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DIREITO DO TRABALHO

Contrato de Trabalho V
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CONTRATO DE TRABALHO V

5. MORFOLOGIA DO CONTRATO

Anotação na CTPS e Contrato Nulo por Falta de Concurso Público

Quando há um contrato nulo por ausência de aprovação em concurso público, é possível


a anotação na carteira de trabalho (CTPS)? De acordo com a posição do TST, a resposta
é negativa:
“CONTRATO NULO. AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO. EFEITOS JURÍDICOS.
ANOTAÇÃO NA CPTS. (...) Nos termos da Súmula 363 desta Corte, a contratação de ser-
vidor público, após a CF de 1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra
óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento da con-
traprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o valor da
hora do salário-mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS. Desse modo, a
decisão regional que, conquanto tenha reconhecido a nulidade do contrato por ausência de
concurso público, condenou o reclamado à anotação do contrato na CTPS da autora, não
se compatibiliza com a sedimentada jurisprudência desta Corte, consubstanciada na Súmula
363. Recurso de revista conhecido e provido” (RR-911-63.2015.5.19.0056, 6ª Turma, Relator
Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 08/11/2019).
“CONTRATO NULO. EFEITOS. ANOTAÇÃO NA CTPS. Nos moldes delineados pela
Súmula n. 363 do TST, “ a contratação de servidor público, após a CF/1988, sem prévia
aprovação em concurso público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe
conferindo direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de
horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário-mínimo, e dos valores referentes
aos depósitos do FGTS “. Como se observa, uma vez reconhecida a nulidade do contrato de
trabalho por ausência de certame público, o trabalhador fará jus apenas ao pagamento do
salário e aos valores referentes aos depósitos do FGTS, a rechaçar a anotação na CTPS.
Recurso de revista conhecido e provido” (RR-2525-47.2016.5.22.0101, 8ª Turma, Relatora
Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 14/08/2020).
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Privatização de Empresas Estatais

Imagine que João foi contratado sem concurso público para exercer um emprego em
uma determinada empresa pública após a Constituição Federal de 1988, o que torna o seu
contrato nulo. Todavia, essa estatal foi privatizada, tornando-se uma empresa privada, e João
continuou a trabalhar nela após a privatização. Nesse caso, a privatização saneia o vício
nesse contrato de trabalho?
Sobre o tema, dispõe a jurisprudência:

Súmula n. 430 do TST

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA. CONTRATAÇÃO. AUSÊNCIA DE CON-


CURSO PÚBLICO. NULIDADE. ULTERIOR PRIVATIZAÇÃO. CONVALIDAÇÃO. INSUB-
SISTÊNCIA DO VÍCIO.
Convalidam-se os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo por ausência de
concurso público, quando celebrado originalmente com ente da Administração Pública Indi-
reta, continua a existir após a sua privatização.
Ou seja, a posição do TST é que nesses casos ocorre a convalidação do vício do contrato
anteriormente firmado, ou seja, o vício deixa de existir.

DIRETO DO CONCURSO
1. (FCC/TST/JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO/2017) A respeito das formas de invali-
dade do contrato de emprego, a doutrina e a jurisprudência prevalentes estabelecem que
Se convalidam os efeitos do contrato de trabalho que, considerado nulo por ausência de
concurso público, quando celebrado originalmente com ente da Administração pública
indireta, continua a existir após a sua privatização.

COMENTÁRIO
Essa é a posição da Súmula n. 430 do TST.
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5.1.3 – Forma Prescrita ou não Defesa em Lei

Regra: não se exige forma explícita para o contrato de trabalho, o qual pode ser formado
inclusive tacitamente (art. 442 da CLT).
Todavia, existem exceções. Exemplos:

Lei n. 9.615/1998, art. 28. A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração pac-
tuada em contrato especial de trabalho desportivo, firmado com entidade de prática desportiva, no
qual deverá constar, obrigatoriamente: (...)
Lei n. 6.533/1978, art. 10. O contrato de trabalho conterá, obrigatoriamente:
I – qualificação das partes contratantes;
II – prazo de vigência; (...)

