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DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO: DEMOCRACIA E CIDADANIA

Interação Democrática entre Estado e Sociedade Civil

INTERAÇÃO DEMOCRÁTICA ENTRE ESTADO E


SOCIEDADE CIVIL
Trata da interação democrática entre estado e sociedade civil. Vale ressaltar que o
cerne da política pública é a participação popular.

Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como


instrumento de fortalecimento da democracia participativa.

Dentro do estudo da democracia, destaca-se o dia da participação popular e da aná-


lise de temas correlatos. É importante compreender que esses temas também abran-
gem direitos fundamentais, como o direito à informação e à transparência.
Quando se fala em participação democrática e democracia, se refere ao povo exer-
cendo sua vontade por meio de seus direitos políticos. O poder emana do povo. No
entanto, para que esse exercício seja efetivo, é preciso de boas decisões políticas basea-
das em informações confiáveis.
Por isso, quando se discute democracia e participação popular, é crucial entender
que os cidadãos precisam de acesso à informação, o que demanda transparência por
parte do Estado em relação aos dados.
Também é amplamente observado no estudo da democracia o direito à imprensa
livre. A imprensa atua como um veículo que facilita a intermediação entre as informa-
ções fornecidas pelo Estado, por meio da transparência, e os indivíduos, permitindo que
estes tomem decisões políticas bem fundamentadas.

Objetivos Estratégicos

• Garantia da participação e do controle social das políticas públicas em Direitos


Humanos [...]

Pensando no momento da implementação das políticas públicas, o direito de parti-


cipação é essencial. É através desse direito que podemos garantir uma política pública
mais efetiva e eficiente, pois é possível compreender as necessidades e preocupações da
população diretamente afetada por determinados problemas políticos ou sociais.
Por exemplo, nas políticas indigenistas, é necessário que indígenas participem.
A participação social é fundamental para o controle social. Parte-se do entendimento
de que uma política pública é implementada e, à medida que ela está em andamento, é
crucial monitorá-la. Isso permite verificar se a gestão pública dos recursos está sendo

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eficaz. É importante observar os indicadores daquela política e verificar se, na prática,


ela está sendo inclusiva.
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Às vezes ocorrem retrocessos. Por exemplo, uma política pública implementada com
a finalidade de promover e efetivar os direitos de determinado grupo pode, na prática,
ser desastrosa e piorar a situação desse grupo. Por isso, é necessário o monitoramento.

Teoria do Impacto Desproporcional


Existe uma teoria que estudamos em direitos humanos, chamada Teoria do Impacto
Desproporcional. Essa teoria está associada aos estudos que visam promover a igual-
dade e combater as desigualdades sociais como um todo.
A Teoria do Impacto Desproporcional ajuda a perceber que, em alguns momentos,
certas medidas, leis, políticas públicas ou ações afirmativas, quando concebidas, podem
parecer neutras e não discriminatórias. No entanto, quando implementadas, podem ter
um impacto desastroso e desproporcional sobre determinados grupos. Se identificamos
isso, é evidente que tal política deve ser revogada ou extinta. É para isso que estudamos
essas políticas.
Exemplo: Nos Estados Unidos, resolveram criar uma rodovia que corta uma grande
floresta. Após a criação dessa rodovia começaram a ocorrer mortes de Cervo. Então, há
um grande desafio político que envolve aspectos sociais, ambientais e até mesmo estru-
tura física para os motoristas que transitam por essa rodovia.
Foi realizado um estudo ambiental que revelou que os cervos que habitavam o sul
dessa rodovia durante o período de acasalamento estavam migrando para o norte em
busca de contato com as fêmeas para acasalar, garantindo assim a perpetuação da espé-
cie. No entanto, devido à seca, esse comportamento não estava mais ocorrendo, o que
levou a outro problema: a redução da população de cervos.
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Foram construídas passarelas elevadas sobre a rodovia para permitir que os cervos
atravessassem e continuassem seu fluxo migratório, acasalamento e reprodução, visando
resolver o problema da redução da população de cervos. No entanto, ao longo do tempo,
os predadores dos cervos começaram a perceber esse fluxo natural e passaram a ficar
à espreita do outro lado da passarela, esperando para atacar novamente. Isso resultou
em uma nova queda na população de cervos. O problema não foi resolvido e, na verdade,
piorou com as passarelas.
Com esse exemplo, é possível compreender que nem sempre as políticas públicas e
as decisões do Estado serão efetivas na correção do problema identificado.

