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1 Políticas públicas. O ciclo das políticas públicas (construção de agenda, formulação da


política, processo decisório, implementação e avaliação) ........................................................ 1
2 Processos participativos de gestão pública: conselhos de gestão, orçamento participativo,
parceria entre governo e sociedade ....................................................................................... 16
2.1 Governo Aberto (Decreto nº 10.160/2019 - Institui a Política Nacional de Governo Aberto
e o Comitê Interministerial de Governo Aberto) ...................................................................... 21
3 Governo Digital (Decreto nº 10.332/2020 - Institui a Estratégia de Governo Digital para o
período de 2020 a 2022, no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal
direta, autárquica e fundacional). ........................................................................................... 24
4 Planejamento nas organizações públicas. 4.1 O ciclo do planejamento (análise do
ambiente, objetivos estratégicos, missão, visão, valores) ....................................................... 33
4.2 O ciclo do planejamento em organizações (PDCA) ...................................................... 51
5 Gestão por resultados na produção de serviços públicos ............................................... 57
6 Princípios de governabilidade e governança. 6.1 Intermediação de interesses (clientelismo,
corporativismo e neocorporativismo). ..................................................................................... 63
6.2 Decreto nº 9.203/2017 (Dispõe sobre a política de governança da administração pública
federal direta, autárquica e fundacional) ................................................................................. 70
7 Corrupção e políticas públicas: fatores que influenciam a incidência de corrupção e fatores
que promovem a qualidade das políticas públicas. 8 Papel das instituições nas políticas
públicas .................................................................................................................................. 76
9 Indicadores de políticas públicas .................................................................................... 85

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Apostila gerada especialmente para: Rafael Ribeiro Monteiro 822.090.810-68
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1 Políticas públicas. O ciclo das políticas públicas (construção de agenda,
formulação da política, processo decisório, implementação e avaliação)

Políticas Públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado
diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar
determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico
ou econômico.
Para Seichi1 as Políticas Públicas, analiticamente, ocorrem com o monopólio de atores estatais,
segundo esta concepção, o que determina se uma política é ou não “pública” é a personalidade jurídica
do formulador, em outras palavras, é política pública somente quando emanada de ator estatal.
As Políticas Públicas são formadas para atender as demandas da sociedade nas mais diversas áreas
ou seguimentos, a iniciativa ocorre por parte dos poderes executivo e legislativo. A lei que institui uma
política pública pode, se necessário, assegurar a participação da sociedade na criação, no processo, no
acompanhamento e na avaliação da lei, a participação pode ocorrer em forma de conselhos estabelecidos
no âmbito municipal, estadual ou federal.
O quadro a seguir apresenta alguns conceitos de Políticas Públicas dados por estudiosos da área, os
conceitos se integram e completam o significado ainda que em diferentes períodos:

Autor Definição de Políticas Públicas Ano


Campo dentro do estudo da política que analisa o governo
Mead 1995
à luz de grandes questões públicas.
Conjunto específico de ações do governo que irão
Lynn 1980
produzir efeitos específicos
Soma das atividades dos governos, que agem
Peters diretamente ou através de delegação, e que influenciam 1986
as vidas dos cidadãos.
Dye O que o governo escolhe fazer ou não fazer. 1984
Responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por
Laswell 1958
que e que diferença faz.
Fonte: Oliveira (2012).

Assim as Políticas Públicas podem ainda ser consideradas como “outputs”2 como tratado na linguagem
dos processos estabelecidos em uma organização, elas são resultados das atividades políticas.
A política pública difere da decisão política, há uma necessidade de envolver diversas ações
estratégicas para se implementar decisões tomadas e não apenas uma escolha entre outras alternativas,
sendo assim, nem todas as decisões políticas podem ser consideradas como políticas públicas.
A complexidade da sociedade moderna ocorre devido a fatores como: idade, religião, sexo, estado
civil, renda, escolaridade, profissão, ideais, interesses, costumes, e tudo isso causa em algum momento
uma série de conflitos.
O gerenciamento desses conflitos pode assegurar a sobrevivência e progresso da sociedade como
um todo, e isto é estabelecido por meio da política. Segundo Seichi3, organizações privadas, organizações
não governamentais, organismos multilaterais, redes de políticas públicas (policy networks), juntamente
com atores estatais, são protagonistas no estabelecimento das políticas públicas.

Dica: Política Pública é um conceito que comporta diferentes expressões, existem várias definições
esclarecedoras a respeito, que são importantes para formar uma ideia geral sobre o que seja política e
política pública.

Convém lembrar que Política Pública é diferente de política, porque Política é ampla, envolve um
conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e que se destinam à
resolução pacífica dos conflitos quanto a bens públicos, já Política Pública possui soluções/ações
específicas.

1 SECCHI, L.; Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos. SP: Cengage Learning, 2010.
2 Saídas
3 SECCHI, L.; Políticas Públicas: Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos. SP: Cengage Learning, 2010.

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Os instrumentos que compõem as Políticas Públicas são:
- Planejamento: os planos são direcionados a estabelecerem as diretrizes, prioridades e objetivos em
geral, ao estabelecerem os planos são firmadas metas estratégicas para períodos longos.
- Execução: os programas são estabelecidos buscando atender objetivos gerais com foco em um
determinado tema, público, conjunto ou área.
- Monitoramento: o monitoramento é realizado por meio de ações que visam alcançar determinados
objetivos preestabelecidos no programa.
- Avaliação: as atividades de avaliação são estabelecidas com o objetivo de avaliar os resultados ou
percursos alcançados a partir dos objetivos preestabelecidos.

Atores das Políticas Públicas


Esse é o nome dado aos grupos que apresentam as reivindicações que possivelmente poderão ser
convertidas em Políticas Públicas, as ações estabelecidas por este grupo levam aos dirigentes os
interesses da sociedade e promovem uma integração dos grupos com o Sistema Político.
Esses atores são todas as pessoas, grupos ou instituições que, direta ou indiretamente participam da
formulação e implementação de uma política. Os envolvidos no processo de discussão, criação e
execução das Políticas Públicas podem ser classificados como estatais ou privados:
- Estatais: são os procedentes do Governo ou do Estado, alguns foram eleitos pela sociedade por um
período determinado (os políticos eleitos) e outros atuarão de forma permanente exercendo funções
públicas no Estado (servidores). Os servidores teoricamente deveriam atuar de forma neutra, sem agir de
acordo com os interesses pessoais, mas sim contribuindo de modo essencial para um bom desempenho
das ações governamentais.
- Privados: são os procedentes da Sociedade Civil, eles não possuem um vínculo direto com a
administração do Estado, esse grupo é formado por sindicatos de trabalhadores, sindicatos patronais,
entidades de representação da Sociedade Civil Organizada, a imprensa, os centros de pesquisa, entre
outros.

Ao longo dos anos as mudanças que ocorreram na sociedade como um todo levaram o Estado a
ampliar seu papel de atuação que concentrava-se na segurança pública e defesa externa em caso de
ataques inimigos. Essa ampliação foi tomada pela democracia e pelas novas responsabilidades que
levaram o Estado a atuar pelo bem-estar da sociedade como um todo.
As atividades realizadas pelo Estado no exercício e busca pelo bem-estar comum são desenvolvidas
nas mais diversas áreas como: saúde, trabalho, educação, meio ambiente, segurança, etc.
Dessa forma, as políticas públicas são ações que buscam atingir resultados nessas diversas áreas e
consequentemente promover o bem-estar da sociedade, sendo assim, elas podem ser compreendidas
como um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da
sociedade, que é a soma das ações, metas e planos que os governos estabelecem buscando alcançar o
bem-estar da sociedade.
A maneira pela qual a sociedade expressa os interesses e necessidades é através de solicitações aos
grupos organizados. Essas necessidades são apresentas aos vereadores/deputados/senadores, e estes
levam os interesses e demandas da sociedade aos prefeitos/governadores/presidente da República,
membros do Poder Executivo escolhidos para representar a sociedade e atender ao bem-estar coletivo.
Os grupos organizados podem ser chamados de Sociedade Civil Organizada, incluindo também
sindicatos, associações, entidades empresariais, associações patronais e ONGs em geral.
Vivemos em uma sociedade que se caracteriza por uma grande diversidade, ou seja, diferentes
valores, cultura, costumes, religião, idade, sexo, profissão, interesses e ainda por inúmeras necessidades
com uma quantidade escassa de recursos.
A formação de grupos que possuem interesses comuns é um caminho muito comum para criar força
e se organizar para reivindicar direitos e melhorias para a sociedade, é importante que essas ações sejam
sempre estabelecidas de acordo com as conformidades da legislação vigente.
Levando em conta que as necessidades são ilimitadas faz-se necessário ao formulador de políticas
públicas selecionar as prioridades de modo que as políticas sejam então respostas que atendam as
expectativas e demandas da sociedade voltando o governo para o atendimento dos interesses públicos
da sociedade buscando assim atender o bem-estar da sociedade.
Os interesses apresentados pelos grupos aos dirigentes do governo podem ser específicos para
atender uma parte específica do grupo de pessoas, como por exemplo a construção de uma creche, ou
um sistema de captação de águas, ou mesmo de interesse geral da sociedade, como por exemplo, a
necessidade de melhorias na saúde pública ou na questão da segurança.

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A apresentação das demandas e interesses não significa necessariamente que serão atendidas mas
a força, justificativas ou o impacto com que as reivindicações chegam aos dirigentes pode demonstrar a
urgência e importância de tal ação para o grupo ou a sociedade.

Modelos de Tomada de Decisão em Políticas Públicas

As decisões são escolhas entre diferentes cursos de ações possíveis, normalmente uma pessoa faz
escolhas diariamente para diferentes situações ou circunstâncias e isso também ocorre no contexto
organizacional, essas decisões têm inúmeras implicações, inclusive no alcance de resultados e no
consumo de recursos da empresa.
O estudo sistemático do processo decisório pode maximizar as chances de decisões boas a serem
tomadas e minimizar as chances de serem tomadas decisões que tragam consequências negativas para
a organização.
Com a finalidade de descobrir a melhor decisão para determinadas situações, cabe ao indivíduo
tomador de decisões construir o máximo de alternativas possíveis para que então possa escolher o melhor
caminho otimizando e possibilitando o crescimento e desenvolvimento da empresa nesse contexto de
competitividade agressiva.

Etapas para Solução de Problemas


Seguir critérios racionais e etapas estabelecidas pode ser um caminho para resolução de problemas
e tomada de decisões no contexto organizacional. Abaixo foram litadas as etapas da solução de
problemas e as principais técnicas de cada uma.
Deve-se primeiramente realizar a identificação do problema ou da oportunidade, pode ser
caracterizada pela existência de um obstáculo ao alcance de objetivos organizacionais, por uma nova
oportunidade, por um problema nos processos de trabalho ou por um acontecimento qualquer que exija
uma decisão e, subsequentemente, a adoção de determinadas ações.
O diagnóstico do problema consiste na caracterização do problema, devemos entender o problema,
seu contexto, suas causas e suas consequências ante de iniciar o processo de resolução. Chiavenato
destaca condições sob as quais a decisão pode ser tomada: 4
1. Incerteza: situação em que o tomador de decisão tem pouca ou nenhuma informação a respeito da
probabilidade de ocorrência de cada evento futuro.
2. Risco: é a situação em que sabemos a probabilidade de ocorrência de um evento, mas que
tomamos diferentes decisões, de acordo com os riscos que estamos dispostos a assumir. Por exemplo:
na prova desse concurso, se cair uma questão que trate de um assunto acercado do qual nunca ouvimos
falar, e todas as alternativas parecem igualmente plausíveis, temos 20% de chance de acertar e 80% de
chance de errar. Para marcar o gabarito, cada um adotará uma tática, considerando os riscos e benefícios
envolvidos. Neste caso, a intuição, que vimos anteriormente, também pode estar presente.
3. Certeza: é a situação em que temos sob controle todos os fatores que afetam a tomada de decisão,
aqui sabemos quais são os riscos e probabilidades de ocorrência de eventos, temos informações acerca
de custo, sabemos quais são os fatores potencializadores e restritivos, e possuímos estudos de
viabilidade das alternativas etc.
4. Turbulência: é a condição para tomada de decisão que ocorre quando as metas não são claras ou
quando o meio ambiente muda muito depressa.

Decisões Racionais
As decisões ordenadas de forma lógica são chamadas de decisões racionais, uma vez que seguem
critérios para escolher a melhor alternativa buscando os melhores resultados com os menores custos,
algumas características são a busca pelo resultado e evitar a incerteza.
É necessário considerar que não é possível obter todas as informações de modo a tomar uma decisão
cem por cento racional, considerando que nem todas as variáveis estão sob nosso total controle.

Decisões Intuitivas
As decisões baseadas em sentimentos, intuição, percepção são chamadas de decisões intuitivas, esse
tipo de decisão normalmente ocorre quando as informações, dados não são suficientes para se tomar
uma decisão racional ou mesmo quando não há tempo para se analisar todas as variáveis.
São muitos os fatores que afetam uma decisão, tais como: custos, fatores políticos, objetivos, riscos
que podem ser assumidos, tempo disponível para decidir, quantidade de informações disponíveis,

4 CHIAVENATO, I.; Administração nos novos tempos. 2ª ed., RJ: Elsevier, 2004.

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viabilidade das soluções, autoridade e responsabilidade do tomador de decisão, estrutura de poder da
organização entre outros.

Decisões Programadas e Não Programadas


As decisões podem ainda ser programadas ou não programadas, as programadas são aquelas para
a qual a organização dispõe de soluções padronizadas e preestabelecidas. São tomadas com base em
regras e procedimentos preestabelecidos aplicam-se a problemas rotineiros, cujas soluções podem ser
previstas. Neste caso, não seguiremos as etapas de decisão, pois o diagnóstico já foi identificado,
aconselha-se no contexto organizacional tomar o maior número possível de decisões programáveis.
Já as decisões não programáveis ou não programadas são aquelas referentes a problemas inéditos,
novos ou problemas que as soluções programadas não são capazes de resolver. As transformações que
ocorrem no mundo organizacional contribuem para que decisões não programáveis sejam
frequentemente necessárias, esse tipo de decisão exige que sejam seguidas todas as etapas de tomada
de decisão (identificação do problema, diagnóstico etc.).

Há tipos de decisão quanto ao nível organizacional em que ela é tomada, assim:


- Decisões Estratégicas: são aquelas mais amplas, referentes à organização como um todo e sua
relação com o ambiente, elas são tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e possuem consequências
de longo prazo.
- Decisões Táticas: ou chamadas também de administrativas, são tomadas nos níveis das unidades
organizacionais ou departamentos.
- Decisões Operacionais: são aquelas tomadas no dia-a-dia, relacionadas a tarefas e aspectos
cotidianos da realidade organizacional.
- Decisões Autocráticas: são decisões tomadas sem discussões, acordos e debates. O tomador de
decisão deve ser um gerente ou alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É uma forma rápida
de tomada de decisão e não devem ser questionadas. Muitas vezes, são decisões de cunho estritamente
técnico.
- Decisões Compartilhadas: são aquelas decisões tomadas de forma compartilhada, entre gerente e
equipe. Têm características marcantes, tais como o debate, participação e busca de consenso. Podem
ser consultivas, quando a decisão é tomada após a consulta, ou participativa, quando a decisão é tomada
de forma conjunta.
- Decisões Delegadas: são tomadas pela equipe ou pessoa que recebeu poderes para isso. As
decisões delegadas não precisam ser aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa ou grupo
assume plena responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a informação, a maturidade, as
qualificações e as atitudes suficientes para decidir da melhor maneira possível.

Serão apresentadas abaixo cinco etapas sequenciais no processo de decisão, este processo começa
com a identificação da situação e vai até monitoração e feedback.

1ª Etapa - Reconhecimento: ocorre aqui a identificação/diagnóstico da situação, é a etapa mais difícil,


pois é necessário reconhecer um problema e/ou oportunidade. Ela é fundamental porque, se não for bem-
feita, todo trabalho de uma equipe será perdido, essa etapa é considerada a mais difícil das cinco etapas
do processo decisório.

2ª Etapa - Planejamento: nessa etapa acontece o desenvolvimento de alternativas, ou seja, aqui são
elaboradas as alternativas de ação. Faz-se necessária a elaboração de alternativas porque é a partir
delas que uma decisão deverá ser tomada, e sem elas, não existe decisão a ser tomada. Para facilitar
essa etapa, pode ser desenvolvido um instrumento gráfico, denominado “árvore de decisão”, que avalia
as alternativas disponíveis (esse processo é normalmente usado quando há muitas alternativas a serem
discutidas).

3ª Etapa - Avaliação: ocorre aqui a avaliação e escolha das alternativas, que foram desenvolvidas na
etapa anterior. Nesta etapa, deverá ser feita uma análise das vantagens e desvantagens das alternativas
desenvolvidas, e é importante destacar que realmente deve-se avaliar as vantagens e as desvantagens
de cada alternativa utilizando senso crítico ao avaliar as alternativas.

4ª Etapa - Decisão e implementação: faz-se a seleção e depois a implementação, ou seja, nessa


etapa é o momento de selecionar a melhor alternativa. Uma vez escolhida, deve-se anunciá-la com
confiança e de forma decisiva, pois caso contrário poderá ser despertado um sentimento de insegurança

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nos outros. Para a implementação da alternativa escolhida, deve-se também, verificar o momento
oportuno de implementá-la, é um erro comum implementar a alternativa escolhida na época errada.

5ª Etapa - Controle: ocorre aqui a monitoração e o feedback, para que se alcance os resultados
desejados e para um bom controle do andamento e do processo, faz-se necessário a avaliação dos
resultados da decisão. Nessa etapa é necessário humildade, pois em se verificando que os resultados
não atingiram o esperado é preferível admitir o erro que manter a decisão, pois as consequências poderão
ser danosas.

Modelos de Tomada de Decisão


Com relação as Políticas Públicas, os modelos de tomada de decisão são classificados como:

Modelo Incremental: segundo informações do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão


(MPOG), o modelo de tomada de decisão incremental pode ser visto como um processo político
caracterizado pela barganha e pelo compromisso entre decisores auto orientados. As decisões limitam-
se a decisões sucessivas anteriores, sendo, portanto, apenas marginalmente diferentes das anteriores.
Dessa forma, ocorreriam apenas mudanças incrementais no status quo.
O modelo incremental traz duas constatações ao processo de políticas públicas:
1) Por mais adequada que seja a fundamentação técnica de uma alternativa, a decisão envolve
relações de poder;
2) Os governos democráticos não possuem efetivamente liberdade total na alocação de recursos
públicos.

A principal crítica a este modelo se refere à sua pouca compatibilidade com as necessidades de
mudanças necessárias à gestão de programas e projetos, podendo gerar prejuízos à eficiência do Estado
e legitimar um viés conservador no processo decisório.

Modelo Racional: segundo ainda informações do MPOG, neste modelo, a tomada de decisão segue
as seguintes atividades sequenciais:
- Um objetivo para solucionar um problema é estabelecido.
- Todas as estratégias alternativas para alcançar o objetivo são exploradas e listadas.
- Todas as sequências significantes de cada alternativa estratégica são previstas e as probabilidades
dessas consequências ocorrerem são estimadas.
- Por fim, a estratégia que parece resolver o problema ou que o resolve com menor custo é selecionada.

Esse modelo parte de um pressuposto ingênuo de que a informação é perfeita e não considera limites
cognitivos em se analisar todas as opções de políticas. Tampouco, considera adequadamente o peso das
relações de poder na tomada de decisões. Os decisores, muitas vezes, são obrigados a selecionar
políticas públicas em bases políticas, ideológicas ou aleatoriamente, sem referência a padrões de
eficiência.

Tipos de Políticas Públicas

Veja como Oliveira5 explica as os tipos de políticas públicas:

Políticas Distributivas: referem-se a decisões alocativas, sem contrapartidas fiscais, esse tipo de
política implica nas ações cotidianas que todo e qualquer governo precisa fazer. Ela diz respeito à oferta
de equipamentos e serviços públicos, mas sempre feita de forma pontual ou setorial, de acordo com a
demanda social ou a pressão dos grupos de interesse.
São exemplos de políticas públicas distributivas: as podas de árvores, os reparos em uma creche,
a implementação de um projeto de educação ambiental ou a limpeza de um córrego, dentre outros. O seu
financiamento é feito pela sociedade como um todo através do orçamento geral de um estado.

Políticas Regulatórias: disciplinam aspectos da atividade social, esse tipo consiste na elaboração
das leis que autorizarão os governos a fazerem ou não determinada política pública redistributiva ou
distributiva. Se estas duas implicam no campo de ação do poder executivo, a política pública regulatória
é, essencialmente, campo de ação do poder legislativo.

5 OLIVEIRA, A.F. Políticas Públicas Educacionais: conceito e contextualização numa perspectiva didática. SINPRODF. 2012.

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Políticas Redistributivas: são aquelas que de várias formas (transferências, isenções, etc.)
redistribuem recursos de qualquer natureza, entre grupos sociais. Consistem em redistribuição de renda
em forma de recursos e financiamentos de equipamentos e serviços públicos.
São exemplos de políticas públicas redistributivas: os programas de bolsa-escola, bolsa-
universitária, cesta básica, renda cidadã, isenção de IPTU e de taxas de energia/água para famílias
carentes, dentre outros.
Do ponto de vista da justiça social o seu financiamento deveria ser feito pelos estratos sociais de maior
poder aquisitivo, de modo que se pudesse ocorrer, portanto, a redução das desigualdades sociais. No
entanto, por conta do poder de organização e pressão desses estratos sociais, o financiamento dessas
políticas acaba sendo feito pelo orçamento geral do ente estatal (união, estado federado ou município).

Políticas Constitucionais: estabelecem procedimentos para a adoção de decisões públicas e


relações entre os vários aparatos do Estado. Cada tipo de política pressupõe uma arena de poder
diferente, uma rede diferente de atores, uma diferente estrutura decisional e um contexto institucional
diferente.

Fases das Políticas Públicas

As fases das Políticas Públicas também são conhecidas como “Processo de Formulação de
Políticas Públicas” ou “Ciclo das Políticas Públicas”. Veja na tabela a seguir, as cincos fases das
Políticas Públicas:

1ª Fase Formação da Agenda: seleção das prioridades.


2ª Fase Formação de Políticas: apresentação das alternativas ou soluções.
3ª Fase Processo de Tomada de Decisão: determinação ou escolha das ações.
4ª Fase Implementação: execução das ações.
5ª Fase Avaliação: verificação dos resultados alcançados.
Fonte: Elaborado com base no SEBRAE.

1ª Fase - Formação de Agenda: dá-se o nome de formação de agenda para o procedimento de


escolha da lista com os principais problemas da sociedade a serem tratados. Estabelecer quais os
assuntos ou questões serão tratadas pelo Governo é fundamental, uma vez que, ilimitados são as
reivindicações e interesses da sociedade em meio a uma limitada quantidade de recursos.
Faz-se necessário definir as questões a serem tratadas bem como reconhecer aquelas que não serão
levadas adiante, alguns elementos poderão ser levados em conta para a inserção de um problema na
Agenda Governamental. Veja os exemplos abaixo:

Exemplo 1: se um número elevado de pequenas empresas encerra os negócios nos primeiros meses
de existência, uma política pública voltada especificamente para esta situação poderia ser criada como
medida de controle ou influência.

Exemplo 2: acontecimentos como crimes violentos podem levar a população a uma comoção, o
impacto social causado por evento específico pode levar os dirigentes do governo a estabelecerem ações
que possam evitar a repetição do ato ocorrido.

O feedback das ações governamentais que podem contribuir para o apontamento de falhas em
medidas adotadas pelo programa avaliado ou outros programas que não receberam atenção
governamental.
O período onde ocorre transição entre os governos pode ser considerado como um período onde a
agenda passa por mudanças, diante desta circunstância faz-se necessário valorizar e dedicar maior
atenção aos temas já selecionados como mais relevantes entre as demandas da sociedade.
Porém ainda que uma questão esteja selecionada na Agenda Governamental, isso não significa
obrigatoriamente que será dedicada uma atenção especial ou prioridade. Isso normalmente ocorrerá
quando outros fatores são somados a esta questão como, por exemplo, mobilização popular, vontade
política, percepção dos custos de não se resolver a questão versus os custos de resolver.

2ª Fase - Formulação de Políticas: faz-se necessário definir quais caminhos ou ações deverão ser
tomadas para solucionar uma situação já vista como um problema inserido na Agenda Governamental.

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Diante da realidade mencionada anteriormente compreende-se que esse processo nem sempre é
tomado como um processo pacífico, embora as ações ou medidas tomadas sejam favoráveis e de
interesse de determinado grupo/parte da sociedade, outros grupos poderão considerar as ações não
favoráveis aos seus interesses e necessidades.
Por isso, definir os objetivos da política, os programas e metas a serem desenvolvidas fazem-se
importantes e necessárias, ainda que provoque rejeições de várias propostas de ação.
As decisões devem ser tomadas após ouvir o corpo técnico da administração pública, considerando
recursos materiais, econômicos, técnicos, pessoais, e ainda após verificação do posicionamento dos
grupos sociais.

Veja abaixo alguns importantes passos para a elaboração de Políticas Públicas:


- A conversão de estatísticas em informação relevante para o problema;
- Análise das preferências dos atores; e
- Ação baseada no conhecimento adquirido.

Deve haver uma comunicação entre o responsável pela elaboração da Política Pública e os atores
envolvidos no contexto com o propósito de facilitar a formulação de propostas, onde ela irá ser implantada
e requerer a eles uma proposta sobre qual seria a melhor forma de proceder. As diversas opiniões
poderão servir como um banco de ideias que poderão apontar o caminho desejado por cada segmento
social.
Uma análise objetiva precisa ser realizada com relação as opiniões do grupo e ainda considerar a
viabilidade técnica, legal, financeira e política. Comparar e medir as alternativas, os riscos, a eficácia e
eficiência pode conduzir a um melhor atendimento aos interesses e objetivos sociais.

3ª Fase - Processo de Tomada de Decisão: embora seja necessário tomar decisões em todos os
momentos no ciclo de Políticas Públicas, esta fase concentra-se em um importante momento de ação em
resposta aos problemas escolhidos para a Agenda. Definem-se os recursos e o prazo temporal da ação
política. As formalizações das escolhas são expressas por meio de leis, normas, resoluções, decretos, e
outros atos da administração pública.
É importante ressaltar que na terceira fase ou processo de tomada de decisão, verificam-se os
procedimentos a seguir antes de tomar a decisão. Faz-se necessário decidir aqueles que participarão do
processo e ainda se o mesmo será aberto ou fechado. Se for aberto faz-se necessário verificar se ocorrerá
participação dos beneficiários, se a decisão será ou não tomada por votação, e em qual grau direto ou
indireto.
As decisões serão fortemente influenciadas por diferentes formas de decisão e diferentes
controladores da Agenda.
Pesquisadores e estudiosos desenvolveram modelos que poderão amenizar erros e elevar eficiência
desse processo. Dentre os diversos modelos, cabe a Abordagem das Organizações, que pressupõe que
o governo é um conjunto de organizações dos mais diversos níveis, dotadas de maior ou menor
autonomia. A forma dos governos perceberem problemas são os sensores das organizações, e as
informações fornecidas por tais sensores se constituem em recurso para se solucionar os problemas
inseridos nesse modelo, as Políticas Públicas passam a ser entendidas como resultado da atuação das
organizações.
Assim, os atores são as próprias organizações que concorrem em termos de poder e influência para
promover a sua perspectiva e interpretação dos problemas tratados. Sob este enfoque, explicam-se as
decisões basicamente como o resultado de interações políticas entre as organizações burocráticas. As
soluções ajustam-se aos procedimentos operacionais padronizados, ou seja, às rotinas organizacionais.
Segundo esse modelo, uma boa decisão seria aquela que permitisse a efetiva acomodação de todos
os pontos de conflito envolvidos naquela Política Pública. Os principais atores, ou seja, aqueles que têm
condições efetivas de inviabilizar uma Política Pública devem ter a convicção de que saíram ganhando.
Na pior hipótese, nenhum deles deve se sentir completamente prejudicado. Na prática, isso requer que
os atores que podem impedir a execução devem sentir que poderão não ter ganhos reais mas, ao menos,
não terão prejuízos com a política proposta.

4ª Fase - Implementação: Na quarta fase, na implementação ocorre a transformação do planejamento


e das escolhas em atos. O principal responsável pela execução da política ou ação direta é o corpo
administrativo. Devem realizar a aplicação, o controle e o monitoramento das medidas já definidas.
Dependendo da postura do corpo administrativo a política poderá sofrer mudanças drásticas durante este

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período/fase. Mencionaremos aqui dois modelos de implementação das Políticas Públicas, o de cima
para baixo e o de baixo para cima.
De Cima para Baixo: aplicação descendente, do governo para população. Este modelo representa
um modelo centralizado onde um número muito pequeno de funcionários participa das decisões e pode
opinar sobre a forma da implementação das Políticas Públicas. As decisões tomadas pela administração
pública devem ser cumpridas sem quaisquer questionamentos.
De Baixo para Cima: aplicação ascendente, da população para o governo. Este modelo representa
um modelo descentralizado. Ocorre participação dos beneficiários ou usuário final das políticas em
questão. O contato direto com aqueles que serão os beneficiários, o cidadão, permite uma perspectiva
participativa nas Políticas Públicas.

Nesta fase deve-se chamar a atenção para fatores que podem comprometer a eficácia das políticas,
as disputas de poder entre as organizações, os fatores internos e externos que podem afetar o
desempenho das organizações, suas estruturas, sua preparação formal.
Dentre os fatores de disputas entre as organizações, destacam-se a quantidade de agências ou
organizações envolvidas no acompanhamento e controle das políticas e o grau de cooperação ou
lealdade entre elas.
Quanto maior o número de organizações envolvidas na execução de uma política, maior será o número
de comandos ou ordens que tem de ser expedidas e, consequentemente, o tempo demandado para a
realização das tarefas, a extensão da cadeia de comando mede-se pelo número de decisões que é
necessário adotar para que o programa funcione.
A extensão de comando afeta o grau de cooperação entre as organizações, tornando o controle e
monitoração do processo de implementação mais complexo e difícil. Dessa forma, quanto mais elos
(agências e organizações da administração pública envolvidas na execução de tarefas) tiver a cadeia de
comando (canais de transmissão das ordens para execução das tarefas) mais sujeita a deficiências estará
a implementação de políticas.
Dentre os fatores internos que afetam as organizações, podemos enumerar, em primeiro lugar, as
características estruturais das agências burocráticas (recursos humanos, financeiros e materiais) e a
relação entre quantidade de mudanças exigidas por uma política e extensão do consenso sobre seus
objetivos e metas.
As características das agências abrangem aspectos objetivos (como tamanho, hierarquia, autonomia,
sistemas de comunicação e de controle) e qualitativos (como a competência da equipe e a vitalidade de
seus membros).
Essas características estruturais são responsáveis não apenas pela eficácia na execução das tarefas
como também pela compreensão mais ou menos precisa dos implementadores acerca da política e pela
abertura ou adaptabilidade da organização às mudanças.
Quanto ao segundo fator interno, cabe destacar a existência de consenso dentro da burocracia, com
efeito, a relação entre a quantidade de mudanças exigidas afeta inversamente o consenso sobre a
política, ou seja, quanto mais mudanças no padrão de interação dos atores ou nas estruturas forem
necessárias, menor será o consenso sobre como atingi-las. Isso afeta negativamente o grau de
cooperação entre as organizações e a lealdade da burocracia aos formuladores, provocando deficiências
e deturpações na implementação das Políticas Públicas.
Os fatores externos, por fim, também afetam as Políticas Públicas, com efeito, a opinião pública, a
disposição das elites, as condições econômicas e sociais da população e a posição de grupos privados
podem tornar problemática a execução das políticas.
A indiferença e descaso gerais, a resistência passiva ou a mobilização intensa contra as medidas
podem configurar uma conjuntura negativa que prejudique a aplicação dos objetivos e metas propostas
na política. Para melhor se entender isso, é importante ressaltar quais características possuem os
indivíduos que podem contribuir para o aparecimento dos fatores externos.
Além da diferença na escala social (grupos de alta, média ou baixa posição), as características mais
importantes dos atores políticos são: a racionalidade, os interesses e as capacidades que possuem para
agir. Se entendermos essas três características, entenderemos como ocorre a formulação de Políticas
Públicas na prática.
A racionalidade é a capacidade de um Grupo Social (um ator) definir estratégias e cursos de ação para
alcançar seus objetivos. Os interesses representam as preferências de um dado ator por uma certa
política com a qual possui mais afinidade em detrimento de outras que desconhece ou não possui
simpatia.

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A capacidade reflete os recursos (carisma, possibilidade de mobilização, liderança, unidade, acesso
aos meios de comunicação) que um ator possui na sua relação com seus representados, o que faz com
que a sociedade ouça seus argumentos e os leve em consideração (ou não).

5ª Fase - Monitoramento ou Avaliação: o fato de que o “Monitoramento e Avaliação” são


classificados como a quinta fase não significa que suas atuações ocorram somente no final. A avaliação
pode ser realizada em todos os momentos do ciclo de Políticas Públicas. O constante exercício do
monitoramento e avaliação pode contribuir para o sucesso das ações governamentais e para a
maximização dos resultados obtidos com os recursos. O monitoramento e avaliação tem vital importância
no processo de percepção sobre quais ações tendem a elevar melhores resultados.

O monitoramento e a avaliação permitem à administração:


- Corrigir e prevenir falhas;
- Prestar contas de seus atos;
- Justificar as ações e explicar as decisões;
- Gerar informações úteis para futuras Políticas Públicas;
- Fomentar a coordenação e a cooperação entre esses atores;
- Identificar as barreiras que impedem o sucesso de um programa;
- Promover o diálogo entre os vários atores individuais e coletivos envolvidos; e
- Responder se os recursos, que são escassos, estão produzindo os resultados esperados e da forma
mais eficiente possível;

O processo de avaliação de uma política leva em conta seus impactos e as funções cumpridas pela
política, busca determinar sua relevância, analisar a eficiência, eficácia e sustentabilidade das ações
desenvolvidas, e ainda serve como um meio de aprendizado para os atores públicos.
Os impactos se referem aos efeitos que uma Política Pública provoca nas capacidades dos atores e
grupos sociais, por meio da redistribuição de recursos e valores, afetando interesses e suas estruturas
de preferências. A avaliação de impacto analisa as modificações na distribuição de recursos, a magnitude
dessas modificações, os segmentos afetados, as contribuições dos componentes da política na
consecução de seus objetivos.
A avaliação de uma política também deve enfocar os efeitos que esses impactos provocam e que se
traduzem em novas demandas de decisão por parte das autoridades, com o objetivo de anular ou reforçar
a execução da medida. Também é importante analisar se a política produziu algum impacto importante
não previsto inicialmente, bem como determinar quais são os maiores obstáculos para o seu sucesso.
Quanto às funções cumpridas pela política, a avaliação deve comparar em que medida a Política
Pública, nos termos em que foi formulada e implementada, cumpre os requisitos de uma boa política.
Idealmente, uma boa política deve cumprir as seguintes funções:
- Promover e melhorar os níveis de cooperação entre os atores envolvidos;
- Constituir-se num programa factível, isto é, implementável;
- Reduzir a incerteza sobre as consequências das escolhas feitas;
- Evitar o deslocamento da solução de um problema político por meio da transferência ou adiamento
para outra arena, momento ou grupo;
- Ampliar as opções políticas futuras e não presumir valores dominantes e interesses futuros nem
predizer a evolução dos conhecimentos. Uma boa política deveria evitar fechar possíveis alternativas de
ação.

Para se determinar a relevância de uma política deve se perguntar se as ações desenvolvidas por ela
são apropriadas para o problema enfrentado.
Para se analisar a eficácia e eficiência de um programa, uma avaliação deve buscar responder se os
produtos alcançados são gerados em tempo hábil, se o custo para tais produtos são os menores possíveis
e se esses produtos atendem aos objetivos da política. Quanto à sustentabilidade, uma política deve ser
capaz de que seus efeitos positivos se mantenham após o término das ações governamentais na área
foco da Política Pública avaliada.
Por fim, é importante se apreender, dentre outras coisas, quais seriam outras alternativas de ações
que poderiam ter sido adotadas – e que poderão ser em intervenções futuras – e quais lições se tirar da
experiência – tanto daquilo que deu certo como do que deu errado.
A avaliação pode ser dividida de forma interna ou externa. A primeira divisão se dá entre a avaliação
interna – que é conduzida pela equipe responsável pela operacionalização do programa – e a externa –
feita por especialistas que não participam do programa.

