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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – UNIFAL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA E SOCIEDADE – PPGPS

Hemerson Arceni dos Reis

AÇÃO POPULAR: A IMPORTÂNCIA DO CIDADÃO FRENTE A


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Varginha-MG
2019
Hemerson Arceni dos Reis

AÇÃO POPULAR: A IMPORTÂNCIA DO CIDADÃO FRENTE A


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Projeto apresentado à Comissão de Seleção do Curso de


Pós-Graduação Stricto Sensu em gestão pública e sociedade
(PPGPS) como requisito básico para candidatura à vaga
para turma de 2020. Linha de pesquisa: Estado, sociedade
e movimentos sociais.

Varginha-MG
2019
SUMÁRIO

1 Título do Projeto ................................................................................................... 03


2 Resumo ................................................................................................................ 03
3 Introdução ............................................................................................................. 03
4 Justificativa ........................................................................................................... 05
5 Objetivos............................................................................................................... 05
5.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 05
5.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 05
6 Referencial Teórico .............................................................................................. 05
7 Metodologia........................................................................................................... 08
8 Cronograma .......................................................................................................... 08
9 Referências Bibliográficas .................................................................................... 08
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1. Ação Popular: a importância do cidadão frente ao controle da administração pública

2. Resumo

Atualmente vivemos em um momento onde há um certo desconforto na população com o que


vem ocorrendo nas instituições públicas brasileiras. Por mais que haja um controle de tais
instituições, a maioria dos cidadãos se sentem incapacitados de fazer alguma coisa para
melhorar a situação. Mas ao contrário de que pensam eles têm sim poder para defender seus
direitos e os direitos de todos, prevista na Constituição Federal da República de 1988 a Ação
Popular é um remédio constitucional que visa por meio de qualquer cidadão anular ato lesivo
ao patrimônio público do estado ou de entidade de que o mesmo participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Este trabalho apresenta
como objetivo realizar uma extensa pesquisa sobre a importância do cidadão no controle
público não estatal e tem como metodologia o estudo de revisão bibliográfica, onde serão
utilizados autores que abrangem o cidadão frente ao controle da administração pública e o
objeto por ele utilizado que é a Ação Popular. Com o resultado da pesquisa será possível
concluir que uma maior participação da população no controle de ilegalidades pode ocorrer
uma maior eficiência na administração pública, além de aumentar a credibilidade das
instituições com a participação mais efetiva da população. Com isso conclui-se que a
participação da população mais frequente no controle administrativo é uma ferramenta
fundamental não só para o controle efetivo da administração pública mais serve também para
aumentar a confiança das instituições frente a própria população e assim proporcionar uma
visão mais sólida da participação da sociedade.

Palavras chaves: cidadania, administração pública, controle popular, população

3. Introdução
Frequentemente vemos em noticiários o descaso que certas autoridades fazem com o
patrimônio público, gerando uma grande dúvida na população de até quando é respeitado os
mandamentos étnicos da política, o que coloca interna e externamente em cheque a moralidade
administrativa. Essas ações desencadeiam uma desaprovação geral da população com a atuação
estatal, gerando várias consequências como o desemprego, a redução de investimentos
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estrangeiros no país e afetando vários setores indispensáveis como a saúde, educação, segurança
pública e infraestrutura.
Com isso podemos nos perguntar como o cidadão pode colaborar no combate das
ilegalidades cometidas pelos agentes públicos, embasado nesta pergunta demostro o objeto
deste trabalho que é como enfrentar pelo cidadão, com sua participação, dos atos lesivos ao
patrimônio público e a moralidade administrativa, entendido aqueles que desrespeitem a ordem
constitucional e violem os princípios da administração pública. Esse estudo busca tratar acerca
da Ação Popular (remédio constitucional expressamente previsto no artigo 5°, inciso LXXIII
da Constituição Federal da República) que representa uma forma da democracia participativa
para enfrentar as práticas que contrariam e prejudicam a administração pública e
consequentemente a população brasileira.
O trabalho discorre por meio de uma revisão bibliográfica em um primeiro momento
sobre o ponto central e legitimador da Ação Popular, ou seja, a cidadania. O desenvolvimento
deste tema embasará como ela é vista na atualidade mais também verificará como ela foi
alcançada no tempo, retornando ao passado para analisar a perspectiva histórica da cidadania,
será apresentado então os instrumentos para a concretização da participação do cidadão dentro
da sociedade.
Em um segundo momento será abordada a própria Ação Popular, como ela é exercida,
quem tem a legitimidade para interpô-la, quem tem a competência para julgá-la, aspectos
processuais, origem e como se desenvolveu no tempo, ou seja, será abordada a Ação Popular
na prática com base na lei 4.171/1965 e também ao seu objeto que é a proteção e o controle da
administração pública.
Uma vez debatida as bases essências para compreender o tema proposto, o estudo
abordará no terceiro e último capítulo, o papel fundamental do cidadão em face as práticas
ilegais por ele presenciadas e também as consequências de uma maior participação popular
gerando uma maior credibilidade nas instituições públicas. Ele tem como objetivo o de proteger
a ideia de que, qualquer cidadão tem a legitimidade para colocar em prática um direito que é
inerente a cidadania. O interesse buscado nesse tipo de ação não é somente a realização de um
direito individual e sim mais do que isso, é uma defesa dos direitos difusos, focando no controle
e na fiscalização das autoridades públicas de forma a fazer com que eles cumpram a função
com a devida honestidade que o cargo exige.
Com isso o trabalho serve para concluir o quão importante é a Ação Popular como
instrumento de participação do poder judiciário que permite a qualquer cidadão a participação
do controle estatal anulando atos nocivos a própria população e a administração pública
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valorizando a consciência participativa da população, consciência essa que ocorreu de uma