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• Ampliação do controle externo dos órgãos públicos.

Por isso, a importância do controle social das políticas públicas em direitos huma-
nos é fundamental. O controle social envolve os cidadãos verificando e fiscalizando, mas
também é crucial outro tipo de controle, que é o controle externo dos órgãos públicos.
Isso é um objetivo estratégico do Plano Nacional de Direitos Humanos no sentido de
ampliar esse controle externo dos órgãos públicos.
Quando se fala em controle externo dos órgãos públicos, é possível mencionar o papel
exercido pelos tribunais de contas e pelo Ministério Público. Especialmente no contexto
dos direitos humanos e da segurança pública, o Ministério Público desempenha um papel
crucial. Ao compreender o Ministério Público, compreendemos que ele é responsável pelo
controle externo da atividade policial.
Portanto, é crucial criar ferramentas dentro da própria estrutura do Estado, do
governo, para permitir essas fiscalizações.

Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instrumento


transversal das políticas públicas e de interação democrática

Quando aprendemos sobre o que é uma política pública e como ela é formulada, o
próximo passo é definir o tema da política pública.
Os temas das políticas públicas geralmente envolvem problemas sociais e ambien-
tais. Por isso, os direitos humanos servem como um instrumento transversal para essas
políticas públicas e para a interação democrática.
Os direitos humanos são tanto um fim quanto um meio. São um fim porque repre-
sentam direitos que buscamos alcançar e são um meio porque através deles efetivamos
outros direitos.
Como exemplo, há o direito de participação em política pública de saúde. Utiliza-se
a participação tanto como um fim quanto como meio para atingir o direito à saúde. Por
isso, há essa correlação com o estudo dos direitos humanos e seus objetivos estratégicos.

• Promoção dos Direitos Humanos como princípios orientadores das políticas


públicas e das relações internacionais.

Existe a promoção dos direitos humanos como princípios orientadores das políticas
públicas e das relações internacionais sobre a política pública.
Um problema político de desigualdade deve estar fundamentado em princípios
orientadores de direitos humanos e amparado na dignidade da pessoa humana. Além
disso, as relações internacionais também devem ser pautadas por esses mesmos princí-

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pios de direitos humanos. Isso pode, inclusive, ser visto no artigo quarto da Constituição
Federal.
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O art. 4º da Constituição Federal trata dos princípios que regem as relações interna-
cionais das quais o Brasil faz parte. Entre esses princípios, está a prevalência dos direi-
tos humanos nessas relações internacionais. Portanto, a política internacional estará
sempre associada aos direitos humanos.

• Fortalecimento dos instrumentos de interação democrática para a promoção


dos Direitos Humanos.

Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informações em


Direitos Humanos e construção de mecanismos de avaliação e monitora-
mento de sua efetivação.

• Integração e ampliação dos sistemas de informações.