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A vantagem da primeira se dá devido ao fato de que, ao estarem inseridos no programa, a equipe terá
maior conhecimento sobre ele, além de acesso facilitado às informações necessárias, o que diminui o
tempo e os custos da avaliação.
Em contrapartida, a equipe envolvida no programa pode não contar com a separação do objeto
avaliado, necessária para se garantir a imparcialidade. Já a avaliação externa tem como ponto fraco o
tempo necessário para se familiarizar com o objeto de estudo, porém conta com imparcialidade maior.

A segunda divisão se refere ao objetivo da avaliação, e pode ser formativa, quando se busca
informações úteis para a equipe na parte inicial do programa, ou a somativa, que busca gerar informações
sobre o valor ou mérito do programa a partir de seus resultados, para que a autoridade responsável possa
tomar sua decisão de manter, diminuir, aumentar ou encerrar as ações do programa.

Controle Social

Transparência e Participação social: Os novos Arranjos de Políticas e Políticas Públicas


A complexidade das políticas públicas tem originado iniciativas pontuais, fragmentadas e
descontinuadas no tempo, em face das constantes mudanças decorrentes de influências políticas e da
incapacidade de resolver consistentemente os problemas que são postos pela sociedade para o Estado
e para a Administração Pública, e essa é a imagem da política pública transmitida pelos meios de
comunicação.
No Brasil vigora e está em desenvolvimento um regime democrático, os princípios democráticos
refletem profundamente no modo como as políticas públicas são desenvolvidas e implementadas. Em
regimes democráticos é importante considerar que existem condições essenciais a serem observadas e
respeitadas no que tange à gestão de interesses públicos por meio de políticas públicas.

Os fundamentos democráticos que contextualizam e parametrizam o desenvolvimento de


políticas públicas são:
a) o jogo político ocorre com base em regras preestabelecidas, haja vista que as ações e decisões
políticas são pautadas direta ou indiretamente por regras constitucionais;
b) as eleições são periódicas e têm como base o sufrágio (voto) universal – logo, constituem fontes de
manifestação de preferências e escolhas do eleitorado sobre amplos programas de governo de políticas
públicas;
c) os mandatos dos eleitos são limitados temporalmente e quanto ao alcance de decisões e ações, o
que exige a definição de consistentes linhas de ação, preferencialmente, institucionalizadas em legislação
e instrumentos orçamentários de longo prazo para que as políticas públicas tenham continuidade;
d) a prevalência da vontade da maioria da população, limitada por regras preestabelecidas, é que
determinará que tipos de políticas públicas serão priorizadas em cada governo;
e) a oposição tem participação legítima do jogo político e deve ter condições de assumir o poder por
meio do voto popular – logo, sempre terá importância o seu papel de crítica sobre como estão sendo
conduzidas políticas públicas e como propositora de diferentes agendas a serem cumpridas caso venha
a assumir o poder;
f) os representantes são responsáveis frente ao eleitorado, de modo que ao cidadão sempre caberá o
direito de cobrar a criação de novas políticas púbicas de seu interesse e pela eficiência e eficácia das já
existentes;
g) os clássicos direitos civis (direito à vida, liberdade, segurança, igualdade, dentre outros) são
garantidos – logo, exigem ações concretas dos governantes para manutenção de políticas públicas
permanentes para que os cidadãos os desfrutem na sua plenitude.

Os elementos acima ganharam força na condução dos interesses públicos, principalmente a partir dos
fundamentos da Reforma Gerencial de 1995, com a Reforma Gerencial houve claro delineamento sobre
o papel da administração pública e o perfil de atuação do Estado na gestão de políticas públicas.
Nessa concepção a administração pública não se restringe à execução de rotinas ou ao gerenciamento
de órgãos públicos: ela é bem mais ampla que isso, compreende a estrutura organizacional do Estado,
em seus três poderes. O Estado, por sua vez, é mais abrangente, compreende também o sistema
constitucional-legal, que regula a população nos limites de um território.
Portanto, a concepção, a implementação e a avaliação de políticas públicas devem ser balizadas pelos
condicionantes de um regime democrático. A gestão pública deixa de ser voltada para somente rotinas e
procedimentos burocráticos internos para se colocar também como meio para que governantes, políticos,
administradores e sociedade a utilizem para viabilização de políticas públicas capazes de fortalecer a

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democracia por meio da elevação dos níveis de justiça social e fomentar o desenvolvimento econômico
sustentável.
A ampliação das discussões e a abertura de espaços para novos participantes com influências na
concepção e implementação de políticas públicas deve ser regra na democracia, pois “se democracia é
participação dos cidadãos, uma participação insuficiente debilita-a” (Bobbio et al., 1998).

Por que a participação é tão importante no processo de formação de políticas públicas?


A falta de participação torna difícil para os agentes públicos e governantes perceberem demandas não
expressas pelo número reduzido de cidadãos que se manifestam nas esferas políticas, essa falta de
percepção dos problemas enfrentados pela sociedade fragiliza a produção legislativa que regula a
distribuição de recursos entre grupos na sociedade.
Numa situação como essa, existe a tendência de que os recursos públicos sejam direcionados para
os poucos cidadãos que participam dos processos políticos de elaboração de políticas públicas em
detrimento da maioria da população não participante, o que gera falta de legitimidade dos governos
perante a sociedade.
Assim, como o nosso sistema é democrático, não há alternativa diferente para compreender as
políticas públicas e utilizá-las para fazer cumprir o que constitucionalmente foi determinado. Veja a
importância da participação que vem sendo atribuída na elaboração do Plano Plurianual federal e de
alguns estados e municípios. É o cidadão e a sociedade civil organizada obtendo um espaço para priorizar
a alocação de recursos orçamentários em políticas que consideram prioritárias.
Antes de ser vista como coisa de políticos, a política deve ser compreendida por servidores públicos,
agentes políticos e cidadãos, para que consigam se instrumentalizar, se capacitar e se articular com
eficiência com vistas a planejar e executar ações públicas capazes de encontrarem um mínimo de
legitimidade, eficiência e eficácia perante a sociedade.
Como a Administração Pública trabalha para o público, não pode esperar, principalmente dos que
detêm cargos com capacidade decisória, que “um chefe” diga o que e como fazer política pública.
Desenvolver políticas públicas é, portanto, atividade que envolve políticos, administradores e servidores
públicos, e cidadãos.
No processo de transformação de modos de governo centralizado para governos mais
descentralizados, a governança passou a significar um modo de governo distinto do modelo de controle
hierárquico, característico do Estado intervencionista.
A acepção atual de governança diz respeito a um novo estilo de governo, distinto do modelo de controle
hierárquico. Está relacionada a governos que atuam procurando maior grau de cooperação e de interação
entre o Estado e os atores não estatais em redes decisórias mistas situadas na intersecção entre o espaço
público e o espaço privado.
A governança expande o foco para incluir atores públicos, privados e da sociedade civil como
componentes essenciais do processo de governo, daí na nova governança a abertura de espaços e de
canais institucionais para ampliação da participação nos processos de concepção e implementação de
políticas públicas é consequência lógica no processo de fortalecimento da democracia brasileira.

DICA: A nova governança pública representa um novo modo de governar: mais democrático, mais
participativo, mais descentralizado e com maior número de atores participantes.

A gestão pública brasileira vive um intenso processo de transformação, ainda sob a influência principal
da redemocratização do país e da reforma do Estado, que tem na descentralização um de seus eixos
principais para aproximação da ação pública das reais aspirações da sociedade.
No âmbito local, surgem tendências de crescente constituição de estruturas organizacionais em forma
de rede envolvendo organizações estatais, não governamentais e privadas para atuarem
cooperativamente em contextos de múltiplas e sobrepostas jurisdições.
As relações entre tais organizações têm fundamentos que vão além de simples relações contratuais.
Num processo de negociação contínua em longos períodos tende a haver formação de laços
sociopolíticos em que a confiança entre os atores assume papel relevante; logo, as relações se
diferenciam substancialmente daquelas constituídas em regras puras de mercado.
Nessa linha, estudos têm mostrado que o resgate da importância do município na definição e condução
de políticas públicas e na gestão do território está, cada vez mais, exigindo a concepção de novas formas
de intervenção voltadas ao atendimento das necessidades locais, assim como a incorporação de uma
multiplicidade de novos atores na articulação dos interesses da comunidade.
A qualidade da gestão local passa a depender da capacidade de obtenção de equilíbrios dinâmicos
nas articulações entre atores internos, integrantes do próprio poder público, e externos, oriundos da

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iniciativa privada ou da sociedade em geral, participando da concepção e implementação de políticas
públicas.
As estruturas locais de governança são vistas mais como iniciativas orgânicas que mecanicistas, logo,
a forma de gestão de iniciativas locais tende a ser descentralizada e distribuída. Esta lógica da
governança leva à constituição de configurações únicas de conjuntos de atores em torno de projetos
específicos.
Os projetos, neste caso, apresentam a peculiaridade de ir além da atuação das organizações e, ao
mesmo tempo, serem conduzidos sob uma lógica própria de gestão desenvolvida em espaço de
intersecção de condicionantes do setor público e do setor privado local.
Nessa nova perspectiva de condução das atividades estatais, no Brasil apostou-se no controle social
realizado por meio de comissões/conselhos de cidadãos para avaliação da qualidade de serviços,
possibilitando, deste modo, influir nas mudanças da gestão dos equipamentos sociais.
A gestão de serviços tende a ser deixada a cargo da comunidade, das organizações não
governamentais ou mesmo de especialistas e voluntários, com patrocínio parcial de empresas com
objetivos de melhorar sua imagem e evitar efeitos negativos dos problemas sociais que pudessem atingi-
las. Ao Estado caberia manter o funcionamento e controle dessas políticas por meio de uma burocracia
preparada para tal função.
Com a Reforma do Estado de 1995 foi dado início ao processo de publicização, como incentivo à
constituição de organizações híbridas de propriedade pública não estatal, submetidas ao controle social,
para ocupar o espaço compreendido entre o Estado e a sociedade para prestação de serviços sociais e
competitivos.
Nesse sentido, a chamada Lei do Terceiro Setor (Lei n° 9.790/1999), instituiu o Termo de Parceria
como instrumento de regulação das relações entre o poder público e as entidades qualificadas como
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.
O objetivo foi formar vínculos de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução de políticas
públicas e de atividades de interesse público. Além disso, essa lei reforçou a atuação dos Conselhos de
Políticas Públicas nos diferentes níveis de governo ao determinar a necessidade de consultas a eles
quanto à intenção de firmar Termos de Parceria com organizações privadas e do terceiro setor.
Um ponto positivo nesse processo de descentralização da gestão de políticas públicas foi instituição e
ampliação da atuação dos conselhos como espaços públicos (não estatais). Isso sinalizou para a
possibilidade de representação de interesses coletivos na cena política e na definição da agenda pública,
apresentando um caráter híbrido, uma vez que são, ao mesmo tempo, parte do Estado e da sociedade.
Esses conselhos, como canais institucionalizados de participação política, de controle público sobre a
ação governamental, de deliberação legalmente aceita e de publicação das ações do governo, marcam
uma reconfiguração das relações entre Estado e sociedade que, idealmente, busca a
corresponsabilização quanto ao desenho, monitoramento e avaliação de políticas públicas.
Ao lado de vários outros conselhos já institucionalizados que figuram como arena de manifestação da
sociedade civil dentro de um novo espaço “público não estatal” de interseção entre Estado e a Sociedade,
a Lei de Responsabilidade Fiscal ampliou as instituições democráticas, ao trazer a figura dos Conselhos
de Gestão Fiscal.
Tais conselhos são integrados por representantes do Estado, além de contar com a presença do
Ministério Público e entidades representativas da sociedade, que têm como função a promoção de
avaliação continuada da gestão.
Embora com funcionamento ainda precário, esses conselhos se apresentam como instrumentos de
controle social sobre o Estado ao viabilizarem um canal de participação da população na formulação,
implementação e no controle da execução de políticas públicas mais concatenadas com as demandas
dos segmentos sociais a que se destinam.
Os conselhos de políticas públicas funcionam como uma espécie de fórum para negociação e captação
de demandas de grupos sociais, possibilitando a participação pública de segmentos menos
representativos.

As principais dificuldades enfrentadas pelos conselhos são:


- A desigualdade de condições entre seus participantes;
- A ausência de garantia de que suas decisões sejam efetivamente implementadas; e
- A ausência de instrumentos jurídicos que imponham ao Poder Executivo o cumprimento das decisões
emanadas dos conselhos.

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Não obstante a precariedade, os conselhos como bem explicitam Iglesias e Souza6 (Pinho et al, 2006),
representam arranjos que podem vir a viabilizar caminhos para maior proximidade dos cidadãos em
direção à formulação e implementação de políticas públicas, bem como da prestação de serviços pelo
governo.

DICA: Esses conselhos existem nas políticas públicas mais bem estruturadas. Têm amparo legal com
atribuições definidas e atuam mais no planejamento e fiscalização. Em regra são paritários (50% de
participantes públicos e 50% não públicos), e nem todos são obrigatórios.

O aumento das atividades associativas voluntárias propiciou a distribuição mais equitativa de serviços
do governo, e o fortalecimento da cidadania e da democracia no Brasil. Exemplo disso foi a criação de
mais de 170 projetos de orçamento participativo instalados, a instalação de cerca de 5000 conselhos de
saúde, e de milhares de comissões de planejamento urbano.7
Além disso, são realizadas audiências públicas em diferentes âmbitos dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário para tratar de assuntos que afetam interesses coletivos.
No contexto das políticas há mudanças na concepção sobre a natureza dos serviços prestados e novas
propostas são aplicadas para fazer frente a novos desafios, como a ampliação de espaços de cidadania,
com atenção a minorias excluídas, aliadas à ampliação e reconstrução da esfera de atuação dos governos
locais dentro de um processo de reconstrução da esfera pública, orientado para a democratização da
gestão das políticas públicas.8
A democracia brasileira vai, assim, deixando de ser uma democracia de elites para se transformar em
uma democracia de opinião pública na qual já podem ser percebidas características da democracia
participativa ou republicana, na medida em que se multiplicam os processos participativos oriundos de
organizações da sociedade civil, sejam elas públicas não estatais, de controle e advocacia social, ou
corporativas, como associações representativas de interesses e sindicatos.
Nesse sentido, os governos locais assumem assim um papel de coordenação e de liderança,
mobilizando atores governamentais e não governamentais e procurando estabelecer um processo de
‘concertação’ de diversos interesses e de diferentes recursos em torno de objetivos comuns.
Através dos novos arranjos institucionais assim constituídos tende a crescer a perspectiva de
sustentabilidade de políticas públicas que, de outra forma, poderiam sofrer solução de continuidade a
cada mudança de governo.
O enraizamento das políticas em um espaço público que transcende a esfera estatal reforça a
possibilidade de políticas de longo prazo, com repercussões sobre a eficiência e a efetividade das políticas
implantadas.9
Não obstante os conselhos e a formação de novos arranjos de governança e de gestão pública, ainda
persistem profundamente arraigadas culturalmente tendências de condução dos interesses públicos “a
portas fechadas”.
Os espaços efetivos para os cidadãos se fazerem presentes ainda, por um lado, são bastante
diminutos e, por outro, a maioria dos cidadãos ainda não detêm suficiente clareza sobre os seus direitos
em relação à administração e aos administradores públicos.

Outros Aspectos de Políticas Públicas

Instituições Públicas
Quase todas as políticas públicas são executadas por instituições públicas, essas instituições têm
papel decisivo: influenciam as decisões com seu poder, condicionam as decisões com sua estrutura,
limitam as decisões com suas normas, e impõem seu estilo próprio de agir. Portanto, as instituições
influenciam na escolha, na forma e na implementação das políticas públicas.
Instituições, políticos, gestores e servidores não são neutros: cada um tem seus interesses e nem
sempre esses interesses são harmônicos.

DICA: As instituições impõem limites e procuram moldar o comportamento dos atores na direção que
lhes interessa.

6 IGLESIAS, D.; e SOUZA, A. C. P. de; Governo Eletrônico, Transparência, Accountability e Participação: o que portais de governos estaduais no Brasil mostram.
2005.
7 AVRITZER, L. Sociedade Civil e Democratização. Belo Horizonte: Del Rey, 1994.
8 FARAH, M. F. S. Parcerias, novos arranjos institucionais e políticas públicas no nível local de governo. RAP- Revista de Administração Pública, 2001.
9 Idem

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É comum abordar o aspecto da racionalidade nas instituições: A racionalidade substantiva utiliza
valores absolutos e preocupa-se com a efetividade dos resultados, mas nessa ótica os fins não justificam
os meios. É utilizada por políticos e refere-se à ética da convicção.
Na racionalidade instrumental, funcional ou da conveniência, os fins justificam os meios, nessa ótica
os valores não são absolutos (os valores são conscientes), e busca-se selecionar os melhores meios que
possibilitem alcançar os resultados desejados, é típica das Organizações e refere-se à ética da
responsabilidade.

Pluralismo e Elitismo: O pluralismo admite a existência de diversos grupos de poder e pressão e


entende que as soluções podem ser diferentes para os mesmos problemas. O pluralismo beneficia as
minorias organizadas.
O Elitismo compreende a tese de que apenas poucas pessoas detêm o poder, definem e controlam as
políticas públicas com a finalidade de obter vantagens. É a denominada elite dominante, em que os
interesses da população são relegados a um segundo plano.

Carona: Em políticas públicas, carona é aquele cidadão que se beneficia das políticas públicas sem
ter concorrido para isso. Ex.: políticas de preservação do meio ambiente, de controle da qualidade do ar,
etc. Carona também é o cidadão que não paga os impostos que financiam a produção de bens/serviços
pelo Estado e mesmo assim utiliza esses bens/serviços produzidos. Ex.: serviços de saúde, de educação
etc.
O carona é irracional do ponto de vista da sociedade, mas racional sob a ótica do indivíduo/carona,
visto que os cidadãos procuram obter os melhores benefícios com um mínimo de custo ou esforço.
O carona também se aplica a entes estatais como Estados-membros e Municípios. Ex.: Investir menos
em programas sociais para não atrair beneficiários de outros entes, ou, até mesmo, forçar cidadãos da
comunidade a buscar atendimentos em outros Municípios e/ou Estados-membros.

Empresário Político: São empresários/atores de origem diversa que têm disposição e recursos para
investir em políticas públicas que lhes favoreçam ou gerem algum benefício. O empresário pode ser um
político (eleito ou não), jornalistas, lobistas, servidores públicos, acadêmicos, etc.

DICA: O empresário político, em regra, não é um comercial/industrial.

Equilíbrio Interrompido: utiliza-se esse termo para explicar as políticas públicas que são
implementadas por longos períodos, mas que em determinado momento são interrompidas em face de
instabilidades que provocam mudanças nas políticas anteriores.

Tipos de Demandas: considera três tipos de demandas: as demandas novas resultam do surgimento
de novos atores políticos ou de novos problemas; as demandas recorrentes se referem a problemas não
resolvidos ou mal resolvidos, que retornam com frequência ao debate e à agenda governamental; e as
demandas reprimidas contemplam problemas já existentes que não foram considerados problemas, mas
apenas um “estado de coisas”.
Questões

01. (DETRAN-MT - Administrador – UFMT) Políticas Públicas consistem em:


(A) Outputs resultantes da atividade política, em áreas como emprego, educação, segurança e saúde.
(B) Procedimentos formais e informais que expressam relações de poder na solução de conflitos.
(C) Centros de competências instituídos para o desempenho de funções estatais, por meio de seus
agentes.
(D) Procedimentos que permitem aos gestores públicos tornar públicas suas ações, garantindo-lhes
transparência.

02. (ANVISA - Técnico Administrativo – CETRO) A respeito das Políticas Públicas, é correto afirmar
que
(A) geram bens públicos e privados.
(B) são o resultado da atividade política.
(C) não possuem aspecto coercitivo.

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(D) leis orgânicas municipais são políticas públicas.
(E) Estados e Municípios priorizam a ocupação do que se convencionou denominar a high politics.

03. (BANPARÁ - Assistente Social – EXATUS) Sobre conselhos de Políticas Públicas, julgue as
alternativas e assinale a INCORRETA:
(A) Os conselhos, nos moldes definidos pela Constituição Federal de 1988, são espaços públicos com
força legal para atuar nas políticas públicas, na definição de suas prioridades, de seus conteúdos e
recursos orçamentários, de segmentos sociais a serem atendidos e na avaliação dos resultados.
(B) A composição plural e heterogênea, com representação da sociedade civil e do governo em
diferentes formatos, caracteriza os conselhos como instâncias de negociação de conflitos entre diferentes
grupos e interesses, portanto, como campo de disputas políticas, de conceitos e processos, de
significados e resultantes políticos.
(C) Os conselhos são canais importantes de participação coletiva, que possibilitam a criação de uma
nova cultura política e novas relações políticas entre governos e cidadãos.
(D) Os conselhos representam o esvaziamento das responsabilidades públicas do Estado, de
qualificação das instâncias de representação coletivas, de fragmentação do espaço público, de
despolitização da política e de processos que fragilizam a capacidade de a sociedade civil exercer pressão
direta sobre os rumos da ação estatal.
(E) Em termos da tradição política brasileira, os conselhos de políticas públicas são arranjos
institucionais inéditos, uma conquista da sociedade civil para imprimir níveis crescentes de
democratização às políticas públicas e ao Estado, que em nosso país têm forte trajetória de centralização
e concentração de poder.

04. (TJ-GO - Analista Judiciário – FGV) O conceito de política pública e seus diversos significados
seguem uma tradicional classificação, que divide em ciclos essa atividade estatal e o seu processo. A
perspectiva “de cima para baixo” tem suas raízes no modelo de estágios, que devem ser claramente
distintos.
Um desses estágios é o da implementação da política pública, que pode ser definido como:
(A) o processo de julgamentos deliberados sobre a validade de propostas para a ação pública;
(B) o processo de execução e efetuação, que pressupõe um ato anterior e direcionado à consecução
de objetivos;
(C) a determinação do caminho definitivo para a solução do problema que a originou;
(D) a discrepância entre o status quo e uma situação ideal possível;
(E) o conjunto de problemas ou temas que a comunidade política percebe como merecedor de
intervenção pública.

05. (DPE-RJ - Técnico Superior Especializado – Administração – FGV) Os modelos de elaboração


de Políticas Públicas que aspiram à generalidade desconsideram o fato de que diferentes ambientes
sociais, que configuram a situação em que é feita a escolha da política, aparentemente levam os
tomadores de decisão a fazer opções significativamente distintas. Deste modo, para que haja
adequabilidade de um modelo teórico, deve-se levar em conta que:
(A) não existe diferença entre a busca de um modelo para os países desenvolvidos e os países em
desenvolvimento.
(B) o analista deve vincular-se com rigidez a um modelo em particular, não devendo, necessariamente,
ter que observar os aspectos do ambiente em estudo.
(C) nem sempre há necessidade de identificar e estruturar os aspectos da política a ser analisada.
(D) esse modelo deve estar ligado às metas fixadas e como produto da participação das massas.
(E) na elaboração de políticas, as percepções e os interesses dos atores individuais estão presentes
em todos os estágios.

Gabarito

01.A / 02.B / 03.D / 04.B / 05.E

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Comentários

01. Resposta: A
Políticas Públicas consistem em:
a) “Outputs resultantes da atividade política, em áreas como emprego, educação, segurança e saúde".
Os tais dos outputs podem ser traduzidos, à luz da Análise de Políticas Públicas (APP), como resultados,
produtos e, até mesmo, como as próprias políticas públicas (objeto da APP). CERTO.
b) "Procedimentos formais e informais que expressam relações de poder na solução de conflitos". Esta
é a definição de política. ERRADO.
c) "Centros de competências instituídos para o desempenho de funções estatais, por meio de seus
agentes". Esta é a definição para órgãos públicos. ERRADO.
d) "Procedimentos que permitem aos gestores públicos tornar públicas suas ações, garantindo-lhes
transparência". Trata-se de atos administrativos que, inerentemente, respeitam o princípio da publicidade
(contratos, relatórios, prestação de contas etc.) ou, mesmo, de sistemas informatizados de transparência
pública que promovam accountability, tais como o Portal da Transparência ou outro tipo de ferramenta de
Governo Aberto e de Gestão da Informação. ERRADO.

02. Resposta: B
Para atingir resultados em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, os governos se
utilizam das Políticas Públicas que podem ser definidas da seguinte forma: Políticas Públicas são um
conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de problemas da sociedade
Dito de outra forma, as Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos que os governos
(nacionais, estaduais ou municipais) traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público.
É certo que as ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os tomadores de decisões) seleciona
(suas prioridades) são aquelas que eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade.
Ou seja, o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade.
Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar deforma integral. Ela faz solicitações
(pedidos ou demandas) para os seus representantes (deputados, senadores e vereadores) e estes
mobilizam os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como prefeitos, governadores
e inclusive o próprio Presidente da República) para que atendam as demandas da população.

03. Resposta: D.
Os conselhos de políticas públicas não representam o esvaziamento das responsabilidades públicas
do Estado, ele funcionam como uma espécie de fórum para negociação e captação de demandas de
grupos sociais, possibilitando a participação pública de segmentos menos representativos.

04. Resposta: B.
A fase da Implementação é conhecida por ser a fase da execução das ações, ou seja, onde ocorre a
transformação do planejamento e da escolhas em atos, podendo ser de “de cima para baixo” (aplicação
descendente) onde pressupõe um ato anterior e direcionado à consecução de objetivos.
05. Resposta: E.
Na elaboração das Políticas Públicas deve haver uma comunicação entre o responsável pela
elaboração da Política Pública e os atores envolvidos no contexto com o propósito de facilitar a formulação
de propostas, onde ela irá ser implantada e requerer a eles uma proposta sobre qual seria a melhor forma
de proceder.

2 Processos participativos de gestão pública: conselhos de gestão, orçamento


participativo, parceria entre governo e sociedade

Processos Participativos de Gestão Pública

Os Processos Participativos de Gestão Pública, são formas de gestão política que expandem o
processo de tomada de decisão da sociedade, entendendo que a democracia não se dá apenas nos

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16
processos eleitorais, que ocorrem de quatro em quatro anos, mas também na construção das bases
orientadoras da política, na definição de prioridades e controle social de sua implementação.10
A legislação brasileira, após a implantação da Constituição Federal em 1988 (CF)11, assegurou várias
possibilidades de participação na gestão pública para os cidadãos. São exemplos de processos
participativos previstos na legislação:
- Os conselhos de políticas públicas;
- As conferências;
- As audiências; e
- As consultas públicas.

De acordo com o artigo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)12, o texto constitucional
de 1988 é um marco na democratização e no reconhecimento dos direitos sociais, articulada com tais
princípios, a CF alargou o projeto de democracia, compatibilizando princípios da Democracia
Representativa e da Democracia Participativa, e reconhecendo a participação social como um dos
elementos-chave na organização das políticas públicas.
De fato, com a CF a participação social passa a ser valorizada não apenas quanto ao controle do
Estado, mas também no processo de decisão das políticas sociais e na sua implementação, em caráter
complementar à ação estatal. Desde então, a participação social tem sido reafirmada no Brasil como um
fundamento dos mecanismos institucionais que visam garantir a efetiva proteção social contra riscos e
vulnerabilidades, assim como a vigência dos direitos sociais.
Com maior ou menor sucesso, esta foi uma das importantes inovações institucionais ocorridas no
Brasil pós-Constituinte. A garantia de direitos sociais nos campos da educação, saúde, assistência social,
previdência social e trabalho foi acompanhada da consolidação de uma nova institucionalidade com o
objetivo principal de assegurar a presença de múltiplos atores sociais, seja na formulação, na gestão, na
implementação ou no controle das políticas sociais. Três enunciados resumem os sentidos que passam
a tomar a participação no que se refere aos direitos sociais, à proteção social e à democratização das
instituições que lhes correspondem:
1) A participação social promove transparência na deliberação e visibilidade das ações,
democratizando o sistema decisório;
2) A participação social permite maior expressão e visibilidade das demandas sociais, provocando um
avanço na promoção da igualdade e da equidade nas políticas públicas; e
3) A sociedade, por meio de inúmeros movimentos e formas de associativismo, permeia as ações
estatais na defesa e alargamento de direitos, demanda ações e é capaz de executá-las no interesse
público.

A importância da Participação da Sociedade


A ampliação dos processos participativos está pautada pelos princípios da inclusão, do pluralismo e
da justiça social, procurando responder problemas não resolvidos pela democracia representativa, ou
seja, a não representação de vários interesses existentes na sociedade.
Apesar de vivermos em uma democracia, o acesso aos serviços de garantia dos direitos sociais, por
exemplo, ainda não se dá de forma equitativa13 em nossa sociedade. Os processos participativos, neste
contexto, podem captar interesses e informações por vezes não percebidos nos processos
representativos, embora fundamentais para garantir os direitos dos cidadãos.
Se por um lado os processos participativos são importantes para captar melhor as demandas,
interesses e problemas sociais, por outro, permitem a formação dos cidadãos, ampliando a visão acerca
da realidade, bem como dos aspectos que limitam ou facilitam a ação dos governos.
A participação social teria, portanto, um papel relevante tanto no que diz a respeito à expressão de
demandas como em relação à democratização da gestão e da execução das políticas sociais. A
consolidação desta participação, na última década, efetuou-se principalmente por meio dos diferentes
formatos de conselhos e dos diversos mecanismos de parceria colocados em prática nas políticas sociais.
A constituição de conselhos e parcerias no interior destas políticas responde a impulsos variados que
atuaram sobre sua criação e desenvolvimento.

10
http://www.deolhonosplanos.org.br/processos-participativos/
11
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm - Acesso em 25.10.2019
12
http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/Cap_8-10.pdf
13
Equitativo é um adjetivo da língua portuguesa e refere-se ao que é justo, equivalente, imparcial e igual. De acordo com a definição, ser equitativo está
relacionado com o "ser justo", em um sentido moral e/ou ético. Ser honesto e imparcial. No entanto, a partir de uma análise filosófica do termo, o filósofo grego
Aristóteles diz que o "ser equitativo" é superior ao justo.

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17
Os conselhos surgem, sobretudo, das demandas de democratização da sociedade em face do
processo decisório que permeia as políticas sociais. Já as parcerias, por sua vez, inspiram-se
em uma demanda de reorganização da intervenção do Estado no campo social, em busca de
maior igualdade, equidade ou eficiência.

Estes impulsos, entretanto, longe de convergirem em torno de princípios comuns, tendem a se


contradizer em diversos aspectos, consolidando importantes tensões tanto internas (tensões que se
desenvolvem no interior de cada um destes espaços de participação), quanto externas (tensões que se
estabelecem entre os dois espaços, conselhos e parcerias.)
No primeiro caso, a demanda de democratização implicou a reafirmação da ideia da democracia
participativa, de representação social junto às instâncias do Poder Executivo, como também a ampliação
desses espaços decisórios. A necessidade de representação da pluralidade de atores junto a uma
determinada política pública, reduzindo a lacuna entre aqueles que atuam nos diversos níveis de decisão
e seus beneficiários, passou a ser amplamente reconhecida.
A demanda pela participação social nos processos decisórios das políticas sociais consolidou-se, na
CF, por meio da determinação da gestão democrática e participativa, e institucionalizou-se na esfera
federal com a criação de Conselhos Nacionais.
Estes colegiados, criados ou reorganizados durante a década de 1990, foram integrados por
representantes do Estado e da sociedade, e ocupam um espaço, no interior do aparato estatal, de
apresentação e processamento de demandas, expressão e articulação de interesses, concertação e
negociação, de acompanhamento e controle da política e, em muitos casos, de decisão.
Sendo assim, podemos concluir que por trás do aparente consenso em torno da relevância da
participação social, existem divergências de concepções sobre suas virtualidades e dificuldades e, em
especial, sobre a capacidade de somar-se ao Estado em busca de uma maior justiça social.

Conselhos de Gestão14

Os conselhos gestores de políticas públicas são institutos importantes de participação pública e


decorrentes da Constituição Federal de 1988. O objetivo principal desses conselhos é aproximar a
sociedade do Estado e influenciá-lo numa atuação segundo demandas sociais. São de composição plural
e paritária, assim, devem funcionar como um colegiado institucionalizado, federal, estadual ou municipal,
de forma a incentivar troca de experiências e fiscalização, onde a sociedade pode cobrar e colaborar com
programas, projetos e ações voltadas à implantação e efetivação de políticas públicas.
Segundo Gohn, os princípios constitucionais de participação popular, as legislações regulamentadoras
das políticas sociais e o processo de descentralização estimularam a implantação de diversos conselhos
setoriais nos estados e municípios. De uma maneira mais simples, o autor explica que os conselhos são
canais de participação que articulam representantes da população e membros do poder público estatal
em práticas que dizem respeito à gestão pública.15
Os Conselhos de Gestão, ou também chamados de Conselhos Gestores, se originam de demandas
populares e de pressões da sociedade civil pela redemocratização do país, é por isso que eles possuem
uma grande importância atualmente.
Esses conselhos estão inscritos na CF na qualidade de instrumentos de expressão, representação e
participação da população. As novas estruturas inserem-se, portanto, na esfera pública e, por força de
lei, integram-se com os órgãos públicos vinculados ao poder executivo, voltados para políticas públicas
específicas, assim sendo responsáveis pela assessoria e suporte ao funcionamento das áreas onde
atuam. Eles são compostos por representantes do poder público e da sociedade civil organizada e
integram-se aos órgãos públicos vinculados ao Executivo.
Sendo novos instrumentos de expressão, representação e participação, os conselhos de gestão são
dotados de potencial de transformação política. Se efetivamente representativos, poderão imprimir um
novo formato às políticas sociais pois relacionam-se ao processo de formação das políticas e à tomada
de decisões.
Com os conselhos, é gerado uma nova institucionalidade pública, pois eles são capazes de criar uma
nova esfera socialpública ou pública não-estatal. Isto é, um novo padrão de relações entre Estado e
sociedade porque viabilizam a participação de segmentos sociais na formulação de políticas sociais, e
possibilitam à população o acesso aos espaços onde se tomam as decisões políticas.
A legislação em vigor no nosso país atualmente preconiza, desde o ano de 1996, que, para o
recebimento de recursos destinados às áreas sociais, os municípios devem criar seus conselhos. Esta ai
14
http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/urbano/gohn.pdf
15
GOHN, Maria da Glória. Os Conselhos de Educação e a Reforma do Estado. Em Conselhos Gestores de Políticas Públicas. São Paulo, Pólis, 2000.

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18
a explicação porque a maioria dos conselhos municipais surgiu após esta data. Nos municípios, as áreas
básicas dos conselhos gestores são: educação, assistência social, saúde, habitação, criança e
adolescente.

Orçamento Participativo16

O orçamento participativo (OP) é um mecanismo governamental de democracia participativa que


permite aos cidadãos influenciar ou decidir sobre os orçamentos públicos, geralmente o orçamento de
investimentos de prefeituras municipais para assuntos locais, através de processos de participação da
comunidade. Os resultados costumam ser obras de infraestrutura, saneamento, serviços para todas as
regiões da cidade.
Segundo Montero17, o sistema federativo brasileiro assegura aos municípios a transferência de cerca
de 15% de todos os gastos públicos, o que ajuda a explicar por que movimentos sociais, ONGs,
associações comunitárias e políticos dedicam tanta atenção aos orçamentos municipais. Os prefeitos
dispõem de considerável autonomia, o que permite que desenvolvam novos programas com um grau
mínimo de interferência por parte das instâncias legislativas municipais, as câmaras de vereadores.

Benefícios do Orçamento Participativo


No orçamento participativo, o poder de decisão passa da alta burocracia e de pessoas
influentes para toda a sociedade, e isso reforça a vontade popular para a execução das políticas públicas,
outro benefício do orçamento participativo é a prestação de contas do Estado aos cidadãos.
O OP reforça a transparência por meio da publicação de informações orçamentárias e pela prestação
de contas das autoridades e dos delegados, esses mecanismos geram confiança e melhoram a qualidade
da governança nas cidades, e assim, contribuem para reduzir a corrupção e o mau gasto dos recursos
públicos. Porém, os maiores benefícios são o desenvolvimento de uma cultura democrática dentro da
comunidade e fortalecimento da sociedade local, inclusive na criação de lideranças locais que
representam a vontade das suas comunidades.
Sendo um processo decisório, o Orçamento Participativo se estende por todo o ano fiscal. Em
assembleias organizadas com esse fim, os cidadãos se engajam, juntamente com funcionários da
administração, em negociações sobre a alocação de gastos que envolvam novos investimentos de capital
em projetos, tais como clínicas de assistência médica, escolas e pavimentação de vias públicas.18
Ocorrendo por meio de assembleias abertas e periódicas, o orçamento participativo, incluem etapas
de negociação direta com o governo. Depois, as deliberações nessas assembleias são consideradas na
elaboração da proposta da Lei Orçamentária Anual (LOA), que será enviada para a câmara municipal.
Ele é um programa inovador, pois suas regras promovem justiça social ao assegurar mais recursos
para áreas mais pobres, ao encorajar a participação através da distribuição de recursos para cada uma
das regiões do município em função da mobilização dos membros das respectivas comunidades e ao
estabelecer novos mecanismos de responsabilização que acabam desvendando e inviabilizando
procedimentos orçamentários obscuros.
Segundo Abers e Wampler, nos casos em que o programa foi aplicado com mais sucesso, os cidadãos
têm autoridade para tomar importantes decisões em relação às políticas públicas, o que realça seu
potencial para transformar o processo decisório de base na política brasileira. Os programas de OP
combinam elementos de democracia direta (por exemplo a mobilização direta de cidadãos em
assembleias decisórias) e de democracia representativa (como a eleição de delegados). 19

Parceria entre Governo e Sociedade Civil

A Lei n° 13.019 de 201420 institui o Termo de Colaboração e o Termo de Fomento, que são
instrumentos pelo qual são formalizadas as parcerias estabelecidas entre governo e sociedade civil, essa
lei permite que organizações, movimentos sociais e cidadãos enviem propostas durante etapas de
políticas públicas.