Em razão do princípio da continuidade da relação de emprego, diante de uma situação


em que a lei exige o contrato de trabalho escrito, presentes os elementos de uma relação
de emprego, porém o empregador não fez esse contrato escrito, é preciso adotar postu-
ras no sentido de que se deve regularizar essa situação, determinando a formação do con-
trato escrito.
Existem casos em que o atendimento dos requisitos formais expressamente con-
diciona a validade do contrato especial celebrado, como ocorre, por exemplo, com o
contrato de aprendizagem.

CLT, art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito
e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14
(quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação
técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico,
e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. (Redação
dada pela Lei n. 11.180, de 2005)
§ 1º A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho e
Previdência Social, matrícula e frequência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o en-
sino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade
qualificada em formação técnico-profissional metódica.

Ou seja, o legislador estabelece que para que haja a validade de um determinado contrato
de aprendizagem, é preciso atender a alguns requisitos formais, como a anotação na CTPS.
Assim, diante de uma situação de descumprimento dos requisitos formais exigidos, não
se poderia reconhecer o contrato especial de aprendizagem. Nesse caso, poderia se reco-
nhecer um contrato de trabalho comum.
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5.2. REQUISITOS INTRÍNSECOS

5.2.1 – Ausência de Erro

Em primeiro lugar, para que exista um contrato de trabalho válido, é preciso que não haja
erro de nenhuma das partes.
O erro pode ser substancial ou acidental.
Dispõe o Código Civil:

Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de
erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circuns-
tâncias do negócio.

O erro substancial pode ser entendido como aquele em que caso a pessoa tivesse perce-
bido as reais circunstâncias envolvidas no contrato, ela não teria feito o contrato.
Ex.: uma determinada faculdade deseja contratar um professor que tenha doutorado. Um
determinado candidato compareceu à entrevista e alegou ter conhecimento na área, mas em
nenhum momento disse que tinha doutorado. Acontece que o professor não viu que a vaga
exigia o título de doutor. Mesmo assim, a faculdade acabou o contratando. Após um ano
prestando serviços, a faculdade percebeu o erro.
No caso do exemplo acima, com base no princípio trabalhista das nulidades, não se
pode deixar de reconhecer efeitos trabalhistas durante o período que o professor prestou
seus serviços.
Já o erro acidental é a situação em que existe uma percepção equivocada sobre as cir-
cunstâncias envolvidas no contrato, contudo, o fato de haver esse equívoco não impediria
a realização do contrato. Nesse sentido, não é causa de reconhecer a nulidade do contrato.
Retomando o exemplo do professor (acima), imagine que faculdade contrataria um pro-
fessor com mestrado ou doutorado. O professor contratado tinha mestrado, porém a facul-
dade achou que ele tinha doutorado. Nesse caso, como a faculdade o contrataria mesmo que
não possuísse o título de doutor, visto que tem o título de mestre, trata-se de erro acidental,
que não ensejaria a nulidade do contrato.
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5.2.2 – Ausência de Dolo


15m

Do ponto de vista do Direito Civil, o dolo pode ser entendido como a malícia ou intenção
de gerar um equívoco na parte contrária. Há, portanto, um ardil no sentido de enganar a parte
contrária. Assim, dispõe o Código Civil:

Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.

No caso do dolo essencial, se a parte contrária soubesse da verdade, não teria feito o
negócio. Assim, trata-se de um caso de nulidade do contrato.
Ex.: suponha que uma faculdade quisesse contratar um professor com título de doutor.
Um determinado candidato se apresenta para a vaga e entrega o seu diploma de doutorado.
No entanto, tempos depois se descobre que o diploma era falso. Nesse caso, existe uma
situação de nulidade do contrato.

5.2.3 – Ausência de Coação

A coação vicia a manifestação da vontade. Dispõe o Código Civil:

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fun-
dado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.

