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JUSTIÇA FEDERAL
MANDADO DE SEGURANÇA
com pedido liminar inaudita altera parte contra ato ilegal a ser praticado pelo
Ilustre Sr. Delegado da Delegacia da Receita Federal do Brasil em São
Bernardo do Campo - SP, integrante da União, notificável na Rua Marechal
Deodoro, 480, Centro, São Bernardo do Campo, SP, CEP 09710-000, pelas
razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
1. Fatos
c) Risco, na medida em que é possível que a futura venda da ação ocorra por
valor inferior ao de sua aquisição, trazendo prejuízo financeiro ao participante,
ou que, ocorrendo por valor superior, não exceda rendimento que
eventualmente seria auferido em outra aplicação financeira, implicando custo
de oportunidade ao participante.
Naqueles autos, foi expressamente reconhecido pelo Juízo que “Ao exercitar
seu direito de compra de ação, o empregado titular da stock option celebra
com a companhia contrato de natureza mercantil, por meio do qual se torna
sócio da empregadora. Se há ganho de capital em função da diferença entre o
preço da opção e o preço de mercado da ação, portanto, esse acréscimo se dá
em função da relação contratual de natureza mercantil, e envolve, até o
advento do termo para exercício da opção, alea que lhe é característica”.
Mas não é só. Foi reconhecido naquele feito que “muito embora pressuponha
a existência da relação de trabalho, a outorga de opção de compra de ação e
o ganho de capital decorrente do respectivo exercício não se confundem com
contraprestação ao trabalho do empregado, haja vista seu caráter
notadamente mercantil, sendo descabida a incidência de contribuição
previdenciária sobre o montante”.
Com isso, aquele MM. Juízo deferiu a medida liminar pleiteada para determinar
“a suspensão da exigibilidade da contribuição previdenciária patronal
incidente sobre os ganhos de capital decorrentes do exercício de opções de
compra de ações pelos participantes do Plano de Outorga de Opções de
Compra de Ações da impetrante, nos limites do pedido da impetrante, isto é,
sem abarcar o crédito do auto de infração objeto do processo administrativo n.
15983.720038/2017 18, atualmente em discussão administrativa”.
No referido writ, foi deferida medida liminar para que a União confira
tratamento jurídico ao lucro proveniente do exercício de stock options como
ganho de capital e não como renda do trabalho remunerado, abstendo-se,
inclusive, de qualquer ato tendente a cobrar tributação pretérita de forma
diversa daquela aqui acolhida. Confira-se:
“In casu, o referido Programa (stock options) constitui relação jurídica distinta
da relação de emprego, cuja adesão depende de voluntariedade dos
empregados interessados em assumir o risco do mercado financeiro, não se
traduzindo em espécie de contraprestação laboral, conforme acima referido, o
que afasta a definição de que as stock options seriam classificadas como
remuneração decorrente do trabalho.” (g.n.)
Tais decisões estão em harmonia com acórdãos firmados por todas as Turmas
competentes para apreciar a matéria no C. Tribunal Regional Federal da
Terceira Região, os quais afastam o caráter de remuneração mesmo quando a
ação é ofertada “por valor abaixo de mercado” a “empregado” (TRF3, AC
001776252.2014.4.03.6100).
2. Direito
“Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do capital social
independentemente de reforma estatutária.
O justo valor, por sua vez, é previsto pela Cláusula 1.18, como
“[…] o preço de vendas de fechamento de uma ação (ou a oferta de
fechamento, caso não sejam registradas vendas) cotado na bolsa de valores
ou sistema em questão na data da determinação, informada por f onte
considerada fidedigna pelo Administrador”.
Uma vez eleita a pessoa que receberá a outorga da opção, essa será
formalizada e oficializada através de Contrato de Outorga celebrado entre o
participante e um diretor, autorizado pelo Administrador, que conterá todos os
termos e condições decorrentes e compatíveis com o estabelecido pelas
regras do Plano. (Cláusula 4.1).
Conforme acentuado linhas acima, entende o Fisco que o stock option plan
corresponderia a forma de remuneração da pessoa física pela empresa
instituidora do plano em razão de serviços que lhe tenham sido prestados.
O cerne do raciocínio do Fisco está pautado na suposta outorga de vantagem
financeira à pessoa física mediante a facilitação da aquisição das ações por
preço atrativo.
Em segundo lugar, o exercício das opções exige que haja dispêndio de valores
pelo Impetrante para adquirir as ações que lhes são transferidas. Como se
pode reputar essa operação onerosa como remuneratória, em nosso
ordenamento jurídico?
Pautado em tais razões, Paulo Cezar Aragão conclui que “A relação jurídica
que se forma entre a companhia e o acionista - empregado e as prestações,
direitos e vantagens potenciais a ela inerentes, assim, são absolutamente
distintas da relação jurídica de emprego, e o resultado positivo aferido pelo
empregado na sua condição de acionista, não pode integrar a base de cálculo
de qualquer vantagem trabalhista ou previdenciária”.
***
O contrato de oferta de compra de ações é um contrato baseado na lei
societária (art. 168, § 3º, da Lei nº 6.406/78). Assim, a legislação brasileira
colocou o contrato em foco sobre a égide do controle do mercado mobiliário,
razão pela qual não restam dúvidas da sua natureza mercantil. Nessa linha, a
posição majoritária acerca do tema, a qual também entende que o contrato
mercantil está totalmente desvinculado do contrato de trabalho, de modo que
os eventuais ganhos auferidos por empregados, quando da venda das ações
adquiridas pelo plano, não teriam nenhuma implicação trabalhista." (AIRR -
110840-02.2007.5.10.0011 Data de Julgamento: 17/11/2010, Relator Ministro:
Renato de Lacerda Paiva, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/11/2010)
***
4. STOCK OPTIONS. O programa pelo qual o empregador oferta aos
empregados o direito de compra de ações (previsto na Lei de Sociedades
Anônimas, n. 6404/76, art. 168, § 3º) não proporciona ao trabalhador uma
vantagem de natureza jurídica salarial. Isso porque, embora a possibilidade de
efetuar o negócio (compra e venda de ações) decorra do contrato de trabalho,
o obreiro pode ou não auferir lucro, sujeitando-se às variações do mercado
acionário, detendo o benefício natureza jurídica mercantil. O direito, portanto,
não se vincula à força de trabalho, não detendo caráter contraprestativo, não
se lhe podendo atribuir índole salarial. Recurso de revista não conhecido. (RR -
21780035.2007.5.02.0033, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data
de Julgamento: 17/11/2010, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 03/12/2010)
Nesse sentido também é o posicionamento das demais Turmas do Tribunal
Superior do Trabalho:
RR - 122200-69.2002.5.01.0039, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra
Belmonte, Data de Julgamento: 18/12/2013, 3ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 31/01/2014;
Essa também é a linha de Sergio Pinto Martins, para quem “A natureza jurídica
da opção de compra de ações é mercantil, embora feita durante o contrato de
trabalho, pois representa mera compra e venda de ações. Envolve a opção um
ganho financeiro, sendo até um investimento feito pelo empregado nas ações
da empresa. Por se tratar de risco do negócio em que as ações ora estão
valorizadas ora perdem seu valor, o empregado pode ter prejuízo com a
operação. É uma situação aleatória, que nada tem a ver com o empre gador
em si, mas com o mercado de ações”.
O risco, por sua vez, é inerente à própria versação de ações. Ora, bem se sabe
que o preço das ações flutua sobremaneira em função de uma infinidade de
variáveis, na maior parte de difícil ou impossível previsão pelo interessado.
Como a aquisição sempre antecede a venda, qualquer espécie de operação de
compra e venda de ações é, por natureza, sujeita a risco.
Esse risco é ainda mais acentuado no caso dos stock option plans , por ser
estabelecido sempre longo período de carência que distancia a data em que
outorgadas as opções e o dia em que se permite sua aquisição. Aqui deve ser
ponderada a notória volatilidade do mercado de capitais brasileiro, altamente
suscetível a fatores externos e internos.
É ilusória eventual crença de que o valor das ações sempre tende a subir. Em
primeiro lugar, naturalmente contextos econômicos delicados como o
atualmente vivenciado no País naturalmente conduzem, via de regra, à
retração do preço de ações. Em segundo lugar, o mercado brasileiro
definitivamente não experimenta bom momento há anos.
Dessa forma, tem a Autora direito à metade das ações adquiridas por meio do
‘Stock Option Plan’, ou seja, aquelas que ultrapassado o período de carência,
já integravam o patrimônio do casal no momento da separação.” (Apelação nº
0112454-12.2008.8.26.0011 - 3ª Câmara de Direito Privado)
Para ilustrar tal situação, figure-se exemplo em que a ação tenha sido
adquirida por $ 1,00 quando sua cotação oficial era $ 1,50 e, adiante, tenha
sido vendida por $ 3,00. Nessa situação, o Fisco entende que a base de
cálculo para aplicação do imposto de renda sobre rendimento do trabalho
seria de $ 0,50, correspondente ao intervalo entre $ 1,00 - $ 1,50. Entretanto,
esse mesmo intervalo é base de cálculo do ganho de capital, que
corresponderá à diferença entre $ 1,00 e $ 3,00.
Diante de tal contexto, caso se repute que o valor em litígio teria natureza de
rendimento oriundo do trabalho e, por isso, estaria sujeito a incidência da
tabela progressiva com limite de 27,5%, de rigor que a quantia exigida do
Impetrante seja abatida do imposto já devido (e pago) sobre esse mesmo
valor.
3. Pedido
O fumus boni iuris é deveras robusto, dado que a pretensão ora formulada
está amparada em orientação consolidada dos Tribunais Judiciais, além de
encontrar conforto em interpretação consolidada no âmbito do Tribunal
Superior do Trabalho, inclusive com base nas decisões proferidas pelas 5ª e
24ª Vara Federal desta Subseção Judiciária de São Paulo, bem como da 3ª
Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que reconheceram no âmbito
do mesmo plano de outorga de ações em discussão neste mandado de
segurança seu caráter mercantil e que não se confunde com a
contraprestação pelo trabalho.
...
MANDADO DE SEGURANÇA
com pedido liminar inaudita altera parte contra ato ilegal a ser praticado pelo
Ilustre Sr. Delegado da Delegacia da Receita Federal do Brasil em São
Bernardo do Campo - SP, integrante da União, notificável na [endereço], pelas
razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
Fatos
“Art. 12. A receita bruta compreende: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de
2014)
Isso porque, mesmo nesse novo estado de Direito, provocado pelas alterações
promovidas pela Lei nº 12.973/14, a COFINS e a Contribuição ao PIS não
podem ser exigidas sobre o montante correspondente ao ICMS devidos em
razão das receitas auferidas pela Impetrante.
Assim, serve o presente mandamus para que seja reconhecido o direito líquido
e certo da Impetrante de excluir da base de cálculo da Contribuição ao PIS e
da COFINS os valores correspondentes ao ICMS por ela devido no período de
vigência da Lei nº 12.973/2014 (competência de janeiro de 2014 em diante).
Direito
Nem todos os recursos que entram nos cofres da empresa são receitas.
Os recursos que transitam pelo caixa das empresas (ou pelos cofres públicos)
podem ser de duas espécies: os que configuram receitas e os que se
caracterizam como meros ingressos (que, na Ciência das Finanças, recebem a
designação de movimentos de fundo ou de caixa). Receitas são entradas que
modificam o patrimônio da empresa, incrementando-o. Ingressos envolvem
tanto as receitas como as somas pertencentes a terceiros (recursos que
integram o patrimônio de outrem). São aqueles recursos que não importam
modificação no patrimônio de quem os recebe, para posterior entrega a quem
pertencem. Apenas os aportes que incrementam o patrimônio, como elemento
novo e positivo, são receitas […]” (g.n.).
(i) “Nem todos os recursos que entram nos cofres da empresa são receitas”.
Bem por isso, o ICMS incluído na base de cálculo do PIS e da COFINS não se
enquadra no conceito de receita, na medida em que, por apenas transitar nas
contas do contribuinte – já que será canalizado aos cofres do Estado – não
preenche os atributos indispensáveis à configuração da materialidade receita.
[...]
3. Pedidos
O fumus boni iuris decorre das razões de direito acima expostas, em especial
do posicionamento firmado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no
Recurso Extraordinário nº 240.785, que vem sendo endossado por
jurisprudência recente dos Tribunais Regionais, no sentido da
inconstitucionalidade do cômputo do valor do ICMS na base de cálculo da
COFINS e da Contribuição ao PIS.
E, uma vez desembolsados tais valores, o prejuízo será revertido apenas após
longo intervalo de tempo.