16
WAMPLER, Brian. A difusão do Orçamento Participativo brasileiro: "boas práticas" devem ser promovidas? Opin. Publica, Campinas, 2008.
17
MONTERO, A.; SAMUELS, D. Decentralization and democracy in Latin America. Notre Dame: University of Notre Dame Press. 2004.
18
WAMPLER, B.; Orçamento participativo: uma explicação para as amplas variações nos resultados. In: AVRITZER, L. & NAVARRO, Z. (orgs.). A inovação
democrática no Brasil: o orçamento participativo. São Paulo: Cortez.
19
Idem
20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13019.htm - Estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as
organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de
atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de cooperação;
define diretrizes para a política de fomento, de colaboração e de cooperação com organizações da sociedade civil; e altera as Leis nºs 8.429, de 2 de junho de 1992,
e 9.790, de 23 de março de 1999.

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19
Tanto o termo de colaboração quanto o termo de fomento21 visam regularizar as parcerias entre as
instituições sem fins lucrativos, as chamadas Organizações da Sociedade Civil (OSC) e as instituições do
poder público. Essa lei previa a substituição dos antigos convênios, pelos termos de colaboração e de
fomento. Esses instrumentos devem ser usados para todas as relações que envolverem a transferência
de recursos financeiros, e essas medidas foram adotadas visando diminuir os esquemas de corrupção
que haviam.

Termo de Colaboração
O termo de colaboração delimita as parcerias feitas entre as OSC e o poder público, onde a própria
organização pública traça a proposta e a questão que ela deseja resolver. No termo de colaboração, cabe
ao governo estipular quais são os objetivos, metas, qual será o prazo para atingi-los e qual será o valor
repassado para a OSC resolver o problema.
A OSC escolhida irá trabalhar em conjunto com o governo para sanar aquele problema identificado
previamente pela organização pública. Vale lembrar que o termo de colaboração serve apenas para
quando há algum repasse financeiro, em casos onde há apenas o trabalho, sem quaisquer verbas, a
parceria é formalizada através do Acordo de Cooperação.

Termo de Fomento
Se no termo de Colaboração, fica a cargo do poder público realizar a proposta apresentando o
problema que deseja suprir, no caso do termo de fomento a questão se inverte. Cabem as OSC, aos
cidadãos e aos movimentos sociais apresentarem propostas que não estejam inseridas em nenhum
programa de governo, expondo seus objetivos e metas, quais os prazos e custos estimados da ação.
Essa proposta elaborada é apresentada ao governo, que caso tenha interesse e verba disponível,
poderão entregar oficialmente os planos governamentais dos anos seguintes.

Questões

01. (SLU/DF - Analista de Gestão de Resíduos Sólidos/Administração - CESPE/2019) A respeito


de processos participativos e de gestão da qualidade na administração pública brasileira, julgue o item
seguinte.

Os conselhos gestores são exemplos de mecanismos de participação cidadã na gestão pública que
ainda não são adotados nos municípios brasileiros.

( ) Certo ( ) Errado

02. (TJM/SP - Juiz de Direito Substituto - VUNESP) Há um novo marco regulatório que disciplina a
celebração de convênios e acordos de cooperação pela Administração Pública. Extrai-se da Lei no
13.019, de 31 de julho de 2014, que
(A) descabe a aplicação de sanções aos parceiros, pois os interesses envolvidos nos planos de
trabalho são comuns, não contrapostos.
(B) o termo de colaboração deve ser adotado pela Administração Pública para consecução de planos
de trabalho de sua iniciativa, para celebração de parcerias com organizações da sociedade civil que
envolvam a transferência de recursos financeiros.
(C) essa lei se aplica também aos convênios celebrados com entidades filantrópicas e sem fins
lucrativos, que podem participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes
deste.
(D) a celebração de termo de colaboração ou de fomento deverá ser sempre precedida de chamamento
público voltado a selecionar organizações da sociedade civil que tornem mais eficaz a execução do objeto.
(E) a partir da sua vigência, somente serão celebrados convênios entre entes federados ou pessoas
jurídicas a eles vinculadas, não se aplicando a essas parcerias o disposto na Lei no 8.666/93.

Gabarito

01.Errado / 02.B

21
https://fenixassessoriacontabil.com.br/artigos/qual-diferenca-entre-termo-de-colaboracao-e-o-termo-de-fomento/

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20
Comentários

01. Resposta: Errado


A afirmação dessa questão está errada, pois ela afirma que os Conselhos de Gestão, NÃO são
adotados nos municípios brasileiros. Só que, os conselhos gestores são espaços públicos de composição
plural, e a integração participativa dos cidadãos nesses conselhos é um fator que contribui para a
democracia. Sua adoção no Brasil já é uma realidade e o Portal da Transparência, do governo federal,
possui um espaço dedicado apenas a informações a respeito desses conselhos.

02. Resposta: B.
Conforme Art. 3º, VII - termo de colaboração finalidades propostas pela administração pública e que
envolvam transferência de recursos (diferente do termo de fomento, cuja iniciativa é das organizações da
sociedade civil; diferente do acordo de cooperação, que não envolve transferência de recursos).

2.1 Governo Aberto (Decreto nº 10.160/2019 - Institui a Política Nacional de


Governo Aberto e o Comitê Interministerial de Governo Aberto)

DECRETO Nº 10.160, DE 9 DE DEZEMBRO DE 201922

Institui a Política Nacional de Governo Aberto e o Comitê Interministerial de Governo Aberto.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI,
alínea “a”, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Governo Aberto, no âmbito do Poder Executivo federal,
que será operacionalizada por meio de planos de ação constituídos por iniciativas, ações, projetos,
programas e políticas públicas que ampliem a transparência, o acesso à informação, a melhoria na
prestação de serviços públicos e o fortalecimento da integridade.

Art. 2º São diretrizes da Política Nacional de Governo Aberto:


I - aumento da disponibilidade de informações sobre as atividades governamentais, incluídos os dados
sobre os gastos e o desempenho das ações e dos programas do Governo federal;
II - fomento à participação social nos processos decisórios;
III - estímulo ao uso de novas tecnologias que fomentem a inovação, o fortalecimento da governança
pública e o aumento da transparência e da participação social na gestão e na prestação de serviços
públicos; e
IV - aumento dos processos de transparência, de acesso a informação e da utilização de tecnologias
que subsidiem esses processos.

Art. 3º Os planos de ação nacionais sobre governo aberto contemplarão iniciativas, ações, projetos,
programas e políticas públicas destinadas:
I - ao aumento da transparência;
II - ao aprimoramento da governança pública;
III - ao acesso às informações públicas;
IV - à prevenção e ao combate à corrupção;
V - à melhoria da prestação de serviços públicos;
VI - à eficiência administrativa; e
VII - ao fortalecimento da integridade pública.
Parágrafo único. Os planos de ação nacionais sobre governo aberto contemplarão, prioritariamente,
a inclusão de iniciativas, de ações, de projetos, de programas e de políticas públicas inovadoras e terão
duração de até dois anos.

2222 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10160.htm. Data de acesso: 19/01/2022

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21
Art. 4º Fica instituído o Comitê Interministerial de Governo Aberto, no âmbito da Controladoria-Geral
da União, com as seguintes competências:
I - propor medidas para o desenvolvimento e a implementação da estratégia de governo aberto no
âmbito do Poder Executivo federal, nos termos do disposto no art. 2º;
II - promover a cultura e o conhecimento sobre governo aberto entre os servidores da administração
pública federal;
III - propor ações prioritárias a ser implementadas por meio dos planos de ação nacionais sobre
governo aberto;
IV - promover a articulação intragovernamental necessária à execução de ações conjuntas, à troca de
experiências, à transferência de tecnologia e à capacitação, no âmbito dos planos de ação nacionais
sobre governo aberto;
V - identificar ações de pesquisa e desenvolvimento necessárias no âmbito dos planos de ação
nacionais sobre governo aberto;
VI - orientar a elaboração, a implementação, o monitoramento e a avaliação dos planos de ação
nacionais sobre governo aberto;
VII - aprovar as propostas de planos de ação nacionais sobre governo aberto de que trata o inciso I do
caput do art. 7º e promover a articulação intragovernamental para a sua implementação e a execução;
VIII - identificar os meios necessários à elaboração, à implementação e ao monitoramento dos planos
de ação nacionais sobre governo aberto; e
IX - avaliar os resultados e propor alterações ou revisões nos planos de ação nacionais sobre governo
aberto.

Art. 5º O Comitê Interministerial de Governo Aberto será composto por representantes dos seguintes
órgãos:

I - Controladoria-Geral da União, que o coordenará;


II - Casa Civil da Presidência da República;
III - Ministério da Justiça e Segurança Pública;
IV - Ministério das Relações Exteriores;
V - Ministério da Economia;
VI - Ministério da Educação;
VII - Ministério da Cidadania;
VIII - Ministério da Saúde;
IX - Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações;
X - Ministério do Meio Ambiente;
XI - Ministério do Desenvolvimento Regional;
XII - Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; e
XIII - Secretaria-Geral da Presidência da República.
§ 1º Cada membro do Comitê Interministerial de Governo Aberto terá um suplente, que o substituirá
em suas ausências e impedimentos.
§ 2º Os membros do Comitê Interministerial de Governo Aberto e respectivos suplentes serão
indicados pelos titulares dos órgãos que representam e designados pelo Ministro de Estado da
Controladoria-Geral da União.

Art. 6º O Comitê Interministerial de Governo Aberto se reunirá em caráter ordinário bienalmente e em


caráter extraordinário sempre que convocado por seu Coordenador.
§ 1º O quórum de reunião do Comitê Interministerial de Governo Aberto é de maioria absoluta e o
quórum de aprovação é de maioria simples.
§ 2º Além do voto ordinário, o Coordenador do Comitê Interministerial de Governo Aberto terá o voto
de qualidade em caso de empate.
§ 3º Os membros do Comitê Interministerial de Governo Aberto que se encontrarem no Distrito Federal
se reunirão presencialmente e os membros que se encontrem em outros entes federativos participarão
da reunião por meio de videoconferência.
§ 4º A Controladoria-Geral da União poderá convocar reuniões em caráter extraordinário ou submeter
formalmente ao Comitê Interministerial de Governo Aberto matéria para manifestação e para aprovação.

Art. 7º Compete ao Coordenador do Comitê Interministerial de Governo Aberto:


I - elaborar a proposta dos planos de ação nacionais sobre governo aberto e submetê-la à apreciação
do Comitê, no prazo e nas condições estabelecidas em resolução;

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22
II - planejar, executar e coordenar processos de consulta relacionados com os planos de ação
nacionais sobre governo aberto;
III - coordenar a implementação e a execução dos planos de ação nacionais sobre governo aberto;
IV - definir procedimentos para a elaboração de estudos e o levantamento de dados e informações
essenciais para a elaboração, a implementação, a coordenação e a avaliação dos planos de ação
nacionais sobre governo aberto;
V - monitorar e avaliar periodicamente a implementação dos planos de ação nacionais sobre governo
aberto, sob a orientação do Comitê;
VI - coordenar a produção e a disseminação de material de divulgação dos planos de ação nacionais
sobre governo aberto;
VII - realizar alterações, revisões e atualizações nos planos de ação nacionais sobre governo aberto;
e
VIII - zelar pela aplicação de parâmetros, de métodos e de práticas adotados pelo Comitê
Interministerial de Governo Aberto, nos termos do disposto no art. 4º.
Parágrafo único. O Coordenador do Comitê Interministerial de Governo Aberto poderá instituir até dois
grupos de trabalho temporários, com a finalidade de elaborar propostas sobre os temas de que trata este
Decreto, observadas as seguintes condições:
I - composição por, no máximo, sete membros; e
II - duração não superior a um ano.

Art. 8º A elaboração dos planos de ação nacionais sobre governo aberto preverá a realização de
consultas públicas para a definição de temas que comporão o seu escopo.

Art. 9º O Coordenador do Comitê Interministerial de Governo Aberto poderá convidar para participar
das reuniões representantes de órgãos e entidades, públicos ou privados, especialistas e peritos cujo
conhecimento, habilidade ou competência possa contribuir para o cumprimento dos objetivos do Comitê,
sem direito a voto.

Art. 10. A participação no Comitê Interministerial de Governo Aberto será considerada prestação de
serviço público relevante, não remunerada.

Art. 11. A Secretaria-Executiva do Comitê Interministerial de Governo Aberto será exercida pela
Controladoria-Geral da União.

Art. 12. Os órgãos e as entidades da administração pública federal fornecerão as informações


necessárias para a elaboração e a implementação dos planos de ação nacionais sobre governo aberto,
quando solicitadas e mediante justificativa pela Controladoria-Geral da União.

Art. 13. Ficam revogados:


I - o Decreto de 15 de setembro de 2011, que institui o Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto
e dá outras providências; e
II - o Decreto de 12 de março de 2013, que altera o Decreto de 15 de setembro de 2011, que institui o
Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto.

Art. 14. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de dezembro de 2019; 198º da Independência e 131º da República.


JAIR MESSIAS BOLSONARO
Wagner de Campos Rosário

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23
3 Governo Digital (Decreto nº 10.332/2020 - Institui a Estratégia de Governo
Digital para o período de 2020 a 2022, no âmbito dos órgãos e das entidades da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional).

DECRETO Nº 10.332, DE 28 DE ABRIL DE 202023

Institui a Estratégia de Governo Digital para o período de 2020 a 2022, no âmbito dos órgãos e das
entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI,
alínea “a” da Constituição,

DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Estratégia de Governo Digital para o período de 2020 a 2022, na forma do
Anexo, no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta, autárquica e
fundacional.

Art. 2º Os órgãos e as entidades instituirão Comitê de Governança Digital, nos termos do disposto no
Decreto nº 9.759, de 11 de abril de 2019, para deliberar sobre os assuntos relativos à implementação das
ações de governo digital e ao uso de recursos de tecnologia da informação e comunicação.
§ 1º O Comitê de Governança Digital será composto:
I - por um representante da Secretaria-Executiva ou da unidade equivalente, que o presidirá;
II - por um representante de cada unidade finalística;
III - pelo titular da unidade de tecnologia da informação e comunicação; e
IV - pelo encarregado do tratamento de dados pessoais, nos termos do disposto da Lei nº 13.709, de
14 de agosto de 2018.
§ 2º Os membros do Comitê de Governança Digital, de que tratam os incisos I e II do caput serão
ocupantes de cargo em comissão de nível equivalente ou superior ao nível 5 do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores.
§ 3º Os representantes serão indicados e designados em ato da autoridade máxima do órgão ou da
entidade.
§ 4º A participação no Comitê de Governança Digital será considerada prestação de serviço público
relevante, não remunerada.
§ 5º O Presidente do Comitê de Governança Digital poderá convidar representantes de outros órgãos
e entidades para participar de suas reuniões, sem direito a voto.

Art. 3º Para a consecução dos objetivos estabelecidos na Estratégia de Governo Digital, os órgãos e
as entidades elaborarão os seguintes instrumentos de planejamento:
I - Plano de Transformação Digital, que conterá, no mínimo, as ações de:
a) transformação digital de serviços;
b) unificação de canais digitais; e
c) interoperabilidade de sistemas;
II - Plano Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação; e
III - Plano de Dados Abertos, nos termos do disposto no Decreto nº 8.777, de 11 de maio de 2016.
§ 1º Os instrumentos de planejamento de que trata o caput serão:
I - elaborados pela unidade competente dos órgãos e das entidades; e
II - aprovados pelo respectivo Comitê de Governança Digital.
§ 2º Os órgãos e as entidades poderão elaborar conjuntamente seus Planos de Transformação Digital,
estruturados de acordo com a área temática ou com a função de governo.
§ 3º O Plano de Transformação Digital incluirá sua estratégia de monitoramento, que será pactuada
com a Secretaria Especial de Modernização do Estado da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Art. 4º A Estratégia de Governo Digital observará as disposições da Estratégia Brasileira para a


Transformação Digital - E-Digital, instituída pelo Decreto nº 9.319, de 21 de março de 2018.

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/decreto/D10332.htm. Data de acesso: 19.01.2022

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§ 1º As soluções de tecnologia da informação e comunicação desenvolvidas ou adquiridas pelos
órgãos e pelas entidades observarão as disposições da Estratégia de Governo Digital.
§ 2º O detalhamento do estágio de implementação da Estratégia de Governo Digital será
disponibilizado no endereço eletrônico www.gov.br/governodigital.

Art. 5º Compete à Secretaria Especial de Modernização do Estado da Secretaria-Geral da Presidência


da República:
I - coordenar e monitorar a execução da Estratégia de Governo Digital;
II - coordenar a avaliação da Estratégia de Governo Digital; e
III - monitorar a execução dos Planos de Transformação Digital dos órgãos e das entidades.
Parágrafo único. O Secretário Especial de Modernização do Estado da Secretaria-Geral da
Presidência da República editará as normas complementares necessárias à execução das competências
previstas no caput.

Art. 6º Compete à Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão


e Governo Digital do Ministério da Economia:
I - aprovar os Planos de Transformação Digital dos órgãos e das entidades;
II - coordenar as iniciativas de transformação digital dos órgãos e das entidades;
III - coordenar a Rede Nacional de Governo Digital - Rede Gov.br e elaborar as diretrizes para adesão
voluntária dos interessados;
IV - ofertar as tecnologias e os serviços compartilhados para a transformação digital;
V - definir as normas e os padrões técnicos a serem observados pelos órgãos e pelas entidades;
VI - selecionar e alocar a força de trabalho adicional necessária para a execução da Estratégia de
Governo Digital, em conjunto com a Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal da Secretaria
Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia; e
VII - desenvolver as capacidades requeridas para as equipes de transformação digital, em conjunto
com a Escola Nacional de Administração Pública.

Parágrafo único. O Secretário de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização,


Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia editará as normas complementares necessárias à
execução das competências previstas no caput.

Art. 7º Fica instituída a Rede Nacional de Governo Digital - Rede Gov.br, de natureza colaborativa e
adesão voluntária, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com a
finalidade de promover o intercâmbio de informações e a articulação de medidas conjuntas relacionadas
à expansão da Estratégia de Governo Digital.

Art. 8º O Decreto nº 9.319, de 2018, passa a vigorar com as seguintes alterações:


“Art. 1º ......................................................................................................
....................................................................................................................
§ 2º ............................................................................................................
....................................................................................................................
II - ...............................................................................................................
....................................................................................................................
b) cidadania e transformação digital do Governo: tornar o Governo federal mais acessível à população
e mais eficiente em prover serviços ao cidadão, em consonância com a Estratégia de Governo Digital.
...........................................................................................................” (NR)

Art. 9º O Anexo I ao Decreto nº 9.319, de 2018, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“....................................................................................................................
II - ………………………………………………...............................................................
………………………………………………............................................................………
2. ……………………………………………………...........................................................
……………...…………………………………….........................................................……
Os objetivos a serem alcançados, por meio da Estratégia de Governo Digital incluem:
- oferecer serviços públicos digitais simples e intuitivos, consolidados em plataforma única e com
avaliação de satisfação disponível;
- conceder acesso amplo à informação e aos dados abertos governamentais, para possibilitar o
exercício da cidadania e a inovação em tecnologias digitais;

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- promover a integração e a interoperabilidade das bases de dados governamentais;
- promover políticas públicas baseadas em dados e evidências e em serviços preditivos e
personalizados, com utilização de tecnologias emergentes;
- implementar a Lei Geral de Proteção de Dados, no âmbito do Governo federal, e garantir a segurança
das plataformas de governo digital;
- disponibilizar a identificação digital ao cidadão;
- adotar tecnologia de processos e serviços governamentais em nuvem como parte da estrutura
tecnológica dos serviços e setores da administração pública federal;
- otimizar as infraestruturas de tecnologia da informação e comunicação; e
- formar equipes de governo com competências digitais.” (NR)

Art. 10. O Decreto nº 8.936, de 19 de dezembro de 2016, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 3º ......................................................................................................
I - o portal único gov.br, no qual as informações institucionais, as notícias e os serviços públicos
prestados pelo Governo federal serão disponibilizados de maneira centralizada, nos termos do disposto
no Decreto nº 9.756, de 11 de abril de 2019;
…………………………………………………………….....................................................
IV - a ferramenta de avaliação da satisfação dos usuários em relação aos serviços públicos prestados;
V - …………………………………………………….................................................……..
………………………………………………………...................................................……..
c) nível de satisfação dos usuários; e
…………………………………………………………….....................................................
VI - o barramento de interoperabilidade de dados entre órgãos e entidades, que permite o
compartilhamento de dados, nos termos do disposto no Decreto nº 10.046, de 9 de outubro de 2019;
VII - a ferramenta de notificações aos usuários de serviços públicos; e
VIII - a ferramenta de meios de pagamentos digitais para serviços públicos desenvolvida pelo órgão
central do Sistema de Administração Financeira Federal.
Parágrafo único. Os órgãos e as entidades da administração pública federal encaminharão à
Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do
Ministério da Economia os dados da prestação dos serviços públicos sob sua responsabilidade para
composição dos indicadores do painel de monitoramento do portal único gov.br.
……………………………………………………................................................….” (NR)
“Art. 4º Os órgãos e as entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional
deverão, até 30 de junho de 2021:
…………………………………………………….........................................................….
II - cadastrar e atualizar as informações dos serviços públicos oferecidos no portal único gov.br;
…………………………………………....................................................................….
IV - adotar o mecanismo de acesso da Plataforma de Cidadania Digital na totalidade dos serviços
públicos digitais;
V - adotar a ferramenta de avaliação da satisfação dos usuários da Plataforma de Cidadania Digital;
VI - monitorar e implementar as ações de melhoria dos serviços públicos prestados, com base nos
resultados da avaliação de satisfação dos usuários dos serviços;
VII - adotar o barramento de interoperabilidade da Plataforma de Cidadania Digital para integração dos
sistemas e das bases de dados dos órgãos e das entidades da administração pública federal;
VIII - adotar a ferramenta de notificações aos usuários da Plataforma de Cidadania Digital na totalidade
dos serviços públicos digitais; e
IX - adotar a ferramenta de meios de pagamentos digitais da Plataforma de Cidadania Digital nos
serviços públicos oferecidos no portal único gov.br que envolvam cobrança de taxas do usuário, preços
públicos ou equivalentes.” (NR)

Art. 11. O Decreto nº 9.094, de 17 de julho de 2017, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 11. ....................................................................................................
§ 1º …………………………………………………………...........................................…..
………………………………………………………................................................………..
IV - os serviços publicados no portal único gov.br, nos termos do disposto no Decreto nº 8.936, de 19
de dezembro de 2016.
……………………………………………………….........................................….....” (NR)
“Art. 18 ......................................................................................................
I - no portal único gov.br; e

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II - nos locais de atendimento, por meio de extração das informações do portal único gov.br, em formato
impresso.” (NR)
“Art. 18-A. Fica vedado aos órgãos e às entidades da administração pública federal solicitar ao usuário
do serviço público requisitos, documentos, informações e procedimentos cuja exigibilidade não esteja
informada no portal único gov.br.
......................................................................................................................
§ 2º A criação ou a alteração do rol de requisitos, documentos, informações e procedimentos do
serviço público será precedida de publicação no portal único gov.br.
§ 3º A Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
Digital do Ministério da Economia disponibilizará os meios para publicação dos serviços públicos no portal
único gov.br e definirá as regras de acesso e credenciamento e os procedimentos de publicação.” (NR)
“Art. 20. Os órgãos e as entidades do Poder Executivo federal utilizarão ferramenta de pesquisa de
satisfação dos usuários dos seus serviços, disponível no endereço eletrônico www.gov.br/governodigital
e os dados obtidos subsidiarão a reorientação e o ajuste da prestação dos serviços.
............................................................................................................” (NR)
“Art. 20-B. A Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e
Governo Digital do Ministério da Economia publicará no portal único gov.br o ranking das entidades com
melhor avaliação de serviços por parte dos usuários, de que trata o § 2º do art. 23 da Lei nº 13.460, de
26 de junho de 2017.” (NR)

Art. 12. O Decreto nº 10.046, de 9 de outubro de 2019, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 2º ......................................................................................................
....................................................................................................................
XXIII - requisitos de segurança da informação e comunicação - ações que objetivam viabilizar e
assegurar a disponibilidade, a integridade, a confidencialidade e a autenticidade das informações;
XXIV - solicitante de dados - órgão ou entidade que solicita ao gestor de dados a permissão de acesso
aos dados; e
XXV - cadastro base - informação de referência, íntegra e precisa, centralizada ou descentralizada,
oriunda de uma ou mais fontes, sobre elementos fundamentais para a prestação de serviços e para a
gestão de políticas públicas, tais como pessoas, empresas, veículos, licenças e locais.” (NR)
“Art. 10. Os gestores de dados divulgarão os mecanismos de compartilhamento de seus dados e os
cadastros base sob sua responsabilidade.
............................................................................................................” (NR)
“Art. 10-A. Os órgãos e as entidades poderão criar novas bases de dados somente quando forem
esgotadas as possibilidades de utilização dos cadastros base existentes.” (NR)

Art. 13. Os órgãos e as entidades que possuírem os instrumentos de planejamento de que trata o art.
3º deverão revisá-los para adequar o seu conteúdo às disposições deste Decreto, no prazo de noventa
dias, contado da data de sua publicação.

Art. 14. Ficam revogados:


I - o art. 7º do Decreto nº 8.936, de 2016;
II- o § 1º do art. 18-A do Decreto nº 9.094, de 2017;
III - o Decreto nº 8.638, de 15 de janeiro de 2016; e
IV - o Decreto nº 9.584, de 26 de novembro de 2018.

Art. 15. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 28 de abril de 2020; 199º da Independência e 132º da República.


JAIR MESSIAS BOLSONARO
Paulo Guedes
Jorge Antonio de Oliveira Francisco

Este texto não substitui o publicado no DOU de 29.4.2020

ANEXO

A Estratégia de Governo Digital para o período de 2020 a 2022 está organizada em princípios, objetivos
e iniciativas que nortearão a transformação do governo por meio do uso de tecnologias digitais, com a

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promoção da efetividade das políticas e da qualidade dos serviços públicos e com o objetivo final de
reconquistar a confiança dos brasileiros.

Um Governo centrado no cidadão, que busca oferecer uma jornada mais agradável e responde às
suas expectativas por meio de serviços de alta qualidade.

Objetivo 1 - Oferta de serviços públicos digitais

Iniciativa 1.1. Transformar todas as etapas e os serviços públicos digitalizáveis, até 2022
Iniciativa 1.2. Simplificar e agilizar a abertura, a alteração e a extinção de empresas no Brasil, de forma
que esses procedimentos possam ser realizados em um dia, até 2022.

Objetivo 2 - Avaliação de satisfação nos serviços digitais

Iniciativa 2.1. Oferecer meio de avaliação de satisfação padronizado para, no mínimo, cinquenta por
cento dos serviços públicos digitais, até 2022.
Iniciativa 2.2. Aprimorar a satisfação dos usuários dos serviços públicos e obter nível médio de, no
mínimo, 4,5 (quatro inteiros e cinco décimos) em escala de 5 (cinco) pontos, até 2022.
Iniciativa 2.3. Aprimorar a percepção de utilidade das informações dos serviços no portal único gov.br
e atingir, no mínimo, setenta e cinco por cento de avaliações positivas, até 2022.

Objetivo 3 - Canais e serviços digitais simples e intuitivos

Iniciativa 3.1. Estabelecer padrão mínimo de qualidade para serviços públicos digitais, até 2020.
Iniciativa 3.2. Realizar, no mínimo, cem pesquisas de experiência com os usuários reais dos serviços
públicos, até 2022.
Um Governo integrado, que resulta em uma experiência consistente de atendimento para o cidadão e
integra dados e serviços da União, dos Estados, do Distrito Federal e Municípios, reduzindo custos,
ampliando a oferta de serviços digitais e retira do cidadão o ônus do deslocamento e apresentação de
documentos.

Objetivo 4 - Acesso digital único aos serviços públicos

Iniciativa 4.1. Consolidar mil e quinhentos domínios do Governo federal no portal único gov.br, até
2020.
Iniciativa 4.2. Integrar todos os Estados à Rede Gov.br, até 2022.
Iniciativa 4.3. Consolidar a oferta dos aplicativos móveis na conta única do Governo federal nas lojas,
até 2020.
Iniciativa 4.4: Ampliar a utilização do login único de acesso gov.br para mil serviços públicos digitais,
até 2022.

Objetivo 5 - Plataformas e ferramentas compartilhadas

Iniciativa 5.1. Implementar meios de pagamentos digitais para, no mínimo, trinta por cento dos serviços
públicos digitais que envolvam cobrança, até 2022.
Iniciativa 5.2. Disponibilizar plataforma de caixa postal digital do cidadão.

Objetivo 6 - Serviços públicos integrados

Iniciativa 6.1. Interoperar os sistemas do Governo federal, de forma que, no mínimo, novecentos
serviços públicos contem com preenchimento automático de informações, até 2022.
Iniciativa 6.2. Ampliar para vinte a quantidade de atributos no cadastro base do cidadão, até 2022.
Iniciativa 6.3. Estabelecer quinze cadastros base de referência para interoperabilidade do Governo
federal, até 2022.
Iniciativa 6.4. Estabelecer barramento de interoperabilidade dos sistemas do Governo federal, até
2020, de forma a garantir que pessoas, organizações e sistemas computacionais compartilhem os dados.
Um Governo inteligente, que implementa políticas efetivas com base em dados e evidências e antecipa
e soluciona de forma proativa as necessidades do cidadão e das organizações, além de promover um
ambiente de negócios competitivo e atrativo a investimentos.

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Objetivo 7 - Políticas públicas baseadas em dados e evidências

Iniciativa 7.1. Produzir quarenta novos painéis gerenciais de avaliação e monitoramento de políticas
públicas, até 2022.
Iniciativa 7.2. Catalogar, no mínimo, as trezentas principais bases de dados do Governo federal, até
2022.
Iniciativa 7.3. Disponibilizar o mapa de empresas no Brasil, até 2020.

Objetivo 8 - Serviços públicos do futuro e tecnologias emergentes

Iniciativa 8.1. Desenvolver, no mínimo, seis projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação com
parceiros do Governo federal, instituições de ensino superior, setor privado e terceiro setor, até 2022.
Iniciativa 8.2. Implementar recursos de inteligência artificial em, no mínimo, doze serviços públicos
federais, até 2022.
Iniciativa 8.3. Disponibilizar, pelo menos, nove conjuntos de dados por meio de soluções de blockchain
na administração pública federal, até 2022.
Iniciativa 8.4. Implementar recursos para criação de uma rede blockchain do Governo federal
interoperável, com uso de identificação confiável e de algoritmos seguros.
Iniciativa 8.5. Implantar um laboratório de experimentação de dados com tecnologias emergentes.

Objetivo 9 - Serviços preditivos e personalizados ao cidadão

Iniciativa 9.1. Implantar mecanismo de personalização da oferta de serviços públicos digitais, baseados
no perfil do usuário, até 2022.
Iniciativa 9.2. Ampliar a notificação ao cidadão em, no mínimo, vinte e cinco por cento dos serviços
digitais.
Um Governo confiável, que respeita a liberdade e a privacidade dos cidadãos e assegura a resposta
adequada aos riscos, ameaças e desafios que surgem com o uso das tecnologias digitais no Estado.

Objetivo 10 - Implementação da Lei Geral de Proteção de Dados no âmbito do Governo federal

Iniciativa 10.1. Estabelecer método de adequação e conformidade dos órgãos com os requisitos da Lei
Geral de Proteção de Dados, até 2020.
Iniciativa 10.2. Estabelecer plataforma de gestão da privacidade e uso dos dados pessoais do cidadão,
até 2020.

Objetivo 11: Garantia da segurança das plataformas de governo digital e de missão crítica

Iniciativa 11.1. Garantir, no mínimo, noventa e nove por cento de disponibilidade das plataformas
compartilhadas de governo digital, até 2022.
Iniciativa 11.2. Monitorar, no mínimo, oitenta por cento dos riscos de segurança cibernética nas
plataformas compartilhadas de governo digital.
Iniciativa 11.3. Definir padrão mínimo de segurança cibernética a ser aplicado nos canais e serviços
digitais.

Objetivo 12 - Identidade digital ao cidadão

Iniciativa 12.1. Prover dois milhões de validações biométricas mensais para serviços públicos federais,
até o final de 2020.
Iniciativa 12.2. Disponibilizar identidade digital ao cidadão, com expectativa de emissão de quarenta
milhões, até 2022.
Iniciativa 12.3. Criar as condições para a expansão e para a redução dos custos dos certificados digitais
para que custem, no máximo R$ 50,00 (cinquenta reais) por usuário anualmente, até 2022.
Iniciativa 12.4. Disponibilizar novos mecanismos de assinatura digital ao cidadão, até 2022.
Iniciativa 12.5. Incentivar o uso de assinaturas digitais com alto nível de segurança.
Iniciativa 12.6. Estabelecer critérios para adoção de certificado de atributos para simplificação dos
processos de qualificação de indivíduo ou entidade.
Iniciativa 12.7. Promover a divulgação ampla de sistemas e aplicações para uso e verificação das
políticas de assinatura com códigos abertos e interoperáveis.

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Um Governo transparente e aberto, que atua de forma proativa na disponibilização de dados e
informações e viabiliza o acompanhamento e a participação da sociedade nas diversas etapas dos
serviços e das políticas públicas.

Objetivo 13 - Reformulação dos canais de transparência e dados abertos

Iniciativa 13.1. Integrar os portais de transparência, de dados abertos e de ouvidoria ao portal único
gov.br, até 2020.
Iniciativa 13.2. Ampliar a quantidade de bases de dados abertos, de forma a atingir 0,68 (sessenta e
oito centésimos) pontos no critério de disponibilidade de dados do índice organizado pela Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, até 2022.
Iniciativa 13.3. Melhorar a qualidade das bases de dados abertos, de forma a atingir 0,69 (sessenta e
nove décimos) pontos no critério de acessibilidade de dados do índice organizado pela Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, até 2022.

Objetivo 14 - Participação do cidadão na elaboração de políticas públicas

Iniciativa 14.1. Firmar parcerias para a construção de aplicações de controle social, por meio de três
datathons ou hackathons, até 2022.
Iniciativa 14.2. Aprimorar os meios de participação social e disponibilizar nova plataforma de
participação, até 2021.

Objetivo 15 - Governo como plataforma para novos negócios

Iniciativa 15.1. Disponibilizar, no mínimo, vinte novos serviços interoperáveis que interessem às
empresas e às organizações, até 2022.
Iniciativa 15.2. Firmar parcerias com instituições representativas da indústria de tecnologia da
informação, comunicação e de identificação digital, com reconhecida participação colaborativa.
Um Governo eficiente, que capacita seus profissionais nas melhores práticas e faz uso racional da
força de trabalho e aplica intensivamente plataformas tecnológicas e serviços compartilhados nas
atividades operacionais.

Objetivo 16 - Otimização das infraestruturas de tecnologia da informação

Iniciativa 16.1. Realizar, no mínimo, seis compras centralizadas de bens e serviços comuns de
tecnologia da informação e comunicação, até 2022.
Iniciativa 16.2. Ampliar o compartilhamento de soluções de software estruturantes, totalizando um novo
software por ano, até 2022.
Iniciativa 16.3. Ofertar, no mínimo, quatro soluções de tecnologia da informação e comunicação por
meio do marketplace, até 2022.
Iniciativa 16.4. Otimizar a infraestrutura de, pelo menos, trinta datacenters do Governo federal, até
2022.
Iniciativa 16.5. Migração de serviços de, pelo menos, trinta órgãos para a nuvem, até 2022.
Iniciativa 16.6. Negociar acordos corporativos com os maiores fornecedores de tecnologia da
informação e comunicação do governo, de forma a resultar na redução de, no mínimo, vinte por cento
dos preços de lista, até 2022.

