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Índice

Apostila Preparatória Para Concursos Públicos

Área: SAÚDE
Assistente social
A Apostila Preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial, com base no último concurso
para este cargo, elaboramos essa apostila a fim que o aluno antecipe seus estudos. Quando o novo concurso
for divulgado aconselhamos a compra de uma nova apostila elaborada de acordo com o novo Edital. A
antecipação dos estudos é muito importante, porém essa apostila não lhe dá o direito de troca, atualizações ou
quaisquer alterações sofridas no Novo Edital.

ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS

LÍNGUA PORTUGUESA

1. Interpretação de texto: informações literais e inferências possíveis; ponto de vista do autor; significação contextual
de palavras e expressões; relações entre ideias e recursos de coesão; figuras de estilo.........................................................01
2. Conhecimentos linguísticos: ortografia: emprego das letras, divisão silábica, acentuação gráfica, encontros vocálicos
e consonantais, dígrafos; classes de palavras: substantivos, adjetivos, artigos, numerais, pronomes, verbos, advérbios,
preposições, conjunções, interjeições: conceituações, classificações, flexões, emprego, locuções. Sintaxe: estrutura da
oração, estrutura do período, concordância (verbal e nominal); regência (verbal e nominal); crase, colocação de pronomes;
pontuação......................................................................................................................................................................................26

RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO

1. Resolução de problemas envolvendo frações, conjuntos, porcentagens, sequências (com números, com figuras,
de palavras).................................................................................................................................................................... 01
2. Raciocínio lógico-matemático: proposições........................................................................................................ 04
Conectivos................................................................................................................................................................ 06
Equivalência............................................................................................................................................................. 10
Implicação lógica..................................................................................................................................................... 12
Argumentos válidos................................................................................................................................................. 15

LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS

1. Evolução histórica da organização do sistema de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de Saúde
(SUS) – princípios, diretrizes e arcabouço legal......................................................................................................... . 01
2. Controle social no SUS........................................................................................................................................ 06
3. Resolução 453/2012 do Conselho Nacional da Saúde......................................................................................... 10

Didatismo e Conhecimento
Índice
4. Constituição Federal, artigos de 194 a 200. ....................................................................................................... 13
5. Lei Orgânica da Saúde - Lei no 8.080/1990, Lei no 8.142/1990 e Decreto Presidencial no 7.508, de 28 de junho
de 2011. .......................................................................................................................................................................... 15
6. Determinantes sociais da saúde........................................................................................................................... 29
7. Sistemas de informação em saúde....................................................................................................................... 30

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.Serviço Social na contemporaneidade. ................................................................................................................ 01


1.1.Debate teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo do Serviço Social e as respostas profissionais
aos desafios de hoje. ...................................................................................................................................................... 01
1.2.Condicionantes, conhecimentos, demandas e exigências para o trabalho do serviço social em empresas.............10
1.3.O serviço social e a saúde do trabalhador diante das mudanças na produção, organização e gestão do trabalho. ...... 14
2 História da política social..................................................................................................................................... 18
2.1 O mundo do trabalho na era da reestruturação produtiva e da mundialização do capital........................... 27
3 A família e o serviço social. Administração e planejamento em serviço social................................................... 30
3.1.Atuação do assistente social em equipes interprofissionais e interdisciplinares. .......................................... 40
3.2.Assessoria, consultoria e serviço social. ........................................................................................................... 41
3.3.Saúde mental, transtornos mentais e o cuidado na família. ............................................................................ 48
3.4.Responsabilidade social das empresas.............................................................................................................. 55
3.5.Gestão em saúde e segurança............................................................................................................................ 61
3.6.Gestão de responsabilidade social. Conceitos, referenciais normativos e indicadores. ................................. 64
4.História e constituição da categoria profissional................................................................................................. 69
5.Leis e códigos relacionados ao trabalho profissional do Assistente Social......................................................... 75
6.Pesquisa social. Elaboração de projetos, métodos e técnicas qualitativas e quantitativas................................ 89
7.Planejamento de planos, programas e projetos sociais...................................................................................... 94.
8.Avaliação de programas sociais............................................................................................................................ 96

Didatismo e Conhecimento
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Atenção
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Português - paginas 82,86,90.
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Didatismo e Conhecimento
Artigo
O conteúdo do artigo abaixo é de responsabilidade do autor William Douglas, autorizado gentilmente e sem cláusula
de exclusividade, para uso do Grupo Nova.
O conteúdo das demais informações desta apostila é de total responsabilidade da equipe do Grupo Nova.

A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO

Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.

Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.

E então, você já teve estes problemas?


Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito,
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a
tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral,
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão
aumentar seu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o
seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem
seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em
tudo que fazemos.

*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.

Didatismo e Conhecimento
LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA PORTUGUESA
Língua Portuguesa O roteiro abaixo poderá auxiliá-lo a resolver a maioria dos tes-
tes que envolvem compreensão e interpretação de textos nas provas
1. Interpretação de texto: informações literais e inferências de Português.
possíveis; ponto de vista do autor; significação contextual de pala-
vras e expressões; relações entre ideias e recursos de coesão; figu- Roteiro para compreensão e ou interpretação de textos
ras de estilo.
1. Leia o texto pelo menos por duas vezes. Na primeira, para ter
uma visão geral dele; na segunda, destacando suas ideias principais.
2. Conhecimentos linguísticos: ortografia: emprego das letras,
divisão silábica, acentuação gráfica, encontros vocálicos e conso- 2. Leia duas vezes cada alternativa para descartar as absurdas e
nantais, dígrafos; classes de palavras: substantivos, adjetivos, arti- que nada têm a ver com o texto.
gos, numerais, pronomes, verbos, advérbios, preposições, conjun-
ções, interjeições: conceituações, classificações, flexões, emprego, 3. Observe o comando do enunciado da questão, se for de com-
locuções. Sintaxe: estrutura da oração, estrutura do período, con- preensão, entendimento ou intelecção, localize a resposta no tex-
cordância (verbal e nominal); regência (verbal e nominal); crase, to; se for de interpretação, interprete o que o autor quis dizer, nunca
colocação de pronomes; pontuação. o que você pensa sobre o texto.

4. Atenção especial às palavras opção correta, opção incorre-


Prof. Carlos Kappler ta, exceto, não, sempre, respectivamente, é obrigatório, é neces-
sário, deve, pode, inclusive.
Pós-Graduação na Faculdade São Luís: Língua Portuguesa,
5. Tome cuidado com os vocábulos relatores - aqueles que re-
Compreensão e Produção de Textos; Bacharel em Letras pela
metem a outros vocábulos do texto: pronomes relativos, pronomes
USP; Coordenador Pedagógico e Professor de Língua Portuguesa
pessoais, pronomes demonstrativos etc.
em diversos cursos preparatórios; Autor de diversas apostilas de
Português e de testes comentados para concursos. 6. Se duas alternativas parecerem corretas, busque a mais com-
pleta.

7. Se o enunciado solicitar a ideia principal ou tema, geral-


INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: mente situa-se na introdução do texto (primeiro parágrafo) ou na
INFORMAÇÕES LITERAIS E conclusão (último parágrafo).
INFERÊNCIAS POSSÍVEIS; PONTO 8. Evite os seguintes tipos de erros: a) extrapolação - acrescen-
DE VISTA DO AUTOR; SIGNIFICAÇÃO tar ideias que não estão no texto); b) redução - dar atenção a alguns
CONTEXTUAL DE PALAVRAS E trechos do texto, não o analisando como um todo; c) contradição:
EXPRESSÕES; RELAÇÕES ENTRE concluir contrariamente ao texto; omitir passagens importantes para
IDEIAS E RECURSOS DE COESÃO; fugir do sentido original.
FIGURAS DE ESTILO
9. Questões envolvendo sinônimos são muito frequentes em
concursos. A melhor maneira de ampliar o vocabulário é recorrer
a um bom dicionário sempre que estiver diante de uma palavra que
não conheça o significado; contudo, procure utilizá-la, sempre que
Na maioria das provas de Língua Portuguesa atuais, os testes de possível, para não esquecê-la.
compreensão e ou intelecção de textos podem corresponder a mais
de cinquenta por cento das questões. Veja, a seguir, as características Muitas vezes o texto traz uma série de informações (literais);
desse tópico tão importante. outras vezes, exige conhecimentos que não estão no texto e são ne-
cessários para a compreensão dele. Há portanto elementos implíci-
tos, pressupostos para um perfeito entendimento. Exemplificando:
Compreensão / intelecção de textos: Os testes exigem do Se o texto mencionar: Ângela parou de beber, significa que antes
— candidato uma postura voltada para o que realmente está escrito no ela bebia.
texto. Os comandos enunciam-se assim: O texto sugere...; O texto De acordo com Platão & Fiorin, todo enunciado pressupõe
— diz...; segundo o texto, é correto ou incorreto...; O narrador afirma que alguém o tenha produzido, ou seja, todo texto reconta outro tex-
que..., tendo em vista as ideias do texto..., em conformidade com to. O papel de quem lê é perceber ou tentar descobrir a intenção do
as ideias do texto... autor, qual a sua intenção.

Interpretação de textos: Os testes querem saber o que o can- EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO


didato conclui sobre o que está escrito. Os comandos enunciam-se
assim: Da leitura do texto, infere-se que..., O texto permite deduzir Os testes a seguir são curtos. Exigem, no entanto, leitura atenta
que...; com base no texto, pode-se concluir que; Qual a intenção do para resolvê-los. A mesma atenção que eles requerem deverá ter em
narrador, quando afirma que... textos mais longos. Aceite o desafio e veja como está o seu nível de
atenção.

Didatismo e Conhecimento 1
LÍNGUA PORTUGUESA
Leia com atenção os textos seguintes e responda V se a afirma- a) A preposição de tem valor semântico de finalidade. ( )
ção for verdadeira ou F se for falsa.
b) O advérbio aqui, em seus dois empregos, possui os mesmos
1. Este ano, o uso do formulário simplificado de IR foi estendi- referentes. ( )
do a todos os contribuintes que receberam somente rendimentos de
salário no ano de 2013. c) A oração “Aqui está chovendo sem parar” poderia ligar-se
a anterior, sem alteração de sentido, pela conjunção “porquanto”.
a) Nos anos anteriores, havia outras normas. ( ) ( )

b) Há contribuintes que recebem outros rendimentos além do 7.


salário. ( )
Quem lia os romances românticos?
2. A única atividade produtiva de expressão na fazenda é a en-
gorda de bois de arrendatários. A prosa literária brasileira começa no Romantismo. Com
o gradual desenvolvimento de algumas cidades, sobretudo a do Rio
a) A fazenda é improdutiva. ( ) de Janeiro, a cidade da corte, formou-se um público leitor composto
basicamente de jovens de classe rica, cujo ócio permitia a leitura
b) Os bois não pertencem ao dono da fazenda. ( ) de romances e folhetins. Esse público buscava na literatura apenas
distração. Torcia por seus heróis, sofria com as heroínas e, tão logo
c) A fazenda é arrendada. ( ) chegava ao final, fechava o livro e o esquecia, esperando o próximo,
que lhe ofereceria praticamente as mesmas emoções. O público hoje
3. A firma só enriqueceu quando passou a vender sistemas de substituiu os romances e folhetins pelas telenovelas, mas ainda con-
segurança. tinua em busca de distração, passando o tempo a torcer e a chorar
por seus heróis. (Apresentação. In: ALMEIDA, Manuel Antônio de.
Memórias de um sargento de milícias. São Paulo, Moderna, 1993,
a) A firma não era rica. ( )
p.7)
b) A firma sempre vendeu sistemas de segurança. ( )
a) O livro, para os jovens do Rio de Janeiro, revestia-se de uma
imagem perpétua que ficava gravada nas suas mentes. ( )
c) A riqueza liga-se exclusivamente à venda de sistemas de se-
gurança. ( )
b) A literatura era uma maneira de distração para o público do
Rio de Janeiro. ( )
4. Por medida de segurança, o depoimento da testemunha-cha-
ve do processo contra o PM não pôde ser registrado por fotógrafos c) Os leitores da atualidade ainda buscam as mesmas emoções
ou cinegrafistas. dos leitores do Romantismo. ( )
a) O PM está sendo julgado. ( ) 8.
b) A testemunha-chave já depôs. ( ) O gene da fidelidade
c) Há outras testemunhas no processo. ( ) Cientistas americanos conseguiram transformar uma espécie
promíscua de rato em um parceiro fiel. Para tanto, bastou alterar um
d) O depoimento da testemunha-chave não envolveu riscos. ( ) único gene da cadeia de DNA do roedor. Mais precisamente o que
determina a absorção pelo cérebro de um hormônio: a vasopressina.
5. “Eu sei que a poesia está para a prosa assim como o amor A experiência tem consequências fantásticas para a ciência por-
está para a amizade e quem há de negar que esta lhe é superior”. que é a primeira vez que se prova que apenas um gene determina
(Caetano Veloso) mudanças em um comportamento social tão complexo. O trabalho
foi divulgado na revista científica Nature.
a) A prosa está para o amor como a poesia está para a amizade. Mas seus autores, cientistas da Universidade Emory (EUA),
( ) advertem que não se pode transportar este tipo de conclusão para
os humanos. “Na cultura humana, a experiência acumulada e certos
b) a poesia está para amizade como a prosa está para o amor valores têm muito mais influência no comportamento.” De todo
( ) modo, creem que a descoberta pode ajudar a entender doenças men-
tais como o autismo, o mal de Alzheimer e, talvez, a esquizofrenia.
c) a amizade é superior ao amor ( ) O próximo passo da equipe, então, é o de estudar a genética da va-
sopressina nos primatas, incluindo os homens.
6. A mulher foi passear na capital. Dias depois o marido recebeu
um telegrama: “Envie cinquenta reais. Preciso comprar uma capa de a) No texto, o autor afirma que essa descoberta é revolucionária,
chuva. Aqui está chovendo sem parar” E ele respondeu: “Regresse. porque pode resolver os casos de autismo e do mal de Alzheimer.
Aqui chove mais barato”. ( )

Didatismo e Conhecimento 2
LÍNGUA PORTUGUESA
b) A descoberta é fantástica pelo fato de provar pela primeira 01. De acordo com o texto, a imagem, a constatação e a esta-
vez, que um gene apenas determina mudanças no comportamento tística
social. ( ) a) apresentam um cenário pouco alentador da vida argentina.
b) corroboram o sucesso vivenciado com o crescimento do PIB.
c) Transportar a descoberta para os humanos não é possível, c) são bastante contraditórios e, por isso, pouco confiáveis.
porque a cultura do homem é complexa, o que invalida a descoberta.
( ) d) traçam um quadro de confiança no governo de Cristina Kir-
chner.
d) A partir das informações contidas no texto, pode-se depreen- e) ilustram a frase formulada pela presidente Cristina Kirchner.
der que a utilização de animais em experiências desse gênero é um
ato de insensibilidade. ( ) 02. Na frase - E, no mesmo ano em que o PIB da Argentina
cresceu incríveis 8,7%, o mais básico dos indicadores sociais só pio-
9. O liberalismo é uma teoria política e econômica que expri- rou na principal província do país. - a relação entre o crescimento do
me os anseios da burguesia. Surge em oposição ao absolutismo dos
PIB e o mais básico dos indicadores sociais revela
reis e à teoria econômica do mercantilismo, defendendo os direitos
da iniciativa privada e restringindo o mais possível as atribuições do a) uma perspectiva otimista para a economia e a vida social do
Estado. país.
Locke foi o primeiro teórico liberal. Presenciou na In- b) a possibilidade de a população progredir mesmo com a eco-
glaterra as lutas pela deposição dos Stuarts, tendo-se refugiado na nomia estagnada.
Holanda por questões políticas. De lá regressa quando, vitoriosa a c) um caos social que vem sendo combatido sem ônus à popu-
Revolução de 1688, Guilherme de Orange é chamado para consoli- lação carente.
dar a nova monarquia parlamentar inglesa. d) uma contradição flagrante entre a economia e as condições
a) Locke não sofreu qualquer tipo de perseguição política. ( ) de vida no país.
e) o apoio do povo à economia do país, sem abrir mão das re-
b) Locke participou da deposição dos Stuarts. ( ) galias sociais.

b) Ele julgava ser necessário restringir as atribuições do Estado. 03. De acordo com o ponto de vista do autor,
( ) a) a estabilidade do governo de Cristina Kirchner implica ma-
nutenção de sua política.
c) Guilherme de Orange teria ideias liberais. ( )
b) seria prudente que o governo de Cristina Kirchner revisasse
TESTES DE CONCURSOS aspectos da política econômica e social.
c) a resolução dos problemas sociais é o foco da política de
(Vunesp) As questões 01 a 05 baseiam-se no texto. Cristina Kirchner.
d) a situação da Argentina, ainda que difícil, é bem conduzida
Um tango para lá de desafinado por Cristina Kirchner.
e) Cristina Kirchner mudou consideravelmente, para melhor, a
Uma imagem, uma constatação, uma estatística e uma fra- vida na Argentina.
se resumem o estado das coisas na Argentina. A imagem: pedreiros
acrescentando mais um andar às lajes das favelas de Buenos Aires.
Enquanto a atividade da construção civil em geral está em queda, as 04. No contexto, o termo tango, no título do texto, deve ser
precárias villas portenhas não param de crescer -na falta de espaço, entendido como
para cima. A constatação: a quantidade cada vez maior de galões de a) a política praticada por Cristina Kirchner.
água expostos sobre carros estacionados, principalmente na perife- b) a preocupação excessiva do país com a música.
ria da capital argentina. Este é o sinal convencionado pelos proprie- c) a estabilização dos indicadores sociais argentinos.
tários para anunciar que seus veículos usados estão à venda. Mais d) a campanha para as eleições legislativas.
automóveis enfeitados com galões, mais pessoas com necessidade
e) a política almejada pelo povo argentino.
urgente de dinheiro. A estatística: a mortalidade infantil na província
de Buenos Aires subiu 8% em 2007. Tudo isso dá a ideia de que
algo vai muito mal na Argentina. A população da capital que vive 05. A expressão Tudo isso, em destaque no texto, refere-se
em moradias irregulares aumentou 30% nos últimos dois anos. Três a) à quantidade de automóveis postos à venda na capital argen-
em cada quatro argentinos dizem não ganhar o suficiente para cobrir tina.
os gastos diários. E, no mesmo ano em que o PIB da Argentina cres- b) ao índice de 8% de mortalidade infantil vivenciado no país.
ceu incríveis 8,7%, o mais básico dos indicadores sociais só piorou c) aos problemas do país, citados anteriormente no parágrafo.
na principal província do país. Favelas em expansão, renda relativa
d) ao estado das coisas na Argentina, tomados numa perspectiva
em baixa e bebês morrendo -no mínimo, o governo deveria estar
reconsiderando suas políticas econômicas e sociais. A presidente ar- positiva.
gentina diz que não é o caso. Formulada por Cristina Kirchner em e) aos dados auspiciosos da economia argentina, previamente
um comício da campanha para as eleições legislativas do próximo apontados.
domingo, eis a frase: “Encontramos o caminho e devemos segui-lo
e aprofundá-lo”. (Veja, 24.6.2009) (Funrio) Texto para as questões de números 6 a 10.

Didatismo e Conhecimento 3
LÍNGUA PORTUGUESA
COISAS ESSENCIAIS DA VIDA A racionalidade nos diria que é uma falsa escolha, uma escolha
alienada. Vamos morrer de fome para escutar musiquinhas e pro-
Rubem Alves pagandas. Mas a questão é outra. Qual racionalidade nos autoriza a
retirar a um miserável sua qualidade humana sob o pretexto de lhe
Se eu tivesse que propor uma lista das coisas essenciais da vida, facilitar a subsistência? Porque é disso que se trata. Em nome da
elas pareceriam extremamente banais. As coisas que acabam sendo necessidade, gostaríamos que ele parasse de querer o supérfluo. En-
essenciais, primeiro, não são sempre as mesmas, mudam sempre; quanto que é propriamente considerar que a coisa essencial da vida é
segundo, para mim pelo menos, elas são absolutamente quaisquer. o supérfluo, que resiste, mesmo na miséria, a humanidade de todos.
São, de repente, o reflexo em um copo d’água, o cheiro da pipoca Se não gostaram da história do radinho, vou lhes contar outra.
no cinema... As coisas essenciais da vida são pequenas mas precisa Numa prisão onde a Gestapo interrogava, torturava e matava presos
que, por alguma razão - é disso que eu vou tentar falar -, elas sejam políticos na Polônia, quando o Exército Vermelho chegou na hora da
portadoras de um certo tipo de emoção que as torna coisas essenciais libertação, encontrou (além de estrago,morte, nenhum sobrevivente)
da vida. escondidos, enfiados à força nas pedras das paredes, bilhetinhos es-
Para tentar entender esse tipo de emoção, a primeira coisa que critos. Não devia ser muito fácil, naquelas condições, achar caneta,
queria dizer é que o drama - que pode ter um lado divertido mas é papel, tinta, se não fosse sangue, e achar vontade de escrever. O que
um drama - para nós humanos, é que o essencial não coincide nunca eram esses bilhetinhos? Será que respondiam à necessidade de con-
com o necessário. Comida, agasalho, moradia, coitos regulares, são tar o acontecido ou de deixar uma última mensagem à mulher, aos
necessários para sobreviver e para reproduzir a espécie, mas não são pais, aos filhos, aos amigos, a alguém... nada disso, os bilhetinhos
coisas essenciais da vida. não eram mensagens para alguém, também não eram depoimentos.
Se não existisse esse divórcio entre o necessário e o essencial, é Eram poesias. (Palestra proferida na UFRGS, no Projeto “Coisas
claro que nós seríamos muito mais simples, seríamos menos doídos essenciais da vida”, disponível em http://www.ufrgs.br. Acesso em
e também menos doidos. Mas, por outro lado, sem esse divórcio 22/02/2008)
entre o que é para nós essencial e as coisas que são necessárias, a
corrida louca da nossa espécie não teria nem começado (...) 06. De acordo com o ponto de vista expresso pelo autor do
Na verdade, as coisas essenciais da vida só aparecem no catálo- texto, a palavra ou expressão que pertence ao campo semântico de
go das coisas necessárias sob a forma seguinte: como a sensação de “coisas essenciais” é:
uma estranha falta. Talvez a presença mais clara, mais positiva, do a) agasalho
essencial da vida, para mim, seja isto: um mal-estar que me faz sen- b) arroz
tir que o necessário não me basta e que a lista das coisas essenciais c) cheiro da pipoca
está sempre incompleta. Talvez essa seja a presença mais constante d) mensagem aos amigos
das coisas essenciais da vida. e) moradia
Claro que ao falar do divórcio entre o essencial e o necessário
sinto um pouco de vergonha e de culpa. Porque, no fundo, eu acharia
07. É correto afirmar, segundo o autor do texto, que o “divórcio
muito mais simples dizer que as coisas essenciais são as necessárias.
entre o essencial e o necessário” é:
Constatar o contrário me deixa um gosto desconfortável na boca,
a) incomum entre as pessoas pobres
porque parece conversa de menino rico. “Não vem com esse papo,
b) vergonhoso e, por isso, deve ser esquecido
você não sabe o que é estar em falta do necessário para a sobrevi-
c) equivocado por separar o banal do supérfluo
vência. É fácil dizer de pança cheia que o necessário para a sobrevi-
vência é o essencial. d) próprio do ser humano
Traz a comida, depois a gente fala”: é uma reação possível, uma e) fruto da alienação
reação que se impõe. Será que dizer que o essencial não coincide
com o necessário não é um jeito de estar negando o essencial aos 08. “Vamos morrer de fome para escutar musiquinhas e pro-
outros? É a mesma vergonha do artista que se pergunta o porquê de pagandas.” De acordo com o texto, diminutivo dá à palavra grifada
sua arte em uma época de peste. acima:
Para responder, há a história do radinho, não sei se vocês co- a) valor afetivo
nhecem essa história... numa campanha de controle demográfico - se
lembro bem, na Índia, muitos anos atrás - convidaram homens e b) noção de tamanho reduzido
mulheres a pedir (essa coisa de convidar a pedir...). Bom, convida- c) sentido pejorativo
ram-nos a pedir para serem esterilizados. E para estimular essa deci- d) ideia de indignação
são “autônoma” era oferecida uma escolha entre duas recompensas: e) sugestão musical
uma saca de arroz ou um radinho de pilhas.
Agora, o interessante é que, numa situação de pobreza absoluta, 09. “Não vem com esse papo, você não sabe o que é estar em
de falta do necessário para a subsistência, quase todos escolheram o falta do necessário para a sobrevivência. É fácil dizer de pança cheia
radinho. Mesmo na falta mais cruel do necessário o que lhes parecia que o necessário para a sobrevivência é o essencial. Traz a comida,
essencial era o que é aparentemente supérfluo, era o radinho. Na depois a gente fala” No fragmento acima, o emprego das aspas é
verdade, privados da liberdade, ou então vivamente encorajados a feito para:
desistir da liberdade de se reproduzir, aparentemente, era mais im- a) indicar referência ao discurso alheio
portante para eles afirmar sua humanidade querendo um rádio do b) assinalar o discurso direto do autor
que satisfazer as necessidades querendo o arroz. A resposta, então, c) revelar a falta de coerência do povo
era algo assim “você me trata e me esteriliza como se eu fosse gado. d) fragmentar o discurso do autor
Agora, eu não sou bicho, eu não quero arroz, eu quero rádio”. e) marcar a citação de autor consagrado

Didatismo e Conhecimento 4
LÍNGUA PORTUGUESA
10. No parágrafo final, para validar seus argumentos, o autor Por fim, tente ser feliz, tente amar, ajude as pessoas que preci-
lança mão de um artifício que tem como base a: sam, seja bom. Nunca, mas nunca mesmo, machuque as pessoas de
a) moral caso pensado, só por vingança ou maldade, esse é com absoluta cer-
b) mídia teza o mais vil de todos os pecados que um ser humano pode fazer.
c) arte Quando machucar por outro motivo, arrependa-se e peça desculpas
d) correspondência sinceras e tente nunca mais machucar, tente com afinco. Evite criti-
e) sociedade car as pessoas; como o mundo dá muitas voltas, um dia você pode
ser o criticado. Aceite as pessoas como são, não tente mudá-las, seja
(Cesgranrio) Texto para as questões 11 a 20.
humilde e aceite os seus erros.
Não transforme o seu futuro em um passado Esses comportamentos não resolvem os problemas, mas podem
de que você possa arrepender-se evitá-los. O nosso futuro pode ser um passado legal, depende apenas
de nós.
O futuro é construído a cada instante da vida, nas tomadas de
decisões, nas aceitações e recusas, nos caminhos percorridos ou não. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/33414/1/
Esse movimento é feito por nós diariamente sem percebermos e sem naotransforme-o-seu-futuro-em-umassado-que-vocepossa-se-arre-
muito impacto, contudo, quando analisado em um período de tempo pender-/pagina1.html (adaptado) acessado em: 9 de abril/2010.
maior, ficam nítidos os erros e acertos. Sabemos, internamente, dos
melhores caminhos, entretanto, pelas inseguranças, medos e raivas, 11. Segundo as ideias do texto, o futuro, em nossa vida,
diversas vezes adotamos posturas impensadas que impactam pelo a) delineia-se pela sucessão de nossas escolhas.
resto da vida, comprometendo trilhas que poderiam ser melhores ou b) se configura pelo retrocesso de uma decisão tomada indevi-
mais tranquilas.
damente.
Como podemos superar esses momentos? Como fazer para
evitar esses erros súbitos? Perguntas a que também quero respon- c) decorre da incidência de erros que se possam vir a cometer.
der, afinal, sou humano e cometo todos os erros inerentes a minha d) consiste na adequação de cada decisão à situação presente.
condição, contudo, posso afirmar que o mundo não acaba amanhã e) se torna imperceptível devido às infinitas decisões tomadas
e, retirando a morte, as decisões podem ser adiadas, lembrando que no passado.
algumas delas geram ônus e multas. No direito e na medicina isso
é mais complexo, mas em muitas outras áreas isso é perfeitamente 12. No segundo período do primeiro parágrafo, a que caracte-
aceito. A máxima de que “não deixe para fazer amanhã o que você rística que as escolhas apresentam entre si faz referência semântica
pode fazer hoje” não é tão máxima assim. Devemos lembrar que o vocábulo “movimento”?
nada é absoluto, mas relativo. a) sistematicidade
Uma coisa faz muito sentido nesse tema: não deixe entrar aqui- b) proporcionalidade
lo de que você tem dúvida; se deixar, limite o espaço. A pessoa mais c) disparidade
importante da vida é o seu proprietário, o nosso maior erro é ser d) regularidade
inquilino dela, deixar entrar algo que se acha errado ou não se quer é
e) invariabilidade
tornar-se inquilino do que é seu, pagando aluguel e preocupado com
o final do contrato da sua vida. Não cometa esse erro.
A felicidade atual depende do passado, assim como a tristeza, 13. Segundo o texto, fazemos escolhas diariamente “...sem per-
a pobreza, a saúde e muitas outras coisas. Nunca se esqueça disso, cebermos e sem muito impacto,” em virtude da(o)
nunca. Torne mais flexível o seu orgulho, algo que hoje não deu a) ocorrência eventual
certo, pode ser perfeitamente aplicável daqui a um tempo. O orgulho b) grande incidência com que ocorrem
impede de você tentar de novo. Não minta para você, essa é a forma c) irrelevância da ação presente
mais rápida de se perder. Quando tiver dúvida, fale alto com você d) grau de repercussão no futuro
mesmo, escute as suas palavras e pense muito. É melhor ser taxado e) desvínculo do presente com o passado
de louco do que ser infeliz.
Aceite que erramos, mas lembre que cometer os mesmos erros 14. Em “afinal, sou humano...”, o elemento destacado é um
é burrice. O ideal é aprender com os erros dos outros; para que isso operador argumentativo de
aconteça, observe o que acontece com o mundo ao seu redor, inva- a) condição
riavelmente o seu problema já foi vivido por outras pessoas. Você
b) consequência
não foi o primeiro a cometer erros e, com absoluta certeza, não será
o último. A observação é o melhor caminho para um futuro mais c) conclusão
tranquilo, mais equilibrado, mais pleno. Temos que separar um tem- d) conformidade
po do nosso dia para a reflexão e meditação. e) concessão
Utilize-se de profissionais especialistas, não cometa a bobagem
de escutar amigos acerca de um problema, eles são passionais e ten- 15. No texto, a passagem que se configura, semanticamente,
denciosos pelo nosso lado. Com eles, sentimo-nos seguros para ima- como uma restrição ao sentido de “as decisões podem ser adiadas,” é
ginarmos soluções perfeitas que nunca se concretizarão. O fracasso a) “Como podemos superar esses momentos?”
nessas ideias geniais solucionadoras dos seus problemas, tipo “seus b) “Como fazer para evitar esses erros súbitos?”
problemas acabaram” causam frustrações e raivas, sentimentos que c) “...cometo todos os erros inerentes a minha condição,”
atacam nossa autoestima e podem prejudicar o resto de nossa vida. d) “...o mundo não acaba amanhã...”
Cuidado com isso. e) “retirando a morte,”

Didatismo e Conhecimento 5
LÍNGUA PORTUGUESA
16. Em “No direito e na medicina isso é mais complexo,”, o
elemento destacado faz referência semântica, especificamente, a que 3.
passagem do texto? a) V
a) “...cometo todos os erros...” b) F
b) “...o mundo não acaba amanhã...” c) V
c) “retirando a morte,”
d) “as decisões podem ser adiadas,” 4.
e) “...em muitas outras áreas...” a) V
b) V
17. Segundo o texto, o “...orgulho,” caracteriza-se como um c) V
bloqueio d) F
a) ocasionado por uma situação promissora.
b) resultante da ocorrência de um insucesso.
c) causado por uma série de tentativas frustradas. 5.
d) decorrente da inviabilidade de uma situação vindoura. a) F
e) preventivo contra iminentes decepções. b) F
c) V
18. No quinto parágrafo, o argumento que se configura como
um alicerce para a concepção de que “O ideal é aprender com os 6.
erros dos outros;” é a) V
a) “Aceite que erramos,” b) F
b) “...lembre que cometer os mesmos erros é burrice.” c) V
c) “observe o que acontece com o mundo ao seu redor,”
d) “invariavelmente o seu problema já foi vivido por outras pes- 7.
a) F
soas.”
b) V
e) “Temos que separar um tempo do nosso dia para a reflexão
c) F
e meditação.”
8.
19. A influência negativa dos amigos, em relação aos proble-
a) F
mas, deve-se a
b) V
a) conscientizar-nos da gravidade dos problemas.
c) F
b) questionarem a postura dos especialistas.
d) F
c) apontar-nos a inviabilidade de buscar soluções.
d) levar-nos a superestimar nossa capacidade de ação. 9.
e) alertar-nos para a ocorrência de possíveis decepções. a) F
b) F
20. No sétimo parágrafo, não há correspondência entre a passa- c) V
gem destacada e a qualidade humana a ela relacionada em d) V
a) “tente ser feliz, tente amar,” - prudência.
b) “ajude as pessoas que precisam” - solidariedade.
c) “Nunca, mas nunca mesmo, machuque as pessoas de caso
pensado,” - bondade.
d) “Quando machucar por outro motivo, arrependa-se e peça
desculpas sinceras” - humildade.
e) “Evite criticar as pessoas;”- benevolência.

GABARITOS

TESTES DE FIXAÇÃO

1.
a) V
b) V

2.
a) F
b) V
C) F

Didatismo e Conhecimento 6
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TESTES DE CONCURSOS feitos, para evitar confusão com arte. Em ambas as situações, pen-
duraram um panfleto inútil nos guidões de bicicletas, de modo que
01 A precisasse ser retirado pelo ciclista antes de partir. Não havia lixeiras
no local. Na situação ordeira, sem grafite, 77% dos ciclistas levaram
02 D
o panfleto embora. Na presença do grafite, apenas 31% o fizeram, os
03 B demais jogaram-no no chão.
04 A Em outra experiência holandesa, foi colocado, numa caixa de
05 C correio da rua, um envelope parcialmente preso à boca da caixa
(como se tivesse deixado de cair para dentro dela) com uma nota
06 D de 5 em seu interior, em local bem visível para os transeuntes. Na
07 C situação ordeira, a caixa estava sem grafite e sem lixo em volta; na
08 B situação de desordem, a caixa estava grafitada e com lixo em redor.
09 C Dos transeuntes que passaram diante da caixa limpa, 13% furtaram
o dinheiro. Esse número aumentou para 27% quando havia grafite
10 D e sujeira. A mensagem é clara: desordem e sujeira nas ruas mais do
11 E que duplicam o número de pessoas que praticam contravenções ou
12 B pequenos crimes no espaço público. (Adaptado de Dráuzio Varella,
Folha de São Paulo, 18/7/2009)
13 A
14 B 01. De acordo com o contexto, deve-se entender que a “teoria
15 C das janelas quebradas” sustenta a tese de que
16 A a) o espaço público deve ser administrado a partir de iniciativas
dos cidadãos.
17 A
b) a concentração urbana é fator determinante para os serviços
18 E dos poderes públicos.
19 B c) a atitude dos indivíduos é influenciada pela ação ou omissão
20 D dos poderes públicos.
d) a deterioração do espaço público decorre da ação irresponsá-
TESTES COMENTADOS vel da maioria dos cidadãos.
e) a iniciativa dos cidadãos é determinante para a formulação
(Fundação Carlos Chagas) As questões de números 01 a 06 de políticas públicas.
referem-se ao texto que segue.
02. Deve-se deduzir que a expressão janelas quebradas aponta
Janelas quebradas para um fenômeno típico dos espaços urbanos indiciados, também,
pela expressão
A deterioração da paisagem urbana é lida como ausência dos a) aviso bem visível
poderes públicos, portanto enfraquece os controles impostos pela b) situação ordeira
comunidade, aumenta a insegurança e convida à prática de crimes. c) caixa de correio da rua
Essa tese, defendida pela primeira vez em 1982 pelos americanos d) lixo em redor
James Wilson e George Kelling, recebeu o nome de “teoria das jane- e) envelope parcialmente preso
las quebradas”. Segundo ela, a presença de lixo nas ruas e de grafite
sujo nas paredes provoca mais desordem, induz ao vandalismo e aos 03. Atente para as seguintes afirmações:
pequenos crimes. Com base nessas ideias, a cidade de Nova York I. O relato das duas experiências ocorridas na Holanda fornece
iniciou, nos anos 1990, uma campanha para remover os grafites do sérios fundamentos para que se rechace a “teoria das janelas que-
metrô, que resultou numa diminuição dos crimes realizados em suas bradas”.
dependências. II. A tese defendida pelos americanos James Wilson e George
O sucesso da iniciativa serviu de base para a política de “tole- Kelling encontra sustentação na remoção dos grafites do metrô de
rância zero” posta em prática a seguir. Medidas semelhantes foram Nova York.
adotadas em diversas cidades dos Estados Unidos, da Inglaterra, da III. A rejeição dos meios acadêmicos à “tese das janelas que-
Holanda, da Indonésia e da África do Sul. Mas, apesar da populari- bradas” deveu-se à frágil sistematização teórica dos experimentos
dade, a teoria das janelas quebradas gerou controvérsias nos meios holandeses.
acadêmicos, por falta de dados empíricos capazes de comprová-la.
Mas houve, sim, alguns experimentos bem sucedidos. Na Ho- Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
landa, um deles foi conduzido numa área de compras da cidade de a) I, II e III
Groningen. Para simular ordem, os pesquisadores limparam a área b) I e II, somente
e colocaram um aviso bem visível de que era proibido grafitar. Para c) I e III, somente
a desordem, grafitaram as paredes da mesma área, apesar do avi- d) II e III, somente
so para não fazê-lo. A grafitagem constava apenas de rabiscos mal e) II, somente

Didatismo e Conhecimento 7
LÍNGUA PORTUGUESA
04. Entre as situações referidas como de ordem ou de desor- A tradicional sabedoria dos provérbios portugueses diferencia o
dem, verifica-se uma relação de tempo do falcão e o tempo da coruja. O tempo do falcão é o da rapi-
a) franca oposição, caracterizada pelos tipos de indivíduos que dez e da violência. É este o tempo que nos cerca. O tempo da coruja
são incitados a delas participarem. é o da sabedoria − a sabedoria que nos falta para lidar com a estrutu-
b) franca oposição, caracterizada pelos elementos físicos que ra de possibilidades do tempo no mundo em que estamos inseridos.
qualificam os espaços. (Celso Lafer. Trecho, com adaptações, de artigo publicado em O
c) complementaridade, dado que se aplicam a indivíduos de ín- Estado de São Paulo, 20 de novembro de 2011. A2, Espaço Aberto)
doles semelhantes.
d) complementaridade, visto que a qualidade do espaço urbano 07. O tempo não perdoa o que se faz sem ele ... A afirmativa que
real não encontra gradações entre uma e outra. inicia o texto encaminha para
e) subordinação, pois é a existência da segunda situação que a) uma contradição à tese corrente de que o tempo flui e é instá-
determina a da primeira. vel no seu movimento, e não só na política.
b) crítica relativa aos problemas surgidos com o drama cotidia-
05. Do relato do experimento realizado em Groningen (3o. pará- no da lentidão da justiça.
grafo), deve-se deduzir que c) o reconhecimento de que é preciso parar para pensar a ver-
a) os rabiscos mal feitos funcionaram como índices de desor- tiginosa instantaneidade dos tempos e os problemas da sua sincro-
dem. nização.
b) a maior parte dos ciclistas na situação desordeira interessou- d) a ideia de que os políticos não têm o apropriado discernimen-
se pelo que dizia o panfleto. to do momento oportuno.
c) há muita gente que considera artísticos os grafites mal rabis- e) a constatação de que é difícil perceber a duração do tempo
cados. vivido, que perdura na consciência.
d) a existência ou não de lixeiras foi a variável mais relevante.
e) nem mesmo os avisos bem visíveis impedem a ação dos gra- 08. Com a expressão o desafio de múltiplos significados (2o
fiteiros. parágrafo), o autor
06. Com base no relato da segunda experiência holandesa (4o
a) caracteriza a oposição frequente que se faz entre o tempo de
parágrafo), comprova-se que há uma relação causal entre
cada indivíduo e aquele que diz respeito a toda a sociedade.
a) palavras grafitadas e eficácia das caixas de correio.
b) duvida de uma possível concordância entre representantes de
b) qualidade do meio urbano e comportamento moral.
diferentes áreas do conhecimento a respeito do tempo.
c) dinheiro exposto e criminalidade urbana.
c) questiona os meios até agora utilizados para calcular o trans-
d) aumento da segurança e índice de criminalidade.
correr do tempo, que é sempre mutável.
e) incitamento ao furto e situação ordeira.
d) esclarece seu emprego ao se referir à necessária sabedoria
(Fundação Carlos Chagas) As questões de números 07 a 09 ba- para equacionar, no momento mais adequado, os problemas que sur-
seiam-se no texto seguinte. gem.
e) refere-se às diversas possibilidades de percepção da passa-
O tempo não perdoa o que se faz sem ele, costumava dizer gem do tempo e de seu sentido.
Ulysses Guimarães, citando Joaquim Nabuco. Desse modo ensinava
a importância na política do apropriado discernimento do momento 09. A afirmativa, no 1o parágrafo, de que o tempo flui e é instá-
oportuno. Não é fácil a identificação desse momento, pois, entre ou- vel no seu movimento
tras coisas, requer conjugar o tempo individual de um ator político a) vem a ser comprovada, em seguida, pelo exemplo tomado ao
com o tempo coletivo de um sistema político e de uma sociedade. tempo na meteorologia.
Além disso, o tempo flui e é instável no seu movimento, e não só b) constitui oposição à ideia de que não é fácil a identificação
na política. É o caso do tempo na meteorologia, cada vez menos do momento oportuno.
previsível por obra das mudanças climáticas provocadas pela ação c) realça a percepção das consequências advindas das mudan-
humana. ças climáticas provocadas pela ação humana.
A vasta reflexão dos pensadores, dos poetas e cientistas sobre d) baseia-se na vasta reflexão dos pensadores, dos poetas e cien-
o estatuto do tempo e seu entendimento aponta para uma comple- tistas sobre o estatuto do tempo.
xidade que carrega no seu bojo o desafio de múltiplos significados, e) exalta a sabedoria contida nos provérbios, como, por exem-
cabendo lembrar que a função da orientação é inerente à busca do plo, a diferenciação entre o tempo do falcão e o tempo da coruja.
saber a respeito do tempo. Assim, uma coisa é conhecer o tempo do
relógio, que molda o mensurável de uma jornada de trabalho. Outra (Fundação Carlos Chagas) As questões de números 10 a 12 re-
coisa é lidar com a não mensurável duração do tempo vivido, que ferem-se ao texto abaixo.
perdura na consciência, e não se confunde, por sua vez, com o tempo
do Direito, que é o tempo normatizado dos prazos, dos recursos, da O homem moral e o moralizador
prescrição, da coisa julgada, da vigência das leis e do drama cotidia-
no da lentidão da Justiça. Depois de um bom século de psicologia e psiquiatria dinâmi-
A busca do saber sobre o tempo tem, como mencionei, uma cas, estamos certos disto: o moralizador e o homem moral são figu-
função de orientação. Neste século XXI, é preciso parar para pensar ras diferentes, se não opostas. O homem moral se impõe padrões de
a vertiginosa instantaneidade dos tempos e os problemas da sua sin- conduta e tenta respeitá-los; o moralizador quer impor ferozmente
cronização, que a revolução digital vem intensificando. aos outros os padrões que ele não consegue respeitar.

Didatismo e Conhecimento 8
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A distinção entre ambos tem alguns corolários relevantes. Pri- O país é o mesmo. O dia, mês e ano também. Brasil, 28 de abril
meiro, o moralizador é um homem moral falido: se soubesse res- de 2009. No Rio Grande do Sul, o índice de chuvas está 96% abaixo
peitar o padrão moral que ele impõe, ele não precisaria punir suas do que seria normal neste período. A taxa de umidade despencou
imperfeições nos outros. Segundo, é possível e compreensível que para menos de 20%, enquanto o saudável é praticamente o dobro.
um homem moral tenha um espírito missionário: ele pode agir para Tudo é seca e insolação. Brasil, 28 de abril de 2009. No Piauí os
levar os outros a adotar um padrão parecido com o seu. Mas a impo- moradores enfrentam as piores cheias dos últimos 25 anos. Chove
sição forçada de um padrão moral não é nunca o ato de um homem sem parar. Cidades estão ilhadas. Cerca de 100 mil pessoas ficaram
moral, é sempre o ato de um moralizador. Em geral, as sociedades desabrigadas.
em que as normas morais ganham força de lei (os Estados confes- “O tempo anda louco”, eis a frase leiga e padrão que mais se
sionais, por exemplo) não são regradas por uma moral comum, nem fala e mais se ouve nas queixas em relação às radicais discrepâncias
pelas aspirações de poucos e escolhidos homens exemplares, mas climáticas. Vale para o Norte e Nordeste do país, vale para a região
por moralizadores que tentam remir suas próprias falhas morais pela Sul também. A mais nova e polêmica explicação para tais fenôme-
brutalidade do controle que eles exercem sobre os outros. A pior nos é uma revolucionária teoria sobre as chuvas, chamada “bomba
barbárie do mundo é isto: um mundo em que todos pagam pelos biótica”, e pode mudar os conceitos da meteorologia tradicional.
pecados de hipócritas que não se aguentam. (Contardo Calligaris,
Folha de São Paulo, 20/3/2008) Olhemos, agora, por exemplo, não para a loucura do tempo em
um único país, mas sim para a “loucura a dois”. Por que chove tanto
10. Atente para as afirmações abaixo. em algumas regiões distantes da costa, como no interior da Ama-
I. Diferentemente do homem moral, o homem moralizador não zônia, enquanto países como a Austrália se transformam em deser-
se preocupa com os padrões morais de conduta. to? Dois cientistas russos sustentam, embasados na metodologia da
II. Pelo fato de impor a si mesmo um rígido padrão de conduta, bomba biótica, que as florestas são responsáveis pela criação dos
o homem moral acaba por impô-lo à conduta alheia. ventos e a distribuição da chuva ao redor do planeta - como uma
III. O moralizador, hipocritamente, age como se de fato respei- espécie de coração que bombeia a umidade. Esse modelo questio-
tasse os padrões de conduta que ele cobra dos outros. na a meteorologia convencional, que explica a movimentação do ar
sobretudo pela diferença de temperatura entre os oceanos e a terra.
Em relação ao texto, é correto o que se afirma apenas em
Ao falarem de chuva aqui e de seca acolá, eles acabam falando de
a) I
um dos mais atuais e globalizados temas: a devastação das matas.
b) II
Para o biogeoquímico Donato Nobre, do Instituto Nacional de
c) III
Pesquisas da Amazônia e principal proponente da linha da bomba
d) I e II
biótica no Brasil, somente ela é que explica com clareza a contradi-
e) II e III
ção entre a seca e a aridez que estão minguando as lavouras na re-
11. No contexto do primeiro parágrafo, a afirmação de que já gião Sul e as chuvas intensas que transbordam o Norte e o Nordeste.
decorreu um bom século de psicologia e psiquiatria dinâmicas indi- De acordo, porém, com o professor americano David Adams,
ca um fator determinante para que da Universidade do Estado do Amazonas, os físicos russos estão
a) concluamos que o homem moderno já não dispõe de rigoro- supervalorizando a força da bomba biótica. (Adaptado de Maíra
sos padrões morais para avaliar sua conduta. Magro. Istoé , 6/5/2009, p. 98-99)
b) consideremos cada vez mais difícil a discriminação entre o
homem moral e o homem moralizador. 3. A frase que sintetiza corretamente o assunto do texto é:
c) reconheçamos como bastante remota a possibilidade de se a) Nova teoria científica busca explicações para os contrastes
caracterizar um homem moralizador. do clima em diferentes regiões do planeta.
d) identifiquemos divergências profundas entre o comporta- b) Meteorologia tradicional explica as recentes discrepâncias
mento de um homem moral e o de um moralizador. climáticas que ocorrem no Brasil.
e) divisemos as contradições internas que costumam ocorrer c) Diferenças regionais acentuadas nas regiões brasileiras
nas atitudes tomadas pelo homem moral. podem explicar alternância entre aridez e inundações.
d) Cientistas se perdem em meio às novas teorias que tentam
12. O autor do texto refere-se aos Estados confessionais para explicar fenômenos climáticos extremos.
exemplificar uma sociedade na qual e) A direção dos ventos na Amazônia justifica todos os exces-
a) normas morais não têm qualquer peso na conduta dos cida- sos dos fenômenos climáticos no Brasil.
dãos.
b) hipócritas exercem rigoroso controle sobre a conduta de to- 14. A expressão “ loucura a dois” refere-se, no 3º parágrafo,
dos. a) à situação climática tanto nas regiões Norte e Nordeste
c) a fé religiosa é decisiva para o respeito aos valores de uma quanto na região Sul do país.
moral comum. b) a países em situação geográfica e climática bem diversifi-
d) a situação de barbárie impede a formulação de qualquer regra cada.
moral. c) às chuvas torrenciais e às secas destruidoras das lavouras.
e) eventuais falhas de conduta são atribuídas à fraqueza das leis. d) a cientistas que divergem em suas explicações sobre as
variações climáticas.
(Fundação Carlos Chagas) As questões de números 13 a 15 ba- e) à divergência entre metodologias de análise das condições
seiam-se no texto apresentado abaixo. climáticas.

Didatismo e Conhecimento 9
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15. Em relação ao 1º parágrafo do texto, está correto o que se Demais alternativas: não existem relações de causas.
afirma em:
a) Considerando-se o assunto central do texto, não se justificam 07. Resposta C. O que resume tal pensamento está contido no
as informações referentes ao clima que aparecem nesse parágrafo. trecho final do penúltimo parágrafo: “Neste século XXI, é preci-
b) As informações nele constantes tentam comprovar a afirma- so parar para pensar a vertiginosa instantaneidade dos tempos e os
tiva dos cientistas russos de que as florestas são determinantes para problemas da sua sincronização, que a revolução digital vem inten-
o clima. sificando.”
c) As referências ao clima nas regiões brasileiras servem para
demonstrar que pode haver um certo equívoco na teoria dos cientis- Demais alternativas: a) incorreta - não há contradição entre as
tas russos. frases; b) incorreta - não é a tese principal do texto, que está resumi-
d) A descrição das catástrofes que ocorrem no Brasil vai justifi- da na alternativa correta “c”; d) incorreta - não há tal generalização
car a imagem da bomba, criada pela nova teoria científica. no texto; e) errada - não é a tese principal do texto.
e) Desenha-se nele um quadro de contrastes causados pelas con-
dições climáticas, para justificar todo o desenvolvimento posterior. 08. Resposta E. Leia o trecho do mesmo parágrafo: “uma coisa
é conhecer o tempo do relógio, que molda o mensurável de uma jor-
RESPOSTAS nada de trabalho. Outra coisa é lidar com a não mensurável duração
do tempo vivido, que perdura na consciência, e não se confunde,
por sua vez, com o tempo do Direito, que é o tempo normatizado.”
01. Resposta C. Os ambientes urbanos mais limpos e preserva-
dos passam a ser mais respeitados pelos cidadãos, enquanto aqueles Demais alternativas: a) incorreta - não existe tal oposição no
mais sujos tendem a ser depredados. texto; b) incorreta - erro de contradição, pois o texto menciona: “A
vasta reflexão dos pensadores, dos poetas e cientistas sobre o estatu-
Demais alternativas: a) incorreta - não há respaldo no texto to do tempo e seu entendimento aponta para uma complexidade que
para confirmar tal ideia; b) incorreta - mesmo motivo da alternativa carrega no seu bojo o desafio de múltiplos significados”; c) incor-
“a”; d) incorreta - o texto não afirma que a deterioração ocorre por reta - erro de extrapolação: não existe tal questionamento no texto;
conta da irresponsabilidade da maioria dos cidadãos; e) incorreta - d) incorreta - o texto menciona apenas a diferença entre o tempo do
tal afirmação não parece no texto ora analisado. relógio e o tempo do Direito.

02. Resposta D. É a única alternativa que dá ideia de deterio- 09. Resposta A. Observe o trecho: “É o caso do tempo na me-
ração. teorologia, cada vez menos previsível por obra das mudanças climá-
ticas provocadas pela ação humana.”
03. Resposta E. Analisando-se as afirmações: I. incorreta - Ao
contrário do que se afirma nesse item, o relato das duas experiências Demais alternativas: b) incorreta - erro de contradição, uma
na Holanda reforçam a teoria das “janelas quebradas”; II. correta vez que corrobora a tese de que o tempo flui e é instável; c) incor-
- o sucesso da experiência resultou na política de “tolerância zero” reta - exemplifica apenas a instabilidade climática provocada pela
aplicada logo depois; III. incorreta - segundo o texto, a rejeição ação humana; d) incorreta - a reflexão é sobre a complexidade dos
deveu-se à falta de dados empíricos capazes de comprová-la. múltiplos significados a respeito do tempo; e) incorreta - não se
pode deduzir tal assertiva sobre as mudanças climáticas.
04. Resposta B. Os espaços descritos no texto opõem ordem
(limpeza) e desordem (vandalismo, prática de pequenos crimes). 10. Resposta C. Analisando-se as afirmações: I. incorreta. O
moralizador preocupa-se com os padrões morais, contudo, nos ou-
Demais alternativas: a) incorreta - o texto não menciona incita- tros. Observe o final do primeiro parágrafo: “o moralizador quer
ção de indivíduos; c) incorreta - o texto não menciona a índole dos impor ferozmente aos outros os padrões que ele não consegue res-
peitar.”; II. incorreta. Leia o trecho: “...é possível e compreensível
indivíduos; d) incorreta - tal comparação não aparece no texto; e)
que um homem moral tenha um espírito missionário: ele pode agir
incorreta - tal subordinação não é mencionada no texto.
para levar os outros a adotar um padrão parecido com o seu.”; III.
correta. Leia o conclusão do texto: “A pior barbárie do mundo é
05. Resposta A. É o que se pode deduzir da leitura do parágrafo isto: um mundo em que todos pagam pelos pecados de hipócritas
em análise: a ordem era a proibição de grafitar, enquanto a desordem que não se aguentam.”
foi caracterizada pela grafitagem das paredes (rabiscos mal feitos).
11. Resposta D. O primeiro parágrafo explicita as diferenças de
Demais alternativas: b) incorreta - a maior parte dos ciclistas comportamento entre o homem moral e o homem moralizador de
desordeiros ignoraram a leitura do panfleto; c) incorreta - oposto maneira divergente.
do que diz o texto (os grafites mal rabiscados não deveriam ser con-
siderados artísticos); d) incorreta - não havia lixeiras no local; e) 12. Resposta B. É o que se menciona o desfecho do texto: “um
incorreta - não se pode deduzir tal afirmação. mundo em que todos pagam pelos pecados de hipócritas que não se
aguentam.”
06. Resposta B. O parágrafo em análise refere-se à experiência
de se colocar uma nota de 5 numa caixa de correio da rua, em local 13. Resposta A. A frase que sintetiza o texto está no final do
visível aos transeuntes. No local em que havia limpeza, 13% deles segundo parágrafo: “A mais nova e polêmica explicação para tais
furtaram a nota, no local em que havia grafite e sujeira, o índice foi fenômenos é uma revolucionária teoria sobre as chuvas, chamada
de 27%, ou seja, houve uma relação de causa entre a qualidade do ‘bomba biótica’, e pode mudar os conceitos da meteorologia tradi-
meio urbano (limpeza) e o comportamento moral das pessoas. cional.”

Didatismo e Conhecimento 10
LÍNGUA PORTUGUESA
14. Resposta B. A expressão “loucura a dois” refere-se ao Bra- Azado: oportuno, propício
sil (representado pela Amazônia) e a Austrália. Observe o trecho: Brocha: prego curto
“Por que chove tanto em algumas regiões distantes da costa, como Broxa: tipo de pincel
no interior da Amazônia, enquanto países como a Austrália se trans- Caçar: perseguir, apanhar
formam em deserto?” Cassar: anular, suspender
Cegar: tirar a visão de
15. Resposta: E. Há um contraste entre os estados do Rio Gran-
de do Sul e o Piauí, o que origina o desenvolvimento posterior do Segar: ceifar, cortar
texto, quando se menciona uma nova teoria sobre as chuvas - a cha- Cela: aposento de religiosos, cubículo
mada “bomba biótica”. Sela: arreio de cavalgadura
Censo: recenseamento, contagem
SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EX- Senso: juízo, discernimento
PRESSÕES Cerrar: fechar, apertar, encerrar
Serrar: cortar, separar
A semântica e a parte da gramática que estuda a significação das Cesta: utensílio geralmente de palha para se guardar coisas
palavras. Divide-se em:
Sesta: hora de descanso
I. SINÔNIMOS - palavras que se identificam aproximadamen- Sexta: ordinal feminino de seis
te quanto ao significado. Ex.: cara e rosto; sal e cloreto de sódio; Chá: bebida
aguardar e esperar; pessoa e indivíduo. Xá: antigo soberano do Irã
Cheque: ordem de pagamento
II. ANTÔNIMOS - palavras que se opõem pelo significado. Xeque: chefe muçulmano; lance de xadrez
Ex.: amor e ódio, euforia e melancolia. Cervo: veado
Servo: servente, escravo
Seção ou secção: setor, corte, subdivisão, parte de um todo
III. HOMÔNIMOS - palavras que apresentam identidade de Sessão: espaço de tempo em que se realiza uma reunião; reu-
sons ou de forma, mas diversidade de significado. Podem ser: a) nião
perfeitos (som igual e grafia igual). Ex.: rio (substantivo), eu rio Cessão: ato de ceder, cedência
(verbo); b) homófonos (som igual e grafia diferente). Ex.: acento Concertar: combinar, harmonizar, arranjar
(sinal gráfico), assento (banco); c) homógrafos (grafia igual e som Consertar: remendar, restaurar
diferente). Ex.: olho (substantivo), olho (verbo). Coser: costurar
Cozer: cozinhar
Lista com os principais homônimos: De mais: a mais
Demais: excessivamente, em demasia
Abaixo-assinado: documento reivindicatório
Abaixo assinado: cada uma das pessoas que assinam um abai- Defeso: proibido
xo-assinado Defesso: cansado
Acender: atear fogo, abrasar Empoçar: formar poça
Ascender: subir, elevar-se Empossar: dar ou tomar posse
Acento: sinal gráfico, tom de voz Espectador: aquele que assiste a um espetáculo
Assento: base, cadeira, apoio; registro, apontamento Expectador: aquele que permanece na expectativa
Acessório: secundário Esperto: perspicaz
Assessório: relativo a assessores Experto: especialista
Acerca de: a respeito de, sobre
Espiar: espionar.
A cerca de: a uma distância aproximada de
Há cerca de: faz aproximadamente, existe(m) perto de Expiar: cumprir pena, purificar-se.
Acerto: estado de acertar; precisão, segurança; ajuste Estático: imóvel, parado
Asserto: afirmação, asserção Extático: êxtase
Afim: parente por afinidade; semelhante, análogo Estrato: faixa ou camada de uma população
A fim (de): para (locução conjuntiva final) Extrato: resumo. perfume
Alto: elevado Incerto: duvidoso, indeciso, não certo
Auto: de si mesmo; ato público Inserto: inserido, incluído
À parte: isoladamente
Incipiente: principiante, iniciante
Aparte: interrupção ao orador
Apreçar: marcar o preço de, avaliar, ajustar Insipiente: ignorante
Apressar: acelerar, dar pressa a, instigar Intercessão: intervenção, mediação
Arrochar: apertar muito Interse(c)ção: ponto em que se cruzam duas linhas ou super-
Arroxar: tornar roxo fícies
Ás: pessoa notável em sua especialidade; carta de jogo Laço: laçada; traição, engano
Az: esquadrão, ala do exército, fileira Lasso: fatigado, cansado, frouxo
Asado: que tem asas, alado Paço: palácio, palácio do governo; a corte

Didatismo e Conhecimento 11
LÍNGUA PORTUGUESA
Passo: ato de andar, caminho, marcha; episódio Avocar: atrair, atribuir-se, chamar
Presar: capturar, apresar, agarrar Evocar: trazer à lembrança
Prezar: estimar muito, amar, respeitar, acatar Cardeal: fundamental, principal, prelado
Remição: resgatar, liberar Cardial: cárdico, cardíaco.
Remissão: perdão Cavaleiro: homem a cavalo
Ruço: pardacento; desbotado; grisalho Cavalheiro: homem gentil, de boas maneiras e ações
Russo: referente à Rússia; natural ou habitante da Rússia; Comprimento: extensão, tamanho, distância
língua da Rússia Cumprimento: saudação, ato de cumprir
Saldar: pagar, liquidar Conjetura: suposição, hipótese
Saudar: cumprimentar; aclamar Conjuntura: oportunidade, momento, ensejo, situação
Segmento: porção de um todo Coringa: tipo de vela que se coloca em algumas embarcações
Seguimento: continuação Curinga: carta de baralho
Tacha: pequeno prego; mancha, nódoa Deferir: atender, conceder, anuir
Taxa: preço ou quantia que se estipula como compensação de Diferir: divergir; adiar, retardar, dilatar
certo serviço; razão do juro Delatar: denunciar, acusar
Tachar: pôr prego em; notar defeito em, censurar, criticar, Dilatar: adiar, prorrogar
acusar Descrição: ato de descrever; explanação
Taxar: regular o preço; lançar imposto sobre; moderar, regular Discrição: moderação, reserva, recato, modéstia
Trás: atrás, após, depois de Descriminar: inocentar, absolver
Traz: forma do verbo trazer Discriminar: distinguir, especificar
Desidioso: preguiçoso, negligente
IV. PARÔNIMOS - palavras de grafia e pronúncia parecidas, Dissidioso: conflituoso, desarmonioso
mas significado diferente. Ex.: ratificar (confirmar), retificar (corri- Despensa: depósito de mantimentos
gir). Dispensa: escusa, licença, demissão
Despercebido: desatento, distraído
Lista com os principais parônimos Desapercebido: (despreparado, desprevenido
Destratar: ofender, insultar
Abjeção: baixeza, degradação Distratar: desfazer um trato ou contrato
Objeção: contestação, obstáculo Discente: relativo a alunos
Absolver: inocentar, perdoar Docente: relativo a professores
Absorver (absorção): embeber, recolher Dorso: costas
Acidente: imprevisto, desastre Torso: tronco
Incidente: dificuldade passageira, episódio Elidir: suprimir, excluir, eliminar
Amoral: indiferente à moral, que não se preocupa com a mo- Ilidir: rebater, contestar, refutar
ral
Eludir: evitar ou esquivar-se com astúcia ou com artifício:
Imoral: contrário à moral, indecente
Eludir a lei
À medida que: à proporção que, ao passo que
Iludir: causar ilusão em; enganar; burlar: Suas promessas já
Na medida em que: uma vez que; porque
não iludem ninguém
Ante: em frente a, perante, anterioridade
Emenda: (correção de falta ou defeito, alteração)
Anti: contrariedade, oposição
Ementa: (resumo, síntese (de lei, decisão judicial, etc.)
Ao encontro de: para junto de, favorável a
Emergir: vir à tona, aparecer
De encontro a: contra, em prejuízo de
Imergir: mergulhar, penetrar, afundar
Ao invés de: ao contrário de
Eminente: alto, elevado; sublime, célebre
Em vez de: em lugar de
Iminente: imediato, próximo, prestes a acontecer
A par: ciente, ao lado, junto
Ao par: de acordo com a convenção legal; equivalência Emigrar: sair da pátria
A princípio: inicialmente: A princípio Imigrar: entrar (em país estranho) para viver nele
Em princípio: de maneira geral; em tese Esbaforido: cansado, ofegante
Aferir: conferir Espavorido: apavorado, espantado
Auferir: colher, obter Espremido: particípio do verbo espremer
Área: dimensão, espaço Exprimido: particípio do verbo exprimir
Ária: peça musical para uma só voz Estada: permanência, demora de uma pessoa em algum lugar
Aresto: acórdão Estadia: permanência paga do navio no porto para carga e
Arresto: apreensão judicial descarga. Aplica-se a veículos
Arrear: pôr arreios a; aparelhar Estância: morada, mansão
Arriar: abaixar, descer, inutilizar, desaminar Fluir: correr (líquido), passar (tempo)
Ascendente: antepassado Fruir: desfrutar, gozar

Didatismo e Conhecimento 12
LÍNGUA PORTUGUESA
Instância: pedido urgente e repetido; jurisdição, foro V. POLISSEMIA - palavras que apresentam vários significa-
Infligir: aplicar (pena, castigo, multa, etc.) dos. Ex.: manga - parte do vestuário onde se enfia o braço; fruta. /
Infringir: transgredir, desrespeitar, desobedecer cabeça - parte do corpo humano; pessoa inteligente.
Inflação: ato de inflar, aumento de preços
Infração: desobediência, violação, transgressão VI. SENTIDO PRÓPRIO (DENOTAÇÃO) - propriedade
Intemerato: puro, íntegro, incorrupto que possui uma palavra de limitar-se a seu primeiro significado. Ex.:
Intimorato: sem temor, destemido pé (extremidade da perna).
Mandado: ato de mandar
Mandato: autorização que se confere a outrem, delegação VII. SENTIDO FIGURADO (CONOTAÇÃO) - propriedade
que possui uma palavra de ampliar-se no seu campo semântico, den-
Mear: dividir ao meio;
tro de um contexto, tendo outros significados. Ex.: Em que pé está
Miar: dar mios (voz dos gatos)
sua condição financeira? (situação).
Pleito: discussão, eleição
Preito: homenagem, respeito Palavras ou expressões que causam dúvidas
Posar: assumir atitude, fazer pose
Pousar: descer, baixar em pouso ACERCA DE x A CERCA DE x HÁ CERCA DE
Preceder: anteceder, vir antes
Proceder: descender, provir, originar-se; comportar-se. reali- Acerca de - equivale a sobre, a respeito de: Quero falar acerca
zar; caber, ter fundamento dos problemas na saúde.
Preeminente: elevado, superior
Proeminente: que sobressai, que vem à frente A cerca de - equivale a aproximadamente: Estamos a cerca de
Prescrever: determinar, preceituar, ordenar, receitar um mês da nova estação.
Proscrever: condenar a degredo, desterrar; proibir, abolir,
suprimir Há cerca de - faz referência a fatos passados: Há cerca de du-
Prover: abastecer, deferir. zentos anos foi assinado o Tratado.
Provir: vir de, originar-se
Ratificar: validar, confirmar autenticamente AFIM x A FIM DE
Recrear: divertir
Recriar: criar de novo Afim - ideia de afinidade, semelhança. Isabel e eu temos ideias
afins.
Repreensão: advertência, censura
Repressão: contenção, impedimento.
A fim - indica finalidade: Estudamos, a fim de sermos aprova-
Retificar: corrigir, emendar
dos.
Reincidir: recair em, repetir
Rescindir: tornar nulo, cancelar AO ENCONTRO DE ENCONTRO x DE ENCONTRO A
Remição: resgatar, liberar
Remissão: perdão Ao encontro de - indica concordância, anuência: Jorge foi ao
Soar: emitir determinado som encontro da filha, abraçando-a.
Suar: transpirar
Sob: debaixo de, comando, orientação De encontro a - indica oposição, confronto: Meus ideais vão de
Sobre: em cima de encontro aos seus, por isso recuso a proposta.
Sobrescrever: pôr nome e endereço do destinatário
Subscrever: assinar AO INVÉS DE x EM VEZ DE
Sortir: abastecer, prover
Surtir: ter como resultado, produzir efeito Ao invés de - equivale a ao contrário de: Ao invés de crescer,
Sustar: deter, suspender, interromper as cotações da bolsa diminuíram.
Suster: sustentar, manter, alimentar
Tampouco: também não, muito menos Em vez de - equivale a em lugar de: Em vez de ir ao teatro, fui
Tão pouco: muito pouco ao jogo de futebol.
Tráfego: fluxo, trânsito
A PAR x AO PAR
Tráfico: comércio ilegal
Usuário: que usa alguma coisa A par - ciente, informado, prevenido: O cliente não estava a
Usurário: agiotagem par das dívidas.
Vestiário: guarda-roupa, local em que se trocam roupas
Vestuário: conjunto das peças de vestir, traje Ao par - indica equivalência (valor monetário) - O real estava
Vultoso: grande, volumoso ao par do dólar.
Vultuoso: vermelho e inchado (diz-se do rosto)

Didatismo e Conhecimento 13
LÍNGUA PORTUGUESA
A PRINCÍPIO x EM PRINCÍPIO ( ) percorrer a pé
( ) gastar, levar
A princípio - significa inicialmente, primeiramente: A princí- ( ) providenciar, abastecer
pio, sou contrário à rescisão contratual. ( ) preparar a terra para o plantio, cultivar
( ) diminuir, emagrecer
Em princípio - significa em tese, de modo geral: Em princípio, ( ) trabalhar em garimpo, explorar pedras preciosas
as provas daquela Organizadora são fáceis.
2. Indique o antônimo das seguintes palavras, associando as
AONDE X DONDE X ONDE colunas.
(1) admitir
Aonde - é empregado com verbos que dão ideia de movimento (2) acessório
e exigem a preposição “a”: Quero saber aonde você quer chegar. (3) avaro
(4) inércia
Donde - é empregado com verbos que dão ideia de movimento (5) calado
(6) conciso
e exigem a preposição “de”: Quero saber donde você vem.
( ) loquaz
Onde - é empregado com verbos estáticos que pedem a prepo-
( ) pródigo
sição “em” e dão ideia de lugar: Onde você trabalha? ( ) atividade
( ) excluir
MAU x MAL ( ) fundamental
( ) prolixo
Mau - adjetivo, é o contrário de bom. Ele é um mau aluno (bom
aluno) 3. Sublinhe, nas frases seguintes, a forma correta que aparece
entre parênteses.
Mal - pode ser advérbio (Ela escreve muito mal), conjunção a) O governo gastou (vultosas, vultuosas) quantias com a pro-
(Mal ele chegou, a reunião foi iniciada), substantivo (Os maus serão paganda eleitoral, por isso as dívidas (acenderam, ascenderam) tanto
punidos). no último período.
b) A professora de Matemática frequenta (sessão, seção, cessão)
SENÃO x SE NÃO espírita à noite.
c) Sr. (Bem-vindo, Benvindo), seja (bem-vindo, benvindo) à
Senão nossa cidade.
d) O advogado impetrou (mandato, mandado) de segurança
a) pode ser substituído por ou: Estude, senão não será aprova- quando lhe falaram sobre o novo (mandato, mandado) do presidente.
e) O motorista (infringiu, inflingiu, infligiu) as leis de trânsito,
do no concurso.
por isso o policial (infringiu-lhe, inflingiu-lhe, infligiu-lhe) severa
multa.
b) equivale a porém, a não ser: A oposição não fazia nada,
f) O pianista providenciou o (conserto, concerto) do seu instru-
senão criticar mento, (afim de, a fim de) dar um (conserto, concerto) no Municipal.
g) Falta bom (censo, senso) aos políticos para resolverem os
c) equivale a defeito, mancha: Só houve um senão em sua problemas do país.
prova. h) O visionário foi (tachado, taxado) de louco pela população.
i) Marina não sabe o que é mais difícil de fazer: (coser, cozer)
Se não (conjunção condicional + advérbio de negação): Se as roupas ou (coser, cozer) a comida.
não chover, irei à manifestação na Paulista. j) Allan tomou uma chávena de (chá, xá) no reino do (chá, xá)
da Pérsia.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO k) O jogador de basquete foi colocado em (cheque, xeque)
quando passou um (cheque, xeque) sem fundos no supermercado.
1. Indique o sinônimo das seguintes palavras, associando as l) A testemunha agiu com (descrição, discrição), quando fez a
colunas. (descrição, discrição) do caso de assassinato.
(1) garimpar
(2) prover 4. Utilize P para o sentido próprio das palavras em negrito e F
(3) consumir para o sentido figurado.
(4) minguar a) ( ) Li com atenção página por página.
b) ( ) “És página virada, descartada do meu folhetim.” (Chico
(5) palmilhar
Buarque)
(6) amanhar

Didatismo e Conhecimento 14
LÍNGUA PORTUGUESA
c) ( ) Surgiu uma onda de boatos. leira, lemos, entre outros apontamentos, que antonímia “é o fato de
d) ( ) As ondas do mar nos encantam. haver palavras que entre si estabelecem uma oposição contraditória
e) ( ) Os preços ficarão congelados durante três meses. (vida; morte)”. Assinale a alternativa em que a palavra em destaque
f) ( ) Comida congelada é uma opção prática. tem significação contrária à palavra entre parênteses:
a) “A tentativa espanhola de combater os padrões anoréxicos”
TESTES DE CONCURSOS (europeia)
b) “Como diria o poetinha” (escritor)
01. (Vunesp) Assinale a alternativa que apresenta todas as pala- c) “quatro pares de pernas tão finas e assimétricas” (despro-
vras empregadas em sentido próprio. porcionais)
a) Ao saber do diagnóstico, sentiu-se no fundo do poço. d) “não há mais dúvida que a anorexia é uma doença” (pato-
logia)
b) Não se deve automedicar de orelhada.
e) “usa sua história como lição para as mais novas” (velhas)
c) O hipocondríaco faz um cavalo de batalha, ao menor sinal
da doença. 07. (Cetro) De acordo com a norma-padrão da Língua Portu-
d) Ficou com o coração na boca, à espera do diagnóstico. guesa e em relação à ortografia e ao contexto, assinale a alternativa
e) O especialista aconselha uma automedicação responsável. que preenche correta e respectivamente as lacunas.
I. Esta é a casa .................... morei desde que nasci.
02. (Vunesp) Assinale a frase que apresenta todas as palavras II. O coordenador já o conhecia .................... cinco anos.
com sentido próprio. III. Para obter a .................... dos direitos autorais, teve que re-
a) Roberto é uma fera ao volante. correr ao tribunal.
b) Alguns pedestres imprudentes atravessam as ruas. IV. Não compareceu à reunião, .................... seu chefe compa-
c) Muitos motoboys passam voando entre os carros. receu.
d) Certos motoristas são tartarugas no trânsito. a) I. aonde/ II. há/ III. cessão/ IV. tão pouco
e) Às vezes, nosso trânsito é uma verdadeira selva. b) I. onde/ II. a/ III. cessão/ IV. tampouco
c) I. onde/ II. há/ III. cessão/ IV. tampouco
03. (Vunesp) Assinale a alternativa que faz uso da linguagem d) I. aonde/ II. a/ III. sessão/ IV. tampouco
no sentido figurado. e) I. onde/ II. há/ III. seção/ IV. tão pouco
a) A favela é um local violento por causa da miséria e das dro-
gas.
b) As favelas cariocas estão coalhadas de traficantes.
08. (Cesgranrio) Há erro no significado atribuído à palavra:
c) Quem deve falar pelo favelado é o próprio favelado.
a) agruras - dificuldades, aborrecimentos
d) ... a pena de morte não vigora no Brasil.
b) indolente - inertes, preguiçosos
e) Mesmo os líderes comunitários evitam certos assuntos. c) desalento - desânimo, abatimento
d) peremptoriamente - de forma hesitante, vacilante
04. (Vunesp) Assinale a alternativa em que a palavra destacada e) frementes - trêmulos, agitados
está empregada em sentido conotativo.
a) A história colonial brasileira durou três séculos. 09. (Cesgranrio) Indique a opção com erro no emprego de
b) Foi no século passado que aconteceram as Grandes Guerras. mau e mal.
c) Um século tem cem anos. a) Tudo para ele estava mau redigido.
d) Já estamos no século XXI. b) Esse é um mau exemplo para a juventude.
e) Há séculos ele vem querendo entrar na faculdade. c) Mal saiu o sol e já estavam na lavoura.
d) Não há mal que sempre dure nem bem que não se acabe.
05. (Funrio) Os vocábulos emergir e imergir são parônimos: e) Os remédios lhe fizeram muito mal.
empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que se quer ex-
pressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma frase em que 10. (Cesgranrio) “A baleia-bicuda-de-True chega a ter seis me-
se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecionando convenien- tros de comprimento e não se imaginava que pudesse chegar ao li-
temente o parônimo adequado à frase elaborada. Assinale-a. toral brasileiro.” Indique a opção em que as duas formas do mesmo
verbo têm o mesmo sentido.
a) A descoberta do plano de conquista era eminente.
a) Para aplicar os ensinamentos que recebeu do pai, ele aplicou
b) O infrator foi preso em flagrante.
todos os seus ganhos em imóveis.
c) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas.
b) Com a finalidade de cortar o consumo excessivo de proteí-
d) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura. nas, ele cortou as carnes de sua alimentação.
e) Os culpados espiam suas culpas na prisão. c) Com uma tesoura, destacou algumas partes do documento,
para que só o mais importante se destacasse.
06. (Funrio) Podemos sempre, em determinada língua, buscar d) Ele viu que estava com sede quando viu o amigo tomar um
aspectos semânticos que nos ajudem a pensá-la. Dentre as caracte- mate gelado.
rísticas relacionadas a sentido, uma das bem conhecidas é a antoní- e) O funcionário que visava a uma promoção no final do ano
mia. Em Evanildo Bechara, autor de Moderna Gramática Brasi- era o responsável por visar os documentos.

Didatismo e Conhecimento 15
LÍNGUA PORTUGUESA
GABARITOS TESTES DE CONCURSOS

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
01 E
1. 02 B
(5) percorrer a pé
03 B
(3) gastar, levar
(2) providenciar, abastecer 04 E
(6) preparar a terra para o plantio, cultivar
(4) diminuir, emagrecer 05 B
(1) trabalhar em garimpo, explorar pedras preciosas 06 E

2. 07 C
(5) loquaz 08 D
(3) pródigo
(4) atividade 09 A
(1) excluir 10 B
(2) fundamental
(6) prolixo
TESTES COMENTADOS
3.
01. (Fundação Carlos Chagas) Quatro ações são atribuídas ao
(4) afogar (uma cidade) em sangue
editorial da revista britânica The Lancer: acender, sugerir, concla-
(3) correr sangue
mar e insinuar. Considerando-se o contexto, não haveria prejuízo
(7) ferver o sangue
para o sentido se tivessem sido empregados, respectivamente,
(1) ficar sem sangue nas veias
a) ensejar - aventar - convocar - sugerir
(6) não ter sangue de barata
b) instigar - propor - reiterar - infiltrar
(5) ter sangue quente
c) dirimir - conceder - atribuir - insuflar
(2) ter sangue azul nas veias
d) solapar - retificar - conceder - induzir
e) conduzir - insinuar - proclamar - confessar
4.
a) O governo gastou vultosas quantias com a propaganda elei-
02. (Fundação Carlos Chagas) Considerando-se o contexto, tra-
toral, por isso as dívidas ascenderam tanto no último período.
duz-se corretamente o sentido de uma frase ou expressão do texto
b) A professora de Matemática frequenta sessão espírita à noite.
em:
c) Sr. Benvindo, seja bem-vindo, à nossa cidade.
a) sequer exigiam que as ditas ficções fossem edificantes = nem
d) O advogado impetrou mandado de segurança quando lhe
ao menos impunham que as supostas atividades tivessem algum va-
falaram sobre o novo mandato do presidente.
lor ficcional.
e) O motorista infringiu as leis de trânsito, por isso o policial
b) eram tratados com a mesma deferência = eram considerados
infligiu-lhe severa multa.
como formas indistintas de expressão.
f) O pianista providenciou o conserto do seu instrumento, a fim
c) a ficção opera uma mágica suplementar = a ficção se investe
de dar um concerto no Municipal.
de uma magia excessiva.
g) Falta bom senso aos políticos para resolverem os problemas
d) não de nossas normas morais, mas de nosso pensamento mo-
do país.
ral = não moralidade pragmática, mas da moralidade reflexiva.
h) O visionário foi tachado de louco pela população.
e) afastado de nós pela particularidade de seu grupo = que nos
i) Marina não sabe o que é mais difícil de fazer: coser as roupas
impede de reconhecer sua excentricidade étnica.
ou cozer a comida.
j) Allan tomou uma chávena de chá no reino do xá da Pérsia.
03. (Fundação Carlos Chagas) Considerando-se o contexto, tra-
k) O jogador de basquete foi colocado em xeque quando passou
duz-se adequadamente o sentido de um segmento em:
um cheque sem fundos no supermercado.
a) capaz de orquestrar compromissos - hábil na ressonância
l) A testemunha agiu com discrição quando fez a discrição do
compromissada.
caso de assassinato.
b) sem estabelecer parâmetros - à revelia da proposição de me-
tas.
5.
c) Faltou-lhe aval - Urgiu o beneplácito.
a) (P) Li com atenção página por página.
d) políticas de mitigação - estratégias de arrefecimento.
b) (F) “És página virada, descartada do meu folhetim.” (Chico
e) A tese foi rechaçada - obliterou-se a hipótese.
Buarque)
c) (F) Surgiu uma onda de boatos.
04. (Fundação Carlos Chagas) Não haverá prejuízo para a cor-
d) (P) As ondas do mar nos encantam.
reção e o sentido do segmento do texto com a substituição do ele-
e) (F) Os preços ficarão congelados durante três meses.
mento sublinhado pelo indicado entre parênteses em:
f) (P) Comida congelada é uma opção prática.

Didatismo e Conhecimento 16
LÍNGUA PORTUGUESA
a) Algumas vezes nos perguntamos como sobrevivíamos antes RELAÇÕES ENTRE IDEIAS E RECURSOS DE COE-
da internet (...). (Ocorre-nos, por vezes, indagar) SÃO
b) Lembremos que essas tecnologias (...) são aquisições recen-
tíssimas da humanidade. (conquistas açodadas) Para que possamos compreender um texto, é fundamental co-
c) (...) agiram como se estivessem na iminência de um ataque nhecer os conceitos de coesão e coerência.
catastrófico. (tal fosse prestes a sofrerem)
d) (...) inserindo-se no cotidiano da vida pública e privada (...) Coerência - conjunto de relações sintático-semânticas que
(emergindo no dia a dia) unem as partes de um texto.
e) (...) nos ajuda a entender (...) a configuração da subjetividade
contemporânea. (formação da veleidade íntima) Coesão - ligação de natureza gramatical entre as partes de um
texto ou de uma sentença. Expressa-se pelo uso adequado dos co-
05. (Fundação Carlos Chagas) Considerando-se o contexto, tra- nectivos (conjunções e pronomes relativos, principalmente).
duz-se corretamente o sentido de um segmento em:
a) alinham-se em simetria = perfilam em perspectiva.
A importância dos conectivos
b) uma expressão sisuda = uma fisionomia circunspecta.
c) pretendido congelamento do tempo = suposta inserção tem-
poral A coesão de um texto depende muito da relação entre as orações
d) num torvelinho temporal = num fragmento do tempo. que formam os períodos e os parágrafos. Os períodos compostos
e) profusão e velocidade das imagens = dispersão e ritmo figu- precisam ser relacionados por meio de conectivos adequados. Os
rativo. principais são as conjunções e os pronomes.

RESPOSTAS Conjunções coordenativas

01. Resposta A. Acender equivale a estimular, entusiasmar, Relação / conjunção / exemplo


ensejar; sugerir - propor, aventar; conclamar - clamar, aclamar;
insinuar - incutir, sugerir. Adição - e, nem, mas também. Sofia estuda e brinca.

02. Resposta D. São expressões semelhantes.


Adversidade (oposição) - mas, porém, contudo, todavia, entre-
Demais alternativas: a) fossem edificantes (tivessem aperfei- tanto. Joana estudou muito, porém não foi aprovada.
çoamento moral) x tivessem valor ficcional (valor imaginário); b)
deferência (consideração, apreço) x indistintas (obscuras, indefini- Alternância - ou.. ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja. Beatriz
das); c) mágica suplementar (adicional) x magia excessiva (exa- ora estuda, ora trabalha.
gerada); e) particularidade (detalhe) x excentricidade (distância).
Conclusão - logo, portanto, pois (após o verbo). Penso, logo
03. Resposta D. As expressão são semelhantes: mitigação e ar- existo.
refecimento tem como acepções alívio, esfriamento.
Explicação - que, porque, pois (antes do verbo). Estudem bas-
Demais alternativas: a) orquestrar - ideia de habilidade, res- tante, pois só assim serão aprovados.
sonância compromissada - ideia de obrigação; b) sem estabelecer
padrão x sem estabelecer metas; c) falta de aprovação x solici-
Conjunções subordinativas
tação de consentimento; e) rechaçada (recusada) x obliterou-se
(eliminou-se).
Relação / conjunção / exemplo
04. Resposta A. As substituições são equivalentes (Algumas
vezes e por vezes; nos perguntamos e Ocorre-nos ... indagar). Causa - porque, já que, visto que, como. Já que todos faltaram,
não haverá aula.
Demais alternativas: b) recentíssimas (pouco tempo de exis-
tência) x açodadas (apressadas, precipitadas); c) alternativa “mali- Comparação - mais... que, menos... que, assim como, tão/tan-
ciosa” - as expressões são equivalentes, mas há erro de concordância to... como. Vânia é mais esperta do que sua irmã.
- fossem prestes a sofrer (o auxiliar se pluraliza, não o principal);
d) inserindo (introduzindo, fixando) x emergindo (vindo à tona, Concessão - embora, ainda que, conquanto, mesmo que. Ainda
saindo); e) subjetividade (individual, particular) x veleidade (im- que chova, iremos à aula inaugural do curso.
prudência, vaidade).
Condição - se, caso, desde que, a não ser que, a menos que. Se
05. Resposta B. As duas expressões são equivalentes. não chover, iremos ao concerto no Municipal.

Demais alternativas: a) simetria - correspondência, semelhan- Conformidade - conforme, como, segundo. Fizeram tudo con-
ça x perspectiva - expectativa, panorama, ponto de vista; c) pre- forme o combinado.
tendido - desejado, tencionado x suposta - hipotética, fictícia; d)
torvelinho - redemoinho x fragmento - pedação, porção; e) profu- Consequência - tão/tanto... que, de modo que. Comeu tanto,
são - abundância, excesso x dispersão - afastamento, disseminação. que teve distúrbio intestinal.

Didatismo e Conhecimento 17
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Finalidade - para que, a fim de que. Lutou muito a fim de ser Uma das modalidades de coesão é a remissão, que, no texto, é
reconhecido. realizada por meio da referenciação anafórica ou catafórica,.

Proporcionalidade - à medida que, à proporção que. À medida A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de prono-
que estudava, ganhava mais ânimo. mes pessoais de 3ª pessoa (retos e oblíquos) e os demais pronomes;
também por numerais, advérbios e artigos. Exemplo: André e Pe-
Tempo - quando, logo que, assim que, mal, enquanto. Quando dro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são diferentes.
chegou, a reunião já havia começado. Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz.
O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de
Relação dos principais elementos de coesão: futebol; este recupera a palavra Pedro; aquele, o termo André; o faz,
o predicado briga com quem torce para o outro time.
assim, desse modo: têm um valor exemplificativo e comple- A remissão catafórica (para frente) realiza-se prefe-
mentar. A sequência introduzida por eles serve normalmente para rencialmente através de pronomes demonstrativos ou indefinidos
explicitar, confirmar ou ilustrar o que se disse antes. neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das demais
espécies de pronomes, de advérbios e de numerais. Exemplo: Qual-
e: anuncia o desenvolvimento do discurso e não a repetição do quer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara
que foi dito antes; indica uma progressão que adiciona, acrescenta de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era
algum dado novo. tudo o que sabíamos dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros
contraídos. O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele
ainda: serve, entre outras coisas, para introduzir mais um argu- antecipam a expressão o professor.
mento a favor de determinada conclusão, ou para incluir um elemen-
to a mais dentro de um conjunto qualquer. Coesão Dêitica

aliás, além do mais, além de tudo, além disso: introduzem São palavras ou expressões que estão fora do texto, ou seja,
um argumento decisivo, apresentado como acréscimo, como se fos- dependem da situação geral da produção do texto. São exemplos:
se desnecessário, justamente para dar o golpe final no argumento artigos, pronomes demonstrativos, pronomes pessoais, pronomes
contrário. possessivos de referentes dêiticos: advérbios de lugar e de tempo,
artigos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos.
isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras: introduzem
esclarecimentos, retificações ou desenvolvimento do que foi dito
anteriormente.

mas, porém e outros conectivos adversativos: marcam oposi-


ção entre dois enunciados ou dois segmentos do texto.

embora, ainda que, mesmo que: são relatores que estabele-


cem ao mesmo tempo uma relação de contradição e de concessão.
Servem para admitir um dado contrário para depois negar seu valor
de argumento. Trata-se de um expediente de argumentação muito
vigoroso.

Pronomes relativos

Referem-se a um termo anterior, denominado antecedente. a)


QUE - usado em relação a coisas ou pessoas (Este é o livro que
você está lendo; A pessoa que lhe apresentei venceu o concurso de
poesia); b) QUEM - refere-se apenas a pessoas e aparece sempre
preposicionado: Esta é a garota a quem ele amava; c) CUJO - indica
posse, vem entre dois substantivos, concorda em gênero e número
com o substantivo a que se refere, não admitindo a posposição do
artigo (Este é o escritor cuja obra li na íntegra); d) ONDE - equivale
a em que ou no(a) qual, empregado para indicar lugar (Onde você
mora?); e) QUANTO - vem precedido de um dos pronomes inde-
finidos: tudo, tanto(s), tanta(s), todo(s),toda(s). Tenho tudo quanto
desejo.;

f) QUANDO - será pronome relativo quando o antecedente dá


ideia de tempo (A greve aconteceu em janeiro quando o governo
aumentou os impostos).

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Complete com os conectivos adequados.


a) O maior temor dos candidatos é chegar um minuto atrasado ao local da prova. .................... o estudante tentar entrar .................... o portão
está fechado, arrisca-se a ter os dedos da mão decepados.
b) Quase desço do táxi .................... falar com eles e talvez pedir uns autógrafos, .................... contive minha exaltação patriótica, preferindo
olhá-los a distância, .................... nunca se sabe o que Rambo pode fazer diante de um nordestino de aparência certamente ameaçadora, melhor
admirar de longe.
c) .................... a esposa estar, há muito tempo, longe de casa, o marido não sente sua falta, .................... se rodeia de amigos, ....................
comemorar sua liberdade. ‘
d) .................... o time não tenha treinado, conseguiu chegar à final do campeonato, sem, .................... merecer. No final, os jogadores não
se esforçaram nem um pouco ..................... não perderiam dinheiro com isso, .................... perderam o jogo vergonhosamente.
e) Os entusiastas do vídeo sustentam que as imagens são mais cativantes do que as palavras, ignorando, ...................., a diferença maior
entre ambos: .................... o vídeo é captado pelos olhos, o texto ressoa direto na mente. O texto nos convida a ir buscar imagens que comple-
tem as palavras fornecidas por ele .................... o vídeo exclui tais excursões mentais. (Paul Saffo)

2. Por meio de pronomes relativos adequados, junte cada par de frases numa só, fazendo as modificações necessárias.

Modelo: Tio Onofre contava histórias. As histórias dele me apavoravam. (Tio Onofre contava histórias que me apavoravam.)

a) Junto à fonte vi uma jovem. Pedi a ela um pouco d’água.


........................................................................................................................................................
b) Veja o perigo. Você se expõe a esse perigo
........................................................................................................................................................
c) Antes do jogo houve uma cerimônia cívica. Durante essa cerimônia o povo se manteve em silêncio.
.........................................................................................................................................................
d) O crítico elogiou o filme. Woody Allen participou do filme.
.........................................................................................................................................................
e) Denise foi aprovada no concurso. O pai de Denise é professor.
.........................................................................................................................................................
f) O futebol é um esporte. O povo gosta muito desse esporte.
.........................................................................................................................................................
g) O escritor vive no anonimato. A obra desse escritor foi censurada.
.........................................................................................................................................................
h) Marisa Monte gravou novo CD. Sou admirador de Marisa Monte.
.........................................................................................................................................................

i) Você se referiu à obra. A obra está esgotada.


..........................................................................................................................................................
j) Telefonou-me um político. Nas informações desse político não acreditei.
..........................................................................................................................................................

TESTES DE CONCURSOS

A energia nuclear pode ser empregada para o bem ou para o mal. Na verdade, ela é investigada, apurada e criada para algum resultado, que
lhe confere validade. Não vale por si mesma, do ponto de vista ético. Pode valer pela sua eventual utilidade, como meio; mas o uso de energia
nuclear, para ser considerado bom ou mau, deve referir-se aos fins humanos a que se destina.

01. (FGV) Considerando as estratégias de referenciação no trecho acima, assinale a alternativa cujo pronome não se refere à expressão
energia nuclear:
a) ela
b) lhe
c) si
d) sua
e) que

No ano 2000, a Organização Mundial da Saúde calculou que doenças atribuíveis a mudanças climáticas haviam sido responsáveis pela
perda de 188 milhões de anos de vida por morte prematura ou incapacidade física, apenas na América Latina e Caribe; na África, foram 307
milhões de anos; no sudeste asiático, 1,7 bilhão. Esses números contrastam com os dos países industrializados: 8,9 milhões.

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02. (FGV) O pronome destacado acima tem valor Todos gostariam de trabalhar tendo um patrão - contrariando o
a) catafórico mito de que a venda ambulante é uma maneira de ganhar autonomia
b) dêitico e maiores dividendos. “Muitos daqueles que sobrevivem graças ao
c) anafórico trabalho informal gostariam de voltar ou integrar-se à formalidade.
d) expletivo Isso é quase um sonho para muitos”
e) fático Ramires explica que a maioria dos ambulantes veio de traba-
lhos com registro em carteira e, por isso, sabe das “tranquilidades”
03. (FGV) A alocação de novos recursos nada tem a ver, em que o mercado formal possibilita: previdência social, fundo de e, por
garantia, décimo terceiro salário, entre outros
princípio, com o impacto tecnológico. O avanço deste não acarreta
São pouquíssimos os que ganham mais de R$300 por mês. O
necessariamente impacto positivo daquela. Os pronomes demons-
pesquisador encontrou alguns que guardam o colchão sob a barraca
trativos exercem, respectivamente, função e que, quando anoitece, dormem embaixo dela
a) anafórica e catafórica Em alguns casos, os camelôs pagam a comerciantes e clínicas
b) catafórica e catafórica médicas para guardar seus produtos em seus estabelecimentos.
c) anafórica e anafórica Assim, parte da renda obtida por essas instituições é proveniente do
d) catafórica e anafórica comércio informal. “Essa ideia de que há uma linha divisória entre
e) dêitica e dêitica o trabalho formal e informal não existe. Ambos fazem parte de um
único sistema econômico”, finaliza Ramires.
04. (FGV) Mas a correlação de forças não lhes permite ir mais (Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/
longe, e essa paralisia favorece o retorno dos acordos bilaterais ou sonosso/index.htm, acesso: 16/08/2008, texto adaptado)
regionais. Com isso, falta um projeto mundial coerente em que o
desenvolvimento do comércio seja articulado ao equilíbrio social e 05. A opção em que o vocábulo destacado apresenta valor
ambiental. Os pronomes em destaque no trecho selecionado têm, anafórico é
respectivamente, valor a) “Expulsos ou sequer convidados...”
a) catafórico e catafórico b) “essa é a opinião de 38 camelôs de São Paulo.”
b) anafórico e anafórico c) “no entanto, creditam à prática...”
c) dêitico e dêitico d) “Ramires explica que a maioria dos ambulantes...”
e) “Quando anoitece, dormem embaixo dela.”
d) anafórico e catafórico
e) catafórico e anafórico
06. (Cetro) Assinale a alternativa cuja conjunção substitua ade-
quadamente o conectivo grifado no período abaixo, sem prejuízo da
(Funrio) Texto para a questão de número 5. informação, fazendo as adaptações necessárias. Apesar de não ter
contraindicação, é importante que esses compostos só sejam usados
Trabalho de camelô é fuga da marginalidade, conclui a com orientação médica, já que o excesso de uso pode trazer danos
pesquisa de Raquel Souza da Equipe GD. à saúde.
a) embora
A venda ambulante não é trabalho. Essa é a opinião de 38 ca- b) conforme
melôs de São Paulo. montar Expulsos ou sequer convidados para o c) ainda que
mercado formal, essas pessoas se viram obrigadas a uma barraqui- d) visto que
nha e vender bugigangas nas ruas da cidade. No entanto, creditam e) ao passo que
à prática apenas um “jeito de ganhar a vida” sem cometer crimes.
07. (Cetro) Assinale a alternativa cuja conjunção não substitui
“Eles não criam uma identidade de trabalhador como outro pro- adequadamente o conectivo grifado no período, prejudicando a in-
fissional qualquer. O trabalho de camelô é encarado como ganha pão formação: Espera-se que os indivíduos, por exemplo, respeitem os
e o jeito de distinguir-se daqueles que cometem atos ilícitos para ter limites de velocidade, uma vez que estudos técnicos foram realiza-
dinheiro, apesar da perseguição policial”, comenta Francisco José dos e orientaram as decisões contidas na legislação.
a) visto que
Ramires, que pesquisou o tema entre 1999 e 2001. Os resultados
b) já que
estão em seu trabalho de mestrado, apresentado na Faculdade de
c) porque
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Intitulado “Severinos d) apesar de que
na metrópole: a negação do trabalho na cidade de São Paulo”, a e) pois
pesquisa conta com depoimentos de camelôs de diversos cantos da
cidade - do D. Pedro II, Praça da Sé, Hospital das Clínicas e da rua 08. (Cetro) Se quiséssemos manter o sentido da oração “Sua
Teodoro Sampaio missão é quase, mas não totalmente, frustrada pelos esforços vila-
As histórias de vida variam bastante. Possuem em comum o nescos de um modelo superior de robô, o T-1000”, o termo grifado
fato de serem quase na totalidade, nordestinos ou filhos de migran- só não poderia ser substituído por:
tes. Os mais velhos (compreenda como aqueles que passaram dos a) porém
38 anos) possuem baixa escolarização, em média 4ª série do Ensino b) logo
Fundamental. Já os jovens concluíram o Ensino Médio e, em alguns c) embora
casos, fizeram até cursos profissionalizantes e o primeiro ano de fa- d) contudo
culdade (que foi abandonada por falta de recurso financeiro). e) entretanto

Didatismo e Conhecimento 20
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09. (Cetro) A questão apresenta um período que você deverá TESTES COMENTADOS
modificar, iniciando-o conforme se sugere, mas sem alterar a ideia
contida no primeiro. Assinale a alternativa que contém o elemento (Fundação Carlos Chagas) As questões 01 a 03 apresentam um
adequado ao novo período. “Termine a lição, e eu deixo você ir brin- período em que você deverá modificar, iniciando-o conforme se su-
car”. “Eu deixo você ir brincar .................... termine a lição.” gere, mas sem alterar a ideia contida no primeiro. Em consequência,
a) pois outras partes da frase sofrerão alterações. Assinale a alternativa que
b) embora contém o elemento adequado ao novo período.
c) a fim de que
d) ou 01. Penso, logo existo. Comece com: Existo ........................
e) desde que a) na medida em que
b) conforme
10. (Cetro) O trecho - “Bem cuidado como é, o livro apresenta c) pois
alguns defeitos”. Começando com: “O livro apresenta alguns defei- d) enquanto
tos, - o sentido do trecho não se altera se continuar com: e) à medida que
a) desde que bem cuidado
b) contanto que bem cuidado 02. Não chegue tarde, pois muita gente virá procurá-lo. Comece
c) à medida que é bem cuidado com: Muita gente virá .......................
d) tanto é que bem cuidado a) porquanto
e) ainda que bem cuidado b) entretanto
c) por conseguinte
GABARITOS d) dado que
e) visto que
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
03. Eu gritei, mas ninguém ouviu. Comece com: Ninguém me
1. Respostas sugeridas: ouviu ........
a) se, quando
a) visto que
b) para, mas, porque
b) portanto
c) apesar de, já que, a fim de
c) então
d) ainda que; uma vez que; por isso
d) ainda que
e) contudo, enquanto, ao passo que
e) por isso
2.
04. (Fundação Carlos Chagas) O emprego do elemento subli-
a) Junto à fonte vi uma jovem a quem pedi um pouco d’ água.
b) Veja o perigo a que você se expõe. nhado compromete a coerência da frase em:
c) Antes do jogo houve uma cerimônia cívica, durante a qual o a) Cada época tem os adolescentes que merece, pois estes são
povo se manteve em silêncio. influenciados pelos valores socialmente dominantes.
d) O crítico elogiou o filme de que (do qual) Woody Allen par- b) Os jovens perderam a capacidade de sonhar alto, por conse-
ticipou. guinte alguns ainda resistem ao pragmatismo moderno.
e) Denise, cujo pai é professor, foi aprovada no concurso. c) Nos tempos modernos, sonhar faz muita falta ao adolescente,
f) O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. bem como alimentar a confiança em sua própria capacidade criativa.
g) O escritor cuja obra foi censurada vive no anonimato. d) A menos que se mudem alguns paradigmas culturais, as gera-
h) Marisa Monte de quem sou admirador gravou novo CD. ções seguintes serão tão conformistas quanto a atual.
i) Você se referiu à obra que está esgotada. e) Há quem fique desanimado com os jovens de hoje, porquanto
j) Telefonou-me um político em cujas informações não acredite. parece faltar-lhes a capacidade de sonhar mais alto.
j) Resta-lhes explicar pelo menos um porquê dessa desvalori-
zação da moeda. 05. (Fundação Carlos Chagas) A coerência da frase está preju-
dicada pelo emprego da expressão sublinhada em:
TESTES DE CONCURSOS a) A rotina familiar é alterada durante a Copa, tanto assim que
há casos de ressentimentos gerados pelo excesso das paixões.
01 E b) A despeito de serem os torcedores mais inflamados, os ho-
02 C mens costumam deixar-se arrebatar pelo entusiasmo numa Copa do
03 C Mundo.
c) Muito embora as mulheres não sejam, via de regra, torcedo-
04 B
ras fanáticas, há sempre aquelas que sofrem com os maus resultados
05 B
da nossa seleção.
06 D
d) À medida que transcorrem os jogos, vai subindo o grau de
07 D
emoção e de nervosismo dos torcedores mais preocupados.
08 B
e) É comum ocorrerem desavenças familiares durante uma
09 E Copa, visto que muito poucas pessoas mantêm o espírito sereno du-
10 E rante os jogos.

Didatismo e Conhecimento 21
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RESPOSTAS Nem tudo que ronca é porco,
Nem tudo que berra é bode,
01. Resposta C. Dentre as opções, é a única conjunção coor- Nem tudo que reluz é ouro,
denada e é explicativa. Nem tudo falar se pode.

Demais alternativas: a) na medida em que - conjunção subor- Antítese - aproximação de palavras ou expressões de sentidos
dinativa causal; b) conforme - conjunção subordinativa conforma- opostos. “Onde queres prazer sou o que dói / E onde queres tortura,
tiva; d) enquanto - conjunção subordinativa temporal; e) à medida mansidão / Onde queres um lar, revolução / E onde queres bandido
que - conjunção subordinativa proporcional. sou herói” (Caetano Veloso)
02. Resposta C. Mantém-se o significado da frase em análise Antonomásia (Perífrase) - substituição de um nome por uma
substituindo-se a conjunção pois pela conjunção por conseguinte. expressão que o identifique com facilidade. Exemplos: Os quatro
rapazes de Liverpool (em vez de Beatles); O rei dos animais (em
Demais alternativas: a) porquanto - conjunção subordinativa
vez de leão).
causal (equivale a visto que); b) entretanto - conjunção coordenati-
va adversativa; d) dado que - conjunção subordinativa condicional;
e) visto que - conjunção subordinativa causal. Apóstrofe - invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginá-
rio, que pode estar presente ou ausente. “Senhor Deus dos desgraça-
03. Resposta D. Mantém-se o mesmo significado da frase ini- dos! Dizei-me vós, Senhor Deus!” (Castro Alves)
cial, utilizando-se uma conjunção subordinativa concessiva.
1. Assonância: repetição orde-
Demais alternativas: a) visto que - conjunção subordinativa nada de mesmos sons vocálicos. Exemplo: “Sou um mulato nato no
causal; b) portanto - conjunção coordenativa conclusiva; c) então sentido lato mulato democrático do litoral,” (Caetano Veloso)
- conjunção coordenativa conclusiva; e) por isso - conjunção coor-
denativa conclusiva. Catacrese - tipo especial de metáfora desgastada, em que não
se sente nenhum vestígio de inovação, de criação individual ou pito-
04. Resposta B. por conseguinte - conjunção conclusiva, a se- resca. Exemplos: céu da boca, dente de alho, barriga da perna.
gunda oração tem teor explicativo, deveria ter sido empregado um
dos seguintes conectivos: porque, visto que, pois, porquanto. Elipse - omissão de um termo ou oração facilmente identifi-
cável ou subentendido no contexto. Pode ocorrer na supressão de
Demais alternativas: a) pois - conjunção explicativa; c) bem pronomes, de conjunções, de preposições ou de verbos. “Na sala,
como - conjunção aditiva; d) a menos que - conjunção condicional; apenas quatro ou cinco convidados.” Machado de Assis. (Omissão
e) porquanto - conjunção explicativa. da forma verbal “havia”).
Eufemismo: substituição de uma expressão por outra menos
05. Resposta B. A expressão a despeito de dá ideia de conces- brusca, suavizando alguma ideia desagradável. Exemplo: Maluf en-
são e não se adapta à sequência do texto. riqueceu por meios ilícitos.
Demais alternativas: Todos os itens mencionados são coerentes Gradação (Clímax): apresentação de ideias em progressão
com as estruturas das frases: a) tanto assim que - expressão causal; ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax). Exemplo: “Um
c) muito embora - valor concessivo; d) A medida que - conjunção coração chagado de desejos / Latejando, batendo, restrugindo...”
proporcional; e) visto que - valor causal.
(Vicente de Carvalho)
FIGURAS DE ESTILO OU DE LINGUAGEM
Hipérbato - inversão complexa de membros da frase. “En-
São os desvios da norma culta com a finalidade de reforçar a quanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de ro-
mensagem. Casos principais: sas.” (Camões) Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas
de rosas nas cabeças.
Aliteração - repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
Exemplo: “Vozes veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos violões, Hipérbole - exagero de uma ideia, a fim de causar impacto ou
vozes veladas, / Vagam nos velhos vórtices velozes / Dos ventos, emoção. “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo Bilac)
vivas, vãs, vulcanizadas.” Cruz e Sousa
Ironia (Antífrase) - sugere o contrário do que as palavras ou
Anacoluto - interrupção do plano sintático com que se inicia a orações parecem exprimir. “Moça linda, bem tratada, três séculos
frase, alterando a sequência lógica. A construção do período deixa de família, burra como uma porta: um amor.” (Mário de Andrade)
um ou mais termos desprendidos dos demais e sem função sintática
definida. Exemplo: “O homem, chamar-lhe mito não passa de ana- Metáfora - um termo substitui outro através de relação de se-
coluto.” (Carlos Drummond de Andrade) melhança resultante da subjetividade de quem a cria. Pode ser en-
tendida como uma comparação abreviada, uma vez que o conectivo
Anáfora - repetição da mesma palavra ou grupo de palavras no não está expresso, mas subentendido. “O tempo é uma cadeira ao
princípio de frases ou versos consecutivos. Exemplo: sol, e nada mais.” (Carlos Drummond de Andrade)

Didatismo e Conhecimento 22
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Metonímia (Sinédoque) - substituição de uma palavra por outra, havendo entre ambas grau de semelhança ou proximidade de sentido.
Exemplos: Antes de sair, tomamos um cálice de vinho (conteúdo do cálice), Passava horas lendo Machado de Assis (obra)

Onomatopeia - imitação de ruído ou de sons. “Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno.” (Fernando Pessoa)

Paranomásia - aproximação de palavras de sons parecidos, Exemplo: “Eu que passo, penso e peço...” Sidney Miller

Polissíndeto - repetição enfática de uma conjunção coordenativa, geralmente a “e”. “E sob as ondas ritmadas / e sob as nuvens e os ventos
/ e sob as pontes e sob o sarcasmo / e sob a gosma e sob o vômito” (Carlos Drummond de Andrade)

Pleonasmo - uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do ponto de vista semântico quanto do ponto de vista sintático.
“Morrerás morte vil na mão de um forte.” (Gonçalves Dias)

Prosopopeia (Personificação) - atribuição de ações e sentimentos próprios de seres animados a serem inanimados ou imaginários. “Os rios
vão carregando as queixas do caminho.” (Raul Bopp).

Silepse - concordância não com o que vem expresso, mas com o que se entende, com o que está implícito. Pode ser de:

a) gênero. Exemplo: Vossa Excelência está acanhado

b) de número. Exemplo: Os Sertões conta a história da Guerra de Canudos;

c) de pessoa. Exemplo: “A gente não sabemos escolher presidente A gente não sabemos tomar conta da gente.” (Roger Rocha Moreira).

Sinestesia - aproximação, na mesma expressão, de sensações percebidas por diferentes órgãos dos sentidos. Exemplo: Um áspero sabor
de indiferença a atormentava.

Sínquise - inversão violenta de distantes partes do texto. É um hipérbato exagerado. “A grita se alevanta ao Céu, da gente.” (Camões) A
grita da gente se alevanta ao Céu.

Zeugma - omissão de termo já expresso na frase. Exemplo: Adriana prefere chocolate; Lauro, empadinha. Omissão da forma verbal “pre-
fere”.

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

1. Classifique as figuras de linguagem das frases abaixo.


a) “A brisa do Brasil beija e balança” (Castro Alves)
.........................................................................................................................
b) Conversamos sobre vários assuntos, depois ficamos a ouvir Beethoven.
.........................................................................................................................
c) Ninguém dúvida de que um político corrupto é sempre vítima das circunstâncias. .....................................................................................
....................................
d) Aquele político é uma criatura de inteligência muito limitada.
.........................................................................................................................
e) O pavão é um arco-íris de plumas.
.........................................................................................................................
f) Os arbustos dançavam abraçados com os pinheiros a suave valsa do crepúsculo.
.........................................................................................................................
g) Vento ou ventania varrendo.
.........................................................................................................................
h) “... e até o número de casas e do telefone serão esquecidos, e toda essa gente e todas essas coisas se apagarão em lembranças remotas.”
.........................................................................................................................
i) Toda vida se tece de mil mortes.
.........................................................................................................................
j) Com o espinho enterrado no pé, levantou-se rápida à procura do pai.
.........................................................................................................................
k) “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos.”
.........................................................................................................................
l) Rúbia é um bom garfo.

Didatismo e Conhecimento 23
LÍNGUA PORTUGUESA
.........................................................................................................................
m) “Vi uma estrela tão alta / Vi uma estrela tão fria! / Vi uma estrela luzindo, / Na minha vida vazia.”
.........................................................................................................................
n) “Os adultos possuem poder de decisão; os jovens, incertezas e conflitos.”
.........................................................................................................................
o) “Quando a indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável), Talvez eu tenha medo” (Manuel Bandeira)
.........................................................................................................................
p) “Se não fosse muito esquisito comparar cidades com mulheres, eu diria que o Recife tem o físico, a psicologia, a graça arisca e seca,
reservada e difícil de certas mulheres magras, morenas e tímidas.”
.........................................................................................................................
q) “O fio da ideia cresceu, engrossou e partiu-se”.
.........................................................................................................................
r) Os homens parece-lhes não existir a verdade.
.........................................................................................................................
s) Luísa sabia de cor mais de mil orações.
.........................................................................................................................
t) “Nasce o Sol e não dura mais que um dia. Depois da Luz se segue â noite escura. Em tristes sombras morre a formosura. Em continuas
tristezas e alegrias.” (Gregório de Matos)
.........................................................................................................................

1. TESTES DE CONCURSOS

01. (Advise) É possível caracterizar um contraste entre a pobreza, marcada pela cultura do personagem de ser um catador de lixo e a tecno-
logia, associada ao uso do aparelho celular. Este contraste ilustrativo corresponde a uma figura de linguagem denominada:
a) metonímia
b) antítese
c) personificação
d) prosopopeia
e) hipérbole

02. (Acadepol) Na frase “A mocidade é um noivado”, ocorre a figura chamada


a) elipse
b) metáfora
c) anacoluto
d) silepse de gênero
e) zeugma

03. (Advise) Nos trechos abaixo destacados, encontramos, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:
I. Mais gratidão... / Mais carinho... / Mais compaixão....
II. E quem vive sem caridade desconhece o encanto do mar que incessantemente acaricia a praia, num vai-e-vem constante...
III. Viver sem a paz é como navegar sem bússola em noite escura...
a) gradação, animismo, assonância
b) anáfora, animismo, sinestesia
c) anáfora, personificação, sinestesia
d) gradação, personificação, aliteração
e) repetição, humanização, comparação

04. (UNIRG) Observe as proposições abaixo:


I. “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo Bilac)
II. “Já estou cheio de me sentir vazio.” (Renato Russo)
III. “Já reparei que no seu peito soluça o coração bem feito de você.” (Mário de Andrade)
IV. Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor!
(Mário de Andrade)

As proposições, na respectiva ordem, representam:


a) antítese, prosopopeia, ironia, hipérbole
b) hipérbole, antítese, prosopopeia, ironia
c) ironia, hipérbole, antítese, prosopopeia
d) ironia, prosopopeia, hipérbole, antítese
e) hipérbole, prosopopeia, antítese, ironia

Didatismo e Conhecimento 24
LÍNGUA PORTUGUESA
05. (Soldado-PM) Na frase: “Fitei-a longamente, fixando meu GABARITOS
olhar na menina dos olhos dela” ocorre uma figura de palavra co-
nhecida como: EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
a) metáfora 1.
b) antonomásia a) aliteração
c) metonímia b) metonímia
d) catacrese c) ironia
e) sinédoque d) eufemismo
e) metáfora
06. (Consulplan) Há uma infinidade de metáforas constituídas f) prosopopeia
por palavras que denotam ações, atitudes ou sentimentos próprios g) aliteração
do homem, mas aplicadas a seres ou coisas inanimadas. Tal recurso h) polissíndeto
ocorre no trecho a seguir: i) antítese
a) “O cajueiro já devia ser velho quando nasci.” j) catacrese
b) “Eu me lembro de outro cajueiro que era menor” k) silepse de pessoa
c) “Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu l) metonímia
tronco” m) anáfora
d) “estava como sempre carregado de frutos amarelos” n) zeugma
e) “como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha o) eufemismo
casa.” p) prosopopeia ou personificação
q) gradação
07. (Consulplan) Em “percebeu que a autoproclamada sabedo- r) anacoluto
ria do sujeito era uma casca vazia” temos uma: s) hipérbole
a) personificação t) antítese
b) antítese
c) perífrase
TESTES DE CONCURSOS
d) metáfora
e) antítese
01 B
08. (Consulplan) “Entra ano sai ano, as tempestades de verão
02 B
continuam atormentando a vida de milhares de pessoas nos estados
do sul e sudeste do país.” O excerto anterior constitui um exemplo 03 C
de figura de linguagem denominada:
a) paronomásia 04 E
b) antonomásia 05 D
c) perífrase
d) metonímia 06 E
e) prosopopeia 07 D
09. (Consulplan) “... também nós descemos à morada dos mais 08 E
intensos e sóbrios sentimentos, desejando recuperar o que, um dia,
09 C
perdemos.” No excerto anterior há um exemplo de:
a) anacoluto 10 B
b) perífrase
c) prosopopeia
d) oximoro
e) catacrese

10. (Consulplan) Há um exemplo de prosopopeia em:


a) “Duas mães deixam num barraco imundo cinco crianças, al-
gumas com menos de 6 anos.”
b) “Mantive um laço estreito com esse universo, e quando pos-
so durmo de janelas e cortinas abertas, para sentir a respiração do
mundo.”
c) “As crianças, de tão fracas, mal conseguem se alimentar. O
homem chora: tem três filhos (...)”
d) “Criminosos sequestram casais ou famílias inteiras e os sub-
metem aos maiores vexames e terror.”
e) Antes de usar um adesivo “salve as baleias‟, eu quero um
adesivo “salve as pessoas, que são parte da natureza”.

Didatismo e Conhecimento 25
LÍNGUA PORTUGUESA
c) palavras derivadas do verbo ter: abster (abstenção), ater
(atenção), reter (retenção).
2. CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS:
ORTOGRAFIA: EMPREGO DAS LETRAS, d) palavras derivadas do verbo torcer: torção, distorção.
DIVISÃO SILÁBICA, ACENTUAÇÃO
GRÁFICA, ENCONTROS VOCÁLICOS E e) nos sufixos -aça, -aço, ança, -ção, -ença, -iça, -uço: barca-
CONSONANTAIS, DÍGRAFOS; CLASSES ça, golaço, balança, embarcação, crença, preguiça, dentuço.
DE PALAVRAS: SUBSTANTIVOS,
ADJETIVOS, ARTIGOS, NUMERAIS, f) palavras derivadas de outras que possuam t no radical:
PRONOMES, VERBOS, ADVÉRBIOS, cantar (canção), exceto (esxeção), setor (seção).
PREPOSIÇÕES, CONJUNÇÕES,
INTERJEIÇÕES: CONCEITUAÇÕES, CH
CLASSIFICAÇÕES, FLEXÕES, EMPREGO,
a) Nas iniciais cham e cho: champanha, chaminé, chocolate,
LOCUÇÕES. SINTAXE: ESTRUTURA DA chocalho.
ORAÇÃO, ESTRUTURA DO PERÍODO, Exceção: xampu.
CONCORDÂNCIA (VERBAL E NOMINAL);
REGÊNCIA (VERBAL E NOMINAL); b) Nos sufixos -acho, -icho e ucho(a): riacho, esguicho, gaú-
CRASE, COLOCAÇÃO DE PRONOMES; cho(a).
PONTUAÇÃO.
c) Nas palavras cognatas (que provêm de uma raiz comum):
chamar (chamariz), chave (chaveiro), piche (pichador).

G
ORTOGRAFIA: EMPREGO DAS LETRAS
a) após o a inicial: agente, agiota, agir, agouro.
Observe o trecho a seguir:
O excesso de exceções faz com que sejamos obcecados e ob- b) após r: aspergir, divergir, sargento, virgem.
Exceções: gorjeta, sarja, sarjeta.
sessivos, na ânsia de aprender, ficamos pretensiosos e pouco con-
cisos.
c) verbos terminados em -er e -ir: viger, fingir, fugir, infringir.
Provavelmente você teria dificuldades para escrever correta-
d) Nas terminações verbais -ger e -gir: proteger, divergir, viger.
mente todas as palavras em destaque da frase acima. A Ortografia,
que é a parte da gramática que trata da escrita correta das palavras,
e) Nas terminações -agem, -igem, -ugem: fuligem, aragem,
está relacionada a critérios etimológicos (origem das palavras) e fo-
selvagem, penugem. Exceções: verbo viajar - Que eles viajem; lam-
nológicos (representação dos fonemas). Pode-se dizer que ela é fruto
bujem, pajem.
de uma convenção: Acordos Ortográficos que envolvem os países
em que a língua portuguesa é oficial. f) Nas terminações -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: pedágio,
A melhor maneira de fixar as regras ortográficas é escrever colégio, litígio, relógio, refúgio.
várias frases com as palavras que se têm dificuldade e, sempre que
possível, recorrer a um bom dicionário. g) derivadas de palavras que contenham j no radical: jeito -
ajeitar, juízo - ajuizar.
Com a Reforma Ortográfica, que ainda não entrou em vigor, o
nosso alfabeto passa a ser composto oficialmente de 26 letras. São H
elas: A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V,
W, X, Y, Z. É uma letra que não apresenta fonema. É utilizada:

Regras que poderão auxiliá-lo na hora de escrever. a) No início ou no fim das interjeições: ah!, hi!; hem!

Emprego de consoantes b) O segundo elemento do composto for unido ao primeiro por


hífen: super-homem; anti-higiênico.
Ç
c) Em razão da etimologia: humilde, horta, hindu.
a) após ditongos: afeição, beiço.
Exceções: coice, foice. Observação: Bahia - nome de estado, grafa-se com h, porém,
as formas derivadas, escrevem-se sem ele: baiano, baianada.
b) palavras africanas, árabes ou indígenas: açaí, açoite, ba-
baçu, caçula. d) verbo haver e flexões: havemos, haverei, houvesse, houve.

Didatismo e Conhecimento 26
LÍNGUA PORTUGUESA
Emprego do J c) Após ditongos: caixa, peixe, feixe, ameixa. Exceções: recau-
chutagem, caucho.
a) Palavras de origem tupi, árabe ou africana: canjica, alforje,
acarajé, Moji. d) Após sílaba inicial en: enxaguar, enxuto, enxada. Exceções:
encharcar, encher, enchova.
b) Terminação -aje: laje, ultraje, traje.
e) Nas palavras de origem indígena ou africana: xará, xavan-
c) Nas formas dos verbos terminados em -jar: viajar, despejar; te, Caxambu.
sobrepujar, enferrujar.
f) Nas palavras de origem inglesa: xerife, xampu.
d) Nas palavras derivadas de outras em que ela já exista: gorja
- gorjear, cereja - cerejeira, rijo - enrijecer, varejo - varejista. Z

e) palavras de origem latina: hoje, jeito, majestade, objeto. a) palavras iniciadas por a: azar, azedo, azia, azul.
Exceções: asa, Ásia, asilo.
K, W e Y
b) Nas palavras que derivam de outras em que ela já exista:
São empregadas apenas em abreviaturas ou símbolos científi- baliza - abalizado; raiz - enraizamento; deslize - deslizar.
cos, bem como em nomes próprios e seus derivados. Exemplos: K
- símbolo do potássio; kg - quilograma; watt; yd - jarda; Kappler; c) Nos sufixos -ez e -eza (formadores de substantivos abstratos
William; Yone; wagnerismo; darwinismo. a partir de adjetivos: nobre - nobreza; surdo - surdez; macio - ma-
ciez; avaro - avareza)
S
d) Nos sufixos -izar (formadores de verbos): civilizar, coloni-
a) Nas palavras que derivam de outras em que ela já existe: zar, realizar, concretizar.
casa - casinha, casebre; análise - analisar, analisador; português -
portuguesa, aportuguesar. e) no final da palavra em que o fonema “z” não estiver entre
Exceções: catequizar, batizar, sintetizar. vogais: algoz, audaz, cicatriz, cuscuz, giz, sagaz.
Exceções: ananás, após, atrás, gás, invés, lilás, quis, revés,
b) Após ditongos: coisa, lousa, tesoura, pausa, Cleusa. viés.

c) Formas verbais dos verbos pôr e querer: quis, quisesse, qui- f) verbos terminados em -er e -ir: benzer, cozer, abduzir, pro-
sera, pus, pusesse, puser. duzir.
Exceções: coser (costurar), transir (respirar)
d) No prefixo trans-: transportadora, transatlântico.
Emprego das vogais
e) Nos sufixos -ês, -esa, -isa: baronesa, marquesa, burguês, poe-
tisa. E

f) Nos sufixos -oso, -osa: dengoso, saborosa. Nas formas dos verbos terminados em -oar, -uar, no Presente
do Subjuntivo: abençoe, continue, pontue, perdoe.
g) Nos adjetivos terminados pelo sufixo -oso(a): cheirosa, gaso-
so, dengosa, horroroso. Nas formas dos verbos terminados em -IR (segunda e terceira
pessoa do singular e terceira pessoa do plural): sentir - sentes, sente,
h) Nos vocábulos iniciados pelas vogais i, o e u: Isabel, Osó- sentem; partir - partes, parte, partem.
rio, uso.
Exceção: ozônio. Nas formas rizotônicas (sílaba tônica no radical) dos verbos
mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar e intermediar: medeie,
i) Nas terminações -ase, -ese, -ise e ose: fase, catequese, catá- anseies, remedeio, incendeio, odeies, intermedeiam.
lise, apoteose.
Exceções: deslize, gaze. Grafam-se com e:
beneficência
X cadeado
candeeiro
a) Após a sílaba inicial me: mexilhão, mexer, mexicano. Exce- creolina
ção: mecha e derivados. cumeeira
descortinar
b) Após as sílabas iniciais bru (bruxa), gra (graxa), la (laxante), descrição
li (lixo), lu (luxo). descriminar

Didatismo e Conhecimento 27
LÍNGUA PORTUGUESA
desperdício cãibra ou câimbra
despensa carroçaria ou carroceria
empecilho catorze ou quatorze
espontâneo catucar ou cutucar
peão chipanzé ou chimpanzé
periquito clina ou crina
prazerosamente cociente ou quociente
rédea coisa ou cousa
terebintina cota ou quota
cotidiano ou quotidiano
I cotizar ou quotizar
covarde ou cobarde
Nas formas dos verbos terminados em -air, -oer, -uir, na 2ª e cuspe ou cuspo
3ª pessoas do singular do Presente do Indicativo: cai, dói, contri- degelar ou desgelar
buis, possuis. dependurar ou pendurar
desenxavido ou desenxabido
Grafam-se com i: dourado ou doirado
elucubração ou lucubração
aborígine empanturrar ou empaturrar
camoniano engambelar ou engabelar
casimira enlambuzar ou lambuzar
crioulo entoação ou entonação
digladiar entretenimento ou entretimento
discernir enumerar ou numerar
discrepância espuma ou escuma
discrição estalar ou estralar
disenteria exorcizar ou exorcismar
dispensa (licença) flauta ou frauta
displicência flecha ou frecha
impigem fleuma ou flegma
lampião flocos ou frocos
manteigueira gengibirra ou jinjibirra
meritíssimo geringonça ou gerigonça
pião (brinquedo) gorila ou gorilha
privilégio hemorróidas ou hemorróides
impingem ou impigem
Palavras que apresentam dupla prosódia (ambas corretas) imundícia, imundície ou imundice
infarto, enfarte ou enfarto
abaixar ou baixar intrincado ou intricado
abdome ou abdômen laje ou lajem
afeminado ou efeminado lantejoula ou lentejoula
ajuntar ou juntar leste ou este
aluguel ou aluguer limpar ou alimpar
aritmética ou arimética lisonjear ou lisonjar
arrebitar ou rebitar louça ou loiça
arremedar ou remedar louro ou loiro
assoalho ou soalho maltrapilho ou maltrapido
assobiar ou assoviar maquiagem ou maquilagem
assoprar ou soprar maquiar ou maquilar
aterrissar ou aterrizar ou aterrar marimbondo ou maribondo
avoar ou voar melancólico ou merencório
azálea ou azaleia menosprezo ou menospreço
bêbado ou bêbedo mobiliar, mobilhar ou mobilar
bebadouro ou bebedouro mozarela ou muçarela
bilhão ou bilião neblina ou nebrina
bílis ou bile nenê ou neném
biscoito ou biscouto parêntese ou parêntesis
bravo ou brabo percentagem ou porcentagem
bujão ou botijão peroba ou perova

Didatismo e Conhecimento 28
LÍNGUA PORTUGUESA
pitoresco, pinturesco ou pintoresco mortadela
plancha ou prancha prazerosamente
pólen ou polem privilégio
presépio ou presepe salsicha
protocolar ou protocolizar sobrancelhas
quadriênio ou quatriênio
radioatividade ou radiatividade Uso do hífen
rastro ou rasto
registro ou registo De modo geral, é empregado:
relampadar, relampadear, relampadejar, relampaguear, relam-
paguejar, relampar, a) separação de sílabas de uma palavra, inclusive na translinea-
relampear, relampejar, relamprar ção (mudança de linha). Exs: ca-de-a-do,
remoinho ou redemoinho a-ba-ca-te, sor-ve-te-ria;
ridiculizar ou ridicularizar
salobra ou salobre b) para ligar adjetivos compostos: azul-claro, azul-escuro,
seção ou secção azul-marinho;
selvageria ou selvajaria
sobressalente ou sobresselente c) para ligar pronomes enclíticos ou mesoclíticos: dai-me,
surripiar ou surrupiar faça-me, vendê-lo-ei, compar-me-ia.
taberna ou taverna
taramela ou tramela Regras especiais
televisar ou televisionar
terraplenagem ou terraplanagem I. Sempre existirá diante de palavras iniciadas por h. Exemplos:
terremoto ou terramoto anti-higiênico, extra-humano, super-homem.
tesoura ou tesoira Exceção: subumano.
tesouro ou tesoiro
toicinho ou toucinho II. Não será usado em palavras com prefixo ou falso prefixo,
transladar ou trasladar terminado por uma vogal e com a palavra seguinte iniciada por vo-
transpassar ou traspassar ou trespassar gal diferente. Exemplos: autoescola, antiamericano, infraestrutura,
transvestir ou travestir semiautomático.
treinar ou trenar
III. Não será usado em palavra iniciada por consoante + prefixo
tríade ou tríada
terminado em vogal. Exemplos: autoproteção, microcomputador,
trilhão ou trilião
seminua.
vargem ou varge
várzea ou várgea
IV. Palavras que começam pelas letras r ou s + prefixo que ter-
vassoura ou bassoura
mina em vogal não terão hífen e essas letras (r, s) ficaram duplica-
verruga ou berruga
das. Exemplos: antessala, antirrugas, infrassom.
vespa ou bespa
V. Prefixo terminado em vogal mais palavra começada pela
Escreva corretamente
mesma vogal , empregar-se-á o hífen. Exemplos: anti-inflamatório,
micro-ondas, micro-organismo.
beneficência
beneficente VI. Se o prefixo terminar por consoante haverá hífen se a pala-
cabeleireiro vras seguinte começar pela mesma consoante. Exemplos: inter-re-
chuchu gional, inter-racial, sub-base.
de repente
disenteria Observações:
empecilho
exceção 1. Com os prefixos além, aquém, ex, grã, pós, pré (tônico),
êxito pró (tônico), recém, sem, vice - usa-se sempre o hífen: além-mar,
hesitar aquém-mar, ex-amante, grã-duquesa, pós-graduação, pré-vestibular,
jiló pró-europeu, recém-formado, vice-campeão.
manteigueira
mendigo 2. O prefixo co junta-se em geral ao segundo elemento - coorde-
meritíssimo nar, coobrigação. Exceção: se a palavra seguinte iniciar-se por “h”:
misto co-herdeiro.

Didatismo e Conhecimento 29
LÍNGUA PORTUGUESA
3. Com os prefixos circum e pan - usa-se o hífen diante de pa- 3. Por Quê
lavra iniciada por m, n e vogal: pan-americano, circum-navegação.
Usado no final de uma pergunta direta ou indireta, sem determi-
VII. Para sufixo de origem tupi-guarani como: açu, guaçu, mi- nante. Você chegou atrasado, por quê?
rim, deve-se usar hífen. Exemplos: amoré-guaçu, capim-açu.
4. Porquê
VIII. O hífen deve ser usado em duas ou mais palavras que,
quando se agrupam, formam um encadeamento vocabular. Exem- Usado precedido de um determinante (artigo ou pronome),
plos: eixo Rio-São Paulo, Ponte Rio-Niterói. exercendo a função de um substantivo: Ele queria saber o porquê
de sua desatenção.
IX. Em palavras que perderam a noção de composição, o hífen
Acentuação Gráfica
não será usado. Exemplos: mandachuva, paralamas, paraquedas.
Leia o parágrafo abaixo:
X. Não se emprega o hífen em palavras que perderam a noção
de composição: girassol, paraquedas, mandachuva, pontapé.
Leia o parágrafo abaixo:
XI. Em regra, não é empregado em locuções: Alguns finais de ciclo a vida impõe. A infância passa, a escola
termina, o amor acaba. E a vida também. Ainda assim, os ciclos
a) adjetivas: cor de vinho, cor de café com leite; mais desafiadores talvez sejam os que você mesmo precisa delinear
quando começam e terminam. É a liberdade angustiante de legislar
b) adverbiais: à vontade, depois de amanhã, por cima; sobre a própria existência. De compreender - ou apostar - quando é
o momento propício de virar a página nos relacionamentos, no tra-
c) conjuncionais: a fim de que, contanto que, visto que; balho, na rotina. A interrupção, contra a sua vontade, de uma etapa
importante pode ser dolorosamente aguda, mas não devemos subes-
d) prepositivas: acima de, a fim de, por cima de; timar a indecisão melancólica de quem precisa estabelecer o tempo
preciso de cada coisa. Vida Simples, Abril 2015, Ed. 157, pág. 31).
e) pronominais: cada um, nós mesmos, quem quer que seja; O parágrafo acima apresenta noventa e oito palavras, apenas
dez delas recebem acento gráfico (Na Língua Portuguesa existem
f) substantivas: fim de semana, sala de aula, sala de jantar. apenas três: acento agudo, acento grave e acento circunflexo), ou
seja, cerca de 10 por cento. Pode-se concluir que a maioria das pa-
Observação: há exceções já consagradas pelo uso - água-de- lavras tem apenas acento tônico (sílaba pronunciada com mais in-
colônia, cor-de-rosa, dois-pontos, mais-que-perfeito, pé-de-meia. tensidade).

Grafia e emprego dos porquês Em nossa língua, a posição da sílaba tônica é contada a partir da
última sílaba da palavra, fazendo com que a classifiquemos em três
1. Por que posições, podendo ser oxítonas (acento tônico recaindo na última
sílaba), paroxítonas (acento recaindo na penúltima sílaba) e propa-
a) Início de frases interrogativas: Por que é difícil aprender roxítonas (acento recaindo na antepenúltima sílaba).
Matemática?
Conceitos importantes
b) Quando se subentende a palavra motivo ou razão: Ninguém
Sílaba tônica: é aquela proferida com mais intensidade que as
explicou por que Matemática é tão difícil.
outras.
c) Quando é possível a substituição pelas expressões pelo qual Acento tônico: está relacionado com a intensidade de som e
e suas flexões: São justas as causas por que reivindicamos melhores ocorre em todas as palavras com duas ou mais sílabas.
salários.
Acento gráfico: Existirá em algumas palavras e será utilizado
2. Porque de acordo com as regras de acentuação.

a) Resposta a perguntas: Não vim porque estava chovendo. Quanto aos monossílabos (uma sílaba), eles podem ser:
(Pode ser substituído por pois)
Átonos: artigos, preposições, conjunções e pronomes oblíquos
b) Quando for igual a para que: Reclamava porque fosse discu- (exceto mim, ti, si): o, a, por, me, te, se.
tido o aumento salarial.
Tônicos: substantivos, adjetivos, verbos, pronomes (exceto
c) Pergunta com resposta implícita. Por que você faltou à aula? os oblíquos), advérbios, numerais e interjeições: pá, pé, pó, cor, ar,
Não será porque estava indisposta? mau, bom, mãe.

