a
pergunta mais interessante na economia do trabalho: por que os salários e o nível de
emprego sobem e descem?
• Este capítulo analisa as propriedades do equilíbrio em um mercado de trabalho
perfeitamente competitivo. Veremos que os mercados competitivos, as empresas e os
trabalhadores estão livres para entrar e sair destes mercados, e a alocação de
equilíbrio de trabalhadores para as empresas é eficiente; já a ordenação dos
trabalhadores para empresas maximiza o total de ganhos que eles acumulam quando
negociam entre si. Este resultado é um exemplo do teorema da mão invisível, do
renomado Adam Smith, cujos participantes, em busca de suas próprias metas egoístas,
obtêm um resultado que ninguém conscientemente procurou obter no mercado.
• Também analisaremos as propriedades do equilíbrio do mercado de
trabalho sob estruturas alternativas de mercados, como os monopsônios
(onde há apenas um comprador) e os monopólios (onde há apenas um
vendedor do produto). Cada uma dessas estruturas de mercado gera um
equilíbrio com suas próprias características singulares.
• Por último, o capítulo usa uma série de aplicações da política econômica –
como os impostos, os subsídios e a imigração – para ilustrar como as
políticas governamentais deslocam o mercado de trabalho para um
diferente equilíbrio, alterando, assim, as oportunidades econômicas
disponíveis tanto para as empresas quanto para os trabalhadores.
Equilíbrio em um único mercado de trabalho
competitivo
• A curva de oferta mostra o número total de empregados-horas que os agentes na economia
alocam ao mercado em qualquer nível salarial; a curva de demanda mostra o número total
de empregados-horas que as empresas no mercado demandam. O equilíbrio ocorre quando
a oferta é igual à demanda, gerando um salário competitivo w* e emprego E*.
• Uma vez que o nível salarial competitivo é determinado dessa maneira, cada empresa nessa
indústria contrata trabalhadores até o ponto em que o valor do produto marginal do
trabalho seja igual ao salário competitivo. A primeira empresa contrata E1 trabalhadores; a
segunda, E2 e assim por diante. O número total de trabalhadores contratados por todas as
empresas na indústria deve ser igual ao nível de emprego de equilíbrio do mercado, E*.
• não há desemprego em um mercado de trabalho competitivo. No salário de mercado w*, o
número de pessoas que querem trabalhar é igual ao número de trabalhadores que as
empresas querem contratar. As pessoas que não estão trabalhando também não estão
procurando trabalho no salário vigente.
• Não é preciso dizer que uma economia industrializada moderna está
continuamente sujeita a muitos choques que deslocam as curvas de
oferta e demanda. Porém, é improvável que o mercado de trabalho
realmente consiga alcançar um equilíbrio estável – com salários e
empregos permanecendo a um nível constante por muito tempo.
Mesmo assim, o conceito de equilíbrio do mercado de trabalho
continua sendo útil porque ele nos ajuda a entender por que os
salários e empregos parecem subir e descer em resposta a eventos
econômicos ou políticos específicos.
Eficiência
• A receita total acumulada para a empresa pode ser facilmente
calculada ao somar o valor do produto marginal do primeiro
trabalhador, do segundo trabalhador e de todos os trabalhadores até
E*. Como a curva de demanda por trabalho mostra o valor do
produto marginal, a área sob ela mostra o valor do produto total.
Cada trabalhador recebe um salário de w*. Assim sendo, os lucros
acumulados pelas empresas, as quais chamaremos de excedente dos
produtores, são dados pelas áreas do triângulo P.1
• Os trabalhadores também lucram, pois a curva de oferta mostra o salário exigido para
incentivar empregados adicionais para o mercado de trabalho. Na realidade, a altura da
curva de oferta em certo ponto mede o valor do tempo marginal do trabalhador em
usos alternativos. Por esse motivo, a diferença entre o que o trabalhador recebe (isto é,
o salário competitivo w*) e o valor do tempo do trabalhador fora do mercado de
trabalho indica os ganhos acumulados pelos trabalhadores. Essa quantidade é chamada
de excedente dos trabalhadores e é dada pela área do triângulo Q na Figura 4-1.
