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PRR - Planejamento e Gerenciamento de Trânsito

Tarefa 1 – 20 pontos

Utilizando o Ciclo de Políticas Públicas, faça uma simulação das ações do


Administrador Público para resolver um problema no trânsito de seu Estado ou
Município. No passo a passo, identifique as sete fases do ciclo.

A gestão de políticas públicas pode ser elaborada através de esquemas de


visualização e interpretação também conhecido como ciclo de políticas públicas
(policy cycle). Esses esquemas são organizados em fases sequenciais e
interdependentes que vão desde a fase inicial de identificação do problema, até
a formulação de alternativas para o mesmo e implementação da política
pública: “para que o programa/política saia do papel, é preciso interpretar o
ambiente para planejar/organizar as ações, decidir sobre os benefícios/serviços
que se pretende implementar, e de onde serão extraídos os recursos para sua
implementação” (RODRIGUES, 2011, p. 50).

É preciso considerar que este ciclo não se constitui num esquema


rígido nem linear, mas atua como um marco referencial. A política pública deve
ser vista como em um fluxo contínuo de decisões e procedimentos, formado
por uma complexa rede, em um ciclo de retroalimentação ao longo de todo o
processo

A ideia de que uma política é construída em um ciclo sequencial e linear


através de etapas que ocorrem sucessivamente pode ser denominada de visão
Clássica do Ciclo da Política. Existe, porém, uma outra visão que entende que
os momentos de uma política não ocorrem de maneira sequencial ou
obedecendo uma ordem cronológica (TRABADA, 2003), “pelo contrário, é um
processo interativo movido pela dinâmica das relações entre Estado, sociedade
e mercado” (FERREIRA, 2011, p. 49) e a visão Clássica serve apenas como
um modelo para permitir analisar uma política. Em outras palavras, o ciclo de
políticas públicas “é um tipo puro idealizador do processo político, na prática
dificilmente este se dá de pleno acordo com o modelo” (FREY, 2000, p. 226
apud CAVALCANTI, 2007, p. 169), o que não significa dizer que o modelo
Clássico seja inadequado para a explicação desses processos. “Cada etapa do
ciclo da política pública não tem um início e um fim claramente definidos e que
ela vai se definindo de forma continuada, por meio de um processo de
retroalimentação e em função de mudanças no contexto em que se desenrola a
ação” (FERREIRA, 2011, p. 49).

De modo geral podemos organizar o ciclo de políticas públicas, de


acordo com a visão Clássica, com as etapas abaixo:
1- Identificação do problema;
2- Formação de uma agenda;
3- Formação de alternativas;
4- Tomada de decisão;
5- Implementação;
6- Avaliação;
7- Extinção da política pública.

1. O Problema

Identificar um problema público não é uma tarefa difícil. Desde


catástrofes naturais que afetem a vida das pessoas de determinada região aos
congestionamentos das grandes cidades, violência (infantil, contra mulher), são
problemas públicos. De modo geral, toda situação pública que afeta a vida das
pessoas e se torna insatisfatória para elas pode ser percebido como um
problema.
2. A Agenda

Depois de admitida a existência de um problema público, pode-se


formular questões como: O governo deve se envolver com ele? De que
maneira? Existe capital social, político e econômico para incluir o problema na
agenda do governo? Assim, identificado o problema público segue-se a
formação de uma agenda: aqui o problema adquire status de “problema
público” dos quais devem resultar ações e políticas públicas direcionadas para
a solução do mesmo. Essas ações devem ser previstas através de uma
agenda que pode ser: um programa de governo, um planejamento
orçamentário ou uma simples lista de ações ou assuntos de alguma entidade.
“A montagem da agenda parte da constatação de um determinado problema, a
conotação pública deste problema e a sua entrada na pauta das preocupações
do Governo” (WÖHLKE, 2016, p. 65).

