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DIAGNÓSTICO DOS RISCOS AMBIENTAIS EM UMA EMPRESA

DE CULTIVO DE LARANJA

Angélica A. de Araújo1, Cristhiane M. P. Okawa2


1
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
2
Universidade Estadual de Maringá (UEM)

angelica.ardengue@gmail.com; cmpokawa@uem.br

Resumo: A saúde e a segurança no trabalho são fatores preponderantes em todos


os setores produtivos, assim como no agronegócio e, especificadamente, no cultivo
de laranja. Neste trabalho, apresentam-se os resultados de uma análise das
condições do ambiente e das atividades realizadas em uma produção de laranja
localizada na cidade de Nova Esperança, região noroeste do estado do Paraná. O
estudo teve por objetivo identificar os riscos ocupacionais (físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos e de acidentes), bem como as não conformidades com as
normas regulamentadoras, de segurança e saúde do trabalho, pertinentes para as
atividades realizadas. A pesquisa constituiu-se em um estudo de caso, com
característica exploratória e descritiva das atividades desenvolvidas no cultivo da
fruta, com a finalidade de relatar a situação de segurança dos trabalhadores rurais,
confrontando com a legislação vigente. Os resultados apontam para a necessidade
de melhoria na realização das atividades e de mudanças organizacionais, como o
oferecimento de treinamento, para capacitar o trabalhador sobre os procedimentos
operacionais e informá-lo sobre os riscos a que estão expostos.

Palavras-Chave: Segurança do trabalho; Riscos ocupacionais; Produção de laranja


e Ambiente de trabalho.

1. Introdução

Agronegócio, também chamado de agrobusiness, segundo Batalha (2002), é


o conjunto de negócios relacionados à agricultura dentro do ponto de vista
econômico. O Brasil situa-se, no contexto mundial, como celeiro mundial em termos
de agronegócio. O país possui 22% das terras agricultáveis do mundo, conta com
clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda
a água doce do planeta, além de elevada tecnologia utilizada no campo, dados estes
que fazem do agronegócio brasileiro um setor moderno, eficiente e competitivo no
cenário internacional (MAIA & RODRIGUES, 2012).
Um dos setores mais competitivos e de maior potencial em crescimento do
agronegócio é a citricultura. A cadeia citrícola vem ganhando espaço no agronegócio
brasileiro com a ampliação do mercado e o aprimoramento da atividade, a laranja foi
introduzida no Brasil no início da colonização e hoje detém de 30% da produção
mundial, sendo que o estado de São Paulo é o maior produtor no país (NEVES, et
al, 2010).
O crescimento da oferta de empregos no âmbito rural traz consigo a
preocupação com os acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, que podem
ocorrer em diversos ambientes e afetar qualquer trabalhador, trazendo para eles
consequências como a interrupção temporária das atividades laborais e até a morte
(RODRIGUES & SANTANA, 2010).
Segundo a Organização Internacional do Trabalho – OIT (2005), o setor rural
é uma das atividades de maior índice de acidentes no mundo, ao lado da construção
civil e mineração. Os acidentes fatais giram em torno de 170 mil trabalhadores por
ano na agroindústria mundial. Desde 1921, a OIT adota diversas convenções
referentes a aspectos das atividades agrícolas, inclusive a segurança e saúde no
desenvolvimento do trabalho (MAIA & RODRIGUES, 2012). Não se pode aceitar que
aconteçam acidentes e que muitas doenças profissionais sejam ocasionadas por
atividades realizadas neste setor (NEVES et al, 2010).
Tendo em vista o exposto, torna-se necessário a realização de um estudo
sobre as atividades realizadas por trabalhadores e condições do ambiente do setor
rural, especificadamente na produção de laranja, e assim, contribuir para que
acidentes e doenças ocupacionais não venham ocorrer no meio de trabalho,
podendo influenciar diretamente no ritmo da produção.
Para isso, este trabalho teve por objetivo identificar os riscos ocupacionais
(físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes), bem como as não
conformidades com as normas regulamentadoras, de segurança e saúde do
trabalho, pertinentes para as atividades realizadas no cultivo da laranja. O
diagnóstico dos riscos ambientais poderá contribuir, inclusive, para a elaboração
futura de um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA.