Integrar e ampliar o sistema de informação, primeiro leva a um banco de dados mais


fidedigno para tomadas de boas decisões políticas. Se há um bancos de dados e siste-
mas de informação espalhados em nível municipal, estadual, distrital e federal e não há
integração entre eles, isso é prejudicial para a tomada de decisão em relação às políti-
cas públicas.
Essa era uma realidade no Brasil, e em alguns casos ainda é, mas era muito mais forte
e evidente nas décadas de noventa e no início dos anos dois mil. Obviamente, há uma
necessidade de embasamento para entender por que isso estava sendo discutido na
criação do PNDH III, em 2009.
Ao integrar esses sistemas de informação em todos os níveis e entidades, conse-
guimos ter um banco de dados mais completo. Isso servirá como base para a tomada
de boas decisões políticas e criação de políticas públicas, pois assim pode mensurar as
necessidades em nível municipal, estadual, distrital e federal. Dessa forma, podemos
implementar políticas públicas mais pontuais e afirmativas.

• Monitoramento de efetivação

Ao avaliar e monitorar sistemas de informação, enfatiza-se a importância de estar


atento às informações que embasam as decisões políticas. Isso está diretamente rela-
cionado à avaliação e ao monitoramento de políticas públicas, em que o controle social
desempenha um papel crucial.

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É essencial estar ciente do que está acontecendo no momento presente, pois isso
pode levar a decisões imediatas, até mesmo a recuos em relação a ações afirmativas ou
políticas públicas em andamento.
O monitoramento deve ser constante e realizado simultaneamente à implementação
das políticas, para que se possa ajustar o curso conforme necessário, sem esperar pelo
término completo da ação.
A avaliação é fundamental, pois permite verificar os indicadores e planejar novas
políticas públicas, dar continuidade às existentes ou mesmo interrompê-las se necessá-
rio, reconhecendo que podem não estar no caminho correto.
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Na teoria do impacto proporcional, também conhecida como discriminação indireta,
porque mesmo sem ser a intenção, políticas implementadas falham e podem ser consi-
deradas desastrosas para determinados grupos, caracterizando uma forma de discrimi-
nação. Isso pode ocorrer especialmente em políticas sociais e de gênero.
Por exemplo, ao considerar políticas de licença maternidade que aparentemente
são neutras e positivas para a inclusão social das mulheres, quando colocadas em prá-
tica, podem revelar aspectos negativos. No Brasil, onde existe uma dinâmica familiar
culturalmente machista e patriarcal, políticas que ampliam a licença maternidade sem
aumentar a licença paternidade podem reforçar estereótipos de gênero e a divisão desi-
gual das responsabilidades familiares. Isso contribui para a manutenção do machismo
na sociedade, perpetuando a ideia de que cabe à mulher cuidar dos filhos enquanto o
homem deve trabalhar. Assim, mesmo políticas que parecem benéficas à primeira vista
podem ter impactos negativos quando consideradas em um contexto mais amplo. Essa
tentativa também pode levar os empregadores a evitarem a contratação de mulheres
em idade fértil devido ao receio dos custos adicionais associados às licenças prolongadas
e à possibilidade de ausências frequentes relacionadas à maternidade.

• Desenvolvimento de mecanismos de controle social das políticas públicas de


Direitos Humanos, garantindo o monitoramento e a transparência das ações
governamentais.

Quando falamos em democracia, é fundamental entender que ela está intrinseca-


mente ligada à informação e à transparência. Ao estudar de forma mais técnica e apro-
fundada, percebemos que a democracia não pode ser dissociada desses dois aspectos. Ao
analisar o documento, encontramos referências que destacam a importância da infor-
mação e da transparência para a democracia. Isso ocorre porque a democracia depende
da disponibilidade de informações precisas e da transparência das ações governamen-
tais. Quando temos transparência nas ações do governo, podemos ter acesso a informa-

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ções verdadeiras, o que é essencial para a tomada de decisões políticas e para o exercício
da democracia participativa.

• Monitoramento dos compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasi-


leiro em matéria de Direitos Humanos.

O compromisso internacional em matéria de direitos humanos é assumido pelo


Estado brasileiro por meio dos tratados internacionais de direitos humanos. Este é um
conceito fundamental para compreender a relação entre o Estado e os direitos humanos
a nível internacional.
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Monitoramento dos tratados internacionais de direitos humanos.