,,,
MANDADO DE SEGURANÇA
com pedido liminar inaudita altera parte contra ato ilegal a ser praticado pelo
Ilustre Sr. Delegado Especial de Administração Tributária da Receita Federal do
Brasil em São Paulo, integrante da União, notificável na [endereço], pelas
razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
Para o Fisco, o valor do ICMS-ST não compõe o cálculo para o crédito pois se
trata de imposto devido pela Impetrante, e não pelo fornecedor, ainda que o
fornecedor seja responsável pelo adiantamento de tais valores ao Estado.
Enfim, esse excesso precisa ser afastado, o que pode se dar (a) excluindose o
ICMS-ST da base de cálculo na revenda pela Impetrante ou (b) assegurando-se
direito a crédito sobre esse montante na aquisição do bem. Qualquer outra
solução é iníqua, injusta e impõe exagerado e indevido ônus sobre a
Impetrante.
Dentre as hipóteses que dão direito a crédito encontra-se a despesa com bem
adquirido para revenda, tais como as mercadorias adquiridas para revenda
pela Impetrante.
***
Tal valor não representa custo de aquisição, mas encargo que irá incidir no
momento da revenda da mercadoria ao consumidor final. (…)
Diz-se ICMS próprio aquele recolhido pela Impetrante diretamente aos Estados
em virtude de suas operações de venda.
Nem todos os recursos que entram nos cofres da empresa são receitas.
Os recursos que transitam pelo caixa das empresas (ou pelos cofres públicos)
podem ser de duas espécies: os que configuram receitas e os que se
caracterizam como meros ingressos (que, na Ciência das Finanças, recebem a
designação de movimentos de fundo ou de caixa). Receitas são entradas que
modificam o patrimônio da empresa, incrementando-o. Ingressos envolvem
tanto as receitas como as somas pertencentes a terceiros (recursos que
integram o patrimônio de outrem). São aqueles recursos que não importam
modificação no patrimônio de quem os recebe, para posterior entrega a quem
pertencem. Apenas os aportes que incrementam o patrimônio, como elemento
novo e positivo, são receitas […]” (g.n.).
(i) “Nem todos os recursos que entram nos cofres da empresa são receitas”.
Tal orientação menciona o artigo 26, § 6º, da IN RFB n° 594/2005, o qual prevê
que o ICMS-ST “não integra o custo dos bens ou serviços” para fins de
apuração dos créditos de PIS/COFINS.
Trata-se, entretanto, de situação em que a Receita Federal do Brasil, por meio
de norma infralegal, pretende alterar o conteúdo e o alcance do artigo 3º,
inciso I, das Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, em flagrante ofensa ao Princípio
da Legalidade.
Essa tônica, aliás, está presente em diversos dispositivos legais que tratam
dos PIS/COFINS, abaixo rememorados:
Como se vê, no caso de PIS/COFINS, por mais que haja a apuração de créditos,
não há a identidade entre o valor do tributo pago na fase antecedente da
cadeia econômica (no caso, pelo fornecedor), e o crédito a ser apropriado a
posteriori (pelo adquirente do bem para revenda).
Assim, segundo nos parece, o ICMS-ST deve ser considerado pela Impetrante
(adquirente) na apuração do crédito previsto no artigo 3º, inciso I, das Leis nos
10.632/02 e 10.833/03 independentemente de não repercutir na exigência do
PIS/COFINS do fornecedor do bem para revenda.
6. Pedidos
O fumus boni iuris decorre das razões de direito acima expostas, em especial
do posicionamento firmado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no
Recurso Extraordinário nº 240.785, que vem sendo endossado por
jurisprudência recente do E. Tribunal Regional Federal da 3ª Região, no sentido
da inconstitucionalidade do cômputo do valor do ICMS na base de cálculo da
COFINS e da Contribuição ao PIS que, como exposta, é totalmente aplicável ao
novo panorama legislativo, bem como à hipótese de ICMS-ST.
Por outro lado, o Min. Celso de Mello (que ainda votará no RE sujeito a
repercussão geral) possui entendimento favorável à pretensão dos
contribuintes (ou seja, pela inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base
de cálculo do PIS/COFINS), sendo enfático em seu entendimento quanto ao
tema.
Dessa forma, vê-se que o Min. Celso de Mello possui posicionamento enfático
no sentido da inconstitucionalidade da inclusão do ICMS (e,
consequentemente, do ISS) na base de cálculo do PIS e da COFINS, sendo
certo que, por coerência, dificilmente irá apresentar posicionamento diverso
na continuidade do julgamento do RE nº 574.706 que ocorrerá no dia
15.03.2017 (quarta-feira).
….
MANDADO DE SEGURANÇA
COM PEDIDO DE CONCESSÃO DE LIMINAR
CONTEXTO FÁTICO
PRINCIPAIS ARGUMENTOS
Isso porque o ICMS não se coaduna com o conceito jurídico de receita, que diz
respeito a elementos positivos (ingressos) que tenham o condão de se
incorporar no patrimônio do contribuinte. Excluem-se, portanto, meros
ingressos contábeis que não tenham caráter de permanência ou agregação
ao patrimônio do contribuinte, como é o caso do ICMS, que apenas transita
pela contabilidade do contribuinte, já que é destinado imediatamente aos
cofres públicos estaduais.
5. Muito embora tais valores não possam ser caracterizados como receitas (já
que não representam um efetivo elemento positivo de entrada no patrimônio
da sociedade, mas tão somente valores que, após recebidos, são
imediatamente repassados aos cofres públicos), as autoridades fiscais têm
reiteradamente insistido na inclusão do ICMS na base de cálculo do IRPJ e da
CSLL quando da apuração no regime do lucro presumido, como se observa,
por exemplo, na Solução de Consulta nº 26/2017 (VINCULANTE PARA TODOS
OS CONTRIBUINTES):
15. Ora, Excelência, se ICMS não integra “receita bruta” para fins de
PIS/COFINS, não deve fazê-lo para fins de apuração de IRPJ/CSLL sobre o lucro
presumido, afinal não há conceitos distintos de “receita bruta” para cada um
desses tributos.
17. Na apuração de IRPJ e CSLL pelo método do lucro presumido, tais tributos
são apurados com base na aplicação de percentual determinado pela lei
sobre a receita bruta auferida pelo contribuinte. Em relação ao IRPJ, tal
comando é prescrito pelo art. 25 da Lei 9.430/96:
“Art. 25. O lucro presumido será o montante determinado pela soma das
seguintes parcelas:
I - o valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei
nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita bruta definida pela art.
12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida no período
de apuração de que trata o art. 1o, deduzida das devoluções e vendas
canceladas e dos descontos incondicionais concedidos; e” (g.n)
18. No que diz respeito à CSLL, tal comando é disposto no art. 29 da Lei
9.430/96:
Lei 9.430/96
“Art. 29. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida
pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado
e pelas demais empresas dispensadas de escrituração contábil,
corresponderá à soma dos valores:
I - de que trata o art. 20 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995;
(...)”
Lei 9.249/95
“Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou
trimestral a que se referem os arts. 2º, 25 e 27 da Lei no 9.430, de 27 de
dezembro de 1996, corresponderá a 12% (doze por cento) sobre a receita
bruta definida pelo art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de
1977, auferida no período, deduzida das devoluções, vendas canceladas e
dos descontos incondicionais concedidos, exceto para as pessoas jurídicas
que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo
percentual corresponderá a 32% (trinta e dois por cento). (Redação dada
pela Lei nº 12.973, de 2014)” (g.n.).
20. No Direito Brasileiro é uníssono que a receita deve consistir sempre num
elemento novo e positivo que adentra o patrimônio de determinado ente
(juridicamente reconhecido) com status de permanência, como resultado do
emprego de recursos pertencentes a este mesmo patrimônio.
V. LIMINAR
38. Por sua vez, o periculum in mora é representado pelos danos impostos ao
Impetrante, levando-se em consideração que, caso não promova a inclusão
do ICMS na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, consoante posicionamento da
D. Autoridade Impetrada, certamente estará sujeito à aplicação de multas
(75% a 150%) mediante a lavratura de Autos de Infração, devendo arcar com
a contratação de advogados para defesa de seus interesses nas esferas
administrativa e judicial. Ainda, poderá ter execuções fiscais ajuizadas com o
risco de ter seu patrimônio penhorado. 39. Consequentemente, a Impetrante
estará sujeito a inscrição de tais débitos em dívida ativa com imediata
restrição na liberação de Certidão Negativa de Débitos (CND), expedida pela
Receita Federal do Brasil, sendo tal documento imprescindível à consecução
ao exercício da atividade.
(i) NÃO INCLUIR o ICMS na base de cálculo do IRPJ e da CSLL nos períodos em
que estes tributos forem apurados sob o regime do lucro presumido;
f) Requer-se, ainda, que a autoridade coatora seja intimada, para que preste
as informações previstas no art. 7º, I, da Lei nº 12.076/09, ouvindo-se, em
seguida, o representante do Ministério Público Federal.
MANDADO DE SEGURANÇA
com pedido liminar inaudita altera parte contra ato coator iminente a ser
praticado pelo Ilmo. Sr. DELEGADO DA DELEGACIA ESPECIAL DE
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM SÃO PAULO
– DERAT, com endereço na Rua Luís Coelho nº 197, 12º Andar, Consolação,
São Paulo/SP, CEP: 01.309-001, vinculado à União Federal, ou quem o
substitua no exercício de suas funções, atentatório ao seu direito líquido e
certo de excluir da base de cálculo Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ)
Contribuição Social do e da Sobre o Lucro Líquido (CSLL) a parcela relativa aos
juros moratórios e à correção monetária incidentes na restituição de tributos
pagos indevidamente, pelas razões doravante expostas
I – DOS FATOS
Ocorre que tais acréscimos são considerados pela Receita Federal do Brasil,
nos termos da Solução de Divergência COSIT nº 19/2003 (doc. 03), como
parcela da composição da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, o que
definitivamente a Impetrante não pode aceitar.
Com efeito, sendo certo que a tributação sobre a renda é compatível com a
taxação de valores relativos aos juros moratórios e à correção monetária, não
resta alternativa às Impetrantes senão a impetração do presente mandamus
para ver debelado o ato coator que vem sendo sistematicamente praticado
pela Autoridade Impetrada.
II – DO DIREITO
***
***
“Para o exame das questões postas neste recurso, creio ser suficiente
considerar quatro aspectos para a definição da base de cálculo possível do
imposto sobre a renda: (i) ACRÉSCIMO PATRIMONIAL resultante do cômputo de
certos (ii) ingressos e de certas (iii) saídas, ao longo de um dado (iv) período
de tempo.” (grifou-se)
***
“Nos termos do artigo 153, inciso III, da Carta Política de 1988, compete à
união instituir impostos ‘sobre renda e proventos de qualquer natureza’. A
incidência da tributação deve obediência estrita ao princípio constitucional da
legalidade (artigo 150, inciso I).
O Código Tributário Nacional, com a autoridade de lei complementar que o
caracteriza, recepcionando pela atual Carta Magna (artigo 34, §5º, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias), define o conceito de renda e o de
proventos de qualquer natureza (artigo 43, incisos I e II).
A CSLL, por sua vez, encartada pelos arts. 195, I, “c” da Constituição Federal,
e 1º da Lei nº 7.689/88, é tributo que, tal como destaca RICARDO MARIZ DE
OLIVEIRA, “é um verdadeiro apêndice do imposto de renda, pois nasceu dele e
dele somente se diferencia, no que é fundamental, pela sua definição e em
alguns aspectos da sua quantificação.”
***
“Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais
juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.”
***
***
“Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigatório o devedor aos juros
da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, com às prestações de
outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por
sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes.” (grifou-se)
“De todo o exposto extrai-se a finalidade dos juros moratórios, qual seja a
imposição de uma pena ao devedor pelo atraso no cumprimento de sua
obrigação. Por esse motivo, os juros moratórios correspondem à remuneração
pelo atraso no pagamento de uma dívida; à indenização pelo retardamento da
execução da obrigação; à prestação acessória devida ao credor como
recompensa pela temporária privação de seu capital”. (grifou-se)
Mas ainda mais grave é o que se passa em relação à correção monetária, cuja
única função é evitar a perda patrimonial decorrente da inflação porventura
ocorrida durante um determinado período, não caracterizando absolutamente
riqueza nova.
