Você está na página 1de 5

DIREITO DO TRABALHO

Remuneração XI
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

REMUNERAÇÃO XI

LUVAS

Muitas pessoas, ao serem contratadas, são atraídas para determinado emprego em razão
do pagamento de luvas. Nessa situação, o empregador paga luvas ao empregado para que
este firme o contrato de trabalho.
Cumpre destacar que o pagamento a título de luvas possui natureza salarial. Nesse sen-
tido, pode-se ressaltar os julgados a seguir.

RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA INTERPOSTO POSTERIORMENTE À LEI N.


13.467/2017 – BÔNUS DE CONTRATAÇÃO – “ HIRING BONUS “ – LUVAS – NATUREZA SA-
LARIAL – TRANSCENDÊNCIA NÃO RECONHECIDA O Eg. TST reconhece a natureza salarial
dos valores pagos ao empregado como incentivo à contratação ou à manutenção do vínculo de
emprego, tal como ocorre quanto às “luvas” pagas ao atleta profissional quando da assinatura do
contrato, independentemente de o pagamento realizar-se em parcela única ou não. Recurso de
Revista não conhecido. (RR-1001212-28.2016.5.02.0089, 4ª Turma, Relatora Ministra Maria Cris-
tina Irigoyen Peduzzi, DEJT 02/12/2022)
[…] CONTRATO DE MÚTUO. LUVAS. NATUREZA JURÍDICA. A verba paga ao empregado de
outra empresa para dela se desvincular e passar a integrar o quadro de empregados do réu cor-
responde a uma gratificação ajustada em face da produtividade do empregado, não em relação a
um benefício já existente, mas de uma expectativa decorrente da boa fama e da alta produtividade
alcançadas no emprego anterior. O fato de a verba denominada “luvas” ser recebida de uma só
vez ou em parcelas não desvirtua a sua natureza salarial, pois ela não constitui uma indenização,
porquanto não visa ao ressarcimento, compensação ou reparação de nenhuma espécie. Tal verba
incrementa o patrimônio do trabalhador em razão do reconhecimento pelo desempenho e pelos
resultados alcançados em sua vida profissional. Equipara-se às luvas dos atletas profissionais, jus-
tificando o pagamento da aludida verba, cujo caráter é salarial. Nesse sentido, é a jurisprudência
desta Corte. Recurso de revista não conhecido. […] (RR-51-19.2012.5.04.0401, 6ª Turma, Relator
Ministro Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 14/06/2019).

Quanto ao pagamento de luvas em parcela única, o Tribunal Superior do Trabalho esta-


beleceu que
“RECURSOS DE EMBARGOS DO RECLAMANTE E DO RECLAMADO – ANÁLISE CONJUN-
TA – INTERPOSIÇÃO SOB A REGÊNCIA DA LEI N. 13.015/2014 – BANCÁRIO – BÔNUS DE
CONTRATAÇÃO – LUVAS – NATUREZA SALARIAL – PARCELA ÚNICA – REFLEXOS – FGTS
1. Esta Corte firmou o entendimento de que tem natureza salarial o bônus de contratação, rece-
bido formalmente pelo empregado bancário como empréstimo, a ser perdoado caso permaneça
na empresa por determinado período. Trata-se de incentivo à contratação ou à manutenção do
ANOTAÇÕES

www.grancursosonline.com.br 1
DIREITO DO TRABALHO
Remuneração XI
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

vínculo de emprego, equiparando-se às luvas pagas ao atleta profissional no momento da assi-


natura do contrato. 2. Contudo, sendo pago em parcela única, tal valor não repercute em verbas
anuais (como férias e 13º salário) ou mensais. Limitam-se seus reflexos ao depósito do FGTS
referente ao mês de pagamento, assim como à respectiva multa de 40%. Embargos do Reclama-
do conhecidos e providos. Embargos do Reclamante conhecidos e providos parcialmente” (E-E-
D-ARR-109900-53.2008.5.04.0404, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relatora
Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 08/11/2019).
5m

Mediante o exposto, o pagamento de luvas em parcela única tem natureza salarial, mas
sobre ele incide apenas o FGTS e, evidentemente, com a dispensa sem justa causa, ganha-
-se multa de 40% que considera, em sua base de cálculo, o FGTS.