2. Referencial teórico

A importância do bem-estar do trabalhador se insere na busca por vantagens


competitivas empreendida por organizações e os governos, que se preocupam cada
vez mais com a saúde dos trabalhadores, já que um empregado/cidadão saudável é
mais produtivo e gera menores custos (GOSLING & ARAÚJO, 2007).
De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência as Normas
Regulamentadoras (NR) instituídas dia 8 de junho de 1978, tratam de um conjunto
de requisitos e procedimentos relativos à segurança do trabalho, de observância
obrigatória às empresas privadas, públicas e de órgãos do governo que possuam
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (BRASIL,
1978).
No ano de 2005, entrou em vigor a Norma Regulamentadora (NR) 31, que
trata da Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura,
Exploração Florestal e Aquicultura. Esta norma tem por objetivo estabelecer os
preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a
tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades nos setores
por ela contemplados (BRASIL, 2005).
Nos tempos de hoje, quem possui emprego no meio rural exige também
qualidade de vida, trabalho digno, seguro, com saúde e bem estar. Para isso, é
necessário melhorar diversos aspectos na atividade da citricultura, particularmente
no que diz respeito à segurança e saúde do trabalho, pois, o trabalhador rural
também está exposto a riscos de acidentes (ZUPPI & SANTIAGO, 2006).
A Portaria no397 de 9 de outubro de 2002 aprova a Classificação Brasileira de
Ocupações – CBO e estabelece que o Trabalhador Agrícola Polivalente é aquele
que executa diversos trabalhos próprios da cultura agrícola, como preparo da terra,
plantio, trato culturais, colheita, limpeza, colheita e outros, empregando técnica e
equipamentos manuais e mecânicos.
De acordo com Paida (2012), os empregados de escritório ou lojas de
empresas rurais, tratoristas, motoristas e outros trabalhadores rurais que não
exerçam função de natureza rural, são também considerados trabalhadores rurais.
As categorias de riscos laborais existentes na legislação nacional vigente no
país são divididas em cinco classes de riscos apresentadas no Quadro 1, que
facilitam o entendimento dos riscos e auxiliam na sua identificação e possíveis meios
de eliminação ou tratamento (GOSLING & ARAÚJO, 2007).

Quadro 1 – Riscos Ocupacionais.


Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Riscos Riscos de
(Verde) (Vermelho) Biológicos Ergonômicos Acidentes (Azul)
(Marron) (Amarelo)
Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico Arranjo físico
intenso inadequado
Radiações Névoas Protozoários Exigências de Ferramentas
ionizantes postura inadequadas ou
inadequada defeituosas
Radiações não Neblinas Fungos Controle rígido de Iluminação
ionizantes produtividade inadequada
Frio Gases Parasitas Imposição de Eletricidade
ritmos excessivos
Calor Vapores Bacilos Trabalho em Probabilidade de
turno noturno incêndio ou
explosão
Pressão anormal Substâncias, Jornadas de Armazenamento
compostas ou trabalho Inadequado
produtos prolongadas
químicos
Umidade Monotonia e Animais
repetitividade peçonhetos
Outras situações Outras situações
de stress físico de risco que
e/ou psíquico poderão contribuir
para a ocorrência
de acidentes
Fonte: Dias, 2006.

Os riscos podem afetar o trabalhador a curto, médio e longo prazo,


provocando acidentes com lesões imediatas e/ou doenças chamadas profissionais
ou do trabalho que se equiparam a acidentes do trabalho, esses riscos estão
presentes nos locais de trabalho e em todas as demais atividades humanas,
comprometendo a segurança das pessoas e a produtividade da empresa (SESI,
2005).
Segundo a norma regulamentadora de segurança e saúde do trabalho NR 9
consideram-se riscos ambientais agentes químicos, físicos e biológicos existentes
nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do
trabalhador (BRASIL, 2007).
Juntamente com esses agentes podem-se citar os riscos ergonômicos e
riscos de acidentes de trabalho, que também podem afetar a saúde do empregado,
por fatores internos ou externos do trabalho (SESI, 2005).