Didatismo e Conhecimento 30
LÍNGUA PORTUGUESA
Quanto à sílaba tônica, as palavras podem ser classificadas em: c) Não são mais acentuados os grupos EE e OO: creem, leem,
enjoo, perdoo.
oxítonas - a sílaba tônica é a última sílaba da palavra.: escrever,
comer, Amapá, você, jiló, ninguém, pulmão. d) Trema - somente receberá o trema os nomes próprios e seus
derivados: Müller, mülleriano.
paroxítonas - a sílaba tônica é a penúltima sílaba da palavra:
bolsa, segredo, fêmur, álbum, órfão, tristeza. e) Acentos Diferenciais - Foram mantidos apenas:

proparoxítonas - a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba da pôr (verbo), para diferenciar de por (preposição);
palavra: xícara, bêbado, estudássemos, ganhássemos, pródigo.
pôde (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo),
Regras básicas para diferenciar de pode (3ª pessoa do singular do presente o indi-
cativo).
a) Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em A, E,
O, seguidos ou não de S.
f) Formas verbais acompanhadas de pronomes oblíquos -
Considera-se apenas a forma verbal sem o pronome. Ex.: matá-la
Terminados em a: chá, chás, dá (verbo dar), lá, má, más, trás.
(oxítona terminada em A).
Terminados em e: fé, mês, três, pé, pés, Sés, rés.
g) Formas verbais ter e vir e seus derivados (ele tem / eles têm;
Terminados em o: dó, nós, só, sós, pó, pós. ela vem / elas vêm; ele mantém / eles mantêm).

b) Acentuam-se todas as palavras proparoxítonas: físico, h) Não se acentua mais a vogal “u” nas formas verbais prece-
médico, lápide, lúcida, último. didas de “g” ou “q” e antes de “e” ou “i”: argui, averigue, enxague,
oblique.
c) Acentuam-se as oxítonas terminadas em A, E, O, seguidas
ou não de S e as terminadas em EM (ENS). i) Não se acentuam mais o “i” e “u” tônicos em paroxítonas,
quando precedidos de ditongo: baiuca, bocaiuva, feiura, caiula.
Terminadas em a: ananás, atrás, maracujá, maracujás, Paraná, Observação: Se a palavra for oxítona e o “i” ou o “u” estive-
sofá, sofás. rem em posição final (seguida ou não de “s”), a acento será mantido:
Piauí, tuiuiús.
Terminadas em e: café, cafés, freguês, japonês, holandês, Pelé,
você, vocês. Palavras que causam dúvidas

Terminadas em ó: cipó, paletó, trenó, avô, avôs, avó, avós, São palavras oxítonas:
complô.
cateter
Terminadas em, ens, em: amém, armazém, também, refém, re- cister
féns, armazéns, vintém, parabéns. condor
Gibraltar
d) Acentuam-se as paroxítonas terminadas em L, R, X, N, PS, hangar
I, IS, US, UM, UNS, Ã, ÃS, ÃO, ÃOS, Ditongos Orais: útil, fácil,
mister
éter, revólver, xérox, látex, próton, pólen, fórceps, táxi, táxis, lápis,
nobel
vírus, álbum, álbuns, órfã, órfãs, órfão, órfãos, água, série, pônei,
novel
pôneis.
obus
Regras especiais ruim
sutil
a) Acentuam-se os ditongos abertos EI, OI quando forem oxí- ureter
tonos: herói, dói, anéis, papéis, caso sejam paroxítonos não recebe-
rão mais acento: assembleia, ideia, paranoia, joia. São palavras paroxítonas:
Observação: o ditongo aberto EU continua sendo acentuado, algaravia
seja oxítono ou paroxítono: chapéu, véu, ilhéus, céu. austero
avaro
b) Hiatos - acentuam-se o I e U tônicos, acompanhados ou não aziago
de S: recaída, Anhangabaú. batavo
Observação Se o I for seguido de NH, não haverá acento: ra- caracteres
inha, bainha; também não haverá acento quando o I ou o U forem cartomancia
acompanhadas de outra letra que não seja S: juiz, ruim. ciclope

Didatismo e Conhecimento 31
LÍNGUA PORTUGUESA
circuito EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
decano
efebo 1. (PUC-RJ) Preencha as lacunas com c, s, ss, ç, sc, sç, xc ou x:
epifania a) E.....igiu ser re.....arcido da quantia que havia pago.
filantropo b) O problema da vela re.....endia por toda a casa.
fortuito c) A e.....entricidade era sua característica mais marcante.
gratuito
ibero 2. Complete as palavras convenientemente.
intuito pr.....vilégio
m.....x.....rica
látex
um.....decer
libido
marc.....neiro
Madagáscar d.....sprevenido
maquinaria cam.....ndongo
meteorito p.....lir
misantropo p.....leiro
necropsia p.....lenta
necromancia b.....lir
nenúfar mai.....ena
opimo framboe.....a
pudico enfi.....ema
quiromancia va.....ar
recorde fle.....a
rubrica pi.....e

São palavras proparoxítonas: cafa.....este


.....eito
aeródromo pa.....em
va.....em
aerólito
.....iló
ágape
na.....cer
álacre fa.....ista
álcool cuscu.....
álibi cri.....ântemo
alvíssaras excur.....ão
âmago pa.....oca
amálgama en.....ebado
anátema .....mpecilho
ápode jab.....ticaba
aríete pát.....o
arquétipo táb.....a
autóctone b.....tijão
azáfama c.....rtume
bígamo ab.....lir
crisântemo pesqui.....ar
édito reb.....liço
égide atra.....ado
bele.....a
ímprobo
en.....oval
ínterim
anali.....ar
lêvedo
en.....urrada
leucócito desli.....e
monólito ca.....umba
munícipe pi.....aim
noctívago pa.....é
périplo .....u.....u
recôndito preten.....io.....o
vermífugo en.....er
zênite fa.....ículo

Didatismo e Conhecimento 32
LÍNGUA PORTUGUESA
.....ingar f) ( ) anti-ácido
ob.....ecado g) ( ) semi-analfabeto
ma.....estade h) ( ) sem-vergonha
d.....s.....nteria i) ( ) vice-presidente
re.....eitar j) ( ) recém-nascido
mer.....tíssimo k) ( ) sobre-humano
su.....eito l) ( ) semi-círculo
ób.....lo m) ( ) infra-assinado
pu......ãozinho
n) ( ) anti-semita
su.....eira
o) ( ) ex-aluno
g.....ela
p) ( ) contrarregra
mon.....e
cafu.....o q) ( ) contrassenso
.....iboia r) ( ) contra-filé
ân.....ia s) ( ) contra-ataque
ju..... t) ( ) contraindicação
pê.....ego u) ( ) suprarrenal
bru.....a v) ( ) super-homem
ob.....eno w) ( ) auto-escola
me.....er x) ( ) ante-ontem
fa.....ínora y) ( ) hipermercado
alca.....ofra z) ( ) além-mar
plebi.....ito
can.....ica 5. Acentue, quando necessário.
ma.....i.....o a) Vamos por a esteira nesta posição para melhor apreciar o por-
o....eri.....a do-sol.
ob.....e.....ão b) É preciso por na sua cabeça, de uma vez por todas, a razão
bisse.....to por que não nos interessamos por negócios suspeitos.
calcár.....o
c) Ontem ele não pode vir; mas, com certeza, hoje ele pode.
re.....isão
d) Sofia não come pera, só maçã; Maria Eduarda só come peras.
aboríg.....ne
fa.....ínio e) Este voo esta atrasado. Os senhores tem que embarcar pela
alís.....os ponte aerea e fazer conexão no Rio para Florianopolis.
conten.....ão f) Resolveu por tudo em ordem. Começou por não aceitar opi-
cas.....mira niões por razões indiscutiveis. Por isso não vou por em duvida a
man.....edoura competencia dele.
jab.....ti
fem.....ral 6. Acentue quando necessário.
cha
3. Preencha as lacunas com por que, porque, porquê ou por chamine
quê. talvez
a) Quero saber .................... você não quer ir ao concerto no ves
Teatro Municipal. vez
b) Você não quer ir ao concerto no Teatro Municipal frances
....................? gentis
c) .................... você não quer ir ao concerto no Teatro Muni- voce
cipal? farao
d) Por mais que justifique, não consigo entender o ....................
urubu
de não ter ido ao concerto no Teatro Municipal.
tupi
e) Não fui ao concerto no Teatro Municipal .................... os
ve-lo
ingressos estavam esgotados.
xadrez
4. Assinale com um x as palavras corretas quanto ao emprego ziper
do hífen. Araujo
a) ( ) super-mercado protons
b) ( ) ponta-pé Claudia
c) ( ) mal-educado Nelson
d) ( ) anti-inflamatório dispo-las
e) ( ) infraestrutura jovens

Didatismo e Conhecimento 33
LÍNGUA PORTUGUESA
cuica a) países
senti-lo b) médio
cores c) cenário
voz d) áreas
reuni-los e) prestígio
fluor
Vitor 05. (FGV) Assinale a alternativa em que a palavra indicada te-
tres nha sido acentuada por regra distinta das demais.
sozinho a) instituídas
Suiça b) transparência
Guaruja c) remuneratório
irascivel d) judiciário
heroina e) ministério
cores 06. (Cespe-Unb) Assinale o trecho que apresenta erro de orto-
pus
grafia.
rainha
a) A industrialização brasileira reveste-se, aparentemente, do
biquini
caráter beneficiente da criação de empregos para o combate à mi-
arduo
séria.
cru
b) Aos mais irascíveis detratores do governo não faltam argu-
ninguem
flores mentos para imaginar o futuro como um presente piorado.
Pacaembu c) Por isso, a atual conjuntura torna imprescindível que o cami-
carater nho para as almejadas mudanças seja aberto rapidamente.
Itu d) Nessa aguerrida luta contra a corrupção, os antídotos contra
Miopia a cultura autoritária recendem a novidade e esperança.
hifen e) A consciência de que as diferentes realidades sociais podem
bolor ser imiscíveis só pode exacerbar nossa imaginação.
Ela pode vir hoje
07. (Cespe-Unb) Os períodos nas opções abaixo constituem um
TESTES DE CONCURSOS fragmento e texto. Assinale a opção em que houve erro de grafia na
transcrição.
01. (Funrio) O vocábulo cuja acentuação gráfica se justifica se- a) Com uma visão relativista da História, a Declaração pionei-
gundo a mesma regra observada na palavra Piauí é: ra da França mencionava a transitoriedade das leis, assegurando ao
a) café povo o direito de rever, de reformar e de mudar a sua Constituição.
b) física b) Tudo muda de acordo com a mudança da concepção de ser
c) Petrópolis humano. Os valores de uma época podem não valer para outra, bem
d) angústia como a moda e os hábitos alimentares.
e) país c) Por outro lado, é inegável que, em determinados momentos,
a humanidade avança. Não linearmente, não positivamente, mas en-
02. (Funrio) As palavras é, média, até e líderes obedecem, res- tre altos e baixos, impulsos progressistas e recuos.
pectivamente, às mesmas regras de acentuação gráfica de d) A história dos seres humanos é, assim, a história de uma luta:
a) há, salários, paletós e técnico barbárie versus humanização. Os Direitos Humanos burgueses cum-
b) já, próprio, júnior e acadêmico priram o seu papel humanista.
c) é, consultório, convém e infindáveis e) A caminhada do ser humano no planeta é ainda errática e
d) mês, universitário, papéis e público
marcada pela estupidez. Civiliza-mo-nos muito pouco, ainda.
e) só, líder, escritório e sênior
(Opções adaptadas de Chico Alencar. Direitos mais humanos.
Rio de Janeiro. Garamond, p. 22).
03. (Funrio) O vocábulo do texto cuja acentuação gráfica se jus-
tifica pela mesma regra de saúde é
08. (Vunesp) .............................. você não resolveu todas as
a) favorável
b) bebê questões da prova? Creio que é .............................. você não sabe o
c) científicos .............................. das regras.
d) proteína a) Porque - porque - porquê
e) evidência b) Por que - porque - porquê
c) Por que - por que - porquê
04. (FGV) Assinale a alternativa em que a palavra tenha segui- d) Porquê - por que - por quê
do regra de acentuação distinta das demais. e) Por quê - porquê - por que

Didatismo e Conhecimento 34
LÍNGUA PORTUGUESA
09. (Vunesp) A .................... de provas deve .................... os tra- jabuticaba
balhos de .................... . pátio
a) escasses - paralizar - investigação tábua
b) escassez - paralizar - investigação botijão
c) escasses - paralisar - investigasão curtume
d) escassez - paralisar - investigação abolir
e) escassez - paralisar - investigasão pesquisar
rebuliço
atrasado
10. (Vunesp) Assinale a alternativa em que a grafia das palavras
beleza
está correta.
enxoval
a) projeção - requizitos - apropiadas analisar
b) compreenção - progeto - usufluir enxurrada
c) porisso - tração - licenciamento deslize
d) usuário - emissão - consciência caxumba
e) autuação - excessivo - previsível pixaim
pajé
GABARITOS chuchu
pretensioso
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO encher
fascículo
1. xingar
a) Exigiu ser ressarcido da quantia que havia pago. obcecado
b) O problema da vela recendia por toda a casa. majestade
c) A excentricidade era sua característica mais marcante. disenteria
rejeitar
2. meritíssimo
sujeito
privilégio
óbolo
mexerica
puxãozinho
umedecer
sujeira
marceneiro goela
desprevenido monge
camundongo cafuzo
polir jiboia
poleiro ânsia
polenta jus
bulir pêssego
maisena bruxa
framboesa obsceno
enfisema mexer
vazar facínora
flecha alcachofra
piche plebiscito
canjica
cafajeste maciço
ojeriza
jeito
obsessão
pajem
bissexto
vagem
calcário
jiló rescisão
nascer aborígine
fascista fascínio
cuscuz alísios
crisântemo contenção
excursão casemira
paçoca manjedoura
ensebado jabuti
empecilho femoral

Didatismo e Conhecimento 35
LÍNGUA PORTUGUESA
3. urubu
a) por que tupi
b) por quê vê-lo
c) Por que xadrez
d) porquê zíper
e) porque Araújo
protons
4. Cláudia
a) ( ) supermercado Nélson
b) ( ) pontapé dispô-las
c) ( X ) mal-educado jovens
d) ( X ) anti-inflamatório cuíca
e) ( X ) infraestrutura senti-lo
f) ( ) antiácido cores
g) ( ) semianalfabeto voz
h) ( X ) sem-vergonha reuni-los
i) ( X ) vice-presidente flúor
j) ( X ) recém-nascido Vítor
k) ( X ) sobre-humano três
l) ( ) semicírculo sozinho
m) ( X ) infra-assinado Suíça
n) ( ) antissemita Guarujá
o) ( X ) ex-aluno irascível
p) ( X ) contrarregra heroína
q) ( X ) contrassenso
cores
r) ( ) contrafilé
pus
s) ( X ) contra-ataque
rainha
t) ( X ) contraindicação
biquíni
u) ( X ) suprarrenal
árduo
v) ( X ) super-homem
cru
w) ( ) autoescola
ninguém
x) ( ) anteontem
flores
y) ( X ) hipermercado
z) ( X ) além-mar Pacaembu
caráter
5. Itu
a) Vamos pôr a esteira nesta posição para melhor apreciar o Miopia
pôr-do-sol. hífen
b) É preciso pôr na sua cabeça, de uma vez por todas, a razão bolor
por que não nos interessamos por negócios suspeitos. Ela pode vir hoje
c) Ontem ele não pôde vir; mas, com certeza, hoje ele pode.
d) Sofia não come pera, só maçã; Maria Eduarda só come TESTES DE CONCURSOS
peras.
e) Este voo está atrasado. Os senhores têm que embarcar pela 01 E
ponte aérea e fazer conexão no Rio para Florianópolis.
f) Resolveu pôr tudo em ordem. Começou por não aceitar opi- 02 A
niões por razões indiscutíveis. Por isso não vou pôr em dúvida a 03 D
competência dele.
04 A
6. 05 A
chá
chaminé 06 A
talvez
07 E
vês
vez 08 B
francês
09 D
gentis
você 10 E
faraó

Didatismo e Conhecimento 36
LÍNGUA PORTUGUESA
TESTES COMENTADOS d) Estava atrás de um acessório que o despensasse de promover
a limpeza do aparelho e sua consequente manutenção depois de cada
01. (Fundação Carlos Chagas-adaptada) A frase que está total- utilização, mas não pôde achá-lo por alí.
mente correta quanto à grafia e acentuação é: e) Quando se considera a par do tema, ajuíza sem medo, mas,
O excesso de fracassos às vezes leva o governante de uma na- ao se compreender insipiente, para tudo e pede aos especialistas que
ção a por a culpa em pessoas ou sistemas, sem a mínima exitação. o catequizem no assunto para não passar por néscio.
A parte teórica estava sucinta, mas o grande número de notas
incertas de modo desorganizado no texto provocou um desequilíbrio 05. (Fundação Carlos Chagas) Está correta a grafia de todas as
desastrozo. palavras na frase:
Não se conseguiu reconhecer quem fez as rúbricas, por isso nin- a) A presunção de verossimilhança é inerente aos escritos fic-
guém pode, ontem, ser admoestado. cionais, mesmo aos que exploram as rotas e as sendas mais fantasio-
A análise dos obstáculos não para aí, por isso não é mau conse- sas da imaginação.
lho sugerir que se aceite a colaboração espontânea dos especialistas b) Deprende-se do texto que, no futuro, as civilizações adotarão
na área. paradigmas que substituirão com vantajem aqueles que regeram a
Alguns contratos foram recindidos porque a assessoria consi- vida do século XX.
derou certos valores extorsivos, chegando à sugerir uma auditoria c) Distila-se nesse texto o humor sutil de Mário Quintana, um
no setor. autor gaúcho para quem a poesia e a vida converjem de modo ine-
lutável.
02. (Fundação Carlos Chagas) Está correta a grafia de todas as d) A apreenção humana diante das forças da natureza deriva
palavras da frase: de épocas préhistóricas, quando o homem não dispunha de recursos
a) Não constitui uma primasia dos animais a satisfação dos im- técnicos para enfrentá-las.
pulsos instintivos: também o homem regozija-se em atender a mui- e) As obsessões humanas pelo progresso parecem ignorar que
tos deles. as leis da natureza não sofrem nenhum processo de obsolecência, e
b) As situações de impunidade infligem sérios danos à orga- custam caro para quem as transgrida.
nização das sociedades que tenham a pretenção da exemplaridade.
c) É difícil atingir a relação de complementaridade entre a pre- RESPOSTAS
mênsia dos instintivos naturais e a força da razão.
d) Se é impossível chegarmos à abstensão completa da satis- 01. Resposta D.
fação dos instintos, devemos, ao menos, procurar constringir seu
poder sobre nós. Demais alternativas: a) pôr - verbo, em oposição a por (prepo-
e) A dissuasão dos contraventores se faz pela exemplaridade das sição), hesitação; b) insertas (inseridas), desastroso; c) rubricas
sanções, de modo que a causa delito corresponda uma justa punição. - não se acentua paroxítona terminada em “a”, seguida de “s”, pôde
(pretérito perfeito), em oposição a pode (presente do indicativo); e)
03. (Fundação Carlos Chagas) Estão corretos o emprego e a rescindidos, a sugerir (não há acento grave diante de verbos).
grafia de todas as palavras da frase:
a) Para muitos, as regras da norma culta não são fortuítas, pois 02. Resposta E.
elas reinteram as raízes mesmas da língua.
b) A extorção a que se refere o autor no final do texto correspon- Demais alternativas: a) primazia; b) pretensão; c) premência
de a uma espécie de recaida em um pecado. (urgência); d) abstenção.
c) Quem fala e escreve na estrita observância da norma culta
não recai nos deslises que acometem a linguagem espontânea. 03. Resposta E.
d) O que mais obstrue a comunicação de muitos são a impro-
priedade lexical e a sintaxe mal cozida, desarticulada. Demais alternativas: a) fortuitas - não se acentua paroxítona
e) Concisa é a linguagem de quem não se mostra subserviente terminada em “a”, seguida de “s”; b) extorsão, recaída - segunda
às falácias de um estilo artificioso. vogal tônica “a”, formando hiato; c) deslizes; d) obstrui.

04. (Fundação Carlos Chagas-Adaptada) A frase em que a gra- 04. Resposta E.


fia e a acentuação estão em conformidade com as prescrições da
norma padrão da Língua Portuguesa é: Demais alternativas: a) viés, a perder (não há acento grave
a) Ao se estender esse viez interpretativo, correm o risco de por diante de verbos); b) pretensão, em torno de, a debates (não há
tudo à perder, na medida em que será alterada a estratégia da pesqui- acento grave quando o “a” estiver no singular, e a palavra seguinte
sa previamente adotada. no plural); c) ultraje, adivinhando; d) dispensasse, ali - não se
b) Sua pretenção ao consenso esvaiu-se quase que de repente, acentua palavra oxítona terminada em “i”).
quando notou que entorno de si as pessoas mais pareciam descansar
que dispostas à debates. 05. Resposta A.
c) Tomou como ultrage a displicência com que foi recebido,
advinhando que o mal-estar que impregnava o ambiente era mais Demais alternativas: b) Depreende-se, vantagem; c) Destila-
que uma questão eminentemente pessoal. se, convergem; d) apreensão, pré-históricas; e) obsolescência.

Didatismo e Conhecimento 37
LÍNGUA PORTUGUESA
DIVISÃO SILÁBICA, ENCONTROS VOCÁLICOS E Dígrafo - duas letras representando um único som. Exemplos.:
CONSONANTAIS, DÍGRAFOS ch (chave); lh (milho), nh (rainha), rr (carro), sc (nascer), sç (cres-
ça), ss (passo), xc (exceção), xs (exsudar), gu (guerra), qu (queijo).
1. Não se separam os ditongos e tritongos. Ex.: di-nhei-ro, Pa Podem ser consonantais ou vocálicos. Os consonantais foram exem-
-ra-guai. plificados acima. Os vocálicos ocorrem na representação de vogais
nasais. Exemplos: tampa, tempo, tímpano, cantor, lenda.
2. Hiatos são separados em duas sílabas. Ex.: mo-e-da, sa-ú-de.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
3. Dígrafos
1. Separe as sílabas dos vocábulos abaixo.
a) Separam-se: RR, SS, SC, XC, XÇ, XS. Ex.: car-ro-ça, pas- corrupção - sucção - guerreiro - meia - rainha - infância - je-
sa-ri-nho, cres-ci-men-to, ex-ce-ção, cres-ça, ex-su-dar. suíta - taquigrafia - papagaio - adolescente - gratuito - aríete - gui-
lhotina - carroceiro - passarinho - piauiense - longínquo - melancia
b) Não se separam: CH, LH, NH, GU, QU. Ex.: chu-va, te-lha- - seara - saudade.
do, le-nha-dor, guer-rei-ro, que-da. ......................................................................................................
..............................................................................................................
4. Os encontros consonantais que iniciam palavras não se sepa- ..............................................................................................................
ram. Ex.: gno-mo, psi-co-lo-gi-a. ..............................................................................................................
..............................................................................................................
5. Os encontros consonantais em sílabas internas são separados. ..............................................................................................................
Ex.: as-tu-ta, cir-cu-lar, ad-mi-tir. ................................................................

A fonologia é a parte da gramática que trata dos sons, letras e TESTES DE CONCURSOS
suas mudanças através do tempo.
01. (Cesgranrio) Assinale a única opção que apresenta correta
Fonema - som mínimo utilizado na Língua para distinguir o divisão silábica de todas as palavras.
significado de uma palavra. a) es-cas-sez / es-tra-té-gia / do-is / e-co-no-mi-a
b) es-cas-sez / es-tra-té-gia / dois / e-co-no-mia
Letra - representação escrita do som. c) es-cas-sez / es-tra-té-gia / dois / e-co-no-mi-a
d) es-ca-ssez / es-tra-té-gi-a / do-is / e-co-no-mi-a
Vogal - fonema em que a sílaba se apoia. e) es-ca-ssez / es-tra-té-gia / dois / e-co-no-mi-a

Ditongo - dois sons vocálicos juntos. Pode ser crescente (semi- 02. (Cesgranrio) Assinale a alternativa em que todas as palavras
vogal + vogal): quase, quando ou decrescente (vogal + semivogal): foram separadas (separação silábica) corretamente.
pai, céu. Eles podem ser também orais (quando os sons produzidos a) nas-cer / ci-san-di-no / trans-an-di-no / car-ro
são exclusivamente pela boca): gló-ria má-goa, meu, teu ou nasais b) des-cer / de-sar-mo-nia / lu-a / his-tó-ria / ra-i-nha
(quando os sons passam pelo nariz ou sofrem nasalização): coração, c) res-pec-ti-va / i-guais / tia / su-bli-me / sub-li-nhar
irmão, mão, repõe. d) boi-co-te / trans-po-lar / su-bli-nhar / sub-li-ma-ção
e) he-ro-í-na / cis-pla-ti-no / subs-tan-ti-vo / ho-rá-rio / sub-lin-
Tritongo - três sons vocálicos juntos: Uruguai, Paraguai, sa- gual
guão.
03. (Cesgranrio) A palavra cuja separação em sílabas está de
Hiato - duas vogais que se separam entre si: moer, ruim, saúde, acordo com as regras ortográficas é
saída. a) Te - rra
b) ci - en - ti - sta
c) at - mos - fe - ra
Encontros consonantais - São os agrupamentos de duas ou d) sup - er - fí - ci - e
mais consoantes, sem vogal intermediária. Dividem-se em três e) ba - rra - da
grupos:
04. (Cesgranrio) Há um ditongo na palavra:
a) resultantes do contato consoante + l ou r e ocorrem numa a) mitologia
mesma sílaba. Exemplos: como em: creme pedra, planalto, atle- b) abaixo
tismo, cliente. c) navio
d) ainda
b) resultantes do contato de duas consoantes pertencentes a e) reencadernar
sílabas diferentes. Exemplos: corda, pista, arte, perda.
05. (Cesgranrio) No trecho de José de Alencar: “Quando eles
c) iniciados no início dos vocábulos;. São inseparáveis. Exem- se separaram, porém, Peri saltou por cima da estacada”, os diton-
plos: gnomo, gnose, pneu, psicólogo. gos encontrados, pela ordem, são

Didatismo e Conhecimento 38
LÍNGUA PORTUGUESA
a) crescente nasal, decrescente nasal, decrescente nasal, de- TESTES DE CONCURSOS
crescente oral
b) decrescente nasal, decrescente nasal, decrescente nasal, de-
01 C
crescente oral
c) decrescente oral 02 E
d) crescente nasal , decrescente oral
e) crescente nasal, decrescente nasal, decrescente oral 03 C
06. (Esaf) Assinale a alternativa que apresenta tritongo, hiato, 04 B
ditongo crescente e dígrafo.
a) quais, saúde, perdoe, álcool 05 A
b) cruéis, mauzinho, quais, psique 06 D
c) quão, mais, mandiú, quieto
d) aguei, caos, mágoa, chato 07 D
e) joia, juiz, pônei, carroça 08 A
07. (Esaf) Assinale a alternativa em que, nas três palavras, há 09 B
um ditongo decrescente. 10 C
a) água, série, memória
b) balaio, veraneio, ciência
c) coração, razão, paciência TESTES COMENTADOS
d) apoio, gratuito, fluido
e) joia, véu, área 01. (Cespe-Unb) Sabe-se que o h é uma letra diferente das de-
mais, pois não corresponde a um fonema. Em certos casos, porém,
08. (Funrio) Sobre a identificação de encontros consonantais, associada a uma consoante, constitui um dígrafo. Assinale a opção
encontros vocálicos e dígrafos é correto afirmar que: em que todas as palavras apresentam dígrafos formados com a letra
a) há dígrafo nas seguintes palavras: distintos, presidente e im- h.
posto. a) trabalhava / chegada / horário
b) há ditongo nas seguintes palavras: quando, duas e oposição. b) horas / havia / chuva
c) há hiato nas seguintes palavras: negociação, muito e ime-
diato. c) manhã / melhoravam / homenagem
d) há encontro consonantal nas seguintes palavras: conquista, d) trabalho / chapeleira / banho
objetivo e aumentos. e) homens / ganhava / hotel
e) há tritongo nas seguintes palavras: imediatamente, titubeante
e população. 02. (Cespe-Unb) Marque a opção em que todas as palavras
apresentam um dígrafo.
09. (Funrio) A única opção em que todas as palavras contêm
a) fixo, auxílio, tóxico, enxame
hiato é
a) aguardente - historiador - impõem - realidade b) enxergar, luxo, bucho, olho
b) desmiolado - incoerente - proibido - seriedade c) bicho, passo, carro, banho
c) açaí - alaúde - caraminguás - destruímos d) choque, sintaxe, unha, coxa
d) lambari - minhoca - numeroso - polidez. e) exceto, carroça, quase, assado
e) enxaguei - paraguaio - piauiense - saguão
03. (Cespe-Unb) Indique a opção cujo vocábulo destacado não
10. (Funrio) Qual a única série de palavras que contém dígrafos contém ditongo.
consonantais? a) A paciência é amarga, mas seus frutos são doces.
a) através - problemas - crateras - caboclos b) O maior defeito é não ter consciência de nenhum defeito.
b) ternura - caspa - resultado - êxtase c) Todo homem é culpado do bem que não fez.
c) farrista - aquecido - exceto - milharal d) O coração tem razões que a razão não conhece.
d) tampas - ventania - sintoma - fundação e) a prosperidade faz amigos, a adversidade os põe à prova.
e) hálito - hélice - hino - humilde
04. (Cespe-Unb) No fragmento “Quanto ao morro do Curvelo,
GABARITOS o meu apartamento, no andar mais alto de um velho casarão em
ruína...” temos:
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
a) 4 ditongos decrescentes, 2 ditongos crescentes, 1 hiato
b) 6 ditongos decrescentes, 2 ditongos crescentes, 2 hiatos
1. cor-rup-ção - suc-ção - guer-rei-ro - mei-a - ra-i-nha - in-
c) 5 ditongos decrescentes, 1 ditongo crescente, 1 hiato
fân-cia - je-su-í-ta - ta-qui-gra-fi-a - pa-pa-gai-o - a-do-les-cen-te
- gra-tui-to - a-rí-e-te - gui-lho-ti-na - car-ro-cei-ro - pas-sa-ri-nho - d) 6 ditongos decrescentes, 2 ditongos crescentes, 1 hiato
pi-au-i-en-se - lon-gín-quo - me-lan-ci-a - se-a-ra - sau-da-de. e) 5 ditongos decrescentes, 2 ditongos crescentes, 1 hiato

Didatismo e Conhecimento 39
LÍNGUA PORTUGUESA
05. (Cespe-Unb) Assinale a alternativa que contém uma afir- Numeral - quantifica os seres ou designa a ordem numérica.
mação correta. Exs.: um, dois, terceiro, quarto, duplo, metade.
a) No termo pneumático há um grupo consonantal e um hiato
b) Na palavra gratuito ocorre um ditongo oral decrescente Verbo - indica ação, estado ou fenômeno. Exs.: andar, correr,
c) Na palavra taxímetro há quatro sílabas e nove fonemas partir, chover, haver.
d) Em sangue ocorre um dígrafo e um ditongo
e) Em choque há quatro fonemas e um dígrafo Advérbio - exprime circunstância. Exs.: ontem, hoje, diaria-
mente, sempre, nunca.
RESPOSTAS
Preposição - relaciona palavras. Exs.: a, ante, após, até.
01. Resposta D. trabalho, chapeleira, banho.
Conjunção - relaciona orações. Exs.: mas, porém, logo, quan-
Demais alternativas: não apresentam dígrafos: a) horário; b) do.
horas, havia; c) homenagem; e) homens, hotel.
Interjeição - exprime sentimentos, emoções ou chamamento.
02. Resposta C. bicho (ch), passo (ss), carro, (rr), banho (nh). Exs.: ah!, puxa! Oxalá.
Demais alternativas: a) não há dígrafos; b) não há dígrafo em
luxo; d) não há dígrafos em sintaxe e coxa; e) não há dígrafo em Das dez classes gramaticais, seis são variáveis (substantivo,
quase. adjetivo, artigo, numeral, pronome e verbo) e quatro são invariáveis
(advérbio, preposição, conjunção e interjeição).
03. Resposta D. que - dígrafo (“qu”).
SUBSTANTIVOS
04. Resposta C. Quanto (ditongo crescente), ao (ditongo de-
crescente), meu (ditongo decrescente), mais (ditongo decrescente), São palavras variáveis que denominam objetos animados e
casarão (ditongo decrescente), em (ditongo decrescente), ruína inanimados. Nomeiam também ações (ginástica, natação), estados
(hiato). (alegria, pesar), lugares (São Paulo, Rio Grande do Sul), qualidades
Observação: ditongo crescente (semivogal + vogal), ditongo (sinceridade, segurança) e sentimentos (ódio, compaixão).
decrescente (vogal + semivogal), hiato (duas vogais que se sepa-
ram). Classificam-se em:

05. Resposta B. gra-tui-to - o “u” é vogal, o “i” é semivogal. simples (designam os seres de modo genérico - cama, lenço,
travesseiro)
Demais alternativas: a) pn - encontro consonantal, eu - ditongo;
c) quatro sílabas (ta-xí-me-tro) e dez fonemas (o x apresenta dois próprios (referem-se a pessoas, a entidades, a seres e são
fonemas - “ks”); d) dois dígrafos - “an” (vocálico) e “gu” (conso- escritos sempre com inicial maiúscula - Carlos, Isabel, Catedral da
nantal); e) quatro fonemas e dois dígrafos (“ch” e “qu”). Sé, Sergipe)

CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVOS, ADJE- compostos (apresentam mais de um radical - couve-flor, pé-
TIVOS, ARTIGOS, NUMERAIS, PRONOMES, VERBOS, de-moleque, alto-falante)
ADVÉRBIOS, PREPOSIÇÕES, CONJUNÇÕES, INTERJEI-
ÇÕES: CONCEITUAÇÕES, CLASSIFICAÇÕES, FLEXÕES, primitivos (não derivam de outra palavra - livro, pedra, cane-
EMPREGO, LOCUÇÕES. ta)

Quadro-resumo derivados (formados de outras palavras - pedreiro, ferreiro,


carpinteiro)
Classe gramatical / caracterização / exemplos
concretos (designam coisas reais ou imaginárias - fada, duen-
Substantivo - nomeia os seres. Exs.: bala, carro, Alice, mana- de, céu, inferno)
da, solidão.
abstratos (designam estados, qualidades, sentimentos - bele-
Adjetivo - qualifica ou caracteriza os seres. Exs.: feio, bonito, za, vida, morte)
inteligente, esperto.
coletivos (designam conjunto de seres da mesma espécie - ma-
Artigo - define ou indefine os seres. Exs.: o, a, os, as, um, uns, nada, biblioteca, atílio).
uma, umas.

Pronome - substitui ou acompanha o nome, indicando uma das


três pessoas gramaticais. Exs.: eu, tu, ele, tudo, nada, vossa exce-
lência.

Didatismo e Conhecimento 40
LÍNGUA PORTUGUESA
Lista com os principais coletivos
Acervo obras de arte
Álbum retratos, autógrafos, selos
Alcateia lobos
Antologia textos
Armada navios de guerra
Arsenal armas
Assembleia parlamentares, membros de qualquer associação
Atlas mapas
Baixela objetos de servir à mesa
Banca examinadores
Banda músicos
Bando pessoas, aves, malfeitores
Bateria canhões, instrumentos de percussão, perguntas
Biblioteca livros
Bosque árvores
Buquê flores
Cacho bananas, uvas
Cáfila camelos
Cambada desordeiros, malfeitores
viajantes, peregrinos
Cardume peixes
Caterva desordeiros, malfeitores
Cavalgada cavaleiros
Choldra bandidos, malfeitores
Cinemateca filmes
Clero sacerdotes
Colégio eleitores, cardeais
Coletânea textos, canções
Colmeia abelhas
Colônia imigrantes, bactérias, insetos, pescadores
Comitiva acompanhantes cidadãos
Congresso parlamentares, doutores
Constelação estrelas
Cordilheira montanhas
Corja ladrões, desordeiros
Coro anjos, cantores
Discoteca discos
Elenco atores
Enxame abelhas, marimbondos, vespas
Enxoval roupas
Esquadra navios de guerra
Esquadrilha aviões
Exército soldados
Fardo tecidos, papeis, palha, feno
Fato cabras
Fauna animais
Feixe lenha
Flora plantas ou vegetais
Floresta árvores
Fornada pães, tijolos
Frota navios e veículos
Galeria objetos de arte
Grupo pessoas ou coisas
Hemeroteca jornais e revistas
Horda bárbaros, selvagens
Junta médicos, examinadores
Júri jurados, pessoas que julgam
Legião anjos, soldados, demônios

Didatismo e Conhecimento 41
LÍNGUA PORTUGUESA
Manada elefantes, bois, búfalos
Matilha cães
Miríade insetos, estrelas
Molho chaves
Multidão pessoas
Ninhada pintos, filhotes
Nuvem gafanhotos
Orquestra músicos
Pilhas coisas colocadas umas sobre as outras
Pinacoteca quadros
Plantel animais de raça (bovinos ou equinos), atletas
Plateia espectadores
Praga insetos nocivos
Prole filhos
Quadrilha ladrões, bandidos
Ramalhete flores
Rebanho bois, carneiros, cabras
Réstia cebolas, alhos
Revoada aves
Saraivada tiros, perguntas, vaias
Seleta textos escolhidos
Time jogadores
Tripulação marinheiros ou aviadores
Tropa soldados, animais de carga
Trouxa roupas
Turma estudantes, trabalhadores, amigos
Vara porcos

Flexão do substantivo

Gênero (masculino x feminino)

Biformes: uma forma para masculino e outra para feminino. (príncipe, princesa, menino, menina).

Uniformes: uma única forma para ambos os gêneros. Dividem-se em:

Epicenos - referem-se a alguns animais que apresentam apenas um gênero gramatical para designar o sexo: baleia, barata, pulga. A distin-
ção é feita pelos adjetivos macho / fêmea: pulga macho, pulga fêmea.

Sobrecomuns - apresentam apenas um gênero gramatical para designar ambos os sexos. Exemplos: o cônjuge, a testemunha.

Comuns de dois gêneros - a distinção se faz pelo artigo ou outro determinante - o estudante, a estudante.

Principais substantivos sobrecomuns:

o cônjuge
o carrasco
o apóstolo
a pessoa
o algoz
a vítima
o animal
o cadáver
o dedo-duro
o gênio
o líder
o nó-cego

Didatismo e Conhecimento 42
LÍNGUA PORTUGUESA
a personagem o cisma = separação
a sentinela a cisma = desconfiança
o sujeito o coma = sono mórbido
a criança a coma = cabeleira, juba
o indivíduo o grama = medida de massa
o monstro a grama = a relva, o capim
a testemunha o guarda = o soldado
o verdugo a guarda = vigilância, corporação
o tipo o guia = aquele que serve de guia, cicerone
boia-fria a guia = documento; meio-fio
a criatura o moral = estado de espírito
o ídolo a moral = ética, conclusão
o membro o banana = o molenga
o pão-duro a banana = a fruta
o pé-quente o cabeça = chefe
o pivô
o tira a cabeça = parte do corpo
o cisma = separação
Principais substantivos comum de dois gêneros: a cisma = desconfiança
o lente = professor
acrobata
a lente = vidro
agente
o lotação = veículo
anarquista
artista
a lotação = capacidade
aspirante
o moral = ânimo
atleta
chefe a moral = regras
cliente
colega Número: singular ou plural.
compatriota
dentista Plural dos substantivos simples:
doente
estudante a) terminados em vogal, ditongo oral e N fazem o plural pelo
fã acréscimo de S: pai - pais, ímã - ímãs, hífen - hifens Exceção: cânon
gerente - cânones.
gerente
herege b) terminados em M fazem o plural em NS: homem - homens.
imigrante
indígena c) terminados em R e Z fazem o plural pelo acréscimo de ES:
intérprete revólver - revólveres; juiz - juízes. Exceção: caráter - caracteres.
jornalista
jovem d) terminados em AL, EL, OL, UL flexionam-se trocando o L
jurista por IS: animal - animais; caracol - caracóis; hotel - hotéis. Exceções:
lojista mal - males; cônsul - cônsules.
mártir
médium e) terminados em IL fazem o plural de duas maneiras: 1. Quan-
patriota do oxítonos, em IS: canil - canis. 2. Quando paroxítonos, em EIS:
pianista míssil - mísseis. Obs.: réptil e projétil, como paroxítona, fazem plu-
protagonista ral répteis e projéteis; como oxítonos, fazem o plural: reptis e pro-
servente jetis
viajante
xereta f) terminados em S fazem o plural da seguinte maneira: 1.
Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o acréscimo de ES:
Mudança de gênero com mudança de significado ás - ases, retrós - retroses. 2. Quando paroxítonos ou proparoxíto-
nos, ficam invariáveis: o lápis - os lápis; o ônibus - os ônibus.
o caixa = funcionário
a caixa = o objeto g) terminados em ÃO fazem o plural em ÃOS: cidadão - cida-
o cabeça = chefe, líder dãos; em ÃES: cão - cães e em ÕES (mais comum): avião - aviões.
a cabeça = parte do corpo
o capital = dinheiro h) terminados em X ficam invariáveis: o tórax - os tórax; o
a capital = sede de governo látex - os látex.

Didatismo e Conhecimento 43
LÍNGUA PORTUGUESA
i) usados somente no plural: calças, costas, óculos, parabéns, Plural dos substantivos compostos
férias, olheiras, hemorroidas, núpcias, arredores, afazeres, alvíssa-
ras, anais, condolências, esponsais, exéquias, fezes, pêsames, víve- Regra: variam os substantivos, adjetivos, numerais e a maioria
res, naipes do baralho (copas, espadas, ouros, paus) dos pronomes.

Plurais que merecem destaque: Flexionam-se os dois elementos, quando formados de:
substantivo + substantivo = couve-flor / couves-flores
alazão - alazães, alazões substantivo + adjetivo = amor-perfeito / amores-perfeitos
aldeão - aldeãos, aldeães, aldeões
ancião - anciãos, anciães, anciões adjetivo + substantivo = gentil-homem / gentis-homens
caráter - caracteres
charlatão - charlatães, charlatões numeral + substantivo = quarta-feira / quartas-feiras
cirurgião - cirurgiães, cirurgiões Flexiona-se somente o segundo elemento, quando formados
corrimão - corrimãos, corrimões de:
ermitão - ermitãos, ermitães, ermitões
guardião - guardiães, guardiões verbo + substantivo = caça-níquel / caça-níqueis
júnior - juniores
palavra invariável + palavra variável = abaixo-assinado / abai-
peão - peães, peões
xo-assinados
projétil - projéteis
projetil - projetis palavras repetidas ou semelhantes = reco-reco / reco-recos,
réptil - répteis tique-taque / tique-taques
reptil - reptis
sacristão - sacristãos, sacristães Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando formados
de:
sênior - seniores
sultão - sultãos, sultães, sultões substantivo + preposição clara + substantivo = água-de-colô-
verão - verãos, verões nia / águas-de-colônia
vilão - vilãos, vilães, vilões
vulcão - vulcãos, vulcães, vulcões. Permanecem invariáveis, quando formados de:

verbo + advérbio = o bota-fora / os bota-fora


Observação:
Alguns substantivos, quando assumem a forma de plural, so- verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas / os saca-rolhas
frem alteração na pronúncia: do “ô” fechado da sílaba tônica, passa
a ser aberto “ó”. Tal processo chama-se metafonia. Exemplos: Casos especiais:

aposto (ô) - aposto (ó) a) verbos opostos - nenhum elemento varia: os ganha-perde.
caroço (ô) - caroços (ó) b) dois substantivos - quando o segundo elemento especifica o
corpo (ô) - corpos (ó) primeiro, apenas o primeiro varia ou ambos variam: bananas-maçã
esforço (ô) - esforços(ó) ou bananas-maçãs.
fogo (ô) - fogos (ó)
forno (ô) - fornos (ó) c) palavra guarda - se o segundo elemento for substantivo,
guarda será verbo. Irá para o plural apenas o segundo elemento
imposto (ô) - impostos (ó)
(guarda-chuvas); se o segundo elemento for adjetivo, guarda será
jogo (ô) - jogos (ó) substantivo - as duas palavras variam (guardas-civis).
miolo (ô) - miolos (ó)
olho (ô) - olhos (ó) d) expressões substantivadas - invariáveis: os bumba-meu
osso (ô) - ossos (ó) -boi, os chove-não-molha.
ovo (ô) - ovos (ó)
Grau
poço (ô) - poços (ó)
porco (ô) - porcos (ó) Aumentativo: Expressa o aumento do tamanho normal do ser
porto (ô) - portos (ó) que o substantivo nomeia. O aumentativo pode ser analítico, quan-
povo (ô) - povos (ó) do formado com os auxílio de adjetivos: grande, enorme, imen-
reforço (ô) - reforços (ó) so etc. E também pode ser sintético, quando se empregam sufixos
socorro (ô) - socorros (ó) como: ão (o mais comum), az, astro, alhão, ona, ázio, orra, arra
tijolo (ô) - tijolos (ó) etc. Exemplos:

Didatismo e Conhecimento 44
LÍNGUA PORTUGUESA
bala - balaço de alma = anímico
barca - barcaça de aluno = discente
boca - bocarra de amígdalas = tonsilar
cabeça - cabeçorra de amor = erótico
cão - canzarrão de andorinha = hirundino
copo - copázio de anel = anular
corpo - corpanzil de anjo = angelical
faca - facalhão, facalhaz de ano = anual
forno - fornalha de aranha = aracnídeo
homem - homenzarrão de asno = asinino
nariz - narigão de astro = sideral
pedra - pedregulho de audição = ótico
poeta - poetastro de aves de rapina = acipitrino
rapaz - rapagão de baco = báquico
rocha - rochedo de baço = esplênico
vaga - vagalhão de baixo-ventre = alvino
vidro - vidraça de bálsamo = balsâmico
voz - vozeirão de bexiga = vesical
2. de bílis = biliar
3. Diminutivo: Exprime uma diminuição no tamanho do de bispo = biliar
ser. Pode ser analítico, quando se faz com auxílio de adjetivos de boca = bucal, oral
como pequeno, minúsculo, insignificante etc. Pode ser sintético, de bode = hircino
formado por meio de prefixos como: inho, zinho (os mais usuais), de boi = bovino
ito, zito, acho, culo, ejo, elho, ete, ilho, ota, ucho, únculo. Exem- de borboleta = papilionáceo
plos: de bosque = nemoral
4. de brejo =palustre
5. corpo - corpúsculo de bronze = brônzeo, êneo
6. diabo - diabrete de cabeça = cefálico, capital
7. flauta - flautim de cabelo = capilar
8. frango - frangote de cabra = caprino
9. globo - glóbulo de caça = venatório, cinegético
10. gordo - gorducho de campo = rural
11. homem - homúnculo de cana = arundíneo
12. lugar - lugarejo de cão = canino
13. obra - opúsculo de cardeal = cardinalício
14. poema - poemeto de Carlos Magno = Carolíngio
15. povo - populacho de carneiro = arietino
16. questão - questiúncula de cavalo = equídeo, equino, hípico
17. rabo - rabicho de cegonha = ciconídeo
18. rio - riacho de cela , célula = celular
de chumbo = plúmbeo
ADJETIVOS de chuva = pluvial
1. de cidade = citadino, urbano
2. São palavras que se referem a um substantivo, indi- de cílio = ciliar
cando-lhe algum atributo. de cinza = cinéreo
de circo = circense
Locução adjetiva: é uma expressão formada de preposição de cobra = colubrino, urbano
mais substantivo com valor de adjetivo. de cobre = cúprico
de coelho = cunicular
Principais locuções: de coração = cardíaco, cordial
de correio = postal
de abdômen = abdominal de corujas = estrigídeos
de abelha = apícola de costas = dorsal
de abóbora = cucurbitáceo de coxa = crural
de abutre = vulturino de crânio = craniano
de açúcar = sacarino de criança = pueril, infantil
de adão = adâmico de dança = coreográfico
de águia = aquilino de daltonismo = daltônico
de alface = lactúceo de dedo = digital

Didatismo e Conhecimento 45
LÍNGUA PORTUGUESA
de descartes = cartesiano de macaco, símio = simiesco
de diamante = adamantino, diamantino de maçãs do rosto= malar
de dinheiro = pecuniário de madeira, lenho = lígneo
de direito = jurídico de madrasta = novercal
de éden = edênico de mãe = materno, maternal
de eixo = axial de manhã = matinal
de embriaguez = ébrio de mar = marinha, marítimo, equóreo
de enxofre = sulfúrico, sulfúreo, sulfuroso de marfim = ebúrneo, ebóreo
de erva = herbáceo de margem = marginal
de espelho = especular de mármore = marmóreo
de esposa = uxoriano de memória = mnemônico
de esposos = esponsal de mestre = magistral
de esquilo = ciurídeo de moeda = monetário, numismático
de estômago = gástrico, estomacal de Moisés = mosaico
de estrela = estelar de monge = monacal, monástico
de éter = etéreo de monstro = monstruoso
de fábrica = fabril de morte = mortal, letal, mortífero
de face = facial de nádegas = glúteo
de falcão = falconídeo de nariz = nasal
de fantasma =espectral de navio = naval
de faraó = faraônico de neve = níveo, nival
de farinha = farináceo de Nilo = nilótico
de fêmur = femoral de noite = noturno
de fera = beluíno, feroz, ferino de norte = setentrional, boreal
de ferro = férreo de noz = nucular
de fígado = figadal, hepático de nuca = occipital
de filho = filial de óleo = oleaginoso
de fogo = ígneo de olhos = ocular , óptico, oftálmico
de folha = foliáceo de Olimpo = olímpico
de formiga = formicular de opala = opalino opalescente
de frente = frontal de orangotango = pitecal
de gado = pecuário de orelha = auricular
de gafanhoto = acrídeo de outono = outonal
de galinha = galináceo de ouvido = ótico
de galo = alectório de ouro = áureo
de ganso = anserino de osso = ósseo
de garganta = gutural de ovelha = ovino
de gato = felino, felídeo de pai = paterno, paternal
de gelo = glacial de paixão = passional
de gesso = gípseo de palato = palatal
de Golias = goliardo de pântano = palustre
de guerra = bélico de papa = papal
de homem = humano, viril de paraíso = paradisíaco
de idade = etário de parede = parietal
de Idade Média = medieval de páscoa = pascal
de igreja = eclesiástico de peixe = ictíaco, písceo
de ilha = insular de pele = cutâneo, epidérmico
de insetos = entômico de pênis = peniano, fálico
de intestino = intestinal, entérico, cilíaco de pescoço = cervical
de inverno = hibernal de Platão = platônico
de irmão = fraterno, fraternal de plebe = plebeu
de joelho = genicular de pombo = columbino
de junho = junino de porco = suíno, porcino
de lado = lateral de prado = pratense
de leite = lácteo, láctico de prata = argênteo, argentino, argírico
de lesma = limacídeo de professor = docente
de limão = cítrico de prosa = prosaico
de lobo = lupino de proteína = proteico
de lua = lunar, selênico de pulmão = pulmonar

Didatismo e Conhecimento 46
LÍNGUA PORTUGUESA
de pus = purulento Casos especiais:
dos quadris = ciático
de raio = fulgural a) Se o segundo elemento for substantivo, o plural será invariá-
de raposa = vulpino vel: calças amarelo-ouro.
de rato = murino
de rei = real b) Azul-celeste e azul-marinho são invariáveis.
de rim = renal
de rio = fluvial, potâmico c) Surdo-mudo - variam ambos os elementos.
de rocha = rupestre
de romance = romanesco Grau:
de rosa = róseo
de sabão = saponáceo Comparativo:
de seda = sérico, seríceo
de selo = filatélico Igualdade: Sofia é tão inteligente quanto (como) Alice.
de selva = silvestre
de sobrancelha = superciliar Superioridade: Sofia é mais inteligente (do) que Alice.
de sonho = onírico
de Sócrates = sintático Inferioridade: Sofia é menos inteligente (do) que Alice.
de sol = solar
de sul = meridional, austral Superlativo:
de tarde = vesperal, vespertino, crepuscular
de teatro = teatral Absoluto Analítico: Alice é muito inteligente.
de tecido = têxtil
de terra = terrestre, terreno, telúrico Absoluto Sintético: Alice é inteligentíssima.
de terremoto = sísmico
de tijolo = laterário Relativo:
de tio = avuncular de Superioridade: Sofia é a mais inteligente da classe.
de tórax = torácico
de touro = taurino, táureo de Inferioridade: Sofia é a menos inteligente da classe.
de trás = traseiro 3.
de trigo = tritíceo 4. Principais superlativos absolutos sintéticos eru-
de túmulo = tumular ditos
de umbigo = umbilical
de universo ( habitado) = ecumênico acre = acérrimo
de unha = ungueal ágil = agílimo
de vaca = vacum agradável = agradabilíssimo
de vasos sanguíneos = vascular agudo = acutíssimo
de veado = cerval, elafiano
de velho, velhice = senil amargo = amaríssimo
de vento = eóleo, eólico amável = amabilíssimo
de verão, estio = estival amigo = amicíssimo 
de víbora = viperino antigo = antiquíssimo, antiguíssimo
de vida = vital áspero = aspérrimo
de vidro = vítreo, hialino atroz = atrocíssimo
de vinho = vínico, vinário, vinosos, víneo audaz = audacíssimo
de vinagre = acético benéfico =  beneficentíssimo
de violeta = violáceo benévolo = benevolentíssimo
de virilha = inguinal bom = boníssimo ou ótimo
de virgem = virginal capaz = capacíssimo
de visão = óptico célebre = celebérrimo
de vontade = volitivo comum = comuníssimo
cruel = crudelíssimo
Flexão do adjetivo difícil = dificílimo
doce = dulcíssimo
Número: dócil = docílimo

Plural dos Adjetivos compostos - apenas o segundo elemento eficaz = eficacíssimo


vai para o plural: acordos sino-franco-suíços. fácil = facílimo

Didatismo e Conhecimento 47
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b) As formas analíticas (mais bom, mais mau, mais grande)
feliz = felicíssimo são usadas quando estão sendo comparadas duas qualidades de um
feroz = ferocíssimo único ser: Meu escritório é mais grande do que pequeno.
fiel = fidelíssimo
frágil = fragílimo c) Mais pequeno é forma boa em qualquer circunstância: André
frio = friíssimo ou frigidíssimo é mais pequeno que forte; André é mais pequeno do que Anselmo.
geral = generalíssimo
humilde = humílimo d) formas irregulares:
incrível = incredibilíssimo bom - melhor, ótimo, o melhor
infame = infamérrimo grande - maior, máximo, o maior
inimigo = inimicíssimo mau - pior, péssimo, o pior
íntegro = integérrimo pequeno - menor, mínimo, o menor
jovem = juvenilíssimo
livre = libérrimo EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
magnífico = magnificentíssimo
magro = macérrimo ou magríssimo 1. Classifique os substantivos segundo o código:
manso = mansuetíssimo a) comum-de-dois
mau = péssimo b) epiceno
miserável = miserabilíssimo c) heterônimo
miúdo = minutíssimo d) sobrecomum
necessário = necessariíssimo
negro - nigérrimo ( ) colega
nobre = nobilíssimo ( ) mascote
notável = notabilíssimo ( ) testemunha
pequeno = mínimo ( ) águia
perspicaz = perspicacíssimo ( ) abelha
pessoal = personalíssimo ( ) cônjuge
pobre = paupérrimo ( ) sentinela
preguiçoso = pigérrimo ( ) cavalheiro
pródigo = prodigalíssimo ( ) mulher
próspero = prospérrimo ( ) rouxinol
provável = probabilíssimo ( ) ídolo
sábio = sapientíssimo ( ) pessoa
sério = seriíssimo ( ) intérprete
público = publicíssimo
pudico = pudicíssimo ( ) mártir
pulcro = pulquérrimo ( ) tigre
rústico = rusticíssimo
sábio = sapientíssimo 2. Escreva no plural os substantivos abaixo.
sagrado = sacratíssimo a) caneta ................................................................
salubre = salubérrimo
semelhante = simílimo b) anel ...................................................................
sensível = sensibilíssimo
simpático = simpaticíssimo c) cor ....................................................................
simples = simplicíssimo
soberbo = superbíssimo d) pastelzinho .......................................................
tenaz = tenacíssimo e) canil .................................................................
tenro = teneríssimo .
terrível = terribilíssimo f) fóssil ................................................................
tétrico = tetérrimo
velho = vetérrimo g) ananás .............................................................
visível = visibilíssimo h) pêsames ...........................................................
voraz = voracíssimo i) xerox ................................................................
vulnerável = vulnerabilíssimo j) caráter .............................................................
k) animalzinho ....................................................
Observações: l) ancião ..............................................................
a) As formas sintéticas (melhor, pior, maior, menor) são
usadas quando se compara uma qualidade em dois seres diferentes: 3. Escreva no plural os compostos abaixo.
Meu escritório é maior do que o seu. a) doce-de-leite ...................................................

Didatismo e Conhecimento 48
LÍNGUA PORTUGUESA
b) segunda-feira .................................................. TESTES DE CONCURSOS
c) abaixo-assinado ..............................................
d) reco-reco ........................................................ 01. (Esaf) Há erro de flexão no item:
e) quero-quero .................................................... a) “A pessoa humana é vivência das condições espaço-tempo-
f) meio-fio .......................................................... rais.” (L.M. de Almeida)
g) guarda-florestal .............................................. b) A família Caymmi encontra paralelo com dois clãs do cine-
h) guarda-comida ................................................ ma mundial.
i) guarda-marinha ............................................
c) Hábeis artesãos utilizam técnicas sofisticadíssimas no traba-
j) peixe-boi .....................................................
lho com metais.
k) febre-amarela..............................................
l) guarda-civil .................................................. d) Nos revés da vida precisa-se de coragem para manter a von-
tade de ser feliz.
4. Dê o superlativo absoluto sintético dos adjetivos abaixo. e) Ainda hoje alguns cânones da Igreja são discutidos por mui-
a) amigo ............................................................... tos fiéis.

b) sábio ............................................................... 02. (Esaf) Assinale o item em que há erro quanto à determina-
ção do gênero.
c) amargo............................................................. a) Deu certo o estratagema.
d) inteligente ....................................................... b) Personagem, pessoa importante: se é homem dizemos o per-
sonagem, se é mulher, a personagem.
e) magro .............................................................. c) Bidu Saião é o soprano brasileiro mais conhecido nos Esta-
dos Unidos.
f) humilde.............................................................
d) Ele era o chefe daquele clã.
g) doce .................................................................
h) malévolo .......................................................... e) O atleta ungira os braços até os omoplatas.
i) livre ...................................................................
j) áspero ................................................................ 03. (Esaf) O plural de “Convém o tratado franco-brasileiro, é:
a) Convém os tratados franco-brasileiro.
5. Aponte o grau dos adjetivos nas frases seguintes, de acordo b) Convém os tratados francos-brasileiros.
com a relação que segue: c) Convêm os tratados francos-brasileiros.
a) comparativo de igualdade d) Convêm os tratados francos-brasileiro.
b) comparativo de superioridade e) Convêm os tratados franco-brasileiros.
c) comparativo de inferioridade
d) superlativo absoluto analítico 04. (Fundação Carlos Chagas) O plural das palavras mal-estar
e) superlativo absoluto sintético e meia-democracia é obtido pelo mesmo procedimento que leva
f) superlativo relativo de superioridade ao plural de
g) superlativo relativo de inferioridade
a) mal-assombramento e meia-estação
1. ( ) A professora mantinha os estudantes muito discipli- b) mau-olhado e meia-estação
nados. c) mau-olhado e meio-fio
2. ( ) O processo será examinado pela juíza mais inteligen- d) maldizente e meio-pesado
te do Tribunal. e) mal-assombramento e meio-claro
3. ( ) Todos achavam que Priscila era macérrima.
4. ( ) Fabiana era mais preguiçosa do que sua irmã. 05. (Fundação Carlos Chagas) A forma correta de plural dos
5. ( ) Márcio é menor do que Fernando. substantivos compostos mico-leão-dourado e ararinha-azul é
6. ( ) O teatro foi menos interessante do que o cinema. a) micos-leão-dourados e ararinhas-azul
7. ( ) O riso é tão importante como o choro. b) micos-leão-dourado e ararinha-azuis
8. ( ) Ricardo é o aluno menos dedicado da escola. c) mico-leões-dourados e ararinha-azuis
5. d) mico-leão-dourados e ararinhas-azul
e))micos-leões-dourados e ararinhas-azuis

6. Passe para o plural: O jovem usava estranho uniforme: calça 06. (Fundação Carlos Chagas) Nas alternativas abaixo, a que
verde-azeitona, blusa vermelho-lagosta, meia amarelo-dourada; na contém erro no emprego do plural é:
cabeça, gorro amarelo-enxofre; no pescoço, colar roxo-escuro e a) O governo está estudando novas medidas econômico-finan-
nos dedos, anel verde-ervilha. ceiras.
..................................................................................................... b) Ao dar prioridade à educação, temos cidadãos mais cons-
............................................................................................................ cientes.
............................................................................................................. c) Havia provas bastantes do crime.
............................................................................................................. d) Quaisquer soluções seriam bem recebidas.
.............................................................................................................. e) A reunião iria examinar os pró e os contra da questão.

Didatismo e Conhecimento 49
LÍNGUA PORTUGUESA
07. (FGV) Aponte a alternativa que traga os superlativos abso- ( b ) rouxinol
lutos sintéticos de acordo com a norma culta. ( d ) ídolo
a) celebérrimo, crudelésimo, dulcíssimo, nigérrimo, nobilíssi- ( d ) pessoa
mo. ( a ) intérprete
b) celebésimo, crudelíssimo, dulcíssimo, nigérrimo, nobérrimo. ( a ) mártir
c) celebérrimo, crudelíssimo, dulcíssimo, nigérrimo, nobilíssi- ( b ) tigre
mo.
d) celebríssimo, cruelérrimo, dulcésimo, negérrimo, nobérrimo. 2.
e) celebríssimo, crudelérrimo, dulcíssimo, negérrimo, nobérri- a) canetas
mo. b) anéis
c) cores
d) pasteizinhos
08. (FGV) Em justiça justa, ocorre um substantivo ao lado de e) canis
um adjetivo dele cognato. Assinale a alternativa em que substantivo f) fósseis
g) ananases
e adjetivo, respectivamente, não sejam cognatos.
h) os pêsames
a) lentidão - lento
i) as xerox
b) inércia - inercial
j) caracteres
c) arma - inerme
k) animaizinhos
d) perfil - perfilhado l) anciãos, anciães, anciões
e) obcecação - obcecado
3.
09. (FGV) Assinale a alternativa em que a troca de posição en- a) doces-de-leite
tre as palavras provoque forte mudança de sentido. b) segundas-feiras
a) negras nuvens - nuvens negras c) abaixo-assinados
b) exaltado coração - coração exaltado d) reco-recos
c) longínqua direção - direção longínqua e) quero-queros ou queros-queros
d) olhar ardente - ardente olhar f) meios-fios
e) alguma salvação - salvação alguma g) guardas-florestais
h) guarda-comidas
10. (FGV) Aponte a alternativa em que corretamente se faz a i) guardas-marinha ou guardas-marinhas
concordância dos termos sublinhados: j) peixes-boi ou peixes-bois
a) Disputas sino-soviética, informações econômico-financeiras, k) febres-amarelas
camisas azul-piscinas, camisas pastéis. l) guardas-civis
b) Disputas sino-soviéticas, informações econômicas-financei-
ras, camisas azuis-piscina, camisas pastel. 4.
c) Disputas sinas-soviéticas, informações econômicas-financei- a) amicíssimo
ras, camisas azul-piscina, camisas pastéis. b) sapientíssimo
d) Disputas sino-soviéticas, informações econômicas-financei- c) amaríssimo
ras, camisas azul-piscinas, camisas pastéis. d) inteligentíssimo
e) Disputas sino-soviéticas, informações econômico-financei- e) macérrimo
ras, camisas azul-piscina, camisas pastel. f) humílimo
g) dulcíssimo
h) malevolentíssimo
GABARITOS
i) libérrimo
j) aspérrimo
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
5.
1. 1. (d) A professora mantinha os estudantes muito disciplina-
( a ) colega dos.
( d ) mascote 2. (f) O processo será examinado pela juíza mais inteligente do
( d ) testemunha Tribunal.
( b ) águia 3. (e) Todos achavam que Priscila era macérrima.
( c ) abelha 4. (b) Fabiana era mais preguiçosa do que sua irmã.
( d ) cônjuge 5. (b) Márcio é menor* do que Fernando.
( d ) sentinela 6. (c) O teatro foi menos interessante do que o cinema.
( c ) cavalheiro 7. (a) O riso é tão importante como o choro.
( c ) mulher 8. (g) Ricardo é o aluno menos dedicado da escola.

Didatismo e Conhecimento 50
LÍNGUA PORTUGUESA
* menor = mais pequeno d) O omelete e o couve foram acompanhados por doses do
melhor aguardente.
6. Os jovens usavam estranhos uniformes: calças verde-a- e) O beliche não coube na quitinete recém-comprada pelos
zeitona, blusas vermelho-lagosta, meias amarelo-douradas; na estudantes.
cabeça, gorros amarelo-enxofre; no pescoço, colares roxo-escu-
ros e nos dedos, anéis verde-ervilha. 04. (Vunesp) Assinale a alternativa em que todas as palavras
apresentam mudança de sentido, se houver mudança de gênero, do
TESTES DE CONCURSOS feminino para o masculino.
a) Escrevente e capitalista
01 D
b) Mártir e diabete
02 E
c) Estudante e rádio
03 E
d) Grama e doente
04 A e) Capital e moral
05 E
05. (Vunesp) Marque a alternativa em que a palavra em desta-
06 E que mantém a mesma forma para o masculino e feminino.
a) O mais honesto concorrente ganha o prêmio.
07 C
b) O agente observador lança o olhar sobre o observado.
08 D c) Um simples olhar tem a força de intimidar o outro.
d) O generoso cliente dá gorjetas polpudas.
09 E
e) Um toque afetivo aquece as relações pessoais.
10 A
RESPOSTAS
TESTES COMENTADOS
01. Resposta E. Personagem - atualmente é substantivo co-
01. (Vunesp) O gênero dos substantivos está correto em: mum de dois gêneros (masculino e feminino), moral - como subs-
a) É comum que as eclipses da lua coincidam com as piores tantivo feminino equivale a princípios socialmente aceitos; como
tormentas e cataclismos. masculino equivale a estado de espírito, ânimo.
b) A guia dos turistas não falava japonês e teve de usar uma
estratagema para comunicar-se com eles. Demais alternativas: a) os eclipses, cataclismos (catástrofes,
c) Vamos dar um ênfase todo especial ao trabalho de prevenção dilúvios); b) a guia - documento, formulário, autorização; o/a guia
do diabetes. - acompanhante, encarregado de mostrar a visitantes lugares em ge-
d) Não obteve, até agora, a alvará de funcionamento e deve en- ral; um estratagema (a terminação -ema é sempre masculina); c)
viar à prefeitura uma xérox da inscrição da firma. uma ênfase; d) o alvará.
e) A personagem vivida por ele tem um comportamento que é
um verdadeiro modelo da moral vitoriana. 02. Resposta B.

02. (Vunesp) Assinale a alternativa que apresenta todas as pala- Demais alternativas: a) animaizinhos, cartões, amores-perfei-
vras com o plural correto. tos (substantivo + adjetivo - ambos variam), cristãos; c) feijões, ar-
a) animalzinhos - caridades - cartãos - amores-perfeito - cristães ranha-céus (verbo + substantivo - apenas o último elemento varia),
b) questões - salários-família - pastéis - limões - reais tico-ticos (palavras repetidas ou semelhantes - apenas o último ele-
c) feijãos - arranhas-céus - ticos-ticos - pés-de-moleques - açú- mento varia), pés-de-moleque (substantivos ligados por preposição
cares apenas o primeiro elemento varia); d) abaixo-assinados (advérbio
d) corres-corres - abaixos-assinados - cidadões - quarta-feiras + adjetivo - apenas o último elemento varia), cidadãos, quartas-
- padres-nossos feiras (numeral + substantivo - ambos variam), padre-nossos ou
e) degrais - ancestrais - cordãos - decretos-lei - tiquestaques padres-nossos; e) degraus, cordões, tique-taques (palavras seme-
lhantes ou repetidas - apenas o último elemento varia).
03. (Vunesp) Assinale a frase correta quanto ao emprego do
gênero dos substantivos. 03. Resposta E. Sem ressalvas.
a) A perda das esperanças provocou uma profunda dó na per-
sonagem. Demais alternativas: a) um profundo dó; b) a ênfase necessária;
b) O advogado não deu o ênfase necessário às milhares de c) um champanhe(a) gelado; d) A omelete e a couve foram acompa-
solicitações. nhadas por doses da melhor aguardente.
c) Ele vestiu o pijama e sentou-se para beber uma champanha
gelada. 04. Resposta E. A capital (cidade) x o capital (dinheiro); a
moral (regras ligadas à conduta humana) x o moral (ânimo).

Didatismo e Conhecimento 51
LÍNGUA PORTUGUESA
Demais alternativas: a/o escrevente, a/o capitalista; b) o mártir, Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa, acinte,
o/a diabete(s); c) o/a estudante, o rádio (osso, elemento químico, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às
sistema de comunicação) x a rádio (estação emissora de programas); escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
d) o grama (unidade de massa) x a grama (relva), a/o doente. geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão e a maior parte
dos que terminam em “-mente”: calmamente, tristemente, proposi-
05. Resposta C. Chama-se adjetivo uniforme aquele que man- tadamente, pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosa-
tém a mesma forma para o masculino e para o feminino. Um exem- mente, bondosamente, generosamente.
plo é o adjetivo em análise: simples olhar (masculino), simples von-
tade (feminino). Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente,
certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.
Demais alternativas: a) o mais honesto, a mais honesta; b) o
agente observador, a agente observadora; d) o generoso cliente, a Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de forma
generosa cliente; e) um toque afetivo, uma moça afetiva. nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.

ARTIGO Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavelmente,


quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
Precede o substantivo, indicando-lhe o gênero e o número.
Pode ser definido (determina o substantivo de modo preciso e parti- Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso, bastante,
cular): a, as, o, os ou indefinido (determina o substantivo de modo mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, assaz, que (equivale
impreciso, geral e vago: um, uns, uma, umas. a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
extremamente, intensamente, grandemente, bem (quando aplicado a
Emprego propriedades graduáveis).
a) Antes de nomes próprios indica familiaridade: O José faltou
Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, sim-
ao trabalho hoje.
plesmente, só, unicamente.
b) Pode ser omitido antes de pronomes possessivos: (A) minha
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também.
carteira foi roubada.
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente.
c) Não se combina com preposições, quando faz parte de nomes
de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O Estado de
Locução adverbial: ocorre quando duas, três ou mais palavras
São Paulo; As fotos foram publicadas em O Globo.
exercem função de advérbio e substantivo. São conjuntos de pala-
d) Sua anteposição substantiva qualquer palavra: Respondeu vras, geralmente introduzidas por uma preposição, que exercem a
com um não. função de advérbio.

e) Obrigatório entre o numeral ambos e o substantivo a que se Principais locuções adverbiais


refere: Ele se referiu a ambos os participantes da disputa.
De modo: às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às
ADVÉRBIO escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão.
Modifica o verbo (Cheguei tarde), o adjetivo (Vânia era uma
rapariga muito esperta) e o próprio advérbio (Ele chegou muito can- De lugar: a distância, à distância de, de longe, de perto, em
sado), exprimindo circunstância. Pode ser de: cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta, por aqui.

Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além, De tempo: às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde, longe, vez em quando, de quando em quando, a qualquer momento, de
debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhu- tempos em tempos, em breve, hoje em dia.
res, aquém, embaixo, externamente, a distância, à distância de, de
longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta. De negação: de modo algum, de jeito nenhum, de forma ne-
nhuma, não.
Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, amanhã,
cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante, nunca, De afirmação: com certeza.
então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve,
constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, pro- De dúvida: por certo, quem sabe.
visoriamente, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã,
de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer De intensidade ou quantidade: em excesso, de todo, de mui-
momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia. to, por completo, por demais.

Didatismo e Conhecimento 52
LÍNGUA PORTUGUESA
PREPOSIÇÃO Locuções Conjuntivas - duas ou mais palavras com valor de
conjunção: no entanto, visto que, desde que, se bem que, por mais
É uma palavra invariável que liga dois termos de modo que um que, ainda quando, logo que, à medida que, à proporção que, a fim
deles fique subordinado ao outro. Semanticamente, podem indicar de que.
diversas circunstâncias:

Lugar - Estive em Lisboa o mês passado. NUMERAL

Origem - Estas frutas vieram da Alemanha. É a palavra que atribui quantidade aos seres ou os situa em certa
sequência.
Causa - O mendigo morreu de frio.
Classificação:
Assunto - Hoje só comentamos sobre a derrota de seu time.
Cardinais: indicam contagem, medida. São os números bási-
Meio - Viajo de metrô todos os dias.
cos: zero, um dois, três, milhão, bilhão.
Matéria - Comprei muitas camisas de algodão naquela loja.
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada:
Instrumento - Vera limpou as unhas com algodão. primeiro, segundo, centésimo, milésimo.

Companhia - Vou com você ao shopping. Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão
dos seres: meio, terço, quatro quintos.
Posse - A bicicleta de Cirilo é nova.
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres,
Locuções prepositivas: duas ou mais palavras com valor de
indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada: dobro, triplo,
preposição: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, à distância
de, dentro de, de acordo com, em cima de, por trás de, para com, por undécuplo, cêntuplo.
causa de, junto a, perto de.
Flexão dos numerais
Podem ser classificadas em essenciais - aquelas que atuam
como tal. São elas: a, ante, após, até, de, desde, em, entre, com, con- Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/
tra, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás ou acidentais - palavras duas e os que indicam centenas: duzentos / duzentas; trezentos / tre-
de outras classes gramaticais que, em alguns contextos, podem atuar zentas e assim por diante. Os cardinais: milhão, bilhão, trilhão etc.
como preposições: como, conforme, segundo, durante. variam em número: milhões, bilhões, trilhões etc. Os demais cardi-
nais são invariáveis.
Observação: Diferença entre A (preposição) x A (artigo) x A
(pronome) - O A preposição é invariável, enquanto o A artigo e o
A pronome flexionam-se de acordo com o termo a que se referem. Emprego

Exemplos: Não dou atenção a fofocas. (preposição) a) Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes de
uma obra - quando o numeral vem depois do substantivo, utilizam-
As fofocas da seção, ignoro-as. se os ordinais até décimo e a partir daí os cardinais. Exemplos:
¯ ¯ João Paulo II (segundo); Século IX (nono); João XXIII (vinte e três).
artigo pronome
b) Para designar leis, artigos, decretos, portarias - utiliza-se o
Combinação - não há perda de fonemas: a + o = ao
ordinal até o nono e o cardinal de dez em diante. Exemplos: Artigo
Contração - há perda de fonemas: de + aquilo = daquilo 8o (oitavo); Artigo 10 (dez).
1.
1. CONJUNÇÃO c) Para designar o mês - utilizam-se os cardinais, exceto para o
primeiro dia (primeiro de abril, primeiro de novembro).
É a palavra invariável que liga duas orações ou dois termos se-
melhantes de uma mesma oração. d) Com referência a páginas e folhas, a apartamentos, quartos,
casas de espetáculos, veículos de transporte, usam-se os cardinais,
Classificação
se não estiver anteposto. Exemplos: Casa 1 (um), Casa 38 (trinta e
De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as conjun- oito).
ções podem ser coordenativas e subordinativas. No primeiro caso,
os elementos ligados pela conjunção podem ser isolados um do ou- e) Quando o numeral estiver anteposto ao substantivo - empre-
tro, mantendo a unidade de sentido; no segundo caso, cada um dos ga-se a forma ordinal. Exemplos: 14o capítulo (décimo quarto); 23o
elementos ligados pela conjunção depende da existência do outro. verso (vigésimo terceiro).

Didatismo e Conhecimento 53
LÍNGUA PORTUGUESA
Numerais coletivos Lista de números ordinais

Principais:
Número Ordinal
biênio - período de dois anos
bíduo - período de dois dias 1 primeiro
casal - par, composto de macho e fêmea 2 segundo
centena - cem
década ou decênio - período de dez anos 3 terceiro
dezena - dez
dístico - dois versos 4 Quarto
dúzia - doze
grosa - doze dúzias ou cento e quarenta e quatro 5 Quinto
lustro - período de cinco anos 6 Sexto
milênio - período de mil anos
novena - período de nove dias 7 Sétimo
quadriênio - período de quatro anos
quarentena - período de quarenta dias 8 Oitavo
quinquênio - período de cinco anos
9 Nono
quinzena - período de quinze dias
século - período de cem anos 10 Décimo
semana - período de sete dias
semestre - período de seis meses 20 vigésimo
tríduo - período de três dias
30 trigésimo
Lista de números cardinais 40 quadragésimo
Número Cardinal 50 quinquagésimo
1 um 60 sexagésimo
2 dois
3 três 70 se(p)tuagésimo
4 quatro 80 octogésimo
5 cinco
6 seis 90 nonagésimo
7 sete 100 centésimo
8 oito
9 nove 200 ducentésimo
10 dez 300 trecentésimo
20 vinte
30 trinta 400 quadringentésimo
40 quarenta 500 quingentésimo
50 cinquenta seiscentésimo ou
60 sessenta 600
sexcentésimo
70 setenta
700 se(p)tingentésimo
80 oitenta
90 noventa 800 octingentésimo
100 cem noningentésimo ou
900
200 duzentos nongentésimo
300 trezentos 1.000 milésimo
400 quatrocentos
10.000 décimo milésimo
500 quinhentos
600 seiscentos 100.000 centésimo milésimo
700 setecentos
1.000.000 milionésimo
800 oitocentos
900 novecentos 1.000.000.000 bilionésimo
1.000 mil
10.000 dez mil
100.000 cem mil Observação - milhão e milhar são palavras masculinas. São
1.000.000 um milhão frases corretas: Cinco milhões de doses de vacinas foram aplicados;
1.000.000.000 um bilhão ou bilião os três milhares de crianças.

Didatismo e Conhecimento 54
LÍNGUA PORTUGUESA
INTERJEIÇÃO 1. Pessoais - indicam as pessoas do discurso.

É a palavra invariável que exprime emoções, sensações, esta-


dos de espírito, ou que procura agir sobre o interlocutor. Sempre Pronomes retos Pronomes oblíquos
vem acompanhada pelo sinal de exclamação. Os principais tipos de
interjeição são: Tônicos átonos
Eu mim, comigo me
a) alegria: ou admiração: oh!, ah!, olá! tu ti, contigo te
ele, ela ele, ela, si, consigo se, o, a, lhe
b) admiração: puxa!

Nós nós, conosco nos


c) alívio: ufa!, arre!, também!
vós vós, convosco vos
eles, elas eles, elas, si, consigo se, os, as, lhes
d) agradecimento: graças a Deus!, obrigado!

e) aplauso: bis!, bem!, bravo!, viva!, apoiado! muito bem!,


Observações:
parabéns! a) Os pronomes do caso reto não podem ser usados como com-
plementos verbais. Ex.: Eu vi ele no elevador - forma errada; o cor-
f) animação: coragem!, avante!, vamos! reto é: Eu o vi no elevador.
b) Os pronomes oblíquos a(s), o(s), quando precedidos de ver-
g) advertência: alerta!, cuidado!, alto lá!, calma!, olha!, Fogo! bos que terminam em -R, -S, -Z, assumem a forma lo, la, los, las.
Exs.: beijar + a = beijá-la; quis + o = qui-lo; refiz + o = fi-lo.
h) chamamento: Alô!, hei!, olá!, psiu!, socorro! c) Os pronomes oblíquos a(s), o(s), quando precedidos de ver-
bos que terminam em -M, -ÃO, ÕE, assumem a forma no, na, nos,
i) desculpa: perdão! nas. Exs.: cantam + os = cantam-nos, dão + os = dão-nos.
d) Os pronomes oblíquos podem funcionar como sujeito no
infinitivo, quando se usam os verbos: deixar, fazer, mandar, ou-
j) desejo: oh!, oxalá!, tomara!, pudera!, queira Deus!, quem
vir, sentir e ver. Ex.: Mandaram-me entrar (E não: Mandaram eu
me dera! entrar).

k) despedida: adeus!, até logo!, tchau! Empregos das formas Eu e tu x mim e ti

l) dor: ai!, ui! Quando precedidos de preposição, utilizam-se as formas mim e


ti. Ex.: Nada mais há entre mim e ti.
A interjeição é uma estrutura à parte e não desempenha função
sintática. Exceção - quando as formas retas funcionarem como sujeito de
um verbo no infinitivo. Ex.: Deram a aeronave para eu dirigir.
Locução interjetiva
Emprego de Conosco / convosco / com nós / com vós
Formada por mais de um vocábulo, terminando sempre pelo Utilizam-se as formas com nós / com vós antes de pronomes
ponto de exclamação: Puxa vida! Que vida boa!, Valha-me Deus!, relativos (que), numerais, palavras de reforço: todos, ambos, mes-
Cruz credo! Macacos me mordam! Ora bolas! mos, próprios. Ex.: Arlete saiu com nós dois; Fomos nós mesmos
ao teatro.
PRONOME Nos demais casos, utilizam-se as formas conosco / convosco.
Exs.: Arlete saiu conosco; Beatriz falou convosco.
É a palavra variável em gênero, número e pessoa que substi-
tui ou acompanha o substantivo, indicando sua posição em relação Emprego dos pronomes Se, si e consigo - utilizados somente
às pessoas do discurso ou situando-o no espaço e no tempo. Quan- quando reflexivos. Exs.: Fernando cortou-se; Telma é muito egoísta.
do ele representa o substantivo, dizemos que se trata do pronome Só pensa em si mesma; O professor trouxe as avaliações consigo.
substantivo. Ex.: Nós fomos aprovados no concurso. Quando ele
Pronomes de tratamento - Referem-se à segunda pessoa, mas
vem acompanhado do substantivo, restringindo a extensão de seu exigem o verbo na terceira pessoa.
significado, dizemos que se trata do pronome adjetivo. Ex.: Este
apartamento é antigo.

Há seis espécies de pronomes, a saber:

Didatismo e Conhecimento 55
LÍNGUA PORTUGUESA
Principais formas de tratamento: 2a pessoa - indica proximidade da pessoa a quem se fala ou
se escreve. Ex.: Essa caneta que tens falha muito; refere-se ao que
Vossa Alteza - V.A. (VV.AA.) - príncipes, duques, arquiduques já foi dito ou escrito. Ex.: A conjunção e a interjeição são palavras
Vossa Eminência - V. Em.a (V. Em.as) - cardeais invariáveis - essas duas classes gramaticais não têm flexão.
Vossa Excelência - V. Ex.a (V. Ex.as) - altas autoridades e ofi-
ciais das Forças Armadas
Vossa Magnificência - V. Mag.a - (V. Mag.as) - reitores de uni- 3a pessoa - referência a seres que se encontram longe do falante
versidades e do ouvinte. Ex.: Aquela caneta que Iracema tem falha muito.
Vossa Majestade - V.M. (VV. MM.) - reis, imperadores
Vossa Meritíssima (não se abrevia) - juízes de direito Observações:
Vossa Paternidade - V.P. (VV.PP.) - abades, superiores de con- a) Os pronomes o(s), a(s) serão demonstrativos quando pude-
ventos rem ser substituídos por isto, isso, aquilo ou aquele. Exs.: Não se
Vossa Santidade - V.S. - papa pode pedir tudo o (aquilo) que foi exposto; A (aquela) que responder
Vossa Reverendíssima - V. Revm.a (V.Revm.as) - sacerdotes e com exatidão, ganhará o novo dicionário de Caldas Aulete.
religiosos em geral
Vossa Excelência Reverendíssima - V. Ex.a Revm.a (V. Ex.as b) Quando houver a enumeração de dois elementos e, à frente,
Revm.as) - bispos, arcebispos quiser retomá-los, deve-se substituir o primeiro por aquele, aquela,
Vossa Senhoria - V.S.a (V. S.as) - tratamentos cerimoniosos aquilo e o último por este, esta, isto. Exemplo: Guimarães Rosa e
Você - v. (vv.) - familiares, pessoas íntimas Manuel Bandeira foram dois expoentes da literatura brasileira. Este
Senhor - Sr. (Srs.) - distanciamento respeitoso na poesia; aquele, nos romances. (Este: Manuel Bandeira; aquele:
Guimarães Rosa)
Observação - Os pronomes de tratamento devem vir prece-
didos de Vossa, quando nos dirigimos à pessoa representada pelo c) Tal, tais: serão pronomes demonstrativos quando estiverem
pronome e por Sua, quando falamos sobre essa pessoa. Ex.: Vossa substituindo outros pronomes demonstrativos, como aquele, aquela
Alteza permite um conselho?; Sua Alteza, não comparecerá ao baile. e aquilo. Exemplo: Explique como César conseguiu o diploma
universitário. A palavra “tal” pode ser substituída por “essa” ou
2. Possessivos - referem-se às pessoas do discurso: meu, minha, “aquela”.
meus, minhas, teu, tua, teus, tuas, nosso, nossa, nossos, nossas, vos-
so, vossa, vossos, vossas, seu, sua, seus, suas. d) Mesmo(a), mesmo(os), próprio(a), próprios(as): serão
demonstrativos quando equivalerem a “idêntico” ou “em pessoa”:
Observações: Ela mesma estudou sozinha; Elas próprias trocaram o pneu do
I. Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse. Podem carro.
ter outros empregos, como:
4. Relativos - referem-se a um termo anterior, denominado an-
a) indicar afetividade. Exemplo: Não decore a lição, meu filho. tecedente. São eles:

b) indicar valor indefinido ao substantivo: Exemplo: Isabel tem a) Que - usado em relação a coisas ou pessoas (Este é o dicio-
seus defeitos, mas é uma pessoa admirável. nário que você está consultando; A pessoa que lhe apresentei venceu
o concurso de contos);
c) indicar cálculo aproximado: Sandra já deve ter seus quarenta
anos. b) Quem - refere-se apenas a pessoas e aparece sempre prepo-
sicionado: Esta é a garota a quem ele admirava;
d) Os pronomes pessoais podem assumir valor possessivo.
Exemplo: O despreparo lhe embargou a voz (embargou a sua voz). c) Cujo - indica posse, vem entre dois substantivos, concorda
em gênero e número com o substantivo a que se refere, não admi-
3. Demonstrativos - referem-se à posição dos seres em relação tindo a posposição do artigo (Este é o autor cuja obra li na íntegra);
às pessoas do discurso, situando-os no tempo, no espaço ou no pró-
prio discurso. d) Onde - equivale a em que ou no(a) qual, empregado para
indicar lugar (Onde você reside?);
1a pessoa - este(s), esta(s), isto
e) Quanto - vem precedido de um dos pronomes indefinidos:
2a pessoa - esse(s), essa(s), isso tudo, tanto(s), tanta(s), todo(s),toda(s). Tenho tudo quanto almejo;

3a pessoa - aquele(a), aqueles(as), aquilo f) Quando - será pronome relativo quando o antecedente dá
ideia de tempo (A greve aconteceu em janeiro quando o governo
Emprego aumentou o preço dos combustíveis).

1a pessoa - indica proximidade de quem fala ou escreve. Ex.: 5. Indefinidos - referem-se à terceira pessoa do discurso de
Este computador é meu; referem-se ao que ainda vai ser dito ou es- maneira imprecisa ou genérica. Podem fazer referência a pessoas,
crito. Ex.: Ainda relembro estas palavras: ”Agora você é pai”. coisas e lugares.

Didatismo e Conhecimento 56
LÍNGUA PORTUGUESA
Pessoas: quem, alguém, ninguém, outrem.

Lugares: onde.

Coisas: qual, algo, tudo, nada, todo, algum, nenhum, certo, outro, muito, quanto, pouco, qualquer, cada.

Observações:
Algum - após substantivo a que se refere, tem valor negativo: Partido algum merece confiança.

Cada - deve ser sempre seguido por um substantivo ou numeral: Eles marcaram 2 gols cada um.

Outrem - equivale a “qualquer pessoa”.

Todo - usado sem artigo significará cada ou todos (Todos dias como frutas de manhã.), usado com artigo significará inteiro - Adriana
ficou dormindo o dia todo.

6. Interrogativos - que, quem, qual, quanto. Empregados em perguntas diretas ou indiretas. Exs.: Quem está aí? Quero saber quem está com
vocês.

Observação: Na língua culta, não se devem misturar os tratamentos tu e você, como é comum na linguagem coloquial. Evitem-se frases
como: Se você quiser, vou te ajudar. Em seu lugar, deve-se usar a uniformidade de tratamento, ou seja, Se você quiser, vou ajudá-lo ou Se
quiseres, vou te ajudar.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

a) Todas as lojas deverão ter catracas eletrônicas.


,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.................................................................................................................
b) Os espelhos devem ser limpos diariamente.
...........................................................................................................................................
c) A mulher de vermelho atravessou a rua sem olhar.
...........................................................................................................................................
d) Chegaram as primeiras encomendas de medicamentos com tarja preta.
............................................................................................................................................
e) Gustavo não encontrou o que procurava e foi embora.
............................................................................................................................................
f) Este dossiê sobre o presidente contém muitas incoerências.
............................................................................................................................................
g) A escola tomará todas as providências para solucionar o caso.
............................................................................................................................................

2. Faça a correlação entre a preposição destacada e o significado que ela cria.


( ) estar ante o portão
( ) parar após o obstáculo
( ) beber com os amigos
( ) pagar com cheque
( ) lutar contra o vício
( ) trabalhar para a sobrevivência
( ) voltar de Santos
( ) cadeira de vime
( ) morrer de fome
( ) doce com leite
( ) doce sem leite

(A) finalidade
(B) oposição
(C) instrumento
(D) companhia
(E) causa
(F) matéria

Didatismo e Conhecimento 57
LÍNGUA PORTUGUESA
(G) origem
(H) posterioridade
(I) anterioridade
(J) inclusão
(L) exclusão

3. Escreva os números por extenso.


a) Papa Paulo VI ..........................................................................................
b) João XXIII ..............................................................................................
c) XIX capítulo ............................................................................................
d) Artigo X ...................................................................................................
e) XXIX seção .............................................................................................
f) Casa 645 ....................................................................................................

4. Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª adequando o pronome de tratamento à pessoa.


A) Vossa Senhoria
B) Vossa Excelência
C) Vossa Alteza
D) Vossa Majestade
E) Vossa Reverendíssima
F) Vossa Magnificência
G) Vossa Eminência

( ) governador
( ) chefe de seção
( ) reitores
( ) marechal
( ) rei
( ) príncipe
( ) sacerdote
( ) diretor
( ) cardeais

5. Complete com o pronome demonstrativo adequado,


a) .................... livro que estou lendo conta a história da Independência do Brasil.
b) A placa continha .................... dizeres: “É proibido fumar!”
c) A rua está esburacada. .................... não pode acontecer.
d) .................... relógio que está lá no museu pertenceu a D. Pedro I.
e) Lembre-se ....................: estudar exige dedicação.
f) Estudar exige dedicação. Lembre-se .................... .

TESTES DE CONCURSOS

01. (Cesgranrio) Marque a passagem em que a preposição não expressa a ideia indicada entre parênteses.
a) “de manhã e no fim da tarde,” (lugar)
b) “ ...vivendo em bando,’ ” (modo)
c) “...os caça para comer...” (fim)
d) “ciscando com as galinhas,” (companhia)
e) “...advém de sua alimentação...” (origem)

02. (Cesgranrio) Há três substantivos em:


a) “... com sérias dificuldades financeiras”
b) “... não conseguiu prever nem a crise econômica atual”
c) “... vai tornar inúteis arquivos e bibliotecas”
d) “... precisa de confirmação e do endosso do impresso”
e) “Muitos dos blogs e sites mais influentes...”

Didatismo e Conhecimento 58
LÍNGUA PORTUGUESA
03. (Cesgranrio) Assinale a opção em que a palavra ou expres- a) uma vez que é
são destacada tem a mesma classe da palavra trabalho na frase “Um b) ebora seja
grupo de trabalho...” c) a fim de ser
a) “No campo da Fazenda de Belém, boa parte do óleo...” d) mesmo que fosse
b) “Porém, não é qualquer água que é usada...” e) a menos que seja
c) “Os resultados das inovações foram praticamente...”
d) “Atualmente, um dos geradores de vapor...” 09. (Fundação Carlos Chagas) Pertencem a diferentes classes
e) “um dos geradores de vapor está empregando...”
gramaticais as palavras sublinhadas na frase:
04. (Cesgranrio) A relação entre o vocábulo destacado e a cate- a) Se alguma coisa lhe falta, certamente não é dinheiro.
goria gramatical a ele atribuída está correta em: b) Meu filho anda apaixonado por bichinhos virtuais.
a) “Jamais permitiria que seu marido fosse para o trabalho com c) Por razões tolas deixei de ir a uma festa muito animada.
a roupa mal passada, não dissessem os colegas que era esposa des- d) Ele sempre quis ser a exceção da regra.
cuidada.” - adjetivo e) Durante a parada militar, as crianças aplaudiam felizes.
b) “Jamais permitiria que seu marido fosse para o trabalho com
a roupa mal passada, não dissessem os colegas que era esposa des- 10. (Fundação Carlos Chagas) ..................... ela aparente ser
cuidada.” - pronome relativo uma pessoa dócil, não a provoque, ..................... a ovelhinha não se
c) “Que embora respeitando ternos e camisas, começou sub transforme numa tigresa. A frase ganha sentido completo e lógico
-repticiamente a marcar seu avanço na pele do rosto.” - preposição preenchendo-se suas lacunas, respectivamente, com as expressões:
d) “Um dia notou a mulher um leve afrouxar-se das pálpe- a) Desde que - a fim de que
bras.” - verbo b) Muito embora - desde que
e) “Mas foi só muitos meses mais tarde que a presença de duas
c) Dado que - muito embora
fortes pregas descendo dos lados da boca tornou-se inegável.” - ad-
d) Ainda que - para que
vérbio
e) Mesmo que - em vista do que
05. (Cesgranrio) Assinale a opção incorreta quanto à classe
atribuída à palavra destacada. GABARITOS
a) “Sabe-se que” - conjunção subordinativa integrante EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
b) “...beneficiando-se de um impulso mútuo.” - numeral
c) “ela entra outra vez...” - pronome indefinido 1.
d) “levantam voo, sozinhas” - adjetivo a) as - artigo, catracas - substantivo, eletrônicas - adjetivo
e) “...para apoiar o mais fraco.” - advérbio b) espelhos - substantivo, limpos - adjetivo, diariamente - ad-
vérbio
06. (Fundação Carlos Chagas) ... uma assinatura específica de c) de vermelho - locução adjetiva, sem - preposição
atividade cerebral que envolve o hipocampo... O pronome relativo d) primeiras - numeral, medicamentos - substantivo, preta -
grifado na frase acima está também presente na seguinte frase: adjetivo
a) Quem sabe que novas descobertas ainda hão de ser feitas
e) não - advérbio, e - conjunção; embora - advérbio
sobre o funcionamento da memória?
b) Outros profissionais, que não os cientistas, também têm mui- g) todas - pronome, para - conjunção, caso - substantivo.
to a dizer sobre a memória.
c) Que experiência fantástica não deve ser participar de pesqui- 2.
sas sobre a memória humana! (I) estar ante o portão
d) Não parece haver nada de mais fascinante no estudo do corpo (H) parar após o obstáculo
humano do que as pesquisas sobre o funcionamento do cérebro.
e) É notável o fascínio que homens de todos os tempos parecem (D) beber com os amigos
ter demonstrado pela memória.
(C) pagar com cheque
07. (Fundação Carlos Chagas) Apesar de amplamente conhe- (B) lutar contra o vício
cidos, esses cuidados costumam ser negligenciados pelas pessoas. (A) trabalhar para a sobrevivência
O segmento grifado, considerando-se o contexto, tem o sentido de
a) explicação
(G) voltar de Santos
b) conclusão
c) condição
d) consequência (F) cadeira de vime
e) ressalva
(E) morrer de fome
08. (Fundação Carlos Chagas) A vontade de todos diz respeito
ao interesse privado, sendo apenas a soma de interesses particulares. (J) doce com leite
Considerado o contexto, o elemento sublinhado na frase tem o mes-
mo sentido de (L) doce sem leite

Didatismo e Conhecimento 59
LÍNGUA PORTUGUESA
3. d) Por incrível que pareça, nem a Organização Mundial do Tra-
a) Papa Paulo sexto balho tem um ranking estatístico ou um estudo global que aponte
b) João vinte e três as profissões com os índices de óbitos por acidente mais elevados.
c) Décimo nono capítulo e) A maioria das mortes ocorre naquelas serrarias espalhadas
d) Artigo dez em cantos remotos do país.
e) Vigésima nona seção
f) Casa seiscentos e quarenta e cinco. 02. (Vunesp) Pertencem à mesma categoria gramatical os
4. termos sublinhados na frase:
(B) governador a) Daí a necessidade de criar emprego nas pequenas cidades.
(A) chefe de seção b) A reforma agrária não poderá ser executada de maneira uni-
(F) reitores forme.
(B) marechal c) Não se trata, contudo, de “engessar” a população rural no
(D) rei campo.
d) Ela não será a mesma nas terras férteis.
(C) príncipe
e) A reforma agrária contribuirá para reduzir o ritmo da migra-
(E) sacerdote
ção campo-cidade.
(A) diretor
(G) cardeais
03. (Vunesp) Assinale a alternativa em que o termo que, em
destaque, é pronome relativo.
5. a) Espero que todos os convidados cheguem logo.
a) Este livro que estou lendo conta a história da Independência b) Não sairei de casa hoje desde que haja necessidade.
do Brasil. c) Leia este bilhete que recebi ontem.
b) A placa continha estes dizeres: “É proibido fumar!” d) Venha logo a fim de que o problema seja resolvido.
c) A rua está esburacada. Isso não pode acontecer. e) Hoje a partida será mais difícil que a de ontem.
d) Aquele relógio que está lá no museu pertenceu a D. Pedro I.
e) Lembre-se disso: Estudar exige dedicação. 04. (Vunesp) “Teu braço é a mola que move a cidade,” Sobre
f) Estudar exige dedicação. Lembre-se disso. esse período é correto afirmar:
a) O “que” é um pronome relativo e refere-se a “braço”
TESTES DE CONCURSOS b) “move” é um verbo que se encontra no pretérito perfeito”
c) “teu” é um pronome demonstrativo
d) O “que” é um pronome relativo e inicia uma oração
01 A
e) “Mola” é um adjetivo
02 D
5. (Vunesp) Considere o trecho: interrupção do tratamento e
03 C a procura de um médico se os sintomas persistirem. Mantendo o
04 C mesmo sentido, a oração se os sintomas persistirem pode ser subs-
tituída por
05 B a) caso os sintomas persistam
06 E b) quando os sintomas persistirem
c) embora os sintomas persistam
07 E d) ou os sintomas persistirão
e) porque os sintomas persistem
08 A
09 A 6. (Vunesp) “...Dona Zoé agonizava e sem dúvida não passa-
va daquela semana. Contudo não foi bem o que ocorreu.” O termo
10 D grifado pode ser substituído, sem alteração do sentida da frase, por
a) Entretanto
TESTES COMENTADOS b) Por isso
c) Portanto
01. (Vunesp) Assinale a alternativa em que todas as palavras d) Por conseguinte
grifadas são substantivos. e) Porque
a) E também de técnicos de linhas de transmissão de energia,
que lutam contra o vento, pendurados a 30 metros de altura... 7. (Vunesp) Assinale a alternativa em que a preposição desta-
b) Um operador de serras tinha uma chance de morrer em servi- cada indica modo.
ço 20 vezes maior que a média dos trabalhadores em todos os outros a) Só o Estado de São Paulo.
setores. b) ... ser lesionada com facilidade.
c) Os acidentes de trabalho têm probabilidades muito maiores
de serem fatais quando ocorrem em lugares de onde é impossível c) ... contribuem para o aparecimento do câncer.
escapar. d) ... e por longos períodos.
e) ... levará ao desenvolvimento de displasias.

Didatismo e Conhecimento 60
LÍNGUA PORTUGUESA
8. (Vunesp) Observe a frase: Você transgrediu a lei, logo está 05. Resposta A. As conjunções se e caso são condicionais, ex-
sujeito à penalidade. A conjunção em destaque tem o mesmo sentido primem o que deve ou não ocorrer para que se realize ou deixe de se
que o da conjunção da frase: realizar o fato expresso na oração principal.
a) O motorista atropelou um pedestre, porém não o socorreu.
b) O taxista entrou no carro e deu a partida. Demais alternativas: b) quando - conjunção temporal; c) em-
c) Ele passou nas provas, portanto fez jus à carteira de habi- bora - conjunção concessiva; d) ou - conjunção coordenativa alter-
litação. nativa; e) porque - conjunção coordenativa explicativa.
d) O guarda me multou, pois ultrapassei o limite de velocidade.
e) Ou construímos mais piscinões, ou estaremos sujeitos a ala- 06. Resposta A. Mantém-se a ideia de adversidade substituin-
gamentos. do-se a conjunção contudo por entretanto.

9. (Vunesp) Assinale a alternativa em que o sentido da palavra Demais alternativas: b) por isso - conjunção conclusiva; c)
em destaque, indicado entre parênteses, está correto. portanto - conjunção conclusiva; d) por conseguinte - conjunção
a) Ana mudou-se para Blumenau. (tempo) conclusiva; e) porque - conjunção explicativa.
b) Saiu com a mãe para ir à escola. (lugar)
c) Desde 1987 ela não vê o filho. (modo) 07. Resposta B.
d) Talvez haja falta de energia. (condição)
e) Certamente ele virá para a festa. (afirmação) Demais alternativas: a) lugar; c) finalidade; d) tempo; e) pa-
ciente de ação verbal.
10. (Vunesp) No trecho - Os moradores, porém, serão multados
(...) caso tenham comportamento antissocial -, o termo destacado 8. Resposta C. As conjunções logo e portanto são conclusivas.
apresenta equivalência de sentido na alternativa
a) porque Demais alternativas: a) porém - conjunção adversativa; b) e -
b) assim que conjunção aditiva; d) pois - conjunção explicativa; e) ou - conjunção
c) quando alternativa.
d) se
e) embora 9. Resposta E.

RESPOSTAS Demais alternativas: a) para - lugar; b) para - finalidade; c)


desde - tempo; d) talvez - possibilidade.
01. Resposta C.
10. Resposta D. As conjunções caso e se dão ideia de condição.
Demais alternativas: a) linhas - substantivo, que - pronome re-
lativo, contra - preposição; b) serras - substantivo, maior - adjetivo, Demais alternativas: a) porque - conjunção explicativa; b) as-
outros - pronome indefinido; d) pareça e tem - verbos, estudo - sim que - conjunção temporal; c) quando - conjunção temporal; e)
substantivo; e) naquelas - contração (preposição “em” + pronome embora - conjunção concessiva.
“aquelas”), remotos - adjetivo, país - substantivo.
VERBOS

A Grande Catástrofe
02. Resposta A. Necessidade e emprego são substantivos.
No início era o Verbo. O verbo Ser. Conjugava-se apenas no
Demais alternativas: b) agrária - adjetivo, executada - verbo; infinitivo. Ser, e nada mais.
c) Não - advérbio, de - preposição; d) mesma - pronome, terras - Intransitivo absoluto.
substantivo; e) contribuirá - verbo, migração - substantivo. Isso foi no princípio. Depois, transigiu, e muito. Em vários
modos, tempos e pessoas. Ah, nem queiras saber o que são as pes-
03. Resposta C. Refere-se a um termo anterior (“bilhete”) de- soas: eu, tu, ele, nós, vós, eles...
nominado antecedente. Principalmente eles!
E ante essa dispersão lamentável, essa verdadeira explosão do
Demais alternativas: a) conjunção integrante; b) parte inte- SER em seres, até hoje os anjos ingenuamente se interrogam por
grante da locução conjuntiva desde que; d) parte integrante da que motivo as referidas pessoas chamam a isso de CRIAÇÃO...
locução conjuntiva a fim de que; e) conjunção comparativa.
Mário Quintana, Prosa & Verso.
04. Resposta D. Refere-se a um termo anterior (“mola”) deno-
minado antecedente e inicia a segunda oração. Os verbos são palavras que exprimem ação, fenômeno natural,
estado ou mudança de estado, situando tais fatos no tempo. Flexio-
Demais alternativas: a) veja observação da alternativa correta nam-se em número (singular, plural), pessoa (primeira, segunda e
“d”; b) verbo no presente do indicativo; c) pronome possessivo; terceira), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo), tempo (pre-
e) substantivo. sente, pretérito e futuro) e voz (ativa, passiva e reflexiva).

Didatismo e Conhecimento 61
LÍNGUA PORTUGUESA
Modos e tempos expelir: expelido, expulso
expressar: expressado, expresso
Os modos indicam diferentes maneiras de um fato realizar-se. exprimir: exprimido, expresso
São três: indicativo, subjuntivo e imperativo. expulsar: expulsado, expulso
Os tempos situam a época ou o momento em que se verifica o extinguir: extinguido, extinto
fato. São: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito frigir: frígido, frito
mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito. findar: findado, findo
imergir: imergido, imerso
Classificação imprimir: imprimido, impresso
inserir: inserido, inserto
Regulares: possuem as desinências normais de sua conjuga- isenta: isentado, isento
ção e cuja flexão não provoca alterações no radical. Exemplo: falo, limpar: limpado, limpo
falei, falava, falaria, falarei, falasse. O radical “fal” se mantém em matar: matado, morto
morrer: morrido, morto
todas as conjugações.
omitir: omitido, omisso
prender: prendido, preso
Irregulares: aqueles cuja flexão provoca alterações no radical
romper: rompido, roto
ou nas desinências. Exemplo: caibo, cabes, caiba, coubesse, cabe- salvar: salvado, salvo
ria. segurar: segurado, seguro
soltar: soltado, solto
Defectivos: aqueles que não apresentam conjugação completa. submergir: submergido, submerso
Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais. suprimir: suprimido, supresso
suspender: suspendido, suspenso
I. Impessoais: verbos que não têm sujeito. Normalmente, são tingir: tingido, tinto
usados na terceira pessoa do singular. Os principais são: a) haver,
quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou fazer (em ora- Anômalos: possuem mais de um radical em sua conjugação.
ções temporais). Exemplos: Havia poucas crianças no parque; b) fa- Verbos ser e ir. Exemplos; sou, era, fui, fora, vou, ide, sede etc.
zer, ser e estar (quando indicam tempo). Exemplo: Faz meses que
não chove no Sudeste; Está muito quente esta primavera; Era noite Auxiliares: participam da formação dos tempos compostos e
quando o encontrei; c) verbos que indicam fenômenos da natureza das locuções verbais. O verbo principal, quando acompanhado pelo
(chover, nevar, anoitecer, amanhecer). Exemplo: Nevou muito em auxiliar, é expresso numa das formais: infinitivo, gerúndio ou par-
Santa Catarina o ano passado. ticípio. Os verbos mais utilizados são; ser, estar, ter e haver. Exem-
plos: Vou correr a maratona; Está chegando o segundo turno elei-
II. Unipessoais: são conjugados apenas nas terceiras pessoas toral; Os convidados foram cumprimentados por todos.
do singular e do plural.: Os principais são: a) indicam vozes de ani-
mais: bramir, cacarejar, latir, miar etc.; b) verbos cumprir, importar, Formas nominais
parecer, aprazer, convir etc.
Desempenham funções de substantivos, adjetivos e advérbios.
III. Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos São elas:
morfológicos ou eufônicos. Exemplos: falir, computar, adequar,
1. Infinitivo - é a forma como se designam os verbos (desinên-
precaver etc.
cia em -r): falar, comer, sorrir. Pode ser:
Abundantes: possuem mais de uma forma com o mesmo valor.
a) Pessoal - flexionado, referindo-se a uma pessoa gramatical:
Ocorrem, geralmente, no particípio, havendo a forma regular (termi- Estamos felizes por termos conseguido a aprovação no concurso.
nação em -ado ou -ido) e a irregular. Exemplos: aceitar - aceitado,
aceito; anexar - anexado, anexo; eleger - elegido, eleito etc. b) Impessoal - não flexionado. Não se refere a nenhuma pessoa
gramatical. Exerce a função de substantivo: O nascer é maravilho-
Lista dos principais verbos abundantes so.
Infinitivo pessoal / Particípio regular e Irregular 2. Gerúndio - é ação em desenvolvimento. Apresenta a desi-
nência -ndo: falando, comendo, sorrindo. Pode exercer a função de
aceitar: aceitado, aceito advérbio ou adjetivo: Chegando o frio, começaremos a campanha
acender: acendido, aceso do agasalho. (advérbio).Torcedores chorando saíram do estádio
benzer: benzido, bento (adjetivo).
concluir: concluído, concluso
eleger: elegido, eleito 3. Particípio - sem verbo auxiliar exerce a função de subs-
emergir: emergido, emerso tantivo ou adjetivo: Terminado o jogo, os torcedores foram para a
enxugar: enxugado, enxuto avenida comemorar; em tempos compostos, expressa o resultado de
entregar: entregado, entregue ação: A casa foi alugada no carnaval. Apresenta a desinência em d
enxugar: enxugado, enxuto (regular) ou t, s (irregular): falado, aceito, aceso.

Didatismo e Conhecimento 62
LÍNGUA PORTUGUESA
Formas Rizotônicas: São as estruturas verbais com a sílaba Presente do Subjuntivo: que eu venda, que tu vendas, que ele
tônica no radical: 1ª, 2ª, 3ª pessoas do singular e 3ª pessoa do plural venda, que nós vendamos, que vós vendais, que eles vendam
no Presente do Indicativo e no Presente do Subjuntivo e formas res- Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: se eu vendesse, se tu
pectivas do Imperativo. vendesses, se ele vendesse, se nós vendêssemos, se vós vendêsseis,
se eles vendessem
Formas Arrizotônicas: São as estruturas verbais com a sílaba Futuro do Subjuntivo: quando eu vender, quando tu venderes,
tônica fora do radical. Todas as demais estruturas verbais, com ex- quando ele vender, quando nós vendermos, quando vós venderdes,
ceção das rizotônicas. quando eles venderem
Imperativo Afirmativo: vende tu, venda você vendamos nós,
Paradigma dos verbos regulares vendei vós, vendam vocês
Imperativo Negativo: não vendas tu, não venda você, não ven-
1ª Conjugação - falar damos nós, não vendais vós, não vendam eles
Infinitivo Pessoal: por vender eu, por venderes tu, por vender
Presente do Indicativo - eu falo tu falas, ele fala, nós falamos,
ele, por vendermos nós, por venderdes vós, por venderem eles
vós falais, eles falam
Infinitivo Impessoal: vender
Pretérito Perfeito do Indicativo - eu falei, tu falaste, ele falou,
Particípio: vendido
nós falamos, vós falastes, eles falaram
Gerúndio: vendo
Pretérito Imperfeito do Indicativo - eu falava, tu falavas, ele
falava, nós falávamos, vós faláveis, eles falavam
Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo - eu falara, tu fala- 3ª Conjugação - partir
ras, ele falara, nós faláramos, vós faláreis, eles falaram
Futuro do Presente do Indicativo - eu falarei, tu falarás, ele Presente do Indicativo: eu parto, tu partes, ele parte, nós parti-
falará, nós falaremos, vós falareis, eles falarão mos, vós partis, eles partem
Futuro do Pretérito do Indicativo - eu falaria, tu falarias, ele Pretérito Perfeito do Indicativo: eu parti, tu partiste, ele par-
falaria, nós falaríamos, vós falaríeis, eles falariam tiu, nós partimos, vós partistes, eles partiram
Presente do Subjuntivo - que eu fale, que tu fales, que ele fale, Pretérito Imperfeito do Indicativo: eu partia, tu partias, ele
que nós falemos, que vós faleis, que eles falem partia, nós partíamos, vós partíeis, eles partiam
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo - se eu falasse, se tu fa- Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: eu partira, tu par-
lasses, se ele falasse, se nós falássemos, se vós falásseis, se eles fa- tiras, ele partira, nós partíramos, vós partíreis, eles partiram
lassem Futuro do Presente do Indicativo: eu partirei, tu partirás, ele
Futuro do Subjuntivo - quando eu falar, quando tu falares, partirá, nós partiremos, vós partireis, eles partirão
quando ele falar, quando nós falarmos, quando vós falardes, quando Futuro do Pretérito do Indicativo: eu partiria, tu partirias, ele
eles falarem partiria, nós partiríamos, vós partiríeis, eles partiriam
Imperativo Afirmativo - fala tu, fale você, falemos nós, falai Presente do Subjuntivo: que eu parta, que tu partas, que ele
vós, falem eles parta, que nós partamos, que vós partais, que eles partam
Imperativo Negativo - não fales tu, não fale você, não falemos Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: se eu partisse, se tu par-
nós, não faleis vós, não falem eles tisses, se ele partisse, se nós partíssemos, se vós partísseis, se eles
Infinitivo Pessoal - por falar eu, por falares tu, por falar ele, por partissem
falarmos nós, por falardes vós, por falarem eles Futuro do Subjuntivo: quando eu partir, quando tu partires,
Infinitivo Impessoal - falar quando ele partir, quando nós partirmos, quando vós partirdes, quan-
Gerúndio - falando do eles partirem
Particípio - falado
Imperativo Afirmativo: parte tu, parta você, partamos nós,
parti vós, partam vocês
2ª Conjugação - vender
Imperativo Negativo: não partas tu, não parta você, não parta-
mos nós, não partais vós, não partam vocês
Presente do Indicativo: eu vendo, tu vendes, ele vende, nós
Infinitivo Pessoal: por partir eu, por partires tu, por partir ele,
vendemos, vós vendeis, eles vendem
Pretérito Perfeito do Indicativo: eu vendi, tu vendeste, ele por partirmos nós, por partirdes vós, por partirem eles
vendeu, nós vendemos, vós vendestes, eles venderam Infinitivo Impessoal: partir
Pretérito Imperfeito do Indicativo: eu vendia, tu vendias, ele Particípio: partido
vendia, nós vendíamos, vós vendíeis, eles vendiam Gerúndio: partindo
Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: eu vendera, tu
venderas, ele vendera, nós vendêramos, vós vendêreis, eles vende- Formação do Imperativo Afirmativo / Negativo
ram
Futuro do Presente do Indicativo: eu venderei, tu venderás, Imperativo Afirmativo - A segunda pessoa do singular e a se-
ele venderá, nós venderemos, vós vendereis, eles venderão gunda pessoa do plural são retiradas do Presente do Indicativo, su-
Futuro do Pretérito do Indicativo: eu venderia, tu venderias, primindo-se o S final; as demais formas são as mesmas do Presente
ele venderia, nós venderíamos, vós venderíeis, eles venderiam do Subjuntivo.

Didatismo e Conhecimento 63
LÍNGUA PORTUGUESA
Imperativo Negativo - Todas as pessoas são idênticas às cor- Tivesse: tempo que indica hipótese.
respondentes do Presente do Subjuntivo, bastando antepor o advér- Faria: tempo que expressa uma possibilidade (fazer o curso)
bio Não. que depende da realização ou não, do fato contido em “tivesse”.

Exemplo com o verbo comer Outros casos


Presente do indicativo: como, comes, come, comemos, co-
meis, comem. I. Presente do indicativo + Pretérito Perfeito do Indicativo - Sei
Presente do Subjuntivo: coma, comas, coma, comamos, co- que tive oportunidade de ganhar na loteria.
mais, comam
Imperativo Afirmativo: come (tu), coma (você), comamos II. Presente do Indicativo + Pretérito Imperfeito do Indicativo -
(nós), comei (vós), comam (vocês). Observo que tinha oportunidade de ganhar na loteria 
Imperativo Negativo: não comas, não coma, não comamos,
não comais, não comam. III. Presente do Indicativo + Futuro do Presente do Indicativo -
Observação: A única exceção à regra é com o verbo ser que no Sei que terei oportunidade de ganhar na loteria.
Imperativo Afirmativo fica: sê (tu) sede (vós).
IV. Presente do Indicativo + Presente do Subjuntivo - Peço que
Valor dos tempos verbais
você me explique correlação verbal.
presente do indicativo - indica um fato real situado no momen-
to ou época em que se fala. V. Pretérito Perfeito do Indicativo + Pretérito Imperfeito do
pretérito perfeito do indicativo - indica um fato real cuja ação Subjuntivo - Pedi que você me explicasse correlação verbal.
foi iniciada e concluída no passado.
pretérito imperfeito do indicativo - indica um fato real cuja VI. Pretérito Perfeito do Indicativo + Futuro do Pretérito do In-
ação foi iniciada no passado, mas não foi concluída ou era uma ação dicativo - Disseram que você seria aprovado no concurso.
costumeira no passado.
pretérito mais-que-perfeito do indicativo - indica um fato VII.  Pretérito Imperfeito do Indicativo + Pretérito Imperfeito
real cuja ação é anterior a outra ação já passada. do Subjuntivo - Queria que você fosse aprovado no concurso.
futuro do presente do indicativo - indica um fato real situado
em momento ou época vindoura. VIII. Pretérito Mais-Que-Perfeito do Indicativo + Pretérito Im-
futuro do pretérito do indicativo - indica um fato possível, perfeito do Subjuntivo - Pedira que você me apresentasse à sua
hipotético, situado num momento futuro, mas ligado a um momento melhor amiga.
passado.
presente do subjuntivo - indica um fato provável, duvidoso ou IX. Futuro do Pretérito + Pretérito Imperfeito do Subjuntivo -
hipotético situado no momento ou época em que se fala. Pediria que você me apresentasse à sua melhor amiga.
pretérito imperfeito do subjuntivo - indica um fato provável,
duvidoso ou hipotético cuja ação foi iniciada mas não concluída no X.  Futuro do Subjuntivo + Futuro do Presente Indicativo -
passado. Quando eu estudar, direi a você.
futuro do subjuntivo - indica um fato provável, duvidoso, hi-  
potético, situado num momento ou época futura. Vozes do verbo
Verbos irregulares Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para indicar
se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. Divide-se em:
Terminados em -EAR: recebem um I na primeira, segunda e
terceira pessoas do singular e na terceira pessoa do plural do Pre-
I. Ativa: quando o sujeito pratica a ação expressa pelo verbo.
sente do Indicativo e nas formas respectivas do Presente do Sub-
Exemplo: Sílvia comeu o bolo.
juntivo. Ex.: verbo pentear (penteio, penteias, penteia, penteamos,
penteais, penteiam; penteie, penteies, penteie, penteemos, penteeis, Sílvia é o sujeito agente (pratica a ação), o verbo fazer, no preté-
penteiem). rito perfeito do indicativo é a ação, enquanto o bolo funciona como
o objeto (paciente da ação).
Terminados em -IAR: São todos regulares, com exceção de:
mediar, ansiar, remediar, incendiar ,odiar e intermediar. Ex.: anseio, II. Passiva: quando o sujeito recebe a ação expressa pelo verbo.
anseias, anseia, ansiamos, ansiais, anseiam; anseie, anseies, anseie, Exemplo: O bolo foi comido por Sílvia.
ansiemos, ansieis, anseiem. O bolo é o sujeito paciente; foi feito - locução verbal, represen-
tando a ação e por Sílvia - funciona como o agente da passiva.
Correlação verbal
III. Reflexiva: o sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente,
Dá-se o nome de correlação verbal à articulação temporal entre isto é, pratica e recebe a ação. Exemplo: Ricardo feriu-se ao fazer
duas formas verbais. Assim, ao construir um período, os verbos que a barba.
ele possa apresentar estabelecem, entre si, uma relação, uma corres-
pondência, ajustando-se, convenientemente, um ao outro. Exemplo: A voz passiva pode ser formada por dois processos: analíti-
Se eu tivesse dinheiro, faria um curso preparatório. co e sintético.

Didatismo e Conhecimento 64
LÍNGUA PORTUGUESA
I. Analítico - Formado pelo verbo ser + particípio do verbo Pretérito Imperfeito do Indicativo: eu era, tu eras, ele era, nós
principal. Exemplo: O bolo foi comido por Sílvia. éramos, vós éreis, eles eram
Na transformação da voz ativa para a passiva, deve-se manter o Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo: eu fora, tu foras,
mesmo tempo verbal do verbo na voz ativa. ele fora, nós fôramos, vós fôreis, eles foram
Futuro do Presente do Indicativo: eu serei, tu serás, ele será,
Exemplos: Sílvia comerá o bolo (futuro do presente do indica- nós seremos, vós sereis, eles serão
tivo) Futuro do Pretérito do Indicativo: eu seria, tu serias, ele seria,
Voz passiva: O bolo será (futuro do presente do indicativo) co- nós seríamos, vós seríeis, eles seriam
mido por Sílvia. Presente do Subjuntivo: que eu seja, que tu sejas, que ele seja,
Sílvia comia o bolo (pretérito imperfeito do indicativo) que nós sejamos, que vós sejais, que eles sejam
Voz passiva: O bolo era (pretérito imperfeito do indicativo) co- Pretérito Imperfeito do Subjuntivo: se eu fosse, se tu fosses,
mido por Sílvia. se ele fosse, se nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem
Futuro do Subjuntivo: quando eu for, quando tu fores, quando
Sílvia comera o bolo (pretérito mais-que-perfeito do indicativo) ele for, quando nós formos, quando vós fordes, quando eles forem
Voz passiva: O bolo fora (pretérito mais-que-perfeito do indi- Imperativo Afirmativo: sê tu, seja você, sejamos nós, sede
cativo) por Sílvia. vós, sejam vocês
Imperativo Negativo: não sejas tu, não seja ele, não sejamos
II. Sintético (ou Pronominal) Formado por verbo na terceira nós, não sejais vós, não sejam vocês
pessoa, seguido do pronome SE (apassivador). Exemplos: Comeu- Infinitivo Pessoal: por ser eu, por seres tu, por ser ele, por ser-
se o bolo; Destruíram-se os terrenos baldios. mos nós, por serdes vós, por serem eles
Infinitivo Impessoal: ser
Passagem da ativa para a passiva e vice-versa Particípio: sido
Gerúndio: sendo
Para efetivar a transformação da ativa para a passiva e vice-ver-
sa, procede-se da seguinte maneira:

1. O sujeito da voz ativa passará a ser o agente da passiva.

2. O objeto direto da voz ativa passará a ser o sujeito da voz


passiva.

3. Na passiva, o verbo ser estará no mesmo tempo e modo do


verbo transitivo direto da ativa.

4. Na voz passiva, o verbo transitivo direto ficará no particípio.

Voz ativa: Sílvia comeu o bolo. Sujeito = Sílvia. Verbo transiti-


vo direto = comeu. Objeto direto = o bolo.

Voz passiva: O bolo foi comido por Sílvia. Sujeito = O bolo.


Locução verbal passiva = foi comido. Agente da passiva = por Síl-
via.

Transformação da voz passiva sintética para a voz passiva


analítica
Ex.: Não se destruiu o imóvel - passiva sintética
Não foi destruído o imóvel - passiva analítica

a) Troca-se o pronome se pelo verbo auxiliar, conjugado da


mesma forma em que estava o verbo da passiva sintética;

b) Passa-se o verbo da voz passiva sintética para o particípio.

Conjugação do verbo ser

Presente do Indicativo: eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós


sois, eles são
Pretérito Perfeito do Indicativo: eu fui, tu foste, ele foi, nós
fomos, vós fostes, eles foram

Didatismo e Conhecimento 65
LÍNGUA PORTUGUESA
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Dê a forma verbal pedida:


a) valer - 1ª p. pl. presente do subjuntivo .......................................................
b) caber - 2ª p. pl. do futuro do subjuntivo .....................................................
c) contradizer - 3ª pessoa do pl. futuro do pretérito do indicativo.....................
d) ser - 2ª p. pl. futuro do presente do indicativo .............................................
e) dar - 2º p. sing. imperativo negativo ..........................................................
f) trazer - 1ª p. pl. pretérito mais-que-perfeito do indicativo ...........................
g) derrubar - 2ª p. pl. pretérito imperfeito do indicativo .................................
h) corromper - 3ª p. sing. pretérito imperfeito do subjuntivo ..........................
i) negar - 2ª p. sing. imperativo afirmativo ....................................................
j) tripudiar - 2ª p. pl. futuro do subjuntivo .....................................................

2. (FUVEST) Passe o texto para a forma negativa: “Sai daqui! Foge! Abandona o que é teu e esquece-me.”
...............................................................................................................................................................................................................................
.......................................................................................................................................

3. Conjugue a 1ª pessoa do singular no Futuro do Subjuntivo dos seguintes verbos:


a) convir ...................................................
b) intervir .................................................
c) ir ...........................................................
d) manter ..................................................
e) poder ....................................................
f) pôr .........................................................
g) propor ...................................................
h) requerer ................................................
i) reter .......................................................
j) querer ....................................................
k) ver ........................................................
l) vir ..........................................................

4. Passar para a voz ativa ou passiva conforme o caso.


a) Alice fez uma excelente prova de Português.
.........................................................................................................................
b) Uma ação irreparável fora cometida pelo ex-presidente do país.
.........................................................................................................................
c) A torcida apuparia os jogadores.
.........................................................................................................................
d) Eu reconheci todos os casos de concordância verbal.
.........................................................................................................................
e) O computador será vendido pela internet.
.........................................................................................................................
f) A Secretaria da Saúde divulgou novos dados sobre a dengue no interior de São Paulo.
.........................................................................................................................
g) Os guias auxiliem os turistas.
.........................................................................................................................

TESTES DE CONCURSOS

01. (Vunesp) Com a substituição de você por tu, a frase “Vá em frente, viva a sua vida, é uma boa vida - você não precisa de mitologia”,
deverá, obedecendo à norma culta, ser:
a) Vais em frente, vives a tua vida, é uma boa vida - tu não precisas de mitologia.
b) Vai em frente, vive a tua vida, é uma boa vida - tu não precisas de mitologia.
c) Vai em frente, vivas a tua vida, é uma boa vida - tu não precisará da mitologia.
d) Vá em frente, vivas a sua vida, é uma boa vida - tu não precisarás da mitologia.
e) Vá em frente, vive a tua vida, é uma boa vida - tu não precisas de mitologia.

Didatismo e Conhecimento 66
LÍNGUA PORTUGUESA
02. (Vunesp) Haverá bons resultados se as empresas ......................... os cálculos, .........................-se a renegociar a dívida e não
......................... nas bolsas de valores.
a) refizerem; disporem; intervirem
b) refazerem; dispuserem; intervierem
c) refizerem; dispuserem; intervierem
d) refazerem; disporem; intervirem
e) refizerem; dispuserem; intervirem

03. (Vunesp) Assinale a alternativa em que o emprego dos verbos ver e conter está de acordo com a norma culta.
a) Se eles vissem os bastidores do desfile, não se contiam, com certeza.
b) Quando viram o início do desfile, eles não se conteram e caíram no samba.
c) Se vocês verem o desfile das escolas de perto, não conterão a emoção.
d) Ao vir a animação dos foliões, pediu que contessem o entusiasmo.
e) Quando você vir o desfile começando, contenha o ímpeto de cair no samba.

04. (Vunesp) As lacunas dos textos abaixo estão preenchidas, correta e respectivamente, em: É esperto: recorreria ao governo, se lhe
..............................; Com as reformas que virão, é bom que o contribuinte .............................. a ideia de sonegar impostos.; ..............................
dele quando afirma que os recursos não .............................. do estado.
a) convesse - repele - Diverjo - provém
b) convisse - repile - Divirjo - provém
c) convisse - repila - Diverjo - provém
d) conviesse - repila - Divirjo - provêm
e) conviesse - repele - Divirjo - provém

05. (Vunesp) Ele ......................... que a sensatez dos convidados ......................... a euforia geral e ......................... as dúvidas.
a) supusera - freasse - desfizesse
b) supora - freasse - desfizesse
c) supusera - freiasse - desfazesse
d) supora - freiasse - desfizesse
e) supora - freiasse - desfazesse

06. (Funrio) Observe as formas verbais - pode, chocará, acender, esbravejando - no trecho “um casal pode fazer sexo explícito em cena e
ninguém se chocará. Mas, se acender um cigarro depois, haverá gente na plateia limpando um pigarro imaginário ou esbravejando” e aponte a
opção que corresponde, respectivamente, ao tempo e ao modo de cada um deles.
a) presente do indicativo, futuro do pretérito, futuro do subjuntivo, gerúndio.
b) presente do indicativo, futuro do presente, futuro do subjuntivo, gerúndio.
c) pretérito perfeito, futuro do presente, infinitivo, gerúndio.
d) pretérito perfeito, futuro do pretérito, infinitivo, particípio.
e) presente do subjuntivo, futuro do pretérito, futuro do subjuntivo, particípio.

07. (Funrio) Na frase, “Gostaríamos que, daqui por diante, parassem de repisar o passado”, a forma verbal parassem
a) transmite a ideia de uma ação completamente concluída.
b) indica um fato incerto, praticamente impossível de acontecer.
c) anuncia uma ação que está ocorrendo no momento em que se fala.
d) contraria a ação proposta na oração principal.
e) expressa uma ação possível de se realizar no futuro.

08. (Funrio) No fragmento “Se você possuir uma empresa, o SEBRAE pode ajudá-lo de várias formas.”, o primeiro verbo do período citado
é forma do futuro do subjuntivo do verbo possuir. O item abaixo em que o verbo entre aspas simples não apresenta uma forma correta desse
mesmo tempo é
a) se você compuser (compor)
b) se você vir (ver)
c) se você intervier (intervir)
d) se você reaver (reaver)
e) se você trouxer (trazer)

09. (Funrio) Mas os escritores em português têm um interesse menos acadêmico do que prático na unificação do seu idioma...” O verbo
que na terceira pessoa do plural do Presente do Indicativo conjuga-se como o verbo “ter” é:

Didatismo e Conhecimento 67
LÍNGUA PORTUGUESA
a) crer 15. (FGV) Assinale a alternativa em que se tenha indicado in-
b) vir corretamente uma forma do verbo dispor.
c) ler a) dispordes
d) partir b) disporão
e) ver c) disponde
d) dispuserdes
10. (FGV) Assinale a alternativa em que é incorreto o uso do
e) dispôreis
particípio regular ou irregular.
a) Não haveria mais o que discutir, pois o mancebo havia entre-
gado o livro para Íris. GABARITOS
b) Aquiles sentiu um puxão nas fraldas da camisa, que estavam
soltas. O ajudante do delegado aproximou-se e cochichou que ele EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
seria solto em poucos minutos.
c) Era verdade que a fruta parecia passada, que recendia a po- 1.
dre. Lozardo provocou o pároco, mas percebeu que logo todas as a) valhamos
luzes seriam acesas. Afastou-se da fruteira. b) couberdes
d) A lei tinha já extinto qualquer penalidade para aquele ato, que c) contradiriam
não mais era considerado ilícito. d) sereis
e) José Américo tinha soltado o freio da motocicleta, para evi- e) Não dês
tar acidente maior. Mesmo assim, as consequências da queda foram f) trouxéramos
bastante sérias. g) derrubáveis
h) corrompesse
11. (FGV) Assinale o item em que há erro quanto à flexão ver-
i) nega tu
bal.
a) Quando eu vir o resultado, ficarei tranquilo. j) tripudiardes
b) Aceito o lugar para o qual me proporem.
c) Quando estudar o problema, ficará sabendo a verdade. 2. “Não saias daqui! Não fujas! Não abandones o que é teu e
d) Sairás assim que te convier. não me esqueças.”
e) O fato está patente a quem se detiver a observá-lo.
3.
12. (FGV) “Então despes a luva para eu ler-te a mão”. Assinale a) convier
a alternativa em que, passando-se o primeiro verbo da frase acima b) intervier
para o imperativo e alterando-se a pessoa do discurso, manteve-se c) for
adequação à norma culta. d) mantiver
a) Então dispais a luva para eu ler-vos a mão! e) puder
b) Então despe a luva para eu ler-vos a mão! f) puser
c) Então despi a luva para eu ler-vos a mão!
g) propuser
d) Então despis a luva para eu ler-vos a mão!
h) requerer
e) Então dispai a luva para eu ler-vos a mão!
i) retiver
13. (FGV) Assinale a alternativa em que se apresenta flexão j) quiser
incorreta da forma verbal. i) vir
a) Eles impunham condições para que o acordo fosse assinado. j) vier
b) O julgador interveio na polêmica sobre os critérios de sele-
ção. 4.
c) Não foi confirmado se a banca quereria dar à redação caráter a) Uma excelente prova de Português foi feita por Alice.
eliminatório. b) O ex-presidente do país cometera uma ação irreparável.
d) Se os autores se disporem a ratear o valor, a publicação da c) Os jogadores seriam apupados pela torcida.
revista será certa. d) Todos os casos de concordância verbal foram reconhecidos
e) É necessário que atentemos para a questão da mudança de por mim.
paradigma científico. e) A internet venderá o computador.
f) Novos dados sobre a dengue foram divulgados no interior
14. (FGV) “Dai-nos a Graça Divina”. Assinale a alternativa em
de São Paulo pela Secretária da Saúde.
que se fez corretamente a passagem acima para a forma negativa.
a) Não nos deis a Graça Divina. g) Os turistas sejam auxiliados pelos guias.
b) Não nos dês a Graça Divina.
c) Não nos daí a Graça Divina.
d) Não nos dê a Graça Divina.
e) Não nos dais a Graça Divina.