longa batalha.

4. Justificativa
A reflexão acerca do papel fundamental do cidadão como fiscal da administração
pública é um tema de grande importância na sociedade. Ainda hoje podemos notar o descaso
com que algumas autoridades agem em face do patrimônio público que chega a ser até normal,
dando a entender que a corrupção é um instituto que nasceu junto com a democracia e não que
veio depois com a corrupção de seus titulares. Com o objetivo de atrair a atenção para o tema,
o trabalho estudará o próprio conceito de cidadania no decorrer dos tempos, analisará como
funciona a ação popular e quão é importante a participação do cidadão como um dos
gerenciadores da administração pública contra ilegalidades.

5. Objetivos da pesquisa
5.1 Objetivos Gerais
Demostrar a importância da participação do cidadão no controle da administração pública.
5.2 Objetivos Específicos
Analisar a evolução da cidadania no decorrer dos tempos.
Examinar como a cidadania é vista atualmente.
Demostrar como é importante a Ação Popular como um meio de concretização da participação
popular.
Demostrar como é o andamento de uma Ação Popular na prática.

6. Referencial teórico
A Ação Popular é um instituto processual constitucional para o exercício da cidadania
e “a pratica democrática, que embora prevista no ordenamento jurídico desde os tempos do
império adquiriu importância destacada a partir da promulgação da atual constituição em 1988”
(Silva, 2007, p.32-33), “porque erigiu a moralidade administrativa em fundamento autônomo
para a sua propositura” (Mancuso, 2001, p.100).” Essa modalidade participativa de jurisdição
possibilita ao cidadão agir em nome da coletividade para defesa de interesse que lhe pertença,
recorrendo ao judiciário para defesa do direito coletivo” (Silva, 2008, p.90). Ela não se ampara
em direitos individuais próprios, mais sim em interesses da comunidade, “o beneficiário direto
e indireto desta ação não é o autor; é o povo titular do direito subjetivo ao governo honesto”
(Meirelles, 2003, p.122).
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Em virtude dos princípios da indisponibilidade do interesse público e da supremacia do


interesse público que formam a base do regime jurídico da administração pública a Constituição
Federal da República contém vários dispositivos que fornecem aos administrados a
possibilidade de observarem diretamente ou por meio de entidades ou órgão o andamento da
atuação exercida pela administração pública e consequentemente denunciarem o exercício de
atos prejudiciais tanto ao próprio indivíduo como a coletividade. “A Constituição Federal deve
ser interpretada e aplicada de modo a facilitar o acesso do povo a efetividade das suas normas
e não ao contrário” (Fonseca, 2008, p.79), seguindo o entendimento de Haberle (2002, p.14) “é
impensável uma interpretação constitucional sem o cidadão ativo, porque é a favor dele que se
deve a concretização da constituição”. A Constituição Federal, dando ênfase na participação
popular no controle da administração pública dispões em seu artigo 5° inciso LXXIII que:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;

