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CICLO DE POLITICAS PUBLICAS

 Ciclo de políticas públicas: É o processo de elaboração de políticas públicas. Um


esquema de visualização e interpretação que organiza a vida de uma política pública
(fases sequenciais e interdependentes).
 Sete fases principais:
1) Identificação do problema;
2) Formação da agenda;
3) Formulação de alternativas;
4) Tomada de decisão;
5) Implementação;
6) Avaliação;
7) Extinção.
 O ciclo de politicas publicas raramente reflete a real dinâmica ou vida de uma política
publica
 Na pratica as fases geralmente se apresentam misturadas e as sequencias se alternam.
O processo é incerto e as fases não são nítidas
 “Modelo da lata de lixo”: Soluções, muitas vezes, nascem antes dos problemas. Em
alguns contextos a identificação do problema está mais relacionada ao fim do processo
do que ao início.
 Utilidade do ciclo:
- Ajuda a organizar as ideias
- Simplificar a complexidade das PP.
- Ajuda políticos, administradores e pesquisadores a criar referencial comparativo.

1) Identificação do problema
 Um problema é a discrepância entre status quo (atuais estados das coisas) e
uma situação ideal possível.
 Um problema público é a diferença entre o que é e aquilo que se gostaria que
fosse a realidade pública.
 -Pode aparecer subitamente (catástrofe)
 - Pode ganhar importância aos poucos (ex: congestionamento)
 - Pode estar presente durante muito tempo, mas não recebe atenção suficiente
(coletividade aprendeu a conviver com ele) (Ex: favelização).
 Um problema nem sempre é reflexo da deterioração de uma situação de
determinado contexto, mas sim de melhora da situação em outro contexto: Ex:
se meu vizinho compra um carro novo, eu começo a perceber o meu como
velho.
 A identificação do problema publico envolve:
1- A percepção do problema: As pessoas precisam enxergar aquilo como
problema. Conceito subjetivo ou intersubjetivo. É necessário afetar a
percepção de muitos atores para ser considerado um problema
2- A definição ou delimitação do problema: Definir quais são seus
elementos, e sintetizar em uma frase a essência dele. Etapa crucial (são
criados norteadores - conjunto de causas; soluções; culpados; obstáculos;
avaliações.). Qualquer definição oficial é temporária. Pode ser mudado ao
longo do processo.
3- A avaliação da possibilidade de solução: Um problema sem solução não
é um problema. Dificilmente um problema é identificado socialmente se
não tem potencial de solução.
 Atores: Se preocupam em identificar problemas públicos:
- Partidos políticos;
- Agentes políticos;
- Organizações não governamentais (encaram o problema como matéria prima
de trabalho)
 Se um problema é a identificado por algum ator político, e esse ator tem
interesse na sua resolução, este poderá então lutar para que tal problema entre
na lista de prioridades de atuação.

2) Formação da agenda
 Agenda: Conjunto de problemas ou temas entendidos como relevantes.
 Agenda política: Conjunto de temas ou problemas visto pela comunidade
política como merecedor de investigação pública.
 Agenda formal: Problemas ou temas que o poder público já decidiu enfrentar.
 Agenda da mídia: Lista de problemas que recebe atenção dos diversos meios
de comunicação. (poder que a mídia possui sobre a opinião pública). - Por
diversas vezes, ela condiciona as outras agendas.

 Os problemas entram e saem das agendas. Eles ganham notoriedade e


relevância e depois desinflam
 fazem com que problemas não permaneçam ou até mesmo não consigam
entrar na agenda:
- limitação de recursos humanos
- financeiros
- materiais
- Falta de tempo
- falta de vontade política
- falta de pressão popular

 Teoria do equilíbrio pontuado: período de estabilidade


- pressão política de manutenção
período de emergência (ruptura):
- acessão de novos problema ou redefinição de velhos.
- Mudança da compreensão da essência do problema
- novos apelos
forças de empreendedores de políticas públicas.

