Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ELABORAÇÃO, GESTÃO E
AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS
PÚBLICAS
1. Identificação do
2. Formulação de
problema (ou
agenda
problemática)
3. Elaboração de
4. Tomada de decisão
alternativas
5. Implementação 6. Avaliação
7. Extinção
2
TEMA 1 – O PROBLEMA
3
são alguns dos agentes que constantemente fazem apontamento de problemas
potenciais para serem foco de políticas públicas. Estejam cientes de que os
problemas são a matéria-prima para o desenvolvimento dos trabalhos dos
agentes políticos e a justificativa para sua existência ou atuação.
Então, podemos resumir que, para um problema ser um problema público,
ele precisa:
• Gerar um incômodo
• Afetar atores políticos com condições de mobilização
• Ter condições de ser solucionado ou mitigado
• Ter capacidade de visibilidade ao trabalho dos políticos
Uma vez o problema público identificado por algum ator político e que este
tenha interesse em sua resolução, chega o momento de atuar para que esse
problema torne-se uma prioridade e aí, sim, ter a geração de uma política pública.
Ou seja, faça parte de uma agenda política.
5
problema é maior do que resolvê-lo.
• Possuir capacidade de mobilização e expressar os interesses de grupos
que estejam em posições estratégicas e com acesso a recursos.
• Possuir condições para que algum ator político obtenha vantagens com a
solução do problema.
6
consequências de cada uma das soluções e do seu impacto para o todo da
sociedade (ou especificamente dos benificiários da política pública).
“A definição das alternativas é o instrumento supremo de poder, porque a
definição de alternativas é a escolha dos conflitos, e a escolha dos conflitos aloca
poder” (Schattschneider, 1960 citado por Secchi, 2013). A criação das alternativas
de soluções são formados a partir de análises formais e informais das
consequências do problemas, dos custos e dos benefícios de cada alternativa.
Um exemplo prático que podemos citar aqui foi a escolha da nova aeronova
de combate Grippen em 2013. Na época, foi dado o problema: a necessidade de
ter uma nova aeronave de combate para substituir as obsoletas existentes e
garantir a soberania do nosso espaço aéreo. Na época, foram vistas três opções
pré-selecionadas para a solução do problema, de acordo com requisitos técnicos
dados pela Força Aérea brasileira: o caça sueco Grippen, o caça francês Rafale,
o caça norte-americano F-18 Super Hornet.
Cada uma das opções tinham características próprias, custos diferenciados
e propostas de negócio diferentes. A definição das alternativas levava em
consideração elementos técnicos de capacidade das aeronaves e de operação.
Coube ao presidente na época analisar esses quesitos e outros, mais subjetivos,
como o de relação diplomática e de transferência de tecnologia.
Vejam que, ao relatar o problema, foi feito algo a mais, sendo fundamental
para a análise das alternativas: apresentei um conjunto de objetivos. Com a
formulação de alternativas de solução, acabamos por também estabelecer
objetivos, que é o momento em que os políticos e demais atores envolvidos no
processo resumem o que se espera de resultados da política pública. Os objetivos
podem ser estabelecidos de maneira mais ampla e subjetiva, ou mais específica,
de acordo com as características do problema. Porém, quanto mais concretos
forem os objetivos, mais fácil será para verificar a eficácia de uma política pública.
Para tanto, e resumindo a formulação de alternativas, recomendamos que
sejam tomadas as seguintes ações:
Existem também alguns modelos teóricos que apontam como pode ser feito
o mapeamento de alternativas (e também possíveis decisões) e que vem de
encontro aos três padrões de tomada de decisão que citamos acima. O primeiro
modelo teórico é do garbage can, ou “lata de lixo”, criado por Cohen, March e
Olsen (Souza, 2006), que apontam que as escolhas das políticas públicas são
feitas como se as alternativas estivesse agrupadas, havendo muitos problemas e
poucas soluções.
As soluções não seriam analisadas em detalhes e as suas escolhas
dependeriam das opções disponíveis no momento para os policy makers. Neste
modelo, não há realmente grande preocupação com a ação em si, pois haveria
limitação de compreensão efetiva das soluções por parte dos policy makers. Ou
seja, os problemas acaberiam sendo escolhidos a partir das soluções disponíveis.
Outro modelo é o da coalização de defesa, criado por Sabatier e Jenkins-
Smith (Souza, 2006). Esse modelo vai contra o do garbage can, pois considera
que a política pública deveria ser concebida como um conjunto de sistemas e
subsistemas que são relativamente estáveis. Defende que as crenças, valores e
ideias são dimensões importantes no processo de formulação de políticas
públicas e no garbage can e que estariam sendo colocadas em segundo plano:
“cada subsistema que integra uma política públicca é composto por um número
de coalizões de defesa que se distinguem pelos seus valores, crenças e idéias e
pelos recursos de que dispõem” (Souza, 2006).
Por último, gostaríamos de citar as arenas sociais. Esse modelo vê as
políticas públicas como iniciativas dos chamados empreendedores políticos, que,
em determinadas circuntâncias, procuram tornar um problema em um problema
político, direcionando o viés da tomada de decisão por meio da divulgação de
indicadores sobre o problema e a solução proposta, ou, então, demonstrando as
falhas das outras soluções propostas, influenciando a opinião pública e, assim,
pressionar os polícy makers para direcionar as suas tomadas de decisões.