Souza (2015, p. 28) ressalta como pode existir uma grande “rotatividade
de problemas entrando e saindo da agenda, ganhando e perdendo relevância).
E o que determina esta rotatividade é a limitação de recursos (humanos e
financeiros), falta de pressão da sociedade e a falta de vontade política para
resolver um problema. Podemos ressaltar também como as campanhas
eleitorais geralmente possuem uma agenda para resolução de problemas que,
em sua grande maioria, não terão efetividade no momento do exercício da
gestão.

3. Formulação de Alternativas

A formulação de alternativas constitui a formulação de políticas públicas


propriamente dita: constitui a fase de planejamento das ações previstas na
agenda, onde devem ser definidos seus objetivos, marco jurídico,
administrativo e financeiro. É necessário também um diagnóstico
(levantamento, análise, informação sobre o problema) para se poder
desenvolver alternativas de ação. “O estabelecimento de objetivos é importante
para nortear a construção de alternativas e as posteriores fases de tomada de
decisão, implementação e avaliação da eficácia das políticas públicas”
(SECCHI, 2012, p. 37) (ver esta etapa com mais detalhes logo abaixo).

Nesta fase aparece já com clareza a ideia de um modelo de gestão


democrática pois, antes de formular alternativas, é preciso facilitar a
comunicação com todos os atores envolvidos e interessados na resolução do
problema.

Nesta fase são realizadas reuniões ampliadas, consultas ou audiências


públicas [...] É no processo destas deliberações que as evidências em relação
às várias propostas aparecem e começam a ser esboçadas em forma de
planos, programas, projetos ou ações que se fará avançar para sua ratificação
no estágio seguinte (WÖHLKE, 2016, p. 67).
Neste estágio aparecem os instrumentos da política pública em forma
de marco jurídico, administrativo e financeiro.

Estas ferramentas são os meios e os expedientes reais a que os governos


recorrem para implementar a política pública. No debate entre os estudiosos do
ciclo da política pública existe uma série de ferramentas próprias da
administração pública que propõem consolidar a política através do
estabelecimento das normas, atos, resoluções, instruções normativas,
decretos, leis e planos (WÖHLKE, 2016, p. 68).

4. Tomada de Decisão

Após o processo de elaboração das políticas públicas temos a tomada


de decisão para sua implementação. A tomada de decisão é a resposta que os
atores políticos assumem mediante a busca de alternativas para solucionar um
problema público.

O estudo do problema e das alternativas deve conduzir à tomada de


decisão: é o enfrentamento do problema. Existem alguns modelos que servem
de base para a tomada de decisão que são:

(1) modelo de racionalidade absoluta (proposto por Tinberguen, 1960 apud


SECCHI, 2012), onde “os custos e benefícios das alternativas são calculados
pelos atores políticos para encontrar a melhor solução possível” (SOUZA,
2015, p. 29);

(2) modelo de racionalidade limitada (proposto por Simon, 1955 apud SECCHI,
2012), onde “a tomada de decisão torna-se um esforço para escolher opções
satisfatórias, mas não necessariamente ótimas (SOUZA, 2015, p. 29);

(3) modelo incremental (proposto por Lindblom, 1959 apud SOUZA, 2015),
onde o elemento político é levado em consideração mais do que o critério
técnico;

(4) modelos de fluxos múltiplos (proposto por Kingdon, 1984 apud SECCHI,
2012), que considera que uma política pública “ocorre na confluência de
problemas, soluções e condições favoráveis” (SOUZA, 2015, p. 29).

No modelo de racionalidade (absoluta ou limitada) a decisão é uma


atividade puramente racional entre custos e benefícios. Dentro das alternativas
apresentadas e a partir da análise custo-benefício, procura-se encontrar a
melhor opção possível. A partir da ideia de que não existe uma explicação
racional para tudo, o modelo incremental define que a melhor decisão é aquela
que assegura o melhor acordo entre os interesses envolvidos. Em um esforço
de unir o modelo racionalista e incremental temos o modelo de fluxos
contínuos: do incrementalismo, esse modelo procura avaliar as melhores
alternativas políticas e, em seguida, em uma perspectiva do modelo de
racionalidade, qual das alternativas se enquadra em uma situação concreta (a
decisão precisa de um rigor racionalista e não meramente político).