STOCK OPTION

No Brasil, existe a possibilidade de as empresas emitirem opções de compra (stock option).


Em um cenário hipotético, uma empresa tem XZWY3 como código na bolsa. Essa
empresa possui ações sendo negociadas no mercado. A ação da empresa vale R$ 20,00,
e a empresa decide conceder aos trabalhadores a opção de compra, a fim de incentivá-los
a prestar um serviço melhor, para que a empresa cresça e a ação se valorize. A opção de
compra é uma faculdade que possibilita a compra da ação a um preço pré-fixado, o qual pode
gerar vantagens ao trabalhador caso a ação se valorize posteriormente.
10m
A stock option não integra a remuneração do empregado:

[…] AÇÕES. NÃO INTEGRAÇÃO. REMUNERAÇÃO. A não integração dos stock options ou ações
na remuneração do empregado decorre da literalidade do disposto no § 1º do art. 457 da CLT.
Agravo de Instrumento a que se nega provimento. Processo: AIRR – 38740-45.2003.5.15.0045
Data de Julgamento: 24/09/2008, Relator Ministro: Carlos Alberto Reis de Paula, 3ª Turma, Data
de Divulgação: DEJT 17/10/2008.

Embora não seja uma remuneração, a stock option é um direito relevante para o trabalha-
dor, uma vez que ele pode obter vantagens com isso, como a compra mais barata da ação da
empresa, com as possibilidades de que mantenha a ação ou de que a venda posteriormente
com o valor mais alto do que comprou.
Uma situação não é admissível na Jurisprudência: é o caso das empresas que conce-
dem a opção de compra para os trabalhadores e estabelecem um período de carência, mas
vedam a opção de compra deles caso sejam demitidos nesse período. Assim, não se admite
ANOTAÇÕES

www.grancursosonline.com.br 2
DIREITO DO TRABALHO
Remuneração XI
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

a fixação de planos de opção de compra que criem condição meramente potestativa contra
o empregado. Conforme estabelecido pelo TST,
15m

[…] STOCK OPTION PLAN. AQUISIÇÃO FUTURA DE AÇÕES. DISPENSA SEM JUSTA CAUSA
NO CURSO DO PERÍODO DE CARÊNCIA. CLÁUSULA DE EXTINÇÃO AUTOMÁTICA DO DIREI-
TO DE COMPRA. CONDIÇÃO MERAMENTE POTESTATIVA. DIREITO À INDENIZAÇÃO SUBS-
TITUTIVA. 1. O Plano de Opção de Compra Facilitada de Ações (Stock Option Plan), instituído pela
reclamada, prevê a outorga de ações aos empregados, que poderão exercer a prerrogativa após
um período de carência, mediante o pagamento de um preço prefixado. 2. Na hipótese dos autos,
o Plano instituído pela demandada prevê que, no caso de dispensa sem justa causa durante o pe-
ríodo de carência, a opção de compra será automaticamente extinta. Ao se definir um período de
carência para fazer jus o obreiro à opção de compra das ações, definiu a empresa a necessidade
de manutenção do contrato de emprego como condição para se realizar a referida opção. 3. Não
há qualquer controvérsia quanto à validade do período de carência estabelecido no plano para
que se exerça a opção de compra das ações, requisito inerente aos Planos de Compra de Ações
(Stock Option Plan). Tem-se, no entanto, por inadmissível a condição que retira dos obreiros o
direito à opção de compra no caso de dispensa sem justa causa durante o período de carência,
porquanto permite que a reclamada, ao dispensar o empregado, valendo-se de tal condição, obste
a regular fruição do direito pelo obreiro. As circunstâncias reveladas nos presentes autos denotam,
de modo indiscutível, que a referida cláusula permite que a empresa, de modo unilateral, impeça
o empregado de usufruir o direito, constituindo-se em condição meramente potestativa, porquanto
dependente apenas do arbítrio do empregador. 4. Assim, no caso de dispensa do obreiro no curso
do período de carência, deve-se considerar preenchido o requisito temporal definido no Plano,
nos termos do artigo 129 do Código Civil. 5. Recurso de Revista conhecido e não provido. (RR-
363-05.2011.5.04.0021, 1ª Turma, Relator Desembargador Convocado Marcelo Lamego Pertence,
DEJT 02/06/2017)

Obs.: O art. 129 do Código Civil define que

Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for mali-
ciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada
a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.

PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS

A participação nos lucros é diferente da participação nos resultados. A participação nos


resultados pode se dar, por exemplo, conforme a colocação da empresa em uma pesquisa
de satisfação dos clientes; nesse cenário, o trabalhador receberia um valor de acordo com a
colocação da empresa na pesquisa.
20m
ANOTAÇÕES

www.grancursosonline.com.br 3
DIREITO DO TRABALHO
Remuneração XI
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

O inciso XI do art. 7º da Constituição Federal dispõe que

Art. 7º […]
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;

A situação da participação nos lucros e resultados pode ser verificada na Lei n. 10.101/2000:

Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como
instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos
do art. 7º, inciso XI, da Constituição.
Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus
empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de co-
mum acordo:
I – comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado
pelo sindicato da respectiva categoria;
II – convenção ou acordo coletivo.
§ 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto
à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de
aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição,
período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os
seguintes critérios e condições:
I – índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa;
II – programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente.
§ 2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores.
§ 3º Não se equipara a empresa, para os fins desta Lei:
I – a pessoa física;
II – a entidade sem fins lucrativos que, cumulativamente:
a) não distribua resultados, a qualquer título, ainda que indiretamente, a dirigentes, administrado-
res ou empresas vinculadas;
b) aplique integralmente os seus recursos em sua atividade institucional e no País;
c) destine o seu patrimônio a entidade congênere ou ao poder público, em caso de encerramento
de suas atividades;
d) mantenha escrituração contábil capaz de comprovar a observância dos demais requisitos deste
inciso, e das normas fiscais, comerciais e de direito econômico que lhe sejam aplicáveis. […]
Art. 3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a
qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe
aplicando o princípio da habitualidade.
§ 1º Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa ope-
racional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da
presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição.
ANOTAÇÕES

www.grancursosonline.com.br 4
DIREITO DO TRABALHO
Remuneração XI
Viu algum erro neste material? Contate-nos em: degravacoes@grancursosonline.com.br

§ 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de partici-


pação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em
periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil. (Redação dada pela Lei n. 12.832, de 2013)
25m

Cumpre destacar que a rescisão contratual antes do pagamento gera direito à proporcio-
nalidade. Dessa forma, deve-se receber a participação nos lucros e resultados conforme o
tempo trabalhado. Por isso, o TST define que

Súmula n. 451 do TST


PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. RESCISÃO CONTRATUAL ANTERIOR À DATA
DA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS MESES TRABALHA-
DOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. (conversão da Orientação Jurisprudencial n. 390 da SBDI-1) –
Res. 194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23.05.2014
Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo coletivo ou norma regulamentar
que condiciona a percepção da parcela participação nos lucros e resultados ao fato de estar o
contrato de trabalho em vigor na data prevista para a distribuição dos lucros. Assim, inclusive na
rescisão contratual antecipada, é devido o pagamento da parcela de forma proporcional aos meses
trabalhados, pois o ex-empregado concorreu para os resultados positivos da empresa.

DIRETO DO CONCURSO
86. (FCC/TRT 23ª REGIÃO (MT)/JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO/2015) Analise a pro-
posição abaixo:
Empregado dispensado sem justa causa no mês de setembro tem direito à participação
nos lucros e resultados de forma proporcional aos meses trabalhados, tendo em vista
que concorreu para os resultados positivos da empresa no ano.

COMENTÁRIO
De fato, empregado dispensado sem justa causa tem direito à participação nos lucros e
resultados de forma proporcional aos meses trabalhados.

GABARITO
86. C

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Online, de acordo com a aula prepa-
rada e ministrada pelo professor José Gervásio Meireles.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

www.grancursosonline.com.br 5

Você também pode gostar