3. Material e métodos

A área amostral se localiza na zona rural do município de Nova Esperança, a


atividade econômica da empresa é o cultivo da laranja do tipo folha murcha e pêra
rio. A propriedade rural possui 79 alqueires de extensão, sendo que a principal
atividade é a produção de laranja, ambiente de trabalho do estudo. As mudas de
laranja foram plantadas no ano 2000 e sua primeira colheita foi feita em 2003.
No mês de junho de 2016 a produção se encontrava em época da colheita,
período em que se realizou a visita para o levantamento de informações, nesta
etapa da produção a empresa possui 10 trabalhadores agrícola polivalente, do sexo
masculino, com idade a cima de 18 anos e 1 (um) tratorista. Entre as safras a
lavoura é mantida por com apenas 2 (dois) trabalhadores, um polivalente e um
tratorista. A propriedade em sua extensão possui 15 mil pés de laranja e cada pé
produz em média 80 kg por safra.
O trabalho constituiu de um estudo de caso, com característica exploratória e
descritiva das atividades desenvolvidas em um cultivo de laranja, com finalidade de
relatar a situação de segurança dos trabalhadores rurais na produção, confrontando-
a com as normas de segurança vigentes pela legislação.
A coleta de dados foi feita através de levantamentos exploratórios na
literatura, visita ao local de estudo e através da aplicação de um check list. O check
list foi elaborado conforme as Normas Regulamentadoras de Segurança do Trabalho
31 e 35, abordando os itens pertinentes para a atividade de cultivo de laranja,
relacionados a equipamento de proteção individual, segurança do trabalho em
máquina e equipamentos, ergonomia, trabalho a céu aberto, condições sanitárias e
de conforto nos locais de trabalho, segurança e saúde do trabalho na agricultura e
segurança e saúde no trabalho em altura.
O check list foi aplicado ao trabalhador responsável da produção na visita ao
local onde se localiza a plantação de laranja. No mesmo dia foi possível observar a
existência de não conformidades com os requisitos estabelecidos pelas normas
regulamentadoras em questão, avaliando e confrontando os dados informados com
a realidade no trabalho.
Os resultados obtidos foram submetidos à avaliação dos riscos ambientais e
situação da segurança do trabalho que os trabalhadores são expostos.

4. Resultados e discussão

A partir das observações e das respostas do check list, foram obtidos como
resultados da análise, descrição das atividades desenvolvidas, as não
conformidades e os riscos ocupacionais presentes nas atividades realizadas.
O check list foi aplicado ao trabalhador responsável pela plantação, no horário
da visita para observações, os trabalhadores estavam em horário de serviço.
As atividades do empregado rural começam desde o momento em que ele sai de
sua casa na região urbana da cidade e se desloca para o local de trabalho através
de um transporte coletivo para a zona rural da cidade. A jornada começa por volta
das 07 horas da manhã no ambiente de trabalho e acaba às 17 horas já com o
trabalhador de volta para a zona urbana.

4.1 Descrição das Atividades

A produção da laranja tem início desde a preparação do solo com a utilização


de máquinas agrícolas, a aberturas das covas são feitas com o trabalho braçal tendo
o auxílio de ferramentas agrícolas, o plantio das mudas é de forma manual, essas
etapas ocorreram no de 2000. As atividades de trato cultural, controle de pragas e
doenças podem ser realizadas com ajuda de maquinário (roçadeiras e trator de
pulverização) em menor escala são realizadas com equipamentos específicos e
ferramentas manuais, esses serviços ocorrem entre as safras de colheita da laranja.
A colheita de laranja é realizada de forma manual, faz se necessário à
utilização de uma escada para a retirada das laranjas que ficam no alto do pé
(Figura 1) e de uma sacola ou caixa onde as laranjas que foram catadas são
depositadas (Figura 2), essas são dispostas em uma sacola maior chamada de bag
que depois de ser completamente cheia é retirada com o auxílio de um guincho
preso a um trator que faz sua retirada do meio dos carreadores entre os pés de
laranja (Figura 3).
Figura 1 e 2 - Colheita da laranja com auxílio de escada e disposição em sacolas presa no
trabalhador ou em caixa no chão.