5. Implementação

A implementação constitui a aplicação da política pela máquina


burocrática de governo: transformar intenções políticas em ações concretas.
“Esta fase pressupõe que uma vez delimitada a política pública, com a decisão
tomada, com os recursos disponíveis e com o desenho institucional elaborado,
de modo lógico, os insumos transformam-se em ações” (WÖHLKE, 2016, p.
72).

Neste momento da implementação as funções administrativas como


liderança e coordenação de ações são colocadas à prova. Além disso, é
preciso avaliar se existe tempo e recurso (material e humano) para colocar as
ações em prática (ver esta etapa com mais detalhes logo abaixo).

6. Avaliação

Depois de colocar em prática uma determinada política pública torna-se


necessário avaliar os efeitos e em que medida as metas foram atingidas (ou
não); consiste em uma análise a posteriori dos efeitos produzidos pelas
políticas públicas: seu sucesso ou suas falhas. É possível também fazer uma
avaliação anterior à implementação, no sentido de avaliar a efetividade da
ação. Uma outra forma de avaliar a política pública é ao longo de sua
implementação, no sentido de monitorar o processo de implementação para
fins de ajustes imediatos. Neste último caso a avaliação da política pública
pode levar à: a) continuação da política pública da forma como está; b)
modificação de aspectos práticos quando se torna necessário modificar as
ações de uma política pública e quando é possível modifica-la; c) extinção da
política pública quando o problema público foi resolvido ou quando a
implementação é ineficaz ou inútil para superar o problema (ver esta etapa com
mais detalhes logo abaixo).

7. Extinção

Extinção: “usando como metáfora o ciclo de vida dos organismos, o


ciclo de políticas públicas também tem um fim” (SECCHI, 2012, p. 53).
Basicamente podemos falar de três causas que podem levar ao fim de uma
política pública: a) quando o problema público é percebido como resolvido; b)
quando a política pública é percebida como ineficaz para resolver o problema
público; c) o problema público, mesmo não tendo sido resolvido, perde sua
importância e sai da agenda política e do programa de governo.
O Ciclo de Políticas Públicas como uma etapa analítica

Essa divisão do processo de políticas públicas em um ciclo sequencial


e cronológico, como vimos, é questionada, embora não seja considerada
inválida. A questão é que se levante é de que este ciclo pode dar a impressão
de que se deve proceder etapa por etapa, não sendo possível avançar para a
próxima, por exemplo, sem que a anterior não esteja concluída. Essa
separação, se pode ser considerada válida do ponto de vista analítico, não o é,
no entanto, do ponto de vista real e, na prática, os momentos podem se
sobrepor uns aos outros, antecipar-se, atrasar-se ou mesmo repetir-se.

Em relação a decomposição de uma política pública conforme a ideia


apresentada acima no Ciclo de Políticas Públicas, essas etapas podem variar e
ser diferentes de acordo com os autores pesquisados e estudados sendo, no
entanto, possível identificar três momentos independente da visão, ou seja, é
“possível identificar situações reais onde ocorrem os três momentos do Ciclo
da Política: formulação, implementação e avaliação” (CAVALCANTI, 2007, p.
174). Em outras palavras:

tomando como alicerce as várias possibilidades da decomposição da política


feita pelos atores as seções que se seguem contemplam os três momentos
consecutivamente: formulação (processo pelo qual as opções por políticas são
desenvolvidas dentro do governo); implementação (processo pelo qual os
governos põem as políticas em execução) e avaliação (processos pelos quais
os resultados das políticas são monitorados pelos atores políticos e pelos
cidadãos) (CAVALCANTI, 2007, p. 175).

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