4. Os precedentes assentam que: (a) esta contribuição não pode incidir sobre
o lucro inflacionário. A contribuição só pode incidir sobre o lucro real, o
resultado positivo, o lucro líquido e não sobre a parte correspondente à mera
atualização monetária das demonstrações financeiras; (b) o chamado lucro
inflacionário não realizado não é lucro real. A correção monetária não
representa qualquer acréscimo ao valor corrigido e visa preservar o valor
aquisitivo da moeda através do tempo; (c) o artigo 43, do CTN, estabelece que
o imposto de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer
natureza, tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou
jurídica de renda e de proventos de qualquer natureza, sendo certo que lucro
inflacionário não é renda, não é aumento de capital; (d) não se confunde lucro
inflacionário com lucro real. O primeiro engloba no seu quantitativo os ganhos
reais da empresa devidamente atualizados. O ganho real, diferentemente, é
unicamente o resultado da atividade econômica. (e) as demonstrações
financeiras devem refletir a situação patrimonial da empresa, com o lucro
efetivamente apurado, que servirá da base de cálculo para a cobrança do
imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro e do imposto sobre o
lucro líquido; e (f) a correção monetária não traduz acréscimo patrimonial. Sua
aplicação não gera qualquer incremento no capital, mas tão somente o
restaura dos efeitos corrosivos da inflação. Por este prisma, não há como fazer
incidir, sobre a mera atualização monetária, Imposto de Renda, sob pena de
tributar-se o próprio capital.
(AgRg nos EREsp 436.302/PR, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 22/08/2007, DJ 17/09/2007, p. 197)
***
(…)
***
Para que não haja dúvida quanto à aplicabilidade dos julgados acima
destacados ao caso concreto, a Impetrante esclarece que a SELIC é a taxa
utilizada para atualização dos tributos federais, a teor do art. 39, §4º da Lei
9.250/95, estando nela incluída tanto os juros de mora quanto a correção
monetária.
“Saber-se que uma empresa sem certidão negativa para com o fisco
praticamente tem sua atividade inviabilizada, pois não pode transacionar com
os órgãos estatais, firmar empréstimos mesmo com empresas privadas ou
ainda participar de concorrência pública etc. Fica tal empresa na situação de
‘devedor remisso’ e por maior repúdio que faça a jurisprudência às sanções
administrativas impostas ao remisso, não se pode negar que elas existem. A
certidão negativa ou mesmo a certidão positiva com efeito negativo é a chave
da porta da produtividade da empresa.” (grifou-se)
V – DO PEDIDO
a) definir liminar, inaudita altera pars, para que seja suspensa a exigibilidade,
nos moldes do art. 151, IV, do Código Tributário Nacional, do IRPJ e da CSLL
incidentes sobre os juros moratórios e correção monetária referentes à
repetição de tributos pagos indevidamente pela Impetrante;
Nesses termos,
pede deferimento.
MANDADO DE SEGURANÇA
I – DOS FATOS
Nessa linha, ela procura cumprir assiduamente com suas obrigações fiscais
principais ou acessórias, mas não abre mão de recuperar valores que
eventualmente tenha como crédito junto aos entes tributantes.
Além disso, sua CND é prova de que ela não deve um centavo ao Fisco, o que
não lhe deixa alternativa que não seja aguardar o devido pagamento do
ressarcimento em dinheiro (doc. 04).
Com efeito, passados mais de 633 (seiscentos e trinta e três) dias da data de
transmissão do PER, ainda não foi emitido um despacho sequer.
Dessa forma, além da pretensão destacada, para fazer cessar esse grave
prejuízo, ela precisa obter ordem liminar que determine à Autoridade
Impetrada que proceda à apreciação do mencionado PER – que está sujeito à
sua “análise” há quase dois anos –, no prazo de 30 (trinta) dias.
II – DO DIREITO
A ideia de que essa resposta não pode ser demorada, devendo ser realizada
em tempo razoável, também encontra suporte constitucional. Com efeito, ela
é exteriorizada: (i) pelo Princípio da Eficiência Administrativa, alocado no
artigo 37 da Carta Maior como um importante preceito regulador da autuação
da Administração Pública; e, (ii) pela diretriz alçada à categoria de garantia
constitucional pela Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004,
prevista no inciso LXXVIII do artigo 5º da Carta Suprema, que enuncia que “a
todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação”. De forma coerente, esse importante direito também
recebe proteção da legislação infraconstitucional em vários diplomas.
Dessa forma, não resta dúvida de que a indigitada omissão deve ser
eliminada. Para tanto, este MM. Juízo está autorizado a compelir a Autoridade
Impetrada a se pronunciar sobre o pleito da interessada pendente de exame,
de modo a fazer cessar imediatamente essa danosa ilegalidade.
O artigo 24, da Lei 11.457/07 dispõe: "É obrigatório que seja proferida decisão
administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias, a contar
do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do
contribuinte".
A correção monetária deve ser contada a partir do fim do prazo de que dispõe
a administração para apreciar o pedido do contribuinte (trezentos e sessenta
dias), devendo ser fixado como termo inicial de incidência da correção
monetária o 361º dia de tramitação dos pedidos de ressarcimento/restituição.
Para que seja concedida a ordem liminar, tanto a Lei n° 12.016/2009 quanto a
doutrina exigem a presença simultânea dos requisitos da plausibilidade do
direito alegado e do perigo da demora.
IV – DO PEDIDO
…
7. TESE JURÍDICA: PEDIDO DE SUSPENSÃO DE ARROLAMENTO DE BENS;
MANDADO DE SEGURANÇA
com pedido liminar inaudita altera parte, em face de ato praticado pelo
Ilustríssimo Sr. Delegado da Delegacia Especial da Receita Federal de Pessoas
Físicas em São Paulo (DERPF-SP), com endereço na Rua Luís Coelho, nº 197,
3º andar, Bairro Consolação, São Paulo – SP, CEP 01309-001, ou pelo agente
que lhe faça as vezes no exercício da coação impugnada, pelas razões a
seguir expostas.
1. Fatos
Por essa razão – nos termos de ato administrativo expedido pela União1,
pessoa jurídica de direito público interno à qual se vincula a Autoridade
Coatora –, não é possível cogitar a concomitância entre os feitos.
3. Direito
3. 1. Ausência de concomitância entre o Mandado de Segurança nº
002228454.2016.403.6100 e o Processo Administrativo nº 195
15.720509/2016-76
O dinheiro é bem fungível. Não importará quem pagou, mas que a dívida
estará pagaA interpretação da Autoridade Coatora carece de qualquer lógica.
Caso se entenda o arrolamento como medida a ser adotada de maneira
individual para cada devedor, o somatório dos bens arrolados poderá exceder,
em muito, o próprio valor da dívida (sendo justamente o que ocorre no
presente caso).
Ora, nada impede que cada devedor possa, por si, assegurar integralmente o
valor da dívida com arrolamento de seus próprios bens, sendo que tal
característica resta ainda mais acentuada quando o “terceiro” no caso é o
próprio devedor principal!
Com efeito, não se está ofertando bens de terceiro estranho à relação, mas do
próprio devedor principal (EFM), que possui interesse em assegurar
integralmente a dívida, impedindo que diretores indevidamente
responsabilizados por atos regulares de gestão tenham seus patrimônios
constritos em razão de débitos que não são seus.
Veja-se a Instrução Normativa não veda tal expediente, não havendo razões
para sua não aceitação:
De fato, no rito das execuções fiscais, até mesmo um terceiro que não seja
parte na relação jurídico-tributária, o que não é o caso dos autos, pode
oferecer garantia, nos termos do artigo 9º, da Lei das Execuções Fiscais (Lei nº
6.830/80). Veja-se:
“Art. 9º - Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora
e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá: I -
efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de
crédito, que assegure atualização monetária; II - oferecer fiança bancária ou
seguro garantia; III - nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo
11; ou IV - indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela
Fazenda Pública. § 1º - O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer
bem imóvel à penhora com o consentimento expresso do respectivo cônjuge.”
Logo, legítimo o pleito do Impetrante, razão pela qual a segurança deve ser
concedida.
Mais do que isso, se a EFM possui patrimônio suficiente para fazer frente aos
débitos contra ela constituídos, desnecessário o arrolamento dos bens do
Impetrante, até para que não se tenha bens arrolados em valor superior à
dívida cuja satisfação se pretende garantir.
4. Pedidos
Tanto é assim que a própria Receita Federal do Brasil protege o sigilo de tais
informações, requerendo senha para acesso a tais documentos e impondo
sobre eles criptografia apta a proteção da reprodução destes.
...
MANDADO DE SEGURANÇA
com pedido liminar inaudita altera parte em face do ato coator praticado pelo
Ilustríssimo Senhor Delegado da Delegacia Especial de Instituições Financeiras
(DEINF), autoridade integrante da União, com endereço na Rua Avanhandava,
55, 3º andar, Bela Vista, São Paulo, SP, CEP 01306-001, que incluiu
precocemente o nome da Impetrante no CADIN, pelas razões que adiante
passa a expor.
I. FATOS
A despeito da alusão ao prazo de trinta dias para pagamento dos débitos, até
o presente a Impetrante não recebeu a carta com a cobrança amigável com os
respectivos DARFS para pagamento.
II. DIREITO
Para que um débito seja considerado não quitado e, por conseguinte, passível
de inscrição nos registros do CADIN, é imprescindível o transcurso de prazo
para pagamento sem o devido adimplemento da obrigação tributária.
Contudo, não basta ser inadimplente, pois, para ser incluído no CADIN, há que
se constara que a inadimplência perdura há mais de 75 dias, conforme
preceitua o § 2º do aludido dispositivo, verbis:
Não obstante a flagrante violação aos art. 2º, § 2º, da Lei 10.522/2002 e ao
art. 43 do Decreto nº 70.235/72, a precoce inclusão dos débitos no CADIN
atenta contra o princípio do devido processo legal, na medida em que
desconsidera a suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão do
regular processamento do processo administrativo, prevista no art. 151, III, do
CTN.
E concluiu que:
Pede deferimento.
MANDADO DE SEGURANÇA
com pedido liminar inaudita altera parte contra ato do Sr. Procurador Chefe da
Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Jundiaí, com endereço na Rua:
Dr. Torres Neves, nº 508, Centro, Município de Jundiaí, Estado de São Paulo,
CEP 13.201-058, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
II. OS FATOS
a) Fatos antecedentes
III – DO DIREITO
(…)
(...)”
Portanto, tendo em vista que a exigibilidade dos créditos discutidos nos autos
do Processo Administrativo nº … encontra-se suspensa por conta do Recurso
Especial apresentado pela Fazenda Nacional, e pendente de julgamento pela
CSRF, as inscrições dos referidos débitos em DAU configuraram ato ilegal que
deve ser de pronto afastada. Ainda, ad argumentandum, se as inscrições dos
débitos em DAU for ato legítimo, a Impetrante pleiteia seja suspensa qualquer
medida judicial para a cobrança de tais débitos, uma vez que sua exigibilidade
encontra-se suspensa até o julgamento final do Processo Administrativo nº ….
IV. O PEDIDO
Termos em que,
Pede deferimento.
MANDADO DE SEGURANÇA
em face do Ilmo. Titular da D. Delegacia Especial da Receita Federal de
Administração Tributária em São Paulo (ou quem lhe faça as vezes na coação
impugnada), com endereço no Município e Estado de São Paulo, na Rua Luís
Coelho, 197, 12º andar, CEP 01309-001, integrante da Secretaria da Receita
Federal do Brasil, do Ministério da Economia, cuja representação judicial
perante esta E. Subseção Judiciária é exercida pela Procuradoria-Regional da
Fazenda Nacional da 3ª Região, com endereço no Município e Estado de São
Paulo, na Alameda Santos, 647, 15º Andar, CEP: 01419-001, em razão de ter
ilegalmente considerado como não declaradas as Declarações de
Compensação apresentadas pela Impetrante.
4 O erro da D. Autoridade Impetrada deve ter se dado pelo fato de que, tanto
os PER/DCOMPs Anteriores (doc. 06) quanto as DCOMPs Complementares
(doc. 02) foram transmitidos pela Impetrante para a restituição/compensação
de saldos negativos de IRPJ e de CSLL apurados nos anos-calendário de 2015
e 2016.
15 Nos termos do art. 6º, § 1º, inciso II, c/c art. 28, da Lei 9.430/96 (antes e
depois da redação dada pela Lei 12.844/2013), os saldos do IRPJ e da CSLL
apurados em 31 de dezembro do ano-calendário, se negativos, devem ser
restituídos ao contribuinte e podem ser compensados nos termos do art. 74
de referida Lei:
25 Nem poderia ser diferente. Tal como ocorre no processo civil (adstrição das
decisões aos limites do pedido), os Despachos Decisórios anteriores não
poderiam nem mesmo em tese ter decidido sobre parcela do crédito que não
havia sido objeto de solicitação nos PER/DCOMPs anteriores.