 Existem problemas que ganham ou perdem espaço progressivo


(congestionamento)
 problemas cíclicos (ganham ou perde espaço de acordo com episódios
marcantes ou sazonalidade) (criminalidades, dengue);
 problemas adormecidos: ganham súbita atenção e depois voltam a
normalidade (segurança nacional).
 3 condições para que um problema entre na agenda política:
1) Atenção: Diferentes atores entendem a situação como merecedora de
investigação.
2) Resolutividade: ações devem ser necessárias e factíveis
3) Competências: Deve ser de responsabilidade publica

3) Formulação de alternativas
 Formulação de soluções: Estabelecimento de objetivos e estratégias e estudo dos
potenciais consequências de cada alternativa de solução.
 Formulação de alternativa: consequências do problema, escrutínios formais e informais
e potenciais custos e benefícios de cada alternativa disponível.
 Objetivos: Esperam que sejam os resultados da politica publica  Podem ser de
maneira mais frouxa (diminuir o desempregou) ou mais concreta (reduzir em 20% o
número de desempregados de tal município em 6 meses)
 Quanto mais concretos forem os objetivos, mas fácil será verificar a eficácia da politica
pública.
 Mas o estabelecimento de metas é dificultoso (ex: resultados quanti não consegue
mensurar resultados quali). metas podem trazer frustração que seria prejudicial.
 O estabelecimento de objetivos: Importante para nortear a construção de alternativas e
as posteriores fases de tomada de decisão, implementação e eficácia da política.
 Construção de alternativas: elaboração de métodos, programas, estratégias ou ações
para alcançar os objetivos estabelecidos.
 Um mesmo objetivo pode ser alcançado de várias formas, por diversos caminhos
 Cada uma das alternativas vai requerer diferentes recursos técnicos, humanos, materiais
e financeiros. Cada uma das alternativas terá chances diferentes de ser eficaz.
 Mecanismo para indução de comportamento: Premiação; Coerção; Conscientização;
soluções técnicas (soluções práticas).
 Cada um desses mecanismos também tem implicações nos custos de elaboração da
politica e nos tempos requeridos para receber efeitos práticos sobre os
comportamentos.  Alguns são mais propícios em certas situações e desastrosos em
outras.
 Esses mecanismos genéricos são uma versão sintetizada dos instrumentos de politicas
públicas.
 Avaliação: investigação sobre as consequências e custos das alternativas.
- Pode usar para avaliar: projeções, predições e conjecturas
- Projeções: Tendencias presentes ou historicamente identificadas. Baseiam se em fatos
passados ou atuais. Depende de fontes seguras de informação. Ex: tendencias de
crescimento populacional, tendencias de crescimento econômico e etc.
- Predições: aceitação de teorias, proposições ou analogias que tentam prever as
consequências das diferentes políticas. - os pressupostos tentam "prever" resultados,
comportamentos, efeitos econômicos. Ex: arvore de decisões.
- Conjecturas: Juízos de valor criados a partir de aspectos intuitivos ou emocionais. Ex:
tempestade de ideias.
 Projeções, predições e conjecturas são utilizadas para conseguir melhor aproximação
dos acontecimentos do futuro por meio de um caminho menos adivinhatório ou
baseado na sorte.
 Instabilidade e complexidade: Instabilidade e complexidade das condições sociais
dificultam qualquer trabalho de previsão. falta de informação atualizada, consistentes e
confiáveis. Falta de tempo e recurso financeiro para estudos confiáveis.
 Conjecturas: Por conta dos desafios ela acaba sendo a mais usada.

4 – Tomada de decisão

 Momento em que os interesses dos atores são equacionados e as intenções (objetivos