• O total de ganhos de troca, acumulados na economia nacional, é dado pela soma do
excedente dos produtores e o excedente dos trabalhadores, ou a área P + Q. O mercado
competitivo maximiza o total de ganhos de troca acumulados na economia.
• A alocação de pessoas para empresas que maximizam o total de ganhos de troca no
mercado de trabalho é chamada de alocação eficiente, que nada mais é que um
equilíbrio competitivo que gera uma alocação eficiente dos recursos do trabalho.
Equilíbrio competitivo entre os mercados de
trabalho
• A discussão na seção anterior enfocava as consequências do equilíbrio em um único mercado de
trabalho competitivo. No entanto, a economia normalmente consiste em muitos mercados de
trabalho, mesmo para os trabalhadores que têm qualificações similares. Esses mercados podem ser
diferenciados por região ou por indústria.
• Suponha que existam dois mercados de trabalho regionais na economia, o Norte e o Sul.
Presumimos que os dois empreguem trabalhadores com qualificações similares, de forma que as
pessoas que trabalham no Norte são substitutos perfeitos para aquelas que trabalham no Sul.
• A Figura 4-2 ilustra as curvas de oferta e demanda por trabalho em cada um desses mercados (SN e
DN no Norte e SS e DS no Sul).
• Para simplificar, as curvas são representadas pelas linhas verticais, sugerindo que a oferta é
perfeitamente inelástica em cada região. Como está traçado, o salário de equilíbrio no Norte, wN,
excede o salário de equilíbrio no Sul, wS.
• Essa diferença salarial entre as duas regiões poderá persistir e representar um verdadeiro equilíbrio
competitivo?
• Assim sendo, enquanto os trabalhadores e as empresas forem livres
para entrar e sair do mercado de trabalho, uma economia competitiva
será caracterizada por um único salário.2
• A propriedade do “salário único” de um equilíbrio competitivo tem
implicações importantes para a eficiência econômica. Lembre-se de
que, em um equilíbrio competitivo, o salário é igual ao valor do produto
marginal do trabalho. À medida que as empresas e os trabalhadores
mudam-se para a região que oferece as melhores oportunidades, eles
eliminam as diferenças salariais regionais. Assim sendo, os
trabalhadores com certas qualificações têm o mesmo valor do produto
marginal do trabalho em todos os mercados.
Convergência dos níveis salariais regionais
• Há muito interesse em determinar se as diferenças salariais regionais nos Estados Unidos
(assim como em outros países) se reduzem com o passar do tempo, como sugerido pela
nossa análise de equilíbrio do mercado de trabalho. Muitos estudos empíricos sugerem que
há, de fato, uma tendência em direção à convergência.
• No entanto, as evidências indicam que os níveis salariais convergem com o passar do tempo
– embora possa levar algumas décadas antes de os salários serem igualados entre os
mercados.
• É claro que a alocação eficiente de trabalhadores entre os mercados de trabalho e a
convergência salarial resultante não são limitadas aos mercados dentro de um país, mas
também podem ocorrer quando comparamos os mercados de trabalho entre os países.
Recentemente muitos estudos tentaram determinar se as diferenças internacionais na renda
per capita estão se reduzindo.5 Muito deste trabalho é motivado pelo desejo de entender
por que o hiato de renda entre os países ricos e os países pobres parece persistir.
• Os estudos empíricos normalmente concluem que quando comparamos dois
países com dotações de capital humano similares (por exemplo, nível de
escolaridade da população), o hiato entre esses países se reduz com o passar
do tempo, sendo que metade dele desaparece em uma geração. Esse
resultado, chamado de convergência “condicional” (porque ela compara
países que já são similares em termos de dotação de capital humano na força
de trabalho), não necessariamente sugere que haverá convergência nos níveis
de renda entre os países ricos e os países pobres.
• O hiato salarial entre os países ricos e pobres pode per-sistir por períodos
mais longos, isso porque os níveis muito baixos de capital humano nos países
pobres não permitem que eles estejam na mesma trajetória de crescimento
como os mais ricos.