25.1 Até mesmo por este motivo, seria impossível afirmar que a Impetrante
não poderia transmitir mais de um PER/DCOMP para partes diferentes do
crédito de saldo negativo apurado em um mesmo período. Uma vez
apresentados os PER/DCOMPs Anteriores com valores a menor do que os
apurados pela Impetrante, e estando a Impetrante impedida de retificar tais
pedidos, até mesmo para se proteger de eventual prescrição precisava
formalizar os pedidos relativos à parte adicional dos créditos – o que se deu
mediante os PERs Complementares e DCOMPs Complementares.
27 Esta conclusão é tão evidente que não teria sido outro o resultado se tais
créditos já tivessem sido incluídos nas PER/DCOMPs Anteriores. Portanto, não
é razoável que, por conta de a Impetrante ter identificado créditos adicionais
em momento posterior, não tenha o direito de ter tal pedido efetivamente
analisado pela D. Autoridade Impetrada.
34.1 Observou a Exma. Relatora que o pedido anterior havia sido negado por
falta de apresentação de documentos acerca do crédito. Tendo em vista que
não houve análise do crédito (em razão da falta de documentação), decidiu-se
que não caberia na hipótese considerar o novo pedido como não declarado
com fundamento no art. 74, § 12, I, c/c § 3º, VI, da Lei 9.430/96. Vejase a
ementa do acórdão:
IV. PEDIDO
...
PRELIMINARMENTE
DA PREVENÇÃO INDUZIDA POR CONTINÊNCIA E DO INTERESSE DE
AGIR
3. Isso porque, o referido mandamus foi impetrado pela Autora para afastar a
imposição de recolhimento do Imposto de Importação (“II”), do Imposto sobre
Produtos Industrializados (“IPI”), da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social sobre a Importação (“COFINS-Importação”) e da
contribuição para o Programa de Integração Social sobre a Importação (“PIS-
Importação”) sobre as estampas ilustradas acessórias da série “Magic: The
Gathering”, especialmente àquelas acessórias do livro “War of the Spark” e da
coleção “Modern Horizons”, objetos da Invoice nº 032768 (HAWB nº
12563105).
I – DOS FATOS
7. Conforme se nota de seu contrato social (vide doc. nº 1), a Autora é pessoa
jurídica regularmente constituída no País, que tem como atividade econômica
principal a compra, venda, importação e distribuição de produtos e acessórios
educativos. Nessas condições, atua como importadora e distribuidora oficial
dos livros e acessórios da série “Magic: The Gathering” em âmbito nacional,
os quais constituem uma das mais importantes linhas de produtos por ela
comercializada no Brasil.
11. Com efeito, além dos diversos autos de infração já lavrados para cobrança
dos referidos tributos, a cada nova importação dos álbuns e estampas
ilustradas que acompanham os livros da série “Magic: The Gathering” a
Autora se vê obrigada a impetrar mandado de segurança2 para desembaraçar
os acessórios sem recolher os tributos que a Ré entende incidentes, onerando
excessivamente a sua atividade econômica e prejudicando a fruição dos
benefícios sociais visados pela Constituição e Lei ao outorgarem imunidade e
isenção aos livros e materiais vinculados.
12. Daí porque não resta alternativa à Autora senão valer-se da presente
demanda para que possa ser declarada a imunidade e isenção nas operações
envolvendo as estampas ilustradas acessórias dos livros da série “Magic: The
Gathering”, e em especial as que são objeto da Invoice nº 032768 (HAWB nº
12563105), nos termos do alínea “d” do inciso VI do artigo 150 da
Constituição Federal de 1988 (“CF/88”) e do inciso XII do parágrafo 12 do
artigo 8º da Lei 10.685, de 30 de abril de 2004. É o que se passa a
demonstrar.
II – DO DIREITO
IMUNIDADE E ISENÇÃO DOS ACESSÓRIOS DOS LIVROS DA SÉRIE
MAGIC THE GATHERING
15. Como se observa das imagens ilustrativas, a série “Magic: The Gathering”
é acompanhada de acessórios desenvolvidos especialmente para estimular e
potencializar a experiência do leitor com o mundo ficcional desenvolvido no
ambiente literário da série.
17. Desse modo, resumir os álbuns e estampas ilustradas que fazem parte do
universo literário da série “Magic: The Gathering” a meras “cartas de jogar”,
como reiteradamente procede a Ré, representa absoluta descaracterização do
seu conceito original, cuja adoção prejudicaria sobremaneira o alcance e
relevância da série perante seu público alvo.
21. Tais representações de trechos da obra literária são essenciais para elevar
a experiência do leitor e envolvimento com o universo criado na série, uma
vez que permite o desenvolvimento da história com as variantes da
imaginação e interação do público alvo.
26. Vale dizer, o uso das estampas ilustrativas para entretenimento apenas
reforça sua natureza de manifestação de liberdade de expressão intelectual,
artística e instrumento de acesso à cultura, cuja proteção motivou o
constituinte e o legislador ordinário a estabelecerem a imunidade e isenção
ora vindicadas.
27. Fixadas essas premissas, convém repisar que a Lei Federal nº 10.753/03
equipara ao livro os materiais relacionados3, ou seja, seus acessórios.
28. Nesse sentido, resta impositivo que se aplique aos acessórios da série de
livros “Magic: The Gathering” a imunidade de II e IPI prevista na alínea “d” do
inciso VI do artigo 150 da CF/88, bem como a isenção, por meio da atribuição
de alíquota 0 (zero), do PIS-Importação e da COFINS-Importação prevista no
inciso XII do parágrafo 12 do artigo 8º da Lei 10.685/04:
• Lei 10.685/04
29. Dessa forma, deve a Autora ter reconhecido seu direito de ver declarada a
imunidade e isenção dos acessórios da série de livros “Magic: The Gathering”,
nos termos da alínea “d” do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal de
1988 (“CF/88”) e do inciso XII do parágrafo 12 do artigo 8º da Lei 10.685, de
30 de abril de 2004, afastando-se atos tendentes a lhe exigir o recolhimento
do II, IPI, PIS-Importação e COFINS-Importação.
III – JURISPRUDÊNCIA
30. Conforme destacado nos fatos que permeiam a presente demanda, a
questão posta sob a apreciação de Vossa Excelência não é nova. Isso porque,
a cada nova importação dos álbuns e estampas ilustradas que acompanham
os livros da série Magic The Gathering a Autora se vê obrigada a impetrar
mandado de segurança4 para desembaraçar os acessórios sem recolher os
tributos que a Ré entende incidentes.
31. Desse modo, a questão já foi objeto de reiterada e detida análise por
todas as Instâncias do Poder Judiciário. No âmbito do E. Supremo Tribunal
Federal, nos autos do Recurso Extraordinário n° 656.203, interposto pela Ré,
concluiu-se o julgamento de discussão que tinha por pano de fundo questão
idêntica à que ora se debate, tendo sido decidido que a imunidade prevista na
alínea “d” do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal alcança os álbuns
de figurinhas e os respectivos cromos, independente da comercialização em
separado, em decisão ementada da seguinte forma:
IV – TUTELA DE URGÊNCIA
43. No mais, cumpre destacar que o provimento de urgência não tem por
objetivo a entrega de mercadorias provenientes do exterior, já que a
importação de referidas mercadorias é lícita, não havendo qualquer óbice
legal ao seu desembaraço. O que se persegue com a tutela de urgência é a
suspensão da exigibilidade do II, IPI, PIS-Importação e COFINS-Importação
supostamente incidentes nas importações das estampas ilustradas acessórias
dos livros da série “Magic: The Gathering”, autorizando-se o desembaraço de
referidas mercadorias independentemente do pagamento de referidos
tributos.
V – PEDIDO
Termos em que,
pede deferimento.
MODELO 1
DOS FATOS
A legislação pertinente, especialmente em seus artigos 15, § 1º, III, “a” e 20,
caput, discorre que, para os prestadores de serviços em geral a base de
cálculo do IRPJ e CSLL é de 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita bruta.
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:
(...)
Nesse prisma, a Requerente não viu opção, senão mover a presente para que
tenha garantido o direito ao recolhimento da base de cálculo dos referidos
tributos a menor para que, com tal redução, possa reduzir e muito os preços
de seus serviços garantindo-se, como consequência, maior acesso a
população aos serviços médicos oferecidos.
Para solução da questão, cabe observar o disposto no art. 106 do CTN, verbis:
Portanto, a intenção da norma, no caso, é que a lei mais benéfica deve ser
sempre aplicada, tendo em vista não ter sido discriminada os casos de sua
inaplicabilidade, não devendo, portanto, o intérprete fazê-lo.
1. O inciso III da letra “a” do art. 15 da Lei 9.249/95, com a redação dada pela
Lei 11.727/2008, assegurou que a base de cálculo do imposto de renda e da
contribuição social sobre o lucro líquido, em cada mês, será determinada
mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita
bruta auferida mensalmente, para as atividades de serviços hospitalares e de
auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia
patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas.
2. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar o REsp
951.251/PR (Rel. Ministro Castro Meira, DJe 03.06.2009), à unanimidade,
firmou o entendimento de que “o art. 15, § 1º, III, “a”, da Lei nº 9.249/95
explicitamente concede o benefício fiscal de forma objetiva, com foco nos
serviços que são prestados, e não no contribuinte que os executa.”
Ainda:
E:
Neste sentido:
DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO
Como sem não bastasse, ainda temos o que dispõem os artigos 167, 170/170-
A e 171, todos do Código Tributário Nacional:
Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo
e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante
concessões mútuas, importe em determinação de litígio e consequente
extinção de crédito tributário.
Por derradeiro, importante ainda salientar que a autora anexa aos autos a
documentação fiscal/contábil de 2014 até o ano de 2017, uma vez que os
documentos relativos ao ano de 2018 e 2019, como trata-se de uma
obrigação acessória, até o ajuizamento da presente, não foram transmitidos
ao Fisco.
Assim, com relação aos últimos 05 (cinco) anos, a Autora faz jus à repetição
do indébito referente aos tributos calculados a maior, em relação ao que foi
pago com a base de cálculo majorada.
Deste modo, não há dúvidas de que o conjunto probatório acostado aos autos
juntamente com as legislações e jurisprudências colacionadas, mediante
análise sistêmica e coesa, configuram perfeita possibilidade de aplicação do
instituto da tutela provisória satisfativa (antecipação dos efeitos da tutela),
fundada na evidência, uma vez que os fatos podem, e o são, comprovados
apenas por provas documentais, todas já anexadas à exordial. Típica hipótese
do artigo 311, inciso II e §Único do CPC/2015.
DO PEDIDO
No mérito:
Seja deferida a ulterior juntada dos documentos fiscais de 2018 e 2019 que
ainda não foram prestados ao Fisco (via obrigação acessória, pois que ainda
estão dentro do prazo cabível para lançamento tributário). Entretanto,
deverão ser considerados para fins de crédito sujeito a repetição/precatório.
DO VALOR DA CAUSA
1 - DOS FATOS
O referido texto normativo, especialmente em seus artigos 15, § 1º, III, “a” e
20, caput, discorre que, para os prestadores de serviços em geral a base de
cálculo do IRPJ e CSLL é de 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita bruta.
Em contrapartida, para os prestadores de serviços hospitalares, a base de
cálculo do IRPJ é de 8% (oito por cento) e a CSLL incide o percentual de 12%
(doze por cento) sobre a receita bruta, para os optantes pelo lucro presumido.
Por fim, insta salientar que a intenção do legislador, no caso sob análise, é a
finalidade extrafiscal do IRPJ e CSLL incidente sobre a receita bruta dos
prestadores de serviços hospitalares, haja vista que é a promoção da saúde,
garantida constitucionalmente, o principal enfoque do benefício fiscal.
Conforme ficará demonstrado em tópico próprio, o STJ firmou e pacificou o
entendimento de que devem ser considerados serviços hospitalares aqueles
que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados
diretamente à promoção da saúde, de sorte que, em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar.
Nesse prisma, a Requerente não viu opção, senão mover a presente para que
tenha garantido o direito ao recolhimento da base de cálculo dos referidos
tributos a menor para que, com tal redução, possa reduzir e muito os preços
de seus serviços garantindo-se, como consequência, maior acesso a
população aos serviços médicos oferecidos.
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:
(...)
Para solução da questão, cabe observar o disposto no art. 106 do CTN, verbis:
Portanto, a intenção da norma, no caso, é que a lei mais benéfica deve ser
sempre aplicada, tendo em vista não ter sido discriminada os casos de sua
inaplicabilidade, não devendo, portanto, o intérprete fazê-lo.
1. O inciso III da letra “a” do art. 15 da Lei 9.249/95, com a redação dada pela
Lei 11.727/2008, assegurou que a base de cálculo do imposto de renda e da
contribuição social sobre o lucro líquido, em cada mês, será determinada
mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita
bruta auferida mensalmente, para as atividades de serviços hospitalares e de
auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia
patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas.