Didatismo e Conhecimento 68
LÍNGUA PORTUGUESA
TESTES DE CONCURSOS c) ...exceto para os 250 mil franceses que não retornaram de
suas guerras.
d) Ele destruíra apenas um coisa ...
01 B
e) ...os próprios clichês o denunciam ...
02 C
04. (Fundação Carlos Chagas) A frase em que todos os verbos
03 E estão corretamente flexionados é:
04 D a) Quem se dispor a ler a obra seminal de Hobsbawm sobre
as revoluções do final do século XVIII à primeira metade do XIX
05 A jamais protestará contra o tempo gasto e o esforço despendido.
06 B b) As reflexões sobre a Revolução Francesa de 1789 requerem
muito cuidado para que não se perca de vista a complexidade que as
07 E afirmações categóricas tendem a desconsiderar.
08 D c) Os revolucionários de 1789 talvez não prevessem, ou sequer
imaginassem, o impacto que o movimento iniciado na França teria
09 B na história de praticamente toda a humanidade.
10 D d) Se as pessoas não se desfazerem da imagem que cultivam
de Napoleão, nunca deixarão de acreditar que o talento pessoal é o
11 B principal ou mesmo a único requisito para a obtenção do sucesso.
e) Quando se pensa na história universal, nada parece tão dis-
12 C
seminado no imaginário popular, sobretudo no ocidente, do que as
13 D imagens que adviram da Revolução Francesa de 1789.
14 B 05. (Fundação Carlos Chagas) … que uma mutação genética
15 E reduza drasticamente a seletividade natural dos nossos sentidos. O
verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima
TESTES COMENTADOS está em:
a) ... sugeria William Blake...
01. (Fundação Carlos Chagas) Quanto à flexão verbal, há uma b) Aquilo de que o nosso aparelho perceptivo nos faz cientes…
irregularidade na frase: c) O grande problema é saber se estaríamos aptos...
a) Todos os benefícios que advirem de atos ilícitos acabarão por d) ... ainda que o grau de sensibilidade dos indivíduos varie de
desmoralizar as instituições. acordo com idade…
b) Nem sempre convirá a todos prestar o devido respeito às ins- e) ... não comprometeram nossa sobrevivência...
tituições que regulam nossa vida social. 06. (Fundação Carlos Chagas) Está plenamente adequada a cor-
c) O que caberia fazer, caso nos propusessem extinguir todas as relação entre tempos e modos verbais em:
instituições que já foram manipuladas? a) Caso um de nós a tome em sentido absoluto, a questão de
d) Se eles requeressem os bons serviços da instituição, não se- gosto acabará por impedir que debatamos com alguma seriedade.
riam atendidos, uma vez que já a prejudicaram. b) Caso sejam levadas a sério, suas ponderações teriam soter-
e) Por serem honestos, nunca lhes aprouve beneficiar-se vicio- rado as tais razões de gosto que alegassem os seus interlocutores.
samente das instituições, públicas ou privadas. c) Somente nos restaria engolir em seco, se admitirmos que a tal
da questão de gosto tivesse alguma relevância.
02. (Fundação Carlos Chagas) Ambos os verbos flexionados d) Se alguém apelasse para a tal “questão de gosto”, dificilmen-
nos mesmos tempo, modo e pessoa estão grifados em: te nós, reputados polemistas, haveremos de concordar.
a) Vês aquela estrela lá longe... Já viste da beira do cais o vento e) Seria necessário que todos gostassem das fórmulas ditato-
noroeste... riais do gosto para que se impeça um debate calcado em princípios
b) Vê no céu... ouve o ABC do poeta. argumentativos.
c) No teatro grande lá de cima ouviste certa vez uma numerosa
orquestra. Lembras-te da hora em que os músicos... 07. (Fundação Carlos Chagas) Está inteiramente adequada a
d) São homens valentes que morreram. correlação entre os tempos e os modos verbais da frase:
e) Faz tempo que não te conto uma história na beira deste cais. a) Os prefácios correriam o risco de serem inúteis caso tenham
sido escritos segundo as instruções convencionais.
03. (Fundação Carlos Chagas) Sem dúvida, os britânicos se b) Houvesse enorme interesse pela leitura de prefácios e as edi-
viam como lutadores pela causa da liberdade contra a tirania ... O torias certamente cuidariam que fossem mais criativos.
verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o verbo grifado c) Quando se fizesse uma glosa de frase de um grande autor
acima está em: deve-se citar a fonte original: esse é um dever ético.
a) Todos os homens comuns ficavam excitados pela visão ... d) Caso o autor viesse a informar tanto o nome do grande poeta
b) O mito napoleônico baseia-se menos nos méritos de Napo- como o da frágil poetisa, muitos o acusarão de indiscreto.
leão ... e) Menos que seja objeto de preconceito, um bom prefácio sem-
pre resistiria aos critérios de um crítico rigoroso.

Didatismo e Conhecimento 69
LÍNGUA PORTUGUESA
08. (Fundação Carlos Chagas) Está plenamente adequada a cor- 04. Resposta B. Requerem - presente do indicativo do verbo
relação entre tempos e modos verbais em: requerer, perca - presente do subjuntivo do verbo perder.
a) Caso um de nós a tome em sentido absoluto, a questão de
gosto acabará por impedir que debatamos com alguma seriedade. Demais alternativas: a) dispuser - futuro do subjuntivo do ver-
b) Caso sejam levadas a sério, suas ponderações teriam soter- bo dispor; c) previssem - pretérito imperfeito do subjuntivo do ver-
rado as tais razões de gosto que alegassem os seus interlocutores. bo prever; d) desfizerem - futuro do subjuntivo do verbo desfazer;
c) Somente nos restaria engolir em seco, se admitirmos que a tal e) advieram - pretérito perfeito do indicativo do verbo advir.
da questão de gosto tivesse alguma relevância.
d) Se alguém apelasse para a tal “questão de gosto”, dificilmen- 05. Resposta D. As formas verbais reduza e varie estão conju-
te nós, reputados polemistas, haveremos de concordar. gadas no presente do subjuntivo.
e) Seria necessário que todos gostassem das fórmulas ditato-
riais do gosto para que se impeça um debate calcado em princípios Demais alternativas: a) sugeria - pretérito imperfeito do indi-
argumentativos. cativo; b) faz - presente do indicativo; c) estaríamos - futuro do
pretérito do indicativo; e) comprometeram - pretérito perfeito ou
09. (Fundação Carlos Chagas) Koch-Grünberg viu uma dessas mais-que-perfeito do indicativo.
marcas de caminho na serra de Tunuí... Transpondo-se a frase acima
para a voz passiva, a forma verbal resultante será: 06. Resposta A. O primeiro verbo no presente do subjuntivo
a) foi visto (Tome) pede o segundo verbo no futuro do presente do indicativo
b) foram vistas (acabará), havendo correlação com o último verbo também no pre-
c) fora vista sente do subjuntivo (debatamos).
d) eram vistas
e) foi vista Demais alternativas: b) sejam levadas, terão soterrado, ale-
guem; c) restaria, admitíssemos, tivesse; d) apelássemos, have-
10. (Fundação Carlos Chagas) Aristóteles, no ano 335 a.C., dis- ríamos de concordar; e) Seria necessário, gostassem, impedisse.
secou princípios e práticas da arte dramática em sua Poética. Trans-
pondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante
07. Resposta B. Há perfeita articulação entre os tempos ver-
será:
bais Houvesse (pretérito imperfeito do subjuntivo) com cuidariam
a) eram dissecados
(futuro do pretérito do indicativo) e fossem (pretérito imperfeito do
b) foi dissecada
subjuntivo).
c) foram dissecados
d) são dissecadas
Demais alternativas: a) correriam, tivessem sido escritos; c)
e) dissecam-se
fizesse, dever-se-ia (futuro do pretérito do indicativo em mesócli-
RESPOSTAS se); d) viesse, acusariam; e) seja, resistirá.

01. Resposta A. Advierem - futuro do subjuntivo do verbo ad- 08. Resposta A. Tome e debatamos - presente do subjuntivo e
vir (ocorrer, suceder). acabará - futuro do presente do indicativo, os três verbos estão bem
articulados.
02. Resposta B. Vê e ouve - segunda pessoa do singular, impe-
rativo afirmativo. Demais alternativas: b) o presente do subjuntivo (sejam) pede o
segundo verbo no futuro do presente (terão) e o terceiro no presen-
Demais alternativas: a) Vês - segunda pessoa do singular, pre- te do indicativo (alegam) para que exista a articulação verbal; c) o
sente do indicativo. Viste - segunda pessoa do singular pretérito per- primeiro verbo no futuro do pretérito do indicativo (restaria) pede o
feito do indicativo; c) ouviste - segunda pessoa do singular, pretérito segundo e o terceiro no pretérito imperfeito do subjuntivo (admitís-
perfeito do indicativo, Lembras-te - segunda pessoa do singular, semos, tivesse) para que exista correlação entre as formas verbais;
presente do indicativo; d) São - terceira pessoa do plural, presen- d) o primeiro verbo no pretérito imperfeito do subjuntivo (apelasse)
te do indicativo, morreram - terceira pessoa do singular, pretérito pede o segundo no futuro do pretérito do indicativo (haveríamos)
perfeito do indicativo; e) Faz - terceira pessoa do singular, presente para que se mantenha a articulação verbal; e) o futuro do pretérito
do indicativo, conto - primeira pessoa do singular, presente do indi- do indicativo (Seria) pede os dias verbos seguintes no pretérito im-
cativo (Obs.: para haver uniformidade de tratamento, o correto seria perfeito do subjuntivo (gostassem, impedisse).
“não lhe conto”).
09. Resposta E. A passagem da voz ativa para a voz passiva é
03. Resposta A. As formas verbais viam e ficavam estão conju- feita da seguinte maneira: o sujeito de voz ativa (Koch-Grünberg)
gadas no pretérito imperfeito do indicativo. torna-se o agente da passiva; o objeto direto da voz ativa (uma des-
sas marcas de caminho) torna-se o sujeito da passiva; o verbo ser
Demais alternativas: b) baseia-se - presente do indicativo; c) será conjugado no mesmo tempo e modo do verbo transitivo direto
retornaram - pretérito perfeito do indicativo; d) destruíra - pre- da ativa (viu - pretérito perfeito do indicativo); o verbo transitivo
térito mais-que-perfeito do indicativo; e) denunciam - presente do direto ficará no particípio (vista). Uma dessas marcas de caminho
indicativo. foi vista por Koch-Grünberg na serra de Tunuí.

Didatismo e Conhecimento 70
LÍNGUA PORTUGUESA
10. Resposta C. A passagem da voz ativa para a voz passiva é Composto: constituído por duas ou mais orações. Exemplos;
feita da seguinte maneira: o sujeito de voz ativa (Aristóteles) torna- “Matamos o tempo, o tempo nos enterra.” (Machado de Assis);
se o agente da passiva; o objeto direto da voz ativa (princípios e Quero que você entregue este livro para a sua irmã.
práticas da arte dramática) torna-se o sujeito da passiva; o verbo
ser será conjugado no mesmo tempo e modo do verbo transitivo Termos da oração
direto da ativa (dissecou - pretérito perfeito do indicativo); o ver-
bo transitivo direto ficará no particípio (dissecados). Princípios e Dividem-se em essenciais, integrantes e acessórios
práticas da arte dramática foram dissecados por Aristóteles, no ano 6.
335 a.C., em sua Poética. Essenciais

SINTAXE: ESTRUTURA DA ORAÇÃO, ESTRUTURA Sujeito - é o ser de quem se informa alguma coisa. Pode ser:
DO PERÍODO
a) Simples - apresenta apenas um núcleo. Exemplo: Alice ven-
Analisa a estrutura de um período e as orações que o compõem. ceu a prova.
Inicialmente, vamos conceituar frase, oração e período.
b) Composto - apresenta mais de um núcleo. Exemplo: Marina
Frase: é todo enunciado de sentido completo, podendo ser e Luciana são amigas.
constituída por uma palavra ou várias, conter verbos ou não. Exem-
plo: Fogo!; Silêncio; Haverá eleições este ano; Cada macaco no seu c) Oculto (Implícito, subentendido) - conhecido pela desinên-
galho. cia verbal. Exemplo: Venceremos o jogo de basquete. (Nós)
Observação: A frase que não apresenta verbo é chamada de
nominal. d) Indeterminado - Ocorre em dois casos:
Tipos de frases: I - verbo na terceira pessoa do plural, não havendo sujeito ex-
presso na oração. Exemplo: Falaram sobre o resultado da eleição.
Dependendo de sua entoação, elas podem ser classificadas:
II - verbo na terceira pessoa do singular + índice de indetermi-
I. Interrogativas - empregadas quando se deseja obter alguma
nação do sujeito se. Exemplo: Precisa-se de pessoas competentes
informação. Elas podem ser diretas ou indiretas; diretas, quando ter-
para realizar o trabalho.
minam por um ponto de interrogação. Exemplo: Quem vai ganhar
o campeonato brasileiro? ou indireta (sem ponto de exclamação).
e) Inexistente - Ocorre com os verbos:
Exemplo: Gostaria de saber se você ainda vai votar neste candidato.

II. Imperativas - empregadas quando se quer dar conselhos, I - estar, fazer, ir, haver, ser - com ideia de tempo. Exemplos:
ordens ou pedir alguma coisa. O verbo é conjugado no modo im- Faz meses que não chove; Há duas semanas ele viajou ao exterior.
perativo: afirmativamente ou negativamente. Exemplos: Não faça
mais isso; Levante-se e vá tomar banho. II - haver - significando existir. Exemplos: Há muitas dúvidas
sobre funções exponenciais.
III. Exclamativas - empregadas quando se exteriorizam estados
afetivos. Vêm acompanhadas por ponto de exclamação. Exemplos: III - significando fenômenos naturais: amanhecer, anoitecer,
Que prova complicada a de ontem!; Nossa! Como você está pálido! chover, trovejar, nevar, escurecer, etc. Exemplo.: Nevou em Santa
Catarina no início do ano.
IV. Declarativas - Empregadas para a constatação de algum
fato. Pode ser afirmativa ou negativa. Exemplos: Encerrei a reunião; IV - Com as construções verbais: Chega de...; Basta de... Exem-
Não estou à disposição. plo: Basta de desculpas para os seus maus resultados.

Oração Predicado - é o que se fala do sujeito. Quanto à predicação, os


verbos podem ser: intransitivos, transitivos e de ligação.
Para que exista oração é necessário que o enunciado tenha
sentido completo e que haja ao menos um verbo. Exemplos: Hoje 1. Intransitivos - têm sentido completo, não necessitando de
choveu pela manhã; “Vim, vi, venci.” complemento. Exemplo: O avião finalmente partiu.

Período 2. Transitivos - não têm sentido completo, necessitando de


complementos. Podem ser:
É a frase constituída de uma ou mais orações com sentido
completo. Pode ser simples ou composto. a) Diretos - sem preposição obrigatória. Exemplo: Joelma co-
meu o bolo.
Simples - constituído por apenas uma oração. Recebe o nome
de oração absoluta. Exemplos: Preciso de você; Ainda ganharei na b) Indiretos - com preposição obrigatória. Exemplo: Sofia gos-
Mega-sena. ta de sorvete.

Didatismo e Conhecimento 71
LÍNGUA PORTUGUESA
c) Diretos e Indiretos - Apresentam dois complementos (com c) Objeto indireto pleonástico: Exemplo: Aos pobres, nada
e sem preposição obrigatórias). Exemplo: Fortunato pediu dinheiro lhes devo.
ao banco.
2. Complemento nominal - termo que completa o sentido tran-
3. Ligação - exprimem estado ou mudança de estado. Exemplo: sitivo de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio). Exemplos:
O apartamento é minúsculo. O Nordeste tinha necessidade de alimentos; Fumar é prejudicial aos
pulmões; A testemunha falou favoravelmente à ré.
Tipos de predicado
3. Agente da passiva - é o complemento de um verbo na voz
a) Verbal - o núcleo é um verbo. Exemplo: A Alemanha venceu passiva. Vem antecedido das preposições por ou de. Exemplos: As
a Argentina. terras indígenas foram desapropriadas pelo governo; O prédio foi
cercado de policiais.
b) Nominal - o núcleo é um nome. Exemplo: Priscila parece Observação: Denomina-se passiva analítica quando a apassi-
entediada. vação ocorre com os verbos ser, estar, ficar e pronominal ou sinté-
tica, com o pronome se. Exemplos.: Os soldados foram homenagea-
c) Verbo-nominal - apresenta dois núcleos: um verbo e um dos por todos (analítica); Homenagearam-se os soldados (sintética).
nome, indicando uma ação ou atividade do sujeito ou do objeto.
Exemplo: Os concurseiros saíram da prova exultantes. Termos acessórios da oração
Predicativos: 1. Adjunto adnominal - termo que modifica o sentido de um
nome. Pode ser adjetivo, artigo, pronome, numeral ou locução ad-
a) Do sujeito - termo que atribui características ao sujeito por jetiva. Exemplos: Comprei duas dúzias de bananas maduras; As
meio de um verbo. Exemplo: Esta torta está saborosa. minhas duas primas estudiosas foram aprovadas na (em + artigo
a) USP,
b) Do objeto - é o elemento que informa algo a respeito do
objeto. Exemplo: Ela foi considerada inocente.
2. Adjunto adverbial - termo que modifica o verbo. Pode ser
7.
advérbio ou locução adverbial. Exemplos: Visitei Magali no hospi-
1. Termos integrantes da oração
tal; Aquela criança dormia demais.
1. Complementos Verbais
3. Aposto - termo que integra o substantivo, esclarecendo-lhe
o sentido. Pode ser:
I. Objeto Direto - termo que completa o sentido de um verbo
transitivo. Exemplo: Entendi as regras para reconhecer o sujeito e o
predicado. a) enumerativo: Tenho necessidade de duas coisas: dinheiro e
saúde;
II. Objeto Indireto - termo regido de preposição que completa
o sentido de um verbo transitivo. Exemplo: Não acredito na presi- b) resumitivo: Armário, sofá, cadeira, mesa, tudo estava velho;
dente do Brasil.
c) especificativo: A cidade de Paris é encantadora;
Observações:
d) explicativo: Em outubro, décimo mês do ano, comemora-se
a) Objeto direto preposicionado. É utilizado nos seguintes o dia do Professor;
casos:
e) distributivo: Machado de Assis e Manuel Bandeira foram
I. para evitar ambiguidade. Exemplo: Matou Caim a Abel. dois grandes escritores: este na poesia, aquele no romance.

II. com substantivos próprios. Exemplos: Amar a Deus sempre; 4. Vocativo - não tem função sintática na oração, serve para co-
Ele venera a Zeus. locar em evidência o ser a quem nos dirigimos. Ex.: “Deus, ó Deus!,
onde estás que não me respondes?”
III. quando os pronomes pessoais mim, ti, si, nós, vós, ele(s), 8.
ela(s) funcionarem como objeto direto. Exemplo: Costumava des- 9. Diferença entre adjunto adnominal e
prezar a ti. complemento nominal

IV. expressões idiomáticas, como: sacar do revólver, pedir por Há nomes que, por não terem sentido completo, exigem um ter-
socorro, chamar por alguém, saber do caso, etc. mo para completá-los. Esse termo é chamado complemento nominal
e inicia-se sempre por preposição.
b) Objeto direto pleonástico - repetição de um termo na fra- Exemplos: Impedimos a derrubada da mata.
se, para dar ênfase. Exemplo: Os doces, Adriana devorou-os com derrubada: nome incompleto (substantivo) da mata: comple-
prazer. mento nominal

Didatismo e Conhecimento 72
LÍNGUA PORTUGUESA
Você é igual a ele. igual: nome incompleto (adjetivo) a Classificação dos períodos
ele: complemento nominal
Todos tiveram medo do ladrão. medo: nome incompleto 1. Simples - apenas uma oração. (Oração Absoluta)
(substantivo) do ladrão: complemento nominal
2. Composto - mais de uma oração. Divide-se em:
Observação: O adjunto adnominal pode, às vezes, ser iniciado
a) por Coordenação - são independentes entre si. Classificam-
por preposição.
se em:
Exemplo: A casa de madeira caiu.
Assindéticas - sem conjunção;
O complemento nominal sempre é iniciado por preposição.
Isso pode gerar, em certas frases, sérias dúvidas quanto à função Sindéticas - com conjunção. Subdividem-se em:
do termo em estudo. Assim, quando um termo estiver se referindo
a um nome e estiver iniciado por preposição, ele será ou adjunto I. Aditiva - e, nem, mas também, não só. Ex.: Cristina estuda
adnominal ou complemento nominal. Para distinguir um do outro, e trabalha.
é conveniente usar, como critério auxiliar da análise, as orientações
seguintes: II. Adversativa - mas, porém, contudo, entretanto, todavia.
Ex.: Ontem choveu muito, porém não o suficiente para se evitar o
Principais diferenças entre o complemento nominal e o ad- racionamento de água.
junto adnominal
III. Alternativa - ora... ora, já... já, ou... ou, quer... quer. Ex.:
Ora faz calor, ora faz frio.
1.ª diferença: O adjunto adnominal só se refere a substanti-
vos (tanto concretos como abstratos). O complemento nominal IV. Explicativa - pois (antes do verbo), porque, que, porquanto.
refere-se a substantivos (só abstratos), a adjetivos e a advérbios. Ex.: Venha imediatamente, pois já vamos começar a distribuição dos
brindes.
2.ª diferença: O adjunto adnominal pratica a ação expressa
pelo nome a que se refere. O complemento nominal recebe a ação V. Conclusiva - logo, portanto, pois (após o verbo), então. Ex.:
expressa pelo nome a que se refere. Vanessa foi aprovada; é, pois, inteligente.

O período composto por subordinação necessita de outra ora-


Exemplos de aplicação dos critérios acima: ção para completar o seu sentido. É formado por oração principal +
As ruas de terra serão asfaltadas. ruas: nome (substantivo) de oração subordinada. Classificam-se em:
terra é adjunto adnominal ou complemento nominal?
Note que de terra refere-se ao nome ruas, que é um substan- 1. Substantivas - Exercem a função de substantivos. Podem
ser:
tivo concreto (considerando a classe gramatical). Pelo 1.º critério,
podemos concluir que de terra só pode ser adjunto adnominal, I. Subjetivas - funcionam como sujeito da oração principal.
pois o complemento nominal não se refere a substantivo concreto. Ex.: Seria bom que revisássemos análise sintática.

A rua é paralela ao rio. paralela: nome (adjetivo) ao rio: II. Objetivas diretas - funcionam como objeto direto do verbo.
complemento nominal ou adjunto adnominal? Ex.: Quero que você revise análise sintática.

O termo ao rio está se referindo a paralela, que é um adjetivo III. Objetivas indiretas - funcionam como objeto indireto do
(considerando a classe gramatical). Usando o 1.º critério, podemos verbo. Sua aprovação dependerá de que revise análise sintática
concluir que ao rio só pode ser complemento nominal, já que o
adjunto adnominal nunca se refere a adjetivo. IV. Completivas nominais - funcionam como complemento
nominal. Ex.: Sou favorável a que você revise análise sintática.
As críticas ao diretor eram infundadas. críticas: nome (subs-
V. Predicativas - funcionam como predicativo do sujeito. Ex.:
tantivo)
O importante é que você revise análise sintática.
ao diretor: complemento nominal ou adjunto adnominal?
Observe que críticas expressa uma ação (ação de criticar). O VI. Apositivas - funcionam como aposto. Ex.: Ele propôs: que
termo ao diretor é que recebe as críticas (o diretor é criticado). revisássemos análise sintática.
Usando o segundo critério, podemos concluir que ao diretor é um
complemento nominal. 2. Adjetivas - Equivalem a um adjetivo. Formadas por prono-
mes relativos (que, quem, qual, cujo, onde, quanto). Podem ser:
As críticas do diretor eram infundadas.
críticas: nome (substantivo), agora, o termo do diretor é ad- I. Restritivas - Restringem o sentido do termo que modificam.
junto adnominal, pois ele pratica a ação expressa pelo nome crí- Não apresentam vírgulas antes do pronome relativo. Ex.: As pessoas
ticas. que fumam vivem pouco.

Didatismo e Conhecimento 73
LÍNGUA PORTUGUESA
II. Explicativas - modificam um termo de sentido amplo e ge- ( ) Há vagas para secretárias.
nérico. Apresentam vírgulas entre o pronome relativo e seu antece- ( ) Precisa-se de novas secretárias.
dente. Ex.: As mulheres, que são estudiosas, obtêm aprovação nos ( ) Minha seção e eu organizamos um bolão para a mega-
concursos. sena.
( ) Pede-se silêncio.
3. Adverbiais - Têm função de adjunto adverbial da oração ( ) Todos haverão de participar do sorteio de Natal.
principal. Podem ser: ( ) Acreditamos que seremos aprovados no concurso.
( ) Existem muitos candidatos estudando para o concurso.
I. Temporal - quando, antes que, até que, assim que, desde que. ( ) Choveram reclamações contra o produto no PROCOM.
Exemplo: Quando parar de chover, irei ao clube. ( ) Choveu o dia todo no Pantanal.
( ) Quebraram a porta da garagem.
II. Causal - porque, pois que, uma vez que, visto que, como (= ( ) Febre alta e dor de cabeça são sintomas da dengue.
porque) Exemplo: Não fui ao clube porque choveu muito ontem. ( ) Come-se com fartura no restaurante vegetariano

III. Concessiva - ainda que, embora, conquanto, mesmo que, 2. Classifique os predicados de acordo com o seguinte código:
apesar de que. Ex.: Ainda que chovesse muito, fui ao clube ontem a) verbal
à noite. b) nominal
c) verbo-nominal
IV. Comparativa - como, assim como, bem como, que (depois
de mais, menos, menor, melhor, pior) Ex.: As mulheres falam muito ( ) Demitiram o Ministro da Economia.
mais do que os homens. ( ) Compareceram todos atrasados ao desfile.
( ) Estela estava irritada com as brincadeiras.
V. Condicional - se, caso, contanto que, salvo, desde que. Ex.: ( ) Cansadas, as atletas deixaram a quadra.
Se chover forte, não irei ao clube. ( ) Beatriz era muito medrosa.
( ) Rúbia ficou no serviço.
( ) Anselmo virou rei após vencer a maratona
VI. Conformativa - conforme, segundo, como (= conforme),
( ) Aquele cachorrinho parecia um bicho de pelúcia.
consoante. Ex.: Conforme comentei, não fui ao clube ontem à noite.
( ) Os torcedores cantavam animados com a vitória do time.
( ) Encomendei o remédio que estava em falta.
VII. Consecutiva - tal... que, tanto... que, tamanho... que. Ex.:
Choveu tanto ontem à noite, que não fui ao clube.

VIII. Final - para que, pois, uma vez que, visto que, porque (=
para que). Exemplo: Ela estudou Língua Portuguesa com a finalida-
de de ser aprovada no concurso.

IX. Proporcional - à medida que, à proporção que, quanto mais.


Ex.: À medida que estudava, compreendia melhor análise sintática.

4. Reduzidas - Não apresentam conectivos (conjunção ou pro-


nome relativo) e os verbos aparecem no gerúndio, no particípio ou
no infinitivo. Exs.: Não estudando, será reprovada no exame final.
(Se não estudar, .....) - Oração Subordinada Adverbial Condicional,
reduzida de gerúndio; O êxito no concurso depende de teres confian-
ça - Oração Subordinada Objetiva Indireta, reduzida de infinitivo;
Feito isso, obterá lucro - Oração Subordinada Adverbial Temporal,
reduzida de particípio.
Observação: Não há orações substantivas reduzidas de gerún-
dio e de particípio, tampouco orações adjetivas reduzidas de parti-
cípio.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Classifique as frases a seguir segundo o código:


a) sujeito simples
b) sujeito composto
c) sujeito indeterminado
d) sujeito inexistente
e) sujeito oculto

Didatismo e Conhecimento 74
LÍNGUA PORTUGUESA
3. Dê a função sintática dos termos em destaque.
a) “Homens do mar! Ó rudes marinheiros, tostados pelo sol dos quatro mundos.” (Castro Alves)
..........................................................................................................................................................
b) Gosto de você alegre.
.........................................................................................................................................................
c) Os deputados votaram contrariamente aos interesses da nação.
..........................................................................................................................................................
d) Nas férias, viajaremos ao Balneário de Camboriú.
.........................................................................................................................................................
e) O pessimismo é a mãe de todos os problemas.
..........................................................................................................................................................
f) Não há ,no universo, duas impressões digitais iguais.
...........................................................................................................................................................
g) O medo do concurseiro é a reprovação.
..........................................................................................................................................................
h) O medo da reprovação angustiava todos os estudantes.
..........................................................................................................................................................

4. Classifique as orações coordenadas segundo o código:


a) aditiva
b) alternativa
c) adversativa
d) conclusiva
e) explicativa

( ) Saíram cedo e ainda não chegaram ao estádio.


( ) Eduardo não reclamou, nem questionou a decisão do chefe.
( ) Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas.
( ) Todos trabalhavam: ou varriam o chão ou lavavam as vidraças.
( ) Perdeu o emprego, mas assistiu a todos os jogos do Cruzeiro.
( ) Requereu o que não é lícito, portanto não pude atendê-lo.
( ) Chora, que lágrimas lavam a dor.
( ) Pedrão é o artilheiro do time, entretanto não faz gol há dois meses.

5. Classifique as orações subordinadas substantivas segundo o código:


a) subjetiva
b) objetiva direta
c) objetiva indireta
d) apositiva
e) completiva nominal
f) predicativa
g) principal

( ) Sinto que serei aprovado no próximo concurso.


( ) Estou certo de que serei aprovado no próximo concurso.
( ) Lembre-se de que terá de revisar os casos de orações subordinadas.
( ) É bom que revisse toda a matéria.
( ) O bom é que estou compreendendo bem análise sintática.
( ) Só desejo uma coisa: que todos obtenham aprovação no concurso.
( ) Não gostaram de que você se equivocasse no seu comentário.
( ) Os alunos prometeram que venceriam todos os obstáculos.

6. Classifique as orações subordinadas adjetivas segundo o código:


a) restritiva
b) explicativa

Didatismo e Conhecimento 75
LÍNGUA PORTUGUESA
( ) Tivemos um prejuízo que não é possível calcular. 03. (Cesgranrio) “A desnecessidade do grito para se fazer ou-
( ) Pedi auxílio ao homem que passava na rua. vir mudou o caráter do jornalista.”
( ) O Brasil, que é grande exportador de soja, enfrenta grave A oração em destaque exprime ideia de:
crise econômica. a) fim
( ) Os homens que têm seu preço são fáceis de corromper. b) concessão
( ) O Cruzeiro, que vencerá o Campeonato Brasileiro, dispu- c) condição
tará a Taça Libertadores. d) causa
e) tempo
7. Classifique as orações subordinadas adverbiais abaixo con-
forme o código:
a) conformativa 04. (Cesgranrio) Em “O caminho de cada um se faz ao cami-
b) comparativa nhar.”, a oração reduzida pode ser substituída, sem alterar o sentido,
c) consecutiva por
a) desde que se caminhe
d) concessiva b) porque se caminha
e) proporcional c) quando se caminha
f) final d) pois se caminha
g) temporal e) no entanto se caminha
h) condicional
i) causal 05. (Cesgranrio) “A amizade entre pescadores e golfinhos é tão
forte que os melhores companheiros de pesca são batizados”.
( ) Os lavradores esperam as chuvas a fim de não perderem A oração em destaque exprime uma:
toda a colheita do ano. a) comparação
( ) Está chovendo em São Paulo como chove no sertão b) condição
nordestino. c) concessão
( ) Mal ele entrou no recinto, anunciaram o resultado do d) causa
sorteio. e) consequência
( ) Se tudo correr bem, irei à Europa no final do ano.
( ) Nevou conforme as previsões anunciaram. 06. (Cespe-Unb) Em “Os sururus em família têm por testemu-
( ) Não obstante ter concluído o curso, não consegue redigir nha a Gioconda”, as expressões sublinhadas são, respectivamente,
uma carta. a) complemento nominal e objeto direto
( ) O filme foi tão apavorante que ela ficou com medo de b) predicativo do objeto e objeto direto
dormir. c) objeto indireto e complemento nominal
( ) Nunca chegará ao fim, por mais depressa que ande. d) objeto indireto e objeto indireto
e) complemento nominal e objeto direto preposicionado
( ) À proporção que os resultados iam chegando, todos se
angustiavam.
07. (Cespe-Unb) Assinale a sequência que relaciona, respecti-
( ) Como anoitecesse, resolvi ir embora do parque.
vamente, funções sintáticas dos termos sublinhados.
I. O homem anseia por uma vida de liberdade.
TESTES DE CONCURSOS II. O homem vive à procura de liberdade.
III. Apenas os mortos gozam de liberdade.
01. (Cesgranrio) A oração que exerce a mesma função que a a) adjunto adnominal, complemento nominal, objeto direto pre-
destacada em “... imaginamos que ele nos faz mais elegantes.”, en- posicionado
contra-se em: b) adjunto adnominal, adjunto adverbial, objeto direto prepo-
a) “A crônica que ocuparia este espaço ...” sicionado
b) “... o primeiro texto que me emocionou de fato!” c) complemento nominal, adjunto adverbial, objeto direto pre-
c) “... avanços pedagógicos que pais e alunos olharam com des- posicionado
confiança ...” d) complemento nominal, adjunto adnominal, objeto indireto
d) “... o abismo de gerações que os separava.” e) adjunto adnominal, complemento nominal, objeto indireto
e) “... ele, o menino, já sentia que seria para sempre.”
08. (Cespe-Unb) Ao lado, o filho, de 7 ou 8 anos, não cessava
02. (Cesgranrio) Em “foi bom que não casasse”, a oração gri- de atormentá-lo...; as vírgulas que envolvem o segmento sublinha-
fada funciona como sujeito da anterior. do:
Assinale a opção em que a oração grifada não exerce tal função. a) marcam um adjunto adverbial deslocado
a) Estava decidido que ele viria. b) indicam a presença de uma oração intercalada
b) Parece certo ser ele o diretor.
c) Convém que não nos retardemos. c) mostram que há uma quebra da ordem direta da frase
d) Seria bom se viesses amanhã. d) estão usadas erradamente porque separam o sujeito do
e) Não me venham dizer que não sabiam a verdade. verbo
e) assinalam a presença de um aposto

Didatismo e Conhecimento 76
LÍNGUA PORTUGUESA
09. (Cespe-Unb) Nesta passagem, há palavras sublinhadas e e) Como consequência de tudo isso os gramáticos, que eram
identificadas por algarismos romanos. “Subjacente à uniformidade senhores absolutos da língua, impunham arbitrariamente regras ce-
(I) cultural brasileira, esconde-se uma (II) profunda distância (III) rebrinas.
social, gerada (IV) pelo tipo de estratificação que (V) o próprio pro-
cesso de formação nacional produziu.” Assinale a opção correta. 13. (Esaf) Há oração subordinada substantiva subjetiva no pe-
a) I é objeto indireto do verbo subjazer ríodo:
b) II é numeral cardinal, adjunto adnominal de “profunda” a) Decidiu-se que a microinformática seria implantada naquele
c) III é substantivo, núcleo do sujeito de “esconde-se” Município.
d) IV é núcleo do predicado nominal “produziu”
b) Um sistema tributário obsoleto não permite que haja cons-
e) V é pronome relativo, sujeito de “produziu”
cientização dos contribuintes.
c) A prefeitura necessitava de que os computadores fossem ins-
10. (Cespe-Unb) Assinale a opção incorreta.
a) No trecho “Entre janeiro e abril, 189 pessoas no sudoeste do talados com urgência.
Zaire desenvolveram uma grave doença”, o fragmento sublinhado é d) Ninguém tem dúvida de que a microinformática racionaliza
um adjunto adverbial de tempo. o sistema tributário.
b) Em “O bando a que o animal pertencia na selva tinha sido e) Alguns prefeitos temiam que a utilização do computador ge-
recentemente dizimado.”, o fragmento sublinhado é um objeto in- rasse desemprego.
direto.
c) No trecho “Em 1989 uma doença fatal entre macacos pro- 14. (Esaf) “O herdeiro, longe de compadecer-se, sorriu e, por
cedentes das Filipinas mantidos em laboratórios americanos fora esmola, atirou-lhe três grãos de milho.” O se no trecho é
relacionada ao vírus ebola.”, o fragmento sublinhado é o sujeito da a) índice de indeterminação do sujeito
oração. b) pronome (partícula) apassivador
d) No trecho “Embora esse vírus seja geralmente transmitido c) pronome pessoal reflexivo
pelo abuso de drogas intravenosas”, o fragmento sublinhado é o d) partícula expletiva
agente da passiva. e) parte integrante do verbo
e) No trecho “Os cientistas suecos estavam convencidos de que
ele não se propagou pelas formas mais comuns nem seria fruto de 15. (Esaf) Assinale a frase em que a função do se foi incorre-
alguma falha nos cuidados de higiene.”, o fragmento sublinhado é tamente indicada.
uma oração subordinada substantiva completiva nominal.
a) Ele se arroga o direito de mandar neste escritório. (objeto
indireto)
11. (Esaf) Observe as duas orações abaixo:
b) Os soldados vestiram-se rapidamente. (objeto direto)
I. Os fiscais ficaram preocupados com o alto índice de sone-
gação fiscal.
II. Houve uma sensível queda na arrecadação do ICM em al- c) Naquela discussão, ofenderam-se profundamente. (objeto
guns Estados. direto)
d) Ele não se permitia certas liberdades em sua casa. (objeto
Quanto ao predicado, elas classificam-se, respectivamente, direto)
como: e) Foram-se embora todas as nossas esperanças. (partícula ex-
a) nominal e verbo-nominal pletiva)

b) verbo-nominal e verbal GABARITOS
c) nominal e verbal
d) verbal e verbo-nominal EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
e) verbal e nominal
1.
12. (Esaf) Indique o período em que as vírgulas não isolam ora- (D) Há vagas para secretárias.
ção subordinada adjetiva. (C) Precisa-se de novas secretárias.
a) Entre a história romanceada, que teve nova voga entre 1920 (B) Minha seção e eu organizamos um bolão para a mega-sena.
e 1940, situa-se parte da obra do escritor.
(A) Pede-se silêncio.
b) Dentre os numerosos dialetos regionais usados no Sul da
(A) Todos haverão de participar do sorteio de Natal.
França, não há nenhum que, desde o início da Idade Média, tenha
(E) Acreditamos que seremos aprovados no concurso.
adquirido importância decisiva como língua literária.
c) No fim do século XI constituiu-se uma língua de civilização, (A) Existem muitos candidatos estudando para o concurso.
cujo o berço é a França Meridional, hoje denominada “provençal (A) Choveram reclamações contra o produto no PROCOM.
clássico.” (D) Choveu o dia todo em Maceió.
d) Os comediantes italianos, que vinham com frequência a Pa- (C) Quebraram a porta da garagem.
ris, representavam a comédia improvisada em torno de um esquema (B) Febre alta e dor de cabeça são sintomas da dengue.
prévio: a “commedia dell’arte.” (C) Come-se com fartura no restaurante vegetariano.

Didatismo e Conhecimento 77
LÍNGUA PORTUGUESA
2. 7.
(A) Demitiram o Ministro da Economia. (F) Os lavradores esperam as chuvas a fim de não perderem
(C) Compareceram todos atrasados ao desfile. toda a colheita do ano.
(B) Estela estava irritada com as brincadeiras. (B) Está chovendo em São Paulo como chove no sertão nor-
(C) Cansadas, as atletas deixaram a quadra. destino.
(B) Beatriz era muito medrosa. (G) Mal ele entrou no recinto, anunciaram o resultado do sor-
(A) Rúbia ficou no serviço. teio.
(B) Anselmo virou rei após vencer a maratona (H) Se tudo correr bem, irei à Europa no final do ano.
(B) Aquele cachorrinho parecia um bicho de pelúcia. (A) Nevou conforme as previsões anunciaram.
(C) Os torcedores cantavam animados com a vitória do time. (D) Não obstante ter concluído o curso, não consegue redigir
(A) Encomendei o remédio que estava em falta. uma carta.
(C) O filme foi tão apavorante que ela ficou com medo de dor-
3. mir.
a) “Homens do mar! Ó rudes marinheiros” - vocativo (D) Nunca chegará ao fim, por mais depressa que ande.
b) alegre - predicativo do objeto (E) À proporção que os resultados iam chegando, todos se an-
c) aos interesses da nação - complemento nominal gustiavam.
d) Nas férias - adjunto adverbial (I) Como anoitecesse, resolvi ir embora do parque.
e) O, a, os - adjuntos adnominais
f) no universo - adjunto adverbial; duas impressões digitais TESTES DE CONCURSOS
iguais - objeto direto
g) do concurseiro - adjunto adnominal
h) da reprovação - complemento nominal 01 E
02 E
4.
(A) Saíram cedo e ainda não chegaram ao estádio. 03 A
(A) Eduardo não reclamou, nem questionou a decisão do chefe. 04 C
(E) Choveu durante a noite, porque as ruas estão molhadas.
(B) Todos trabalhavam: ou varriam o chão ou lavavam as vi- 05 E
draças. 06 B
(C) Perdeu o emprego, mas assistiu a todos os jogos do Cru-
zeiro. 07 E
(D) Requereu o que não é lícito, portanto não pude atendê-lo. 08 E
(D) Chora, que lágrimas lavam a dor.
(C) Pedrão é o artilheiro do time, entretanto não faz gol há dois 09 C
meses. 10 B
5. 11 C
(B) Sinto que serei aprovado no próximo concurso. 12 B
(E) Estou certo de que serei aprovado no próximo concurso.
(C) Lembre-se de que terá de revisar os casos de orações su- 13 A
bordinadas. 14 E
(A) É bom que revisse toda a matéria.
(F) O bom é que estou compreendendo bem análise sintática. 15 D
(D) Só desejo uma coisa: que todos obtenham aprovação no
concurso. TESTES COMENTADOS
(G) Não gostaram de que você se equivocasse no seu comen-
tário. 01. (Vunesp) Assinale a alternativa em que a colocação dos ter-
(B) Os alunos prometeram que venceriam todos os obstáculos. mos na frase foge da usual, tal como se observa em: ... do futebol de
conchavos nada se aprende.
6. a) A mídia usa os ídolos para comover a população com emo-
(A) Tivemos um prejuízo que não é possível calcular. ções fortes.
(A) Pedi auxílio ao homem que passava na rua. b) A nação embarca num patriotismo desproporcional às véspe-
(B) O Brasil, que é grande exportador de soja, enfrenta grave ras de cada Copa.
crise econômica. c) O futebol se amarrou à autoimagem do país para sempre.
(A) Os homens que têm seu preço são fáceis de corromper. d) Dos técnicos de futebol muito se fala.
(B) O Cruzeiro, que vencerá o Campeonato Brasileiro, dispu- e) O surgimento consagrador de Pelé compensou o trauma de
tará a Taça Libertadores. 1950.

Didatismo e Conhecimento 78
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02. (Vunesp) Assinale a alternativa em que as duas frases apre- a) objeto direto - os hindus
sentam sujeito composto, como em ... racionalidade e irracionalida- b) sujeito - os hindus
de não são duas instâncias lado a lado,… c) sujeito - violências
a) Vargas e seus ministros não eram fãs de futebol./ Mas o go- d) agente da passiva - os hindus
verno Vargas reinventou o Brasil, dando-lhe identidade cultural. e) agente da passiva - violências
b) Mário Filho e Nélson Rodrigues foram os grandes cronistas
do futebol./ Não se sentem à vontade para falar de futebol os comen- 07. (Fundação Carlos Chagas) A principal delas é a reconstru-
taristas e os cronistas mais velhos. ção de cinco estações de pesquisa na Antártida, para realizar estudos
c) Dois historiadores estrangeiros não querem usar o futebol sobre mudanças climáticas, recursos pesqueiros e navegação por
para pregar nacionalismo./ O mundo exalta os ídolos por unir beleza satélite, entre outros.
e eficácia.
d) A fase de autoafirmação por meio do futebol já passou./ Ge- O segmento grifado na frase acima tem sentido
ram ainda muita polêmica o futebol-arte e o futebol-força. a) adversativo
e) Eram dois grandes escritores, mas não se davam bem./ In- b) de consequência
telectuais estrangeiros dedicam-se a estudar o fenômeno do futebol c) de finalidade
no Brasil. d) de proporção
e) concessivo
03. (Vunesp) A alternativa que reescreve corretamente o perío-
do - É preciso ensaiar para não fazer em campo apenas as jogadas 08. (Fundação Carlos Chagas) Quando a bordo, e por não pode-
ensaiadas. - iniciando-o com a ideia de finalidade, é: rem acender fogo, os viajantes tinham de contentar-se, geralmente,
a) Para que não se façam em campo apenas jogadas ensaiadas, com feijão frio, feito de véspera. Identificam-se nos segmentos gri-
é preciso ensaiar. fados na frase acima, respectivamente, noções de
b) Embora não se façam em campo apenas jogadas ensaiadas, a) modo e consequência
é preciso ensaiar. b) causa e concessão
c) Ainda que não se façam em campo apenas jogadas ensaiadas, c) temporalidade e causa
é preciso ensaiar. d) modo e temporalidade
d) Por mais que não se façam em campo apenas jogadas ensaia- e) consequência e oposição
das, é preciso ensaiar.
e) Contanto que não se façam em campo apenas jogadas ensaia- 09. (Fundação Carlos Chagas) Com o avançar da idade, eles
das, é preciso ensaiar. precisam de mais cálcio e vitaminas... Iniciando o período por Eles
precisam de mais cálcio e vitaminas, o segmento grifado poderá pas-
04. (Vunesp) Assinale a alternativa em que a oração se estrutu- sar corretamente a:
ra, sequencialmente, com as mesmas funções sintáticas dos termos a) à medida que a idade vai avançando
da oração: As artes nunca desperdiçam nosso tempo. b) conquanto a idade avance
a) Os prazeres da vida não têm as mesmas relações com o jogo? c) se a idade for avançando
b) O futebol me ensinou muito mais que os livros de história. d) ainda que a idade vá avançando
c) Os intelectuais sempre criticam os esportes. e) em comparação à idade que avança
d) Projetamos sobre o futebol um gosto pela façanha.
e) Os livros e as artes sempre são importantes.
10. (Fundação Carlos Chagas) Ninguém na família tocava qual-
05. (Vunesp) A alternativa em que as duas expressões em des- quer instrumento. O elemento em destaque acima exerce a mesma
taque exercem, no contexto frasal, a função sintática de circunstân- função sintática que o elemento grifado em
cia de tempo, é: a) Mas sei que veio firme...
a) Quando algumas pessoas que só acompanham meu trabalho b) Eu não sei.
cultural sabem que admiro futebol… c) ... o estudo, o desenvolvimento musical torna-se necessário.
b) … sugerem que os livros e as artes sempre são importantes d) ... sanfoneiros itinerantes que passavam por Itabaiana...
e nunca desperdiçam nosso tempo… e) Eu digo isso porque eu também...
c) Como nas artes, na política ou na paquera, o grande segredo
mora no “timing”. RESPOSTAS
d) O futebol também me ensinou sobre a natureza humana.
e) Se 2 bilhões de pessoas param para ver a Copa do Mundo, 01. Resposta D. A ordem direta ou usual das frases é: sujeito,
um observador cultural não pode ficar indiferente a isso. verbo, complemento do verbo (se houver) e advérbio (se houver).
No enunciado da questão, bem como na alternativa em análise, essa
06. (Fundação Carlos Chagas) O termo sublinhado em Sabe- ordem foi invertida. Dispondo-se na ordem direta, tem-se: Muito se
se quão barbaramente os ingleses subjugaram os hindus exerce a fala dos técnicos de futebol.
função de ................., a mesma função sintática que é exercida por
................. na frase Cometeram-se incontáveis violências contra os 02. Resposta B. “Mário Filho e Nélson Rodrigues” - sujeito
hindus. Preenchem corretamente as lacunas do enunciado acima, composto da primeira frase; “Os comentaristas e os cronistas mais
respectivamente: velhos - sujeito composto da segunda frase.

Didatismo e Conhecimento 79
LÍNGUA PORTUGUESA
Demais alternativas: a) 1ª frase - sujeito composto: “Vargas e Demais alternativas: a) firme - adjunto adverbial; b) Eu - su-
seus ministros”; 2ª frase - sujeito simples: “O governo Vargas; c) 1ª jeito; c) necessário - predicativo do sujeito; d) que - sujeito (retoma
frase - sujeito simples: “Dois historiadores estrangeiros”, 2ª frase - “sanfoneiros itinerantes”).
sujeito simples: “O mundo”; d) 1ª frase - sujeito simples: “A fase
de autoafirmação por meio do futebol”; 2ª frase - sujeito composto: CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
“o futebol-arte e o futebol-força”.
Regra: O artigo, o numeral, o pronome e o adjetivo concordam
03. Resposta A. Para que não se façam em campo apenas joga- em gênero e número com o substantivo. Exemplo: Os nossos dois
das ensaiadas - oração subordinada adverbial final. medalhistas na natação estão esperançosos para aas Olimpíadas.

Demais alternativas: b) adverbial concessiva; c) adverbial Regras Gerais


concessiva; d) adverbial concessiva; e) adverbial condicional.
I. O adjetivo concorda em gênero e número quando se refere a
04. Resposta C. O enunciado da questão bem como a alternati-
um único substantivo. Exemplo: Os pensamentos longínquos eram
va em análise possuem a mesma estrutura: Os intelectuais (sujeito),
sua característica principal.
sempre (adjunto adverbial), criticam (verbo transito direto), os
esportes (objeto direto).
II. Quando o adjetivo se refere a mais de um substantivo ocor-
Demais alternativas: a) Os prazeres da vida (sujeito) não (ad- rem os seguintes casos:
junto adverbial) têm (verbo transitivo direto) as mesmas relações a) Adjetivo anteposto aos substantivos: concordará em gênero e
(objeto direto) com o jogo? (adjunto adverbial); b) O futebol (su- número com o substantivo mais próximo. Exemplo: Isabel tem boa
jeito) me (objeto direto) ensinou (verbo transitivo direto) muito memória e talento.
mais que os livros (adjunto adverbial) de história (adjunto adno-
minal); d) Nós (sujeito oculto) projetamos (verbo transitivo dire- Observação:
to) sobre o futebol (adjunto adverbial) um gosto (objeto direto) a) Se os substantivos forem nomes próprios ou indicarem pa-
pela façanha (complemento nominal); e) Os livros e as artes (sujei- rentesco, o adjetivo concordará no plural. Exemplos: As alegres
to composto) sempre (adjunto adverbial) são (verbo de ligação) Priscila e Amanda foram ao cinema;
importantes (predicativo do sujeito). Vi os simpáticos primos e primas na festa.

05. Resposta B. Sempre e nunca são adjuntos adverbiais de b) Adjetivo posposto aos substantivos: concordará com o mais
tempo. próximo ou com todos eles, ficando no plural masculino se houver
gêneros diferentes. Exemplos: Encontrei a jovem e o jovem ente-
Demais alternativas: a) só - adjunto adverbial, futebol - objeto diados. O sofá, o armário, o ventilador e as mesas são novas (con-
direto; c) nas artes - adjunto adverbial, segredo - núcleo do sujeito; cordância com “mesas” ou novos - com todos os substantivos).
d) também - adjunto adverbial, humana - adjunto adnominal; e) a Se os substantivos forem antônimos, irá para o plural. Exem-
Copa do Mundo - objeto direto, não - adjunto adverbial. plo: Vilma era capaz de num mesmo momento jurar amor e ódio
eternos.
06. Resposta C. Os ingleses exerce a função sintática de sujeito
da forma verbal “subjugaram”, na frase seguinte o sujeito é incontá- III. Um substantivo modificado por dois ou mais adjetivos no
veis violências, “violências” é o núcleo do sujeito. singular. Admitem-se duas construções:

07. Resposta C. A expressão “para realizar” equivale a “para a) O substantivo fica no singular e os adjetivos recebem artigos.
que realize”, “a fim de que realize” e tem sentido de finalidade.
Exemplo: Estudo a língua alemã e a francesa.
08. Resposta C. A conjunção subordinativa quando estabelece
b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo antes do
ideia de tempo; a preposição por equivale a porque, introduzindo
adjetivo. Exemplo: Estudo as línguas alemã e francesa.
oração subordinada adverbial causal, reduzida de infinitivo.

09. Resposta A. Há ideia de proporcionalidade, os dois fatos IV. Expressões é bom, é necessário, é proibido e equivalentes
ocorrem ao mesmo tempo - com a chegada da idade, cresce a neces-
sidade de cálcio e vitaminas. a) Essas expressões concordam com o substantivo a que se re-
ferem quando é precedido de artigo ou pronome. Exemplos: É proi-
Demais alternativas: b) ideia de concessão; c) ideia de condi- bida a entrada; É necessária muita calma.
ção; d) ideia de concessão; e) ideia de comparação.
b) Elas ficam invariáveis quando o substantivo não é precedido
10. Resposta E. Objetos diretos das formas verbais “tocava” de artigo ou de pronome: Exemplos: É proibido entrada; Cenoura
e “digo”. é bom para a visão.

Didatismo e Conhecimento 80
LÍNGUA PORTUGUESA
V. Anexo, incluso, próprio, obrigado Tal concorda com o termo antecedente, qual, com o termo
consequente. Exemplo: As mulheres são vaidosas tais qual a mãe.
Concordam com o substantivo a que se referem. Exemplos: As
faturas seguem anexas; O comprovante segue incluso; Nós pró- XIII. Concordância ideológica
prias fizemos as correções, disseram as moças; Muito obrigada,
agradeceu a servidora. Prevalece a ideia ou o sentido subentendido. Exemplo: Os bra-
sileiros comemoramos a vitória sobre a Argentina (subentende-se
Observação: A expressão em anexo é invariável. Exemplo: As nós, os brasileiros).
faturas seguem em anexo.
XIV. Só
VI. Menos e Alerta.
a) Como advérbio (significando somente, apenas) é invariável.
São invariáveis. Exemplos: Estou com menos dúvidas de con- Exemplo: Só obteve 10% de desconto na compra do imóvel.
cordância nominal; Estamos sempre alerta ao perigo nuclear.
b) Como adjetivo (significando sozinho) é variável. Exemplo:
VII. Meio Não estamos sós no Universo.

a) Como advérbio, é invariável. Exemplo: Alice estava meio XV. Caro, Barato
gripada (pode-se substituir pela expressão “um pouco”) - Alice es-
tava um pouco gripada. a) Como advérbios (acompanhando o verbo custar) são invariá-
veis. Exemplo: As botas custaram caro (barato).
b) Como numeral, concorda com o substantivo. Exemplos: To-
mei meia taça de sorvete; Tomei meio copo de leite (pode-se substi- b) Como adjetivos (acompanhando os verbos ser ou estar) são
tuir por “metade”). Tomei metade da taça de sorvete, tomei metade variáveis. As botas estavam caras (baratas).
do copo de leite.
XVI. Quite
VIII. Um e outro, nem um nem outro
O adjetivo concordará em gênero e número com a palavra a
Exigem o substantivo posposto no singular, mas o adjetivo no qual se refere. Exemplo:
plural. Exemplo: Não conheço nem uma nem outra marca antigas Depois daquele resultado, estávamos quites com a nossa cons-
de detergente.
ciência.
IX. Possível
XVII. Substantivo empregado como adjetivo
Em expressões como o mais, o menos, o melhor, o pior, as
Recebe o nome de derivação imprópria - não varia: Exemplos:
mais, os menos, os piores, as melhores, a palavra possível concor-
camisas vinho, festa monstro.
dará com o artigo. Exemplos: Conheci museus o mais interessante
possível; Visitei museus os mais interessantes possíveis.
XVIII. Porcentagem e formas fracionárias.
X. Mesmo
Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica por-
a) Como advérbio é invariável. Exemplo: Preciso mesmo ser centagem ou fração seguida de substantivo, o verbo deve concordar
aprovado. com o substantivo. Exemplos: 30% do orçamento familiar desti-
nou-se à Educação; 1/3 do orçamento destinou-se à Educação;
b) Como pronome varia. Exemplo: Os mesmos negócios escu- 10% dos entrevistados ainda não sabiam em quem votar; 2/3 dos
sos garantiram a sua entrada na política. entrevistados declararam o seu voto.
Observação: Quando a expressão que indica porcentagem ou
XI. Bastante fração não é seguida de substantivo, o verbo deve concordar com
o número. Exemplos: 1,7% foi aprovado no concurso da OAB; 1/3
a) Como advérbio é invariável. Exemplo: As mulheres falam obteve nota mínima; 70% querem aumento salarial na empresa;
bastante. 2/5 esqueceram algum documento.

b) Como adjetivo ou pronome varia. Exemplos: O advogado já Concordância Verbal


reuniu provas bastantes (adjetivo) para incriminar o réu; O juiz já
reuniu bastantes (pronome) provas para incriminar o réu. Regra: O verbo concorda em número e pessoa com o sujeito.
Exemplo: Nós discutimos sobre futebol sempre que nos encontra-
XII. Tal qual mos.

Didatismo e Conhecimento 81
LÍNGUA PORTUGUESA
Sujeito simples IX. Quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de,
perto de)
I. Pronomes de Tratamento
Se a expressão vier seguida de numeral e substantivo, o verbo
O verbo fica na 3ª pessoa do singular ou do plural. Exemplos: concordará com o substantivo. Exemplo: Perto de duas mil pessoas
Vossa Excelência tentará a reeleição? Vossas Excelências deve- foram ao velório do atleta.
riam renunciar.
X. Nome próprio no plural
II. Indicadores de horas (bater, dar, soar, badalar)
a) Com artigo no plural - verbo no plural. Exemplo: Os Estados
a) Se houver sujeito concordará com ele. Exemplo: O relógio Unidos possuem muitos atletas de elite.
da Praça da Sé deu 13h.

b) Se não houver sujeito concordará com o numeral. Exemplo: b) Sem artigo ou com artigo no singular - verbo no singular.
Soaram cinco horas no relógio da igreja. Exemplo: Minas Gerais é o Estado que mais produz queijo.

III. Pronome relativo que XI. Pronome indefinido ou interrogativo no plural (alguns,
muitos, pouco, quais, quantos, quaisquer)
A concordância será com o antecedente dele. Exemplos: Fui eu
que denunciei o infrator à polícia; És tu que dizes muitas mentiras. Se vier seguido pelas expressões: “de vós” ou “por nós”, con-
cordará com o pronome pessoal ou irá para a terceira pessoa do
IV. Pronome relativo quem plural. Exemplos: Quais de nós adquiriremos / adquirirão o novo
produto?; Alguns de vós sabíeis / sabiam da denúncia.
Observação: Se o pronome estiver no singular, o verbo ficará
Há duas possibilidades de concordância: com o antecedente do
no singular. Exemplos: Qual de nós sabia da declaração do presi-
pronome ou empregá-lo na terceira pessoa do singular. Exemplo:
dente? Algum de vós relatou o episódio?
Fomos nós quem tiramos dez na prova de Redação ou Fomos nós
quem tirou dez na prova de Redação.
XII. Pronome se apassivador
V. Coletivo
Concorda com o sujeito. Exemplo: Vendem-se imóveis em
São José dos Campos.
a) O verbo fica no singular. Exemplo: Um bando pichou o
muro. XIII. Pronome se índice de indeterminação do sujeito
b) Se o coletivo vier especificado, o verbo fica no singular ou O verbo fica na terceira pessoa do singular. Exemplo: Precisa-
no plural. Exemplo: Um bando de vândalos pichou / picharam o se de professores habilitados para a Editora.
muro.
Sujeito composto
VI. Mais de um
Regra básica: o verbo vai para o plural. Exemplo: Marido e
a) O verbo fica no singular. Exemplo: Mais de um atleta supe- mulher discutiam a renda familiar.
rou o recorde mundial nos jogos de inverno.
Regras gerais
b) O verbo vai para o plural se houver repetição ou reciproci-
dade. Exemplos: Mais de um governador, mais de um senador, mais I. Pessoas gramaticais diferentes
de um prefeito obtiveram a reeleição; Mais de um torcedor agredi-
ram-se antes do início do jogo. A primeira pessoa do plural prevalece sobre a segunda pessoa,
que por sua vez, prevalece sobre a terceira. Exemplos: Eu, tu e
VII. Expressões partitivas (metade de, a maioria de, grande Alfredo viajaremos a Portugal (equivale a nós); Tu e Alfredo via-
parte de, uma porção de etc.) jareis a Portugal (equivale a vós).
Observação: Quando houver segunda e terceira pessoas,
Quando vier seguido de pronome ou substantivo no plural, o pode-se empregar também o verbo na terceira pessoa do plural.
verbo pode ficar no singular ou no plural. Exemplo: A maioria dos Exemplo: Tu e Alfredo viajarão a Portugal.
jovens eleitores anulou / anularam o voto.
II. Palavras sinônimas ou em gradação
VIII. Expressões: Um dos que, uma das que
Concordará com a palavra mais próxima ou irá para o plural.
O verbo fica no singular ou no plural. Exemplo: Maria Eduarda Exemplo: O rancor, a ira, a raiva fez / fizeram com que ele aban-
é uma das que menos estuda / estudam no colégio. donasse o partido.

Didatismo e Conhecimento 82
LÍNGUA PORTUGUESA
III. Resumido por nada, tudo ou expressões equivalentes Concordância com o verbo ser

O verbo fica no singular: Os móveis, as joias, o dinheiro, tudo I. Com pronomes tudo, isso, isto, aquilo
foi levado pelos frequentadores do clube.
A concordância dar-se-á com o predicativo. Exemplos: Tudo
IV. Ou / Nem são flores; Aquilo eram recordações.

O verbo vai para o plural. Exemplo: Nem o professor nem o II. Quando o sujeito ou o predicativo for nome próprio, a con-
aluno chegaram a uma conclusão. cordância far-se-á com ele. Exemplos: Fernando era só problemas;
Observação: Se houver ideia de exclusão, o verbo ficará no O homem é cinzas.
singular. Federer ou Nadal vencerá o torneio de tênis.
III. Indicação de datas, horas e distância
V. Preposição com O verbo ser é impessoal (conjugado sempre na terceira pessoa
do singular), concordando com a expressão numérica. Exemplos: É
O verbo fica no plural. Exemplo: O pai com seu filho foram um hora e cinquenta e nove minutos; São dez horas; Daqui a Atibaia
ao jogo no Itaquerão. são sessenta quilômetros; Hoje são vinte de outubro.
Observação: Se vier ligado por vírgula, ficará no singular.
Exemplo: O pai, com seu filho, foi ao Itaquerão. Observações:

VI. Conjunção como a) Diante de datas, admite-se também o singular, uma vez que
está subentendida a palavra dia. Hoje é (dia) vinte de outubro.
O verbo vai para o plural ou concorda com o antecedente.
b) Se a palavra dia for mencionada, o singular é obrigatório.
Exemplo: O pintor como o seu ajudante acabou / acabaram a obra
Exemplo: Hoje é dia 20 de outubro.
do prédio.
c) Se houver locução verbal, o verbo auxiliar concordará com
VII. Um ou outro / Nem um nem outro o predicativo. Exemplo: Devem ser nove horas.

O verbo fica no singular ou vai para o plural. Exemplo: Um ou IV. Expressões é muito, é pouco, é suficiente e equivalentes
outro obteve / obtiveram a nota máxima.
O verbo ficará no singular. Exemplo: Ganhar R$10 000,00 por
mês é pouco (é bastante, é suficiente).

1. Concordância com verbos impessoais


VIII. Infinitivos
fazer, haver
a) O verbo ficará no singular. Exemplo: Passear e brincar faz Os verbos impessoais não têm sujeito, sendo conjugados na ter-
parte do mundo da garotada. ceira pessoa do singular.

b) Se os verbos forem antônimos ou se estiverem determinados, Haver


o verbo vai para o plural. Exemplo: O falar e o escrever se harmo-
nizam. Será impessoal no sentido de existir, ocorrer ou indicando tem-
po transcorrido. Exemplos: Havia muitas crianças no Parque da
IX. Pronome cada Juventude; Haverá sessão plenária hoje em Brasília; Havia dois
meses que não chovia em São Paulo.
O verbo fica no singular. Exemplo: Cada eleitor, cada servidor
Observações:
do Cartório votou na última eleição.
a) Se vier acompanhado por verbo auxiliar, ele também será
X. Sujeito posposto ao verbo impessoal. Exemplo: Deve haver muitos partidos preocupados com
o resultado das eleições.
O verbo poderá ficar no singular ou no plural. Exemplo:
Faltou / Faltaram ousadia e competência para a equipe vencer a b) O verbo haver será impessoal quando puder ser substituído
partida por existir, no entanto, o verbo existir é sempre pessoal (apresenta
Observação: Se houver ideia de reciprocidade, é obrigatório o sujeito). Exemplos: Existe vida em outro planeta?; Existem muitas
uso do plural. Ofenderam-se o tio e o primo do rapaz. incertezas quanto á política econômica.

Didatismo e Conhecimento 83
LÍNGUA PORTUGUESA
Fazer

Será impessoal no sentido de tempo transcorrido ou indicando fenômeno meteorológico. Exemplos: Faz seis meses que não vejo meu
primo Ricardo; Hoje fez quarenta graus à sombra.
Observação: Se vier acompanhado por verbo auxiliar, ele também ganha a impessoalidade. Vai fazer três meses que não chove.

Considerações finais

Verbo Parecer

Quando seguido de infinitivo, admite duas construções:

a) Não se flexiona o infinitivo. Exemplo: Alguns jogadores pareciam chorar com a eliminação do campeonato.

b) O infinito se flexiona. Exemplo: Alguns jogadores parecia chorarem com a eliminação do campeonato.

Expressão haja vista

Admite três construções: Haja vista os resultados; Hajam vista os resultados; Haja vista aos resultados.

Sujeito oracional

Quando o sujeito de um verbo é uma oração. O verbo fica sempre na terceira pessoa do singular. Exemplos: Beber água e fazer caminha-
das faz bem à saúde; Interessa a certos extrovertidos encobrir aspectos de sua timidez.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Corrija as frases a seguir, quando necessário.


a) Segue anexo uma cópia do soneto composto pela pseuda poetisa, no qual a autora tenta imitar o grande Bilac, usando as mesmas ima-
gens.
...................................................................................................................................................................................
b) Bebida alcoólica não é permitida neste recinto.
...................................................................................................................................................................................
c) Conheci escritores os mais brilhantes possíveis.
...................................................................................................................................................................................
d) Todos ficarão alertas, embora os grevistas já tenham se dispersado.
...................................................................................................................................................................................
e) Ainda meia furiosa, mas com menas violência, proferia injúrias bastante para escandalizar todos.
...................................................................................................................................................................................
f) Há bastante razões para eu não votar no seu partido.
...................................................................................................................................................................................
g) Assisti e gostei muito do filme.
...................................................................................................................................................................................
h) Depois de assistir algumas aulas, prefiro ficar na sala do que brincar no pátio da escola.
...................................................................................................................................................................................
i) Conheci moças bastante competentes na área jurídica.
...................................................................................................................................................................................
j) Tenho uma amiga que é meia ingênua em termos de política.
...................................................................................................................................................................................
k) Aquela decisão me custou muito cara.
...................................................................................................................................................................................
l) Esperava menos perguntas de interpretação de textos na prova.
...................................................................................................................................................................................
m) Está incluso no total do recibo, a sua comissão na venda do produto.
...................................................................................................................................................................................
n) Nós estávamos quite com o serviço militar.
...................................................................................................................................................................................
o) Respondia com gesto e expressão irônica.
...................................................................................................................................................................................

Didatismo e Conhecimento 84
LÍNGUA PORTUGUESA
2. Corrija as frases a seguir, quando necessário.
a) Um bloco de foliões animava a festa de carnaval em Recife.
...................................................................................................................................................................................
b) Não fomos nós quem incentivamos a briga entre vocês.
...................................................................................................................................................................................
c) Vossa Excelência e sua comitiva sereis nossos convidados de honra.
...................................................................................................................................................................................
d) Podem ter certeza de que não serei eu que arcará com as despesas de sua festa de casamento.
...................................................................................................................................................................................
e) Choveu pedaços de granizo no interior de Santa Catarina.
...................................................................................................................................................................................
f) Restaura-se móveis antigos e conserta-se televisores em cores.
...................................................................................................................................................................................
g) Precisam-se de líderes que ajudem a civilizar o país.
...................................................................................................................................................................................
h) Os Estados Unidos são um país desenvolvido e formam a maior economia nacional do mundo.
...................................................................................................................................................................................
i) 12% da produção de tomate se perderam com a geada no Sul do Brasil,
...................................................................................................................................................................................
j) Mais de trezentas pessoas acertaram o resultado da loteria esportiva.
...................................................................................................................................................................................
k) Sabe quantos meses fazem que não vou ao teatro? Pois hoje estão fazendo nove meses.
...................................................................................................................................................................................
l) Não pode existir, pois, no futebol brasileiro, razões para angústias, uma vez que não falta, no gramado de nossos estádios, talentos in-
comparáveis.
...................................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................
m) Têm havido dúvidas sobre a capacidade de reação da equipe carioca.
...................................................................................................................................................................................
n) O ambiente está tenso: haja vista as manifestações de ontem na Praça da Sé.
...................................................................................................................................................................................
o) Faziam apenas dois meses que ela ficara viúva e mais de uma proposta de casamento apareceram; porém, deviam haver sérios motivos
para ela recusá-las.
...................................................................................................................................................................................
p) Já houve duas guerras mundiais no século passado. Haverão outras?
...................................................................................................................................................................................
q) Gérson, os filhos, eu e tu irão ao cinema.
...................................................................................................................................................................................
r) Atenderam-se a todos os pedidos durante a campanha presidencial.
...................................................................................................................................................................................
s) Há de ser corrigidos todos os erros de concordância verbal.
...................................................................................................................................................................................
t) A nenhum dos passageiros perturbavam, de fato, a vagarosidade daqueles trens cheios de poesia.
...................................................................................................................................................................................

TESTES DE CONCURSOS

01. (Vunesp) Assinale a questão que contém a concordância verbal correta.


a) Haviam muitos mandados a serem cumpridos.
b) Deviam haver instrumentos comprobatórios.
c) Havia provas evidentes nos autos.
d) Podiam haver boas intenções das testemunhas.
e) Não houveram denúncias durante as investigações.

02. (Vunesp) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas dos períodos abaixo:
I. Pedrinho ............... as esperanças dos pais.
II. ............... fazer horas que eles saíram.
III. Dez quilos ............... suficiente para a viagem.
IV. Joaquim ou Manoel ............... com Maria.
a) são - Devem - são - casarão
b) são - Devem - é - casará

Didatismo e Conhecimento 85
LÍNGUA PORTUGUESA
c) é - Deve - são - casarão 08. (Esaf) Assinale a alternativa correta quanto à concordância
d) são - Deve - são - casará verbal.
e) é - Deve - é - casará a) Soava seis horas no relógio da matriz quando eles chegaram.
03. (Vunesp) Assinale a alternativa correta quanto à concordân- b) Apesar da greve, diretores, professores, funcionários, nin-
cia verbal. guém foram demitidos.
a) Chega à cidade grandes contingentes consideráveis de pes- c) José chegou ileso a seu destino, embora houvessem muitas
soas em busca de trabalho. ciladas em seu caminho.
b) Fazem dias que os estrangeiros partiram. d) Fomos nós quem resolvemos aquela questão.
c) Há, por aqui, inúmeras pessoas dispostas a rever a conduta. e) O impetrante referiu-se aos artigos 37 e 38 que ampara sua
d) Encantou os espectadores as inúmeras sessões de mágica do petição.
artista.
e) Risos, alaridos, explosão de alegria, tudo o contagiavam. 09. (Esaf) Levando em consideração as regras de concordância
nominal, escreva (1) para as frases corretas e (2) para as incorretas.
04. (Vunesp) Assinale a alternativa correta quanto à concor- ( ) Quando a senhora terminou de abrir as malas, já era meio-
dância verbal. dia e meia.
a) Muitos historiadores acham que não existe padrões de colo- ( ) A própria sogra presenciou a abertura das malas; sim, ela
nização holandesa. mesmo.
b) Devem haver outras contribuições dos holandeses à cultura ( ) Anexo àquela carta destinada ao pai da moça, foram reme-
brasileira. tidas as joias.
c) Fazem 347 anos que os holandeses foram expulsos do Brasil. ( ) Ao final da tarde, a senhora mostrava-se meio apreensiva.
d) Os holandeses, como se sabe, trouxe muita contribuição cul- ( ) Naquelas bagagens havia jóias muito preciosas.
tural ao Brasil.
e) Houve, sem dúvida, grandes contribuições do povo holandês, A sequencia correta é:
à cultura brasileira. a) 1, 1, 2, 2, 1
b) 2, 1, 1, 2, 2
c) 1, 2, 1, 2 , 1
05. (FGV) Aqui há plantas que dão duas, três safras por ano.
d) 2, 2, 1, 1, 2
Substituindo-se a forma verbal do trecho acima por outra, só não se
e) 1, 2, 2, 1, 1
respeitou a norma culta em:
a) Aqui existem plantas que dão duas, três safras por ano.
10. (Esaf) Indique o trecho em que ocorre erro de concordância
b) Aqui deve haver plantas que dão duas, três safras por ano.
verbal, segundo o padrão culto da Língua Portuguesa.
c) Aqui podem existir plantas que dão duas, três safras por ano.
a) O momento é grave. Cabe aos políticos a obrigação de man-
d) Aqui há de existir plantas que dão duas, três safras por ano.
ter a serenidade e o equilíbrio nos debates; que certamente passarão
e) Aqui pode haver plantas que dão duas, três safras por ano. para o plenário da Câmara e do Senado.
b) A outra das terras por eles exploradas, pela mesma época, os
06. (FGV) No trecho “o primeiro namorado ou o primeiro ma- portugueses deram o nome de Brasil, porque havia ali muito do pau
rido não sabem”, o verbo foi flexionado corretamente no plural, ob- conhecido por esse nome. Foi sorte. Havia também muitos macacos,
servando o caso de sujeito composto com núcleos ligados por ou. nessa mesma terra, e muitos papagaios.
Assinale a alternativa em que, no mesmo caso, a flexão do verbo c) Os cheques pré-datados, que permite aos lojistas financiar
não seria possível. seus clientes nas compras a prazo, em alguns casos representam até
a) Esperávamos que ele ou o irmão viessem nos apanhar. a metade dos cheques recebidos pelo comércio.
b) Umidade intensa ou ressecamento excessivo não nos fazem d) Os desarranjos na economia se expressam na ordem social
bem. por desequilíbrios calamitosos. São o desemprego generalizado, as
c) João Carlos ou Pedro se casariam com Marta. pressões inflacionárias, a queda do produto, a depressão das massas
d) O jornal ou a revista podem apresentar detalhadamente a no- e, síntese dialética, a violência.
tícia. e) Mas, se, para além das palavras, se considerarem os atos do
e) Podem ser entregues o original do documento ou sua cópia. Executivo e as atuais negociações, parece que as pressões já come-
çam a ter efeito. Há dez dias o país foi surpreendido com a nova ver-
07. (FGV) De acordo com a norma culta, a concordância verbal são do Orçamento que prevê uma elevação de mais de U$10 bilhões
está correta apenas na frase: nos gastos do governo e igual aumento na estimativa das receitas.
a) O autor disse que existe comissões parlamentares válidas e
competentes. GABARITOS
b) Haviam perguntas que não foram respondidas durante o in-
terrogatório. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
c) Em toda a parte do mundo podem haver políticos corruptos.
d) É necessário reconhecer que algumas atitudes que fere os 1.
princípios éticos precisam serem punidas. a) Segue anexa uma cópia do soneto composto pela pseudo
e) Já faz cinco sessões que os deputados não votam nenhuma poetisa, no qual a autora tenta imitar o grande Bilac, usando as mes-
proposta do governo. mas imagens.

Didatismo e Conhecimento 86
LÍNGUA PORTUGUESA
b) Bebida alcoólica não é permitido neste recinto. TESTES DE CONCURSOS
c) Frase correta.
d) Todos ficarão alerta, embora os grevistas já tenham se dis- 01 C
persado.
e) Ainda meio furiosa, mas com menos violência, proferia injú- 02 E
rias bastantes para escandalizar todos. 03 C
f) Há bastantes razões para eu não votar no seu partido.
g) Assisti ao filme e gostei muito dele. 04 E
h) Depois de assistir a algumas aulas, prefiro ficar na sala a brin- 05 D
car no pátio da escola.
06 C
i) Frase correta.
j) Tenho uma amiga que é meio ingênua em termos de política. 07 E
k) Aquela decisão me custou muito caro.
08 D
l) Frase correta.
m) Está inclusa no total do recibo, a sua comissão na venda do 09 E
produto.
10 C
n) Nós estávamos quites com o serviço militar.
o) Respondia com gesto e expressão irônica ou irônicos. TESTES COMENTADOS

2. 01. (Cesgranrio) Leia as frases abaixo.


a) Um bloco de foliões animava / animavam a festa de carnaval I. Fazem, hoje, três meses que participo de um trabalho volun-
em Recife. tário.
b) Não fomos nós quem incentivou / incentivamos a briga entre II. Seremos nós quem conseguirá levar esperança para os en-
vocês. fermos.
III. Não deve haver pessoas que não apreciem as nossas brin-
c) Vossa Excelência e sua comitiva serão nossos convidados cadeiras.
de honra.
d) Podem ter certeza de que não serei eu que arcarei com as Em relação à concordância dos verbos destacados, está(ão) cor-
despesas de sua festa de casamento. reta(s) a(s) frase(s)
e) Choveram pedaços de granizo no interior de Santa Catarina. a) I, apenas
f) Restauram-se móveis antigos e consertam-se televisores em b) I e III, apenas
cores. c) I e III, apenas
e) I, II e III
g) Precisa-se de líderes que ajudem a civilizar o país.
d) II e III, apenas
h) Frase correta.
i) 12% da produção de tomate se perdeu com a geada no Sul 02. (Cesgranrio)......................... muitas confusões por causa da
do Brasil. semelhança de nomes. Qual a forma verbal que completa o trecho
j) Mais de trezentas pessoas acertou o resultado da loteria es- acima, mantendo a concordância conforme a norma culta formal da
portiva. língua?
k) Sabe quantos meses faz que não vou ao teatro? Pois hoje está a) Ocorreu
b) Houve
fazendo nove meses.
c) Apareceu
l) Não podem existir, pois, no futebol brasileiro, razões para d) Verifica-se
angústias, uma vez que não faltam, no gramado de nossos estádios, e) Existe
talentos incomparáveis.
m) Tem havido dúvidas sobre a capacidade de reação da equipe 03. (Cesgranrio) Aponte a opção em que a concordância verbal
carioca. está realizada corretamente.
n) Frase correta. a) Houveram muitas festas de Carnaval na Bahia.
o) Fazia apenas dois meses que ela ficara viúva e mais de uma b) Os Estados Unidos, ontem, bombardeou o Iraque.
c) Cada um dos funcionários apresentaram boas propostas.
proposta de casamento apareceu; porém, devia haver sérios motivos d) Um dia, um mês, um ano passam depressa.
para ela recusá-las. e) Aconteceu vários fatos marcantes na minha vida.
p) Já houve duas guerras mundiais no século passado. Haverá
outras? 04. (Cesgranrio) Assinale a frase correta quanto à concordância
q) q) Gérson, os filhos, eu e tu iremos ao cinema. verbal.
r) Atendeu-se a todos os pedidos durante a campanha presiden- a) Existe ambientes escolares bem acolhedores.
cial. b) Evoluiu pouco a pouco as escolas e o sistema de avaliação.
c) Por muito tempo ainda persistiu certos costumes.
s) Hão de ser corrigidos todos os erros de concordância verbal.
d) Haviam alunos que conseguiram superar dificuldades.
t) A nenhum dos passageiros perturbava, de fato, a vagarosida-
e) Castigavam-se as crianças que não sabiam a tabuada.
de daqueles trens cheios de poesia.

Didatismo e Conhecimento 87
LÍNGUA PORTUGUESA
05. (Cesgranrio) Indique a opção em que a concordância verbal 09. (Fundação Carlos Chagas) De acordo com as regras de con-
não está feita corretamente. cordância, a frase correta é:
a) Homens, mulheres, guris, ninguém o aceitava. a) Na situação atual, é impossível não haverem pessoas que se
b) Na cidade, haviam mulheres com vassouras. preocupem com agricultura e economia sustentável.
c) Eu e tu não acreditaríamos na história. b) Na ocasião, já fazia meses que os ambientalistas discutiam
d) O maior problema daquele grupo são as superstições.
medidas para a contenção dos desmatamentos.
e) Os piazinhos têm medo do desconhecido.
c) Ainda existem pessoas menos esclarecidas que tem na explo-
06. (Fundação Carlos Chagas) As normas de concordância es- ração predatória dos recursos naturais sua renda.
tão plenamente respeitadas na frase: d) Naquela tarde, haviam muitos estudantes mais exaltados se
a) O Tropicalismo, em que Caetano Veloso e Gilberto Gil se manifestando por medidas que garantiam a
projetou, e o Cinema Novo, cujo principal expoente foi Glauber Ro- sustentabilidade.
cha, se configura como movimentos artísticos expressivos no século e) Em outras épocas, não existia preocupações com a preserva-
XX. ção das florestas, dos rios e, mesmo, da energia.
b) Cada um dos filmes dirigidos por Glauber Rocha apresenta-
vam um caráter revolucionário único. 10. (Fundação Carlos Chagas) O verbo flexionado no singular
c) A maioria dos integrantes do movimento conhecido como que também pode ser corretamente flexionado no plural, sem que
Cinema Novo estava profundamente interessada nos problemas so-
nenhuma outra alteração seja feita na frase, está em:
ciais do país.
a) “Muitas vezes a localização dos tremores não coincide
d) Muitas expressões artísticas, como o neorrealismo italiano,
contribuiu para o desenvolvimento do Cinema Novo. com...”
e) A maior parte dos cineastas envolvidos com o Cinema Novo b) “... a uns três quilômetros de profundidade, há uma extensa
integravam um grupo que tentavam novos caminhos para o cinema rachadura...”
nacional. c) “... uma extensa cicatriz na crosta terrestre que cruza o Bra-
sil...”
07. (Fundação Carlos Chagas) As normas de concordância es- d) “Parte dos geólogos atribui a elevada frequência de tremores
tão plenamente respeitadas na frase: nessa área...”
a) Lentes que refratam as ondas eletromagnéticas emitidas pelo e) “E, ao longo dessa fratura que se estende por cinco quilô-
calor permite divisar com clareza o movimento de corpos em meio metros...”
ao breu da noite.
b) Cada um dos órgãos sensoriais que nos ligam ao mundo têm
RESPOSTAS
uma função específica.
c) A maior parte das ondas sonoras que perpassa o nosso ca-
minho (celulares, rádios, TVs etc.) é inaudível para os ouvidos hu- 01. Resposta D. Analisando-se as frases: I. incorreta. Faz - ver-
manos. bo “fazer” indicando tempo transcorrido é impessoal, conjugado na
d) Apenas alguns poucos animais, como o cão, consegue escu- terceira pessoa do singular; II. Correta. conseguirá ou conseguire-
tar sons como as ondas hertzianas. mos - Com o pronome quem admitem-se duas possibilidades: o ver-
e) As vibrações sonoras que o morcego é capaz de perceber se bo concordará com o pronome reto “nós” ou irá para a terceira pes-
situa fora do alcance do ouvido humano. soa do singular; III. Correta. deve haver - o verbo auxiliar também
ficará no singular quando o verbo principal “haver” for impessoal.
08. (Fundação Carlos Chagas) Além de O Vampiro de Curiti-
ba (1965), ...................... na obra de Dalton Trevisan os livros Cemi- 02. Resposta B. Houve - verbo “haver” significando existir é
tério dos Elefantes (1964), A Guerra Conjugal (1969) e Crimes
impessoal, conjugado sempre na terceira pessoa do singular.
da Paixão (1978). De acordo com o presidente da Fundação Biblio-
teca Nacional (FBN), Galeno Amorim, “o Prêmio Camões é uma
possibilidade para que se mostre ao mundo a literatura de grande Demais alternativas: devem ser empregadas no plural, concor-
qualidade que ..................... em nossos países”. A escolha do autor dando com o núcleo do sujeito “confusões”.
foi feita em 21 de maio pelo júri do prêmio, instituído pelos gover-
nos do Brasil e de Portugal em 1988. Desde então, já ..................... o 03. Resposta D. Sujeitos compostos formados por palavras em
Camões onze escritores de Portugal, dez do Brasil, dois de Angola, gradação permite o emprego do verbo no singular ou plural: passa
um de Moçambique e um de Cabo Verde. (Adaptado de: www.car- ou passam.
tacapital.com.br/cultura/) Preenchem corretamente as lacunas do
texto acima, na ordem dada: Demais alternativas: a) Houve - verbo “haver” na acepção de
a) destaca-se - se produz - receberam existir é impessoal (terceira pessoa do singular); b) bombardearam
b) destaca-se - se produzem - recebeu
- concordância com o artigo “os”; c) apresentou - concordância
c) destacam-se - se produzem - recebeu
com a expressão “cada um”; e) Aconteceram - concordância com o
d) destacam-se - se produz - receberam
e) destacam-se - se produzem - receberam núcleo do sujeito “fatos”.

Didatismo e Conhecimento 88
LÍNGUA PORTUGUESA
04. Resposta E. Concordância com o núcleo do sujeito “crian- 10. Resposta D. Atribui - concordância com o núcleo do su-
ças”. jeito “Parte” ou atribuem - concordância com o especificador “dos
geólogos”.
Demais alternativas: a) Existem - concordância com o sujeito
Demais alternativas: a) coincide - concordância com o núcleo
“ambientes escolares bem acolhedores”; b) evoluíram - concordân- do sujeito “localização”; b) há - verbo haver na acepção de existir é
cia com o sujeito composto “as escolas e o sistema de avaliação”; c) impessoal, conjugado na terceira pessoa do singular; c) cruza - con-
persistiram - concordância com o núcleo do sujeito “costumes”; d) cordância com o núcleo do sujeito “cicatriz”; e) estende - concor-
Havia - verbo “haver” significando existir é impessoal, conjugado dância com o sujeito “fratura”.
sempre na terceira pessoa do singular.
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
05. Resposta B. Havia - verbo “haver” na acepção de existir é
impessoal (terceira pessoa do singular) REGÊNCIA NOMINAL

Demais alternativas: a) aceitava - concordância com o apos- É a relação existente entre um nome (adjetivo, advérbio ou
to resumitivo “ninguém”; c) acreditaríamos - concordância com o substantivo) e os termos regidos por ele. Entre eles sempre haverá
sujeito composto “eu e tu” - o verbo vai para a primeira do plural; uma preposição.
d) são - o verbo concorda com o predicativo do sujeito quando este
estiver no plural; e) têm - concordância com o núcleo do sujeito Regência com o adjetivo
“piazinhos”.
acessível a
06. Resposta C. Estava - concordância com o núcleo do sujei- acostumado a, com
to “maioria”. Poder-se-ia também empregar o plural, concordando agradável a
com o especificador “dos integrantes” (estavam profundamente alheio a, de
interessados). análogo a
ansioso de, para, por
Demais alternativas: a) projetaram - concordância com o su- apto a, para
jeito composto “Caetano Veloso e Gilberto Gil”, configuravam - ávido de
concordância com o sujeito composto “O Tropicalismo e o Cinema benéfico a
capaz de, para
Novo”; b) apresentava - concordância com a expressão “Cada um”;
compatível com
d) contribuíram - concordância com o núcleo do sujeito “expres-
contemporâneo a, com
sões”; e) tentava - concordância com o núcleo do sujeito “grupo”.
contíguo a
contrário a
07. Resposta C. Perpassa - concordância com o núcleo do su- descontente com
jeito “parte” ou perpassam - concordância com o especificador “das diferente de
ondas sonoras”. entendido em
equivalente a
Demais alternativas: a) permitem divisar - concordância com escasso de
o sujeito “lentes”; b) liga, tem - concordância com o núcleo do su- essencial a, para
jeito “Cada”; d) conseguem escutar - concordância com o núcleo fácil de
do sujeito “animais”; e) situam - concordância com o núcleo do fanático por
sujeito “vibrações”. favorável a
generoso com
08. Resposta D. Destacam-se - concordância com o núcleo do grato a, por
sujeito “livros”, se produz - concordância com o núcleo do sujei- hábil em
to “literatura”, receberam - concordância com o núcleo do sujeito habituado a
“escritores”. idêntico a
impróprio para
09. Resposta B. Fazia - verbo fazer com ideia de tempo trans- indeciso em
corrido é impessoal, conjugado na terceira pessoa do singular, dis- insensível a
cutiam - concordância com o sujeito “ambientalistas”. liberal com
natural de
Demais alternativas: a) haver pessoas - verbo haver na acepção necessário a
de existir é impessoal, conjugado na terceira pessoa do singular; c) nocivo a
têm - concordância com o sujeito “pessoas”; d) havia - verbo haver paralelo a
na acepção de existir é impessoal, conjugado na terceira pessoa do passível de
singular; e) existiam - concordância com o sujeito “preocupações”. preferível a
prejudicial a

Didatismo e Conhecimento 89
LÍNGUA PORTUGUESA
prestes a 3. ASSISTIR
propício a
próximo a a) VTI - assistir, presenciar, observar - Irene assistiu a mais um
relacionado com grande filme de Woody Allen.
relativo a
satisfeito com, de, em, por Observação: Com esse significado, não aceita lhe como com-
semelhante a plemento. Deve ser substituído por a ele(a), a eles(as).
sensível a
sito em
b) VTD ou VTI - prestar assistência, socorrer: A mãe assistia
suspeito de
o(ao) filho doente.
vazio de

Regência com o advérbio c) VTI - caber: Este direito assiste a todos os servidores públi-
cos.
longe de
perto de d) VI - morar, residir: Assisto em São Paulo há mais de vinte
anos.
Regência com o substantivo
4. CHAMAR
admiração a, por
amor a, de, por a) VTD - convocar: A ministra chamou os subordinados para
aversão a, para, por nova reunião.
atentado a, contra
bacharel em b) VTD ou VTI - denominar: O diretor chamou os subordina-
capacidade de, para dos de desleais ou O diretor chamou aos subordinados desleais.
devoção a, com, para, por
doutor em 5. CUSTAR
dúvida acerca de, em, sobre
horror a
a) VTI - ser custoso, ser difícil: Custa-nos compreender o
impaciência com
medo a, de raciocínio do prefeito.
obediência a
ojeriza a, por b) VI - ter valor ou preço de: O pão francês não deveria custar
respeito a, com, para com, por tanto.

Regência dos principais verbos 6. ESQUECER / LEMBRAR

Siglas empregadas: a) VTD - formas não pronominais: Fernando esqueceu (lem-


brou) a promessa.
VTD - verbo transitivo direto
VTI - verbo transitivo indireto b) VTI - formas pronominais: Fernando esqueceu-se (lembrou-
VI - verbo intransitivo se) da promessa.
VTDI - verbo transitivo direto e indireto
Nos sentidos de cair no esquecimento ou vir à lembrança e
1. AGRADAR ocorrer, os verbos esquecer e lembrar têm como sujeito as coisas
lembradas ou esquecidas. Ex.: Esqueceram-me as regras gramati-
a) VTD - acariciar: A cadela agradou o filhote.
cais ; Lembraram-me as regras gramaticais.
b) VTI - satisfazer: A prova agradou a todos os candidatos.
7. GOSTAR
2. ASPIRAR
a) VTI - amar, ter afeto, apreciar: De quem você gosta mais: de
a) VTD - inalar, sorver, respirar: Aspirei o ar puro de Campos cachorro ou de gato?
do Jordão.
b) VTD - experimentar, provar, degustar: Adorei o vinho depois
b) VTI - almejar, ter objetivo: Ela aspirava a um da Receita que o gostei.
Federal.
8. IMPLICAR
Observação: Na acepção de almejar, ter por objetivo não
aceita lhe como complemento. Deve ser substituído por a ele(a), a) VTD - acarretar, provocar: Isso implicará prejuízos para o
a eles(as). país.

Didatismo e Conhecimento 90
LÍNGUA PORTUGUESA
b) VTI - ter implicância; envolver-se: Silvana implicou com o VTI - Não simpatizo com os políticos / Antipatizo com a
preço da gasolina; Daniel implicou-se em ações ilícitas. maioria dos governos. Na festa de final de ano, todos confraterni-
zaram.
9. MORAR / RESIDIR Observação: Não são usados com as formas pronominais.

Devem estar acompanhados pela preposição em: Moro (Resi- 18. TORCER
do) em Poços de Caldas.
VTI - Todos torcerão pela derrota da Argentina na final do
10. NAMORAR Campeonato Mundial.

VTD - Rúbia namora Marcos há dois anos. 19. VISAR

11. OBEDECER / DESOBEDECER a) VTD - mirar, assinar, rubricar: Ele visou o recibo; Edivaldo
visou o alvo e errou.
VTI - Devemos obedecer à família. / Devemos desobedecer às
leis desumanas. b) VTI - almejar, desejar: Adriana visa ao cargo de chefia.
Observação: Esses verbos não aceitam lhe quando o comple- Observações:
mento é coisa. Devemos obedecer (desobedecer) a elas (leis).
a) A preposição pode ser omitida quando o verbo é seguido de
12. PAGAR / PERDOAR infinitivo: Ariovaldo visava a descansar nas férias / ou Ariovaldo
visava descansar nas férias.
VTDI - Paguei a conta ao balconista. / Perdoei a ofensa ao in-
frator. b) Na acepção de almejar, desejar não aceita lhe como comple-
mento. Deve ser substituído por a ele(a), a eles(as).
13. PRECISAR
20. AVISAR / CERTIFICAR / CIENTIFICAR / INFOR-
VTI - necessitar: Preciso de sua ajuda para resolver problemas MAR / NOTIFICAR / PREVENIR
financeiros.
VTDI - com dois tipos de construções: Avisei-o de que não ha-
VTD - indicar com precisão: Fabiana precisou o lugar onde es- verá expediente hoje ou Avisei-lhe que não haverá expediente hoje.
condeu o celular da irmã.
21. CHEGAR / DIRIGIR-SE / IR / VOLTAR / VERBOS
14. PREFERIR QUE INDICAM MOVIMENTO

VTDI - Prefiro frutas a doces. Exigem a preposição a: Vou ao teatro / Cheguei a farmácia /
São construções errôneas: Preferir mais, preferir menos, prefe- Voltei ao baile.
rir mil vezes, etc. Observação: Ir a - utilizado com ideia de retorno imediato:
Vou a Portugal para passar as férias; Ir para - utilizado com ideia de
15. PROCEDER permanência, sem data para retornar: Vou para Portugal.

a) VI (+ adj. adverbial de lugar) - provir, originar-se: Aline 22. VERBOS COM REGÊNCIAS DIFERENTES - Não se
procede de Maceió. deve atribuir um mesmo complemento a eles.

b) VI (+ adj. adverbial de modo) - comportar-se: Henrique pro- Ex.: Li e gostei do livro de Sartre (errado). O correto é: Li o
cedeu muito mal. livro de Sartre e gostei dele.

c) VI - ter fundamento: Suas ações não procedem. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

d) VTI - realizar: Elias procedeu ao relatório da empresa. 1. Coloque a preposição adequada para completar as frases
abaixo
16. QUERER a) O fumo é prejudicial .......... saúde.
b) Financiamentos imobiliários tornaram-se acessíveis ..........
a) VTD - desejar, cobiçar: Sofia queria uma nova fatia de bolo população.
de chocolate. c) Seu projeto é passível .......... reformulações.
d) Esteja atento .......... tudo que acontece por aqui.
b) VTI - estimar, amar: Quero muito aos meus avós. e) Suas ideias são compatíveis .......... as minhas.
f) Estamos fartos .......... tantas promessas.
17. SIMPATIZAR / ANTIPATIZAR / CONFRATERNI- g) Ela era suspeita .......... ter assaltado a loja.
ZAR h) O filme é proibido .......... menores de dezoito anos.

Didatismo e Conhecimento 91
LÍNGUA PORTUGUESA
i) Andreia é bacharel .......... direito.
j) Francisco está acostumado .......... o trânsito congestionado de São Paulo.
k) Renato sente ojeriza .......... essa alimentação.
l) Tinha esperança .......... que você fosse aprovado no concurso.
m) O GPS é essencial .......... alguns motoristas.
n) Maria é devota .......... Nossa Senhora de Fátima.
o) Esta é uma manifestação .......... a violência infantil.
p) Alguma dúvida .......... regência nominal?
q) Carlos é perito .......... informática.
r) Muitas pessoas fazem questão de se manterem alienadas .......... problemas sociais.
s) Berenice é imune .......... seus comentários maldosos.
t) Gramática é preferível .......... Trigonometria.

2. Corrija as frases, quando necessário.


a) Avisei-lhe de que não desejava substituí-Io na presidência, pois apesar de ter sempre servido a instituição, jamais aspirei tal cargo.
...................................................................................................................................................................................
b) É dever de todo médico assistir todos os enfermos.
...................................................................................................................................................................................
c) As crianças preferem ir ao cinema do ficarem em casa vendo televisão.
...................................................................................................................................................................................
d) É preciso lembrar que você me deve mais atenção.
...................................................................................................................................................................................
e) A atitude da ex-presidente implicou em descontentamento de todo o país.
...................................................................................................................................................................................
f) Não lhe conheço o suficiente para entender seus motivos, mas aviso-lhe de que não o perdoo a traição.
...................................................................................................................................................................................
g) Chegando no local de trabalho encontrei as portas fechadas.
...................................................................................................................................................................................
h) O sócio visou a todas as folhas do contrato social.
...................................................................................................................................................................................
i) Aquela é a garota com quem muito me simpatizei.
...................................................................................................................................................................................
j) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem os sinais de trânsito.
...................................................................................................................................................................................
k) Posso informar os senhores que ninguém, na reunião, ousou aludir a tão delicado assunto.
...................................................................................................................................................................................
l) As últimas medidas tomadas visam ao racionamento de água em São Paulo.
...................................................................................................................................................................................
m) O Colégio São Rafael, situado à Rua do Progresso, encerrou suas atividades neste ano.
...................................................................................................................................................................................
n) Ele é uma pessoa em cuja honestidade ninguém duvida.
...................................................................................................................................................................................
o) A linguagem especial, cujo emprego se opõe o uso da comunidade, constitui um meio de os indivíduos de determinado grupo dispõem
para satisfazer o desejo de autoafirmação.
...................................................................................................................................................................................
p) A professora aspirava o sucesso? Sim, aspirava-lhe.
...................................................................................................................................................................................
q) Esqueceu-me o desejo discreto de conhecer as coisas do coração.
...................................................................................................................................................................................
r) Aqui se jogam as sementes para informar-lhes de que a cultura não deve ser acadêmica.
...................................................................................................................................................................................
s) Não nos interessa donde eles vêm, aonde moram, nem onde pretendem ir.
...................................................................................................................................................................................
t) Gostei do filme que vi; Clarice, do filme que assistiu; Sandra, do filme que te referiste; Fabiana, do filme que te opuseste; Isabel, do filme
que te queixaste.
...................................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................

Didatismo e Conhecimento 92
LÍNGUA PORTUGUESA
TESTES DE CONCURSOS a) Meditar um assunto - meditar sobre um assunto
b) Sentar à mesa - sentar na mesa
01. (Cesgranrio) Analise as frases. c) Estar em casa - estar na casa
. Desejavam saber o preço .................... venderiam o camarão. d) Assistir o doente - assistir ao doente
. Com cenário iluminado, a pesca na lagoa foi a mais bonita e) Chamar o padre - chamar pelo padre
............... assistiu.
. O barco ........... estavam os que se dirigiam ao porto passava 06. (Esaf) Assinale a alternativa incorreta quanto à regência.
distante dos pescadores. a) Creio que os trabalhadores estão muito conscientes de suas
obrigações para com a Pátria.
Tendo em vista a regência verbal, as frases acima se completam
b) O filme a que me refiro aborda corajosamente a problemática
com
a) de que / em que / com que dos direitos humanos.
b) de que / em que / do qual c) Esta nova adaptação teatral do grande romance não está agra-
c) pelo qual / a que / em que dando ao público; eu, porém, prefiro esta àquela.
d) pelo qual / que / de que d) O trabalho inovador de Gláuber Rocha que lhe falei chama-
e) com o qual / com que / em que se Deus e o Diabo na Terra do Sol.
e) José crê que a classe operária está em condições de desem-
02. (Cesgranrio) A preposição entre parênteses não pode com- penhar um papel importante na condução dos problemas nacionais.
pletar a frase, por não atender à regência do verbo, apenas em uma
opção. Assinale-a. 07. (Esaf) Assinale o trecho que apresenta sintaxe de regência
a) Ansiava .......... dias melhores. (por) correta.
b) Não se acostumara .......... lidar com o perigo. (a) a) A rigorosa seca que assola os estados do Nordeste impede
c) Lembrava-se bem .......... um antigo poema. (de) que essa região desenvolva e atinja os níveis de crescimento sócio
d) Mamãe contentava-se .......... o embelezamento do jardim. -econômicos desejados.
(com) b) Se o Brasil tornasse independente dos empréstimos externos,
e) Informou-o .......... um certo pacote deixado no sítio. (sob) poderia voltar a crescer no mesmo ritmo de desenvolvimento das
décadas anteriores.
03. (Cesgranrio) Assinale a opção em que o verbo exige a mes-
c) Surpreende-nos o fato de o Estado de São Paulo, que muito
ma preposição que referir-se em “... a boneca de pano a que me
se difere do sul do país, ter engrossado as estatísticas favoráveis à
referi.”
a) O homem .......... quem conversei há pouco. criação de um Brasil do sul.
b) O livro .......... que lhe falei há pouco. d) É reducionista atribuirmos apenas à seca a razão que leva a
c) A criança .......... quem aludi há pouco. população do norte e nordeste a se migrar para o sul.
d) O tema .......... que escrevi há pouco. e) A pretendida separação que pleiteiam os estados do sul acar-
e) A fazenda .......... que estive há pouco. retará, se vier a se concretizar, a perda da identidade nacional.

04. (Esaf) Há erro de regência no item: 08. (FGV) Assinale a alternativa em que há erro de regência
a) Algumas ideias vinham ao encontro das reivindicações dos verbal.
funcionários, contentando-os, outras não. a) Os padres das capelas que mais dependiam do dinheiro des-
b) Todos aspiravam a uma promoção funcional, entretanto pou- fizeram-se em elogios à garota.
cos se dedicavam àquele trabalho, por ser desgastante. b) As admoestações que insisti em fazer ao rábula acabaram por
c) Continuaram em silêncio, enquanto o relator procedia à lei- não produzir efeito algum.
tura do texto final. c) Nem sempre o migrante, em cujas faces se refletia a angústia
d) No momento este Departamento não pode prescindir de seus que lhe ia na alma, tinha como resolver a situação.
serviços devido ao grande volume de trabalho. d) Era uma noite calma que as pessoas gostavam, nem fria nem
e) Informamos a V. Senhoria sobre os prazos de entrega das quente demais.
novas propostas, às quais devem ser respondidas com urgência.
e) Nem sempre o migrante, cujas faces refletiam a angústia que
lhe ia na alma, tinha como resolver a situação.
05. (Esaf) Considere o texto abaixo:
- “Eu queria saber é quem está no aparelho.
- Ah, sim. No aparelho não está ninguém. 09. (FGV) Infelizmente, ainda hoje assistimos no Brasil a
- Como não está, se você está me respondendo? fenômenos... No trecho selecionado, foi empregada a regência do
- Eu estou fora do aparelho. Dentro do aparelho não cabe nin- verbo em completo acordo com a norma culta. Assinale a alternati-
guém. va em que isso não tenha ocorrido.
- Engraçadinho! Então, quem está ao aparelho? a) O povo aspira a governos menos corruptos.
- Agora melhorou. Estou eu, para servi-lo.” b) Ele assiste em Belém.
(C. Drummond de Andrade) c) O combate à corrupção implica em medidas éticas por parte
das empresas.
Marque o par de verbos com problema de regência idêntico ao d) As empresas pagaram aos funcionários na data correta.
do texto. e) Muitas vezes o povo esquece o passado dos políticos.

Didatismo e Conhecimento 93
LÍNGUA PORTUGUESA
10. (FGV) A construção da frase “tentará descobrir alguma coi- g) Chegando ao local de trabalho encontrei as portas fechadas.
sa que possuam em comum - um conhecido, uma cidade da qual h) O sócio visou todas as folhas do contrato social.
gostam”, está correta em relação à regência dos verbos possuir e i) Aquela é a garota com quem muito simpatizei.
gostar. De acordo com a norma padrão, assinale a alternativa que j) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos
apresente erro de regência. sinais de trânsito.
a) Apresentam-se algumas teses a cujas ideias procuro me k) Posso informar aos senhores que ninguém, na reunião, ousou
orientar. aludir a tão delicado assunto ou Posso informar os senhores de que
b) As características pelas quais um povo se identifica devem ninguém...
ser preservadas. l) Frase correta.
c) Esse é o projeto cujo objetivo principal é a reflexão sobre a m) O Colégio São Rafael, situado na Rua do Progresso, encer-
brasilidade. rou suas atividades nestes ano.
d) Eis os melhores poemas nacionalistas de que se tem conhe- n) Ele é uma pessoa de cuja honestidade ninguém duvida.
cimento. o) A linguagem especial, a cujo emprego se opõe o uso da co-
munidade, constitui um meio de os indivíduos de determinado gru-
e) Aquela é a livraria onde foi lançado o romance recorde de
po dispõem para satisfazer o desejo de autoafirmação.
vendas.
p) A professora aspirava ao sucesso? Sim, aspirava a ele.
q) Frase correta.
GABARITOS
r) Aqui se jogam as sementes para informar-lhes que a cultura
não deve ser acadêmica ou Aqui se jogam as sementes para informá
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO -los (las) de que a cultura...
s) Não nos interessa donde eles vêm, onde moram, nem aonde
1. pretendem ir.”
a) O fumo é prejudicial à saúde. t) Gostei do filme que vi; Clarice, do filme a que assistiu; San-
b) Financiamentos imobiliários tornaram-se acessíveis à popu- dra, do filme a que te referiste; Fabiana, do filme a que te opuseste;
lação. Isabel, do filme de que te queixaste.
c) Seu projeto é passível de reformulações.
d) Esteja atento a tudo que acontece por aqui. TESTES DE CONCURSOS
e) Suas ideias são compatíveis com as minhas.
f) Estamos fartos de tantas promessas.
01 C
g) Ela era suspeita de ter assaltado a loja.
h) O filme é proibido a menores de dezoito anos. 02 E
i) Andreia é bacharel em direito.
03 C
j) Francisco está acostumado com o trânsito congestionado de
São Paulo. 04 E
k) Renato sente ojeriza por essa alimentação.
05 B
l) Tinha esperança de que você fosse aprovado no concurso.
m) O GPS é essencial para alguns motoristas. 06 D
n) Maria é devota de Nossa Senhora de Fátima.
07 E
o) Esta é uma manifestação contra a violência infantil.
p) Alguma dúvida sobre regência nominal? 08 D
q) Carlos é perito em informática.
09 C
r) Muitas pessoas fazem questão de se manterem alienadas dos
problemas sociais. 10 A
s) Berenice é imune aos seus comentários maldosos.
t) Gramática é preferível a Trigonometria. TESTES COMENTADOS

2. 01. (Fundação Carlos Chagas) ... a que ponto a astronomia fa-


a) Avisei-o de que não desejava substituí-Io na presidência, pois cilitou a obra das outras ciências ... O verbo que exige o mesmo tipo
apesar de ter sempre servido à instituição, jamais aspirei a tal cargo. de complemento que o grifado acima está empregado em:
b) Correta. Admite também: É dever de todo médico assistir a a) ... astros que ficam tão distantes ..
todos os enfermos. b) ... que a astronomia é uma das ciências ...
c) As crianças preferem ir ao cinema a ficarem em casa vendo c) ... que nos proporcionou um espírito ...
televisão. d) ... cuja importância ninguém ignora ...
d) É preciso lembrar de que você me deve mais atenção. e) ... onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...
e) A atitude da ex-presidente implicou descontentamento de
todo o país. 02. (Fundação Carlos Chagas) “Ruibarbosismo” é um neolo-
gismo do qual se valeu o autor do texto para lembrar o estilo retóri-
f) Não o conheço o suficiente para entender seus motivos, mas
co pelo qual se notabilizou o escritor baiano.
aviso-o de que não lhe perdoo a traição.

Didatismo e Conhecimento 94
LÍNGUA PORTUGUESA
Não haverá prejuízo para a correção da frase acima ao se subs- 03. Resposta E. Da qual - a forma verbal pronominal se recu-
tituírem os segmentos sublinhados, na ordem dada, por:  perar é transitiva indireta e pede a preposição de.
a) a que recorreu - que fez notável
b) do qual incorreu - com que se afamou 04. Resposta C. As formas verbais transformaria e lançou são
c) a cuja recorreu - o qual celebrizou transitivas diretas.
d) em que fez uso - em cuja deu notabilidade
e) em cujo incorreu - com o qual se propagou Demais alternativas: a) ficaria - verbo de ligação; b) nasceu
- verbo intransitivo; d) é - verbo de ligação; e) faliu - verbo intran-
03. (Fundação Carlos Chagas) Em 1992, a indústria cinemato- sitivo.
gráfica do país entrou numa crise ..................... só começou a se re-
cuperar na segunda metade da década de 1990. (Adaptado de Eduar- 05. Resposta E. As formas verbais provinha e residia são transiti-
do Bueno, op.cit.) preenche corretamente a lacuna da frase acima: vas indiretas.
a) a qual
b) a que Demais alternativas: transitivas diretas.
c) na qual
d) onde CRASE
e) da qual
Conceito: palavra de origem grega, que significa fusão, jun-
04. (Fundação Carlos Chagas) Glauber Rocha transformaria, ção. É o encontro de duas vogais idênticas, uma sendo preposição e
com Deus e o Diabo na terra do sol, a história do cinema no Brasil. a outra podendo ser um artigo, um pronome demonstrativo ou um
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado pronome relativo. Assinala-se a crase com o acento grave ( ` ).
acima está empregado em:
a) A ponte entre Cinema Novo e Tropicalismo ficaria mais evi- Exemplos:
dente... Fui a (preposição) + a (artigo) praça. Fui à praça.
b) O Cinema Novo nasceu na virada da década de 1950 para a Falei a (preposição) + aquele (pronome) professor. Falei
de 1960...
àquele professor.
c) Dois anos depois, o cineasta lançou Terra em transe...

d) A grande audiência de TV entre nós é um fenômeno novo
Emprega-se o acento grave nos seguintes casos:
e) ...empresa paulista que faliu em 1957...
a) Quando for possível substituir o substantivo feminino por
05. (Fundação Carlos Chagas) A dificuldade mais monumental
um masculino e resultar ao. Exemplo: Referi-me à professora de
[...] provinha dos desafios técnicos do projeto... O verbo que exige
Espanhol. Referi-me ao professor de Espanhol.
o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado
em: Observação: a troca da palavra feminina por masculina deve
a) Ele inventou um guindaste capaz de... obedecer à mesma classe gramatical.
b) ... os governantes da cidade italiana iniciavam uma emprei-
tada épica... b) Na indicação de horas determinadas. Exemplo: Saiu da
c) ... ele fazia seus projetos em código. escola às 19 horas.
d) Em outra ocasião, armou uma farsa para... Observação: Não haverá acento grave se o horário for indeter-
e) O gênio de Brunelleschi residia em seu domínio da dinâmica minado. Exemplo: Gustavo saiu da escola a uma hora qualquer.
dos materiais
c) Diante da palavra moda (à moda de), mesmo que subenten-
RESPOSTAS dida. Gostava de escrever versos à Castro Alves (subentende-se a
expressão “à moda de”).
01. Resposta D. As formas verbais facilitou e ignora são tran-
sitivas diretas. d) Diante de expressões femininas: à moda de, à esquerda, à
direita, à noite, à proporção que, à frente de etc. Exemplos: Vire à
Demais alternativas: a) ficavam - verbo intransitivo; b) é - ver- direita no próximo farol; À proporção que estudávamos sintaxe,
bo de ligação; c) proporcionou - verbo transitivo direto e indireto; mais compreendíamos a gramática.
e) passa - verbo transitivo indireto.
Não se emprega o acento grave nos seguintes casos:
02. Resposta A. A que recorreu - A forma verbal recorreu é
transitiva indireta e pede a preposição a; que fez notável - a forma a) Antes de masculino. Exemplo: Caminhava a pé ao trabalho.
verbal fez é transitiva direta, não pede preposição. Observação: Quando estiver implícita a expressão à moda de
(veja item C dos casos em que há acento grave) ou quando estiver
Demais alternativas: b) em que / na qual incorreu - a forma implícita palavra feminina, haverá acento. Exemplo; Dirigi-me à
verbal incorreu pede a preposição em; c) a que recorreu - veja a Globo (Rede ou Editora).
alternativa correta “a”; d) de que - o substantivo uso pede a prepo-
sição de, que deu notabilidade ao escritor baiano; e) em que / no b) Antes de verbo. Exemplo: Estava disposta a falar toda a
qual - veja alternativa “b”. verdade.

Didatismo e Conhecimento 95
LÍNGUA PORTUGUESA
c) Antes de pronomes em geral. Exemplos: Dirijo-me a Vossa d) Diante da palavra distância - Não há consenso entre os
Excelência; Disse a ela que iria embora. gramáticos. Uns afirmam que só deveria levar o acento indicativo
Observações: de crase, se vier determinada; outros, admitem-no em qualquer cir-
cunstância. Exemplo: Um relógio, a (à) distância, bateu dez horas;
I. Existem três pronomes de tratamento que aceitam o artigo, Ela estuda à distância de cem metros do colégio.
logo levarão acento grave: dona, senhora e senhorita. Exemplo:
Refiro-me à senhora. e) Embora não ocorra acento grave diante de locução adverbial
de instrumento, o acento é admitido pela maioria dos gramáticos,
II. Haverá acento grave diante de pronomes que admitam arti- para evitar ambiguidade. Ex.: Joana escreve a (à) máquina; Fabiana
go, como mesma, própria. Exemplo: Referi-me à mesma mulher. pinta a (à) mão.

III. Haverá acento grave diante de pronomes demonstrativos, Há X a


quando o termo antecedente admitir preposição. Exemplo: Fui
àquele supermercado famoso. (O verbo ir pede a preposição “a”) A - preposição indica tempo futuro. Não haverá acento grave.
Exemplo: A aula começará daqui a pouco.
d) Com expressões formadas por palavras repetidas: cara a
cara, face a face, lado a lado. Exemplo: O brasileiro venceu a Mara- Há - verbo haver, indica uma ação passada: Há pouco recebi a
tona de ponta a ponta. notícia do aumento da gasolina.

e) Quando o “a” está no singular e a palavra seguinte, no


plural. Ex.: Nunca vou a festas.

f) Diante de artigo indefinido. Exemplo: Não chegamos a uma


conclusão definitiva sobre o caso.

Uso facultativo do acento grave

a) Antes de nomes próprios de pessoas femininos. Exemplo:


Referi-me sempre a (à) Adriana.

b) Diante da preposição até. Exemplo: Fui até a (à) praia no


último final de semana.

c) Diante de pronomes possessivos femininos. Exemplo:


Obedeço a (à) minha mãe.

Casos especiais

a) Nomes de lugar: Dica: se vou a e volto da, crase há, se vou


a e volto de, crase pra quê? Vou à França (vou a, volto da); Vou a
Buenos Aires (vou a, volto de)
Observação: Se o nome do lugar vier determinado por algum
adjunto adnominal, ocorrerá a crase. Exemplo: Vou à Portugal dos
eternos fados.

b) Diante da palavra casa: No sentido de lar, residência pró-


pria, se não vier determinada não aceita o artigo, não havendo o
acento grave. Exemplo: Retornei a casa muito cedo.
Observação: Caso venha determinada por um adjunto adno-
minal, aceita artigo e haverá acento grave. Exemplo: Voltei à casa
dos meus irmãos.

c) Diante da palavra terra: No sentido de chão firme, tomada


em oposição a mar ou ar, se não vier determinada, não aceita o artigo
e não ocorre acento grave. Exemplo: Os marinheiros já chegaram a
terra.
Observação: Se o vocábulo vier determinado, admite artigo e
haverá acento grave. Exemplo: Já cheguei à terra dos meus ante-
passados.

Didatismo e Conhecimento 96
LÍNGUA PORTUGUESA
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

1. Complete adequadamente as lacunas com a(s), à(s) ou há.


a) Estou .......... procura de alguns amigos de infância que não vejo .......... anos;
b) Até........ poucos dias, os preços desse produto estavam sujeitos........ grandes oscilações no mercado. 
c) .......... noite estava clara e os namorados foram .......... praia ver .......... chegada dos pescadores que voltavam .......... terra.
d) Refiro-me ...... atitudes de adultos que, na verdade, levam .......... moças ...... rebeldia insensata e ...... uma fuga insensata.
e) Quando vamos .......... fazenda, adoro andar .......... cavalo e .......... pé. É uma ótima alternativa para aliviar .......... tensões.
f) Daqui ....... vinte quilômetros, o viajante encontrará, logo ....... entrada do grande bosque, uma estátua que ....... séculos foi erigida em
homenagem ....... deusa da floresta.
g) Maria pediu .......... psicóloga que .......... ajudasse .......... resolver o problema que .......... muito .......... afligia.
h) Quando, ........... dois dias, disse...........ela que ia ........... Europa para concluir meus estudos, pôs-se ........... chorar.
i) Foi ........... mais de um século que, numa reunião de escritores, se propôs .......... maldição do cientista que reduzira o arco-íris ...........
simples matéria: era uma ameaça ........... poesia.
j) Comunicamos ........... V. Sª. que encaminhamos ........... petição anexa ........... Divisão de Fiscalização, que está apta ........... prestar ...........
informações solicitadas. 
k) .......... três semanas, cheguei ........... Lisboa; daqui ........... três dias farei uma excursão ...........França; depois farei uma visita ...........
ruínas da Itália; de lá regressarei ............ São Paulo. 
l) Na minha visita ........... Bahia, ........... dois meses, percorri toda ........... parte central de Salvador, ........... fim de melhor apreciar ...........
beleza da cidade, que nada fica ........... dever ........... maioria dos grandes centros comerciais do país e, daqui ........... pouco, será um dos maiores. 
m) Os rapazes, ..... partir daquele dia, só usaram o carro ..... gás, por economia; ..... tempos pensavam em ir ..... Brasília e ..... Bahia, mas o
preço do combustível impedia que pensassem em ir ..... lugares tão distantes.
n) Estou aqui desde .......... 8h, mas só poderei ficar até .......... 9h30min, porque .......... 10h30min assistirei .......... sessão solene de abertura
de uma importante exposição de arte moderna, precisando, para isso, dirigir-me .......... Rua 7 de abril e ir .......... Galeria “Sanson Flexor”.
o) Júlia foi ........... padaria, ........... manicura, ........... modista e voltou ........... repartição antes de viajar. Por pouco não chegava ........... esta-
ção ........... tempo de tomar o trem que ........... levaria ........... Recife. De Recife viajará ........... Portugal, ........... Espanha, ........... França, ...........
Inglaterra, ........... Holanda e ........... Israel. É ........... primeira vez que visitará ........... Europa. No próximo ano pretender ir ........... África.

TESTES DE CONCURSOS

01. (Cesgranrio) Assinale a opção em que está correto o uso do acento indicativo da crase.
a) Atribui-se à Sérgio Buarque uma visão otimista do Brasil.
b) O autor refere-se, no texto, à uma monumental desigualdade.
c) O Brasil passou a ser entendido à partir desses estudos.
d) O povo brasileiro é dado à festas folclóricas.
e) Muitos universitários recorrem às pesquisas destes dois autores.

02. (Cesgranrio) Assinale a única frase em que o a deve receber acento indicativo de crase.
a) Dedicava-se a crônica semanal com prazer.
b) Pegou um lápis e pôs-se a trabalhar.
c) Leu o texto de ponta a ponta.
d) A crônica fazia referência a pessoas comuns.
e) Algumas vezes dirigia-se a seu computador.
03. (Cesgranrio) Assinale a frase em que o a deve receber acento grave, indicador da crase.
a) Arqueólogos passam os dias a examinar cacos de cerâmica.
b) Todos tinham sido levados a comunidades ribeirinhas.
c) O gerador de energia elétrica chegou finalmente a distante Nossa Senhora das Graças.
d) Em busca de sítios arqueológicos, percorreram a região de ponta a ponta.
e) Pesquisadores observam a localidade em silêncio.

04. (Cespe-Unb) Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas: Passo .......... passo, a restauração do Pelourinho, com respeito
.......... arquitetura barroca, obedeceu .......... rigoroso plano de reconstrução das formas originais.
a) à, à, à
b) à, a, à
c) a, a, a
d) a, à, a
e) à, à, a

Didatismo e Conhecimento 97
LÍNGUA PORTUGUESA
05. (Cespe-Unb) A sequência que preenche corretamente as a) Eles visaram à premiação no concurso.
lacunas da frase: “Vale ..... pena examinar essa descoberta, pois é b) Sempre nos referimos à Florianópolis dos açorianos.
nela que .......... força dos cientistas se manifesta mais intensamente, c) Nossos cursos vão de 8h às 18h.
pondo fim ..... acirrada polêmica que se vem travando ..... quatro d) A solução foi sair à francesa.
décadas” é: e) Fizemos uma longa visita à casa nova dos nossos amigos.
a) a, à, à, há
b) a, a, à, a GABARITOS
c) à, a, à, à
d) a, a, à, há
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
e) à, à, a, há
1.
06. (Cespe-Unb) A opção que contém emprego do acento grave
indicativo de crase com a mesma justificativa que em “Um dia pelos a) Estou à procura de alguns amigos de infância que não vejo
outros iria às aulas (...)” é há anos.
a) Cheguei à cidade grande com a alma em sofrimento. b) Até há poucos dias, os preços desse produto estavam sujeitos
b) Nos sonhos, ia-me à margem do rio. a grandes oscilações no mercado. 
c) Já à tarde eu previa perigos. c) A noite estava clara e os namorados foram à praia ver a che-
d) Saí à procura de outros conselhos. gada dos pescadores que voltavam a terra.
e) Gostaria de me aquecer à luz dos raios de sol. d) Refiro-me a (às) atitudes de adultos que, na verdade, levam
as moças à rebeldia insensata e a uma fuga insensata.
07. (FGV) Dos trechos transcritos, assinale aquele em que se e) Quando vamos à fazenda, adoro andar a cavalo e a pé. É uma
poderia empregar opcionalmente o acento indicativo de crase. ótima alternativa para aliviar as tensões.
a) Preferência a respeito das ações humanas. f) Daqui a vinte quilômetros, o viajante encontrará, logo à en-
b) Diante da multiplicidade de caminhos a nossa disposição. trada do grande bosque, uma estátua que há séculos foi erigida em
c) Na verdade, somos obrigados a escolher. homenagem à deusa da floresta.
d) Podem ser predicados a todos os atos humanos. g) Maria pediu à psicóloga que a ajudasse a resolver o proble-
e) Não se reduzem a fenômenos meramente subjetivos. ma que há muito a afligia.
h) Quando, há dois dias, disse a ela que ia à Europa para con-
08. (FGV) Na frase “é ingênuo creditar a postura brasileira ape-
cluir meus estudos, pôs-se a chorar.
nas à ausência de educação adequada” foi corretamente empregado
i) Foi há mais de um século que, numa reunião de escritores,
o acento indicativo de crase. Assinale a alternativa em que o acento
se propôs a maldição do cientista que reduzira o arco-íris a simples
indicativo de crase está corretamente empregado.
a) O memorando refere-se à documentos enviados na semana matéria: era uma ameaça à poesia.
passada. j) Comunicamos a V. Sª. que encaminhamos a petição anexa
b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiência ur- à Divisão de Fiscalização, que está apta a prestar as informações
gente. solicitadas. 
c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar com pes- k) Há três semanas, cheguei a Lisboa; daqui a três dias farei
soas já desestimuladas. uma excursão à França; depois farei uma visita às ruínas da Itália;
d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome consta de lá regressarei a São Paulo. 
na lista. l) Na minha visita à Bahia, há dois meses, percorri toda a parte
e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário flexível central de Salvador, a fim de melhor apreciar a beleza da cidade, que
e são responsáveis. nada fica a dever à maioria dos grandes centros comerciais do país e,
daqui a pouco, será um dos maiores. 
09. (FGV) Assinale a alternativa em que está correto o uso do m) Os rapazes, a partir daquele dia, só usaram o carro a gás,
acento indicativo de crase: por economia; há tempos pensavam em ir a Brasília e à Bahia, mas
a) O autor se comparou à alguém que tem boa memória. o preço do combustível impedia que pensassem em ir a lugares tão
b) Ele se referiu às pessoas de boa memória. distantes.
c) As pessoas aludem à uma causa específica. n) Estou aqui desde às 8h, mas só poderei ficar até as (ás)
d) Ele passou a ser entendido à partir de suas reflexões sobre a
9h30min, porque às 10h30min assistirei à sessão solene de abertu-
memória.
ra de uma importante exposição de arte moderna, precisando, para
e) Os livros foram entregues à ele.
isso, dirigir-me à Rua 7 de abril e ir à Galeria “Sanson Flexor”.
10. (FGV) “O movimento altermundialista deverá também res- o) Júlia foi à padaria, à manicura, à modista e voltou à repar-
ponder à nova situação mundial nascida da crise escancarada da fase tição antes de viajar. Por pouco não chegava à estação a tempo de
neoliberal da globalização capitalista.” No trecho acima, empregou- tomar o trem que à levaria a Recife. De Recife viajará a Portugal, à
se corretamente o acento grave indicativo de crase. Assinale a alter- Espanha, à França, à Inglaterra, à Holanda e a Israel. É a primeira
nativa em que isso não tenha ocorrido. vez que visitará a Europa. No próximo ano pretender ir à África.

Didatismo e Conhecimento 98
LÍNGUA PORTUGUESA
TESTES DE CONCURSOS e) Dos clássicos quero ficar à uma distância bem segura, disse-
me ele, rindo à valer.
01 E
04. (Fundação Carlos Chagas) O sinal indicativo de crase pode
02 A ser corretamente suprimido, sem prejuízo para a correção e o sentido
original do texto, em:
03 C a) ... à opressão e ao obscurantismo......
04 D b) o mais belo legado do Renascimento à atualidade....
c) em continuidade à miséria......
05 D d) e a submetê-la à sua vontade....
e) que impõe à sociedade um padrão único....
06 A
07 B 05. (Fundação Carlos Chagas) Sentava-se mais ou menos ......
distância de cinco metros do professor, sem grande interesse. Estu-
08 D dava de manhã, e ...... tardes passava perambulando de uma praça
09 B ...... outra, lendo algum livro, percebendo, vez ou outra, o compor-
tamento dos outros, entregue somente ...... discrição de si mesmo.
10 C Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem
dada:
a) a - às - à - a
TESTES COMENTADOS à - as - a - à
a - as - à - a
01. (Fundação Carlos Chagas) Entre as capitais brasileiras, so- à - às - a - à
mente o Rio de Janeiro é palco ...... altura de Florianópolis na di- a - às - a - a
versidade das belezas naturais. Com 400 mil habitantes, a cidade
começa no continente e toma ...... imensa Ilha de Santa Catarina, RESPOSTAS
com cerca de 60 km de extensão, o que faz com que sejam longas
as distâncias de uma praia ...... outra. (Adaptado de: www.viagem. 01. Resposta B. À altura de - locução prepositiva feminina;
toma a imensa - o verbo “tomar” é transitivo direto, sem preposi-
uol.com.br)
ção, o “a” é apenas artigo; de uma praia a outra - diante de prono-
Preenchem corretamente as lacunas do texto acima, na ordem
mes indefinidos não há acento grave.
dada:
a) à - à - a 02. Resposta C. A forma verbal “correspondem” é transitiva
b) à - a - a indireta e pede a preposição “a”, o pronome possessivo “nossas”
c) a - à - à admite artigo feminino “as”.
d) a - a - à
e) à - à - à Demais alternativas: a) afiguram - verbo transitivo direto, b)
parecem - verbo transitivo indireto e pede a preposição “com”; d)
02. (Fundação Carlos Chagas) ... uma vez que as expressões vo- lembram - verbo transitivo direto; e) rememoram - verbo transi-
cais e faciais desses parentes evolutivos próximos são semelhantes tivo direto.
às nossas próprias reações aos mesmos estímulos... Sem que qual-
quer outra modificação seja feita na frase acima, o sinal indicativo 03. Resposta C. Iniciação à literatura - o substantivo “inicia-
de crase deverá ser mantido caso o segmento sublinhado seja subs- ção” pede a preposição “a”, o substantivo “leitura” admite artigo
tituído por: feminino “a”; à medida que - locução conjuntiva feminina.
a) afiguram
b) parecem Demais alternativas: a) à vontade - locução adverbial feminina;
c) correspondem Afeito à leitura - o substantivo “afeito” pede a preposição “a”, o
d) lembram substantivo “leitura” admite artigo feminino “a”, face a escritores
e) rememoram - não há acento grave diante de nomes masculinos; d) a partir da -
locução prepositiva formada por verbo não recebe acento grave; e)
03. (Fundação Carlos Chagas) Quanto à necessidade do empre- a uma distância - não há acento grave diante de artigo indefinido.
go do sinal indicativo de crase, a frase plenamente correta é:
a) Ele próprio um grande escritor, Milton Hatoum sentiu-se a 04. Resposta D. À sua vontade... - o acento grave pode ser omi-
vontade para dirigir críticas a alguns escritores precoces. tido diante de pronome possessivo feminino.
b) Afeito a leitura de grandes clássicos, o rapaz sente-se intimi-
05. Resposta B. À distância de - locução prepositiva femini-
dado face à escritores populares.
na; as tardes - é objeto direto da forma verbal “passava”, o “as”
c) A iniciação à literatura clássica deve ser feita à medida que o
é apenas artigo; a outra - não há acento grave diante de pronome
jovem se sinta inclinado a conhecê-la.
indefinido; à discrição - a forma verbal “entregue” é transitiva in-
d) Difícil estipular uma idade à partir da qual alguém deva se
direta e pede a preposição “a”, o vocábulo “discrição” admite artigo
entregar à leitura dos clássicos.
feminino “a”.

Didatismo e Conhecimento 99
LÍNGUA PORTUGUESA
COLOCAÇÃO DE PRONOMES Casos Optativos

Os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, lhe, nos, vos, se, a) Sujeito expresso - O gato se lambia ou lambia-se.
os, as, lhes) podem aparecer como complementos verbais em três
posições: depois do verbo (ênclise), antes do verbo (próclise) ou no b) conjunção coordenativa - Era rico, mas se queixava ou quei-
meio do verbo (mesóclise). xava-se.