Figura 3 - Bag sendo retirado pelo trator.

4.2 Análise dos resultados

A análise dos resultados foram feitas conforme as respostas do check list pelo
empregado responsável pela produção e pelas observações feitas no momento da
visita ao local em estudo.
O primeiro item apresentado da NR 31 (31.8) é sobre a utilização dos
produtos fitossanitários na lavoura. Segundo o funcionário responsável o
empregador rural fornece os equipamentos de proteção individual para aplicação de
agrotóxicos e que os trabalhadores recebem as devidas informações sobre o uso e
sua importância na realização das atividades, porém muitos deles não fazem o
utilizam do EPI por opção. O local de trabalho não possui lugar específico para
guardar as roupas de uso pessoal e as vestimentas utilizadas para aplicação de
agrotóxico são as mesmas que o funcionário chega ao trabalho e vai embora. Os
EPI’s de aplicação de agrotóxicos não são devidamente higienizados para utilização
posterior. Essas falhas em desacordo com a norma podem acarretar problemas de
saúde ao trabalhador e até mesmo ele pode contaminar outras pessoas quando não
realizada a troca de roupa após a aplicação de agrotóxicos.
O próximo item da NR 31 (31.10), trata sobre a Ergonomia e dispõe de alguns
cuidados que de devem ser tomados na realização das atividades. De acordo com
as respostas do check list o empregador não adota princípios ergonômicos para a
realização de todas as atividades. Não é realizado um treinamento para o transporte
de carga manual. Após as atividades de esforço físico e sobrecarga muscular os
trabalhadores realizam pausa para descanso. O peso da carga do transporte manual
não pode ser considerado um fator que possa comprometer a saúde do trabalhador,
mas sim a maneira do carregamento e do levantamento da carga, que podem
acarretar problemas futuros a saúde física do funcionário. As laranjas apanhadas do
pé são dispostas em sacola que fica pendurada no trabalhador ou em caixa no chão.
O item 31.11 determina ao empregador deveres para o uso das ferramentas
manuais, para que essas não sejam causadores de acidentes de trabalho. As
ferramentas são seguras, eficientes e mantidas em perfeito estado de uso para os
serviços realizados com as mesmas. Por serem eficientes estão sempre afiadas e
na maioria das vezes são transportadas sem bainha e juntamente com os
funcionários no transporte coletivo. Essa desconformidade com a legislação é um
risco em que os empregados estão expostos.
O item 31.12 estabelece atenção para os trabalhadores contratados para
operar máquinas e implementos agrícolas. As máquinas e implementos agrícolas
são operados por trabalhadores capacitados, qualificados e habilitados para as
funções, assim o risco de acidente de trabalho é minimizado, pela atividade estar
sendo realizada em conformidade com a determinação da legislação.
No item 31.16 dispõe sobre transporte dos trabalhadores. O transporte
coletivo de passageiros possui motorista habilitado e possui capacidade para todos
os passageiros irem sentados, porém não é um veículo licenciado para este fim pela
autoridade de trânsito competente e como já citado o transporte não possui um
compartimento adequado para transporte de ferramentas e também de materiais. A
falta de autorização não é fator de risco de acidente, mas em situação de
fiscalização pode causar constrangimento aos trabalhadores que ali estão além, de
penalidades previstas em lei.
Em situação de condições climáticas adversas o item 31.19 estabelece
orientações para a proteção dos funcionários. Os trabalhadores são orientados
quanto a procedimentos e liberados para interromper as atividades na ocorrência de
condições climáticas adversas que possam comprometer a segurança do
trabalhador. Existe uma organização das atividades que exijam maior esforço físico
para que sejam desenvolvidas no período da manhã ou no final da tarde quando
possível.
O item 31.20 estabelece medidas de proteção pessoal, os EPI’s, que são de
extrema importância para a segurança dos trabalhadores na realização dos suas
atividades. O empregador disponibiliza os equipamentos de proteção individual aos
seus funcionários de acordo com as atividades a serem executadas, exceto o EPI de
proteção contra quedas com diferença de nível, expondo assim o trabalhador a um
risco de acidente. Na Figura 4 é apresentado um trabalhador utilizando o
equipamento de proteção da cabeça, olhos e face (boné), membros superiores
(luvas) e de membros inferiores (bota), pode – se considerar que o uso da camisa de
manga longa e calça comprida sejam importantes para a realização de atividades
rurais, pois protegem o corpo do trabalhador dos fatores climáticos. A Figura 5
demonstra o uso dos óculos, EPI necessário para proteção dos olhos contra irritação
e outras lesões que podem ser causadas por partículas de poeira e pelos galhos das
árvores. O trabalhador que opera o trator recebe EPI anti ruído para a realização de
suas tarefas (Figura 6).
Figuras 4,5 e 6 - Trabalhadores utilizando EPI’s