Objetivo 17 - O digital como fonte de recursos para políticas públicas essenciais

Iniciativa 17.1. Aprimorar a metodologia de medição da economia de recursos com a transformação


digital, até 2020.
Iniciativa 17.2. Disponibilizar painel com o total de economia de recursos auferida com a transformação
digital, até 2020.
Iniciativa 17.3. Estabelecer processo de reinvestimento da economia auferida com a transformação
digital, em políticas públicas essenciais, até 2021.

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Objetivo 18 - Equipes de governo com competências digitais

Iniciativa 18.1. Capacitar, no mínimo, dez mil profissionais das equipes do Governo federal em áreas
do conhecimento essenciais para a transformação digital
Iniciativa 18.2. Difundir os princípios da transformação digital por meio de eventos e ações de
comunicação, de forma a atingir, no mínimo, cinquenta mil pessoas, até 2022.
Iniciativa 18.3. Ampliar a força de trabalho dedicada à transformação digital na administração pública
federal, em dois mil profissionais, até 2022.

Questões

01. (Ministério da Economia - Tecnologia da Informação - CESPE / CEBRASPE/2020). Com base


no Decreto n. º 10.332/2020, julgue o próximo item, relativos à Estratégia de Governo Digital para o
período de 2020 a 2022, no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.

Compete à Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e


Governo Digital do Ministério da Economia coordenar a Rede Nacional de Governo Digital, cuja finalidade
é promover o intercâmbio de informações relacionadas à expansão da Estratégia de Governo Digital.
(...) Certo (...) Errado

02. (Ministério da Economia - Tecnologia da Informação - CESPE / CEBRASPE/2020). Com base


no Decreto n. º 10.332/2020, julgue o próximo item, relativos à Estratégia de Governo Digital para o
período de 2020 a 2022, no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.

Tanto o plano diretor de tecnologia da informação e comunicação quanto o plano de dados abertos
devem ser elaborados pelos órgãos e pelas entidades, para a consecução dos objetivos estabelecidos
na Estratégia de Governo Digital.
(...) Certo (...) Errado

03. (Ministério da Economia - Processos de Negócios - CESPE / CEBRASPE/2020). Com base no


Decreto n.° 10.332/2020, julgue os itens subsequentes.

Uma das iniciativas da implementação da Lei Geral de Proteção de Dados é o estabelecimento de uma
plataforma de gestão da privacidade de dados dos cidadãos.
(...) Certo (...) Errado

04. (Ministério da Economia - Tecnologia da Informação - CESPE / CEBRASPE/2020). Julgue o


item subsequente, com relação ao Decreto n.º 10.332/2020, que institui a estratégia de Governo Digital,
no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal.

Os órgãos e as entidades que adotarem o Plano de Transformação Digital, o Plano Diretor de


Tecnologia da Informação e Comunicação e o Plano de Dados Abertos deverão revisá-los para adequar
o seu conteúdo às disposições do decreto em questão, no prazo de 180 dias, contado da data da
publicação.
(...) Certo (...) Errado

05. 04. (Ministério da Economia - Tecnologia da Informação - CESPE / CEBRASPE/2020). Julgue


o item subsequente, com relação ao Decreto n.º 10.332/2020, que institui a estratégia de Governo Digital,
no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal.

No objetivo plataformas e ferramentas compartilhadas, inclui-se a iniciativa de consolidar mil e


quinhentos domínios do governo federal no portal único , até 2024.
(...) Certo (...) Errado

Gabarito
01.Certo / 02. Certo / 03. Certo / 04. Errado / 05. Errado

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Comentários

01. Resposta: Certa


[...] Art. 6º Compete à Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização,
Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia:
I – aprovar os Planos de Transformação Digital dos órgãos e das entidades;
II – coordenar as iniciativas de transformação digital dos órgãos e das entidades;
III – coordenar a Rede Nacional de Governo Digital – Rede Gov.br e elaborar as diretrizes para
adesão voluntária dos interessados;
[….]
Art. 7º Fica instituída a Rede Nacional de Governo Digital – Rede Gov.br, de natureza colaborativa
e adesão voluntária, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com a
finalidade de promover o intercâmbio de informações e a articulação de medidas conjuntas
relacionadas à expansão da Estratégia de Governo Digital.

02. Resposta: Certa


[...] Art. 3º Para a consecução dos objetivos estabelecidos na Estratégia de Governo Digital, os órgãos
e as entidades elaborarão os seguintes instrumentos de planejamento:
I – Plano de Transformação Digital, que conterá, no mínimo, as ações de:
a) transformação digital de serviços;
b) unificação de canais digitais; e
c) interoperabilidade de sistemas;
II – Plano Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação; e
III – Plano de Dados Abertos, nos termos do disposto no Decreto nº 8.777, de 11 de maio de
2016.

§ 1º Os instrumentos de planejamento de que trata o caput serão:


I – elaborados pela unidade competente dos órgãos e das entidades; e
II – aprovados pelo respectivo Comitê de Governança Digital.

03. Resposta: Certa


Objetivo 10 - Implementação da Lei Geral de Proteção de Dados no âmbito do Governo federal
Iniciativa 10.1. Estabelecer método de adequação e conformidade dos órgãos com os requisitos da Lei
Geral de Proteção de Dados, até 2020.
Iniciativa 10.2. Estabelecer plataforma de gestão da privacidade e uso dos dados pessoais do cidadão,
até 2020.

04. Resposta: Errado


[...]
Art. 13. Os órgãos e as entidades que possuírem os instrumentos de planejamento de que trata o art.
3º deverão revisá-los para adequar o seu conteúdo às disposições deste Decreto, no prazo de noventa
dias, contado da data de sua publicação.

05. Resposta: Errado


[...]
Objetivo 4 - Acesso digital único aos serviços públicos
Iniciativa 4.1. Consolidar mil e quinhentos domínios do Governo federal no portal único gov.br, até
2020.
Iniciativa 4.2. Integrar todos os Estados à Rede Gov.br, até 2022.
Iniciativa 4.3. Consolidar a oferta dos aplicativos móveis na conta única do Governo federal nas lojas,
até 2020.
Iniciativa 4.4: Ampliar a utilização do login único de acesso gov.br para mil serviços públicos digitais,
até 2022.

Objetivo 5 - Plataformas e ferramentas compartilhadas


Iniciativa 5.1. Implementar meios de pagamentos digitais para, no mínimo, trinta por cento dos serviços
públicos digitais que envolvam cobrança, até 2022.
Iniciativa 5.2. Disponibilizar plataforma de caixa postal digital do cidadão.
[...]

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32
Trata-se de um objetivo de acesso digital único aos serviços públicos e não de plataformas e
ferramentas compartilhadas. Ademais, seria até 2020 e não até 2024

4 Planejamento nas organizações públicas. 4.1 O ciclo do planejamento (análise


do ambiente, objetivos estratégicos, missão, visão, valores)

AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Ambiente no conceito da administração corresponde a fatores internos e externos24 que fazem com
que o empresário tenha que acompanhá-los para poder tomar decisões assertivas. Este
acompanhamento e adaptação ao ambiente é algo bastante discutido principalmente depois do paralelo
com a Teoria da evolução das espécies de Darwin.
A influência do ambiente é relevante nas decisões estratégicas que operam no setor da empresa, na
comunidade como um todo, em sua cidade, em seu país e no mundo. Mudanças estão ocorrendo em
ritmos variados – mais rapidamente na tecnologia e mais lentamente na política. Como, por definição, a
formulação da estratégia é realizada com o futuro em mente, os executivos que fazem parte do processo
de planejamento estratégico precisam estar ao par dos aspectos relativos ao ambiente de suas empresas,
que são especialmente suscetíveis ao tipo de mudança que afetará o futuro de suas companhias.25
O conceito de ambiente é inspirado na ecologia. Não é por coincidência que alguns pesquisadores que
trabalharam em profundidade essa noção denominam sua abordagem de ecologia populacional. De forma
geral, esses autores propõem que, à semelhança das espécies vivas, as organizações sobrevivem em
ambientes ou, mais exatamente, em nichos ambientais. Devem se adaptar às forças desse ambiente, do
contrário, serão eliminadas. O ambiente é um fator inerente às organizações.
Machado da Silva e Cochia26 afirmam que “o domínio da ação identifica as esferas principais nas quais
a organização depende do ambiente”. Como não há consenso entre os doutrinadores, verifica-se que
Daft, Certo e Peter27, entre outros, classificam ambiente em: ambiente externo (ambiente geral e ambiente
operacional) e ambiente interno (organização). Estudaremos a seguir os elementos do Ambiente
Organizacional.

Os Elementos do Ambiente Organizacional28

Ambiente Geral ou Macroambiente


O ambiente geral representa as dimensões/forças que influenciam a organização com o tempo, mas
geralmente não estão envolvidas nas transações diárias da empresa29.
São diversas forças, a começar pelas forças demográficas, que dizem respeito ao tamanho, idade,
estrutura, distribuição geográfica, composto étnico e distribuição de renda de uma população. Alguns
exemplos: em algumas nações mais desenvolvidas, o crescimento populacional é negativo. Nos Estados
Unidos, espera-se um aumento na porcentagem da população de 55 anos, de 6% em 1995 para cerca
de 37,5% em 2019. Cada estado de um país, possui características étnicas diferentes. O conhecimento
da forma pela qual é distribuída a renda das populações gera informações sobre o poder aquisitivo e a
renda dos diferentes grupos. Assim, manter-se atento e mostrar-se sensível a essas mudanças é o
desafio que se apresenta às empresas.

As forças econômicas têm impacto significativo sobre os negócios, pois a saúde econômica de uma
nação afeta o desempenho de cada uma de suas empresas e indústrias. Mudanças na economia causam
tanto oportunidades quanto ameaças aos administradores. Quando a economia está em crescimento,
muitas organizações aproveitam a demanda crescente de “saídas” e os recursos são mais facilmente
disponíveis para expansões organizacionais. Entretanto, quando a economia se retrai (como em períodos
de recessão), a demanda despenca, o desemprego cresce e os lucros encolhem. As organizações devem
24
MELLO, Rodrigo Bandeira de; CUNHA, Cristiano José Castro de Almeida. Administrando o risco: uma teoria substantiva da adaptação estratégica de pequenas
empresas a ambientes turbulentos e com forte influência governamental. RAC - Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 8, n. especial, p. 157-180,
2004.
25
MINTZBERG, Henry e QUINN, James Brian. O processo da estratégia. Tradução James Sunderland Cook. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
26
COCHIA, C. B. R.; SILVA, C. L. MACHADO da. S. R. Ambiente, interpretação e estratégia em organizações paranaenses dos setores de vestuário e alimentos.
Revista de Administração Contemporânea, Edição Especial, v. 8, p. 11-35, 2004.
27
CERTO, Samuel C.; PETER, J. Paul. Administração estratégica: planejamento e implantação estratégica. Tradução: Flávia Deni Steffen. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 1993.
28
Idem..
29
HITT, Michael A.; IRELAND, R. Duane; HOSKISSON, Robert E. Administração estratégica: competitividade e globalização. Tradução de José Carlos Barbosa
dos Santos e Luiz Antonio Pedroso Rafael. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

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33
continuamente monitorar as mudanças dos indicadores da economia, de modo a minimizar fraquezas e
capitalizar oportunidades.

As forças político-legais incluem os resultados de eleições, legislações e sentenças judiciais, bem


como de decisões tomadas por várias comissões e instâncias em cada nível de governo. As forças
políticas, legais e regulatórias podem agir tanto como restritoras como forças de oportunidades: as leis
antipoluição são vistas como restritoras por algumas empresas, mas, por outro lado, estimulam o
crescimento da indústria de controle da poluição, por exemplo. As leis também provocam um aumento
nos níveis da qualidade dos produtos e serviços para o mercado, no mundo todo, aumentam a eficiência
e competitividade das organizações.
Os administradores precisam reconhecer a variedade dos grupos de pressão que trabalham dentro da
estrutura político-legal para influenciar as empresas a se comportarem de maneira socialmente
responsável.

As forças socioculturais ocupam-se das atitudes e dos valores de uma sociedade. Visto que ambos
constituem a pedra angular de uma sociedade, frequentemente impulsionam as mudanças e as condições
demográficas, econômicas, político-jurídicas e tecnológicas. As forças socioculturais variam de um país
para outro. Cada nação tem um sistema cultural e social que compreende certas crenças e valores. As
organizações deveriam monitorar as forças culturais e sociais porque estas forças externas são
extremamente importantes para o seu desempenho. Exemplos: a mulher na força de trabalho; diversidade
da força de trabalho; atitudes em relação à qualidade da vida profissional; questões ambientais; mudanças
nas preferências de trabalho e carreira; e mudanças nas preferências relacionadas com características
de produtos e serviços.

Dentre as forças tecnológicas incluem avanços científicos e tecnológicos em uma indústria


específica, assim como de uma sociedade como um todo. As mudanças na tecnologia afetam as
operações de uma empresa, bem como seus produtos e serviços. No entanto, de uma outra perspectiva,
a mudança tecnológica pode dizimar empresas existentes e até mesmo setores inteiros, já que a demanda
passa de um produto para outro. As forças tecnológicas requerem que a administração se mantenha à
frente dos mais recentes desenvolvimentos e, quando possível, incorpore os avanços para manter a
competitividade da organização. Exemplos: inovações de produto; aplicações dos conhecimentos;
enfoque das despesas em pesquisas de desenvolvimento do governo na iniciativa privada; e novas
tecnologias de comunicações.

As forças internacionais (ou globais) do ambiente externo representam os eventos que se originam
nos países estrangeiros, assim como oportunidades para empresas em outros países. Hitt et al (2005)
denominam como segmento global novos e relevantes mercados globais, mercados existentes em fase
de mudança e eventos políticos internacionais essenciais aos mercados globais. A importância das forças
internacionais cresce consideravelmente quando uma organização decide-se internacionalizar e expandir
seus produtos ou serviços para um mercado internacional.
As organizações estão operando em um mundo cada vez mais sem barreiras sendo que administração
em um ambiente global é diferente da administração de operações domésticas. Exemplos: eventos
políticos importantes; mercados globalizados críticos; países recém-industrializados; atributos culturais e
instituições diferentes.
Dos autores pesquisados, os únicos que incluem o conceito de fator ambiental são Johnson, Scholes
e Whittington30. Eles conceituam esse fator como a preocupação que a organização deve ter em relação
ao meio ambiente, avaliando os impactos de leis de proteção ambiental e consumo de energia.

Ambiente Operacional ou Setorial ou Microambiente ou Ambiente Tarefa


O ambiente operacional inclui as forças que têm um relacionamento de trabalho direto com a
organização31. São eles os clientes, fornecedores, concorrentes/competidores, ameaça de entrantes,
ameaça de produtos substitutos, parceiros estratégicos, reguladores e mercado de trabalho.

Clientes são pessoas que compram produtos ou serviços de uma organização e que diferem
fortemente em diversas características, como educação, idade, renda e estilo de vida. Como recebedores

30
JOHNSON, Gerry; SCHOLES Kevan; WHITTINGTON Richard. Exploring Corporate Strategy. Financial Times Prentice Hall, 2005.
31
HITT, Michael A.; IRELAND, R. Duane; HOSKISSON, Robert E. Administração estratégica: competitividade e globalização. Tradução de José Carlos Barbosa
dos Santos e Luiz Antonio Pedroso Rafael. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

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34
da produção da organização, os clientes são importantes porque eles determinam o sucesso da
organização.

O componente fornecedor do ambiente operacional inclui todas as variáveis relacionadas aos que
fornecem recursos para a organização. Esses recursos são adquiridos e transformados durante o
processo produtivo em mercadorias e serviços finais. A forma como os vendedores oferecem os recursos
especificados para venda, a qualidade relativa dos materiais oferecidos, a credibilidade nas entregas e
os termos do crédito oferecido, representam questões importantes de se considerar para administrar uma
organização de forma eficaz e eficiente.

Concorrentes ou competidores são outras organizações na mesma indústria ou no mesmo tipo de


negócio, que proporcionam bens ou serviços para um mesmo conjunto de clientes. Existem dois tipos de
competidores: competidores intratipos (ou diretos) e intertipos (ou indiretos). Competidores diretos são
organizações que produzem produtos ou serviços similares. Competidores indiretos são organizações
que podem alterar o interesse do consumidor, desviando as suas atenções à compra.

A ameaça de entrantes aumenta à medida que um setor recebe novos concorrentes. A não ser que
o mercado esteja crescendo rapidamente, uma nova entrada intensifica a luta por fatias de mercado,
reduzindo assim os preços e a lucratividade do setor. A probabilidade de novas empresas entrarem em
um setor depende de dois fatores: barreiras de entrada e a retaliação esperada por parte dos concorrentes
existentes.
Os concorrentes existentes tentam desenvolver barreiras contra o ingresso no mercado. Por outro
lado, o novo entrante em potencial procura os mercados nos quais as barreiras de entrada sejam
relativamente insignificantes. Existem vários tipos de barreiras de entrada, como: economias de escala,
diferenciação de produto, requisitos de capital, custos de mudança, acesso aos canais de distribuição,
desvantagens de custo independentemente da escala e política de governo.

Os produtos substitutos são os diferentes bens ou serviços que se originam fora de um determinado
setor e que desempenham as mesmas funções ou funções semelhantes às de um produto fabricado
nesse setor. Por exemplo, os cinemas estão sofrendo uma concorrência cada vez maior da TV a cabo,
que passa filmes em primeira exibição por menos da metade do preço do ingresso de bilheteria dos
cinemas.

Parceiros estratégicos são duas (ou mais) organizações que trabalham juntas (aliados estratégicos),
sob a forma de joint ventures ou outras formas de aliança, para facilitar a venda, a distribuição e a
divulgação dos seus produtos e serviços.

Reguladores são elementos do ambiente que têm o poder de controlar, legislar ou influenciar as
políticas e práticas das organizações. Existem dois tipos importantes de reguladores: agências
reguladoras – órgãos governamentais, criados para proteger o público de certas práticas de negócios ou
para proteger as organizações umas das outras; e grupos de interesse – uniões dos próprios membros,
na tentativa de influenciar organizações com o sentido de proteger o seu negócio.
O mercado de trabalho representa as pessoas no ambiente que podem ser empregadas para trabalhar
para a organização. Toda organização precisa de certo número de pessoas treinadas e qualificadas. Os
sindicatos, as associações de funcionários e a disponibilidade de certas classes de funcionários podem
influenciar o mercado de trabalho da organização.

As forças do mercado de trabalho que afetam as organizações incluem:


1. A crescente necessidade de trabalhadores que dominem a tecnologia de informação;
2. A necessidade de investimentos contínuos nos recursos humanos por meio de recrutamento,
educação e treinamento para satisfazer as demandas competitivas do mercado globalizado; e
3. Os efeitos dos blocos internacionais de comércio, da automação e da mudança da localização da
instalação em relação aos deslocamentos da mão-de-obra, criando grupos de trabalhadores não
utilizados em algumas áreas e falta de mão-de-obra em outras áreas32.

32
DAFT, Richard L. Administração. Tradução Robert Brian Taylor. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1993.

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35
Ambiente Interno ou Organização
Ambiente interno é composto de proprietários, empregados, administradores e ambiente físico de
trabalho, além da cultura organizacional33. Tais elementos são explicados a seguir:

Proprietários: são aqueles com direitos legais de propriedade sobre determinado negócio. Podem ser
um único indivíduo que estabelece e desenvolve um negócio, ou parceiros que juntamente estabelecem
e dirigem ou não um negócio, investidores individuais que compram ações de uma organização ou outras
organizações.

Empregados: são os recursos humanos, a partir dos quais uma organização desenvolve a sua
atividade. As pessoas são, talvez, o mais valioso recurso interno de uma organização, porque elas são a
sua energia vital. As pessoas proveem conhecimento, habilidades e dirigem aquilo que cria, mantém e
desenvolve as organizações. Os recursos humanos são as mais culturalmente diferentes forças de
trabalho, o que representa um grande desafio para os administradores, por fatores tais como raça/etnia,
gênero, idade e cultura.

Administradores: são os encarregados da administração geral da empresa, para garantir o


desempenho das funções administrativas e os resultados estabelecidos.

Ambiente físico: são as instalações das organizações, podendo ter as mais diversas configurações,
ser em um único plano ou em diversos andares, em um único local ou em vários diferentes, próximos ou
distantes.

Cultura organizacional: é provavelmente o mais difícil conceito organizacional para se definir. O


conceito de cultura é antropológico e sociológico, o que comporta múltiplas definições. Cultura envolve
diversos fatores como: conhecimento, opinião, arte, moral, lei, costume, e algumas outras capacidades e
habilidades do homem como membro da sociedade.

O conhecimento da complexidade do ambiente global em que a organização está inserida é a chave


para o sucesso. Além deste conhecimento, é necessário que o administrador encontre maneiras de
manter-se atualizado frente às constantes e rápidas alterações neste ambiente, sobre todos os seus
aspectos. Visando este intuito, a análise do macro e do microambiente deve ser realizado por meio de
um estudo de mercado que diz respeito à definição do mercado, ao tamanho do mercado, a como ele
funciona, a seu crescimento e a sua segmentação, entre outros elementos. Desta forma teremos uma
ferramenta comercial extremamente valiosa e importante para a eficácia de todo o processo de vendas,
bem como para a compreensão de prováveis eventos futuros, antecipando-se as turbulências e incertezas
ambientais.

Análise do ambiente: é o processo de monitoração do ambiente organizacional para identificar os


riscos e oportunidades, tanto presentes como futuros, que possam influenciar a capacidade das empresas
de atingir suas metas. Em geral, o propósito da análise ambiental é avaliar o ambiente organizacional de
modo que a administração possa reagir adequadamente e aumentar o sucesso organizacional.

Turbulência / Incerteza Ambiental

Turbulência (ou incerteza) tem sido um conceito central nas teorias que procuram explicar a relação
entre organizações e seus ambientes.
Os três conceitos mais comuns para definir incerteza ambiental foram organizados por Milliken34, a
partir de diversos autores:
1. uma inabilidade de notar probabilidades de futuros eventos bons;
2. falta de informação sobre a relação causa-efeito;
3. uma inabilidade de predizer os resultados de uma decisão.

Milliken propôs a existência de três tipos de incertezas ambientais. São elas: estado de incerteza, efeito
incerteza e resposta incerta.

O estado de incerteza refere-se quando a previsão do ambiente ou parte dele se torna muito difícil.
33
SILVA, Reinaldo Oliveira da. Teoria da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
34
MILLIKEN, F. J. Three types of perceived uncertainty about the environment: state, effect, and response uncertainty. Academy of Management Review, 1987.

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36
Já o efeito de incerteza está relacionado com a dificuldade de predizer o futuro devido ao efeito de
uma mudança no ambiente de forma inesperada, como, por exemplo, um furacão ou um tufão.

O terceiro tipo de incerteza, a resposta incerta, está relacionado à inabilidade de predizer as


consequências das escolhas feitas por parte dos gestores.

Jauch e Kraft35 consideram que a incerteza ambiental tem algumas dimensões: disparidade
(heterogeneidade), volatilidade, quantidade das mudanças e velocidade em que ocorrem, e pré-
disposição a elas.

Diferenças individuais são o motivo da variação da percepção de incerteza. A forma como uma
empresa tenta se adaptar às mudanças no ambiente está relacionada à visualização destas como
ameaças ou oportunidades.

O aumento da velocidade das mudanças, devido à globalização, tem causado um aumento da


turbulência ambiental. No cenário brasileiro as empresas devem atentar-se às mudanças e responder de
forma rápida ao ambiente. Ressalta ainda que mudança é o conceito central no gerenciamento de
empresas no Brasil. No caso do Brasil, a incerteza ou turbulência ambiental não se dá somente devido à
dinâmica competitiva (inovações tecnológicas e novos entrantes), mas pelos efeitos da atuação de
governos não facilitadores.
Face ao exposto, Bandeira-de-Mello e Cunha36 desenvolveram a teoria denominada Administração de
Risco, teoria substantiva com o objetivo de explicar o comportamento estratégico de pequenas empresas
em ambientes de forte turbulência. A teoria diz: ...firmas, com pouca capacidade de influenciar o ambiente
em proveito próprio, lidam com adversidades impostas a elas pelos atores ambientais e agem no sentido
de maximizar sua longevidade em detrimento da maximização dos ganhos econômico-financeiros.
Denominamos esse processo de administração do risco.
Um fator de grande relevância na administração de risco é sua preocupação com o curto prazo,
conforme depoimento de entrevistado, que consta da pesquisa de Bandeira-de-Mello e Cunha: “A
preocupação era sobrevivência no curto prazo, para salvar a empresa emergencialmente dos choques
do governo, e longevidade no longo prazo”.

Questões

01. (TRT 14ª Região - Analista Judiciário - IESES) Assinale a alternativa correta. Aquele ambiente
comum a todas as organizações, constituído das condições tecnológicas, legais, políticas, econômicas,
demográficas, entre outras, é corretamente chamado de:
(A) Micro Ambiente.
(B) Ambiente Interno.
(C) Ambiente de Tarefa.
(D) Ambiente Geral.
(E) Ambiente Específico.

02. (CEFET/RJ - Administrador - CESGRANRIO) Segundo os princípios da administração


estratégica, para executar uma análise do ambiente de forma eficiente e efetiva, o administrador deve
entender bem a maneira como os ambientes organizacionais estão estruturados. Os componentes
externos à organização, que têm amplo escopo e sobre os quais a organização não tem nenhum controle,
compõem o denominado nível de ambiente
(A) geral
(B) interno
(C) operacional
(D) institucional
(E) organizacional

35
JAUCH, Lawrence R.; KRAFT, Kenneth L. Strategic management of uncertainty. Academy of Management Review, vol. 11, n. 4, 1986.
36
BANDEIRA-DE-MELLO, Rodrigo; CUNHA, Cristiano José Castro de Almeida. Administrando o risco: uma teoria substantiva da adaptação estratégica de
pequenas empresas a ambientes turbulentos e com forte influência governamental. RAC - Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 8, n. especial, 2004.

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03. (CONAB - Administração - IADES) No que tange à análise do macro e do microambiente, assinale
a alternativa correta.
(A) O ambiente econômico, político e legal, a concorrência e o total de demandas do cliente-cidadão,
atendidas por área geográfica, fazem parte da análise do macroambiente.
(B) A análise dos pontos fortes e fracos da organização não se relaciona com as oportunidades e
ameaças.
(C) Market share, custos e número de atendimentos são fatores do macroambiente.
(D) O principal efeito da análise do macroambiente é a redução de conflitos entre indivíduos e
departamentos e o conhecimento interno da organização.
(E) Um estudo de mercado diz respeito à definição do mercado, ao tamanho do mercado, a como ele
funciona, a seu crescimento e a sua segmentação, entre outros elementos.

04. (IF/PI - Professor de Administração - IFPI) Nunca se deparou com tantas mudanças como as
que se observam na atualidade. O ambiente contingencial faz-se presente na estrutura de todas as
organizações. Nesse contexto, seus objetivos mudam no decorrer do tempo; consequentemente, a
estratégia da produção precisa ser modelada, visando à antecipação das necessidades futuras.
Considerando esse cenário, associando-o ao desenvolvimento de estratégias de produção que
possibilitem a sobrevivência em um mercado marcado pela competição acirrada, com clientes cada vez
mais exigentes, a tomada de decisão deve ser guiada considerando as variáveis Macroambientais, bem
como aquelas que compõem o Ambiente de Tarefa. Associe (MA) para variáveis que fazem parte do
Macroambiente e (AT) para aquelas do Ambiente de Tarefa e, em seguida, marque a alternativa
CORRETA correspondente.
( ) Legal
( ) Social
( ) Concorrência
( ) Guia de Fornecedores

(A) AT, AT, MA e AT.


(B) AT, AT, MA e MA.
(C) MA, MA, AT e AT.
(D) MA, MA, MA e AT.
(E) MA, AT, AT e AT.

05. (IF/RS - Professor de Finanças - IF/RS) A definição da estratégia deve estar alinhada à visão da
empresa e ser fundamentada na análise do ambiente externo e interno. Em relação à análise ambiental
verifique as assertivas abaixo e assinale a alternativa conforme solicitado:
I. O ambiente externo pode ser decomposto em macroambiente, comum a todas as organizações e
específico, próprio de cada organização.
II. O macroambiente é composto, entre outras, por variáveis tecnológicas, econômicas, políticas,
legais, sociais, culturais, demográficas e ecológicas.
III. As variáveis políticas somente interferem na estrutura e funcionamento dos negócios regulados
pelo agente governamental.
IV. As variações econômicas podem ser estruturais, que alteram as relações entre os setores, e
cíclicas, a exemplo de oscilações nos juros. Ambas afetam a obtenção de lucros e devem ser
cuidadosamente analisadas.
V. O ambiente específico é constituído principalmente por clientes, fornecedores, concorrentes e
grupos reguladores.
VI. Uma vez estabelecido o cenário da análise ambiental é possível assegurar um contexto e definir
as ações para o sucesso da empresa.

Estão CORRETAS as afirmativas:


(A) Apenas I, III, IV e V.
(B) Apenas I, II, III e VI.
(C) Apenas I, III, V e VI.
(D) Apenas I, IV, V e VI.
(E) Apenas I, II, IV e V.

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06. (Banco do Brasil - Escriturário - CESGRANRIO) Segundo dados recentes, a contratação de
seguros pessoais no Brasil — incluindo seguro de vida, de viagem, contra acidentes pessoais, bem como
seguro educacional — somou R$ 6,9 bilhões em prêmios no primeiro trimestre de 2015. Esse montante
representa elevação de 11,6%, em comparação com o mesmo período de 2014, e se deve, segundo
especialistas do setor, à mudança da visão dos brasileiros a respeito de suas responsabilidades no futuro.
Segundo os especialistas, os brasileiros passam por um momento de mudança de valores e se
preocupam mais com o futuro.
Do ponto de vista da análise do macroambiente de marketing, o mercado de seguros foi afetado por
mudanças no ambiente
(A) tecnológico
(B) sociocultural
(C) natural
(D) econômico
(E) demográfico

07. (IFC/SC - Administração - IESES) Considerado um dos pais do Planejamento Estratégico, o


professor Igor Ansoff, afirmou em seu livro “Do Planejamento Estratégico à Administração Estratégica”,
que na década de 50, as organizações passaram a preocupar-se cada vez mais com o ambiente.
Analise as assertivas:
I. O ambiente de tarefa é o ambiente específico de cada organização. Cada organização tem seu
próprio ambiente de tarefa, do qual obtém suas entradas e no qual coloca suas saídas ou resultados.
II. O ambiente de tarefa é constituído de todos os fatores econômicos, tecnológicos, sociais, políticos,
legais, culturais, demográficos, etc. que ocorrem no mundo e na sociedade em geral.
III. O ambiente geral ou macroambiente constitui um conjunto de condições semelhantes para as
organizações. É constituído por fornecedores, clientes, concorrentes e entidades reguladoras.
IV. Quando a organização escolhe o seu produto ou serviço e quando escolhe o mercado onde
pretende colocá-los, ela está definindo o seu ambiente de tarefa.

Sobre as assertivas, pode-se afirmar:


(A) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
(B) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.
(C) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
(D) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas.

Gabarito

01.D / 02.A / 03.E / 04.C / 05.E / 06.B / 07.A

Comentários

01. Resposta: D
O Ambiente Geral (também chamado macroambiente) é constituído de um conjunto amplo e complexo,
de condições e fatores externos que envolvem e influenciam difusamente todas as organizações. É um
conjunto de condições genéricas e externas a organização que contribuem de um modo geral para tudo
aquilo que ocorre em cada organização, para as estratégias adotadas e para as consequências das ações
organizacionais. Geralmente pode ser constituído das variáveis que não estão associadas ao dia a dia da
organização: tecnologia, políticas, econômicas, sociais, demográficas e ecológicas.

02. Resposta: A
O ambiente geral é o nível de um ambiente externo à organização composto de componentes que
normalmente têm amplo escopo e pouca aplicação imediata para administrar uma organização (conforme
explicado na questão anterior). Todos os outros referem-se ao microambiente.

03. Resposta: E
O conhecimento da complexidade do ambiente global em que a organização está inserida é a chave
para o sucesso. Além deste conhecimento, é necessário que o administrador encontre maneiras de
manter-se atualizado frente às constantes e rápidas alterações neste ambiente, sobre todos os seus
aspectos. Visando este intuito, a análise do macro e do microambiente deve ser realizado por meio de

Apostila gerada especialmente para: Rafael Ribeiro Monteiro 822.090.810-68


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um estudo de mercado que diz respeito à definição do mercado, ao tamanho do mercado, a como ele
funciona, a seu crescimento e a sua segmentação, entre outros elementos.

04. Resposta: C
Para não ter dúvidas, verifique a figura: Os elementos do ambiente organizacional, assim ficará mais
claro observar o que é de cada ambiente da organização.

05. Resposta: E
Explicaremos as afirmações erradas (VI e III):
Opção VI diz: “Uma vez estabelecido o cenário da análise ambiental é possível assegurar um contexto
e definir as ações para o sucesso da empresa. Não há como “assegurar” o sucesso de empresa alguma
com tantas incertezas no ambiente. O planejamento estratégico, as ferramentas estratégicas e tudo mais
que existe na Administração Estratégica, poderão apenas “auxiliar”, para a melhor escolha.
A Opção III diz: “As variáveis políticas somente interferem na estrutura e funcionamento dos negócios
regulados pelo agente governamental. As variáveis políticas, influenciam, todos os negócios, e não só os
regulados, por este ou aquele “agente governamental”.

06. Resposta: B
Está no texto do enunciado da questão quando informa que “...segundo especialistas do setor, à
mudança da visão dos brasileiros a respeito de suas responsabilidades no futuro. Segundo os
especialistas, os brasileiros passam por um momento de mudança de valores e se preocupam mais com
o futuro”. Isto quer dizer que houve uma mudança sociocultural em que antes não se preocupava ou
preocupa-se.

07. Resposta: A
Explicaremos as afirmações erradas (II e III):
Opção II afirma: “O ambiente de tarefa é constituído de todos os fatores econômicos, tecnológicos,
sociais, políticos, legais, culturais, demográficos, etc. que ocorrem no mundo e na sociedade em geral”.
É o ambiente geral ou macroambiente que é constituído dos fatores citados e não o ambiente tarefa.
Opção III afirma: “O ambiente geral ou macroambiente constitui um conjunto de condições
semelhantes para as organizações. É constituído por fornecedores, clientes, concorrentes e
entidades reguladoras”. O erro está em citar tais itens como parte do ambiente geral sendo que eles
fazem parte do ambiente tarefa.

OBJETIVOS E METAS ESTRATÉGICAS

Nas organizações, a definição de metas e objetivos37 está diretamente relacionada com o


planejamento estratégico, no qual definições claras de objetivos precisam existir para direcionar os rumos
da instituição, dando sustentabilidade a ela.
A principal razão de se escrever os objetivos e as metas do negócio é procurar adequar e orientar o
caminho a ser seguido para que a empresa esteja cumprindo sua missão em direção à sua visão.
Sendo assim, depois de definidos a missão, a visão e os valores da organização, deve-se definir os
seus objetivos estratégicos (os resultados quantitativos e qualitativos que se pretende alcançar) e metas
estratégicos.
Os objetivos e metas também têm a finalidade de propor desafios ao planejamento estratégico. Quão
maior e mais arrojado forem os objetivos e metas, mais desafiador será o planejamento.
Veja a comparação destes dois importantes conceitos.

37 KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing: A Bíblia do Marketing. 12ª edição, Prentice Hall Brasil, 2006.
CHIAVENATO, Idalberto - Introdução a Teoria Geral da Administração 2014.

Apostila gerada especialmente para: Rafael Ribeiro Monteiro 822.090.810-68


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Veremos a seguir de maneira mais detalhada tanto os objetivos quanto as metas.

Objetivos Estratégicos

Os objetivos estratégicos são a declaração do que se pretende na organização, devem ser claros,
concisos e alcançáveis. O objetivo é algo detalhado e concreto que define o que se almeja para a
organização. Trata-se de uma visão da organização para o futuro, abordando o que se almeja.
Sem objetivos e sem uma comunicação efetiva, a organização pode tomar qualquer direção. Sendo
assim, objetivos são resultados quantitativos e qualitativos que a empresa precisa alcançar em prazo
determinado, no contexto de seu ambiente, para cumprir sua Missão.
A definição dos objetivos requer um planejamento, bem como o envolvimento de toda a organização
e até dos stakeholders (significa público estratégico; é uma pessoa ou grupo que tem interesse em uma
empresa, negócio ou indústria, podendo ou não ter feito um investimento neles) envolvidos.

Funções dos objetivos:


- Definem uma situação futura e servem de guia para os planos de ações a serem efetuados;
- Justificam as atividades da equipe;
- Servem para avaliar a produtividade, as ações e a eficiência da equipe.