Ênclise - ocorre em: c) infinitivo preposicionado - Fiz de tudo para perdoar-lhe ou


lhe perdoar.
a) períodos iniciados por verbos. Ex.: Sigam-me os que forem
brasileiros!; Colocação dos pronomes nas locuções verbais

1. Não havendo palavra atrativa: a colocação é livre, desde


b) no infinitivo impessoal. Ex.: Passaram a odiar-se mutuamen-
que não contrarie as normas gramaticais: O pai lhe devia dar apoio
te;
ou devia-lhe dar apoio ou devia dar-lhe apoio.
c) no imperativo afirmativo: Por favor, diga-me onde fica a Rua
2. Havendo palavra atrativa: pronome fica antes ou depois
da Saudade; da locução, se não contrariar as regras gramaticais. A equipe não
lhe quis compreender ou A equipe não quis compreender-lhe.
d) no gerúndio: Fazendo-se de rogado, não respondeu às ques-
tões. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Observações
1. Quanto à colocação pronominal, assinale C se a frase estiver
a) Se o gerúndio vier precedido de preposição, empregaremos correta e E se estiver errada.
a próclise. Ex.: Em se tratando de cooperar, Aline era a última a a) ( ) Se não fosse a chuva, acompanhar-te-ia.
participar. b) ( ) Ninguém socorreu-nos naqueles momentos difíceis.
c) ( ) Diga-me com quem andas, que dir-te-ei quem és.
b) A ênclise não ocorre com as formas dos futuros do indicativo d) ( ) Não foi trabalhar porque machucara-se na véspera.
e do particípio. Exs.: Formas erradas - Faria-me um favor; Sérgio e) ( ) Em se tratando de esporte, prefere natação
tem irritado-me. Corrigindo-se, teremos: Far-me-ia um favor; Sér- f) ( ) Amanhã dir-te-ei toda a verdade.
gio tem me irritado. g) ( ) A turma havia convidado-o para um jantar
h) ( ) Tudo acaba-se com a morte, menos a saudade.
Mesóclise - ocorre apenas no futuro do presente ou no futuro i) ( ) Sílvia, me diga a verdade.
do pretérito do indicativo, desde que não haja palavra que exija a j) ( ) Me levantei do banco logo que vi um senhor idoso.
próclise. Ex.: A prova do concurso realizar-se-á no próximo final de k) ( ) Nada nos foi informado sobre a realização dos exa-
semana. mes finais.
l) ( ) Não chegou-se a nenhuma conclusão lógica sobre a
Próclise - ocorre diante de solução do problema.
m) ( ) Quanto custou-nos renunciar!
palavras ou expressões negativas: Não se trata de nenhum n) ( ) Aqui, vive-se em harmonia, embora haja dificuldades.
golpe; o) ( ) Em se tratando de dificuldades, ele sempre portava-se
com a maior dignidade possível.
advérbios: Naquela ocasião me falaram que tudo estava bem;
TESTES DE CONCURSOS
pronomes relativos: O que me disseram não corresponde à
01. (Fundação Carlos Chagas) O czar caçava homens, não ocor-
verdade; rendo ao czar que, em vez de homens, se caçassem andorinhas e
borboletas, parecendo-lhe uma barbaridade levar andorinhas e bor-
pronomes indefinidos; Todos se consternaram com a sua si- boletas à morte. Evitam-se as repetições viciosas da frase acima,
tuação financeira; substituindo-se, de forma correta, os elementos sublinhados por,
respectivamente,
pronomes demonstrativos: Isso me agrada muito; a) não ocorrendo-o - dos cujos - as levarem
b) não lhe ocorrendo - destes - levá-las
conjunções subordinativas: Conforme me avisaram, a decisão c) não o ocorrendo - de tais - levá-las
foi adiada; d) não ocorrendo-lhe - dos mesmos - levar-lhes
e) lhe não ocorrendo - destes - as levar-lhes
orações exclamativas: Que mal lhe fiz, criatura!;
02. (Fundação Carlos Chagas) O segmento grifado está sendo
orações interrogativas: Quem lhe disse tal absurdo? substituído pelo pronome de modo incorreto em:

Didatismo e Conhecimento 100


LÍNGUA PORTUGUESA
a) teve um impacto ambiental positivo - teve-o c) Quando meninote, eu devorava livros com este título: O que
b) que forneciam o óleo dos lampiões e lamparinas - que o for- não se deve dizer.
neciam d) Se nos procurarem arrependidas, daremos-lhes novas opor-
c) teriam custos proibitivos - tê-los-iam tunidades.
d) que têm as moléculas - que têm-las e) Jamais te daria tantas atenções, se não te amasse como amo
e) já que eles aumentam o nosso conforto - já que eles o au- ainda.
mentam
09. (Esaf) Assinale a frase em que a colocação do pronome pes-
03. (Fundação Carlos Chagas) Somos muito jovens quando es- soal oblíquo não obedece às normas do português padrão.
colhemos nossa profissão, por isso é difícil que, ao eleger a nossa a) Essas vitórias pouco importam; alcançaram-nas os que ti-
profissão, sejamos capazes de avaliar a nossa profissão como uma nham mais dinheiro.
escolha que resulte da nossa autêntica vocação. Evitam-se as vicio- b) Entregaram-me a encomenda ontem, resta agora a vocês ofe-
sas repetições da frase acima, substituindo-se os segmentos subli- recerem-na ao chefe.
nhados, respectivamente, por c) Ele me evitava constantemente!... Ter-lhe-iam falado a meu
a) eleger-lhe, avaliar-lhe respeito?
b) a eleger, lhe avaliar d) Estamos nos sentindo desolados: temos prevenido-o várias
c) elegê-la, avaliá-la vezes e ele não nos escuta.
d) lhe eleger, a avaliar e) Presidente cumprimentou o Vice dizendo: - Fostes incum-
e) elegê-la, avaliar-lhe bido de difícil missão, mas cumpriste-la com denodo e eficiência.
04. (Cesgranrio) Indique a estrutura verbal que contraria a nor-
ma culta. 10.(Esaf) O pronome pessoal está empregado incorretamente
a) Ter-me-ão elogiado. em:
b) Tinha-se lembrado. a) Não consegui entendê-lo naquela confusão.
c) Teria-me lembrado.
d) Temo-nos esquecido. b) É para mim fiscalizar aqueles volumes.
e) Tenho-me alegrado.
c) Tudo ficou esclarecido entre mim e ti.
d) Por favor, mande-o entrar e sentar-se.
05. (Cesgranrio) Marque a opção incorreta quanto à coloca-
e) Fizeram-no esperar demais hoje.
ção pronominal.
a) Seria-nos conveniente assinar o acordo hoje.
GABARITOS
b) Nada se fez por ele.
c) Vocês podem dizer-me a verdade.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
d) Amanhã, contar-lhe-ei as novidades.
e) Quando a viu vencer, desmaiou.
1.
06. (Cesgranrio) Indique a opção em que o pronome oblíquo a) (C) Se não fosse a chuva, acompanhar-te-ia.
não está colocado corretamente, de acordo com a norma culta. b) (E) Ninguém socorreu-nos naqueles momentos difíceis.
a) O professor levou a moto para ser consertada - levou-a. c) (E) Diga-me com quem andas, que dir-te-ei quem és.
b) O professor levará a moto para ser consertada - levá-la-á. d) (E) Não foi trabalhar porque machucara-se na véspera.
c) O professor levaria a moto para ser consertada - a levaria. e) (C) Em se tratando de esporte, prefere natação
d) O professor tinha levado a moto para ser consertada - tinha f) (E) Amanhã dir-te-ei toda a verdade.
levado-a. g) (E) A turma havia convidado-o para um jantar
e) O professor estava levando a moto para ser consertada - a h) (E) Tudo acaba-se com a morte, menos a saudade.
estava levando. i) (E) Sílvia, me diga a verdade.
j) ( E) Me leEvantei do banco logo que vi um senhor idoso.
07. (Cesgranrio) Assinale a opção em que o pronome pessoal k) (C) Nada nos foi informado sobre a realização dos exames
está mal empregado, de acordo com a norma culta da língua. finais.
a) O erro foi mandá-los à passeata estudantil. l) (E) Não chegou-se a nenhuma conclusão lógica sobre a
b) Tudo que lhe servia de inspiração desapareceu. solução do problema.
c) Faltou-te uma nova oportunidade para entendê-lo. m) (E) Quanto custou-nos renunciar!
d) Nada agrada-lhe quando está de mau humor. n) (C) Aqui, vive-se em harmonia, embora haja dificuldades.
e) A custo, apoiando-se na defesa de seu ponto de vista, conse- o) (E) Em se tratando de dificuldades, ele sempre portava-se
gui o emprego. com a maior dignidade possível.

08. (Cesgranrio) Assinale a alternativa que não se coaduna


com a norma culta da colocação pronominal.
a) Quem o trouxe sem convite que se encarregue de acompa-
nhá-lo.
b) Os meninos corriam por todos os cômodos da casa, impe-
dindo-me de pensar.

Didatismo e Conhecimento 101


LÍNGUA PORTUGUESA
TESTES DE CONCURSOS a) Sempre quis-lhe como namorada.
b) Não vá embora sem mim.
01 B c) Os soldados não obedeceram-lhe às ordens.
d) Nunca houve desentendimentos entre tu e eu.
02 D e) Segure a régua para eu.
03 C
04. (Vunesp) Na frase - ... começa a cobrar pelo uso da água do
04 C rio Paraíba do Sul, que abastece os Estados do Rio de Janeiro, Mi-
nas Gerais e São Paulo. -, substituindo-se, de acordo com a norma
05 A
culta, as expressões em destaque por um pronome, tem-se:
06 D a) ... começa a cobrar pelo uso da água do rio Paraíba do Sul,
que os abastece.
07 D b) ... começa a cobrar pelo uso da água do rio Paraíba do Sul,
08 D que abastece eles.
c) ... começa a cobrar pelo uso da água do rio Paraíba do Sul,
09 D que abastece-los.
10 B d) ... começa a cobrar pelo uso da água do rio Paraíba do Sul,
que lhes abastece.
e) ... começa a cobrar pelo uso da água do rio Paraíba do Sul,
TESTES COMENTADOS
que los abastece.
01. (Vunesp) A colocação dos pronomes obedece às prescrições
da língua culta escrita na alternativa: 05. (Vunesp) Assinale a alternativa correta, de acordo com a
a) Quem não lembra-se do que o grupo RPM significava na norma culta, quanto à colocação pronominal.
década de 80? Muitos embalaram-se ao som de suas melodias. a) Nunca falou-se tanto sobre o assunto.
b) Me desculpem a franqueza, mas ninguém comportou-se bem b) Não avisaram-me que havia essa festa.
durante o espetáculo. c) Tinha planejado tudo para se aposentar aos sessenta anos.
c) Ainda fala-se em elevar o salário mínimo a mais de 200 reais, d) Me parece que a situação é dúbia.
mesmo tendo mostrado-se impossível qualquer acordo nesse senti- e) Quando recuperar-se do choque, esclarecerá tudo.
do.
d) Caso se preparassem para suas novas tarefas, todos saíriam- RESPOSTAS
se bem, realizando-as com perfeição.
01. Resposta E. Dar-se-á ao pedido - a mesóclise é obrigatória
e) Dar-se-á ao pedido a solução que se mostrar mais justa, po-
com o verbo no futuro do presente do indicativo, quando não há
dem estar certos disso. palavra atrativa de próclise; a solução que se mostrar - próclise
obrigatória antes de pronome relativo (‘que”).
02. (Vunesp) A substituição das expressões em destaque por
um pronome pessoal está correta, nas duas frases, de acordo com a Demais alternativas: a) Quem não se lembra - o advérbio
norma culta, em: “não” é palavra atrativa da próclise, Muitos se embalaram - o pro-
a) I. A concorrência promove o interesse da sociedade. / A con- nome indefinido “muitos” é palavra atrativa da próclise; b) Descul-
corrência promove-o. II. Aqueles que defenderão clientes. / Aqueles pem-me a franqueza - a ênclise é obrigatória em períodos iniciados
que lhes defenderão por verbos, ninguém se comportou bem - o pronome indefinido
b) I. O governo fundou escolas de direito e de medicina. / O “ninguém” é palavra atrativa da próclise; c) Ainda se fala - a pró-
governo fundou elas. II. Os graduados apenas ocasionalmente exer- clise é obrigatória diante de advérbio; mesmo tendo se mostrado
cem a profissão. / Os graduados apenas ocasionalmente exercem-la. - não ocorre ênclise diante de particípio; d) Todos se saíram bem -
c) I. Torna os graduados mais cultos. / Torna-os mais cultos. próclise obrigatória diante de pronomes indefinidos (“todos”).
É preciso mencionar os cursos de administração. / É preciso men-
02. Resposta D. A expressão “muitos conhecimentos” é objeto
cionar-lhes.
direto do verbo “demonstrar”. Fazendo-se a substituição pelo prono-
d) Os advogados devem demonstrar muitos conhecimentos. me pessoal do caso oblíquo “os”, tem-se demonstrar + os, resultan-
Os advogados devem demonstrá-los. II. As associações mostram à do na forma demonstrá-los (elimina-se o “r” e acrescenta-se um “l”
sociedade o seu papel. / As associações mostram-lhe o seu papel. ao pronome); A expressão “à sociedade” é objeto indireto da forma
e) I. As leis protegem os monopólios espúrios. / As leis prote- verbal “mostram” e deve ser substituída pelo pronome pessoal oblí-
gem-os II. As corporações deviam fiscalizar a prática profissional. quo “lhe”.
/ As corporações deviam fiscalizá-la.
Demais alternativas: a) A primeira frase está correta, a segunda
03. (Vunesp) Indique a única frase correta quanto ao uso e à incorreta. “clientes” é objeto direto da forma verbal “defenderão”.
colocação do pronome. Deve ser substituída por “os”, como há palavra atrativa de próclise
(pronome relativo “que”), a forma correta é que os defenderão; b) A

Didatismo e Conhecimento 102


LÍNGUA PORTUGUESA
primeira frase está incorreta - não se pode utilizar pronome pessoal MELO NETO, João Cabral de. Museu de tudo e depois. Rio
do caso reto como complemento de verbos e sim oblíquo. Como de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 146.
a forma verbal “fundou” é transitiva direta, deve-se substituir por
fundou-as. A segunda frase também está incorreta: exercem + a Pode-se dizer que os sinais de pontuação representam pausas
(complemento da forma verbal “exercem”) - exercem-na (na forma na fala (ponto, vírgula, ponto-e-vírgula), entoações (ponto de excla-
nasal, mantém-se o verbo e acrescenta-se um “n” ao pronome); c) A mação e ponto de interrogação), além de reproduzirem, na escrita,
primeira frase está correta, a segunda incorreta - o verbo “mencio- emoções, anseios, intenções etc.
nar” é transitivo direto e o seu complemento “os cursos de adminis-
tração” deve ser substituído pelo pronome “os” - mencioná-los; e) A Empregos
primeira frase está incorreta - a expressão “monopólios espúrios” é
objeto direto da forma verbal “protegem”. Fazendo-se a substituição Vírgula ( , )
pelo pronome pessoal do caso oblíquo “os”, resulta protegem-nos.
A segunda frase está correta. a) separar termos que possuem mesma função sintática na ora-
ção: Minha namorada é bonita, sincera, meiga e inteligente. (separa
03. Resposta B. Os pronomes pessoais do caso oblíquo funcio- predicativos do sujeito).
nam como complementos verbais ou nominais.
b) isolar o vocativo. Exemplo: Não falem tão alto, minhas fi-
Demais alternativas: a) Sempre lhe quis como namorada - ad- lhas.
vérbio (“Sempre”) é palavra atrativa da próclise; c) Os soldados não Observação: o vocativo pode figurar no início da frase, no
lhe obedeceram às ordens - advérbio é palavra atrativa da próclise; meio ou no fim Exemplos: Minhas filhas, não falem tão alto; Não
d) Nunca houve desentendimentos entre ti e mim - quando prece- falem, minhas filhas, tão alto.
dido de preposição “entre” utilizam-se pronomes pessoais do caso
oblíquo; e) Segure a régua para mim. - os pronomes pessoais do c) isolar o aposto. Exemplo: Tiradentes, mártir da independên-
caso oblíquo funcionam como complementos verbais ou nominais. cia do Brasil, morreu enforcado.

04. Resposta A. A forma verbal “abastece” é transitiva direta, d) isolar termos antecipados, como complementos ou adjuntos.
substituindo-se o objeto direto “os Estados do Rio de Janeiro, Minas Exemplo: Desanimada, a equipe do Botafogo entrou em campo sem
e São Paulo” pelo pronome pessoal do caso oblíquo “os”, tem-se chances de se manter na primeira divisão.
abastece-os, como há palavra atrativa de próclise (pronome “que”),
a forma correta é que os abastece. e) separar expressões explicativas ou corretivas (isto é, ou me-
lhor, ou seja, aliás, por exemplo, a saber etc.) Exemplo: O segundo
05. Resposta C. Diante de infinitivo preposicionado, existe du- turno das eleições presidenciais ocorrerá em novembro, isto é, em
pla possibilidade da colocação pronominal: em próclise (para se outubro.
aposentar) ou ênclise (para aposentar-se).
f) separar os nomes dos locais de datas. Exemplo: Recife, 19 de
Demais alternativas: a) Nunca se falou - advérbio (“Nunca”) é fevereiro de 2014.
palavra atrativa de próclise; b) Não me avisaram - advérbio (“Não”)
é palavra atrativa de próclise; d) Parece-me - a ênclise é obrigatória g) marcar a omissão de um verbo. Exemplo: Luísa gosta de
em períodos iniciados por verbos; e) Quando se recuperar - con- cinema; Laura, de teatro.
junção subordinativa (“Quando”) é palavra atrativa de próclise.
h) Separar o complemento pleonástico. Exemplo: Este filme, já
PONTUAÇÃO o vi o ano passado.

Questão de pontuação i) Diante da conjunção “e” será empregada nos seguintes ca-
sos:
Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida: I. quando os sujeitos das orações coordenadas forem diferentes.
que viva em ponto de exclamação Exemplo: Temperatura bate recorde, e Sabesp planeja racionamento
(dizem: tem alma dionisíaca); de água.

viva em ponto de interrogação II. ocorrer polissíndeto: Mariana falava, e ria, e dançava;
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas III. houver ideia de adversidade: Queria estar atento à palestra,
e sem pontuação (na política): e (equivale a mas, porém) a sono logo chegou.

o homem só não aceita do homem j) Separar orações:


que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive, a) coordenadas assindéticas. Exemplo: Matias abriu a porta,
o inevitável ponto final. entrou no quarto, foi dormir.

Didatismo e Conhecimento 103


LÍNGUA PORTUGUESA
b) coordenadas sindéticas (exceto as ativas introduzidas por e II. Nas perguntas que indiquem surpresa ou admiração, costu-
ou nem). Exemplo: Venha logo, pois já estamos atrasados. ma-se empregar também o ponto de exclamação ao lado do ponto de
interrogação. Exemplo: Você já viu tanta felicidade, Alice?!
c) subordinadas. Exemplo: Se chover, não irei à festa de ani-
versário. Ponto de exclamação ( ! )

d) subordinadas adjetivas explicativas; Exemplo: Os estudan- a) Depois de frases que expressem sentimentos, como: entu-
tes, que estudam com afinco, são aprovados nos concursos. siasmo, espanto, horror, ordem, súplica, surpresa etc. Exemplos:
Observações: Por favor, não me deixe aqui no cemitério sozinho! (medo, horror).
Não se usa a vírgula nos seguintes casos:
Iremos ao Nordeste nestas férias! (alegria, entusiasmo). Fui aprova-
do(a) no concurso! (alegria, surpresa). Troque-se mais rápido, que
I. entre o sujeito e o predicado. Exemplo: Todos os processos
foram analisados. estamos atrasados! (ordem).

II. entre o verbo e seus complementos. Exemplo: O juiz avisou b) Em interjeições. Exemplos: Salve-se quem puder! Oxalá!
o resultado do processo ao réu.
c) Em vocativo. Exemplo: Façam silêncio, crianças!
III. entre o nome e seus complementos. Exemplo: A reação do
governo contra o dossiê despertou a ira dos demais partidos.
Dois-pontos ( : )
Ponto-e-vírgula ( ; )
a) Fazer alguma citação ou introduzir uma fala. Exemplo: Ma-
a) Separar itens enumerados. Exemplo: O conteúdo de gramáti- rina, enfim respondeu: não consegui concluir o exercício de geo-
ca no concurso será: Acentuação; Ortografia; flexão nominal e ver- metria.
bal; Morfologia; Sintaxe; Semântica e Compreensão e interpretação
de textos. b) indicar uma enumeração. Exemplo: Quero que vá ao super-
mercado e compre: batatas, cebolas, tomates, frutas, pão integral,
b) Separar um período que já se encontra dividido por vírgulas. leite e ovos.
Exemplo: “Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que
alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar
Aspas duplas ( “ “)
consigo mesmo ou com a sua vida; sonhar um pouco, a sentir uma
vontade de fazer coisa boa.” (Rubem Braga)
a) Indicar citação de alguém. Exemplo: “Em terra de cego,
c) Separar orações coordenadas que encerram pensamentos quem tem um olho tem mais responsabilidade.” (Hélio Ribeiro)
opostos. Exemplo: “Matamos o tempo; o tempo nos enterra”. (Ma-
chado de Assis) b) Indicar expressões estrangeiras, gírias, neologismos. Exem-
plos: “caput”, olá, “mano”; “teodorar”.
d) Mostrar a omissão de um verbo marcada pela vírgula, haven-
do uma pausa antes do sujeito. Exemplo: Fabiana aprecia obras de c) Indicar nomes de publicações (científicas, literárias, da mí-
arte; Fernando, as belas mulheres. dia) ou de obras artísticas. O livro de Machado de Assis “Memórias
Póstumas de Brás Cubas” inaugurou o Realismo no Brasil.
Ponto final ( . ) Observação: Poder-se-ia substituir as aspas por itálico ou ne-
grito.
a) Indicar uma pausa total. Exemplo: É fim de jogo.
Aspas simples ( ‘ ‘)
b) Usado em abreviaturas. Exemplos: Sr.; Ltda.; obs.; etc.
Empregadas quando, dentro de um texto já destacado por aspas
Ponto de interrogação ( ? )
duplas, houver necessidade de novas aspas. Exemplo: O professor
de Português avisou: “O aluno que responder ‘Não estudei’ dificil-
a) Formular perguntas diretas. Exemplo: Você assistiu ao deba-
te ontem à noite? mente será aprovado” .

b) Indicar indignação, expectativa ou surpresa diante de certa Reticências ( ... )


situação. Exemplos: O quê? Não acredito que aquele deputado foi
reeleito. Será que eu mereço ganhar tanto dinheiro? Indicar supressão de um texto, interrupção ou dar ideia de con-
Observações: tinuidade ao que se estava falando. Exemplos: Eu gostei da prova de
Português, mas da de Matemática....;
I. Nas interrogações indiretas, não há ponto de interrogação. “Vinte e quatro horas não é muito para quem tem de amarrar-se
Exemplo: Ela perguntou ao marido se não era melhor irem embora eternamente. Quero sondar meu próprio espírito, e... “ (Machado de
da festa. Assis)

Didatismo e Conhecimento 104


LÍNGUA PORTUGUESA
Parênteses ( ) l) Todos os meus amigos da terceira série do primeiro grau do
Colégio Estadual de Primeiro e Segundo Graus Professor Temísto-
a) Separar qualquer indicação de ordem explicativa ou algum cles dos Santos e Guerra participaram do jogo de futebol com ex
comentário. Exemplo: A figura de linguagem denominada zeugma -alunos.
consiste na omissão de um termo (geralmente um verbo) que já apa- m) A História torna o homem incrédulo a poesia indefeso a ma-
receu na frase. temática fria a filosofia soberbo a moral chato. (Millôr Fernandes)

b) Isolar orações intercaladas em substituição a vírgulas ou a TESTES DE CONCURSOS


travessões. Exemplo: Afirma-se (não é possível provar) que é co-
mum o recebimento de propina por parte dos políticos. 01. (Fundação Carlos Chagas) Considere as seguintes frases:
I. O editorial calou fundo nos pesquisadores latino-americanos,
c) Delimitar o período de vida de uma pessoa ou de uma época. que a ele reagiram com firmeza.
Exemplo: Machado de Assis (1839 - 1908). II. O povo cubano deve decidir, por si mesmo, se precisa ou não
de ajuda externa.
Travessão ( - ) III. Ofertas de auxílio podem ser constrangedoras, quando não
solicitadas.
a) Iniciar a fala de um personagem. José respondeu com sin-
ceridade: A eliminação da(s) vírgula(s) altera o sentido somente do que
- Não gosto mais de você. está em
a) I
b) Separar orações intercaladas. Exemplo: Precisamos acreditar b) II
sempre - disse o candidato confiante - vamos mudar o Brasil. c) III
Observação: Os travessões podem ser substituídos por vírgulas d) I e II
ou por parênteses. e) II e III

1. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 02. (Fundação Carlos Chagas) Está inteiramente correta a pon-
tuação da seguinte frase:
a) Lá em casa não era preciso me trancar no banheiro, ou me
1. Pontuar adequadamente as frases abaixo.
valer, de qualquer outro expediente, par ler um romance.
a) Foi ao fundo da farmácia abriu um vidro fez um pequeno
b) É verdade sim, que meus pais me pediam para organizar meu
embrulho e entregou ao homem.
horário, mas nem por isso faziam qualquer restrição, a minhas lei-
b) Aos poucos a necessidade de mão de obra foi aumentando tor-
turas de romances.
nando-se necessária a abertura dos portos para uma outra popula-
c) Para muita gente ler romances significa, quando muito uma
ção de trabalhadores os imigrantes.
distração, mas em minha família imperava o respeito pelas altas vir-
c) Enquanto eu fazia comigo mesmo aquela reflexão entrou na tudes da boa ficção.
loja um sujeito baixo sem chapéu trazendo pela mão uma criança d) A exemplo de “O caçador de Pipas”, tomado pelo autor do
de quatro anos. texto, serviu-lhe, sem dúvida, como argumento em favor da univer-
d) Os termos essenciais e integrantes da oração ligam-se uns salidade da condição humana.
com os outros sem pausa; não podem assim ser separados por vír- e) Não são muitos os filhos, que podem se entregar às ficções,
gula. não apenas com a aprovação dos pais mas, ainda, recebendo deles
e) Como amanhã será o nosso grande dia duas coisas serão todos os incentivo
importantes uma é a tranquilidade a outra é a observação minucio-
sa do que esta sendo solicitado. 03. (Fundação Carlos Chagas) A pontuação está plenamente
f) Solteiro foi um menino turbulento casado era um moço adequada na seguinte frase:
alegre viúvo tornara-se um macambúzio. a) Tanto o microprocessador, como a fusão das mídias, desem-
g) Sou a soma do quadrado dos catetos mas pode me chamar penharam, pelos efeitos que geraram, um papel decisivo na configu-
de Hipotenusa. (Millor Fernandes) ração, não apenas da vida cotidiana como da subjetividade mesma
h) Era uma vez uma agulha que disse a um novelo de linha do homem contemporâneo.
Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola- b) Tanto o microprocessador como a fusão das mídias desem-
da, para fingir que vale alguma cousa neste mundo? penharam, pelos efeitos que geraram, um papel decisivo na configu-
i) Há mitos Timbira que narram como os índios aprenderam a ração, não apenas, da vida cotidiana, como da subjetividade mesma,
fazer determinados rituais com animais terrestres aquáticos e aé- do homem contemporâneo.
reos assim nos tempos míticos a situação seria o inverso da atual os c) Tanto o microprocessador como a fusão das mídias desempe-
ritos existem no âmbito da natureza mas não no da sociedade. nharam, pelos efeitos que geraram, um papel decisivo na configura-
j) A hospitalidade tem dois aspectos um geral que se refere ção não apenas da vida cotidiana como da subjetividade mesma do
à convivência em sociedade e se confunde com o cerimonial e a homem contemporâneo.
etiqueta de cada povo o outro específico que estabelece relações d) Tanto o microprocessador, como a fusão das mídias desem-
especiais entre anfitriões e convidados. penharam, pelos efeitos que geraram, um papel decisivo na configu-
k) Sempre desejei sair e conhecer lugares exóticos e você só ração não apenas, da vida cotidiana, como da subjetividade mesma
pensa em assistir a novelas. do homem contemporâneo.

Didatismo e Conhecimento 105


LÍNGUA PORTUGUESA
e) Tanto o microprocessador, como a fusão das mídias desem- c) “Em dia de lua cheia, via...” - separa adjunto adverbial des-
penharam, pelos efeitos que geraram, um papel decisivo, na confi- locado.
guração não apenas da vida cotidiana, como da subjetividade, mes- d) “Criança, eu pensava:” - separa vocativo.
ma do homem contemporâneo. e) “honestas, que indicavam o caminho de suas choupanas,” -
separa a oração adjetiva de valor explicativo.
04. (Fundação Carlos Chagas) Atente para as seguintes frases:
I. As omissões do poder público levam, quase sempre, a ações 08. (Esaf) Assinale o período corretamente pontuado.
que degradam o cenário urbano. a) Os carros modernos são feitos com chapas bastante flexíveis,
II. Não fosse a vigilância dos cidadãos, atentos à conservação que, num efeito sanfona, amortecem os choques nos acidentes.
do espaço público, o cenário urbano estaria ainda mais degradado. b) Os carros modernos, são feitos com chapas bastante flexíveis
III. Nas duas experiências holandesas, relatadas no texto, verifi- que, num efeito sanfona, amortecem os choques nos acidentes.
cou-se clara conexão entre ação pública e reação popular. c) Os carros modernos são feitos com chapas bastante flexíveis,
que num efeito sanfona, amortecem os choques nos acidentes.
A supressão das vírgulas altera o sentido do que está somente d) Os carros modernos são feitos, com chapas bastante flexí-
em veis, que, num efeito sanfona, amortecem os choques nos acidentes.
a) I e) Os carros modernos são feitos com chapas bastante flexíveis
b) II que num efeito sanfona, amortecem os choques nos acidentes.
c) III
d) I e II (ESAF) Nas questões 09 e 10, marque o texto em que os sinais
e) II e III de pontuação não foram usados corretamente.
05. (Cesgranrio) Em um texto, a pontuação é fundamental para 09.
que a mensagem seja compreendida pelo leitor de forma plena. Den- a) Uma das articulações clássicas da tradição marxista, a que
tre os trechos transcritos a seguir, o emprego da vírgula não está junta a pobreza à dominação, se desfez nas sociedades desenvolvi-
corretamente justificado em: das: cada vez mais se torna possível a satisfação das necessidades
a) “Plásticos, tábuas de madeiras, roupas velhas, vidros, duas
econômicas sem que as exigências políticas sejam atendidas.
malas de viagem”, ... - enumerar uma sequência de termos.
b) Neste sentido, faz-se problemática a conceituação de pro-
b) “Motorista de uma família que mora próximo ao mirante,
gresso.
Walter Silva”, ... - isolar o aposto na estrutura frasal.
c) Mais complexas ainda, se tornam as definições sobre o con-
c)“acredita que os moradores de rua tenham rasgado os sacos
ceito se pensarmos em um outro elemento, dificilmente presente nas
e espalhado a sujeira, como resposta a uma operação feita pela sub-
reflexões tradicionais da filosofia política - a questão da felicidade.
prefeitura, horas antes.”, ... - marcar uma estrutura intercalada na
d) Esta, juntamente com o tema da paixão, foi reduzida, na nos-
frase.
d) “A administradora afirmou ainda que, durante a operação, os sa tradição, ao domínio da subjetividade, do psicológico.
mendigos ameaçaram os garis e outros funcionários da prefeitura.”, e) Propomo-nos a pensar a dimensão da paixão na política e to-
... - identificar elementos com a mesma função sintática. mamos, como ponto de partida, alguns artigos de Walter Benjamin.
e) “Indagada sobre o tempo em que a via ficou ocupada ile- (Kátia Muricy, com adaptações).
galmente, Vitória Cervantes disse apenas que eles estavam lá havia
‘poucos dias’.”, (_. 42-44) - indicar o adjunto adverbial antecipado. 10.
a) Denis de Rougemont tornou o Romance de Tristão e Isolda,
06. (Cesgranrio) No diálogo abaixo, cada fala corresponde a datado do século XVII, como o “nascimento da paixão” no Ociden-
um número. te.
I. Por que ele adquiriu somente um ingresso! b) Contra o casamento de interesse e contra a concepção cristã
II. Comprou dois: um para você outro para mim. do casamento feliz por amor, a paixão é um estado amoroso que
III. Mas ele saiu daqui dizendo: “Só comprarei o meu!” parece se alimentar da sua própria impossibilidade, encontrando a
IV. Pelo visto você acredita em tudo, o que ele diz. sua máxima realização no seu obstáculo supremo, que é a morte.
c) Rastreando os enigmas da paixão, contidos em Tristão e Isol-
Em relação ao diálogo, a pontuação está correta apenas em da, Rougemont aponta as fontes do mito nas heresias de fundo ma-
a) I niqueístas, para as quais a morte, representa a passagem da Noite da
b) III matéria para o Dia luminoso do espírito.
c) I e II d) Vivendo, no seu transporte febril, a promessa vigente de uma
d) II e IV libertação dos limites da existência e da infelicidade do viver, os
e) III e IV amantes, que se buscam e que se afastam, mais fiéis à própria paixão
do que ao desejo da presença do outro, buscam transfigurar a morte
07. (Cesgranrio) Assinale a opção improcedente quanto à jus- em triunfo.
tificativa de emprego da(s) vírgula(s). e) Implícito no código cortês da poesia trovadoresca, recorrente
a) “Quando eu era criança, morava na Penha.” - separa oração numa longa tradição literária, alimentado na ficção de massas (e dis-
subordinada adverbial deslocada. sipado do seu fundamento místico), o amor-paixão vigora em con-
b) “eu via estrelas, cometas, asteroides:” - separa termos coor- tradição com as normas sociais e a ortodoxia religiosa. (José Miguel
denados. Winsk, com adaptações)

Didatismo e Conhecimento 106


LÍNGUA PORTUGUESA
GABARITOS TESTES COMENTADOS

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 01. (Vunesp) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.


a) “Bem colegas, a aparência faz parte da competência, decre-
1. tou Maria Sílvia, gerente da seleção, ontem à tarde, durante os trei-
a) Foi ao fundo da farmácia, abriu um vidro, fez um pequeno
namentos.”
embrulho e entregou ao homem.
b) Aos poucos, a necessidade de mão de obra foi aumentando, b) “Bem, colegas, a aparência, faz parte da competência, de-
tornando-se necessária a abertura dos portos para uma outra popu- cretou Maria Sílvia, gerente, da seleção, ontem, à tarde, durante os
lação de trabalhadores: os imigrantes. treinamentos.”
c) Enquanto eu fazia comigo mesmo aquela reflexão, entrou na c) “Bem, colegas, a aparência faz, parte da competência, de-
loja um sujeito baixo, sem chapéu, trazendo pela mão uma criança cretou, Maria Sílvia, gerente da seleção, ontem à tarde, durante os
de quatro anos. treinamentos.”
d) Os termos essenciais e integrantes da oração ligam-se uns d) “Bem colegas a aparência faz parte da competência, decretou
com os outros sem pausa; não podem, assim, ser separados por Maria Sílvia, gerente, da seleção, ontem à tarde, durante, os treina-
vírgula. mentos.”
e) Como amanhã será o nosso grande dia, duas coisas serão e) “Bem colegas, a aparência faz parte, da competência, decre-
importantes: uma é a tranquilidade; a outra é a observação minu-
ciosa do que esta sendo solicitado. tou, Maria Sílvia, gerente, da seleção, ontem à tarde, durante, os
f) Solteiro, foi um menino turbulento; casado, era um moço treinamentos.”
alegre; viúvo, tornara-se um macambúzio.
g) “Sou a soma do quadrado dos catetos, mas pode me chamar 02. (Vunesp) Assinale a alternativa que apresenta correta pon-
de Hipotenusa”. (Millor Fernandes) tuação.
h) Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: a) Copenhague, cidade da Dinamarca, tem ótimos pesquisado-
- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola- res.
da, para fingir que vale alguma cousa neste mundo? b) Uma revista científica, publicou estudo sobre o tabaco.
i) Há mitos Timbira que narram como os índios aprenderam a c) No final da pesquisa, constatou-se, o grande mal causado
fazer determinados rituais com animais terrestres, aquáticos e aé- pelo cigarro.
reos; assim, nos tempos míticos, a situação seria o inverso da atual:
os ritos existem no âmbito da natureza, mas não no da sociedade. d) Abandonar o vício, para sempre faz a diferença.
j) A hospitalidade tem dois aspectos: um geral, que se refere e) Quase 20.000 homens e mulheres, foram acompanhados por
à convivência em sociedade e se confunde com o cerimonial e a pesquisadores.
etiqueta de cada povo; o outro, específico, que estabelece relações 2.
especiais entre anfitriões e convidados. 03. (Vunesp) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.
k) Sempre desejei sair e conhecer lugares exóticos e você só a) A escola construída sobre um lixão desativado e o desliza-
pensa em assistir a novelas. mento do morro do Bumba, representam só a ponta do iceberg.
l) Todos os meus amigos da terceira série do primeiro grau do b) 781 dessas áreas, encontram-se na capital do Estado.
Colégio Estadual de Primeiro e Segundo Graus Professor Temísto- c) Só no século 21 é que, a remediação do problema, começou
cles dos Santos e Guerra participaram do jogo de futebol com ex a valer.
-alunos.
d) Nos lixões desprovidos de limites precisos, depositavam-se,
m) “A História torna o homem incrédulo; a poesia, indefeso; a
matemática, fria; a filosofia, soberbo; a moral, chato.” (Millor Fer- a céu aberto, resíduos tóxicos de origem industrial e doméstica.
nandes) e) Em São Paulo, a lista de terrenos contaminados, saltou, indo
de 255 para 2 514 pontos de contaminação.
TESTES DE CONCURSOS
04. (Vunesp) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.
01 A a) Os soldados, que demonstraram, coragem no perigoso resga-
te deram gentilmente depoimentos aos jornalistas.
02 D b) Os soldados que demonstraram coragem no perigoso resgate,
deram gentilmente, depoimentos aos jornalistas.
03 C
c) Os soldados que demonstraram coragem, no perigoso, resga-
04 B te deram gentilmente depoimentos aos jornalistas.
d) Os soldados que demonstraram coragem no perigoso resgate
05 D
deram, gentilmente, depoimentos aos jornalistas.
06 B e) Os soldados que demonstraram, coragem no perigoso resga-
te, deram gentilmente depoimentos aos jornalistas.
07 D
08 A 05. (Vunesp) Alan Turing, um dos matemáticos do parque, ma-
tou-se em 1954. Mesmo condenado pela Justiça por conta de sua
09 C
homossexualidade, nunca falou do caso. (Ele comeu uma maçã en-
10 C venenada. Conta a lenda que, em sua homenagem, esse é o símbolo
da Apple.) O uso dos parênteses justifica-se porque

Didatismo e Conhecimento 107


LÍNGUA PORTUGUESA
a) menciona uma lenda. a) Professores
b) isola indicação acessória, explicativa. b) Problema
c) enfatiza o final de uma frase declarativa. c) Trabalho
d) indica a mudança de interlocutor. d) Qualquer
e) separa os elementos de uma enumeração. e) Processos

RESPOSTAS 03. Assinale a única alternativa que apresenta apenas um en-


contro vocálico.
01. Resposta A. A vírgula inicial isola vocativo (“Bem cole- a) Relatórios
gas”), as duas seguintes separam oração intercalada (“decretou b) Violência
Maria Sílvia”) e as duas últimas isolam adjunto adverbial (“ontem c) Regionais
à noite”). d) Reuniões
e) Funcionários
02. Resposta A. O par de vírgulas isola aposto.
04. Todas as palavras abaixo apresentam 7 letras e 7 fonemas,
Demais alternativas: b) A vírgula foi usada incorretamente, pois exceto:
não se deve separar o sujeito do verbo; c) A segunda vírgula deve ser a) Amostra
excluída - não pode ser empregada para separar o verbo transitivo b) Salário
direto de seu objeto direto; d) deve-se omitir a vírgula ou mantê-la, c) Pedidos
acrescentando-se outra após o vocábulo “sempre”, com o intuito de d) Sistema
isolar o adjunto adverbial “para sempre”; e) Deve-se excluir a vír- e) Exemplo
gula, uma vez que não se separa o sujeito do verbo por sinais de
pontuação. 05. Assinale a alternativa em que todas as palavras são propa-
roxítonas.
03. Resposta D. A vírgula inicial isola adjunto adverbial, as a) Documentos, dirigentes, pesquisadora
duas vírgulas separam aposto. b) Públicas, pedagógico, física
c) Adicionais, levantamento, atividades
d) Contador, eliminados, escolas
Demais alternativas: a) não se separa o sujeito do predicado por
e) Gestores, concentrassem, sistema
sinais de pontuação; b) idem à alternativa “a”; c) As duas vírgu-
Texto para as questões 06 a 15.
las devem ser excluídas, poder-se-ia, de modo optativo, apor uma
vírgula após 21, isolando o adjunto adverbial; e) Deve-se excluir a
Sobre a origem de tudo
vírgula após “contaminados”, uma vez que não se separa o sujeito
Marcelo Gleiser
do verbo por sinais de pontuação.
Volta e meia retorno ao tema da origem de tudo, que inevita-
04. Resposta D. Isolou-se o adjunto adverbial “gentilmente”
velmente leva a reflexões em que as fronteiras entre ciência e reli-
por um par de vírgulas. A oração em análise é subordinada adjetiva gião meio que se misturam. Sabemos que as primeiras narrativas de
restritiva (restringe ou especifica o sentido do termo a que se refere, criação do mundo vêm de textos religiosos, os mitos de criação. O
individualizando-o e não aparece virgulada). Poder-se-ia também Gênesis, primeiro livro da bíblia, é um exemplo deles, se bem que é
transformá-la em adjetiva explicativa (realçando ou ampliando da- importante lembrar que não é o único.
dos sobre o antecedente) - Os soldados, que demonstraram coragem Talvez seja surpreendente, especialmente para as pessoas de fé,
no perigoso resgate, deram, gentilmente, depoimentos aos jornalis- que a ciência moderna tenha algo a dizer sobre o assunto. E não há
tas. dúvida que o progresso da cosmologia e da astronomia levaram a um
conhecimento sem precedentes da história cósmica, que hoje sabe-
05. Resposta B. Os parênteses isolam trecho explicativo: a mos teve um começo há aproximadamente 13,8 bilhões de anos. Tal
causa da morte do matemático Alan Turing. como você e eu, o Universo também tem uma data de nascimento.
A questão complica se persistimos com essa analogia: você e eu
TESTES DE CONCURSOS DA AOCP tivemos pais que nos geraram. Existe uma continuidade nessa his-
tória, que podemos traçar até a primeira entidade viva. Lá, nos de-
01. Assinale a alternativa incorreta quanto à divisão silábica. paramos com um dilema: como surgiu a primeira entidade viva, se
a) Ex - ces - so nada vivo havia para gerá-la? Presumivelmente, a vida veio da não
b) Pes - qui - sa - dor vida, a partir de reações químicas entre as moléculas que existiam na
c) Sobre - po - si - ção Terra primordial. E o Universo? Como surgiu se nada existia antes?
d) Cons - ta - ta - ção A situação aqui é ainda mais complexa, visto que o Universo
e) Con - tra - tar inclui tudo o que existe. Como que tudo pode vir do nada? A prer-
rogativa da ciência é criar explicações sem intervenção divina. No
02. Assinale a única alternativa que apresenta dois encontros caso da origem cósmica, explicações científicas encontram desafios
consonantais. conceituais enormes.

Didatismo e Conhecimento 108


LÍNGUA PORTUGUESA
Isso não significa que nos resta apenas a opção religiosa como solução da origem cósmica. Significa que precisamos criar um novo modo
de explicação científica para lidar com ela.
Para dar conta da origem do Universo, os modelos que temos hoje combinam os dois pilares da física do século 20, a teoria da relatividade
geral de Einstein, que explica a gravidade como produto da curvatura do espaço, e a mecânica quântica, que descreve o comportamento dos
átomos. A combinação é inevitável, dado que, nos seus primórdios, o Universo inteiro era pequeno o bastante para ser dominado por efeitos
quânticos. Modelos da origem cósmica usam a bizarrice dos efeitos quânticos para explicar o que parece ser inexplicável.
Por exemplo, da mesma forma que um núcleo radioativo decai espontaneamente, o Cosmo por inteiro pode ter surgido duma flutuação
aleatória de energia, uma bolha de espaço que emergiu do “nada”, que chamamos de vácuo. O interessante é que essa bolha seria uma flutuação
de energia zero, devido a uma compensação entre a energia positiva da matéria e a negativa da gravidade. Por isso que muitos físicos, como
Stephen Hawking e Lawrence Krauss, falam que o Universo veio do “nada”. E declaram que a questão está resolvida. O que é um absurdo. O
nada da física é uma entidade bem complexa.
Esse é apenas um modelo, que pressupõe uma série de conceitos e extrapolações para fazer sentido: espaço, tempo, energia, leis naturais.
Como tal, está longe de ser uma solução para a questão da origem de tudo. Não me parece que a ciência, tal como é formulada hoje, pode re-
solver de vez a questão da origem cósmica. Para tal, precisaria descrever suas próprias origens, abranger uma teoria das teorias. O infinito e seu
oposto, o nada, são conceitos essenciais; mas é muito fácil nos perdermos nos seus labirintos metafísicos.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2014/12/1385521- sobre-a-origem-detudo.shtml.

06. Em “...você e eu tivemos pais que nos geraram.”, a colocação do pronome nos se justifica pela atração
a) da forma verbal geraram.
b) do pronome relativo que.
c) do pronome eu.
d) do pronome você.
e) do substantivo pais.

07. Assinale a alternativa em que o elemento nos não foi analisado corretamente.
a) “Lá, nos deparamos...” (preposição + artigo)
b) “Isso não significa que nos resta...” (pronome)
c) “...mas é muito fácil nos perdermos...” (pronome)
d) “...nos seus labirintos metafísicos.” (preposição + artigo)
e) “...nos seus primórdios...” (preposição + artigo)

08. Em “...as fronteiras entre ciência e religião meio que se misturam.”, a expressão destacada pode ser substituída, sem prejuízo ao con-
teúdo original, por
a) raramente.
b) mais que.
c) além do que.
d) mais ou menos.
e) ainda que.
09. Em “O Gênesis, primeiro livro da bíblia, é um exemplo deles, se bem que é importante lembrar que não é o único.”, a expressão des-
tacada estabelece relação semântica de
a) consecução.
b) conclusão.
c) contraste.
d) condição.
e) concessão.

10. Assinale a alternativa em que o elemento se foi classificado corretamente. a) “A questão complica se persistimos com essa analogia...”
(pronome)
b) “...as fronteiras entre ciência e religião meio que se misturam.” (pronome)
c) “...se bem que é importante lembrar que não é o único.” (pronome)
d) “...Como surgiu se nada existia antes?” (pronome interrogativo)
e) “...como surgiu a primeira entidade viva, se nada vivo havia...” (índice de indeterminação do sujeito)

11. O fragmento em que a concordância verbal não está de acordo com a norma padrão é
a) “...pressupõe uma série de conceitos e extrapolações para fazer sentido...”
b) “...o progresso da cosmologia e da astronomia levaram a um conhecimento sem precedentes...”
c) “Modelos da origem cósmica usam a bizarrice dos efeitos quânticos para explicar o que parece ser inexplicável.”

Didatismo e Conhecimento 109


LÍNGUA PORTUGUESA
d) “A prerrogativa da ciência é criar explicações sem intervenção divina.”
e) “Existe uma continuidade nessa história, que podemos traçar até a primeira entidade viva.”

12. Não será mantida a gramática do texto se a expressão


a) duma for substituída por de uma, em “surgido duma flutuação”.
b) tal como for substituída por assim como, em “Tal como você e eu...”
c) Por isso que for substituída por Por isso, em “Por isso que muitos físicos...”
d) devido a uma for substituída por devido uma, em “devido a uma compensação...”
e) Como que for substituída por como, em “Como que tudo pode vir do nada?”

13. “A combinação é inevitável, dado que, nos seus primórdios, o Universo inteiro era pequeno o bastante...”
A oração acima pode ser reescrita, sem prejuízo sintático-semântico para o fragmento, por
a) A combinação é inevitável, como, nos seus primórdios, o Universo inteiro era pequeno o bastante...
b) A combinação é inevitável, embora, nos seus primórdios, o Universo inteiro era pequeno o bastante...
c) A combinação é inevitável, apesar que, nos seus primórdios, o Universo inteiro era pequeno o bastante...
d) A combinação é inevitável, conquanto que, nos seus primórdios, o Universo inteiro era pequeno o bastante... e) A combinação é inevitá-
vel, uma vez que, nos seus primórdios, o Universo inteiro era pequeno o bastante...

14. Em “E não há dúvida que o progresso....”, não há atendimento à norma padrão quanto à
a) regência nominal.
b) concordância verbal.
c) concordância nominal.
d) sintaxe de colocação pronominal.
e) regência verbal.

15. A expressão destacada que expressa o modo da ação verbal se encontra na alternativa
a) “...inevitavelmente leva a reflexões...”
b) “...especialmente para as pessoas de fé...”
c) “...teve um começo há aproximadamente 13,8 bilhões...”
d) “Presumivelmente, a vida veio da não vida...”
e) “...um núcleo radioativo decai espontaneamente...”

Congresso tem mais de 50 projetos de lei para endurecer a Lei Seca


Uma das propostas, já aprovada no Senado, prevê tolerância zero ao consumo de álcool

A perigosa combinação entre álcool e volante é tema de pelo menos 50 projetos de lei que estão em tramitação no Congresso Nacional
atualmente. A maioria das propostas tem como objetivo endurecer ainda mais as punições tanto para quem bebe e assume a direção, mesmo que
não provoque nenhuma ocorrência, quanto para o motorista que efetivamente causa acidentes porque está embriagado. No Brasil, cerca de 40
mil pessoas morrem no trânsito todos os anos.

A segurança no trânsito é um tema recorrente entre parlamentares. De acordo com a Agência Câmara, já foram apresentadas 500 propostas
de alteração do Código de Trânsito Brasileiro. Em 2008, foi aprovada a mudança que ficou conhecida como Lei Seca (lei de número 11.705).
Ela causou polêmica por ser uma das mais rígidas da América e da Europa: a pena para o motorista pego com 6 decigramas de álcool por litro
de sangue, o equivalente a dois chopes, é a detenção de seis meses a três anos. Quem bebe um copo pequeno de cerveja ou come dois bombons
de licor, por exemplo, pode ser pego no bafômetro e levar multa de R$ 957,70, além de perder a carteira de motorista e ter o carro retido.
No entanto, deputados e senadores querem ainda mais rigor. Um dos projetos que avança no Congresso é do senador Ricardo Ferraço
(PMDB-ES). O PL 2788/11, que foi aprovado em dezembro no Senado e chegou à Câmara, prevê tolerância zero ao álcool no volante. A ideia
de Ferraço é criminalizar o ato de dirigir sob a influência de qualquer concentração de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
dependência - ainda que o motorista não tenha se envolvido em acidentes. - Da mesma forma que é crime portar arma, deve ser crime dirigir
alcoolizado, pelo risco que isso representa. Uma vez endurecido o jogo, os indicadores de acidentes e mortes no trânsito irão se reduzir.
O senador defende ainda o uso de outras provas para comprovação da embriaguez, além do conhecido teste do bafômetro e do exame de
sangue. Poderiam ser feitos exames clínicos, perícia, provas testemunhais, fotos e vídeos. O texto prevê agravantes para os casos de acidentes.
Quem provoca a morte de alguém poderia pegar até 16 anos de prisão.
O deputado Hugo Leal (PSC-RJ), que coordena a Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro, diz que o projeto pode ser analisa-
do na Câmara no primeiro trimestre deste ano. No entanto, o texto deve passar por modificações na Comissão de Viação e Transportes. Leal
avalia, por exemplo, que a tolerância ao álcool não pode ser zero, porque deve haver margem de erro de, pelo menos, 0,1 decigramas. Além
disso, diz que a punição de 16 anos de prisão é excessiva quando comparada a outras penas criminais. - A iniciativa dele [senador Ricardo

Didatismo e Conhecimento 110


LÍNGUA PORTUGUESA
Ferraço] é positiva. É a partir dela que vamos fazer as adequações e) para o Deputado Leal é necessário buscar outras maneiras de
na Legislação. O ponto que mais interessa no projeto, explica Leal, comprovação da embriaguez, pois ainda ocorrem muitos casos de
é deixar clara a possibilidade de obter outras provas de embriaguez. motoristas que se recusam a realizar o teste do bafômetro, porque
Como existe o entendimento jurídico de que ninguém pode produzir a lei permite esta recusa pela existência do entendimento jurídico
provas contra si mesmo, muitos motoristas se recusam a fazer o teste de que ninguém pode produzir provas contra si mesmo. 02 Em 17.
do bafômetro. “É a partir dela que vamos fazer as adequações na Legislação.”, a
O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Res- sequência verbal vamos fazer pode ser substituída, mantendo-se o
taurantes), Paulo Solmucci, vê como abusivas tanto a atual Lei Seca mesmo tempo e pessoa verbal, por
quanto as tentativas de torná-la ainda mais rigorosa. - As pessoas a) fez-se.
que bebem em excesso devem ser punidas. Mas um país não pode b) fizeram.
criminalizar o cidadão responsável que toma uma taça de vinho com c) farão.
a refeição. Desde que entrou em vigor, a regra é contestada pela en- d) faremos.
tidade no STF (Supremo Tribunal Federal). Neste ano, a Corte deve e) faríamos.
fazer audiências públicas para discutir o assunto. Para a Abrasel,
a lei tem sido pouco eficaz na redução da violência no trânsito. A 18. Em “O nosso sistema preventivo é ineficaz”, o termo desta-
associação entende que seria mais eficaz trabalhar com campanhas cado exerce função de
educativas. a) predicativo do sujeito.
O presidente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina b) objeto direto.
de Tráfego), Mauro Augusto Ribeiro, é um defensor da Lei Seca, c) objeto indireto.
mas admite que faltam ajustes para que ela funcione melhor. Ele d) complemento nominal.
pede mais fiscalização e diz que a violência no trânsito é um proble- e) adjunto adverbial.
ma de saúde pública, que precisa ser combatido em várias frentes.
De acordo com o médico, a lei deve prever tolerância baixa ao ál- 19. “A maioria das propostas tem como objetivo endurecer
cool, pois as pessoas reagem de formas diferentes a seu consumo. ainda mais as punições tanto para quem bebe e assume a direção,
Quem é mais sensível ou não está acostumado com bebida pode ter mesmo que não provoque nenhuma ocorrência, quanto para o mo-
alterações importantes com apenas um copo de cerveja, teria afir- torista que efetivamente causa acidentes porque está embriagado.”
mado o médico. A expressão destacada no período estabelece relação lógico- semân-
Na opinião de Ribeiro, um dos principais pontos a serem aper- tica de
feiçoados na lei é o uso do bafômetro, que deve ser estimulado até a) causalidade.
como forma de demonstrar que o cidadão não está bêbado. Ele res- b) concessão.
salta a importância da norma e lembra que, nos primeiros 30 dias de c) finalidade.
sua aplicação, houve redução de 50% das mortes no trânsito. - Essa d) consequência
redução seria vista até hoje se a lei, de fato, funcionasse. [...] O nosso e) condição.
sistema preventivo é ineficaz. Temos uma lei que proíbe o uso de ál-
cool, mas não fiscalizamos. Se não fiscalizamos, não punimos e não 20. “Uma vez endurecido o jogo, os indicadores de acidentes e
obrigamos o uso do bafômetro. Não basta fazer uma lei. mortes no trânsito irão se reduzir.” A expressão destacada estabelece
Adaptado de http://noticias.r7.com/brasil/noticias/congresso- relação lógico-semântico de
temmais-de-50-projetos-para-endurecer-a-lei-seca-20130120.htm, a) consequência.
22 de janeiro de 2012 b) tempo.
c) finalidade.
16. De acordo com o texto, é correto afirmar que d) concessão.
a) as leis que estão em trâmite no Congresso Nacional visam e) causa.
punir mais duramente e restritamente aquelas pessoas embriagadas
que assumem a direção de automóveis e acabam provocando aci- 21. Assinale a alternativa em que o termo destacado é um pro-
dentes fatais. nome relativo.
b) no Congresso Nacional, entre os parlamentares é de consen- a) “Ele ressalta a importância da norma e lembra que, nos pri-
so de todos que não deve haver tolerância para nenhuma quantidade meiros 30 dias de sua aplicação, houve redução de 50% das mortes
de álcool no organismo de quem assume a direção de um veículo e no trânsito.”
que a pena para os infratores deve ser superior a 16 anos de prisão. b) “A associação entende que seria mais eficaz trabalhar com
c) a bebida atua da mesma maneira em diferentes indivíduos, campanhas educativas.”
independente da tolerância de cada um, o resultado é sempre o mes- c) “A perigosa combinação entre álcool e volante é tema de
mo, um copo de cerveja ingerido por diferentes indivíduos apresen- pelo menos 50 projetos de lei que estão em tramitação no Congresso
tará a mesma reação em cada um deles. Nacional atualmente.”
d) a Lei Seca, aprovada em 2008 no Brasil, não é considerada d) “... ainda que o motorista não tenha se envolvido em aci-
muito rígida, pois há na Europa e na América leis com punições dentes.
muito mais rígidas para pessoas que cometem infrações que envol- e) “... diz que o projeto pode ser analisado na Câmara no pri-
vem bebida alcoólica e direção. meiro trimestre deste ano.

Didatismo e Conhecimento 111


LÍNGUA PORTUGUESA
22. “Da mesma forma que é crime portar arma, deve ser crime GABARITO
dirigir alcoolizado, pelo risco que isso representa.” O termo destaca-
do na oração apresenta relação lógico-semântica de TESTES DE CONCURSOS
a) causa.
b) tempo.
01 C
c) finalidade.
d) condição. 02 B
e) proporção.
03 A
23. “Se não fiscalizamos, não punimos e não obrigamos o uso 04 E
do bafômetro.”
A vírgula empregada no fragmento acima foi empregada para 05 B
separar 06 B
a) oração subordinada adverbial concessiva anteposta.
b) oração subordinada adverbial causal posposta. 07 A
c) oração subordinada adjetiva explicativa. 08 D
d) oração subordinada adjetiva restritiva.
e) oração subordinada adverbial condicional anteposta. 09 C
10 B
24. “O PL 2788/11, que foi aprovado em dezembro no Senado
e chegou à Câmara, prevê tolerância zero ao álcool no volante.” O 11 B
fragmento extraído do texto apresenta um emprego correto da crase,
12 D
assinale abaixo a alternativa que também apresenta a crase empre-
gada corretamente. 13 E
a) O deputado chegou à criticar as atitudes dos companheiros
14 A
sobre as mudanças da Lei Seca.
b) Os motoristas alcoolizados muitas vezes se recusam à fazer 15 E
o teste do bafômetro.
c) Atitudes foram tomadas em relação à coibir o abuso de be- 16 E
bidas alcoólicas. 17 D
d) Foi revelado à ele que não haveria tolerância quanto aos er-
ros cometidos. 18 A
e) A união entre os políticos levou à unanimidade de aprovação 19 B
no momento da votação.
20 B
25. “Quem é mais sensível ou não está acostumado com bebida 21 C
pode ter alterações importantes com apenas um copo de cerveja, te-
ria afirmado o médico.” 22 A
A expressão verbal destacada está no
23 E
a) pretérito perfeito do indicativo.
b) futuro do presente composto do indicativo. 24 E
c) pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
25 D
d) futuro do pretérito composto do indicativo.
e) pretérito perfeito do subjuntivo

Didatismo e Conhecimento 112


RACIOCÍNIO LÓGICO E
MATEMÁTICO
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
5. (Eletricista-Pref. Municipal Botucatu/2012) O resultado
1 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS de 3.(2 – 0,04 - 18 ) é:
ENVOLVENDO FRAÇÕES, CONJUNTOS, A) 2,13
PORCENTAGENS, SEQUÊNCIAS B) 5,505
(COM NÚMEROS, COM FIGURAS, DE C) 5,835
PALAVRAS). D) 6,255
E) 9,63

6. ( Concurso Soldado PM/MG-2013) Marque a alternati-


va CORRETA. O preço de uma blusa, para pagamento através de
1. (Concurso METRÔ/SP-2013) Simplificando a expressão cartão de crédito, é de R$ 15,00. Com pagamento à vista, com
(0,5) 3 − (0,06) 2 dinheiro, a blusa pode ser comprada pelo valor de R$ 12,00. Já
obtém-se
0,0004 com pagamento com cartão de débito, o preço cobrado é R$ 14,40.
Considerando estas ofertas desta loja, as taxa de juros cobrados
(A) 0,0607.
nas vendas por cartão de crédito e de débito são, respectivamente:
(B) 0,607.
A. ( ) 30% e 12 %
(C) 6,07.
B. ( ) 25 % e 20 %
(D) 60,7.
C. ( ) 27% e 3 %
(E) 607.
D. ( ) 15% e 10%
2. (Concurso Escriturário B. Brasil/2013) Renato aplicou
R$ 1.800,00 em ações e, no primeiro dia, perdeu ½ do valor aplica- 7. (Concurso de Agente Fiscal Sanitário-Prefeitura de
do. No segundo dia Renato ganhou 4/5 do valor que havia sobrado Indaiatuba-SP-2013) Ao comprar um eletrodoméstico em uma
no primeiro dia, e no terceiro dia perdeu 4/9 do valor que havia loja que estava dando 20% de desconto, o cliente ganhou um des-
sobrado no dia anterior. Ao final do terceiro dia de aplicação, Re- conto de R$500,00. Qual era o preço do eletrodoméstico e quanto
nato tinha, em R$, foi pago por ele respectivamente.
a) R$2.720,00 e R$2.240,00
3. (Concurso Soldado PM/SP-2011) Um professor de mate- b) R$1.900,00 e R$1.400,00
mática disse para sua classe que a nota mais alta obtida na prova c) R$2.500,00 e R$2.000,00
era o resultado da expressão: d) R$3.500,00 e R$3.000,00
3
 (−5) 2 + 81  8. (Concurso de Agente Fiscal Sanitário-Prefeitura de
NOTA =   Indaiatuba-SP-2013) Todo mês vem descontado na folha de pa-
 17  gamento de um trabalhador o valor de 280,00 reais. Sabendo que
o salário bruto deste trabalhador é de R$1.400,00, este desconto
Então a referida nota foi: equivale a quantos por cento do salário do trabalhador?
A) 9 a) 5%
B) 8 b) 20%
c) 7 c) 2%
D) 6 d) 25%
E) 5
9. O professor André trabalha 150 horas por mês e ganha R$
4. (Concurso Escriturário B. Brasil/2011) O valor da expres- 20,00 (vinte reais) por hora trabalhada. No mês que vem, ele vai
A2 − B 3 ter um aumento de 25% sobre o valor da hora trabalhada. Quanto
são A B + B A o professor André vai passar a receber em um ano de trabalho com
o seu novo salario?
Para A = 2 e B = -1 é um número compreendido entre:
A) -2 e 1 10. Tiago, André e Gustavo foram premiados em um ”bolão”
B) 1 e 4 do Campeonato Brasileiro. Tiago vai ficar com 40% do valor total
C) 4 e 7 do premio enquanto André e Gustavo vão dividir o restante igual-
D) 7 e 9 mente entre dois. Se Gustavo vai receber R$ 600,00, então qual é
E) 9 e 10 o premio total?

11.  Um comerciante que não possuía conhecimentos de ma-


temática, comprou uma mercadoria por R$200,00. Acresceu a esse
valor, 50% de lucro. Certo dia, um freguês pediu um desconto, e o
comerciante deu um desconto de 40% sobre o novo preço, pensan-
do que, assim, teria um lucro de 10%. O comerciante teve lucro ou
prejuízo? Qual foi esse valor?

Didatismo e Conhecimento 1
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
12. Observe atentamente a disposição das cartas em cada linha Se tal critério for mantido, para obter as figuras subsequentes,
do esquema seguinte: o total de pontos da figura de número 15 deverá ser:
(A) 69
(B) 67
(C) 65
(D) 63
(E) 61

14. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000, 990,


970, 940, 900, 850, ...
(A) 800
(B) 790
(C) 780
(D) 770

15. CASA: LATA: LOBO: ?


(A) SOCO
(B) TOCO
(C) TOMO
(D) VOLO
(E) VOTO

16. ABCA: DEFD: HIJH: ?


(A) IJLI
(B) JLMJ
(C) LMNL
(D) FGHF
A carta que está oculta é:
(E) EFGE
(A) (B) (C)
17. Quantas vezes você usa o algarismo 9 para numerar as
páginas de um livro de 100 páginas?

18. Reposicione três palitos e obtenha cinco quadrados.

(D) (E)

19. Mude a posição de quatro palitos e obtenha cinco triân-


gulos.

13. Considere que a sequência de figuras foi construída segun-


do um certo critério.

Didatismo e Conhecimento 2
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
20. A cidade de Peixoto de Azevedo tem aproximadamente 8. Para saber a porcentagem do desconto de maneira rápida
19.224 habitantes. Se um terço da população é composta de jo- dividimos o desconto pelo salário bruto
vens, pode-se dizer que: 280 : 1400 = 0,20 = 20%
a.) o número de jovens é superior a 7.000 Resp: Alternativa B
b.) o número de jovens é igual a 648
c.) o número de jovens está entre 6.000 e 7000 9. 150 . 20 = 3000 reais
d ) o número de jovens é inferior a 5.000 Com 25% de aumento : 3000 . 1,25 = 3750 reais por mês
e.) o número de jovens é igual a 6.480 Em um ano : 3750 . 12 = 45000 reais

Respostas 10. Se Tiago vai ficar com 40% então André e Gustavo ficarão
com 30% cada um
Sabemos que Gustavo recebeu 600 reais que representa 30%
1. do premio
600: 3 = 200 que é 10% do premio
200 . 10 = 2000 reais que é o total do premio.
Resp: Alternativa C
11. Preço de custo:  200
2. 1° dia : 1800 – 900 = 900 Preço de venda:  200 . 1,50 = 300  (1,50 representa  preço de
2°: ganhou 4/5 de 900 = 720 custo +  50% )
900 + 720 = 1620 Preço com  desconto :  300 . 0,60 = 180 (0,60 representa  60%
3° dia: perdeu 4/9 de 1620 = 720 do valor porque o desconto foi de 40%)
1620 – 720 = 900 Resposta:  20 reais de prejuízo
Resp: Ficou com 900 reais
12. A diferença entre os números estampados nas cartas 1 e
2, em cada linha, tem como resultado o valor da 3ª carta e, além
disso, o naipe não se repete. Assim, a 3ª carta, dentro das opções
3. Nota =
dadas só pode ser a da opção (A).
Resp: A nota mais alta foi 8 – Alternativa B
13. Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de sime-
tria, tem-se:
Na figura 1: 01 ponto de cada lado → 02 pontos no total.
4.
Na figura 2: 02 pontos de cada lado → 04 pontos no total.
Na figura 3: 03 pontos de cada lado → 06 pontos no total.
Na figura 4: 04 pontos de cada lado → 08 pontos no total.
Alternativa B Na figura n: n pontos de cada lado → 2.n pontos no total.
5. 1/8 = 1 : 8 = 0,125 Em particular:
3. (2 – 0,04 – 0,125) = 3. (1,835) = 5,505 Na figura 15: 15 pontos de cada lado → 30 pontos no total.
Alternativa B
Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de simetria,
6. Preço à vista – 12,00 tem-se:
No cartão de crédito – 15,00 ( acréscimo de 3,00 ) Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo → 04 pontos no total.
3 : 12 = 0,25 = 25% Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo → 06 pontos no total.
No cartão de débito – 14,40 (acréscimo de 2,40 ) Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo → 08 pontos no total.
2,40 : 12 = 0,20 = 20% Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo → 10 pontos no total.
Resp: Alternativa B Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo → 2.(n+1) pontos
no total.
7. Para resolver usamos uma regra de Três simples e direta
valor % Em particular:
500 20 Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo → 32 pontos no total.
X 100 Incluindo o ponto central, que ainda não foi considerado, temos
Multiplicando em Cruz temos para total de pontos da figura 15: Total de pontos = 30 + 32 + 1 =
20 x = 500 . 100 63 pontos.
20 x = 50000
X = 50000/20 14. Nessa sequência, observamos que a diferença: entre 1000
X = 2500 e 990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30, entre 940
O preço do eletrodoméstico era 2500 reais e o valor pago foi e 900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre 850 e o próximo
2000 reais número é 60, dessa forma concluímos que o próximo número é
Resp: Alternativa C 790, pois: 850 – 790 = 60.

Didatismo e Conhecimento 3
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
15. Na 1ª e na 2ª sequências, as vogais são as mesmas: letra
“A”. Portanto, as vogais da 4ª sequência de letras deverão ser as
mesmas da 3ª sequência de letras: “O”. A 3ª letra da 2ª sequência 2 RACIOCÍNIO LÓGICO - MATEMÁTICO:
é a próxima letra do alfabeto depois da 3ª letra da 1ª sequência de PROPOSIÇÕES
letras. Portanto, na 4ª sequência de letras, a 3ª letra é a próxima le-
tra depois de “B”, ou seja, a letra “C”. Em relação à primeira letra,
tem-se uma diferença de 7 letras entre a 1ª letra da 1ª sequência e a
1ª letra da 2ª sequência. Portanto, entre a 1ª letra da 3ª sequência e 1. Proposição
a 1ª letra da 4ª sequência, deve ocorrer o mesmo fato. Com isso, a
1ª letra da 4ª sequência é a letra “T”. Logo, a 4ª sequência de letras Proposição ou sentença é um termo utilizado para exprimir
é: T, O, C, O, ou seja, TOCO. ideias, através de um conjunto de palavras ou símbolos. Este con-
junto descreve o conteúdo dessa ideia.
16. Na 1ª sequência de letras, ocorrem as 3 primeiras letras do São exemplos de proposições:
alfabeto e, em seguida, volta-se para a 1ª letra da sequência. Na 2ª p: Pedro é médico.
sequência, continua-se da 3ª letra da sequência anterior, formando- q: 5 > 8
-se DEF, voltando-se novamente, para a 1ª letra desta sequência: r: Luíza foi ao cinema ontem à noite.
D. Com isto, na 3ª sequência, têm-se as letras HIJ, voltando-se
para a 1ª letra desta sequência: H. Com isto, a 4ª sequência iniciará 2. Princípios fundamentais da lógica
pela letra L, continuando por M e N, voltando para a letra L. Logo,
a 4ª sequência da letra é: LMNL
Princípio da Identidade: A é A. Uma coisa é o que é. O que
é, é; e o que não é, não é. Esta formulação remonta a Parménides
17. 09 – 19 – 29 – 39 – 49 – 59 – 69 – 79 – 89 – 90 – 91 – 92
de Eleia.
– 93 – 94 – 95 – 96 – 97 – 98 – 99. Portanto, são necessários 20
algarismos.
Principio da não contradição: Uma proposição não pode ser
18. verdadeira e falsa, ao mesmo tempo.

Principio do terceiro excluído: Uma alternativa só pode ser


verdadeira ou falsa.

3. Valor lógico 

Considerando os princípios citados acima, uma proposição é


classificada como verdadeira ou falsa.
Sendo assim o valor lógico será:
- a verdade (V), quando se trata de uma proposição verdadeira.
- a falsidade (F), quando se trata de uma proposição falsa.

4. Conectivos lógicos 
19.
Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar as pro-
posições formando novas sentenças.
Os principais conectivos lógicos são: 

~ não
∧ e
V Ou
→  se…então
↔ se e somente se
20. 1/3 de 19224
1/3. 19224 = 6408 Alternativa C

Didatismo e Conhecimento 4
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
5. Proposições simples e compostas

As proposições simples são assim caracterizadas por apresentarem apenas uma ideia. São indicadas pelas letras minúsculas: p, q, r, s, t...
As proposições compostas são assim caracterizadas por apresentarem mais de uma proposição conectadas pelos conectivos lógicos. São
indicadas pelas letras maiúsculas: P, Q, R, S, T...
Obs: A notação Q(r, s, t), por exemplo, está indicando que a proposição composta Q é formada pelas proposições simples r, s e t.

Exemplo:
Proposições simples:
p: Meu nome é Raissa 
q: São Paulo é a maior cidade brasileira 
r: 2+2=5 
s: O número 9 é ímpar 
t: O número 13 é primo

Proposições compostas 
P: O número 12 é divisível por 3 e 6 é o dobro de 12. 
Q: A raiz quadrada de 9 é 3 e 24 é múltiplo de 3. 
R(s, t): O número 9 é ímpar e o número 13 é primo.

6. Tabela-Verdade

A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógico de uma proposição composta, sendo que os valores das proposições simples já
são conhecidos. Pois o valor lógico da proposição composta depende do valor lógico da proposição simples. 
A seguir vamos compreender como se constrói essas tabelas-verdade partindo da árvore das possibilidades dos valores lógicos das
preposições simples, e mais adiante veremos como determinar o valor lógico de uma proposição composta.

Proposição composta do tipo P(p, q)

Proposição composta do tipo P(p, q, r)

Didatismo e Conhecimento 5
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Proposição composta do tipo P(p, q, r, s)  Exemplo
A tabela-verdade possui 24 = 16 linhas e é formada igualmente
as anteriores. p = 2 é par 
q = o céu é rosa
p Λ q = 2 é par e o céu é rosa 

P q pΛq
Proposição composta do tipo P(p1, p2, p3,..., pn)
A tabela-verdade possui 2n  linhas e é formada igualmente as V F F
anteriores.
p = 9 < 6 
q = 3 é par
p Λ q: 9 < 6 e 3 é par 
CONECTIVOS
P q pΛq
F F F
7. O conectivo não e a negação 9. O conectivo ou e a disjunção
O conectivo  não  e a  negação  de uma proposição p  é outra O conectivo ou e a disjunção de duas proposições p e q é outra
proposição que tem como valor lógico V se p for falsa e F se p é proposição que tem como valor lógico V se alguma das proposições
verdadeira. O símbolo ~p (não p) representa a negação de p com for verdadeira e F se as duas forem falsas. O símbolo p ∨ q (p ou
a seguinte tabela-verdade:  q) representa a disjunção, com a seguinte tabela-verdade: 

P ~P P q pVq
V F V V V
F V V F V
Exemplo: F V V
F F F
p = 7 é ímpar 
~p = 7 não é ímpar  Exemplo:

P ~P p = 2 é par 
q = o céu é rosa 
V F p ν q = 2 é par ou o céu é rosa 
q = 24 é múltiplo de 5 
~q = 24 não é múltiplo de 5  P q pVq
V F V
q ~q
10. O conectivo se… então… e a condicional
F V
A condicional se p então q é outra proposição que tem como
8. O conectivo e e a conjunção valor lógico F se p é verdadeira e q é falsa. O símbolo p → q re-
presenta a condicional, com a seguinte tabela-verdade: 
O conectivo  e  e a  conjunção  de duas proposições  p  e q  é
outra proposição que tem como valor lógico V  se p e q forem
verdadeiras, e F em outros casos. O símbolo p Λ q (p e q) repre- P q p→q
senta a conjunção, com a seguinte tabela-verdade:  V V V
V F F
P q pΛq F V V
V V V F F V
V F F
F V F
F F F

Didatismo e Conhecimento 6
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Exemplo:

P: 7 + 2 = 9 
Q: 9 – 7 = 2 
p → q: Se 7 + 2 = 9 então 9 – 7 = 2 

P q p→q
V V V

p = 7 + 5 < 4 
q = 2 é um número primo 
p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo. 

P q p→q
F V V

p = 24 é múltiplo de 3 q = 3 é par 


p → q: Se 24 é múltiplo de 3 então 3 é par. 

P q p→q
V F F

p = 25 é múltiplo de 2 
q = 12 < 3 
p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3. 

P q p→q
F F V

11. O conectivo se e somente se e a bicondicional

A bicondicional p se e somente se q é outra proposição que tem como valor lógico V se p e q forem ambas verdadeiras ou ambas falsas,
e F nos outros casos. 
O símbolo     representa a bicondicional, com a seguinte tabela-verdade: 

P q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V

Exemplo

p = 24 é múltiplo de 3 
q = 6 é ímpar  
= 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ímpar. 

P q p↔q
V F F

Didatismo e Conhecimento 7
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
12. Tabela-Verdade de uma proposição composta

Exemplo

Veja como se procede a construção de uma tabela-verdade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) → (p ⋀ q), onde p e q são
duas proposições simples.

Resolução

Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q) possui 24 = 4 linhas, logo: 

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V          
V F          
F V          
F F          

Agora veja passo a passo a determinação dos valores lógicos de P.

a) Valores lógicos de p ν q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V        
V F V        
F V V        
F F F        

b) Valores lógicos de ~P

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F      
V F V F      
F V V V      
F F F V      

c) Valores lógicos de (p V p)→(~p)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F    
V F V F F    
F V V V V    
F F F V V    

d) Valores lógicos de p Λ q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V  
V F V F F F  
F V V V V F  
F F F V V F  

Didatismo e Conhecimento 8
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
e) Valores lógicos de ((p V p)→(~p))→(p Λ q)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V V
V F V F F F V
F V V V V F F
F F F V V F F

13. Tautologia

Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma Tautologia se ela for sempre verdadeira,
independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem.

Exemplos:
• Gabriela passou no concurso do INSS ou Gabriela não passou no concurso do INSS
• Não é verdade que o professor Zambeli parece com o Zé gotinha ou o professor Zambeli parece com o Zé gotinha.
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor.

Exemplo:
Grêmio cai para segunda divisão ou o Grêmio não cai para segunda divisão
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda de “~p” e o conetivo de “V”
Assim podemos representar a “frase” acima da seguinte forma: p V ~p

Exemplo
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a tabela-verdade. 

p ~P pVq
V F V
F V V

Exemplo

A proposição (p Λ q) → (p  q) é uma tautologia, pois a última coluna da tabela-verdade só possui V. 

p q pΛq p↔q (p Λ q)→(p↔q)


V V V V V
V F F F V
F V F F V
F F F V V

14. Contradição

Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma contradição se ela for sempre falsa, inde-
pendentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem

Exemplos:
• O Zorra total é uma porcaria e Zorra total não é uma porcaria
• Suelen mora em Petrópolis e Suelen não mora em Petrópolis
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso melhor.

Exemplo:
Lula é o presidente do Brasil e Lula não é o presidente do Brasil
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda de “~p” e o conetivo de “^”
Assim podemos representar a “frase” acima da seguinte forma: p ^ ~p

Didatismo e Conhecimento 9
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Exemplo
A proposição (p Λ q) Λ (p Λ q) é uma contradição, pois o seu valor lógico é sempre F conforme a tabela-verdade. Que significa que
uma proposição não pode ser falsa e verdadeira ao mesmo tempo, isto é, o princípio da não contradição.

p ~P q Λ (~q)
V F F
F V F

15. Contingência

Quando uma proposição não é tautológica nem contra válida, a chamamos de contingência ou proposição contingente ou proposição
indeterminada.
A contingência ocorre quando há tanto valores V como F na última coluna da tabela-verdade de uma proposição. Exem-
plos: P∧Q , P∨Q , P→Q ...

EQUIVALÊNCIA

16. Equivalência lógica

Definição
Há equivalência entre as proposições P e Q somente quando a bicondicional P ↔ Q for uma tautologia ou quando P e Q tiverem a
mesma tabela-verdade. P ⇔ Q (P é equivalente a Q) é o símbolo que representa a equivalência lógica. 

Diferenciação dos símbolos ↔ e ⇔


O símbolo ↔ representa uma operação entre as proposições P e Q, que tem como resultado uma nova proposição P ↔ Q com valor
lógico V ou F.
O símbolo ⇔ representa a não ocorrência de VF e de FV na tabela-verdade P ↔ Q, ou ainda que o valor lógico de P ↔ Q é sempre V,
ou então P ↔ Q é uma tautologia.

Exemplo
A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será: 

p q ~q ~p p→q ~q→~p (p→q)↔(~q→~p)


V V F F V V V
V F V F F F V
F V F V V V V
F F V V V V V

Portanto, p → q é equivalente a ~q → ~p, pois estas proposições possuem a mesma tabela-verdade ou a bicondicional (p → q) ↔ (~q
→ ~p) é uma tautologia.
Veja a representação:
(p → q) ⇔ (~q → ~p)

EQUIVALÊNCIAS LOGICAS NOTÁVEIS

Dizemos que duas proposições são logicamente equivalentes (ou simplesmente equivalentes) quando os resultados de suas tabelas-
-verdade são idênticos.
Uma consequência prática da equivalência lógica é que ao trocar uma dada proposição por qualquer outra que lhe seja equivalente,
estamos apenas mudando a maneira de dizê-la.
A equivalência lógica entre duas proposições, p e q, pode ser representada simbolicamente como: p q, ou simplesmente por p = q.
Começaremos com a descrição de algumas equivalências lógicas básicas.

Didatismo e Conhecimento 10
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Equivalências Básicas Equivalências com o Símbolo da Negação

1. p e p = p Este tipo de equivalência já foi estudado. Trata-se, tão somen-


Ex: André é inocente e inocente = André é inocente te, das negações das proposições compostas! Lembremos:

2. p ou p = p
Ex: Ana foi ao cinema ou ao cinema = Ana foi ao cinema

3. p e q = q e p
Ex: O cavalo é forte e veloz = O cavalo é veloz e forte

4. p ou q = q ou p
Ex: O carro é branco ou azul = O carro é azul ou branco

5. p ↔ q = q ↔ p
Ex: Amo se e somente se vivo = Vivo se e somente se amo. É possível que surja alguma dúvida em relação a última
linha da tabela acima. Porém, basta lembrarmos do que foi apren-
6. p ↔ q = (pq) e (qp) dido:
Ex: Amo se e somente se vivo = Se amo então vivo, e se vivo p↔q = (pq) e (qp)
então amo
Para facilitar a memorização, veja a tabela abaixo: (Obs: a BICONDICIONAL tem esse nome: porque equivale
a duas condicionais!)
Para negar a bicondicional, teremos na verdade que negar a
sua conjunção equivalente.
E para negar uma conjunção, já sabemos, nega-se as duas par-
tes e troca-se o E por OU. Fica para casa a demonstração da nega-
ção da bicondicional. Ok?

Outras equivalências

Algumas outras equivalências que podem ser relevantes são


as seguintes:

1) p e (p ou q) = p
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é médico =
Paulo é dentista
Equivalências da Condicional
2) p ou (p e q) = p
As duas equivalências que se seguem são de fundamental Ex: Paulo é dentista, ou Paulo é dentista e Pedro é médico =
importância. Estas equivalências podem ser verificadas, ou seja, Paulo é dentista
demonstradas, por meio da comparação entre as tabelas-verdade.
Fica como exercício para casa estas demonstrações. As equivalên- Por meio das tabelas-verdade estas equivalências podem ser
cias da condicional são as seguintes: facilmente demonstradas.
Para auxiliar nossa memorização, criaremos a tabela seguinte:
1) Se p então q = Se não q então não p.
Ex: Se chove então me molho = Se não me molho então não
chove

2) Se p então q = Não p ou q.
Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo ou passo
no concurso NEGAÇAO DE PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
Colocando estes resultados em uma tabela, para ajudar a me-
morização, teremos:

Didatismo e Conhecimento 11
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
3. (PC-MA - Farmacêutico Legista - FGV/2012)
Em frente à casa onde moram João e Maria, a prefeitura está
IMPLICAÇÃO LÓGICA
fazendo uma obra na rua. Se o operário liga a britadeira, João sai
de casa e Maria não ouve a televisão. Certo dia, depois do almoço,
Maria ouve a televisão.
Implicação lógica Pode-se concluir, logicamente, que
Definição A) João saiu de casa.
A proposição P implica a proposição Q, quando a condicio- B) João não saiu de casa.
nal P → Q for uma tautologia. C) O operário ligou a britadeira.
O símbolo P ⇒ Q (P implica Q) representa a implicação ló- D) O operário não ligou a britadeira.
gica.  E) O operário ligou a britadeira e João saiu de casa.

Diferenciação dos símbolos → e ⇒ (TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012)


O símbolo → representa uma operação matemática entre as Em decisão proferida acerca da prisão de um réu, depois de
proposições P e Q que tem como resultado a proposição P → Q, constatado pagamento de pensão alimentícia, o magistrado deter-
com valor lógico V ou F. minou: “O réu deve ser imediatamente solto, se por outro motivo
O símbolo  ⇒  representa a não ocorrência de  VF  na tabela- não estiver preso”.
verdade de  P  →  Q, ou ainda que o valor lógico da condicio- Considerando que a determinação judicial corresponde a uma
nal P → Q será sempre V, ou então que P → Q é uma tautologia.  proposição e que a decisão judicial será considerada descumprida
Exemplo se, e somente se, a proposição correspondente for falsa, julgue os
A tabela-verdade da condicional (p Λ q) → (p ↔ q) será:  itens seguintes.

p q pΛq P↔Q (p Λ q)→(P↔Q) 4. Se o réu permanecer preso, mesmo não havendo outro moti-
V V V V V vo para estar preso, então, a decisão judicial terá sido descumprida.
A) Certo
V F F F V B) Errado
F V F F V
F F F V V 5. Se o réu for imediatamente solto, mesmo havendo outro
motivo para permanecer preso, então, a decisão judicial terá sido
Portanto, (p Λ q) → (p ↔ q) é uma tautologia, por isso (p Λ descumprida.
q) ⇒ (p ↔q) A) Certo
B) Errado
EXERCICIOS:
6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro mo-
1. (PROCERGS - Técnico de Nível Médio - Técnico em Se- tivo, deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for imediata-
gurança do Trabalho - FUNDATEC/2012) A proposição “João mente solto, então, ele está preso por outro motivo” são logica-
comprou um carro novo ou não é verdade que João comprou um mente equivalentes.
carro novo e não fez a viagem de férias.” é: A) Certo
A) um paradoxo. B) Errado
B) um silogismo.
C) uma tautologia. 7. A negação da proposição relativa à decisão judicial estará
D) uma contradição. corretamente representada por “O réu não deve ser imediatamente
E) uma contingência. solto, mesmo não estando preso por outro motivo”.
A) Certo
2. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - FCC /2012) B) Errado
A negação lógica da proposição: “Pedro é o mais velho da
classe ou Jorge é o mais novo da classe” é 8. (Polícia Civil/SP - Investigador – VUNESP/2014) Um
A) Pedro não è o mais novo da classe ou Jorge não é o mais antropólogo estadunidense chega ao Brasil para aperfeiçoar seu
velho da classe. conhecimento da língua portuguesa. Durante sua estadia em nos-
B) Pedro é o mais velho da classe e Jorge não é o mais novo so país, ele fica muito intrigado com a frase “não vou fazer coisa
da classe. nenhuma”, bastante utilizada em nossa linguagem coloquial. A dú-
C) Pedro não é o mais velho da classe e Jorge não é o mais vida dele surge porque
novo da classe. A) a conjunção presente na frase evidencia seu significado.
D) Pedro não é o mais novo da classe e Jorge não é o mais B) o significado da frase não leva em conta a dupla negação.
velho da classe. C) a implicação presente na frase altera seu significado.
E) Pedro é o mais novo da classe ou Jorge é o mais novo da D) o significado da frase não leva em conta a disjunção.
classe. E) a negação presente na frase evidencia seu significado.

Didatismo e Conhecimento 12
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
9. (Receita Federal do Brasil – Analista Tributário - ESAF/2012) 15. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) O argu-
A negação da proposição “se Paulo estuda, então Marta é atleta” é mento apresentado é um argumento válido.
logicamente equivalente à proposição: ( )Certo ( ) Errado
A) Paulo não estuda e Marta não é atleta.
B) Paulo estuda e Marta não é atleta. 16. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A nega-
C) Paulo estuda ou Marta não é atleta. ção da proposição P1 pode ser escrita como “Se a impunidade não
D) se Paulo não estuda, então Marta não é atleta. é alta, então a criminalidade não é alta”.
E) Paulo não estuda ou Marta não é atleta. ( )Certo ( ) Errado

Respostas:
10. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CE-
TRO/2012) Se Viviane não dança, Márcia não canta. Logo, 1- Tautologia é uma proposição composta cujo resultado é
A) Viviane dançar é condição suficiente para Márcia cantar. sempre verdadeiro para todas as atribuições que se têm, indepen-
B) Viviane não dançar é condição necessária para Márcia não dentemente dessas atribuições. Rodrigo, posso estar errada, mas ao
cantar. construir a tabela-verdade com a proposição que você propôs não
C) Viviane dançar é condição necessária para Márcia cantar. vamos ter uma tautologia, mas uma contingência.
D) Viviane não dançar é condição suficiente para Márcia cantar. A proposição a ser utilizada aqui seria a seguinte: P v ~(P ^
E) Viviane dançar é condição necessária para Márcia não can- ~Q), que, ao construirmos a tabela-verdade ficaria da seguinte for-
tar. ma:

11. (BRDE - ANALISTA DE SISTEMAS - AOCP/2012) Con- P Q ~Q (P/\~Q) ~(P/\~Q) P V ~(P/\~Q)


sidere a sentença: “Se Ana é professora, então Camila é médica.” A V V F F V V
proposição equivalente a esta sentença é
V F V V F V
A) Ana não é professora ou Camila é médica.
B) Se Ana é médica, então Camila é professora. F V F F V V
C) Se Camila é médica, então Ana é professora. F F V F V V
D) Se Ana é professora, então Camila não é médica.
E) Se Ana não é professora, então Camila não é médica. 2- p v q= Pedro é o mais velho da classe ou Jorge é o mais
novo da classe.
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Consideran- ~p=Pedro não é o mais velho da classe.
do que P e Q representem proposições conhecidas e que V e F re- ~q=Jorge não é o mais novo da classe.
presentem, respectivamente, os valores verdadeiro e falso, julgue os ~(p v q)=~p v ~q= Pedro não é o mais velho da classe ou Jorge
próximos itens. (374 a 376) não é o mais novo da classe.

3- “Se o operário liga a britadeira, João sai de casa e Maria


12. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) (PC/DF – não ouve a televisão”, logo se Maria ouve a televisão, a britadeira
Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) As proposições Q e P (¬ Q) não pode estar ligada.
são, simultaneamente, V se, e somente se, P for F.
( )Certo ( ) Errado 4- A decisão judicial é “O réu deve ser imediatamente solto,
se por outro motivo não estiver preso”, logo se o réu continuar pre-
13. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A propo- so sem outro motivo para estar preso, será descumprida a decisão
sição [PvQ]Q é uma tautologia. judicial.
( )Certo ( ) Errado
5- P = se houver outro motivo
14. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Se P for F Q = será solto
e P v Q for V, então Q é V. A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V
( )Certo ( ) Errado A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V
Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse V + F
=F
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013)
P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta. 6- O réu não estiver preso por outro motivo = ~P
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz. Deve ser imediatamente solto = S
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres. Se o réu não estiver preso por outro motivo, deve ser imedia-
P4: Há criminosos livres. tamente solto=P S
C: Portanto a criminalidade é alta. Se o réu não for imediatamente solto, então, ele está preso por
Considerando o argumento apresentado acima, em que P1, outro motivo = ~SP
P2, P3 e P4 são as premissas e C, a conclusão, julgue os itens De acordo com a regra de equivalência (A B) = (~B ~A) a
subsequentes. (377 e 378) questão está correta.

Didatismo e Conhecimento 13
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
7- “O réu deve ser imediatamente solto, se por outro 12- Observando a tabela-verdade da proposição composta
motivo não estiver preso” está no texto, assim: “P (¬ Q)”, em função dos valores lógicos de “P” e “Q”, temos:
P = “Por outro motivo não estiver preso”
Q = “O réu deve ser imediatamente solto”
P Q ¬Q P→(¬Q)
PQ, a negação ~(P Q) = P e ~Q
P e ~Q = Por outro motivo estiver preso o réu não deve ser V V F F
imediatamente solto” V F V V
F V F V
8- ~(~p) é equivalente a p
Logo, uma dupla negação é equivalente a afirmar. F F V V
RESPOSTA: “B”.
Observando-se a 3 linha da tabela-verdade acima, ―Q‖ e
9- A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B” ―P ® (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, ―P‖ for F.
(AB) será da forma: Resposta: CERTO.
~(A B) A^ ~B
Ou seja, para negarmos uma proposição composta represen- 13- Construindo a tabela-verdade da proposição composta:
tada por uma condicional, devemos confirmar sua primeira parte [P Ú Q] ® Q, teremos como solução:
(“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo conectivo conjun-
ção (“^”) e negarmos sua segunda parte (“~ B”). Assim, teremos:
RESPOSTA: “B”. P Q Pv Q (Pv Q)→Q (p^~q)↔(~p v q)
V V V V→V V
10- Inicialmente, reescreveremos a condicional dada na for- V F V V→F F
ma de condição suficiente e condição necessária:
“Se Viviane não dança, Márcia não canta” F V V V→V V
1ª possibilidade: Viviane não dançar é condição suficiente F F F F→F V
para Márcia não cantar. Não há RESPOSTA: para essa possibi-
lidade. P(P;Q) = VFVV
2ª possibilidade: Márcia não cantar é condição necessária para Portanto, essa proposição composta é uma contingência ou
Viviane não dançar.. Não há RESPOSTA: para essa possibilidade. indeterminação lógica.
Não havendo RESPOSTA: , modificaremos a condicional
Resposta: ERRADO.
inicial, transformando-a em outra condicional equivalente, nesse
caso utilizaremos o conceito da contrapositiva ou contra posição:
pq ~q ~p 14- Lembramos que uma disjunção simples, na forma: “P
“Se Viviane não dança, Márcia não canta” “Se Márcia canta, vQ”, será verdadeira (V) se, pelo menos, uma de suas partes for
Viviane dança” verdadeira (V). Nesse caso, se “P” for falsa e “PvQ” for verda-
Transformando, a condicional “Se Márcia canta, Viviane dan- deira, então “Q” será, necessariamente, verdadeira.
ça” na forma de condição suficiente e condição necessária, obtere- Resposta: CERTO.
mos as seguintes possibilidades:
1ª possibilidade: Márcia cantar é condição suficiente para Vi- 15- Verificaremos se as verdades das premissas P1, P2, P3 e
viane dançar. Não há RESPOSTA: para essa possibilidade. P4 sustentam a verdade da conclusão. Nesse caso, devemos con-
2ª possibilidade: Viviane dançar é condição necessária para siderar que todas as premissas são, necessariamente, verdadeiras.
Márcia cantar. P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta. (V)
RESPOSTA: “C”.
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz. (V)
11- Existem duas equivalências particulares em relação a P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres. (V)
uma condicional do tipo “Se A, então B”. P4: Há criminosos livres. (V)
1ª) Pela contrapositiva ou contraposição: “Se A, então B” é Portanto, se a premissa P4 – proposição simples – é verda-
equivalente a “Se ~B, então ~A” deira (V), então a 2ª parte da condicional representada pela pre-
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equiva- missa P3 será considerada falsa (F). Então, veja:
lente a:
“Se Camila não é médica, então Ana não é professora.”
2ª) Pela Teoria da Involução ou Dupla Negação: “Se A, então
B” é equivalente a “~A ou B”
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será equiva-
lente a:
“Ana não é professora ou Camila é médica.”
Ficaremos, então, com a segunda equivalência, já que esta
configura no gabarito.
RESPOSTA: “A”.

Didatismo e Conhecimento 14
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
Sabendo-se que a condicional P3 é verdadeira e conhecendo-
se o valor lógico de sua 2ª parte como falsa (F), então o valor ARGUMENTOS VÁLIDOS
lógico de sua 1ª parte nunca poderá ser verdadeiro (V). Assim, a
proposição simples ―a justiça é eficaz‖ será considerada falsa (F).
Se a proposição simples ―a justiça é eficaz‖ é considerada
falsa (F), então a 2ª parte da disjunção simples representada pela
premissa P2, também, será falsa (F). ARGUMENTO

Argumento é uma relação que associa um conjunto de propo-


sições (p1, p2, p3,... pn), chamadas premissas ou hipóteses, e uma
proposição C chamada conclusão. Esta relação é tal que a estrutura
lógica das premissas acarretam ou tem como consequência a pro-
posição C (conclusão).
O argumento pode ser representado da seguinte forma:

Sendo verdadeira (V) a premissa P2 (disjunção simples) e


conhecendo-se o valor lógico de uma das partes como falsa (F),
então o valor lógico da outra parte deverá ser, necessariamente,
verdadeira (V). Lembramos que, uma disjunção simples será con-
siderada verdadeira (V), quando, pelo menos, uma de suas partes
for verdadeira (V).
Sendo verdadeira (V) a proposição simples ―a impunidade
é alta‖, então, confirmaremos também como verdadeira (V), a 1ª
parte da condicional representada pela premissa P1.

EXEMPLOS:

1. Todos os cariocas são alegres.


    Todas as pessoas alegres vão à praia
    Todos os cariocas vão à praia.

2. Todos os cientistas são loucos.


    Einstein é cientista.
    Einstein é louco!
Considerando-se como verdadeira (V) a 1ª parte da condicio-
nal em P1, então, deveremos considerar também como verdadeira
Nestes exemplos temos o famoso silogismo categórico de
(V), sua 2ª parte, pois uma verdade sempre implica em outra ver- forma típica ou simplesmente silogismo. Os silogismos são os ar-
dade. gumentos que têm somente duas premissas e mais a conclusão, e
Considerando a proposição simples ―a criminalidade é alta‖ utilizam os termos: todo, nenhum e algum, em sua estrutura.
como verdadeira (V), logo a conclusão desse argumento é, de fato,
verdadeira (V), o que torna esse argumento válido. ANALOGIAS
Resposta: CERTO.
A analogia é uma das melhores formas para utilizar o racio-
16- Seja P1 representada simbolicamente, por: cínio. Nesse tipo de raciocínio usa-se a comparação de uma situa-
A impunidade não é alta(p) então a criminalidade não é alta(q) ção conhecida com uma desconhecida. Uma analogia depende de
A negação de uma condicional é dada por: três situações:
~(pq) • os fundamentos precisam ser verdadeiros e importantes;
Logo, sua negação será dada por: ~P1 a impunidade é alta e a • a quantidade de elementos parecidos entre as situações
criminalidade não é alta. deve ser significativo;
Resposta:ERRADO. • não pode existir conflitos marcantes.

Didatismo e Conhecimento 15
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
INFERÊNCIAS

A indução está relacionada a diversos casos pequenos que


chegam a uma conclusão geral. Nesse sentido podemos definir
também a indução fraca e a indução forte. Essa indução forte ocor-
re quando não existe grandes chances de que um caso discorde da
premissa geral. Já a fraca refere-se a falta de sustentabilidade de
um conceito ou conclusão.

DEDUÇÕES

ARGUMENTOS DEDUTIVOS E INDUTIVOS


Os argumentos podem ser classificados em dois tipos: Dedu-
tivos e Indutivos.
1) O argumento será DEDUTIVO  quando suas premissas Pelo gráfico, observamos claramente que se todas as crian-
fornecerem informações suficientes para comprovar a veracidade ças gostam de passear no metrô e existem crianças inteligentes,
da conclusão, isto é, o argumento é dedutivo quando a conclusão então alguma criança que gosta de passear no Metrô de São
é completamente derivada das premissas. Paulo é inteligente. Logo, a alternativa correta é a opção B.
EXEMPLO: CONCLUSÕES
Todo ser humano têm mãe.
Todos os homens são humanos. VALIDADE DE UM ARGUMENTO
Todos os homens têm mãe. Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de um argu-
mento dedutivo diremos que ele é válido ou inválido. Atente-se
2) O argumento será  INDUTIVO  quando suas premissas
para o fato que todos os argumentos indutivos são inválidos,
não fornecerem o “apoio completo” para ratificar as conclusões.
portanto não há de se falar em validade de argumentos indutivos.
Portanto, nos argumentos indutivos, a conclusão possui
A validade é uma propriedade dos argumentos que depende
informações que ultrapassam as fornecidas nas premissas. Sendo
apenas da forma (estrutura lógica) das suas proposições (premis-
assim, não se aplica, então, a definição de argumentos válidos ou
sas e conclusões) e não do seu conteúdo.
não válidos para argumentos indutivos.
EXEMPLO:
O Flamengo é um bom time de futebol. Argumento Válido
O Palmeiras é um bom time de futebol. Um argumento será válido  quando a sua conclusão é
O Vasco é um bom time de futebol. uma consequência obrigatória  de suas premissas. Em outras
O Cruzeiro é um bom time de futebol. palavras, podemos dizer que quando um argumento é válido, a
Todos os times brasileiros de futebol são bons. verdade de suas premissas deve garantir a verdade da conclu-
Note que não podemos afirmar que todos os times brasileiros são do argumento. Isso significa que, se o argumento é válido,
são bons sabendo apenas que 4 deles são bons. jamais poderemos chegar a uma conclusão falsa quando as pre-
missas forem verdadeiras.
Exemplo: (FCC) Considere que as seguintes afirmações são
verdadeiras: Exemplo: (CESPE)  Suponha um argumento no qual as
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.” premissas sejam as proposições I e II abaixo.
“Existem crianças que são inteligentes.” I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz.
Assim sendo, certamente é verdade que: II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco.
(A) Alguma criança inteligente não gosta de passear no Me- Nesse caso, se a conclusão for a proposição “Mulheres de-
trô de São Paulo. sempregadas vivem pouco”, tem-se um argumento correto.
(B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de São
Paulo é inteligente. SOLUÇÃO:
(C) Alguma criança não inteligente não gosta de passear no Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver arti-
Metrô de São Paulo. go sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução, teremos:
(D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de São Pau- I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é infeliz. =
lo é inteligente. Toda mulher desempregada é infeliz.
(E) Toda criança inteligente não gosta de passear no Metrô II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. = Toda
de São Paulo. mulher infeliz vive pouco.

SOLUÇÃO:
Representando as proposições na forma de conjuntos (dia-
gramas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos) teremos:
“Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
“Existem crianças que são inteligentes.”

Didatismo e Conhecimento 16
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
EXERCICIOS:

(TJ-AC - Analista Judiciário - Conhecimentos Básicos -


Cargos 1 e 2 - CESPE/2012) (10 a 13)

Considerando que as proposições lógicas sejam represen-


tadas por letras maiúsculas, julgue os próximos itens, relativos
a lógica proposicional e de argumentação.

1. A expressão é uma tautologia.


A) Certo
B) Errado

Resposta: B.
Com isso, qualquer mulher que esteja no conjunto das desem- Fazendo a tabela verdade:
pregadas (ver boneco), automaticamente estará no conjunto das
mulheres que vivem pouco. Portanto, se a conclusão for a propo- P Q P→Q (P→Q) V P [(P→Q) V P]→Q
sição “Mulheres desempregadas vivem pouco”, tem-se um argu-
mento correto (correto = válido!). V V V V V
V F F V V
Argumento Inválido F V V V V
Dizemos que um argumento é  inválido, quando a verdade
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da con- F F F F F
clusão, ou seja, quando a conclusão não  é uma consequência
obrigatória das premissas. Portanto não é uma tautologia.

Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se Ana 2. As proposições “Luiz joga basquete porque Luiz é alto”
cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita, mas (e) Ana e “Luiz não é alto porque Luiz não joga basquete” são logica-
não cometeu um crime perfeito, então Ana é suspeita. mente equivalentes.
A) Certo
SOLUÇÃO: B) Errado
Representando as premissas do enunciado na forma de dia- Resposta: A.
gramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos), obteremos: São equivalentes por que “Luiz não é alto porque Luiz não
 Premissas: joga basquete” nega as duas partes da proposição, a deixando equi-
“Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspei- valente a primeira.
ta” = “Toda pessoa que comete um crime perfeito não é suspeita”. 
“Ana não cometeu um crime perfeito”. 3. A sentença “A justiça e a lei nem sempre andam pelos
 Conclusão: mesmos caminhos” pode ser representada simbolicamente
“Ana é suspeita”. (Não se “desenha” a conclusão, apenas as por PΛQ, em que as proposições P e Q são convenientemente
premissas!) escolhidas.
A) Certo
B) Errado

Resposta: B.
Não, pois ^ representa o conectivo “e”, e o “e” é usado para
unir A justiça E a lei, e “A justiça” não pode ser considerada uma
proposição, pois não pode ser considerada verdadeira ou falsa.

O fato do enunciado ter falado apenas que “Ana não cometeu


um crime perfeito”, não nos diz se ela é suspeita ou não. Por isso
temos duas possibilidades (ver bonecos). Logo, a questão está er-
rada, pois não podemos afirmar, com certeza, que Ana é suspeita.
Logo, o argumento é inválido.

Didatismo e Conhecimento 17
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
4. Considere que a tabela abaixo representa as primeiras TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012)
colunas da tabela-verdade da proposição

Logo, a coluna abaixo representa a última coluna dessa


tabela-verdade.

Com base na situação descrita acima, julgue o item a se-


guir.
A) Certo
B) Errado 5. O argumento cujas premissas correspondem às quatro
afirmações do jornalista e cuja conclusão é “Pedro não dis-
Resposta: A. putará a eleição presidencial da República” é um argumento
Fazendo a tabela verdade: válido.
A) Certo
P Q R (P→Q)^(~R) B) Errado
V V V F Resposta: A.
V V F V Argumento válido é aquele que pode ser concluído a partir
V F V F das premissas, considerando que as premissas são verdadeiras
então tenho que:
V F F F Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;
F V V F Se João disputar a presidência então Pedro não vai disputar;
F V F V Se João não for eleito prefeito se tornará presidente do parti-
do e não apoiará a candidatura de Pedro à presidência;
F F V F Se o presidente do partido não apoiar Pedro ele não disputará
F F F V a presidência.

Didatismo e Conhecimento 18
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO
(PRF - Nível Superior - Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos - CESPE/2012)
Um jovem, visando ganhar um novo smartphone no dia das crianças, apresentou à sua mãe a seguinte argumentação: “Mãe,
se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha
idade. Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades, então não tenho um mí-
nimo de maturidade. Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança. Se não tenho um mínimo de matu-
ridade, sou tratado como criança. Logo, se sou tratado como criança, mereço ganhar um novo smartphone no dia das crianças”.
Com base nessa argumentação, julgue os itens a seguir..

6. A proposição “Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades, então não
tenho um mínimo de maturidade” é equivalente a “Se eu tenho um mínimo de maturidade, então não estou há 7 anos na facul-
dade e tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: B.
Equivalência de Condicional: P -> Q = ~ Q -> ~ P 
Negação de Proposição: ~ (P ^ Q)  =  ~ P v ~ Q 

P Q R ¬P ¬Q ¬R P^¬Q (P^¬Q) → ¬R ¬P^Q R→ (¬P^Q)


V V V F F F F V F F
V V F F F V F V F V
V F V F V F V F F F
V F F F V V V V F V
F V V V F F F V V V
F V F V F V F V V V
F F V V V F F V F F
F F F V V V F V F V

Portanto não são equivalentes.

7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e “Dependo de
mesada”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou
despesas a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha idade”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: A.
(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto que trata-se
da conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.

8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um mínimo de ma-
turidade, sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou não tenho um mínimo de
maturidade, sou tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade

Didatismo e Conhecimento 19
RACIOCÍNIO LÓGICO E MATEMÁTICO

A B C ~A  ~C (~A → B) (~C → B) (~A v ~ C) (~A→ B) ^ (~ C→ B) (~A v ~ C)→ B


V V V F F V V F V V
V V F F V V V V V V
V F V F F V V F V V
V F F F V V F V F F
F V V V F V V V V V
F V F V V V V V V V
F F V V F F V V F F
F F F V V F F V F F

De acordo com a tabela verdade são equivalentes.

Didatismo e Conhecimento 20
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
A luta pelo fim da ditadura militar levou a área da saúde a
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA organizar os simpósios de Política Nacional de Saúde da Câmara
ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE dos Deputados. Nesse período de reorganização da sociedade civil,
NO BRASIL E A CONSTRUÇÃO DO forças políticas ligadas à saúde pública passaram a discutir ques-
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE tões ligadas à redemocratização do país e ao acesso aos serviços
(SUS)– PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E de saúde junto ao Legislativo. Tal período foi de crise ideológica
ARCABOUÇO LEGAL. acerca do modelo de saúde a ser adotado, que colocou em confron-
to privatistas e publicistas.
Na década de 80, o INAMPS adota uma série de medidas que
o aproximam ainda mais de uma cobertura universal de cliente-
la, dentre as quais se destaca o fim da exigência da Carteira de
Informativo produzido pela Câmara dos Deputados – Consul- Segurado do INAMPS para o atendimento nos hospitais próprios
toria de Orçamento e fiscalização financeira – utilizado na íntegra. e conveniados da rede pública. Esse processo culminou com a
instituição do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde –
“Até a criação do Sistema Único de Saúde - SUS, o Minis- SUDS, implementado por meio da celebração de convênios entre
tério da Saúde, apoiado por Estados e Municípios, desenvolveu o INAMPS e os Governos Estaduais.
basicamente ações de promoção da saúde e de prevenção de doen- Em meados da década de 80, começam a ser implementadas
ças, merecendo destaque as campanhas de vacinação e controle as Ações Integradas de Saúde (AIS), cujas principais diretrizes
de endemias. A atuação na área de assistência à saúde ocorreu por eram a universalização, a acessibilidade, a descentralização, a in-
meio de alguns poucos hospitais especializados, além da ação da tegralidade e a participação comunitária.
Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública – FSESP em Ainda segundo Falleiros e Lima, a VIII Conferência Nacional
regiões específicas do país. de Saúde (1986) foi um marco do processo de formulação de um
À época, tal ação era prestada à parcela da população defini- novo modelo de saúde pública universal, visando romper com a
da como “indigente” por alguns Municípios e Estados e, principal- cisão estrutural entre saúde pública e medicina curativa individual,
mente, por instituições de caráter filantrópico. e com a intensa privatização que então caracterizava o sistema de
A população não tinha direito e a assistência que recebia era saúde brasileiro.
prestada na condição de caridade. Reunindo um amplo espectro de alianças, a VIII CNS con-
Nesse período, a assistência à saúde mantinha estreita vincu- tou com a participação de milhares de representantes de diversas
lação com as atividades previdenciárias e o caráter contributivo do entidades da sociedade civil, profissionais de saúde, usuários do
sistema existente gerava uma INAMPS, autarquia do Ministério da sistema e prestadores de serviços de saúde públicos.
Previdência e Assistência Social. O INPS foi o resultado da fusão Os prestadores de serviços privados foram os grandes ausen-
dos institutos de aposentadorias e pensões (os IAPs) das diver- tes nos debates travados nessa Conferência, considerada como o
sas categorias profissionais organizadas (tais como comerciários, maior evento de discussão dos problemas enfrentados pela saúde
industriários), que posteriormente foi desdobrado em Instituto de pública brasileira. Apesar dos interesses e preocupações muitas
Administração da Previdência Social (IAPAS), Instituto Nacional vezes conflitantes, as forças progressistas aprovaram o princípio
de Previdência Social (INPS) e Instituto Nacional de Assistência de que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, a ser
Médica da Previdência Social (INAMPS). implementado com a unificação, a democratização e a descentrali-
Essa divisão separava a população brasileira. Alguns, repre- zação do sistema de saúde, depois inscrita na Constituição Federal
sentados por contribuintes da previdência, tinham um acesso mais de 1988; ampliaram e politizaram o conceito de saúde, compreen-
amplo à assistência à saúde dispondo de uma rede de serviços e dido como resultante das condições de alimentação, habitação,
de prestadores de serviços ambulatoriais e hospitalares providos educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego,
pela previdência social por meio do INAMPS; outros, restante da lazer, liberdade, acesso e posse da terra, e acesso aos serviços de
população brasileira, com acesso bastante limitado à assistência à saúde; e aprovaram propostas relativas às bases financeiras do sis-
saúde. tema, incorporadas posteriormente ao texto constitucional e um
Com a crise de financiamento da Previdência a partir de mea- dos principais problemas que o Sistema Único de Saúde (SUS)
dos da década de 70, o INAMPS adota várias providências para enfrentaria nas décadas de 1990 e 2000.
racionalizar suas despesas e começa, na década de 80, a “com- A partir da VIII CNS, a saúde passou a ser considerada antes
prar” serviços do setor público (redes de unidades das Secretarias de tudo como resultado das formas de organização social da pro-
Estaduais e Municipais de Saúde), inicialmente através de convê- dução, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de
nios. A assistência à saúde prestada pela rede pública, mesmo com vida, devendo ser entendida no contexto histórico de cada socieda-
o financiamento do INAMPS apenas para os seus beneficiários, de no seu estágio de desenvolvimento.
preservava o seu caráter de universalidade da clientela. Porém,
conforme discorrem Falleiros e Lima, tal período é marcado pela II.2. Período Posterior à Constituição Federal de 1988
rearticulação das forças políticas nacionais e de discussão e mobi-
lização popular pela democratização da saúde e do próprio regime A Constituição de 1988 incorporou mudanças no papel do Es-
político do país. De fato, a criação do Centro Brasileiro de Estudos tado e alterou profundamente o arcabouço jurídico-institucional do
em Saúde e da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde sistema público de saúde, criando novas relações entre as diferen-
Coletiva, em 1979, foram de grande importância na luta pela de- tes esferas de governo, novos papéis entre os atores do setor, dando
mocratização da saúde e da sociedade brasileira. origem, enfim, ao Sistema Único de Saúde.

Didatismo e Conhecimento 1
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
De fato, pela primeira vez, a Constituição estabeleceu de for- Portanto, não há federação sem que se assegure a participação
ma relevante uma seção sobre a saúde que trata de três aspectos dos Estados federados na formação da vontade nacional, ocorren-
principais. Em primeiro lugar, incorpora o conceito mais abran- do uma descentralização do poder político.
gente de que a saúde tem como fatores determinantes e condicio- Toda a estrutura federal baseia-se, assim, na repartição de
nantes o meio físico (condições geográficas, água, alimentação, competências considerada como a grande questão do federalismo,
habitação, idade, sexo, herança genética, etc.); e a oportunidade de o elemento essencial da construção federal, o tema representativo
acesso aos serviços que visem à promoção, proteção e recuperação de medida dos poderes políticos do Estado. Competências, segun-
da saúde. Isso implica que, para se ter saúde são necessárias ações do José Afonso da Silva, “são as diversas modalidades de poder
em vários setores, além do Ministério da Saúde e das secretarias
de que servem os órgãos ou entidades estatais para realizar suas
de saúde. Isto só uma política governamental integrada pode as-
funções”.
segurar.
Também legitima o direito de todos (art. 196) sem qualquer Em regra, o sistema federativo mostra-se adequado em países
discriminação às ações de saúde em todos os níveis, assim como, marcados pela diversidade e heterogeneidade, por respeitar valo-
explicita que o dever de prover o pleno gozo desse direito é res- res democráticos em situações de acentuada diferenciação políti-
ponsabilidade do Governo, isto é, do poder público. Ou seja, a ca, econômica ou social. Todavia, esse tipo de sistema torna mais
partir da nova constituição, a condição para se ter direito de acesso complexa a implementação de políticas sociais de abrangência na-
aos serviços e ações de saúde é precisar deles. cional, particularmente nos casos em que a diversidade se refere à
Finalmente, estabelece o Sistema Único de Saúde - SUS (art. existência de desigualdades e de exclusão social.
198), de caráter público, constituído por rede de serviços regionali- Em tais casos, acentua-se a importância do papel das políticas
zada, hierarquizada e descentralizada, com direção única em cada sociais de redistribuição, redução das desigualdades no território
esfera de governo. nacional e de inclusão social. Além disso, a implementação de po-
Compete ao SUS prestar assistência às pessoas por intermédio líticas sociais em um sistema federativo requer, por um lado, a
de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a explicitação das funções das diferentes esferas de governo para
realização integrada das ações assistenciais e das atividades pre-
cada área da política e, por outro, a adoção de instrumentos de
ventivas, aí incluídas as ações de vigilância sanitária, vigilância
epidemiológica, saúde do trabalhador e assistência terapêutica articulação entre as esferas de forma a induzir a cooperação e a
integral, inclusive farmacêutica, sendo tais competências fixadas complementariedade de atuação.
também em norma constitucional Conforme prevê o art. 18 da Constituição, o sistema político
federativo adotado pelo Brasil compreende a União, os Estados,
II.2.1. A Saúde e o Federalismo no Brasil o Distrito Federal e os Municípios. Todos com autonomia admi-
nistrativa e sem vinculação hierárquica. Especificamente quanto
O federalismo, como forma de organização política do estado ao tema saúde, a Carta Política atribuiu competência material10
moderno, é reconhecida na formação do estado norte-americano. A comum aos entes federados, como se dispõe o art. 23, inciso II,
partir da Constituição Norte- Americana de 1787, ficou instituída da CF. Dessa forma, quer parecer que a competência comum pres-
a conformação de um estado soberano, mas não unitário, onde a supõe uma atuação cooperada dos três entes federativos, baseado
União passou a concentrar a capacidade de decisão soberana sobre num modelo de redução de desigualdades regionais em favor de
as competências essenciais à existência de um estado moderno: a uma progressiva igualação das condições sociais de vida em todo
política externa, o comércio exterior, a arrecadação de impostos
território nacional.
e a administração da justiça em assuntos de interesse nacional; e
os estados-membros mantiveram uma esfera de atuação autônoma Nesse sentido, a Constituição previu ainda a competência
sobre as competências residuais. concorrente dos entes federados para legislar sobre a “defesa da
O mínimo necessário para a caracterização da organização saúde” (inciso XII, do art. 24 da CF) e atribuiu à União compe-
constitucional federalista exige, inicialmente, a decisão do legis- tência legislativa concorrente para editar normas gerais sobre o
lador constituinte - por meio da edição de uma constituição – de assunto (§1º do art. 24 da CF). Portanto, à legislação infracons-
criar o Estado Federal e suas partes indissociáveis, a Federação ou titucional coube descrever diretrizes gerais e específicas de cada
União, e os Estados-membros. Afinal, a criação de um governo ente federativo.
geral supõe a renuncia e o abandono de certas porções de com- Deve-se ressaltar que, justamente em função de toda essa com-
petências administrativas, legislativas e tributárias por parte dos plexidade, muitos compreendem a saúde como exceção ao próprio
governos locais. princípio federativo de separação das atribuições entre as esferas
De fato, afirma o Prof. Raul Machado Horta que “o Estado governamentais. Entendem que a saúde comporia um subsistema
Federal criou o Estado não soberano”. Ao se analisar o Estado Fe- da seguridade social fundado no princípio da solidariedade.
deral, deve-se destacar, assim, as ideias de soberania e autonomia.
Independentemente da corrente que se adote, o fato é que ao
De fato, o núcleo do federalismo está na existência de um Estado
tratar da saúde a Constituição Federal não reproduziu com exati-
total, representado pela União, detentor de soberania, com poderes
de ação sobre toda a população e sobre todo o território, com com- dão as áreas de atuação dos serviços prestados pelo Poder Público
petências e recursos financeiros próprios, e de Estados-membros, de cada esfera política, estabelecendo atuação comum e integrada.
autônomos, dotados de recursos financeiros independentes. Tanto E, a essa atuação comum e integrada, deve ainda agregar toda a E,
a União quanto os Estados-membros dependem da Constituição, a essa atuação comum e integrada, deve ainda agregar toda com-
responsável por organizar a primeira e dar as linhas mestras do plexidade inerente da área, com inúmeras carências e diferentes
segundo, assim como repartir competências e atribuir recursos fi- ações e serviços por parte do Estado, além de interesses e pressões
nanceiros. do mercado inerentes à área da saúde.

Didatismo e Conhecimento 2
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
Do conjunto de determinações constitucionais sobre a saúde 2) descentralização que concede papel destacado à gestão mu-
aos entes federados, vem se conformando o entendimento de que a nicipal;
União está encarregada das funções de financiamento e de formu-
lação da política nacional de saúde, assim como da coordenação 3) funcionamento obrigatório do controle social, por meio
das ações intergovernamentais; aos Estados, por sua vez, cabe se dos conselhos de saúde. Tais vetores ensejaram o estabelecimento
adaptarem essa política às suas peculiaridades regionais, coorde- de princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), que
nando as ações entre os respectivos municípios; e, aos municípios, constituem as bases para o funcionamento e organização do
efetuar a prestação dos serviços de saúde com o auxílio técnico e sistema no país.
financeiro estadual e federal.
Universalização
II.2.2 Mecanismos de Articulação Federativa
Saúde é direito de cidadania e dever do Governo: municipal,
Para que a gestão do SUS se tornasse realidade, foram postos estadual e federal.
em funcionamento diversos mecanismos de articulação federativa. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de aces-
Um desses instrumentos foi a Comissão so a todos os serviços públicos de saúde, assim como àqueles
Tripartite, que atua junto ao Ministério da Saúde e é formada
contratados pelo poder público, independentemente de sexo, raça,
por gestores do SUS das três esferas do governo. A comissão re-
renda, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais. É a
presenta a principal instância de negociação e pactuação de crité-
garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer
rios de distribuição de recursos, de planos e de avaliação do desen-
volvimento das pactuações realizadas em cada esfera de governo. cidadão.
No âmbito estadual, uma Comissão Bipartite desempenha pa-
pel semelhante, reunindo gestores municipais e estaduais e se en- Equidade
carregando dos planos estaduais, regionais e de regionalização das
ações e serviços propostos pelos Colegiados de Gestão Regional. É um princípio de justiça social porque busca diminuir
Podem ser agregadas a tais instâncias de caráter permanente desigualdades. Isto significa tratar desigualmente os desiguais,
eventuais negociações dos gestores com o Ministério da Saúde e investindo mais onde a carência é maior. Apesar de todos terem
autoridades da área federal reuniões para formulação e aprovação direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm ne-
de pactos de gestão e de pactos pela saúde. cessidades diferentes.
Portanto, pela equidade investe-se mais onde a carência é
II.2.3 O Sistema Único de Saúde – SUS maior. Para isso, a rede de serviços deve estar atenta às necessida-
des reais da população a ser atendida.
O Sistema Único de Saúde faz parte das ações definidas na
Constituição como de “relevância pública”. As competências de- Integralidade
correntes dessa relevância pública envolvem o exercício de um po-
der regulador, de arbitragem e de intervenção executiva por parte É a garantia do fornecimento de um conjunto articulado
das esferas do Poder Público e, por consequência, de suas agências e contínuo de ações e serviços preventivos, curativos e coletivos,
de prestação de serviços. Por isso, é atribuído ao Estado a regula- exigidos em cada caso para todos os níveis de complexidade de
mentação, a fiscalização e o controle das ações e dos serviços de assistência. Portanto, significa considerar a pessoa como um todo,
saúde, independente da execução direta do mesmo. atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a
Tal Sistema faz parte de um sistema mais amplo, o Sistema da integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção
Seguridade Social. de doenças, o tratamento e a reabilitação.
Conforme prevê o art. 194 da Constituição, a Seguridade So- Ao mesmo tempo, o princípio da integralidade pressupõe a
cial “compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos articulação da saúde com outras políticas públicas, como forma de
poderes públicos e da sociedade destinada a assegurar os direitos
assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que
relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.
tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos.
Cabe destacar que, conforme exposto anteriormente, a noção
de sistema deve ser compreendida não como um novo serviço, mas
Hierarquização e da Regionalização
sim como um conjunto de unidades, de serviços e ações das três
esferas que interagem para um fim comum. Tal sistema deve ainda
ser único, no sentido de ter a mesma doutrina e a mesma forma de A hierarquização deve, além de proceder à divisão de níveis
organização em todo o país. de atenção, garantir formas de acesso a serviços que componham
toda a complexidade requerida para o caso, no limite dos recursos
2.4 Princípios e Diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS disponíveis numa dada região. Deve ainda incorporar-se à rotina
do acompanhamento dos serviços, com fluxos de encaminhamento
Desde a VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) e a Cons- (referência) e de retorno de informações do nível básico do serviço
tituinte (1987 a 1988), um alto grau de consenso político veio a (contra-referência).
constituir o fator decisivo para a conformação federativa do SUS. Por isso, os serviços devem ser organizados em níveis de com-
Tal consenso defendeu três teses convergentes: gestão comparti- plexidade tecnológica crescente, circunscritos a uma área geográ-
lhada nos âmbitos federal, estadual e municipal, com direção única fica delimitada, planejados a partir de critérios epidemiológicos e
em cada esfera de governo; com a definição e o conhecimento da clientela a ser atendida.

Didatismo e Conhecimento 3
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
O acesso da população à rede deve se dar através dos serviços saúde). Estas leis definem as atribuições dos diferentes níveis de
de nível primário de atenção que devem estar qualificados para governo com a saúde; estabelecem responsabilidades nas áreas de
atender e resolver os principais problemas que demandam os ser- vigilância sanitária, epidemiológica e saúde.
viços de saúde; devendo, os demais, serem referenciados para os Os Conselhos de Saúde, que devem existir nos três níveis de
serviços de maior complexidade tecnológica. governo, são órgãos deliberativos, de caráter permanente, com-
Historicamente quem tinha direito à saúde no Brasil eram postos com a representatividade de toda a sociedade. Sua com-
apenas os trabalhadores segurados do INPS e depois do INAMPS. posição deve ser paritária, com metade de seus membros repre-
O SUS foi implantado com a responsabilidade de tornar realidade
este princípio. sentando os usuários e a outra metade, o conjunto composto por
governo, trabalhadores da saúde e prestadores privados.
Descentralização e Comando Único Os conselhos devem ser criados por lei do respectivo âmbito
de governo, onde serão definidas a composição do colegiado e ou-
Descentralizar é redistribuir poder e responsabilidades entre tras normas de seu funcionamento.
os três níveis de governo. Na saúde, a descentralização tem como As Conferências de Saúde são fóruns com representação de
objetivo prestar serviços com maior qualidade e garantir o con- vários segmentos sociais que se reúnem para propor diretrizes,
trole e a fiscalização pelos cidadãos. Quanto mais perto estiver a avaliar a situação da saúde e ajudar na definição da política de
decisão, maior a chance de acerto. No SUS a responsabilidade pela saúde. Devem ser realizadas em todos os níveis de governo.
saúde deve ser descentralizada até o município. Isto significa dotar Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu-
o município de condições gerenciais, técnicas, administrativas e
peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
financeiras para exercer esta função.
A decisão deve ser de quem executa, que deve ser o que está correspondentes e dá outras providências.
mais perto do problema. A descentralização, ou municipalização, Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sis-
é uma forma de aproximar o cidadão das decisões do setor e sig- tema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergover-
nifica a responsabilização do município pela saúde de seus cida- namentais de recursos financeiros na área da saúde.
dãos. É também uma forma de intervir na qualidade dos serviços Também foram editadas diversas normas e portarias pelo Mi-
prestados. nistério da Saúde as Normas Operacionais Básicas (NOBs) - como
Para fazer valer o princípio da descentralização, existe a con- instrumentos de regulamentação do sistema. Tais normas definem
cepção constitucional do mando único. a forma de transferência de recursos entre governos e as moda-
Cada esfera de governo é autônoma e soberana nas suas deci- lidades de pagamento dos serviços de saúde, além de instruírem
sões e atividades, respeitando os princípios gerais e a participação
o processo de descentralização e de construção de uma rede de
da sociedade. Assim, a autoridade sanitária do SUS é exercida na
União pelo ministro da saúde, nos estados pelos secretários esta- serviços capaz de operar com racionalidade sistêmica.
duais de saúde e nos municípios pelos secretários ou chefes de Portanto, o SUS conforma modelo público de prestação de
departamentos de saúde. Eles são também conhecidos como “ges- serviços e ações de saúde em âmbito nacional, incorporando novos
tores” do sistema de saúde. instrumentos gerenciais, técnicos e de democratização da gestão.
Em sua concepção original, visa integrar os subsistemas de saúde
Participação Popular pública e de assistência previdenciária - os ramos da medicina pre-
ventiva e curativa -, bem como os serviços públicos e privados, em
Parte do pressuposto de que a participação da sociedade não regime de contrato ou convênio, num sistema único e nacional, de
deve se esgotar nas discussões que deram origem ao SUS. Como acesso universal e igualitário, organizado de forma regionalizada
forma de garantir a efetividade das políticas públicas de saúde, e hierarquizada, sob comando único em cada nível de governo,
bem como forma de exercício do controle social, devem ser cria-
segundo as diretrizes da descentralização administrativa e opera-
dos canais de participação popular na gestão do SUS em todas as
esferas. cional, do atendimento integral à saúde e da participação da comu-
São iniciativas voltadas à promoção dessa participação a cria- nidade visando ao controle social.
ção dos Conselhos e das Conferências de Saúde, que têm como Este modelo envolve inúmeras variáveis e só se concretiza
função formular estratégias, controlar e avaliar a execução da po- por meio do estabelecimento de relações interinstitucionais de go-
lítica de saúde. verno. A descentralização, associada à diretriz da gestão única,
resulta em três arranjos formais para o sistema de saúde: mu-
Resolubilidade (Solução de Problemas) nicipais, estaduais e o nacional. No entanto, a integralidade e a
hierarquização induzem à formação de outros subsistemas, como
É a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendi- consequência da negociação intergestores. Como se percebe, o
mento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a
SUS é fruto de acordos políticos e do desenvolvimento de instru-
saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo
e resolvê-lo até o nível da sua competência. mentos técnico-operacionais necessários à integração do Sistema.
Em linhas gerais, essa distribuição intergovernamental de fun-
II.3. Marco Legal do SUS ções delegou à União o financiamento e a formulação da política
nacional de saúde, além da coordenação das ações intergoverna-
A criação do SUS, feita pela Constituição Federal, foi poste- mentais. Tal situação é evidenciada no art. 1621 da Lei nº 8.080 de
riormente implementada por meio da Lei nº 8.080, de 1990 (Lei 1990: Art. 16 da Lei nº 8.080 de 1990: “art. 16. A direção nacional
Orgânica da Saúde19) e da Lei nº 8.142, de 1990 (Regula as trans- do Sistema Único da Saúde (SUS) compete:
ferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da

Didatismo e Conhecimento 4
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; Cabe aos Estados e ao Distrito Federal a coordenação, o acom-
panhamento e a avaliação do sistema em seu território, o apoio téc-
II - participar na formulação e na implementação das políticas: nico e financeiro aos Municípios e a execução de ações de saúde
a) de controle das agressões ao meio ambiente; em caráter supletivo àqueles. Além disso, os Estados participam
b) de saneamento básico; e da execução, em caráter suplementar, de uma série de atividades
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; precípuas da União e dos Municípios (Lei n° 8.080/1990, art. 17).
Compete aos Municípios suplementar a legislação federal
III - definir e coordenar os sistemas: e a estadual no que couber e prestar, com a cooperação técni-
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; ca e financeira da União e dos Estados, serviços de atendimento
b) de rede de laboratórios de saúde pública; à saúde da população. Além de prestar os serviços e executar as
c) de vigilância epidemiológica; e políticas de saúde, os Municípios devem planejar, organizar, con-
d) vigilância sanitária; trolar e avaliar o sistema de saúde em seu território e participar do
planejamento regional, em articulação com a direção estadual do
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con- SUS (Constituição Federal - CF, art. 30, incisos II e VII e Lei nº
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele 8.080/1990, art. 18).
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; Também foi viabilizada a participação de Estados e Municí-
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para pios no processo de formulação da política de saúde por meio de
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar conselhos com representação (art. 1º da Lei nº 8.142, de 1990).
a política de saúde do trabalhador; Com tais espaços de negociação foi reduzida a possibilidade de o
VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilân- Ministério da Saúde estabelecer unilateralmente as regras de fun-
cia epidemiológica; cionamento do SUS.
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de Tais conselhos funcionam como um mecanismo de contrapeso
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple- à concentração de autoridade conferida ao Executivo federal.
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; Deve-se ainda mencionar que o Conselho Nacional de Saúde
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con- participa da fixação de critérios e valores para a remuneração de
trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabeleci-
consumo e uso humano; dos pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), como
IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de dispõe o art. 26 da Lei nº 8.080 de 1990:
fiscalização do exercício profissional, bem como com entidades re-
presentativas de formação de recursos humanos na área de saúde; Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços
X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela
da política nacional e produção de insumos e equipamentos para direção nacional do Sistema
a saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais; XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referên- de saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;
cia nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assis- XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âm-
tência à saúde; bito do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân- e Distrito Federal;
cias de interesse para a saúde; XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coorde-
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao nar a avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território
Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua Nacional em cooperação técnica com os Estados, Municípios e
atuação institucional; Distrito Federal.
XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Siste- Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância
ma Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na
assistência à saúde; ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do
XV - promover a descentralização para as Unidades Federa- controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou
das e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respecti- que representem risco de disseminação nacional.
vamente, de abrangência estadual e municipal;
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Na- Art. 1° da Lei nº 8.142, de 1990 – “O Sistema Único de Saúde
cional de Sangue, Componentes e Derivados; (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
Assim, coube à União a normatização, coordenação e avalia- contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do
ção do sistema em caráter nacional, como também a cooperação Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:
técnica e financeira aos Estados, Municípios e ao Distrito Federal. I - a Conferência de Saúde; e
À União compete, ainda, normatizar as relações existentes no SUS II - o Conselho de Saúde.
e estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria - SNA, regulamen- §1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro
tado pelo Decreto n° 1.651/1995. A União também particip a, em anos com a representação dos vários segmentos sociais, para
conjunto com Estados, Distrito avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação
Federal e Municípios, de uma série de outras atividades rela- da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo
cionadas à normatização, controle e execução das ações e serviços Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Con-
de saúde (Lei n° 8.080/1990, art. 16). selho de Saúde.

Didatismo e Conhecimento 5
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
§2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deli- Deve-se ressaltar, contudo, que a tais critérios sujeitam-se
berativo, órgão colegiado composto por representantes do go- 50% dos recursos, pois os 50% restantes atendem ao critério de-
verno, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, mográfico. O §1º do artigo determina que metade dos recursos des-
atua na formulação de estratégias e no controle da execução da po- tinados a Estados e Municípios seja distribuída segundo o quocien-
lítica de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos te de sua divisão pelo número de habitantes, independentemente
econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo de qualquer procedimento prévio.
chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. A Lei nº 8.142, de 1990, normatiza a participação da comuni-
§3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) dade na gestão do SUS e as transferências de recursos do Minis-
e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Cona- tério da Saúde para as outras esferas de governo. Nos artigos 2º e
sems) terão representação no Conselho Nacional de Saúde. 3º, a Norma trata do “Fundo Nacional de Saúde” (FNS), e informa
§4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde como e onde os recursos desse fundo serão aplicados. O artigo 2º
e Conferências será paritária em relação ao conjunto dos de- estabelece que só podem ser utilizados para financiar: despesas de
mais segmentos. custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus órgãos e entida-
§5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde te- des, da administração direta e indireta; investimentos previstos em
rão sua organização e normas de funcionamento definidas em lei orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e aprovados
regimento próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.” pelo Congresso Nacional; investimentos previstos no Plano Quin-
quenal do Ministério da Saúde; e a cobertura das ações e serviços
O art. 4º da Lei nº 8.080, de 1990, esclarece que o conjunto de saúde a serem implementados pelos Municípios, Estados e Dis-
de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições trito Federal.
públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta
e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o
Sistema Único de Saúde (SUS).
A citada norma esclarece ainda a atuação complementar do 2.CONTROLE SOCIAL NO SUS.
setor privado na saúde.
De fato, em seu art. 24, estabelece que, “quando as suas dis-
ponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assis-
tencial à população de uma determinada área, o Sistema Único de Em virtude da qualidade e pelo edital abordar tópicos sobre
Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciati- informações oficiais, segue na íntegra artigo produzido pelo Con-
va privada”. Sendo os critérios e valores para a remuneração de selho de Saúde, disponível para acesso no site acima informado.
serviços e parâmetros de cobertura assistencial estabelecidos pela
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no “A Constituição de 1988 determinou, no artigo 198, que a so-
Conselho Nacional de Saúde (cf. art. 26). ciedade participasse da gestão do sistema de saúde.
Em seu art. 31, a Lei nº 8.080, de 1990, estabelece que o orça- As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede re-
mento da seguridade social destinará ao Sistema Único de Saúde gionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, orga-
(SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos necessários nizado de acordo com as seguintes diretrizes:
à realização de suas finalidades, previstos em proposta elaborada I - descentralização, com direção única em cada esfera de go-
pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Pre- verno;
vidência Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e II - atendimento integral, com prioridade para as atividades
prioridades estabelecidas na Lei de preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
Diretrizes Orçamentárias.
Dois anos depois, duas leis trouxeram conteúdos importan-
A Norma estabelece também critérios para distribuição regio- tes sobre essa participação, ao abordarem aspectos relacionados
nal dos recursos. O art. 35 da Lei nº 8.080, de 1990, determina que, ao Conselho Nacional de Saúde. Foram elas a Lei nº 8.080, de
para apuração dos valores a serem transferidos a Estados, Distrito 1990, conhecida como Lei Orgânica da Saúde, e a Lei nº 8.142
Federal e Municípios, seja utilizada a combinação dos seguintes do mesmo ano. Veja o que dizem cada uma delas! Para entender o
critérios, segundo análise técnica de programas e projetos: controle social na saúde
I- perfil demográfico da região;
II- perfil epidemiológico da população a ser coberta; Principais considerações sobre a Lei!
III- características quantitativas e qualitativas da rede de saú-
de na área; 1- Regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição Federal
IV- desempenho técnico, econômico e financeiro no período para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmen-
anterior; te pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e
V- níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta- serviços públicos de saúde;
duais e municipais;
VI- previsão do plano quinquenal de investimentos da rede; 2- Estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferên-
VII- ressarcimento do atendimento a serviços prestados para cias para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle
outras esferas de governo. das despesas com saúde nas três (três) esferas de governo.

