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Biografia

Alfred Marshall, considerado com um dos grandes ícones da economia nos dias
de hoje, nasceu em Londres, Inglaterra, em 26 de julho de 1842. Filho de William
Marshall, um religioso e caixa no Banco da Inglaterra, e Rebecca Oliver, Marshall
cresceu em Clapham, um subúrbio londrino. Estudou na Merchant Taylor’s School por
seu pai ter implorado para o diretor de seu banco conseguir a nomeação de seu filho
para o colégio, isso pois ele já havia visto o futuro talento que o menino apresentaria
para o mundo. E assim, após ingressar em sua jornada acadêmica, o futuro economista
teve seu primeiro contato com as ciências exatas e acabou se destacando em
matemática. 

Após a escola, Alfred ingressou em uma das mais renomadas Universidades da


Inglaterra até a contemporaneidade, a Universidade de Cambridge, onde desempenhou
sua trajetória acadêmica de maneira ótima. Mesmo com os esforços de William para que
ele se dedicasse aos estudos religiosos e seguisse carreira com isso, seu filho, inibiu a
sua possível entrada ao mundo religioso devido seu exímio desempenho universitário,
onde anteriormente havia-se cogitado a possibilidade de Alfred tornar-se ministro da
Igreja Anglicana. Em 1868 Marshall toma a decisão de começar a lecionar, tornando-se
assim professor da Universidade de Cambridge especializado em economia política,
seguindo também com o objetivo de tornar a disciplina mais científica do que se
encontrava na época. 

No ano de 1870, Alfred Marshall inicia seu processo de escrita, e


consequentemente, de publicação, começando com pequenos trabalhos que ressaltam
assuntos sobre o comércio internacional e problemas do protecionismo. Tais trabalhos
acabam posteriormente sendo reunidos em duas obras chamadas A Teoria Pura do
Comércio Exterior e A Teoria Pura dos Valores Domésticos. Curiosamente, o ícone da
economia foi o professor de Mary Payley, que serviu de símbolo e marco enorme para
as mulheres, uma vez que foi uma das primeiras a chegar à universidade. 

Em 1877, Alfred acaba casando-se com Mary, tendo assim que abandonar seu
posto de professor na Universidade de Cambridge, isso, devido ao celibato e às regras
da universidade sobre ela. Então, Marshall acaba tornando-se diretor da University
College, em Bristol, uma cidadezinha pequena da Inglaterra.

Em 1879, é publicada, em conjunto com sua esposa Mary Payley Marshall, a


obra intitulada como A Economia da Indústria, uma de suas obras mais famosas até a
atualidade. Tal obra foi aperfeiçoada e publicada posteriormente com o intuito de
aprendizado para os estudantes de economia. Com a morte de William Jevons em 1881,
contemporâneo economista à Alfred, acaba tornando Marshall o mais influente
economista britânico de sua geração, no mesmo ano em que ele também começa a
desenvolver sua “masterpiece” chamada de Princípios da Economia, que teve sua
primeira edição publicada em 1890. No ano de 1884, após a morte de Henry Fawcett,
um importante e influente economista da época, Alfred acaba retornando à Universidade
de Cambridge como professor de economia política. Em sua volta para a Universidade,
porém agora como professor, Marshall tenta fazer mudanças para que os alunos
obtivessem o perfil ideal para ele: Ativos e especializados. Algumas dessas mudanças
obtiveram êxito depois de certo tempo.
Alfred Marshall se aposentou como professor de economia política na
Universidade de Cambridge em 1908, desenvolvendo mais algumas teorias econômicas,
e veio a falecer no ano de 1925, com 81 anos, tornando-se um ícone e referência de toda
sua geração até na contemporaneidade. 

Contexto Histórico

Inserido em Londres na época de 1850, Alfred Marshall foi considerado um dos


economistas mais influentes do mundo e é uma referência em questões da economia
Neoclássica. Influenciou uma geração fértil de estudantes, como John Maynard Keynes
e Arthur Cecil Pigou como professor, e em geral suas ideias foram essenciais para o
desenvolvimento da sociedade em questões econômicas.

O contexto histórico e cultural em que Marshall estava inserido e foi


influenciado pela formação de suas ideias foi a era vitoriana. Tendo características tanto
do espírito vitoriano, em relação ao papel civilizatório do vasto império britânico,
quanto dos valores éticos do protestantismo e da Igreja Anglicana.