Os objetivos devem ser:


- Coerentes com a declaração da missão;
- Reflexos das crenças e os valores básicos da empresa.

Categorias de Objetivos Organizacionais


Para Chiavenato, existem cinco categorias de objetivos organizacionais:
1. Objetivos da sociedade: relacionados com a sociedade em geral, como: produzir bens e serviços,
manter a ordem pública, criar e manter valores culturais. Procuram preencher as necessidades da
sociedade.
2. Objetivos de produção: relacionados com o público que entra em contato com a organização.
Exemplos: bens de consumo, serviços a empresas, educação. Trata-se de tipos de produção definidos
em termos das funções do consumidor.
3. Objetivos de sistemas: relacionados com a maneira de funcionar da organização,
independentemente dos bens e serviços que ela produz ou dos objetivos daí resultantes. Exemplos:
ênfase nos lucros, no crescimento e na estabilidade da organização.
4. Objetivos de produtos: relacionados com as características dos bens e serviços produzidos.
Exemplos: ênfase na qualidade ou quantidade de produtos, variedade, estilo, disponibilidade,
originalidade ou inovação dos produtos.
5. Objetivos derivados: relacionados com os usos que a organização faz do poder originado na
consecução de outros objetivos. Exemplos: serviços comunitários, programas sociais e comunitários,
política de investimento e localização das instalações que melhorem a economia e o futuro das
comunidades.

Metas Estratégicas

Meta é a quantificação, com prazos definidos, do objetivo estabelecido. E, para serem alcançados, os
desafios exigem esforço extra.
As metas estratégicas devem declarar os níveis de desempenho minimamente aceitáveis e devem ser
quantificáveis possibilitando durante sua execução, a identificação dos fatores críticos de sucesso, das
ameaças e oportunidades e dos pontos fracos e fortes em relação aos resultados finais e intermediários
esperados.
As metas estratégicas devem ser realistas e desafiadoras, encorajando o progresso em relação aos
níveis históricos de desempenho. Metas não realistas ou que não representem desafio podem levar à
perda de credibilidade e à desmotivação em relação ao seu cumprimento.
As metas devem ser escritas de forma que, mesmo pessoas não familiarizadas com a organização,
sejam capazes de entender os resultados esperados apenas pela leitura.
As metas estratégicas devem ser estabelecidas de acordo com o objetivo, missão e visão estratégica;
devem ser quantificáveis e devem comunicar o desempenho esperado. Para isso, algum indicador é
necessário ser estabelecido. Deve-se se estabelecer uma meta por indicador (por exemplo: indicador
financeiro que pode ser a receita total recebido em um mês).

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As metas devem considerar que as empresas buscam competitividade estratégica (vantagem
competitiva), que é alcançada quando uma empresa implementa uma estratégia que os concorrentes não
conseguem copiar ou consideram custosa demais para imitar e assim sustentam uma situação de
destaque frente à concorrência.

Vamos conhecer uma importante ferramenta para auxiliar na verificação de dimensões (ou critérios)
de uma meta:

Metas Smart (esperto, em inglês):


S: Específicos (Specific): as metas devem ser formuladas de forma específica e precisa;
M: Mensuráveis (Measurable): as metas devem ser definidas de forma a poderem ser medidas e
analisadas em termos de valores ou volumes;
A: Atingíveis (Attainable): a possibilidade de concretização das metas deve estar presente, ou seja,
devem ser alcançáveis;
R: Realistas (Realistic): as metas não devem pretender alcançar fins superiores aos que os meios
permitem;
T: Temporizáveis (Time-bound): as metas devem ter prazo e duração definidas.

Alguns exemplos de metas estratégicas:


- Aumentar a satisfação dos clientes em 30%;
- Reduzir os custos produtivos em 20%;
- Elevar o índice de capacitação dos funcionários em 25%.

Sendo assim, tenha em mente que os objetivos fornecem uma DIREÇÃO, enquanto as metas são
OBJETIVOS QUANTIFICADOS.

Para que fique ainda mais claro, vejamos o exemplo a seguir de como uma organização poderia
estabelecer os seus objetivos e metas, inclusive já mensurando por meio de indicadores como esta meta
será alcançada. Veja:

Objetivo Definição Exemplos


- Aumentar vendas;
É (ou são) o(s) grande(s) anseio(s) do
Objetivo - Reduzir custos;
empreendedor para a sua empresa.
- Aumentar a capacitação dos funcionários.
É a métrica sobre como o objetivo - Vendas brutas, vendas líquidas;
vais ser mensurado. É preciso ter - Custo das mercadorias vendidas; custos
Indicador uma meta definida, que possa ser diretos;
calculada de forma clara por todos os - aumento de satisfação e do desempenho das
envolvidos. pessoas na organização.
- Aumento de 13% das vendas no próximo ano;
- Redução de 18% dos custos das mercadorias
É o valor a ser atingido pelo indicador vendidas sobre o mesmo mês do ano anterior;
Meta
ao final de um período. - Aumento de 10% na satisfação dos
funcionários e de 8% do desempenho dos
funcionários.

Questões

01. (TRE/PE - Técnico Judiciário - Área Administrativa - FCC) Declaradas a Missão, Visão e Valores
da instituição, as prioridades e resultados quantitativos e qualitativos que se propõe a alcançar num prazo
determinado são os
(A) Diagnósticos Estratégicos.
(B) Objetivos Estratégicos.
(C) Fatores Críticos de Sucesso.
(D) Princípios Estratégicos.
(E) Objetivos Institucionais.

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02. (CNJ - Analista Judiciário - Área Administrativa - CESPE) Os resultados que a empresa deseja
alcançar são definidos pelos objetivos estratégicos propostos em seu planejamento estratégico.
( ) Certo ( ) Errado

03. (MEC - Especialista em Processos de Negócios - CESPE) Os objetivos organizacionais,


definidos a partir da análise das metas de uma organização, são comumente avaliados e mensurados. A
técnica SMART, no teste mensurável, rastreia e mede o resultado bem como auxilia na verificação do
alcance dos objetivos.
( ) Certo ( ) Errado

04. (MEC - Especialista em Processos de Negócios - CESPE) No que se refere a projeto, julgue os
itens que se seguem.

O acróstico SMART é comumente utilizado para a definição das metas de um projeto.


( ) Certo ( ) Errado

05. (UFPE - Auxiliar em Administração – COVEST/COPSET) Objetivos e recursos são palavras-


chaves na definição da administração e também da organização. Uma organização é um sistema de
recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos). Assinale qual das
alternativas a seguir corresponde a um tipo de objetivo das organizações.
(A) Divisão do trabalho.
(B) Espaço.
(C) Informação.
(D) Produtos.
(E) Processos de transformação.

Gabarito

01.B / 02.Certo / 03.Certo / 04.Certo / 05.D

Comentários

01. Resposta: B
Após a definição da missão, visão e os valores da organização, deve-se definir os seus objetivos
estratégicos (os resultados quantitativos e qualitativos que que se deseja alcançar). Para tanto, as metas
estratégicas auxiliam nesta quantificação.

02. Resposta: Certo


Os resultados estão na Visão e nos objetivos estratégicos. Os objetivos são os resultados que a
organização pretende atingir. As empresas utilizam os objetivos como base de seu planejamento
estratégico.

03. Resposta: Certo


"Conforme as metas são analisadas, elas são convertidas em objetivos mais descritivos, granulares e
específicos e vinculadas às medidas que tornem possíveis avaliar se os objetivos foram alcançados. Um
teste comum para verificar os objetivos é garantir que eles são SMART (espertos):
eSpecíficos - Descrevendo algo que possui um resultado mensurável;
Mensuráveis - Rastreando e medindo o resultado;
Alcançáveis - Testando a viabilidade do esforço
Relevantes - Em alinhamento com a visão, missão e principais metas da organização; e
Temporais - O objetivo possui um prazo definido que é consistente com a necessidade do negócio."

04. Resposta: Certo


Assertiva correta, conforme já explicado na questão anterior. Pode ser usado em projetos, ou em
qualquer tipo de planejamento organizacional.

05. Resposta: D
Segundo Chiavenato, existem 5 tipos de objetivos das organizações: sociedade, produção, sistemas,
produtos, e derivados.

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NEGÓCIO, MISSÃO, VISÃO, VALORES

O primeiro passo de qualquer Planejamento Estratégico é definir o Negócio, a Missão, Visão e Valores
da organização. Este passo é que dá o “Norte” a ser seguido pela empresa. Sem estas definições, o
restante do planejamento perde seu sentido.
Quando tratamos de negócio, missão, visão, valores, estamos falando de algo que serve para definir
a direção estratégica da empresa: da integração das operações à estratégia da companhia e da motivação
da equipe. É útil porque permite que o empreendedor reflita sobre futuro e papel de seu negócio na
sociedade. Porém, nota-se que estes termos são frequentemente mal-empregados na gestão de
empresas.
É comum encontrar companhias com declarações de missão, visão e valores que são meros objetos
decorativos, pois não são seguidos pela empresa.
Ressalta-se que é indicado para organizações de todos os portes, em especial as que estão nascendo.
Sendo assim, é útil também, uma vez que os produtos e serviços mostram-se cada vez mais iguais e
apresentam-se de maneira cada vez mais semelhante. As organizações, atualmente, apostam nesse
conjunto próprio de características – Negócio, Missão, Visão e Valores – que as identifiquem e diferenciem
das demais organizações.

Negócio

Trata-se do ramo de atividades no qual a organização atua. Resume os benefícios que ela proporciona
para seus clientes. Leva em conta o que a organização faz, mas analisa, também, o espaço que pretende
ocupar no mercado (demandas ambientais). Responde às seguintes perguntas:
- Que desejos/necessidades/expectativas atendemos?
- Desejos/necessidades/expectativas de quem?
- Com que áreas de negócio?
- Em que canais e em que regiões?
- Em organizações públicas e suas unidades, pode-se definir que o negócio é a “área de competência”.

Missão Organizacional

É uma proposta da razão pela qual a organização existe. Ela oferece informação sobre o escopo de
Missão Organizacional, atuação da empresa, seus clientes, seus valores e competências essenciais.
Assim, a missão é tida como o detalhamento da razão de ser da empresa, ou seja, é o porquê da
empresa. Na missão, tem-se acentuado o que a empresa produz, sua previsão de conquistas futuras e
como espera ser reconhecida pelos clientes e demais stakeholders.

A missão ajuda:
- A concentrar esforços em uma direção comum;
- A assegurar que a organização não persiga propósitos conflitantes;
- Serve de base para alocação de recursos organizacionais;
- Estabelece áreas amplas de responsabilidades por tarefa na organização;
- Atua como base para o desenvolvimento de objetivos.

Kotler38 ressalta que é importante que a missão responda em quais esferas competitivas a empresa
pretende atuar:
Esfera setorial: para que setor a empresa comercializa? Para um setor, para dois setores, para
qualquer setor.
Esfera geográfica: Onde eu vou comercializar? Que cidade, estado ou país? Nível global?
Esfera de produtos: Que tipo de produtos fornecer? Tecnológicos, saúde, alimentação, bancários?
Esfera de segmento de mercado: Para qual público comercializar? Um público com maior ou menor
poder aquisitivo?
Esfera de competências: Quais são as melhores competências dessa empresa? É uma empresa em
que seu melhor é a inovação tecnológica, a qualidade?
Esfera vertical: A empresa produz desde a matéria-prima até o produto final e a distribuição ou apenas
distribui?

38
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing: A Bíblia do Marketing. 12ª edição, Prentice Hall Brasil, 2006.

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Exemplos de Missão:

Fiat
Desenvolver, produzir e comercializar carros e serviços que as pessoas prefiram comprar e tenham
orgulho de possuir, garantindo a criação de valor e a sustentabilidade do negócio.

HSBC
Garantir a excelência na entrega de produtos e serviços financeiros, maximizando valor para clientes e
acionistas.

Gerdau
Gerar valor para nossos clientes, acionistas, equipes e a sociedade, atuando na indústria do aço de
forma sustentável.

Visão

Refere-se àquilo que a empresa deseja ser no futuro. A visão deve apresentar um quadro descritivo
do que a empresa deverá ser no futuro.

A visão é útil para:


- Esclarecer a todos os stakeholders a direção do negócio;
- Descrever uma condição futura (aonde a empresa quer chegar);
- Motivar os interessados e envolvidos a tomar as ações necessárias;
- Oferecer o foco;
- Incentivar as pessoas a trabalhar em direção a um estado comum e a um conjunto interligado de
objetivos.

Exemplos de visão:

Fiat
Estar entre os principais players do mercado e ser referência de excelência em produtos e serviços
automobilísticos.

HSBC
Ser o melhor grupo financeiro do Brasil em geração de valor para clientes, acionistas e colaboradores.

Gerdau
Ser global e referência nos negócios em que atua.

Valores

Valores são crenças, costumes e ideias nas quais a maioria das pessoas da organização acredita. Os
valores permeiam todas as atividades e relações existentes na organização e desta com os clientes.
Constituem uma fonte de orientação e inspiração no local de trabalho; incidem nas convicções que
fundamentam as escolhas por um modo de conduta tanto de um indivíduo quanto em uma organização.
Podem ser definidos como princípios que guiam a vida da organização, tendo um papel tanto de
atender a seus objetivos quanto o de atender às necessidades de todos aqueles a sua volta. São
elementos motivadores que direcionam as ações das pessoas na organização, contribuindo para a
integração e a coerência do trabalho - formação de estratégia, análise, formulação, formalização, decisão
e implementação.

Exemplos de valores:

Fiat
Satisfação do cliente - Ele é a razão da existência de qualquer negócio.
Valorização e respeito às pessoas - São as pessoas o grande diferencial que torna tudo possível.
Atuar como parte integrante do Grupo Fiat - Juntos nossa marca fica muito mais forte.
Responsabilidade social - É a única forma de crescer em uma sociedade mais justa.
Respeito ao Meio Ambiente - É isso que nos dá a perspectiva do amanhã.

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HSBC
Nossa conduta deve refletir os mais altos padrões de ética.
Nossa comunicação deve ser clara e precisa.
Nosso gerenciamento deve ser em equipe, consistente e focado.
Nosso relacionamento com clientes e colaboradores deve ser transparente e baseado na
responsabilidade e confiança entre as partes.

Gerdau
Ter a preferência do cliente
Segurança das pessoas acima de tudo
Pessoas respeitadas, comprometidas e realizadas
Excelência com simplicidade
Foco em resultados
Integridade com todos os públicos
Sustentabilidade econômica, social e ambiental

Para resumir os pontos principais do que foi exposto, temos que:


Missão: É o propósito de a empresa existir. É sua razão de ser.
Visão: É a situação a que a empresa deseja chegar (em período definido de tempo).
Valores: são os ideais de atitude, comportamento e resultados que devem estar presentes nos
colaboradores e nas relações da empresa com seus clientes, fornecedores e parceiros.

As questões de concurso sobre esses assuntos se baseiam em diferenciar estes conceitos básicos e
outras questões apresentam uma missão, por exemplo, de alguma empresa é o candidato(a) deve
reconhecer se é um negócio, visão, missão ou valores.

Questões

01. (IF/SE - Secretário Executivo - FDC) Considere que uma secretaria municipal tem como prática
disseminada “viabilizar, de forma segura e gratuita, lazer e entretenimento para as crianças, jovens e
adolescentes do município”. Esta prática motivadora incorporada por todos os colaboradores caracteriza
um exemplo de:
(A) valor
(B) visão
(C) missão
(D) propósito

02. (IBGE - Analista - Recursos Humanos - CESGRANRIO) Qual a diferença entre a missão e a
visão organizacionais?
(A) A missão é uma imagem mentalmente criada pelos dirigentes de como a empresa deveria
idealmente ser no futuro, relativamente distante, e a visão é uma declaração dos dirigentes da
organização, feita ou aprovada, sobre qual é o propósito primordial para o qual a companhia existe.
(B) A missão organizacional é uma idealização da própria visão atual projetada para uma época
indefinida no futuro (comumente um horizonte temporal de dez anos).
(C) A missão e a visão de uma empresa não apresentam diferenças: ambas representam um
arcabouço para o negócio como um todo, os valores que orientam a organização e sua crença em si
própria e no que possa alcançar
(D) A missão é a tradução da estratégia da empresa, que expressa o propósito da sua própria
existência, e a visão organizacional é um mapa que guia o futuro da empresa em termos de tecnologia-
-produto-cliente, nos mercados a perseguir e nas competências a desenvolver.
(E) A missão é a percepção não só das necessidades do mercado, mas de como atendê-las — ela
ajuda a empresa a unir-se em torno de valores comuns que possibilitam direcioná-la para o
aproveitamento de oportunidades —, e a visão é a razão de ser da empresa, sua vantagem competitiva
e sua contribuição à sociedade.

03. (BACEN - Analista do Banco Central - CESGRANRIO) No planejamento estratégico do Banco


Central do Brasil, a autarquia declara que deve "assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda
e um sistema financeiro sólido e eficiente". Considerando os elementos típicos de um processo de
planejamento estratégico, essa declaração está associada à(ao)

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(A) missão da organização.
(B) visão de futuro.
(C) declaração de accountability.
(D) análise SWOT.
(E) indicador de desempenho.

04. (UFPE - Administrador - COVEST) Faz parte de uma declaração de missão, valores:
(A) pessoais.
(B) estatais.
(C) da realização.
(D) da consciência.
(E) corporativos.

05. (DNIT - Analista Administrativo - ESAF) No processo de definição da ideologia da organização


onde se declara Missão, Visão, Negócio e Valores, são aplicados conceitos inerentes a cada um dos
componentes da ideologia.

Indique o componente da ideologia organizacional que deve ser considerado “a razão de existir da
organização”.
(A) Negócio.
(B) Missão.
(C) Propósitos.
(D) Valores.
(E) Visão.

06. (Prefeitura de Belo Horizonte/MG - Analista Administrativo - FDC) Uma grande empresa utiliza
como prática estratégica amplamente difundida a seguinte frase: “Propiciar à sociedade serviços de
telecomunicações adequados ao seu desenvolvimento político e econômico e ao bem-estar social”. Essa
prática se refere a:
(A) meta
(B) visão
(C) missão
(D) valores
(E) propósito

07. (TJ/SC - Analista Administrativo - TJ/SC) Com relação a Missão de uma organização é
INCORRETO afirmar que:
(A) É um objetivo amplo da organização.
(B) É baseado em premissas do planejamento estratégico.
(C) Justifica a existência da organização.
(D) Expressa os valores da organização.
(E) Não pode ser alterada. É definitiva.

08. (FUNARTE - Administração e Planejamento - FGV) O planejamento estratégico elaborado por


uma empresa ou organização é fundamental para definir seu posicionamento no mercado e orientar seus
planos de ação, uma vez que se configura como metodologia capaz de guiar a organização na escolha
de suas metas e no modo de alcançá-las. Entre as ferramentas e artefatos do planejamento estratégico
de uma empresa, aquela que pode ser mais bem associada à frase da fabricante de cervejas Ambev:
“Ser a melhor empresa de bebidas do mundo em um mundo melhor” é:
(A) visão;
(B) missão;
(C) valores;
(D) objetivo;
(E) balanced scorecard.

09. (Petrobras - Engenheiro de Produção Júnior - CESGRANRIO) No planejamento estratégico de


uma empresa do setor energético está escrita a seguinte frase: “Ser referência no setor de energia,
oferecendo produtos de qualidade aos clientes e atendendo aos interesses dos stakeholders”.

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Essa frase se refere a
(A) composto de marketing
(B) missão da empresa
(C) visão da empresa
(D) valores da empresa
(E) estratégia operacional

10. (SERPRO - Analista - Gestão Empresarial - Quadrix) No planejamento, podemos considerar


como objetivo fundamental da empresa e que se traduz como a sua finalidade última:
(A) a sua missão.
(B) a sua visão.
(C) os seus valores.
(D) as suas definições de planejamento socioambiental.
(E) o seu Código de ética.

11. (BNDES - Profissional Básico – Administração - CESGRANRIO) Para incluir as boas ações na
cultura corporativa, uma empresa socialmente responsável pode incorporá-las à sua missão, visão e
valores.

Esses valores representam as(os)


(A) expressões a respeito do ramo em que a organização atua.
(B) formas como a organização será reconhecida no futuro.
(C) razões da existência da organização perante a sociedade.
(D) propósitos básicos da própria existência da organização.
(E) padrões de comportamento institucional da organização.

12. (Petrobras - Profissional Júnior - CESGRANRIO) A missão, a visão e os valores de uma


organização são elementos fundamentais ao planejamento estratégico de Relações Públicas, visto serem
os norteadores dos discursos que a empresa quer associar à sua imagem.

A missão, além de expressar a razão de ser da organização, estabelece


(A) um conceito estático
(B) o papel que a empresa exerce na sociedade
(C) o modo como a empresa deseja ser vista no futuro
(D) os princípios morais da cultura da empresa
(E) as intenções para o devir.

13. (ANVISA - Analista Administrativo - CETRO) Um conceito intimamente ligado à Gestão por
Competências é o de planejamento estratégico, uma vez que a identificação das competências da
organização e dos funcionários, necessárias para manter a empresa competitiva, está lastreada pela
visão, pela missão e pelos valores organizacionais.

A respeito da visão, da missão e dos valores organizacionais, assinale a alternativa correta:


(A) O que resume o propósito e a razão de existir da empresa é a visão.
(B) A missão indica a concepção de negócio na atualidade.
(C) À concepção futura de negócio dá-se o nome de conjunto de valores
(D) O que determina a linha de conduta e a orientação do caminho a escolher é a junção da missão
com a visão.
(E) No Brasil, descarta-se por completo a concepção de missão, visão e valores. A opção das
empresas brasileiras é pelo planejamento estratégico.

Gabarito

01.C / 02.D / 03.A / 04.E / 05.B / 06.C / 07.E / 08.A / 09.C / 10.A / 11.E / 12.B / 13.B

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Comentários

01. Resposta: C
A missão e a visão de uma organização são muito importantes em um processo de planejamento
estratégico, pois dão um “norte” para todos os atores envolvidos.
A missão de uma organização é a razão de existir desta. É o motivo pelo qual ela foi criada, em que
ela veio contribuir ou resolver na sociedade.
Outro exemplo que podemos citar, além do contido no enunciado da questão, é o de uma universidade.
Esta deve gerar conhecimento. Portanto, a missão de uma universidade poderia ser: “Gerar conhecimento
a partir do ensino, pesquisa e extensão e contribuir para o desenvolvimento sociocultural da comunidade”.
Dessa forma, a missão serve para deixar clara qual é a função maior da organização, definir quais serão
as necessidades que devem ser atendidas e buscar o comprometimento dos colaboradores.

02. Resposta: D
Apenas para reforçar o que já comentamos nas questões anteriores:
Missão = o que a empresa faz, razão de sua existência – referente a sua atuação presente. Visão = o
que ela quer ser, aonde pretende chegar – relacionada ao seu futuro.

03. Resposta: A
MISSÃO (Presente) - Consiste na declaração da razão de ser da instituição, explicitando o que faz e
para que faz. É a declaração do propósito e do alcance da organização em termos de produtos e de
mercado. Observa-se, então, que esta é a missão do Banco Central.

04. Resposta: E
Questão bem simples, e que muitos erram por achá-la “fácil demais” - pensam ser pegadinha. Vamos
aprofundar nosso entendimento da missão: Uma Declaração de missão é uma declaração do propósito
de uma empresa ou organização; deve orientar as ações da organização, explicitar seu objetivo geral,
proporcionar um senso de direção, e orientar a tomada de decisões; fornece "o quadro ou contexto em
que as estratégias da empresa são formuladas." O intuito da Declaração de Missão deve ser a primeira
consideração do executivo ao avaliar uma decisão estratégica. A declaração pode variar de muito simples
até um conjunto bastante complexo de ideias. Declarações eficazes esclarecem os propósitos de uma
organização. Geralmente elas incluem as seguintes informações: Propósito(s) e objetivo(s) da
organização; Principais partes interessadas da organização: clientes/consumidores, acionistas,
congregação, etc.; Como a organização proporciona valor a essas partes interessadas, por exemplo,
oferecendo tipos específicos de produtos e/ou serviços.

05. Resposta: B
Analisemos aqui cada uma das assertivas:
a) Negócio: define-se pelos desejos ou necessidades que ela satisfaz quando o usuário/consumidor
compra seus produtos/serviços. É aquilo que a empresa explora para atingir as necessidades do cliente.
Por exemplo: O negócio de uma livraria é a informação.
b) Missão: É a razão de existir da organização; é o porquê da empresa. Na missão, tem-se acentuado
o que a empresa produz, sua previsão de conquistas futuras e como espera ser reconhecida pelos clientes
e demais stakeholders.
c) Propósitos: são as finalidades pelas quais a empresa luta. Eles que movem a empresa. Quais são
os propósitos da sua empresa? Crescer? Ser sustentável? Ganhar dinheiro?
d) Valores: Os valores organizacionais podem ser definidos como princípios que guiam a vida da
organização, tendo um papel tanto de atender a seus objetivos quanto o de atender às necessidades de
todos aqueles a sua volta.
e) Visão: pode ser percebida como a direção desejada, o caminho que se pretende percorrer, uma
proposta do que a empresa deseja ser a médio e longo prazo e, ainda, de como ela espera ser vista por
todos.

06. Resposta: C
Temos aqui a missão de uma empresa de telecomunicações, a razão de sua existência. Ressalto para
que não confunda: Missão = o que a empresa faz, razão de sua existência - presente; Visão = o que ela
quer ser, aonde pretende chegar - futuro.

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07. Resposta: E
Questão interessante, que faz o candidato refletir e sair da distinção, apenas, de cada um dos termos.
A missão é o papel desempenhado pela empresa em seu Negócio. Segundo Peter Drucker: “uma
empresa não se define pelo seu nome, estatuto ou produto que faz; ela se define pela sua missão.
Somente uma definição clara desta é razão de existir da organização e torna possíveis, claros e realistas
os objetivos da empresa." Como a Missão é a expressão da razão da existência da empresa, em um
ambiente em crescente mutação, é fundamental dotá-la de flexibilidade para que possa acompanhar as
mudanças ambientais. Assim, jamais será definitiva. É natural que evolua, mude e se adapte ao ambiente
em que está inserida.

08. Resposta: A
Observe que as questões de concurso costumam explorar a missão e a visão fornecendo como
exemplo a própria missão ou visão de empresas diversas. Há inúmeras questões assim. O candidato,
estudando e entendendo bem o intuito de cada uma delas, não errará. Missão é a razão de existência da
empresa. Ela está ligada aos seus objetivos, norteará suas ações para que possa alcançar a sua visão;
é uma declaração ampla de propósitos, que individualiza a organização e distingue o seu negócio,
impondo a delimitação de suas atividades dentro do espaço que deseja ocupar no seu mercado. A
definição da missão responde a três perguntas: Quem somos nós? O que fazemos? e Por que fazemos?
Já a visão é o desejo acalentado da organização de ser ou se tornar algo. Assim, trata-se do que a
organização DESEJA ser no futuro, como no caso da Anbev: “Ser a melhor empresa de bebidas do mundo
em um mundo melhor”. Isso é o seu desejo a ser alcançado, uma visão, portanto.

09. Resposta: C
Visão é aonde a empresa quer chegar, a imagem que ela quer ter, como ela deseja ser reconhecida
no futuro. Por causa do “ser”, a resposta é visão e não missão. Missão é a razão de existir da empresa,
o que ela faz, onde atua. Se a empresa busca “ser referência” em algo, significa que é aonde ela quer
chegar.

10. Resposta: A
Mais uma vez temos que Missão Organizacional é uma declaração sobre o que a organização é. Define
seu propósito fundamental, a finalidade de sua existência, o motivo pela qual foi criada. Diz onde ela está.
Missão é a identidade da empresa.

11. Resposta: E
Observe:
a) expressões a respeito do ramo em que a organização atua. (MISSÃO)
b) formas como a organização será reconhecida no futuro. (VISÃO)
c) razões da existência da organização perante a sociedade. (MISSÃO)
d) propósitos básicos da própria existência da organização. (MISSÃO)
e) padrões de comportamento institucional da organização. (VALORES)

12. Resposta: B
O papel que a empresa exerce na sociedade é expresso em sua missão. De que maneira a empresa
atua, o que faz, qual a razão de sua existência, tudo o que já definimos sobre missão se relaciona com o
seu papel na sociedade.

13. Resposta: B
a) O que resume o propósito e a razão de existir da empresa é a visão. (ERRADA) Tal conceito se
refere à MISSÃO.
b) A missão indica a concepção de negócio na atualidade. (CORRETA)
c) À concepção futura de negócio dá-se o nome de conjunto de valores. (ERRADA) Tal conceito se
refere à VISÃO.
d) O que determina a linha de conduta e a orientação do caminho a escolher é a junção da missão
com a visão. (ERRADA) Tal conceito se refere à ESTRATÉGIA.
e) No Brasil, descarta-se por completo a concepção de missão, visão e valores. A opção das empresas
brasileiras é pelo planejamento estratégico. (ERRADA) Como descartar, ainda mais "por completo"
(sempre desconfie desses conceitos extremistas), a concepção de visão, missão e valores, em detrimento
do planejamento estratégico se aqueles fazem parte deste?

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50
4.2 O ciclo do planejamento em organizações (PDCA)

Também conhecida como Ciclo de Deming, o Ciclo PDCA foi idealizado por Walter A. Shewhart na
década de 1930 e mais tarde aplicado por Willian Edwards Deming no uso de estatísticas e métodos de
amostragem, já em 1950. Tal ferramenta é a que melhor representava o ciclo de gerenciamento de uma
atividade e foi empregada com sucesso nas empresas japonesas para o aumento da qualidade de seus
processos.39
Segundo Werkema40, o ciclo PDCA “é um método gerencial de tomada de decisões para garantir o
alcance das metas necessárias à sobrevivência de uma organização.
Seu objetivo principal é tornar os processos da gestão de uma empresa mais ágeis, claros e objetivos.
É uma metodologia que tem como função básica o auxílio no diagnóstico, análise e prognóstico de
problemas organizacionais, sendo extremamente útil para a solução de problemas. Poucos instrumentos
se mostram tão efetivos para a busca do aperfeiçoamento quanto este método de melhoria contínua,
tendo em vista que ele conduz a ações sistemáticas que agilizam a obtenção de melhores resultados com
a finalidade de garantir a sobrevivência e o crescimento das organizações.
Pode ser utilizado em qualquer tipo de empresa, como forma de alcançar um nível de gestão melhor
a cada dia, atingindo ótimos resultados dentro do sistema de gestão do negócio.
Como a utilização do Ciclo PDCA está intimamente ligada ao entendimento do conceito de processo,
é importante que todos os envolvidos em sua aplicação entendam a visão processual como a identificação
clara dos insumos, dos clientes e das saídas que estes adquirem, além dos relacionamentos internos que
existem na organização
De maneira em geral, o Ciclo PDCA tem como estágio inicial o planejamento da ação, em seguida tudo
o que foi planejado é executado, gerando, posteriormente, a necessidade de checagem constante destas
ações implementadas. Com base nesta análise e comparação das ações com aquilo que foi planejado, o
gestor começa então a implantar medidas para correção das falhas que surgiram no processo ou produto.
É importante lembrar que como o Ciclo PDCA é verdadeiramente um ciclo, deve “girar”
constantemente. Ele não tem um fim obrigatório definido. Com as ações corretivas ao final do primeiro
ciclo é possível (e desejável) que seja criado um novo planejamento para a melhoria de determinado
procedimento, iniciando assim todo o processo do Ciclo PDCA novamente. Este novo ciclo, a partir do
anterior, é fundamental para o sucesso da utilização desta ferramenta.
A não execução de uma das etapas do ciclo pode comprometer seriamente o processo de melhoria
contínua. Por este motivo, essa ferramenta deve ser encarada como um processo contínuo em busca da
qualidade máxima requerida por um procedimento ou produto.
Como pode ser observado na própria nomenclatura e também na Figura a seguir, o Ciclo PDCA está
dividido em 4 fases bem definidas e distintas, conforme melhor detalhado a seguir, de acordo com o
CICLO PDCA

Figura: Ciclo PDCA.

39
PACHECO, A. P. R. O CICLO PDCA NA GESTÃO DO CONHECIMENTO: UMA ABORDAGEM SISTÊMICA. Universidade Federal de Santa Cataria, 2015.
40
WERKEMA, M. C. C. As ferramentas da qualidade no gerenciamento de processos. Belo Horizonte, MG: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1995.

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Etapas do Ciclo PDCA

Primeira Fase: P (Plan = Planejar)


Planejar significa estabelecer o que vai ser feito. É pensar antes de fazer. É decidir o que vai ser feito
amanhã. É enumerar, na véspera, todas as atividades. Todo e qualquer trabalho tem que ser planejado
para ser organizado. A improvisação é mãe da ineficácia.
Planejar é a primeira etapa do ciclo PDCA, mas por se tratar de um ciclo, essa etapa pode ser realizada
diversas vezes. De qualquer forma, é nesta etapa em que o planejamento é realizado, para isso, são
realizadas atividades como levantamento de dados, elaboração de processos, controles, análises de
causas e efeitos, entre outros.
Esta fase é caracterizada pelo estabelecimento de um plano de ações e está dividida em duas etapas:
1) definir o que se quer, com a finalidade de planejar o que será feito. Esse planejamento envolve a
definição de objetivos, estratégias e ações, os quais devem ser claramente quantificáveis (metas);
2) definir quais os métodos que serão utilizados para se atingir os objetivos traçados.

O planejamento do ciclo PDCA pode conter as seguintes análises:


Qual é o problema/processo a ser trabalhado?
A definição do problema é extremamente importante, pois revelará o objetivo do trabalho, ou seja, onde
você deseja chegar com o seu projeto ou na solução de um problema. Por isso, é imprescindível ser o
mais claro possível para facilitar os resultados.

Como chegar a este objetivo ou solucionar este problema?


Deve-se definir os recursos e métodos que serão empregados para solucionar os problemas, assim
como as metas, ou seja, os prazos para realizar as atividades.

Quais são as opções disponíveis e acessíveis a sua empresa para que você alcance o seu objetivo ou
resolva algum problema?
Deve-se analisar o que se tem disponível na empresa, recursos humanos, financeiros etc. e quais
recursos terão de serem alocados para realizar os objetivos ou solucionar problemas.
É importante lembrar que se deve ao menos considerar todas as opções antes de descartá-las.
Quais os melhores métodos para alcançar o objetivo ou resolver o problema?
Depois de listar as opções para a solução de problemas, é o momento de visualizar no PDCA quais
são as que melhor se adaptam a empresa.
No momento de decidir quais os melhores métodos para atingir os resultados, é interessante analisar
se as metas são para manter ou para melhorar alguma coisa, pois cada uma deve ter um procedimento
diferente.

Segunda Fase: D (Do = Executar)


Caracteriza-se pela execução do que foi planejado e, da mesma forma que a primeira fase, está
dividida em duas etapas:
1) Capacitar a organização para que a implementação do que foi planejado possa ocorrer. Envolve,
portanto, aprendizagem individual e organizacional;
2) Implementar o que foi planejado.

Mas, quais são os problemas que podem surgir na hora de colocar em prática o que foi planejado?
As maiores reclamações são com relação aos atrasos e retrabalho. Trabalhar com objetivos de
desempenho41 também pode ajudar:

Qualidade: Slack et al. apontam que qualidade é ‘fazer certo as coisas’, porém essas “coisas” variam
com o tipo do negócio. Qualidade é um objetivo que todas as operações devem zelar, afinal ela pode ser
um atrativo para que o consumidor retorne. A qualidade de um produto ou serviço é facilmente percebido
numa organização, visto que “é algo que o consumidor acha relativamente fácil de julgar numa operação”.

Rapidez: Segundo Slack et al. rapidez significa “quanto tempo os consumidores precisam esperar
para receber seus produtos e serviços”. Quanto mais rápido a disposição de um produto ao consumidor,
maior será a probabilidade de compra, este é o principal objetivo da rapidez: entregar os bens e serviços
para o consumidor.
41
MARQUES, F. H.; VIDAL, P. G. OBJETIVOS DE DESEMPENHO DE OPERAÇÕES E SUA INFLUÊNCIA NA COMPETITIVIDADE: A IMPORTÂNCIA PARA
AS EMPRESAS NO BRASIL REVISTA JOVENS PESQUISADORES. VOL. 8, N. 2 (15), JUL./DEZ. 2011.

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52
Confiabilidade: Para Slack et al., a confiabilidade se refere à entrega dos bens e serviços dentro do
prazo prometido. O consumidor só julgar a confiabilidade de uma operação após o produto ser entregue.

Flexibilidade: Significa capacidade da organização em se adequar a uma nova operação.