Aplicação de política econômica:
impostos sobre a folha de pagamento e subsídios
• Podemos facilmente ilustrar a utilidade da estrutura de oferta e
demanda ao considerar uma política governamental que desloca a
curva de demanda por trabalho. Nos Estados Unidos, alguns
programas do governo são parcialmente financiados por meio de um
imposto sobre a folha de pagamento que recai sobre os
empregadores.
• O que acontece com os salários e empregos quando o governo impõe
um imposto sobre a folha de pagamento dos empregadores?
• Vale observar que, mesmo que a legislação declare que os
empregadores devem pagar o imposto sobre a folha de pagamento, o
mercado de trabalho desloca parte do imposto para o trabalhador.
Afinal de contas, o custo para demitir um trabalhador aumenta ao
mesmo tempo em que o salário recebido por ele declina. Assim
sendo, de alguma maneira as empresas e os trabalhadores
“compartilham” os custos do imposto sobre a folha de pagamento
Um imposto tributado sobre os
trabalhadores
• O debate político sobre a tributação da folha de pagamento faz parecer,
muitas vezes, que os trabalhadores estão numa situação melhor
quando o imposto é tributado sobre a empresa, em vez do trabalhador.
Entretanto, essa suposição representa um completo mal-entendido de
como um mercado de trabalho competitivo funciona. Não importa se o
imposto é aplicado aos trabalhadores ou às empresas. O impacto do
imposto sobre os salários e os empregos é o mesmo, independente de
como a legislação é redigida.
• Suponha, por exemplo, que um imposto de US$ 1 sobre cada hora de
trabalho fosse tributado aos trabalhadores e não aos empregadores.
Como pareceria o equilíbrio do mercado de trabalho resultante?
• Assim sendo, o imposto sobre o trabalhador leva aos mesmos tipos
de mudanças nos resultados do mercado de trabalho como o imposto
sobre a folha de pagamento das empresas. Ambos os impostos
reduzem o pagamento que os trabalhadores levam para casa,
aumentam o custo de uma hora de trabalho para a empresa e
reduzem os empregos.
Quando o imposto sobre a folha de pagamento será
completamente deslocado para os trabalhadores?
• Somente em um caso extremo o imposto sobre a folha de pagamento
será totalmente deslocado para os trabalhadores. Suponha que o
imposto seja tributado sobre a empresa e que a curva de oferta de
trabalho seja perfeitamente inelástica, como está ilustrado na Figura
4-6. Um total de E0 trabalhadores estão empregados neste mercado,
independente do salário. Como antes, a imposição do imposto sobre
a folha de pagamento desloca a curva de demanda negativamente
por US$ 1. Antes do imposto, o salário de equilíbrio era de w0. Depois
do imposto, o salário de equilíbrio é de w0 – 1. Assim, quanto mais
inelástica for a curva de oferta, maior é a fração de impostos sobre a
folha de pagamento que os trabalhadores acabam pagando.
Quando o imposto sobre a folha de pagamento será
completamente deslocado para os trabalhadores?
Perda peso-morto
• Visto que os impostos sobre a folha de pagamento normalmente
aumentam os custos de contratação de um trabalhador, eles acabam
reduzindo o total de empregos – independente de os impostos serem
aplicados aos trabalhadores ou às empresas. Assim, o equilíbrio
depois dos impostos é ineficiente, porque o número de trabalhadores
empregados não é o número que maximiza o total de ganhos de troca
no mercado de trabalho.
• A comparação das Figuras 4-7a e 4-7b resulta em uma conclusão
importante. A imposição do imposto sobre a folha de pagamento
reduz o total de ganhos de troca. Há um triângulo, DL, que representa
a perda peso-morto (ou ônus em excesso) do imposto. A perda peso-
morto surge, porque o imposto não deixa que alguns trabalhadores
que estão dispostos a trabalhar sejam contratados pelos
empregadores.
Subsídios para os empregos
• A curva de demanda por trabalho é deslocada não apenas pelos
impostos sobre a folha de pagamento, mas também pelos subsídios
do governo destinados a encorajar as empresas a contratarem mais
pessoas. Um subsídio de empregos diminui o custo de contratação
para as empresas.