A era vitoriana ou Pax Britannica foi marcada por ser um período de


prosperidade e paz para o povo britânico. Durante a era vitoriana, a população da
Inglaterra quase duplicou, passando de 16,8 milhões em 1851 para 30,5 milhões em
1901. Esse período foi de muita prosperidade principalmente devido a consolidação da
Revolução Industrial e o surgimento de novas invenções, que juntamente a expansão e o
domínio do império britânico no exterior, trouxeram muito lucro para o país. Apesar do
grande impulso que essa era trouxe, ela também foi marcada por rígidos costumes,
moralismo social e sexual, fundamentalismo religioso e exploração capitalista.

A consolidação do capitalismo é analisada por Marshall da seguinte forma: 


“Os quatro ou cinco decênios nos quai se desenvolveu com maior
intensidade a primazia da Inglaterra, se designam as vezes como os decênios
da “revolução industrial”, quando, na verdade, o que ocorreu não foi uma
revolução, senão simplesmente uma etapa de uma evolução que vinha se
desenrolando durante centena de anos, quase sem interrupção”

Outro fator que influenciou o pensamento de Marshall foi o Utilitarismo de J.


Bentham, que trazia uma ideia de que a ética deve basear-se sempre em contextos
práticos, em que o agente moral deve analisar a situação antes de agir, e sua ação deve
ter por finalidade proporcionar a maior quantidade de bem-estar ao maior número de
pessoas possível, sendo assim moralmente certo. O utilitarismo portanto tira toda a
correção moral de uma razão universal e oferece-a ao sujeito. Ele apresenta o conceito
da seguinte forma:

Por princípio de utilidade entende-se aquele princípio que


aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a
aumentar ou a diminuir a felicidade da pessoa cujo interesse está em
jogo, ou, o que é a mesma coisa em outros termos, segundo a
tendência a promover ou a comprometer a referida felicidade. Digo
qualquer ação, com o que tenciono dizer que isto vale não somente
para qualquer ação de um indivíduo particular, mas também de
qualquer ato ou medida de governo. (BENTHAM, 1974, p.10)
Círculo Social

O círculo social que Alfred Marshall vivenciava era rodeado pelos principais
professores das universidades que passou. Em destaque temos a Universidade de
Cambridge, Saint John's College, University College of Bristol, University of
Cambridge entre outras, em que se pode aprender e ensinar muito com professores e
alunos. 

Em destaque temos nomes como A.C., um grande que foi sucessor à cadeira de
Marshall em Cambridge. Outro amigo e aluno de Alfred foi J.M. Kenynes que teve um
papel importantíssimo para a economia mundial, em que foi fundador da
Macroeconomia, e destaca a respeito da importância da obra de Marshall para sua
formação: “descoberta de um complexo sistema copernicano no qual todos os elementos
do universo econômico são mantidos em seus lugares por mútuo contrapeso e
interação”. O discípulo, ainda em seu livro escrito sobre a vida de Marshall, deixou
claro o motivo pelo qual o teórico obteve tamanho êxito em sua vida de economista.
O Economista deve ser matemático, historiador, político,
filósofo – em algum nível. Ele deve entender símbolos e traduzi-los
em palavras. Ele deve abordar as particularidades nos termos gerais, e
tocar o abstrato e o concreto no mesmo voô de pensamento. Ele deve
estudar o presente, à luz do passado, para as propostas do futuro.
Nenhuma parte da natureza humana deve estar inteiramente fora de
seu conhecimento. Ele deve ser disposto e desinteressado
simultaneamente; tão indiferente e incorruptível como um artista, às
vezes tão próximo da realidade como um político. Muito disso, mas
não tudo, Marshall possuía. (KEYNES, 1933, p.141).

Outros nomes que foram importantes na vida de Marshall e tiveram uma


influência em suas obras são M.G. Fawcett, Henry Sidgwick, H.S. Foxwell e Neville
Keynes. Estes que ao longo de sua vida foram fontes de influência para a produção de
suas obras.

Teorias e Ideias

Marshall definitivamente pode ser considerado como um dos, senão o maior


economista de todos os tempos, como já visto anteriormente ele foi um dos gigantes
precursores da “escola neoclássica de Cambridge” devido às suas contribuições tanto
para época, quanto para a atualidade que ainda se mantêm vivas.