Como já colocado em itens acima o trabalhador recebe instruções e são


exigidos do uso dos equipamentos, porém, muitas vezes os próprios não fazem o
uso dos EPI’s e também esses não são devidamente higienizados, deixando assim o
funcionário exposto aos riscos de acidente de acordo com a atividade realizada.
As edificações rurais constam na NR 31 no item 31.21 estabelecendo normas
de proteção e higiene nos locais comuns entre os trabalhadores. As coberturas
oferecem proteção contra intempéries, mas é importante dizer que quando as
condições climáticas não se encontram em condições favoráveis os trabalhadores
são dispensados do dia de trabalho. Um problema relatado é que as edificações
rurais, principalmente as sanitárias não são submetidas a uma limpeza adequada, o
que favorece o aparecimento de patogênicos.
O item 31.23 dispõe de requisitos sobre áreas de vivência, ambientes
necessários para o bem estar do funcionário. O empregador cumpre as normas de
segurança e higiene do trabalho estabelecido em norma. A presença de instalações
sanitárias proporcionam um ambiente digno de trabalho para os funcionários,
podendo assim ter um lugar para realizar sua higiene pessoal, além de terem um
lugar protegido contra as intempéries, para a realização das refeições, pausas para
descanso, para manter os seus pertences protegidos e uma área de vivência para
com os outros trabalhadores.
A NR 35 trata da segurança do trabalho e saúde no trabalho em altura
(BRASIL, 2014). Existe o trabalho em altura, pois os pés de laranja ultrapassam 2,00
m (dois metros) de altura, o que exige do funcionário o uso de escada para a
colheita da laranja, no entanto o empregado não é capacitado para a realização da
atividade com o mínimo de segurança, já que também não lhe é oferecido o EPI
contra queda de diferença de nível.

5. Conclusão

Ao realizar o estudo de caso em um cultivo de laranja em Nova Esperança –


PR, foi possível identificar a existência de riscos ocupacionais presentes nas
atividades executadas pelos trabalhadores rurais, como os riscos ergonômicos,
físicos, químicos, biológicos e de acidentes e não conformidades com a legislação
vigente de saúde e segurança do trabalho.
As irregularidades com a legislação foram constatadas, quais sejam: a falta
de local adequado para a guarda de roupa de uso pessoal favorecendo assim, o não
uso de vestimenta própria para a aplicação de agrotóxico; os funcionários não
recebem treinamento de princípios ergonômicos para a realização de atividades que
apresentam risco; as ferramentas são transportadas inadequadamente; o veículo
que transporta os trabalhadores rurais não é licenciado para este fim e não possui
identificação de transporte rural; a manutenção dos sanitários é precária e por fim os
funcionários não recebem capacitação para realizar o trabalho em altura e não
recebem EPI adequado para a função.
Haja o exposto, é altamente recomendável a elaboração de um PPRA para a
empresa de produção de laranja, para que essa tenha um conhecimento mais
abrangente sobre os riscos em que os seus funcionários estão submetidos ao
realizar suas atividades e para que o empregador tenha em forma de registro a
manutenção e divulgação dos dados.
O trabalho de diagnóstico de riscos ambientais em um cultivo de laranja é de
grande valia para a obtenção de informações sobre o esse tipo de atividade, porque
são poucos trabalhos encontrados nesta área sobre a segurança e saúde dos
trabalhadores rurais, sendo assim, estes dados poderão servir não apenas para a
elaboração do plano de risco, mas também como fonte de pesquisa para projetos
futuros.

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