Didatismo e Conhecimento 6
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
IMPORTANTE A Lei nº 8.080/90, por sua vez, determina que:

São atribuições exclusivas do Conselho Nacional de Saúde: Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito na-
• Deliberar sobre a metodologia pactuada na CIT para defini- cional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas
ção dos montantes a serem transferidos pelo Ministério da Saúde pelos Ministérios e órgãos competentes e por entidades represen-
para Estados, Distrito Federal e Municípios para custeio das ações tativas da sociedade civil.
e serviços de saúde. Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja
• Deliberar sobre as normas do SUS pactuadas na Comissão execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema
Intergestores Tripartite (CIT). Único de Saúde (SUS).

• Deliberar sobre o modelo padronizado do Relatório - A Lei nº 8.080/90 dispõe sobre as condições para a promo-
ção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funciona-
O Decreto 7508, de 28/06/2011, regulamenta a Lei 8080 de mento dos serviços correspondentes.
19/09/2011 e dispõe sobre a Organização do SUS, o planejamento
da saúde, a assitência à saúde e a articulação interfederativa. - A Lei nº 8.142/90 dispõe sobre a participação da comunidade
na gestão do Sistema Único de Saúde – SUS e sobre as transferên-
Atribuições dos Conselhos Nacional, Estaduais, Distrital e cias intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.
Municipais de Saúde:
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços
- Deliberar sobre as diretrizes para o estabelecimento de prio- e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela
ridades para as ações e serviços públicos de saúde pelo respectivo direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no
gestor federal, estadual, distrital ou municipal Conselho Nacional de Saúde.
- Avaliar a gestão do SUS quadrimestralmente e emitir parecer
conclusivo sobre o cumprimento dos dispositivos da LC 141/2012 Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
quando da apreciação das contas anuais encaminhadas pelo res- (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
pectivo gestor federal, estadual, distrital ou municipal atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
- Assessorar o Poder Legislativo de cada ente da Federação, lhos de Saúde.
quando requisitados, no exercício da fiscalização do cumprimento
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire-
dos dispositivos da LC141/2012, especialmente, a elaboração e a
trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em
execução do Plano de Saúde, o cumprimento das metas estabele-
função das características epidemiológicas e da organização dos
cidas na LDO, a aplicação dos recursos mínimos constitucional-
serviços em cada jurisdição administrativa.
mente estabelecidos, as transferências financeiras Fundo-a-Fundo,
A partir de então, a atuação da sociedade no sistema de saúde
a aplicação de recursos vinculados e a destinação dos recursos
ganhou uma nova dimensão. A participação social foi ampliada,
oriundos da alienação de ativos vinculados ao SUS
democratizada e passou a ser qualificada por “controle social”.
- Avaliar a repercussão da LC141/2012 sobre as condições de
Controle da sociedade sobre a política de saúde. Com isso, a ló-
saúde e na qualidade dos serviços de saúde da população e en- gica tradicional do controle social exercido exclusivamente pelos
caminhamento ao Chefe do Poder Executivo do respectivo ente governos era invertida. A sociedade começou, efetivamente, a par-
da Federação das indicações para que sejam adotadas as medidas ticipar da gestão do sistema de saúde. A população, por meio dos
corretivas necessárias Conselhos de Saúde, passou a exercer o controle social, participan-
- Receber informação do Ministério da Saúde sobre os re- do do planejamento das políticas públicas, fiscalizando as ações do
cursos previstos para transferência aos Estados, Distrito Federal governo, verificando o cumprimento das leis relacionadas ao SUS
e Municípios com base no Plano Nacional de Saúde e no termo de e analisando as aplicações financeiras realizadas pelo município
compromisso de gestão firmado entre os entes da Federação ou pelo estado no gerenciamento da saúde.
- Receber informação do Ministério da Saúde sobre o descum- Desde 1990, municípios e estados passaram a constituir os
primento dos dispositivos da LC141/2012 pelos Estados, Distrito seus próprios Conselhos de Saúde. Hoje, no Brasil, além do Con-
Federal e Municípios selho Nacional de Saúde (CNS), com sede em Brasília, existem
vinte e seis conselhos estaduais de saúde, um conselho do Distrito
A Lei nº 8.142/90, no segundo parágrafo, estabelece que: Federal, mais de cinco mil conselhos municipais, trinta e quatro
conselhos distritais sanitários indígenas, entre outros.
O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo,
órgão colegiado composto por representantes do governo, presta- 3.1 Características dos Conselhos de Saúde
dores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formu-
lação de estratégias e no controle da execução da política de saúde Os Conselhos de Saúde não são órgãos responsáveis pela ges-
na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e tão ou execução de serviços e, por isso, não têm responsabilidade
financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder direta sobre a prestação dos serviços de saúde. Essa tarefa cabe
legalmente constituído em cada esfera do governo. diretamente ao Poder Público, nas três esferas de governo. Um
Conselho de Saúde é um órgão: colegiado, ou seja, é composto

Didatismo e Conhecimento 7
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
por pessoas que representam diferentes grupos da sociedade, sen- Representatividade - para que o Conselho de Saúde represente
do 50% delas representantes de usuários do SUS; permanente, isto a sociedade, cada conselheiro, apesar de defender os interesses de
é, tem sua existência garantida em qualquer circunstância. Para toda a sociedade, atua como interlocutor de um segmento espe-
ser extinto é preciso haver uma lei; e deliberativo, ou seja, toma cífico. De acordo com a Resolução CNS nº 333, de 2003, essa
decisões que devem ser cumpridas pelo poder público. representação deve atender a critérios de representatividade, de
Como tal, para garantir total autonomia e efetividade ao con- abrangência e de complementaridade do conjunto de forças sociais
trole social, o Conselho de Saúde não é subordinado ao Poder Exe- contempladas pelo Conselho de Saúde. Assim, um conselheiro de
cutivo – ao prefeito, ao governador ou ao secretário de saúde, por saúde pode representar:
exemplo.
A Resolução nº 333/2003, do CNS, aprova as diretrizes para Conselheiro
Profissionais de saúde -representantes de entidades de profis-
criação, reformulação, estruturação e funcionamento dos Conse-
sionais de saúde, incluída a comunidade científica.
lhos de Saúde.
Usuários - representantes de entidades e movimentos sociais
de usuários do SUS.
3.2 Princípios básicos para criação de um Governo - profissionais que atuam junto ao gestor e por ele
são indicados.
Conselho de Saúde Prestadores de serviço -representantes de entidades de presta-
dores de serviços de saúde e de entidades nacionais empresariais
Como vimos, todos os municípios e estados têm liberdade com atividades na área da saúde.
para formarem os seus Conselhos de Saúde. Paridade - o número de conselheiros que representam os usuá-
Mas, para fazerem isso, devem garantir condições de pleno rios dos serviços de saúde (50%) deve ser igual ao número de con-
funcionamento ao Conselho, assegurando-lhe autonomia adminis- selheiros que representam outros segmentos da sociedade (50%).
trativa e financeira. Numericamente, os conselheiros se distribuem da seguinte forma:
A Resolução do CNS nº 333, de 2003, esclarece que a criação
de um Conselho de Saúde é estabelecida por lei federal, estadual, 3.4 Como acontece a escolha dos conselheiros de saúde?
distrital ou municipal.
Para atender ao critério da representatividade, visto no item
Conselho Nacional de Saúde anterior, entidades e movimentos sociais indicam, por escrito, re-
Decreto Presidencial presentantes para atuarem como conselheiros de saúde, de acordo
com o número de vagas existentes.
Conselhos
Tanto a entidade quanto o movimento social têm autonomia
Estaduais
para escolher os seus representantes pela forma que achar mais
Leis estaduais conveniente. Entretanto, deve-
Conselhos
Municipais Conselheiros
Leis municipais Representando o usuário
Conselho do Distrito 50%
Federal Representado Governo/ prestadores de serviço de saúde
Lei distrital 25%
Representando profissionais de saúde
Além disso, orienta que cada Conselho de Saúde possua re- 25% se atentar para o fato de que a ocupação de cargos de
gimento interno e estrutura administrativa, capazes de garantir a confiança ou de chefia que interfiram na autonomia representati-
funcionalidade na distribuição das atribuições entre conselheiros va, pelos conselheiros representantes dos segmentos usuários e de
e equipe administrativa. Fortalece-se, assim, o processo demo- profissionais de saúde, é avaliada como possível impedimento da
crático e a execução de suas atividades de maneira efetiva. Para representação do segmento. Caso isso ocorra, a entidade pode in-
compreender melhor estas orientações, vamos conhecer como são dicar um substituto.
constituídos os Conselhos de Saúde.
ATENÇÃO! O governo não pode interferir nesse processo de
escolha, nem pode vetar qualquer indicação.
3.3 Critérios para composição do Conselho de Saúde
- Para assegurar a independência entre os poderes, os con-
Os Conselhos de Saúde são constituídos por conselheiros, que selheiros não devem pertencer aos Poderes Legislativo e Judiciá-
se responsabilizam pela proposição, discussão, acompanhamento, rio, ou ao Ministério Público. Sendo assim, não devem integrar o
deliberação, avaliação e fiscalização da implementação da política Conselho de Saúde: vereador, deputado, juiz, senador, promotor
de saúde, inclusive em seus aspectos econômicos e financeiros. público, promotor de justiça, etc.
O número de conselheiros é definido pelos Plenários dos Con- - Apesar de não ser recomendado que os conselheiros perten-
selhos de Saúde e das Conferências de Saúde, quantitativo que çam aos Poderes Legislativo, Judiciário, ou ao Ministério Público,
deve ser especificado em lei. Já a sua composição atende a dois é importante o estabelecimento de parcerias. Sendo assim, é inte-
critérios: o da representatividade e o da paridade. Veja o que sig- ressante que tais representantes participem como convidados nas
nifica cada um deles! reuniões dos Conselhos de Saude.

Didatismo e Conhecimento 8
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
3.5 Informações importantes sobre os conselheiros Plenário Presidência Mesa
Diretora
O mandato dos conselheiros é definido pelo regimento interno
de cada Conselho. Recomenda-se que a sua duração não coincida Fórum de deliberação do Conselho. Reúne-se, no mínimo,a
com a do gestor da esfera de governo (municipal, estadual ou fede- cada mês e, extraordianariamente, quando necessário. Funciona
ral), a qual o Conselho de Saúde esteja vinculado. de acordo com o regimento interno. Suas reuniões são abertas ao
público. Ocupada por um dos conselheiros titurlares. Conduz a re-
Um conselheiro pode perder o seu mandato por excesso de
união do Plenário. Representa o Conselho de Saúde.
faltas às reuniões, por conduta não condizente ao seu papel de con-
Composta por conselheiros titulares, eleitos pelo Plenário, in-
selheiro, ou por assumir cargo na administração pública incompa- clusive o presidente.
tível com a sua função. O regimento interno do Conselho de Saúde Conduz os processos administrativos e políticos a serem de-
pode estabelecer outros motivos que levem à perda do mandato. liberados pelo Plenário. Promove articulações políticas internas e
Nessas situações, ou caso haja necessidade ocasionada por externas, garantindo a intersetorialidade do controle social.
outro motivo, um conselheiro pode ser substituído a qualquer mo-
mento. Para que isso ocorra, basta que a entidade, ou o movimento 3.7 Como são tomadas as decisões nos Conselhos de Saúde
social, por ele representado, indique o seu substituto. As decisões do Conselho de Saúde serão adotadas mediante
Como a função do conselheiro é de relevância pública, sua quórum mínimo (metade mais um) dos seus integrantes, ressal-
atuação no Conselho não é remunerada. Entretanto, pelo mesmo vados os casos regimentais em que se exija quórum especial, ou
motivo, é garantida a sua dispensa ao trabalho, sem nenhum pre- maioria qualificada de votos.
juízo, durante a realização de reuniões, capacitações ou ações es- A cada três meses, deverá constar nos itens da pauta de reu-
pecíficas do Conselho de Saúde. nião do Conselho o pronunciamento do gestor de saúde, para que
ele preste contas, em relação a temas como: andamento do plano
de saúde, agenda de saúde pactuada, relatório de gestão, montante
3.6 Estrutura e funcionamento de um Conselho de Saúde e forma de aplicação dos recursos, auditorias iniciadas e concluí-
das no período, produção e oferta de serviços na rede assistencial
Como você já sabe, todo Conselho de Saúde deve possuir um própria, contratada ou conveniada.
regimento interno, pelo qual são definidas suas regras de funciona-
mento, como, por exemplo, o número de conselheiros, a duração 3.8 Documentos produzidos pelos Conselhos de Saúde
do mandato e a composição do quadro administrativo. Esse regi-
mento deve ser elaborado de acordo com os princípios básicoses- Para tornar públicas suas decisões ou outras manifestações de
tabelecidos na Lei nº 8.080, de 1990, na Lei nº 8.142, de 1990, seu interesse, os Conselhos de Saúde fazem uso de três tipos de
na Resolução nº 333, de 2003, do Conselho Nacional de Saúde, deliberações. Além disso, divulgam suas pautas e atas de reunião.
e no Decreto Lei nº 5.839, de 2006. Como vimos, cada Conselho Vamos conhecê-las!
de Saúde, além dos conselheiros, conta com o trabalho de vários Toda reunião do Plenário é documentada por uma ata. Por ter
profissionais que buscam, principalmente, garantir a funcionalida- valor jurídico, ela apresenta um resumo fiel dos fatos, ocorrências
e decisões tomadas pelos conselheiros durante as reuniões. O tex-
de do Conselho, evitando que ocorram relações de poder entre os
to, escrito sem parágrafos, corridamente, deve ser assinado, prefe-
próprios conselheiros e que se instaurem rotinas burocráticas capa- rencialmente, por todos os presentes. Caso seja identificado algum
zes de prejudicar as atividades de trabalho. A Resolução nº 333, de erro ou imprecisão, quem escreve a ata faz uma observação escrita
2003, do CNS, sugere a seguinte estrutura de organização: no texto e, posteriormente, submete a redação da ata novamente à
apreciação do Plenário.
Plenário
Presidência 3.9 Deliberações – tipos e características
Secretaria
Executiva a) Resolução - É uma decisão de caráter geral que estabelece
Mesa normas a todos aqueles diretamente relacionados ao seu conteúdo.
Diretora Devido a esse caráter, as resoluções devem ser obrigatoria-
Grupos de mente homologadas pelo chefe do Poder Executivo, em até trinta
Trabalho dias. Caso isso não aconteça, ou não seja encaminhada uma justi-
Comissões ficativa com proposta de alteração ou rejeição a ser apreciada na
próxima reunião do Conselho, as entidades que integram o Conse-
lho de Saúde podem buscar a validação da resolução, recorrendo
Baseando-se nessa estrutura, todo Conselho de Saúde deve
ao Ministério Público.
possuir um Plenário, pois é nele que os conselheiros se encon-
tram oficialmente para deliberarem sobre diferentes assuntos. Os b) Recomendação - É uma sugestão, advertência ou aviso a
Conselhos possuem, também, uma Presidência, uma Mesa Direto- respeito do conteúdo ou da forma de execução de uma política
ra e uma Secretaria Executiva. As demais estruturas, Comissões e ou ação de saúde. Normalmente, aborda assuntos específicos, não
Grupos de Trabalho, por constituírem-se assessorias ao Plenário, de responsabilidade direta do Conselho, mas que são relevantes e
sem caráter deliberativo, devem ser instituídas pelo Conselho, de necessários.
acordo com a necessidade. Conheça a seguir as principais atribui-
ções de cada uma das estruturas de funcionamento. c) Moções - É uma manifestação de aprovação, reconheci-
mento ou repúdio a respeito de determinado assunto ou fato.

Didatismo e Conhecimento 9
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
3.10 A Plenária Nacional de Conselhos de Saúde Considerando os objetivos de consolidar, fortalecer, ampliar
e acelerar o processo de Controle Social do SUS, por intermédio
As Plenárias de Conselhos de Saúde foram criadas, principal- dos Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais, das Conferências
mente, para promover a relação dos Conselhos de Saúde com a de Saúde e Plenárias de Conselhos de Saúde; Considerando que
esfera nacional, e, com isso, fortalecer ainda mais a participação os Conselhos de Saúde, consagrados pela efetiva participação da
popular no Sistema Único de Saúde. sociedade civil organizada, representam pólos de qualificação de
Periodicamente, o CNS convoca a Plenária dos Conselhos cidadãos para o Controle Social nas esferas da ação do Estado; e
de Saúde para: acompanhar a implementação das deliberações Considerando o que disciplina a Lei Complementar no 141, de 13
das Conferências Nacionais de Saúde; analisar os obstáculos e os de janeiro de 2012, e o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011,
avanços da ação dos Conselhos de Saúde; propor diretrizes e ca- que regulamentam a Lei Orgânica da Saúde, resolve:
minhos para efetivar o controle social do SUS; e provocar intensa
troca de experiências entre seus participantes, propiciando a reno- Aprovar as seguintes diretrizes para instituição, reformulação,
vação de forças e motivações para o aprofundamento da concep- reestruturação e funcionamento dos Conselhos de Saúde:
ção e articulação do efetivo exercício do controle social.
Desde 2004, após publicação da Recomendação nº 5, de 2004, DA DEFINIÇÃO DE CONSELHO DE SAÚDE
pelo CNS, a Coordenação Nacional da Plenária Nacional de Con-
selhos de Saúde passou a ser composta por dois representantes de Primeira Diretriz: o Conselho de Saúde é uma instância cole-
cada estado (um titular e um suplente) e do Distrito Federal, eleitos giada, deliberativa e permanente do Sistema Único de Saúde (SUS)
em Plenárias Estaduais, precedidas por um processo de articulação em cada esfera de Governo, integrante da estrutura organizacional
entre os Conselhos de Saúde do estado. do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde dos Estados, do
As Plenárias Estaduais devem organizar coordenações locais Distrito Federal e dos Municípios, com composição, organização
com o objetivo de promover o processo de articulação entre os e competência fixadas na Lei no 8.142/90. O processo bem-su-
Conselhos de Saúde do estado!” cedido de descentralização da saúde promoveu o surgimento de
Conselhos Regionais, Conselhos Locais, Conselhos Distritais de
Saúde, incluindo os Conselhos dos Distritos Sanitários Especiais
Indígenas, sob a coordenação dos Conselhos de Saúde da esfera
correspondente. Assim, os Conselhos de Saúde são espaços insti-
3.RESOLUÇÃO 453/2012 DO CONSELHO tuídos de participação da comunidade nas políticas públicas e na
NACIONAL DA SAÚDE administração da saúde.
Parágrafo único. Como Subsistema da Seguridade Social, o
Conselho de Saúde atua na formulação e proposição de estratégias
e no controle da execução das Políticas de Saúde, inclusive nos
seus aspectos econômicos e financeiros.
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE
RESOLUÇÃO Nº 453, DE 10 DE MAIO DE 2012 DA INSTITUIÇÃO E REFORMULAÇÃO DOS CONSE-
LHOS DE SAÚDE
O Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua Ducen-
tésima Trigésima Terceira Reunião Ordinária, realizada nos dias Segunda Diretriz: a instituição dos Conselhos de Saúde é esta-
9 e 10 de maio de 2012, no uso de suas competências regimentais belecida por lei federal, estadual, do Distrito Federal e municipal,
e atribuições conferidas pela Lei no 8.080, de 19 de setembro de obedecida a Lei no 8.142/90.
1990, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, e pelo De- Parágrafo único. Na instituição e reformulação dos Conselhos
creto no 5.839, de 11 de julho de 2006, e de Saúde o Poder Executivo, respeitando os princípios da demo-
Considerando os debates ocorridos nos Conselhos de Saúde, cracia, deverá acolher as demandas da população aprovadas nas
nas três esferas de Governo, na X Plenária Nacional de Conse- Conferências de Saúde, e em consonância com a legislação.
lhos de Saúde, nas Plenárias Regionais e Estaduais de Conselhos
de Saúde, nas 9a, 10a e 11a Conferências Nacionais de Saúde, e A ORGANIZAÇÃO DOS CONSELHOS DE SAÚDE
nas Conferências Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de
Saúde; Terceira Diretriz: a participação da sociedade organizada, ga-
rantida na legislação, torna os Conselhos de Saúde uma instância
Considerando a experiência acumulada do Controle Social privilegiada na proposição, discussão, acompanhamento, delibe-
da Saúde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da ração, avaliação e fiscalização da implementação da Política de
Saúde no âmbito nacional e as reiteradas demandas dos Conselhos Saúde, inclusive nos seus aspectos econômicos e financeiros. A
Estaduais e Municipais referentes às propostas de composição, or- legislação estabelece, ainda, a composição paritária de usuários
ganização e funcionamento, conforme o § 5o inciso II art. 1o da em relação ao conjunto dos demais segmentos representados. O
Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990; Conselho de Saúde será composto por representantes de entidades,
instituições e movimentos representativos de usuários, de entida-
Considerando a ampla discussão da Resolução do CNS no des representativas de trabalhadores da área da saúde, do governo
333/92 realizada nos espaços de Controle Social, entre os quais se e de entidades representativas de prestadores de serviços de saú-
destacam as Plenárias de Conselhos de Saúde; de, sendo o seu presidente eleito entre os membros do Conselho,

Didatismo e Conhecimento 10
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
em reunião plenária. Nos Municípios onde não existem entidades, VII - A ocupação de funções na área da saúde que interfiram
instituições e movimentos organizados em número suficiente para na autonomia representativa do Conselheiro(a) deve ser avaliada
compor o Conselho, a eleição da representação será realizada em como possível impedimento da representação de Usuário(a) e Tra-
plenária no Município, promovida pelo Conselho Municipal de balhador(a), e, a juízo da entidade, indicativo de substituição do
maneira ampla e democrática. Conselheiro(a).
I - O número de conselheiros será definido pelos Conselhos de VIII - A participação dos membros eleitos do Poder Legisla-
Saúde e constituído em lei. tivo, representação do Poder Judiciário e do Ministério Público,
II - Mantendo o que propôs as Resoluções nos 33/92 e 333/03 como conselheiros, não é permitida nos Conselhos de Saúde.
do CNS e consoante com as Recomendações da 10a e 11a IX - Quando não houver Conselho de Saúde constituído ou em
Conferências Nacionais de Saúde, as vagas deverão ser distri- atividade no Município, caberá ao Conselho Estadual de Saúde as-
buídas da seguinte forma: sumir, junto ao executivo municipal, a convocação e realização da
a) 50% de entidades e movimentos representativos de usuá- Conferência Municipal de Saúde, que terá como um de seus objeti-
rios; vos a estruturação e composição do Conselho Municipal. O mesmo
b) 25% de entidades representativas dos trabalhadores da área
será atribuído ao Conselho Nacional de Saúde, quando não houver
de saúde;
Conselho Estadual de Saúde constituído ou em funcionamento.
c) 25% de representação de governo e prestadores de serviços
X - As funções, como membro do Conselho de Saúde, não se-
privados conveniados, ou sem fins lucrativos.
III - A participação de órgãos, entidades e movimentos sociais rão remuneradas, considerando-se o seu exercício de relevância pú-
terá como critério a representatividade, a abrangência e a comple- blica e, portanto, garante a dispensa do trabalho sem prejuízo para
mentaridade do conjunto da sociedade, no âmbito de atuação do o conselheiro. Para fins de justificativa junto aos órgãos, entidades
Conselho de Saúde. De acordo com as especificidades locais, apli- competentes e instituições, o Conselho de Saúde emitirá declaração
cando o princípio da paridade, serão contempladas, dentre outras, de participação de seus membros durante o período das reuniões,
as seguintes representações: representações, capacitações e outras atividades específicas.
XI - O conselheiro, no exercício de sua função, responde pelos
a) associações de pessoas com patologias; seus atos conforme legislação vigente.
b) associações de pessoas com deficiências;
c) entidades indígenas; ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS
d) movimentos sociais e populares, organizados (movimento DE SAÚDE
negro, LGBT...);
e) movimentos organizados de mulheres, em saúde; Quarta Diretriz: as três esferas de Governo garantirão autono-
f) entidades de aposentados e pensionistas; mia administrativa para o pleno funcionamento do Conselho de
g) entidades congregadas de sindicatos, centrais sindicais, Saúde, dotação orçamentária, autonomia financeira e organiza-
confederações e federações de trabalhadores urbanos e rurais; ção da secretaria-executiva com a necessária infraestrutura e apoio
h) entidades de defesa do consumidor; técnico:
i) organizações de moradores; I - cabe ao Conselho de Saúde deliberar em relação à sua estru-
j) entidades ambientalistas; tura administrativa e o quadro de pessoal;
k) organizações religiosas; II - o Conselho de Saúde contará com uma secretaria-executi-
l) trabalhadores da área de saúde: associações, confederações, va coordenada por pessoa preparada para a função, para o suporte
conselhos de profissões regulamentadas, federações e sindicatos, técnico e administrativo, subordinada ao Plenário do Conselho de
obedecendo as instâncias federativas; Saúde, que definirá sua estrutura e dimensão;
m) comunidade científica; III - o Conselho de Saúde decide sobre o seu orçamento;
n) entidades públicas, de hospitais universitários e hospitais
IV - o Plenário do Conselho de Saúde se reunirá, no mínimo,
campo de estágio, de pesquisa e desenvolvimento;
a cada mês e, extraordinariamente, quando necessário, e terá como
o) entidades patronais;
p) entidades dos prestadores de serviço de saúde; e base o seu Regimento Interno. A pauta e o material de apoio às reu-
q) governo. niões devem ser encaminhados aos conselheiros com antecedência
mínima de 10 (dez) dias;
IV - As entidades, movimentos e instituições eleitas no Con- V - as reuniões plenárias dos Conselhos de Saúde são abertas ao
selho de Saúde terão os conselheiros indicados, por escrito, con- público e deverão acontecer em espaços e horários que possibilitem
forme processos estabelecidos pelas respectivas entidades, movi- a participação da sociedade;
mentos e instituições e de acordo com a sua organização, com a VI - o Conselho de Saúde exerce suas atribuições mediante o
recomendação de que ocorra renovação de seus representantes. funcionamento do Plenário, que, além das comissões intersetoriais,
V - Recomenda-se que, a cada eleição, os segmentos de repre- estabelecidas na Lei no 8.080/90, instalará outras comissões interse-
sentações de usuários, trabalhadores e prestadores de serviços, ao toriais e grupos de trabalho de conselheiros para ações transitórias.
seu critério, promovam a renovação de, no mínimo, 30% de suas As comissões poderão contar com integrantes não conselheiros;
entidades representativas. VII - o Conselho de Saúde constituirá uma Mesa Diretora elei-
VI - A representação nos segmentos deve ser distinta e autôno- ta em Plenário, respeitando a paridade expressa nesta Resolução;
ma em relação aos demais segmentos que compõem o Conselho, VIII - as decisões do Conselho de Saúde serão adotadas me-
por isso, um profissional com cargo de direção ou de confiança na diante quórum mínimo (metade mais um) dos seus integrantes,
gestão do SUS, ou como prestador de serviços de saúde não pode ressalvados os casos regimentais nos quais se exija quórum espe-
ser representante dos(as) Usuários(as) ou de Trabalhadores(as). cial, ou maioria qualificada de votos;

Didatismo e Conhecimento 11
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
a) entende-se por maioria simples o número inteiro imediata- VIII - proceder à revisão periódica dos planos de saúde;
mente superior à metade dos membros presentes; IX - deliberar sobre os programas de saúde e aprovar projetos
b) entende-se por maioria absoluta o número inteiro imediata- a serem encaminhados ao Poder Legislativo, propor a adoção de
mente superior à metade de membros do Conselho; critérios definidores de qualidade e resolutividade, atualizando-os
c) entende-se por maioria qualificada 2/3 (dois terços) do total face ao processo de incorporação dos avanços científicos e tecno-
de membros do Conselho; lógicos na área da Saúde;
IX - qualquer alteração na organização dos Conselhos de X - a cada quadrimestre deverá constar dos itens da pauta o
Saúde preservará o que está garantido em lei e deve ser proposta pronunciamento do gestor, das respectivas esferas de governo,
pelo próprio Conselho e votada em reunião plenária, com quórum para que faça a prestação de contas, em relatório detalhado, so-
qualificado, para depois ser alterada em seu Regimento Interno e bre andamento do plano de saúde, agenda da saúde pactuada, re-
homologada pelo gestor da esfera correspondente; latório de gestão, dados sobre o montante e a forma de aplicação
X - a cada três meses, deverá constar dos itens da pauta o dos recursos, as auditorias iniciadas e concluídas no período, bem
pronunciamento do gestor, das respectivas esferas de governo, como a produção e a oferta de serviços na rede assistencial própria,
para que faça a prestação de contas, em relatório detalhado, sobre contratada ou conveniada, de acordo com a Lei Complementar no
andamento do plano de saúde, agenda da saúde pactuada, relatório 141/2012.
de gestão, dados sobre o montante e a forma de aplicação dos re- XI - avaliar, explicitando os critérios utilizados, a organização
cursos, as auditorias iniciadas e concluídas no período, bem como e o funcionamento do Sistema Único de Saúde do SUS;
a produção e a oferta de serviços na rede assistencial própria, con- XII - avaliar e deliberar sobre contratos, consórcios e convê-
tratada ou conveniada, de acordo com o art. 12 da Lei no 8.689/93 nios, conforme as diretrizes dos Planos de Saúde Nacional, Esta-
e com a Lei Complementar no 141/2012; duais, do Distrito Federal e Municipais;
XI - os Conselhos de Saúde, com a devida justificativa, busca- XIII - acompanhar e controlar a atuação do setor privado cre-
rão auditorias externas e independentes sobre as contas e ativida- denciado mediante contrato ou convênio na área de saúde;
des do Gestor do SUS; e XIV - aprovar a proposta orçamentária anual da saúde, tendo
XII - o Pleno do Conselho de Saúde deverá manifestar-se por em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes
meio de resoluções, recomendações, moções e outros atos delibe- Orçamentárias, observado o princípio do processo de planejamen-
rativos.
to e orçamento ascendentes, conforme legislação vigente;
As resoluções serão obrigatoriamente homologadas pelo che-
XV - propor critérios para programação e execução financeira
fe do poder constituído em cada esfera de governo, em um prazo
e orçamentária dos Fundos de Saúde e acompanhar a movimenta-
de 30 (trinta) dias, dando-se-lhes publicidade oficial. Decorrido o
ção e destino dos recursos;
prazo mencionado e não sendo homologada a resolução e nem en-
XVI - fiscalizar e controlar gastos e deliberar sobre critérios
viada justificativa pelo gestor ao Conselho de Saúde com proposta
de movimentação de recursos da Saúde, incluindo o Fundo de Saú-
de alteração ou rejeição a ser apreciada na reunião seguinte, as
entidades que integram o Conselho de Saúde podem buscar a vali- de e os recursos transferidos e próprios do Município, Estado, Dis-
dação das resoluções, recorrendo à justiça e ao Ministério Público, trito Federal e da União, com base no que a lei disciplina;
quando necessário. XVII - analisar, discutir e aprovar o relatório de gestão, com a
Quinta Diretriz: aos Conselhos de Saúde Nacional, Estaduais, prestação de contas e informações financeiras, repassadas em tem-
Municipais e do Distrito Federal, que têm competências definidas po hábil aos conselheiros, e garantia do devido assessoramento;
nas leis federais, bem como em indicações advindas das Conferên- XVIII - fiscalizar e acompanhar o desenvolvimento das ações
cias de Saúde, compete: e dos serviços de saúde e encaminhar denúncias aos respectivos
I - fortalecer a participação e o Controle Social no SUS, mo- órgãos de controle interno e externo, conforme legislação vigente;
bilizar e articular a sociedade de forma permanente na defesa dos XIX - examinar propostas e denúncias de indícios de irre-
princípios constitucionais que fundamentam o SUS; gularidades, responder no seu âmbito a consultas sobre assuntos
II - elaborar o Regimento Interno do Conselho e outras nor- pertinentes às ações e aos serviços de saúde, bem como apreciar
mas de funcionamento; recursos a respeito de deliberações do Conselho nas suas respec-
III - discutir, elaborar e aprovar propostas de operacionaliza- tivas instâncias;
ção das diretrizes aprovadas pelas Conferências de Saúde; XX - estabelecer a periodicidade de convocação e organizar
IV - atuar na formulação e no controle da execução da política as Conferências de Saúde, propor sua convocação ordinária ou
de saúde, incluindo os seus aspectos econômicos e financeiros, e extraordinária e estruturar a comissão organizadora, submeter o
propor estratégias para a sua aplicação aos setores público e pri- respectivo regimento e programa ao Pleno do Conselho de Saúde
vado; correspondente, convocar a sociedade para a participação nas pré-
V - definir diretrizes para elaboração dos planos de saúde e conferências e conferências de saúde;
deliberar sobre o seu conteúdo, conforme as diversas situações XXI - estimular articulação e intercâmbio entre os Conselhos
epidemiológicas e a capacidade organizacional dos serviços; de Saúde, entidades, movimentos populares, instituições públicas
VI - anualmente deliberar sobre a aprovação ou não do rela- e privadas para a promoção da Saúde;
tório de gestão; XXII - estimular, apoiar e promover estudos e pesquisas sobre
VII - estabelecer estratégias e procedimentos de acompanha- assuntos e temas na área de saúde pertinente ao desenvolvimento
mento da gestão do SUS, articulando-se com os demais colegia- do Sistema Único de Saúde (SUS);
dos, a exemplo dos de seguridade social, meio ambiente, justiça, XXIII - acompanhar o processo de desenvolvimento e in-
educação, trabalho, agricultura, idosos, criança e adolescente e corporação científica e tecnológica, observados os padrões éticos
outros; compatíveis com o desenvolvimento sociocultural do País;

Didatismo e Conhecimento 12
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
XXIV - estabelecer ações de informação, educação e comuni- VII - caráter democrático e descentralizado da administração,
cação em saúde, divulgar as funções e competências do Conselho mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhado-
de Saúde, seus trabalhos e decisões nos meios de comunicação, res, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
incluindo informações sobre as agendas, datas e local das reuniões colegiados.
e dos eventos;
XXV - deliberar, elaborar, apoiar e promover a educação per- Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a so-
manente para o controle social, de acordo com as Diretrizes e a ciedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
Política Nacional de Educação Permanente para o Controle Social recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
do SUS; Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
XXVI - incrementar e aperfeiçoar o relacionamento sistemá- sociais:
tico com os poderes constituídos, Ministério Público, Judiciário e I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o
Legislativo, meios de comunicação, bem como setores rele- faturamento e o lucro;
vantes não representados nos conselhos; I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada
XXVII - acompanhar a aplicação das normas sobre ética em na forma da lei, incidentes sobre:
pesquisas aprovadas pelo CNS; a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
XXVIII - deliberar, encaminhar e avaliar a Política de Gestão ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste ser-
do Trabalho e Educação para a Saúde no SUS; viço, mesmo sem vínculo empregatício;
XXIX - acompanhar a implementação das propostas constan- b) a receita ou o faturamento;
tes do relatório das plenárias dos Conselhos de Saúde; e c) o lucro;
XXX - atualizar periodicamente as informações sobre o Con- II - dos trabalhadores;
selho de Saúde no Sistema de Acompanhamento dos Conselhos de II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência
Saúde (SIACS). social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o
Fica revogada a Resolução do CNS nº 333, de 4 de novembro art. 201;
de 2003. III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de
ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA quem a lei a ele equiparar.
Presidente do Conselho § 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
nicípios destinadas à seguridade social constarão dos respecti-
Homologo a Resolução CNS nº 453, de 10 de maio de 2012, vos orçamentos, não integrando o orçamento da União.
nos termos do Decreto nº 5.839, de 11 de julho de 2006. § 2º A proposta de orçamento da seguridade social será
elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela
ALEXANDRE ROCHA SANTOS saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as
metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentá-
rias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da segu-
4.CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ARTIGOS ridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar
194 A 200 com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garan-
tir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido
o disposto no art. 154, I.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto inte-
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social po-
grado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
derá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
fonte de custeio total.
e à assistência social.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei,
poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da
organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, «b».
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social
populações urbanas e rurais; as entidades beneficentes de assistência social que atendam às
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefí- exigências estabelecidas em lei.
cios e serviços; § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário ru-
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; rais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges,
V - eqüidade na forma de participação no custeio; que exerçam suas atividades em regime de economia familiar,
VI - diversidade da base de financiamento; sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade
VII - caráter democrático e descentralizado da gestão admi- social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado
nistrativa, com a participação da comunidade, em especial de tra- da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos ter-
balhadores, empresários e aposentados. mos da lei.

Didatismo e Conhecimento 13
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da ar-
deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferen- recadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de
ciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensi- que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzi-
va de mão-deobra, do porte da empresa ou da condição estrutural das as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
do mercado de trabalho. III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recur-
para o sistema único de saúde e ações de assistência social da sos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.
União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a
dos Estados para os Municípios, observada a respectiva con- cada cinco anos, estabelecerá:
trapartida de recursos. I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das con- II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados
tribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
para débitos em montante superior ao fixado em lei comple- cípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios,
mentar. objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despe-
os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e sas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
IV do caput, serão não-cumulativas. IV - (revogado).
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
substituição gradual, total ou parcial, da contribuição inciden- admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate
te na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo
faturamento. com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos
específicos para sua atuação.
Seção II § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
DA SAÚDE salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de
Carreira e a regulamentação das atividades de agente comuni-
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garan- tário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à
União, nos termos da lei, prestar assistência financeira comple-
tido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
mentar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
o cumprimento do referido piso salarial.
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e re-
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no §
cuperação.
4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça
funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saú-
agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso
de, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua
de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei,
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser
para o seu exercício.
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa
física ou jurídica de direito privado. Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo
organizado de acordo com as seguintes diretrizes: preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
I - descentralização, com direção única em cada esfera de go- § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxí-
verno; lios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades § 3º É vedada a participação direta ou indireta de empre-
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; sas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, sal-
III - participação da comunidade. vo nos casos previstos em lei.
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que
do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a
além de outras fontes. coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados,
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios sendo vedado todo tipo de comercialização.
aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras
recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais cal- atribuições, nos termos da lei:
culados sobre: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân-
I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei com- cias de interesse para a saúde e participar da produção de medica-
plementar prevista no § 3º; mentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo insumos;
exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica,
cento); bem como as de saúde do trabalhador;

Didatismo e Conhecimento 14
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saú- Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicio-
de; nantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento bási-
IV - participar da formulação da política e da execução das co, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte,
ações de saneamento básico; o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde
V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento da população expressam a organização social e econômica do País.
científico e tecnológico;
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social
científico e tecnológico e a inovação; e econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condi-
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o con- cionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento
trole de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para con- básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a ati-
sumo humano; vidade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços
VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans- essenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos,
tóxicos e radioativos; Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele com- que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir
preendido o do trabalho. às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental
e social.

TÍTULO II
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
5. LEI ORGÂNICA DA SAÚDE - LEI NO DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
8.080/1990, LEI NO 8.142/1990 E DECRETO
PRESIDENCIAL NO 7.508, DE 28 DE Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados
JUNHO DE 2011. por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais,
da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo
Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições
LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade,
pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san-
gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde.
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu-
§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único
peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
de Saúde (SUS), em caráter complementar.
correspondentes e dá outras providências.
CAPÍTULO I
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
Dos Objetivos e Atribuições
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e
determinantes da saúde;
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações II - a formulação de política de saúde destinada a promover,
e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca- nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º
ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de do art. 2º desta lei;
direito Público ou privado. III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de pro-
moção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integra-
TÍTULO I da das ações assistenciais e das atividades preventivas.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de- Único de Saúde (SUS):
vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno
exercício. I - a execução de ações:
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formu- a) de vigilância sanitária;
lação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à b) de vigilância epidemiológica;
redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabeleci- c) de saúde do trabalhador; e
mento de condições que assegurem acesso universal e igualitário d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recupe-
ração. II - a participação na formulação da política e na execução de
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, ações de saneamento básico;
das empresas e da sociedade. III - a ordenação da formação de recursos humanos na área
de saúde;

Didatismo e Conhecimento 15
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças origina-
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele com- das no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração
preendido o do trabalho; das entidades sindicais; e
VI - a formulação da política de medicamentos, equipamen- VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer
tos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço
a participação na sua produção; ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e subs- iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.
tâncias de interesse para a saúde;
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas CAPÍTULO II
para consumo humano; Dos Princípios e Diretrizes
IX - a participação no controle e na fiscalização da produção,
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati- Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços pri-
vos, tóxicos e radioativos; vados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único
X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes
científico e tecnológico; previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus aos seguintes princípios:
derivados. I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações níveis de assistência;
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir II - integralidade de assistência, entendida como conjunto ar-
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ- ticulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis
saúde, abrangendo: de complexidade do sistema;
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen- III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua
te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e integridade física e moral;
processos, da produção ao consumo; e IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou
II - o controle da prestação de serviços que se relacionam di- privilégios de qualquer espécie;
reta ou indiretamente com a saúde. V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos servi-
ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção ços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de
de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. VIII - participação da comunidade;
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, IX - descentralização político-administrativa, com direção
um conjunto de atividades que se destina, através das ações de única em cada esfera de governo:
vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e pro- a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
teção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;
e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio
agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo: ambiente e saneamento básico;
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, mate-
ou portador de doença profissional e do trabalho; riais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Úni- Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da po-
co de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle pulação;
dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis
trabalho; de assistência; e
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Úni- XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar du-
co de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das plicidade de meios para fins idênticos.
condições de produção, extração, armazenamento, transporte, dis-
tribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e CAPÍTULO III
de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; Da Organização, da Direção e da Gestão
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema
sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação
doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fis- complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma re-
calizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, gionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente.
periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profis-
sional; Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única,
VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo
serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú- exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:
blicas e privadas;

Didatismo e Conhecimento 16
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu-
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respecti- nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de
va Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de à integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído
Saúde ou órgão equivalente. pela Lei nº 12.466, de 2011).
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sani-
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de- tário, integração de territórios, referência e contrarreferência e
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes demais aspectos vinculados à integração das ações e serviços de
correspondam. saúde entre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466,
de 2011).
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais
o princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
disporão sobre sua observância. nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), (Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos
poderá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular re- entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes à
cursos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função so-
de saúde. cial, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466,
de 2011).
Art. 11. (Vetado). § 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orça-
mento geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito na- auxiliar no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda
cional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas celebrar convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466,
pelos Ministérios e órgãos competentes e por entidades represen- de 2011).
tativas da sociedade civil. § 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Co-
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade sems) são reconhecidos como entidades que representam os entes
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema
à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
Único de Saúde (SUS).
forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº
12.466, de 2011).
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das
comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati-
CAPÍTULO IV
vidades:
Da Competência e das Atribuições
I - alimentação e nutrição;
II - saneamento e meio ambiente;
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; Seção I
IV - recursos humanos; Das Atribuições Comuns
V - ciência e tecnologia; e
VI - saúde do trabalhador. Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
pios exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atri-
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte- buições:
gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino pro- I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avalia-
fissional e superior. ção e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali- II - administração dos recursos orçamentários e financeiros
dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e destinados, em cada ano, à saúde;
educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de
Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à saúde da população e das condições ambientais;
pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. IV - organização e coordenação do sistema de informação de
saúde;
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Triparti- V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
te são reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as-
gestores, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de sistência à saúde;
Saúde (SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bi- drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
partite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei nº VII - participação de formulação da política e da execução das
12.466, de 2011). ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera-
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e ad- ção do meio ambiente;
ministrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
com a definição da política consubstanciada em planos de saúde, IX - participação na formulação e na execução da política de
aprovados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;
12.466, de 2011).

Didatismo e Conhecimento 17
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con-
Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde; trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de
XI - elaboração de normas para regular as atividades de ser- consumo e uso humano;
viços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública; IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de
XII - realização de operações externas de natureza financeira fiscalização do exercício profissional, bem como com entidades re-
de interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal; presentativas de formação de recursos humanos na área de saúde;
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução
e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca- da política nacional e produção de insumos e equipamentos para
lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com- a saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais;
petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referên-
bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sen- cia nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assis-
do-lhes assegurada justa indenização; tência à saúde;
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Compo- XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân-
nentes e Derivados; cias de interesse para a saúde;
XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao
internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote- atuação institucional;
ção e recuperação da saúde; XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Siste-
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização ma Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de
do exercício profissional e outras entidades representativas da so- assistência à saúde;
ciedade civil para a definição e controle dos padrões éticos para XV - promover a descentralização para as Unidades Federa-
pesquisa, ações e serviços de saúde; das e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respecti-
XVIII - promover a articulação da política e dos planos de vamente, de abrangência estadual e municipal;
saúde; XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Na-
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; cional de Sangue, Componentes e Derivados;
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscali- XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços
zação inerentes ao poder de polícia sanitária; de saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âm-
estratégicos e de atendimento emergencial. bito do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios
e Distrito Federal;
Seção II XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coorde-
Da Competência nar a avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território
Nacional em cooperação técnica com os Estados, Municípios e
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS) Distrito Federal. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995)
compete: Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutri- epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na
ção; ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do
controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou
II - participar na formulação e na implementação das políticas: que representem risco de disseminação nacional.
a) de controle das agressões ao meio ambiente;
b) de saneamento básico; e Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; compete:
I - promover a descentralização para os Municípios dos servi-
III - definir e coordenar os sistemas: ços e das ações de saúde;
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
b) de rede de laboratórios de saúde pública; Sistema Único de Saúde (SUS);
c) de vigilância epidemiológica; e III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e exe-
d) vigilância sanitária; cutar supletivamente ações e serviços de saúde;
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con-
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; serviços:
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para a) de vigilância epidemiológica;
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar b) de vigilância sanitária;
a política de saúde do trabalhador; c) de alimentação e nutrição; e
VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilân- d) de saúde do trabalhador;
cia epidemiológica; V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana;
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple- VI - participar da formulação da política e da execução de
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; ações de saneamento básico;

Didatismo e Conhecimento 18
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
VII - participar das ações de controle e avaliação das condi- CAPÍTULO V
ções e dos ambientes de trabalho; Do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompa- (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
nhar e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde;
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten-
gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência esta- dimento das populações indígenas, em todo o território nacional,
dual e regional; coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei.
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga-
nização administrativa; Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con- Indígena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado
trole e avaliação das ações e serviços de saúde; e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de
1990, com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple- pela Lei nº 9.836, de 1999)
mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos e
substâncias de consumo humano; Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan-
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sani- ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela
tária de portos, aeroportos e fronteiras; Lei nº 9.836, de 1999)
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos in-
dicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade fe- Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema
derada. instituído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política
Indígena do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) com-
pete: Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições gover-
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os servi- namentais e não-governamentais poderão atuar complementar-
mente no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº
ços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde;
9.836, de 1999)
II - participar do planejamento, programação e organização
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde
Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração
(SUS), em articulação com sua direção estadual;
a realidade local e as especificidades da cultura dos povos indí-
III - participar da execução, controle e avaliação das ações
genas e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena,
referentes às condições e aos ambientes de trabalho;
que se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, con-
IV - executar serviços: templando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico,
a) de vigilância epidemiológica; nutrição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educa-
b) vigilância sanitária; ção sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei nº
c) de alimentação e nutrição; 9.836, de 1999)
d) de saneamento básico; e
e) de saúde do trabalhador; Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado.
e equipamentos para a saúde; (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
§ 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela
que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos Lei nº 9.836, de 1999)
órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro- § 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema
lá-las; de Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adap-
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; tações na estrutura e organização do SUS nas regiões onde resi-
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; dem as populações indígenas, para propiciar essa integração e o
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigi- atendimento necessário em todos os níveis, sem discriminações.
lância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra- § 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao
tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de
saúde, bem como controlar e avaliar sua execução; acordo com suas necessidades, compreendendo a atenção primá-
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços pri- ria, secundária e terciária à saúde. (Incluído pela Lei nº 9.836,
vados de saúde; de 1999)
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços pú-
blicos de saúde no seu âmbito de atuação. Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar
dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva- avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional
das aos Estados e aos Municípios. de Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando
for o caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)

Didatismo e Conhecimento 19
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
CAPÍTULO VI o agravo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em con-
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO formidade com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº
DOMICILIAR 12.401, de 2011)
(Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi-
ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados
Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (In- no território nacional por serviço próprio, conveniado ou contra-
cluído pela Lei nº 10.424, de 2002) tado.
§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e inter-
nação domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são ado-
médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de as- tadas as seguintes definições:
sistência social, entre outros necessários ao cuidado integral dos I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas
pacientes em seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de coletoras e equipamentos médicos;
2002) II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que
§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realiza- estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à
dos por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medi- saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
cina preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
nº 10.424, de 2002) das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
ser realizados por indicação médica, com expressa concordância gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
do paciente e de sua família. (Incluído pela Lei nº 10.424, de
2002) Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas
deverão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas
CAPÍTULO VII diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia
O TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro-
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira
escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou
- SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir produtos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados
a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será in-
dicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz tera-
§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos pêutica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei nº
direitos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a 12.401, de 2011)
ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo. (In- I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo
cluído pela Lei nº 11.108, de 2005) gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas
§ 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada
em local visível de suas dependências, aviso informando sobre o na Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei nº
direito estabelecido no caput deste artigo. (Incluído pela Lei 12.401, de 2011)
nº 12.895, de 2013) II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas
Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo for-
2005) necimento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite;
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
CAPÍTULO VIII III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar,
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) com base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores
municipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será
DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA INCORPORA- pactuada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei
ÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE” nº 12.401, de 2011)

Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere a Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo
alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluído pela Lei SUS de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem
nº 12.401, de 2011) como a constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de di-
I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para retriz terapêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assesso-
a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretri- rado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no
zes terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)

Didatismo e Conhecimento 20
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
§ 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias TÍTULO III
no SUS, cuja composição e regimento são definidos em regula- DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
mento, contará com a participação de 1 (um) representante indi-
cado pelo Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, CAPÍTULO I
especialista na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. Do Funcionamento
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
§ 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde carac-
Tecnologias no SUS levará em consideração, necessariamente: terizam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) liberais, legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efe- privado na promoção, proteção e recuperação da saúde.
tividade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento
objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o registro Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos
saúde, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas
custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que
pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, condições para seu funcionamento.
quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 23. É vedada a participação direta ou indireta de empresas
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se ou de capitais estrangeiros na assistência à saúde, salvo através de
refere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de pro- doações de organismos internacionais vinculados à Organização
cesso administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de finan-
(cento e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o ciamento e empréstimos.
pedido, admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, § 1° Em qualquer caso é obrigatória a autorização do órgão
quando as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº de direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), submeten-
12.401, de 2011) do-se a seu controle as atividades que forem desenvolvidas e os
§ 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, instrumentos que forem firmados.
no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de § 2° Excetuam-se do disposto neste artigo os serviços de saú-
1999, e as seguintes determinações especiais: (Incluído pela de mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atendi-
Lei nº 12.401, de 2011) mento de seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se ca- a seguridade social.
bível, das amostras de produtos, na forma do regulamento, com
informações necessárias para o atendimento do disposto no § 2o Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi-
do art. 19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097,
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação de 2015)
do parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga-
Tecnologias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de de- de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097,
cisão, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído de 2015)
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou
pela Lei nº 12.401, de 2011)
explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializa-
do, policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de pela Lei nº 13.097, de 2015)
2011) b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído
pela Lei nº 13.097, de 2015)
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por
SUS: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes,
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica- sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela
mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental, Lei nº 13.097, de 2015)
ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sa- IV - demais casos previstos em legislação específica. (In-
nitária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) cluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reem-
bolso de medicamento e produto, nacional ou importado, sem re- CAPÍTULO II
gistro na Anvisa.” Da Participação Complementar

Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes
de medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou proce- para garantir a cobertura assistencial à população de uma determi-
dimentos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão nada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos
Intergestores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) serviços ofertados pela iniciativa privada.

Didatismo e Conhecimento 21
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços TÍTULO V
privados será formalizada mediante contrato ou convênio, obser- DO FINANCIAMENTO
vadas, a respeito, as normas de direito público.
CAPÍTULO I
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró- Dos Recursos
picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do
Sistema Único de Saúde (SUS). Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sis-
tema Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços recursos necessários à realização de suas finalidades, previstos em
e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela proposta elaborada pela sua direção nacional, com a participação
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no dos órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo
Conselho Nacional de Saúde. em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e Orçamentárias.
de pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção na-
cional do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove-
ato em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva nientes de:
qualidade de execução dos serviços contratados. I - (Vetado)
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni- II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis-
cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único tência à saúde;
de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do III - ajuda, contribuições, doações e donativos;
contrato. IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;
§ 3° (Vetado). V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de enti- no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
dades ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.
função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da re-
TÍTULO IV ceita de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a
DOS RECURSOS HUMANOS qual será destinada à recuperação de viciados.
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será (SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen-
formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.
de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos: § 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas
I - organização de um sistema de formação de recursos hu- supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão finan-
manos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, ciadas por recursos tarifários específicos e outros da União, Es-
além da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento tados, Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema
de pessoal; Financeiro da Habitação (SFH).
II - (Vetado) § 4º (Vetado).
III - (Vetado) § 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Siste- tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de
ma Único de Saúde (SUS). Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de
recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema externa e receita própria das instituições executoras.
Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e § 6º (Vetado).
pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente
com o sistema educacional. CAPÍTULO II
Da Gestão Financeira
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora-
mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
ser exercidas em regime de tempo integral. (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe- lhos de Saúde.
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). § 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União,
servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocu- além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú-
pantes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. de, através do Fundo Nacional de Saúde.
§ 2º (Vetado).
Art. 29. (Vetado). § 3º (Vetado).
§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste-
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em servi- ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
ço sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada
instituída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participa- a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao
ção das entidades profissionais correspondentes. Ministério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.

Didatismo e Conhecimento 22
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re- Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire-
ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em
Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do pará- função das características epidemiológicas e da organização dos
grafo único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes serviços em cada jurisdição administrativa.
às dotações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a
projetos e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e au-
Único de Saúde (SUS). xílios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalida-
de lucrativa.
Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
Art. 39. (Vetado).
Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transfe- § 1º (Vetado).
ridos a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a § 2º (Vetado).
combinação dos seguintes critérios, segundo análise técnica de § 3º (Vetado).
programas e projetos: § 4º (Vetado).
I - perfil demográfico da região; § 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps
II - perfil epidemiológico da população a ser coberta; para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será fei-
III - características quantitativas e qualitativas da rede de saú- ta de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social.
de na área; § 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inven-
IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período tariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens
anterior; móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção
V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos es- municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente,
pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem,
taduais e municipais;
mediante simples termo de recebimento.
VI - previsão do plano qüinqüenal de investimentos da rede;
§ 7º (Vetado).
VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para
§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados,
outras esferas de governo.
mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho
§ 1º Metade dos recursos destinados a Estados e Municípios
e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais
será distribuída segundo o quociente de sua divisão pelo número e Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao
de habitantes, independentemente de qualquer procedimento pré- processo de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada
vio. (Revogado pela Lei Complementar nº 141, de 2012) das contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemioló-
(Vide Lei nº 8.142, de 1990) gicas médico-hospitalares.
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro-
cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta Art. 40. (Vetado)
lei serão ponderados por outros indicadores de crescimento popu-
lacional, em especial o número de eleitores registrados. Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
§ 3º (Vetado). Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela
§ 4º (Vetado). direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão
§ 5º (Vetado). como referencial de prestação de serviços, formação de recursos
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação humanos e para transferência de tecnologia.
dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe-
nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas Art. 42. (Vetado).
na gestão dos recursos transferidos.
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica pre-
CAPÍTULO III servada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláu-
Do Planejamento e do Orçamento sulas dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades
privadas.
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o fe- Art. 44. (Vetado).
deral, ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as
necessidades da política de saúde com a disponibilidade de recur- Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de
sos em planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante
Federal e da União. convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e pro- ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pes-
gramações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde quisa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que
(SUS), e seu financiamento será previsto na respectiva proposta estejam vinculados.
orçamentária. § 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atua-
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. ção, bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.

Didatismo e Conhecimento 23
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
§ 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi- Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do
ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema Sistema Único de Saúde (SUS} e sobre as transferências intergo-
Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, vernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras
para esse fim, for firmado. providências.

Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá me- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
canismos de incentivos à participação do setor privado no inves- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
timento em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de
tecnologia das universidades e institutos de pesquisa aos serviços Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei
de saúde nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de
nacionais. governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as
seguintes instâncias colegiadas:
Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis I - a Conferência de Saúde; e
estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organi- II - o Conselho de Saúde.
zará, no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos
em saúde, integrado em todo o território nacional, abrangendo com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si-
questões epidemiológicas e de prestação de serviços. tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política
de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu-
Art. 48. (Vetado). tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe-
Art. 49. (Vetado). rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo,
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na
Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municí- formulação de estratégias e no controle da execução da política de
pios, celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Des- saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômi-
centralizados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu cos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do
poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
objeto for sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e
o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Cona-
Art. 51. (Vetado).
sems) terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri-
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e
me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe-
Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg-
nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único mentos.
de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei.
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
Art. 53. (Vetado). sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen-
to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento alocados como:
de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são órgãos e entidades, da administração direta e indireta;
livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa
estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) do Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministé-
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. rio da Saúde;
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple-
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti-
em contrário. go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura
assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da Independência e
102º da República. Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei
serão repassados de forma regular e automática para os Municípios,
FERNANDO COLLOR Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no
art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
Lei 8.142/1990 § 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios
previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990. será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o crité-
rio estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de
Vide Lei nº 8.689, de 1993 1990)

Didatismo e Conhecimento 24
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo CAPÍTULO I
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
aos Estados.
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu- Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de se-
ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas tembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único
de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei. de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a
articulação interfederativa.
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar Art. 2o Para efeito deste Decreto, considera-se:
com: I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído
I - Fundo de Saúde; por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comuni-
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; cação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a fina-
III - plano de saúde; lidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata ações e serviços de saúde;
o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990; II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo or- de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade de
çamento; organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regiona-
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e lizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indi-
Salários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implan- cadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho,
tação. recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle
e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pe- implementação integrada das ações e serviços de saúde;
los Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saú-
neste artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam ad- de do usuário no SUS;
ministrados, respectivamente, pelos Estados ou pela União. IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação con-
sensual entre os entes federativos para definição das regras da ges-
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Minis- tão compartilhada do SUS;
tro de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de
desta lei. recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo
SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade ins-
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. talada existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir
dos indicadores de saúde do sistema;
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços
de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a
Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde;
VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde
102° da República.
específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo
ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e
FERNANDO COLLOR
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento
Alceni Guerra
que estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo
à saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
Decreto Presidencial 7.508/11
produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011.
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos

gestores do SUS.
Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para
dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o CAPÍTULO II
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação inter- DA ORGANIZAÇÃO DO SUS
federativa, e dá outras providências.
Art. 3o O SUS é constituído pela conjugação das ações e ser-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que viços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados
lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante a
disposto na Lei no 8.080, 19 de setembro de 1990, participação complementar da iniciativa privada, sendo organiza-
do de forma regionalizada e hierarquizada.
DECRETA:

Didatismo e Conhecimento 25
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
Seção I Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais
Das Regiões de Saúde especializados, entre outros de maior complexidade e densidade
tecnológica, serão referenciados pelas Portas de Entrada de que
Art. 4o As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, trata o art. 9o.
em articulação com os Municípios, respeitadas as diretrizes gerais
pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite - CIT a que se re- Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos servi-
fere o inciso I do art. 30. ços de saúde será ordenado pela atenção primária e deve ser fun-
§ 1o Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais, dado na avaliação da gravidade do risco individual e coletivo e no
compostas por Municípios limítrofes, por ato conjunto dos respec- critério cronológico, observadas as especificidades previstas para
tivos Estados em articulação com os Municípios. pessoas com proteção especial, conforme legislação vigente.
§ 2o A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de Parágrafo único. A população indígena contará com regra-
fronteira com outros países deverá respeitar as normas que regem mentos diferenciados de acesso, compatíveis com suas especifici-
as relações internacionais. dades e com a necessidade de assistência integral à sua saúde, de
acordo com disposições do Ministério da Saúde.
Art. 5o Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no
Art. 12. Ao usuário será assegurada a continuidade do cui-
mínimo, ações e serviços de:
dado em saúde, em todas as suas modalidades, nos serviços, hos-
I - atenção primária;
pitais e em outras unidades integrantes da rede de atenção da res-
II - urgência e emergência;
pectiva região.
III - atenção psicossocial; Parágrafo único. As Comissões Intergestores pactuarão as
IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e regras de continuidade do acesso às ações e aos serviços de saúde
V - vigilância em saúde. na respectiva área de atuação.
Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observa- Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso universal, igua-
rá cronograma pactuado nas Comissões Intergestores. litário e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS, caberá
aos entes federativos, além de outras atribuições que venham a ser
Art. 6o As Regiões de Saúde serão referência para as transfe- pactuadas pelas Comissões Intergestores:
rências de recursos entre os entes federativos. I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade no
acesso às ações e aos serviços de saúde;
Art. 7o As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de
no âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas, em conso- saúde;
nância com diretrizes pactuadas nas Comissões Intergestores. III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde; e
Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de saúde.
elementos em relação às Regiões de Saúde:
I - seus limites geográficos; Art. 14. O Ministério da Saúde disporá sobre critérios, di-
II - população usuária das ações e serviços; retrizes, procedimentos e demais medidas que auxiliem os entes
III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e federativos no cumprimento das atribuições previstas no art. 13.
IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade
e escala para conformação dos serviços. CAPÍTULO III
DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE
Seção II
Da Hierarquização Art. 15. O processo de planejamento da saúde será ascendente
e integrado, do nível local até o federal, ouvidos os respectivos
Conselhos de Saúde, compatibilizando-se as necessidades das po-
Art. 8o O acesso universal, igualitário e ordenado às ações
líticas de saúde com a disponibilidade de recursos financeiros.
e serviços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se
§ 1o O planejamento da saúde é obrigatório para os entes
completa na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a
públicos e será indutor de políticas para a iniciativa privada.
complexidade do serviço. § 2o A compatibilização de que trata o caput será efetuada no
âmbito dos planos de saúde, os quais serão resultado do planeja-
Art. 9o São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde mento integrado dos entes federativos, e deverão conter metas de
nas Redes de Atenção à Saúde os serviços: saúde.
I - de atenção primária; § 3o O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes
II - de atenção de urgência e emergência; a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, de acordo
III - de atenção psicossocial; e com as características epidemiológicas e da organização de servi-
IV - especiais de acesso aberto. ços nos entes federativos e nas Regiões de Saúde.
Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo
com o pactuado nas Comissões Intergestores, os entes federativos Art. 16. No planejamento devem ser considerados os serviços
poderão criar novas Portas de Entrada às ações e serviços de saúde, e as ações prestados pela iniciativa privada, de forma complemen-
considerando as características da Região de Saúde. tar ou não ao SUS, os quais deverão compor os Mapas da Saúde
regional, estadual e nacional.

Didatismo e Conhecimento 26
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
Art. 17. O Mapa da Saúde será utilizado na identificação das Art. 26. O Ministério da Saúde é o órgão competente para
necessidades de saúde e orientará o planejamento integrado dos dispor sobre a RENAME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Te-
entes federativos, contribuindo para o estabelecimento de metas rapêuticas em âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas
de saúde. pela CIT.
Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde con-
Art. 18. O planejamento da saúde em âmbito estadual deve solidará e publicará as atualizações da RENAME, do respectivo
ser realizado de maneira regionalizada, a partir das necessidades FTN e dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas.
dos Municípios, considerando o estabelecimento de metas de saú-
de. Art. 27. O Estado, o Distrito Federal e o Município poderão
adotar relações específicas e complementares de medicamentos,
Art. 19. Compete à Comissão Intergestores Bipartite - CIB em consonância com a RENAME, respeitadas as responsabilida-
de que trata o inciso II do art. 30 pactuar as etapas do processo e os des dos entes pelo financiamento de medicamentos, de acordo com
prazos do planejamento municipal em consonância com os plane- o pactuado nas Comissões Intergestores.
jamentos estadual e nacional.
Art. 28. O acesso universal e igualitário à assistência farma-
CAPÍTULO IV cêutica pressupõe, cumulativamente:
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE I - estar o usuário assistido por ações e serviços de saúde do
SUS;
Art. 20. A integralidade da assistência à saúde se inicia e se II - ter o medicamento sido prescrito por profissional de saúde,
completa na Rede de Atenção à Saúde, mediante referenciamento no exercício regular de suas funções no SUS;
do usuário na rede regional e interestadual, conforme pactuado nas III - estar a prescrição em conformidade com a RENAME e
Comissões Intergestores. os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou com a relação
específica complementar estadual, distrital ou municipal de medi-
Seção I camentos; e
Da Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde - RENA- IV - ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas pela
SES direção do SUS.
§ 1o Os entes federativos poderão ampliar o acesso do usuá-
Art. 21. A Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde rio à assistência farmacêutica, desde que questões de saúde pública
- RENASES compreende todas as ações e serviços que o SUS ofe- o justifiquem.
rece ao usuário para atendimento da integralidade da assistência
§ 2o O Ministério da Saúde poderá estabelecer regras diferen-
à saúde.
ciadas de acesso a medicamentos de caráter especializado.
Art. 22. O Ministério da Saúde disporá sobre a RENASES
Art. 29. A RENAME e a relação específica complementar
em âmbito nacional, observadas as diretrizes pactuadas pela CIT.
estadual, distrital ou municipal de medicamentos somente poderão
conter produtos com registro na Agência Nacional de Vigilância
Parágrafo único. A cada dois anos, o Ministério da Saúde con-
Sanitária - ANVISA.
solidará e publicará as atualizações da RENASES.

Art. 23. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- CAPÍTULO V


cípios pactuarão nas respectivas Comissões Intergestores as suas DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA
responsabilidades em relação ao rol de ações e serviços constantes
da RENASES. Seção I
Das Comissões Intergestores
Art. 24. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
derão adotar relações específicas e complementares de ações e Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a organização
serviços de saúde, em consonância com a RENASES, respeitadas e o funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em
as responsabilidades dos entes pelo seu financiamento, de acordo redes de atenção à saúde, sendo:
com o pactuado nas Comissões Intergestores. I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da
Saúde para efeitos administrativos e operacionais;
Seção II II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Esta-
Da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RENA- dual de Saúde para efeitos administrativos e operacionais; e
ME III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito re-
gional, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos admi-
Art. 25. A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais nistrativos e operacionais, devendo observar as diretrizes da CIB.
- RENAME compreende a seleção e a padronização de medica-
mentos indicados para atendimento de doenças ou de agravos no Art. 31. Nas Comissões Intergestores, os gestores públicos de
âmbito do SUS. saúde poderão ser representados pelo Conselho Nacional de Secre-
Parágrafo único. A RENAME será acompanhada do Formu- tários de Saúde - CONASS, pelo Conselho Nacional de Secretarias
lário Terapêutico Nacional - FTN que subsidiará a prescrição, a Municipais de Saúde - CONASEMS e pelo Conselho Estadual de
dispensação e o uso dos seus medicamentos. Secretarias Municipais de Saúde - COSEMS.

Didatismo e Conhecimento 27
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
Art. 32. As Comissões Intergestores pactuarão: § 2o O desempenho aferido a partir dos indicadores nacio-
I - aspectos operacionais, financeiros e administrativos da ges- nais de garantia de acesso servirá como parâmetro para avaliação
tão compartilhada do SUS, de acordo com a definição da política do desempenho da prestação das ações e dos serviços definidos
de saúde dos entes federativos, consubstanciada nos seus planos de no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde em todas as
saúde, aprovados pelos respectivos conselhos de saúde; Regiões de Saúde, considerando-se as especificidades municipais,
II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde, integração de regionais e estaduais.
limites geográficos, referência e contrarreferência e demais aspec-
tos vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde
entes federativos; conterá as seguintes disposições essenciais:
I - identificação das necessidades de saúde locais e regionais;
III - diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e inte- II - oferta de ações e serviços de vigilância em saúde, promo-
restadual, a respeito da organização das redes de atenção à saúde, ção, proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e inter
principalmente no tocante à gestão institucional e à integração das -regional;
ações e serviços dos entes federativos; III - responsabilidades assumidas pelos entes federativos pe-
IV - responsabilidades dos entes federativos na Rede de Aten- rante a população no processo de regionalização, as quais serão
ção à Saúde, de acordo com o seu porte demográfico e seu desen- estabelecidas de forma individualizada, de acordo com o perfil, a
volvimento econômico-financeiro, estabelecendo as responsabili- organização e a capacidade de prestação das ações e dos serviços
dades individuais e as solidárias; e de cada ente federativo da Região de Saúde;
V - referências das regiões intraestaduais e interestaduais de IV - indicadores e metas de saúde;
atenção à saúde para o atendimento da integralidade da assistência. V - estratégias para a melhoria das ações e serviços de saúde;
Parágrafo único. Serão de competência exclusiva da CIT a VI - critérios de avaliação dos resultados e forma de monito-
pactuação: ramento permanente;
I - das diretrizes gerais para a composição da RENASES; VII - adequação das ações e dos serviços dos entes federativos
II - dos critérios para o planejamento integrado das ações e em relação às atualizações realizadas na RENASES;
serviços de saúde da Região de Saúde, em razão do compartilha- VIII - investimentos na rede de serviços e as respectivas res-
mento da gestão; e ponsabilidades; e
III - das diretrizes nacionais, do financiamento e das questões IX - recursos financeiros que serão disponibilizados por cada
operacionais das Regiões de Saúde situadas em fronteiras com ou- um dos partícipes para sua execução.
tros países, respeitadas, em todos os casos, as normas que regem Parágrafo único. O Ministério da Saúde poderá instituir for-
as relações internacionais. mas de incentivo ao cumprimento das metas de saúde e à melhoria
das ações e serviços de saúde.
Seção II
Do Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde
observará as seguintes diretrizes básicas para fins de garantia da
Art. 33. O acordo de colaboração entre os entes federativos gestão participativa:
para a organização da rede interfederativa de atenção à saúde será I - estabelecimento de estratégias que incorporem a avaliação
firmado por meio de Contrato Organizativo da Ação Pública da do usuário das ações e dos serviços, como ferramenta de sua me-
Saúde. lhoria;
II - apuração permanente das necessidades e interesses do
Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo de Ação Pública usuário; e
da Saúde é a organização e a integração das ações e dos serviços III - publicidade dos direitos e deveres do usuário na saúde em
de saúde, sob a responsabilidade dos entes federativos em uma todas as unidades de saúde do SUS, inclusive nas unidades priva-
Região de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade da das que dele participem de forma complementar.
assistência aos usuários.
Parágrafo único. O Contrato Organizativo de Ação Pública Art. 38. A humanização do atendimento do usuário será fator
da Saúde resultará da integração dos planos de saúde dos entes determinante para o estabelecimento das metas de saúde previstas
federativos na Rede de Atenção à Saúde, tendo como fundamento no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde.
as pactuações estabelecidas pela CIT.
Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do Contrato Or-
Art. 35. O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde ganizativo de Ação Pública de Saúde serão pactuados pelo CIT,
definirá as responsabilidades individuais e solidárias dos entes fe- cabendo à Secretaria de Saúde Estadual coordenar a sua imple-
derativos com relação às ações e serviços de saúde, os indicadores mentação.
e as metas de saúde, os critérios de avaliação de desempenho, os
recursos financeiros que serão disponibilizados, a forma de contro- Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e Avaliação do
le e fiscalização da sua execução e demais elementos necessários à SUS, por meio de serviço especializado, fará o controle e a fiscali-
implementação integrada das ações e serviços de saúde. zação do Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde.
§ 1o O Ministério da Saúde definirá indicadores nacionais de § 1o O Relatório de Gestão a que se refere o inciso IV do
garantia de acesso às ações e aos serviços de saúde no âmbito do art. 4o da Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, conterá se-
SUS, a partir de diretrizes estabelecidas pelo Plano Nacional de ção específica relativa aos compromissos assumidos no âmbito do
Saúde. Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde.

Didatismo e Conhecimento 28
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
§ 2o O disposto neste artigo será implementado em confor-
midade com as demais formas de controle e fiscalização previstas 6. DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE
em Lei.

Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e avaliar a execução


do Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde, em relação
ao cumprimento das metas estabelecidas, ao seu desempenho e à Utilizamos excertos de artigo produzido por Alberto Pellegini
aplicação dos recursos disponibilizados. e Paulo Buss ante a qualidade e exatidão das anotações por eles
apontadas.
Parágrafo único. Os partícipes incluirão dados sobre o Con-
trato Organizativo de Ação Pública de Saúde no sistema de infor- “As diversas definições de determinantes sociais de saúde
mações em saúde organizado pelo Ministério da Saúde e os en- (DSS) expressam, com maior ou menor nível de detalhe, o concei-
caminhará ao respectivo Conselho de Saúde para monitoramento. to atualmente bastante generalizado de que as condições de vida e
trabalho dos indivíduos e de grupos da população estão relaciona-
CAPÍTULO VI das com sua situação de saúde.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Para a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da
Saúde (CNDSS), os DSS são os fatores sociais, econômicos, cultu-
Art. 42. Sem prejuízo das outras providências legais, o Minis- rais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influen-
tério da Saúde informará aos órgãos de controle interno e externo: ciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco
I - o descumprimento injustificado de responsabilidades na na população. A comissão homônima da Organização Mundial da
prestação de ações e serviços de saúde e de outras obrigações pre- Saúde (OMS) adota uma definição mais curta, segundo a qual os
vistas neste Decreto; DSS são as condições sociais em que as pessoas vivem e traba-
II - a não apresentação do Relatório de Gestão a que se refere lham. Nancy Krieger (2001) introduz um elemento de intervenção,
o inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de 1990; ao defini-los como os fatores e mecanismos através dos quais as
III - a não aplicação, malversação ou desvio de recursos fi- condições sociais afetam a saúde e que potencialmente podem ser
nanceiros; e alterados através de ações baseadas em informação.
IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver conhecimento. Tarlov (1996) propõe, finalmente, uma definição bastante
sintética, ao entendêlos como as características sociais dentro das
Art. 43. A primeira RENASES é a somatória de todas as quais a vida transcorre.
ações e serviços de saúde que na data da publicação deste Decreto Embora, como já mencionado, tenha-se hoje alcançado certo
são ofertados pelo SUS à população, por meio dos entes federados, consenso sobre a importância dos DSS na situação de saúde, esse
de forma direta ou indireta. consenso foi sendo construído ao longo da história. Entre os di-
versos paradigmas explicativos para os problemas de saúde, em
Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire- meados do século XIX predominava a teoria miasmática, que con-
trizes de que trata o § 3o do art. 15 no prazo de cento e oitenta dias seguia responder às importantes mudanças sociais e práticas de
a partir da publicação deste Decreto. saúde observadas no âmbito dos novos processos de urbanização
e industrialização ocorridos naquele momento histórico. Estudos
Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data de sua publica- sobre a contaminação da água e dos alimentos, assim como sobre
ção. riscos ocupacionais, trouxeram importante reforço para o conceito
de miasma e para as ações de saúde pública (SUSSER, 1998).
Brasília, 28 de junho de 2011; 190o da Independência e 123o Virchow, um dos mais destacados cientistas vinculados a essa
da República. teoria, entendia que a “ciência médica é intrínseca e essencial-
mente uma ciência social”, que as condições econômicas e sociais
DILMA ROUSSEFF exercem um efeito importante sobre a saúde e a doença e que tais
Alexandre Rocha Santos Padilha relações devem ser submetidas à pesquisa científica.
Entendia também que o próprio termo “saúde pública” expres-
sa seu caráter político e que sua prática implica necessariamente a
intervenção na vida política e social para identificar e eliminar os
fatores que prejudicam a saúde da população.
Nas últimas décadas do século XIX, com o extraordinário
trabalho de bacteriologistas como Koch e Pasteur, afirma-se um
novo paradigma para a explicação do processo saúde-doença. A
história da criação da primeira escola de saúde pública nos Es-
tados Unidos, na Universidade Johns Hopkins, é um interessante
exemplo do processo de afirmação da hegemonia desse “paradig-
ma bacteriológico”. Desde 1913, quando a Fundação Rockefeller
decide propor o estabelecimento de uma escola para treinar os
profissionais de saúde pública, até a decisão, em 1916, de financiar
sua implantação em Johns Hopkins, há um importante debate entre

Didatismo e Conhecimento 29
LEGISLAÇÃO APLICADA AO SUS
diversas correntes e concepções sobre a estruturação do campo da nessas informações é possível realizar análises de situação, plane-
saúde pública. No centro do debate estiveram questões como: deve jamento e avaliação das ações e programas na área. O SIM pro-
a saúde pública tratar do estudo de doenças específicas, como um porciona a produção de estatísticas de mortalidade e a construção
ramo especializado da medicina, baseando-se fundamentalmente dos principais indicadores de saúde. A análise dessas informações
na microbiologia e nos sucessos da teoria dos germes ou deve cen- permite estudos não apenas do ponto de vista estatístico e epide-
trar-se no estudo da influência das condições sociais, econômicas e miológico, mas também sócio-demográfico.
ambientais na saúde dos indivíduos? Outras questões relacionadas:
a saúde e a doença devem ser pesquisadas no laboratório, com Sistema de Informações de Nascidos Vivos - SINASC
o estudo biológico dos organismos infecciosos, ou nas casas, nas
fábricas e nos campos, buscando conhecer as condições de vida e Implantado pelo Ministério da Saúde em 1990 com o objetivo
os hábitos de seus hospedeiros?
de reunir informações epidemiológicas referentes aos nascimen-
Como se pode ver, o conflito entre saúde pública e medicina
tos informados em todo território nacional, apresenta atualmente
e entre os enfoques biológico e social do processo saúde-doença
estiveram no centro do debate sobre a configuração desse novo um número de registros maior do que o publicado pelo IBGE,
campo de conhecimento, de prática e de educação. Ao final desse com base nos dados de Cartório de Registro Civil. Por intermédio
processo, Hopkins foi escolhida pela excelência de sua escola de desses registros é possível subsidiar as intervenções relacionadas
medicina, de seu hospital e de seu corpo de pesquisadores médicos. à saúde da mulher e da criança para todos os níveis do Sistema
Esta decisão representou o predomínio do conceito da saúde públi- Único de Saúde - SUS, como ações de atenção à gestante e ao
ca orientada ao controle de doenças específicas, fundamentada no recém-nascido. O acompanhamento da evolução das séries histó-
conhecimento científico baseado na bacteriologia e contribuiu para ricas do SINASC permite a identificação de prioridades de inter-
“estreitar” o foco da saúde pública, que passa a distanciar-se das venção, o que contribui para efetiva melhoria do sistema.
questões políticas e dos esforços por reformas sociais e sanitárias
de caráter mais amplo. Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan
A influência desse processo e do modelo por ele gerado não
se limita à escola de saúde pública de Hopkins, estendendo-se por O Sinan é alimentado, principalmente, pela notificação e in-
todo o país e internacionalmente. O modelo serviu para que nos
vestigação de casos de doenças e agravos que constam da lista
anos seguintes a Fundação Rockefeller apoiasse o estabelecimen-
to de escolas de saúde pública no Brasil (Faculdade de Higiene e nacional de doenças de notificação compulsória, mas é facultado a
Saúde Pública de São Paulo), Bulgária, Canadá, Checoslováquia, estados e municípios incluir outros problemas de saúde importan-
Inglaterra, Hungria, Índia, Itália, Japão, Noruega, Filipinas, Polô- tes em sua região. Sua utilização efetiva permite a realização do
nia, Romênia, Suécia, Turquia e Iugoslávia (FEE, 1987)”. diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população,
podendo fornecer subsídios para explicações causais dos agravos
(Fonte: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/artigos/329-ar- de notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais
tigo-aborda-os-problemas-da-saude-e-seus-determinantes-sociais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação
da realidade epidemiológica de determinada área geográfica.

Sistema de Informação do Programa Nacional de Imuniza-


7. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM ções - SI-PNI
SAÚDE.
O objetivo fundamental do SI-PNI é possibilitar aos gestores
envolvidos no programa uma avaliação dinâmica do risco quanto
à ocorrência de surtos ou epidemias, a partir do registro dos imu-
Sistemas de Informação nos aplicados e do quantitativo populacional vacinado, que são
agregados por faixa etária, em determinado período de tempo, em
Os sistemas de informação em saúde são instrumentos pa- uma área geográfica. Por outro lado, possibilita também o contro-
dronizados de monitoramento e coleta de dados, que tem como le do estoque de imunos necessário aos administradores que têm a
objetivo o fornecimento de informações para análise e melhor incumbência de programar sua aquisição e distribuição.
compreensão de importantes problemas de saúde da população,
subsidiando a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual
e federal. A seguir estão relacionados os sistemas de informação
relativos ao tema em questão:

Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM

Criado pelo Ministério da Saúde em 1975 para a obtenção re-


gular de dados sobre mortalidade no país, possibilitou a captação
de dados sobre mortalidade, de forma abrangente e confiável, para
subsidiar as diversas esferas de gestão na saúde pública. Com base

Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Esse profissional busca a inclusão social e a participação das
1. SERVIÇO SOCIAL NA classes subalternas, por meio de formas alternativas e estratégicas
de ação. Pois procura conhecer a realidade em que atua e possuir
CONTEMPORANEIDADE
compromisso ético com a classe trabalhadora e com a qualidade
dos serviços prestados.
Para uma reflexão do Serviço Social na atualidade, com suas
demandas e perspectivas nesse momento histórico, é necessário
O Serviço Social é uma profissão inserida na divisão social situá-lo em sua trajetória histórica e revelar o legado desse mo-
e técnica do trabalho, realiza sua ação profissional no âmbito das mento com seus rebatimentos no contexto do século da globali-
políticas socioassistenciais, na esfera pública e privada. Neste sen- zação. Tempos em que a economia e o ideário neoliberal intensi-
tido, desenvolve atividades na abordagem direta da população que ficam as desigualdades sociais com suas múltiplas faces. Tempos
procura as instituições e o trabalho do profissional e por meio da em que crescem as massas descartáveis, sobrantes e à margem dos
pesquisa, da administração, do planejamento, da supervisão, da direitos e sistemas de proteção sociais. Tempos, portanto em que
consultoria, da gestão de políticas, de programas e de serviços so- crescem as demandas por políticas sociais, de um modo geral e,
ciais. particularmente, por políticas de proteção social (Yazbek, 2000),
O Serviço Social atua na área das relações sociais, mas sua entre as quais se destaca, neste estudo, a Educação, como campo
especificidade deve ser buscada nos objetivos profissionais tendo privilegiado e desafiador para o exercício profissional, é o que será
estes que serem adequadamente formulados guardando estreita discutido a seguir. (Texto adaptado de PIANA, M. C. doutora em
relação com objeto. Essa formulação dos objetivos garante-nos, Serviço Social).
em parte, a especificidade de uma profissão. Em consequência, um
corpo de conhecimentos teóricos, método de investigação e inter-
venção e um sistema de valores e concepções ideológicas confor- 1.1. DEBATE TEÓRICO-METODOLÓGICO,
mariam a especificidade e integridade de uma profissão. O Serviço ÉTICO-POLÍTICO E TÉCNICO-OPERATIVO
Social é uma prática, um processo de atuação que se alimenta por
DO SERVIÇO SOCIAL E AS RESPOSTAS
uma teoria e volta à prática para transformá-la, um contínuo ir e vir
iniciado na prática dos homens face aos desafios de sua realidade.
PROFISSIONAIS AOS DESAFIOS DE HOJE
O assistente social é um profissional que tem como objeto de
trabalho a questão social com suas diversas expressões, formulan-
do e implementando propostas para seu enfrentamento, por meio
das políticas sociais, públicas, empresariais, de organizações da
Do legado da história aos desafios atuais da profissão
sociedade civil e movimentos sociais. Para Netto (1992), “a ques-
tão social, como matéria de trabalho, não esgota as reflexões”. Sem
O surgimento e desenvolvimento do Serviço Social como pro-
sombra de dúvidas, ela serve para pensar os processos de trabalho
fissão é resultado das demandas da sociedade capitalista e suas
nos quais os assistentes sociais, em uma perspectiva conservadora,
estratégias e mecanismos de opressão social e reprodução da ideo-
eram “executores terminais de políticas sociais”, emanadas do Es-
logia dominante. Como profissão que surge de uma demanda posta
tado ou das instituições privadas que os emprega.
pelo capital, institucionaliza-se e legitima-se como um dos recur-
No processo de ruptura com o conservadorismo, o Serviço So-
sos mobilizados pelo Estado e pelo empresariado, mas com um su-
cial passou a tratar o campo das políticas sociais, não mais no cam-
porte de uma prática cristã ligada à Igreja Católica, na perspectiva
po relacional demanda da população carente e oferta do sistema
do enfrentamento e da regulação da chamada questão social que, a
capitalista, mas acima de tudo como meio de acesso aos direitos
partir dos anos 30 (séc. XX), adquire expressão política pela inten-
sociais e à defesa da democracia. Dessa forma, não se trata apenas
sidade das manifestações na vida social cotidiana.
de operacionalizar as políticas sociais, embora importante, mas fa-
Conforme afirma Yazbek (2000), terá particular destaque na
z-se necessário conhecer as contradições da sociedade capitalista,
estruturação do perfil da emergente profissão no país a Igreja Cató-
da questão social e suas expressões que desafiam cotidianamente
lica, responsável pelo ideário, pelos conteúdos e pelo processo de
os assistentes sociais, pensar as políticas sociais como respostas
formação dos primeiros assistentes sociais brasileiros. Cabe ainda
a situações indignas de vida da população pobre e com isso com-
assinalar, que nesse momento, a questão social é vista a partir de
preender a mediação que as políticas sociais representam no pro-
forte influência do pensamento social da Igreja, que a trata como
cesso de trabalho do profissional, ao deparar-se com as demandas
questão moral, como um conjunto de problemas sob a responsabi-
da população.
lidade individual dos sujeitos que os vivenciam, embora situados
A atuação do assistente social realiza-se em organizações
dentro de relações capitalistas. Trata-se de um enfoque individua-
públicas e privadas e em diferentes áreas e temáticas, como: pro-
lista, psicologizante e moralizador da questão, que necessita para
teção social, educação, programas socioeducativos e de comuni-
seu enfrentamento de uma pedagogia psicossocial, que encontrará
dade, habitação, gestão de pessoas, segurança pública, justiça e
no Serviço Social efetivas possibilidades de desenvolvimento.
direitos humanos, gerenciamento participativo, direitos sociais,
O surgimento do Serviço Social está intrinsecamente relacio-
movimentos sociais, comunicação, responsabilidade social, mar-
nado com as transformações sociais, econômicas e políticas do
keting social, meio ambiente, assessoria e consultoria, que variam
Brasil nas décadas de 1930 e 1940, com o projeto de recristianiza-
de acordo com o lugar que o profissional ocupa no mercado de
ção da Igreja Católica e a ação de grupos, classes e instituições que
trabalho, exigindo deste um conhecimento teórico-metodológico,
integraram essas transformações. Essas décadas são marcadas por
ético-político e técnico-operativo.

Didatismo e Conhecimento 1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
uma sociedade capitalista industrial e urbana. A industrialização O processo de institucionalização e de legitimação do Serviço
processava-se dentro de um modelo de modernização conserva- Social desvencilha suas origens da Igreja, contudo não supera o
dora, pois era favorecida pelo Estado corporativista, centraliza- ranço conservador, quando o Estado passa a gerir prioritariamente
dor e autoritário. Assim, a burguesia industrial aliada aos grandes a política de assistência, efetivada direta ou indiretamente pelas
proprietários rurais, buscava apoio principalmente no Estado para instituições por ele criadas ou a ele associadas. A assistência dei-
seus projetos de classe e, para isso, necessitavam encontrar novas xa de ser um serviço prestado exclusivamente pelas instituições
formas de enfrentamento da chamada “questão social”. privadas, tendo novos parceiros como o Estado e o empresariado.
O Estado Novo visando garantir o controle social e sua le- O desenvolvimento do capitalismo e a inserção da classe ope-
gitimação, apoia-se na classe operária por meio de uma política rária no cenário político da época cria o fundamento necessário à
de massa, capaz ao mesmo tempo de “defender” e de reprimir os institucionalização da profissão. A chamada “questão social” ma-
movimentos reivindicatórios. Ele se constitui na “versão brasileira nifesta-se por meio de vários problemas sociais (fome, desempre-
atenuada do modelo fascista europeu”, ou seja, as diretrizes assu- go, violência e outras) que exigem do Estado e do empresariado
midas pelo governo Vargas baseavam-se nos modelos corporativos uma ação mais efetiva e organizada. A demanda do trabalho profis-
europeus. Esta ação vai desde uma legislação social protetora até sional (assistente social), portanto, vem no bojo de uma demanda
uma estrutura sindical, o Estado “lhe concede o direito potencial apresentada pelo setor patronal e pelo Estado.
à reivindicação e lhe concede a cidadania”, mas em contrapartida, Também se diferencia no que diz respeito à população atendi-
subtrai-lhe a possibilidade de uma organização política autônoma da, quando antes uma pequena parcela da população tinha acesso
e com isso cria um aparato institucional assistencial que irá aten- aos serviços das obras assistenciais privadas, agora um maior nú-
der muito mais ao elevado nível econômico do mercado do que às mero do proletariado tem acesso às incipientes políticas sociais
necessidades da população. A política Vargas tem duas posturas criadas pelo Estado. Essa mudança substancial altera também o
contraditórias em relação aos operários, a conciliação e a repres- vínculo profissional, pois o Estado e o empresariado passam a ser
são, ou seja, o ditador buscava obter “apoio” das classes trabalha- os grandes empregadores de Assistentes Sociais, dando um contor-
doras, inicialmente, pela legislação da Previdência Social, depois no diferenciado ao exercício profissional.
pelo controle das estruturas sindicais, controle esse que assumiu Sob a égide do pensamento da Igreja, a atuação profissio-
diversas formas repressivas. nal estava impregnada da ideia de “fazer o bem”, de legitimar a
A implementação dessas ações governamentais ocorre no mo- doutrina social da Igreja. O Serviço Social no Brasil, assim como
mento em que a proposta de institucionalização do Serviço Social na Europa, frente à fragilidade teórica, com uma formação mais
começa a existir. Na América Latina, bem como no Brasil, a Igreja
moral e ética, e à complexidade da realidade social, fez uso dos
ainda desenvolvia quase que exclusivamente sua intervenção no
ensinamentos da Igreja para executar sua prática, e esta usava o
campo de ação social por meio das chamadas obras de caridade e
Serviço Social para expandir sua doutrina, sua visão de homem e
assistência, que envolviam em suas ações a burguesia e especial-
de mundo.
mente o segmento feminino.
Com isso, o pensamento conservador e a influência da dou-
A formação profissional dos primeiros assistentes sociais bra-
trina católica traçaram um perfil de ação para os profissionais de
sileiros dá-se a partir da influência europeia, por meio do modelo
Serviço Social atrelados ao pensamento burguês, atribuindo-lhes
franco-belga que, tendo como base princípios messiânicos (tomis-
tarefas de amenizar conflitos, recuperar o equilíbrio e preservar
tas) de salvar o corpo e a alma, e fundamentava-se no propósito de
“servir ao outro”. a ordem vigente, com frágil consciência política, pois envolvida
O modelo franco-belga, limitou-se, portanto, a uma formação pelo “fetiche” da ajuda, não conseguia ter claro as contradições do
essencialmente pessoal e moral sendo, nesse período, o Serviço exercício profissional.
Social assumido como uma vocação, e a formação moral e doutri- Essas características do Serviço Social brasileiro, no período
nária, enquanto cerne da formação profissional, visou, sobretudo, inicial de sua existência, são marcantes, e dizem respeito a uma
formar o assistente social para enfrentar, com subjetividade, a rea- profissão aceita não só pela Igreja, mas principalmente pelo Esta-
lidade social. do e pela burguesia. Seu componente técnico-operativo incorpora
A partir dos anos 40, abre-se um novo horizonte no campo da formas tradicionais de assistência social e da própria ação social,
profissionalização da assistência, que, mesmo ainda estreitamente tais como: estudo das necessidades individuais, triagem dos pro-
ligada a sua origem católica, com as ideias e princípios da “cari- blemas, concessão de ajuda material, aconselhamentos, inserção
dade”, da “benevolência” e da “filantropia”, próprios do universo no mercado de trabalho, triagem, visitas domiciliares, encaminha-
neotomista, tem sua atividade legitimada pelo Estado e pelo con- mentos, aulas de tricô e outros trabalhos manuais, atividades volta-
junto da sociedade, por meio da implementação de grandes insti- das à educação ou a orientações sobre moral, higiene, orçamento,
tuições assistenciais. Nesse quadro, o Serviço Social busca uma entre outros.
instrumentalização técnica, valorizando o método e desvinculan- Nos anos 40, surgem os métodos importados dos Estados Uni-
do-se dos princípios neotomistas para se orientar pelos pressupos- dos, Serviço Social de Caso e, ainda que este predomine, também
tos funcionalistas da sociologia e assim poder responder às novas há espaço para a abordagem grupal, com o Serviço Social de Gru-
exigências colocadas pelo mercado. po, cujo enfoque de ambos é a solução dos problemas pessoais, de
A linguagem do “investimento”, da técnica, do planejamento relacionamento e de socialização. Só nos anos 60, o Serviço Social
passa a ser um referencial importante, constituindo-se com isso, no Brasil amplia seu campo de atuação para o chamado Serviço
uma das bases para o processo de profissionalização do Serviço Social de Comunidade, legitimando com esta forma de interven-
Social. ção o atendimento do projeto de influência norte-americano.

Didatismo e Conhecimento 2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
No período pós Segunda Guerra Mundial, a profissão que an- ciedade, em substituição à desenvolvimentista adotada até o mo-
tes era composta quase que exclusivamente por elementos da elite, mento. Nessa década, o mundo passa por grandes transformações,
passa a receber agentes que procediam da pequena burguesia, não especialmente na América Latina, com a Revolução Cubana que,
mais movidos apenas por motivações religiosas, mas incentivados criticando as estruturas capitalistas, mostra-se ao continente como
e interessados pela qualificação profissional que poderia garantir alternativa de desenvolvimento, libertando-se dos Estados Unidos.
acesso ao mercado de trabalho. É grande o inconformismo popular com o modelo de desenvolvi-
Em 1942, a era Vargas possibilitou estreitar relações com os mento urbano industrial dominante.
Estados Unidos, em nome de interesses econômicos e políticos Toda essa agitação política é acompanhada pelas reflexões e
cujo principal objetivo era fortalecer o capitalismo na América La- pela inquietação das ciências sociais que, por meio da introdução
tina e combater o comunismo. Esta relação estendeu-se para além do marxismo, começam a questionar a dependência externa, espe-
das relações econômicas e envolveu um forte processo de ideolo- cialmente a norte-americana, por meio do enfoque dialético.
gização norte-americana no País. A América do Norte passa a ser Essa crise não poderia deixar de atingir as Universidades e,
o novo “protótipo” de ideias, a nova referência de ações, especial- especialmente, o Serviço Social que começa a questionar sua ação,
mente na esfera das políticas públicas. conforme apresenta Netto (2001), trata-se de um cenário, em pri-
O Serviço Social, inserido neste contexto social, sofre forte meiro lugar, completamente distinto daquele em que se moveu a
rebatimento da ideologia da época e passa a buscar no modelo de profissão até meados dos anos sessenta. Sem entrar na complexa
profissão norte-americano uma nova referência filosófica, o su- causalidade que subjazia ao quadro anterior da profissão, é incon-
porte teórico e científico necessário para responder às demandas teste que o Serviço social no Brasil, até a primeira metade da dé-
postas ao exercício profissional. O ideário dominante requeria uma cada de sessenta, não apresentava polêmicas de relevo, mostrava
crescente intervenção técnica (organizada e planejada) e fazia que uma relativa homogeneidade nas suas projeções interventivas, su-
o Serviço Social desencadeasse uma busca de recursos técnicos geria uma grande unidade nas suas propostas profissionais, sinali-
para superar ações espontâneas e filantrópicas. As exigências de zava uma formal assepsia de participação político-partidária, ca-
tecnificação do Serviço Social são atendidas, mantendo-se a mes- recia de uma elaboração teórica significativa e plasmava-se numa
ma razão instrumental: busca-se uma maior qualificação dos pro- categoria profissional onde parecia imperar, sem disputas de vulto,
cedimentos interventivos, utilizando-se, inclusive, fundamentos uma consensual direção interventiva e cívica:
advindos da Psicologia, na expectativa de que os profissionais, Assim o Serviço Social começa a perceber a dimensão políti-
assistentes sociais fossem capazes de executar programas sociais ca de sua prática, e o modelo vigente baseado na visão funcionalis-
com soluções consideradas modernizantes para o modelo desen- ta do indivíduo e com funções integradoras não é mais de interes-
volvimentista adotado no Brasil. se da realidade latino-americana que passava por transformações
Esse é um período importante para consolidação da profissão, sociais, políticas e econômicas. O modelo importado de Serviço
pois ela se estabelece de forma significativa no âmago das institui- Social torna-se inoperante e tem início um processo de ruptu-
ções públicas e privadas. As escolas de formação profissional mul- ra teórico-metodológico, prático e ideológico. “A ruptura com o
tiplicam-se, “ao final da II Guerra Mundial já se encontravam em Serviço Social tradicional se inscreve na dinâmica de rompimen-
funcionamento cerca de duzentas escolas distribuídas pela Europa, to das amarras imperialistas, de luta pela libertação nacional e de
pelos Estados Unidos e pela América Latina, onde se instalaram transformações da estrutura capitalista excludente, concentradora,
a partir de 1925” (Martinelli, 2000). O Serviço Social com sua exploradora” (Faleiros, 1987).
formação teórico-metodológica sustentava as ações “moderniza- Nos anos posteriores, a profissão busca uma concepção crí-
doras”, pois respondia de forma particular às necessidades e exi- tica e um vínculo com a classe trabalhadora, embasado em uma
gências determinadas pelo capital. Os assistentes sociais começam percepção do exercício profissional para além da mera razão ins-
a assumir, no mercado de trabalho, funções de coordenação e de trumental, ou seja, a busca de uma “transformação na intencio-
planejamento de programas sociais. nalidade dos profissionais que se identificavam como agentes de
A ação profissional tem por objetivo, orientada pela matriz mudanças”.
positivista, eliminar os “desajustes sociais” por meio de uma inter- Na década de 1960, o modelo de desenvolvimento entra em
venção moralizadora de caráter individualizado e psicologizante, crise, provocando uma agitação política e muitas mobilizações po-
revelando uma ideia e imagem falsas de reforma social. O conser- pulares, e, o Serviço Social é influenciado por este clima político,
vadorismo continua presente no universo ideológico da profissão quando dá início a um processo de discussão política no interior
e passa a conceber uma política técnico-burocrática a partir desse da categoria.
período. E como expressa Barroco (2003), o Serviço Social traduz É necessário, portanto, buscar caminhos e que aconteçam, no
sua ação profissional por meio, de uma ética vinculada à moral interior da categoria, reflexões, indagando-se sobre o papel dos
conservadora e dogmática segundo a base ideológica neotomista. profissionais em face de manifestações da “questão social”, in-
A abordagem individualizada, com predominância de uma terrogando-se sobre a adequação dos procedimentos profissionais
ação psicologizada, ainda era a mais utilizada pelo Serviço Social, consagrados às realidades regionais e nacionais, questionando-se
caracterizada pela perspectiva de responsabilização do indivíduo sobre a eficácia das ações profissionais e sobre a eficiência e legi-
com seu destino social, embora alguns segmentos profissionais es- timidade das suas representações, inquietando-se com o relacio-
tivessem atuando em planejamentos e ações de maior amplitude. namento da profissão com os novos atores que emergiam na cena
Em meados de 1960, surge um momento importante no desen- política (fundamentalmente ligados às classes subalternas) e tudo
volvimento do Serviço Social como profissão. É a primeira crise isso sob o peso do colapso dos pactos políticos que vinham do pós-
ideológica em algumas escolas de Serviço Social, com o apareci- guerra, do surgimento de novos protagonistas sociopolíticos, da
mento, na América Latina, da proposta de transformação da so- revolução cubana, do incipiente reformismo gênero Aliança para o

Didatismo e Conhecimento 3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Progresso, ao mover-se assim, os assistentes sociais latino-ameri- Netto apresenta três vertentes que se fizeram presentes no
canos, através de seus segmentos de vanguarda, estavam minando processo de renovação do Serviço Social no Brasil e instauraram
as bases tradicionais da sua profissão. o ecletismo ou o pluralismo profissional: a tendência moderniza-
Assim, em plena vigência da Ditadura Militar, instaurada no dora, a reatualização do conservadorismo e a intenção de ruptura.
País desde os anos de 1964, é que o Serviço Social vai passar por A vertente modernizadora teve hegemonia até os anos 70, ini-
processo de renovação amplo que mudará de forma significativa ciando-se no Seminário de Araxá em 1967 e se consolidando no
sua base teórico-conceitual. Seminário de Teresópolis em 1970. Buscou modernizar o Serviço
Assim, a mobilização social e política da sociedade e a mobi- Social a partir da mesma razão instrumental vigente na profissão
lização interna dos assistentes sociais põem em relevo a crise da (neopositivismo), com isso, faz a revisão de métodos e técnicas
profissão em meados dos anos 60: sua desqualificação no mundo para adequar-se às novas exigências postas pelo contexto. O Ser-
científico acadêmico, sua inadequação “metodológica” com a divi- viço Social é tido como elemento dinamizador e integrador do pro-
são em serviço social de caso, serviço social de grupo e desenvol- cesso de desenvolvimento.
vimento de comunidade e a ausência de uma teorização articulada. A vertente da reatualização do conservadorismo (ou fenome-
Suas práticas mais significativas faziam-se longe dos graves pro- nológica) buscou desenvolver procedimentos diferenciados para a
blemas sociais, sem consonância com as necessidades concretas ação profissional, a partir do que seus teóricos conceberam como
do povo. As ações de transformação ficavam “à margem”.
referencial fenomenológico. Esta vertente recupera o que há de
O Movimento de Reconceituação do Serviço Social, iniciado
mais conservador na herança profissional, com um enfoque psi-
na década de 1960, representou uma tomada de consciência crí-
cologizante das relações sociais e distante do verdadeiro legado
tica e política dos assistentes sociais em toda a América Latina,
fenomenológico de Husserl.
não obstante, no Brasil as condições políticas em que ele ocorreu
trouxe elementos muito diversos dos traçados em outros países. Segundo Barroco (2003) a fenomenologia se apresenta como
As restrições da Ditadura Militar, principalmente depois do Ato um método de ajuda psicossocial fundado na valorização do diálo-
Institucional nº 5, trouxeram elementos importantes nos rumos to- go e do relacionamento; com isso, reatualiza a forma mais tradicio-
mados pelo Serviço Social em seu processo de renovação. Esses nal de atuação profissional: a perspectiva psicologizante da origem
profissionais, mediante o reconhecimento de intensas contradições da profissão. [...] e o marco referencial teórico dessa metodologia
ocorridas no exercício profissional, que se apoiava na corrente fi- é constituído por três grandes conceitos: diálogo, pessoa e trans-
losófica positivista, de Augusto Comte, questionavam seu papel na formação social.
sociedade, buscando levar a profissão a romper com a alienação A terceira vertente do movimento de reconceituação nos anos
ideológica a que se submetera. Suas expectativas e desejos volta- 80 foi a marxista, denominada de intenção de ruptura com o Ser-
vam-se para a busca da identidade profissional do Serviço Social viço Social tradicional (Netto, 2001). Por meio de um pequeno
e sua legitimação no mundo capitalista. Para tanto, uma nova pro- grupo de vanguarda, essa perspectiva remeteu a profissão à cons-
posta teórico-ideológica deveria alicerçar o ensino da profissão, ciência de sua inserção na sociedade de classes, gerou um incon-
originando uma prática não assistencialista, mas transformadora, formismo tanto em relação à fundamentação teórica quanto à prá-
comprometida com as classes populares. Quando o modelo filo- tica, fazendo emergir momentos de debates e questionamentos que
sófico elaborado por Karl Marx, passou a embasar o referencial se estendem não exclusivamente ao que ocorre dentro da profissão,
teórico-metodológico do Serviço Social, o chamado materialismo mas principalmente sobre as mudanças políticas, econômicas, cul-
Histórico Dialético. É no marco desse movimento que o Serviço turais e sociais que a sociedade da época enfrentava, consequência
Social, abertamente, apropria-se da tradição marxista e o pensa- do desenvolvimento do capitalismo mundial que impôs à América
mento de raiz marxiana deixou de ser estranho no universo profis- Latina seu modelo de dominação, da exploração e da exclusão.
sional (Netto, 2001). Essa vertente de ruptura não ocorreu sem problemas, pois es-
Nesse modelo, o referencial teórico-científico é o Materialis- tes relacionam-se à visão reducionista e equivocada do marxismo
mo Histórico e o referencial filosófico e a Lógica Dialética (ou presente no marxismo althusseriano (Louis Althusser), que recu-
a dialética materialista), que tem por objetivo estudar as relações sou a via institucional e as determinações sócio históricas da pro-
que envolvem homem e sociedade, ou seja, a prática concreta, afir- fissão, (Yazbek, 2000), porém tais problemas não serão aqui de-
mando que, nesta interação, há uma constante transformação, com
talhados. Tal vertente adquire maior consistência, quando surgem
crescimento quantitativo e qualitativo.
os estudos que procuram aprofundar as formulações teóricas da
O Materialismo Histórico Dialético situa a sociedade deter-
profissão. Fundamentadas nessa nova perspectiva, especialmente
minada historicamente e em constante transformação, dividida em
no que se refere à dimensão político-ideológica, explicitam o ca-
classes sociais distintas: a burguesia, como detentora do capital
e de todo o lucro, e a classe trabalhadora ou o proletariado que ráter contraditório de sua prática e vinculam sua ação profissional
dispõe da força de trabalho vendida por um ínfimo salário, não à transformação social.
garantindo condições dignas de sobrevivência. Essas tendências, que expressam matrizes diferenciadas de
Assim, como afirma José Filho (2002), que o Serviço Social, fundamentação teórico-metodológicas da profissão, acompanha-
no decorrer das últimas décadas, evoluiu no processo de pensar-se ram a trajetória do pensamento e da ação profissional nos anos
a si mesmo e à sociedade, produzindo novas concepções e auto re- seguintes. É nos anos 80 (séc. XX) que a teoria social de Marx
presentações como “técnica social”, “ação social modernizante” e inicia sua efetiva interlocução com a profissão. Outras estratégias
posteriormente “processo político transformador. Atualmente põe passam a compor a prática profissional: educação popular, asses-
ênfase nas problematizações da cidadania, das políticas sociais em soria a setores populares, investigação e ação e principalmente a
geral e, particularmente, na assistência social. redefinição da prática da Assistência Social.

Didatismo e Conhecimento 4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
É no bojo deste debate que o Serviço Social consegue, ao lon- de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas
go dos últimos 30 anos, ir definindo uma concepção mais crítica de e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas
sua própria inserção no mundo do trabalho, como especialização emergentes no cotidiano. O perfil predominante do assistente so-
do trabalho coletivo. E será esse referencial marxista que, a partir cial historicamente é o de um profissional que implementa políti-
dos anos 80 e avançando nos anos 90, irá imprimir direção ao pen- cas sociais e atua na relação direta com a população usuária. Hoje
samento e à ação do Serviço Social no Brasil. Permeará as ações exige-se um trabalhador qualificado na esfera da execução, mas
voltadas à formação de assistentes sociais na sociedade brasileira também na formulação e gestão de políticas sociais, públicas e
(o currículo de 1982 e as atuais diretrizes curriculares); os even- empresariais: um profissional propositivo, com a sólida formação
tos acadêmicos e aqueles resultantes da experiência associativa ética, capaz de contribuir ao esclarecimento dos direitos sociais e
dos profissionais, como suas convenções, congressos, encontros e dos meios de exercê-los, dotado de uma ampla bagagem de infor-
seminários; estará presente na regulamentação legal do exercício mação, permanentemente atualizada, para se situar em um mundo
profissional e em seu Código de Ética.
globalizado.
Essa realidade ganha visibilidade possibilitando um novo pro-
Mediante essa afirmação da autora, no desenho do perfil do
cesso de recriação da profissão, “em busca de sua ruptura com o
profissional de Serviço Social, como coparticipante do processo
histórico conservadorismo e do avanço da produção de conheci-
mento, nos quais a tradição marxista aparece hegemonicamente de transformação, deverá contribuir, por meio de uma práxis edu-
como uma das referências básicas”. cativa e transformadora, para a construção de sujeitos históricos
Obviamente que esse percurso da profissão não aconteceu respeitados e valorizados como seres humanos livres capazes de
sem dificuldades, limites e desafios, pois inicialmente a apropria- pensar, agir, decidir, optar e, nessa perspectiva dialética, transfor-
ção equivocada do referencial teórico fez que o Serviço Social mar a realidade e por ela ser transformado.
negasse a dimensão instrumental da profissão e mesmo a atuação Dessa forma, o exercício da profissão envolve a ação de um
no âmbito do Estado. Mais tarde, com o retorno às fontes do pen- sujeito profissional que tem competência para propor, para nego-
samento de Marx, a perspectiva dialética pôde ir subsidiando uma ciar com a instituição seus projetos, defender seu campo de tra-
análise de realidade mais coerente, possibilitando a apreensão das balho, suas qualificações e funções profissionais que extrapolem
mediações necessárias para uma análise em uma perspectiva de ações rotineiras e decifrem realidades subjacentes, revertendo-as
totalidade. Com isso, o Serviço Social foi construindo seu projeto em ações concretas de benefícios à população excluída. Suas
ético-político que possibilita uma nova perspectiva em sua dimen- ações vão desde a relação direta com a população até o nível do
são interventiva. planejamento, tendo inclusive a árdua tarefa de priorizar os que
Na década de 1990, as consequências da lógica capitalista têm e os que não têm direitos de acesso aos serviços e equipa-
excludente e destrutiva, desenhadas no modelo de globalização mentos sociais.
neoliberal, contribuem para a precarização e a subalternização Diante do legado histórico da profissão, pode-se ressaltar o
do trabalho à ordem do mercado, para a desmontagem dos direi-
protagonismo crescente dos assistentes sociais na prestação de
tos sociais, civis e econômicos, para a eliminação da estrutura e
serviços sociais, no campo do planejamento, da gestão e execução
responsabilidade do Estado em face da “questão social, para a
privatização dos serviços públicos e empresas estatais e atingem das políticas, dos programas, dos projetos e serviços socioassis-
diretamente a população trabalhadora, rebatendo nos profissionais tenciais, no avanço da área acadêmica, na avaliação do processo
de Serviço Social enquanto cidadãos trabalhadores assalariados e de formação profissional, na área da pesquisa, na área de produção
viabilizadores de direitos sociais. de conhecimento e na própria organização política da categoria. O
A profissão, como especialização do trabalho coletivo, traz Serviço Social aparece atualmente como uma profissão consolida-
em si as contradições e as determinações do contexto social mais da na sociedade brasileira, ganhando visibilidade no cenário atual
amplo possibilitando a superação do caráter conservador do Ser- e sustentado por um projeto ético-político que o habilita a formu-
viço Social, que expressa uma visão mecanicista da profissão e lar respostas profissionais qualificadas face à questão social. Esse
da perspectiva que lhe atribuía um caráter revolucionário, fruto projeto comprometido com valores e princípios que apontam para
de um militantismo que superestimava a capacidade profissional a autonomia, a emancipação, a defesa da liberdade e da equidade,
(Barroco, 2003). É o grande debate entre a postura fatalista e a a socialização da política e da riqueza socialmente produzida e o
messiânica, que tanto incomodou os profissionais de Serviço So- pleno desenvolvimento de seus usuários, vem se concretizando
cial. A primeira desconsiderava as contradições do sistema, das nas ações cotidianas de trabalho dos Assistentes Sociais, seja qual
instituições e das próprias relações sociais, não sendo possível fa- for o espaço de atuação, permitindo-lhes compreender o Serviço
zer nada para ser modificado, e a segunda subestimava o contexto Social na divisão sócio técnica do trabalho e no encaminhamento
social, as classes sociais, as organizações políticas, os movimentos de ações que contribuam para a ultrapassagem do discurso da “de-
sociais, os homens como sujeitos históricos, enfim, os limites da
núncia” para o âmbito das práticas institucionais e da contribuição
realidade social e do profissional.
à formulação de novas políticas sociais.
No exercício profissional cotidiano, o Serviço Social mantém
A efetivação do projeto ético-político do Serviço Social exige
o desafio de conhecer e interpretar algumas lógicas do capitalismo
contemporâneo, especialmente em relação às mudanças no mundo que os profissionais, cada vez mais, recriem seu perfil profissional
do trabalho e sobre as questões de desestruturação dos sistemas e sua identidade, ultrapassem limites institucionais e superem a
de proteção social e das políticas sociais em geral. E como afirma ideologia do assistencialismo e avancem nas lutas pelos direitos e
Iamamoto (2000), ao profissional assistente social apresenta-se um pela cidadania. É o que será discutido no próximo item.
dos maiores desafios nos dias atuais é desenvolver sua capacidade

Didatismo e Conhecimento 5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
O Serviço Social e a consolidação do projeto ético-político 1996). A categoria dos assistentes sociais foi sendo questionada
frente às desigualdades sociais do século XXI pela prática política de diferentes segmentos da sociedade civil,
no contexto do crescimento dos movimentos sociais e das lutas
A partir dos anos 80, as mudanças ocorridas na profissão fo- em torno da elaboração e aprovação da Carta Constitucional de
ram pautadas na necessidade de conhecer e acompanhar as trans- 1988 e pela defesa do Estado de Direito, não ficando como mera
formações econômicas, políticas e sociais do mundo contemporâ- expectadora dos acontecimentos. Mas avançou com maturidade
neo e da própria conjuntura do Estado e do Brasil. As duas últimas sendo protagonista na construção desses momentos históricos e
décadas do século XX foram determinantes nos novos rumos aca- em sua participação efetiva em gerir políticas sociais e viabilizar
dêmicos, políticos e profissionais para o Serviço Social. No País, a construção dos direitos sociais das classes subalternizadas da
as intensas e crescentes manifestações de expressões da questão sociedade, conquistando o que Netto (idem, ibidem) denominou,
social, decorrentes das inúmeras crises econômicas e políticas, “maturação profissional”.
exigiram da profissão sua adequação a essas demandas sociais. É possível atestar que a profissão nas últimas décadas deu um
Esse período marca profundamente no País o desenvolvimento da salto qualitativo em sua formação acadêmica e em sua presença
profissão por meio de um dos seus momentos importantes que é a política na sociedade. Intensificou-se a produção científica e o
recusa e a crítica do conservadorismo profissional. mercado editorial; os assistentes sociais constituíram-se uma ca-
Foi implantado, na década de 1990, o Projeto Ético-Político tegoria pesquisadora, reconhecida nacional e internacionalmente
do Serviço Social, fruto de uma organização coletiva e de uma (tema do próximo item). E ainda amadureceram em suas repre-
busca de maturidade que possibilita à profissão a formular respos-
sentações políticas e corporativas, por meio de órgãos acadêmicos
tas qualificadas frente à questão social. Trata-se de um projeto que,
e profissionais reconhecidos e legitimados. Travou-se um amplo
para Neto (2000), é um processo em contínuos desdobramentos,
debate em torno das políticas sociais públicas, especialmente da
flexível, contudo sem descaracterizar seus eixos fundamentais”.
seguridade social, contribuindo para a reafirmação da identidade
Ele é comprometido com valores e princípios que têm em seu nú-
cleo o reconhecimento da liberdade como possibilidade de esco- profissional.
lher concretamente alternativas de vida, buscando o compromisso A profissão, como afirma Yazbek (2000, p.29), enfrenta o de-
com a autonomia, a emancipação, a defesa da equidade, a socia- safio de decifrar algumas lógicas do capitalismo contemporâneo,
lização da política e da riqueza socialmente produzida e o pleno especialmente em relação às mudanças no mundo do trabalho, os
desenvolvimento de seus usuários. processos desestruturadores dos sistemas de proteção social e da
Para Santana (2000), as assistentes sociais, preocupados com política social em geral e o aumento da pobreza e a exclusão so-
a modernização do País e da profissão, assumem posições predo- cial. O Serviço Social vê-se confrontado e desafiado a compreen-
minantemente favoráveis à reprodução das relações sociais. Po- der e intervir nessa sociedade de transformações configuradas nas
rém, a partir da década de 1980, os setores críticos (em geral, res- novas expressões da questão social: a precarização do trabalho,
paldados na teoria marxista) assumem a vanguarda da profissão. a penalização dos trabalhadores, o desemprego, a violência em
É no bojo desse processo de renovação do Serviço Social que o suas várias faces, a discriminação de gênero e etnia e tantas outras
pluralismo se institui e inicia a construção do que hoje chamamos questões relativas à exclusão. Como observa Barroco (2003), se
de projeto ético-político da profissão. na entrada dos anos 90 é evidente o amadurecimento de um “vetor
A construção coletiva desse projeto profissional aglutinou de ruptura”, isso não significa que essa vertente tenha alcançado
assistentes sociais de todos os segmentos e materializou-se no uma “nova legitimidade” junto às classes subalternas. Além disso,
Código de Ética Profissional do Assistente Social, aprovado em a ruptura com o conservadorismo profissional, consolidada em 80,
13/3/1993, na Lei de Regulamentação da Profissão de Serviço So- não significa que o conservadorismo (e com ele o reacionarismo)
cial (Lei 8.662 de 7/6/1993) e na proposta das Diretrizes Curricu- foi superado no interior da categoria.
lares para a Formação Profissional em Serviço Social (8/11/1996). Nesse cenário, no início da década de 1990, é que a questão
Confirma Guerra (2007) que a década de 1990 confere maturidade ética apresentava-se como tema relevante para a profissão. Surgi-
teórica ao Projeto Ético Político Profissional do Serviço Social ram as mobilizações reivindicatórias da ética na política e como
brasileiro que, no legado marxiano e na tradição marxista, apresen- tema privilegiado de cursos, encontros, publicações, invadem os
ta sua referência teórica hegemônica. Enfeixa um conjunto de leis meios de comunicação de massa atingindo a vida cotidiana da
e de regulamentações que dão sustentabilidade institucional, legal,
população. E para a profissão, apareceram desafios e questiona-
ao projeto de profissão nos marcos do processo de ruptura com o
mentos teórico práticos e ético-políticos para o enfrentamento das
conservadorismo: a) o Novo Código de Ética Profissional de 1993;
consequências do ideário neoliberal que acirravam as desigualda-
b) a nova Lei de Regulamentação da Profissão em 1993; c) as Di-
des sociais.
retrizes Curriculares dos cursos de Serviço Social em 1996; d) as
legislações sociais que referenciam o exercício profissional e vin- A profissão passou a explicitar com maior clareza seu pro-
culam-se à garantia de direitos como: o Estatuto da Criança e do jeto ético-político que foi gestado em duas décadas anteriores.
Adolescente – ECA de 1990, a Lei Orgânica da Assistência Social Essa construção caracterizou-se pela busca do rompimento com a
– Loas de 1993, a Lei Orgânica da Saúde em 1990. vertente conservadora do Serviço Social e pela proposição de um
Esse projeto de profissão é expressão de um momento histó- novo projeto profissional que se aproxima dos projetos societários.
rico e fruto de um amplo movimento de lutas pela democratização Segundo Netto (2000), “os projetos societários são projetos
da sociedade brasileira, com forte presença das lutas operárias que coletivos; mas seu traço peculiar reside no fato de se constituírem
impulsionaram a crise da ditadura, “coroando esforços coletivos projetos macroscópicos, em propostas para o conjunto da socie-
e a politização progressista da vanguarda da categoria” (Netto, dade”.

Didatismo e Conhecimento 6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Com isso, o projeto ético-político do Serviço Social caracteri- de organização e luta para fazer frente à pobreza e à exclusão eco-
za-se pelos determinantes sócio históricos, pela dimensão política nômica, social e cultural. Formas de lutas que passam por partidos
pautada no compromisso com a classe trabalhadora e pelos inte- políticos, sindicatos e movimentos sociais organizados; mas que
resses, aspirações e demandas do projeto coletivo dos assistentes passam, também, por reivindicações em torno de melhorias parciais
sociais. de vida, além do conjunto de expressões associativas e culturais
Então, a categoria com a aprovação do Código de Ética em que conformam o modo de viver e de pensar das classes e seus
1993, conseguiu articular compromissos éticos, políticos e o exer- segmentos sociais. O desafio é captar os núcleos de contestação e
cício da prática profissional, reconhecendo as mediações necessá- resistência, as formas de imaginação e intervenção do cotidiano, de
rias entre projeto societário e projeto profissional. defesa da vida e da dignidade do trabalhador.
Para os projetos profissionais, Netto (2000) apresenta como Esse compromisso ético-político assumido pela categoria nas
construção coletiva de uma categoria, (ou sujeito coletivo) que re- últimas décadas, tem revelado o desafio da competência profissio-
trata sua imagem profissional. nal, que deve embasar-se no aprimoramento intelectual do assis-
Os projetos profissionais apresentam a autoimagem de uma tente social, com ênfase em uma “formação acadêmica qualificada,
profissão, elegem os valores que a legitimam socialmente, deli- alicerçada em concepções teórico-metodológicas críticas e sólidas,
mitam e priorizam os seus objetivos e funções, formulam os re- capazes de viabilizar uma análise concreta da realidade social” e
quisitos (teóricos, institucionais e práticos) para seu exercício, possibilitar um processo de formação permanente e “estimular uma
prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e es- constante postura investigativa” (Netto, 2000).
tabelecem as balizas da sua relação com os usuários de seus servi- No que diz respeito aos usuários dos serviços, faz-se neces-
ços, com as outras profissões e com as organizações e instituições sário que este projeto profissional priorize uma nova relação de
sociais, privadas e públicas (entre estas, também e destacadamente compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população,
com o Estado, ao qual coube, historicamente, o reconhecimento bem como a publicização, democratização e universalização dos
jurídico dos estatutos profissionais). recursos institucionais a ela direcionados.
Nesse sentido, a formulação de um projeto profissional crítico Contudo, a consolidação desse projeto depende da organização
à sociedade capitalista é “uma demanda dos segmentos da socie- da categoria dos assistentes sociais e de sua articulação com outras
dade que recebem os serviços prestados pelo assistente social, e categorias que partilhe dos mesmos compromissos e princípios fun-
não apenas uma condição de grupos ou do coletivo profissional” damentais. Depende ainda da mobilização que se trave com a socie-
(Guerra, 2007). dade civil na luta pela garantia dos direitos civis, sociais e políticos
Este projeto profissional reafirma o compromisso da categoria de todos os cidadãos. Requer, segundo Iamamoto (2001) “remar na
com um projeto societário que propõe a construção de uma nova contracorrente, andar no contravento, alinhando forças que impul-
ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e sionem mudanças na rota dos ventos e das marés na vida em socie-
gênero. Ele tem como aspecto central a liberdade, ou seja, a possi- dade”. Trata-se de um projeto que está se consolidando hegemônico
bilidade de o ser humano fazer concretamente suas escolhas, e com no interior da categoria, isto porque, ele tem raízes efetivas na vida
isso comprometer-se com a autonomia, a emancipação e a plena social brasileira, vinculando-se a um projeto societário antagônico
expansão dos indivíduos. A partir desses princípios, o projeto rati- ao das classes possuidoras e exploradoras.
fica a intransigente defesa dos direitos humanos e contra qualquer Neste sentido, a construção deste projeto profissional acompa-
forma de preconceito, o arbítrio, o autoritarismo, culminando no nha a curva ascendente do movimento democrático e popular que,
exercício do pluralismo na sociedade em geral e no exercício pro- progressista e positivamente, tensionou a sociedade brasileira entre
fissional (Netto, 2000). a derrota da ditadura e a promulgação da Constituição de 1988 (re-
Como analisa o autor acima, a dimensão política do projeto é ferida como Constituição Cidadã), um movimento democrático e
evidenciada pela equidade e pela justiça social, por meio da busca popular que, colocando-se inclusive como alternativa nacional de
universal do acesso aos bens e aos serviços nos programas e nas governo nas eleições presidenciais de 1989, forçou uma rápida re-
políticas sociais. Com isso, tem-se a consolidação da cidadania por definição do projeto societário das classes possuidoras.
meio da viabilização de todo esse processo democrático, garantido Na contramão da busca pela efetivação do projeto ético-polí-
a todas as classes trabalhadoras. tico do Serviço Social, existem duras ameaças de mudanças estru-
A efetivação desses valores preconizados pelo projeto-ético turais propostas pelo capital e obviamente opostas aos princípios
-político do Serviço Social ocorrerá por meio do protagonismo do projeto profissional. O neoliberalismo instituiu uma política de
da classe trabalhadora na inserção e na participação nos espaços desmantelamento do Estado, privatização das instituições públicas,
públicos, com poderes de decisão no que lhe diz respeito, na am- precarização de direitos e garantias sociais e a sobreposição do eco-
pliação do conhecimento de direitos e interesses em jogo, da via- nômico em relação ao social ou às expressões da questão social e
bilização de meios para a implementação de decisões coletivas, do consequente aviltamento da pessoa humana.
acesso às regras de negociação com transparência, e com isso o É importante considerar que o aprofundamento e a manutenção
trabalhador social, possa contribuir para a inclusão social da classe do projeto ético-político do Serviço Social na contemporaneidade,
trabalhadora na real construção da cidadania e no fortalecimento em tempos de tantas adversidades, depende da vontade majoritária
da democracia. Assim, Iamamoto (2000) explica que uma aproxi- da categoria profissional e junto a ela, o revigoramento das lutas
mação, por meio da pesquisa criteriosa, às condições de vida e de e movimentos democráticos e populares, garantindo os direitos a
trabalho das classes subalternas é um requisito indispensável para programas e a políticas sociais estabelecidas pelas conquistas das
a efetivação daqueles valores e princípios mencionados. Esta apro- classes trabalhadoras. Junto a isso, afirma Santana (2000) que a re-
ximação deve permitir captar interesses e necessidades em suas di- levância do processo formativo, torna-se um determinante para a
versas maneiras de explicitação, englobando formas diferenciadas consecução do projeto ético-político da profissão. Explica que:

Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
À medida que o profissional assume o compromisso com a se desenvolva a consciência moral, que se aproprie da ética como
transformação dessa ordem societária e institui como estratégia de reflexão crítica sobre a moral para se estabelecer quais as escolhas
ação, no atual momento histórico, a luta por direitos sociais, com- e ações tácitas e estratégicas que nos permitam organizar ações e
prometendo-se com a qualidade dos serviços prestados e com o sujeitos históricos para intervir no processo de democratização da
fortalecimento do usuário, seu perfil tem que ser necessariamente sociedade, visando a uma sociedade justa e equitativa, o que passa
crítico e questionador. É preciso, também, que este esteja munido pela defesa da vida humana.
de um referencial teórico-metodológico que lhe permita apreender Neste sentido, é possível entender que o profissional social, de
a realidade numa perspectiva de totalidade, e construir mediações posse desse projeto crítico, percebe que as possibilidades de trans-
entre o exercício profissional comprometido e os limites dados formação não estão na profissão, mas na própria realidade, na qual,
pela realidade de atuação. certamente, por meio de uma intervenção profissional competente,
O Serviço Social ao longo de sua história, conforme abordado poderão se estabelecer devidas mediações entre interesses da clas-
anteriormente, convive com o sistema capitalista, no qual nasceu se trabalhadora e da classe dominante. Competência essa que é di-
enquanto profissão, buscou criar estratégias de minimização das nâmica, não estática e adquirida de uma vez por todas, construída
manifestações da miséria e empobrecimento da classe trabalhado- social e historicamente e que ultrapasse saberes e conhecimentos,
ra, por meio de ações distributivas de serviços assistencialistas e mesmo se constituindo por eles. É fundamental que haja uma in-
clientelistas, sem questionar as estruturas que geram as desigual- tervenção reflexiva e eficaz no sentido de articular dinâmicas de
dades sociais. conhecimentos, saberes, habilidades, valores e posturas.
Para a categoria profissional a releitura do trabalho do assis- O projeto profissional hegemônico, por sua perspectiva crítica,
tente social exigiu a ruptura com posicionamentos ideológicos e torna-se um instrumento capaz de permitir aos assistentes sociais
ações restritas, endógenas e focalistas do Serviço Social, transpon- uma antevisão da demanda, a captação de processos emergentes e
do as determinações da classe dominante. Com isso, faz-se neces- históricos que se configuram e requisitam uma intervenção profis-
sário um profissional propositivo, reflexivo, crítico, “que aposte no sional a curto, médio e longo prazos, o significado social e político
protagonismo dos sujeitos sociais, versado no instrumental técni- da profissão e da intervenção que desenvolve. Tais projetos têm
co-operativo”, com competência para ações profissionais em nível raízes na vida social e respondem aos anseios de setores e forças
de assessorias, de negociações, de planejamentos, de pesquisa e de da sociedade por meio de valores, princípios, estratégias que se
incentivo à participação dos usuários em gestão e da avaliação de reportam a uma sociedade justa, democrática, equânime.
programas sociais de qualidade. Assim, o projeto profissional tem de oferecer respostas con-
Continua a mesma autora que, para responder a esse perfil cretas para uma democracia social, política e econômica, indican-
profissional traçado exige-se uma competência crítica que supe- do os meios de concretizá-las.
re tanto o teoricismo estéril, o pragmatismo, quanto o mero mi- Enfim, é possível admitir que o projeto ético-político do Ser-
litantismo. Competência que não se confunde com aquela esta- viço Social se consolidará a partir do momento em que este cla-
belecida pela burocracia da organização, conforme a linguagem rifique os objetivos da profissão, que com seu referencial teórico-
institucionalmente permitida e autorizada; que não reifica o saber metodológico permita que o profissional faça a crítica ontológica
fazer, subordinando-o, antes, à direção social desse mesmo fazer. do cotidiano, da ordem burguesa e dos fundamentos conservadores
Competência que contribui para desvelar os traços conservantis- que persistem na profissão, que lance luzes sobre as novas esco-
tas ou tecnocráticos do discurso oficial, recusa o papel de tutela lhas e orientações para direcionamentos sociais e, assim, o assis-
e controle das classes subalternas em seus diferentes segmentos e tente social estará apto a ocupar os diversos espaços institucionais,
grupos, para envolvê-las nas teias e amarras do poder econômico, privados, públicos e profissionais; a questionar critérios de escolha
político e cultural. e elegibilidade para o direcionamento de serviços sociais, a demo-
Nesse sentido, surge um desafio histórico aos assistentes so- cratizar o acesso à informação; a pesquisar e conhecer os sujeitos
ciais, frente ao sistema vigente, em atingir a “consciência humano- que demandam as ações profissionais e realizam alianças com eles;
genérica” importante ao exercício crítico da profissão, pois implica a estabelecer compromisso com as denúncias e efetivar o trabalho
em “criar condições para vencer a alienação em um mundo marca- de organização popular.
do pela reificação social.
O cenário atual com a idolatria da moeda, o fetiche do merca- A formação profissional: do ensino à pesquisa
do e do consumo, o “culto” ao individualismo, a lógica do merca-
do financeiro, reforça o desafio dos assistentes sociais em manter A década de 1980 foi extremamente importante nas defini-
seu caminho pautado pelos valores e princípios éticos e políticos ções de rumos teórico-metodológicos, técnico-acadêmicos e po-
que iluminaram suas ações durante as últimas décadas. Percebe-se líticos para o Serviço Social. Tem-se hoje um projeto profissional
que o profissional de hoje precisa se requalificar, ter visão crítica ético-político, construído coletivamente em décadas anteriores,
da realidade, por meio de uma atitude reflexiva, analítica, investi- que selou o compromisso da categoria com a universalização dos
gativa e propositiva frente à realidade. Exige-se um profissional valores igualitários e democráticos, conforme já apresentado. Os
ousado, atento e disposto a apropriar-se e a decifrar novas propos- princípios norteadores desse projeto desdobraram-se no Código de
tas de trabalho apresentadas ao Serviço Social. Ética do Assistente Social, de 1993, na Lei de Regulamentação da
Nesse contexto os valores e princípios do atual projeto pro- Profissão de Serviço Social – Lei 8662/93 e na nova Proposta de
fissional remetem a um novo modo de operar a profissão o que Diretrizes Gerais para o curso de Serviço Social.
pressupõe a crítica sobre as condições e relações do seu exercício O novo Código de Ética Profissional de 1993 é um marco his-
profissional [...] é claro ao profissional que não basta se indignar tórico na trajetória do Serviço Social por sua legitimidade teórico
contra a moral burguesa, não basta o senso moral. É necessário que -prática alcançada pela categoria profissional.