Sua grande e mais importante obra, de onde a maioria de suas ideias e teorias
foram extraídas foi o livro Princípios de Economia, esta que serviu como base da
economia britânica por muitos anos e que traz uma excelente apresentação da
concepção marginalista da época. A vontade de Marshall para passar a estudar
economia e que motivou ele a produzir a obra, de acordo com Ottolmy Strauch em uma
resenha foi devido a “preocupação com a questão social, sendo levado à percepção de
que a pobreza estava na raiz de muitos males sociais”. Tanto que em todo momento de
sua obra é possível ver o inconformismo de Marshall com a questão da desigualdade
entre as classes e a má distribuição de renda e funcionamento do sistema econômico,
como relata: “elucidar a questão social em torno da real necessidade de existirem pobres
para que houvesse ricos”.

Uma das contribuições de Marshall foi a sua teoria de valor, esse que era uma
diferente da época e se baseia na Tesoura Marshalliana, em que a economia é voltada
pelo valor de troca de um produto que depende da utilidade da sua última unidade
disponível, utilidade necessariamente menor em função da lei da utilidade marginal
decrescente, seu funcionamento funciona como duas linhas constantes em um gráfico
que se cruzam em um certo ponto, me que uma linha é chamada de custo marginal
crescente e a outra beneficio marginal decrescente. De acordo com ele: “Seria tão
razoável discutir se é a parte superior ou inferior de uma tesoura que corta o papel como
determinar se o valor é dominado pela utilidade ou o custo de produção.” Basicamente
era a relação entre a oferta e a demanda que ditava os preços. 

Outro tema que Marshall trouxe é a respeito da sua Teoria de Escala, que foi
considerado como um dos maiores pensadores a respeito dessa. Ele trouxe que as
economias de escala eram predominantemente internas a uma firma operando uma
única planta e que juntamente a isso as economias externas eram fadadas ao
desenvolvimento de uma indústria como um todo. Ele via as indústrias sem limites e
que conforme a indústria crescia a empresa também.

A respeito da teoria da distribuição de renda, Marshall dizia que era necessário a


organização de categorias de distribuição que relacionaria o pagamento com a
contribuição produtiva, sendo portanto a fabricação de um bem o produto trabalho dos
operários, juntamente com o trabalho do empregador, dos gerentes e do capital
empregado. Depois da divisão categórica, o fator da oferta e demanda entraria em ação,
em que trabalhadores diferenciados, por exemplo, tinham um destaque e
consequentemente uma maior renda.
O desenvolvimento de um organismo, seja físico ou social,
envolve uma crescente subdivisão de funções das suas diferentes
partes, ao mesmo tempo que aumenta a conexão íntima entre elas.
Essa crescente subdivisão de funções, ou diferenciação, como é
chamada, manifesta-se com respeito à indústria sob diversas formas,
tais como a divisão do trabalho e o desenvolvimento da
especialização da mão de obra, do conhecimento e da maquinaria, ao
passo que a integração, ou seja, o aumento das relações e a firmeza
das conexões entre as diferentes partes de um organismo industrial se
manifesta no aumento da estabilidade do crédito comercial, nos meios
e hábitos de comunicação por terra e por mar, por estrada de ferro e
por telégrafo, correio e imprensa" (Marshall, 1890, p. 212).

A respeito da teoria de produção, Marshall tratou em sua obra sobre dois


problemas principais, a maneira em que o produtor iniciava a combinação dos fatores
produtivos, e a respeito dos ajustes possíveis quando se alteravam as condições de
mercado.

 De acordo com ele, os empresários tinham um objetivo principal que era de
maximizar seus lucros, e devido a concorrência livre do mercado eles não possuíam o
poder de alteração do preço dos produtos, portanto os empresários focaram seus
investimentos no processo de em minimização do custo de produção ao máximo.
A respeito dos ajustes possíveis quando se alteravam as condições de mercado,
ele dizia que em um período específico era possível alterar essas condições, que era o
período de curto prazo, que diferentemente do período de mercado era possível
empregar mais trabalhadores ou mais horas de trabalho, que resultava numa medida que
permitiu a ampliação da produção em resposta ao ajustamento de mercado. Esse
fenômeno dava abertura para muitas outras particularidades na economia, uma delas por
exemplo é o rendimentos crescentes de escala, que punha em risco o mercado
competitivo. 