Ainda:
TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. LUCRO PRESUMIDO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
HOSPITALARES. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. 1. A lei escolheu como único critério
distintivo a natureza da atividade prestada, excetuando a incidência da base
de cálculo de 32% sobre as atividades consideradas como de prestação de
serviços hospitalares. Assim, o enquadramento na condição de instituição
prestadora de serviços hospitalares sustenta-se unicamente na natureza dos
serviços prestados, circunstância de cunho objetivo. 2. A base de cálculo
reduzida do IRPJ e da CSLL é legítima em relação apenas aos serviços
prestados pela autora. 3. A jurisprudência do STJ consolidouse no sentido de
que a redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL não inclui as consultas
médicas e as atividades de cunho administrativo, visto que somente os
serviços especializados de saúde, com custos diferenciados, inserem-se no
conceito de serviços hospitalares. 4. A impetrante comprova que presta
serviços que possuem custos diferenciados do simples atendimento
odontológico, tais como cirurgias buco-maxilofaciais, ortodontia, ortopedia
facial, periodontia, fazendo jus à alíquota de 8% e 12%. 5. Reconhecido à
impetrante o direito à redução da base de
cálculo até 1º de janeiro de 2009 (data em que a redução da base de cálculo
do IRPJ e da CSLL passou a ficar restrita a sociedades empresárias), visto que
a autora não está organizada sob a forma de sociedade empresária, mas de
sociedade simples. (TRF-4 - AC: 50098024720134047108 RS 5009802-
47.2013.404.7108, Relator: JOEL ILAN PACIORNIK, Data de Julgamento:
26/06/2014, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: D.E. 14/07/2014)
(destaques não constam no original).
No mesmo diapasão.
E:
Neste sentido:
“TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO ORDINÁRIA – ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA ANTECIPADA DEFERIDA – IRPJ E CSLL – CLÍNICA DE ESTÉTICA –
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS MÉDICOS HOSPITALARES – COMPROVAÇÃO – BASE
DE CÁLCULO IRPJ 8% E CSLL 12% - ART.15, § 1º, III, “A” LEI 9.249/95 –
EQUIPARAÇÃO – AGRAVO DE INSTRUMENTO PARCIALMENTE PROVIDO.” 1.
Recente precedente da S1 do STJ declarou ilegais as restrições existentes nas
IN/SRF nº 480/2004 e IN SRF 539/2005, assentando que o benefício fiscal do
art. 15, §1º, III, da Lei 9.249/95 é objetivo (foco nos serviços prestados –
ligados à promoção da saúde), não subjetivo (em razão da pessoa do
contribuinte), não carecendo de o serviço ser prestado, necessariamente,
dentro de um hospital nem de que o estabelecimento “realize a internação de
pacientes” (REsp 951251/PR). 2. Para os serviços médicos, a T1 do STJ
reconheceu que a “redução da alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere
a toda receita bruta da empresa, genericamente considerada, nas apenas
aquela proveniente de cada atividade específica (prevista na lei que concede
o benefício) desenvolvida pelo contribuinte (REsp 955.753/RS). 3. A vista do
contrato social da autora (prestação de serviços médicos ambulatoriais em
dermatologia, medicina estética, oftalmologia, ortomolecular, endocrinologia e
urologia e realização de cirurgias ocular e vascular e cirurgia plástica de
pequeno e médio porte e serviços de fisioterapia na área estética corporal),
presentes os requisitos do artigo 273 do CPC, legitimando o recolhimento do
IRPJ e a CSLL sobre a base de cálculo de 8% e 12% (respectivamente) da
receita auferida pela prestação tipicamente hospitalar (excluídas as simples
consultas e atividades de cunho administrativo) desses serviços. 4. Agravo de
Instrumento não provido. 5. Peças liberadas pelo Relator. Brasília, 10 de
setembro de 2013, para publicação do acórdão. (destaques da Autora).
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar
dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir
liminarmente. (Grifamos)
4) REQUERIMENTOS
À causa atribui-se o valor R$ 127.002,46 (cento e vinte e sete mil dois reais e
quarenta e seis centavos).
I. FATOS
10. Além disso, é necessário ressaltar que a Medida Provisória n.º 2.158-35, de
2001, criou, para as instituições como a Autora, o PIS-Folha, incidente sobre a
folha de salários, à alíquota de 1% (art. 13, III e IV), nos seguintes termos:
Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha
de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: (...) III -
Instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da
Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV - Instituições de caráter
filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o
art. 15 da Lei no 9.532, de 1997;
12. Portanto, para fazer valer seu direito à imunidade, não restou alternativa à
Autora senão recorrer ao Poder Judiciário, para que seja reconhecido o seu
direito à imunidade prevista pelo artigo 195, §7º da Carta Maior e
regulamentada pelo art. 14 do CTN3, devendo ser afastada exigência de
recolhimento de todas as contribuições à Seguridade Social, conforme se
demonstrará a seguir.
II. DIREITO
18. Nesse sentido, vale destacar que o Egrégio STF pacificou seu
entendimento no julgamento do Leading Case Recurso Extraordinário nº
566622/RS, julgado sob o regime de Repercussão Geral (art. 1.036 do
CPC/2015), em 23.02.2017, de modo a se posicionar pela
inconstitucionalidade formal das exigências introduzidas pelo art. 55 da Lei nº
8.212/91 (e, por questão de premissa lógica, ainda que não tenha sido objeto
do julgamento, a Lei nº 12.101/2009), haja vista que criaram requisitos
adicionais, não previstos em Lei Complementar nem no CTN, para que as
entidades beneficentes de assistência social fruam da imunidade tributária à
qual fazem jus.
19. Com efeito, o Egrégio STF fixou a seguinte tese de Repercussão Geral,
durante o julgamento do Leading Case RE nº 566622/RS, conforme se infere
da Ata de Julgamento publicada em 06/03/2017 (Doc. 05, anexo):
20. Assim, ao exigir qualquer requisito que não seja previsto no art. 14 do
CTN, a Ré viola frontal e diretamente a norma jurídica constitucional
introduzida no sistema pelo artigo 146, II da Carta Maior, bem como a
jurisprudência pacífica do Egrégio STF, sendo claramente inválidas as
exigências estabelecidas pela Lei Ordinária nº 8.212/91 e o Decreto nº
2.536/98.
21. Logo, por se tratar de decisão proferida sob o rito da repercussão geral,
sua observância é imposta pelo art. 927, III, do CPC/2015, o qual estabelece
que “ os juízes e os tribunais observarão os acórdãos em incidente de
assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em
julgamento de recursos extra ordinário e especial repetitivos ”.
26. Nem se alegue que os efeitos do aludido julgamento proferido pelo STF
ainda não seriam verificados, ao argumento de que o respectivo acórdão
ainda não foi publicado.
33. Tem-se, pois, que a regra dos julgamentos proferidos pelo STF é que seus
efeitos são produzidos a partir da publicação da ata de julgamento do diário
oficial.
36. Além dos argumentos já expostos, há que se ressaltar que não há dúvida
de que a Autora cumpre os requisitos do artigo 14 do CTN, conforme
comprovam o Estatuto Social acostado aos autos:
39. Não obstante, para que não restem dúvidas quanto ao direito da Autora,
será requerida neste feito produção de prova pericial, por meio da qual um
expert designado por este Meritíssimo Juízo irá corroborar as alegações aqui
expostas, no sentido de que a Autora cumpre os requisitos do Código
Tributário Nacional para fruição da imunidade à qual faz jus.
Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha
de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: (...) III -
Instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da
Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV - Instituições de caráter
filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o
art. 15 da Lei no 9.532, de 1997;
43. Isso porque, conforme já foi comprovado pela Autora, todos os requisitos
previstos no art. 14 do CTN foram devidamente atendidos, motivo pelo qual é
imune à incidência das Contribuições destinadas ao custeio da Seguridade
Social.
45. Reitere-se que, tal como dispõe o art. 194 da CF/88, a Seguridade Social é
“ um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
e à assistência social ”.
46. E, ao tratar da Previdência Social, o art. 201 da CF/88 delimita sua área de
atuação, qual seja: (i) cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte,
incluídos os acidentes do trabalho, velhice e reclusão; (ii) ajuda à manutenção
dos dependentes dos segurados de baixa renda; (iii) proteção à maternidade,
especialmente, à gestante; (iv) proteção ao trabalhador em situação de
desemprego involuntário; (v) pensão por morte de segurado, homem ou
mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.
49. Logo, não deve a Autora ser onerada ao recolhimento do PIS à alíquota de
1% sobre a folha de salários nos termos dos artigos art. 13 da Medida
Provisória nº 2.158-35.
Tese
A imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da Constituição
Federal abrange a contribuição para o PIS.
Obs: Redação da tese aprovada nos termos do item 2 da Ata da 12ª
Sessão Administrativa do STF, realizada em 09/12/2015.
56. Por sua vez, o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo
é verdadeiramente robusto no caso dos autos, uma vez que sem a tutela aqui
buscada, as Autora ficarão à mercê da cobrança de tributos, o que não se
pode admitir face à imunidade a que faz jus.
61. Por fim, a Autora atesta que todos os documentos ora juntados conferem
com os originais, nos termos do artigo 425, IV e VI, do Código de Processo Civil
e, ainda, comunicam que não possuem interesse na realização de audiência
de conciliação ou mediação, nos termos do art. 319, VII do CPC/2015.
….
Nesse cenário, por discordar da cobrança promovida pela Ré, a Autora busca a
tutela do poder Judiciário para que seja reconhecida a correta apuração dos
tributos pela Autora no ano de 1996, com base nos argumentos de fato e de
direito declinados na presente petição inicial, que serão confirmados na fase
instrutória desse processo, o que resultará, em última análise, no
cancelamento da exigência veiculada pelo PAF nº …
II – OS FATOS
inicialmente a Autora, empresa brasileira, era detida pelo Banco Icatu S.A.,
estabelecido no Brasil (“Icatu brasil”). Essa instituição também era
proprietária do Icatu Bank (Cayman) Co. (“Icatu Cayman”), sediado nas ilhas
Cayman.
Por essa alteração contratual, o Icatu Cayman, antes detido diretamente pelo
Icatu Brasil, passou a fazer parte do patrimônio da Autora.
A autora impugnou a exigência (fls. 57-69 do PAF), porém ela foi mantida em
primeira instância administrativa (fls. 116-124 do PAF). No Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (“CARF”), o Recurso Voluntário do
contribuinte (fls. 128-156 do PAF) foi provido, pelo placar de 5x3, sendo
integralmente cancelada a cobrança (fls. 697-710 do PAF).
No que diz respeito à matéria discutida nos presentes autos, importa ressaltar
que houve grande disputa na esfera administrativa sobre a procedência da
cobrança do IRPJ sobre os lucros apurados no exterior pelo Icatu Cayman. O
lançamento, após ser mantido em primeira instância administrativa, foi
integralmente cancelado pelo CARF e, por fim, submetido à apreciação da
CSRF.
(i) “(…). A questão ora trazida a julgamento judicial foi definida no órgão
superior administrativo onde, diante de uma votação empatada, negou-se
provimento ao recurso do contribuinte, pela aplicação equivocada do
denominado voto de qualidade do presidente do colegiado e que, segundo o
autor, deveria fazer prevalecer a regra do art. 112 do CTN, a qual confere
julgamento favorável ao recorrente na presença de empate das votações do
colegiado. (…)
(ii) “(…) Com relação a aplicabilidade do disposto no art. 112 e incisos do CTN,
razão assiste à impetrante. (…)
A solução dada pela turma julgadora, neste caso, ocorreu com base no que
dispõe o art. 25, 9º do Dec. 70.235/72. (..)
Ademais, ainda que assim não fosse, isto é, ainda que se admitisse que
pudesse o Presidente votar duzas vezes, esse estranho voto de ‘qualidade’
serviria unicamente para decidir qual orientação prevaleceria, e nunca para
formar a maioria qualificada, que necessita de quatro conselheiros, não
podendo o presidente ser contado como se ‘fosse dois’.
Essa decisão apenas segue a orientação firmada pelo I. Ministro Luis Roberto
Barroso, ao analisar a validade do voto duplo conferindo ao Presidente do
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (“CADE”). Confira-se:
A ação estatal, qualquer que seja ela, não pode ser irracional, ilógica,
sem sentido ou contraditória, sobretudo quando essa irracionalidade
prejudica
de forma direta os particulares. Exigi-se um mínimo de coerência nas
ações do Poder Público em geral, exigência essa vinculada à própria ideia de
ordenação estatal e ordenamento jurídico. Dessa premissa, óbvia afinal
em um Estado de Direito, decorrem, como se sabe, os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade, cuja violação conduz o ato
estatal à invalidade.