Didatismo e Conhecimento 8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
A partir desse momento de discussão e de construção coletiva, Diante dessas mudanças ocorridas no campo da formação
destacam-se na profissão a relevância e o reconhecimento da ética profissional, duas características decorrentes desse processo tor-
como componente fundamental do projeto profissional que, nos úl- naram-se pontos de reflexão e do desenvolvimento da profissão:
timos vinte anos, tem construído uma hegemonia na profissão. a preocupação com a investigação como dimensão constitutiva da
Um olhar retrospectivo para as décadas anteriores não deixa formação e do exercício profissional e a afirmação das políticas
dúvidas de que o Serviço Social foi sendo questionado pela prática sociais como campo de interesse teórico-prático para os assistentes
política de vários movimentos sociais e segmentos da sociedade sociais. Contudo, o processo de implementação do currículo mí-
civil, encontrando aí sua base social de reorientação da profissão nimo do Serviço Social, ao longo dos anos, não ocorreu de forma
nos anos 80. Com isso, a profissão deu um salto de qualidade, de tranquila, mas foi objeto de críticas, de dúvidas e de debates por
atuação e de formação profissional. Com o novo Código de Ética, parte de diferentes segmentos intelectuais e profissionais ligados
ganhou visibilidade pública e maior credibilidade junto à popula- ao Serviço Social e pelos próprios assistentes sociais, pois mui-
ção usuária. Houve também um avanço no mercado editorial e de tos deles sentiam-se despreparados e distantes de uma proposta
produção acadêmica impulsionada pela pós-graduação e pela inter- inovadora. Entretanto, não será discutida aqui essa questão, mas o
locução teórica com áreas conexas de maior tradição na pesquisa registro dessas informações evidencia os limites da profissão e os
social. permanentes questionamentos da identidade profissional.
Os assistentes sociais ingressaram, na década de 1990, como
uma categoria pesquisadora e reconhecida pelos órgãos de fomento Assim afirma Koike (2000):
à pesquisa. As alterações na configuração sócio técnica da profissão evi-
Tiveram ainda um amadurecimento em suas formas de repre- denciam ser a formação profissional um processo dinâmico, con-
sentatividade político-corporativas, por meio de órgãos de repre- tinuado, inconcluso, em permanente exigência de apropriação e
sentação acadêmica e profissional reconhecidos e legitimados. E desenvolvimento dos referenciais críticos de análise e dos modos
amplas discussões e debates em torno das políticas sociais públicas, de atuação na realidade social. E o ato de avaliar a profissão (for-
especialmente a assistência social, como direito social, na teia das mação e trabalho profissionais) em suas conexões com as neces-
relações entre o Estado e a sociedade civil, contribuíram para inten- sidades sociais de onde derivam as demandas ao Serviço Social,
sificar e propagar a reflexão e o debate sobre a identidade profissio- expõe com radicalidade as exigências de uma profunda, cuidadosa
nal, na busca do fortalecimento de seu auto reconhecimento e para e continuada capacitação profissional. Essa radicalidade marcou o
traçar criticamente os rumos da profissão. processo de construção das novas diretrizes curriculares que se ini-
A reforma curricular aprovada em 1979 pela assembleia da cia com a definição dos critérios norteadores do trabalho coletivo.
Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social, implementada Para Iamamoto (2001), diante dos avanços qualitativos que
a partir de 1982, desmontou a estrutura tradicional dos chamados o Serviço Social viveu nas últimas décadas, no que diz respeito à
processos de intervenção em caso, em grupo e em comunidade pela formação profissional e ao trabalho de Serviço Social, travaram-se
orientação teórico-metodológica da prática profissional pautada fortes embates e discussões no que diz respeito à relação dialética
nas principais tendências que, até então, embasavam teoricamente entre teoria e exercício profissional (prática) ou seja, a busca de
o Serviço Social: o funcionalismo, a fenomenologia e o marxismo. estratégias do profissional que vão mediar as bases teóricas acu-
Defendeu a profissão na busca de uma visão crítica e comprometida muladas com a operatividade do trabalho profissional. O caminho
com a transformação social e a formação dos futuros assistentes é longo, mas foi dado um longo “voo teórico”, aproximando o Ser-
sociais a partir de análises críticas da realidade capitalista. viço Social ao movimento da realidade concreta, às várias expres-
A nova reforma do projeto de formação profissional, ocorrida sões da questão social. O desafio na atualidade, segundo a autora,
em 1998, foi motivada pela participação e pela mobilização viven- “é transitar da bagagem teórica acumulada ao enraizamento da
ciada na revisão curricular de 1982, fruto do debate coletivo. Sobre- profissão na realidade, atribuindo, ao mesmo tempo, uma maior
tudo no meio universitário, buscou a formação de um profissional atenção às estratégias, táticas e técnicas do trabalho profissional”,
generalista, em ruptura com as especializações e contribuiu para em decorrência das particularidades dos temas que são objetos de
o avanço do entendimento das debilidades e de suas consequen- estudo e de ação do profissional.
tes inadequações metodológicas do pensar e do fazer profissional, Nesse contexto, situa-se o mundo da pesquisa científica que a
“a prática é formulada como um processo de trabalho, como uma categoria profissional enveredou nas décadas passadas, e fortale-
atividade com fins, meios e resultados em torno da questão social, ce-se, nos dias atuais, a aproximação do profissional e o científico,
definida formalmente como objeto do Serviço Social” (Faleiros, do profissional e do político e do profissional com as condições e
2005). relações de trabalho. Herdeira da ditadura militar e de seu projeto
A partir de então, na década de 1990, a formação profissional de modernização conservadora, a categoria dos assistentes sociais
passa a ser primordial, e o projeto curricular foi elaborado e aprova- emerge na cena social no processo de “transição democrática” com
do pelos órgãos competentes da categoria, especialmente pela As- um novo perfil acadêmico profissional, que representa um salto de
sociação Brasileira de Ensino em Serviço Social (ABESS), com um qualidade na trajetória do desenvolvimento profissional.
novo currículo, hoje em vigor. Segundo a ABESS 7 (1997, p.63): O Serviço Social insere-se, nos anos da ditadura, nos quadros
Este currículo traduz, em uma perspectiva histórico-crítica, os universitários, passando a formação profissional a ser paulatina-
seguintes núcleos de fundamentação na constituição da formação mente articulada à pesquisa e à extensão.
profissional: 1. Núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da A profissão implementa nos anos 70 e 80 (século XX) a pós-
vida social; 2. Núcleo de fundamentos da formação sócio históri- graduação em Serviço Social com os cursos lato sensu e strictu
ca da sociedade brasileira; 3. Núcleo de fundamentos do trabalho sensu, rapidamente ampliados, tendo nesse período a consolidação
profissional. acadêmica do ensino pós-graduado nos cursos de especialização,

Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
no nível de mestrado (nos anos de 1970, a existência de seis cursos Efetivamente, o Serviço Social pode interferir na construção
de mestrado) e com desdobramentos no nível de doutoramento, de direitos sociais e sujeitos políticos contribuindo com movimen-
atualmente todos ampliados e com intercâmbio nacional e inter- tos sociais e lutas da categoria como garantia legal da profissão na
nacional. Política Educacional das três esferas nacionais: União, Estados e
Hoje, no Brasil, é possível reconhecer a credibilidade científi- Municípios. É o que será trabalhado nos próximos capítulos por
ca que o Serviço Social veio conquistando junto aos órgãos oficiais meio dos dados documentais (pesquisa documental) e empíricos
de fomento à pesquisa e o apoio, o incentivo e o trabalho de seus da pesquisa de campo. (Texto adaptado de PIANA, M. C. doutora
órgãos competentes, especialmente a ABEPSS que reafirma seu em Serviço Social).
empenho em contribuir no sentido de que a formação da gradua-
ção e pós-graduação em Serviço Social substancie e respalde cada
vez mais a plataforma emancipatória da profissão, na resistência 1.2. CONDICIONANTES, CONHECIMEN-
às mais diversas formas de exclusão, opressão e violências que no TOS, DEMANDAS E EXIGÊNCIAS PARA O
tempo presente se adensam e atualizam como demanda privilegia-
da ao ensino de qualidade e à pesquisa no Serviço Social.
TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL EM
Diante dessa realidade apresentada, surge como desafio à for- EMPRESAS
mação profissional o ideário neoliberal, que busca como ação pre-
dominante o enfraquecimento das lutas das classes sociais e sua
subordinação ao capital. Tal ideologia é fortalecida especialmente
pela queda do socialismo real e com o florescimento da pós-mo-
dernidade, sobretudo em sua versão neoconservadora, influencian- O pressuposto do mundo do trabalho têm sido uma temática
do muitos docentes, pesquisadores e pensadores do meio acadêmi- importante no debate contemporâneo, principalmente pelas mu-
co levando muitos a desistirem e reverem seus trabalhos. danças ocorridas nos últimos anos que de certa forma rebatem no
Outro aspecto a ser considerado é a concepção de educação Serviço Social, por isso abordaremos alguns aspectos importantes
para o século XXI, por organismos internacionais como o Fundo deste processo de trabalho no Brasil a partir da década de 70.
Monetário Internacional – FMI e o Banco Mundial, para responde- A partir da década de 70 o capitalismo intensificou as suas
rem aos interesses econômicos da globalização; é ainda depositada transformações no processo produtivo através do avanço tecno-
a tarefa de oferecer soluções aos problemas do desemprego, das lu- lógico sob novas formas de acumulação flexível e dos modelos
tas étnicas, da violência, do meio ambiente e da própria exclusão,
alternativos ao modo de produção do Taylorismo/Fordismo des-
que se apresentam na atualidade.
tacando-se principalmente o toyotismo. Segundo Antunes, toyo-
Enfim, para a educação, fica a tarefa conciliadora e pacifica-
tismo apresenta a seguinte característica em contraposição ao tay-
dora de conflitos, ou seja, a existência de uma política educacional
lorismo/ fordismo, a sua produção muito vinculada à demanda,
mundial que não questione a distribuição de riquezas e do poder,
ela é variada e bastante heterogênea, fundamenta-se no trabalho
mas ofereça reformas e soluções a partir da própria ordem interna
operário em equipe com multivariedade de funções, tem como
do capital. O que para Koike, não existe outro enfrentamento, a não
princípio o just in time, o melhor aproveitamento possível do tem-
ser desvendar a concepção ilusória de que poderia “humanizar” o
capital em sua própria ordem e fazê-lo por meio de uma educação po de produção e funciona segundo o sistema de kanban, controle
danificada funcional, pragmática e despolitizada e compreender o de qualidade e forma de flexibilizada de acumulação do capital
caráter e o significado das transformações sociais em curso, colo- –baseada na reengenharia e na empresa enxuta.
cando as classes sociais no centro dessa apreensão como condição Estes processos fizeram com que ocorressem profundas mu-
de atribuir inteligibilidade ao processo social contemporâneo. tações econômicas, sociais, políticas e ideológicas com fortes re-
Por fim, tem-se uma reforma da educação superior direcio- percussões no ideário da subjetividade e nos valores constitutivo
nada para a lógica mercantil, na busca dos negócios lucrativos, principalmente da classe que vive do trabalho. Esta crise estrutu-
calcada na adaptação dos perfis profissionais ao novo paradigma ral desencadeou o processo de liberalização e desregulamentação
da sociedade moderna, no conhecimento tecnológico, por meio da como; privatização; liberdade para o capital industrial e financeiro
expansão da educação a distância e consequente precarização, es- expandir mundialmente; os grandes Estados Capitalistas colocam
pecialmente, do ensino público superior público. “mercados” no comando em forma desigual e desproporcional.
À categoria profissional do Serviço Social, fica o desafio de Toda emblemática desta transformação do mundo do traba-
preparar profissionais aptos para lidar com as contradições do lho caracteriza-se no Brasil principalmente a partir dos anos 90, as
presente apresentadas pela ordem neoliberal e pelo neoconserva- políticas de cunho econômico começa a se desregulamentar finan-
dorismo no conhecimento, e o compromisso com a qualidade na ceiramente, e as privatizações repercutem nas indústrias nacionais.
formação que, consequentemente, perpassa todo o trabalho profis- No governo de Fernando Collor (1990-1992), são implementadas
sional evitando que o Serviço Social fique burocrático, tecnicista, medidas de liberação comercial e financeira que desestruturaram
mercantil e “sem vida”. diversos seguimentos produtivos no país, havendo substituição de
Tal desafio para os assistentes sociais é, portanto, a busca de produtos nacionais por produtos importados fortalecendo a abertu-
um posicionamento ético e político que se insurja contra os proces- ra do comércio para a exportação.
sos de alienação vinculados à lógica capitalista, impulsionando-os Este processo ocasionou no fechamento das linhas internas
a trabalhar na busca de romper com a dependência, a subordina- de produção inteiras acarretando o desemprego estrutural e inten-
ção, a despolitização, e assim poder manter vivas as forças sociais sificou de forma maior com os programas e políticas neoliberais,
motivadoras da esperança de uma nova sociedade e da capacidade segundo Pereira (2005), “a época em que o Estado tinha um peso
de luta no cenário social e profissional. considerável nas decisões econômicas e sociais internas está se

Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
esgotando. Em seu lugar, a desregulamentação das relações de tra- As novas morfologias do mundo do trabalho rebatem no Ser-
balho e o desmonte da proteção social ao trabalhador são práticas viço Social, em todas as áreas de atuação. E o que tentaremos de-
correntes”. monstrar no próximo item de forma, mas particular na empresa.
Tanto que o pacto democrático firmado na Constituição Fede-
ral de 1988, acontece o tensionamento de duas propostas: de um Serviço Social na Reestruturação produtiva
lado os movimentos sociais na luta para ampliação da responsabi-
lidade do Estado perante as demandas sociais e do outro a oposição As alterações impostas no mundo do trabalho vêm gerando
favorável a abertura de mercado, defendendo a ampliação de poder um redimensionamento do Serviço Social, ocorrendo redução de
sobre os fluxos de investimento e a redução de poder do Estado. postos de trabalhos e consequentemente a inserção em outras for-
Desta forma, a fórmula neoliberal pode ser resumida em al- mas de trabalho. O serviço social é uma profissão que esta inserida
gumas posições 1- um estado forte para romper o poder dos sindi- na divisão sócio técnico do trabalho, nas diferentes problemáticas
catos e controlar a moeda; um Estado parco para os gastos sociais do campo social.
e regulamentação econômica; a busca de estabilidade monetária Os profissionais atuam com objeto na intervenção das expres-
como a meta suprema; uma forte disciplina orçamentária, diga-se , sões da questão social que se expressam nas desigualdades sociais,
contenção dos gastos sociais e restauração de uma taxa natural de fruto das contradições social presentes na sociedade capitalista
desemprego; uma reforma fiscal, diminuindo os impostos sobre os que geram o agravamento das condições de vida da população.
rendimentos altos; o desmonte dos direitos sociais, implicando a A questão social equacionada e entendida como objeto sob o qual
quebra da vinculação entre pacto político. incide ação do profissional esta relacionada segundo Iamamoto, o
A ideologia neoliberal como todas as medidas citadas acima conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capita-
destrói as regulamentações imposta como resultado das lutas dos lista madura que tem uma raiz comum: a produção social é cada
movimentos sociais e da camada trabalhadora, priorizando a su- vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, en-
pressão de direitos sociais arduamente conquistados estabelecendo quanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada monopo-
a liquidação das garantias do trabalho com a ampliação explosiva lizada por uma parte da sociedade.
da terceirização da subcontratação e das distintas formas de pre- O serviço social tenha surgido paralelamente ao processo de
carização. industrialização as empresas tiveram influência na instituciona-
As empresas que atuam no Brasil trouxeram implicações lização da profissão, “embora seja conhecida a existência de ex-
significativas causando alterações na conduta empresarial como:
periência esparsas a partir dos anos 40, é notório que a inclusão
implantação de gestão de produção, reorganização do trabalho;
do Serviço Social na empresa se deve a conjunturas específicas,
inovação tecnologia, a competição marcado pelo aumento da pro-
marcadamente a partir de 1960”.
dutividade, redução dos empregados e adoção de programas de
Historicamente a inclusão fosse vasta no campo empresarial,
reengenharia, qualidade total, terceirização, subcontratação de
as empresas não são consideradas tradicionais empregadores de
mão-de-obra, redução da hierarquia, inovação técnico-científico e
a redução do trabalho vivo, dentre outros fatores. assistentes sociais. Na contemporaneidade com as novas morfolo-
Dentre algumas empresas o sistema de qualidade implantada gias no mundo do trabalho este quadro se reduz ainda mais.
impõe-se padronização rígida procurando difundir valores rígidos A flexibilização do mundo do trabalho, atrelada com acumu-
e regras padronizadas, incentivando o merecimento de cestas bási- lação do capital e novas tecnologias, típicas do toyotismo refle-
cas para quem não falta, programa de participação de desempenho tem consequências enormes. Dentre elas destacamos: redução dos
e de participação nos lucros pelo resultado de produtividade, etc. postos de trabalho, diminuição dos níveis hierárquicos, introdução
O enfoque patrimonial é a garantia e o sucesso de qualidade, a polivalência e aumento das tarefas, terceirização, subcontrata-
enfatizando que a competitividade provoca a busca da eficiência. ção e precarização dos vínculos empregatícios e das condições de
Para tanto, as empresas investem em programas de motivação trabalho, a taxa elevada de desemprego estrutural, expansão do
com estratégias de envolvimento e marketing; treinamento pes- emprego informal, aumento do trabalho a domicilio e do trabalho
soal; programas de qualidade e produtividade e desenvolvimento no terceiro setor.
de práticas participativas como: formação de comitês e grupos de O trabalho do assistente social sofre impactos diretos, dessas
sugestões; fóruns deliberativos, cursos, seminários etc. transformações operadas na esfera privada e estatal. “A flexibiliza-
A todo momento o mundo do trabalho exige a qualificação do ção do trabalho atinge a estrutura produtiva processo do trabalho
trabalhador em aprender novas tecnologias, técnicas organizacio- do assistente social [...] gerando enxugamento do quadro de pes-
nais, integração entre concepção e execução da produção, compro- soal” (Serra apud Iamamoto, 2003).
misso com os interesses dos cliente. É nessa lógica que permite entender as particularidades do
Criou-se, de um lado em escala minoritária, o trabalhador po- nosso trabalho profissional. As alterações do processo de traba-
livalente e multifuncional da era informacional, capaz de operar lho também atingem o (a) Assistente Social não apenas, no senti-
maquinas com controle numérico e de, por vezes exercitar com do objetivo, a sua condição de emprego e salário, mas no sentido
mais intensidade sua dimensão mais intelectual. E, de outro lado. subjetivo, a sua consciência de classe. O profissional de Serviço
Há uma massa de trabalhadores precarizados sem qualificação, social é um trabalhador assalariado, e experimenta como os de-
que está presenciando as formas de part-time, emprego temporá- mais trabalhadores, as injunções da lógica vigente, enquanto que
rio, parcial, ou então vivenciando o desemprego estrutural. historicamente, o profissional construiu um projeto-ético-político
Todos estes aspectos de programas qualidades para a satis- hegemônico, dissonante das diretrizes vigentes.
fação do cliente acarretam rigidez no cumprimento de metas fa- O mercado de trabalho exige novos requisitos para o trabalho
zendo com que os funcionários não tenham tempo livre, descanso profissional dos assistentes sociais tais como: profissional multi-
necessário, tempo com a família, que de certa forma atrapalha em disciplinar, com raciocínio lógico, aptidão para novas qualifica-
seu rendimento na produtividade, mas são exigências do mercado. ções, conhecimento técnico geral e da lógica do trabalho, respon-

Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
sabilidade com o processo de produção, resolução rápida de pro- O serviço social também é requisitado na empresa para in-
blemas, e capacidade de decisão rápida, disposição para apreender tervir e responder aos problemas que interferem no processo de
e empreender, dentre outras. A exigência não é tão somente “vestir produção tais como: acidentes, alcoolismo, absenteísmo, insubor-
a camisa da empresa” é necessário que ele pense pela empresa e dinação, relacionadas à vida privada do trabalhador que afetam o
seja competente. seu desempenho no trabalho, conflitos familiares, doenças, difi-
Segundo Iamamoto, o profissional de Serviço Social deve ser culdade financeira etc. Sendo assim o assistente social executam
consistente e propositivo e capaz de atuar, criticamente, em novos serviços sociais asseguradores da manutenção da força de trabalho
espaços e ter um desempenho profissional adequado. Capaz de res- no espaço da reprodução.
ponder as demandas imediatas, mas transformá-las em respostas Na empresa privada o (a) Assistente Social é selecionado para
profissionais sustentáveis. administrar benefícios, atuar em programas, com a finalidade de
atender o trabalhador em suas necessidades, para que possa pro-
A leitura hoje predominante da “prática profissional” é de que duzir mais e melhor, com mais eficiência e produtividade, dentro
ela não deve ser considerada isoladamente em si mesma, mas em da ordem vigente do capita. O Serviço Social participa tanto do
seus condicionantes sejam “internos” – os que dependem do de- processo de produção e reprodução dos interesses de preservação
do capital, quanto das respostas às necessidades de sobrevivência
sempenho profissional ou externo - determinados pelas circunstan-
do trabalhador.
cias sociais nas quais se realiza a pratica do assistente social. Os
É preciso criar novas estratégias para as questões que recaem
primeiros são geralmente referidos a competências do assistente sobre a ótica de inversão do Serviço Social, o padrão empresarial
social como, por exemplo, acionar estratégias técnicas, capacidade vem diversificando as requisições feitas ao serviço social, dimi-
da leitura da realidade conjuntural, a habilidade no trato das re- nuindo as demandas dos assistentes sociais passando para outros
lações humanas, a convivência numa equipe interdisciplinar, etc. profissionais, seja pelo surgimento de novas atribuições e papeis
Os segundos abrangem um conjunto de fatores que não dependem profissionais, surgindo uma nova modalidade de trabalho para o
exclusivamente do sujeito profissional, desde as relações de poder Assistente Social o trabalho em equipes interprofissionais.
institucional, os recursos colocados à disposição para o trabalho Essas equipes tem sido chamadas a atuar em programas de
pela instituição ou empresas que contrata o assistente social, as qualidade de vida, prevenção de doenças, na promoção de moti-
políticas sociais especificas, os objetivos e demandas da instituição vação para o trabalho, em programas como saúde do trabalhador,
empregadora a realidade social da população usuária dos serviços círculos de qualidade, gerenciamento participativo, clima social no
prestados etc. trabalho, entre outros.
Um dos desafios para o assistente social na contemporanei- Em contrapartida a empresa ao colocar seus serviços sociais,
direciona seus objetivos para a redução dos custos, concentrarem
dade é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e cons-
riqueza, desemprego, desproteção social, terceirização, desmon-
truir proposta de trabalho criativo, ou seja, capazes de preservar e te das políticas de incentivo a independência econômica e obje-
efetivar direitos a partir das demandas postas no cotidiano profis- tivando a maximização de seus lucros. As empresas utilizam de
sional, ser um profissional propositivo e não somente executivo, um código de ética onde expressam seus princípios, através da sua
ter atitudes ousadas frente as novas demandas e ampliar o espaço missão, visão de valores em um quadro de avisos expostos para
profissional. conhecimento do funcionários bem como para os clientes. É im-
Dentro de muitas empresas o Serviço Social sofreu impactos portante salientar que não existe preocupação com valores éticos,
da reestruturação produtiva. As empresas preocuparam em rede- mas com a sua legitimidade do lucro na lógica do capital. O assis-
finir a política de recursos humanos, englobando no conjunto de- tente social participa desses princípios ativamente, na inclusão do
mais políticas e estratégias organizacionais, tais como: o desenvol- funcionário, no treinamento, nas atividades cotidianas etc.
vimento de programas participativos; incentivo a produtividade do Por isso é necessário fazer a com que o projeto profissional do
trabalho; capacitação; treinamento; programas de qualidade total; Serviço Social seja efetivado e consolidado em realidades distintas
ampliação do sistema de benefícios dentre outros. como as empresas.
Em muitas empresas o Assistente Social é requisitado como
O Projeto Profissional do Serviço Social.
mediador de novas formas de controle de trabalho, ou seja, nas
empresas a prática profissional esta relacionada com as alterações Quando surgem no Brasil, os primeiros resultados do projeto
nas modalidades de consumo da força de trabalho, com as novas societário inspirado no neoliberalismo (resultados que, aliás, re-
estratégias de controle persuasivos e com as políticas de benefícios produzem o que tem ocorrido em todo o mundo: privatização do
e incentivos para os trabalhadores. estado, desnacionalização da economia, desemprego, desproteção
O serviço social é uma profissão intrinsecamente determinada social, concentração de riqueza, etc.) fica claro que o projeto ético–
pelas condições sociais em que se realiza, atendendo contradito- político do serviço Social tem futuro. E tem futuro porque aponta
riamente as demandas da empresa e do trabalho; sua particulari- precisamente para o combate (ético, teórico, político e prático -
dade, nos setores geridos pelo capital, sempre constituiu na busca social) ao neoliberalismo.
de respostas mediadoras para a situação de conflito. E o exercício O serviço social com o projeto ético político vem trabalhando
profissional do Assistente Social é atuar nesta contradição capi- a questão ética e política como dimensões fundamentais na forma-
tal /trabalho no modo de produção capitalista. É um movimento ção profissional. O projeto profissional é designado ético-políti-
co porque tem uma indicação ética que não se limita às questões
contraditório, pois, ao mesmo tempo que permite a reprodução e
morais e prescrições de direitos e deveres, mas sim de escolhas
a continuidade da sociedade de classe, cria as possibilidades de
teóricas, ideológicas e direção política profissional.
transformação.

Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Somente para fins didáticos e sem profundidade citaremos os sigente dos direitos humanos; ampliação e consolidação da cidada-
códigos de ética do Serviço Social até chegarmos ao atual na qual nia; defesa do aprofundamento da democracia; posicionamento em
nortearam nossos estudos. favor da equidade e justiça social; empenho na eliminação de todas
O primeiro código de ética surgiu em 1947, o eixo central era as formas de preconceito; garantia do pluralismo; opção por um
caracterizado pela moral, e posicionamento conservadores. O se- projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma
gundo código surge em 1965, que teve como motivação a regula- nova ordem societária; articulação com os movimentos sociais de
mentação jurídica da profissão, terceiro código surge em 1975, e outras categorias profissionais; compromisso com a qualidade dos
nenhum debate sobre a ética fora privilegiado. O quarto código é serviços prestados à população e com aprimoramento intelectual,
datado em 1986, onde há a inserção do assistente social na divi- na perspectiva da competência profissional; exercício profissional
são sócio técnico do trabalho cujo marco histórico e documental sem ser discriminado e nem discriminar.
é a ruptura com a ética tradicional opondo-se ao neotomismo e
buscando superar a concepção universal aos conceitos da pessoa O projeto apresenta outra dimensão que é a político-organiza-
humana e bem comum. tiva onde estão os fóruns deliberativos, quanto as entidades repre-
O atual código de ética datado em 1993, traz o projeto profis- sentativa da profissão, estão interligadas nos espaços deliberativos
sional com proposta emancipatórias, base do compromisso ético e consultivos como Conselho Federais de Serviço Social, Conse-
-político, com avanço teórico, com valores emancipatórios, expli- lho regional de Serviço Social, Associação Brasileira de Ensino e
citando valores éticos fundamentais: liberdade, equidade e justiça Pesquisa em Serviço Social, Executiva Nacional de Estudantes de
social, articulando-se a democracia e cidadania. Serviço Social.
Os projetos profissionais apresentam a autoimagem de uma A dimensão político-organizativa do projeto direciona suas
profissão, elegem os valores que a legitimam socialmente, deli- ações em defesa da equidade e da justiça social, na universaliza-
mitam e priorizam os seus objetivos e funções, formulam os re- ção e aos bens socialmente produzidos, relativos aos programas e
quisitos (teóricos, institucionais e práticos) para o seu exercício, políticas sociais, na ampliação e consolidação da cidadania, postas
prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e es- como condições para a garantia dos direitos civis políticos e so-
tabelecem as balizas da sua relação com os usuários de seus servi- ciais. O projeto articula os demais segmentos e setores da socie-
ços, com as outras profissões e com as organizações e instituições dade em busca de uma nova ordem societária em sua dimensão
sociais, privadas e públicas. política.
O projeto ético-político implica no compromisso com a com- Mustafá apud Seixas (2007), salienta que o Assistente Social
petência que só é possível com o aprimoramento intelectual do pode fortalecer conquista importantes dos usuários em seus ser-
assistente social. Que prisma uma nova relação sistemática com o viços.
usuário dos serviços oferecidos pelo profissional com a qualidade O assistente social, assim como nenhum outro profissional ou
dos serviços prestado à população. trabalhador, seja individualmente ou como categoria, não tem for-
Mustafá apud Seixas (2007) afirma que o projeto profissional ça política para assegurar a universalidade. Apenas a classe social
do Serviço Social aponta para um compromisso com o aprimo- cabe este papel. Mas o assistente social pode posicionar-se a favor
ramento intelectual, para possibilitar a competência profissional. desta universalidade e somar com outros segmentos sociais, numa
E esta competência se revela, no cotidiano, na implementação de perspectiva de classe, sendo assim, protagonista de uma ideologia
programas e políticas sociais. Compete ao profissional desvendar enfocada em princípios éticos [...] no entanto, entre o real e o pos-
a lógica, os fundamentos e a direção de tais políticas e programas, sível, existe muito caminho a ser percorrido e é da competência
produzir um acumulo de conhecimento sobre o seu significado ética fazer analise existente e oferecer subsídios que apontem para
e repassar, para o usuário, tanto o serviço - com boa qualidade- o devir.
quanto a concepção do direito nela contida. Diante de propósitos distintos de um projeto societário das
O projeto ético político tem uma perspectiva de ruptura com empresas, é importante que os profissionais de serviço social ar-
as teorias neoliberais voltadas para o clientelismo, assistencia- ticulem-se com equipes interprofissionais para fortalecer as lutas
lismo, seletividade com o conservadorismo, através do projeto dos usuários e pelos princípios éticos que defendemos. (Texto
pretende-se contribuir para um processo social nos princípios de adaptado de Fátima de Oliveira SOUZA, F. O.; PINHEIRO, M. G.
igualdade, liberdade e da justiça social. S. e GIBIM, R. A. Docentes em Serviço Social).
Outra dimensão do projeto ético-político é a jurídico-políti-
ca. Seixas (2007), define-se como o conjunto de leis, resoluções,
documentais e textos políticos consagrados no meio profissional,
o suporte profissional. Abrange o aparato jurídico-político e insti-
tucional da profissão, expresso no Código de Ética, na lei de Re-
gulamentação e nas Diretrizes Curriculares e ainda no conjunto de
leis advindas do capitulo da Ordem Social da Constituição Federal
de 1988, tais como a LOAS (Lei orgânica da Assistência Social),
Estatuto da Criança e Adolescente, Lei Orgânica de Saúde, dentre
outras. Particularmente nas empresas a consolidação das Leis Tra-
balhistas e acordos sindicais etc.
O código de Ética de 1993 reafirma o processo de construção
do projeto-ético-político quando afiram seus onze princípios: Re-
conhecimento da liberdade como valor ético central; defesa intran-

Didatismo e Conhecimento 13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
devido às péssimas condições de trabalho a que eram submetidos,
1.3. O SERVIÇO SOCIAL E A SAÚDE DO dessa maneira buscava-se uma adaptação dos trabalhadores às má-
quinas, aos meios de trabalho, para buscar um bem-estar físico.
TRABALHADOR DIANTE DAS MUDANÇAS
Porém, consideravam somente o local de trabalho, desconsideran-
NA PRODUÇÃO, ORGANIZAÇÃO E GESTÃO do a totalidade da vida do trabalhador. A Medicina do Trabalho
DO TRABALHO surgiu na Inglaterra, num contexto de Revolução Industrial, sob
um ponto de vista baseado em Taylor e Ford.
Após a II Guerra Mundial, as indústrias e os altos empresários
cresceram muito, as mulheres começaram a trabalhar, pois com o
aumento da demanda ocorre uma relativa escassez de força de tra-
Noções Conceituais: Medicina do Trabalho e Saúde do balho, e as condições de trabalho eram ainda piores. Dessa manei-
Trabalhador ra a Medicina do Trabalho evoluiu, tendo início uma intervenção
sobre o ambiente de trabalho, chamada Saúde Ocupacional. Como
Com a reestruturação produtiva, os trabalhadores sofrem inú- resposta técnica e científica aos trabalhadores, passa-se a ver o pro-
meras perdas de direitos sociais, além da agressão de seus limites cesso de trabalho como um todo. Iniciam-se interlocuções entre
físicos e psicológicos, consequentemente perdem capacidade de médicos, engenheiros e profissionais das ciências sociais, ou seja,
luta, desconhecendo-se enquanto classe trabalhadora. Tudo isso uma equipe interdisciplinar, onde tem ênfase a higiene do trabalho.
devido à vulnerabilidade a que são expostos, correndo o constante Esse método predomina nos dias de hoje, de maneira a controlar os
risco de demissão, e deparando-se com um mercado de trabalho índices de poluição, ruídos, produtos tóxicos, riscos de acidentes.
cada vez mais restrito, e condições salariais cada vez mais humi- Porém, a questão de saúde não se resume somente a melho-
lhantes. ras nas condições de trabalho, mas também nas boas condições de
Diante desse novo quadro, o trabalhador sofre um processo de habitação, alimentação, transporte, educação, remuneração, lazer,
culpabilização, tornando-se potencial desempregado, vez que se higiene, vestuário, etc. Essa amplitude, chamada de Saúde do Tra-
manter atualizado e especializado não garante sua empregabilida- balhador, se consegue através de políticas sociais, que se moldam
de. Sente-se pressionado, pois sabe que saindo do mercado formal, através da pressão exercida pelos movimentos sociais junto ao
existe um exército de reserva esperando para ocupar seu espaço. Estado. É um avanço na dialética do processo saúde-doença com
Assim, submete-se a todo tipo de má situação profissional, abusos o propósito de potencializar a saúde, representando a desmedica-
por parte dos superiores, riscos de acidente de trabalho, salários lização da sociedade, onde as políticas de saúde teriam que ser
muito baixos, constrangimentos que vão prejudicando-o, física e preventivas ao invés de curativas.
psiquicamente. No que tange à saúde mental do trabalhador, deve-se consi-
No mundo do trabalho contemporâneo, onde cada um torna-se derar as condições de trabalho em geral, o ambiente, o tempo de
responsável pela sua “empregabilidade”, a pressão desencadeado- jornada, as ações desenvolvidas no processo de trabalho, pois es-
ra de sofrimento é constante, agindo sobre os trabalhadores. tas podem levar a reações psicopatológicas relacionadas, causando
Para Lukács (2002), o sujeito é formado por um processo his- estresse, alterações do sono, levando até mesmo a um transtorno
tórico de relações sociais, onde o trabalho está no centro dessa mental de maior gravidade.
humanização do sujeito individual, o que o diferencia do mundo Nesse ponto se destaca a importância de ter um profissional
natural. Dessa maneira, podemos compreender a importância que assistente social inserido na equipe interdisciplinar que trata a
o trabalho tem na vida de um indivíduo, e a consequência de um saúde do trabalhador, pois esse tem uma visão diferente da dos
processo de trabalho desumanizador. médicos. Possui uma atuação crítica que organiza os movimen-
Segundo Dejours (1992), a organização do trabalho aliena o tos sociais e é devidamente capacitado para elaborar, executar e
trabalhador, desestruturando o seu psiquismo e se utilizando de avaliar as políticas sociais. Tem uma visão ampla a respeito da
seu sofrimento para aumentar a produção. Nessa perturbação, o exploração do trabalhador, e é o profissional capaz de articular o
trabalhador cria mecanismos de defesa que leva a uma adaptação mundo do trabalho com a totalidade social que envolve a vida des-
ao sofrimento, ou a uma descompensação, que seria desequilíbrio, te, considerando a história, economia, política e as questões sociais
neurose, psicose ou uma psicossomatização, levando a uma doen- em que se insere. No entanto, trataremos do trabalho do assistente
ça física a partir de um desequilíbrio emocional decorrente do am- social mais à frente.
biente de trabalho. Assim, o trabalho repetitivo cria a insatisfação,
cujas consequências não se limitam a um desgosto particular. Ela A Reestruturação Produtiva e suas consequências à Saúde
é de certa forma uma porta de entrada para a doença, e uma encru- do Trabalhador
zilhada que se abre para as descompensações mentais ou doenças
somáticas. A saúde do trabalhador reflete as condições materiais, sociais
Como bem nos traz Mendes (1991), em decorrência desse e políticas do processo de trabalho e das condições de vida desse
adoecimento dos trabalhadores, começou-se a tratar dos funcio- trabalhador. Segundo Freire (2006) diversos fatores interferem na
nários dentro da própria empresa, colocando um médico para saúde do trabalhador, tais como produtividade, impacto de mu-
atender os trabalhadores adoentados. Dessa maneira, teve início danças tecnológicas, reconversão industrial e o problema do não-
a Medicina do Trabalho, onde o objetivo era trazer o funcionário trabalho coercitivo (desemprego), que origina o agravamento das
rapidamente de volta ao trabalho, exercendo uma medicina apenas condições de saúde da população trabalhadora. (...) o processo
curativa. Os médicos perceberam que os trabalhadores adoeciam saúde-doença-trabalho se insere nos diversos aspectos da organi-
zação, divisão e relações sociais no trabalho”.

Didatismo e Conhecimento 14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
A principal consequência desse processo é o desgaste físico condições “perversas e nocivas” de trabalho, “como se fosse pos-
e psíquico que o trabalhador sofre, potencializando diversos fato- sível escolher entre a saúde e o acesso a postos de trabalho” (AL-
res como “posição incômoda, alternância de turnos, ruídos, tensão MEIDA, MELO e MATOS, 2006).
nervosa por pressão e alto ritmo.” No entanto, para amenizar esse processo, temos como objeti-
A todos esses fatores, Freire ainda acrescenta a “carga social” vo final dos capitalistas o mercado, os consumidores, o que impõe
que expressa as relações de desigualdade, autoritarismo, impo- às empresas uma busca pela “Qualidade Total”, e isso implica em
tência do trabalhador perante suas condições de trabalho, por sua certificações de qualidade, como os ISOs (International Organi-
colocação desfavorável dentro da divisão do trabalho na empresa. zation for Standartization) que buscam um padrão internacional
Essa impossibilidade de se tornar agente de mudança acaba le- como diferencial no mercado globalizado. Com isso, as empresas
vando a atrofiação da capacidade de lutar do trabalhador, gerando precisam se adaptar às normas referentes à processo de produção
uma conformidade com relação a sua situação. Resulta, então, na e qualidade dos produtos (ISO 9000), impactos ambientais (ISO
alienação social do trabalhador. 14000) e, mais recentemente lançada, a certificação por melho-
Lúcia Freire aponta ainda como sendo as principais conse- res condições de saúde dos trabalhadores (ISO 18000). Mas não
quências da reestruturação produtiva à saúde dos trabalhadores as podemos deixar de mencionar que esse processo atinge somente
doenças profissionais desencadeadas pelas inovações tecnológi- os trabalhadores de grandes empresas, que, na maioria das vezes,
cas, como as DORTs (doenças osteomusculares relacionadas ao visam uma melhor aceitação de seus produtos no mercado externo.
trabalho) e o estresse causado pelas novas condições e possíveis Com relação a esse fato, vale destacar uma colocação de Marx
demissões; o agravamento das doenças preexistentes degenerati- (1983, apud MENDES e ALMEIDA, 2004) onde diz que:
vas, que exigiriam maiores investimentos no processo de trabalho, O capital não tem (...) a menor consideração pela saúde do
mesmo que sub-registrados ou mascarados. trabalhador (...), a não ser quando é coagido pela sociedade a ter
Essas consequências vêm se agravando com o processo de ter- consideração. Receamos ter que confessar que os capitalistas não
ceirização nas empresas, que desqualificam todo processo de tra- se sentem inclinados a conservar e zelar por esse tesouro e dar-lhe
balho, incluindo os setores de Medicina e Segurança do Trabalho, valor (...) a saúde dos trabalhadores foi sacrificada.
com um descompromisso dos profissionais com os trabalhadores, Marx já havia previsto que os capitalistas só seria interessante
com uma prática totalmente institucionalizada, sem autonomia zelar pela saúde de seus trabalhadores no momento em que esse
profissional. Temos também, um atraso nas modernizações tecno- fato significasse melhoria em sua produção e em seu mercado con-
lógicas, causado pela busca de reduzir os custos, sem considerar sumidor.
as reais condições de trabalho e o que acarretariam à saúde dos
trabalhadores. O Serviço Social na área de “Saúde do Trabalhador”
A terceirização contribui com o propósito do aumento da pro-
dutividade e redução dos custos de produção. Nesse processo, a A “Saúde do Trabalhador” configura a principal demanda do
empresa fica com a atividade que desempenha melhor e com me- Serviço Social atuante em empresas. Isso porque atende aos em-
nor custo e transfere a outras empresas as demais fases do processo presários, significando a continuidade da produção, envolve aos
produtivo, gerando empresas “enxutas e especializadas” (ALMEI- sindicatos, buscando melhorar as condições gerais do processo
DA, MELO e MATOS, 2006). produtivo, e principalmente, lida com o trabalhador, buscando ga-
Esse processo barra as pressões por melhores salários e reduz rantir sua integridade física, psíquica e social.
os direitos dos trabalhadores, criando relações mais frágeis e domi- Nesse sentido, podemos acompanhar Freire (2006) quando diz
nadas entre empresa-trabalhador, precarizando as relações de tra- que (...) a saúde do trabalhador constitui uma expressão concreta,
balho e gerando uma desmobilização das organizações sindicais. privilegiada, da realidade socioeconômica e política das relações
Como resultado, temos um novo trabalhador, adaptado ao novo de trabalho. Suas evidências indiscutíveis facilitam o desvenda-
sistema de produção e agindo de forma a aumentar a produtivi- mento das contradições ocultas por trás do discurso dominante,
dade. Caso não ocorra essa adaptação, é prontamente substituído. primordialmente mistificador, possibilitando a constituição de su-
A terceirização e as mudanças no corpo das empresas, levam jeitos políticos em torno da luta pelo direito à saúde e condições de
ao aumento do desemprego estrutural, tendo por razão direta a trabalho que não a agridam.
reestruturação produtiva e a adaptação tecnológica que as empre- No entanto, não podemos desconsiderar a sua dimensão eco-
sas passam. nômica, sendo que reflete diretamente na produtividade empresa-
O processo de terceirização em pleno desenvolvimento, leva rial e também representa custos ao Estado com os trabalhadores
a uma redução da responsabilidade da empresa com o funcionário, doentes ou lesionados.
que pertence a uma outra empresa externa e menor, sendo ape- O Serviço Social está inserido na área de Recursos Humanos,
nas um prestador de serviços preso a um contrato precário e em atuando nas demandas do processo produtivo, como “qualificação,
condições de total vulnerabilidade, sendo uma força de trabalho políticas (de atendimento ao trabalhador), estratégias, instrumen-
descartável. tos gerenciais de controle e motivação”, atuando também nas con-
O que se percebe é que os trabalhadores formais têm seu ritmo dições de “ambiente e relações de trabalho, (...) produção e repro-
de trabalho intensificado e assumem uma postura multifuncional dução física e social da força de trabalho”).
na empresa, enquanto os trabalhadores subcontratados e tempo- Como consequência da reestruturação produtiva ocorre uma
rários têm sua jornada aumentada e os direitos sociais anulados. desregulamentação dos direitos dos trabalhadores, instituindo-se
Em comum entre eles é a exposição à riscos, que nos terceirizados os Contratos Coletivos de Trabalho, que são restritos e temporá-
se agrava, pois a maioria desenvolve o trabalho por um tempo de- rios. Esse processo restringe, também, o trabalho dos assistentes
terminado, sem treinamento e nenhuma proteção. São expostos a sociais, representando uma anulação dos critérios sociais, vez que

Didatismo e Conhecimento 15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
baseia-se em uma negociação direta com a empresa. No entanto, as Têm por papel promover a saúde e garantir direitos, por isso
políticas de saúde do trabalhador permanecem, com a necessidade deve atuar no campo de saúde do trabalhador.
de ter assistentes sociais atuando nelas. Pensar em saúde do trabalhador, implica pensar o processo de
Lúcia Freire (2006) divide as atuações dos assistentes sociais trabalho e o ambiente em que trabalha, em conjunto com o modo e
na área de saúde do trabalhador em cinco grupos: “educação e qualidade de vida que esse trabalhador possui. Implica conhecer o
desenvolvimento de recursos humanos em saúde” (campanhas e trabalhador em todas as suas dimensões sociais, conhecer o meio
eventos), “higiene industrial” (controle da saúde de cada trabalha- em que ele está inserido e se relaciona. Nesse ponto que se insere
dor e do ambiente de trabalho), “análise e acompanhamento médi- o Assistente Social, quando passa a se considerar os determinantes
co-social individual ou grupal” (atendimento individual ou grupal
sociais como parte do processo de adoecimento dos trabalhadores.
para atender determinadas demandas), “assistência multidisciplinar
Sendo assim, a atenção à saúde do trabalhador se propõe a
de saúde” (gerenciamento dos recursos assistenciais) e “qualidade
de vida e fóruns participativos” (desenvolvimento cultural e social gerar melhorias nas condições de vida e saúde dos trabalhadores e
do trabalhador, desenvolvimento do clima organizacional, envol- dos que o cercam. Porém, esse processo não se dá de forma sim-
vendo a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA). ples, pois, como traz Mendes e Almeida (...) como garantir a liber-
A inserção do assistente social nesse processo é importante de- dade e a autonomia do trabalhador, visto que as instituições prio-
vido (...) a sua bagagem teórica e técnico-operacional, focalizando rizam a produtividade, o lucro, sendo, portanto, subsidiadas por
as condições e relações sociais articuladas às situações cotidianas interesses econômicos que se sobrepõem às capacidades humanas.
apresentadas em tais ocasiões, assim como na comunicação demo- É necessário buscar uma forma de relacionar o interesse do
crática individual e grupal e em fóruns coletivos. empregador às condições “saudáveis” de trabalho.
Tivemos, porém, algumas contradições na reestruturação pro- Trabalhando a saúde do trabalhador, o Assistente Social busca
dutiva, como a articulação entre profissionais da área de saúde, le- compreender as relações entre o trabalho, a saúde e a doença, para
vando a uma valorização do Serviço Social. Os problemas não são nortear suas ações de promoção e proteção da saúde, de forma a
mais tratados de forma isolada, mas sim de maneira paralela ao humanizar o ambiente e o processo de trabalho em geral.
processo produtivo. Também, com a informatização, têm-se uma No entanto, para que essa atuação se dê em toda a complexi-
organização dos dados assistenciais e médicos, o que facilita e oti- dade da área do trabalho, é necessário que o Assistente Social este-
miza o trabalho dos assistentes sociais. ja inserido em uma equipe interdisciplinar, com caráter multipro-
Dentro da empresa, o assistente social está inserido na contra- fissional, e ainda, com a participação dos próprios trabalhadores,
dição capital trabalho, andando sempre no limite entre o empresário
envolvendo-os na análise das condições de trabalho em que estão
e os trabalhadores, como nos diz Iamamoto: Reproduz (...) pela
mesma atividade, interesses contrapostos que convivem em tensão. inseridos e na identificação dos melhores meios de intervir nessa
Responde tanto a demandas do capital como do trabalho e só pode realidade a eles posta.
fortalecer um ou outro polo pela mediação de seu oposto. Ou seja, se faz necessário dar voz, comprometer e envolver
Em relação às ameaças a profissão, a reestruturação traz o o próprio trabalhador no planejamento, desenvolvimento e exe-
medo do desemprego, que enfraquece o profissional politicamente, cução das ações, considerando-o como o elemento principal, por
e leva a tendência de se deixar nortear as atividades profissionais, seu conhecimento empírico das reais condições de risco/segurança
de forma a trabalhar somente para o capital. no ambiente de trabalho. Como consequência teríamos facilitada
Essas ameaças levam ao “avanço da importância dos progra- a negociação entre trabalhadores e empregadores, buscando maior
mas sócio educacionais” (forma de dominação pelo capital), “ten- democratização nas decisões e no controle social do processo de
dência de descarte dos programas assistenciais das empresas” (com trabalho, resultando na transformação técnica e organizacional,
a terceirização, delegando a trabalhadores temporários), “tendência melhorando o ambiente de trabalho na sua relação com a Saúde
da transdisciplinariedade, associada à polivalência, substituindo os do Trabalhador.
espaços profissionais, multiprofissionais e interprofissionais, sobre- Com relação à inserção do trabalhador no processo de melho-
tudo quanto a programas sócio educacionais.” ria das condições de trabalho, podemos trazer o que nos diz Men-
Esses processos levam o assistente social a misturar-se nas des e Almeida (2004), quando analisam as contradições na área
equipes multidisciplinares, onde demonstra facilidade de atuação, de saúde do trabalhador e a relação do Assistente Social dentro
pela sua formação, enquanto em setores onde trabalha isolado,
desse processo: (...) o resguardo à saúde dos trabalhadores se torna
acaba se desvalorizando e perdendo seu espaço profissional para
a terceirização. um campo de luta entre classes sociais, cujos interesses exprimem
No entanto, para se inserir nessa nova conjuntura é necessário o caráter contraditório do sistema capitalista de produção. Daí o
ao assistente social capacitar-se para esse novo mercado, a fim de desafio para os assistentes sociais e para os diferentes profissionais
se adaptar à nova realidade de trabalho e poder extrair o melhor da que se deparam com essa demanda de identificar, nas „queixas‟
situação posta, em sua atuação. dos usuários, tais mecanismos de subversão e criar possibilida-
des de intervenção, como a capacitação (por meio de uma prática
A Atuação do Assistente Social na Saúde do Trabalhador crítica e politizante, veiculada por informações), o incentivo e o
fortalecimento da constituição de estratégias de resistência dos tra-
Os Assistentes Sociais são os profissionais preparados para balhadores, com vistas a garantir os direitos humanos, a recusa do
compreender o modo como se revelam e as consequências dos di- autoritarismo e do determinismo, a equidade, a justiça e a proteção
versos processos sociais na vida das pessoas. Com um olhar crítico social, no campo do trabalho.
e comprometido com a classe trabalhadora, é o profissional prepa- Esse processo de implementação da política de Saúde do
rado para analisar a relação capital X trabalho e atuar nas situações Trabalhador, coloca como ponto de partida ações de prevenção
advindas dessa relação, relacionando às perspectivas políticas, his- junto aos trabalhadores, contribuindo também com a dissemina-
tóricas e sociais. ção desse ideário em todos os campos do processo de trabalho.

Didatismo e Conhecimento 16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Enquanto profissão comprometida com a efetivação dos direitos em cabines por exemplo; se existe hierarquia e autoritarismo por
sociais, cabe ao Assistente Social contribuir na realização dessa parte das chefias, além de controle de desempenho individual; se
prática conscientizante, de modo a resultar numa intervenção nos o trabalho ocorre em turnos alternados; se há risco de acidentes,
determinantes sociais do processo saúde doença. sobrecarga de trabalho; se as informações passadas aos trabalhado-
No caso de saúde mental, especificamente, temos o estresse res são suficientes e não distorcidas; se ocorre desvio ou acúmulo
como uma reação do organismo diante de uma situação de pressão de funções; se o trabalhador tem liberdade para se levantar, andar,
ou perigo, com efeitos nocivos, como o esgotamento mental que espreguiçar, relaxar, ações necessárias para aliviar a tensão; como
leva a desencadear outras doenças mais graves. se dão as relações interpessoais no ambiente de trabalho; por fim,
Segundo Marisa Palácios, 50% das doenças que afastam os se existe instabilidade no emprego, com alta rotatividade de tra-
trabalhadores são relacionadas à saúde mental, sendo estes os cus- balhadores.
tos diretos ao empregador. Ainda têm-se os custos indiretos, como Ainda se faz necessário considerar o contexto socioeconômi-
uma alta rotatividade de trabalhadores, o que leva ao aumento de co dos trabalhadores, se o custo de vida é viável e a remuneração
investimentos em treinamentos, por exemplo, além da baixa na é suficiente.
produtividade, vez que trabalhadores estressados contribuem pou- A associação entre esses diversos fatores indica se o ambiente
co ou quase nada na produção. é saudável e onde devemos intervir para melhorá-lo, sem deixar de
Considerando o estresse como possível ponto de partida de considerar que todos os fatores externos ao ambiente de trabalho
todas as outras doenças relacionadas ao trabalho, Palácios (2007) também influenciam e dependem do processo produtivo em que o
nos apresenta métodos para detectar e buscar neutralizar os proble- trabalhador está inserido.
mas organizacionais, com intervenções e estratégias preventivas, Bisneto (2007) nos ensina ainda que o Assistente Social na
além de curativas, para a melhoria dos níveis de saúde no trabalho. área de saúde do trabalhador deve atuar de acordo com o Projeto
Em equipes interdisciplinares, é necessário buscar junto aos Ético-Político que norteia a profissão e buscando conciliar com as
trabalhadores identificar os fatores que os levaram ao estresse, diretrizes da Lei Orgânica da Saúde, de modo a:
identificando as “psicopatologias” (PALÁCIOS, 2007) da organi- - Empenhar-se na viabilização dos direitos sociais e de cidada-
zação do trabalho. nia aos trabalhadores em dificuldade social;
É importante incentivar o bom relacionamento de equipe entre - Repassar serviços de saúde que são assegurados socialmente
os trabalhadores e Palácios acredita que se o trabalhador deter um e institucionalmente a todos, sem discriminação em todos os níveis
certo controle sobre seu processo de trabalho imediato vai adoecer de assistência (universalidade, integralidade, equidade).
menos. A falta de controle sobre o tempo, métodos, técnicas e o - Garantir acesso às informações, fazendo divulgação e pu-
excesso de demanda, leva ao estresse. É importante compreender blicização, assegurar a democratização das informações aos tra-
que o trabalhador não é um mero executor de tarefas, ele precisa balhadores.
controlar seu processo de trabalho. - Empenhar-se na participação da comunidade nos programas
É necessário um suporte social para viabilizar uma forma de de saúde.
trabalho em equipe, reduzindo os trabalhos competitivos, que é um - Garantir o funcionamento dos Conselhos e Conferências em,
dos fatores mais estressantes, hoje em dia, no processo produtivo. Saúde do Trabalhador com a participação dos trabalhadores e pro-
Palácios nos sugere ainda que a melhor forma de intervir é fissionais engajados.
atuar no ambiente de trabalho, mas sem deixar de atuar também - Participar da formulação de políticas e da execução de ações
nos trabalhadores, investindo em capacitação técnica e em cursos em todo os âmbitos de „Saúde do Trabalhador “em equipe inter-
de desenvolvimento humano, como mediar conflitos em equipe, disciplinar.
por exemplo. - Participar da política de formação de recursos humanos.
Outro modo é tentando alterar os desenhos dos cargos, de - Realizar ações educativas sistemáticas e continuadas nos di-
modo a incrementar a auto determinação dos ritmos de trabalho, versos programas de atenção à saúde do trabalhador.
garantir a total compreensão do trabalho a ser executado, de modo Realizar estudos e pesquisas a níveis epidemiológicos, insti-
a fazê-lo se sentir mais seguro em suas atividades laborativas. Tor- tucionais e comunitários que contribuam para esclarecer demandas
na-se necessário também, propiciar o contato humano, com ativi- postas pelos trabalhadores e que possam orientar diretrizes popula-
dades extras, promovendo encontros familiares, sociais e políticos. res aos programas de atenção à saúde.
José Augusto Bisneto (2007), baseando-se em Edith Selig- Como apresenta Dejours (1992), o trabalho tem a mesma in-
mann-Silva, traz o que devemos observar em relação ao processo tensidade para levar ao prazer ou ao sofrimento, dependendo da
saúde-doença no trabalho, em especial a saúde mental. forma e das condições em que é realizado. E é possível aos As-
Devemos considerar os aspectos físicos e químicos, como lu- sistentes Sociais trazer grandes contribuições para melhora dessas
minosidade, acústica (excesso de ruído), vibrações, higiene local, condições de realização do trabalho. (Texto adaptado de PINTO,
condições ergonômicas, se há risco de contaminações ou se há ex- A. S. Assistente Social).
posição a radiações.
Analisando a organização do trabalho, devemos avaliar a linha
de montagem, se o trabalho é rápido, controlado e fragmentado, se
exige uma atenção prolongada, ou se, pelo contrário, é um trabalho
lento, monótono e repetitivo; se é realizado com computadores e o
ritmo é ditado pela máquina; se a jornada de trabalho é extensa e
se o descanso é suficiente entre as jornadas, com pausas frequentes
durante a jornada; se o trabalho ocorre de forma isolada, como

Didatismo e Conhecimento 17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
possibilidades de sua expansão. O abaixamento do nível de vida
2. HISTÓRIA DA POLÍTICA SOCIAL da população garante ao mesmo tempo uma taxa média de lucro e
também a redução do mercado imprescindível à produção.
Dessa forma, pode-se afirmar que não há política social des-
ligada das lutas sociais. De modo geral, o Estado assume algumas
das reivindicações populares, ao longo de sua existência históri-
O estudo das políticas sociais, na área de Serviço Social, vem ca. Os direitos sociais dizem respeito inicialmente à consagração
ampliando sua relevância na medida em que estas têm-se constituí- jurídica de reivindicações dos trabalhadores. Certamente, não se
do como estratégias fundamentais de enfrentamento das manifes- estende a todas as reivindicações, mas na aceitação do que é con-
tações da questão social na sociedade capitalista atual. veniente ao grupo dirigente do momento. E com Faleiros (1991),
Não se pode precisar um período específico do surgimento pode-se afirmar que as políticas sociais ora são vistas como meca-
das primeiras identificações chamadas políticas sociais, visto que, nismos de manutenção da força de trabalho, ora como conquista
como processo social, elas se originam na confluência dos movi- dos trabalhadores, ora como arranjos do bloco no poder ou bloco
mentos de ascensão do capitalismo como a Revolução Industrial, governante, ora como doação das elites dominantes, ora como ins-
das lutas de classe e do desenvolvimento da intervenção estatal. trumento de garantia do aumento da riqueza ou dos direitos do
Sua origem relaciona-se aos movimentos de massa socialmen- cidadão.
te democratas e à formação dos estados-nação na Europa Ocidental O período que vai de meados do século XIX até os anos de
do final do século XIX, porém sua generalização situa-se na transi- 1930, é marcado predominantemente pelo liberalismo e sustentado
ção do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista, pela concepção do trabalho como mercadoria e sua regulação pelo
especialmente em sua fase tardia, após a Segunda Guerra Mundial. livre mercado.
Historicamente, o estudo das políticas sociais deve ser marca- O estado liberal é caracterizado pelo indivíduo que busca seu
do pela necessidade de pensar as políticas sociais como “conces- próprio interesse econômico proporcionando o bem-estar coleti-
sões ou conquistas”, na perspectiva marxista, a partir de uma óti- vo, predomina a liberdade e competitividade, naturaliza a miséria,
ca da totalidade. Dessa forma, as políticas sociais são entendidas mantém um Estado mínimo, ou seja, para os liberais, o Estado
como fruto da dinâmica social, da inter-relação entre os diversos deve assumir o papel “neutro” de legislador e árbitro, e desenvol-
atores, em seus diferentes espaços e a partir dos diversos interesses ver somente ações complementares ao mercado e as políticas so-
e relações de força. Surgem como “[...] instrumentos de legitima-
ciais estimulam o ócio e o desperdício e devem ser um paliativo,
ção e consolidação hegemônica que, contraditoriamente, são per-
o que significa que a pobreza deve ser minimizada pela caridade
meadas por conquistas da classe trabalhadora”.
privada. É, portanto, o mercado livre e ilimitado que regula as re-
A política econômica e a política social estão relacionadas in-
lações econômicas e sociais e produz o bem comum.
trinsecamente com a evolução do capitalismo (conforme proposta
Mediante esses princípios defendidos pelos liberais e assu-
de reflexão), fundamentando-se no desenvolvimento contraditório
midos pelo Estado capitalista, o enfrentamento da questão social,
da história. Tais políticas vinculam-se à acumulação capitalista e
neste período, foi sobretudo repressivo, e seguido de algumas mu-
verifica-se, a partir daí, se respondem às necessidades sociais ou
danças reivindicadas pela classe trabalhadora que foram melhorias
não, ou se é mera ilusão.
Segundo Vieira E. (1995), a acumulação é o “[...] sentido de tímidas e parciais na vida dos trabalhadores, sem atingir as causas
concentração e de transferência da propriedade dos títulos repre- da questão social.
sentativos de riqueza”. As transformações ocorridas nas revolu- Também as reformas sociais ocorridas no período pós-Segun-
ções industriais acarretaram uma sociedade com um vasto exército da Guerra não atingiram esse objetivo. Assim as primeiras ações de
de proletários. políticas sociais ocorrerão na relação de continuidade entre Estado
A política social surge no capitalismo com as mobilizações liberal e Estado social. Ambos terão um ponto em comum que é o
operárias e a partir do século XIX com o surgimento desses movi- reconhecimento de direitos sociais sem prejudicar os fundamentos
mentos populares, é que ela é compreendida como estratégia go- do capitalismo. Isso porque não houve ruptura radical entre o Es-
vernamental. Com a Revolução Industrial na Inglaterra, do século tado liberal (século XIX) e o Estado social capitalista (século XX).
XVIII a meados do século XIX, esta trouxe consequências como a Mas, sim, uma nova visão de Estado, pressionado por mudanças
urbanização exacerbada, o crescimento da taxa de natalidade, fe- (lutas das classes trabalhadoras), o “velho liberalismo foi cedendo
cunda o germe da consciência política e social, organizações pro- espaço a um liberalismo mais social e incorporando orientações
letárias, sindicatos, cooperativas na busca de conquistar o acolhi- socialdemocratas em um novo contexto socioeconômico e da luta
mento público e as primeiras ações de política social. Ainda nesta de classes, possibilitando uma visão social e, consequentemente,
recente sociedade industrial, inicia-se o conflito entre os interesses investimentos em políticas sociais (Behring & Boschetti, 2006).
do capital e os do trabalho. O Estado europeu liberal do século XIX reconheceu direitos
Para Vieira E. (1992), a história do capitalismo testemunha civis tais como: o direito à vida, à liberdade individual e os direitos
contradição fundamental, de um lado, ininterrupto crescimento do de segurança e de propriedade, mas com características de Estado
mercado e do consumo e de outro, sua gradativa monopolização. policial e repressor (Pereira 2000) e assim a população usufruiu
Com isso, o processo de acumulação do capital impõe à in- especialmente do direito à liberdade e à propriedade.
dústria a necessidade de alargar o mercado e de aumentar o con- O fortalecimento e a organização da classe trabalhadora foram
sumo, mas o resguardo e o incremento da rentabilidade do capital determinantes para a mudança da natureza do Estado liberal no
já invertido exigem de quando em quando limitações de caráter final do século XIX, e os ganhos sociais e políticos obtidos mais
monopolizador, entravando o próprio mercado e tolhendo as novas precisamente no século XX pelos trabalhadores.

Didatismo e Conhecimento 18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
A busca da classe operária pela emancipação humana, a so- O capitalismo monopolista intensifica suas contradições
cialização da riqueza e uma nova ordem societária garantiram al- oriundas da organização da produção capitalista, ou seja, sua pro-
gumas conquistas importantes na dimensão dos direitos políticos dução cada vez mais socializada é restrita pela concentração mun-
tais como: o direito de voto, de organização e a formação de sin- dial de renda por meio de apropriação privada dos produtos do
dicatos e partidos, de livre expressão e manifestação, e de ampliar trabalho. E assim, como afirma Netto, o capitalismo monopolista
os direitos sociais. Desta forma, segundo Behring & Boschetti, a recoloca, em patamar mais alto, o sistema totalizante de contra-
generalização dos direitos políticos é resultado da luta da classe dições que confere à ordem burguesa os seus traços basilares de
trabalhadora e, se não conseguiu instituir uma nova ordem social, exploração, alienação e transitoriedade histórica [...].
contribuiu significativamente para ampliar os direitos sociais, para A fase monopólica firma-se por meio do controle dos merca-
tencionar, questionar e mudar o papel do Estado no âmbito do ca- dos, garantindo maiores lucros aos capitalistas. Com isso ocorrem
pitalismo a partir do final do século XIX e início do século XX. diversas variações nas instituições capitalistas, tais como: amplia-
Ainda segundo as autoras, o surgimento das políticas sociais ção do sistema bancário e creditício, acordos empresariais para o
foi gradativo e diferenciado entre os países, com base nos movi- aumento do lucro por meio do controle dos mercados, formando os
mentos e organizações reivindicatórias da classe trabalhadora e na chamados cartéis. Surge grande acumulação de lucro, diminuição
correlação de forças no âmbito do Estado. A história relata que é da taxa média de lucro e a tendência ao subconsumo aumenta. Os
no final do século XIX o período em que o Estado capitalista passa setores de grandes concorrências aumentam em seus investimen-
a assumir e a realizar ações sociais mais amplas, planejadas e sis- tos demandando o surgimento de novas tecnologias e diminuindo
tematizadas sob caráter de obrigatoriedade. os postos de trabalho.
Assim o século XX vive transformações globais desenfreadas Tais contradições geram uma concorrência acirrada de vários
que alteram a vida de bilhões de pessoas no mundo. As transfor- grupos monopolistas que disputam o mercado nacional e o merca-
mações no mundo do trabalho determinaram novos padrões de or- do internacional. Contudo, criam-se mecanismos extra econômi-
ganização e gestão da indústria, novos tipos de relações e contratos cos de controle, por meio do Estado, na perspectiva neoliberal ou
de trabalho e comercialização, altos índices de investimentos em na perspectiva social-democrática, para controlar as ameaças aos
avanços tecnológicos e de automação. lucros dos monopólios.
O padrão dominante taylorista/fordista, surgido nos anos 30 Todas essas modificações estendem-se em nível planetário no
(século XX), após a chamada Grande Depressão, fundamentado na chamado “mundo” de globalização, que se expressa como nova
produção maciça de mercadorias em grandes fábricas, concentra- modalidade de dominação imposta pelo capital por meio da inten-
das e verticalizadas, com rígido controle do processo de trabalho sificação do intercâmbio mundial de mercadorias, preços, ideias,
que reunia grande número de trabalhadores manuais, especializa- informações, relações de produção, proporcionando mudanças
dos, relativamente bem pagos e protegidos pela legislação traba- significativas nas relações humanas. Para Netto, a globalização,
lhista, passa a ser substituído ao entrar em crise, e é substituído ainda, vem agudizando o padrão de competitividade intermono-
pela chamada acumulação flexível, ou seja, a descentralização da polista e redesenhando o mapa político-econômico do mundo:
economia, com o chamado modelo japonês toyotista que supõe para assegurar mercados e garantir a realização de superlucros, as
um processo de modificações enfeixadas no mote da flexibiliza- grandes corporações têm conduzido processos supranacionais de
ção. Este modelo apresenta uma nova racionalidade produtiva integração, os megablocos (União Europeia, Nafta, APEC) que,
como afirma Antunes tem-se um sistema que responde imediata até agora, não se apresentam como espaços livres de problemas
e diretamente às demandas que são colocadas e que possui a fle- para a concentração dos interesses do grande capital.
xibilidade para alterar o processo produtivo de modo que não se Dessa forma, o fenômeno da globalização se por um lado per-
opere com grandes estoques, mas com estoque mínimo; de modo mite o intercâmbio mundial por meio da maior interação entre os
que se tenha um sistema de produção ou de acumulação flexível, povos, por outro, tem trazido uma série de contradições e diver-
que se adeque a essas alterações cotidianas de mercado. Enfim, gências: o aumento do desemprego estrutural, a exclusão social,
um processo produtivo flexível que atenda esta ou aquela rigidez o aumento da pobreza, guerras políticas e religiosas e outros, rati-
característica de produção em linha de montagem do tipo fordis- ficando a lógica do capital, que trazem a concentração da riqueza
ta [...]. É então um processo de organização do trabalho fundado nas mãos dos setores monopolizados e o acirramento da desigual-
numa resposta imediata à demanda, numa organização flexível do dade social.
trabalho, numa produção integrada e que supõe necessariamente o Para atenuar as contradições postas pelas “crises cíclicas de
envolvimento do trabalho, acarretando o estranhamento do traba- superprodução, superacumulação e subconsumo da lógica do capi-
lhador, sua “alienação” do trabalho que se torna menos despótico tal” e manter a ordem, ocultar as consequências nefastas do capita-
e mais manipulatório [...]. Um sistema de produção flexível supõe lismo, criam-se mecanismos políticos e econômicos que garantem
direitos do trabalhador também flexíveis, ou de forma mais aguda, a reprodução do sistema e formam um amplo aparato ideológi-
supõe a eliminação dos direitos do trabalho [...]. co que procura naturalizar e perpetuar este modelo de sociedade.
Estas transformações afetam as relações de trabalho e o coti- Após a Segunda Guerra Mundial, consolidou-se o chamado Estado
diano do trabalhador, em seus direitos como a educação, a saúde, de Bem-Estar Social (Welfare State) e posteriormente o neolibe-
a habitação, o lazer, a vida privada. Contudo, o que permanece é o ralismo.
modelo societário capitalista sob o qual ocorrem tais modificações. O ideário do Estado de Bem-Estar Social é proposto pela teo-
E assim, este se estabelece, no final do século XX, não mais como ria keynesiana em países da Europa e nos Estados Unidos da Amé-
concorrencial. E com a Era Imperialista, tem-se uma hegemonia rica que tinha como princípio de ação o pleno emprego e a menor
que se efetiva a partir da consolidação de grandes grupos monopo- desigualdade social entre os cidadãos. É erigido pela concepção
lizados (concentração do capital). de que os governos são responsáveis pela garantia de um míni-

Didatismo e Conhecimento 19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
mo padrão de vida para todos os cidadãos, como direito social. É em detrimento dos trabalhadores, realidade essa, velada por um
baseado no mercado, contudo com ampla interferência do Estado discurso de direitos individuais, tem-se a naturalização da desi-
que deve regular a economia de mercado de modo a assegurar o gualdade social, a busca pela eficiência e competitividade no mun-
pleno emprego, a criação de serviços sociais de consumo coletivo, do da globalização. Segundo Sposati (2000), o maior impacto da
como a educação, saúde e assistência social para atender a casos globalização se manifesta na desregulamentação da força de traba-
de extrema necessidade e minimizar a pobreza. lho, no achatamento de salários e no aumento do desemprego. Esta
Faleiros afirma, é pelo Estado Bem-Estar que o Estado garante é a face perversa da globalização, pois em vez de traduzir melhores
ao cidadão a oportunidade de acesso gratuito a certos serviços e a condições aos povos, ela vem trazendo a globalização da indiferen-
prestação de benefícios mínimos para todos. Nos Estados Unidos, ça com os excluídos.
esses benefícios dependem de critérios rigorosos de pobreza e os O neoliberalismo passou a ditar o ideário de um projeto so-
serviços de saúde não são estatizados, havendo serviços de saúde cietário a ser implementado nos países capitalistas para restaurar o
para os velhos e pobres. O “acesso geral” à educação, à saúde e à crescimento estável. Tendo como assertivas a reestruturação produ-
justiça existente na Europa decorre de direitos estabelecidos numa tiva, a privatização acelerada, o enxugamento do Estado, as políti-
vasta legislação que se justifica em nome da cidadania. O cidadão cas fiscais e monetárias sintonizadas com os organismos mundiais
é um sujeito de direitos sociais que tem igualdade de tratamento de hegemonia do capital como o Fundo Monetário Internacional
perante as políticas sociais existentes. (FMI).
Com essa realidade, ampliaram-se as funções econômicas e Para essa realidade, vive-se o desmonte da cidadania social,
sociais do Estado que passou a controlar parcialmente a produção e uma das maiores conquistas democráticas e o abalo da utopia de
a assumir despesas sociais. Essas transformações do Estado foram construção de uma sociedade livre de incertezas e desamparos so-
de acordo com a força do movimento trabalhista e ocorreram nos ciais (Estado de Bem-Estar Social).
chamados países desenvolvidos da Europa e nos Estados Unidos. Como afirma Pereira (2000), tem-se em quase todo o mundo, o
O Estado de Bem-Estar Social buscou assegurar um acordo de desmonte das políticas nacionais de garantias sociais básicas, cujas
neutralidade nas relações das classes sociais e amortecer a crise do principais implicações estão voltadas aos cortes de programas so-
capitalismo com a sustentação pública de um conjunto de medidas ciais à população de baixa renda, à diminuição dos benefícios da
anticrise. Entretanto, foram beneficiados os interesses monopó- seguridade social e à criminalização da pobreza com o incentivo às
licos. E como afirmam Behring & Boschetti (2006), as políticas práticas tradicionais de clientelismo, à filantropia social e empresa-
sociais se generalizam nesse contexto, compondo o rol de medidas rial, à solidariedade informal e ao assistencialismo, revestidos de
anticíclicas do período, e também foram o resultado de um pacto práticas alternativas e inovadoras para uma realidade de pobreza e
social estabelecido nos anos subsequentes com segmentos do mo- exclusão social.
vimento operário, sem o qual não podem ser compreendidas. No que diz respeito ao Estado Capitalista, este sempre assumiu
Nos chamados países pobres e dependentes da América Lati- historicamente os interesses da burguesia, da classe dominante as-
na, especialmente no Brasil, nunca ocorreu a garantia do bem-estar segurando muitos favorecimentos e benefícios para a primazia do
da população por meio da universalização de direitos e serviços lucro. Afirma Netto (1996) que “[...] a desqualificação do Estado
públicos de qualidade. Segundo Faleiros (1991), nos países po- tem sido, como se sabe, a pedra-de-toque do privatismo da ideolo-
bres periféricos não existe o Welfare State nem um pleno keyne- gia neoliberal: a defesa do ‘Estado Mínimo’ pretende fundamental-
sianismo em política. Devido à profunda desigualdade de classes, mente o ‘Estado Máximo’ para o Capital”.
as políticas sociais não são de acesso universal, decorrentes do fato O enfrentamento do Estado Nacional mediante as exigências
da residência no país ou da cidadania. São políticas “categoriais”, da globalização capitalista, em transferir as responsabilidades e as
isto é, que tem como alvo certas categorias específicas da popula- decisões do mesmo para o mercado, o bem comum dos cidadãos
ção, como trabalhadores (seguros), crianças (alimentos, vacinas) para a iniciativa privada, a soberania da nação para a ordem so-
desnutridas (distribuição de leite), certos tipos de doentes (hanse- cial capitalista dominante no cenário mundial (Abreu, 2000) vêm
nianos, por exemplo), através de programas criados a cada gestão acompanhados de desregulamentação e de extinção de direitos so-
governamental, segundo critérios clientelísticos e burocráticos. Na ciais, mas com uma “proposta” de modernização, liberdade, demo-
América Latina, há grande diversidade na implantação de políticas cracia e cidadania.
sociais, de acordo com cada país [...]. Os rebatimentos do neoliberalismo (ideologia capitalista) nas
A década de 1970 enfrentou o declínio do padrão de bem-es- políticas sociais são desastrosos. Estas passam a ter um caráter
tar por meio da crise capitalista agravada pelos reduzidos índices eventual e complementar por meio de práticas fragmentadas e com-
de crescimento com altas taxas de inflação. A regulamentação do pensatórias, como afirma Laurell (1997), o Estado só deve intervir
mercado por parte do Estado e o avanço da organização dos tra- com o intuito de garantir um mínimo para aliviar a pobreza e pro-
balhadores passam a ser considerados entraves à livre acumulação duzir serviços que os privados não podem ou não querem produzir,
de capitais. além daqueles que são, a rigor, de apropriação coletiva. Propõem
Na década seguinte, com a queda dos regimes socialistas do uma política de beneficência pública ou assistencialista com um
leste europeu, a crise fiscal do Estado de Bem-Estar e a estagna- forte grau de imposição governamental sobre que programas instru-
ção da economia ganham forças e os argumentos neoliberais recu- mentar e quem instruir, para evitar que se gerem “direitos”. Além
perando as ideias liberais propõem a mínima regulamentação do disso, para se ter acesso aos benefícios dos programas públicos, de-
mercado e a ampla liberdade econômica dos agentes produtivos. ve-se comprovar a condição de indigência. Rechaça-se o conceito
Com o avanço das ideias neoliberais, ganha espaço o discurso dos direitos sociais e a obrigação da sociedade de garanti-los atra-
vitorioso do capitalismo. Tem-se uma realidade ideológica em de- vés da ação estatal. Portanto, o neoliberalismo opõe-se radicalmen-
fesa dos interesses do capital, favorecendo grupos monopolizados, te à universalidade, igualdade e gratuidade dos serviços sociais.

Didatismo e Conhecimento 20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
O cumprimento do ideário neoliberal pelos diversos países terá classe capitalista [...] A filantropia é redefinida na perspectiva da
influência sobretudo por sua tradição histórica e cultural, pelo re- classe capitalista: a “ajuda” passa a ser concebida como investi-
gime político vigente inserido no mundo globalizado, bem como mento. Não se trata de “distribuir” mas de “construir”, de favore-
pelo enfrentamento da questão social (que será abordado no último cer a acumulação do capital. É esta a lógica que preside a organi-
item deste capítulo) e pelo nível de organização da classe traba- zação dos serviços sociais.
lhadora. Ficam portanto, evidentes, a partir da autora, as funções das
Não será aprofundada essa questão, senão apresentada a im- políticas sociais (e públicas) que são: econômica, política e social.
plementação das políticas sociais no Brasil destinadas a minimizar No que diz respeito à função econômica, tem-se a ação do Es-
a questão social que, nas primeiras décadas do século XX, foi tra- tado por meio da transferência direta ou indireta (pagos pela popu-
tada como questão de polícia. lação por meio de impostos) de bens, recursos e outros, aos usuá-
As políticas sociais brasileiras estão diretamente relacionadas rios mais carentes da população, oferecidos em forma de prestação
às condições vivenciadas pelo País em níveis econômico, político de serviços sociais como a saúde, a educação e a assistência social,
e social. Estão, portanto, no centro do embate econômico e político visando ao “barateamento da força de trabalho e consequente acu-
deste início de século, pois a inserção do Brasil (país periférico mulação ampliada do capital”. Essas ações apresentam-se como
do mundo capitalista) no mundo globalizado, far-lo-á dependente formas compensatórias às quedas do salário real, desobrigando o
das determinações e decisões do capital e das potências mundiais capitalista a atender exclusivamente as necessidades de sobrevi-
hegemônicas. vência e reprodução da força de trabalho. Com isso, no contexto
Para entender o real significado das políticas sociais, deve-se atual, parte desses custos são retirados das empresas e designadas
relacioná-las estreitamente a suas funções, que, segundo Pastorini ao Estado que possui a tarefa de suprir as necessidades básicas da
(1997), partindo da perspectiva marxista, as políticas sociais de- classe trabalhadora, por meio das políticas sociais.
vem ser entendidas como produto concreto do desenvolvimento Deve-se reconhecer, então que o Estado assume o papel de
capitalista, de suas contradições, da acumulação crescente do ca- anticrise por meio das políticas sociais, que contribuem para a su-
pital e, assim, um produto histórico, e não consequência de um bordinação do trabalho ao capital, com a força da mão de obra
desenvolvimento “natural”. As políticas sociais desenvolvem al- ocupada e excedente e também pela adequação e controle da po-
gumas funções primordiais no mundo capitalista: função social, pulação trabalhadora que pode ter condições de consumo contra
econômica e política. a tendência nefasta do subconsumo. Como afirma Netto (1996),
A começar pela função social, afirma-se que as políticas so- através da política social, o Estado burguês no capitalismo mono-
ciais têm por objetivo o atendimento redistributivo dos recursos polista procura administrar as expressões da “questão social” de
sociais, por meio de serviço sociais e assistenciais, para um com- forma a atender às demandas da ordem monopólica conforman-
plemento salarial às populações carentes. Contudo, esta função do, pela adesão que recebe de categorias e setores cujas demandas
dissimula as verdadeiras funções que as políticas sociais desempe- incorpora, sistemas de consenso variáveis, mas operantes [...] a
nham no mundo capitalista ao apresentarem-se como mecanismos funcionalidade essencial da política social do Estado burguês no
institucionais que compõem uma rede de solidariedade social que capitalismo monopolista se expressa nos processos referentes à
objetiva diminuir as desigualdades sociais, oferecendo mais servi- preservação e ao controle da força de trabalho ocupada, mediante
ços sociais àqueles que têm menos recursos. a regulamentação das relações capitalistas/trabalhadoras [...].
Neste sentido, como analisa Iamamoto (2002), são devolvidos Neste sentido, as políticas sociais apresentam-se como estra-
aos usuários os serviços sociais de direito: saúde, educação, polí- tégias governamentais de integração da força de trabalho na re-
tica salarial, trabalho, habitação, lazer e outros, como benesse, as- lação de trabalho assalariado, destinadas a atender problemáticas
sistência, filantropia, favor, ou seja, medidas parcelares e setoriais particulares e específicas apresentadas pela questão social (produ-
que o Estado oferece nas questões sociais para manter o controle to e condição da ordem burguesa), contribuindo para uma subor-
e a ordem social. Essa ação paternalista do Estado tende a inibir dinação dos trabalhadores ao sistema vigente e reproduzindo as
crises sociais e legitimam seu discurso demagógico de cooperação desigualdades sociais decorrentes das diferentes participações no
entre as classes sociais e o ajustamento da classe trabalhadora às processo de produção.
regras do modelo neoliberal. Por fim, a função política das políticas sociais diz respeito ao
Do ponto de vista da classe trabalhadora, estes serviços po- contexto de lutas entre as classes sociais opostas, não podendo ser
dem ser encarados como complementares, mas necessários à sua vistas como meros favores das classes dominantes para os domina-
sobrevivência, diante de uma política salarial que mantém aquém dos, nem como conquista das reivindicações e pressões populares.
das necessidades mínimas historicamente estabelecidas para a re- Na concepção geral de Estado, tem-se interesses e disputas das
produção de suas condições de vida. São ainda vitais, mas não classes, não sendo exclusivamente instrumento da classe dominan-
sufi cientes, para aquelas parcelas da força de trabalho alijadas te. Com isso, as políticas sociais apresentam-se como expressão
momentaneamente do mercado de trabalho ou lançadas no pau- da correlação de forças e lutas na sociedade civil, e concessões
perismo absoluto. Porém, à medida que a gestão de tais serviços dos grupos majoritários no poder objetivando obter legitimidade
escapa inteiramente ao controle dos trabalhadores, não lhes sendo e controle social.
facultado opinar e intervir no rumo das políticas sociais, as respos- Segundo Faleiros (1991), as políticas sociais devem ser en-
tas às suas necessidades de sobrevivência tendem a ser utilizadas tendidas como produto histórico concreto a partir do contexto da
como meio de subordinação dessa população aos padrões vigentes estrutura capitalista; com isso:
[...] Do ponto de vista do capital, tais serviços constituem meios de As políticas sociais são formas de manutenção da força de
socializar os custos de reprodução da força de trabalho, preferível trabalho econômica e politicamente articuladas para não afetar
à elevação do salário real, que afeta diretamente a lucratividade da o processo de exploração capitalista e dentro do processo de he-

Didatismo e Conhecimento 21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
gemonia e contra hegemonia da luta de classes. [...] as políticas representantes de diversas categorias sustentados pelo paradigma
sociais, apesar de aparecerem como compensações isoladas para da cidadania que, segundo Boff (2000), entende-se por cidadania
cada caso, constituem um sistema político de mediações que visam o processo histórico-social que capacita a massa humana a forjar
à articulação de diferentes formas de reprodução das relações de condições de consciência, de organização e de elaboração de um
exploração e dominação da força de trabalho entre si, com o pro- projeto e de práticas no sentido de deixar de ser massa e de passar
cesso de acumulação e com as forças políticas em presença. a ser povo, como sujeito histórico plasmador de seu próprio des-
Mediante esse breve entendimento das funções das políticas tino. O grande desafio histórico é certamente este: como fazer das
sociais há que se considerar que estas não podem ser entendidas massas anônimas, deserdadas e manipuláveis um povo brasileiro
como um movimento linear e unilateral, ou seja, do Estado para a de cidadãos conscientes e organizados. É o propósito da cidadania
sociedade civil como concessão ou da sociedade civil para o Esta- como processo político-social e cultural.
do como luta e conquista, contudo têm de ser analisadas como um Na realidade vigente, o desrespeito às leis complementares da
processo dialético entre as classes sociais, como afirma Pastorini Constituição tem sido a tônica de vários governos, consequente-
(1997). mente temos o descaso com a população trabalhadora e assim as
As políticas sociais no Brasil tiveram, nos anos 80, formula- políticas sociais continuam assistencialistas e mantêm a popula-
ções mais impactantes na vida dos trabalhadores e ganharam mais ção pobre, grande parte miserável, excluída do direito à cidadania,
impulso, após o processo de transição política desenvolvido em dependente dos benefícios públicos, desmobilizando, cooptando e
uma conjuntura de agravamento das questões sociais e escassez controlando os movimentos sociais.
de recursos. Não obstante, as políticas sociais brasileiras sempre O que se pode constatar diante do exposto, é que a efetiva-
tiveram um caráter assistencialista, paternalista e clientelista, com ção de políticas sociais (públicas ou privadas) reflete a realidade
o qual o Estado, por meio de medidas paliativas e fragmentadas, marcante de um país dependente e está condicionada ao modelo
intervém nas manifestações da questão social, preocupado, inicial- neoliberal, que prevê que cada indivíduo garanta seu bem-estar em
mente, em manter a ordem social. São elas formatadas a partir de vez da garantia do Estado de direito.
um contexto autoritário no interior de um modelo de crescimento Outro aspecto a destacar é que os avanços da legislação não
econômico concentrador de renda e socialmente excludente. podem negar seus limites. O fundamento das desigualdades sociais
Assim afirma Vieira, que a política social brasileira compõe- está alicerçado na forma de produção da riqueza que, na sociedade
se e recompõe-se, conservando em sua execução o caráter frag- capitalista, se sustenta sobre a propriedade privada dos meios de
mentário, setorial e emergencial, sempre sustentada pela imperiosa produção e nas contradições de classe. Diante disso, o homem tor-
necessidade de dar legitimidade aos governos que buscam bases na-se sujeito coletivo e transformador das relações existentes. En-
sociais para manter-se e aceitam seletivamente as reivindicações e tão, a busca pela transformação social é um processo que necessita
até as pressões da sociedade. do fortalecimento da população e de protagonistas na conquista
Nos anos 80, o País viveu o protagonismo dos movimentos de direitos, na participação, que segundo Marx (1982), “a história
sociais que contribuiu com uma série de avanços na legislação bra- dos homens é a história de suas relações sociais, e capitalismo é
sileira no que diz respeito aos direitos sociais. expressão da luta de classe entre burguesia e proletariado”.
A Constituição Federal, promulgada em 1988, chamada Cons- Cabe aos sujeitos sociais a construção e a transformação das
tituição Cidadã, pauta-se em parâmetros de equidade e direitos so- relações sociais. São diversos os segmentos presentes nesta luta,
ciais universais. Consolidou conquistas, ampliou os direitos nos especialmente os profissionais, assistentes sociais, que têm o com-
campos da Educação, da Saúde, da Assistência, da Previdência promisso de mediar as relações entre Estado, trabalhadores e Ca-
Social, do Trabalho, do Lazer, da Maternidade, da Infância, da pital e gerir as políticas sociais. Neste início de milênio, o cenário
Segurança, definindo especificamente direitos dos trabalhadores colocado pelo capitalismo em seu modelo neoliberal, coloca para
urbanos e rurais, da associação profissional e sindical, de greve, da o Brasil questões agravantes como alto índice de desempenho, au-
participação de trabalhadores e empregadores em colegiados dos mento da concentração de renda/riqueza, empobrecimento e mise-
órgãos públicos, da atuação de representante dos trabalhadores no rabilidade da população.
entendimento direto com empregadores (artigos 6 a 11, do Capítu- E, nessa dinamicidade da história, o novo milênio traz em
lo II, do Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais). seu bojo o desejo de um novo projeto societário com referência a
Assim, pela primeira vez na história brasileira, a política so- conquista dos direitos da cidadania. Daí o redimensionamento das
cial teve grande acolhimento em uma Constituição. Entretanto, políticas sociais que poderão sinalizar uma distribuição de renda
duas décadas depois pode-se afirmar que nunca houve tantos des- equitativa. Tal realidade tem um impacto direto na atuação do Ser-
respeitos à sociedade brasileira, como hoje, por meio de violações, viço Social que atua na elaboração, na organização e na gestão das
fraudes e corrupções explícitas do Estado, da classe hegemônica, políticas sociais.
dos representantes do poder e do povo, na legislação vigente, nos
repasses dos recursos financeiros, nas relações de trabalho, com Organização e gestão das políticas sociais
um mercado altamente seletivo e excludente e outros. E com Viei-
ra pode-se afirmar que se tem no Brasil uma “política social sem Conforme discutido anteriormente, as políticas sociais no
direitos”. Brasil emergem no final da República Velha, especialmente nos
Como exemplo nacional, algumas leis complementares foram anos 20 (séc. XX), e começam a conquistar espaço no período ge-
regulamentadas a partir da proposta constitucional de 1988, como tulista. Contudo, até a Constituição Federal de 1988, o País não
a Lei n. 8.069 de 1990 – o Estatuto da Criança e do Adolescente tinha um aparato jurídico-político que apontasse para a formação
– a Lei n. 8742 de 1993 – Lei Orgânica da Assistência Social – re- mínima de padrões de um Estado de Bem-Estar Social. Na década
sultantes de uma ampla mobilização dos segmentos da sociedade de 1980, foram reorganizadas as políticas sociais contra a ditadura

Didatismo e Conhecimento 22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
militar e têm sido, nos últimos anos, ocasião de debates no con- A Constituição Federal de 1988 definiu instrumentos de par-
texto das lutas pela democratização do Estado e da sociedade no ticipação da sociedade civil no controle da gestão das políticas so-
Brasil. Novos interlocutores e sujeitos sociais surgiram no campo ciais, estabeleceu mecanismos de participação e implementação
das políticas sociais por meio da participação de segmentos orga- destas políticas, apontou canais para o exercício da democracia
nizados da sociedade civil na formulação, implementação, gestão participativa, por meio de decisões direta como o plebiscito, re-
e controle social destas políticas. ferendo e de projetos de iniciativa popular. Nesta perspectiva, a
Esse fenômeno ocorre a partir da crise dos anos 80 (séc. XX), Carta Constitucional instituiu a criação de conselhos integrados
que se depara com realidades determinantes de ordem política, por representantes dos diversos segmentos da sociedade civil para
vinculada à crise da ditadura e à transição marcada pela democra- colaborar na implementação, execução e controle das políticas so-
tização do Brasil, e de ordem econômica e social, decorrentes do ciais.
processo de reorganização mundial do capitalismo. Situação essa Hoje, esses conselhos, que expressam uma das principais ino-
consequente da crise do chamado Estado de Bem-Estar Social, em vações democráticas no campo das políticas sociais, organizam-se
meados da década de 1970 e da derrocada do Leste Europeu, nos em diferentes setores destas políticas e assumem uma represen-
anos 80, que se abriram às propostas neoliberais, findando as con- tatividade nas diferentes esferas governamentais. Possuem uma
cepções do Estado, enquanto instância mediadora da universaliza- composição paritária entre representantes da sociedade civil e do
ção dos direitos sociais. governo e função deliberativa no que se refere à definição da polí-
Neste cenário de redefinições das relações entre Estado e so- tica em cada setor e ao controle social sobre sua execução.
ciedade civil, acontecem muitas mobilizações de grupos e prota- Por meio dessa concepção dinâmica da sociedade, é possível
gonistas sociais por meio de debates e propostas no enfrentamento acreditar que os espaços de representação social na organização
da crise social, que desencadearam no processo constituinte resul- e gestão das políticas sociais devem ser ampliados, buscando a
tando na reforma Constitucional em 1988. participação de novos e diferentes sujeitos sociais, especialmen-
Neste contexto da chamada década perdida de 1980, em fun- te, os tradicionalmente excluídos do acesso às decisões do poder
ção da crise da ditadura, do agravamento da questão social, do político.
aumento da pobreza e da miséria e da luta pela democratização Várias são as experiências hoje, de organização dos conse-
do País, Estado e sociedade, intensificam-se as discussões sobre lhos, nas áreas da saúde, da criança e do adolescente, da educação,
as políticas sociais de caráter público. É importante ressaltar que, da assistência social e de outras; são novas formas de participação
embora seja um período intenso das desigualdades sociais, tam- da sociedade civil na esfera pública com uma proposta de demo-
bém é marcado dialeticamente por conquistas democráticas sem cratização das políticas sociais, porém muitas vezes na contraposi-
precedentes na história política brasileira. ção do modelo neoliberal legitimado pelos governos vigentes. Para
As políticas sociais no período de 1964 a 1988, eram políti- Raichelis (2000):
cas de controle, seletivas, fragmentadas, excludentes e setorizadas. O termo público-estatal (publicização) tem despertado uma
Daí a necessidade de questionar esse padrão histórico das políti- polêmica político-ideológica pela apropriação do seu significado,
cas sociais e propor a democratização dos processos decisórios na que remete ao caráter das relações entre o Estado e sociedade na
definição de prioridades, na elaboração, execução e gestão dessas constituição da chamada esfera pública [...] é adotado numa vi-
políticas. Nesse sentido, a elaboração e a conquista das políticas são ampliada de democracia, tanto do Estado quanto da socieda-
sociais passam ainda por processos de pressões e negociações en- de civil, e na implementação de novos mecanismos e formas de
tre as forças políticas vigentes e uma relativa transparência das atuação, dentro e fora do Estado, que dinamizem a participação
articulações. social para que ela seja cada vez mais representativa da sociedade,
Nessa dinâmica, travou-se, a partir de 1985, com a Assem- especialmente das classes dominadas.
bleia Constituinte, uma luta na sociedade em torno da definição Neste sentido, busca-se romper com a subordinação histórica
de novos procedimentos e de regras políticas que regulassem as da sociedade civil frente ao Estado, por meio da construção de es-
relações do Estado com a sociedade civil, objetivando criar um paços de discussão e participação da sociedade civil na dimensão
novo posicionamento democrático. política da esfera pública, rumo à universalização dos direitos de
Dados históricos, segundo Raichelis (2000), revelam inten- cidadania.
sa participação da sociedade brasileira em função da Assembleia A conquista de novos espaços de participação da sociedade
Constituinte, reuniram-se na Articulação Nacional de Entidades civil consolidou-se na construção de descentralização das ações,
pela Mobilização Popular na Constituinte, cerca de 80 organiza- com maior responsabilidade dos municípios na formulação e na
ções, algumas de âmbito nacional, compostas por associações, implantação de políticas sociais, na transferência de parcelas de
sindicatos, movimentos sociais, partidos, comitês plenárias po- poder do Estado para a sociedade civil organizada. Os conselhos
pulares, fóruns, instituições governamentais e privadas, que se paritários e deliberativos no âmbito das políticas públicas foram a
engajaram num amplo movimento social de participação política estratégia privilegiada. Ou seja, são compostos por representantes
que conferiu visibilidade social a propostas de democratização e de entidades da sociedade civil e representantes do governo que
ampliação de direitos em todos os campos da vida social. devem, em conjunto, participar do planejamento, das decisões e
No cenário das relações entre Estado e sociedade civil, sur- do controle de políticas sociais setoriais. Os conselhos são espaços
giram neste período novos espaços em que forças sociais foram públicos de discussão, decisão, acompanhamento e fiscalização
protagonistas na formulação de projetos societários para o enfren- de ações, programas e distribuição de recursos. E para Raichelis
tamento da crise social que assolou o Brasil nos anos 80 e a disse- (2000, p.66), os conselhos são “expressões de novas relações po-
minação da pobreza e da miséria, que colocou o País em alto nível líticas entre governos e cidadãos e um processo de interlocução
de desigualdade social. permanente:

Didatismo e Conhecimento 23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Os conselhos significam o desenho de uma nova institucio- constituinte de 1987. Dentre os princípios enumerados pela nova
nalidade nas ações públicas, que envolvem distintos sujeitos nos Constituição de 1988, o da descentralização política-administra-
âmbitos estatal e societal. A constituição de tais espaços, tornou-se tiva demarca uma nova ordem política na sociedade, a partir do
possível, também, em virtude das mudanças que se processavam momento que à sociedade é garantido o direito de formular e con-
nos movimentos populares que, de costas para o Estado no con- trolar políticas, provocando um redirecionamento nas tradicionais
texto da ditadura, redefiniram estratégias e práticas, passando a relações entre Estado e sociedade.
considerar a participação institucional como espaço a ser ocupado A descentralização implica transferência de poderes, atribui-
pela representação popular. ções e competências, baseia-se em uma divisão de trabalho social
Por meio dos conselhos, objetiva-se propor alternativas de entre a União, o Estado e o Município, onde este responde pela
políticas públicas, criar espaços de debates entre governos e ci- formulação, organização e implementação das ações, sem abrir
dadãos, buscar mecanismos de negociação, conhecer a lógica mão do apoio técnico-financeiro dos níveis supra municipais de
burocrática estatal para socializar as ações e deliberações, ultra- governo, de acordo com o que determina a Constituição Federal. O
passar interesses particulares e corporativistas em atendimento às processo de descentralização pressupõe a existência da democracia,
demandas populares. Tem-se uma realidade dinâmica que busca a da autonomia e da participação, entendidas como medidas políticas
construção de esferas públicas autônomas e democráticas em re- que passam pela redefinição das relações de poder, como compo-
lação às decisões políticas e assim, rever as relações entre espaço nentes essenciais do desenvolvimento de políticas sociais voltadas
institucional e práticas societárias. às necessidades humanas e à garantia de direitos dos cidadãos.
Hoje, têm-se nos municípios brasileiros um grande número Contudo, o que se sabe nacionalmente, é que os princípios
de conselhos implementados em diferentes setores, o que revela proclamados não alcançaram o plano das intenções, ou seja, não
um novo modelo de participação da sociedade na gestão pública, existiu uma verdadeira política nacional de descentralização que
oriundo das lutas sociais das últimas décadas, que propõem uma orientasse a reforma das diferentes políticas sociais, salvo a área
redefinição das relações entre espaço institucional e práticas socie- da saúde, como tem sido destaque em sua reforma que resultou em
tárias, como forças antagônicas e conflitantes que se completam na uma política deliberada e radical de descentralização, não obstante,
busca de uma sociedade democrática. com resultados positivos comprometidos, tendo em vista as dificul-
É evidente que a garantia legal da criação e da implementação dades de relacionamento entre as diferentes esferas de governo e o
desses conselhos, não garante a efetivação e a operacionalização setor privado prestador de serviço, por meio dos graves problemas
de todos, assim como a participação popular não pode tão pouco de financiamento (Silva, 1995). Outros fatores, como: a ausência de
ser reduzida apenas ao espaço dos conselhos, sejam eles de assis- redistribuição de competências e atribuições, a crise fiscal (crise do
tência social, criança e adolescente, educação, saúde e outros. Tal capitalismo) associada às indefinições do governo federal, interes-
participação apresenta-se como forma de participação política da ses particulares em manter uma estrutura de centralização, ausência
sociedade civil organizada e que precisa ser devidamente acompa- de um programa nacional planejado de descentralização na conse-
nhada e avaliada. Com um acompanhamento sistemático das prá- cução e articulação de programas e projetos nas políticas sociais
ticas dos conselhos, nas diferentes políticas sociais e nos diversos contribuíram para a não efetivação desta proposta constitucional.
níveis governamentais, sinaliza para o perigo da burocratização, Com essa realidade acima apresentada, vê-se que as estratégias
da rotina e da cooptação pelos órgãos públicos, centralizando as
de implementação das políticas sociais são várias. Vão desde um
decisões nas mãos do poder governamental, neutralizando ou fra-
Estado provedor de bens e serviços até um Estado que responsabi-
gilizando a autonomia dos conselhos em suas ações e decisões.
liza a sociedade civil, por meio de suas redes de filantropia e soli-
Tem-se na realidade dos muitos municípios brasileiros essa
dariedade, no enfrentamento das expressões das questões sociais e
interferência dos órgãos governamentais principalmente no que
colocando-a diante do desafio de discutir e decidir a importância da
diz respeito às decisões relativas ao orçamento, processo eleitoral
descentralização e participação como estratégia de democratização
dos conselheiros, a escolha das presidências e outros.
das relações de poder e de acesso a bens e serviços públicos (Stein,
Apresenta-se como desafio, então, a formação dos conselhei-
2000).
ros, sobretudo da sociedade civil, nas competências políticas, eco-
nômicas, éticas, sociais, e outras, para o exercício de seu papel Diante disso, a formulação, o acesso e a qualidade das políti-
com seriedade e compromisso social na gestão pública. cas sociais é tarefa difícil, pois pressupõe a existência de recursos
Diante disso, o profissional de Serviço Social tem se inseri- financeiros e financiamentos sufi cientes para atender às demandas
do com frequência nos conselhos em suas diferentes áreas. Se por da população e às responsabilidades do poder público, bem como a
um lado sua contribuição tem feito avançar a esfera pública no gestão financeira de instrumentos que assegurem a democratização
campo das políticas sociais, por outro, tem-se apresentado à pro- e a transparência na concepção das políticas sociais.
fissão a urgência da qualificação em seu aspecto teórico-prático Hoje, a União arrecada impostos sobre renda, produtos indus-
e ético-político, para atuar na elaboração dos planos nas esferas trializados, importação, exportação, operações financeiras, contri-
governamentais. buições sociais e outros, sendo parte transferidos para os fundos
No que diz respeito à participação e à descentralização políti- de participação dos Estados e dos Municípios, que, por sua vez,
co administrativa no campo das políticas sociais, essas estratégias possuem também suas arrecadações próprias, segundo a legislação.
revelam um recente processo de redemocratização vivenciado no No que tange às políticas sociais, a Constituição Federal, em
Brasil, para integrar a relação entre Estado e sociedade. Conforme seu artigo 194, traz inovações, dentre elas o conceito de seguridade
afirma Stein (1997), a descentralização adquiriu um ar de moder- social, com orçamento próprio para cada área (previdência social,
nidade e recentemente constituiu palavra de ordem no mundo polí- saúde e assistência social) e com recursos diferenciados dos que
tico e administrativo, especialmente no Brasil, a partir do processo financiariam as demais políticas sociais.

Didatismo e Conhecimento 24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Segundo Behring & Boschetti (2006), os recursos permane- sencial, porque envolve milhões de brasileiros espoliados em qua-
cem extremamente concentrados e centralizados, contrariando a lidade de vida, dignidade humana, condições de trabalho. O profis-
orientação constitucional da descentralização. Além de concentra- sional assistente social é chamado, então, a atuar nas expressões da
dos na União – o ente federativo com maior capacidade de tri- questão social, formulando, implementando e viabilizando direitos
butação e de financiamento –, também há concentração na aloca- sociais, por meio das políticas sociais, como será abordado abaixo.
ção dos recursos nos serviços da dívida pública, juros, encargos
e amortizações, rubrica com destinação sempre maior que todo o A questão social e desafios para a implementação de polí-
recurso da seguridade social – e para as políticas sociais que são ticas sociais
financiadas pelo orçamento fiscal, a exemplo da educação, reforma
agrária e outras, as quais não estão contempladas no conceito cons- No que diz respeito à questão social, a presente reflexão parte
titucional restrito de seguridade social do Brasil. do princípio relacional da questão social com o modo de produ-
Entretanto, mesmo diante do aumento da arrecadação tributá- ção capitalista, no bojo do processo de industrialização e do surgi-
ria, não tem ocorrido aumento de recursos para as políticas sociais mento do proletariado e da burguesia industrial. Historicamente, a
de modo geral e especialmente para a seguridade social, que tem “questão social” é nominação surgida na segunda metade do sécu-
sofrido desvios de recursos nos últimos anos e que, por meio des- lo XIX, na Europa ocidental, a partir das manifestações de miséria
ses recursos, poderiam ampliar os direitos relativos às políticas de e de pobreza oriundas da exploração das sociedades capitalistas
com o desenvolvimento da industrialização. É neste contexto que
previdência, à saúde e à assistência social.
iniciam as respostas para o enfrentamento desse novo jeito do ca-
Embora com alguns avanços observados no financiamento
pitalismo surgido naquela época.
das políticas sociais, com a busca da democratização da gestão Segundo Cerqueira Filho, por questão social, no sentido uni-
financeira, a implementação de fundos especiais e de participa- versal do termo, queremos significar o conjunto de problemas po-
ção popular, aprofundamento do processo de descentralização de líticos, sociais e econômicos que o surgimento da classe operária
recursos com relação ao montante transferido, novas formas de provocou na constituição da sociedade capitalista. Logo, a questão
repasse e outros, não são suficientes para atender às demandas da social está fundamentalmente vinculada ao conflito entre capital e
população. E o que se tem é o aumento da miséria, da fila dos de- trabalho.
sempregados, dos excluídos e de outros. No capitalismo concorrencial, a questão social era tratada de
Conforme afirmam Behring & Boschetti, a sustentação finan- forma repressiva pelo Estado, ou seja, a organização e a mobili-
ceira com possibilidade de ampliação e universalização dos direi- zação da classe operária para a conquista de seus direitos sociais,
tos, assim, não será alcançada com ajustes fiscais que expropriam eram casos de polícia.
recursos das políticas sociais. A consolidação da seguridade social Já no início do século XX, com o contexto de emergência
brasileira, e da política social brasileira de uma forma geral, já que do capitalismo monopolista, a questão social torna-se objeto de
essa direção atinge também políticas que estão dentro do orçamen- resposta e de estratégia do Estado, por meio de políticas sociais
to fiscal, depende da reestruturação do modelo econômico, com como mecanismo básico de controle das classes trabalhadoras e,
investimentos no crescimento da economia, geração de empregos ao mesmo tempo, legitima-se como representativo de toda a socie-
estáveis com carteira de trabalho, fortalecimento das relações for- dade. Passa a exigir intervenção dos poderes públicos nas questões
mais de trabalho, redução do desemprego, forte combate à preca- trabalhistas e a criação de órgãos públicos que pudessem se ocupar
rização, transformação das relações de trabalho flexibilizadas em dessas questões.
relações de trabalho estáveis, o que, consequentemente, produzirá São criados no Brasil novos aparelhos e instrumentos de con-
ampliação de contribuições e das receitas da seguridade social e, trole como o Ministério do Trabalho e a Consolidação das Leis
sobretudo, acesso aos direitos sociais. Trabalhistas (CLT) que objetivavam mais a desmobilização e des-
Diante de tudo o que foi exposto, o que se percebe é que as politização da classe operária emergente do que a eliminação de
políticas sociais são definidas e operacionalizadas a partir das re- conflitos.
formas de cunho neoliberal e legitimadas pelas agências interna- Pensar a questão social na contemporaneidade é um desafio,
pois esta é reproduzida pela mundialização da economia e pelo
cionais; o projeto neoliberal privilegia a defesa das privatizações e
retorno forçado do mercado autorregulado. Esses fatores inten-
a constituição do cidadão consumidor.
sificam-se pela competição e pela concorrência nos Estados por
Nessa realidade de defesas de privatizações, é sentido um im-
meio de pressões internas e entre os Estados pela intensidade das
pacto direto, por exemplo, na seguridade social e, assim, as políti- pressões externas e pela capacidade de proteção e direitos contra o
cas referentes à infância, à juventude e à família revelam o aspecto mercado. No Brasil, isso não ocorre, pois as proteções de trabalho
da mercantilização da saúde e da previdência social, dificultando o não possuem raízes de sustentação e sucumbem rapidamente.
acesso universal a esses sujeitos sociais e a proteção de direitos do No Brasil hoje, a questão social apresenta-se de forma gra-
adolescente trabalhador. Também na assistência social, observa-se ve, porque atinge intensamente todos os setores e classes sociais,
a ampliação do assistencialismo, de programas focalizados, a ênfa- sendo constantemente ameaçada pelo pauperismo do século XX e
se nas parcerias com a sociedade civil e a família, atribuindo a elas pelos excluídos do século XXI e, dessa forma, a realidade vigen-
ações de responsabilidade do Estado; e ainda a desconsideração da te de uma política salarial injusta dificulta a construção de uma
assistência social como política pública. sociedade coesa e articulada por meio de relações democráticas e
Assim, as políticas sociais devem ser defendidas como instru- interdependentes.
mento estratégico das classes subalternas na garantia de condições O que se tem no País é uma desmontagem do sistema de pro-
sociais de vida aos trabalhadores para sua emancipação humana e teção e garantias do emprego e, consequentemente, uma desesta-
a luta organizada para a conquista da emancipação política. Com bilização e uma desordem do trabalho que atingem todas as áreas
isso, a busca da ampliação dos direitos e das políticas sociais é es- da vida social.

Didatismo e Conhecimento 25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Como afirma Arcoverde, a questão social brasileira assumiu Com isso, o município criou vários mecanismos para efetivar
variadas formas, tendo como características orgânicas a desigual- as determinações constitucionais no que diz respeito à participação
dade e a injustiça social ligadas à organização do trabalho e à cida- e à gestão das políticas sociais. Surgiram os Conselhos de Polí-
dania. Resultante da “estrutura social produzida pelo modo de pro- ticas Públicas na área da criança e do adolescente, do idoso, da
dução e reprodução vigentes e pelos modelos de desenvolvimento assistência social, da educação, da saúde e de outros. Entretanto os
que o País experimentou: escravista, industrial (desenvolvimentis- Conselhos necessitam ainda aprender a ser deliberativos, pois essa
ta), fordista – taylorista e o de reorganização produtiva”. democracia participativa enfrenta o desafio histórico de uma “cul-
Assim, as expressões da questão social, tais como: as desigual- tura” clientelista e autoritária, pautada no mando e não no direito.
dades e as injustiças sociais são consequentes das relações de pro- As políticas sociais podem ser “mecanismos eficientes para
dução e reprodução social por meio de uma concentração de poder a democratização do acesso a bens e serviços para a população e
e de riqueza de algumas classes e setores dominantes, que geram a também atuam como condições necessárias ao desenvolvimento
pobreza das classes subalternas. E tornam-se questão social quando econômico e social”.
reconhecidas e enfrentadas por setores da sociedade com o objeti- Dessa forma, propor a construção da igualdade social no Bra-
vo de transformação em demanda política e em responsabilidade sil, visando à conquista da cidadania, exige a efetivação da pro-
pública. messa da universalização dos direitos sociais, políticos e civis,
Com tudo isso, tem-se que a questão social, que deve ser en- desafiando um discurso liberal que isenta o Estado das responsabi-
frentada enquanto expressão das desigualdades da sociedade capi- lidades sociais e restringe as políticas sociais à classe social menos
talista brasileira, é construída na organização da sociedade e mani- favorecida, ou seja, “os pobres mais pobres”, reduzindo-as a medi-
festa-se no espaço societário onde se encontram a nação, o Estado, das compensatórias, paliativas e focalizadas.
a cidadania, o trabalho. As políticas sociais devem possibilitar serviços para os cida-
Como afirma Iamamoto (2001) “o Serviço Social tem como dãos, como exemplo, a educação pública deve ser para o cidadão,
tarefa decifrar as formas e expressões da questão social na contem- independentemente de classe social, embora, o quadro nacional e
poraneidade e atribuir transparência às iniciativas voltadas à sua o mundial revelem a emergência de atendimento das políticas bási-
reversão ou enfrentamento imediato”. cas à população mais empobrecida e excluída. Conhecer essa reali-
Dessa forma, é indispensável decifrar as novas mediações, por dade social e econômica que gera grande instabilidade financeira,
meio das quais se expressa a questão social hoje, ou seja, é impor- imenso endividamento dos países pobres, especialmente o Brasil,
tante que se possam apreender as várias expressões que assumem com progressiva redução nos investimentos produtivos e redução
na atualidade as desigualdades sociais e projetar formas de resistên- nos índices de crescimentos econômicos em todo mundo, torna-se
cia e de defesa da vida. importante para se lutar por direitos, por trabalho, por democracia
Continuam questionamentos para o Serviço Social, suas pos- e por possibilidades de emancipação humana. Tais situações carac-
sibilidades e seus limites, frente aos desafios do mundo contempo- terizam-se como grandes desafios, especialmente para o Serviço
râneo. A busca da implementação de políticas de direito sinaliza Social, que possui um Projeto Ético-Político Profissional, pautado
como grande desafio ao profissional assistente social que luta pelo nesses princípios.
protagonismo das classes subalternizadas. Assim afirma, Boschetti, o Serviço Social ao se constituir
A década de 1980, no Brasil, pôde ser marcada pela busca da como uma profissão que atua predominantemente, na formulação,
democracia, pela organização e pela mobilização de diversos seg- planejamento e execução de políticas públicas de educação, saúde,
mentos da sociedade civil e pela luta por direitos sociais, políticos previdência, assistência social, transporte, habitação, tem o grande
e civis contra governos ditadores. desafio de se posicionar criticamente diante da barbárie que reitera
Após a declaração constitucional em 1988, do direito à parti- a desigualdade social, e se articular aos movimentos organizados
cipação popular e à descentralização político-administrativa, foram em defesa dos direitos da classe trabalhadora e de uma sociedade
ampliados os espaços públicos, por meio de experiências da socie- livre e emancipada, de modo a repensar os projetos profissionais
dade civil em conselhos comunitários, conselhos deliberativos das nessa direção. Esses são os compromissos éticos, teóricos, políti-
políticas sociais, associações, sindicatos. Segmentos da sociedade cos e profissionais que defendemos no Brasil e em nosso diálogo
civil reivindicaram inovações de práticas políticas do País ao exigir com o mundo (on-line).
o direito à participação na gestão das políticas públicas. O cidadão A complexidade da sociedade atual exige um repensar con-
passa a entender que possui direitos e reivindica por sua efetivida- tínuo do saber teórico e metodológico da profissão, da ampliação
de. da pesquisa no conhecimento da realidade social, na produção
A democracia passou a conviver com o ajuste estrutural da do conhecimento sobre a organização da vida social e na busca
economia e com as limitações dos gastos públicos, além da neces- da consolidação do projeto ético-político, por meio do exercício
sidade de preparo dos conselheiros e dos gestores para a prática da profissional nas atividades diárias, na inserção e participação po-
gestão democrática e participativa. Embora o pacto federativo pre- lítica nas entidades nacionais de Serviço Social (CFESS/Cress,
visse a corresponsabilidade do poder nas esferas governamentais, ABEPSS, Enesso), na articulação com outros movimentos sociais
União, Estados e Municípios, este último tornou-se um ente fede- em defesa dos interesses e necessidades da classe trabalhadora e
rado, fortalecendo o processo de municipalização das políticas so- em luta permanente contra as imposições do neoliberalismo, con-
ciais e passou a ser o principal responsável pela oferta dos serviços tra o predomínio do capital sobre o trabalho, da violência, do au-
sociais, como a saúde, a educação, a assistência social, ampliando a toritarismo, da discriminação e de toda forma de opressão e de
complexidade da gestão das políticas sociais em nível local. exploração humana.

Didatismo e Conhecimento 26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
A busca dessa organização política exige a recusa pelo pro- No princípio dos anos 70 do século XX, ocorre o esgotamento
fissional do conservadorismo, do assistencialismo e das práticas do ciclo de crescimento da economia capitalista denominado de
funcionalistas, como parte de uma construção histórica, humana, “anos dourados”, quando houve uma crise de acumulação com um
intencional e criativa, capaz de possibilitar uma reflexão crítica, caráter universal em relação ao tipo de capital, isto é produtivo,
voltada para a construção do pacto democrático no Brasil, com a financeiro ou comercial. O alcance da crise foi global e teve um
ampliação da cidadania por meio da implementação de políticas período de duração relativamente extenso (MÉSZÁROS, 2002).
sociais de direito. Essa crise combinou a queda generalizada da taxa de lucro, com
Outro aspecto importante para um projeto profissional e so- estagnação econômica, elevação generalizada dos preços e esgo-
cietário comprometido com uma nova sociabilidade é o trabalho tamento das ferramentas tecnológicas da Segunda Revolução In-
que o assistente social cotidianamente formula e desenvolve, pro- dustrial originando uma recessão. Esse conjunto de acontecimen-
tos foi caracterizado pela literatura econômica como estagflação,
jetos que viabilizam o acesso aos direitos, que questiona o fundo
e atingiu globalmente os países contribuindo para elevar a crise
público a favor dos grandes oligopólios, que luta pela socialização
fiscal, agravada nos chamados “países dependentes” em razão do
e pela democratização da política, que implementa serviços com
endividamento externo.
qualidade aos usuários, envolvendo-os em seu planejamento, que A partir dessa crise ressurge revigorado o debate teórico entre
se contrapõe às regras institucionais autoritárias e tecnocráticas. adeptos da política econômica keynesiana e os neoliberais em tor-
Assim, é um desafio para o Serviço Social incorporar em sua no da forma de regulação das atividades econômicas, se a mesma
formação teórico-crítica e prático-operativa a compreensão das di- deve ser realizada por intervenção estatal ou pelo livre jogo das
ferentes dimensões da questão social na complexa vida moderna. forças de mercado. Esse debate histórico resultou vantajoso para
Pensar o conjunto de necessidades sociais que se colocam os neoliberais, como indicam as políticas econômicas adotadas a
como campo potencial para a atuação do profissional do Serviço partir dos governos: do Chile de Pinochet (1973), da Inglaterra
Social exige um profissional mais refinado, capaz de compreender de Thatcher (1979), dos Estados Unidos, de Reagan (1980) entre
para além da brutalidade da pobreza, da exclusão social, da vio- outros.
lência, as possibilidades emancipatórias dos desejos e das escolhas A partir de então, diversos governos, inclusive no Brasil, fa-
significativas. zem uso de orientações de recorte neoliberal nas políticas econô-
É tarefa inerente à profissão compreender a lógica de forma- micas (e sociais), com o objetivo de restabelecer as condições de
ção e o desenvolvimento da sociedade capitalista e os impasses acumulação do capital e consolidar o poder do capital em especial
colocados pelos conflitos sociais, tendo como campo de atuação financeiro. Adota-se a chamada economia de mercado, restringe-se
as expressões da questão social. E nessa perspectiva, o assistente a ação do Estado, se promove à desregulamentação da economia, a
social defende a luta pela democracia econômica, política e social, privatização das empresas estatais e se adota políticas sociais foca-
busca a defesa de valores éticos para o coletivo em favor da equi- lizadas com base na meritocracia e nos mínimos sociais, enquanto
dade, defende o direito ao trabalho e o emprego para todos, a luta ofensiva do capital para superar a crise.
pela universalização da seguridade social, com garantia de saúde
pública e previdência para todos os trabalhadores, uma educação A Ofensiva do Capital na Produção para Superar a Crise
laica, pública e universal em todos os níveis, enfim, luta pela ga-
A ofensiva efetuada para superar a crise teve como base a aná-
rantia dos direitos como estratégia de fortalecimento da classe tra-
lise dos ideólogos neoliberais, como Friederick Von Hayek que
balhadora e mediação fundamental e urgente no processo de cons-
considera que a raiz da crise é o modelo econômico pós-guerra
trução de uma sociedade emancipada. (Texto adaptado de PIANA,
em que o Estado limita a economia de mercado (negando a análise
M. C. doutora em Serviço Social). da crise estrutural). Para os neoliberais a crise localiza-se no ex-
cessivo poder dos sindicatos, e dos trabalhadores que através das
reivindicações e conquistas de aumento de salário e conquista de
direitos sociais fazendo com que o Estado aumentasse os “gastos
2.1. O MUNDO DO TRABALHO NA ERA DA sociais”.
REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E DA Assim, para os neoliberais a superação da crise passa por
MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL medidas que impactam as conquistas dos trabalhadores como por
exemplo a flexibilização do contrato de trabalho e a retirada dos
direitos, entre os quais alguns presentes na legislação trabalhista.
Bem como, realizam as privatizações das estatais e supressão da
intervenção do Estado na economia, isto é redefinindo o seu papel.
No período do pós-Segunda Guerra Mundial até final dos Ou seja, ocorreu um impulso na liberalização e abertura das econo-
anos 1960 eram notáveis os índices de crescimento econômico e mias via desregulamentação viabilizando a mundialização do capi-
as taxas de lucro obtidas pelos proprietários de capital. Foi um tal, através da maior autonomia do capital para seu deslocamento
momento em que se combinou crescimento econômico com a facilitado pelas novas tecnologias.
conquista de direitos sociais (nos países desenvolvidos) através da Esse processo de liberalização econômica é conduzido na
implementação de políticas de bem-estar social, período em que perspectiva de favorecer especialmente ao capital produtivo e fi-
a ação do Estado reduziu algumas incertezas que caracterizam a nanceiro oligopolista. Outro aspecto disso é a crescente finaceiri-
economia capitalista. zação da economia através da interpenetração e uso de sua lógica
pelo capital industrial, comercial e agrícola na medida em que a

Didatismo e Conhecimento 27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
valorização do capital deixa de ser maximizada principalmente Assim aspecto importante das inovações atuais na organiza-
pela produtividade do trabalho na busca de lucros e passa a ser do ção da força de trabalho consiste na atenção conferida à subje-
tipo ganhos através dos juros. tividade do trabalhador, reconhecendo o seu saber buscando sua
Ainda como parte desse contexto efetua-se transformações “captura” e simultaneamente obtenção de seu consentimento a fim
quanto à forma de organização do trabalho como evidencia o toyo- de reduzir as resistências.
tismo que busca a subordinação formal intelectual do trabalho a ló- Em síntese, na medida em que o processo de trabalho capi-
gica do capital através das alterações organizacionais sem, contudo talista objetiva conservar e elevar as taxas de lucro prescinde fra-
romper com a racionalidade do taylorismo-fordismo. A adoção do gilizar a resistência da ação coletiva dos trabalhadores através da
toyotismo integra ao que se chama de complexo de reestruturação
“captura” da sua subjetividade que no processo produtivo ocorre
produtiva que é facilitado pelas Tecnologias da Terceira e Quarta
através da organização da produção de acordo com o toyotismo.
onda de transformações produtiva6, e refletem a busca do capital
em elevar a taxa de lucro através do aumento da produtividade,
A Organização Toyotista da Produção
da intensificação e elevação da extração da mais valia em meio
à mundialização do capital. Afinal as transformações permanen-
A organização toyotista de produção tem como principais tra-
tes são indispensáveis ao processo de valorização e acumulação
ços: a produção vinculada à demanda, a fim de atender ao mercado
de capital materializadas em mecanismos como, por exemplo: a
consumidor mais individualizado; o trabalho concebido em equi-
extensão da duração do trabalho através da ampliação da jornada
pe e com atuação multifuncional dos trabalhadores; a operação
de trabalho; o aumento da intensidade do ritmo de trabalho via
pelo trabalhador, simultaneamente, de várias máquinas; a adoção
tecnologias e processos de organização.
Em relação a isso, é oportuno destacar que as inovações do do princípio de Just-inTime, visando ao melhor aproveitamento
complexo de reestruturação produtiva requerem que o trabalhador do tempo de produção; o funcionamento da produção segundo o
tenha flexibilidade, ou seja, que seja polivalente e multifuncional sistema Kanban, cujas placas ou senhas de comando determinam
capaz de operar simultaneamente várias máquinas e realizar dife- a reposição de peças e estoques administrando a produção; a es-
rentes atividades como produzir e efetuar controle de qualidade. trutura organizacional horizontalizada, priorizando somente a pro-
Mas a flexibilidade também ocorre na produção cujas novas tecno- dução do que é central para sua unidade produtiva terceirizando
logias permitem uma rápida reconfiguração das máquinas, adap- o restante; o estímulo à organização dos Círculos de Controle de
tando a produção e serviços de acordo com o mercado consumidor Qualidade (CCQs), para debater o trabalho e o desempenho, com
e a busca de inovação e criação de novas necessidades. Em síntese, a finalidade de melhorar a produtividade; a adoção do “emprego
as transformações em curso indicam que na atualidade vivencia- vitalício” (no Japão) para uma parcela de trabalhadores.
se a transição de um regime de “acumulação fordista” para o da O toyotismo faz uso da mobilização das capacidades físicas
“acumulação flexível”. e intelectuais dos trabalhadores, desta maneira distinguindo-se do
Quanto ao regime da “acumulação flexível” constata-se que a taylorismo-fordismo. Nesse sentido a busca do envolvimento dos
organização do trabalho do tipo toyotista tem instigado os traba- trabalhadores à lógica do capital é parte constitutiva fundamen-
lhadores a disponibilizar sua capacidade física e intelectual (me- tal do toyotismo, pois sem a qual compromete os princípios da
nosprezando pelo taylorismo). A maneira que isto é evidenciado autonomação/autoativação e do Justin-Time. Quanto aos princí-
é a administração participativa (com base na prática do Kaizen, pios da autonomação/autoativação, o primeiro diz respeito a dotar
que significa melhoramento contínuo envolvendo todos). Contudo as máquinas automáticas de mecanismos de parada em caso de
essa participação se limitada ao debate e sugestões para melhoria algum defeito, contribuindo com a “auto avaliação” (verificar a
do ambiente de trabalho para aumentar o desempenho, a produti- qualidade) na execução do trabalho, para evitar retrabalho devido
vidade e qualidade da mercadoria ou serviços. Essa participação defeitos. Assim, a autonomação/autoativação atribui ao operário a
restrita requer dos trabalhadores o cumprimento de metas, as quais responsabilidade pela qualidade dos produtos nos próprios postos
não participaram da definição, enquanto necessidade de assegurar de produção, passando os mesmos a desempenhar as funções de
a competitividade, manter o emprego e obter ganhos de participa- operadores diretos, fazer o diagnóstico, o reparo, a manutenção e
ção nos lucros. o controle de qualidade, isto é tornando o trabalho multifuncional.
O estímulo usado para promover o aumento de produtivida- Nesse sentido a base técnica associada à organização do tra-
de e disponibilização dos saberes são as compensações materiais balho permite exigir dos assalariados não apenas a vigilância, mas
e simbólicas para quem contribuir para melhorar a produção, o o controle sobre sua atividade, e também que efetuem a prevenção
produto e reduzir custos. Aliado a isto, ocorre uma ofensiva ideo- de avarias, na busca da qualidade total (em meio a redução do tem-
lógica a fim de obter o envolvimento dos trabalhadores a lógica do po de duração das mercadorias). Diante dessa realidade, ocorrem a
capital desde o processo seletivo, seguindo nos treinamentos, e nas intensificação do ritmo e uma necessidade de maior subordinação
reuniões. Contudo a busca da hegemonia, isto é cooptação (con- do trabalhador ao processo de produção, alterando-o qualitativa-
sentimento) não significa que se abdicou das relações de domina- mente (novas habilidades e competências são requeridas diante
ção, ou seja, de coerção como indicam os controles em relação ao das novas tecnologias). Assim as inovações (tecnológicas e orga-
cumprimento das metas, por exemplo. Nesse sentido nas relações nizacionais) no mundo do trabalho efetuam o domínio do tempo
capitalistas de trabalho coexistem relações de coerção e consenti- humano mobilizando as capacidades dos trabalhadores para a pro-
mento, sendo que esta última ganhou relevo na atualidade diante dução de bens de consumo e execução de serviços viabilizando a
do seu impacto no aumento da produtividade. exploração.