• No programa típico de subsídio, o governo concede um crédito fiscal
para a empresa, digamos, de US$ 1 para cada pessoa-hora que ela
contrata. Pelo fato de esse subsídio reduzir o custo de contratação de
uma pessoa-hora por US$ 1, ele desloca a curva de demanda
positivamente para aquela quantia, como ilustra a Figura 4-8.
Aplicação de política econômica:
o impacto da imigração no mercado de trabalho
• Agora discutiremos como as políticas governamentais, que restringem ou favorecem
a imigração em larga escala, deslocam a curva de oferta de trabalho e alteram os
resultados do mercado de trabalho.
• O modelo mais simples de imigração presume que os imigrantes e nativos são
substitutos perfeitos na produção. Em outras palavras, os imigrantes e nativos têm
os mesmos tipos de qualificações e estão competindo pelos mesmos tipos de
empregos. O impacto da imigração no curto prazo neste mercado – mantendo o
capital fixo – é ilustrado na Figura 4-10. Quando os imigrantes entram no mercado de
trabalho, a curva de oferta desloca-se para fora, aumentando o emprego total de N0
para E1 e reduzindo os salários (de w0 para w1). Observe que poucos trabalhadores
daquele país estão dispostos a trabalhar por esse salário mais baixo, assim o
emprego deles cai de N0 para N1. De certa maneira, os imigrantes “tiram os
empregos” dos nativos e os convencem de que não vale mais a pena trabalhar.
• Assim sendo, o impacto no curto prazo da imigração quando imigrantes e
nativos são substitutos perfeitos é inequívoco. Enquanto a curva de demanda
se inclina negativamente e o capital é fixo, um aumento na imigração moverá
a economia para baixo na curva de demanda, reduzindo o salário e o
emprego de trabalhadores nativos.
• É claro que a suposição de que trabalhadores nativos e imigrantes são
substitutos perfeitos é questionável. Pode ser que os trabalhadores
imigrantes e nativos não estejam competindo pelo mesmo tipo de emprego.
Por exemplo, os imigrantes podem ser adeptos a algum tipo de produção
agrícola o qual requer muita mão de obra. Isso libera a força de trabalho
nativa mais qualificada para realizar tarefas que fazem uso melhor de seu
potencial.
• A presença de imigrantes aumenta a produtividade nativa porque os nativos
agora podem se especializar em tarefas que são mais adequadas às suas
qualificações. Portanto, imigrantes e nativos se complementam no mercado
de trabalho.
• Se os dois grupos são complementares na produção, um aumento no
número de imigrantes eleva o produto marginal dos nativos, deslocando a
curva de demanda positivamente para esses trabalhadores. Como mostra a
Figura 4-11, esse aumento na produtividade eleva o salário deles de w0 para
w1. Além disso, alguns nativos, que anteriormente não achavam lucrativo
trabalhar, agora veem a taxa salarial mais alta como um incentivo adicional
para entrar no mercado de trabalho, aumentando o emprego de N0 para N1.
Efeitos no curto prazo versus efeitos no
longo prazo
• Suponha que imigrantes e nativos sejam substitutos perfeitos. No curto prazo, os imigrantes
reduzem os salários, mas elevam os retornos sobre o capital. Afinal de contas, os
empregadores agora podem contratar trabalhadores com um salário mais baixo. Com o
passar do tempo, a lucratividade aumentada da empresa inevitavelmente atrairá fluxos de
capital para o mercado, quando empresas antigas se expandem e novas empresas abrem para
aproveitar o salário mais baixo. Assim, esse aumento no estoque de capital deslocará a curva
de demanda por trabalho para a direita e terá a tendência de atenuar os impactos negativos
do choque na oferta de trabalho inicial.
• A pergunta crucial é: no longo prazo, quanto a curva de demanda se deslocará para a direita?
Se a curva de demanda se deslocasse apenas um pouco, os trabalhadores nativos
concorrentes ainda receberiam salários mais baixos. Se, por outro lado, a curva de demanda
se deslocasse para a direita, os efeitos negativos sobre os salários poderiam desaparecer.