e métodos) de enfrentamento de um problema publico são explicitadas
 1 – Os tomadores de decisão têm problemas em mãos e correm atras de soluções:
busca escolher qual alternativa é mais apropriada em termos de custo, rapidez,
sustentabilidade, equidade ou qualquer outro critério para a tomada de decisão. Aqui,
problemas nascem primeiro e depois são tomadas as decisões (modelos de
racionalidade limitada e absoluta)
 2 – Os tomadores de decisão vão ajustando os problemas as soluções, e as soluções
aos problemas
 3 – Os tomadores de decisão têm soluções em mãos e correm atras de problemas
 Nem sempre o problema é claro, nem sempre os objetivos são claros ou coerentes
com o problema, nem sempre existem soluções, nem sempre (ou quase nunca) é
possível fazer uma comparação imparcial sobre alternativas de solução, nem sempre
há tempo ou recursos para tomadas de decisão estruturadas.
 As politicas publicas não se concretizam conforme idealizadas no momento do
planejamento.
 Modelo incremental: Método que acaba sendo mais usado  problemas e soluções
são definidos, revisados e redefinidos simultaneamente; decisões são consideradas
dependentes dos interesses dos atores envolvidos no processo de elaboração da
política pública.  a solução escolhida nem sempre é a melhor opção, mas sim aquela
que foi politicamente lapidada em um processo de construção de consensos e de
ajuste mutuo de interesses.
 O elemento politico fala mais alto que o elemento técnico.
 Outra forma: primeiro criam soluções para depois correr atras de um problema para
solucionar. Modelo dos fluxos múltiplos.
 O nascimento de uma politica publica é muito dependente da confluência de
problemas, soluções e condições políticas favoráveis.
 O fluxo dos problemas é dependente da atenção do público. Empreendedores de
políticas públicas (fluxo das soluções dependem deles).
 O fluxo da politica varia de acordo com eventos especiais, como o desenho e a
aprovação de orçamento público, reeleições, substituições de membros do executivo.
 Janela de oportunidades  é a possibilidade de convergência desses três fluxos, um
momento especial para o lançamento de soluções em situações políticas favoráveis.
São raras e permanecem abertas por pouco tempo. As decisões são meros encontros
causais dos problemas, das soluções e das oportunidades de tomada de decisão.
 Empreendedores de políticas públicas (governamentais ou não): buscam deixar marcas
por meio de politicas publicas adotadas e reconhecidas.
 TABELA RESUMIDA.

5 – Implementação da politica publica

 A fase de implementação é aquela em que regras, rotinas e processos sociais são


convertidos de intenções em ações
 A implementação de politicas publicas não se traduz apenas em problema técnico ou
problema administrativo, mas sim em um grande emaranhado de elementos políticos
que frustram os mais bem-intencionados planejadores.
 Ex: “leis que não pegam”, “programas que não vingam” ou programas e projetos que
são desvirtuados na implementação.
 A importância de estudar a fase de implementação está na possibilidade de visualizar,
por meio de esquemas analíticos mais estruturados, os obstáculos e as falhas que
costumam acometer essa fase do processo nas diversas áreas de políticas publicas
 Também significa visualizar erros anteriores a tomada de decisão, a fim de detectar
problemas mal formulados, objetivos mal traçados, otimismos exagerados.
 Elementos de analise: pessoas e organizações, interesses, competências (técnicas,
humanas e de gestão) e comportamentos variados. Relaçoes existentes entre as
pessoas, as instituições vigentes, os recursos financeiros, materiais, informativos e
politcos (capacidade de infleuncia)
 A fase de implementação é aquela em que a administração publica reveste-se de sua
função precípua: executar as politicas publicas
 Instrumentos de política pública: meios disponíveis para transformar as intenções em
ações politicas  regulamentação; Desregulamentação e legalização; aplicação da lei
(punição); Impostos e taxas (fiscal); Subsidio e incentivo fiscal (isenção); Prestação
direta de serviço publico (serviço prestado pela organização publica); Terceirização de
serviço público; Prestação publica de serviço de mercado (compra do serviço. Ex:
correio); Prestação privada de serviços de mercado (compra do serviço. Ex: telefonia
móvel).; Informação ao publico (disseminação de informação);
campanhas/mobilização (mobilização para doação de sangue); seguros
governamentais (compensação por fatalidade e infortúnio); discriminação seletiva
positiva (compensação de situação de fragilidade); Premios e concursos (estimulo a
boas práticas); certificados e selos (adesão. Ex: ISO)
 Existem instrumentos mistos (que combinam mais de um tipo) e diversas gradações
dos usos de mecanismos de coerção, persuasão, apelo ao senso de dever moral e de
variantes tecnológicas que otimizam cada aspectos dos instrumentos.
 Dois modelos de implementação de política pública: cima para baixo; de baixo para
cima
 De cima para baixo: separação clara entre momento de tomada de decisão e o de
implementação; politicas publicas devem ser elaboradas e decididas pela esfera
politica e que a implementação é mero esforço administrativo de achar meios para os
fins estabelecidos; estratégia política de lavar as mãos; se as políticas, os programas e
as ações estão bem planejadas, com objetivos claros e coerentes, então uma má
implementação é resultado de falhas dos agentes (ex: policiais, professores, médicos);
deslocamento da culpa.
 De baixo para cima: maior liberdade de burocratas e redes de atores em auto-
organizar e modelar implementação de políticas públicas. Os implementadores têm
maior participação no escrutínio do problema e na prospecção de soluções durante a
implementação e, posteriormente, os tomadores de decisão legitimam as praticas já
experimentadas. Política pública é modificável por aqueles que a implementam no dia
a dia.