No plano legal, a previsão de voto duplo extrapola a previsão do artigo 25, §9º
do Decreto nº 70.235, de 6.3.1972 (“Decreto 70.235/72”), que expressamente
estabelece que “os cargos de Presidente das Turmas da Câmara Superior de
Recursos Fiscais, das câmaras, das suas turmas e das turmas especiais serão
ocupados por conselheiros representantes da Fazenda Nacional, que, em caso
de empate, terão o voto de qualidade, o os cargos de Vice-Presidente, por
representantes dos contribuintes”.
Acontece que uma retificação de ato societário não pode ser equiparada a
uma alienação. A alienação é ato que traz consigo a noção de transferência de
propriedade. A retificação verificada, por sua vez, tem propósito
completamente diverso, o de desfazer os efeitos de um ato societário
praticado.
Cabe lembrar que, segundo o artigo 110 do CTN, à lei tributária não é dado
alterar os institutos e definições de direito privado. A Fiscalização federal,
entretanto, com pretenso fundamento na IN 38/96, pretende equiparar a
retificação do contrato social da Autora à alienação de participação em
sociedade estrangeira, tributando a operação por analogia, o que é vedado
pelo CTN.
Neste processo o IRPJ só poderia recair sobre lucros gerados em 1996, pois os
lucros gerados entre 29.8.1995 e 31.12.1995 não estavam sujeitos à
incidência do imposto, visto que a Lei 9.249/95, que instituiu a tributação em
bases universais, sequer vigorava nesse período. O artigo 35 da Lei 9.249/95
confirma que ela só passou a vigorar a partir de 1.1.1996, ou seja, após a
geração dos lucros de 1995.
A Lei 9.249/95 foi editada com o pretexto de fazer com que a tributação pelo
IRPJ deixasse de se restringir somente aos valores auferidos pelos
contribuintes no território nacional, e também albergasse valores apurados
por sociedades coligadas e controladas de empresas brasileiras.
O legislador ordinário, por meio do artigo 25 da referida lei, optou por tributar
o lucro gerado por empresa estabelecida no exterior e para isso, acabou
criando no Brasil uma ficção, ao prever a distribuição automática e integral do
lucro da sociedade estrangeira, fosse ela uma controlada ou uma coligada, no
dia 31 de dezembro de cada ano-calendário. Confira-se:
“Art. 25. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior
serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas
correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano”.
Com isso, a Lei 9.249/95 determinou que a tributação dos lucros produzidos
no exterior deveria ocorrer independentemente da efetiva disponibilização ou
econômica da renda.
A Receita Federal do Brasil, ciente dos vícios contidos na Lei 9.249/95 e a fim
de saná-los, editou a IN 38/96, que determinava a incidência do IRPJ sobre os
lucros produzidos no exterior, somente no momento da sua disponibilização. A
esse respeito confira-se a redação do caput do artigo 2º da referida instrução
normativa:
Ocorre que a IN 38/96, por ser uma norma secundária, cuja natureza e de ato
executivo e tem por finalidade regulamentar o que está na lei, não tem força
para fundamentar ou corrigir os erros da Lei 9.249/95, tributando os lucros
disponibilizados, sob pena de invadir a seara de competência do poder
Legislativo.
Para que não paire qualquer dúvida a respeito do seu direito, a Autora requer
a produção de prova pericial contábil nestes autos para que sejam analisados
só documentos por ela apresentados a fim de que se constate:
Nos termos do artigo 300 do CPC, a tutela de urgência será concedida quando
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito (fumus boni iuris)
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo (periculum in
mora).
O fumus boni iuris da Autora foi comprovado acima, na medida em que restou
demonstrada:
(iv) que com a retificação promovida pela Autora em seus atos societários e
documentos contábeis houve o estorno do patrimônio, da correção monetária
e do resultado do Icatu Cayman em seus registros, não havendo qualquer
distribuição dos lucros gerados no exterior pelo Icatu Cayman para a Autora;
Medidas como essas, farão com que a Autora se veja obrigada a mobilizar
elevados valores para garantir um crédito tributário que, como demonstrado,
decorre de exigência fiscal ilegal e inconstitucional. Além disso, se não houver
a suspensão da exigibilidade dos débitos por meio da concessão de tutela de
urgência, a Autora não poderá obter sua certidão de regularidade fiscal, muito
importante para a normal continuidade de suas operações, terá seu nome
incluído no CADIN Federal e ficará impossibilitada de desenvolver suas
regulares atividades econômicas.
Vale mencionar que não há prejuízo para a Ré, na hipótese do pleito da Autora
ser deferido neste momento processual por esse I. Juízo, já que a concessão
da tutela de urgência apenas suspenderá a exigibilidade do tributo
provisoriamente, até que haja prolação de sentença de primeiro grau. Em
outras palavras, o ônus a ser suportado pela Autora é muito maior do que
qualquer bônus a ser percebido pelas autoridades fiscais, o que justifica a
concessão da tutela de urgência no presente caso.
V. A CONCLUSÃO E O PEDIDO
Caso assim não entenda esse I. Juízdo, o que se admite a título meramente
argumentativo, a Autora requer, seja JULGADA PROCEDENTE a presente Ação
Anulatória para o fim de que sejam totalmente cancelados os débitos de IRPJ
consubstanciados no Auto de infração, relacionado ao Processo Administrativo
nº 16327.000574/00-72 e decorrentes de lucros gerados em 1996, em vista
da sua patente ilegalidade e inconstitucionalidade, pois (i) a exigência fiscal
equipara sem fundamento legal uma retificação de ato societário a uma
alienação e, tal retificação não fez com que os resultados auferidos pelo Icatu
Caymam no exterior fossem distribuídos aos seus investidores no Brasil; (ii) a
IN 38/96, por só vigorar a partir de junho de 1996, não alcança interiramente
os lucros gerados no exterior pelo Icatu Caymam nesse ano, em consonância
com o decidido pela Suprema Corte na ADI 2.588-1/DF e os princípios da
anterioridade e irretroatividade; (iii) o artigo 25 da Lei 9.249/95, ao criar uma
ficção segundo a qual os lucros auferidos no exterior seriam considerados
automaticamente disponibilizados ao final do respectivo ano-calendário,
incorreu em ilegalidade e inconstitucionalidade violando o conceito
constitucional de renda e o disposto no artigo 43 do CTN; (iv) a IN 38/96, ao
tentar corrigir a previsão contida no artigo 25 da Lei 9.249/95, exorbitou sua
função meramente regulamentar e explicativa, inovando indevidamente a
ordem jurídica; e (v) o artigo 2º, §9º da IN 38/96, ao prever a alienação como
hipótese de disponibilização de lucros – fato gerador do IRPJ – novamente
extrapolou suas atribuições criando obrigação não amparada em lei.
…...
I - DOS FATOS
Tal questão será melhor explicitada a seguir, mas, desde já, ressalta-se que a
RFB partiu de um saldo (acumulado) de base negativa de CSL
incontroversamente equivocado, na medida em que considerou, de forma
arbitrária, que lançamento de outro auto de infração lavrado contra o Autor
(PA nº...), que estava (e ainda está) sendo discutido na esfera administrativa,
era definitivo.
Por razões alheias à sua vontade, o Autor não pôde apresentar recurso
voluntário em face da parte da decisão da DRJ que lhe foi desfavorável, o que
determinou o ajuizamento da presente ação.
Nesse contexto, em síntese, o Autor discute neste feito: (item II) ausência de
vedação legal, no ano de 2010, para a dedução das despesas de ágio da base
de cálculo da CSL, (item III da inicial) indevida reconstituição de sua base de
cálculo em 2010 decorrente de lançamento não definitivo, e (item IV)
impossibilidade de aplicação concomitante de multa isolada com multa de
ofício, conforme quadro explicativo abaixo:
Não havia, e isso é certo, lei no ano-calendário de 2010 que fizesse com que
as regras aplicáveis ao IRPJ pertinentes à dedução do ágio fossem estendidas
à CSL.
Possui por base de cálculo o lucro, assim entendido, nos termos da própria lei,
como o resultado do período-base, apurado com observância da legislação
comercial e ajustado por adições e exclusões determinadas pela legislação
específica.
É fato que tanto a base de cálculo do IRPJ como da CSL deriva do lucro
contábil mais ajustes fiscais. Todavia, há que se ressaltar que os ajustes fiscais
são determinados pela legislação aplicável a cada tributo, respectivamente,
haja vista configurarem espécies tributárias distintas, sujeitas, portanto, a
regramento próprio.
Isso implica deduzir que determinada adição prevista na legislação do IRPJ não
poderá, automaticamente, ser considerada adição na base de cálculo da CSL
se a legislação a esta aplicável assim também não dispuser.
A conclusão lógica a que se chegou acima é inegável, uma vez que o próprio
legislador positivou-a, conforme se depreende do já citado artigo 57 da Lei nº
8.981/95.
É notório que, se a lei pretende que uma norma produza efeitos tanto na base
de cálculo do IRPJ como da CSL, ela assim o determina, como se verifica na
própria Lei nº 8.981/95, que, ao limitar a compensação de prejuízos em 30%
do lucro líquido ajustado dispôs a esse respeito em dois artigos distintos (art.
42 para o IRPJ e art. 58 para a CSL).
Tal providência, obviamente, seria absolutamente desnecessária se o citado
artigo 57 tivesse a extensão pretendida pela Ré.
“Art. 60. O valor dos lucros distribuídos disfarçadamente, de que tratam os art.
60 a 62 do Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, com as alterações do art. 20 do
Decreto-Lei nº 2.065, de 26 de outubro de 1983, serão, também
adicionados ao lucro líquido para efeito de determinação da base de
cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido.” (Grifamos)
Por que, então, poderia ser aplicada exegese diversa para a despesa de
amortização de ágio se não há, incontroversamente, comando legal
determinando sua adição na determinação da base de cálculo da CSL? Se não
há, deve, data máxima venia, ser reconhecida a ilegalidade e
inconstitucionalidade do lançamento ora discutido.
Ora, não há dúvida de que o art. 100 do CTN dispõe que são normas
complementares das leis, dos tratados e convenções internacionais e dos
decretos os atos normativos expedidos pela Receita Federal, incluídos as
instruções normativas.
Não restam dúvidas de que a CSL tem base de cálculo própria prevista
expressamente em lei específica (art. 2º da Lei 7.689/88), a qual não pode ser
alterada senão por norma legal expressa, específica e direcionada, e não por
mero ato regulamentar, que não se presta para tal fim.
Impacto, indevido, no PA
16327.721.120/2015-96, discutido
na presente anulatória
R$ 349.267.169,21
R$ 72.431.695,78
R$ 421.698.864,99
Pela referida tabela e pelo cálculo detalhado anexado aos documentos desta
inicial (doc 8.), resta comprovado que se a RFB, ora Ré, tivesse observado o
que determinam os arts. 151, III e 142 do CTN e mantido o valor lançado no PA
16327.722208/2014-09 (doc. 3) como suspenso (sem reflexo em outros
casos), haveria em 2010 base negativa de CSL no valor de R$
200.099.766,67, e não base positiva de R$ 349.267.169,21, que decorre
exclusivamente no valor lançado naquele outro PA.
Com efeito, se a Ré tivesse, tal como já exposto, cumprido o art. 151, III do
CTN e aguardado a finalização da discussão administrativa travada no PA nº
16327.721108/2014-09 (doc. 3), sequer teria ocorrido, relativamente à
discussão da dedução das despesas de ágio da base de cálculo da CSL
(discutida no item anterior) lançamento de valor tributável no processo em
exame.
Nesse ponto, vale reforçar que a DRJ reconheceu que a autoridade fiscal, ao
aplicar a multa isolada no processo administrativo ora discutido (PA
16327.721120/2015-96), não efetuou a compensação legal, nas estimativas
de CSL de maio e junho de 2010, da base negativa daquela contribuição (art.
16 da Lei 9.065/95).
O art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430/96 prevê que, nas hipóteses em que é
constatada a falta ou insuficiência de IRPJ e CSL na apuração ocorrida em 31
de dezembro de cada ano, ocorre a constituição de um crédito tributário com
a imposição da multa de ofício de 75% com a finalidade de penalizar o
contribuinte pela falta ou insuficiência de tributos recolhidos aos cofres
públicos.
Nesse breve contexto, verifica-se que, a multa isolada incide sobre o valor da
estimativa mensal não recolhida, enquanto que a multa de ofício incide sobre
o total dos rendimento não recolhidos pelo contribuinte, que por sua vez já
alberga os valores das referidas estimativas.