• A extensão do deslocamento para a direita na curva de demanda por trabalho depende da
tecnologia subjacente à função de produção.
• A teoria de demanda por fatores de produção em um mercado de trabalho competitivo sugere
que o preço do capital (sendo igual à taxa de retorno sobre ele) é dado pelo valor do produto
marginal do capital e que o salário é dado pelo valor do produto marginal do trabalho. Para
simplificar, suponha que o preço do produto é rbitrariamente estabelecido e igual a US$ 1.
Usando cálculos elementares, é fácil mostrar que o valor das equações do produto marginal para
capital e mão de obra são dados pelas seguintes equações
• O efeito da imigração no curto prazo é simplesmente aumentar o
número de trabalhadores na economia. Uma análise das Equações (4-
4) e (4-5) mostrará que esse aumento no número de trabalhadores
elevará a taxa de retorno sobre o capital r e reduzirá o salário w.
• No entanto, com o passar do tempo, a imigração também aumentará
o tamanho do estoque de capital K. Em outras palavras, se a
imigração aumenta o número de trabalhadores em 20%, então o
estoque de capital também deve aumentar por 20% no longo prazo.
• Este insight teórico tem implicações bastante interessantes (e importantes)
para o impacto da imigração no longo prazo no mercado de trabalho.
• Considere a Equação (4-5). Se a razão capital-mão de obra é constante no
longo prazo, a Equação (4-5) mostra claramente que o salário também deve
ser constante no longo prazo.
• Em outras palavras, a imigração inicialmente reduz os salários e, com o
passar do tempo, o estoque de capital aumenta quando os empregadores
aproveitam a força de trabalho mais barata; mas, no final, o estoque de
capital ajusta-se completamente para levar a economia de volta de onde
ela começou, com a mesma taxa de retorno sobre o capital e a mesma taxa
salarial!
Correlações espaciais
• Muitas das pesquisas empíricas normalmente comparam os ganhos de nativos em cidades onde
os imigrantes são uma fração substancial da força de trabalho com os ganhos de nativos em
cidades onde os imigrantes são uma fração relativamente pequena. As correlações cruzadas entre
cidades, estimada entre os salários e a imigração, são chamadas de correlações espaciais. É claro
que os salários de nativos variam entre os mercados de trabalho, mesmo se a imigração não
existir. No entanto, a validade da análise depende essencialmente da extensão na qual todos os
outros fatores, que geram dispersão no salário de nativos entre as cidades, podem ser controlados
quando estimamos uma correlação espacial. Esses fatores incluem as diferenças geográficas nas
qualificações de nativos, as diferenças salariais regionais e as variações no nível de atividade
econômica.
• Tem havido um consenso notável em muitos estudos que estimam essas correlações espaciais. A
correlação espacial é levemente negativa, de forma que os salários dos nativos são um pouco mais
baixos no mercado. Mas a magnitude dessa correlação é geralmente muito pequena. Assim, as
evidências sugerem que os imigrantes parecem não ter muito impacto nas oportunidades do
mercado de trabalhadores nativos.
O êxodo do Mariel
• Em 20 de abril de 1980, Fidel Castro declarou que os cubanos que quisessem se mudar para os
Estado Unidos poderiam sair livremente do porto de Mariel. Por volta de setembro de 1980,
aproximadamente 125 mil cubanos, a maioria trabalhadores de baixas qualificações, escolheram
realizar a jornada.
• Quase que do dia para a noite, a força de trabalho de Miami cresceu inesperadamente em 7%.
Entretanto, um estudo influente indica que a tendência dos salários e oportunidades de emprego
para a população de Miami, incluindo a população afro-americana, foi pouco afetada pelo fluxo de
Mariel.
• Assim, parece que o fluxo do Mariel, na realidade, desacelerou o aumento na taxa de desemprego
de negros, de forma que o cálculo de diferenças-em-diferenças (ou 1,3-2,3) sugere que o fluxo do
Mariel foi responsável pelo declínio de 1,0 ponto percentual na taxa de desemprego de negros.