6 – Avaliação da politica publica

 Processo de julgamentos deliberados sobre a avaliação de propostas para a ação


pública, bem como sobre o sucesso ou a falha de projetos que foram colocados em
pratica.
 Distinção entre avaliação ex ante (anterior a implementação) e a avaliação ex post
(posterior a implementação) e ainda avaliação intinere (durante o processo de
implementação para fins de ajustes imediatos)
 Avaliação: implementação e desempenho da politica é examinada com intuito de
conhecer melhor o estado da política e o nível de redução do problema que a gerou.
Feedback.
 Definição de critérios, indicadores e padrões.
 Critérios: julgar se uma política funcionou bem ou mal  economicidade;
produtividade; eficiência econômica; eficiência administrativa; eficácia; equidade
(homogeneidade de distribuição de benefícios). Os critérios são operacionalizados por
meio de indicadores.
 Indicadores: são artifícios que podem ser criados para medir
 Padrões
 A avaliação da politica publica pode levar a:
- Continuação da politica publica da forma que está, nos casos em que as adversidades
de implementação são pequenas.
- Reestruturação marginal de aspectos práticos da politica publica, nos casos em que
as adversidades de implementação existem, mas não são suficientemente graves para
comprometer a política;
- Extinção: problema foi resolvido ou os problemas de implementação são
insuperáveis, ou a política se torna inútil pelo natural esvaziamento do problema.
 Avaliações completas e significativas são difíceis de realizar: tarefa dispendiosa; as
vezes os objetivos da politica não são claros; ou o problema é a multicausalidade
(efeitos sociais produzidos pelas políticas x efeitos produzidos por outros fatores –
difícil separar); resistência daqueles que são avaliados.
 Outras dificuldades: forma de apresentar os resultados do processo avaliativo; tempo
de maturação de uma política pública (efeitos tangíveis apenas após 10 anos. Isso
porque as politicas publicas exigem um tempo de ajustamento, de assimilação de seus
propósitos e de mudança no comportamento dos atores afetados por ela; interesses
em jogo no momento de avaliação (produzem informações que podem ser utilizadas
instrumentalmente na disputa política e também produzem informações uteis ao
debate político)

7 – Extinção da politica publica

 Morte ou extinção da política publica


 Quando as politicas publicas morrem, continuam vivas ou são substituídas por outras.
 Causas da extinção:
- O problema foi resolvido
- Percebida como ineficazes
- Problema, mesmo não resolvido, perde a importância nas agendas politicas formais
(causa mais comum)
 Existem politicas com prazo de validade determinado.
 No geral, a extinção de políticas públicas é dificultosa por causa da relutância dos
benefiados, da inercia institucional, do conservadorismo, dos obstáculos legais e dos
altos custos de iniciação.
 OBS: politicas de tipo distributivo são difíceis de serem extintas: coletividade
geralmente encontra dificuldades práticas de lutar contra interesses concentrados.
 Falta de atores políticos interessados em fazer uma faxina nas politicas publicas que
não tem mais razão de existir.
 Não são raros os casos em que uma politica publica continua viva mesmo depois que o
problema que a gerara já tenha sumido.
 Lutar contra a extinção: continuar produzindo fortes argumentos de urgência e
necessidade para que o trabalho continue percebido como relevante para a sociedade.
 Similarmente ao nascimento, a extinção de políticas públicas também depende de
janelas de oportunidade.

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