Assim, verifica-se, na hipótese em que seja aplicada a multa de ofício à falta
de recolhimento do tributo apurado em lançamento, a ausência de anterior
recolhimento mensal, por estimativa, da CSL (ou, hipoteticamente, do IRPJ),
não deve ocasionar a aplicação cumulativa da multa isolada, de modo
a se evitar a dupla penalização sobre a mesma base de incidência.
Outro não poderia ser o entendimento em face do princípio da consumação,
tão caro do Direito Penal, pelo qual a penalidade aplicável à infração mais
grave absorve a penalidade imposta a eventual infração que antecedeu
aquela e por ela é englobada.
No caso, o recolhimento mensal, por estimativa, supostamente menos que o
devido seria infração prévia e indubitavelmente absorvida pela falta de
pagamento do tributo lançado.
Dessa forma, é incabível falar-se em consumação em sede de penalidade
tributária, vez que se trata de princípio que emana por todo o ordenamento
jurídico, seja na esfera penal, seja na esfera tributária. Com efeito, o
ordenamento jurídico repudia qualquer possibilidade de aplicar dupla
penalidade sobre a mesma base fática.
Para, além disso, é preciso observar que negar a aplicabilidade do princípio da
consumação em âmbito tributário seria admitir sanções desproporcionais, com
caráter confiscatório, o que é expressamente vedado pelo art. 150, inciso IV,
da CF.
Portanto, sendo única a hipótese de incidência, precisamente a suposta falta
de pagamento do tributo lançado, a aplicação da multa de ofício,
cumulativamente com a multa isolada, implica claramente em uma dupla
penalização do mesmo fato, constituindo-se assim um indevido bis in idem,
vedado no ordenamento pátrio.
Assim, em que pese a tentativa da Autoridade Fiscal e da DRJ de
demonstrarem que a multa isolada e a de ofício possuem bases de cálculo e
fatos geradores diversos, é importante destacar que a aplicação da multa de
ofício pela suposta falta de pagamento de tributo ao final do ano-calendário,
pelo citado princípio pela suposta falta de pagamento de tributo ao final do
ano -calendário, pelo citado princípio da consumação, já alberga a punição
pela falta ou insuficiência de recolhimentos das estimativas mensais de CSL
(ou de IRPJ, se o caso).
Justamente, por isso, o descabimento da aplicação cumulativa das multas de
ofício e isolada ora combatida é amplamente amparado pela vasta
jurisprudência atual do C. Superior Tribunal de Justiça, conforme pode ser
observado nas ementas abaixo colacionadas:
“No caso, verifico que o acórdão recorrido está em sintonia com a orientação
da jurisprudência desta Corte segundo a qual a multa de ofício, (art. 44, I, da
Lei n. 9.430/96) aplica-se aos casos de totalidade ou diferença de imposto ou
contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de
declaração e nos de declaração inexata e as multa isoladas limitam-se aos
casos em que não possam ser exigidas concomitantemente com o valor total
do tributo devido, sendo esta absorvida por aquela, em atendimento ao
princípio da consunção.”
“Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades,
interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida
quanto:
I - à capitulação legal do fato;
II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou
extensão dos seus efeitos;
III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.”
V – DA TUTELA DE URGÊNCIA
O perigo de dano ou risco ao resulta útil se revela, ainda, pois caso o Autor se curve ao
ilegal e inconstitucional entendimento da Ré, será desfalcado de valores evidentemente
indevidos pois, como demonstrado, a autuação combatida, em grande parte, sequer
deveria ter dado ensejo ao lançamento de valores tributáveis (deveria, quanto ao item II
da inicial, ter ocorrido apenas a redução da base negativa da CSL auferida pelo Autor em
2010).
Caso não efetue o pagamento, o Autor sofrerá a cobrança imediata da CSL sobre
valores que sequer seriam tributáveis, com acréscimo de multa de ofício e juros de mora,
o que ocasionará, ainda, a inscrição de seus nomes no CADIN e impedirá, de forma
injusta, a expedição de certidão de regularidade fiscal, o que, a menos que seja deferida
a tutela, só poderia ser evitado com o pagamento das exações questionadas.
E, feito o pagamento, a procedência da presente ação restará ineficaz, ainda que ao final
reconhecida, porque então só restará ao Autor como alternativa a repetição do indébito,
com frustração ao princípio da utilidade do processo.
Já a probabilidade do direito encontra-se presente diante da plausibilidade das
alegações expendidas tanto pela incontroversa inexistência no ano de 2010 de
dispositivo legal prevendo restrições à dedutibilidade do ágio do Autor na base de cálculo
da CSL em 2010 (item II) quanto à evidente incorreção do lançamento (item III).
Evidencia-se também a probabilidade do direito alegado quanto ao último tópico da
presente ação (item IV), na medida em que a pretensão do Autor, neste ponto, busca
afastar a exigência concomitante da multa isolada com a de ofício, ilegal e
inconstitucional na visão do C. STJ e do E> TRF da 3ª Região.
Portanto, necessária a tutela cautelar de urgência para suspender a exigibilidade do
crédito tributário até o provimento final da causa, já que é medida imprescindível para
resguardar o direito do contribuinte de não ter seu patrimônio diminuído em vista de
tributação indevida até que esse ilustre Magistrado profira sentença meritória.
Inclusive, verifica-se o débito ora discutido encontra-se no status “DEVEDOR” no extrato
emitido pela Receita Federal do Brasil (doc. 9), que impacta diretamente no direito à
emissão de Certidão de Regularidade Fiscal, bem como na realização de negócios
atrelados ao seu objeto social.
Assim, necessária a concessão de tutela provisória de natureza cautelar para suspender
a exigibilidade do crédito tributário em discussão, nos termos do artigo 151, inciso V, do
CTN, a fim de resguardar a utilidade prática da tutela final, impedindo a injusta oneração
do patrimônio da Autora diante de tributação evidentemente ilegal.
E não há perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão já que na hipótese de
improcedência do pedido inicial o débito poderá ser imediatamente exigido pela Ré.
Com efeito, presentes os requisitos do artigo 300 do CPC, o Autor requer que seja
deferida liminarmente a tutela provisória cautelar, para assegurar a suspensão de
exigibilidade do crédito tributário relacionado ao PA 16327.721120/2015-96, nos termos
do artigo 151, inciso V, do CTN até o provimento final da causa.
VI – DO PEDIDO
Amortização Fiscal de Ágio: como o preço pago pela Korcula foi superior ao
valor patrimonial do Atacadão, a aquisição pela Korcula implicou o
reconhecimento de um ágio na sociedade adquirente (Korcula). Este ágio: (i)
foi fundamentado na expectativa de rentabilidade da Autora, respaldado por
laudo de avaliação elaborado por perito independente; e (ii) passou a ser
legalmente amortizado e deduzido da base de cálculo do IRPJ e da CSL após a
incorporação da Korcula na Autora.
31. Assim, para permitir uma melhor compreensão dos fatos analisados, a
Autora também faz acostar aos autos todos os documentos necessários para a
análise e compreensão da estrutura de aquisição do Atacadão pelo Grupo
Carrefour3[3], quais sejam:
Documentos de constituição da sociedade Korcula;
53. Assim sendo, conclui-se de forma inequívoca que não existe nenhum
requisito previsto na Lei nº 9.532/97 que não tenha sido atendido pela Autora,
e tampouco existe qualquer vício dos atos e negócios jurídicos que
descaracterize os eventos societários descritos nesta inicial.
54. Tanto isso é verdade que o ilustre Professor Ricardo Mariz de Oliveira, em
seu Parecer Jurídico elaborado especificamente para o caso em análise (doc.
nº 12), atestou a legitimidade dos procedimentos adotados pela Autora, em
conformidade com a Lei 9.532/97:
“Como explicado no Segmento II.2 deste parecer, é imprópria a categorização
da Korcula como empresa veículo, cabível apenas quando se interpõe uma
pessoa jurídica para a obtenção de algum tratamento fiscal que não seria
possível sem a interposição. (...) Definitivamente, não é esta a situação da
Korcula, que recebeu aumento de capital, tomou empréstimo, renegociou
empréstimo com novo credor, adquiriu participações societárias no Atacadão
de duas pessoas jurídicas e uma física sem qualquer ligação com a Korcula e
seu grupo econômico, e foi incorporada pelo Atacadão nos termos das Leis n.
6.404 e 9.532 (não destacado no original)
55. Tendo sido verificados todos os requisitos previstos nos artigos 7o e 8o da
Lei 9.532/97, não há como se negar o direito da Autora à amortização fiscal do
ágio anteriormente registrado pela Korcula.
56. Portanto, está demonstrada a total improcedência do auto de infração que
deu origem ao Processo Administrativo nº 16561-720.053/2013-58, que se
valeu de argumentos desarrazoados e de exigências não previstas em lei para
tentar desconsiderar uma transação absolutamente legítima, realizada a
valores de mercado entre partes independentes e que atendeu a todos os
requisitos e condições estabelecidos pela legislação fiscal.
111. No caso analisado pelo Tribunal, exatamente como ocorre neste caso,
houve operação de aquisição de participação societária entre partes
independentes, que gerou um ágio fundamentado na expectativa de lucros do
negócio adquirido. Não houve fraude ou simulação pelas partes envolvidas,
mas tão somente o exercício da livre iniciativa visando a expansão das
atividades dos investidores no Brasil. No presente caso, inclusive, todos esses
aspectos sequer foram questionados pelo auto de infração.
112. E a conclusão da prova pericial não poderia ser diferente: todos os
procedimentos adotados foram legítimos e o ágio foi contabilizado e
amortizado nos termos exigidos pela Lei. Os questionamentos e presunções
do Fisco Federal foram devidamente afastados em função das respostas
concretas obtidas em diligência, que atestaram para a regularidade daquelas
operações.
113. No presente caso, que envolve operação de compra e venda legítima
entre dois grupos econômicos do ramo comercial, é evidente que a realização
da perícia técnica e contábil será imprescindível para comprovar a
legitimidade e efetividade das operações que culminaram com a amortização
fiscal do ágio pela Autora.
124. Para selar qualquer dúvida, a Autora destaca precedentes do E. STJ, que
reconheceu a impossibilidade de exigência concomitante de multa isolada e
de ofício. Confira-se:
“(...) TRIBUTÁRIO. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. ART. 44, I E II, DA LEI
9.430/1996 (REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.488/2007). EXIGÊNCIA
CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. PRECEDENTES. 1. A Segunda
Turma do STJ tem posição firmada pela impossibilidade de aplicação
concomitante das multas isolada e de ofício previstas nos incisos I e II do art.
44 da Lei 9.430/1996 (AgRg no REsp 1.499.389/PB, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/9/2015; REsp 1.496.354/PR, Rel.
Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 24/3/2015). 2. Agravo
Regimental não provido. (...)” (STJ. AgRg no Recurso Especial 1.576.289,
Segunda Turma, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 27.05.2016) (não
destacado no original)
==============================================
“(...) PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.
DEFICIÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. MULTA ISOLADA E DE
OFÍCIO. ART. 44 DA LEI N. 9.430/96 (REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.488/07).
EXIGÊNCIA CONCOMITANTE. IMPOSSIBILIDADE NO CASO. 1. Recurso especial
em que se discute a possibilidade de cumulação das multas dos incisos I e II
do art. 44 da Lei n. 9.430/96 no caso de ausência do recolhimento do tributo.
(...) 3. A multa de ofício do inciso I do art. 44 da Lei n. 9.430/96 aplica-se aos
casos de "totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de
falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de
declaração inexata ". 4. A multa na forma do inciso II é cobrada isoladamente
sobre o valor do pagamento mensal: "a) na forma do art. 8° da Lei no 7.713,
de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha
sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa
física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) e b) na forma do art. 2° desta Lei,
que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou
base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no
ano-calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei
n. 11.488, de 2007)". 5. As multas isoladas limitam-se aos casos em que não
possam ser exigidas concomitantemente com o valor total do tributo devido.
6. No caso, a exigência isolada da multa (inciso II) é absorvida pela multa de
ofício (inciso I). A infração mais grave absorve aquelas de menor gravidade.
Princípio da consunção. Recurso especial improvido. (...)” (STJ,, Recurso
Especial 1.496.354/PR, Segunda Turma, Rel. Ministro Humberto Martins, DJe
24.3.2015) (não destacado no original)
133. A Lei nº 9.250/95, que instituiu a Selic como parâmetro para correção de
débitos tributários, é somente aplicável ao valor principal, isto é, tributos e
contribuições propriamente ditos. A multa aplicada não é débito decorrente de
tributos e contribuições a possibilitar a aplicação da norma legal. Repita-se:
multa é penalidade e, como tal, não há lei que autorize sua correção pela
Selic.