A Ação Popular é um meio de controle da administração pública, regulada pela lei


4.717/1965 (Lei da Ação Popular). É uma ação judicial que tem como proposito a finalidade de
anular atos lesivos contra o patrimônio público. Ela inclui o cidadão na própria defesa dos bens
públicos pondo em pratica o sentido de estado democrático na defesa dos direitos difusos,
conforme analisa Pedro Lenza (2014, p.1.164):

Assim como o voto, a iniciativa popular, o plesbicito e o referendo, a ação popular,


corroborando o preceituado no art. 1°, parágrafo único da CF/88, constitui um
importante instrumento da democracia e participação política. Busca-se a proteção da
res pública, ou, utilizando uma nomenclatura mais atualizada, tem por escopo a
proteção dos direitos difusos.

Segundo André Luiz Lopes (2013, p.45) “a Ação Popular nasceu da ideia de fazer de
todo cidadão um fiscal da lei, legitimando - o a propor a ação que vise a anular ou declarar
nulos atos lesivos ao patrimônio da união estados e municípios”. Flávia Regina Ribeiro da Silva
(2008, p.69-70) cita que “a redação dada à Ação popular pelo art. 5º, LXXIII, representa uma
das concretizações do princípio da soberania popular, inserto no parágrafo único do art. 1º, da
Constituição Federal de 1988”.
Mais para o exercício da ação popular o indivíduo tem que ter a cidadania que pode ser
definida como um conjunto de deveres e direitos realizados por algumas pessoas que vivem em
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um país, no que diz respeito ao seu poder e grau de participação nos espaços públicos e no seu
direito de nele intervir e transforma-lo. A expressão cidadania originou-se do latim civilitas,
que significa cidade em português. No passado cidadão era aquele que fazia parte ativamente
na cidade, exercendo seus direitos e deveres. “A ação popular, se constitui um instrumento de
exercício da cidadania e forma de concretização do modelo democrático brasileiro”
(TARREGA; FREDERICO, 2006, p.301). Para o site DEDIHC cidadão tem o seguinte
significado:

Juridicamente, cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um


Estado. Em um conceito mais amplo, cidadania quer dizer a qualidade de ser cidadão,
e consequentemente sujeito de direitos e deveres. A relação do cidadão com o Estado
é dúplice: de um lado, os cidadãos participam da fundação do Estado, e, portanto,
estão sujeitos ao pacto que o criou, no nosso caso a Constituição Federal de 1988.
Portanto, sendo o Estado dos próprios cidadãos, os mesmos têm o dever de zelar pelo
bem público e participar, seja através do voto, seja através de outros meios, formais e
informais, do acompanhamento e fiscalização da atuação estatal.

Analisado o conceito de cidadania e a importância do cidadão diante do controle do


setor público por meio do controle popular pode-se notar que o controle exercido somente pelo
judiciário e o controle interno realizado pelos órgão e instituições da administração indireta não
são suficientes e não dão o tom de estado democrático onde a população não participa do meio
onde vive com isso afirma Ana Paula Paes de Paula (2010, p. 515):

O controle público não estatal sobre a corrupção sustenta-se em noção ampla de


legitimidade democrática, em que os processos participativos são fundamentais à
construção da ideia de público. A noção de interesse público, dessa maneira, carrega
força normativa derivada dos processos de deliberação pública nas ordens
democráticas. Não é um conceito formal, compreendido na dimensão da legalidade
posta pelo Estado, mas um conceito substancial, baseado na ideia de que o cidadão
tem algo a dizer sobre a política, o Estado e a sociedade.

É nesse contesto que a ação popular pode ser considerada um importante instrumento
de exercício da cidadania, pois como garantia constitucional ela dá oportunidade ao cidadão de
participar diretamente da vida pública, fiscalizando a administração de forma suplementar, já
que em regra essa função deveria ser exercida pelos seus representantes do poder legislativo.
No mesmo sentido é o pensamento de Luiza Elizabeth Furtado (199, p.19):

Percebe-se que há com a sacramentalização da Ação Popular a solidificação de um


direito político, de democracia direta, pois o cidadão passa a ser o controlador da
legalidade imanente, qual seja o da sua participação na vida política estatal, em ato de
fiscalização da gestão do patrimônio público para que a mesma corresponda aos
princípios da legalidade e moralidade.
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Assim “na medida em que o cidadão se conscientiza que sua participação é fundamental
para a garantia do direito coletivo de ter uma administração honesta” (Silva, 2007, p.90). Assim
demostro o referencial teórico, alertando que com o desenvolver do projeto será incluído mais
autores que trata do presente tema.