Talvez o melhor caminho para entendermos como esses modelos de
análise do processo de tomada de decisão seja explorar a racionalidade
envolvida nessa ação.
10
Quadro 1 – Modelos de tomada de decisão
Esta é uma etapa fundamental, pois é quando saímos das fases dos
discursos e entramos na execução para a resolução de problemas. É o momento
de transformar as palavras em ações efetivamente. Apesar de ser uma etapa
fortemente pautada nas questões técnicas que versam as políticas públicas, ela é
também impactada pelas questões políticas. Falhas administrativas, de gestão ou
dificuldades de implementação reverberam no âmbito político.
A execução de qualquer política pública revela como está estruturado e
como funciona um sistema político-institucional. Também nos deixa claro como
está distribuído o poder na sociedade e como é a relação de cada um dos
envolvidos, bem como os mecanismo utilizados na defesa de seus interesses.
Também precisamos lembrar que as ações são executadas por pessoas e,
assim sendo, as políticas públicas são impactadas por elas de diferentes formas
e essas próprias pessoas, por sua vez, também sofrem impactos e influências de
diferentes ordens.
11
Todas as instâncias e instituições envolvidas na implementação de uma
política pública, seja do Executivo, Legislativo ou Judiciário, seja do sociedade
civil organizada, possuem características sociais, políticas e de interesses que se
fazem presente também nos aspectos administrativos. É claro que o ideal é
sempre a neutralidade da administração pública, mas isto está longe da realidade
do mundo da política.
É também na fase de implementação que vemos o processo de adaptação
dos programas das políticas públicas (ou agenda política) em ações concretas
que irão gerar resultados. Se não há a ação, não há política pública (com a
exceção de quando a inação é uma política pública, é claro). Para isto, é preciso
fazer uso das organizações disponíveis para serem as ferramentas de
implementação das políticas públicas. E como há quem controla tais
organizações, o processo de implementação não pode ser visto de forma
simplista. Na fase de implementação, continuam as disputas de poder.
A implementação de uma política pública
12
que parte de um nível superior (político) para um mais próximo a base
(técnico). É um modelo linear, que é mais ideal do que realista, pois não
leva em contas as diversas dificuldades que podem ser encontradas
durante esta etapa.
2. Bottom-up (de baixo para cima): é quando o processo segue a direção
oposta da primeira perspectiva. Ou seja, parte de um nível mais baixo,
como o nível técnico, por exemplo e parte para cima, no nível político, em
que está a tomada de decisão. De modo geral, as políticas públicas que
partem dessa perspectiva possuem processos de implantação mais críticos
ou alternativos, se comparados com as possíveis deficiências e
ineficiências encontradas na perspectiva top-down. Essa perspectiva parte
da ideia de que a política pública deve se construir de forma gradual,
observando os comportamentos, formulando regras, procedimentos e
estruturas organizacionais.
13
formulação de novas políticas públicas. Podemos indicar aqui alguns dos pontos
críticos que podemos identificar na implementação de uma nova política pública:
14
Quem avalia Sua função Conteúdo da A perspectiva
avaliação temporal
• Interna (por quem • Somativa (criação • Conceitual ou de • Ex-ante (anterior
implementa) e obtenção de projeto (avalia a à implementação)
informações para concepção) • Intermediária
• Externa (por facilitar as • Do processo de (durante a
agentes externos tomadas de aplicação e implementação)
ao processo) decisão) gestão (examinar • Ex-post (após
como foi gerido e implementação)
• Formativa executado)
(fornecer • De resultados e
informações para impactos (se
melhorar o que atingiu os
está sendo objetivos)
avaliado)
Fonte: Raphael Hardy Fioravanti, com base em Dias; Matos, 2012.
15
Por fim, dependendo de cada política pública, temos que fazer o seu
encerramento ou extinção. Assim como um projeto, a política pública precisa ter
um começo, um meio e um fim. Os estudos sobre encerramento de políticas
públicas ganharam maior relevância a partir dos anos 1970, quando os Estados
de bem-estar social começaram a ser mais questionados com relação à sua
efetividade.
O encerramento de uma política pública pode ocorrer em três casos
(Secchi, 2012):
Também poderão ocorrer casos que uma política pública já tenha sido
criada com prazo determinado e que, mesmo que o problema não tenha sido
resolvido, ela deverá ser extinta, sob pena dos policy markers serem questionados
legalmente pela sua não extinção.
Há políticas públicas as quais dificilmente veremos a sua extinção ou
encerramento. Os casos mais comuns são aqueles do tipo redistributivo, pois se
forem extintas, provavelmente provocaram grande conflito entre os beneficiários
e os mantenedores (pagantes). As políticas públicas distributivas também
dificilmente são encerradas, dada a capacidade de organização dos beneficiários.
Teoricamente, qualquer política pública pode ser encerrada. Se o será ou
não, depende do jogo de poder e das capacidades de mobilização dos atores
políticos envolvidos. Tenham em mente que todo encerramento de uma política
pública pode abrir a possibilidade do nascimento de novas propostas e
oportunidades. Momentos de alteração de mandatos do Executivo e Legislativo,
aprovações de orçamentos são momentos em que políticas públicas consideradas
pouco relevantes podem ser extintas ou substituídas por outras.
16
REFERÊNCIAS
17