Flexibilidade pode ser dividida em quatro tipos:
Flexibilidade de produto/serviço: capacidade de oferecer novos produtos e serviços.
Flexibilidade de composto: capacidade de oferecer uma gama de produtos e serviços ou um mix.
Flexibilidade de volume: capacidade de alterar seu nível de produção dos produtos ou serviços.
Flexibilidade de entrega: capacidade de oferecer ao cliente a possibilidade de solicitar o adiantamento
ou postergação do recebimento dos produtos e serviços.

Custo: Para empresas em mercados que têm um forte apelo a preços baixos, o custo será seu
principal objetivo de produção. Mesmo aquelas outras em que o custo não é seu principal enfoque, elas
dão importância, visto que o dinheiro economizado será acrescido ao seu lucro. Os custos de produção
podem ser divididos em custo de funcionários; instalações, tecnologia; equipamento e materiais.
O custo é afetado por outros objetivos de desempenho, desta forma, para melhorar o desempenho dos
custos é necessário a aprimorar os demais objetivos operacionais.
Um ponto muito importante nesta etapa do ciclo PDCA é o envolvimento das pessoas na execução
das tarefas, pois se não há comprometimento, não há sucesso nos resultados.
Uma das maneiras de conseguir este comprometimento é investir no treinamento do pessoal e na
conscientização da equipe sobre o objetivo da empresa em chegar aos resultados esperados.
Após ter uma boa equipe para a realização das tarefas, elas devem ser feitas da melhor maneira
possível até que os dados possam ser coletados para a verificação do processo.

Terceira Fase: C (Check = Verificar)


Esta fase consiste em checar, comparando os dados obtidos na execução com o que foi estabelecido
no plano, com a finalidade de verificar se os resultados estão sendo atingidos conforme o que foi
planejado. A diferença entre o desejável (planejado) e o resultado real alcançado constitui um problema
a ser resolvido. Controlar para seguir o cronograma, para ficar dentro do orçamento e para fazer bem feito
da primeira vez.
Dessa forma, esta etapa envolve a coleta de dados do processo e a comparação destes com os do
padrão e a análise dos dados do processo fornece subsídios relevantes à próxima etapa.

Quarta Fase: A (Action = Agir)


Esta fase consiste em agir, ou melhor, fazer as correções necessárias com o intuito de evitar que a
repetição do problema venha a ocorrer. Podem ser ações corretivas ou de melhorias que tenham sido
constatadas como necessárias na fase anterior. Envolve a busca por melhoria contínua até se atingir o
padrão, sendo que essa busca da solução dos problemas, por sua vez, orienta para: a necessidade de
capacitação e o preenchimento das lacunas de conhecimento necessário à solução do problema,
propiciando a criação de novos conhecimentos e a atualizações do padrão.
De um modo geral, as etapas desta fase do ciclo PDCA podem ser divididas em:
- Tomar ações corretivas, caso o projeto tenha sido desviado dos objetivos.
- Analisar os resultados individualmente e, caso estejam fora dos padrões da empresa, analisar suas
possíveis causas, bem como as ações que podem ser feitas para corrigi-lo.
- Promover melhorias em sistemas e métodos de trabalho, se necessário.
Exemplo: aumentar em 20% as vendas mensais.
Veja:
Identificar – aumentar em 20% as vendas mensais: hoje estão em R$ 100.000,00,
Meta: R$ 120.000,00 – em até 4 meses.
P (Plan) Análise: Existem algumas regiões que não foram exploradas pelos vendedores.
planejamento Plano de ação: Dividir as regiões não exploradas entre os vendedores. Treinar a
abordagem dos vendedores. Fornecer material de divulgação para cada um.
Cada vendedor terá que visitar um novo cliente em potencial por dia.
D (Do) Execução: Colocar o Plano de Ação em prática (treinamento e implantação das
Fazer fases).
C (Check) Verificação: Ações eficazes e resultado de aumento de 20% a partir do 2º mês de
Avaliar ações, estabilizando o faturamento nos 2 meses seguintes.
A (Action)
Conclusão: Não houve necessidade de correção.
Ação corretiva
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Questões

01. (TRE - Analista Judiciário - FCC) Considere a figura abaixo.

Trata-se de um:
(A) fluxograma de uma rotina de gerenciamento do ciclo de melhoria de Crosby.
(B) fluxograma circular.
(C) fluxograma linear.
(D) diagrama representando o ciclo de melhoria contínua de Juran.
(E) fluxograma de uma rotina de gerenciamento do ciclo PDCA.

02. (TCE/GO - Analista de Controle Externo - FCC) O método PDCA


(A) é utilizado em processos produtivos para manter o nível de controle e, como tal, não tem
aplicabilidade na melhoria desses processos, que precisam ser analisados a partir de ferramentas como
a espinha de peixe.
(B) estabelece, na etapa do planejamento (plan), as metas da organização, enquanto que os métodos
utilizados para atingir as metas são definidos na etapa da ação (do).
(C) foi desenvolvido a partir da percepção de que os problemas em um processo, considerados como
oportunidades de melhoria, são causados pela diferença entre as necessidades dos clientes e o
desempenho do processo.
(D) é utilizado para realizar o diagnóstico estratégico externo de uma organização, etapa em que são
identificados oportunidades, problemas ou ameaças.
(E) é a ferramenta utilizada para calcular os índices que serão incorporados na matriz GUT para definir
o grau de gravidade, urgência e tendência.

03. (TCE/GO - Analista de Controle Externo - FCC) A principal característica da técnica de PDCA é:
(A) explorar potencialidades.
(B) visualizar, em conjunto, as causas principais e secundárias de um problema.
(C) mostrar características médias.
(D) ajudar a lembrar pontos principais a serem abordados.
(E) planejar e implantar processos, inclusive melhorias e/ou correções.

04. (DETRAN/SP - Agente de Trânsito – VUNESP) O ciclo PDCA, ou ciclo de Deming, é


(A) um fluxograma, com respectivo cronograma, de procedimentos vinculados a um processo produtivo
específico.
(B) uma ferramenta de verificação de fatores institucionais, econômicos e sociais vinculados ao
processo decisório.
(C) um fluxograma de procedimentos vinculados ao processo orçamentário.
(D) uma sigla formada por Plano, Dotação, Controle e Atuação, vinculados ao processo orçamentário.
(E) uma ferramenta de controle gerencial cuja finalidade é monitorar a melhoria contínua de um
processo ou do sistema de gestão, por inteiro, de uma organização.

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05. (TRT 4ª REGIÃO/RS - Técnico Judiciário - FCC) O Ciclo PDCA tem como objetivo
(A) a melhoria contínua de processos de gestão.
(B) a definição dos objetivos estratégicos da organização.
(C) o aceleramento da qualificação do quadro funcional.
(D) o aperfeiçoamento do benchmarking da organização.
(E) a melhoria do ambiente concorrencial da organização.

06. (TRT 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - FCC) Tratando-se da gestão da qualidade, o ciclo PDCA
é
(A) uma ferramenta de representação das possíveis causas que levam a um determinado efeito.
(B) um método gerencial para a promoção contínua e reflete a base da filosofia do melhoramento
contínuo
(C) um diagrama que auxilia na visualização da alteração sofrida por uma variável quando outra se
modifica.
(D) o desdobramento de dados, a partir de levantamento ocorrido, em categorias e grupos para
determinar sua composição, objetivando a análise e pesquisa para o desenvolvimento de oportunidades
de melhorias.
(E) a representação gráfica que mostra a distribuição de dados por categorias.

07. (TRT 24ª REGIÃO/MS -Técnico Judiciário - FCC) O ciclo de controle de Deming é identificado
pela sigla
(A) ACDP.
(B) PCAD.
(C) PDCA.
(D) DAPC.
(E) PADC.

08. (TRT 15ª Região - Analista Judiciário – FCC) O denominado Ciclo PDCA, também conhecido
como Ciclo da Melhoria Contínua,
(A) analisa os processos com vistas a realizá-los de maneira otimizada, envolvendo as etapas de
planejamento, execução, controle e avaliação.
(B) é um instrumento de gerenciamento de projetos, que contempla planejamento, desenvolvimento,
controle e atualização.
(C) consiste em uma metodologia de avaliação de desempenho individual, vinculada a um projeto de
constante desenvolvimento e aprimoramento.
(D) corresponde a método de gestão corporativa com dinâmicas de capacitação e aprendizagem.
(E) é um programa de excelência em gestão pública introduzido no âmbito da reforma voltada à
implantação do modelo gerencial.

09. (TRT 18ª Região/GO - Analista Judiciário - FCC) NÃO se refere ao chamado Ciclo PDCA a
seguinte característica:
(A) enfatiza a identificação de forças e fraquezas de uma organização, em uma análise ambiental,
auxiliando no planejamento estratégico.
(B) está dentro do escopo do controle de qualidade nas organizações.
(C) associa- se à noção de melhoria contínua.
(D) a fase de planejamento do ciclo está ligada ao estabelecimento de metas e definição de métodos
para alcançá-las.
(E) a fase de execução do ciclo consiste em capacitação da organização para a implementação do
planejado e na própria implementação do plano.

10. (DNIT - Técnico Administrativo – ESAF) Sobre o Ciclo PDCA, assinale a opção correta.
(A) É um ciclo que orienta a implantação de novas ideias, mas não serve para a solução de problemas.
(B) É um ciclo utilizado na solução de problemas, porém somente se adéqua a questões quantitativas.
(C) É uma forma de agir que serve tanto para implantação de novas ideias como para solução de
problemas.
(D) É um modelo gerencial utilizado para monitorar o desempenho dos níveis operacionais, mas não
serve para avaliar alcance de objetivos.
(E) É uma atividade cíclica de avaliação de resultados usada para selecionar objetivos organizacionais.

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Gabarito

01.E / 02.C / 03.E / 04.E / 05.A / 06.B / 07.C / 08.A / 09.A / 10.C

Comentários

01. Resposta: E
A figura está representado o Ciclo PDCA. Também conhecido como ciclo de Deming, O PDCA é um
dos principais métodos da Administração pela Qualidade Total nas organizações. Foi desenvolvido na
década de 1930 pelo norte-americano Walter Andrew Shewhart, mas foi com Willian Edwards Deming
que o método foi mais divulgado. Tornou-se mundialmente conhecido ao aplicá-lo nos conceitos de
qualidade no Japão. Significa "Plan, Act, Do and Check, em inglês, controle de processos. Plan (Planejar):
Nesse passo são traçados os planos com base nos problemas da organização; Do (Fazer): Nesse passo
são executadas as tarefas previstas nos planos; Check (Verificar): Nesse passo são verificados os
processos e avaliados os resultados obtidos; Act (Agir): Nesse passo são tomadas ações baseadas no
passo da verificação.

02. Resposta: C
Esta questão merece comentário de cada alternativa:
(A) - Falsa: O PDCA é uma técnica simples para o controle de processos, que também pode ser
utilizada para o gerenciamento contínuo das atividades de uma organização. É um método utilizado para
controlar e melhorar as atividades de um processo.
(B) - Falsa: As etapas do PDCA são: Planejamento (Plan); Execução (Do); Controle/Verificação
(Check/Control); Ação Avaliativa (Act). Na etapa do planejamento são estabelecidos objetivos, metas e
os meios para alcançá-los. A afirmativa está incorreta ao afirmar que “os métodos utilizados para atingir
as metas são definidos na etapa da ação”.
(C) - Verdadeira: Embora não aborde os conceitos tradicionais, é a única alternativa passível de ser
aceita como verdadeira. O PDCA se fundamenta no “processo”; ele padroniza as informações de controle,
reduz e evita erros lógicos, facilita o entendimento das informações, melhora a realização das atividades,
e proporciona resultados mais confiáveis. Ou seja, traz melhoria de todo o processo. Como a afirmativa
menciona “melhoria” e “processo” e não apresenta nenhuma afirmação equivocada, é aceita como
verdadeira.
(D) - Falsa: O seu conteúdo se refere ao planejamento estratégico e a análise SWOT, e não ao PDCA.
(E) - Falsa: Trata-se novamente de ferramenta distinta do PDCA. A matriz GUT (Gravidade, Urgência
e Tendência) tem como finalidade orientar decisões mais complexas, que envolvem muitas questões.

03. Resposta: E
A alternativa (E) é a correta, pois é justamente o que demonstra a sua forma de atuação segundo as
etapas: Ciclo PDCA:
Planejamento => Consiste num processo racional para determinar antecipadamente os objetivos e os
meios para alcança-los (projetos, ações, métodos, técnicas, etc.).
Organização => A função administrativa de organizar inclui todos os recursos (financeiros, humanos,
etc.) e conduz necessariamente à criação da estrutura organizacional – compreende os meios que a
organização necessita para pôr em prática o planejamento elaborado e para o desempenho das demais
funções administrativas.
Direção => Compreende guiar e orientar o comportamento das pessoas para o alcance dos objetivos
pretendidos. É uma atividade gerencial que envolve liderança, comunicação e motivação.
Controle => O controle tem a finalidade de assegurar que o planejado, organizado e dirigido seja
executado em conformidade com o determinado, visando o alcance dos objetivos.

04. Resposta: E
A melhoria contínua é sempre explorada nas questões de concurso, fique atento, pois ela está
diretamente relacionada com a ferramenta do clico PDCA.

05. Resposta: A
Mais uma vez a melhoria contínua sendo explorada aqui, importante a sua fixação deste termo com o
Ciclo PDCA. Lembre-se que este ciclo está sempre se repetindo e por consequência gera uma melhoria
contínua nos processos de gestão.

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06. Resposta: B
O ciclo de Deming (ou de Shewart, seu criador) ou, como é mais conhecido, PDCA, é uma ferramenta
na busca da melhoria contínua, do kaizen. O objetivo da ferramenta é simplificar o processo de melhoria
dos processos e a correção de problemas e fazer com que qualquer funcionário da organização possa
participar desse processo e melhorar a qualidade da organização.

07. Resposta: C
Simplesmente a questão exigia que conhecesse a outra denominação dada ao Ciclo PDCA que é Ciclo
de Deming ou Ciclo Sheward ou ainda Ciclo de Melhoria contínua. Importante saber pois são
denominações que podem estar em sua prova.

08. Resposta: A
O Ciclo PDCA começa pelo planejamento, em seguida a ação ou o conjunto de ações planejadas são
executadas, checa-se o que foi feito, se estava de acordo com o planejamento, constantemente e
repetidamente (ciclicamente) e torna-se uma ação para eliminar ou ao menos mitigar defeitos no produto
ou na execução.

09. Resposta: A
SWOT é a sigla dos termos ingleses Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities
(Oportunidades) e Threats (Ameaças). Em Administração de Empresas, a Análise SWOT é um importante
instrumento utilizado para planejamento estratégico que consiste em recolher dados importantes que
caracterizam o ambiente interno (forças e fraquezas) e externo (oportunidades e ameaças) da empresa.
A Análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise ambiental, sendo a base da gestão e do
planejamento estratégico numa empresa ou instituição. Ou seja, as características pertencem à Análise
Swot e não ao ciclo PDCA, errada a alternativa A.

10. Resposta: C
Você poderia ficar confuso com relação a alternativa E, vamos explicar por que a alternativa E está
errada: os objetivos são definidos na fase de Planejamento. É com base nessa definição que serão
realizadas as atividades de D, C A. Se não houver a definição do objetivo, não tem como executar as
outras atividades. O PDCA não é utilizado para selecionar objetivos, mas sim para alcançar os objetivos
definidos pela empresa na fase do planejamento. Logo a assertiva correta é a que traz que o Ciclo PDCA
é uma forma de agir que serve tanto para implantação de novas ideias como para solução de problemas.

5 Gestão por resultados na produção de serviços públicos

A busca pelo aperfeiçoamento do funcionamento da máquina pública é quase tão antiga quanto a
existência de um quadro profissional de funcionalismo público. É recorrente na história administrativa
brasileira a criação e implementação de órgãos, programas e reformas que objetivem aprimorar o
funcionamento da máquina do Estado Brasileiro.
A respeito dos êxitos alcançados ao longo de todo esse tempo, é nítida a sensação de que a máquina
pública ainda deve muito à sociedade, sobretudo considerando que o Estado brasileiro, em todas as suas
esferas, seja federal, estadual ou municipal, é tido como burocrático, lento e ineficiente.
O desafio é de promover as mudanças no que tange a necessidade de repensar a questão da
governança e dos modelos de gestão, ao mesmo tempo em que vai exigir mecanismos inovadores de
relacionamento com a sociedade. A emergência do terceiro setor e dos movimentos sociais, além dos
movimentos que têm como base o voluntariado, introduz elementos desafiadores nessa nova
configuração em rede do Estado contemporâneo42.
Uma das principais tendências da gestão contemporânea, na perspectiva do desenvolvimento
organizacional, tem sido o intercâmbio de experiências institucionais por meio da disseminação das
melhores práticas.

42
MARINI, C. O contexto contemporâneo da administração pública na América Latina. Revista do Serviço Público. Ano 53, Nº 4, 2002.

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57
Na Administração Pública busca-se desenvolver uma cultura gerencial, com ênfase nos
resultados, e aumentar a governança do Estado, isto é, a sua capacidade de gerenciar com
eficiência e efetividade.

O cidadão é o principal beneficiário dos serviços do Estado, sendo assim, a Administração Pública
Gerencial é aquela construída sobre bases que consideram o Estado uma grande empresa cujos serviços
são destinados aos seus clientes, outrora cidadãos, na eficiência dos serviços, na avaliação de
desempenho e no controle de resultados, suas principais características.
Contudo, o exame das iniciativas realizadas indica uma trajetória quase padrão, em que é possível
identificar alguns elementos comuns nas estratégias adotadas, como por exemplo:

a) Fortalecimento de canais de relacionamento Estado/sociedade a partir de iniciativas orientadas para


a melhoria da qualidade na formulação das políticas públicas, a busca de maior participação cidadã, a
introdução de mecanismos de controle social, a melhoria na entrega de serviços públicos e maior
envolvimento do terceiro setor;

b) Aperfeiçoamento do marco legal, visando à eliminação da excessiva burocracia, que impedem a


adoção de modelos de gestão orientados a resultados com maior flexibilidade e autonomia;

c) Recuperação da capacidade financeira (racionalismo econômico), a partir de iniciativas voltadas


para a melhoria da eficiência, e introdução da cultura da responsabilidade fiscal;

d) Desenvolvimento das capacidades institucionais dos órgãos da administração pública, incluindo o


fortalecimento do planejamento estratégico como ferramenta de gestão, programas de reestruturação
administrativa, mecanismos de contratualização, intensificação do uso da tecnologia da informação e a
terceirização de serviços de apoio;

e) Desenvolvimento do capital intelectual, a partir de iniciativas voltadas para a profissionalização e


modernização do serviço civil, intensificação de programas de capacitação de servidores e de lideranças,
ética na administração pública, adoção de mecanismos inovadores de remuneração de funcionários e
introdução da gestão do conhecimento.

Modelo de Gestão por Resultados43

O Modelo de Gestão por Resultados é a ferramenta administrativa que visa levar a organização pública
a priorizar o resultado em todas as ações, levando a otimização do desempenho governamental. A Gestão
por Resultados procura que as ações públicas alcancem um bom resultado, ou, o melhor resultado
possível.
O modelo de Gestão por Resultados é uma das principais recomendações do receituário da Nova
Gestão Pública, isso decorre do argumento de ser este modelo apropriado a, simultaneamente, focar na
efetividade ou no que de fato interessa ao cidadão e a sociedade, flexibilizar a condução dos processos
e assim remediar a disfunção relacionada ao apego exacerbado às normas e procedimentos, e propiciar
mais eficiência e accountability.
De forma breve, esse modelo se caracterizaria, na etapa de formulação da política pública, pela
tradução dos objetivos em resultados e, na etapa de implementação das ações para atingi-los, pela
predominância da orientação por resultados em substituição aos outros mecanismos de coordenação,
como a coordenação por supervisão direta, a padronização de procedimentos e a padronização de
habilidades.
Essa ferramenta administrativa por meio de sua metodologia, alinha o planejamento, a avaliação e o
controle, promovendo eficiência e eficácia na organização. Tem foco na efetividade e na flexibilização dos
processos, minimizando o excessivo apego às normas e procedimentos, promovendo mais eficiência,
efetividade e accountability da gestão pública.
A Gestão por Resultados caracteriza-se pela tradução de objetivos em resultados, proporcionando um
marco coerente para a melhoria dos processos de trabalho na qual a informação sobre o desempenho é
usada para melhorar a tomada de decisão. Portanto, é uma dimensão fundamental para a gestão
estratégica, pois constituem o fluxo de atividades necessárias para alcançar os resultados da
organização.

43
http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/seges/eppgg/producaoacademica/tese_eduardogranha.pdf

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São consideradas funções da Gestão por Resultados:
1. Definir a direção estratégica da organização, criação da missão e estabelecimento dos objetivos
estratégicos, levando em consideração a visão e os valores da organização. Refere-se à definição do
caminho que deverá ser seguido para alcançar os objetivos estratégicos. É necessário mapear os
processos de trabalho e escolher os indicadores e as metas de desempenho que mostrarão se a
organização está no caminho planejado e, através de uma avaliação, o quanto de progresso foi feito na
direção dos objetivos.

2. Implementar e administrar o processo de mudança alinhado com a direção estratégica e com


compromisso da organização com a ação.

3. Melhorar continuamente o desempenho das atividades em andamento, a garantia que a melhoria


contínua seja praticada em cada programa ou atividade da organização através de planos de ação
frequentemente monitorados.

Dessa forma, pode-se entender que a gestão por resultados é desenvolvida por meio de um ciclo que
começa com o estabelecimento dos resultados desejados, a partir da tradução dos objetivos, seguido do
monitoramento e da avaliação do desempenho da organização a partir do alcance desses resultados, e
retroalimenta o sistema de gestão, propiciando ações corretivas decorrentes dessa avaliação.

O modelo de Gestão por resultados confere grande autonomia processual aos agentes
executores, e as características que compõe ainda sua estrutura:
- Alinhamento de expectativas de forma clara e transparente, entre todos os colaboradores, por meio
da tradução destas em resultados e metas a serem atingidas, o que inclui a definição de indicadores para
sua apuração;
- Concessão de autonomias aos executores / implementadores da gestão estratégica;
- Contratualização de resultados, autonomias e sanções;
- Avaliação dos resultados e retroalimentação do sistema de gestão para eventuais correções de rota,
constituindo assim uma ferramenta gerencial;
- Fortalecimento de uma modalidade de “accountability” – baseada no desempenho mensurado a partir
de indicadores de resultados;
- Modificação do comportamento peculiar da burocracia, substituindo-o pela atenção a metas claras e
contratualizadas.

A vantagem esperada do modelo para o aumento da eficiência da administração pública é bastante


evidente. A transparência dos objetivos, resultados e metas da organização tende a reduzir os problemas
relacionados aos Gap’s44 de informação e atualização dos processos de trabalho, possibilitando o
compartilhamento e o engajamento coletivo em torno dos mesmos objetivos, o que favorece a
racionalidade do sistema e da organização.
Além disso, isso ainda permite um controle mais efetivo sobre o desempenho dos funcionários, pelos
clientes e demais partes interessadas. Finalmente, concede aos gestores autonomia sobre a gestão dos
recursos, viabilizando a adequação eficiente entre recursos, processos e metas.

Avaliação de Desempenho e Resultados

Indicadores de Resultados45
Indicadores são informações mensuráveis que permitem verificar o alcance dos resultados. Para cada
indicador deverá ser apresentado descrições, fórmulas, fontes, índices de referência e outras informações
que se façam necessárias para o monitoramento e a gestão do conjunto de indicadores dentro da
organização.
A mensuração do desempenho por meio de indicadores é indispensável na gestão por resultados, pois
sem ela os funcionários tendem a esquecer quais são as atividades e como elas devem ser realizadas. É
um processo de busca, obtenção e divulgação de informações sobre fatores críticos para o desempenho
da organização, pela utilização de indicadores qualitativos e quantitativos que sinalizem o alcance dos
objetivos da organização.
Os indicadores são utilizados para operacionalizar o modelo ou para permitir a avaliação do alcance
das metas propostas, eles são números que buscam traduzir um ou mais aspectos da realidade,
44
Gaps geralmente indicam que algo importante mudou nos fundamentos de uma determinada empresa.
45
Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/seges/eppgg/producaoacademica/tese_eduardogranha.pdf

Apostila gerada especialmente para: Rafael Ribeiro Monteiro 822.090.810-68


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representando conceitos abstratos, como o nível de desempenho de uma gestão, as condições de vida
de uma população, etc.
Os indicadores viabilizam a tradução dos objetivos em medidas apreensíveis, e no presente caso, a
tradução dos objetivos em indicadores de resultados. Os indicadores são à base da memória. O conjunto
de indicadores deve auxiliar a gestão do trabalho diário. Uma série de indicadores só tem sentido se
gestores e colaboradores analisarem os resultados para saber se é preciso fazer menos, mais, ou melhor.
Eles devem ser lembrados a todo o momento, não como tarefa que precisa ser feita, mas como preciosos
instrumentos de análise. Os indicadores quantitativos e qualitativos devem estar ligados aos objetivos e
a visão da organização, devendo servir de apoio para detectar as causas e os efeitos de uma ação, e não
apenas seus resultados.

Características necessárias para a construção de indicadores:


Comparabilidade: devem permitir a comparação temporal espacial, entretanto quanto mais
generalizado for o indicador, menores serão as especificidades que este poderá captar da realidade
estudada;

Disponibilidade da informação: as bases de dados devem ser acessíveis e confiáveis e oferecer


séries históricas;

Quantificáveis: traduzíveis em números, mas que possibilitem uma análise qualitativa do


desempenho da gestão;

Simplicidade: devem ser de fácil compreensão e aplicação, apesar de tentar retratar realidades
complexas.

Assim, uma vez que o modelo prescreve o aumento da flexibilidade e a autonomia dos gestores sobre
os meios, recursos e processos, estabelecendo controles a posteriori, são essenciais instrumentos de
contratualização entre os gestores da gestão estratégica, por meio dos quais são definidos:

- Os resultados a serem alcançados, traduzidos em indicadores e metas claras;


- A flexibilidade ou as autonomias concedidas aos gestores e;
- As sanções, positivas e negativas, que serão aplicados quando da avaliação do alcance dos
resultados.

Implantação da Gestão por Resultados46

Após a tomada de decisão referente adoção da gestão por resultados e também às alternativas para
atingir os objetivos, a etapa seguinte é a implantação do modelo. Nessa etapa, compete ao gestor
coordenar a implantação, procurando vincular dinamicamente os recursos aos objetivos. Para tanto, a
função de coordenação pode ser empreendida por outro conjunto de mecanismos, que segundo
Mintzberg são os seguintes:

- Ajustamento mútuo - típico de tarefas que envolvem grupos pequenos, a coordenação é obtida pelo
simples processo de comunicação informal. São realizadas reuniões com o objetivo de discutir os
processos de trabalho, ajustando-os quando necessário;

- Supervisão direta - segundo este mecanismo, uma pessoa ou organização coordena o processo,
por meio de instruções, cobranças, alocação de recursos, etc;

- Padronização de normas - significa que os funcionários compartilham um conjunto de crenças e


valores; é exposta a compreensão de cada um em relação às normas, com o objetivo de criar uma ideia
coletiva de conduta, obtendo, informalmente, a coordenação a partir delas;

- Padronização de processos - refere-se à prescrição do conteúdo do trabalho por meio de


procedimentos, normalmente escritos, a serem seguidos. Trata-se do mapeamento dos processos e da
manualização dos procedimentos. Na iniciativa privada, é muito comum em programas de qualidade,
como aqueles promovidos pela International Organization for Standardization com a série ISO-9000. No

46
Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/seges/eppgg/producaoacademica/tese_eduardogranha.pdf

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caso das organizações públicas, podemos associar esta padronização às regras formais burocráticas ou
à própria legislação;

- Padronização de resultados - trata-se da especificação dos resultados a serem atingidos, em


substituição à especificação dos meios como os procedimentos ou habilidades;

- Padronização de habilidades - refere-se à designação de pessoal qualificado, já possuidor de


determinada habilidade adequada ao trabalho a ser feito. Não é o trabalho, mas o funcionário que é
padronizado. A coordenação é obtida em razão do funcionário já possuir determinado conhecimento. No
setor público, podemos entender os requisitos dos concursos públicos como um esforço nesse sentido,
particularmente para contratação de especialistas como médicos ou dentistas.

Também é importante destacar outros mecanismos que possuem função de coordenação e, embora
estejam de alguma forma associados àqueles já descritos, merecem tratamento à parte:

A liderança e a estrutura. A perspectiva contemporânea de liderança é definida como “... um processo


no qual um indivíduo influencia outros a se comprometerem com a busca de objetivos comuns. ” E isso
ocorre por meio do estímulo à autonomia dos liderados: “...o líder cria nos liderados a sensação de um
espaço próprio, onde eles podem desenvolver sua criatividade e se auto realizar na execução de suas
tarefas”. Ressalta-se que a busca do compartilhamento de objetivos pelo líder se dá por negociações
constantes, à semelhança do ajustamento mútuo, e não por meio do exercício de uma eventual autoridade
hierárquica, como seria típico do mecanismo de supervisão direta.

Além disso, é também importante mencionar que lideranças, principalmente as carismáticas, valem-
se da coordenação pelo compartilhamento de crenças e valores, e não somente de objetivos.

Questões

01. (TRE-SE – Analista Judiciário – Área Judiciária – FCC) Sobre a gestão de resultados na
Administração pública, é correto afirmar:
(A) O estabelecimento de metas no setor público e no setor privado são semelhantes, na medida em
que é orientado pelo cumprimento de procedimentos e normas.
(B) A legalidade e a impessoalidade são características da administração burocrática e,
consequentemente, orientam a elaboração de metas e o seu alcance.
(C)A contratualização de resultados é um instrumento da administração burocrática e consiste no
estabelecimento de parcerias público-privadas.
(D) A hierarquia é essencial para o estabelecimento de um contrato de gestão, pois essa característica
assegura o próprio cumprimento do contrato.
(E) O controle por resultados é um instrumento da administração gerencial e pode envolver a
contratualização de resultados e contratos de gestão.

02. (SUDENE-PE - Agente Administrativo – FGV) Na Administração Pública, a gestão por resultados
está relacionada à
(A) Administração Gerencial.
(B) Administração Patrimonialista.
(C) Administração Centralizada.
(D) Administração Burocrática.
(E) Administração Descentralizada.

03. (PROCEMPA - Analista Administrativo - Analista Financeiro Contábil – FGV) Na Administração


Pública, o grau de aceitação pela clientela dos serviços prestados é fundamental para a imagem
institucional.
O alinhamento de expectativas de forma clara e transparente, entre todos os agentes políticos,
externos e internos; a contratualização de resultados, autonomias e sanções; a avaliação dos resultados
e a retroalimentação do sistema de gestão para eventuais correções de rota; o fortalecimento de uma
modalidade de “accountability”, baseada no desempenho mensurado a partir de indicadores de
resultados; e a modificação do comportamento auto referido da burocracia, substituindo-o pela atenção a
metas claras e contratualizadas, são características da

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(A) gestão participativa.
(B) gestão por competências.
(C) gestão do conhecimento.
(D) gestão da cultura organizacional.
(E) gestão por resultados.

04. (IDAF-ES - Advogado – FUNCAB) Quanto à gestão de resultados no serviço público, é correto
afirmar que:
(A) serve como instrumento de controle da atuação dos gerentes públicos.
(B) conduz a resultados parciais sem qualquer influência no resultado final.
(C) promove e desenvolve mecanismos internos que melhoram o desempenho dos dirigentes e
servidores públicos.
(D) a gestão de resultados tem como objetivo minimizar os conflitos organizacionais, de modo a
pacificar o ambiente de trabalho.
(E) é necessário realizar, periodicamente, encontros de diferentes grupos de trabalho, de modo a
humanizar as relações interpessoais.

Gabarito

01.E / 02.A / 03.E / 04.C

Comentários

01. Resposta: E.
Dentre as características do modelo de gestão por resultados estão: “- Contratualização de resultados,
autonomias e sanções; - Avaliação dos resultados e retroalimentação do sistema de gestão para
eventuais correções de rota, constituindo assim uma ferramenta gerencial;”

02. Resposta: A
A Administração pública gerencial é aquela construída sobre bases que consideram o Estado uma
grande empresa cujos serviços são destinados aos seus clientes, outrora cidadãos; na eficiência dos
serviços, na avaliação de desempenho e no controle de resultados, suas principais características.

03. Resposta: E
A gestão por resultados contempla:
1. Alinhamento de expectativas de forma clara e transparente, entre todos os agentes políticos,
externos e internos, sobre quais são as diretrizes e os objetivos da organização;
2. Tradução ou operacionalização destes em resultados e metas a serem atingidas, o que inclui a
definição de indicadores para sua apuração;
3. Desdobramento das diretrizes e objetivos até o nível da menor equipe distinguível;
4. Contratualização de resultados, autonomias e sanções com as equipes;
5. Concessão de autonomias aos gestores e implementadores das políticas públicas;
6. Avaliação dos resultados e retroalimentação do sistema de gestão para eventuais ações corretivas.

04. Resposta: C
A gestão por resultados visa a fortalecer a ação dos organismos públicos para melhorar os resultados
em benefício dos cidadãos e da sociedade. O referido termo deriva da lógica da administração por
objetivos (Drucker, 1999). Está pautada numa lógica de eficácia e eficiência, com a otimização do uso
dos recursos públicos, o processo de produção de bens e serviços públicos, melhorar o desempenho dos
dirigentes e servidores públicos, tornar efetivos os mecanismos governamentais, sendo transparente,
equitativo e controlável (Serra, 2008).

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62
6 Princípios de governabilidade e governança. 6.1 Intermediação de interesses
(clientelismo, corporativismo e neocorporativismo).

GOVERNABILIDADE, GOVERNANÇA E ACCOUNTABILITY47

Governança

Na iniciativa privada a governança corporativa representa o modo como as organizações são


administradas e controladas, e como interagem com as partes interessadas. Inclui políticas,
regulamentos/instruções, processos, estratégia e cultura, e orienta-se pelos princípios da transparência,
equidade, responsabilidade por resultados, cumprimento das normas e accountability. De acordo com o
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa o conselho de administração é o guardião do sistema de
governança.
Governança pública, no entanto, é compreendida como a capacidade de governar, capacidade de
decidir e implementar políticas públicas que atendam às necessidades da população. Segundo Bresser-
Pereira (1998), “governança é a capacidade financeira e administrativa, em sentido amplo, de um governo
implementar políticas”.
Governança relaciona-se com a competência técnica, que abrange as capacidades gerencial,
financeira e técnica propriamente dita, e tem nos agentes públicos, em sentido amplo, e nos servidores
públicos, em sentido estrito, a sua fonte de origem. “Existe governança em um Estado quando seu
governo tem as condições financeiras e administrativas para transformar em realidade as decisões que
toma.”
O Caderno Mare no 01 menciona que a governança será alcançada quando o Estado se tornar mais
forte, embora menor: mais forte financeiramente, superando a crise fiscal que o abalou nos anos 1980;
mais forte estruturalmente, com uma clara delimitação de sua área de atuação e uma precisa distinção
entre seu núcleo estratégico, em que as decisões são tomadas, e suas unidades descentralizadas; mais
forte estrategicamente, dotado de elites políticas capazes de tomar as decisões políticas e econômicas
necessárias; e administrativamente forte, contando com uma alta burocracia tecnicamente capaz e
motivada.
A governança envolve o modo/forma pelo qual o Governo se organiza para prestar serviços à
sociedade; o modo/forma de gestão dos recursos públicos; o modo/forma como divulga suas informações;
o modo/forma como se relaciona com a sociedade civil; e o modo/forma como constrói os
arranjos/acordos institucionais necessários à implementação das políticas públicas.
A governança é instrumental, é o braço operacional da governabilidade, “pode ser entendida como a
outra face de um mesmo processo, ou seja, como os aspectos adjetivos/instrumentais da
governabilidade” (Vinícius Araujo, 2002). Por ser um instrumento da governabilidade para a realização
dos fins do Estado, a governança pressupõe condições mínimas de governabilidade, ou seja, em
situações de crise grave ou de ruptura institucional, que afetem a governabilidade, a governança restará
comprometida, haja vista o seu caráter instrumental. “Sem governabilidade é impossível governança”
(Caderno Mare nº 01).

Atenção: Uma boa governança fortalece a legitimidade do Governo e aumenta sua governabilidade,
mesmo sendo instrumental, para a ESAF o conceito de governança possui um caráter mais amplo que
o conceito de governabilidade.

