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PÚBLICAS
CESGRANRO/2024
O texto abaixo apresenta a descrição de um estágio da política pública.
Depois que um problema público conseguiu entrar na agenda política, depois que foram
formuladas várias opções para resolvê-lo e depois que o governo estabeleceu os objetivos
políticos e se decidiu por um curso de ação, ainda cabe a ele colocar a decisão em prática.
Enquanto a maioria das decisões políticas identifica os meios para perseguir seus objetivos,
as escolhas subsequentes têm de alcançar resultados. Para que uma política funcione, há
que se alocar fundos, designar pessoas e desenvolver regras de como proceder. Esse
estágio do ciclo da política pública depende de servidores públicos e de funcionários
administrativos para estabelecer e gerenciar as ações necessárias, contando, também, com
atores não governamentais que fazem parte do subsistema político-administrativo.
HOWET, M.; RAMESH, M.; PERL, A. Política pública. Seus ciclos e subsistemas. Uma abordagem integral. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013. p.179. Adaptado.
Essa descrição se refere integralmente ao seguinte estágio de uma política pública:
A Avaliação de política: policy-making como aprendizagem
B Montagem da agenda: a construção dos problemas
C Tomada de decisão: escolhas positivas e negativas
D Implementação de política: atores e atividades
E Formulação política: instrumentos e design
LETRA D
Nessa questão, foram abordadas as seguintes etapas:
1ª Etapa - Identificação do problema:
A identificação de problemas públicos é um processo intersubjetivo que
envolve a percepção da situação insatisfatória por atores relevantes, a
delimitação do problema para guiar soluções e a avaliação de sua
potencial resolução. Este processo é crucial para a elaboração de
políticas públicas, com atores como partidos políticos e ONGs utilizando
problemas públicos como matéria-prima para demonstrar sua eficácia ou
justificar sua existência, influenciando a agenda de prioridades políticas.
2ª Etapa: Formação da agenda
A formação da agenda envolve a seleção de problemas ou temas
percebidos como relevantes para ação pública, divididos em agendas
política, formal, e da mídia, influenciadas por diversas percepções e
pressões sociais. Problemas públicos podem ser categorizados de
acordo com sua natureza e tendência, influenciando seu destaque na
agenda, que é afetado por recursos limitados, vontade política, e
pressão popular.
Para que um problema entre na agenda política, ele deve captar a
atenção de atores relevantes (incluindo cidadãos, grupos de interesse, e
mídia), ser considerado passível de resolução por ações que são vistas
como necessárias e factíveis, e tocar responsabilidades públicas,
destacando a interação entre percepção pública, capacidade de solução
e competência governamental.
Os três tipos de agenda, segundo Secchi, são os seguintes:
1. Agenda Política (sistêmica): Engloba problemas ou temas que a
sociedade identifica como dignos de atenção e ação governamental.
2. Agenda Formal (institucional): Lista assuntos que o governo já se
comprometeu a tratar, refletindo questões em processo de
deliberação ou implementação oficial.
3. Agenda da Mídia: Compreende temas que recebem cobertura
especial dos meios de comunicação, influenciando a opinião pública
e, por consequência, as agendas política e formal.
3ª Etapa - Formulação de alternativas
Após um problema ser introduzido na agenda, a formulação de
alternativas envolve o desenvolvimento e a combinação de soluções
potenciais, estabelecendo objetivos e estratégias e analisando as
possíveis consequências de cada opção. Segundo Schattschneider,
definir alternativas é uma forma de poder, pois escolher entre diferentes
soluções implica em escolher os conflitos a serem enfrentados e,
consequentemente, como o poder será distribuído. A etapa de
construção de alternativas requer a elaboração de métodos, programas
e ações que possam atingir os objetivos propostos, levando em
consideração os recursos necessários e as chances de sucesso de cada
alternativa.
Existem quatro mecanismos genéricos para influenciar comportamentos
na busca por soluções: premiação, coerção, conscientização e soluções
técnicas.
Exemplo: Problema da pichação de muros e paredes em espaços públicos das grandes cidades.
1 – Premiação: influenciar comportamento com estímulos positivos, como no caso das alternativas e, f e g do
exemplo anterior.
e) desenvolver mecanismos de recompensa material para delatores;
f) criar espaços propícios para que os pichadores possam expressar-se;
g) criar escolas de conversão artística dos pichadores;
2 – Coerção: influenciar comportamento com estímulos negativos, como no caso das alternativas a e b do
exemplo dado.
a) criar leis mais severas para os infratores;
b) garantir que as leis vigentes sejam efetivamente respeitadas e aplicar punições do estilo tolerância zero;
3 – Conscientização: influenciar comportamento por meio da construção e apelo ao senso de dever moral, como
nas alternativas d e j.
d) fazer campanhas de conscientização com a comunidade pichadora;
j) fazer campanhas de conscientização para que a po-pulação passasse a perceber a pichação como uma
arte de vanguarda.
4 – Soluções técnicas: não influenciar comportamento diretamente, mas sim aplicar soluções práticas que
venham a influenciar comportamento de forma indireta, como nos casos das alternativas c, h e i.
c) instalar mais câmeras de vigilância;
h) destinar verba pública contínua para a recuperação constante de muros e paredes;
i) revestir todos os imóveis ou muros com uma tinta especial não aderente aos aerossóis comercializados
atualmente.
A avaliação ex ante das alternativas é crucial para fornecer informações
que auxiliem no processo decisório, utilizando métodos como análise
racionalista, focada em evidências e competências técnicas, e análise
argumentativa, que prioriza a participação e deliberação dos atores
envolvidos.
A análise prescritiva de políticas públicas pode ser feita por meio de
projeções, predições e conjecturas, cada uma com seus métodos e
desafios.
- Projeções são baseadas em dados históricos para antecipar
tendências;
- Predições se apoiam em teorias para prever consequências; e
- Conjecturas se baseiam na intuição dos envolvidos.
A instabilidade e complexidade das condições sociais, junto à falta de
informações confiáveis e recursos, tornam essa tarefa desafiadora,
frequentemente levando ao uso de conjecturas não estruturadas para
guiar as decisões.
4ª Fase - Tomada de decisão
A tomada de decisão representa o momento em que os interesses dos
atores são equacionados e as intenções (objetivos e métodos) de
enfrentamento de um problema público são explicitadas.
Existem três formas de entender a dinâmica de tomada de decisão.
Vamos resumir de forma didática os três modelos de tomada de decisão
em políticas públicas:
1. Modelo de Racionalidade (Absoluta e Limitada)