• A conclusão de que mesmo os fluxos grandes e inesperados de imigrantes não parecem afetar
adversamente as condições do mercado de trabalho local é confirmada pela experiência de outros
países.
• O estudo do êxodo do Mariel fornece um excelente exemplo da metodologia de
diferenças- -em-diferenças: medir o impacto da imigração ao comparar o que
aconteceu no mercado de trabalho em questão (isto é, o grupo tratado) com o
que ocorrem nos mercados de trabalho que não foram penetrados pelos
imigrantes (o grupo de controle).
• Em outras palavras, a estratégia é usar dados de regiões diferentes para estimar
a relação entre a alteração no salário sobre um período específico de tempo e a
alteração correspondente induzida pela imigração na oferta. O principal
resultado do estudo do Mariel é que, essencialmente, há uma correlação zero
entre as variáveis dependentes e independentes, de forma que o coeficiente α
é quase zero. Essa correlação zero leva à inferência de que as alterações
induzidas pela imigração na oferta de trabalho têm pouco impacto nos salários.
Os nativos respondem à imigração?
• O fato de que muitos estudos entre cidades encontram poucas evidências de um
impacto adverso considerável da imigração nos ganhos dos nativos levanta duas
questões importantes:
• Por que a evidência é tão diferente da suposição típica no debate sobre a política de
imigração? E por que as evidências parecem ser inconsistentes com as implicações do
modelo mais simples de equilíbrio de oferta e demanda? Significativas alterações na
oferta, como aquelas observadas no fluxo do Mariel, devem alterar o nível salarial no
mercado de trabalho.
• Um problema importante com a abordagem conceitual que fundamenta a
interpretação das correlações espaciais (isto é, a Figura 4-10 no caso de substitutos
perfeitos e a Figura 4-11 no caso de complementos) é que ela ignora outras respostas
que poderão ocorrer no mercado de trabalho – mesmo abstraindo dos ajustes com
relação ao estoque de capital agregado.
• A entrada de imigrantes no mercado de trabalho local poderá muito
bem reduzir o salário de trabalhadores competidores e aumentar o
salário de trabalhadores complementares.
• Entretanto, com o passar do tempo, os nativos provavelmente
responderão à imigração. Afinal de contas, não é do interesse dos
trabalhadores nativos sentar e assistir os imigrantes mudarem as
oportunidades econômicas. Todos os nativos agora têm incentivos
para mudar seu comportamento a fim de aproveitarem o cenário
econômico alterado.
Os benefícios econômicos da imigração
• Temos visto que os imigrantes podem ter um impacto adverso nas
oportunidades de trabalho dos trabalhadores nativos. Os imigrantes
também podem fazer uma contribuição importante para o país
receptor. Para avaliar o impacto econômico líquido da imigração,
devemos calcular a magnitude dessas contribuições. Há uma relação
profunda entre a elasticidade que mede o impacto salarial da
imigração na força de trabalho nativa e a magnitude dos ganhos que
resultam para os países receptores.
O modelo teia de aranha (cobweb model)
• Modelo ocorre quando mercados não se ajustam rapidamente as alterações da
demanda e oferta.
• Na realidade, existem evidências de que o mercado para os trabalhadores
altamente qualificados, como engenheiros, exibem períodos sistemáticos de
expansão e contração que disputam a noção de que o mercado alcança o
equilíbrio competitivo rapidamente e com custo baixo.
• Em uma série de estudos, Richard Freeman propôs um modelo que mostrava
como essas tendências no salário de entrada poderiam ser geradas. Duas
suposições-chave fundamentam o modelo: (1) leva tempo para produzir um
novo engenheiro e (2) as pessoas decidem se querem ou não ser engenheiras ao
observar as condições no mercado de trabalho quando elas entram na
faculdade.
• A análise inclui a teia de aranha (cobweb model), a qual é criada ao
redor do ponto de equilíbrio quando o mercado de trabalho de
engenharia se ajusta ao choque da demanda inicial. O salário de
entrada exibe um padrão sistemático de expansão e contração, à
medida que o mercado lentamente se direciona para o salário de
equilíbrio w* e emprego E*.