7. Metodologia
Foi utilizado o método de pesquisa descritiva com a finalidade de analisar a importância
do cidadão frente ao controle da administração pública através de um estudo profundo do meio
que isso é proporcionado que no presente caso será a Ação Popular, partindo de uma revisão
bibliográfica composta pelos principais autores da área. A finalidade é traçar um “padrão” que
possa ser trabalhado como exemplo e aplicado junto aos objetos empíricos.
Para isso, a pesquisa será baseada em estudos de autores, como por exemplo José Afonso
da Silva, Gilmar Mendes, Pedro Lenza, entre outros pensadores que elaboraram trabalhos
pertinentes ao assunto. Entretanto, é importante salientar que o corpus de autores tende a
aumentar na medida em que a leitura vier sendo desenvolvida.
O estudo terá caráter essencialmente qualitativo, com ênfase na observação e estudo
documental, ao mesmo tempo que será necessário o cruzamento dos levantamentos com toda a
pesquisa bibliográfica já feita.

8. Cronograma
Bimestres
Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8
Elaboração do Projeto X
Revisão Bibliográfica X X X X X X
Aprofundamento Teórico X X X X X X
Relatório de Atividades X X X
Redação do Trabalho X X X
Revisão e Redação Final X
Entrega do Texto Final X
Defesa X

10. Referências Bibliográficas


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BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm/>. Acesso em 10 de
outubro de 2019.

HABERLE. Peter. Hermenêutica Constitucional: A sociedade aberta aos interpretes da


constituição: contribuição para a interpretação pluralista e “procedimental” da
constituição. São Paulo: Safe 1, 2002.

FONSECA. Gilberto Nardi. Ação Popular: Participação popular jurisdicional em defesa


do estado social e da moralidade administrativa. 2008. 154f. Dissertação (mestrado em
direito) Centro universitário Toledo. Araçatuba. 2008.

FURTADO. Luísa Elisabeth. Ação Popular: mecanismo de controle dos atos da


administração pública pelo cidadão. São Paulo: LTr, 1997.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18° Edição. São Paulo. Editora
Saraiva. 2014. Volume único.

LOPES. André Lopes. Ação popular como instrumento do cidadão para prevenção e
reparação do dano ambiental. 2013.118f. Dissertação (mestrado em direito) Escola Superior
Dom Helder Câmara. Belo Horizonte. 2013.

MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ação popular: Proteção do erário, do patrimônio


público, da moralidade administrativa e do meio ambiente. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2001.

MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública,
Mandado de Injunção, Habeas Data, Ação Direta de Inconstitucionalidade, Ação
declaratória de Constitucionalidade. 25.ed. Atualizada por Arnoldo Wald e Gilmar Ferreira
Mendes. São Paulo: Malheiros, 2003.

O QUE É CIDADANIA. Disponível em: <http://


http://www.dedihc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=131. Acesso em 10
de outubro de 2019.

PAES DE PAULA, Ana Paula. Por uma nova gestão pública: reinserindo o debate a partir das
práticas possíveis. In: Alexandre dos Santos Cunha; Bernardo Abreu de Medeiros; Luseni
Cordeiro Aquino. (Org.). Estado, Instituições e Democracia: República. 1ed.Brasília: IPEA,
2010, v. 1.

SILVA, Flávia Regina Ribeiro da. Ação Popular Ambiental. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008.

SILVA, José Afonso da. Ação Popular constitucional: Doutrina e Processo. 2°.ed. São
Paulo: Malheiros, 2007.

TARREGA, Maria Cristina Vidote Blanco; FREDERICO, Sérgio Augusto. Ação Popular no
contexto democrático: Aspectos processuais. In: GOMES JUNIOR. Luiz Manoel; Santos
Filhos, Ronaldo Fenelon (Org). Ação Popular: Aspectos relevantes e controvertidos. São
Paulo: RCS Editora, 2006.
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