Didatismo e Conhecimento 28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Evidentemente que aliado a isto, as novas tecnologias de base o desenvolvimento assimétrico e desigual entre países. O capital
técnica informacional potencializam um controle mais objetivo do situado nos países desenvolvidos continua proprietário do kno-
trabalho, inclusive o efetuado a distância, pois conseguem integrar w-how, da tecnologia, dos serviços financeiros e do design dos
diferentes organizações com suas unidades localizadas em distin- produtos, enquanto que o capital dos demais países permanecem
tos espaços, e em “tempo real”. Em suma, essas tecnologias con- como montadores de produtos industriais e fornecedores de produ-
tribuem para alterar a noção espaço (do nacional para mundial), tos primários. Em síntese pode-se afirmar que o processo de rees-
pois as máquinas informacionais permitem interação “intrafirma e truturação produtiva em meio à mundialização do capital preserva
interfirmas” localizadas em diferentes países. Mas, também modi- o enrijecimento da hierarquia econômica internacional, amplia as
ficam a noção de tempo uma vez que “não há longo prazo” diante desigualdades sociais, fragiliza as lutas por direitos dos trabalha-
das constantes inovações, das “incertezas”, e do desejo da rápida dores, acentua a precarização das relações de trabalho inclusive
valorização do capital. nas nações desenvolvidas.
Atualmente a organização da economia adquire a dimensão Em suma, de maneira sintética pode-se afirmar que a organi-
de resultados de curto prazo, sendo uma das materializações disso zação toyotista do trabalho contribui para precarizar os contratos
na produção o princípio do Just-in-Time, que significa a elimina- de trabalho, elevar a taxa de mais-valia, envolver física e/ou in-
ção dos estoques a partir do uso de tecnologia de informação que telectualmente os trabalhadores, intensificar o ritmo de trabalho
possibilita o mapeamento dos insumos, da produção e das vendas e efetuar maior controle do trabalho. Assim essa organização do
na perspectiva da lógica da economia de custos. Para adminis- trabalho associada às novas tecnologias contribui para a expansão
trar o Just-in-time adota-se o sistema Kanban, a fim de enfrentar das terceirizações, flexibilização da produção, concentração das
o desafio de aumentar a produção sem crescer o contingente de decisões sem centralização, e deslocamento de capital diante da
trabalhadores, através de dispositivos organizacionais de controle mundialização dos mercados impactando no trabalho e nos traba-
do processo de fabricação. Com ele, passa-se a “administrar pelos lhadores.
olhos”, visando dar visibilidade aos “excessos gordurosos”, isto
é, tudo o que pode ser dispensado, melhorando o aproveitamento Os Impactos da Reestruturação Produtiva no Trabalho
do tempo de produção e permitindo um controle maior do capital.
O princípio do Just-in-time encontra-se em consonância com A organização toyotista da produção sugere uma produção
a perspectiva de economia de curto prazo e a estrutura técnico-or- flexível que requer uma organização flexível do trabalho (exigindo
ganizacional adotada pela “empresa enxuta”, isto é, a descentrali- uma força de trabalho polivalente, multifuncional e com alguns
zação produtiva por meio da terceirização das etapas acessórias da trabalhadores qualificados, além da capacidade de operar em equi-
produção e de serviços, para que haja a concentração da atividade pe), bem como flexibilidade de contratação (contrato de trabalho
naquilo em que a empresa possui vantagens competitivas. Com parcial ou temporário). Esses aspectos da organização flexível do
a terceirização, eliminam-se os estoques de matérias primas e de trabalho toyotista contribuem para evidenciar uma crescente he-
produtos e promove-se maior integração do processo produtivo a terogeneidade e complexificação na morfologia da classe traba-
partir da gestão de fluxos de materiais e de informações possibili- lhadora. Tem-se assim: os trabalhadores com relações de contrato
tados pelas novas tecnologias. A lógica disso é a racionalização da de tempo integral de trabalho e os com contratos de tempo par-
produção e dos serviços com diminuição dos custos proporcionada cial; existem os trabalhadores com empregos e os desempregados;
pela redução do estoque e pela economia de espaço, além da sim- aqueles que executam atividades qualificadas e os que trabalham
plificação dos fluxos de informação e da flexibilidade conferida à em atividades pouco qualificadas e/ou desqualificadas; persistem
produção e serviços diante das constantes inovações. as diferenças entre a remuneração, tipo de contrato e os trabalhos
Vive-se a chamada era da “empresa enxuta” que fez proliferar executados pelos homens e pelas mulheres (divisão sexual do tra-
o processo de uso de relações de terceirização na qual a rentabi- balho).
lidade não se limita à produção e à comercialização de mercado- Mais especificamente, quanto os trabalhadores do segmento
rias, mas amplia-se para as relações entre empresas. Essas relações mais qualificado e intelectualizado que atuam junto às tecnologias
permitem ao terceirizador apropriar-se de parte da mais-valia pro- mais avançadas, desempenhando um papel central na criação de
duzida pelos terceirizados situados em diferentes localidades do valor de troca, os mesmos são objeto de intenso processo de busca
mundo, especialmente onde o custo de produção é reduzido e com de manipulação pelo capital. Sendo que a busca da subsunção des-
relações precárias de trabalho diante da diminuição do custo dos ses trabalhadores inicia-se no processo de seleção e contratação,
transportes. Mas, paradoxalmente a era da “empresa enxuta” com posteriormente persiste através dos treinamentos e qualificações
suas terceirizações é também a era de acentuado processo de con- técnicas e políticas a que são submetidos constantemente.
centração e centralização de capital enquanto processo mais geral Contudo, mesmo os trabalhadores qualificados têm estabili-
do capital. Contribuí para esse processo paradoxal de terceiriza- dade no emprego apenas relativa, pois há uma flexibilização do
ções em meio a concentração e centralização de capital enquanto mercado de trabalho, diante das permanentes mudanças e a per-
processo inerente ao capitalismo a possibilidade de deslocamentos manência do trabalhador por um período longo em um mesmo
do capital. emprego estar relacionada com o custo dessa mão de obra. Além
Esse deslocamento do capital por sua vez permite pressionar disso, diante da necessidade de constantes inovações, a “capacita-
os trabalhadores para aceitarem a degradação das relações sala- ção” deixa de ser uma mercadoria durável e o retreinamento pode
riais, reduzirem os direitos trabalhistas e precarizar os contratos ser considerado oneroso diante da disponibilidade no mercado de
de trabalho já que o capital se instala ou adquire mercadorias onde trabalho de força de trabalho com as exigências requeridas. Diante
é mais vantajoso ao processo de sua valorização. Nesse processo do custo advindo de contratos de trabalho com longo prazo e da
de deslocamento de capitais também se mantém e aprofunda-se necessidade de retreinamento o capitalista opta por contratar pes-

Didatismo e Conhecimento 29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
soas mais jovens, com salário menor e que causem “menos proble-
mas”, pois os mais velhos tendem a dar vazão à insatisfação. Tudo 3. A FAMÍLIA E O SERVIÇO SOCIAL.
isso, em meio a demanda que os trabalhadores tenham agilidade,
ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO EM
criatividade e que estejam abertos a mudanças de curto prazo, que
assumam riscos continuamente, que dependam cada vez menos de
SERVIÇO SOCIAL
leis e procedimentos formais (SENNETT, 2006).
A “cultura do novo capitalismo” estimula a histórica concor-
rência entre os trabalhadores e entre as empresas, reforçando a
disputa contra os “outros”, enquanto parte da moderna ética do Dois principais modelos familiares são destacados na história
trabalho concentrada no trabalho em equipe. O trabalho em equi- da formação da família brasileira, principalmente enquanto apare-
pe fragmenta e contribui para romper com a noção de classe na lho ideológico do imaginário coletivo, são eles: a família patriar-
medida em que estimula a disputa contra outra equipe. Contudo cal, modelo instaurado no Brasil colônia, e a família burguesa.
é oportuno ressaltar que essas mutações em processo convivem Na família patriarcal, o chefe da família - patriarca - represen-
com sistemas de organização e tecnologias da Segunda onda de tava a figura do poder e de autoridade. O patriarca era o respon-
Transformações Produtivas em uma espécie de coexistência entre sável pelo controle dos negócios, o sustento material da família, a
os “Jetsons e os Flintstones”. Cria-se uma realidade em que ocorre manutenção da ‘ordem’ familiar, primando pela indissolubilidade
uma acentuada heterogeneidade no que se refere às condições, às do patrimônio e centralização do poder. A mulher da família pa-
situações e à morfologia da classe dos trabalhadores, acentuando a triarcal - sinhazinha - apresentava como características a afabilida-
fragmentação sócio histórica estrutural. de e a mansuetude, possuindo atribuições voltadas para o ambiente
Diante da fragmentação da classe dos trabalhadores e da he- doméstico.
gemonia das ideias vinculadas à lógica do capital no trabalho e na Este modelo familiar, era encontrado principalmente nos la-
sociedade, acentua-se a dificuldade da construção de uma identi- tifúndios, que na época colonial se baseavam em matrizes escra-
dade coletiva na perspectiva de promover ações sindicais de re- vocrata e na monocultura (produção açucareira), ocorrendo com
sistência de forma classista em defesa dos direitos. A disputa de maior predominância no nordeste do país. Essas famílias desempe-
ideias entre os interesses do capital e do trabalho, associada à cres- nhavam funções econômica e política, e exerciam influências sob
cente fragmentação objetiva da classe dos trabalhadores, fragiliza Igreja e instituições econômicas e poderes locais.
a percepção da identidade de classes diante da lógica do trabalho A família burguesa, introduzida no Brasil no começo do sécu-
em equipe. O reflexo disso é a dificuldade de os trabalhadores se lo XX com o início do processo de modernização, urbanização e
reconhecerem enquanto classe em sua 15 trajetória de “classe para industrialização do país, é outro modelo que influenciou fortemen-
si” em sua subjetividade, consciência, organização e ação coletiva te a concepção de família existente na atualidade. Neste modelo
de resistência para garantir a manutenção ou conquista de direitos. familiar, é atribuído à mulher o papel de boa esposa e mãe. O amor
Ainda como se isso não bastasse, como parte do processo à família é um dos sentimentos ressaltados e cultivados e a mulher
manipulatório é estimulado o consumo especialmente de marcas, é considerada o sustentáculo do lar e da família.
efetuado uma fetichização da mercadoria e promovendo a mer- Na família burguesa a divisão de tarefas e os papéis a serem
cantilização das relações sociais em que se considera que tudo se desempenhados pelo homem e a mulher eram rigorosamente es-
vende e compra. Busca tornar padrão o modo de vida na qual os tipulados. Ao marido, considerado a maior autoridade do lar, era
destinada a função de provedor econômico. Já, para a esposa, era
sonhos, os projetos e os prazeres estão associados à aquisição de
designado os cuidados com o ambiente doméstico e a educação
mercadorias, em detrimento desse fundarem-se em valores como
dos filhos, sendo esta submissa ao marido. Deste modo, o desem-
solidariedade, igualdade e justiça social.
penho, a dedicação ao marido e a administração do lar eram as
Na medida em que boa parte das energias físicas e mentais são
prioridades da mulher – mãe e esposa. A mãe possuía uma relação
canalizadas para a obtenção dos recursos para o pagamento das
mais próxima de seus filhos, e o pai permanecia uma figura distan-
mercadorias, muitas vezes, comprometem o tempo necessário para
te. O lar era considerado um local seguro, acolhedor e aconchegan-
o convívio social, a participação política, o lazer e a cultura. Diante
te, sendo valorizada a intimidade deste ambiente.
da busca da aquisição e/ou manutenção de mercadorias e serviços Estes modelos, por muito tempo vigoraram como os únicos
ocorre uma pressão sobre os trabalhadores preservar o emprego existentes na sociedade brasileira. Mas, ao estudar a constituição
enquanto fonte de renda, dessa forma contribuindo para sua sub- da família brasileira, observa-se que houve a participação de vá-
missão às determinações e condições impostas pela lógica da valo- rios povos, que através de sua etnia, história, cultura, crenças e
rização do capital. Acabam por sujeitar-se as condições e contratos costumes, geraram a nação brasileira, resultando numa diversidade
de trabalho, às metas de produção ou serviços cada vez maiores, à étnico-cultural e que por não terem influenciado ideologicamente
intensificação do ritmo de trabalho, à extensão da sua jornada de a concepção de família, e também por não possuírem o poder, a
trabalho para casa, à busca permanente de atividades de qualifica- riqueza e a força política, pouco se destacaram na história social
ção e retreinamento para além da jornada de trabalho. Fatos esses da família brasileira.
que reduzem objetivamente o tempo livre para o desenvolvimento
humano e de inserção nas atividades coletivas vinculadas a “classe Família e seus diversos significados
em si” em sua trajetória de “classe para si”. (Texto adaptado de
Paulo Roberto WUNSCH, P. R.; MINCATO, R. e REIS, C. N. pro- Quando se pensa em família é comum fazer a relação com os
fessores doutores em Programa de Pós Graduação). laços de parentesco e de consanguinidade que unem as pessoas
entre si. O dicionário da Língua Portuguesa, descreve com nitidez
esta definição: Pessoas aparentadas, que vivem em geral, na mes-

Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
ma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos, ou ainda, pessoas Essa intimidade do conceito de família pode causar confusão
do mesmo sangue, e grupo formado por indivíduos que são ou se entre a família com a qual trabalhamos e nossos próprios modelos
consideram consanguíneos uns dos outros, ou por descendentes de relação familiar.
dum tronco ancestral comum (filiação natural) e estranhos admiti- Acercamo-nos da família do outro a partir de nossas próprias
dos por adoção (FERREIRA, 1986). referências, de nossa história singular. O resultado disso é que ten-
OSÓRIO (1996) concebe a família como um grupo no qual demos a trabalhar com as famílias desconhecendo as diferenças
se desdobram três tipos de relações: a aliança - relativa ao casal, ou, pior, em muitas situações transformamos essas diferenças em
a filiação - entre pais e filhos e a consanguinidade - entre irmãos. desigualdade ou incompletude.
Segundo este autor, a família, com os objetivos de preservação, Tal questão ganha maior relevância quando passamos ao setor
proteção e alimentação de seus membros e ainda com a atribuição das políticas sociais e refletimos sobre o conceito de família inte-
de propiciar a construção da identidade pessoal, desenvolveu em riorizado pelo trabalhador social que, frequentemente, se depara
sua história atribuições diferenciadas de transmissão de valores
com os diversos tipos de configurações familiares, cada qual com
éticos, culturais, morais, religiosos.
suas particularidades e peculiaridades.
MIOTO (1997), ao abordar o tema família, extrapola os con-
Esse trabalhador necessita instrumentalizar-se, a fim de que
ceitos apresentados anteriormente e nos aponta que a família con-
temporânea abrange uma heterogeneidade de arranjos familiares possa trabalhar sem ‘preconceitos’ com as famílias, evitando-se
presentes atualmente na sociedade brasileira, não se podendo falar rotulá-las como desestruturadas e irregulares. Faz-se importante
em um único conceito de família, mas sim de ‘famílias’, a famí- apreender o contexto sócio histórico e cultural em que a família
lia pode ser definida como um núcleo de pessoas que convivem está envolvida, para empreenderem-se ações que vão ao encontro
em determinado lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos das necessidades das mesmas.
longo e que se acham unidas (ou não) por laços consanguíneos.
Ela tem como tarefa primordial o cuidado e a proteção de seus Funções da família
membros, e se encontra dialeticamente articulada com a estrutura
na qual está inserida. Diretrizes e orientações sobre a educação dos filhos são en-
SZYMANSKI (2002) afirma que a família na atualidade é contradas em antigos manuscritos, dentre os quais cita-se o do je-
constituída por um grupo de indivíduos que, devido à existência suíta Alexandre de Gusmão, datado de 1685.
de laços afetivos, optam por conviverem juntos, com o acordo do Nesse manual, o autor traça normas de conduta para boas fa-
cuidado mútuo entre seus membros. Este significado acolhe em mílias, sendo que o genitor possuía a função de ‘direcionar’ sua
seu seio numerosos tipos de possibilidades que há vários anos coe- prole, ou seja, a ele cabia os cuidados da formação moral e religio-
xistem na sociedade e que nunca puderam ser oficialmente reco- sa dos filhos. O pai era o provedor de sua família e não se dedicava
nhecidos como uma família. aos filhos até que estes completassem sete anos, possuindo, então,
Com base nas afirmações das últimas autoras, considera-se a capacidade de compreender os ensinamentos cristãos. A mãe era
que o conceito de família supera os parâmetros da consanguinida- responsável por ‘formar’ os filhos, ou seja, a ela cabia os cuidados
de e do parentesco e apresenta um sentido mais amplo, fundamen- no âmbito material: vestuário e alimentação. Assim, a mãe deveria
tado na convivência e nas relações mútuas de cuidado e proteção dedicar-se aos filhos, principalmente nos primeiros anos de vida
entre indivíduos que construíram laços afetivos entre si. da criança, caso contrário, comprometer-lhes-ia a formação futura.
Porém, há alguns empecilhos que dificultam a introjeção deste No entanto, devido à diversidade étnica e cultural existente
significado de família na vivência cotidiana. O primeiro deles é no Brasil colonial, essas ‘regras’ de boa formação de famílias não
que, quando se aborda o tema família, imediatamente conecta-se frutificaram na terra brasileira (VENÂNCIO, 2001).
a visão de um núcleo composto por pai, mãe e filhos, ou seja, do
A rigorosidade da divisão sexual dos papéis, que era encontra-
modelo nuclear tradicional. Esta concepção de família vem ain-
da nas famílias patriarcais e na família burguesa, atualmente não
da permeada de atributos que se consideram inerentes a qualquer
existe mais. Na época contemporânea, percebe-se uma flexibiliza-
estrutura familiar: aconchego, amor entre os membros que a com-
põem e harmonia. É a família ideal introjetada desde criança como ção dos papéis parentais e a função da família pode ser contempla-
sendo a ‘correta’ e o modelo a ser seguido. Porém, essa visão idea- da segundo diversas vertentes.
lizada não retrata a realidade de inúmeras famílias existentes na Funções de ordem biológica e demográfica garantem a repro-
atualidade. dução e a sobrevivência do ser humano; função de ordem educado-
Essa concepção idealizada da família permanece latente na ra e socializadora transmite conhecimentos, valores, afetos através
sociedade, através de construções ideológicas e míticas que se de uma comunicação verbal e corpórea tão importante nas relações
perpetuam através do tempo. Um dos perigos dessas construções interpessoais; função de ordem econômica (produtoras e consumi-
é que o indivíduo possa não considerar outros tipos de arranjos doras) que se dá no campo do trabalho; função de seguridade, que
familiares existentes na sociedade moderna como uma ‘família’, cuida da seguridade física, moral, afetiva, criando uma dimensão
atribuindo a esses outros arranjos o rótulo de ‘desestruturados’ e de tranquilidade e função recreativa, que se traduz em atividades
‘disfuncionais’, sem uma análise mais profunda da estrutura fami- diversas que rompem o tédio, as tensões, como as festas em famí-
liar, de como se realizam as interrelações familiares e as relações lia (aniversário, casamentos e outras). [...] Outra consideração é
desta com a sociedade. que a família exerce também uma função ideológica, ou seja, além
Outra dificuldade é o vício de se compararem as diversas fa- da reprodução biológica ela promove também a reprodução social:
mílias à experiência particular, como se todas as famílias funcio- é na família que os indivíduos são educados para que venham a
nassem de uma só maneira, não possuindo suas próprias dinâmicas continuar, biológica e socialmente, a estrutura familiar (FILHO,
e padrões interacionais e de funcionamento. 1998).

Didatismo e Conhecimento 31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
OSÓRIO (1996) considera que as funções da família são: bio- O casamento sofreu transformações, sendo efetivado através
lógica, psicológicas e sociais, sendo intrinsecamente relacionadas, da anuência do casal, com a livre escolha do parceiro, e norteado
às vezes se confundindo entre si. principalmente pela afinidade entre o casal e por fatores afetivos e
- A função biológica, segundo a concepção deste autor, se- emocionais com bases no amor romântico.
ria o dever de assegurar a sobrevivência da espécie, oferecendo A tradicional família nuclear apresenta transformações. Além
os cuidados básicos para o desenvolvimento dos indivíduos e não do pai, a esposa e os filhos inserem-se no mercado de trabalho,
compreenderia a função reprodutiva. auxiliando nas despesas e na manutenção da família, alterando pa-
- As funções psicológicas seriam o afeto, o suporte familiar drões de hierarquia, autoridade e sociabilidade.
para a superação de crises individuais que ocorrem no ciclo de Surge a família contemporânea que é construída através de
vida, a transmissão de experiências de vida para os descendentes, uma somatória de experiências e trajetórias particulares, manifes-
a atuação facilitadora da aprendizagem empírica e, também, a in- tando-se através de arranjos familiares diferenciados e peculiares,
termediação de informações com o universo extrafamiliar. denotando a impossibilidade de identificá-la como um padrão fa-
- Como funções sociais pode - se destacar a transmissão de miliar uniforme e ideal.
valores culturais e a preparação para o exercício da cidadania. Dentre os vários arranjos familiares, podem-se citar as famí-
À família cabe permitir o crescimento individual e facilitar os lias:
processos de individuação e diferenciação em seu seio, ensejando -reconstituídas, que são aquelas em que, após a separação
com isso a adequação de seus membros às exigências da realida- conjugal, o indivíduo constitui uma nova família;
de vivencial e o preenchimento das condições mínimas requeridas - constituídas através de uniões estáveis;
para um satisfatório convívio social. - monoparentais femininas;
Assim, verifica-se que uma das tarefas básicas da família é a - monoparentais masculinas;
socialização. O termo socialização é entendido de acordo com o - nas quais avós moram e cuidam de seus netos;
conceito proposto “por BERGER e LUCKMANN (1976), isto é, - unipessoais;
enquanto um processo de construção social do homem” (GOMES, - formadas por uniões homossexuais;
1994). Esse conceito subdivide-se em duas categorias: a socializa-
ção primária e a socialização secundária. O modelo idealizado da família nuclear burguesa ainda perpe-
A socialização primária consiste na transformação do homem tua no imaginário do indivíduo - coletivo. Famílias que não fazem
parte desse tipo de arranjo familiar tentam ‘adaptar’ e aproximar
(que ao nascer é apenas um organismo, é apenas biológico) em um
a sua estrutura e padrão de funcionamento ao do ‘modelo ideal’,
ser social típico: de um gênero, de uma classe, de um bairro, de
acreditando, muitas vezes, que não constituem uma família, ou que
uma região, de um país.
a sua família é ‘errada’, quando não conseguem reproduzi-lo.
A família transmite às novas gerações, especialmente à crian-
No início do século XXI, percebem-se as metamorfoses nas
ça, desde o nascimento, padrões de comportamento, hábitos, usos,
famílias: a diminuição do número de filhos, a redução de número
costumes, valores, atitudes, um padrão de linguagem. Enfim ma-
de matrimônios realizados legalmente (casamento civil), o aumen-
neiras de pensar, de se expressar, de sentir, de agir, e de reagir que
to de separações e divórcios. A divisão sexual dos papéis, ou seja,
lhe são próprios naturais. Não bastasse tudo isso, ela ainda promo-
as funções socialmente destinadas aos homens e mulheres nas fa-
ve a construção das bases da subjetividade, da personalidade e da mílias são questionadas, não havendo mais a rígida separação dos
identidade, Deriva disso a enorme importância da família tendo papéis, demonstrando uma estrutura mais aberta e flexível.
em vista a vida futura de cada criança: ela, a família constrói os Dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
alicerces do adulto futuro. tica - apontam outras transformações ocorridas na família contem-
A socialização secundária refere-se à aprendizagem do indi- porânea, entre as quais podem-se citar: a redução do tamanho das
víduo, adquirida através do contato com outros setores institucio- famílias, o aumento de número de famílias chefiadas por mulheres
nais (escola, clube, grupos comunitários, local de trabalho, entre e das unidades unipessoais, entre outros.
outros). Esses dados demonstram que a família brasileira está moldan-
A família possui um papel fundamental na formação físico- do uma nova cultura e um novo modo de viver, que não se ade-
moral- emocional e espiritual do ser humano. A família é o lócus quam mais aos modelos patriarcal e burguês, pois em seu tecido
onde há o encontro das gerações e dos gêneros, onde se aprende a familiar estão imbricados as suas próprias particularidades, pecu-
arte da convivência e a prática da tolerância, e entre suas funções liaridades e valores.
pode-se relacionar a promoção e a transmissão de valores, a cons- Outro aspecto relacionado à família é que a mesma não é está-
trução da identidade do indivíduo e o apoio emocional e afetivo tica. A família possui um ciclo vital, é dinâmica e se apresenta de
aos seus membros. forma diferenciada de acordo com a sua evolução, ou seja: ela tam-
bém nasce, cresce, amadurece, habitualmente se reproduz em no-
Família contemporânea vas famílias, encerrando seu ciclo vital com a morte dos membros
que a originaram e a dispersão de seus descendentes para constituir
A família passou por várias transformações na segunda me- novos núcleos familiares).
tade do século XIX: ampliou-se a participação das mulheres no Desse modo a família é influenciada pelas situações internas
mercado de trabalho e nas universidades, observando-se as dife- que lhe sucedem como: nascimento, casamento, morte de seus
renças entre as classes sociais, pois as mulheres mais pobres, em membros e por fatores externos: sociais, econômicos, culturais,
sua grande maioria, continuavam com pouca qualificação e baixa entre outros.
escolaridade.

Didatismo e Conhecimento 32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Família e Estado - a liberação do comércio com a eliminação das barreiras al-
fandegárias;
A família enquanto unidade integrante da sociedade é direta- - a desregulamentação da entrada e saída de capitais estran-
mente influenciada pela situação macro sócio-política e econômica geiros.
do país. As ações estatais atingem o microssistema familiar, atuan- Com essas práticas, as classes dirigentes brasileiras estão
do como fatores desagregador e propiciador de situações de vulne- cumprindo as exigências impostas pelos personagens que ditam
rabilidade, sendo que esta última está intrinsecamente relacionada os rumos da ordem mundial: o capital financeiro especulador, os
às condições econômicas das famílias, a forma de distribuição de grandes banqueiros credores do Estado, o capital multinacional,
renda no país e ao modo de funcionamento do modelo econômico organismos capitalistas internacionais e os governos do G7 (grupo
vigente - o capitalismo. dos sete Estados mais ricos do mundo comandados pelos EUA).
A crise do Estado-Providência, as transformações em curso A adequação dos países a uma ideologia neoliberal é condição
no mundo do trabalho e do capitalismo, introduzem no cenário para que o Estado continue integrado às relações políticas e econô-
mundial a ideologia neoliberal e a globalização, sendo esta última micas internacionais.
um processo pelo qual se busca a união dos mercados de diversos A entrada do neoliberalismo e da globalização no cenário
países, através da internacionalização do capital e da economia, mundial traz como consequências o surgimento de expressões da
objetivando o lucro rápido. questão social generalizadas, que assumem uma amplitude global
O neoliberalismo surge na década de 70, inicialmente na In- e produzem efeitos comuns nas diversas partes do mundo, tais
glaterra e Estados Unidos, em decorrência das crises do petróleo como: desemprego estrutural, aumento da pobreza e da exclusão
e da emergência da chamada Terceira Revolução Industrial, como social, precarização e casualização do trabalho e desmonte de di-
uma reação conservadora à presença do Estado nas esferas social reitos sociais edificados há mais de um século.
e econômica e, aos poucos, vai se estendendo aos países de outros No Brasil, as tendências políticas em relação ao tratamento
continentes. Na década de 80, têm-se as primeiras marcas do neo- da questão social levam a políticas setoriais e fragmentadas, que
liberalismo na América Latina: México, Argentina, Venezuela e, procuram atender apenas situações emergentes, visando amenizar
mais recentemente no Brasil. os impactos das demandas sociais.
ABREU (1999) afirma que o neoliberalismo é uma ideologia A ideologia neoliberal reinante apresenta um Estado desterri-
capitalista que defende o ajuste dos Estados Nacionais às exigên- torializado e sujeito a comandos dos detentores do capital externo
cias do capital transnacionalizado, portanto contrária aos pactos e, desse modo, impossibilitado de exercer o controle sobre as po-
que subordinam o capital a qualquer forma de soberania popular líticas econômicas e sociais internas e de proteger o emprego e a
ou instituições de interesse público. renda de sua população, aliado ao predomínio do Estado Mínimo,
As vertentes orientadoras do neoliberalismo são derivadas do caracterizado pela desresponsabilizarão do governo com os setores
liberalismo clássico: promoção pelo mérito, mercado auto regula- públicos, principalmente a assistência social e a seguridade.
dor, desconfiança à intervenção do Estado, igualdades de chance As modalidades de proteção se apoiam em pilares da flexibili-
para todos os indivíduos. zação das relações de trabalho, na seletividade ou focalização das
A ideologia neoliberal pressupõe que a ação espontânea do políticas sociais e na desobrigação do estabelecimento dos míni-
mercado deve possibilitar um equilíbrio de condições entre os in- mos sociais como direitos de todos.
divíduos, de tal modo que qualquer pessoa pode conseguir seus Os princípios neoliberais apontam para o desmonte das polí-
objetivos através da livre concorrência e livre escolha. ticas nacionais de garantias sociais básicas, cujas principais impli-
A questão da assistência, segundo a visão neoliberal, é enca- cações são: cortes de programas sociais (inclusive os voltados para
rada como um dever moral, sendo estabelecido um limite: que esta as populações empobrecidas), diminuição dos benefícios da segu-
não se transforme em direito para as classes subalternas, para os ridade social, criminalização da pobreza e a valorização de velhas
empobrecidos, miseráveis e excluídos. A política de assistência so- fórmulas de ajuda social, maquiadas pelo discurso da solidarieda-
cial é utilizada apenas em situações emergenciais, visando o aten- de e da humanidade, que são travestidas com nova ‘roupagem’ e,
dimento somente do ‘mais pobre dos pobres’, sendo que o Estado por isso, veiculadas como modernas e avançadas.
atende apenas o que a sociedade civil, as instituições filantrópicas É o caso da filantropia social e empresarial, das ações volun-
e o voluntarismo não atende. tárias e da ajuda mútua, que involuntariamente tendem a contribuir
Os últimos governos do Estado brasileiro, Fernando Collor para a desresponsabilização do Estado perante ao provimento dos
de Mello e Fernando Henrique Cardoso foram gradativamente mínimos sociais e a proteção à família, à maternidade, à infância,
implementando planos de ajustes nacionais que se adequavam à à adolescência e à velhice, como expressa a Lei Orgânica de Assis-
ideologia neoliberal. O atual governo, também compactua com tência Social, de 1993.
esta ideologia. A globalização, no Brasil, apresenta em sua face a marca da
Desse modo, no cenário nacional continua sendo implemen- desregulamentação da força de trabalho, o achatamento dos salá-
tadas ações governamentais que submetem o Estado brasileiro à rios e o aumento do desemprego, contribuindo, assim, para o au-
dinâmica da globalização capitalista. Abreu aponta as seguintes: mento da exclusão social.
- a redução de capital público destinado as áreas de saúde, A exclusão não é mais vista como um fenômeno de ordem
educação, transporte, entre outras, incentivando o desenvolvimen- individual mas, social, cuja origem deveria ser buscada nos princí-
to de serviços privados nestas áreas; pios mesmos do funcionamento das sociedades modernas.
- a desregulação das relações de trabalho, transferindo-as do O fenômeno da exclusão social não envolve apenas o caráter
setor público e submetendo-as às condições da iniciativa privada; econômico da pobreza, supõe, também, o preconceito e a discri-
- a privatização e transnacionalização das empresas públicas; minação.

Didatismo e Conhecimento 33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
A exclusão social é aqui entendida como uma situação de pri- A conjuntura político-econômica brasileira, norteada pelos
vação coletiva que inclui pobreza, discriminação, subalternidade, princípios neoliberais e pela globalização, promove o aceleramen-
a não - equidade, a não acessibilidade, a não - representação públi- to do empobrecimento, desemprego, minimização das políticas
ca como situações multiformes. sociais oferecidas às comunidades, influenciando a estrutura fa-
Surge, assim, o fenômeno histórico do final do século, cha- miliar em suas relações, estrutura, papéis e formas de reprodução
mado, segundo Cristovam Buarque, (apud SPOSATI, 1999) de e contribuindo para a desagregação dessa instituição. (Texto adap-
apartação social. Trata-se da naturalização da desigualdade social, tado de ÁLVARES, L. de C. e FILHO, M. J. doutores em Serviço
criando uma barreira entre o mundo dos ricos e dos pobres, ocasio- Social).
nando a culpabilização do pobre por sua pobreza.
No início do século XXI, o que se apresenta, do ponto de vista A Família e o Serviço Social
social, é o crescimento da pobreza, do desemprego e da exclusão,
ao lado de uma enorme concentração de renda e de riqueza por A família aparece como demanda para o Serviço Social quan-
parte de uma parcela minoritária da população. do ocorre algum problema ou conflito na função social, ou seja,
Considerando-se a pobreza não como sinônimo de ‘insufi- quando a família por um certo motivo não consegue cumprir o
ciência de renda’, mas como a pobreza socioeconômica, ou seja, a seu papel.
pobreza material, originada historicamente do modo em que a so- Deve-se apreender a família do ponto de vista teórico com um
ciedade se organiza. É a desigualdade produzida economicamente
pensamento crítico, desvelando a realidade, analisando as relações
que se “manifesta de modo quantitativo, ou seja, na falta de renda,
de totalidade e principalmente considerando as determinações his-
de emprego, de habitação, de nutrição, de saúde”. Essa pobreza
tóricas, para não culpabiliza-la e nem fazer uma psicologização
atinge grande parte do contingente populacional do país.
Na pobreza não encontramos somente o traço da destituição das questões que são sociais.
material, mas igualmente a marca da segregação, que torna a po- Para se ter uma visão crítica de família é preciso analisá-la
breza produto típico da sociedade, variando seu contexto na histó- como uma construção histórica, como apontamos no segundo item
ria, mas se reproduzindo na característica de repressão do acesso deste trabalho.
às vantagens sociais. A ação do Assistente Social deve ser transformadora, buscando
Esse panorama denuncia o retraimento do Estado, a ausência a emancipação e o autodesenvolvimento da família. O profissional
de políticas de proteção social as famílias pertencentes as camadas deve atuar nas demandas, essas demandas deverão providenciar
sociais de baixa renda e as consequências no mundo do trabalho. respostas, as demandas institucionais que são demandas objetivas,
Nos anos 70, CASTEL afirma que ao trabalho está vinculada imediatas, devem ser respondidas com o desenvolvimento e a uti-
uma série de garantias, direitos e proteções sociais, sendo atribuí- lização de instrumentos (meios) para atingir seus objetivos, estes
da estabilidade e status ao trabalhador. Há uma seguridade social instrumentos podem ser: os bens, serviços, benefícios, programas
interligada ao trabalho, o aspecto dos direitos vinculados ao tra- e projetos, porém o âmbito da ação profissional deve transcender
balho é que fez com que o trabalho não fosse apenas a retribuição a demanda institucional, passando assim para a demanda sócio
pontual de uma tarefa, mas que a ele fossem vinculados direitos. profissional, compreender as demandas na sua totalidade, as suas
Com o advento da internacionalização do mercado, da globa- contradições, a sua relação com a sociedade e assim o Assistente
lização e dos princípios de concorrência, eficiência e lucratividade, Social deve articular, criar meios para que família crie condições
o trabalho passa a ser alvo de redução de custos. para cumprir a sua função social.
Para reduzir os custos, ocorre a flexibilização do mercado de O Assistente Social como um profissional que tem como seu
trabalho, associada à desproteção e à desmantelação dos direitos objeto de intervenção as necessidades sociais, deve intervir nas
trabalhistas. Essa flexibilização pode ser interna, ou seja, a que expressões da Questão Social. Estas expressões da Questão Social
impõe a adaptabilidade da mão-de-obra a essas situações novas e rebatem no campo de trabalho como uma consequência do sistema
que, evidentemente, expulsa os que não são capazes de se prestar a que fundamenta o capitalismo, aparece no sujeito individual e/ou
essas novas regras do jogo. coletivo em situação de vulnerabilidade social e pessoal, e é no
Ou externa que se refere à subcontratação de mão-de-obra em âmbito da família que se encontram o maior número de demandas,
condições mais precárias, salários baixos e menor proteção.
e é nela também que deve estar a ação do Assistente Social.
Segundo CASTEL, a precarização do trabalho alimenta o de-
O profissional deve em sua ação desnaturalizar todas as for-
semprego, pois torna-o cada vez mais fragilizado e obriga os indi-
víduos a entrarem em uma situação de vulnerabilidade. Tal situa- mas de discriminação, promovendo também a garantia dos direitos
ção atinge de forma diferenciada as camadas sociais e as famílias dos cidadãos e possibilitando a sua autonomia como está previsto
brasileiras. no projeto ético-político profissional. É necessário também que
As políticas sociais apresentam-se incapazes e ineficazes para este articule junto ao Estado, as organizações que tenham o mes-
atender a demanda populacional de miseráveis e excluídos, tor- mo objetivo diante desta situação, para juntos buscar a edificação
nando-se, desse modo, focalista, residual e seletista, ou seja, são as respostas políticas que garantam direitos e que esses sejam efe-
orientadas por uma perspectiva de se atender somente a pobreza tivados.
absoluta, limitando-se a ações minimalistas, pontuais e descontí- Através da gestão democrática, o trabalho do Assistente So-
nuas, que excluem cidadãos que por direito deveriam ter acesso a cial pode contribuir com a justiça e a equidade social a favor da
recursos e benefícios. universalidade das políticas sociais, posicionando seus programas,
A família, enquanto instituição inserida na sociedade, é afeta- serviços e projetos e desenvolvendo ações que venham aumentar
da por esse processo de desenvolvimento socioeconômico e pelo os recursos para que se tenha uma concretização dessas políticas
impacto da ação do Estado através de suas políticas econômicas e de forma eficaz, o profissional deve agir juntamente ao seu usuá-
sociais. rio, fazer reuniões com todos membros da família, as crianças, o

Didatismo e Conhecimento 34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
adolescente, os pais, a mulher, o homem, o idoso, enfim trabalhar A interferência nos rumos da história parte do pressuposto
com eles as questões de gênero, questões geracionais, e outras de de que os homens devem estar em condições de viver para fazer
acordo com a necessidade da população, sempre criando meios a História, o que exige, em primeiro lugar, comer, beber, ter ha-
para que eles mesmos criem os seus valores bitação, vestir-se, ter lazer. Neste sentido, a produção dos meios
A tarefa do Assistente social é lutar pela participação social, que possibilitam a satisfação dessas necessidades constitui um ato
emancipação, autonomia (ética, política, moral, cultural), desen- histórico precedente e basilar. A gênese do ser social se realiza
volvimento dos sujeitos sociais, e principalmente pela ampliação sobre esta base ontológica, que é a produção material da vida, no
dos direitos sociais e da cidadania, investindo assim nas potencia- intercâmbio dos homens com a natureza e deles entre si, em res-
lidades dos usuários, caminhando sempre na busca da liberdade posta às necessidades. É o trabalho que efetiva este intercâmbio,
política, econômica e cultural. que por constituir uma atividade vital que distingue os homens dos
Este profissional deve agir com sua formação embasada nas animais, tão logo começam a produzir seus meios de vida. A ativi-
diretrizes curriculares, com seu fundamento na teoria social crí- dade humana diferencia-se da realizada pelo restante dos animais
tica. O profissional deve ter um perfil teórico-crítico (tem que ter por não ser instintiva e imediata.
capacidade para fazer uma leitura crítica da realidade), técnico Por ser o homem um animal capaz de atribuir finalidade aos
-operativo (profissional interventivo, que tem um arsenal de técni- seus atos, avaliá-los e recriá-los, constantemente, o trabalho huma-
cas e instrumentos que possibilitam a intervenção) e ético-político no é uma atividade consciente, cuja forma final do objeto do traba-
(o agir tem uma intenção, tem valores do código de ética). Tendo lho é prefigurada na mente do trabalhador, antes mesmo de iniciar
assim um práxis transformadora que supere o imediatismo. (Texto o processo de trabalho. Todavia, toda a práxis social, se conside-
adaptado de SILVA, J. C. M. Assistente Social). rarmos o trabalho como seu modelo, contém em si um caráter con-
traditório. Por um lado, a práxis é uma decisão entre alternativas,
ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO EM SERVI- já que todo indivíduo singular, sempre que faz algo, deve decidir
ÇO SOCIAL se o faz ou não. Por outro, conforme analisa Marx, os homens são
impelidos pelas circunstâncias a agir de determinado modo.
O planejamento e a administração são instrumentos integran- O trabalho, enquanto unidade de causalidade e teleologia,
tes das ações desenvolvidas pelos assistentes sociais, conforme possui como elementos constitutivos a projeção do fim que se quer
estabelece a Lei de Regulamentação da Profissão em seu artigo 4º, alcançar; o reconhecimento das causalidades objetivas; a escolha
que aponta dentre outras as seguintes competências do Assistente
dos meios mais adequados para a execução da finalidade; a opera-
Social:
ção sobre o objeto e a execução da finalidade.
[...] II - Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, progra-
Trata-se, portanto, de uma atividade que une objetividade e
mas e projetos que sejam do âmbito do Serviço Social com partici-
subjetividade. É objetiva na medida em que se realiza sobre um
pação da sociedade civil;
real exterior ao sujeito, pré-existente e independente de sua cons-
VI - Planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços
ciência e é subjetiva enquanto somente se realiza como atividade
Sociais;
VII - Planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contri- se estiver na consciência do sujeito, que age orientado por seus ob-
buir para a análise da realidade social e para subsidiar ações pro- jetivos. Essa atividade se realiza como atividade objetiva, visando
fissionais; um resultado objetivo, mediada por processos, meios e instrumen-
X – Planejamento, organização e administração de Serviços tos objetivos, através dos quais o sujeito busca realizar no real sua
Sociais e Unidades de Serviço Social; [...]. subjetividade.
A mesma Lei, no artigo 5º, inciso II estabelece o planeja- O ponto de partida da atividade é a finalidade. Entretanto, é
mento, a organização e administração de programas e projetos preciso levar em consideração, ao longo da realização da ativi-
em Unidade de Serviço Social, como uma atribuição privativa do dade, a resistência do real, o que requer que a consciência esteja
Assistente Social. Este texto, visa dar uma contribuição ao debate em atividade não só na apreensão do real, bem como, ao buscar
sobre a importância do planejamento e administração, enquanto impor-se nele transformando e transformando-se no processo de
momento integrante da intervenção profissional. realização da intencionalidade.
Deriva desta compreensão a necessidade de apreender o signi-
O ato de planejar ficado da profissão do Serviço Social na sociedade capitalista, pos-
to que o ato de planejar deve considerar, não só a possibilidade de
O ato de planejar pressupõe um esforço para imprimir uma imprimir uma direção social ao exercício profissional, em decor-
direção à prática profissional. Ou seja: Trata-se de uma ação que rência da relativa autonomia que dispõe o assistente social (respal-
parte da compreensão de que: dada juridicamente na regulamentação da profissão, na formação
I) é possível interferir no rumo dos acontecimentos concer- universitária especializada e no Código de Ética) como também,
nentes à vida social e, por conseguinte, é possível direcionar a nos- as condições sociais em que opera o trabalho do assistente social
sa ação profissional de forma consciente e dirigida para o alcance e as formas por ele assumidas em cada contexto histórico social .
dos nossos objetivos, ainda que em circunstâncias dadas; O capitalismo é, basicamente, um sistema, no qual tudo o
II) o ato de definir objetivos requer saber onde se está, onde se que se produz deve ter valor de uso e de troca. Esta troca é feita
pretende chegar e exige concentrar forças em uma direção defini- em mercados competitivos controlados pelos que possuem a pro-
da. Por essa razão o ato de planejar, enquanto parte do fazer pro- priedade privada dos meios de produção: a terra, os bancos, as
fissional do Serviço Social deve partir, primeiramente, do exame fábricas. Se olharmos a sociedade como um grande mercado todos,
da forma como se organiza a sociedade em que vivemos e o papel tanto os proprietários, como o trabalhador que vende a sua força de
conferido ao Serviço Social nesta sociedade. trabalho, aparecem, como homens livres, iguais e trocando equi-

Didatismo e Conhecimento 35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
valentes. Marx, no volume I do Capital, demonstra que na reali- Distintamente, defendemos que o ato de planejar é antes de
dade o processo de produção capitalista se organiza como base na tudo um processo político, no qual o que determina o que será con-
exploração entre os que detêm os meios de produção e os que só siderado problema e as possibilidades e condicionantes da tomada
possuem sua força de trabalho. Segundo o autor, o trabalhador, não de decisões estão relacionadas ao poder de pressão que uma classe
só não usufrui da liberdade de ir e vir, posto que está prisioneiro ou fração de classe exerce numa sociedade num dado momento
no interior da unidade produtiva, onde seu tempo e seus passos são histórico.
controlados, como não é tido como igual, posto que deve obediên- Entendemos que esta é uma afirmação válida, quando se pensa
cia ao capitalista e a seu preposto, e a utilização de sua força de numa intervenção em nível macroestrutural, como também, para
trabalho, ao invés de agregar apenas um valor correspondente ao planejamentos em microestruturas sociais. Porém, há que se res-
que lhe foi pago, gera um valor excedente que é apropriado pelo saltar, que muito embora as instituições sociais sofram as deter-
capitalista. minações estruturais e conjunturais do contexto social e político
O trabalhador assalariado é, de fato, juridicamente livre, o que no qual estão inseridas, elas possuem uma história e uma dinâmi-
o distingue do escravo e do servo. Todavia, tal liberdade é ilusó- ca própria que lhes confere certa peculiaridade, o que requer, por
parte do assistente social, uma análise concreta da correlação de
ria, na medida em que busca ocultar a relação de exploração e de
forças existente no espaço institucional. A apreensão das particu-
dominação de classe. A resistência dos trabalhadores à opressão e
laridades contidas em cada dinâmica institucional nos afasta das
à exploração representa a grande força motriz da história. O pro- análises excessivamente abstratas e genéricas, o que contribui para
cesso de resistência operária à exploração e à opressão passou a assegurar alguma margem de possibilidade de concretização do
ser denominada pelo pensamento conservador de “questão social”. que está sendo projetado.
O que, segundo CARVALHO e IAMAMOTO, (1983) de fato, sig- Assim, ao pensarmos a questão do planejamento enquanto
nifica “(...) as expressões do processo de formação e desenvolvi- um momento do fazer profissional do assistente social há que se
mento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da ter claro que a sua exequibilidade dependerá, especialmente, das
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do relações de força presentes no contexto sócio institucional e no
empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida contexto social no qual a Instituição se insere.
social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual A seguir, apresentamos uma proposta de metodologia de ela-
passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade boração de um projeto de intervenção.
e repressão”.
Os efeitos da questão social constituem o objeto sobre o qual Compartilhando objetivos
atua o assistente social. Diferentemente de outras profissões, o Ser-
viço Social não atua sobre uma única necessidade humana, nem Entendemos que para que os objetivos a serem traçados no
tampouco sua ação se destina a todos os homens e mulheres in- plano de ação possam ser assumidos pelos interessados é neces-
distintamente. Ao contrário, o assistente social atua sobre todas as sário que o ato de planejar seja realizado de modo a envolver no
necessidades humanas de uma classe social, formada por aqueles planejamento os sujeitos da ação: alguns membros da instituição
que são impedidos do acesso aos bens serviços e riquezas sociais. e os usuários.
De acordo com a perspectiva dos empregadores, a profissão Todavia, aqui cabe uma ressalva: Em tempos nos quais a
de serviço social foi, e é, historicamente, instituída para enfrentar “participação no planejamento” é, essencialmente, um item a ser
as refrações da questão social por meio do controle e do discipli- cumprido dentro das exigências das fontes internacionais de fi-
namento da força de trabalho. A forma de inserção da profissão na nanciamento. Permite-se o acesso à informação e a população é
divisão social do trabalho e seu caráter de prática profissional tor- consultada, porém, não há qualquer garantia de que as opiniões da
na necessário, àqueles profissionais interessados em elaborar um população sejam, de fato, incorporadas pelo poder público, julgo
ser necessário enfatizar que são participativos os processo de pla-
projeto de intervenção comprometido com a garantia do acesso
nejamento que estimularem a autonomia e a capacidade de fazer
dos usuários aos direitos sociais, qualificar o horizonte da ação
valer as decisões dos seus participantes.
profissional para perceber qual o caráter possível da intervenção na
Levando-se em conta que trabalhamos com uma imensa gama
perspectiva de transformação na prática profissional. de situações, torna-se necessário definir prioridades com base nos
Esse reconhecimento precisa levar em conta os limites reais critérios definidos no debate com os envolvidos. Definida a prio-
impostos pelo caráter institucionalizado da prática, ao mesmo tem- ridade com base numa análise das necessidades prementes e das
po, em que precisa buscar no real as possibilidades concretas de condições para a sua superação, passa-se ao momento da justifi-
instituição de práticas diferenciadas, nas quais possa se dar a expe- cativa da escolha. Trata-se de responder à seguinte questão: Que
riência de formas de relação democráticas, garantidoras do acesso razões nos levaram a optar por enfrentar essa problemática?
dos usuários aos direitos sociais. Para evitar equívocos acerca do significado de uma dada pro-
É nesse quadro, brevemente delineado, que se insere o ato de blemática e, logicamente, sobre o modo de intervenção sobre ela,
planejar. Ressalto que o pensamento conservador tenta reduzir o torna-se necessário descrevê-la de uma forma precisa e objetiva.
ato de planejar a um processo que visa apenas instrumentalizar a Descrever o problema é dizer de que forma ele aparece e ao,
realidade. Para tal, propõe que a tomada de decisão sobre a ação mesmo tempo, resgatar as razões ou, de forma mais precisa, os
a ser realizada centre-se na previsão de necessidades e racionali- determinantes sociais da sua existência. Partindo da hipótese de
zação de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) dis- que a faticidade, simultaneamente, revela e oculta a existência de
poníveis, visando a concretização de objetivos, em prazos deter- uma processualidade, há que se apreender os fatos como sinais de
minados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações um processo que os transcendem. É sobre essa processualidade
que visam, quando muito, intervir sobre uma ou outra disfunção na que é preciso se deter para construir a descrição do problema, ou
dinâmica sócio institucional. a problematização.

Didatismo e Conhecimento 36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Evidentemente, os que expõem a respeito de uma problemá- Por isto, indicamos que, ao longo da elaboração do plano, se
tica fazem parte dela, estão dentro da situação. Isto significa que faça uma previsão acerca das tendências que começam a surgir no
nesse jogo de relações sociais não existe neutralidade, e sim, inte- cenário e se discuta o que fazer caso elas venham a se confirmar. A
resses em jogo. Se por um lado, a explicação de uma problemática construção da problematização, dos objetivos e estratégias fornece
não pode ser considerada como uma verdade acabada, absoluta e base para momentos decisivos da ação. A formulação das táticas
inquestionável, por outro lado, não podemos deixar de ser rigoro- diz respeito às operações que possibilitam materializar a estraté-
sos na sua apreensão e exposição. gia. Entre as táticas a serem utilizadas para a garantia da demo-
Por isto, alguns procedimentos precisam ser observados para cratização do processo devem estar presentes: o fluxo permanente
que se construa uma problematização rigorosa e compartilhada de informações, a descentralização das atividades e a avaliação
com aqueles que estão interessados e envolvidos com a ação. Nes- permanente da ação.
te sentido, faz-se necessário: Sugerimos, também, um acompanhamento permanente da
- partir de uma análise diagnóstica, da qual devem constar o ação a fim de que se possa inferir na alteração, caso necessário,
contexto histórico e social no qual a problemática se insere e os dos objetivos, da política para a realização dos objetivos e na or-
ganização da ação.
dados que se dispõem sobre ela;
Por fim, faz-se uma revisão crítica, comparando-se os resulta-
- apreender determinantes de seu aparecimento e continuida- dos reais com os previstos, analisando, em primeiro lugar, que de-
de; cisões foram acertadas ou não. Além disso, avalia-se o que foi ou
- justificar a importância de uma atuação que vise o enfrenta- não obtido e as determinações e condicionamentos do alcance da
mento dessa problemática; ação, de forma a identificar, por meio da análise conjunta, a visão
- informar sobre os benefícios e beneficiários que podem ser que os diversos sujeitos possuíam acerca de como os acontecimen-
atingidos com a ação e o grau de interesse e o envolvimento destes, tos iriam evoluir e as necessidades de mudança. (Texto adaptado
- demonstrar as condições existentes, necessárias e os limites de LIMA, S. L. R. Mestre em Serviço Social).
que precisam ser superados para lidar com tal situação.
Tendo explicitado a problemática sobre a qual desejam inter- A administração e o Serviço Social
vir, os sujeitos passam a formular seus objetivos. Um passo inicial
nesta direção é começar com a seguinte indagação: A que resulta- Inicialmente é importante registrar que a Administração e o
dos pretendemos chegar com a execução deste projeto? Serviço Social são dois campos com objetos distintos. Enquanto
Ao imaginar estes resultados os participantes da elaboração o Serviço Social tem como objeto a questão social e suas múlti-
devem debater sobre as consequências que estes resultados deve- plas expressões, a Administração, ou gestão, define-se como “[...]
rão produzir. Este é um momento interessante, não só para avaliar modo racional e calculado de ordenar os meios para atingir resul-
a dimensão das modificações que se pretende produzir, como tam- tados” (NOGUEIRA, 2007).
bém, avaliar as possibilidades de enfrentamento às resistências às O fundamento da gestão ou da administração é a noção de
modificações. Porém, os objetivos podem e devem ser alterados de racionalidade, isto é, o uso da inteligência, da razão, para encontrar
acordo com o curso e avaliação dos acontecimentos. os meios mais adequados com vista à realização de resultados. Es-
Definido os objetivos, passa-se a construção das estratégias. A tes são definidos como objetivos a alcançar, ao passo que os meios
elaboração da estratégia envolve, principalmente: dizem respeito às pessoas, aos modos e aos recursos que garantem
a conquista dos objetivos.
De acordo com Nogueira, o que pode ser um problema para os
a) A identificação dos autores:
analistas sociais, para o pensamento administrativo é uma virtude,
- Quem são os aliados?
pois “[...] idealmente, burocracia é administração profissional que
- Quem são os oponentes? visa, por meio da racionalização e do controle do trabalho, a efi-
- Quem é potencialmente aliado? ciência e a maximização de resultados”.
b) A identificação do poder de pressão dos diversos sujeitos. A racionalidade buscada na produção é algo que transcende à
c) A elaboração das bases das alianças e formas de confronto. história e aos modos de produção, não é algo relacionado apenas
Feito isso, há que se perguntar: devemos passar imediatamen- ao modo de produção capitalista, embora, a gestão e a Adminis-
te para as ações mais decisivas? Algumas vezes, torna-se preciso tração tenham sido, como nos ressalta Nogueira, “[...] impulsio-
analisar melhor, uma vez que durante a execução podem acontecer nadas pelo surgimento da modernidade e encontraram seu pleno
surpresas desagradáveis que venham a colocar em risco a conse- desenvolvimento no contexto da segunda Revolução Industrial, na
cução dos objetivos, tais como: o corte de verbas, mudanças na virada do século XIX para o século XX”.
gestão administrativa, entre outras. Já o Serviço Social se inscreve como profissão a partir do ad-
Nesse caso, o melhor é não passar para as ações mais deci- vento do capitalismo e tem na questão social o seu objeto.
sivas sem fazer o levantamento de todos os recursos necessários. O serviço social é considerado uma especialização do traba-
Exemplo: precisa-se contar com um número X de técnicos, du- lho e atuação do assistente social uma manifestação do seu traba-
rante um determinado período de tempo. O mesmo procedimento lho, inscrito no âmbito da produção e reprodução da vida social.
deve ser utilizado em relação aos recursos financeiros e materiais. O Serviço social tem na questão social a base de sua fundação
Além desta preocupação, torna-se necessário reavaliar o ce- como especialização do trabalho. Questão social apreendida como
nário sócio-político durante a construção da problematização. Esta o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capita-
preocupação parte da compreensão de que alguns dos determinan- lista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada
tes ou condicionantes que podem possibilitar a concretização da vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, en-
intenção proposta podem ter sofrido modificação. Afinal, a reali- quanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopo-
dade é dinâmica! lizada por uma parte da sociedade (IAMAMOTO, 2006).

Didatismo e Conhecimento 37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Nos pressupostos da formação profissional (ABEPSS, 1996) Aproximações do Serviço Social com o campo da Admi-
inscreve o Serviço Social como profissão interventiva vinculada nistração
às contradições do capitalismo monopolista, que tem como objeto
a questão social, a qual se agrava com a reestruturação produtiva. De acordo com Kameyama, “Os estudos sobre o processo de
Esse agravamento produz alterações na profissão. trabalho aparecem especialmente na área das Ciências Sociais a par-
Em relação ao processo de trabalho, as diretrizes estabelecem tir da segunda metade dos anos 80, enquanto no Serviço Social os
como pressuposto que o processo de trabalho do Serviço Social primeiros trabalhos surgem em meados da década de 90”.
Verificamos que o campo da Administração, da gestão, o tema
é determinado pelas configurações estruturais e conjunturais da
das organizações, começa a ganha maior visibilidade no Serviço So-
questão social e pelas formas históricas de seu enfrentamento,
cial a partir da década de 1980, após a profissão ter vivido o movi-
permeadas pela ação dos trabalhadores, do capital e do Estado, mento de reconceituação e o processo de ruptura.
através das políticas e lutas sociais (ABEPSS, 1996). A atuação do Serviço Social vinculada ao campo da gestão tem
O projeto-ético-político da profissão baseado no marxismo, seu registro no estudo do Serviço Social de empresa, campo de tra-
dada a centralidade da categoria Trabalho e sua vinculação com a balho que foi se firmando de forma gradativa não apenas no Brasil,
classe trabalhadora, tende a ser crítico da Administração, na me- mas nos demais países da América latina e dos Estados Unidos da
dida em que a racionalização está a serviço do capital e não do América e da Europa, pois os “[...] sindicatos assumindo responsa-
trabalho. bilidade de benefícios aos trabalhadores contribuíam para a ausência
Como nos indica Antunes, sob o sistema de metabolismo so- do Serviço Social” (FREIRE, 1983).
cial do capital, o trabalho que estrutura o capital desestrutura o ser Uma obra significativa neste período é Serviço Social organiza-
cional, de Lucia Freire (1983). Essa obra, prefaciada pelo educador
social. O trabalho assalariado que dá sentido ao capital gera uma
Paulo Freire, reflete um tempo em que a vanguarda do Serviço So-
subjetividade inautêntica no próprio ato de trabalho. Numa forma cial estava bastante vinculada à organização popular.
de sociabilidade superior, o trabalho, ao reestruturar o ser social, Freire (1983) faz um apanhado do Serviço Social de empresa
terá desestruturado o capital (1999). nos EUA, na Europa e na América Latina. Em relação aos EUA,
Compreendemos que o exercício do trabalho autônomo, livre, indica a atuação profissional com a Escola de Relações Humanas,
não alienado, não estranhado, não pode ocorrer na ordem capitalis- relacionada com a concessão de benefícios e atendimento dos pro-
ta, pois, como afirma Antunes, “[...] o sentido dado a ato laborativo blemas individuais dos trabalhadores. Na Europa, onde a ação pro-
pelo capital é completamente diverso do sentido que a humanidade fissional foi mais significativa, verifica-se uma produção teórica es-
pode conferir a ele”. Isto não significa, entretanto, que em sua ação tabelecendo funções específicas da profissão, sem, entretanto, haver
interventiva nas organizações o Serviço Social não possa caminhar maior estudo em relação à metodologia. Já América Latina a Fun-
em direção à emancipação, transcendendo à reprodução. dación Servicio Social em la Empresa apresenta uma perspectiva de
atuação funcional e avançada, na Argentina e no Chile, o governo
No próprio campo da Administração, que não se orienta ape-
da Unidade Popular, na gestão de Salvador Allende, apresenta uma
nas por teorias conservadoras da ordem capitalista, mas também perspectiva de transformação social.
por teorias críticas, podemos encontrar elementos para a discus- A experiência da América latina tem como ponto de partida a
são dessa perspectiva. Faria define a teoria crítica nos seguintes necessidade dos trabalhadores, privilegia a participação dos traba-
termos: Teoria crítica é uma escola de pensamento derivada do lhadores nos processos decisórios. Os programas visam atender as
marxismo, também conhecida como marxismo ocidental, com um necessidades básicas dos trabalhadores.
corpo conceitual definido (e suas divergências internas), com suas Em seu livro, Lucia Freire apresenta “[...] uma proposta de me-
linhas de investigação, que também realiza estudos críticos. Teoria todologia de intervenção de serviço social em empresa, em experi-
crítica não é teoria pós-moderna (FARIA, 2007). mentação há sete anos, em três empresas brasileira de grande porte”
Na análise de Faria, as organizações não são entes abstratos, (FREIRE, 1983).
O trabalho é resultado de uma vivência profissional nas organi-
sujeitos absolutos, entidades plenamente autônomas, unidades to-
zações, com uma proposta embasada na perspectiva dialética, deno-
talizadoras e independentes, mas construções sociais dinâmicas e minada pela autora como “dialética processual”.
contraditórias, nas quais convivem estruturas formais e subjetivas, Essa concepção é aplicada ao campo das organizações empre-
manifestas e ocultas, concretas e imaginárias [...] O problema cen- sariais, considerando as relações de produção e dominação, dentro
tral de uma Teoria Crítica, portanto, consiste em esclarecer em que da unidade dialética. A perspectiva adotada é analisada em confronto
medida as instâncias (a) obscuras, que se operam nos bastidores com estudos da Teoria das Organizações, em diferentes concepções.
organizacionais, nas relações subjetivas e no inconsciente indivi- Dentre os objetivos estabelecidos pela pesquisadora, destaca-
dual, e (b) manifestas inclusive e especialmente as referentes ao mos o seguinte: “Demonstrar que o serviço social é aplicável em or-
regramento e às estruturas, dão conteúdo as configurações do po- ganizações empresariais, de acordo com os componentes básicos do
der nas organizações. seu corpo teórico, aplicados numa perspectiva dialética processual”.
Ainda em Faria, a teoria crítica, na Administração, está rela- Essa obra tem um grande valor histórico, pois sintetiza o esfor-
ço de compreender a organização como unidade de intervenção do
cionada com um referencial que permite esclarecer os bastidores
Serviço Social já que naquele período histórico se entendia a me-
das organizações, sua dinâmica, as relações subjetivas e o incons- todologia tradicional do serviço social não inclui a organização, de
ciente individual. Essa perspectiva aqui explicitada procura visua- modo geral, como uma unidade objeto de sua intervenção. Tam-
lizar saídas para a ação profissional para além da crítica algumas bém não a considera de modo específico, no campo empresarial,
vezes imobilizadora dos efeitos do capital sobre o trabalho. que é questionado e até hoje não firmado como possível, dentro
dos fundamentos teóricos da disciplina (FREIRE, 1983).

Didatismo e Conhecimento 38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Freire pretende com sua proposta superar esse estágio na pro- Na análise de Rico “[...] O uso das teorias dialéticas pelo Ser-
fissão no que se refere à aplicação do Serviço Social na empresa. viço Social, inclusive no campo de empresa, são dificultadas tam-
A sua hipótese era a de que os integrantes de determinadas bém pela própria falta de operacionalização dessas teorias. Pouco
empresas nas quais foi aplicada a abordagem de Serviço Social Or- se criou a nível de intervenção nos fenômenos sociais. Este é um
ganizacional, num enfoque dialético processual, apresentam indi- caminho que começamos a percorrer muito recentemente, e que
cadores de mutação da consciência menos crítica para consciência nas palavras de Ander Egg; ‘continua sendo uma busca’”.
mais crítica e de maior capacitação para participação, organização, O artigo apresenta uma análise das experiências do Grupo de
gestão e mobilização popular, em sucessivos momentos no decorrer Estudos de Serviço Social do Trabalho – GESSOT, um órgão do
da aplicação de uma pesquisa-ação, num processo de desenvolvi- Ministério do Trabalho, criado em 22 de novembro de 1969, do
mento social nas organizações com vistas à transformação social. Grupo Meta, formado por assistentes sociais de São Paulo, e da
A proposta da autora foi fruto de sua atuação profissional des- Fundácion Servicio Social em la Empresa de Buenos Aires. Esses
de 1973 em organizações empresariais, a qual denomina Serviço grupos tinham por objetivo a discussão da ação profissional.
Social Organizacional – SSO e baseava-se nos conceitos e métodos A análise da atuação do Serviço Social nas empresas se pau-
de Desenvolvimento Organizacional – DO numa perspectiva dialé- tava no seguinte, o Serviço Social de Empresas, em especial é o
tica, buscando absorver os elementos contraditórios do Desenvolvi- campo que tem recebido maiores críticas pela vanguarda da pro-
mento Organizacional – DO e do desenvolvimento de comunidade, fissão, face à sua intervenção que tem sido praticamente dirigida
visando à transformação social. A ideia de SSO estava relacionada “a superação das dificuldades surgidas na interação do trabalhador
com comissões de empresa e cogestão. na empresa e na sociedade. Ocorre que essas dificuldades, como já
A abordagem de SSO envolve tanto a representação ‘formal’ mencionamos, são o resultado do processo de relação de produção,
da estrutura do poder das organizações, como a representação “in- específico do sistema capitalista. [...] obviamente, o conflito entre
formal” dos trabalhadores, atuando concomitantemente com gru- capital e trabalho aparece em toda estrutura social. [...]O campo da
pos de todos os segmentos organizacionais, num processo de de- empresa, só é motivo de maior atenção porque é o local do con-
senvolvimento desses grupos, em “interação” visando à superação fronto direto: entre o empregado e o empregador.
das contradições da realidade dos mesmos, da organização e do seu A reconceituação defende uma nova postura do Serviço Social
contexto. [...] O SSO apresenta como objetivos básicos, a conscien- face à realidade social da América Latina, apresentando-se como
tização e capacitação social, para a mobilização, participação so- um processo que, embora não se excluindo de determinações his-
cial, organização e gestão popular. tóricas objetivas, refuta o Serviço Social tradicional em prol de
Essa obra reflete um momento da realidade social brasileira em uma nova proposta de prática que atenda prioritariamente ao pro-
que o Serviço Social está se vinculando à classe trabalhadora e há jeto dos trabalhadores (MOTA, 1991).
um fortalecimento de alguns de seus segmentos. Verificamos assim, um salto no entendimento da profissão no
O processo de conscientização citado pela autora relacionava- que se refere ao papel do assistente social na empresa, relacio-
se com os conceitos de Paulo Freire. Baseava-se ainda, no conceito nando-o com o surgimento de necessidades sociais em função da
de “consciência crítica” de Lucien Goldman. A proposta recebia expansão capital, como sua representante institucional a empresa
influência também do método BH, desenvolvido a partir dos estu- passa “[...] a requisitar o assistente social para desenvolver um tra-
dos da equipe de Serviço Social da Universidade Católica de Minas balho de cunho assistencial e educativo junto ao empregado e sua
Gerais em Belo Horizonte, daí a referência a BH (SANTOS, 1985). família”.
Partindo da realidade da fragilidade da teoria para a fundamen- Assim, a requisição do assistente social responde a necessi-
tação do Serviço Social em empresa, com a realização dos “expe- dade de se entregar a um técnico a administração racional e cien-
rimentos”, a pesquisadora conclui que o Serviço Social não deve tífica dos serviços sociais geridos pela empresa. É evidente que
voltar-se tanto para o atendimento das necessidades humanas em si. a racionalidade se prende tanto ao caráter de eficiência da admi-
A ação profissional deve ter como centro “[...] o processo de cons- nistração de benefícios materiais como ao caráter educativo dessa
cientização e capacitação social dos seres e grupos humanos nas administração, instituído nas orientações de condutas desviantes
organizações (FREIRE, 1983). Tal processo se relaciona também do empregado e sua família.
com a desalienação, possibilidade de os indivíduos se descobrirem No estudo de Mota, a autora considera a empresa como “[...]
como sujeitos participativos na análise das situações cotidianas que requisitante institucional da profissão de Serviço Social. Tal requi-
envolvem a organização. A proposta desenvolvida tinha como hori- sição mostra que a empresa legitima a ação da profissão no limite
zonte a transformação social. dos seus interesses; isto é, reconhece que os serviços prestados his-
Nos estudos de Rico, autora parte do entendimento de que o toricamente pelos assistentes sociais atendem suas necessidades”.
sistema capitalista é que interfere nos problemas de relações sociais O texto reconhece o surgimento da profissão no continente la-
da empresa. “A exploração do trabalho humano dentro da lógica tino-americano com a formação do proletariado urbano e entende
necessária à existência do sistema, provoca consequências como, que a ação profissional se estabelece mediante “requisições” do
habitações precárias, saúde deficiente, alimentação inadequada, etc. capital.
A autora adverte que essa análise não é a que mais influenciou Por outro lado, também analisa a “participação do trabalha-
o Serviço Social de empresa e adianta: “Parece-nos até coerente. dor” como algo constituinte da ação profissional; o trabalhador é
Como usar da análise materialista dialética (pensamento marxis- também requisitante que dispõe do Serviço Social de forma feti-
ta) para intervir como assistente social numa empresa capitalista? chizada. Ele precisa desvelar os interesses do capital e a ação do
Ora, as soluções propostas por Marx são a nível da superação do “Serviço Social tradicional” e consolidar o seu potencial negador
sistema”. dessa cooptação.

Didatismo e Conhecimento 39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Assim, “a nosso ver, a consideração do potencial negador do habilidades profissionais em função das demandas sociais e das
trabalhador como a real e verdadeira requisição a que o assistente especificidades do trabalho. Balizados pelos seus Códigos de Éti-
social deve responder, constitui a principal, senão a única, deter- ca, Leis de Regulamentação e Diretrizes Curriculares de formação
minação para a construção de uma nova prática do Serviço Social” profissional, os(as) profissionais podem instituir parâmetros de in-
(MOTA, 1991). (Texto adaptado de ROSA, J. J. R. Mestre em Ser- tervenção que se pautem pelo compartilhamento das atividades,
viço Social). convivência não conflituosa das diferentes abordagens teórico-
metodológicas que estabelecimento do que é próprio e específi-
co a cada profissional na realização de estudos socioeconômicos,
visitas domiciliares, abordagens individuais, grupais e coletivas.
3.1. ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM A atuação interdisciplinar requer construir uma prática políti-
co profissional que possa dialogar sobre pontos de vista diferentes,
EQUIPES INTERPROFISSIONAIS E
aceitar confrontos de diferentes abordagens, tomar decisões que
INTERDISCIPLINARES decorram de posturas éticas e políticas pautadas nos princípios e
valores estabelecidos nos Códigos de Ética Profissional. A interdis-
ciplinaridade, que surge no processo coletivo de trabalho, deman-
da uma atitude ante a formação e conhecimento, que se evidencia
no reconhecimento das competências, atribuições, habilidades,
O trabalho de assistentes sociais, psicólogos/as e pedagogos/ possibilidades e limites das disciplinas, dos sujeitos, do reconheci-
as, que constituem as principais profissões hoje atuantes no SUAS, mento da necessidade de diálogo profissional e cooperação.
requer interface com as políticas da saúde, Previdência, educação, Nessa perspectiva, é fundamental assegurar a participação
trabalho, lazer, meio ambiente, Comunicação Social, segurança e dos(as) profissionais das diferentes categorias que integram as
habitação, na perspectiva de mediar o acesso dos(as) cidadãos(ãs) equipes dos CRAS e CREAS e dos(as) usuários(as), nos Conse-
aos direitos sociais. lhos de Assistência Social, como forma de fortalecimento da con-
As abordagens das profissões podem somar-se com intuito de tribuição das diferentes profissões para a construção do SUAS e
assegurar uma intervenção interdisciplinar capaz de responder a para a qualificação dos espaços de controle social democráticos.
demandas individuais e coletivas, com vistas a defender a constru- Destaca-se também a importância da atuação conjunta na perspec-
ção de uma sociedade livre de todas as formas de violência e ex- tiva da organização dos(as) usuários(as), com vistas a viabilizar
ploração de classe, gênero, etnia e orientação sexual. Ao integrar a sua participação nos Conselhos, bem como intervir no sentido de
equipe dos(as) trabalhadores(as) no âmbito da política de Assistên- tornar acessível à população as deliberações das Conferências e
cia Social, os(as) profissionais podem contribuir para criar ações dos Conselhos de Assistência Social, aprimorando os mecanismos
coletivas de enfrentamento a essas situações, com vistas a reafir- de divulgação e socialização dos debates com a população.
mar um projeto ético e sócio-político de uma nova sociedade que Pela sua formação e experiência, os/as assistentes sociais têm
assegure a divisão equitativa da riqueza socialmente produzida. uma função estratégica na análise crítica da realidade, no sentido
Dessa forma, o trabalho interdisciplinar em equipe deve ser de fomentar o debate sobre o reconhecimento e defesa do papel da
orientado pela perspectiva de totalidade, com vistas a situar o in- assistência social e das políticas sociais na garantia dos direitos e
divíduo nas relações sociais que têm papel determinante nas suas melhoria das condições de vida; isso sem superestimar suas en-
condições de vida, de modo a não responsabilizá-lo pela sua con- frentamento das desigualdades sociais, gestadas e cimentadas nas
dição socioeconômica. O Código de Ética Profissional de assis- determinações macroeconômicas que impedem a criação de em-
tentes sociais, por exemplo, estabelece direitos e deveres que, no prego, redistribuição de renda e ampliação dos direitos. Da mes-
âmbito do trabalho em equipe, resguardam-lhes o sigilo profissio- ma maneira, têm um papel fundamental na compreensão e análise
nal, de modo que estes(as) não podem e não devem encaminhar, a crítica da crise econômica e de sociabilidade que assola o Brasil e
outrem, informações, atribuições e tarefas que não estejam em seu o mundo. Essa crise é fortemente determinada pela concentração
campo de atuação. Por outro lado, só devem compartilhar informa- de renda e expressa-se nos altos índices de desemprego, violên-
ções relevantes para qualificar o serviço prestado, resguardando o cia, degradação urbana e do meio ambiente, ausência de moradias
seu caráter confidencial, assinalando a responsabilidade, de quem adequadas, dificuldade de acesso à saúde, educação, lazer e nas
as receber, de preservar o sigilo. Na elaboração conjunta dos do- diferentes formas de violação dos direitos.
cumentos que embasam as atividades em equipe interdisciplinar, Portanto, não se pode analisar e planejar a Assistência Social
psicólogos/as e assistentes sociais devem registrar apenas as infor- isolada do conjunto das políticas públicas e nem se pode reforçar a
mações necessárias para o cumprimento dos objetivos do trabalho. perspectiva de que o enfrentamento das desigualdades estruturais
Em virtude dos desafios impostos na atuação interdisciplinar pode se dar pela via da resolução de problemas individualizados
na política de Assistência Social, considera-se importante a criação e que desconsiderem as determinações objetivas mais gerais da
de espaços, no ambiente de trabalho, que possibilitem a discussão sociabilidade Os desafios que se colocam demandam dos/as profis-
e reflexão dos referenciais teóricos e metodológicos que subsidiam sionais, e dos/as assistentes sociais especialmente, uma articulação
o trabalho profissional e propiciem avanços efetivos, consideran- na defesa do SUAS e de todas as políticas sociais, a partir de uma
do as especificidades das demandas, das equipes e dos(as) usuá- leitura crítica da realidade e das demandas sociais.
rios(as). A construção do trabalho interdisciplinar impõe aos(às) Embora Serviço Social e Psicologia, principais profissionais
profissionais a realização permanente de reuniões de planejamen- hoje inseridos no SUAS, possuam acúmulos teórico-políticos dife-
to e debates conjuntos a fim de estabelecer as particularidades rentes, o diálogo entre essas categorias profissionais aliará reflexão
da intervenção profissional, bem como definir as competências e crítica, participação política, compreensão dos aspectos objetivos e

Didatismo e Conhecimento 40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
subjetivos inerentes ao convívio e à formação do indivíduo, da co- O assistente social é um profissional assalariado e sua inser-
letividade e das circunstâncias que envolvem as diversas situações ção no mercado de trabalho perpassa por condições econômicas e
que se apresentam ao trabalho profissional. É possível construir, a sociais previamente determinadas.
partir dessa ação interdisciplinar, um cenário de discussão sobre Conforme Raichelis (2011), a reestruturação produtiva do ca-
responsabilidades e possibilidades na construção de uma proposta pital atinge o mercado de trabalho do assistente social tanto no se-
ético-política e profissional que não fragmente o sujeito usuário da tor público quanto no privado. O movimento nas empresas indus-
política de Assistência Social. O trabalho em equipe não pode ne- triais é de mudança e/ou redução de postos de trabalho, enquanto
gligenciar a responsabilidades individuais e competências, e deve no setor público ocorre a ampliação devido à descentralização dos
buscar identificar papéis, atribuições, de modo a estabelecer obje- serviços sociais públicos.
tivamente quem, dentro da equipe multidisciplinar, encarrega-se
Nas empresas, os postos de trabalho profissional são reduzi-
de determinadas tarefas.
O conhecimento da legislação social é um pré-requisito para o dos, quer pela não substituição de trabalhadores desligados quer
exercício do trabalho. No caso do Serviço Social, esta é uma ma- pela absorção das tarefas do profissional por elementos polivalen-
téria obrigatória prevista nas Diretrizes Curriculares. A atualização tes, “quanto na transferência das atividades do assistente social
do conhecimento dos marcos legais, contudo, é uma necessidade para terceiros, na forma de consultoria” (Cesar, 2010).
contínua de todos(as) os(as) trabalhadores(as) e deve ser buscada Esses fatores causaram inflexões nas condições de trabalho
conjuntamente pelas equipes do SUAS. dos assistentes sociais e, também, reorientaram sua função social,
A consolidação do processo coletivo de trabalho de assistentes já que novas demandas foram instituídas aos profissionais, inci-
sociais na política de Assistência Social não está desvinculada das dindo sobre suas competências, atribuições e autonomia. A esse
lutas pela garantia de um Estado democrático, comprometido com respeito, seguem ainda as seguintes ponderações:
os direitos da classe trabalhadora. Isso porque a intervenção profis- a) Serra (2010), em análise de resultados de sua pesquisa rea-
sional não se realiza e nem pode ser tratada como responsabilidade
lizada em 1998, com relação ao setor empresarial, pontua que,
individual dos(as) trabalhadores(as). (Parâmetros para a Atuação
de assistentes Sociais na Política de Assistência Social). além da tendência a prevalecer um número reduzido de assisten-
tes sociais por empresa - um e no máximo dois profissionais -, as
demandas do Serviço Social sofreram alterações, pois foram cen-
tradas não somente na prestação e administração de benefícios,
mas também para os programas de formação e qualificação de
3.2. ASSESSORIA, CONSULTORIA E
mão de obra ou de qualidade total, que eram exigências decorren-
SERVIÇO SOCIAL
tes da reestruturação produtiva no Brasil, perpassadas por nova
racionalidade técnica e ideopolítica;
b) com relação às demandas do profissional, Amaral e Cesar
(2009), recorrem a Mota (1985) e descrevem que, nas empresas,
Para as reflexões deste texto, parte-se da realidade social da o Serviço Social mantém o seu caráter “educativo”, voltado para
prática profissional, mediada por questões da reestruturação pro- mudanças de hábitos, atitudes e comportamentos do trabalhador,
dutiva do capital, amplamente discutida na literatura do Serviço objetivando sua adequação ao processo produtivo. O profissional
Social, da qual se destacam os seguintes fatores: continua sendo requisitado para responder às questões que inter-
a) o processo de reestruturação produtiva desencadeou mu- ferem na produtividade - absenteísmo, insubordinação, acidentes,
danças nas operações de diferentes setores da atividade econômica alcoolismo etc. -; a intervir sobre os aspectos da vida privada do
capitalista, alterando estruturas produtivas e, por consequência, o trabalhador, que afetam seu desempenho - conflitos familiares, di-
mercado de trabalho; ficuldades financeiras, doenças etc. - e a executar serviços sociais
b) as alterações no mercado de trabalho são evidenciadas a asseguradores da força de trabalho.
partir de novas formas de contratação, inserção e manutenção do Esse “pano de fundo” fez-se necessário para fundamentar al-
trabalho, além da redução dos postos e consequente desemprego;
gumas das implicações que a reestruturação produtiva imprimiu
c) os efeitos da reestruturação produtiva, conforme Amaral e
Cesar (2009), expressam-se pela flexibilização do trabalho e des- ao mercado trabalho e às condições de trabalho dos assistentes
regulamentação das leis trabalhistas, resultantes de um movimento sociais em empresas, com consequências também verificadas no
mais geral da economia mundial que, entre outros efeitos, redire- trabalho dos profissionais das consultorias pesquisadas.
cionaram as estratégias empresariais, de forma a possibilitar uma Considerando as mudanças ocorridas na forma de inserção
cultura do trabalho adequada aos requerimentos de produtividade, desse profissional, por meio das consultorias/assessoria, apreen-
competitividade e maior lucratividade; de-se que, como “atividade-meio” na empresa, o Serviço Social
d) nas empresas capitalistas, a partir da necessidade de aten- estará (se já não estiver) cada vez mais próximo do processo de
der a um mercado globalizado e altamente competitivo, estratégias terceirização. O desafio que se apresenta ao profissional é o de
como privatizações, fusões de empresas, novas formas de produzir estabelecer a forma pela qual pretende ingressar nesse espaço, em
mercadorias, marcadas pelas exigências de produtividade, quali-
quais condições, e qual relação social estabelecerá com os de-
dade e rentabilidade, impulsionaram a modernização tecnológica
mais trabalhadores, a partir dos elementos contidos no seu projeto
(gerenciais, instrumentais e técnicas), introduziram novas formas
de gerenciamento da força de trabalho, novas políticas de admi- profissional, na condição de trabalhador também subordinado à
nistração dos recursos humanos e organização do trabalho, com exploração pelo capital.
consequências diretas para o trabalhador.

Didatismo e Conhecimento 41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Consultorias/assessorias empresariais: significados e im- Na condição de profissional autônomo, sem vínculo trabalhis-
plicações da função no âmbito da profissão na área do Serviço ta, o assistente social é obrigado a ter inscrição profissional no
Social Conselho Regional de Serviço Social (Cress). Também necessita
inscrever-se e atualizar seus dados no Cadastro de Contribuintes
O trabalho dos assistentes sociais nas consultorias/assessorias Mobiliários (CCM), na prefeitura do município em que exerce-
empresariais passa a integrar o mercado de trabalho profissional a rá suas atividades, pois esse tipo de contratação implica o paga-
partir de meados dos anos 1990. Contudo, considerando estudos mento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) ao
sobre as repercussões da reestruturação produtiva para a profis- município. Ainda sobre o assunto, o Cress posiciona-se, para a
são, realizados nesse período, por Serra (2010), Mota e Amaral categoria profissional, como não sendo o órgão competente para
(2010) e Cesar (2010), induz-se que isso se deu sem assegurar as ditar exigências de âmbito contratual, e orienta os profissionais a
condições e relações de trabalho defendidas pelo Serviço Social negociarem seus honorários com base na Tabela Referencial de
brasileiro. Honorários de Serviço Social (TRHSS).
Nas empresas, entre as condições de trabalho estabelecidas Quanto à inscrição de pessoa jurídica, visando prestar servi-
no contexto da reestruturação, sobressaem as citadas por Cesar ços em assessoria, consultoria, planejamento, capacitação e outros
(2010), que dizem respeito à instabilidade e à insegurança sofri- da mesma natureza em Serviço Social, o Conselho Federal de Ser-
das pelos profissionais, devido à redução de postos de trabalho, e viço Social (CFESS) estabelece a obrigatoriedade de registro da
responsáveis pelos esquemas de subcontratação por meio da ter- pessoa jurídica, assim como o pagamento de anuidade ao Cress.
ceirização, ou do estabelecimento de vínculos precários e tempo- A Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993, que regulamenta a
rários, que se manifestam também na precarização do trabalho, em profissão de assistente social, com relação a assessoria e consulto-
termos salariais e de benefícios sociais. ria, nos artigos 4º e 5º, refere-se às competências e atribuições do
Conforme a autora, para os assistentes sociais subcontrata- profissional:
dos, há uma clara diferenciação: salários mais baixos e [ausência Art. 4º Constituem competências do assistente social:
de] benefícios sociais regulados pelo Estado. Para os assistentes VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administra-
sociais efetivos, há uma maior dependência dos benefícios ofe- ção pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades,
recidos [pelas empresas] e os profissionais admitem que tais be- com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo;
nefícios acabam prendendo-os à empresa. Raichelis (2011), em IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em ma-
artigo recente a respeito do assunto terceirização, chama a atenção téria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos
para a influência nas condições de trabalho do assistente social, direitos civis, políticos e sociais da coletividade;
nos diferentes espaços institucionais, a partir da dinâmica flexi- Art. 5º Constituem atribuições privativas do assistente social:
bilização/precarização, que, para além do rebaixamento salarial e III - assessoria e consultoria a órgãos da Administração Pú-
perda de benefícios sociais, ocasiona o seguinte: [...] intensifica- blica direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em
ção do trabalho, aviltamento dos salários, pressão pelo aumento matéria de Serviço Social. (CFESS, 2011).
da produtividade e de resultados imediatos, ausência de horizontes A respeito do tema consultoria, na bibliografia do Serviço So-
profissionais de mais longo prazo, falta de perspectivas de progres- cial, além de registrar referência recente, nota-se que mais de um
são e ascensão na carreira, ausência de políticas de capacitação autor conjuga o termo consultoria ao de assessoria. Para Matos
profissional, entre outros. (2010), a distinção entre ambos é considerada mínima, por isso
Boschetti (2011) também reconhece que os profissionais têm ele se refere aos dois processos de forma indistinta. O autor define
vivenciado, na atualidade, os percalços dos demais trabalhadores, assessoria e consultoria como “aquela ação que é desenvolvida por
como desemprego, terceirização, informalidade e prestação de ser- um profissional com conhecimentos na área, que toma a realidade
viços sem regulamentação. como objeto de estudo e detém uma intenção de alteração da reali-
Embora não se disponha de dados nacionais sobre as condi- dade”. Portanto, o assessor/consultor deve ser alguém permanente-
ções de trabalho de assistentes sociais, é óbvio que os efeitos da mente atualizado e com capacidades técnica e teórica de apresentar
crise, que impacta de modo destrutivo a vida da classe trabalhado- suas proposições.
ra, atinge igualmente os(as) assistentes sociais.
Para Matos (2009), a assessoria e a consultoria, são atribui-
Assinala que, de maneira geral, o Brasil registrou crescimento
ções dos assistentes sociais no conjunto das atividades que desen-
no emprego formal, no ano de 2010, de 6,9%, em relação a 2009,
volvem em seus locais de trabalho, embora seja na universidade
e, embora represente 50,7% da população economicamente ativa
que o profissional encontra seu espaço privilegiado.
(PEA) com carteira assinada, a condição de trabalho continua sen-
Lúcia Freire, em artigo que integra o livro organizado por Bra-
do de forte precarização e informalidade, representada por “[...]
vo e Matos (2010), relata a experiência que talvez seja a única na
49,3% da PEA sem contrato formal de trabalho e sem acesso aos
bibliografia do Serviço Social, que se refere à assessoria e consul-
direitos, como previdência, seguro-desemprego e os demais direi-
toria a empresas e aos seus gestores e trabalhadores. Freire (2010),
tos dependentes do emprego formal” (Boschetti, 2011).
O trabalho do assistente social enquadra-se, de acordo com de início, reforça que esse tipo de assessoria e de consultoria é di-
a literatura da economia, no setor de serviços. Embora seja um ferente do contratado pelas empresas - consultorias externas - em-
profissional liberal, inserindo-se no conceito de profissões regula- pregadas exclusivamente para profissionais e dirigentes. Baseada
mentadas, são trabalhadores, que na grande maioria não dispõem nessa relação, a autora questiona, inclusive, por que se assessoram
dos meios próprios e instrumentos de trabalho. Podem exercer seu apenas os dominantes (gestores, dirigentes, gerentes) e os pares
trabalho na qualidade de empregado ou prestador de serviço de (profissionais), e não os sujeitos usuários dos programas. A esses,
forma autônoma. apenas se “’orienta’ e ‘educa’”.

Didatismo e Conhecimento 42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Justifica, ainda, no referido artigo, que tem utilizado a ação de Conforme a autora, a finalidade do trabalho de consultoria
assessorar para todos os sujeitos atendidos pelo Serviço Social, em visa a mudança de uma realidade, demonstrando, desta forma,
razão de expressar, de forma mais contundente, a perspectiva de- também a necessidade de o consultor estar qualificado por instru-
mocrática de respeito à capacidade desses sujeitos de pensar sobre ção superior e experiência específica. Conforme consta,
a sua realidade e elaborar seus planos de ação, nesta perspectiva, Os trabalhos desenvolvidos pelo consultor/assessor de orga-
o verbo assessorar substitui os verbos assistir, atender, apoiar, en- nização devem ser realizados visando à introdução de inovações
caminhar e a maioria dos compreendidos na ação profissional, na que objetivem auferir um melhor desempenho do cliente, transfe-
perspectiva de ruptura com o conservadorismo. rindo-lhes todos os conhecimentos necessários à perfeita continui-
A experiência relatada caracteriza-se como assessoria e con- dade do funcionamento dos serviços implantados, jamais retendo
sultoria interna, embora esclareça que, na década de 1990, o traba- elementos ou mantendo reserva sobre conhecimentos que seriam
lho não era identificado dessa forma. As demandas de assessoria importantes para que o cliente se torne independente em relação
praticadas e mencionadas pela autora destinaram-se a gerentes ao consultor.
isoladamente, a trabalhadores isoladamente, ou ao conjunto de ge- Oliveira (2004) relaciona o aumento do número de empresas
rentes ou representantes da empresa e trabalhadores, como na [Co- de consultorias a algumas tendências, entre as quais se destaca o
missão Interna de Prevenção de Acidentes] Cipa. Podem ocorrer
objetivo deste texto, qual seja, o aumento da demanda de consul-
também demandas temporárias, na introdução de novos projetos e
toria “como consequência dos processos de terceirização”. O autor
em reestruturações, com grandes pesquisas para obter a adesão de
acrescenta que as empresas estão direcionando todos os esforços
trabalhadores ou um controle diferenciado por eles (muitas vezes,
apenas na aparência de que existe um controle social de fato). para o núcleo de seu negócio, e, nesse contexto, utilizam a ter-
Freire (2010) destaca que esse espaço na área do trabalho é ceirização como estratégia para facilitar o processo. Descreve a
contraditório, e nele se convive com conflitos de interesses, mas terceirização como processo administrado de transferência, para
também com consensos. O profissional que coordena o trabalho terceiros, de atividades que não constituem a essência tecnológica
“em dependência do seu saber teórico-metodológico, de suas habi- dos produtos e serviços da empresa, pois envolvem tecnologias
lidades técnico-operacionais e de sua postura ético-político [...]”, de pleno domínio do mercado e, por conseguinte não consolidam
a partir de sua autonomia (limitada e restrita), poderá utilizá-la no quaisquer vantagens competitivas, quer sejam tecnológicas ou co-
sentido de favorecer mais os trabalhadores ou somente os empre- merciais, além de contribuírem para o aumento dos custos fixos
sários. Considera que ambos ganham. O empresário e os gestores, da empresa.
por terem os trabalhadores satisfeitos a partir de suas conquistas, Cita ainda, como exemplos da elevada terceirização, os ser-
produzindo melhor e prestando melhores serviços; e os trabalha- viços de recursos humanos e de informática, os quais são transfe-
dores, pelo mérito no alcance das suas conquistas e, principalmen- ridos para as consultorias, por representarem melhor qualidade e
te, pela prática do exercício político. custos menores. E que, embora os serviços terceirizados, em sua
No entanto, concorda-se com a autora, ao referir que somente maioria, não sejam considerados como de consultoria empresarial,
os assistentes sociais com perfil qualificado, capacitado e atualiza- existem algumas exceções em fase de crescimento, como é o caso
do apresentarão a vantagem de apreender a realidade, no seu coti- da transferência para terceiros (consultores e empresas de con-
diano de trabalho, sem descartar os limites institucionais, e muitas sultoria), de algumas atividades que agreguem valor ao produto e
vezes os limites históricos, e contribuirão para constituir novos serviço oferecidos pela empresa-cliente. A empresa pode decidir
sujeitos políticos diante da classe trabalhadora. “eliminar alguma atividade ou realizar esta situação de maneira
Na bibliografia da área de administração, que concentra a indireta, por meio da terceirização” (Oliveira, 2004, p. 82).
maioria dos estudos a respeito de consultorias empresariais, cons- As consultorias empresariais envolvidas neste estudo confi-
tata-se que essa modalidade representa o resultado da busca de guram, de maneira geral, a descrição acima feita pelo autor, na
novas estratégias de gestão, impulsionadas pelas mudanças cons- medida em que prestam parecer sobre assunto de sua especialidade
tantes decorrentes da globalização, pelo avanço tecnológico, pelos às empresas contratantes e terceirizam a atividade dos assistentes
novos modelos de competitividade, pela velocidade do processo
sociais.
de especialização, pelas exigências do consumidor, e maximização
da qualidade e do lucro, e adentram cada vez mais nas empresas
Algumas notas sobre a terceirização: flexibilização e pre-
privadas.
Conforme Djalma Oliveira (2004), a consultoria empresarial é carização
um dos segmentos de prestação de serviços que mais tem crescido
no mundo, representando um dos campos de trabalho mais pro- Graça Druck e Tânia Franco (2008), a respeito da terceiriza-
curados por jovens graduados em universidades europeias e ame- ção, referem-se a Carelli (2003), que conceitua a palavra como
ricanas. Conforme pesquisa a respeito, a justificativa dada pelos uma criação brasileira, revelando o real conteúdo da prática, qual
jovens é que esse segmento representa a possibilidade de maior seja, o “repasse ou a transferência de uma atividade a um ‘tercei-
rapidez na evolução de conhecimentos adquiridos e a percepção ro’ ou um ‘outro’, que deveria se responsabilizar pela relação em-
de um crescimento do negócio consultoria em relação a outros pregatícia e, portanto, pelos encargos e direitos trabalhistas. Essa
negócios, principalmente quando comparados aos segmentos da transferência é realizada por um ‘primeiro’. Como não se aborda
indústria e do comércio. quem seria o “segundo”, as autoras concluem que o termo indica
Elizenda Orlickas (2001) descreve consultoria como sendo “o posição periférica, e nos mais diversos setores em que a terceiriza-
fornecimento de determinada prestação de serviço, em geral, por ção se realiza, aponta para uma desqualificação, em geral para uma
um profissional muito qualificado e conhecedor do tema, provido condição mais baixa, precária, menos central e de subordinação
de remuneração por hora ou projeto, para um determinado cliente”. aos “primeiros”.

Didatismo e Conhecimento 43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Conforme relatório técnico elaborado pelo Departamento In- Quanto à legislação regulamentadora da terceirização, a polê-
tersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o mica e o debate são intensos e representam, para a classe trabalha-
que se terceiriza é a atividade, e não a empresa ou o trabalhador. dora, um dos maiores problemas, pela inexistência de legislação
“A empresa terceira contrata o trabalhador, que não é terceirizado, específica sobre a modalidade no Brasil.
mas faz parte do processo de terceirização”. Graça Druck (2009) reporta-se à precarização do trabalho no
Para Denise Motta Dau (2009), os principais objetivos das Brasil como uma característica oriunda do trabalho escravo, e que
empresas, com o processo de terceirização, são custos reduzidos perdurou até o trabalho assalariado, e do grau de informalidade
e maior flexibilidade da gestão da força de trabalho em termos do trabalho nas regiões de fraco desempenho industrial, como é
de contratação e demissão, “o que para a classe trabalhadora tem o caso do Norte e Nordeste. Reconhece também que, em varia-
significado redução de direitos, maior instabilidade e condições de dos momentos históricos, houve conquistas dos trabalhadores, nas
trabalho, de modo geral, adversas”. formas de proteção social e trabalhistas, identificando, em 1944, a
É importante destacar que, na visão da autora, as empre- edição da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o avanço da
sas terceirizam tudo o que é possível, caminho apontado pelos industrialização e o crescimento da classe operária brasileira.
empresários como para a modernidade, quando, na realidade, Assegura, no entanto, que há uma nova precarização social do
a terceirização no Brasil apresenta pouca relação de moderni- trabalho, que atinge tanto as regiões mais desenvolvidas do país
dade, quando comparada ao modelo japonês, já que não promo- quanto as mais tradicionalmente marcadas pela precariedade, e re-
ve relação de parceria, de especialização, de aperfeiçoamento gistrada nos setores mais dinâmicos e modernos, nas indústrias de
da qualidade, que orientaram a reorganização da produção e ponta e também nas formas mais tradicionais do trabalho informal,
do trabalho no Japão. A prática econômica e a gerencial, nas por conta própria, autônomo etc., que atinge tanto os trabalhadores
empresas e organizações em geral, combinadas com o ideário qualificados como os menos habilitados. Por fim, a autora destaca
neoliberal, elege a terceirização como prática estratégica para que essa precarização se estabelece e se institucionaliza fragili-
reduzir custos em todos os setores produtivos. A «modernida- zando os vínculos e impondo perda “dos mais variados tipos (de
de» «tem sido mera retórica para legitimar um novo padrão de direitos, do emprego, da saúde e da vida) para todos os que vivem-
produção que tem como núcleo a flexibilização e a precariza- do-trabalho” (Druck, 2009).
ção do trabalho» (Dau, 2009, p. 170).
O caso de consultorias/assessorias empresariais e os pro-
Na visão de empresários e consultores/assessores, a terceiriza-
fissionais do Serviço Social
ção gera empregos e contribui para aumentar a especialização e a
qualidade dos serviços. Na visão dos sindicalistas, é destruidora de
Identifica-se que as consultorias/assessorias (A e B) partici-
empregos e de direitos, pois, quando uma empresa terceiriza ativi-
pantes da pesquisa qualitativa têm o perfil de consultoria empre-
dades e serviços, o faz para empresas cujo acordo coletivo (quando
sarial, uma vez que fornecem determinada prestação de serviço,
existente) é negociado em condições inferiores à da grande empre-
a especialização de seus consultores/assessores, para as empresas
sa, além do que a renda, os benefícios e as condições de trabalho
clientes. Os assistentes sociais que prestam serviços por meio das
apresentam-se superior ao das pequenas empresas (Dau, 2009). consultorias/assessorias participantes são denominados de con-
Graça Druck (1999), com base em informações do Dieese sultores/assessores em Serviço Social e consultores/assessores de
(1994), aborda a terceirização a partir de dois padrões: reestrutu- atendimento. Para as empresas clientes, são considerados consul-
rante e predatório. No primeiro, a finalidade é a redução de custos, tores/assessores externos, uma vez que não as integram legal e ad-
a partir de determinantes tecnológicos e organizacionais, já que ministrativamente.
a focalização possibilita ganhos de produtividade e eficiência, ao Confirma-se a tendência apontada no estudo nacional, realiza-
mesmo tempo que, ante a instabilidade do mercado, permite trans- do pelo CFESS (2005), a respeito das mudanças na nomenclatura
ferir os riscos para terceiros. Esse padrão estaria relacionado com dos cargos e funções exercidos pelos profissionais, que tendem a
a qualidade e a produtividade e inserido, portanto, no novo para- refletir mais as funções e competências do que a formação profis-
digma tecnológico. O segundo padrão é reconhecido, pela autora, sional original.
como o predominante no Brasil, e definido da seguinte forma:[...] As consultorias/assessorias têm características distintas,
caracteriza-se pela redução de custos através da exploração de re- considerando-se a forma e prestação dos principais serviços,
lações precárias de trabalho. Essa terceirização recorre a todas as desenvolvidos pelos assistentes sociais, e, por consequência, al-
principais formas de trabalho precário: a) subcontratação de mão teram-se as relações sociais estabelecidas com os empregados
de obra; b) contrato temporário; c) contratação de mão de obra por das empresas clientes.
empreiteiras; d) trabalho a domicílio; e) trabalho por tempo par- A Consultoria/assessoria A foi constituída em 1998 e tem
cial; f) trabalho sem registro em carteira. O que se observa, portan- como característica principal a prestação de serviço especializado
to, é uma flexibilização dos direitos trabalhistas, um mecanismo de em Serviço Social, e, conforme a representante legal, os progra-
tentar neutralizar a regulação estatal e a regulação sindical. mas mais contratados pelas empresas são aqueles que envolvem
É certo que um dos processos para entender o que envol- o atendimento social e emergencial, bem como o destinado ao
ve a terceirização seja a «contratação, visto que é evidente o acompanhamento de empregados em afastamentos previdenciá-
arbitramento na flexibilização dos contratos com terceiros. «A rios. Conforme site da consultoria, por meio desses programas,
terceirização é uma das principais formas ou dimensões da fle- oferecem atendimento 24 horas para situações de emergência; en-
xibilização do trabalho, pois ela consegue reunir e sintetizar trevista social; visitas domiciliar e hospitalar; captação de recursos
o grau de liberdade que o capital dispõe para gerir, e, desta públicos; suporte social aos gestores, funcionários e familiares;
forma, dominar a força de trabalho”. orientação em casos de falecimento, nos âmbitos nacional e inter-

Didatismo e Conhecimento 44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
nacional; apoio a incidente crítico (violência urbana, acidente de Partindo do ano de constituição das consultorias - 1998 e 2000
trabalho, entre outros); orientação e acompanhamento decorrentes -, constata-se que ambas vêm suprir, para as grandes empresas,
de desequilíbrio orçamentário; e dependência química. uma demanda iniciada nos anos 1980, relacionada à política ge-
Para disponibilizar os serviços às empresas clientes, possui 25 rencial de recursos humanos de extensa diversidade de planos de
profissionais, dos quais dezenove são formados em Serviço Social, benefícios e serviços sociais. Esse período é marcado pelo avanço
ocupando, em novembro de 2011, os seguintes cargos: um diretor, tecnológico nas empresas e necessidade de envolvimento dos em-
um gerente, dois supervisores e quinze assistentes sociais. Desses, pregados para o alcance da produtividade e da qualidade.
dez são autônomos, e revezam-se na central de atendimento e tam- Paralelamente, outra tendência que se inicia, nesse período,
bém de forma presencial nas empresas clientes para a prestação de é a terceirização, visando reduzir os quadros e setores de trabalho
serviços, e cinco são contratados via CLT, para trabalhar em uma que não representassem as atividades-fim da empresa e que se ex-
empresa que assim exigiu. Além desses profissionais, a consultoria pressam também como forma de aumentar a lucratividade. Com
tem uma rede credenciada composta por 3.500 assistentes sociais, isso, várias áreas administrativas, muitas relacionadas a recursos
2 mil psicólogos e alguns advogados, todos autônomos, distribuí- humanos - campo da prática do profissional do Serviço Social -,
dos em várias localidades no Brasil. são entregues a terceiros, a consultorias especializadas.
A Consultoria B foi constituída como empresa limitada, no Os serviços oferecidos pelas Consultorias A e B, no campo do
ano de 2000, e trouxe para o Brasil o conceito de Employee Assis- Serviço Social, referem-se às “velhas demandas”, expressas em
tance Programs (EAP) ou, como também é conhecido, Programa
intervenções, e não em ações profissionais, com os empregados
de Assistência ao Empregado (PAE). De origem americana, surgi-
das empresas contratantes, para situações pontuais, na maioria de
do em 1940, inicialmente voltava-se para programas ocupacionais
de prevenção e tratamento do alcoolismo. Atualmente, abrange caráter individual, com a finalidade de orientar sobre como obter
ampla variedade de problemas e consta em 90% das maiores em- bens ou acesso a serviços.
presas americanas. Evidenciam-se também a manutenção de práticas vinculadas
É uma empresa pioneira no Brasil no conceito EAP, con- às relações de trabalho, já que os consultores são requisitados para
siderado um programa que complementa o plano de benefí- atender problemas pessoais que interferem na produtividade. As
cios sociais oferecidos pelas empresas de grande porte. Para questões de natureza psicossocial associam-se aos atendimentos a
o atendimento, a consultoria tem uma rede credenciada de problemas não relacionados diretamente com o processo de traba-
profissionais especialistas em dependência química, psicologia, lho, mas a questões de caráter humanitário, função tradicional da
psiquiatria, serviço social e direito. Para as questões do Serviço profissão. Pode-se inferir que os profissionais do Serviço Social,
Social atualmente a rede é composta por duzentos assistentes nas consultorias pesquisadas, desenvolvem atividades instituídas
sociais distribuídos no território latino-americano, acionados (pelas consultorias e empresas), e não são envolvidos em deman-
nas demandas. Todos esses profissionais prestam serviço para das oriundas das novas tecnologias de gerenciamento, como, por
a consultoria de forma autônoma. exemplo, os programas de formação e qualificação da mão de
Como descrito no site da consultoria, o programa atende às se- obra, verificadas em estudos de Serra (2010) e Cesar (2010) sobre
guintes demandas: ansiedade, angústia, depressão, pânico e outros as demandas apresentadas ao Serviço Social advindas da reestru-
problemas emocionais; dificuldades de relacionamento pessoal e turação produtiva.
profissional; problemas no trabalho; situações de luto ou perda;
As duas consultorias oferecem às empresas clientes o esque-
estresse diário, situações críticas e emergências, como assaltos, se-
questros, acidentes e desastres; envolvimento com álcool e drogas; ma de trabalho por 24 horas, e isso significa que os consultores
convívio com idosos; crianças com problemas de aprendizagem ou ficam de sobreaviso para atendimentos emergenciais aos emprega-
necessidades especiais; dificuldades financeiras ou planejamento dos. O esquema exige, do profissional de plantão, disponibilidade
financeiro familiar; e orientações sobre questões legais. após o expediente de trabalho (geralmente noite e madrugada) e
A Consultoria B tem, ao todo, 65 profissionais, divididos entre nos fins de semana. O acionamento é feito por telefone móvel, e
os escritórios de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em São Paulo, a o consultor poderá resolver a situação à distância, ou acionar um
equipe da Consultoria B é composta por 35 profissionais e, desses, profissional da rede credenciada para conduzir o caso. Na Consul-
catorze têm formação em Serviço Social, ocupando os seguintes toria A, o consultor poderá ainda comparecer ao local do fato, se
cargos: um gerente de operações, um executivo de contas, um ge- estiver dentro da área de sua atuação.
rente de rede credenciada, dez consultores de atendimento, que O atendimento 24 horas disponibilizado às empresas exige
são assistentes sociais, e um estagiário de Serviço Social. Recente- dos profissionais das consultorias a flexibilidade das condições
mente, todos os profissionais da consultoria de autônomos passa- de trabalho para o atendimento a empregados da era globalizada,
ram a ser contratados celetistas. ocasionada a partir da abertura dos mercados. A abrangência ofere-
O atendimento aos empregados (das empresas contratantes) cida pelas consultorias (várias localidades no Brasil e na América
que recorrem ao PAE, principal produto da consultoria, ocorre a Latina) evidenciam que as consultorias também flexibilizaram a
partir de uma central de atendimento, por um consultor especia- sua mão de obra.
lizado, que são psicólogos e assistentes sociais, instalados inter-
Sobre a relação estabelecida com o empregado atendido, as
namente na consultoria. Esses profissionais não são responsáveis
consultoras são unânimes em relatar que se cria uma relação de
pelos atendimentos externos. A partir de sistema informatizado,
é identificado o cliente, o programa contratado, se o PAE, o nú- confiança, inclusive naqueles casos em que o atendimento não se
mero de sessões, que geralmente são seis, para resolução do caso dá pelo mesmo profissional, ou é feito apenas por telefone. Na
apresentado, que pode variar a cada ligação. Os consultores fazem Consultoria B, onde a totalidade dos casos é atendida a distância,
a triagem inicial, orientam ou encaminham para profissionais da relata-se também a criação de vínculos. As entrevistadas revelam
rede credenciada e acompanham o caso até que seja finalizado. que a confidencialidade, confiabilidade e disponibilidade do servi-
ço 24 horas são as principais vantagens para os empregados. Lem-

Didatismo e Conhecimento 45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
brando que esse é o ponto de vista dos assistentes sociais, uma vez Considerando-se que na Consultoria B, recentemente, as as-
que a pesquisa não abrangeu os usuários dos serviços a respeito sistentes sociais, consultoras de atendimento, passaram de autôno-
do assunto. mas para celetistas, e que, na Consultoria A, as consultoras em Ser-
O tipo de atendimento prestado aos empregados das empresas viço Social são autônomas,11 conclui-se, a partir do levantamento,
contratantes é considerado como de caráter orientador pelas profis- que essas consultorias representam uma tendência à informalidade
sionais da Consultoria B, e orientador e educador pelos profissio- do trabalho do assistente social.
nais da Consultoria A, evidenciando que a determinação dos em- Com relação às características profissionais que os assisten-
pregadores (no caso aqui consultoria e empresa) influencia a fina- tes sociais consideram importantes para trabalhar na consultoria e,
lidade da função do Serviço Social nesse ambiente. Confirmam-se consequentemente, prestar serviços nas empresas, a pesquisadora
as ponderações de Freire (2010), a respeito do caráter orientador e elegeu doze itens para serem avaliados pelas profissionais entre-
educativo, que adquire a intervenção do consultor externo, quando vistadas, com nota de um a dez delas. Apenas o item confiança
é dirigida ao empregado. recebeu nota máxima das entrevistadas. Os outros, por ordem cres-
A confidencialidade dos dados do empregado é preservada. cente, foram: bom intermediador de relações, compreensível, com
Para as empresas existe estatística de atendimento por demanda, foco na humanização do local de trabalho, polivalente, conhecedor
dos critérios para prestação de serviços sociais, bom interlocutor
para identificar situações que mereçam intervenções preventivas
da empresa, com qualificação profissional, com perfil educador e
ou desenvolvimento de programa que visem à redução da incidên-
orientador, assertividade no assessoramento à gerência, boa capa-
cia. Diante dessa realidade, as consultoras confirmam o que geral-
cidade técnica e qualificação intelectual.
mente acontece com a atuação profissional nas empresas privadas, Confirma-se, nas consultorias, assim como nas empresas pri-
ou seja, a autonomia relativa, numa margem limitada. vadas, que as novas modalidades de gestão da força de trabalho
O relato de uma das entrevistadas da Consultoria B exempli- requerem, como característica básica do assistente social, a con-
fica o fato: “O empregador recebe relatórios demográficos e por fiabilidade e o bom relacionamento, para o envolvimento com os
demanda, com o propósito de a empresa, a partir daí, desenvolver objetivos da empresa. Evidencia-se que não há requisitos com re-
ações preventivas, mas não sabemos se desenvolve”. lação às características profissionais citadas no Código de Ética
Na Consultoria A, o relato foi similar, já que, eventualmente, profissional, que dizem respeito ao “técnico competente teórica,
se reúnem com os representantes das empresas clientes e, quando técnica e politicamente” (p. 20).
solicitado, podem propor ações. “A consultoria tem um programa As entrevistadas reconhecem o assistente social como um pro-
para o cliente acessar as estatísticas de atendimento, através de se- fissional estratégico na consultoria, capacitado para o atendimento,
nha própria. Com isso, pode fazer o monitoramento das demandas e acreditam no crescimento do número de empresas de consultoria
e custo mensal, e podemos, em conjunto, propor ações preventi- com esse tipo de prestação de serviço, portanto, no aumento de
vas.” vagas para os profissionais no mercado de trabalho.
Quanto à forma de contratação das assistentes sociais, espe- Sobre as vantagens em trabalhar nas consultorias, são diversos
cialmente as consultoras em Serviço Social, que são autônomas, os posicionamentos dos assistentes sociais, todos positivos, com
nota-se que as profissionais não se sentem desprotegidas pelo fato relação à experiência que as relações de trabalho proporcionam ao
de serem subcontratadas pela consultoria, e verificou-se também profissional. Os destaques são para a experiência adquirida com
que buscam alternativas como forma de se preparar para situações a variedade de casos de atendimentos, o incentivo à capacitação
futuras de aposentadoria e desemprego. Não reconhecem, como demandada pelos atendimentos, a troca de experiências entre os
forma de precarização do trabalho, o fato de não serem trabalha- profissionais, e também o conhecimento diversificado das realida-
doras com vínculo empregatício. des empresariais.
Essa constatação remete às ponderações de Druck (2009), a As representantes das consultorias destacam a importância
respeito da institucionalização da precarização do trabalho, e aqui da prestação de serviços para os empregadores (empresa) que
as consultoras consideram natural sua condição de profissional ter- têm equipes de empregados na área comercial, ou com um con-
tingente de trabalhadores em atividades externas. O formato do
ceirizado.
serviço proporcionado pelas consultorias, cada qual com um nível
É relevante o número de assistentes sociais prestadores
de abrangência, 24 horas por dia, possibilita cobertura integral ao
de serviço na rede credenciada. Entre as duas consultorias
atendimento dos empregados e familiares em várias localidades,
contabilizam-se, aproximadamente, 3.700 assistentes sociais, seja Brasil ou na América Latina.
distribuídos em várias localidades (Brasil e América Latina) Na opinião das assistentes sociais, as vantagens para os empre-
para atendimentos diversos, evidenciando que muitos desses gadores se estendem além das questões operacionais. Nos relatos,
profissionais têm mais de um vínculo empregatício, ou apenas apontam questões financeiras, favoráveis às empresas contratan-
esse trabalho de caráter eventual das consultorias. Conforme tes, em terceirizar a atividade, e também vantagens oferecidas pela
relato de uma das entrevistadas, da Consultoria A, «a maioria especialização do serviço, e formato na disponibilização - tempo,
desses profissionais têm o seu trabalho, e prestam serviço para recursos e abrangência. Embora não mencionem o conceito flexi-
a consultoria quando acionados». bilização, é isso que se constata e remete a Graça Druck (2002)
Outro dado relevante, revelado a partir das características das sobre as formas concretas que se difundem em todas as atividades
consultorias, é que a maioria dos clientes que terceirizam as ati- e lugares.
vidades de assistentes sociais é composta de empresas privadas. Ainda sobre a dinâmica do trabalho das assistentes sociais nas
Essas empresas representam 95% dos clientes na Consultoria A consultorias, as entrevistadas foram questionadas se as atividades
e 98,5% a Consultoria B. Foi considerado o número de clientes se constituíam em competências e atribuições dos assistentes so-
informados pelas consultorias. ciais. A questão não teve o objetivo de investigar o conhecimento

Didatismo e Conhecimento 46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
dos profissionais acerca da legislação profissional. A pergunta ini- As consultorias/assessorias especializadas em gestão de pes-
ciou-se com a explicação sobre o conceito dos termos, ou seja, as soas surgem, para as empresas, num momento em que a ampliação
atividades de competências como sendo aquelas que podem ser das políticas de recursos humanos, principalmente e não só, é ca-
realizadas tanto pelo assistente social quanto por outros profissio- racterizada pela combinação de sistema de benefícios e serviços
nais, e as atribuições privativas como sendo as atividades exclusi- sociais como políticas de incentivo à produtividade do trabalho.
vas dos assistentes sociais. As respostas foram 100% afirmativas Novas exigências são requeridas ao assistente social, na conjun-
para as duas questões, mas nota-se que os profissionais confundem tura atual. Competências e atribuições misturam-se com interven-
os termos competências e atribuições, o que pode acontecer levan- ções tradicionais, em novos contextos, próprios da contemporanei-
do-se em conta o redimensionamento dos espaços ocupacionais e dade, como, por exemplo, intervenções nos casos provenientes de
das demandas que definem novas competências ao assistente so- incidentes críticos, de sequestro, assaltos, desastres, acidentes etc.
cial. Para atender às necessidades dos empregados, as consultorias
Iamamoto (2002), em artigo a respeito dos espaços ocupa- informatizam-se, requerem profissionais competentes, com apti-
cionais e trabalho do assistente social na atualidade, alerta que as dão para responder por vários assuntos, confiáveis, bem relaciona-
alterações nas demandas interferem nas funções dos assistentes
dos (no ambiente das consultorias e empresarial), dinâmicos, proa-
sociais que passam a executá-las, mas, “muitas vezes, não são por
tivos, polivalentes, que tenham disponibilidade para o trabalho por
eles reconhecidos como atribuições privativas, tal como estabele-
24 horas (quando nos sobreavisos) e de forma abrangente (rede
cidas tradicionalmente”.
credenciada). O esquema de trabalho para atender a um trabalha-
Completando o pensamento a respeito das alterações que se
processam nas demandas, com o qual esta pesquisadora concorda dor globalizado requer disponibilidade de serviço durante 24 horas
plenamente, a autora discorre que os espaços ocupacionais e as e amplo nível de abrangência (no caso do Brasil e América Latina)
fronteiras profissionais sofrem significativas alterações, pois são e, com isso, organização em rede e equipes internas enxutas.
resultantes históricos e, portanto, móveis e transitórias (Iamamoto, A flexibilidade apresentada pelas consultorias atende ao for-
2002). mato exigido pelas empresas. A dinâmica de trabalho e o esque-
Conforme se demonstrou ao longo deste texto, as consulto- ma montado para o atendimento aos empregados das empresas
rias/assessorias empresariais apresentam-se como contingente de contratantes - a distância, presencial, pela central de atendimento
trabalho profissional e, independentemente do vínculo empregatí- - demonstram que não só as empresas flexibilizaram a sua produ-
cio - seja no regime celetista ou na condição de autônomo -, os as- ção, mediante a desconcentração industrial ou a horizontalização
sistentes sociais são contratados, não para trabalhos profissionais produtiva, expressa na terceirização, mas as consultorias também.
de assessoria/consultoria, no sentido pleno da palavra, como estu- O pressuposto de que, em empresas privadas, assim como nos
dado com Matos (2009, 2010) e Freire (2010), ou com a finalidade serviços públicos, a prestação de serviços dos assistentes sociais,
de transferir conhecimentos necessários à continuidade do funcio- de forma terceirizada, intermediada pelas consultorias empresa-
namento dos serviços implantados, conforme visto com Orlickas riais, era verificável, nas formas de trabalho autônomo, temporá-
(2001). Pela descrição, nas entrevistas, os atendimentos prestados rio, por projeto, por tarefa, pode ser constatada por meio do co-
fazem parte das atividades específicas e especializadas do assisten- nhecimento da constituição dos recursos humanos das consultorias
te social, visando aos objetivos empresariais tanto das consultorias participantes do estudo.
quanto das empresas clientes, de melhoria da qualidade de vida e Os assistentes sociais, na condição de profissionais autôno-
trabalho dos empregados e do clima organizacional, voltados para mos, envolvidos direta e internamente em uma das consultorias/
a produtividade e a lucratividade. assessorias, prestando serviços para as empresas, mais os assis-
As características das consultorias/assessorias permitem a tentes sociais da rede credenciada das duas consultorias, somam
reflexão de que os impactos da reestruturação produtiva nas em- aproximadamente 3.700 profissionais. Essa verificação permite
presas impulsionaram a constituição de prestadores de serviços, deduzir que as consultorias possivelmente sejam uma tendência
em que a hegemonia e a subordinação (ao grande empresariado) de informalização do trabalho do assistente social, sob a aparência
existem, mesmo que de forma ocultada.
de prestação de serviços autônomos. Deve-se lembrar que foram
As consultorias, nas quais trabalham os assistentes sociais
identificadas cinco consultorias e que, portanto, esse número tende
entrevistados, se constituíram no período 1998-2000, no auge do
a ser maior.
toyotismo e da reestruturação produtiva brasileira, marcados, en-
As condições de trabalho flexíveis, o domínio diversificado de
tre outros, pelo neoliberalismo intensificado no governo Fernan-
do Henrique Cardoso, em que a austeridade no gasto público, as informações, o nível de abrangência do alcance para o atendimen-
privatizações, a reestruturação das políticas sociais, a desregula- to, o trabalho part time são os requisitos de empresas da era glo-
mentação e a flexibilização das relações trabalhistas são algumas balizada para essas consultorias/assessorias, no atendimento à re-
características marcantes. produção da sua força de trabalho. A disponibilidade em tempo in-
O retardamento na implementação e na efetivação dos direi- tegral para situações emergenciais, por demanda, remete ao modo
tos sociais postos pela Constituição federal de 1988, a protelação just in time, característica amplamente difundida na reestruturação
na efetivação das coberturas públicas, levam as empresas, a partir produtiva. Os atendimentos de caráter individual, orientador, rela-
de seus interesses, a ampliar seus benefícios ocupacionais, prá- cionados à busca por apoio, informação, encaminhamentos, acon-
ticas essas iniciadas nos anos 1980. Ao mesmo tempo, a lógica selhamentos, para situações pontuais e emergenciais, condicionam
do mercado exige competitividade, produtividade, e lucratividade. a forma e os resultados do trabalho do assistente social e reiteram
Para isso, as empresas apoiam-se na flexibilidade dos processos de que a prática se dê num setor que é contraditório, por envolver
trabalho, que, entre outros fatores, se expressam na terceirização. relações entre capital e trabalho.

Didatismo e Conhecimento 47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Conclui-se que, na gestão organizacional, as consultorias/ “lugar de doido é no hospício”. Supracitado modelo, sobretudo
assessorias seguem o mesmo padrão adotado pelas empresas, ou após a II Guerra Mundial, passa a ser equiparado a um campo de
seja, se apropriam dos processos de reestruturação produtiva, na concentração, por ter se constituído em um espaço de violação de
forma de organização e na obtenção de lucro. A centralidade está direitos humanos, pela ação centrada na massificação da atenção
nos interesses dos processos produtivos das empresas clientes, e na mera segregação social. Neste contexto emergem várias pro-
tornando-se secundária a perspectiva de ação do assistente social, postas reformistas em saúde mental, com diferentes tradições teó-
com o empregado presente no projeto ético-político profissional. ricas, em conjunturas históricas singulares e em vários países do
Isso não deve ser considerado como crítica, uma vez que a inci- mundo Ocidental, destacando-se a Inglaterra, a França, os Estados
dência não está somente na esfera empresarial. Unidos e a Itália.
O desafio é para o profissional que, sem negar sua condição de Desses processos, emerge paulatinamente, com mais intensi-
trabalhador assalariado, deve reconhecer que “há espaço para a de- dade a partir da década de 90, sobretudo no Brasil, a luta pela in-
fesa do projeto profissional em qualquer local, público ou privado, clusão da pessoa com transtorno mental na condição cidadã, como
em que o assistente social é requisitado a intervir”. sujeitos de direitos.
Um bom começo, conforme cita a autora, é o profissional es- Coroando estes processos, a Organização Panamericana da
tabelecer o que a profissão tem a oferecer naquele espaço ocupa- Saúde realiza a Conferência Regional para a Reestruturação da As-
cional, como subsídio para o atendimento das demandas, de forma sistência Psiquiátrica, no período de 11 a 14 de novembro de 1990,
que possa manter o compromisso com os valores anunciados no em Caracas, Venezuela. Do encontro resulta a Declaração de Cara-
Código de Ética e garantidos na lei de regulamentação profissio- cas, em que o “manicômio” é condenado tendo por base 04 eixos:
nal. (Texto adaptado de GIAMPAOLI, M. C.). 1 – Ético-jurídico – pela violação dos direitos humanos das
pessoas com transtornos mentais;
2 – Clínico – em função da ineficácia terapêutica e da condi-
ção de agente patogênico e cronificador historicamente assumido
por tais instituições;
3.3. SAÚDE MENTAL, TRANSTORNOS 3 – Institucional – devido tais instituições se constituírem
MENTAIS E O CUIDADO NA FAMÍLIA como espaço de violência – “instituições totais”, que mortificam,
sujeitam;
4 – Sanitário – em função da organização do modelo assis-
tencial figurar como “cidade dos loucos”, produzindo a loucura
administrativa, executiva e organizacional (ORGANIZAÇÃO PA-
A inserção do assistente social em saúde mental no Brasil, a NAMERICANA DA SAÚDE, 1990).
partir dos anos 90 tem por determinante o processo de desinsti- Em reforço à tendência de reconhecimento da condição de
tucionalização da pessoa com transtorno mental, isto é, todo um sujeito de direitos da pessoa com transtorno mental, em 17 de de-
processo de “crítica epistemológica ao saber médico constituinte zembro de 1991 a Organização das Nações Unidas divulga o do-
da psiquiatria” (AMARANTE, 1996) e a todo aparato que deu su- cumento que trata da “proteção de pessoas com problemas mentais
porte à institucionalização do modelo hospitalocêntrico de atenção e a melhoria da assistência à saúde mental”.
a este segmento social, ou seja, todo arcabouço legal, técnico, ad- Em suma, o que singulariza as reformas psiquiátricas em cur-
ministrativo e interventivo da psiquiatria clássica. so no mundo Ocidental no pós II Guerra e a partir dos anos 70 no
Supracitado processo deu origem à reforma psiquiátrica bra- Brasil é a construção da cidadania da pessoa com transtorno men-
sileira conceituada como “conjunto de transformações de práti- tal, até então tuteladas. Paradoxalmente, o desafio que é colocado é
cas, saberes, valores culturais e sociais em torno do “louco” e da de revisão da “cidadania interditada” (DELGADO, 1992).
“loucura”, mas especialmente em torno das políticas públicas para O movimento brasileiro é influenciado pela experiência ita-
lidar com a questão” (BRASIL, 2007), que tem origem na década liana, da tradição basagliana (AMARANTE, 1996), que coloca a
de 70, do século XX, no cerne do processo de redemocratização enfermidade entre parênteses, evidenciando o sujeito enfermo e
da sociedade brasileira. Primeiramente persiste subsumido ao Mo- seu contexto de vida. Constrói seu objeto sobre a complexidade da
vimento Sanitário, mas, ganha uma identidade própria, haja vis- “existência-sofrimento” (ROTELLI, 1990) das pessoas com trans-
to que o primeiro tem como bandeira de luta a universalidade do tornos mentais, articulando-a com suas condições de reprodução
direito à saúde, tendo por foco os direitos sociais. Por sua vez, o social, enfatizando o processo de invenção/produção da saúde.
Nesta leitura a questão a ser enfrentada é a emancipação, a
Movimento da Reforma Psiquiátrica orienta-se pelos direitos civis
ampliação do poder de trocas sociais das pessoas com transtornos
das pessoas com transtornos mentais, isto é, se insere na luta das
mentais, não a obstinação terapêutica pela cura ou a reparação,
minorias sociais pelas liberdades básicas, tais como: circular pela
mas a reprodução social, a reinscrição dessas pessoas no mundo
cidade e convívio social. social.
O modelo asilar/ hospitalocêntrico em psiquiatria emerge Tal perspectiva se sintoniza com o conceito ampliado de saúde
como uma resposta a uma das questões sociais postas pela pessoa advogado pelo Sistema Único de Saúde, reforçado pela Constitui-
com transtorno mental, com a emergência da sociedade moderna, ção Federal de 1988, em que os determinantes sociais do processo
fundamentada no trabalho, no ser da razão e da produção. Tais saúde-doença ganham destaque. A saúde é vinculada às condições
pessoas figuram no novo contexto como improdutivas (BASTIDE, de reprodução da vida. Passa a abranger: o meio físico; o meio
1967) e, portanto, são alijadas do convívio social, a partir da apro- socioeconômico e cultural e a oportunidade de acesso aos serviços
priação médica da loucura, definida desde então, como “doença que visem à promoção, proteção e recuperação da saúde. Emerge
mental”, presumindo-se a periculosidade e incapacidade de tais assim um novo paradigma, baseado na promoção da saúde, onde a
sujeitos, fato que justificará no imaginário social a ideia de que qualidade de vida e a atenção integral são ressaltadas.

Didatismo e Conhecimento 48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Tais entendimentos, associados aos avanços da bioética e prin- negociação para o paciente, para sua família, para a comunidade
cípios do controle social das ações do Estado pelos Movimentos circundante e para os serviços que se ocupam do paciente: a dinâ-
Sociais impõem uma ampliação do campo clínico, que ganha uma mica da negociação é continua e não pode ser codificada de uma
denominação específica na área psiquiatria, como clínica da refor- vez por todas, já que os atores (e os poderes) em jogo são muitos e
ma; clínica do cotidiano ou clínica ampliada. Ou seja, a dimensão reciprocamente multiplicantes (SARACENO, 1999).
socioeconômica, política e cultural são integradas na abordagem Saraceno equipara o conceito de reabilitação psicossocial à
dos profissionais que advogam esta perspectiva. O clínico e o extra cidadania, entendendo-os como sinônimos.
clínico não mais se dissociam. Nesta perspectiva vários elementos assumem papel de desta-
Anteriormente, tratar circunscrevia limitar-se às expressões que na evolução de um transtorno mental, assim como na estraté-
dos sintomas da enfermidade, à terapia medicamentosa ou a in- gia da intervenção em saúde mental. Saraceno (1994) classifica es-
tervenção exclusiva ou preponderantemente médica. O que era da tes elementos dividindo-os em variáveis fortes e variáveis sombra.
enfermidade era considerado clínico, então remetido ao médico. O As primeiras são delimitadas pelo: diagnóstico; idade; agudeza ou
extra clínico, o social, era remetido a outros profissionais, princi- cronicidade do quadro e história da enfermidade. As variáveis de-
palmente ao assistente social. nominadas como “sombra” não são menos importantes, mas, con-
“A Clínica Ampliada propõe que o profissional de saúde de- tornam uma gama de fatores que se relacionam com: a) os recursos
individuais da pessoa com transtorno mental (“o nível de capaci-
senvolva a capacidade de ajudar as pessoas, não só a combater
dade intelectual e o grau de informação” da pessoa com transtorno
as doenças, mas a transformar-se, de forma que a doença, mesmo
mental, seu status social, sua condição de solidão ou não e o sexo.
sendo um limite, não a impeça de viver outras coisas na sua vida”
Entre os recursos do contexto, são destacados: o nível de com-
(BRASIL, 2004). prometimento relacional dos familiares; nível de solidariedade ou
Com estes arcabouços, desenvolvem-se no Brasil várias expe- hostilidade da rede de parentesco ou de vizinhança; o status social
riências inovadoras em saúde mental, combatendo o estigma que do grupo familiar e nível de integração ou desintegração social
historicamente cercou este segmento bem como consolidam-se al- do meio em que vive. Entre os recursos do serviço assistencial,
terações no plano assistencial e legislativo. Saraceno (1999) destaca os recursos materiais, organizacional e os
Em 1989 é apresentado o Projeto de Lei nº 3.657/89 de au- processos de trabalho.
toria do deputado mineiro Paulo Delgado, que propõe a extinção Dentre os recursos do contexto do serviço de atenção, os
dos manicômios e sua substituição por serviços extra hospitalares. elementos que podem favorecer ou obstaculizar o sucesso da in-
Este projeto impulsionou os debates em torno da construção da tervenção estão relacionados ao: nível de solidariedade da rede
cidadania das pessoas com transtornos mentais na década de 90 no social; nível de articulação da rede sócioassistencial; qualidade e
país, levando 12 anos para se transformar em uma lei específica. eficiência do sistema de saúde do país e atitude, positiva ou nega-
No início dos anos 90 a Coordenação de Saúde Mental do tiva dos demais serviços sócioassistenciais em relação às decisões
Ministério da Saúde adota uma política de reestruturação da as- da equipe da saúde mental. Todavia, conforme alerta Saraceno:
sistência psiquiátrica, orientada para a criação de novos serviços, Essas variáveis geralmente são deixadas à sombra porque
posto que, até então, o governo federal só financiava serviços iden- são consideradas “irrelevantes” no que diz respeito à evolução da
tificados com o modelo hospitalocêntrico. enfermidade e à estratégia de intervenção. Entretanto, é provável
No plano legislativo as inovações circunscrevem os avanços que um paciente piore muito mais pela falta de todos (ou alguns)
estabelecidos pela Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que “dispõe desses recursos do que pelo tipo de enfermidade (Diagnóstico). Na
sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos realidade, pacientes que têm um mesmo diagnóstico desenvolvem
mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental”. diferentes evoluções e resultados, assim como pacientes que têm
Em 2002 o Ministério da Saúde lança a Portaria nº 336, que uma mesma terapia farmacológica desenvolvem diferentes evo-
define as modalidades de Centros de Atenção Psicossocial - CAPs, luções e resultados. Por isso, o diagnóstico sozinho, assim como
principal equipamento reformista, colocado como substitutivo ao o fato de que o paciente tome alguns psicofarmácos, não orienta
modelo hospitalocêntrico. para um prognóstico. O diagnóstico pode ajudar a estabelecer a
oportunidade de uma terapia farmacológica, porém não a estabe-
Os CAPs são definidos pela portaria acima como serviço am-
lecer estratégias de intervenção mais complexas e articuladas [...]
bulatorial, que funciona segundo a lógica do território, devendo
O que determina resultados tão diferentes é: boa ou má utilização
priorizar o atendimento de pessoas com transtornos mentais seve-
das medidas terapêuticas; a existência e/ou influência das variáveis
ros e persistentes. “sombra”.
O território é entendido como a esfera da gestão da vida co- Desse modo, a pessoa com transtorno mental é restituída em
tidiana da pessoa com transtorno mental. Circunscreve os espa- sua integralidade e o foco da atenção dos profissionais de saúde
ços construídos e reconstruídos permanentemente, resultando do mental se amplia para além dos sintomas e dos medicamentos,
jogo de interesses entre diversos atores sociais. Desse modo, cabe para as dimensões sociais da vida. Assim, os determinantes sociais
à intervenção do Caps propiciar laços sociais e melhorar a vida do processo saúde-doença ganham ênfase e o social passa a ser
cotidiana da pessoa com transtorno mental. O cuidado oferecido uma dimensão que ganha evidência na intervenção de todos os
vai além da debelação dos sintomas, abarcando o lazer, as relações profissionais de saúde mental.
sociais, as condições de moradia, as atividades da vida diária, a O modelo assistencial psiquiátrico brasileiro encontra-se em
esfera da geração de renda/trabalho, dentre outras. processo de transição, de um modelo segregador, excludente, para
O paradigma que orienta a nova perspectiva e prática circuns- um modelo de serviços aberto, comunitário e preservador da cida-
creve o amplo campo denominado de reabilitação psicossocial, dania. Muito embora persista a coexistia de lógicas/modelos, um
um termo polissêmico mas, no contexto do presente texto com- dos principais avanços é no reconhecimento da pessoa com trans-
preendido como um processo que implica a abertura de espaços de torno mental como sujeito de direitos.