Para que um contato de trabalho seja válido, não pode haver coação (moral ou física).

5.2.4 – Ausência de Estado de Perigo

Dispõe o Código Civil:

Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se,
ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação exces-
sivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá
segundo as circunstâncias.

Exemplo: Maria é uma médica renomada, que já recebeu diversas ofertas de trabalho por
parte do Hospital X. No entanto, Maria não tem a intenção de trabalhar para esse hospital.
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Acontece que a filha de Maria passou a sofrer de uma doença que só é tratada nesse
Hospital X.
Diante disso, o hospital se dirige à Maria dizendo que só irão tratar devidamente a filha
dela se ela aceitar firmar um contrato de trabalho com o hospital de pelo menos dois anos,
sendo que caso ela queira rescindir esse contrato antes, terá que pagar uma multa de R$
1 milhão.
20m
Percebe-se que Maria se encontra em uma situação de estado de perigo e acaba assu-
mindo uma situação excessivamente onerosa para si. Assim, existe uma situação que ense-
jaria a nulidade do contrato.

5.2.5 – Ausência de Simulação

Existem situações em que as pessoas simulam a existência de um contrato de trabalho


para gerar fraude em outras situações.
Sobre o tema, dispõe o Código Civil:

Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma.

5.3. ELEMENTOS ACIDENTAIS

Existem fatores que podem estar expressos em contratos de trabalho, mas que não são
obrigatórios, exceto quando a lei assim determina.
Exemplos:
• Termo – certo e incerto (ex.: contrato de experiência);
• Condição – resolutiva e suspensiva.

Dispõe o Código Civil:

Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta
se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.

Ex.: imagine que uma determinada empresa estabeleceu que quem atingir uma determi-
nada meta irá receber um prêmio, que será um veículo. Trata-se de uma condição suspen-
siva, pois somente terá direito ao prêmio quem atingir a meta.
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Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico,
podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.

Ex.: Maria foi contatada como auxiliar administrativo. Acontece que seu supervisor João
ficou doente e teve que se afastar. Como Maria era a mais bem preparada no seu setor, a
empresa decidiu colocá-la no lugar de João para exercer a função de supervisor, recebendo,
inclusive, uma gratificação de função. No entanto, a empresa deixou clara uma condição:
quando João retornar, Maria volta para a função de auxiliar administrativo.

DIRETO DO CONCURSO
2. (FUNDATEC/ PREFEITURA DE PORTO ALEGRE – RS/ PROCURADOR MUNICIPAL/
2016) Acerca do elemento acidental no contrato de emprego, é lícito asseverar que:
a. Não se trata de elemento eletivo pelas partes.
b. Pode influir na cessação do contrato.
c. É vedada a inclusão de elemento acidental em cláusula de transferência de empre-
gado para outra localidade.
d. A não eventualidade constitui exemplo de elemento acidental.

COMENTÁRIO
a. Na realidade, o elemento acidental é eleito pelas partes.
b. É possível, na situação referente ao termo.
d. Não existe essa vedação.
e. A não eventualidade é um elemento de existência da relação de emprego.

5.4. ELEMENTOS NATURAIS

Existem fatores que ocorrem naturalmente em um contrato, mas não são essenciais à
sua formação. Ex.: a questão da jornada, questões relativas ao salário etc.
30m
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DIRETO DO CONCURSO
3. (MPT/MPT/PROCURADOR DO TRABALHO/2017)Analise as assertivas abaixo expostas:
São elementos naturais do contrato de trabalho, ilustrativamente, a jornada de trabalho
e o salário. Por ser o salário um desses elementos naturais contratuais, considera a
ordem jurídica que o salário-mínimo tem de ser pago diretamente pelo empregador ao
empregado.

COMENTÁRIO
Essa é a exata previsão da lei.

GABARITO
1. C
2. b
3. C

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula pre-
parada e ministrada pelo professor José Gervásio.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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