A governança federal apresentou significativa evolução mediante investimentos em capacitação e


treinamento dos servidores públicos, mediante a incorporação de técnicas utilizadas pelo setor privado,
e mediante a utilização intensiva de sistemas informatizados como ferramenta de gestão estratégica,
tática e operacional.
Um novo termo surgiu nesse contexto: é a nova governança pública – que inclui a participação do
mercado e da sociedade civil nas decisões –, o que dificulta ainda mais a distinção dos termos governança
versus governabilidade. A nova governança seria uma espécie de “ponte” entre os interesses do mercado
e da sociedade civil e a governabilidade. “A governança, de fato, ultrapassa os aspectos operacionais das
políticas, incluindo mecanismos de agregação de interesses, de decisões políticas, de redes
informacionais e de definições estratégicas” (Jardim, apud Wagner Araujo e Marco Gomes, 2006).

47
Paludo, Augustinho. Administração pública. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

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63
Palavras como alianças, acordos, parcerias e cooperação (entre governo, mercado e sociedade) surgem
fortes nesse novo conceito.

Atenção: Alianças, acordos, parcerias e cooperação também fazem parte da governabilidade.


Diferencie-os desta maneira: se forem utilizados para legitimar os governos, para obtenção de apoio
político, se referem à governabilidade; se forem utilizados num sentido mais operacional, de decisões e
ações relacionadas a melhores formas de prestar/controlar os serviços públicos, então referem-se à
governança.

Governabilidade

A governabilidade refere-se ao poder político em si, que deve ser legítimo e contar com o apoio da
população e de seus representantes. No dizer de Bresser-Pereira (1998), significa capacidade política de
governar, “governabilidade é uma capacidade política de governar derivada da relação de legitimidade do
Estado e do seu governo com a sociedade”. Nesse mesmo sentido, o Caderno Mare n° 01 esclarece que
um governo tem governabilidade “na medida em que seus dirigentes contem com os necessários apoios
políticos para governar”, e que a capacidade política de governar ou governabilidade decorre do
relacionamento “do Estado e do seu governo com a sociedade”.
Para Vinicius Araújo (2002), a governabilidade “refere-se às próprias condições substantivas/materiais
de exercício do poder e legitimidade do Estado e do seu governo, derivadas de sua postura diante da
sociedade civil e do mercado”. Portanto, legitimidade está relacionada com governabilidade, visto que se
os governos não forem legitimados não haverá condições necessárias para governar.
Mas governabilidade significa também que o governo deve tomar decisões amparadas num processo
que inclua a participação dos diversos setores da sociedade, dos poderes constituídos, das instituições
públicas e privadas e segmentos representativos da sociedade, para garantir que as escolhas
efetivamente atendam aos anseios da sociedade, e contem com seu apoio na implementação dos
programas/projetos e na fiscalização dos serviços públicos.
Os governos legítimos, segundo Lamartine Braga et al. (2008), têm Constituição e leis duradouras em
espírito e ações; tratam os cidadãos imparcialmente, respeitam os indivíduos e a comunidade; tomam
decisões transparentes; usam poder coercivo; protegem os interesses coletivos de ganhos privados;
usam políticas atuais que satisfazem as necessidades dos cidadãos envolvidos; cuidam dos interesses
coletivos; constroem e mantêm a confiança nas instituições públicas.
A fonte ou origem da governabilidade são os cidadãos e a cidadania organizada, os partidos políticos,
as associações e demais agrupamentos representativos da sociedade. Vinicius Araujo (2002) descreve
essa fonte de legitimidade como “o apoio obtido pelo Estado às suas políticas” e como a capacidade dos
governos de “articular alianças e coalizões/pactos entre os diferentes grupos sociopolíticos para viabilizar
o projeto de Estado e sociedade a ser implementado”.
Fica claro, portanto, que o desafio da governabilidade consiste em conciliar os muitos interesses
desses atores (na maioria divergentes) e reuni-los num objetivo comum a ser perseguido por todos (ou
vários objetivos comuns). Assim, a capacidade de articular-se em alianças políticas e pactos sociais
constitui-se em fator crítico para a viabilização dos objetivos do Estado. Essa tentativa de articulação que
a governabilidade procura é uma forma de intermediação de interesses; entre eles inclui-se o clientelismo
e o corporativismo. Nos dois casos o que se procura é conciliar interesses, reduzir atritos e aumentar a
governabilidade.

Dica: O clientelismo e o corporativismo são meios utilizados pelos governos para obtenção de apoio,
com vistas a aumentar sua legitimidade e fortalecer a governabilidade.

Clientelismo
Segundo o dicionário Aurélio (2003), clientelismo é um tipo de relação política em que uma pessoa (o
patrão) dá proteção à outra (o cliente) em troca de apoio (eleitoral), estabelecendo-se um laço de
submissão pessoal que não depende de relações de parentesco e não tem conotação jurídica. Para José
Murilo Carvalho (1997) é “um tipo de relação entre atores políticos que envolve concessão de benefícios
públicos, na forma de empregos, benefícios fiscais, isenções, em troca de apoio político, sobretudo na
forma de voto”.
O clientelismo consiste numa ação entre desiguais (assimétrica) em que um é o patrão e os demais
são clientes. Foi muito utilizado pelo coronelismo e em determinados períodos era a única forma de as
pessoas terem acesso a bens e serviços – haja vista que o Estado não os fornecia. Mas não só o
coronelismo se valia desta prática, como também políticos e governos. Segundo Surama Pinto (1997),

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“neste tipo de relação políticos e/ou o Governo trocam com setores pobres da população votos por
empregos e serviços sem a mediação de terceiros”. Essa prática vai enfraquecendo na medida em que o
Estado disponibiliza serviços sociais de caráter universal a toda a população.

Dica: Não confunda clientelismo, que pressupõe duas pessoas, em que se trocam benefícios por apoio
político, com fisiologismo, que se caracteriza pela ação de grupos, que buscam vantagens pessoais em
detrimento do interesse público.

Corporativismo
Diferentemente do clientelismo, o corporativismo é uma prática de organização social com base em
entidades representativas de interesses das categorias profissionais. É uma ação sindical, política, em
que prevalece a defesa dos interesses ou privilégios de um setor organizado da sociedade (Dicionário
Aurélio, 2003). Essas entidades contam com o apoio do Estado e detêm o monopólio da representação
(um sindicato para cada categoria).
Segundo Philippe Schmitter (1979), no corporativismo, a representação de interesses é ordenada com
um número limitado de categorias únicas, obrigatórias, não competitivas, organizadas hierarquicamente
e diferenciadas funcionalmente, reconhecidas ou autorizadas (se não criadas) pelo Estado, que lhes
concede deliberadamente o monopólio da representação no interior de suas respectivas categorias em
troca do controle, seleção de lideranças e subsídios.
O corporativismo é utilizado para remoção ou neutralização de conflitos: econômicos, relacionados à
concorrência de mercado; sociais, relacionados à luta de classes; e políticos, relacionados aos conflitos
partidários. O corporativismo é típico de governos autoritários (como o fascismo). No Brasil, foi fortemente
utilizado no Governo Vargas e caracterizou-se pela exclusão da grande maioria dos trabalhadores.
A doutrina menciona dois tipos de corporativismo.

Corporativismo Estatal: no qual o Estado era quem escolhia os interlocutores e lhes concedia a
representação monopolista de interesses (somente para quem aceitasse as regras impostas pelo Estado).
O número dessas entidades era limitado e, regra geral, eram criadas pelo próprio Estado: assim o Estado
acabava por controlar a classe trabalhadora por intermédio dessas entidades. Para Nelson Oliveira
(2001), eram “instrumentos de controle da força de trabalho... criação de um sindicalismo oficial, sem
nenhuma possibilidade de liberdade e vigiado por uma aparelhada e violenta repressão”. Esse era o
modelo utilizado por Vargas.

Neocorporativismo (u Corporativismo Societal): nesse caso a representação ocorre entre a


sociedade civil e o Estado. Existe um grande número de associações/entidades representativas que
passam a decidir com o Estado a questão das políticas públicas. Regra geral, elas também detêm o
monopólio da representação; no entanto, o Estado não cria essas entidades, mas concede-lhes o
reconhecimento institucional e lhes delega algumas funções (públicas ou semipúblicas – Claus
Offe,1989). No neocorporativismo são as entidades privadas que conquistam o direito de participar do
processo decisório. O neocorporativismo originou-se na Europa – no período pós-Segunda Guerra –
comofruto do capitalismo e da democracia, e como forma de solução de conflitos interclasses, num
momento de fraca representatividade dos partidos políticos. Para Phillip Schmitter (1989), “o
neocorporatismo representa um arranjo institucional ligando interesses organizados associativamente
com as estruturas decisionais do Estado”. Foi uma forma encontrada para integrar a classe trabalhadora
organizada ao Estado e ao capitalismo – construindo pactos/acordos tripartites – com vistas a acelerar o
crescimento econômico.
Para Wilma Keller (1995), o neocorporativismo expressa “uma articulação entre Estado, sindicatos e
empresariado, em que a força e a autonomia dos sindicatos constitui uma condição para a consolidação
de sistemas tripartites de formulação de políticas”. Um exemplo atual são as câmaras setoriais, das quais
participam trabalhadores, empresários e representantes do Estado. Maria Labra (1999) considera o
neocorporativismo como uma forma “ideal de formulação de políticas, traduz ações concertadas,
cooperativas, que envolvem tanto escolhas entre cursos alternativos, quanto a representação e
intermediação deinteresses”.
Marino Regini (1986) destaca que “num sistema neocorporativo, a organização representativa dos
interesses particulares é livre para aceitar ou não suas relações com o Estado, contribuindo, portanto,
para defini-las, enquanto no corporativismo clássico é o próprio Estado que impõe e define estas
relações”.

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Atenção: São diferenças marcantes entre o corporativismo e o neocorporativismo: no primeiro caso, o
Estado cria as entidades e impõe às regras do jogo; e no segundo, o Estado não cria, e as associações
e entidades representativas são livres para aceitarem (ou não) a representação de interesses.

A teoria do italiano Norberto Bobbio (1991) descreve a governabilidade e a não governabilidade como
fenômenos incompletos, “processos em curso”. A não governabilidade é uma espécie de crise que
engloba a governabilidade e a governança ao mesmo tempo.
Relaciona-se, de um lado, com a crise econômica do mercado, que resulta numa crise fiscal do Estado,
e, de outro, com a crise do não atendimento ao excesso das demandas advindas da sociedade. Bobbio
denomina a não governabilidade como “a soma de uma crise de input (entradas, insumos) e de uma crise
de output (saídas, produtos)”. Na crise de saídas a governança administrativa não consegue atender às
demandas, o que acaba por gerar a crise de entradas, no que se refere ao apoio político e da sociedade
ao governo, que diminui/enfraquece a autoridade política e afeta a legitimidade.

Dica: Não governabilidade é diferente de ingovernabilidade: ingovernabilidade ocorre quando falta


ao Governo o apoio necessário, a legitimidade (falta de apoio político dos parlamentares e falta de apoio
popular); não governabilidade é a soma de duas crises simultâneas: a crise de governabilidade aliada a
uma crise de governança.

A governabilidade tem na governança seu meio de atuação. Assim, uma boa governança auxilia no
processo de legitimação dos governos e aumenta sua governabilidade.
- A governabilidade acima abordada refere-se à cúpula dos governos: Nacional e, eventualmente,
Estadual e Municipal.
- A governabilidade em nível de Órgão/Entidade pública é decorrente do poder de governar e da
legitimidade democrática do Estado/Nação. Ela apoia-se na imagem institucional favorável junto à
sociedade e na confiança depositada pelos cidadãos e outras partes interessadas na sua atuação.

A governabilidade de um Órgão/Entidade pública está relacionada com a capacidade de assegurar


condições sistêmicas e institucionais para que a organização cumpra a sua missão. Envolve a
intermediação de interesses em nível local e o relacionamento com as partes interessadas – com a
capacidade da alta administração exercer sua autoridade política de forma a garantir o alcance dos
objetivos institucionais e o atendimento do interesse público. Neste nível também a dificuldade está em
conciliar os muitos interesses dos usuários dos serviços públicos com o interesse público geral e das
demais partes interessadas – reunindo-os em objetivos comuns a serem perseguidos por todos.

Accountability48

É um termo inglês, originado do latim accomptare (tomar em conta), derivado da forma prefixada
computare (computar), que por sua vez deriva de putare (calcular), sem tradução literal para o português
– como forma mais próxima tem-se usado responsabilização, que se relaciona à obrigação de prestar
contas, pelo membros de um órgão administrativo ou representativo a instâncias controladoras ou aos
seus representados. Numa tradução mais rude, pode-se confundir com o próprio termo prestar contas.
De acordo com Matias-Pereira (2010), accontability refere-se a um conjunto de mecanismos e
procedimentos que levam os gestores governamentais a prestar contas dos resultados de suas ações,
de forma que permita aos cidadãos verificarem se os governantes estão agindo em função dos interesses
da coletividade.
A accontability pressupõe que, ao desempenhar função relevantes na sociedade, vem-se,
sistematicamente, relatar as ações realizadas, as motivações para a realização dessas ações, a forma
como essas ações foram realizadas na sequência. Trata-se de um procedimento de avaliação quantitativa
e qualitativa, por meio do qual se dá publicidade ao realizado, buscando ainda justificar as possíveis
falhas. Nesse sentido, o dever de prestar contas é ainda maior quando a função é pública, uma vez que
se trata do desempenho de cargos que lidam com o dinheiro dos contribuintes.
De acordo com o TCU, prestar contas sempre trouxe a conotação de dar informação sobre pessoa ou
coisa (incluindo valores) pela qual se é responsável. Assim, a função do instituto da prestação de contas
parte da obrigação social e pública de prestar informações sobre algo pelo qual é responsável (atribuição,
dever). Esse conceito é a base da transparência e do controle social, definições mais próximas do termo
governança, que por sua vez decorre do conceito de accuontability.

48
PETER, M. G. A; MACHADO, M. V. V. Manual de contabilidade Governamental. 2 Ed. – São Paulo: Atlas 2014.

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66
Ainda de acordo com o TCU, o instituto da prestação de contas iniciou o seu desenvolvimento a partir
das ciências Contábeis, como elemento de registro dos lançamentos de débito ou crédito relativos a
operações comerciais e financeiras.
Accountability, por tratar de responsabilidade, tem a ver com o conceito de ética ligado às questões
que envolvem responsabilidade social, imputabilidade, obrigações e prestação de contas. O termo é
considerado, segundo o IFAC, um aspecto central da governança na Administração Pública, entendida
como accountability política, ou seja, responsabilidade dos governos, servidores públicos e políticos
perante o legislativo e a sociedade.
Parece haver consenso, na literatura, de que o fundamento dos sistemas democráticos está
verdadeiramente na accountability, já que a informação é um pressuposto básico da transparência dos
negócios públicos em uma verdadeira e legítima democracia. Sem informação apropriadas a respeito da
gestão pública, os cidadãos ficam privados de realizar julgamentos adequados em relação aos atos
praticados por seus governantes.
No contexto da Lei de Responsabilidade Fiscal, essa obrigação ganha dimensões relevantes, haja
vista o conjunto de sanções que dela resultam para as autoridades públicas que sonegarem informações
sobre suas práticas. Esse tema tem sido tratado com tanto interesse ultimamente que já se considera
como imprescindível o fortalecimento de instituições independentes do governo para oferecer à
coletividade as informações necessárias ao efetivo exercício da cidadania.
Outro termo utilizado nesse contexto é a “responsividade”, em que os governantes responsivos
obedecem aos desejos ou às determinações dos cidadãos (o que os levaria a adotar políticas para
atender a esses desejos). Os governos são responsivos “quando promovem os interesses dos cidadãos,
adotando políticas escolhidas pelos cidadãos” (Araújo; Gomes, 2006).
A responsividade não é um termo autônomo, ela se vincula ao termo accountability, como um de seus
elementos, assim como a responsabilidade. Segundo Lamartine Braga et al. (2008), o governo
responsivo:
“Executa fielmente as políticas do dia a dia; satisfaz as necessidades dos grupos de clientes; comunica-
se e toma conselhos; usa políticas atuais que satisfazem as necessidades dos cidadãos envolvidos”.
Num ambiente democrático há um forte aspecto político no accountability. Para Adam Przeworski
(1996), há accountability nos governos quando “os cidadãos têm possibilidade de discernir aqueles que
agem em seu benefício”, e assim são capazes de lhes conceder aprovação e/ou lhes impor sanções, de
forma que “os governantes que atuam em prol do benefício dos cidadãos sejam reeleitos, e os que não o
fazem sejam derrotados”.
O accountability legal é o que decorre das normas jurídicas vigentes. Na literatura há menção a três
tipos de accountability: o Horizontal e o Vertical, estabelecidos por Guillermo O’donnel, e o SOCIETAL.

Accountability Horizontal: ocorre através da mútua fiscalização e controle existente entre os poderes
(os freios e contrapesos), ou entre os órgãos, por meio dos Tribunais de Contas ou Controladorias Gerais
e agências fiscalizadoras – pressupõe uma ação entre iguais ou autônomos. Esse accountability refere-
se à “transparência das ações da gestão pública em relação aos agentes que podem fiscalizá-las e puni-
las” (Marcelo Amaral, 2007). O accountability horizontal pressupõe que existam órgãos próprios de Estado
detentores de “poder e capacidade, legal e de fato, para realizar ações, tanto de monitoramento de rotina
quanto de imposição de sanções criminais ou de impeachment, em relação a ações ou omissões ilegais
exercidas por outros órgãos ou agentes do Estado” (O’donel, apud Ana Mota, 2006).

Atenção: A ação entre iguais ocorre entre os poderes (freios e contrapesos) e a ação entre autônomos
se dá mediante as agências e órgãos (dos poderes ou independentes).

São mecanismos/instrumentos de exercício do accountability horizontal, o sistema de freios e


contrapesos estabelecido na Constituição; a atuação do Ministério Público; os Tribunais de Contas, as
Controladorias Gerais e agências fiscalizadoras; as ouvidorias públicas; os partidos políticos. Há autores
que também incluem a imprensa em geral.

Accountability Vertical: ocorre quando os cidadãos controlam os políticos e governos por meio de
plebiscito, referendo e voto, ou mediante o exercício do controle social – pressupõe uma ação entre
desiguais. O accountability vertical refere-se à “transparência das gestões em relação aos eleitores que
podem assim fiscalizá-las e puni-las, principalmente através do voto em eleições livres e justas” (Marcelo
Amaral, 2007).
Na teoria da relação agente-principal, os cidadãos são o “principal” e os governos e políticos são o
“agente”. O accountability vertical tem caráter político e pode ser considerado um mecanismo de

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soberania popular, incidindo sobre os atos dos políticos e demais agentes públicos. Os principais
mecanismos/instrumentos são o voto e a ação popular. Para O’donelapud Ana Mota (2006) accountability
vertical são “os mecanismos institucionais que possibilitam ao cidadão e à sociedade civil exigir a
prestação de contas pelos agentes públicos, sendo as eleições livres e justas o principal”.

Dica: Os principais mecanismos de accountability vertical são o voto e a ação popular.

Accountability Social (ou Societal): que não está ligado ao cidadão e ao voto, mas às diversas
entidades sociais como associações, sindicatos, ONGs, mídia etc., que investigam e denunciam abusos
cometidos, e cobram responsabilização.
Segundo Smulovitz e Peruzzotti (2000) o accountability social é um mecanismo de controle não
eleitoral, que utiliza ferramentas institucionais e não institucionais, e envolve múltiplas associações,
movimentos ou mídia, com vistas a expor erros e falhas do governo, incluir novas questões na agenda
pública ou influenciar as decisões políticas.
É uma espécie de controle social realizado pela sociedade civil, que procura alcançar também os
burocratas gestores, e não somente políticos ou governos. Características dessas entidades são a grande
diferença (assimetria) de recursos, e a ausência de mandato legal para o exercício de accountability.

Dica: O accountability societal é capaz de alcançar também os gestores públicos.

O accountability societal é incapaz de aplicar sanções contra os agentes públicos em casos de


transgressões, pois não possui competência/poder legal para isso; e pressupõe a existência de liberdade
de expressão para denunciar os erros/falhas dos governos e gestores públicos. Segundo Luis Miguel
(2005), suas advertências e denúncias ganham efetividade apenas quando sensibilizam alguma
instituição de controle: o Ministério Público, o Tribunal de Contas, ou o eleitorado.

Accountability no Brasil
O processo de construção do accountability é lento, e depende em grande parte de cobrança pela
população. “Queremos dizer que o accountability é um processo em construção na sociedade brasileira,
e não dá para esperar da noite para o dia uma mudança radical nos processos e na cultura política” (José
Pinho, 2008).
Falta mais consciência e organização por parte da sociedade e dos cidadãos. Segundo Ana Campos
(1990), “somente a partir da organização de cidadãos vigilantes e conscientes de seus direitos haverá
condição para o accountability. Não haverá tal condição enquanto o povo se definir como tutelado e o
Estado como tutor”.
Os autores consideram que no Brasil existe “uma situação de fraca accountability”. O resultado vem
de uma baixa pressão por transparência e prestação de contas pela sociedade, aliada ao “insulamento”
dos governos em relação à sociedade civil.
Danielle Fiabane (2001) destaca o desafio de substituir valores tradicionais como o patrimonialismo e
o clientelismo pelos valores sociais emergentes, e vê no controle social organizado uma forma de
melhorar o accountability no Brasil, pressionando os governos e gestores públicos a prestarem contas de
suas decisões/ações com responsividade.
Embora a “situação geral” no Brasil seja de fraca accountability, cabe destacar os investimentos
maciços em tecnologia da informação realizados pelo Governo Federal, e a enorme quantidade de
informações disponibilizadas nos portais públicos. Nesse ponto, creio que a situação geral é fortemente
influenciada por Estados e Municípios e que na esfera Federal a situação de accountability seja
diferente e melhor, haja vista os esforços significativos despendidos a partir do Governo Lula nesse
sentido.
No entanto, quanto à responsabilização pelos recursos utilizados estamos realmente
engatinhando, visto que, em regra, os maus políticos e gestores não são punidos quando utilizam
incorretamente os recursos públicos mesmo quando há evidência de desvio de recursos e/ou corrupção.

Questões

01. (BAHIAGÁS - Analista de Processos Organizacionais - FCC) Accountability é


(A) a relação de legitimidade e autoridade do Estado e do seu governo com a sociedade.
(B) o reconhecimento que tem uma ordem política, dependente das crenças e das opiniões subjetivas,
e seus princípios são justificações do direito de mandar.

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(C) o conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os decisores governamentais a prestarem
contas dos resultados de suas ações, garantindo-se maior transparência e a exposição das políticas
públicas.
(D) a capacidade do governo de representar os interesses de suas próprias instituições.
(E) a aquisição e centralização de poder do setor público na administração das agências, por meio dos
princípios de governança corporativa do setor privado.

02. (MPE/AM - Agente Técnico - FCC) Governança, na Administração pública, é um


(A) conjunto de condições necessárias ao exercício do poder, compreendendo a forma de governo, as
relações entre os poderes e o sistema partidário.
(B) modelo horizontal de relação entre atores públicos e privados no processo de elaboração de
políticas públicas.
(C) pressuposto cujo detentor do poder público tem o dever de prestar contas, para sua consequente
responsabilização.
(D) processo administrativo tipificado em planejamento, programação, orçamentação, execução,
controle e avaliação das políticas públicas, por uma entidade pública ou privada.
(E) conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos.

03. (UNIRIO - Administrador - UNIRIO) “A governabilidade refere-se ao poder político em si, que deve
ser legítimo e contar com o apoio da população e de seus representantes.”
Nesse sentido, governabilidade significa:
(A) governar de acordo com as leis.
(B) direito de agir em nome do Estado.
(C) governar com amplo apoio popular.
(D) capacidade política de governar.
(E) legitimidade democrática.

04. (MPE/SE - Analista do Ministério Público - FCC) O conceito de accountability liga-se a


(A) prestação de contas da Administração e dos funcionários públicos perante a sociedade.
(B) mecanismos contemporâneos de elaboração das contas públicas.
(C) formas de elaboração do orçamento público pautadas pela responsabilidade fiscal.
(D) sistema gerencial de controle dos gastos públicos.
(E) metodologia gerencial norteamericana que inspirou a Reforma Administrativa implementada nos
anos 90 pelo Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE).

05. (UEAP - Técnico em Planejamento, Orçamento e Finanças – CS/UFG) As mudanças na


administração pública contemporânea respondem, em parte, às pressões sociais por prestação de conta
das ações de seus governantes. O governante que presta contas à sociedade, promovendo a
transparência de sua gestão, está desenvolvendo um sistema de:
(A) eficiência.
(B) management.
(C) participação.
(D) accountability.

Gabarito

01.C / 02.B / 03.D / 04.A / 05.D

Comentários

01. Resposta: C
A accountability é uma forma de controle social, de sujeição do poder público a estruturas formais e
institucionalizadas de constrangimento de suas ações à frente da gestão pública, tornando-o obrigado a
prestar contas e a tornar transparente sua administração.

02. Resposta: B
A governança na administração pública é um modelo horizontal de relação entre atores públicos e
privados no processo de elaboração de políticas públicas. Uma boa governança pública, à semelhança

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da corporativa, está apoiada em quatro princípios: relações éticas, conformidade, em todas as suas
dimensões; transparência; e prestação de contas.

03. Resposta: D
A governabilidade refere-se ao poder político em si, que deve ser legítimo e contar com o apoio da
população e de seus representantes. No dizer de Bresser-Pereira (1998), significa capacidade política de
governar, “governabilidade é uma capacidade política de governar derivada da relação de legitimidade do
Estado e do seu governo com a sociedade”.

04. Resposta: A
Accountability representa a obrigação que a organização tem de prestar contas dos resultados obtidos,
em função das responsabilidades que decorrem de uma delegação de poder. Verifica-se que a palavra
accountability significa a obrigação de prestar contas dos resultados conseguidos em função da posição
que o indivíduo assume e do poder que detém.

05. Resposta: D
O conceito de accountability, portanto, não deve ser restrito, devendo ser analisado não só na
dimensão legal, mas, principalmente, na política, como sinônimo de responsabilidade ou dever de prestar
contas dos atos, alcançando um alto nível de credibilidade junto à sociedade.

6.2 Decreto nº 9.203/2017 (Dispõe sobre a política de governança da


administração pública federal direta, autárquica e fundacional)

DECRETO Nº 9.203, DE 22 DE NOVEMBRO DE 201749

Dispõe sobre a política de governança da administração pública federal direta, autárquica e


fundacional.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput , inciso VI,
alínea “a”, da Constituição,

DECRETA :

Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a política de governança da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.

Art. 2º Para os efeitos do disposto neste Decreto, considera-se:


I - governança pública - conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática
para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à prestação
de serviços de interesse da sociedade;
II - valor público - produtos e resultados gerados, preservados ou entregues pelas atividades de uma
organização que representem respostas efetivas e úteis às necessidades ou às demandas de interesse
público e modifiquem aspectos do conjunto da sociedade ou de alguns grupos específicos reconhecidos
como destinatários legítimos de bens e serviços públicos;
III - alta administração - Ministros de Estado, ocupantes de cargos de natureza especial, ocupantes de
cargo de nível 6 do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS e presidentes e diretores de
autarquias, inclusive as especiais, e de fundações públicas ou autoridades de hierarquia equivalente; e
IV - gestão de riscos - processo de natureza permanente, estabelecido, direcionado e monitorado pela
alta administração, que contempla as atividades de identificar, avaliar e gerenciar potenciais eventos que
possam afetar a organização, destinado a fornecer segurança razoável quanto à realização de seus
objetivos.

Art. 3º São princípios da governança pública:


I - capacidade de resposta;
II - integridade;

49
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D9203.htm - acesso em 19.01.2022

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III - confiabilidade;
IV - melhoria regulatória;
V - prestação de contas e responsabilidade; e
VI - transparência.

Art. 4º São diretrizes da governança pública:


I - direcionar ações para a busca de resultados para a sociedade, encontrando soluções tempestivas
e inovadoras para lidar com a limitação de recursos e com as mudanças de prioridades;
II - promover a simplificação administrativa, a modernização da gestão pública e a integração dos
serviços públicos, especialmente aqueles prestados por meio eletrônico;
III - monitorar o desempenho e avaliar a concepção, a implementação e os resultados das políticas e
das ações prioritárias para assegurar que as diretrizes estratégicas sejam observadas;
IV - articular instituições e coordenar processos para melhorar a integração entre os diferentes níveis
e esferas do setor público, com vistas a gerar, preservar e entregar valor público;
V - fazer incorporar padrões elevados de conduta pela alta administração para orientar o
comportamento dos agentes públicos, em consonância com as funções e as atribuições de seus órgãos
e de suas entidades;
VI - implementar controles internos fundamentados na gestão de risco, que privilegiará ações
estratégicas de prevenção antes de processos sancionadores;
VII - avaliar as propostas de criação, expansão ou aperfeiçoamento de políticas públicas e de
concessão de incentivos fiscais e aferir, sempre que possível, seus custos e benefícios;
VIII - manter processo decisório orientado pelas evidências, pela conformidade legal, pela qualidade
regulatória, pela desburocratização e pelo apoio à participação da sociedade;
IX - editar e revisar atos normativos, pautando-se pelas boas práticas regulatórias e pela legitimidade,
estabilidade e coerência do ordenamento jurídico e realizando consultas públicas sempre que
conveniente;
X - definir formalmente as funções, as competências e as responsabilidades das estruturas e dos
arranjos institucionais; e
XI - promover a comunicação aberta, voluntária e transparente das atividades e dos resultados da
organização, de maneira a fortalecer o acesso público à informação.

Art. 5º São mecanismos para o exercício da governança pública:


I - liderança, que compreende conjunto de práticas de natureza humana ou comportamental exercida
nos principais cargos das organizações, para assegurar a existência das condições mínimas para o
exercício da boa governança, quais sejam:
a) integridade;
b) competência;
c) responsabilidade; e
d) motivação;
II - estratégia, que compreende a definição de diretrizes, objetivos, planos e ações, além de critérios
de priorização e alinhamento entre organizações e partes interessadas, para que os serviços e produtos
de responsabilidade da organização alcancem o resultado pretendido; e
III - controle, que compreende processos estruturados para mitigar os possíveis riscos com vistas ao
alcance dos objetivos institucionais e para garantir a execução ordenada, ética, econômica, eficiente e
eficaz das atividades da organização, com preservação da legalidade e da economicidade no dispêndio
de recursos públicos.

Art. 6º Caberá à alta administração dos órgãos e das entidades, observados as normas e os
procedimentos específicos aplicáveis, implementar e manter mecanismos, instâncias e práticas de
governança em consonância com os princípios e as diretrizes estabelecidos neste Decreto.
Parágrafo único. Os mecanismos, as instâncias e as práticas de governança de que trata o caput
incluirão, no mínimo:
I - formas de acompanhamento de resultados;
II - soluções para melhoria do desempenho das organizações; e
III - instrumentos de promoção do processo decisório fundamentado em evidências.

Art. 7º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

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Art. 7º-A. O Comitê Interministerial de Governança - CIG tem por finalidade assessorar o Presidente
da República na condução da política de governança da administração pública federal.(Incluído pelo
Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 8º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 8º-A. O CIG é composto pelos seguintes membros titulares:(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de
2019)
I - Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, que o coordenará;(Incluído
pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
II - Ministro de Estado da Economia; e (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III - Ministro de Estado da Controlaria-Geral da União. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§ 1º Os membros do CIG poderão ser substituídos, em suas ausências e seus impedimentos, pelos
respectivos Secretários-Executivos. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§ 2º As reuniões do CIG serão convocadas pelo seu Coordenador. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de
2019)
§ 3º Representantes de outros órgãos e entidades da administração pública federal poderão ser
convidados a participar de reuniões do CIG, sem direito a voto.(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 8º-B. O CIG se reunirá, em caráter ordinário, trimestralmente e, em caráter extraordinário, sempre
que necessário. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§ 1º O quórum de reunião do CIG é de maioria simples dos membros e o quórum de aprovação é de
maioria absoluta.(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§ 2º Além do voto ordinário, o Coordenador do CIG terá o voto de qualidade em caso de empate.
(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 9º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 9º-A. Ao CIG compete:(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)


I - propor medidas, mecanismos e práticas organizacionais para o atendimento aos princípios e às
diretrizes de governança pública estabelecidos neste Decreto;(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
II - aprovar manuais e guias com medidas, mecanismos e práticas organizacionais que contribuam
para a implementação dos princípios e das diretrizes de governança pública estabelecidos neste
Decreto;(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III - aprovar recomendações aos colegiados temáticos para garantir a coerência e a coordenação dos
programas e das políticas de governança específicos;(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
IV - incentivar e monitorar a aplicação das melhores práticas de governança no âmbito da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional; e (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
V - editar as resoluções necessárias ao exercício de suas competências. (Incluído pelo Decreto nº
9.901, de 2019)
§ 1º Os manuais e os guias a que se refere o inciso II do caput deverão:(Incluído pelo Decreto nº 9.901,
de 2019)
I - conter recomendações que possam ser implementadas nos órgãos e nas entidades da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional definidos na resolução que os
aprovar;(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
II - ser observados pelos comitês internos de governança, a que se refere o art. 15-A. (Incluído pelo
Decreto nº 9.901, de 2019)
§ 2º O colegiado temático, para fins do disposto neste Decreto, é a comissão, o comitê, o grupo de
trabalho ou outra forma de colegiado interministerial instituído com o objetivo de implementar, promover
ou executar políticas ou programas de governança relativos a temas específicos.(Incluído pelo Decreto
nº 9.901, de 2019)

Art. 10. O CIG (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 10-A. O CIG poderá instituir grupos de trabalho específicos com o objetivo de assessorá-lo no
cumprimento das suas competências. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§ 1º Representantes de órgãos e entidades públicas e privadas poderão ser convidados a participar
dos grupos de trabalho constituídos pelo CIG.(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

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72
§ 2º O CIG definirá no ato de instituição do grupo de trabalho os seus objetivos específicos, a sua
composição e o prazo para conclusão de seus trabalhos.(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 10-B. Os grupos de trabalho: (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)


I - serão compostos na forma de ato do CIG;(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
II - não poderão ter mais de cinco membros;(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III - terão caráter temporário e duração não superior a um ano; e (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de
2019)
IV - estarão limitados a três operando simultaneamente. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 11. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 11-A. A Secretaria-Executiva do CIG será exercida pela Secretaria Especial de Relações
Governamentais da Casa Civil da Presidência da República. (Redação dada pelo Decreto nº 10.907, de
2021)
Parágrafo único. Compete à Secretaria-Executiva do CIG:(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - receber, instruir e encaminhar aos membros do CIG as propostas recebidas na forma estabelecida
no caput do art. 10-A e no inciso II do caput do art. 13-A;(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
II - encaminhar a pauta, a documentação, os materiais de discussão e os registros das reuniões aos
membros do CIG;(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III - comunicar aos membros do CIG a data e a hora das reuniões ordinárias ou a convocação para as
reuniões extraordinárias;(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
IV - comunicar aos membros do CIG a forma de realização da reunião, que poderá ser por meio
eletrônico ou presencial, e o local, quando se tratar de reuniões presenciais; e(Incluído pelo Decreto nº
9.901, de 2019)
V - disponibilizar as atas e as resoluções do CIG em sítio eletrônico ou, quando o seu conteúdo for
classificado como confidencial, encaminhá-las aos membros. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 12. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 12-A. A participação no CIG ou nos grupos de trabalho por ele constituídos será considerada
prestação de serviço público relevante, não remunerada. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 13. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 13-A. Compete aos órgãos e às entidades integrantes da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional:(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - executar a política de governança pública, de maneira a incorporar os princípios e as diretrizes
definidos neste Decreto e as recomendações oriundas de manuais, guias e resoluções do CIG; e (Incluído
pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
II - encaminhar ao CIG propostas relacionadas às competências previstas no art. 9º-A, com a
justificativa da proposição e da minuta da resolução pertinente, se for o caso. (Incluído pelo Decreto nº
9.901, de 2019)

Art. 14. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 15. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 15-A. São competências dos comitês internos de governança, instituídos pelos órgãos e entidades
da administração pública federal direta, autárquica e fundacional:(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - auxiliar a alta administração na implementação e na manutenção de processos, estruturas e
mecanismos adequados à incorporação dos princípios e das diretrizes da governança previstos neste
Decreto;(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
II - incentivar e promover iniciativas que busquem implementar o acompanhamento de resultados no
órgão ou na entidade, que promovam soluções para melhoria do desempenho institucional ou que adotem
instrumentos para o aprimoramento do processo decisório;(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III - promover e acompanhar a implementação das medidas, dos mecanismos e das práticas
organizacionais de governança definidos pelo CIG em seus manuais e em suas resoluções; e (Incluído
pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

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IV - elaborar manifestação técnica relativa aos temas de sua competência. (Incluído pelo Decreto nº
9.901, de 2019)

Art. 16. Os comitês internos de governança publicarão suas atas e suas resoluções em sítio eletrônico,
ressalvado o conteúdo sujeito a sigilo.