Marshall tinha uma teoria sobre o funcionamento da oferta de moeda, é que ela
funcionava como uma reguladora que precisava ser mantida em equilíbrio entre o
encaixe monetário da comunidade e o volume administrado pelas instituições
financeiras que era ele tratava como constante, porém não imune a instabilizações
financeiras. Ele retrata: 
O valor total do dinheiro requerido pelos negócios da Inglaterra é,
obviamente, relativamente pequeno, pois as classes médias e altas pagam suas
obrigações com cheques a apenas uma fração diminuta desses cheques é
apresentada para conversão em dinheiro. Em sua maior parte, eles
simplesmente transferem comando sobre poder de compra de uma conta
bancária para outra. (Marshall, 1929 [1923], p. 46)

Principais Obras

A obra mais aclamada de Marshall foi a obra Princípios de Economia lançada


em 1890, e por muitos anos serviu como o manual mais utilizado na Inglaterra como
manual de economia, além de diversas faculdades usarem ele como base de estudos.
Nessa obra ele abrange principalmente os conceitos da Lei da oferta e procura, Lei da
utilidade marginal e custos de produção.

Entre outras principais obras de Marshall, temos a obra Economia e Indústria,


em que ele realizou essa obra juntamente com sua esposa em 1890, um fato curioso
sobre essa obra é que depois em sua vida, Marshall, retirou a obra de circulação dizendo
que “não se pode vender barato a verdade”. Essa obra é considerada por muitos como
uma versão simplificada para iniciantes de sua principal obra, Princípios de Economia.

Outra obra que merece destaque das muitas obras produzidas por Marshall é
Indústria e Comércio publicada em 1919 que segundo Marshall, foi a continuação dos
Princípios. Temos também “Dinheiro, Crédito e Comercio", obra publicada em 1923 e
que traz uma forte característica relacionada à matemática, principalmente em teoria
monetária, pois foi criada com material dos primeiros estudos de Marshall. 

Críticas, Debates e Tensões

Com a publicação de Princípios de Economia, que veio se tornar sua obra


inegavelmente mais influente e conhecida, Marshall, conseguiu formular seus
pensamentos de maneira exemplar, construído através da Economia Política e a
utilização da doutrina marginalista, o primeiro até então disserto sobre os fundamentos
da economia. Dessa forma, tal obra acabou sendo prestigiada e sintetizada por Joan
Robins:
“As forças do mercado distribuem os recursos da melhor maneira
possível entre os diversos usos alternativos. Daí o conceito de distribuição da
renda baseado na justiça 8 natural. Isto é, a contribuição dos trabalhadores para
a produção se refletiria nos salários, enquanto a contribuição do capital para a
produção estaria nos lucros. Isso seria justo, direito e natural.”(ROBINS, 1880,
p.12) 

Com Princípios de Economia, Marshall faz a tentativa de “incluir” da melhor


maneira possível a todos, desde as pessoas mais comuns, até as mais intelectuais,
contendo assim explicações e exemplificações didáticas, sem deixar suas fortes críticas
e ideias de fora. 

Alfred Marshall, por estar completamente desalinhado com a macroeconomia,


acabou recebendo fortes críticas em relação a suas ideias e teorias, onde ao invés de
solucionar problemas econômicos da sociedade, estes alegam que ele acaba os trazendo
com sua linha de pensamento. Além disso, mesmo tendo suas teorias apreciadas e vistas
como importante para a formação do que se conhece como economia nos dias de hoje,
Marshall é alvo de muitos com o discurso de que seus pensamentos são completamente
antiquados, e não foram formulados de maneira universal e consequentemente,
atemporais, o que acaba gerando teorias obsoletas e inúteis, muitas vezes até
atrapalhando todo o processo de evolução econômica. Tal criticismo é exemplificado
por uma fala de Joseph Schumpeter, um grande economista que posteriormente diz:
“Sua visão do processo econômico, seus métodos, seus resultados, não são mais os
nossos” (Strauch, 1996, p.45), referindo-se a Alfred. 

Conclusão

Dessa maneira, com esta pesquisa bibliográfica, foi possível analisarmos a vida e
obra do autor, destacando os principais aspectos que levaram-o a desenvolver sua ideias,
e consequentemente formular suas teorias. Marshall com todo seu repertório econômico
e acadêmico, foi capaz de elevar seu nível de abstração perante os períodos históricos
que antecederam sua existência, desse modo, causando influências diretas ao seu tempo
que buscam melhorá-lo e supri-lo economicamente. 

Suas teorias foram utilizadas como base de muito dos valores existentes na
atualidade, mesmo que não da maneira exata em que ele idealizou, uma vez que com a
mudança de tempo, ocorre também a mudança das necessidades sociais na
contemporaneidade. 

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