139. Ocorre, Excelência, que ao assim proceder o acórdão do CARF acabou por
violar os princípios constitucionais de garantia aos litigantes da proteção à
ampla defesa, ao contraditório e, especialmente, ao devido processo legal,
assegurados no processo administrativo fiscal pelo artigo 5º, incisos LV e LIV,
da CF.
140. Ora, o empate deveria ter sido mantido entre os votos favoráveis e
contrários aos argumentos lançados pela Autora. Consequência lógica desse
empate, seria a aplicação do artigo 11212[12], incisos I e II, do CTN, que, na
hipótese de dúvida acerca da existência de infração, determina que deve ser
adotada uma interpretação mais favorável ao contribuinte.
141. Logo, a exigência fiscal de IRPJ/CSLL, a multa de ofício, a multa isolada e
juros sobre multa deveria ter sido integralmente cancelada, pois, houve clara
dúvida acerca (i) dos procedimentos adotados pela Autora para dedução das
despesas com amortização fiscal de ágio, e (ii) da exigência incidência de
juros sobre as multas impostas pela Fiscalização. Portanto, a manutenção da
referida exigência fiscal pelo “voto de qualidade” acabou por violar também o
princípio do in dubio pro contribuinte assegurado pelo artigo 112, incisos I e II,
do CTN.
142. Frise-se que a aplicação do artigo 112 do CTN aos casos em que há
dúvida acerca da prática de infração por parte do contribuinte também é
suportada tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência nacionais, que o
compara ao instituto do in dubio pro reo, existente no direito penal. Na dúvida,
o réu deve ser considerado inocente. Isso vale para o principal e para os
acessórios. Especialmente em relação às imputações de natureza punitivas, é
evidente que este princípio deve prevalecer. Assim, se não em relação ao todo
(o que se admite apenas para fins de argumentação), ao menos com relação
às multas de ofício e isolada, a exigência deveria ser cancelada, por clara
ofensa ao artigo 112 do CTN.
143. Portanto, em razão do “voto de qualidade” e considerando que se trata
de interpretação da lei, deve-se aplicar o disposto no artigo 112 do CTN, tal
como já vem sendo reconhecido pelo Poder Judiciário (doc. nº 15),
cancelando-se as exigências fiscais de IRPJ/CSLL, da multa de ofício, da multa
isolada e dos juros impostos (especialmente, dos juros sobre a multa).
DOS FATOS
Diante disso foi lavrado valor exorbitante a título de IRPJ e CSLL, bem como
equivocadamente houve o direcionamento da cobrança em face dos sócios e
de parceiros comerciais da (RAZÃO SOCIAL).
DO MÉRITO
Decadência
O primeiro ponto que chama a atenção é o fato de ter sido constituído crédito
tributário decaído, em clara inobservância do art. 150, §4º, do Código
Tributário Nacional.
Cabe atentar que o IRPJ e CSLL são tributos sujeitos ao lançamento por
homologação e, por isso, devem observar a regra prevista no art. 150, §4º, do
Código Tributário Nacional:
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja
legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem
prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a
referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo
obrigado, expressamente a homologa.(…)
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar
da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública
se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo,
fraude ou simulação.
Cabe destacar que no presente caso houve pagamento dos tributos devidos,
não se aplicando a regra do art. 173, I, do CTN. Dito de outra forma, não
estamos diante de tributo declarado e não pago, mas de fiscalização que
entendeu ser equivocada a forma como o contribuinte calculou o tributo.
Tanto é assim que não há autuação pelo não pagamento do tributo, mas glosa
de documentos fiscais que, equivocadamente, o Fisco considerou inidôneos.
Portanto, é evidente a decadência no presente caso, uma vez que o
dispositivo aplicável é o art. 150, §4º, do CTN, e não a regra do art. 173, I, do
mesmo dispositivo legal.
E nem se diga que seria caso de fraude, dolo ou simulação, o que atrairia a
aplicação do art. 173, I, do CTN, uma vez que esses fatos não foram
comprovados pelo Fisco na tramitação do processo administrativo.
Logo, a constituição do crédito tributário nesse caso é ilegal, uma vez que o
crédito tributário e o pagamento dos tributos já estavam tacitamente
homologados pelos Fisco, na forma do art. 150, §4º, do CTN.
Marcos Vinicius Neder e Maria Tereza Martinez Lopez, ao comentar o art. 10,
III, do Decreto 70.235/1972 são categóricos ao afirmar que:
“(...) a errônea compreensão dos fatos ocorridos ou do direito aplicado pelo
autor é vício que dificilmente poderá ser sanado no curso do processo, pois
incide no motivo do ato. Não é vício formal na descrição, mas no próprio
conteúdo do ato. Não adianta a repetição do lançamento pela autoridade com
a finalidade de aproveitamento do ato anterior pela sua convalidação, pois
remanesce na norma individual e concreta introduzida a mesma anomalia. A
correção somente poderá ser empreendida por meio da invalidação do
lançamento original e a formalização de nova exigência fiscal, se ainda dentro
do prazo decadencial.(Processo Administrativo Fiscal Federal comentado. 3ª
ed. São Paulo: Dialética, 2010, p. 210)
E o que prova que as operações existiram são os cheques emitidos para saldar
duplicatas, documentos esses que não foram aceitos pelo Fisco no
procedimento administrativo.
Logo, o procedimento adotado foi equivocado, uma vez que para se averiguar
se as entradas foram fictícias, deveria ter sido também verificada as saídas.
Se assim procedesse a fiscalização teria percebido que a entrada não foi
fictícia, e as mercadorias foram de fato adquiridas da empresa DACON.
Isso porque o art. 124, II, do CTN determina que a obrigação solidária ocorre
quando for expressamente designada na lei.
O mesmo se diga para o Sr. (...), cujo vínculo era de representante de vendas,
ou seja, atuava mediante mandato outorgado pela Autora.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, com fundamento art. 300, do CPC, a Autora requer seja
deferida tutela de urgência, inaudita altera pars, para o fim de determinar a
suspensão da exigibilidade do crédito tributário constituído no processo
administrativo nº 10932.720.133/2014-42, impedindo a inscrição em dívida
ativa e ajuizamento da execução fiscal.
A Autora requer que as UNIÃO FEDERAL seja citada para oferecer contestação.
que lhe promove a FAZENDA NACIONAL, que requer sejam recebidos nos
efeitos de devolutivo e suspensivo, pelas seguintes razões de fato e de
Direito.
1. Dos Fatos.
Trata-se de Execução Fiscal que tem por objeto a cobrança do IPI apurado no
Processo Administrativo n. 10865.001312/2006-18 (CDA n. 80 3 19 001646-40
– período janeiro a maio de 20012), conforme petição inicial cuja cópia segue
anexa (doc.02).
Como se verá a seguir, contudo, a exigência não tem como prevalecer, razão
pela qual são opostos os presentes Embargos à Execução.
Some-se a isso, ainda, (a) decadência do direito à exigência e (b) vício formal
relativo às decisões proferidas no Auto de Infração que deu origem à Execução
Fiscal, concernente à alteração nos fundamentos do lançamento.
3. Do Direito.
3.1. Decadência.
A Embargante foi intimada da lavratura do Auto de Infração em julho de 2006,
enquanto o período originariamente envolvido na autuação é de janeiro de
2000 a maio de 2001.
Claro, assim, que para fins do IPI, tributo caracterizado pela não
cumulatividade e apuração no regime de conta gráfica, a compensação
equivale ao pagamento, como tem entendido, inclusive, o próprio órgão
administrativo de julgamento (CARF).
Vê-se que o Auto de Infração foi lavrado sob o fundamento de que o crédito
presumido, utilizado pela Embargante no pagamento do IPI, somente seria
devido a quem cumulasse as atividades de produção e exportação, salvo no
caso de exportação via trading company, a quem não poderia ser equiparada
a Embargante (cooperativa de vendas).
Nesse sentido, o voto condutor do acórdão proferido pela DRJ afirma que:
“(...) A decisão recorrida está baseado (sic) no fato da Nota Cosit nº 234, de
01 de agosto de 2003, que deu nova interpretação ao tema, vedando-se à
cooperativa centralizadora de vendas a apuração, escrituração e utilização do
crédito presumido de IPI, cujos trechos de maior relevância para o assunto são
os a seguir transcritos (...)”. (destacamos)
Ao comentar o tema, ensina Alberto Xavier que “o artigo 146 nada mais é,
pois, que simples corolário do princípio da não retroatividade extensível às
normas complementares, limitando-se a esclarecer que os lançamentos já
praticados à sombra de ‘velha interpretação’ não podem ser revistos com
fundamento em ‘nova interpretação.”
(a) A usina cooperada produz açúcar e o entrega, com suspensão de IPI (cf.
Parecer da PGFN citado) para a filial da cooperativa contígua à própria usina,
dentre as quais a Embargante. A filial, tal como a Embargante, lança o
respectivo IPI e o recolhe, no caso de venda interna (as exportações não se
submetem ao imposto).
(d) Os tributos devidos (IPI, PIS e COFINS) são recolhidos exclusivamente pela
cooperativa (ora Embargante), que também apura e escritura o crédito
presumido de que trata a Lei n. 9.363/96.
De igual importância, o art. 87, da mesma lei, estabelece que “os resultados
das operações das cooperativas com não associados, mencionados nos
artigos 85 e 86, serão levados à conta do ‘Fundo de Assistência Técnica,
Educacional e Social’ e serão contabilizados em separado, de molde a permitir
cálculo para incidência de tributos”.
A leitura dos dispositivos referidos não deixa margem a dúvida: a entrega,
pela cooperada, de sua produção à cooperativa encarregada da venda não se
equipara nem corresponde a operação mercantil de venda. Por isso, inclusive,
a jurisprudência sempre afastou a tributação do ato cooperativo, admitindo
apenas a tributação das cooperativas no que respeita aos atos não
cooperativos.
Natural, nesse sentido, que o crédito presumido seja por ela apurado e
transferido a suas filiais (da cooperativa), até porque o resultado da
cooperativa reflete necessariamente junto às cooperadas.
Ora, se uma pessoa jurídica com filiais pode (atualmente, deve) apurar o
crédito presumido de forma centralizada na matriz e transferir os respectivos
montantes a seus estabelecimentos, não há porque não ser tal procedimento
também admitido em relação às cooperativas.
Desse modo, nada mais adequado do que lhe dar o mesmo tratamento
atribuído às empresas em geral, inclusive quando distintos os
estabelecimentos produtor e exportador, como previsto no Ato Declaratório
Normativo nº 8, de 15/07/1998: “1. A opção pela apuração centralizada do
crédito deverá ser estendida à empresa como um todo, ainda que a produção
e a exportação sejam efetuadas através de estabelecimentos diferentes,
mesmo que a empresa tenha apenas dois estabelecimentos, um produtor e
outro exportador.”
Por último, há uma terceira observação e não menos relevante questão que
restou ignorada pelas decisões proferidas no âmbito administrativo: nos
termos do “Contrato de Execução Firmado” entre a Embargante e suas
cooperadas (cópia exemplificativa – doc.07), toda a produção das
cooperadas/usinas lhe era transferida, para a formação do estoque comum.
Realmente, uma vez apurado o crédito, era, como foi, escriturado pela matriz
(como determina a lei) e transferido às filiais da cooperativa, dentre as quais a
Embargante, para a absorção do IPI por elas (filiais) apurados. Esse IPI nada
mais é do que o imposto devido (e substituído), originariamente, pelas
próprias cooperadas.
Realmente, por força do disposto no artigo 35, inciso II, da Lei nº 4.502/64
com as alterações do artigo 31, da Lei nº 9.430/96 em razão do acordo de
substituição tributária firmado entre a Cooperativa e suas cooperadas, (frise-
se, com anuência da Coordenação Geral do Sistema de Tributação – COSIT da
Secretaria da Receita Federal – fls. 410/413), podemos reconhecer a condição
desta, de contribuinte substituto (responsável tributário) em relação ao IPI
incidente sobre nas operações realizadas com as cooperadas.
(...)
Vale dizer, a exportação por intermédio de cooperativa não pode implicar ônus
fiscal superior àquele verificado na exportação sem tal peculiaridade, como já
decidido pelo E. STJ.
Como já decidiu, ainda, o E. STF sob a sistemática de Repercussão Geral, “A
definição do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo se insere na
órbita da opção política do legislador”, mas, “Até que sobrevenha a lei
complementar que definirá esse adequado tratamento, a legislação ordinária
relativa a cada espécie tributária deve, com relação a ele, garantir a
neutralidade e a transparência, evitando tratamento gravoso ou prejudicial ao
ato cooperativo e respeitando, ademais, as peculiaridades das cooperativas
com relação às demais sociedades de pessoas e de capitais” (RE 599.362, Rel.
Min. Dias Toffoli, julgado em 06/11/2014, destacamos).
5. Pedido.