Art. 17. A alta administração das organizações da administração pública federal direta, autárquica e
fundacional deverá estabelecer, manter, monitorar e aprimorar sistema de gestão de riscos e controles
internos com vistas à identificação, à avaliação, ao tratamento, ao monitoramento e à análise crítica de
riscos que possam impactar a implementação da estratégia e a consecução dos objetivos da organização
no cumprimento da sua missão institucional, observados os seguintes princípios:
I - implementação e aplicação de forma sistemática, estruturada, oportuna e documentada,
subordinada ao interesse público;
II - integração da gestão de riscos ao processo de planejamento estratégico e aos seus
desdobramentos, às atividades, aos processos de trabalho e aos projetos em todos os níveis da
organização, relevantes para a execução da estratégia e o alcance dos objetivos institucionais;
III - estabelecimento de controles internos proporcionais aos riscos, de maneira a considerar suas
causas, fontes, consequências e impactos, observada a relação custo-benefício; e
IV - utilização dos resultados da gestão de riscos para apoio à melhoria contínua do desempenho e
dos processos de gerenciamento de risco, controle e governança.

Art. 18 A auditoria interna governamental deverá adicionar valor e melhorar as operações das
organizações para o alcance de seus objetivos, mediante a abordagem sistemática e disciplinada para
avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gerenciamento de riscos, dos controles e da governança,
por meio da:
I - realização de trabalhos de avaliação e consultoria de forma independente, segundo os padrões de
auditoria e ética profissional reconhecidos internacionalmente;
II - adoção de abordagem baseada em risco para o planejamento de suas atividades e para a definição
do escopo, da natureza, da época e da extensão dos procedimentos de auditoria; e
III - promoção à prevenção, à detecção e à investigação de fraudes praticadas por agentes públicos
ou privados na utilização de recursos públicos federais.

Art. 19. Os órgãos e as entidades da administração direta, autárquica e fundacional instituirão


programa de integridade, com o objetivo de promover a adoção de medidas e ações institucionais
destinadas à prevenção, à detecção, à punição e à remediação de fraudes e atos de corrupção,
estruturado nos seguintes eixos:
I - comprometimento e apoio da alta administração;
II - existência de unidade responsável pela implementação no órgão ou na entidade;
III - análise, avaliação e gestão dos riscos associados ao tema da integridade; e
IV - monitoramento contínuo dos atributos do programa de integridade.

Art. 20. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)

Art. 20-A. (Revogado pelo Decreto nº 10.756, de 2021)

Art. 21. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 22 de novembro de 2017; 196º da Independência e 129º da República.


MICHEL TEMER

Questões

01. (MPE/SP - Administrador - VUNESP/2019). O Decreto Federal nº 9.203/2017 dispõe sobre a


política de governança da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Logo no segundo
artigo, é apresentada a seguinte definição:

IV – gestão de riscos – processo de natureza permanente, estabelecido, direcionado e monitorado


pela alta administração, que contempla as atividades de identificar, avaliar e gerenciar potenciais eventos

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que possam afetar a organização, destinado a fornecer segurança razoável quanto à realização de seus
objetivos.

Sobre a mitigação de riscos no setor público, assinale a alternativa correta.


(A) É função exclusiva da alta direção, mantendo o controle das ações que podem alterar o curso do
planejamento já realizado.
(B) A existência de riscos deve ser impeditiva para o prosseguimento de qualquer ação.
(C) Sob a existência de riscos, as ações devem ser analisadas e aprovadas pelo poder legislativo.
(D) É um dos papéis da controladoria do setor público, a partir do planejamento e controle
orçamentário.
(E) É de competência do setor jurídico dos órgãos, por meio do controle de legalidade.

02. (UFERSA - Administrador - Ufersa/2021). De acordo com o Decreto nº 9.203/2017, de 22 de


novembro de 2013, marque a alternativa em que todos os itens são princípios da governança pública:

(A) Realização de trabalhos de avaliação e consultoria de forma independente; adoção de abordagem


baseada em risco para o planejamento das atividades e promoção à prevenção, à detecção e à
investigação de fraudes praticadas por agentes públicos ou privados na utilização de recursos públicos
federais.
(B) Capacidade de resposta; integridade; confiabilidade; melhoria regulatória; prestação de contas;
responsabilidade e transparência.
(C) Integridade; competência; responsabilidade e motivação.
(D) Comprometimento e apoio da alta administração; existência de unidade responsável pela
implementação no órgão; análise, avaliação e gestão de riscos associados ao tema da integridade; e
monitoramento contínuo dos atributos do programa de integridade.

Gabarito
01. D / 02.B

Comentários

01. Resposta: D
[...] Art. 19. Os órgãos e as entidades da administração direta, autárquica e fundacional instituirão
programa de integridade, com o objetivo de promover a adoção de medidas e ações institucionais
destinadas à prevenção, à detecção, à punição e à remediação de fraudes e atos de corrupção,
estruturado nos seguintes eixos:
[...]
III - análise, avaliação e gestão dos riscos associados ao tema da integridade;
[...]
Art. 20-A. Cabe à Controladoria-Geral da União estabelecer os procedimentos necessários à
estruturação, à execução e ao monitoramento dos programas de integridade dos órgãos e das entidades
da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.

02. Resposta: B
[...]
Art. 3º São princípios da governança pública:
I - capacidade de resposta;
II - integridade;
III - confiabilidade;
IV - melhoria regulatória;
V - prestação de contas e responsabilidade; e
VI - transparência.

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75
7 Corrupção e políticas públicas: fatores que influenciam a incidência de
corrupção e fatores que promovem a qualidade das políticas públicas. 8 Papel
das instituições nas políticas públicas

POLÍTICAS PÚBLICAS50

De acordo com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o conceito de
políticas públicas diz respeito a um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução de
problemas encontrados na sociedade.
Caracteriza-se como política pública o sistema de metas e planos pensados pelos três entes
federativos – união, estados e municípios – para alcançar o bem-estar da população. Porém, nem sempre
essas políticas organizadas pelo governo representam de fato as necessidades apontadas pelo
sociedade de maneira geral. Por isso, a sociedade civil organizada se faz fundamental no processo de
incidência junto ao poder público, cobrando políticas que tenham relação com as necessidades reais da
população.
Essa visão de política pública estatista é criticada por alguns autores, que enxergam as políticas
públicas como conjuntos multicêntricas. Em artigo sobre o assunto, Waner Gonçalves Lima aponta que
política pública é um conjunto de ações, não uma ação isolada. Na abordagem multicêntrica das políticas
públicas, o destaque não se destina ao autor que formulou a política, mas sim a origem do problema que
deve ser enfrentado, que, normalmente, está relacionado com alguma outra questão, que também é
pública. Nessa abordagem, não só o governo é propulsor de políticas públicas, mas também os
movimentos sociais, ONGs s sociedade civil organizada como um todo.

Características das Políticas Públicas no Brasil


Uma das características relevantes nas políticas públicas brasileiras é a fragmentação. Muitas vezes
essa fragmentação causa problemas pois há muitas divergências entre determinadas agências de
controle quando o assunto é burocrático. Outra característica das políticas públicas brasileiras é a
descontinuidade administrativa, em que as agências responsáveis pelas políticas públicas muitas vezes
pensam nas políticas públicas de acordo com o interesse de seus gestores. Levando isso em
consideração, a cada mudança de cargo, muda-se as políticas implantadas.
Outra característica está ligada principalmente as políticas sociais e dão preferência para o que é
ofertado sem considerar as necessidades dos beneficiados. Essa situação resulta em problema ligados
a credibilidade governamental, frustração dos cidadãos, desperdícios, etc. Um outro ponto relevante é a
separação de política econômica e política social. Nesse caso a política social assume um papel
secundário. Um outro aspecto importante é a focalização e a seletividade, baseados nos direitos
universais.

Novos Arranjos para as Políticas Públicas


A partir da década de 90 foram realizadas tentativas para criar políticas públicas universais e estáveis.
Surgiram leis como a Lei Maria da Penha, Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto do Idoso.
Além disso, foram introduzidos benefícios sociais como o bolsa família e bolsa escola. Muitas dessas
conquistas são resultados de organizações montadas pelos civis através de referendos, protestos e
manifestos. Seria importante que as políticas públicas fossem integradas para um único propósito. No
entanto, o que se vê atualmente é um processo fragmentado.
Apesar dessa situação, nos últimos tempos a administração das políticas públicas se tornaram mais
democráticas, com o Estado desenvolvendo um papel mais próximo da sociedade. Começa a ser
trabalhada uma política menos centralizada em que a população participa com mais empenho e
importância nas políticas públicas brasileiras. Os políticos tentam agora desenvolver métodos para
decisões compartilhadas.

Princípios51
Os Princípios de Políticas Públicas são diferentes dos Princípios Normativos (Princípios da
Administração Pública), pois os Princípios de Políticas Públicas colocam questões que são mais difícil de
resolver, portanto, não são princípios exatos como o Princípio da Publicidade que exige que os atos da
administração pública sejam sempre oficial, ou tão objetivos como o Princípio da Legalidade que faz com

50
http://educacaointegral.org.br/glossario/politicas-publicas/
51
https://jus.com.br/artigos/71599/principios-gerais-das-politicas-publicas

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que a Administração Pública só atue desde que haja previsão legal. Nesse sentido, vislumbra-se que
esses Princípios específicos de Políticas Públicas não são óbvios e imediatos, assim, colocam algumas
questões/decisões fundamentais aos gestores públicos/administrador público sobre qual modelo a ser
adotado, e, por consequência, tal modelo adotado será guiado por um princípio especifico.
Portanto, o administrador público deverá escolher como base de sua política pública entre o Princípio
da Universalização ou o Princípio da Focalização; o Princípio da Centralização ou o Princípio da
Descentralização; o Princípio da Especialização ou o Princípio da Intersetorialidade; se a sua política
pública terá enfoque na Presunção de legitimidade ou no Controle Social; bem como se irá adotar em sua
política pública o conceito Governança Democrática.

UNIVERSALIZAÇÃO V.S. FOCALIZAÇÃO


Quando o administrador público está elaborando uma determinada política pública a primeira questão
que se coloca é se essa política pública será universal ou será focalizada, ou seja, já se coloca a primeira
escolha entre o Princípio da Universalização ou o Princípio da Focalização.
Segundo o Princípio da Universalização a política pública será igualmente acessível a todos os
cidadãos, ou seja, não existem critérios para diferenciar quem tem acesso e quem não tem acesso, como
por exemplo, o Sistema Único de Saúde – SUS, este é de acesso universal, pois não existem critérios
que afastem determinada pessoa de acesso ao SUS, ou seja, terá acessibilidade ao SUS até mesmo
aquela pessoa que tem condições suficientes para ter o mais caro do plano de saúde privado, ou seja,
para ter acesso ao SUS não precisa comprovar necessidade de um atendimento a saúde pública, pois a
saúde pública é por princípio universal.
Diferentemente são as políticas públicas Focalizadas, como por exemplo, o programa “Bolsa Família”,
este é focalizado, pois o benefício do “Bolsa Família” depende da renda familiar, assim só será acessível
quando a renda familiar estiver a baixo da determinada linha de renda, ou seja, não terá acesso ao
benefício do “Bolsa família” a família que tiver uma renda alta, portanto, vislumbra-se que esta política
pública do programa “Bolsa Família” não é universal.

O princípio da focalização pode ser dividido em três tipos:

FOCALIZAÇÃO RESIDUALISTA
A política econômica reduz desigualdades; a política social é coadjuvante do mercado, ou seja, a
focalização é residual no sentido de quem vai prover as soluções mais importantes para a sociedade é a
política econômica, portanto, é o mercado que vai garantir a igualdade enquanto as políticas focalizadas
são residuais, ou seja, as políticas focalizadas apenas irão intervir naquilo que o mercado realmente não
consegue resolver.

FOCALIZAÇÃO PARA UNIVERSALIZAÇÃO


Identificação de foco correto como parte de um projeto maior.
Neste caso, muitos dizem que o programa “Bolsa Família” é um tipo de focalização para
universalização, pois as pessoas que são abarcadas pelo programa “Bolsa Família”, apesar de ter um
corte de renda específico, o “Bolsa Família” abarca todas as pessoas dentro daquele recorte de renda,
ou seja, não fica ninguém que precisa do “Bolsa família” de “fora”, assim, vislumbra-se a ideia que está
por traz deste programa, porém, isso não quer dizer que aconteça concretamente.

Questões

01. (DETRAN/MT – Administrador – UFMT) Políticas Públicas consistem em:


(A) Outputs resultantes da atividade política, em áreas como emprego, educação, segurança e saúde.
(B) Procedimentos formais e informais que expressam relações de poder na solução de conflitos.
(C) Centros de competências instituídos para o desempenho de funções estatais, por meio de seus
agentes.
(D) Procedimentos que permitem aos gestores públicos tornar públicas suas ações, garantindo-lhes
transparência.

02. (ANVISA - Técnico Administrativo – CETRO) Sobre as políticas públicas, é correto afirmar que:
(A) guardam profunda relação com o mandato eletivo, podendo estender-se por vários mandatos, a
fim de garantir a transparência nas ações dos agentes públicos em cargos comissionados.

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(B) podem ser entendidas como o conjunto de planos e programas de ação governamental
estrategicamente tomados, voltados a influenciar a vida de um conjunto de cidadãos, por meio dos quais
são traçadas as metas, sobretudo para satisfação dos direitos fundamentais.
(C) são instrumentos de democratização e orientação da política orçamentária governamental; através
da participação direta da sociedade civil, contribuem na definição das prioridades das políticas públicas;
(D) são um conjunto de normas voltadas à defesa dos direitos da sociedade, garantindo assim que os
servidores com cargo eletivo atendam aos princípios básicos previstos na Constituição Federal
(E) designam a ação do governo eleito na administração e condução dos atos públicos, garantindo
assim que as necessidades da sociedade sejam atendidas.

Gabarito

01.A / 02.B

Comentários

01. Resposta: A
As políticas públicas (policies), por sua vez, são outputs, resultantes da atividade política (politics):
compreendem o conjunto das decisões e ações relativas à alocação imperativa de valores.

02. Resposta: B
As políticas públicas são criadas para distribuir de forma igualitária os recursos de caráter individual e
social. Elas são a garantia da qualidade de vida, uma vida desenvolvida de maneira agradável e digna.

CORRUPÇÃO

A Lei 12.846/2013 traz a responsabilidade objetiva de pessoas jurídicas, o acordo de leniência, o


compliance, além do Cadastro Nacional de Empresas Punidas - CNEP.
Esta lei foi criada para suprir a lacuna que existe no sistema jurídico brasileiro sobre a
responsabilização administrativa e civil das pessoas jurídicas que cometerem atos ilícitos contra a
Administração Pública nacional e estrangeira, principalmente os atos de corrupção em licitações e
contratos administrativos.
Um importante ponto a se destacar diz respeito a responsabilidade objetiva, de modo que por mais
que não se comprove o dolo da pessoa física, a pessoa jurídica deverá ser responsabilizada pela lesão
causada a Administração Pública nacional ou estrangeira.
Os dirigentes e administradores que tenham concorrido para o ilícito serão responsabilizados na
medida de sua culpabilidade, isto é, apenas serão responsabilizados ser ficar comprovado que agiram
com culpa ou dolo de lesionar a Administração Pública Nacional ou estrangeira.

LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 201352

Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra
a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva administrativa e civil de pessoas jurídicas
pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades empresárias e às sociedades simples,
personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado, bem
como a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que

52
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12846.htm - Acesso em: 11.01.2022.

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tenham sede, filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que
temporariamente.

Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil,
pelos atos lesivos previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.

Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus


dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito.
§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da responsabilização individual das
pessoas naturais referidas no caput.
§ 2º Os dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por atos ilícitos na medida da
sua culpabilidade.

Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de alteração contratual,


transformação, incorporação, fusão ou cisão societária.
§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação
de pagamento de multa e reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio transferido, não
lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes
da data da fusão ou incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente intuito de fraude,
devidamente comprovados.
§ 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do respectivo contrato, as
consorciadas serão solidariamente responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei, restringindo-
se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado.

CAPÍTULO II
DOS ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NACIONAL OU ESTRANGEIRA

Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta Lei,
todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º, que atentem
contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra
os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira
pessoa a ele relacionada;
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos
atos ilícitos previstos nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular
seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo
de procedimento licitatório público;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público;
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer
tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar
contrato administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de
contratos celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da
licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a
administração pública;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou
intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do
sistema financeiro nacional.
§ 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos e entidades estatais ou representações
diplomáticas de país estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas jurídicas
controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro.
§ 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração pública estrangeira as organizações
públicas internacionais.

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§ 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta Lei, quem, ainda que transitoriamente
ou sem remuneração, exerça cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou em
representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como em pessoas jurídicas controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais.

CAPÍTULO III
DA RESPONSABILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas jurídicas consideradas responsáveis pelos
atos lesivos previstos nesta Lei as seguintes sanções:
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do
último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca
será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação; e
II - publicação extraordinária da decisão condenatória.
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada ou cumulativamente, de acordo com as
peculiaridades do caso concreto e com a gravidade e natureza das infrações.
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será precedida da manifestação jurídica elaborada
pela Advocacia Pública ou pelo órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público.
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, em qualquer hipótese, a obrigação da
reparação integral do dano causado.
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput, caso não seja possível utilizar o critério do valor do faturamento
bruto da pessoa jurídica, a multa será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta
milhões de reais).
§ 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocorrerá na forma de extrato de sentença, a
expensas da pessoa jurídica, em meios de comunicação de grande circulação na área da prática da
infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em publicação de circulação nacional, bem
como por meio de afixação de edital, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio estabelecimento
ou no local de exercício da atividade, de modo visível ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de
computadores.
§ 6º (VETADO).

Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das sanções:


I - a gravidade da infração;
II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
III - a consumação ou não da infração;
IV - o grau de lesão ou perigo de lesão;
V - o efeito negativo produzido pela infração;
VI - a situação econômica do infrator;
VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das infrações;
VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à
denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa
jurídica;
IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão ou entidade pública lesados; e
X - (VETADO).
Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e procedimentos previstos no inciso VIII
do caput serão estabelecidos em regulamento do Poder Executivo federal.

CAPÍTULO IV
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO

Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrativo para apuração da responsabilidade de


pessoa jurídica cabem à autoridade máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, que agirá de ofício ou mediante provocação, observados o contraditório e a ampla
defesa.
§ 1ºA competência para a instauração e o julgamento do processo administrativo de apuração de
responsabilidade da pessoa jurídica poderá ser delegada, vedada a subdelegação.
§ 2ºNo âmbito do Poder Executivo federal, a Controladoria-Geral da União - CGU terá competência
concorrente para instaurar processos administrativos de responsabilização de pessoas jurídicas ou para

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avocar os processos instaurados com fundamento nesta Lei, para exame de sua regularidade ou para
corrigir-lhes o andamento.

Art. 9º Competem à Controladoria-Geral da União - CGU a apuração, o processo e o julgamento dos


atos ilícitos previstos nesta Lei, praticados contra a administração pública estrangeira, observado o
disposto no Artigo 4 da Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros
em Transações Comerciais Internacionais, promulgada pelo Decreto no 3.678, de 30 de novembro de
2000.

Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica será
conduzido por comissão designada pela autoridade instauradora e composta por 2 (dois) ou mais
servidores estáveis.
§ 1º O ente público, por meio do seu órgão de representação judicial, ou equivalente, a pedido da
comissão a que se refere o caput, poderá requerer as medidas judiciais necessárias para a investigação
e o processamento das infrações, inclusive de busca e apreensão.
§ 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade instauradora que suspenda os efeitos do
ato ou processo objeto da investigação.
§ 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da data
da publicação do ato que a instituir e, ao final, apresentar relatórios sobre os fatos apurados e eventual
responsabilidade da pessoa jurídica, sugerindo de forma motivada as sanções a serem aplicadas.
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado, mediante ato fundamentado da autoridade
instauradora.

Art. 11. No processo administrativo para apuração de responsabilidade, será concedido à pessoa
jurídica prazo de 30 (trinta) dias para defesa, contados a partir da intimação.

Art. 12. O processo administrativo, com o relatório da comissão, será remetido à autoridade
instauradora, na forma do art. 10, para julgamento.

Art. 13. A instauração de processo administrativo específico de reparação integral do dano não
prejudica a aplicação imediata das sanções estabelecidas nesta Lei.
Parágrafo único. Concluído o processo e não havendo pagamento, o crédito apurado será inscrito em
dívida ativa da fazenda pública.

Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do direito
para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar
confusão patrimonial, sendo estendidos todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos
seus administradores e sócios com poderes de administração, observados o contraditório e a ampla
defesa.

Art. 15. A comissão designada para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica, após a
conclusão do procedimento administrativo, dará conhecimento ao Ministério Público de sua existência,
para apuração de eventuais delitos.

CAPÍTULO V
DO ACORDO DE LENIÊNCIA

Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar acordo de leniência
com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colaborem
efetivamente com as investigações e o processo administrativo, sendo que dessa colaboração resulte:
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e
II - a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração.
§ 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente,
os seguintes requisitos:
I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar para a apuração
do ato ilícito;
II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na infração investigada a partir da data
de propositura do acordo;

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III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as
investigações e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a
todos os atos processuais, até seu encerramento.
2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções previstas no inciso II
do art. 6º e no inciso IV do art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável.
§ 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar integralmente o dano
causado.
§ 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias para assegurar a efetividade da
colaboração e o resultado útil do processo.
§ 5º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pessoas jurídicas que integram o mesmo
grupo econômico, de fato e de direito, desde que firmem o acordo em conjunto, respeitadas as condições
nele estabelecidas.
§ 6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pública após a efetivação do respectivo
acordo, salvo no interesse das investigações e do processo administrativo.
§ 7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito investigado a proposta de acordo de
leniência rejeitada.
§ 8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de celebrar
novo acordo pelo prazo de 3 (três) anos contados do conhecimento pela administração pública do referido
descumprimento.
§ 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo prescricional dos atos ilícitos previstos
nesta Lei.
§ 10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão competente para celebrar os acordos de
leniência no âmbito do Poder Executivo federal, bem como no caso de atos lesivos praticados contra a
administração pública estrangeira.

Art. 17. A administração pública poderá também celebrar acordo de leniência com a pessoa jurídica
responsável pela prática de ilícitos previstos na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, com vistas à isenção
ou atenuação das sanções administrativas estabelecidas em seus arts. 86 a 88.

CAPÍTULO VI
DA RESPONSABILIZAÇÃO JUDICIAL

Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa jurídica não afasta a possibilidade de
sua responsabilização na esfera judicial.

Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta Lei, a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, por meio das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação
judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar ação com vistas à aplicação das seguintes
sanções às pessoas jurídicas infratoras:
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem vantagem ou proveito direta ou
indiretamente obtidos da infração, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;
III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações ou empréstimos de órgãos ou
entidades públicas e de instituições financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo
mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
§ 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determinada quando comprovado:
I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual para facilitar ou promover a prática de
atos ilícitos; ou
II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos ou a identidade dos beneficiários
dos atos praticados.
§ 2º (VETADO).
§ 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou cumulativa.
§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de representação judicial, ou equivalente,
do ente público poderá requerer a indisponibilidade de bens, direitos ou valores necessários à garantia
do pagamento da multa ou da reparação integral do dano causado, conforme previsto no art. 7º,
ressalvado o direito do terceiro de boa-fé.

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Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão ser aplicadas as sanções previstas no
art. 6º, sem prejuízo daquelas previstas neste Capítulo, desde que constatada a omissão das autoridades
competentes para promover a responsabilização administrativa.

Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o rito previsto na Lei no 7.347, de 24
de julho de 1985.
Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de reparar, integralmente, o dano causado
pelo ilícito, cujo valor será apurado em posterior liquidação, se não constar expressamente da sentença.

CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 22. Fica criado no âmbito do Poder Executivo federal o Cadastro Nacional de Empresas Punidas
- CNEP, que reunirá e dará publicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas de governo com base nesta Lei.
§ 1º Os órgãos e entidades referidos no caput deverão informar e manter atualizados, no Cnep, os
dados relativos às sanções por eles aplicadas.
§ 2º O Cnep conterá, entre outras, as seguintes informações acerca das sanções aplicadas:
I - razão social e número de inscrição da pessoa jurídica ou entidade no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica - CNPJ;
II - tipo de sanção; e
III - data de aplicação e data final da vigência do efeito limitador ou impeditivo da sanção, quando for
o caso.
§ 3º As autoridades competentes, para celebrarem acordos de leniência previstos nesta Lei, também
deverão prestar e manter atualizadas no Cnep, após a efetivação do respectivo acordo, as informações
acerca do acordo de leniência celebrado, salvo se esse procedimento vier a causar prejuízo às
investigações e ao processo administrativo.
§ 4º Caso a pessoa jurídica não cumpra os termos do acordo de leniência, além das informações
previstas no § 3º, deverá ser incluída no Cnep referência ao respectivo descumprimento.
§ 5º Os registros das sanções e acordos de leniência serão excluídos depois de decorrido o prazo
previamente estabelecido no ato sancionador ou do cumprimento integral do acordo de leniência e da
reparação do eventual dano causado, mediante solicitação do órgão ou entidade sancionadora.

Art. 23. Os órgãos ou entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas
de governo deverão informar e manter atualizados, para fins de publicidade, no Cadastro Nacional de
Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS, de caráter público, instituído no âmbito do Poder Executivo
federal, os dados relativos às sanções por eles aplicadas, nos termos do disposto nos arts. 87 e 88 da
Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.

Art. 24. A multa e o perdimento de bens, direitos ou valores aplicados com fundamento nesta Lei serão
destinados preferencialmente aos órgãos ou entidades públicas lesadas.

Art. 25. Prescrevem em 5 (cinco) anos as infrações previstas nesta Lei, contados da data da ciência
da infração ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.
Parágrafo único. Na esfera administrativa ou judicial, a prescrição será interrompida com a instauração
de processo que tenha por objeto a apuração da infração.

Art. 26. A pessoa jurídica será representada no processo administrativo na forma do seu estatuto ou
contrato social.
§ 1º As sociedades sem personalidade jurídica serão representadas pela pessoa a quem couber a
administração de seus bens.
§ 2º A pessoa jurídica estrangeira será representada pelo gerente, representante ou administrador de
sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil.

Art. 27. A autoridade competente que, tendo conhecimento das infrações previstas nesta Lei, não
adotar providências para a apuração dos fatos será responsabilizada penal, civil e administrativamente
nos termos da legislação específica aplicável.

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Art. 28. Esta Lei aplica-se aos atos lesivos praticados por pessoa jurídica brasileira contra a
administração pública estrangeira, ainda que cometidos no exterior.

Art. 29. O disposto nesta Lei não exclui as competências do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica, do Ministério da Justiça e do Ministério da Fazenda para processar e julgar fato que constitua
infração à ordem econômica.

Art. 30. A aplicação das sanções previstas nesta Lei não afeta os processos de responsabilização e
aplicação de penalidades decorrentes de:
I - ato de improbidade administrativa nos termos da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992; e
II - atos ilícitos alcançados pela Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, ou outras normas de licitações
e contratos da administração pública, inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de Contratações
Públicas - RDC instituído pela Lei no 12.462, de 4 de agosto de 2011.

Art. 31. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após a data de sua publicação.

Brasília, 1º de agosto de 2013; 192º da Independência e 125º da República.

DILMA ROUSSEFF

Questões

01. (MPE/RS - Promotor - MPE/RS) Relativamente à Lei Federal n. 12.846, de 1º de agosto de 2013,
chamada de Lei Anticorrupção, assinale a alternativa correta.
(A) Aquele que transitoriamente e sem remuneração exerça função pública em representação
diplomática de país estrangeiro não é considerado agente público estrangeiro, para fins de aplicação da
Lei Anticorrupção.
(B) A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do direito
para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos na Lei Anticorrupção, dispensada
a defesa em casos considerados gravíssimos.
(C) Na aplicação das sanções será levada em consideração a existência de mecanismos e
procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação
efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica.
(D) A celebração de acordo de leniência não exime a pessoa jurídica de reparar integralmente o dano
causado, mas afasta integralmente a multa que seria imputada caso o referido acordo não fosse firmado.
(E) A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo prescricional dos atos ilícitos previstos na
Lei Anticorrupção e, se descumprido, impede a nova celebração de acordo pelo prazo de 1 (um) ano,
contado do conhecimento pela Administração Pública do descumprimento.

02. (MPE/PR - Promotor - MPE/PR) Assinale a alternativa incorreta, nos termos da Lei nº 12.846/13
(Lei Anticorrupção):
(A) A proposta de acordo de leniência somente se tornará pública após a efetivação do respectivo
acordo, salvo no interesse das investigações e do processo administrativo.
(B) O efeito negativo produzido pela infração é um dos fatores que, segundo consta expressamente
na Lei nº 12.846/13, deve ser levado em consideração na aplicação das sanções.
(C) Os dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por atos ilícitos na medida da
sua culpabilidade.
(D) As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do respectivo contrato, as
consorciadas serão solidariamente responsáveis pela prática dos atos previstos na Lei nº 12.846/13,
restringindo-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano
causado.
(E) Os registros das sanções e acordos de leniência somente serão excluídos, mediante requerimento
da pessoa jurídica responsável pela prática do ato, depois do cumprimento integral do acordo de leniência
e da reparação do eventual dano causado.

03. (MPE/MG - Promotor - FUNDEP) Consoante a Lei nº 12.846/13, é INCORRETO dizer:


(A) A pessoa jurídica não formalmente constituída e, portanto, desprovida de personalidade em
direitos, obrigações e deveres, responde pela prática de dumping em processo licitatório.

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(B) A eventual celebração de acordo de leniência isenta a pessoa jurídica responsável pelos danos ao
erário da sanção de dissolução compulsória.
(C) O acordo de leniência pressupõe que a pessoa jurídica responsável pela prática lesiva seja a
primeira a manifestar seu interesse em cooperar para apuração do ilícito, cesse completamente o
envolvimento com a infração investigada, admita a participação no ilícito e coopere nos atos.
(D) A responsabilidade da sociedade consorciada restringe-se ao pagamento de multa e reparação
integral do dano.

Gabarito

01.C / 02.E / 03.B

Comentários

01. Resposta: C
Lei 12.846/2013
Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das sanções:
(....);
VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à
denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa
jurídica.

02. Resposta: E
Tendo por base a Lei 12.846/13, conhecida como Lei Anticorrupção, devemos marcar a alternativa
INCORRETA:
a) CORRETA. Exatamente nos termos do art. 16, §6º da referida lei.
b) CORRETA. O art. 7º estabelece alguns fatores que devem ser levados em consideração na
aplicação das sanções, dentre eles, no inciso V, consta "o efeito negativo produzido pela infração".
c) CORRETA. É a disposição expressa do art. 3º, §2º.
d) CORRETA. Esta alternativa encontra respaldo no art. 4º, §2º.
e) INCORRETA. De acordo com o art. 22, §5º, os registros das sanções e acordos de leniência serão
excluídos depois de recorrido o prazo previamente estabelecido no ato sancionador ou do cumprimento
integral do acordo de leniência e da reparação do eventual dano causado. Além disso, a exclusão ocorrerá
mediante solicitação do órgão ou entidade sancionadora.53

03. Resposta: B
Lei 12.846/2013
Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar acordo de leniência
com as pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colaborem
efetivamente com as investigações e o processo administrativo, sendo que dessa colaboração resulte:
( )
2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções previstas no inciso II
do art. 6º e no inciso IV do art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável.

9 Indicadores de políticas públicas

Indicadores de Monitoramento e Avaliação da Ação Governamental, é o recurso metodológico para


“filmar” as atividades, ações e programas promovidas pelo setor público, assim como a mudança social
impactada pelos mesmos
Medidas que operacionalizam o acompanhamento da ação pública:
- Alocação e execução do gasto
- Oferta de serviços
- Realização de etapas e processos
- Entrega de produtos e obras

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Autor: Patrícia Riani, Advogada, Especialista em Direito Público e Direito Constitucional Aplicado.

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- Medição de efeitos das ações
- Resultados mais imediatos
- Impactos mais de médio/longo prazo e mais abrangentes

A utilização de indicadores servem para demonstrar a relevância e o impacto de políticas, programas,


planos e projetos, por meio de dados, possibilitando: a localização de problemas e oportunidades, o
monitoramento da eficiência na utilização de recursos, a eficácia no alcance de metas, a efetividade das
ações, a avaliação dos resultados alcançados, alertar as necessidades de direcionamento e comunicar
os resultados. Os indicadores são variáveis definidas para medir um conceito abstrato, relacionado a um
significado social, econômico ou ambiental, com a intenção de orientar decisões sobre determinado
fenômeno de interesse. Os indicadores funcionam como um termômetro, permitindo balizar o
entendimento e o andamento das ações e são fundamentais para avaliar os objetivos, metas e resultados
propostos, quantitativamente e qualitativamente.
O desafio para a construção de um indicador é encontrar uma medida que mais se aproxime do
conceito desejado. Muitas vezes existe dificuldade na definição e operacionalização de indicadores com
conceito central multidimensional, que envolva mais de uma variável, como por exemplo, melhoria da
qualidade de vida e melhoria das condições de vulnerabilidade social da população.
A construção de um bom conjunto de indicadores exige respostas claras para as seguintes questões:
- O que medir?
- Por que medir?
- Como medir?
- Onde e quando medir?
- Como interpretar?

A elaboração de indicadores consiste em:


- Definir precisamente o problema a ser enfrentado, seguindo uma lógica de “árvore de problemas”;
- Perguntar: qual o sinal concreto, objetivo e real, de que este problema existe?
- Identificar e selecionar as soluções a serem adotadas, seguindo uma lógica de “árvore de objetivos”;
- Desdobrar cada objetivo em tantas metas parciais e setoriais quantas forem necessárias para realizá-
lo.
- Averiguar a possibilidade de estabelecer relações numéricas (proporção, razão, média) usando essa
unidade;
- Quando o indicador estiver formulado, pergunte: “o que isto me permite saber?”
- Identificar onde (fontes) estarão os dados disponíveis para alimentar o indicador. Caso não existam,
prever como obtê-los.

Principais instituições de pesquisa e seus produtos:

TEMA FONTE ENDEREÇO INTERNET PRODUTOS


Dados
educacionais;
equipamentos;
Educação INEP www.inep.gov.br
docentes;
desempenho
escolar
Produção
Ciência e científica; recursos
MCT / CNPQ www.mct.gov.br / www.cnpq.br
Tecnologia aplicados;
patentes.
Estatísticas do
comércio; de
Desenvolvimento
MDIC www.desenvolvimento.gov.br comércio exterior;
Econômico
serviços; da
produção.
Ministério do Indicadores de
Desenvolvimento pobreza;
Desenvolvimento www.mds.gov.br
Social e indigência;
social www.cidades.gov.br
Ministério das transferência de
Cidades renda, habitação;
Apostila gerada especialmente para: Rafael Ribeiro Monteiro 822.090.810-68
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saneamento;
condições urbanas.
Promoção de
direitos humanos;
Secretaria
pessoa com
Direitos Humanos Especial de www.sedh.gov.br
deficiência; pessoa
Direitos Humanos
idosa; criança e
adolescente
www.fazenda.gov.br
Ministério da
www.tesouro.fazenda.gov.br
Fazenda STN
www.bacen.gov.br
Banco Central Estatísticas
Economia www.ipea.gov.br
do Brasil IPEA econômicas em
www.fi pe.org.br
FIPE FGV geral.
www.fgv.com.br

TEMA FONTE ENDEREÇO INTERNET PRODUTOS


Ministério do
Meio www.mma.gov.br Indicadores de
Meio Ambiente;
Ambiente www.ibge.gov.br desenvolvimento sustentável.
IBGE
Ministério da Benefícios; pensões;
Previdência Previdência www.previdencia.gov.br aposentadorias; auxílios;
Social acidentes de trabalho.
Estatísticas da saúde;
Ministério da
Saúde www.datasus.gov.br mortalidade; morbidade;
Saúde
atendimentos; vacinações.
Ministério do
www.mte.gov.br CAGED; RAIS; Cadastro de
Trabalho Trabalho e
www.rais.gov.br empresas; Estatísticas do
Emprego
trabalho.
Plano Nacional de Logística e
Ministério dos
Transporte www.transportes.gov.br Transportes - Base de Dados
Transportes
Georreferenciada.
Censo Demográfico; PNAD;
PME, PMC; MUNIC;
Síntese dos Indicadores
Sociais; Indicadores de
Gerais IBGE www.ibge.gov.br Desenvolvimento Sustentável;
Estatísticas de Registro
Civil; Pesquisa Nacional de
Assistência Médico-Sanitária;
Pesq. Saneamento Básico.

O estudo dos indicadores sociais e dos dados estatísticos é extremamente importante para orientar
políticas públicas e auxiliar a sociedade a combater a desigualdade social.

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