Destaca-se a importância do monitoramento dos tratados internacionais de direi-
tos humanos pelos indivíduos na população. Ao identificar violações desses tratados, os
cidadãos podem acionar os órgãos responsáveis internamente para reparar esses direi-
tos violados, seja por meio do Judiciário ou do Conselho Nacional de Direitos Humanos.
Além disso, caso não haja uma resposta adequada internamente, os cidadãos podem
recorrer aos organismos internacionais para denunciar as violações de direitos humanos
ocorridas no Brasil.
O monitoramento é crucial para identificar violações reiteradas dos direitos huma-
nos pelo Estado e a eventual inação na resolução desses problemas. Caso essas viola-
ções persistam e o Estado não tome medidas para corrigi-las, os cidadãos podem apre-
sentar denúncias aos órgãos internacionais competentes. No contexto das Américas, a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos desempenha um papel importante nesse
processo. As denúncias recebidas por essa Comissão são avaliadas e podem resultar em
recomendações ao Brasil sobre o cumprimento de suas obrigações internacionais em
matéria de direitos humanos.

Monitoramento do Estado
É fundamental que o próprio Estado monitore os compromissos assumidos durante
o ano internacional.
Exemplo
Estado de Goiás: ocorreu uma chacina em um determinado município do interior do
Estado de Goiás. A Polícia Civil do Estado de Goiás é responsável por conduzir a investi-
gação corretamente. Posteriormente, o Ministério Público assume a responsabilidade de
oferecer a denúncia, e o Tribunal de Justiça de Goiás fica encarregado de julgar o caso,
incluindo seu processamento.

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No entanto, as autoridades locais desse município, incluindo a Polícia Civil, o Minis-


tério Público e os juízes de primeira instância, estão, hipoteticamente, ignorando as
denúncias. A investigação está ocorrendo de forma inadequada e lenta. O Ministério
Público não está tomando medidas para acelerar o processo. Além disso, há indícios de
que autoridades do poder Executivo municipal e do Legislativo estão tentando encobrir
o caso, resultando em uma omissão por parte das autoridades locais.
Essa situação constitui uma violação dos direitos humanos. A omissão das autorida-
des locais pode levar a uma responsabilização internacional do Estado brasileiro como
um todo. Portanto, tanto o prefeito do município quanto o delegado da delegacia muni-
cipal poderiam ser responsabilizados pelas ações, que seriam julgadas em um tribunal.
No entanto, a responsabilidade final recai sobre a República Federativa do Brasil. Por
isso, é crucial que haja um monitoramento interno por parte do próprio Estado, em nível
federal, para evitar tais violações e garantir a responsabilização adequada das autorida-
des envolvidas.
Isso destaca a importância de um sistema eficaz de governança e proteção dos direi-
tos humanos em todos os níveis do governo. Neste caso, entra o instituto jurídico pre-
visto no artigo 109, parágrafo quinto, da Constituição Federal, chamado Incidente des-
locamento de competência para Justiça Federal ou federalização (IDC).
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Exemplo 2:
O Procurador-Geral da República identifica que no município Alfa do estado de Goiás,
há uma omissão em relação ao desarmamento, e a autoridade local não está tendo com-
petência e eficácia para aplicar o direito no caso concreto. O que o Procurador-Geral da
República pode fazer nesse caso é suscitar perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ)
em qualquer fase do inquérito ou da ação penal.
Então, o Procurador-Geral da República suscita perante o Superior Tribunal de Jus-
tiça, o chamado incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. Se o
STJ entender que realmente a autoridade local está sendo omissa e que isso pode gerar
uma responsabilidade do Brasil em relação aos compromissos assumidos oficialmente,
o que o STJ fará é federalizar o caso. Isso visa evitar uma condenação nos sistemas de
proteção internacional de direitos humanos, trata-se da federalização.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Thiago Silva Medeiros.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.

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