Mercados de trabalho não competitivos:
monopsônio
• Até agora, analisamos as características do equilíbrio do mercado de
trabalho em mercados competitivos
• Cada empresa na indústria enfrenta o mesmo preço competitivo p
quando tenta vender seus produtos, independente de quanto
produto ela venda.
• Além disso, cada empresa na indústria paga um salário constante de
w para todos os trabalhadores, independente de quantos
profissionais ela contrata.
• Agora vamos começar o estudo das propriedades do equilíbrio no
mercado de trabalho sob estruturas alternativas de mercado.
• Um monopsônio é uma empresa que se defronta com uma curva de
oferta de trabalho positivamente inclinada. Em comparação a uma
empresa competitiva, a qual pode empregar quanta mão de obra
quiser no preço vigente, um monopsônio tem de pagar salários mais
altos para poder atrair mais trabalhadores.
• A cidade com uma única empresa (por exemplo, uma mina de carvão
em um local remoto) é um exemplo de um monopsônio. A única
maneira que a empresa consegue convencer mais moradores da
cidade a trabalharem é aumentando o salário para satisfazer o salário
de reserva dos não trabalhadores.
Monopsonista discriminador perfeito
• Além disso, uma empresa monopsonista discriminadora perfeita pode
empregar diferentes trabalhadores com salários distintos.
• Em termos da curva de oferta de trabalho na figura, esta empresa
monopsonista precisa apenas pagar um salário de w10 dólares para atrair o
10º trabalhador, e deve pagar um salário de w30 para atrair o 30º
trabalhador.
• Como resultado, a curva de oferta de trabalho é idêntica ao custo marginal
para contratar mão de obra
• Assim, a curva de demanda por trabalho para uma empresa monopsonista,
assim como para uma empresa competitiva, é dada pelo valor da curva do
produto marginal.
• Uma empresa monopsonista discriminadora perfeita contratará até o
ponto onde a contribuição do último trabalhador para a receita da
companhia (VMPE) for igual ao custo marginal de trabalho. Em outras
palavras, o equilíbrio do mercado ocorre no ponto A, onde a oferta é
igual à demanda.
Monopsonista não discriminador
• Uma empresa monopsonista não discriminadora deve pagar o mesmo
salário a todos os trabalhadores, independente do salário de reserva
do trabalhador. Pelo fato de a empresa monopsonista não
discriminadora ter de aumentar o salário de todos os trabalhadores
quando ela deseja contratar mais um trabalhador, a curva de oferta
de trabalho não mostra mais o custo marginal de contratação.
• A empresa monopsonista que visa à maximização de lucros contrata
até o ponto onde o custo marginal de mão de obra é igual ao valor do
produto marginal, ou ponto A na figura.
• salário em uma empresa monopsonista, wM, é menos do que o
salário competitivo, w*, e também menos do que o valor do produto
marginal do trabalhador, VMPM. Assim sendo, em uma empresa
monopsonista, os trabalhadores recebem menos do que seu valor do
produto marginal e são, neste sentido, “explorados”.
Mercados de trabalho não competitivos:
monopólio
• Agora, consideraremos as decisões de contratação em empresas que influenciam o preço
do produto que elas vendem. O exemplo mais simples de tal estrutura de mercado é um
monopólio, quando há apenas um vendedor no mercado.
• Pelo fato de o preço do produto cair à medida que o monopolista expande a produção, a
receita marginal associada com a venda de uma unidade adicional de produto não é igual
ao preço do produto p.
• Como resultado, a receita marginal é menor que o preço cobrado por aquela última
unidade e declina-se à medida que o monopolista tenta vender mais. A Figura 4-22 mostra
que a curva da receita marginal (MR) para um monopolista se inclinanegativamente e se
situa abaixo da curva de demanda (D).
• Uma empresa monopolista que visa à maximização de lucros produz até o ponto onde a
receita marginal é igual ao custo marginal de produção (ou ponto A na figura).
• Uma empresa monopolista, no entanto, vende menos produtos a um preço mais alto

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