Didatismo e Conhecimento 49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Neste contexto, o próprio modelo hospitalocêntrico tem sido rede sócia assistencial e difusão de informação e orientação social,
exigido a se modernizar. A institucionalização do Programa Na- sobretudo para regularizar a documentação e acessar benefícios
cional de Avaliação dos Serviços Hospitalares – PNASH – versão sociais, aposentadorias.
hospitais psiquiátricos (Portaria GM/MS 3.408, de 05 de agosto de Gradativamente, no interior dos próprios hospitais psiquiátri-
1998) materializa o investimento no sentido de “garantir a quali- cos os assistentes sociais passam a atuar em vários setores: plantão
dade mínima necessária aos serviços de saúde”. psiquiátrico, pavilhões - divididos por sexo (masculino e femini-
No contexto mudancista novos processos de trabalho são re- no) e faixa etária (pavilhão infantil ou geriátrico); hospitais-dia e
queridos exigindo novas técnicas e tecnologias e novas formas de ambulatórios).
trabalho em saúde e, particularmente em saúde mental, calcadas no Entre os serviços típicos da reforma psiquiátrica, Caps, Caps
trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar, no territó- infanto-juvenil, Caps-álcool e drogas, residências terapêuticas e
rio de vida da pessoa enferma, atuação em rede sócioassistencial, atenção primária, observa-se os assistentes sociais assumindo uma
intersetorial, calcada no controle social, na promoção da cidadania multiplicidade de funções, sobretudo como gestores, coordenado-
e da autonomia possível de usuários e familiares. res, planejadores, técnicos, supervisores, dentre outras.
O novo perfil do trabalhador em saúde tem por traços: a ação Na área empresarial, sobretudo em empresas de economia
polivalente; com competências múltiplas e que atue mais com o mista, em hospitais gerais e algumas instituições públicas tem
intelecto, com a intuição. Ou seja, a clássica divisão social do tra- crescido o número de assistentes sociais coordenando programas
balho que segmenta trabalho intelectual do trabalho manual, pla- de alcoolismo, tendo por público alvo os funcionários ou servido-
nejamento e execução, se rompe. res públicos e seus familiares. A área da assistência social tem se
Constrói-se um trabalhador coletivo sintetizado no termo Téc- alargado em direção à saúde mental, através de programas de abri-
nico de Referência - TR, que é o profissional que acolhe e assegura gamento de idosos ex-moradores de hospitais psiquiátricos, po-
um vínculo com os usuários dos serviços e que tem “sob sua res- pulação de rua com transtornos mentais, mas fora de crise e mais
ponsabilidade monitorar junto com o usuário o seu projeto tera- recentemente, tem criado coordenadorias de dependência química,
pêutico, (re) definindo, por exemplo, as atividades e a frequência voltada para os adolescentes em cumprimento de medidas socioe-
de participação no serviço. O TR também é responsável pelo con- ducativas.
tato com a família e pela avaliação periódica das metas traçadas Além dessas atividades é comum encontrar assistentes sociais
no projeto terapêutico, dialogando com o usuário e com a equipe em atividades de docência, supervisão de serviços e de pesquisa na
técnica do CAPS” (BRASIL, 2004). área da saúde mental, no Serviço Social Jurídico abordando ques-
Consequentemente, não só o médico ganha destaque nas in- tões de interdições, tutela, curatela, dentre outros.
tervenções e na direção dos serviços. Outros profissionais passam Cada serviço traz necessidades particulares para a prática pro-
a ter suas práticas valorizadas. Muitos Caps, inclusive alguns hos- fissional, exigindo adequações a múltiplas temáticas e segmentos
pitais psiquiátricos e coordenações estaduais e municipais passam no interior da saúde mental e a heterogêneos processos de trabalho,
a ser comandados por profissionais não médicos. a exemplo da coordenação de uma residência terapêutica.
Para cimentar os avanços acima, no campo da formação pro- Além disso, a história do serviço e da equipe multiprofissional
fissional em saúde, são implantadas as Diretrizes Curriculares Na- bem como as habilidades de cada um de seus membros, a correla-
cionais do Curso para os Cursos Universitários da Área da Saúde ção de forças internas e externas às equipes também vão influir nas
(ALMEIDA, 2003). As diretrizes têm um caráter interprofissional, possibilidades da prática profissional do assistente social.
que corrobora uma formação parametrada pelo reforço aos pos- Em suma, observa-se que são várias as demandas colocadas
tulados do Sistema Único de Saúde, orientado para a promoção à pela nova política, novo paradigma e novos serviços, com novos
saúde e determinantes sociais do processo saúde-doença. processos de trabalho para todos os profissionais da saúde mental
Com todo este contexto e contorno, o movimento de reforma e particularmente para os assistentes sociais. Mas,
psiquiátrica impõe novas demandas para todos os profissionais da As múltiplas competências e atribuições para as quais é cha-
saúde mental, particularmente para os assistentes sociais, que não mado a exercer no mercado de trabalho exigem uma interferência
são profissionais da saúde, mas tem atualmente este campo nume- prática nas variadas manifestações da questão social, tal como ex-
ricamente como um de seus principais espaços sócio ocupacional. perimentadas pelos indivíduos sociais. Essa exigência, no âmbito
A Resolução 287/98 do Conselho Nacional da Saúde reconhece da formação profissional, tendeu a ser unilateralmente restringida
o Serviço Social como uma das 14 profissões da área da saúde, ora aos procedimentos operativos, ora à qualificação teórica como
mas no interior da categoria há um acúmulo ainda incipiente nesta se dela automaticamente derivasse uma competência para a ação
arena. (IAMAMOTO, 2007).
Os assistentes sociais durante seu curso de graduação não têm
Demandas postas para o assistente social na Saúde Mental uma formação específica em saúde mental.
Os estágios curriculares e extracurriculares em saúde ainda
Historicamente, a inserção do assistente social em saúde men- tem uma relação intensa com o modelo hospitalocêntrico, haja vis-
tal no Brasil tem início em 1946, a partir do trabalho em institui- ta que muitos serviços se conformam como hospitais de ensino,
ções voltadas para a infância. Em seguida o assistente social é in- sendo vinculados com as universidades, que ainda disseminam
corporado aos hospitais psiquiátricos, atuando na “porta de entrada uma formação pautada fortemente no modelo biomédico, separan-
e saída” dos serviços, como informa Vasconcelos (2007). As ações do os sintomas do contexto social, no geral, preparando de maneira
dos assistentes sociais no espaço hospitalar volta-se preponderan- tímida para o trabalho em equipe multiprofissional e interdiscipli-
temente para levantamentos de dados sociais dos PTMs e seus fa- nar. Isto é, não é fomentado durante o processo formativo o diálo-
miliares; confecção de atestados sociais; encaminhamentos para a go entre as diferentes ciências e profissões, o que é requerido no

Didatismo e Conhecimento 50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
dia a dia assistencial. Centros de
No contexto reformista em saúde mental tende a haver uma Atenção Psicossocial a partir da própria categoria e com os
crise de identidade entre os profissionais das diferentes categoriais demais membros, de outras categorias profissionais da equipe,
profissionais, demandados a alargar seu horizonte interventivo mostra que os assistentes sociais se auto qualificam como:
para o social, até então vistos como dimensão inerente à prática - Agente assistencial. Esta identidade está relacionada às fun-
do assistente social. ções tradicionais historicamente vinculadas ao Serviço Social, re-
Vale lembrar que nem a questão social nem o social são ex- lacionadas às condições socioeconômicas dos usuários e às suas
clusividades do assistente social. Uma vasta gama de objetos de necessidades em acessar determinados recursos que viabilizem o
intervenção dos assistentes sociais se situa na interface com outras acesso a direitos. Entre as demandas colocadas neste campo en-
profissões. Neste sentido, o trabalho em equipe pode constituir-se contram-se o acesso aos benefícios sociais, sobretudo, benefício
em uma arena de construção interdisciplinar ou de tensões, dis- de prestação continuada, vale-transporte, aposentadorias, licenças
putas corporativas e de saberes. Essas possibilidades podem estar dentre outros.
reforçadas no próprio termo trabalhador coletivo construído no - Potencializador de mediações. O assistente social potencia-
cerne dos novos serviços, com a figura do técnico de referência. liza mediações em vários sentidos, articulando as relações do Caps
Este “personagem” pode reforçar a diluição das fronteiras entre com a rede sócioassistencial do município ou do Estado; a relação
as diferentes categoriais profissionais, ampliando áreas de som- usuários-familiares e equipe de Caps; a relação do Caps com a
breamento, permitindo a interdisciplinaridade ou até acirrando o comunidade/território; a relação entre os próprios profissionais do
confronto entre as profissões. Caps. Neste sentido, o assistente social é um articulador por exce-
De qualquer maneira, os novos serviços colocam o desafio de lência, porque na prática cotidiana assume a condição de veicula-
reconstrução das identidades e fazeres profissionais tradicionais. dor de informações entre os diferentes atores sociais que atuam a
O desafio é fazer convergir os olhares e práticas para a cons- partir dos serviços de saúde mental.
trução de algo novo “de modo a poder dar uma direção às dife- - Agente complementar, colaborador. Historicamente o agente
rentes intervenções que, guardando sua especificidade, não sejam privilegiado em saúde é o médico. O assistente social já figurou
conflitantes entre si, permitam alguma coerência no trabalho da como paramédico e agente complementar, subsidiário à ação das
equipe e tornem viável uma ação conjunta. Não é ‘todo mundo categorias que dominam o setor. Figura como um coadjuvante do
fazendo a mesma coisa” nem ‘cada um faz uma coisa diferente’ processo de saúde mental, mas nem por isso com um estatuto ou
(FIGUEIREDO; JARDIM, 2001). importância menor.
Como afirma Marilda Iamamoto, o trabalho coletivo não im- - Agente político, da cidadania, dos direitos. Tal identidade
põe a diluição de competências e atribuições profissionais. Ao auto referida pelos assistentes sociais está relacionada à gama de
contrário, exige maior clareza no trato das mesmas e o cultivo da informações sobre legislação social que este profissional detêm e
identidade profissional, como condição de potenciar o trabalho aciona para viabilizar o exercício de direitos por parte dos usuá-
conjunto. O assistente social mesmo realizando atividades parti- rios dos serviços. O assistente social possui um amplo e difuso
lhadas com outros profissionais dispõe de ângulos particulares de campo de intervenção circunscrito ao trato com a legislação so-
observação na interpretação dos mesmos processos sociais e uma cial, a rede institucional, os mecanismos de acesso e restrição dos
competência também distinta para o encaminhamento das ações segmentos sociais aos institutos de regulação social, e, ainda, às
(IAMAMOTO, 2002). ações de caráter imaterial voltadas para a mobilização de valores
Dessa maneira, muito embora o assistente social não seja um e comportamentos no universo das relações sociais (BARBOSA;
profissional do campo psi nem da saúde, tem um olhar e uma con- CARDOSO; ALMEIDA, 1998).
tribuição singular para a área da saúde mental, historicamente le- Desse modo, o assistente social contribui no processo de aces-
gitimados, reconhecidos pela própria inclusão desta categoria na so a determinados direitos pela veiculação de informação, aproxi-
equipe multiprofissional. mação dos canais garantidores de direitos e no fomento à criação
Mas, nos novos cenários a identidade do assistente social em de conselhos locais de saúde. De outra maneira, também, pode
saúde mental encontra-se em processo de construção. A mesma atuar como agente político no interior da própria equipe de saúde
é determinada por vários elementos: 1) pelo conjunto de fatores mental, pois é identificado como um profissional que faz circular
macroestruturais, que determinaram a emergência da profissão na as informações entre os diferentes membros da equipe; questio-
sociedade brasileira. No caso da saúde mental é preciso resgatar na o cotidiano institucional fazendo com que a equipe funcione e
historicamente os condicionantes da emergência do serviço social acione seu potencial em prol das necessidades dos usuários e do
neste campo, o que foi realizado por Vasconcelos (2007); 2) pe- serviço.
los documentos legais que delimita as competências e atribuições - Agente terapêutico/terapeuta. Há um grupo significativo de
dos assistentes sociais, destacando-se a Lei de Regulamentação da assistentes sociais com formação específica em psicanálise, terapia
Profissão nº 8.662, de 07 de junho de 1993; o Código de Ética Pro- de família ou fundamentados na teoria sistêmica, que se incluem
fissional, Resolução CFESS nº 290; a Resolução CFESS nº 383/99 no denominado Serviço Social Clinico. Há um intenso debate
de 29 de março de 1999 que caracteriza o assistente social como pela Internet e materializado em publicações do CRESS do Rio
profissional da saúde; Resolução CFESS nº 493/2006, de 21 de de Janeiro em torno desta identidade assumida por uma parcela
agosto de 2006, que dispõe sobre as condições éticas e técnicas do de assistentes sociais. No debate sintetizado no livro Atribuições
exercício profissional do assistente social; 3) pela visão de mundo Privativas do Assistente Social e o “Serviço Social Clínico” Ma-
e singularidade de cada profissional, pois, cada agente reproduz rilda Iamamoto entende que investir neste sentido é retornar a um
em sua prática profissional suas crenças e valores passado profissional antes do Movimento de Reconceituação. Re-
Ramos (2003) ao analisar a identidade do assistente social nos presentantes da UERJ e do CRESS entendem que “os defensores

Didatismo e Conhecimento 51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
do Serviço Social Clínico não estabelecem relação do seu modo de O assistente social comumente é identificado pelos demais
operar com o Código de Ética Profissional, com a Lei de Regula- membros da equipe de saúde mental como o profissional que tem
mentação da Profissão e com as Diretrizes Curriculares” (CRES- mais habilidade e competência para atuar diretamente com os gru-
SRJ, 2004). Sintetizando, não é atribuição dos assistentes sociais pos familiares, sobretudo de baixa renda. Neste sentido é deman-
ações no plano clínico terapêutico. Apesar disto, por exemplo, há dado a realizar: orientação social; analisar a dinâmica familiar;
um número significativo de assistentes sociais com formação em fazer atendimento ao grupo e realizar visita domiciliar.
terapia de família, que balizam suas práticas com estes fundamen- Trabalhamos com famílias atuando no processo de viabiliza-
tos e não com base no Projeto Ético Profissional, como pode ser ção dos direitos e dos meios de exercê-los. Requer considerar as
visualizado em Dócolas (2009). relações sociais e a dimensão de classe que as conformam, sua ca-
Além dos profissionais com uma formação específica nos racterização socioeconômica, as necessidades sociais e os direitos
campos acima há um grupo de assistentes sociais que atuam nos de cidadania dos sujeitos envolvidos, as expressões da questão so-
serviços de saúde mental empregando na sua atuação com usuários cial que se condensam nos grupos familiares, as políticas públicas
e familiares técnicas de relaxamento, fundamentados na meditação e o aparato de prestação de serviços sociais que as materializam
ou Yoga. (CRESSRJ, 2004).
Desse modo, uma pluralidade de entendimentos e ações co- Para tanto, o assistente social articula o trabalho com os gru-
meçam a se desenhar entre os assistentes sociais da saúde mental. pos familiares com a intersetorialidade, pois, tem que atuar em
Talvez estes direcionamentos de alguns assistentes sociais na saú- conjunto com as demais políticas públicas, sendo, em tese, um
de mental se deva a uma necessidade do profissional de “mostrar exímio conhecedor da rede sócio assistencial e de seus recursos.
serviço”, dar uma materialidade para sua intervenção junto aos Vale lembrar que todos os profissionais da equipe de saúde mental
usuários e demais membros da equipe. atuam de maneira direta mesmo que, no geral, pontual com as uni-
Especulativamente, pode estar subjacente a tais práticas a ne- dades familiares. Todavia, é o assistente social que temporalmente
cessidade de ter alguma identidade com o campo clínico, mais va- tende a ter maior dedicação a este grupo no seu cotidiano interven-
lorizado na área da saúde mental, onde os profissionais do campo tivo. Há ainda uma tendência das políticas públicas se matriciarem
psi são os mais destacados. no grupo familiar. Historicamente, o assistente social tem uma re-
Um outro elemento que pode ter contribuído na assunção des- lação de intervenção construída com as famílias, mas a categoria
tas práticas entre os assistentes sociais pode estar relacionado à não construiu um arcabouço teórico metodológico próprio para
ação dos novos serviços estar centrada nas necessidades dos usuá- atuar com este grupo, o qual necessita de maiores investimentos
rios, ser uma ação conceituada como usuário centrada, onde as do Serviço Social.
Agente educativo, socializador. O assistente social ao con-
atribuições e competências específicas da categoria tenderem a ser
ferir novos tons à realidade da pessoa com transtorno mental, ao
secundarizadas, fazendo emergir outras habilidades ou competên-
viabilizar os direitos de cidadania, é requisitado a ser um agente
cias pessoais de alguns colegas. Desse modo, observam-se alguns
educativo, socializador. É da natureza do conteúdo de seu trabalho
assistentes sociais, por exemplo, coordenando oficinas de coral,
a dimensão pedagógica, o trabalho socioeducativo, de educação
por ter na música um hobby ou uma habilidade para além das suas
em saúde até mesmo com a equipe de saúde mental, pois, é o pro-
atribuições profissionais.
fissional que em função de seu ofício faz a informação circular
De qualquer maneira, soa estranho em um contexto de valo- entre todos os atores sociais e institucionais.
rização e difusão do social entre todas as categorias profissionais Profissional da inserção. O assistente social tem sido perce-
que integram o campo da saúde mental, alguns assistentes sociais bido como profissional da inserção exatamente pela articulação
buscarem exatamente no campo clínico o centramento de sua pers- que promove entre as diferentes políticas públicas, para mobili-
pectiva teórica e interventiva. zar recursos com o objetivo de reintegração social da pessoa com
Todavia, o assistente social em saúde mental não se autocons- transtorno mental. Neste sentido, alguns assistentes sociais têm
trói. Sua identidade é construída nas relações sociais e a partir das inclusive se engajado em programas de geração de renda e coo-
demandas originárias do corpo de dirigentes das instituições, dos perativas de trabalho para inserir a PTM em atividades laborativas
usuários dos serviços e na relação com os demais profissionais da significativas.
equipe, que demandam ações do assistente social tendo em vista o Profissional do controle. Historicamente o assistente social
que entendem ser as competências e atribuições deste profissional. também teve um papel disciplinador dos usuários dos serviços, ao
Evidentemente, o próprio entendimento do profissional do Serviço ser o profissional encarregado de veicular normas e rotinas institu-
Social e sua leitura acerca da legislação profissional também in- cionais, em algumas circunstâncias até mesmo assumindo o papel
fluirão nesta construção. Ramos (2003) ao avaliar a identidade do de fiscalizador de seu cumprimento.
assistente social desenhada pelos demais profissionais da equipe Agente multiplicador. O assistente social na sua condição de
informa que os mesmos apontaram o assistente social numa multi- veiculador de informação acaba por se constituir como um agente
plicidade de dimensões, numericamente mais significativas do que multiplicador da mesma, ao difundir informações através dos veí-
aquelas traçadas pelos próprios assistentes sociais, como: culos de massa, como rádios comunitárias; palestras em serviços
comunitários ou pelos demais serviços da rede sócia assistencial.
- Agente assistencial; Assim, uma multiplicidade de atribuições e competências
- Potencializador de mediações; cerca a identidade e o perfil profissional dos assistentes sociais
- Profissional auxiliar, complementar em saúde mental, que precisam receber um tratamento mais apro-
- Agente terapêutico/ terapeuta fundado. A seguir, a abordagem com as unidades familiares será
- Agente político/da cidadania, dos direitos destacada, pela importância que estes grupos adquiriram em um
- Profissional da família. contexto de cuidado comunitário.

Didatismo e Conhecimento 52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
A família no movimento da reforma psiquiátrica Mudanças legislativas sinalizam no sentido de uma outra in-
corporação das famílias nos projetos terapêuticos dos serviços de
As unidades familiares ganham visibilidade, inicialmente, no saúde mental.
interior do movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira ao se A portaria nº. 251/GM de 31 de janeiro de 2002, que estabele-
constituir como um ator político, se organizando para defender os ce diretrizes e normas para a assistência hospitalar em psiquiatria
direitos das pessoas com transtorno mental. e reclassifica os hospitais psiquiátricos prevê, no desenvolvimento
Nos anos 90 é que crescem o número de pesquisas brasilei- dos projetos terapêuticos, o preparo para o retorno à residência/
ras orientadas para a relação dos grupos familiares com a pessoa inserção domiciliar e uma abordagem dirigida à família no sentido
com transtorno mental. Surge uma multiplicidade de análises, que
de garantir orientação sobre o diagnóstico, o programa de trata-
apontam na seguinte direção, como explicita Rosa (2002):
mento, a alta hospitalar e a continuidade do tratamento.
1) Como um recurso como outro qualquer, no rol das estra-
tégias de intervenção (SANT’ANNA; FONTOURA, 1996) As famílias, sobretudo na fase inicial da eclosão do trans-
2) Como um lugar de possível convivência da pessoa com torno mental, têm um papel fundamental na construção de uma
transtorno mental, desde que os laços relacionais possam ser man- nova trajetória para o seu ente enfermo, desde que seus recursos
tidos ou reconstruídos. emocionais, temporal e econômico sejam bem direcionados pelos
3) Como sofredora, pois, é influenciada pela convivência trabalhadores e serviços de saúde mental.
com uma pessoa com transtorno mental e, desse modo, precisa ser É importante destacar que nenhum grupo familiar está pre-
“tratada”, assistida, recebendo suporte social e assistencial (MOT- parado para ter um membro com transtorno mental em seu meio
TA, 1997); (MELMAN, 2001). Não está capacitado para prover cuidado de
4) Como um sujeito da ação. Sujeito coletivo, ator po- uma pessoa adulta que tem um transtorno mental, cujo cuidado
lítico que se organiza em associações específicas, na opinião de doméstico é complexo, envolvendo intensas responsabilidades e
Sant’Anna e Fontoura (1996) e, ainda, sujeito avaliador dos servi- dedicação temporal.
ços, conforme Pereira (1997) e construtora da cidadania da pessoa A complexidade se manifesta em uma variedade de aconteci-
com transtorno mental; mentos. Em primeiro lugar, ninguém espera ter uma pessoa com
5) Como provedora de cuidados, desde que os serviços de transtorno mental no meio familiar. Trata-se de um evento impre-
saúde mental visam atuar sobre os momentos de crise, tratando e visto na trajetória da vida familiar. Em segundo lugar, no imaginá-
não prestando cuidados contínuos. E também porque a família é o rio da sociedade moderna, é previsto que uma pessoa adulta seja
principal agente potencializador de mediações entre a pessoa com
emancipada, tenha incorporado o auto cuidado e seja independen-
transtorno mental e a sociedade, constituindo historicamente um
te, não necessitando de cuidados de terceiros. Em terceiro lugar,
lugar privilegiado de cuidados e reprodução social.
Essas perspectivas não são excludentes entre si. Ao contrário, tratar de uma pessoa adulta, com transtorno mental, no ambiente
se entrelaçam, indicando simultaneamente a variedade de neces- doméstico é uma tarefa complexa, que exige preparo mínimo do
sidades que emergem no interior dos grupos familiares; a plurali- cuidador, para lidar com uma gama imensa de ocorrências. Não
dade de identidades desta instituição e exigências de flexibilidade é suficiente ter amor. Em quarto lugar, os grupos familiares são
dos serviços e das práticas profissionais para contemplar a hetero- demandados a se reposicionar em relação a uma série de questões
geneidade nesta arena. envolvendo inclusive sentimentos. Em quinto lugar, os grupos fa-
Historicamente, o modelo hospitalocêntrico desenvolveu uma miliares encontram-se sobrecarregados com uma série de deman-
pedagogia de exclusão do grupo familiar, ao restringi-la a mera das oriundas de uma conjuntura de restrição de gastos sociais e
informante do histórico da enfermidade da pessoa com transtorno pelas repercussões das mudanças, sobretudo, demográficas em seu
mental; a ser um recurso ocasional ou “visita” pontual, sendo in- interior.
visibilizada na sua condição de provedora de cuidados contínuos, Quando emerge uma pessoa com transtorno mental as famí-
no plano doméstico. lias são demandadas primeiramente a enfrentar a nova situação,
Neste modelo de gestão as abordagens dirigidas às famílias tendo que ao mesmo tempo compreender a própria enfermidade,
eram pontuais e limitadas a algumas reuniões familiares (no ge- a dinâmica dos serviços de saúde mental e manejar seus próprios
ral palestras) e atendimentos individuais do grupo. A maioria dos sentimentos e recursos.
profissionais da equipe fazia algum tipo de atendimento com as fa- Frequentemente o familiar cuidador se isola no plano domés-
mílias, mesmo que de maneira assistemática e descontínua. Havia
tico para cuidar, porque não tem preparo mínimo para cuidar e
implicitamente uma divisão de trabalho na abordagem do grupo
não consegue manejar a pressão social e o estigma que também
familiar, como identifica Rosa (2003). O médico, sobretudo no ato
da admissão, para colher informações sobre o histórico das enfer- o atinge.
midades, dos sintomas. Os enfermeiros, no geral, por ocasião da Enquanto não são treinados para o conhecimento da enfer-
alta hospitalar, para realizar orientações sobre o prosseguimento midade, passa por processos de confronto com a pessoa com
do tratamento, via ambulatorial e cuidados com as medicações. Os transtorno mental. Por exemplo, lidam com o delírio como sendo
assistentes sociais, durante o processo de internação, coordenando “besteiras”, “bobagens”. Alguns chegam a querer corrigir a ma-
reuniões de famílias, no geral comandado por ações socioeduca- neira da pessoa com o transtorno mental ver o mundo (via delí-
tivas, abordando uma variedade de questões, tais como normas e rios), confrontando-se com o mesmo. No caso de uma depressão é
rotinas institucionais; mudanças no modelo assistencial; direitos; comum os familiares afirmarem que “Sugeri pra ela procurar um
manejo da pessoa com transtorno mental no ambiente doméstico curso, passear, mas ela não vai. Ela não se ajuda”. É difícil para o
e difusão de conhecimentos sobre os diferentes quadros diagnós- familiar, sem treinamento, entender que a depressão atinge o cen-
ticos e medicamentos, permitindo troca de experiência entre os tro volitivo da pessoa, não sendo expressão da “preguiça” ou má
diferentes cuidadores familiares. vontade.

Didatismo e Conhecimento 53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
O retrato dessas trajetórias facilita a avaliação do grupo fami- na construção de respostas para os desafios cotidianos, para re-
liar e mostra a importância de inclusão das famílias nos projetos forçar o que foi aprendido e potencializando os próprios recursos
terapêuticos e pedagógicos dos serviços de saúde e assistência. internos do grupo. Potencializando um conhecimento que os cui-
Nos projetos terapêuticos dos Caps os familiares são incor- dadores familiares construíram e nem sempre se apercebem disso.
porados como “parceiros no tratamento” (BRASIL, 2004) sendo Com a criação de espaços próprios no interior do serviço (ou
estimulados a participar do cotidiano dos serviços. “Os familiares no território) para reunir os grupos familiares e permitir a inte-
podem participar dos” Caps, não somente incentivando o usuário a ração, com acompanhamento de um ou mais profissionais (mais
se envolver no projeto terapêutico, mas também participando dire- comumente o assistente social atua em conjunto com as psicólogas
tamente das atividades do serviço, tanto internas como nos proje- ou enfermeiras), pode-se observar mudanças significativas na qua-
tos de trabalho e ações comunitárias de integração social. lidade de vida destes cuidadores.
Observa-se em alguns Caps e outros serviços de saúde mental Interessante que muitas reuniões denominadas de familiares,
o engajamento dos familiares em redes de solidariedade, através no geral, se reduzem a reuniões de mulheres, comumente, mães,
de grupos de mutua ajuda e troca de suporte, mas ainda de maneira esposas, filhas e irmãs. É importante chamar outros membros do
tímida. É difícil mobilizar os familiares para ações grupais porque: grupo familiar para esta arena, resgatar, por exemplo, o homem
1) a cultura e pedagogia dos serviços, historicamente, as excluiu; como cuidador, colocando assim em evidência as questões de gê-
2) participar para alguns familiares é um trabalho a mais, uma so- nero no interior das famílias.
brecarga, exigência a mais; 3) alguns serviços se limitam a ofere- Os assistentes sociais com toda sua bagagem sobre investi-
cer um espaço para a família restrito a palestra, que muitas vezes, é gação/análise social, podem contribuir realizando levantamentos
desfocada de suas necessidades; 4) os horários dos encontros nem sobre o perfil das famílias usuárias dos serviços de saúde mental,
sempre é compatível com os horários disponíveis dos familiares. para:
Mas, com mudanças que levem em conta o acima explicitado - Conhecer que tipo de arranjo doméstico prevalece e a hete-
e com o estímulo e a consolidação de engajamento dos familia- rogeneidade de arranjos existentes e como repercutem no provi-
res na abordagem pedagógica e terapêutica dos serviços de saúde mento de cuidado;
mental, espera-se construir uma nova etapa na trajetória dos mes- - Como as mudanças demográficas repercutiram sobre a orga-
mos, através de ações mais solidárias e partilhadas. nização do grupo, tendo por foco o provimento de cuidado;
Destaca-se que as unidades familiares encontram-se muito - Analisar a dinâmica familiar. Como se dão as relações so-
sobrecarregadas na atual conjuntura, com o crescente empobre- ciais. Quem provê renda? Quem provê cuidados? Quem é a auto-
cimento e mudanças demográficas. Os serviços de saúde mental ridade no grupo? Qual o lugar que a pessoa com transtorno mental
têm que contribuir inclusive neste sentido, sobretudo aliviando o ocupa no grupo? Qual a qualidade das relações familiares? Predo-
peso gerado pelas demandas de cuidado, dividindo encargos com minam os sentimentos positivos ou negativos entre seus membros?
as famílias. Como por exemplo, um PTM que recebe um benefício em com-
paração a um outro que não o têm, são tratados por suas famílias?
Atuação do assistente social com o grupo familiar Como este “ganho secundário” repercute no grupo?
- Identificar a posição da pessoa com transtorno mental no
O assistente social, frequentemente, contribui com os cuida- grupo; os valores/a ética que preside o provimento de cuidado de:
dores familiares através do trabalho socioeducativo, promovendo a “dar, receber, retribuir” (SARTI, 1996); qual o clima que prevalece
troca de informações e vivências, para que, sobretudo os cuidado- em relação à PTM: hostilidade ou solidariedade;
res familiares saiam de seu isolamento pessoal e social, tendo sua - Conhecer como a família vive, como mora. Qual o status do
carga de trabalho aliviada, apoiada. Quando passam a trocar infor- grupo no seu meio.
mações com outros cuidadores familiares é comum perceberem - Identificar os recursos que lança mão na rede de parentesco,
que muitas vivências são semelhantes e que não foram os “únicos de vizinhança e rede sócio assistencial. Identificar os fatores de
escolhidos para sofrer neste mundo”. Inclusive há uma pressão so- proteção e de risco existentes no meio familiar. Levantar os fatores
cial para que as famílias não publicize, não remeta para a arena das sociais de vulnerabilidade do grupo.
políticas públicas a sua situação. Neste sentido é paradigmático - Conhecer os recursos da rede sócio assistencial à disposição
o depoimento de um familiar com um artigo no livro Minas sem dos cuidadores familiares;
manicômios (2004) “algumas pessoas acharam que estávamos ex- - Levantar os significados, o imaginário e as práticas sociais
pondo demais nossos dramas familiares” (ORNELAS, 2004). sobre o louco e a loucura em seu território existencial.
A troca de vivência potencializa novas estratégias de cuidado, Com a sistematização destas informações, o assistente social
tendo em vista que não há uma “receita pronta” para cuidar, muito pode devolvê-las aos grupos familiares, propiciando o debate e a
embora alguns familiares cheguem às reuniões com a expectati- troca de informações entre os provedores de cuidado.
va do acontecimento de uma mágica, que mude substancialmente É importante o investimento dos profissionais para que outros
suas vidas. membros das famílias passem a participar da gestão do cuidado
É importante desconstruir esta expectativa, pois, muitos fa- cotidiano da pessoa com transtorno mental, que tende a ficar ao
miliares consideram que “só quem estudou (isto é, esteve em uma encargo de uma única pessoa. (Texto adaptado de ROSA, L. C. S.
universidade) sabe cuidar bem dele” e MELO, T. M. F. S. Docentes em Serviço Social).
Todavia, os familiares cuidadores historicamente aprenderam
a cuidar no “ensaio e erro” (ROSA, 2003) das exigências cotidia-
nas, no geral, sem as salvaguardas/respaldo dos profissionais de
saúde mental. É importante reconstruir as trajetórias dos familiares

Didatismo e Conhecimento 54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
ções no nível de vida das pessoas. Desse modo, o desenvolvimento
3.4. RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS não depende do aumento da renda per capita, mas de um conjunto
de ações integradas capaz de oferecer à sociedade benefícios do
EMPRESAS
crescimento econômico no sentido de ampliar as capacidades hu-
manas, permitindo vida longa e saudável.
Vale lembrar que, desde o final da década de 1960, no Brasil,
já se iniciava um movimento entre as empresas e os interlocuto-
Da filantropia à responsabilidade social res da sociedade relacionado à inquietação do empresariado diante
dos problemas sociais e ambientais, percebendo-se, aos poucos,
Historicamente, as empresas sempre praticaram ações no algumas transformações nos padrões de comportamento ligados à
sentido de contribuir para o atendimento das necessidades sociais cultura e à gestão empresarial.
emergentes da sociedade. No Brasil, até o início dos anos 1980, a Os empresários começaram a entender que os principais pro-
classe empresarial tinha compreensão de que a solução dos pro- blemas sociais prejudicavam o processo de desenvolvimento de
blemas sociais era estritamente responsabilidade do Estado e que, seus negócios e também da nação. A busca pela emancipação da
através das políticas sociais públicas, deveria equacionar as situa- sociedade, e, com isso, a tentativa de garantir o desenvolvimento,
ções oriundas da miséria, da falta de habitação, do analfabetismo, passou a ser questão fundamental das preocupações de parte do
das questões ambientais, entre outras. empresariado brasileiro.
As iniciativas do empresariado voltadas à atenção à popula- Uma referência importante foi a atuação da Associação dos
ção desassistida ficaram limitadas a ações pontuais e heterogêneas. Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) Brasil que organizava e
Não existiam projetos ou programas com práticas planejadas e sis- promovia seminários, congressos e palestras visando refletir sobre
tematizadas. As ações eram desenvolvidas como forma de praticar a dinâmica social das empresas, seus objetivos, reforçando os as-
o bem, ligadas aos aspectos culturais e espirituais do proprietário pectos ligados ao compromisso diante da necessidade constitucio-
da empresa. Essa prática se caracterizava como ações assisten- nal em cumprir sua função social.
cialistas através de doações e de prestação de auxílio material e Vários documentos resultantes de fóruns e debates, que se
financeiro destinado ao atendimento de problemas imediatos de sucederam ao longo do tempo, demonstraram tendência de sen-
famílias e de instituições privadas de caridade. sibilização da classe empresarial com as questões socioambien-
Observa-se que, com o passar dos anos, as empresas brasilei- tais do país. Entre essas atividades, destacam-se três documentos
ras foram se aperfeiçoando e se modernizando diante do quadro elaborados no Fórum dos Líderes Empresariais nos anos de 1978,
econômico, político e social que se fazia presente na sociedade 1983 e 1997, todos revelando ideias e preocupações das empresas
brasileira. Por muito tempo, porém, a mentalidade dos proprietá- com os problemas sociais e políticos prioritários. O primeiro foi
rios das empresas em relação aos problemas socioambientais se denominado como Documento dos Oito, que tinha sustentação nas
limitava à necessidade de desenvolvimento de ações filantrópicas questões relacionadas à democracia e aos direitos políticos. O se-
e que a responsabilidade no enfrentamento da questão social se gundo, Documento dos Doze, priorizou as reflexões para os novos
restringia às funções do Estado. Tal comportamento expressava a limites, funções e tamanho do Estado, não deixando de criticar e
vocação para a benevolência e para a caridade através de atitudes negar a interferência do mesmo na economia. E o último, conside-
e ações individuais dos empresários. rado Cidadania e Riqueza Nacional, contribuiu significativamente
Melo Neto e Froes (2001) caracterizam as ações filantrópicas para a compreensão da necessidade de recuperar ações incidentes
desenvolvidas pelo empresariado brasileiro, até meados dos anos à coletividade social no sentido de alcançar o desenvolvimento
1980, como atitudes individuais e voluntárias restritas aos empre- econômico na sociedade brasileira. A partir desse documento, per-
sários filantrópicos e religiosos, estimulados pela caridade cristã a cebeu-se maior expressão e interesse nas reflexões sobre responsa-
partir de base assistencialista, sem levar em consideração a neces- bilidade social das empresas no meio corporativo.
sidade de planejamento e gerenciamento dessas ações. A década de 1980 ficou marcada por profundas mudanças e
Desta forma, a atuação filantrópica dependia da vontade e da transformações nas áreas social, econômica, política e cultural, no
iniciativa particular e individual das pessoas que possuíam valores mundo e, especialmente, no Brasil que se refletiram diretamen-
circunscritos na caridade e no dever moral. Essas ações filantrópi- te na forma de ver e agir dos empresários, desencadeando várias
cas buscavam contribuir para a sobrevivência das classes desfavo- discussões sobre a responsabilidade social das empresas diante do
recidas, sem nenhuma preocupação efetiva com o desenvolvimen- cenário mundial que apontava inúmeros desafios à humanidade.
to e a emancipação coletiva. O processo de globalização, a velocidade das inovações tec-
Nesse sentido, vale considerar que desenvolvimento, um nológicas e a socialização das informações provocaram aumento
substantivo, implica liberdade dos indivíduos para que consigam da complexidade no mundo dos negócios exigindo dos empresá-
garantir vida com qualidade e dignidade. Veiga (2005) concorda rios novas formas de produção, comercialização e prestação de
que o desenvolvimento requer que se removam as principais fontes serviços, além da implementação de modelos diferenciados de ge-
de privação de liberdade: pobreza e tirania, carência de oportu- renciamento do trabalho, como resultado das exigências impostas
nidades econômicas e destituição social sistemática, negligência às organizações empresariais diante da concorrência internacional.
dos serviços públicos e intolerância ou interferência de Estados A realidade dos mercados competitivos fez surgir investimentos
repressivos. inovadores em toda a cadeia produtiva, acrescida da preocupação
Furtado (2000) explica que o desenvolvimento não se refere com os custos, da qualidade dos produtos e serviços. As empresas
somente ao crescimento econômico, mas, sobretudo, a profundas que buscaram a permanência no mercado passaram a desenvolver
modificações nas estruturas econômica e social, trazendo eleva- políticas internas de serviços de pós-venda, de segurança do traba-

Didatismo e Conhecimento 55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
lhador, de ampliação de benefícios ao corpo sócio funcional, rela- poroso; o fato de, numa economia aberta e cada vez mais poli-
cionamento ético com fornecedores, consumidores, funcionários, ciada pela mídia, os investimentos passarem a dar resultados eco-
com a preservação do meio ambiente, enfim, preocupação com a nômicos apenas quando os produtos oferecessem mais valor aos
sustentabilidade. consumidores; o desenvolvimento de alianças estratégicas entre
No Brasil, durante os anos 1980, houve volumosa mobiliza- empresários que, embora concorrentes entre si, estabelecem diver-
ção dos movimentos populares visando à liberdade, à democracia sas formas de cooperação para dinamizar seus negócios e alcançar
e à superação da situação de pobreza cultural, política, material maior competitividade; a conjugação dos esforços de agentes so-
e espiritual de grande maioria da população do país. Em conse- ciais em fundos de investimentos e em fundos de pensão, numa
quência da organização política dos vários segmentos da socieda- associação em que o capital assume caráter conjunto ou associati-
de, em 1988, houve a promulgação da Nova Constituição Federal vista; a pulverização do capital aplicado numa variedade enorme
Brasileira, caracterizada como “Constituição Cidadã”, em razão de de empreendimentos sem mudar sua essência privada e individual;
alguns avanços conquistados a exemplo dos direitos sociais, civis, a emergência de empreendedores que controlam alguma forma de
humanos e políticos. A partir dessa constituição, o país estabelece conhecimento, ou de saber inovador, em detrimento dos antigos
o regime democrático e participativo como modelo de organização detentores de capital monetário, dando corpo ao conceito de ca-
política. Essa constituição aponta várias diretrizes para a efetiva- pital intelectual; o fortalecimento da figura dos gestores profissio-
ção da democracia, da liberdade, da igualdade e consegue inau- nais, possuidores de capacidades gerenciais centradas na persegui-
gurar a universalização dos direitos sociais, além de consagrar à ção da qualidade, da produtividade crescente e da competitividade
sociedade civil o papel de corresponsável nas questões de combate internacional; e a conquista de espaços democráticos no seio das
à exclusão social. empresas graças à gestão participativa.
Interessante citar o artigo 5º da Constituição Federal Brasi- Pelo exposto, observa-se que, a partir do final da década de
leira sobre os direitos e garantias individuais e coletivos, assegura 1980, as empresas brasileiras passaram a compreender a neces-
o direito à propriedade e essa propriedade deverá atender à sua sidade do cumprimento de sua função social diante da exigência
função social. Também no artigo 170, essa lei maior garante a res- da lei, como também do atendimento às novas determinações dos
ponsabilidade das empresas com a sociedade: mercados competitivos, submetidas às regras e aos padrões éticos
internacionais. Nesse sentido, questões ligadas à ética e à respon-
Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do tra- sabilidade social ganham espaço e importância no universo em-
balho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos presarial.
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observa- Ao longo dos anos 1990, um movimento ascendente de va-
dos os seguintes princípios: lorização da responsabilidade social empresarial faz surgir algu-
I – soberania nacional; mas entidades representativas importantes para discussão, reflexão
II – propriedade privada; e desenvolvimento de nova cultura empresarial no Brasil. Entre
III – função social da propriedade; elas o Instituto Ethos de Responsabilidade Social; o Instituto de
IV – livre concorrência;
Cidadania Empresarial; o Conselho de Cidadania Empresarial da
V – defesa do consumidor;
Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg); a
VI – defesa do meio ambiente;
Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (Fi-
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
des); o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) e o Ins-
VIII – busca pelo pleno emprego;
tituto Brasileiro de Análises Sociais (Ibase).
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno
Vale destacar a importância desenvolvida pelo Instituto Ethos
porte que tenham sua sede e administração no país.
de Responsabilidade Social no Brasil, criado pelo empresário
A partir da Nova Constituição Federal houve preocupação das
Oded Grajew, em 1998, na cidade de São Paulo. Organização pri-
pessoas e das empresas no cumprimento da lei. As empresas passa-
ram a buscar conhecimento e articular mudanças para assumirem vada sem fins lucrativos, mantém-se pela contribuição das empre-
sua função na sociedade. Ao respeitar a função social, que não se sas associadas cuja principal função é a disseminação do conceito
restringe somente à oferta de empregos, pagamento de impostos, de responsabilidade social por meio de encontros, seminários, con-
circulação de mercadorias, acúmulo de riqueza, a empresa garante gressos e outras atividades de publicação e divulgação.
a possibilidade de transformação social contribuindo para a supe- Também o Instituto de Análises Sociais (Ibase), organizado
ração das desigualdades sociais. em 1996 pelo sociólogo Herbert de Souza, teve reconhecida atua-
Alves (2000) explica que uma nova realidade no jogo das for- ção. O Ibase deu grande impulso à necessidade de realização do
ças sociais se estabelece entre empresa-sociedade e também tem balanço social das empresas, contando com apoio de lideranças
suas ramificações explícitas na criação de um aparato jurídico-le- empresariais e de outros segmentos da sociedade. Em 1996, foi
gal ou em mudanças nos padrões de comportamentos sociais que lançado o “Selo Balanço Social”, visando à certificação das em-
afetam a cultura e a ação empresarial. presas socialmente comprometidas com o desenvolvimento das
Srour (1998) aponta um conjunto de fatores históricos ocorri- áreas de educação, de saúde, de cultura e do meio ambiente.
dos durante a segunda metade do século XX, em âmbito mundial, O Gife, criado em 1996, desempenhou contribuição favorá-
que reforçam a construção do movimento sobre responsabilidade vel no reconhecimento e no desenvolvimento da responsabilidade
social corporativa. social pelas empresas. A missão desse grupo é o aperfeiçoamento
O fortalecimento de uma sociedade civil, ativa e articulada, e a difusão dos conceitos e práticas do investimento privado em
que rejeitou a acomodação à pobreza sem apelo à solução de for- fins públicos, a sustentabilidade. Seu objetivo principal está assim
ça, e que aos poucos penetrou no aparelho de Estado, tornando-o definido:

Didatismo e Conhecimento 56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável Dessa forma, o desenvolvimento sustentável torna-se fun-
do Brasil, por meio do fortalecimento político-institucional e do damental para a sobrevivência da sociedade e do planeta, depen-
apoio à atuação estratégica de institutos e fundações de origem dendo do equilíbrio estabelecido entre o social, o ambiental e o
empresarial e de outras entidades privadas que realizem inves- econômico. Portanto, o grande desafio do desenvolvimento susten-
timento social voluntário e sistemático, voltado para o interesse tável está na expansão do crescimento econômico incorporando va-
público. riáveis culturais, educacionais e ecológicas, além de proporcionar
Com preocupação em disciplinar e em organizar as práticas condições para a melhoria da qualidade de vida da humanidade,
sociais desenvolvidas no país pelas empresas, o Gife, por meio o que requer e exige ações integradas entre todos os segmentos e
dos seus constituintes, elaborou um código de ética cuja finalidade setores da sociedade organizada.
visa restringir as ações que não estejam relacionadas ao desenvol- Na sociedade de mercado, a empresa se constitui como unida-
vimento sustentável. de básica de organização econômica, sendo a mola propulsora para
O Código de Ética preconiza que os conceitos e a prática do o desenvolvimento econômico e, por esse motivo, com condições
investimento social derivam da consciência da responsabilidade essenciais à promoção do desenvolvimento sustentável.
e reciprocidade para com a sociedade, assumida livremente por Essa relação pode ser compreendida como responsabilidade
empresas, fundações ou institutos associados ao Gife. Para a rede
social empresarial, ou seja, a livre adesão da empresa em contribuir
Gife, as práticas de investimento social são de natureza distinta e
para o desenvolvimento sustentável, criando propostas e programas
não devem ser confundidas como ferramentas de comercialização
estratégicos que envolvam acionistas, fornecedores, consumidores,
de bens tangíveis e intangíveis (fins lucrativos) por parte das em-
presas ou mantenedoras. funcionários, suas famílias, a comunidade local, enfim, o conjunto
O exercício de atitudes e de comportamentos socialmente res- da sociedade civil organizada, visando à garantia de vida com qua-
ponsáveis das empresas, no Brasil, passa a destacar no ambiente lidade e sustentação ao longo do tempo.
social e vem se efetivando como conjunto de realizações orienta- Na opinião de Grajew (2000), “[...] toda empresa é uma força
das para concretização do desenvolvimento sustentável de comu- transformadora poderosa, é um elemento de criação e exerce gran-
nidades, transcendendo as questões filantrópicas. de ascendência na formação de ideias, de valores, nos impactos
O atual cenário globalizado dos mercados determina que as concretos na vida das pessoas, das comunidades, da sociedade em
empresas não sejam meramente organizações econômicas, mas geral.”
também sociais. Assim a compreensão complexa e correta sobre As empresas são poderosas, pois possuem os meios de produ-
responsabilidade social se torna imprescindível no universo em- ção, os recursos financeiros, tecnologias e autoridade política. O
presarial. poder requer responsabilidade para com a sociedade em geral que
se inicia no princípio constitucional do cumprimento de suas fun-
A responsabilidade social empresarial ções sociais e legitimamente reconhecida pela sociedade.
A responsabilidade da empresa se justifica pela qualidade de
Willis Harman (apud Makray, 2000) explica que “há uma dé- comprometimento com pessoas, comunidades, sociedade e meio
cada a comunidade de negócios havia se tornado a mais poderosa ambiente, uma vez que os impactos e as influências atingem di-
instituição na última metade do século XX, cabendo-lhe, portanto, retamente toda a cadeia de relacionamento, interferindo propositi-
uma nova tarefa no capitalismo: assumir uma parcela da responsa- vamente na satisfação de necessidades básicas e de sobrevivência,
bilidade pelo todo.” refletindo no processo de mudança social.
A responsabilidade pelo todo representa atitude que envolve A cultura que organiza a estrutura empresarial, as metas, os
pessoas e organizações no desenvolvimento dos diferentes papéis objetivos, as decisões, as atitudes e as atividades pode demonstrar à
e funções, na construção coletiva de uma sociedade justa e susten- sociedade valores que contribuem para a construção de uma socie-
tável. Isso significa que toda decisão e atitude nos negócios pode dade sustentável. As empresas que internalizam a responsabilidade
e deve ser efetivada a partir da consciência de que o destino da social na gestão dos negócios, do planejamento estratégico à imple-
humanidade e de todos os seres vivos depende dessas ações. A
mentação das ações, estabelecem padrões éticos no relacionamento
responsabilidade pelo todo favorece a criação de ações e atitudes
com toda a cadeia produtiva.
empresariais para o desenvolvimento sustentável.
A sustentabilidade é uma situação crítica para todo o plane- A ética, entendida como juízos morais, padrões e regras de
ta e é preciso ser atingida para permitir qualidade de vida à po- conduta humana, com ênfase na determinação do certo e do errado,
pulação, compatível com a capacidade de suporte ambiental. Só corresponde às práticas, valores e comportamentos esperados ou
uma verdadeira solução global pode garantir um futuro humano e proibidos pelos membros da sociedade, apesar de não codificados
sustentável. Essa solução exigiria formulação de políticas públicas em leis.
que assumisse desde já as escalas da humanidade e da biosfera. A ética empresarial direciona o comportamento em conformi-
(Informação verbal) dade com as condutas aceitas pela sociedade. Ferrel et al. (2001)
A sustentabilidade pode ser entendida como condição para ressaltam que a maioria das definições de ética empresarial diz res-
igualdade entre as gerações. Uma sociedade torna-se sustentável peito a regras, padrões e princípios morais sobre o que é certo ou
quando consegue oferecer condições para que no futuro a vida da errado em situações específicas [...] ética empresarial compreende
humanidade possa ter continuidade de forma qualitativa e quanti- princípios e padrões que orientam o comportamento no mundo dos
tativa no espaço e no tempo. negócios.
A Organização das Nações Unidas (ONU) (apud Credidio, A moral no ambiente empresarial refere-se ao conjunto de va-
2007) define sustentabilidade como “[...] atendimento das neces- lores e de normas reconhecidos e vinculados pelas organizações
sidades das gerações atuais, sem comprometer a possibilidade de como base de conduta. Os valores, os padrões e os princípios mo-
satisfação das necessidades das gerações futuras.” rais são estabelecidos para a coletividade, definem a vivência ética.

Didatismo e Conhecimento 57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Srour explica que a moral pode ser vista como conjunto de valores Atualmente, muitas empresas, principalmente aquelas que
e de regras de comportamento que as coletividades, sejam elas na- buscam, incansavelmente, modernização, inovação, competitivi-
ções, grupos sociais ou organizações, adotam por julgarem corretos dade e que esperam a lucratividade, estão assumindo a respon-
e desejáveis. Ela abrange as representações imaginárias que dizem sabilidade social como modelo de gestão. As empresas precisam
aos agentes sociais o que se espera deles, que comportamentos são incorporar em seu cotidiano a ética nas relações com seus diversos
bem-vindos, qual é a melhor maneira de agir coletivamente, o que públicos e, essa postura, requer mudança cultural e gerencial.
é o bem e o que é o mal. Responsabilidade social não é uma atividade separada do ne-
Existe relação muito próxima entre responsabilidade social e gócio. É a nova forma de gestão empresarial. E para uma empresa
ética, entendo que somente a partir dos princípios e valores morais ter sucesso, conquistar e ampliar mercado, ter competitividade, a
determinados pelos que conduzem as empresas, de acordo com responsabilidade social é indispensável e faz parte da operação,
padrões éticos universalmente aceitos e definidos, torna possível a está na infraestrutura da organização.
prática da responsabilidade social corporativa. Assim o exercício A responsabilidade social não pode permanecer no discurso
da responsabilidade social pressupõe assumir comportamentos e dos executivos e nem mesmo diluir-se nos comportamentos e prá-
atitudes éticas pela organização e todo o conjunto societário. ticas filantrópicas, assistencialistas, através de doações e participa-
As empresas que almejam a expansão dos negócios em âm- ções em eventos na comunidade. Ela exige postura ética, decisão
bito mundial precisam adotar padrões éticos e morais abrangendo política e conhecimento profundo da comunidade. Ela se incorpora
noções internacionais a respeito dos direitos humanos, do exercí- à gestão empresarial através das decisões e do planejamento estra-
cio da cidadania, da prática de participação na sociedade, da defesa tégico, na prática do gerenciamento, de processos e técnicas que
e da preservação do meio ambiente, entre outros. desenvolvam a sustentabilidade das populações para as quais di-
Efetivamente, valores éticos e morais influenciam as atitudes recionam suas ações. Essa atuação envolve o compromisso social
e a imagem organizacional e estão se tornando cada vez mais ho- dos acionistas, diretores, funcionários, fornecedores e até mesmo
mogêneos, rigorosos e universais. Dessa forma, a responsabilidade dos clientes.
social corporativa expressa nova forma de realizar negócios em O compromisso social, que ultrapassa o cumprimento da fun-
todo o mundo, caracterizando-se por visão inovadora, seguindo o ção social empresarial, não implica que a gestão empresarial re-
rigor dos valores éticos e morais aceitos universalmente. nuncie a seus objetivos econômicos e interesses particulares. As
Do ponto de vista de Grajew (2000), responsabilidade social organizações empresariais socialmente responsáveis são, justa-
empresarial acrescenta a obrigatoriedade do cumprimento da lei. mente, aquelas que, além de desempenharem funções importantes
Esclarece que “[...] ela começa a partir disso, de decisões que na produção de bens e de serviços, geram riquezas, conforme as
precisam ser tomadas não porque a Lei obriga e devem ser vistas normas legais e os padrões éticos estabelecidos pela sociedade,
como um gesto de livre e espontânea vontade, voluntária, calcada
proporcionam empregabilidade, conseguem garantir condições de
não na legislação, mas na ética, nos princípios e valores.”
vida digna para todos integrados ao seu meio ambiente interno,
O compromisso da responsabilidade social significa a integra-
mas, sobretudo, se organizam para investimentos sociais que cau-
ção e a opção voluntária das organizações empresariais com ques-
sem impacto local, regional e nacional.
tões socioambientais que se materializam por meio das atividades
Drucker (2002) explica que a única forma das empresas aten-
administrativas, produtivas e comerciais, das relações estabeleci-
derem a suas funções sociais será através do bom desempenho das
das com todos os envolvidos, integrantes diretos e indiretos da ca-
suas funções econômicas.
deia produtiva, os stakeholders. Além disso, complementa as exi-
A maneira como a instituição desempenha sua missão espe-
gências legais e contratuais que constitucionalmente são obrigadas
a cumprir. Em outras palavras, a responsabilidade social abrange cífica é também a primeira necessidade e o maior interesse da so-
as boas práticas corporativas e a ética empresarial, ultrapassando ciedade. Esta nada tem a ganhar [...] se a capacidade da instituição
as normas jurídicas e incluindo aspectos diversos como os que vão em desempenhar sua própria tarefa específica for reduzida. [...]
da gestão de recursos humanos e da cultura empresarial à seleção Uma empresa falida não é uma boa empregadora e dificilmente
dos parceiros comerciais e da aplicação de tecnologias. Implica in- será uma boa vizinha na comunidade. Como também não criará o
tegração das decisões e avaliações estratégicas sobre as dimensões capital necessário para os empregos do futuro ou as oportunidades
financeira, tecnológica, ambiental, comercial e social da empresa, para os trabalhadores de amanhã.
levando em consideração seus impactos na sociedade. Na opinião Drucker (2002) defende que a maior responsabilidade social
de Ferrel et al. (2001), “[...] a responsabilidade social no mundo da empresa é o desempenho de suas funções e a primeira delas é
dos negócios consiste na obrigação da empresa em maximizar seu gerar riqueza. A empresa que não consegue obter lucros está sendo
impacto positivo sobre os stakeholders e em minimizar o negati- irresponsável, porque está desperdiçando recursos destinados ao
vo.” atendimento de necessidades sociais.
Kraemer (2005) define responsabilidade social das empresas Sob a perspectiva capitalista, as empresas necessitam da lu-
como um conceito segundo o qual as empresas decidem, numa cratividade e, somente através de bons resultados econômicos,
base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para conseguirão contribuir para o desenvolvimento sustentável da
um ambiente mais limpo. A empresa é socialmente responsável sociedade. Vale considerar que os interesses econômicos refletem
quando vai além da obrigação de respeitar as leis, pagar impostos diretamente na concepção da responsabilidade social da empresa,
e observar as condições adequadas de segurança e saúde para os uma vez que a obtenção do lucro é essencial para que os negócios
trabalhadores, e faz isso por acreditar que assim será uma empresa se mantenham e sejam competitivos no mercado, ao mesmo tem-
melhor e estará contribuindo para a construção de uma sociedade po, que os comportamentos éticos e responsáveis garantem a sua
mais justa. própria sustentabilidade.

Didatismo e Conhecimento 58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
As reflexões de Melo Neto e Froes (1999) colocam a res- A empresa-cidadã opera sob uma concepção estratégica e um
ponsabilidade social como fator de competitividade. As empresas compromisso ético, resultando na satisfação das expectativas e
que assumem postura ética e responsável, além de desenvolverem respeito aos direitos dos parceiros. Com esse procedimento, acaba
ações sociais dirigidas à sociedade, conquistam posição de vanta- por criar uma cadeia de eficácia, e o lucro nada mais é do que o
gem no mercado. prêmio da eficácia. (Martinelli, 2000).
A responsabilidade social, postura inovadora de gestão cor- As organizações empresariais se desenvolvem na sociedade
porativa, propõe-se responder às demandas da sociedade, simul- e nela buscam atingir seus objetivos atendendo às necessidades
taneamente, aos seus propósitos de mercado, compatibilizando-os essenciais e básicas. A empresa-cidadã não se restringe somente
com a busca pelo lucro. Ela configura como movimento que en- ao atendimento constitucional de suas funções sociais, mas inova
volve grupos representativos de vários segmentos empresariais, quando efetiva e avalia sua contribuição à sociedade. Essa contri-
estimulando-os e obrigando-os a repensarem o seu papel e a forma buição é fruto de posição proativa e da decisão de mobilizar todos
de conduzir seus negócios, com vistas a assumirem atitudes éticas os seus recursos (humanos, tecnológicos, materiais, financeiros,
e socialmente responsáveis em todas as suas relações. informações, processos e técnicas de gestão) para o encaminha-
O movimento da responsabilidade social não expressa modis- mento de soluções aos problemas sociais. Assim a empresa-cidadã
mo, mas uma realidade do contexto empresarial mundial, que acar- reflete o compromisso com a humanidade através de atitudes éti-
reta alterações gradativas na cultura organizacional determinando cas e responsáveis com o todo organizacional utilizando talentos
mudanças de comportamentos e de valores nas empresas. Essas humanos, tempo e tecnologias em busca do desenvolvimento sus-
modificações se iniciam através das decisões de seus proprietários tentável.
e gestores e que balizam todo o relacionamento da empresa com Vale esclarecer que todos os recursos mobilizados para a prá-
a sociedade. tica da responsabilidade social, sob essa concepção, não são incor-
Kraemer (2005) explica que “a sociedade é que dá permissão porados no custo dos produtos e serviços, pois visam atender aos
para a continuidade da empresa.” Os consumidores e os investido- objetivos sociais.
res não estão interessados em arriscar seus patrimônios em compa- A cidadania corporativa traduz o relacionamento entre em-
nhias que se recusam a tomar medidas de prevenção na área social presas e sociedade, direciona a organização ao contexto global
e ambiental. compartilhando valores e formas responsáveis de gerenciar os ne-
Interessante ilustrar essa reflexão com alguns aspectos que gócios com todos os parceiros e, neste sentido, constitui-se parte
integrante do planejamento, dos objetivos e da operação da empre-
identificam ações socialmente responsáveis a partir da concepção
sa. Assim a cidadania corporativa significa novo estilo de gestão,
de Karkotli e Aragão (2004):
no qual o planejamento estratégico contempla o impacto de seus
- gerar valor para seus agentes internos – proprietários, inves-
produtos e serviços sobre os diversos públicos com os quais a em-
tidores e colaboradores – para que, em primeiro lugar, se justifi-
presa interage, tanto em relação aos direitos quanto à responsabi-
quem os recursos financeiros, humanos e materiais utilizados pelo
lidade das partes.
empreendimento;
A discussão do conceito de cidadania corporativa remete à
- adicionar valor para a sociedade, nela identificados gover- compreensão da expressão “governança corporativa”, que signi-
nos, consumidores e mercado, disponibilizando bens ou serviços fica o modo como a empresa trabalha. A forma correta de plane-
adequados, seguros e de algum significado para melhorar a vida jar, executar, controlar e avaliar as ações empresariais determina
das pessoas; a cidadania corporativa responsável. Na visão de Reis e Medeiros
- prestar informações confiáveis; (2007), “[...] a responsabilidade das empresas perante suas ações
- promover comunicação eficaz e transparente para com os que afetam a sociedade é tão importante quanto a responsabilida-
colaboradores e agentes externos; de do governo pela boa governança da nação. A empresa também
- recolher tributos devidos; deve ser governada beneficiando todas as partes interessadas.”
- racionalizar, ao máximo, a utilização de recursos naturais e Nesse sentido, a responsabilidade social não se limita às fun-
adotar medidas de proteção e preservação do meio ambiente; ções do Estado, mas das empresas e da sociedade como um todo.
- incentivar a participação de dirigentes e colaboradores, en- Martinelli (2000, p.88) defende que a empresa-cidadã consegue
quanto cidadãos, na solução de problemas da comunidade; ampliar e complementar a sua função de agente econômico em
- formar parcerias com outros organismos, de governos e da agente social, pela disponibilização voluntária e responsável dos
sociedade civil, para identificar deficiências e promover o desen- mesmos recursos usados nos negócios para transformar a socieda-
volvimento da comunidade onde está instalada; de e desenvolver o bem comum.
- transacionar de forma ética em toda a cadeia de relaciona- A responsabilidade social se aplica em qualquer tipo de orga-
mento e outras partes interessadas como fornecedores, colabora- nização empresarial, independentemente do porte, se pública ou
dores, clientes, entidades associativas e representativas, governos, privada, podendo ser considerada como estratégia para alcançar a
entre outras. competitividade no mercado, uma vez que os consumidores têm
Os mesmos autores consideram que a gestão de uma organiza- preferência pelos produtos e serviços de empresas éticas e compro-
ção que adota práticas éticas e responsáveis consegue atingir a sua metidas com a sociedade. Portanto, as empresas socialmente res-
maioridade, podendo ser entendida como cidadania empresarial. ponsáveis são agentes que agregam valores à cultura empresarial
A empresa-cidadã assume compromissos e respeita direitos e, ao mesmo tempo, agentes de mudança social. Assumem o rela-
em relação aos públicos interno e externo. A cidadania empresarial cionamento ético e responsável para com todos os seus parceiros
direciona políticas a cada um de seus parceiros e cultiva, volunta- e buscam a construção de um futuro com crescimento econômico,
riamente, valores que expressam sua cultura organizacional, sendo equidade social e uso adequado dos recursos naturais, diferencian-
referência de ação dos dirigentes aos consumidores. do-se, entre outras, pelo maior potencial de sucesso e longevidade.

Didatismo e Conhecimento 59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Tendo em vista que a cidadania corporativa exige transpa- Essa última, considerada a Norma Internacional de Respon-
rência e compromisso, algumas instituições se preocuparam com sabilidade Social, atua como princípio ético balizador das ações
a construção de instrumentos específicos para avaliar condutas e relações da empresa com os públicos com os quais interage –
socialmente responsáveis das empresas. Por isso, foram criados funcionários, consumidores, fornecedores e a comunidade. Essa
indicadores de desempenho que permitem avaliar, medir, auditar, norma visa socializar valores para todos os elos dessa cadeia e foi
além de orientar a conduta dessas organizações. Esses indicadores elaborada com base nas regras da Organização Internacional do
contribuem para identificar necessidades e apontar deficiências das Trabalho (OIT), na Declaração Universal dos Direitos Humanos e
iniciativas de responsabilidade social. na Declaração Universal dos Direitos da Criança. Possui critérios
Para tanto, normas, padrões, diretrizes, incluindo certificações essenciais de atuação que visam à erradicação da mão de obra in-
sociais, selos nacionais e internacionais representam diferenciado- fantil, à segurança e à saúde do trabalhador, à liberdade de associa-
res de credibilidade e aceitação no mercado para as corporações ção e direito à negociação coletiva, à discriminação, ao horário de
socialmente responsáveis. trabalho, à remuneração, às práticas disciplinares que determinam
No Brasil, destacam-se o Selo Balanço Social, conferido pelo a política de responsabilidade social. A norma SA 8000 constitui o
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) às primeiro padrão de certificação social que busca garantir os direi-
empresas que realizam o balanço social, e o Selo Empresa Amiga tos básicos dos trabalhadores.
da Criança, concedido pela Fundação Abrinq àquelas que não utili- A SA 8000 surgiu como resposta às pressões do mercado con-
zam mão de obra de crianças e adolescentes e que contribuem para sumidor sobre empresas que ignoram as condições de trabalho ofe-
programas de melhoria de suas condições de vida. recidas por seus fornecedores. Teve maior impulso após denúncias
O balanço social consiste em instrumento que reúne todas as de utilização de mão de obra infantil e escrava na indústria chinesa
informações sobre as atividades de caráter social e não obrigató- de brinquedos, principal fornecedora das redes americanas de va-
rias que a empresa realiza durante um período de tempo, visando
rejo. (Pacheco, 2001).
à transparência em suas ações, além de contribuir para melhorar a
Outro destaque em relação aos indicadores de responsabili-
comunicação e o sistema de informação da organização para com
dade social se refere ao Global Compact (Pacto Global), criado
todas as partes interessadas. Do ponto de vista de Reis e Medei-
em 1999, a partir da iniciativa do secretário-geral das Nações Uni-
ros (2007), o balanço social deve ser “ferramenta de ação e divul-
das, Kofi Annam, cuja finalidade motiva, mundialmente, a criação
gação das informações econômicas e sociais que possam servir
de estruturas sociais e ambientais para assegurar a continuidade de
como instrumentos de apoio ao planejamento do desenvolvimen-
to.” Essa ferramenta representa um indicador de responsabilidade mercados livres, abertos, e dar possibilidade para que todos tenham
social. Segundo o Ibase, o balanço social [...] é um demonstrativo acesso aos benefícios da economia global.
publicado anualmente pela empresa reunindo um conjunto de in- Os objetivos e princípios propostos pelo Pacto Global estão
formações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas relacionados a questões de direitos humanos, civis, de trabalho e
aos empregados, investidores, analistas de mercado, acionistas e de meio ambiente, estando disseminados pelos organismos inter-
à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar nacionais como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o
e multiplicar o exercício da responsabilidade social corporativa. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Alto
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social de- Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh)
senvolveu um conjunto de indicadores sociais que permite identi- e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
ficar a performance da empresa em relação a práticas socialmente Várias organizações empresariais nacionais e estrangeiras es-
responsáveis. Esses indicadores são apresentados em forma de tão buscando conhecer e adotar normas e padrões de responsabili-
questionário de avaliação da empresa, dividido em sete grandes dade social, pois, no contexto globalizado, a não observância des-
temas: valores e transparência, público interno, meio ambiente, ses princípios tem ocasionado reflexos negativos nas economias
fornecedores, consumidores/clientes, comunidade e governo e so- regionais e locais, impedindo a expansão dos negócios em vários
ciedade. segmentos.
Algumas normas internacionais foram criadas como padrão Por meio de pressões do mercado internacional, as empresas
de referência na qualidade requerida pelos mercados. A BS 8800, são impulsionadas a aderirem aos critérios impostos pelas normas
norma britânica, através das especificações Occupational Health de certificação a fim de alcançarem a condição de empresas-cidadãs.
and Safety Assessment Serie (OHSAS) 18001 e 18002, compõe As principais normas e certificações significam ferramentas
um sistema de gestão da Segurança e Saúde do Trabalhador (SST) para avaliar e certificar as empresas consideradas socialmente res-
que orienta as empresas para o desenvolvimento de ações destina- ponsáveis e contribuem, de maneira positiva, para que o movimen-
das ao seu público interno. to sobre a responsabilidade social se efetive através da concretiza-
De igual relevância, a Norma Accountability – AA 1000, cria- ção da consciência ética, do agir corretamente, não pela imposição
da em 1996 pelo Institute of Social and Ethical Accountabilitity da lei, mas pela necessidade de contribuir para o desenvolvimento
(Isea), organização não governamental sediada em Londres, no sustentável, do compromisso com a responsabilidade em avaliar
Reino Unido, objetiva monitorar as relações sociais entre a em- constantemente os impactos das ações corporativas para com a so-
presa e a comunidade onde está inserida, como também promover ciedade de modo geral. Acrescenta-se a este conjunto de fatores
e dar suporte às organizações nas atividades de implementação de a responsabilidade perante os problemas sociais que perpassam o
sistemas de gestão éticos e socialmente responsáveis. mundo, adotando práticas e ações éticas comprometidas aos valo-
A norma Social Accountability (SA) 8000 foi criada em 1997 res humanos, sociais e ambientais. Enfim, a responsabilidade social
com o objetivo de atestar e comprovar o exercício pleno da res- torna-se importante meio das organizações empresariais partici-
ponsabilidade social interna e externa a empresa, conferindo-lhe a parem no enfrentamento das expressões da questão social. (Texto
condição de empresa-cidadã. adaptado de LIMA, M. J. O. Doutora docente em Serviço Social).

Didatismo e Conhecimento 60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
sua ocorrência. Deve-se destacar que o custo total da não-seguran-
ça para as empresas, trabalhadores, famílias, sociedade e governo
3.5. GESTÃO EM SAÚDE E SEGURANÇA é de difícil mensuração.
Reativamente, os custos decorrentes da falta de segurança es-
tão ligados ao tratamento das consequências dos acidentes e as
subsequentes ações corretivas. Já, os custos da segurança estão
Para Araújo (2006a), perdas, injúrias, danos à propriedade relacionados com todo o tempo e recursos utilizados no planeja-
eventualmente causados pelas atividades, produtos e serviços de mento da prevenção de acidentes e nos controles implementados
uma organização, constituem problemas que podem acarretar pre- nos locais de trabalho.
juízos através de várias formas, tais como processos de responsa- Muitas empresas vêm mudam do seus princípios e valores,
bilidade civil pelo fato do produto ou serviço oferecer riscos aos expressando formalmente em seu código de ética e que devem nor-
trabalhadores, alto índices de absenteísmo e afastamento de traba- tear todas as suas relações, planos, programas e decisões, buscan-
lho devido a acidentes. do implementar uma gestão socialmente responsável. Nesse caso,
As empresas devem estar livre de riscos inaceitáveis de danos o exercício destes princípios e valores se dá em duas dimensões:
nos ambientes de trabalho, garantindo o bem estar físico, mental, a gestão da responsabilidade social interna e a gestão da respon-
e social dos trabalhadores e partes interessadas. Para minimizar ou sabilidade social externa. Assim, este novo conceito faz com que
eliminar tais prejuízos, muitas organizações desenvolvem e im- empresas socialmente responsável tomem suas decisões, pró-ati-
plementam sistemas de gestão voltados para a segurança e saúde vamente, com base na ética e na transparência de suas ações.
ocupacional.
Ainda cita Araújo (2006) que os controles implementados de-
Sistemas de gestão de segurança e saúde
vem ser capazes de identificar e avaliar as causas associadas aos
acidentes e incidentes. Principalmente, a avaliação e o exame dos
Os sistemas de gestão da Segurança e Saúde no Trabalho é
incidentes, pois fornecem dados que, se devidamente tratados atra-
vés de uma visão sistêmica, podem fornecer subsídios importantes um conjunto de iniciativas da organização, formalizado através
para a prevenção de possíveis acidentes. de políticas, programas, procedimentos e processos de negócio
Lapa (2001) considera a gestão de segurança e saúde, através da organização para auxiliá-la a estar em conformidade com as
da garantia da integridade física e da saúde dos funcionários, como exigências legais e demais partes interessadas, conduzindo suas
fator de desempenho que deve ser incorporado à gestão do negócio atividades com ética e responsabilidade social. Os elementos deste
empresarial. sistema de gestão não são estáticos e devem reagir e se adaptarem
Acidentes, incidentes constituem, muitas vezes, em eventos aos desvios (reais ou potenciais) que ocorram em relação aos seus
que devem ser controlados de maneira preventiva através do pla- objetivos e propósitos, visando à melhoria contínua.
nejamento, organização e avaliação do desempenho dos meios de Tavares Jr. (2001), diz que, embora a gestão da saúde e segu-
controles implementados. Estes eventos estão, muitas vezes, as- rança ainda não exista como norma internacional, como é o caso
sociados a inúmeras causas, e não apenas a uma causa específi- da ISO 9000 para qualidade e da ISO 14000, para a gestão am-
ca. Análises simples e rápidas podem levar à conclusão de que a biental, os especialistas da área acreditam que a questão da saú-
causa imediata reside nos fatores humanos e/ou em algum tipo de de e segurança terá o mesmo caminho, considerando a série de
problema técnico, mas, grande parte de tais eventos é decorrente normas britânicas BS 8800 para sistemas de gestão de segurança
de falhas na gestão responsável pela segurança e saúde ocupacio- e saúde. Diferente das normas de qualidade e ambiental que são
nal aplicada a estes fatores. Assim, é importante que os gestores certificadoras, as normas de saúde e segurança vêm na forma de
responsáveis pelo controle dos aspectos de segurança e saúde da guia unificando todo um conteúdo. No Brasil, há diversas empre-
organização deem especial atenção ao fator humano e a tecnologia sas que já possuem ou trabalham para obter sistemas integrados
utilizada. que incorporam os requisitos da ISO 9000, ISO 14000 e as diretri-
Na época da Revolução Industrial, as preocupações na área zes da BS 8800.
de segurança não focavam a prevenção de acidentes, e sim a repa- Para implementação do Sistema de Gestão de Segurança e
ração dos danos à saúde e a integridade física dos trabalhadores, Saúde no Trabalho, também é importante conhecer os níveis de
cujos custos diretos eram conhecidos. Segundo Benite (2004), por desempenho em relação à Segurança e Saúde no Trabalho que as
volta de 1926 os estudos do norte-americano Heinrich já demons-
organizações podem apresentar, visto que o propósito básico do
travam uma relação entre os custos indiretos e diretos da ordem
sistema é atuar sobre esse desempenho. Estes sistemas de gestão
de 4:1, ou seja, os custos indiretos eram muito mais altos do que
de podem contribuir para que empresas obtenham um nível de me-
os custos diretamente associados aos acidentes evidenciando que
lhoria contínua de desempenho, visto que apresentam mecanismos
somente a reparação não era suficiente sendo necessários investi-
mentos em prevenção. sistêmicos de melhoria, fundamentando-se em uma atuação proa-
Qualquer acidente gera um prejuízo econômico significativo, tiva.
pois todos os custos diretos e indiretos resultantes são custeados Segundo o BSI (1996), em 1996 foi criada a norma BS 8800
pela a empresa e consequentemente atinge todas as partes relacio- que tem como objetivo ser uma ferramenta para os administrado-
nadas. A abrangência destes custos deve ser bem conhecida pelos res, empregados e profissionais envolvidos com a Segurança do
empresários, de modo que esses percebam os recursos desperdiça- Trabalho e outras especialidades terem a sua disposição uma “bús-
dos para cada acidente que ocorra, servindo como um forte argu- sola” para seguir e direcionar suas ações. Dentre os objetivos da
mento para estimular investimentos que reduzam ou eliminem a norma destacam-se:

Didatismo e Conhecimento 61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
- Valorização do Capital Humano; Os objetivos a serem estabelecidos devem ser mensuráveis
- Melhora do rendimento do trabalho; - Garantia do sucesso sempre que possível, a utilização de objetivos não mensuráveis só
da organização; é recomendada quando a empresa não encontrar formas adequa-
- Melhora da imagem da organização frente à sociedade. das para realizar o seu acompanhamento de forma qualitativa. Os
Esta norma foi criada com a intenção de proporcionar uma objetivos devem ser comunicados de forma eficaz a fim de que as
linguagem comum para os sistemas de gestão de segurança e saúde pessoas possam contribuir para atingi-los.
ocupacional, auxiliando as empresas a estabelecer uma plataforma
universal para tratar e administrar questões de risco, higiene no tra- - Identificação de Perigos, Avaliação e Controle dos Riscos
balho, comportamento e atitudes seguras em relação ao ambiente Para a norma BSI-OHSAS 18001 (1999) a organização deve
onde se exercem alguma atividade. estabelecer e manter procedimentos para a contínua identificação
Em 1999, foi criada A Norma Occupational Health and Sa- de perigos, avaliação de riscos e a implementação das medidas de
fety Assessment Series OHSAS 18000 que apresenta os requisitos
controle necessárias. Estes devem incluir:
para um sistema em saúde e segurança ocupacional, permitindo a
- Atividades de rotina e não-rotina;
uma organização controlar seus riscos em saúde e segurança ocu-
pacional e melhorar seu desempenho. Ela não estabelece critérios - Atividades de todo o pessoal que têm acesso ao local de tra-
específicos de desempenho em saúde e segurança ocupacional, balho (incluindo subcontratantes e visitantes);
nem fornece especificações detalhadas para a concepção de um - Instalações
sistema de gestão. A série de avaliação de saúde e segurança ocu- Segundo norma BSI-OHSAS 18001 (1999), a organização
pacional OHSAS 18001 foi projetada para ajudar as organizações deve garantir que os resultados dessas avaliações e os efeitos dos
a formularem políticas e metas de saúde e segurança ocupacional, controles sejam considerados para o estabelecimento dos objetivos
incluindo a norma 18002, Diretrizes para a implementação da OH- de Segurança e Saúde no Trabalho, devendo documentar e manter
SAS 18001. tais informações atualizadas.
Os elementos de um sistema de saúde e segurança ocupacio- Tomando como base o pressuposto de que é impossível ocor-
nal exigem um processo contínuo de revisão e avaliação, dentro rer um acidente e suas consequências sem a presença de um perigo,
do conceito de melhoria contínua, levando em conta o aperfeiçoa- as empresas devem buscar o total conhecimento dos perigos e ris-
mento e a minimização de todas as não-conformidades em saúde cos existentes em seus ambientes de trabalho, estabelecendo uma
e segurança. Segundo Tavares Jr. (2001) nesta avaliação, a iden- sistemática que permita a criação de um inventário dos perigos e
tificação de um elemento com alto percentual ou indicador eleva- riscos existentes, contemplando a avaliação dos riscos envolvidos,
do em uma não-conformidade, pode ser usado como indicador de devendo ser proativo e com objetivo garantir que todos os perigos
prioridade para eliminar a não-conformidade ou reduzi-la a pa- atuais e futuros sejam identificados e tratados adequadamente.
drões estabelecidos nas Normas Regulamentadoras.
O gerenciamento de riscos é de fundamental importância, pois
auxilia a tomada de decisão na área de Segurança e Saúde e per-
Principais requisitos dos sistemas de gestão de segurança
e saúde mitir melhor alocação de recursos, além de subsidiar o processo de
definição de medidas de controle, podendo avaliar quais riscos são
- Política, Objetivos e Programas de Segurança e Saúde no toleráveis e quais devem ser controlados. Estes dados também de-
Trabalho vem subsidiar o estabelecimento dos objetivos e programas, dire-
Segundo a norma BSI-OHSAS 18001 (1999), a empresa deve cionando os recursos para as áreas mais importantes, o que resulta
implementar uma política de segurança e saúde no trabalho, au- em uma melhoria na relação custo-benefício.
torizada pela alta administração, que claramente estabeleça os Deve-se notar a importância deste requisito pois o desempe-
objetivos gerais de segurança e saúde e o comprometimento com nho de segurança e saúde está diretamente ligado à eficácia de sua
a melhoria do desempenho em segurança e saúde. Através da im- implementação, ou seja, se os perigos e riscos forem mal identifi-
plantação desta política, define-se um direcionamento geral para a cados ou avaliados, todas as ações decorrentes serão realizadas de
empresa e as diretrizes de atuação em relação à segurança e saúde forma inadequada.
do trabalho. Estas diretrizes devem ser compostas por requisitos A empresa, baseando-se na identificação de perigos e avalia-
que efetivamente sejam cumpridos pela empresa e que sejam evi- ção de riscos, deve identificar quais são os processos que podem
denciados de maneira clara. contribuir para a eliminação dos perigos ou para a redução dos ris-
A empresa deve fundamentar, com base em sua política os ob- cos, e estabelecer os controles necessários, considerando diversos
jetivos e os respectivos programas de gestão da segurança e saúde fatores, entre eles: o nível de risco existente, os custos, a pratici-
no trabalho. O desdobramento da política e missão da empresa em
dade do controle e a possibilidade de se introduzir novos perigos,
objetivos quantificados feito sucessivamente ao longo de todos os
a fonte (perigo), o meio e o homem, e quanto mais próximos os
níveis da organização, de maneira a permitir que cada pessoa saiba
exatamente de que forma contribui, faz com que a empresa seja controles estiverem das fontes mais eficientes e efetivos eles serão.
facilmente manobrável, tornando-se mais ágil e dinâmica. Os controles operacionais na fonte, devem dar prioridade à
Segundo a norma BSI-OHSAS 18001 (1999), os programas eliminação dos perigos ou evitar que eles existam, pois uma vez
de gestão de Segurança e Saúde devem ser analisados criticamente que não existe o perigo, não haverá o acidente. Deve-se destacar
em intervalos regulares e planejados. Onde houver necessidade, que essa forma de controle pode demandar a aplicação de novas
estes programas devem ser revisados para atender às mudanças tecnologias, mudanças significativas nos processos e consequen-
nas atividades, produtos, serviços, ou condições operacionais da temente maiores investimentos para se obter resultados mais sig-
organização. nificativos.

Didatismo e Conhecimento 62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Os controles nos meios baseiam-se na criação de barreiras - Consulta e Comunicação
para prevenir que o homem fique exposto a um determinado peri- A norma BSI-OHSAS 18001 (1999) determina que a empresa
go, sem que este seja eliminado. Uma vez aplicadas, operando cor- deve possuir um procedimento que estabeleça a sistemática para
retamente e com as devidas manutenções, as barreiras não deman- assegurar uma boa comunicação entre a gerência e os trabalha-
dam ações por parte das pessoas. Uma das maiores dificuldades dores e vice-versa, entre a empresa e todas as partes interessadas.
em relação a esse tipo de controle é que, muitas vezes, as barreiras A comunicação entre os trabalhadores e a gerência deve ser
são removidas ou tornadas inoperantes, expondo as pessoas ao ris- desenvolvida por meio de um procedimento que proporcione uma
co. Esse tipo de controle, em alguns casos, pode criar uma falsa sistemática confiável.
sensação de segurança, podendo gerar graves acidentes.
O controle sobre as pessoas baseia-se no estabelecimento de - Preparação e Atendimento a Emergências
parâmetros para a forma de pensar e agir dos trabalhadores, como Segundo a norma BSI-OHSAS 18001 (1999), a organização
intuito de que os processos ocorram de maneira segura. Este deve deve analisar criticamente os planos e procedimentos de prepara-
ser utilizado como último recurso, somente nos casos em que não ção e atendimento a emergências, especialmente após a ocorrência
é possível conseguir uma forma praticável de tornar o ambiente de de incidentes ou situações de emergência.
trabalho intrinsecamente seguro. Com base nos perigos existentes, deve-se identificar as hi-
pótese de emergências, considerando todos os novos perigos que
- Exigências Legais e Outras possam surgir e suas decorrentes hipóteses de emergência, como
Para a norma BSI-OHSAS 18000 (1999), a organização deve por exemplo, novas instalações, novos equipamentos, introdução
estabelecer e manter procedimento para identificar e acessar a le- de novos materiais e serviços.
gislação e outras exigências de Segurança e Saúde no Trabalho que Nenhuma atividade pose ser realizada de maneira totalmente
lhe são aplicáveis. A organização deve manter estas informações segura. Desta forma, a empresa deve ter planos ou procedimentos
atualizadas. Deve comunicar informações relevantes sobre legis- que definam como agir em uma eventual situação de emergência,
lação e outras exigências aos seus empregados e a outras partes o que poderá se tornar a diferença entre um pequeno acidente e
interessadas. evento catastrófico. Araújo (2006b) cita que a eficácia da resposta
A falta de um processo adequado para identificação e aplica- durante as emergências é uma função da quantidade e qualidade do
ção de legislações e normas nas empresas pode contribuir para o planejamento, dos treinamentos e simulados realizados.
seu descumprimento e as consequentes multas, embargos e aci-
dentes. Medição e Monitoramento o Desempenho

Estrutura e Responsabilidade Para a norma BSI-OHSAS 18001 (1999), as empresas de-


vem aumentar sua capacidade de julgamento analítico por meio
Segundo a norma BSI-OHSAS 18001 (1999), a responsabi- da obtenção de informações atualizadas que lhes permitam cons-
lidade final sobre segurança e saúde no trabalho pertence à alta truir estratégias consistentes para abordar seus problemas. Devem
administração. A organização deve designar um membro da alta também, identificar quais elementos chave para o desempenho em
administração (por exemplo, em uma grande organização, um di- Segurança e Saúde no Trabalho (processos, programas, objetivos,
retor ou um membro do comitê executivo) com a particular res- procedimentos etc.) devem ser medidos e monitorados, estabele-
ponsabilidade de assegurar que o sistema de gestão de Segurança cendo procedimentos para a coleta, processamento dos dados e
e Saúde no Trabalho seja devidamente implementado e atende aos para a avaliação das informações de modo que permita a tomada
requisitos em todas as situações e locais de operação da organi- de decisões e a intervenção. Este requisito estabelece alguns ele-
zação. A administração deve fornecer recursos essenciais para a mentos que devem obrigatoriamente ser medidos e monitorados,
implementação, controle e melhoria do sistema de gestão de Segu- como por exemplo, o atendimento dos objetivos e das leis e nor-
rança e Saúde no Trabalho. mas aplicáveis, os acidentes e quase-acidentes.
- Treinamento, Conscientização e Competência Recomenda-se que o Sistema de Gestão de Segurança e Saúde
Para a norma BSI-OHSAS 18001 (1999), a empresa deve es- contemple entre seus elementos mecanismos adequados para obter
tabelecer um procedimento para identificar e prover as competên- e processar informações que sejam capazes de proporcionar não
cias necessárias para se exercer cada um dos cargos existentes, somente interpretações adequadas sobre os eventos passados, mas
podendo considerar as seguintes fontes: assegurar a compreensão dos processos organizacionais a fim de
- Demandas relacionadas aos objetivos e programas de gestão que essas informações possam ser incorporadas ao ciclo de me-
de Segurança e Saúde no Trabalho; lhoria contínua. Este requisito também exige que, com base em
- Requisitos legais e outras exigências; suas formas de medição e monitoramentos, devem ser identifica-
- Procedimentos e instruções de segurança; dos e controlados os equipamentos de medição utilizados. Essa
- Resultados de avaliações de desempenho de equipes; exigência busca assegurar que os equipamentos utilizados estejam
- Identificação dos perigos e avaliação dos riscos; adequados ao seu uso e com a precisão exigida, garantindo a con-
- Antecipação das necessidades de sucessão de gerentes e da fiabilidade das medições realizadas.
força de trabalho; - Alterações em processos, ferramentas e equi-
pamentos. - Acidentes, Incidentes, Não-Conformidades, Ações Preventi-
As competências podem ser estabelecidas em documentos, vas e Corretivas
que é utilizado como base para a realização de novas contratações, Para a norma BSI-OHSAS 18001 (1999), estes procedimentos
mudanças de funções e para a identificação de necessidades de devem requerer que toda ação preventiva e corretiva proposta seja
novos treinamentos, para a garantia de que não haja pessoas inabi- analisada criticamente durante o processo de avaliação de riscos
litadas realizando atividades. antes de sua implementação. Qualquer ação preventiva ou correti-

Didatismo e Conhecimento 63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
va tomada para eliminar as causas das não-conformidades, reais ou Deve-se também ser desenvolvido um manual ou documento
potenciais, deve ser adequada à magnitude dos problemas, e pro- similar que contemple essas informações, explicando o funciona-
porcional aos riscos de segurança e saúde no trabalho encontrado. mento do Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho em
A organização deve implementar e registrar quaisquer mudanças linhas gerais. Todos os documentos desenvolvidos para o sistema
nos procedimentos documentados resultantes das ações preventi- de gestão devem ser controlados por meio de um procedimento
vas e corretivas. que assegure que eles sejam criados e distribuídos de forma orga-
A empresa deve estabelecer um procedimento com a sistemá- nizada, permitindo a sua correta utilização.
tica para a identificação e para a análise das não-conformidades, - Auditoria e Análise Crítica pela Administração
acidentes e incidentes, e para a subsequente tomada de ações cor- A norma BSI-OHSAS 18001 (1999), cita que a organização
retivas e preventivas. deve estabelecer e manter um programa de auditorias e procedi-
Quando a empresa cria um espaço facilitador para tratar dos mentos para a execução de auditorias periódicas do sistema de
problemas ali existentes, nas suas dimensões de efeitos e causas, é gestão de segurança e saúde no trabalho. Devendo ser baseado nos
possível melhorar, de forma considerável, a visão dos problemas resultados das avaliações de risco das atividades da organização,
em sua verdadeira essência e dar-lhes a solução adequada. Assim, e nos resultados de auditorias anteriores. Os procedimentos de au-
este requisito tem ligação direta com o conceito de retroação, pois ditoria devem abranger o escopo, a frequência, as metodologias,
objetiva garantir ao sistema de gestão uma melhoria do desempe- as competências, bem como as responsabilidades e requisitos para
nho com base nos problemas detectados, sejam eles reais ou po- conduzir auditorias e relatar os resultados.
tenciais. Desta forma, a empresa deve possuir uma sistemática para
O procedimento exigido por este requisito deve contemplar os realização de auditorias internas do sistema a fim de garantir sua
seguintes itens básicos: implementação, manutenção e melhoria contínua. Esta é uma eta-
- Formas de identificação das não-conformidades, acidentes e pa essencial para dar consistência ao ciclo de melhoria contínua e
quase-acidentes; contribuir para a aprendizagem organizacional.
- Técnicas utilizadas para a investigação das causas; A norma BSI-OHSAS 18001 (1999), cita que a alta adminis-
- Forma de planejamento das ações necessárias (de correção, tração da organização deve, em intervalos por ela determinados,
corretivas ou preventivas), incluindo a definição de prazos e res- analisar criticamente o sistema de gestão de segurança e saúde
ponsáveis; do trabalho para assegurar sua contínua conveniência, adequação
- Forma de acompanhamento da implementação das ações e eficácia. O processo de análise crítica pela administração deve
planejadas; - Forma de avaliação da eficácia das ações implemen- garantir que as informações necessárias sejam coletadas para per-
tadas. mitir que a administração realize a avaliação. Esta análise crítica
As ações corretivas e preventivas devem ser analisadas pelo deve ser documentada. A análise crítica deve abordar a possível
processo de identificação de perigos e riscos, pois os acidentes ou necessidade de mudanças na política, objetivos e outros elementos
quase-acidentes poderem ser resultantes de um perigo que não foi do sistema de gestão de segurança e saúde do trabalho, à luz dos
identificado, ou que não foi controlado de maneira eficaz, além da resultados das auditorias do sistema de gestão, das mudanças das
possibilidade de surgirem perigos resultantes das ações estabele- circunstâncias e do comprometimento com a melhoria contínua.
cidas. Este requisito tem como foco o desempenho global do siste-
ma de gestão de segurança e saúde do trabalho e não a análise de
Documentação e Controle e Documentos, Dados e Gestão dados específicos, visto que estes devem ser tratados pelos demais
de Registros elementos do sistema (medição e monitoramento, ação corretiva e
preventiva etc.). Os resultados das auditorias e análise crítica de-
Segundo a norma BSI-OHSAS 18001 (1999), os registros de vem gerar adequações e ações corretivas sobre o sistema de gestão
segurança e saúde no trabalho devem ser legíveis, identificáveis de segurança e saúde no trabalho, garantindo sua contínua ade-
e rastreáveis às atividades envolvidas. Os registros de segurança quação à realidade da empresa e buscando a melhoria contínua do
e saúde no trabalho devem ser arquivados e mantidos de maneira desempenho. (Texto adaptado de ARAUJO, R. P.; SANTOS, N.
que possam ser rapidamente recuperados e protegidos contra da- dos. e MAFRA, W. J. Docentes em nível superior).
nos, deterioração ou perda. O tempo de retenção deve ser estabele-
cido e registrado. Registros devem ser mantidos, de acordo com a
necessidade do sistema e da organização, para demonstrar confor-
midade com esta especificação OHSAS. O objetivo deste requisito
3.6. GESTÃO DE RESPONSABILIDADE
é assegurar que a empresa mantém sob controle todos os registros
gerados, os quais comprovam a implementação e operação do sis-
SOCIAL. CONCEITOS, REFERENCIAIS
tema de gestão de segurança e saúde no trabalho e servem como NORMATIVOS E INDICADORES
fontes de informação para a retroação do sistema.
A norma BSI-OHSAS 18001 (1999) estabelece que o Sistema
de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho deve ser baseado em
documentos, pois parte do princípio de que a documentação é um Os novos desafios implicados pela responsabilidade social e
elemento chave para a realização de qualquer processo que envol- pelo compromisso empresarial com a cidadania ultrapassam os li-
va comunicação, permitindo que o conhecimento existente relati- mites estritos de uma atuação social de cunho internalista voltada
vo à Segurança e Saúde no Trabalho seja mantido e aperfeiçoado para satisfazer necessidades sociais dos empregados e dependen-
de forma contínua, mesmo com a mudança das pessoas. tes.

Didatismo e Conhecimento 64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
As empresas passam a considerar como elemento constitutivo corrência uma boa governança e a transparência. As empresas eti-
de seu campo de responsabilidade a atuação social de cunho exter- camente responsáveis criam um ambiente que propicia e fortalece
nalista, direcionada para satisfazer necessidades de atores sociais suas posições para a sustentabilidade de seus negócios em longo
outros que não apenas seus empregados e dependentes. prazo e a perenização da vida no planeta. Isso implica inserir va-
Nesse movimento, o compromisso para com os outros não se lores outros, a confiança e a reciprocidade, atípicos no mundo dos
restringe apenas ao universo de concorrentes e clientes (efetivos negócios, caracterizado pela produtividade, pela competitividade
ou potenciais), que seriam outros integrantes de uma esfera ime- e pela concorrência.
diata de interesse econômico. A resposta efetiva de uma empresa às solicitações de seus di-
As transformações produzidas pelas empresas para o desen- versos interlocutores não está garantida pela formalização e pela
volvimento das ações socialmente responsáveis afetam sua estru- manifestação de princípios em suas políticas, valores e crenças,
tura e o modo pelo qual elas passam a efetuar a gestão de suas como declarado pela alta administração. É necessário um com-
diversas relações. Destacamos neste capítulo as principais trans- promisso efetivo e concreto com as carências e as demandas da
formações operadas pelas empresas. sociedade.
Não há um modelo específico e único para a implantação da
A necessária atenção aos interlocutores responsabilidade social nas empresas. O modelo a ser implantado
deve estar enraizado e vinculado ao tamanho, ao setor e à cultura
A responsabilidade social efetua um movimento de amplia- da empresa, devendo ter como base (BORGER, 2001):
ção da atuação da empresa de internalista para externalista. Essa a. uma visão integrada e sistêmica;
ampliação engloba outros públicos, num movimento que supera b. a melhoria contínua;
o campo da esfera imediata de interesse econômico e incide so- c. uma perspectiva de atuação de longo prazo e sustenta-
bre as comunidades locais e regionais, além de toda a sociedade, bilidade na operação dos negócios, abrindo-se mão de resultados
o que, em tempos de consensos sociais apoiados sobre meios de de curto prazo, à medida que esses interfiram na relação com os
comunicação globalizados, pode significar para corporações trans- stakeholders;
nacionais uma diversificada gama de realidades. Aos stakeholders d. comunicação aberta e transparente com as partes interes-
tradicionais das empresas – empregados, parceiros, clientes e for- sadas, implicando adotar transparência, honestidade, integridade e
necedores – agregam-se, portanto, novos atores, em relação aos padrões de conduta éticos.
quais são concebidas, propostas e implantadas ações focalizadas. As diversas demandas das partes interessadas impõem con-
Na literatura temática sobre a responsabilidade social empre- dições de negociação complexas e podem exigir comportamentos
sarial, a formalização de uma abordagem conceitual sobre as di- distintos e, aparentemente, contraditórios para as empresas. Com
versas relações de uma empresa com seus interlocutores foi formu- relação ao ambiente externo, a empresa não efetua a gestão das
lada por Freeman (2000), em 1984, sendo conhecida como teoria relações com seus interlocutores, mas a gestão das expectativas
dos stakeholders. A figura a seguir ilustra a passagem do paradig- das partes interessadas e de como elas serão incorporadas à gestão
ma de atuação social internalista para atuação social externalista: empresarial e sustentadas. Esse fato, que não resume a gestão das
Na atuação social internalista, predomina o modelo de ges- ações socialmente responsáveis a uma mera questão de comando e
tão da qualidade de vida no trabalho e dos recursos humanos da controle, exige uma percepção acurada dos valores, dos direitos e
empresa. Na atuação social externalista, o foco privilegiado de dos deveres envolvidos para a tomada de decisão, colocando para a
atenção passa a ser o fomento ao desenvolvimento social local, ao administração empresarial o desafio de controlar recursos críticos
qual se incorpora a dimensão da sustentabilidade, que emerge com e acomodar demandas distintas que as partes interessadas esperam
força no debate político ideológico, associada às preocupações que sejam atendidas (KARKOTLI, 2004).
ambientais que marcaram os anos 1970. O que se quer enfatizar A atuação para a responsabilidade social é um processo con-
é a perduração dos efeitos benéficos das ações. O Bem não pode tínuo em que se revisam os objetivos e as metas em diversos mo-
ser visto como um efeito apenas pontual. Sua possibilidade de se mentos. Deve-se buscar a melhoria contínua com base na coope-
perenizar no tempo como um compromisso para com as gerações ração, na ética e na transparência e seu foco principal é a susten-
futuras ganha forte destaque. tabilidade.
Na construção de uma estratégia orientada para a relação com
Estratégia orientada aos interlocutores os stakeholders, existem dois fatores relevantes para a ação dos
gestores: i. o tipo de responsabilidade social que irá configurar-se
As relações entre as organizações e a sociedade são dinâmi- como ponto forte da empresa e este em função da sinergia existen-
cas. Portanto, uma atuação empresarial voltada para a responsabi- te entre a cultura da empresa e as demandas da comunidade onde
lidade social pressupõe uma abertura permanente e constante de ela está inserida; e ii. o reconhecimento ou a identificação de seus
canais de diálogo e de comunicação para monitoramento do am- stakeholders efetivos e potenciais. No que respeita ao primeiro
biente e das relações com os interlocutores organizacionais, não se fator, a empresa deve focar as ações sociais que pretende desen-
constituindo apenas em estabelecer uma prioridade predefinida de volver no exercício da responsabilidade social. Esse foco na ação
comprometimento com grupos específicos. deve ser direcionado para as demandas sociais que tenham vínculo
A responsabilidade social empresarial prima pela construção com a cultura da organização, ou seja, que estejam diretamente re-
de ações e práticas nos negócios em que os interesses e a realida- lacionadas ao trabalho e à estratégia predefinida da empresa. Sem
de dos interlocutores sejam levados em consideração. Essa atitude esse vínculo entre as demandas da comunidade e a cultura organi-
pressupõe a internalização de padrões de conduta que valorizem zacional, as ações socialmente responsáveis podem transformar-se
o ser humano, a sociedade e o meio ambiente e tenham como de- em meras ações filantrópicas.

Didatismo e Conhecimento 65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Hitt et al. apud Borger (2001) classificou os stakeholders em Responsabilidade social e planejamento estratégico
três grupos, quais sejam:
1. Stakeholders de capital: os acionistas e os principais pro- A implantação dos programas e das iniciativas que revelem
vedores de capital para firmas como bancos, agentes financeiros, a responsabilidade social das organizações deve incluir o plane-
fundos de investimentos. jamento, desde um diagnóstico inicial da situação em que se en-
2. Stakeholders de produto e mercado: os clientes, os forne- contra a empresa até a proposição final do conjunto de ações que
cedores, as comunidades locais e sindicais. pretende ver implantado.
3. Stakeholders organizacionais: empregados, incluindo o Melo Neto & Fróes (2001) destacam a visão da responsabili-
pessoal administrativo (executivos) e não administrativo. dade social como postura estratégica empresarial e explicam seu
Na maioria das vezes, existe divergência entre esses grupos de significado: “... neste aspecto, a busca da responsabilidade pelas
interesses e as relações de dependência entre estes e as organiza- empresas é centrada na valorização do seu negócio em termos de
ções são desiguais e assimétricas.
faturamento, vendas e marketshare”. A responsabilidade social
Quanto mais significativa for a participação de um ou mais
passa a ser vista como ação social estratégica que gera retorno po-
grupos na empresa, maior sua dependência e maior o poder de
influência desses grupos sobre a organização. sitivo para os negócios. Como já foi destacado, somente haverá
Gerenciar essas relações de poder assimétricas, desiguais e uma vinculação sistêmica das ações socialmente responsáveis às
conflituosas é um grande desafio posto à alta administração e aos outras diversas atividades da organização quando a responsabili-
que atuam na formulação e na implantação das estratégias empre- dade social empresarial constituir parte da estratégia da organiza-
sariais. A escolha dos gestores da organização quanto aos stakehol- ção, fato que depende da elaboração de seu planejamento estraté-
ders se baseia na caracterização de sua legitimidade, na capacidade gico. As ações descontinuadas e desconectadas do planejamento
de influir na empresa e na urgência das demandas. da instituição revestem-se do caráter de filantropia e não indicam
As decisões estratégicas tomadas pela empresa são diferencia- necessariamente que a instituição está no caminho para a implan-
das para esses diversos grupos de interesse, porque os acionistas tação da responsabilidade social.
desejam credibilidade da organização e querem maximizar seus A forma que uma organização pode adotar para praticar a
retornos, preservar e aumentar sua riqueza; os consumidores e os responsabilidade social é definir sua visão, o que compreende um
clientes querem qualidade e confiabilidade dos serviços e produtos foco de atuação – meio ambiente, cidadania ou recursos huma-
sem aumento de preços; os fornecedores querem aumentar o preço nos –, sua estratégia de ação e seu papel principal. O papel está
e reduzir os custos; a comunidade quer que as empresas sejam res- ligado aos valores da empresa, assim como o foco e a estratégia
ponsáveis, sendo empregadores de longo prazo, paguem mais im- estão ligados à ação e à relação desta com seu entorno. Esses três
postos e não demandem serviços de infraestrutura; e, finalmente, elementos (MELO NETO; FROES, 2001) – o foco, a estratégia
os trabalhadores da organização esperam confiança, desejando que
e o papel – circunscrevem um campo de ação para a prática da
a empresa forneça um ambiente de trabalho dinâmico, estimulante
e compensador. responsabilidade social empresarial. A organização define sua vi-
Não é possível que seja estabelecida uma relação imediata, são predominante e visões secundárias de responsabilidade social
linear ou direta, entre um comportamento eticamente responsável e estabelece parâmetros para avaliar a gestão dessa prática no que
e um determinado nível de sucesso nos negócios. O sucesso nos corresponde, por exemplo, à relação com a comunidade.
negócios depende, em senso estrito, de ações racionais instrumen- Falar em planejar significa considerar a natureza do futuro
tais, enquanto o envolvimento com ações socialmente responsá- ante as decisões tomadas no presente. O planejamento implica
veis pressupõe, seguindo Max Weber, não somente ações racionais avaliar a situação como um todo, prever as dificuldades potenciais
instrumentais, mas também ações valorativas e afetivas. Mas a for- e se preparar para superá-las. Dada a avaliação de uma situação
ma de condução pela organização dessas interações dinâmicas e diagnosticada no presente, pode-se estabelecer, planejar um futuro
complexas com as várias expectativas e interesses dos interlocuto- desejado e delinear, implementar os meios de torná-lo realidade.
res cria imagens distintas da corporação, que são responsáveis pela Assim, criam-se condições de possibilidade, não de alteração do
reputação desta e, consequentemente, por sua existência em longo futuro, mas sim de construção de um futuro possível. O planeja-
prazo. Fombrun (1996) mostra essas relações da seguinte forma: mento é, portanto, decidir antecipadamente quais as alternativas
- os acionistas e daqueles que lidam com a empresa. A boa para a ação, escolher um curso de ação e o que deve ser feito para
governança corporativa assegura aos sócios equidade, transparên- que se alcance o objetivo desejado.
cia, prestação de contas (accountability) e responsabilidade pelos Várias empresas que desejam adotar políticas de responsabi-
resultados (IBCG, 2008). A forma como as atividades de respon-
lidade social têm utilizado estratégias que procuram mostrar que
sabilidade social são estruturadas na empresa acarreta implicações
elas se encontram em sintonia com os interesses e as aspirações
para a governança corporativa. Assim, o processo de implantação
das ações deve ser transparente e monitorado. de seus interlocutores, além da mera ênfase na preocupação com
Comparando-se com a filantropia tradicional, o investimento a maximização de lucros e a redução de custos. O desafio nesse
social privado, tanto de pessoas físicas como de jurídicas, tem as caminho é lidar com os parâmetros e as variáveis associados ao
seguintes características distintivas: desempenho social e ambiental, tanto em termos da construção de
- a focalização em áreas, a presença de ações integradas e con- diagnósticos quanto em termos do acompanhamento de ações e
vergentes e a concentração de recursos, além de ter na gestão seu processos e de avaliação de resultados.
fator dominante de efetividade e eficácia. Fundamental é que ele Há três momentos dinâmicos e interdependentes que envol-
seja objeto de um processo de gerenciamento contínuo (MELO vem as atividades relacionadas às diversas funções de uma orga-
NETO; BRENNAND, 2004), em que as práticas de certificação nização: o planejamento, a implantação e a avaliação. No planeja-
social e ambiental podem ser apontadas como o ponto culminante. mento estratégico a avaliação ex ante define o diagnóstico inicial
a partir do qual será construída uma visão de futuro desejada, le-

Didatismo e Conhecimento 66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
vando-se em consideração os contextos diversos que podem in- que de opções de modelos de normas de RS foram selecionadas as
fluenciar a organização. A visão de futuro define que ações serão principais normas reconhecidas no mercado: ISO 26000, AA 1000,
implementadas. O monitoramento sistemático e contínuo destas SA 8000, NBR 16001, Indicadores Ethos de RS, e GRI. Com esse
possibilita correções de rumo. estudo busca-se uma melhor compreensão dessas normas, princi-
O planejamento de uma organização pode ser separado em palmente quanto a sua finalidade.
estratégico, gerencial e operacional. O planejamento estratégico
dá mais atenção aos fatores do ambiente externo da organização e ISO 26000
prioriza a definição da missão e da visão estratégicas, o estabele-
cimento dos diversos objetivos de longo, curto e médio prazos e A ISO 26000, norma internacional de responsabilidade social,
das mudanças necessárias para que as ações da organização sejam vem sendo desenvolvida por representantes de diversas organiza-
socialmente responsáveis. O planejamento gerencial enfatiza fa- ções envolventes da sociedade de países desenvolvidos e de países
tores do ambiente interno da organização, procurando agenciar os em desenvolvimento – consumidores, empresas, governos, ONGs,
diversos recursos para que os objetivos organizacionais sejam co- trabalhadores, organismos de normalização e entidades de pesqui-
locados em prática. O planejamento operacional busca assegurar a sa. A ISO (International Organization for Standardization) formou
realização das ações definidas no plano gerencial. um GT sobre Responsabilidade Social que une, anualmente, 33
A inserção da responsabilidade social pressupõe a articulação, organizações e 54 países para encaminhar a nova norma, com pra-
a escolha, a adoção e o estabelecimento de indicadores e medidas zo para ser publicada até 2010. O GT está sobre a liderança da SIS
que possam trazer informações sobre a responsabilidade social da (Swedish Standards Institute) e da ABNT (Associação Brasileira
empresa. Para isso, além das atividades associadas às funções da de Normas Técnicas). Considera-se esse processo inovador porque
produção, de marketing, de finanças e de desenvolvimento de pro- a norma será coordenada por um país industrializado (Suécia) e
dutos/serviços, de recursos humanos, de compras, de engenharia/ um país em desenvolvimento (Brasil).
suporte técnico e manutenção, dentre outras, a organização neces- Composta por diretrizes, a norma não terá propósito de cer-
sita efetuar uma vinculação sistêmica com as atividades da respon- tificação assim como não conterá caráter de sistema de gestão, ao
sabilidade social empresarial, adotando uma estrutura factível e contrário da ISO 14000 e ISO 9000 que, por sua vez, é composta
condizente com sua realidade. por requisitos. Isso indica que a ISO 26000 será uma norma de
desempenho, ou seja, não terá a estrutura da metodologia PDCA
Estruturas para implantação da responsabilidade social (Plan-Do-Check-Act), mas terá ênfase em resultados. A norma
está em construção, mas já se sabe que será elaborada com base
Machado Filho (2002) apresenta três formas básicas de es- em iniciativas já existentes e que contém uma estrutura definida
truturas organizacionais alternativas para a condução de ações so-
presente no relatório da norma no site da ISO (www.iso.org).
ciais, interna ou externamente aos limites da empresa. Pela opção
A norma deverá assistir as organizações para abordar o tema
interna, a empresa opera as ações de responsabilidade social dentro
da Responsabilidade Social efetivamente em diferentes culturas,
da sua própria estrutura organizacional, mantendo essas atividades
ambientes e sociedades, apresentando guias metodológicos e ope-
no seu organograma. A opção externa é aquela segundo a qual a
racionais para identificação e engajamento das partes interessadas,
empresa cria uma organização própria para operar as ações sociais,
e para aumentar a credibilidade dos relatórios e demandas sobre
como uma fundação sem fins lucrativos, ou então desenvolve par-
cerias com outras instituições, aportando recursos. Entretanto, não a RS. O campo de aplicação da norma envolve qualquer tipo de
opera diretamente as ações de responsabilidade social. organização e porte, tanto público quanto privado. Por isso o termo
A empresa internaliza as atividades, operacionalizando direta- RS, ao invés de RSE.
mente os projetos sociais A ISO 26000 acrescenta valor aos trabalhos de RS já exis-
É uma estrutura usada por empresas onde há uma vinculação tentes através das seguintes medidas: desenvolver um consenso
estreita entre as demandas por ações sociais a serem desenvolvi- internacional sobre o significado da Responsabilidade Social e os
das e as atividades empresariais. Os projetos sociais são realizados assuntos que a RS precisa abordar; fornecer normas de procedi-
pela própria estrutura organizacional da empresa. Um exemplo mentos para ações efetivas em RS; e disseminar as melhores práti-
seria o caso do desenvolvimento de ações sociais e ambientais cas para o bem comunitário já desenvolvidas.
corretivas ou preventivas, com relação direta e interligada com a O objetivo da norma não é de que seja concorrente de outros
atividade central da empresa potencialmente causadora de Essa padrões e requisitos de RS, mas complementar-se a estes. Para isso,
estrutura também é sugerida no caso de uma ação social intrinse- a ISO divulgou uma lista com 90 documentos e iniciativas consi-
camente relacionada com a atividade e o desempenho empresarial, derados importantes para o assunto, dentre eles, o GRI, SA8000 e
especialmente as ações internas dirigidas aos próprios funcioná- a AA1000, que serão apresentados com mais detalhes abaixo.
rios. Ou o caso de quando se deseja explorar de forma intensa a
especificidade da marca, associando diretamente determinada prá- AA 1000
tica de responsabilidade social ao negócio da empresa.
Criada no Reino Unido, a AA 1000 é uma norma internacio-
Referenciais normativos e indicadores nal de certificação que apresenta princípios e padrões de processo
voltados para o engajamento com os públicos de interesse. Foi pu-
O presente texto busca apresentar algumas ferramentas nor- blicada em 1999 pela ONG ISEA (Institute of Social and Ethical
mativas de Responsabilidade Social descrevendo a sua finalidade, Accountability), em Londres, reconhecida como o primeiro padrão
como e por quem ela tem sido usada, sua proposta e destinação, e, internacional de gestão da RSE. Em 2005 a AccountAbility lançou
em alguns casos, seu histórico de criação. Observando o grande le- o segundo módulo da AA 1000, o AA 1000SES – Stakeholder En-

Didatismo e Conhecimento 67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
gagement Standard. Esse módulo acrescenta uma listagem de con- NBR 16001
siderações práticas sobre engajamento dos públicos de interesse e
uma estrutura para o processo de diálogo entre eles. A norma NBR 16001 foi elaborada pela ABNT (Associação
A série de normas AA 1000 define melhoria de práticas para Brasileira de Normas Técnicas), representante oficial da ISO no
prestação de contas com a finalidade de assegurar a qualidade da Brasil, em 2004. A norma, de âmbito nacional, busca atender todos
contabilidade, auditoria e relato social ético de qualquer tipo de os tipos e portes de organizações, adequando-se às divergências
organização. Os padrões de processo da AA 1000 estimulam a con- geográficas, culturais e sociais brasileiras. Por essa razão, a sua
ceituação dos valores das organizações e as alinha com o desen- aplicação depende de alguns fatores: a política de RS da organiza-
volvimento de metas de desempenho da organização, assim como ção, a natureza de suas atividades, produtos e serviços, de sua loca-
a avaliação e comunicação das mesmas através do foco no enga- lidade e condições em que opera. O seu propósito é de certificação
jamento dos públicos de interesse, ponto-chave da norma. Nesse e consiste em um sistema de gestão. Por consistir esse caráter ela
âmbito, inserem-se questões sociais e éticas à gestão estratégica e não dita critérios específicos de desempenho da RS.
operações do negócio. Segundo a edição de lançamento da norma (2004), a adoção
O foco no engajamento dos públicos de interesse é de extre- e a implementação da mesma não garantem “resultados ótimos”,
ma importância por implicar na eficácia e objetividade das metas mas estimula as organizações a considerarem a implementação da
e indicadores determinados e na seleção do sistema de relatório melhor prática disponível a partir de conceitos, práticas e indica-
mais adequada. A série de normas AA 1000 traz benefícios para o dores propostos por instituições de renome que podem contribuir
desempenho ético, social, ambiental e econômico da organização. para o planejamento do sistema da gestão da responsabilidade so-
A norma AA 1000 tem caráter certificador por meio da espe- cial (i.e. Indicadores Ethos).
cificação do processo a ser seguido na construção do relatório de Um dos seus fundamentos é o Tríplice Resultado da sustenta-
desempenho, embora não indique níveis desejados de desempe- bilidade (econômico, ambiental e social) e sua metodologia segue
nho, similar a o modelo PDCA da ISO 14001. Embora esse fundamento envolva
ISO 14000. Não há, nesta certificação, a comprovação do a dimensão ambiental, a norma não substitui as outras normas da
comportamento ético e socialmente responsável da organização, série ABNT NBR ISO 9000 ou ISO 14000, portanto são comple-
mas garante que suas ações sejam conforme seus valores e que mentares.
cumpra as metas definidas a partir do diálogo com stakeholders. A NBR 16001 permite à organização formular e implementar
A norma apresenta os principais tópicos relacionados à res- uma política e objetivos que considerem os requisitos legais apre-
ponsabilidade social, e os pontos de convergência e divergência sentando uma atuação ética, preocupada com a promoção da ci-
com os demais padrões (ISO, SA 8000 e GRI), podendo ser usada dadania, do desenvolvimento sustentável e transparência das suas
em conjunto ou isolada a essas ferramentas. Em suma, a estrutura atividades. A sua aplicação é indicada para as seguintes situações:
da AA 1000 contém processos e princípios para três pontos: relató- - Implantar, manter e aprimorar um sistema de gestão de RS;
rios, prestação de contas e auditoria. - assegurar a conformidade com a legislação e com a política
de RS;
SA 8000 - apoiar o engajamento efetivo das partes interessadas;
- realizar uma auto-avaliação e autodeclaração da conformi-
A SA 8000, passível de auditoria e certificação, é uma ferra- dade com a norma;
menta normativa que estabelece padrões para as relações de tra- - buscar confirmação de sua conformidade por partes que pos-
balho. Elaborada em 1997 nos EUA pela atual ONG SAI (Social suam interesse na organização;
Accountability International) por meio de grupos de trabalhos en- - buscar certificação por uma organização externa.
volvendo diversos stakeholders. É a primeira certificação interna- A norma NBR 16001 apresenta uma listagem de característi-
cional de RS. cas que devem ser agregadas aos objetivos e metas, essas compa-
Reconhecida internacionalmente como um sistema de imple- tíveis com a política de RS da organização. O relatório oficial da
mentação, manutenção e verificação das condições adequadas do norma está disponível
trabalho, assim como do respeito aos direitos fundamentais dos
trabalhadores, a norma é destinada principalmente a empresas que Indicadores Ethos de RS
tem sua cadeia de produção em países em que há uma necessidade
de assegurar condições de trabalho decentes. O Instituto Ethos, ONG brasileira idealizada em 1998 por
Seu sistema de auditoria é similar à ISO 9000, mas seus re- empresários e executivos, desenvolveu os indicadores Ethos como
quisitos são baseados nas diretrizes internacionais de direitos hu- uma ferramenta de auto diagnóstico para auxiliar as empresas a
manos, principalmente da ONU. Esses requisitos caminham den- gerenciarem seus impactos sociais e ambientais.
tro dos seguintes temas: trabalho das crianças, trabalho forçado, Os indicadores são atualizados periodicamente para atender
higiene e segurança, práticas, discriminação, direito de reunião novas necessidades do setor privado, o que a torna a principal fer-
(sindicatos), tempo de trabalho, remuneração e sistema de gestão. ramenta de gestão empresarial referente à incorporação da RS ao
Pode-se implantar a SA 8000 por dois meios: o Certification planejamento estratégico e ao monitoramento geral da empresa.
SA 8000 em que a empresa passa por avaliação de auditor inde- Com isso, a sua estrutura viabiliza um planejamento para alcançar
pendente de uma organização credenciada e supervisionada por um grau mais elevado de responsabilidade social da empresa.
auditores da SAI; e pelo CIP (Corporate Involvement Program), As diretrizes da ferramenta estabelecem, através de questio-
aplicável a empresas que vendem mercadorias. nário, metas de aprimoramento dentro dos seguintes temas: valo-
res, transparência e governança, público interno, meio ambiente,

Didatismo e Conhecimento 68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
fornecedores, consumidores e clientes, comunidade, e governo e As empresas podem usar a GRI como roteiro ou manual in-
sociedade. As respostas dadas a essas questões são correlacionadas formal, ou serem classificadas em três níveis: A/A+, B/B+ e C/
com outras iniciativas (GRI, Pacto Global e Metas do Milênio). C+. Cada nível tem uma série de requisitos para atingi-lo, sendo
Visando atender cada setor de atuação, os Indicadores Ethos avaliados pela própria empresa, ou, para obter o sinal “+”, por um
Setoriais abrangem certas peculiaridades e dificuldades de cada se- órgão externo. A avaliação externa, feita pela própria GRI ou por
tor e possibilitam avaliar oportunidades e desafios típicos. Portan- um órgão oficial, considera apenas a conformidade do relatório
to, já existem indicadores próprios para o setor financeiro, varejo, com as diretrizes GRI, não conferindo a conformidade dos pontos
panificação, restaurantes e bares, entre outros. colocados com a realidade da empresa.
Após preenchimento do questionário e envio ao Instituto No Brasil o modelo já é adotado por 38 organizações, o que
Ethos, a organização tabula as respostas em um processo de pon- é um número baixo quando comparado às mais de mil empresas
tuação, elabora um Relatório de Diagnóstico de RSE e fornece os no mundo que se beneficiam desta ferramenta. A tendência é que
dados confidencialmente à empresa. A aplicação dos indicadores é cresça o uso da GRI, padronizando os relatórios de sustentabili-
voluntária, não havendo nenhum tipo de prêmio, selo ou certifica- dade e facilitando a comparação e análise entre empresas. (Texto
ção. O resultado desse processo é a inclusão do processo em 642 adaptado de AMARAL, J. P e ZANDER, K.).
empresas do Brasil e a disseminação dos indicadores para toda a
América Latina e também para o Portugal.
4. HISTÓRIA E CONSTITUIÇÃO DA
GRI – Global Reporting Iniciative CATEGORIA PROFISSIONAL
A Global Reporting Initiative – GRI é pioneira mundial em es-
tipular diretrizes de comunicação sobre a responsabilidade social,
ambiental e econômica das empresas. Atualmente é o principal pa- a época. Surgem no século XIX, sendo a da Inglaterra (1886)
drão mundial para a mensuração, monitoramento e divulgação dos a mais antiga, seguida depois pela da Alemanha (1899). Do início
programas de sustentabilidade das empresas. do século XX até os anos vinte, foram registrados outros sete casos
Através do padrão estabelecido pela GRI, pode-se realizar de surgimento de cursos de serviço social: França (1907), Suíça
comparações e análises críticas das empresas, além de aumentar a (1908), Suécia (1910), Áustria (1912), Finlândia (1918), Noruega
qualidade dos relatórios. (1920) e Bélgica (1920). Após os anos vinte, os países europeus
A ferramenta foi concebida pela CERES, em 1997, e desen- vão incorporando cursos de serviço social em seus complexos
volvida junto com a Tellus Institute, copatrocinada pelo Programa universitários, até os anos oitenta (Espanha - 1932; Israel - 1934;
de Meio Ambiente das Nações Unidas, mas só foram publicadas Irlanda - 1934; Portugal - 1935; Dinamarca -1937; Grécia - 1945;
em 2002. A GRI já passou por três versões, sendo a mais atual, a Itália - 1945; Turquia - 1961; Iugoslávia - 1953; Islândia - 1981)
G3, lançada em 2006. (Brauns e Kramer, 1986). Giarchi e Lankshear (1998) afirmam
O estabelecimento deste padrão de relatório econômico, social que a Igreja esteve presente no desenvolvimento do serviço social,
e ambiental se dá através de um modelo que determina princípios nos países europeus e que teve um relevante papel na história da
e estrutura para o relatório. A vantagem deste dispositivo é que a profissão. São citados países, como: Áustria, Bélgica, Inglaterra,
empresa pode acessar relatórios de outras empresas, permitindo, Finlândia, França, Alemanha, Suécia e Noruega em que as orga-
assim, a comparação da atuação da mesma com o mercado. Além nizações protestantes foram ativas, na fundação de instituições de
de que, a GRI serve como uma plataforma para facilitar o diálogo ensino de serviço social, sem falar na importância da Igreja Católi-
e o engajamento de stakeholders. ca, em países como Itália, França (Vèrdes-Leroux, 1982), Portugal
As diretrizes da GRI estabelecem 11 princípios de divulgação e Espanha.
que tem o objetivo de garantir a credibilidade e comparabilidade, Os autores reconhecem que o surgimento do serviço social
europeu sofreu também a influência do movimento organizado de
por exemplo, a exatidão, clareza, pontualidade e relevância. Os in-
trabalhadores, relacionando a questão da industrialização com o
dicadores funcionam da seguinte maneira: tem-se 146 indicadores
surgimento da profissão. Casos deste tipo foram encontrados em
agrupados em categorias com base no Tríplice Resultado (ambien-
países como Bélgica, França, Alemanha, Itália, Espanha, Turquia,
tal, social e econômico) e dentro de cada categoria definem-se uma Inglaterra e Iugoslávia. Além disso, para Giarchi e Lankshear, o
série de “aspectos” avaliados com base em indicadores específi- surgimento do serviço social esteve também relacionado com ou-
cos. Exemplificando, na categoria ambiental há o aspecto “ener- tros “movimentos sociais”, como o de mulheres e o da Igreja. No
gia” que tem indicadores como “programas para utilizar fontes entanto, dentre essas três grandes influências, somente a relação da
renováveis de emergia e para aumentar a eficiência energética”. profissão com as Igrejas é que se mostrou durável.
Difuso a essa categorização há um manual explicando o que deve Lorenz (1994) é outro autor que reconhece a importância da
ser informado para cada indicador. Podem-se encontrar também religião no surgimento do serviço social europeu. Para o autor, o
diretrizes setoriais, que atendem um setor específico do mercado serviço social representa valores, tanto quanto um expertise técni-
(financeiro, mineração, operadoras de turismo), e pretende, futu- co e, embora a história da educação em serviço social tenha tenta-
ramente, lançar diretrizes nacionais relevantes a situação de cada do traçar uma forma de intervenção, afirmando sua base científica
país. e de neutralidade, “as questões valóricas continuam intensas”. É,
Com a GRI, a empresa pode estabelecer metas, identificar as neste sentido, que o autor irá discutir a importância de quatro es-
melhorias alcançadas, avaliar se os objetivos foram atingidos e truturas ideológicas que teriam sido, e continuam sendo, relevantes
avaliar internamente a relação entre o que é dito e o que é efetiva- para a profissão, nos países europeus: o Cristianismo, a filantropia,
mente realizado. o feminismo e o socialismo.

Didatismo e Conhecimento 69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Em relação à importância do Cristianismo, afirma Lorenz, que O Settlement Houses representa outro tipo de organização,
o serviço social surgiu no momento de modernização da Europa, que serve de base para o surgimento do serviço social nos Estados
exatamente quando a secularização estava se espalhando por todos Unidos. Estas instituições, sob a liderança de Jane Addams, ori-
os setores da sociedade e os “consensos religiosos” estavam sendo ginaram-se do trabalho voluntário, realizado principalmente por
cada mais restritos a crenças privadas. Com isso, o papel proemi- universitários, engajados em trabalhos comunitários, na periferia
nente das Igrejas (o autor está pensando principalmente na Católi- das grandes cidades. O movimento era implementado em casas
ca) em muitas das formas originais do serviço social, foi a princi- alugadas, que funcionavam como centros comunitários.
pal resposta da Igreja para a secularização. As Igrejas entenderam Segundo Bastos (1988), ao se realizar uma apropriada leitura
que tinham que reconstituir sua legitimidade, através do serviço às do que foram estas duas experiências, pode-se perceber que os te-
pessoas e não mais em exibições de poder ou privilégio. Dessa ma- mas comuns a ambos os movimentos, embora expressos de forma
neira, acreditava-se que eles poderiam competir com o movimento diferente, vinculam-se a três ideias e crenças importantes, na cul-
socialista, numa ação mais efetiva junto às massas prejudicadas do tura norte-americana: a ética protestante, o liberalismo e o positi-
que através da simples pregação. Com isso, a religião tornou-se, na vismo. Segundo a autora, a contribuição da ética protestante “e do
sua expressão interior e subjetiva, uma matéria de crença pessoal calvinismo” foi a da ideia de que o homem deve criar riqueza e ser
e, na sua expressão exterior e objetiva, a demonstração de cuidado autossuficiente; desta feita, o objeto de assistência seriam aqueles
pessoal (personal caring) para com outras pessoas. que, comprovadamente, não se mostrassem aptos ao trabalho.
Na Inglaterra, particularmente, a herança cultural que redun- Na América Latina, é a partir da ação da Igreja Católica que
dou no serviço social - as igrejas tradicionais da Idade Média, os se verifica a emersão do serviço social. Um dos poucos estudos, se
recentes serviços estatais providos em âmbito comunitário (parish) não o único, que mostra como este processo ocorreu é o de Castro
sob a Lei dos Pobres (Poor Law), o desenvolvimento das profis- (1987). O autor tem, como fundamento da sua argumentação, a
sões antigas, como direito, medicina e educação e as sociedades premissa de que o surgimento do serviço social Latino Americano
de caridade do século dezenove -, associado com o protagonismo só pode ser explicado “no interior do desenvolvimento das rela-
feminino na profissão fizeram com que “a noção de importância ções de produção capitalista, embasadas nas condições particula-
das relações pessoais, para o processo de reabilitação social [seja] res de cada país latino-americano”.
ainda uma de suas características essenciais” (Jordan, 1984: 32; A Ação Católica, protagonizada por uma intelectualidade lai-
grifo adicionado). ca e estritamente ligada à hierarquia católica, propugna, com uma
O que esta “relação pessoal” desenvolvida por dentro de um visão messiânica, a recristianização da sociedade, através de um
Estado que continuamente se burocratizava e, portanto, tornava- projeto de reforma social. Estes núcleos leigos, orientados por uma
se impessoalizado significava era uma ideia de “perfeita amizade” retórica política de cunho humanista e antiliberal, com forte viés
(perfect friendship), oriunda do ideário caritativo que envolvia romântico (Iamamoto, 1992), lançam-se a uma vigorosa ação, pre-
tendendo penetrar em todas as áreas e instituições sociais, ao criar
“enormes sacrifícios de tempo e energia emocional, dando a estas
mecanismos de intervenção em amplos segmentos da sociedade.
pessoas uma mistura de amor cristão e conselhos práticos” (idem).
Além da Ação Católica, as Encíclicas Papais, Rerum Novarum
Esta concepção derivava diretamente do ideário vitoriano de trata-
(1891) e Quadrigesimo Anno (1931) tiveram um forte impacto na
mento moral dos pobres. Por isso, os primeiros assistentes sociais
ação católica exercida na América Latina e, especificamente, ga-
eram vistos como meio santos, pois além de aconselhamentos prá-
rantindo um fundamento religioso para a ação profissional, já que
ticos para a vida, representavam também “a esperança do perdão
focavam para uma alternativa cristã, tanto ao socialismo, quanto
de Deus e da regeneração das almas”. A definição dada para a “per-
ao capitalismo.
feita amizade”, baseada na tradição puritana de aconselhamento
A primeira Escola de Serviço Social latino-americana foi
religioso, depois, seria identificada como “relação de ajuda”. fundada no Chile, em 1925, por Alejandro Del Rio tendo, como
A religião também se fez presente, de forma relevante, no ser- principal influência, a experiência católica belga. Em 1929, sob
viço social norte-americano. a influência da União Católica Internacional de Serviço Social
Nesse país, a profissão surgiu vinculada aos trabalhos organi- (UCISS), fundada em 1925, na Itália, forma-se a primeira Esco-
zados pelas Charity Organizations Societies (COSs), tendo Mary la Católica de Serviço Social (Escola Elvira Matte de Crucha-
Richmond como principal liderança. Foi através do treinamento ga). Comenta Castro, que a Igreja Católica não esteve ausente do
de “charity workers” (que numa tradução mais livre pode ser iden- processo constitutivo do serviço social, já que sua marca estava
tificado como “trabalhadores voluntários”, embora a tradução gravada ali, desde os tempos remotos, uma vez que a Igreja foi a
literal seja “trabalhadores da caridade”) que a atividade caritativa principal promotora das obras de caridade e difusora permanente
passa a ter o status de profissão e prover oportunidades para refle- do seu pensamento e doutrina, que “fecundaram as proformas do
xões e pesquisas acadêmicas, de que resultaram a formulação de serviço social”.
ideias e princípios teóricos. Também, segundo as informações de Castro, no Peru, Argen-
A experiência em trabalhos caritativos era um requisito, para tina, Colômbia, Venezuela, Cuba e Brasil a influência católica de-
os alunos que ingressaram na primeira escola em filantropia, reali- sempenhou um relevante papel, na criação das Escolas de Serviço
zada pela Charity Organization Society de Nova Iorque, em 1898. Social, tendo todas, como influência decisiva, a ação da UCISS,
Esta experiência resultou na formação do Instituto de Ciências através de seu escritório, estabelecido no Chile, exatamente na Es-
Sociais, organizado pelas instituições de caridade. Em outras ci- cola Elvira Matte de Cru chaga.
dades dos Estados Unidos as COSs seguiram esta iniciativa, trans- Castro chama a atenção para o ideário difundido pela Escola
formando-se em Escolas de Serviço Social e sendo incorporadas a de Serviço Social chilena. Mais do que profissão, o serviço social
complexos universitários. de cunho católico era tido como uma vocação, o que significava a

Didatismo e Conhecimento 70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
adoção de uma entrega incondicional e de um espírito de sacrifício Enquanto na Irlanda e Inglaterra “social Works” não inclui
no cuidado, tanto do corpo, quanto da alma. Era um tipo de práti- trabalhos comunitários e com jovens, na Alemanha estas ativida-
ca, que já tentava instrumentalizar os valores e virtudes cristãs com des caracterizam proeminentemente o que se entende por “social
elementos técnicos e “científicos”, visando obter um desempenho pedagogy” (pedagogia social).
mais eficaz na prática assistencial. Para, além disso, a prática de serviço social profissional, na
Outro traço importante, na criação das Escolas de Serviço So- Europa, compreende pessoas que são treinadas, em diferentes ins-
cial, na América Latina, mais especificamente no Chile, é o fato, tituições e com programas educacionais variados. Na Alemanha e
ressaltado também por Castro, de que outros cursos formados sob na França, por exemplo, existem instituições de ensino médio, que
o auspício do Estado (como a Escola de Del Rio) “nem por isso a formam assistentes sociais, não deixando que se perceba se estes
iniciativa esteve isenta da poderosa inspiração religiosa de organi- profissionais constituem, de fato, um grupo a parte ou se podem
zadores, docentes e alunos”. Este comentário abre ainda a possibi- ser incluídos em grupos de profissionais com nível superior de for-
lidade de importantes derivações como, por exemplo, não se atri- mação. Na Inglaterra, até o ano de 2003, inclusive, era possível se
buir de forma imediata uma conotação laica ou secular aos cursos formar, realizando um curso de dois anos, para tornar-se qualifica-
de serviço social, exclusivamente por eles estarem localizados em do em serviço social; ou três anos, recebendo o diploma de serviço
órgãos estatais. Assim também que, independentemente de onde o social. Ambos, no entanto, são considerados como assistentes so-
ciais, embora as diferentes qualificações.
curso esteja situado, é a “inspiração religiosa” dos organizadores,
Com qualificações e estruturas curriculares diversas, além de
docentes e alunos, que a ele atribui o caráter religioso.
o serviço social europeu envolver, em cada um dos países, âmbi-
Assim é, que os critérios de admissão da Escola Elvira Matte tos de atuação distintos, o problema semântico acaba derivando na
de Cruchaga, depois seguidos no Uruguai, Argentina, Colômbia, dificuldade de definição de como se compõe o expertise profissio-
Peru, Venezuela e Cuba previam, não só critérios etários, como nal: mais treinamento e técnica ou mais teoria e erudição? O que
atestado de boa saúde, mas também antecedentes probatórios de exatamente significa, para o desempenho profissional, a diferença
honorabilidade e recomendação paroquial, atentando que o can- entre aqueles que se formaram em cursos que só tinham dois anos
didato tivesse uma sólida educação religiosa. “A seleção era su- e os que se formaram em cursos de três anos (ou mesmo em quatro,
mamente rigorosa, quase como se se tratasse do ingresso numa como ocorre no Brasil)? E, ainda, se os campos de atuação não são
entidade religiosa”. os mesmos, o que exatamente pode criar uma identidade profissio-
Ainda tratando de países latino-americanos, Midgley lembra nal, que esteja acima dos requerimentos nacionais? Estas respostas
que as Escolas de Serviço Social foram criadas, nesta região, no não podem ser aqui fornecidas, mas elas indicam o tamanho do
período anterior aos anos cinquenta. O Uruguai, por exemplo, teve problema, quando se pensa em “qualificação profissional”.
seu primeiro curso em 1937, “por uma orientação religiosa”. Já a Em todos estes países, há uma constante tensão entre o status
Escola de Costa Rica, criada em 1942, teve sua fundação realizada acadêmico e as demandas práticas diárias. Para Brauns e Kramer
por um grupo de voluntários. (1986), esta tensão deriva da difícil coexistência de uma base dis-
Estas experiências mostram que a formação dos assistentes ciplinar / “científica” eclética de um lado e um treinamento voca-
sociais, através de escolas religiosas, contribuiu para a formação cional de outro. Até os anos oitenta, nenhum dos países europeus
tinha encontrado uma solução inteiramente satisfatória para isto,
de um etos profissional, em que a ideia de ajuda ao ser humano e
embora todos tenham tentado dar-lhe algum encaminhamento.
os valores religiosos e afetivos eram parte integrante do agir as- Os trabalhos de Kornbeck (1998) e Giarchi e Lankshear
sistencial profissionalizado. De fato, não era “qualquer um” que (1998) discutem o processo de profissionalização do serviço social
podia ingressar nesta carreira. O candidato precisava ter atributos na Europa. Um dos grandes problemas, apontado pelos autores é
próprios, que o qualificassem, enquanto tal. Estes qualificativos a ausência de um consenso sobre a natureza, ou o que é o serviço
estarão relacionados, em grande medida, com a questão do exper- social. Além disso, para os autores, é difícil estabelecer que teo-
tise profissional e das fronteiras entre trabalho voluntário e profis- rias e habilidades são centrais para a profissão. Após analisar o
sional. desenvolvimento das atividades de assistência em todos os países
europeus, com suas peculiaridades internas, os autores afirmam
Voluntariado que “é claro que há uma considerável evidência das dificuldades
de se identificar o que é o serviço social como profissão ou como
Os problemas da fronteira pouco definida entre o trabalho vo- uma ocupação”.
luntário e profissional e a questão do expertise são assuntos que O que leva os autores a esta conclusão é o fato da assistência
têm dinâmicas diversas, assim como obedecem a trajetórias pró- social profissionalizada não ter conseguido se estabelecer e con-
prias, como foi visto anteriormente neste próprio capítulo. No en- solidar, em muitos dos países analisados. Alguns dos exemplos,
tanto, a literatura analisada apresenta estas duas questões de forma dados pelos autores são: na Inglaterra, um terço dos assistentes
muito articulada. A análise, a seguir, distingue os dois grupos de sociais não são qualificados; na Finlândia, as profissões de cuidado
social (care profession) têm sido realizadas, crescentemente, por
problemas, apenas quando eles já aparecem em separado na biblio-
setores privados e voluntários, em detrimento do Estado; também
grafia consultada.
na Suíça, o cuidado social (social care) é muito mais responsabili-
O problema de se estabelecer um expertise profissional come- dade do setor privado não-lucrativo e das Igrejas do que do Estado;
ça primeiro, por uma dificuldade semântica: não existe como mos- um último exemplo é o caso de Luxemburgo, em que o cuidado so-
tra Brauns e Kramer (1986), em todas as experiências europeias, cial segue uma tradição que vem da idade média e é baseada sobre
uma definição única para o significado de “serviço social”. Além valores religiosos. Percebe-se o quanto o problema do expertise
disso, em cada país a profissão “serviço social” engloba um âmbito está relacionado com as fronteiras pouco definidas entre o trabalho
próprio de atividades. profissional e o voluntário.

Didatismo e Conhecimento 71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Brauns e Kramer (1986) afirmam existir um amplo ceticismo Diferenças na extensão dos cursos, diferenças culturais de
público em relação às atividades profissionais, nos últimos anos cada país, incidindo sobre os currículos e campos de atuação
(anos oitenta), em muitos dos países desenvolvidos. Em grande também variados, favoreciam uma difícil formação da identidade
parte, atribui-se este ceticismo exclusivamente à crise financeira profissional. Assim, a padronização da qualificação e dos títulos
do Welfare State. Os autores afirmam, ainda, que este ceticismo é profissionais torna-se uma importante tarefa para as associações
derivado, também, de uma crise de identidade do próprio serviço profissionais latino-americanas, segundo o autor.
social. A competição entre os trabalhos voluntários e as iniciativas No México, por exemplo, somente nove de trinta e sete cursos
de autoajuda, de um lado, e as outras profissões, de outro, tem for- de serviço social têm status acadêmico e os restantes são conside-
çado os profissionais de serviço social a justificarem seus custos. rados como vocacionais e centros de treinamento pré-profissional.
Marshall mostra que, na Inglaterra, a partir do período entre Problemas similares foram detectados em diversos países. Nos
guerras, mas também no período posterior, houve uma aproxima- países africanos francofônicos, o serviço social era provido origi-
ção entre as práticas assistenciais desenvolvidas pelas entidades nalmente por Escolas de Enfermagem. Na Escola de Enfermagem
filantrópicas e voluntárias e o Estado, além de uma disseminação, de Mali, fundada em 1961, por exemplo, os estudantes podiam
em ambas as instituições, das ideias veiculadas pelos pioneiros da escolher entre formar-se como Aides Sociales (Socorro Social) ou
profissão (vinculadas à religião). No período do pós-2a. Guerra, Assistantes Sociales (Assistentes Sociais), compartilhando um pri-
a colaboração entre as instituições continua, embora com o maior meiro ano de treinamento básico, em assuntos de saúde e enferma-
predomínio das ações do Estado, com o estabelecimento do Estado gem prática, com estudantes de enfermagem para, em um segundo
de Bem-Estar Social inglês. O importante a ressaltar é que houve ano, receberem aulas de bem-estar social (social welfare).
uma confluência de propósitos e, mesmo, de formação, entre as Indefinições com o mesmo sentido, embora com uma for-
ações voluntárias e filantrópicas e a ação profissional. Exatamente matação distinta, ocorreram na experiência japonesa. Ito (1995)
a existência destas “fronteiras borradas” vai levar o autor a ques- mostra a rejeição à incorporação dos conhecimentos provenientes
tionar se a assistência social é, de fato, uma profissão. E, sobre isto, da influência norte-americana e inglesa do serviço social daquele
afirma que, para a prática da assistência social, “não há nenhum país.
ponto claramente definido, ou nível, no qual o treinamento con- Embora não houvesse problemas com a definição do expertise
duza a uma habilitação profissional reconhecida universalmente”
profissional nesse país, apenas a tentativa dos acadêmicos de in-
e que os assistentes sociais, deixaram de ser “mentores morais”,
corporar elementos do budismo no ensino e na prática profissional,
como na era vitoriana, para serem “conselheiros psicológicos”,
adequando-os aos padrões culturais nacionais, mostra o quão frou-
sem estarem, para isto, devidamente preparados. O risco, então,
xo e inconsistente era o conjunto de saberes importados.
de que a ação profissional derivasse, para um julgamento moral
Além disso, nas agências de governo, estudantes aprendem a
e de que, neste, estivessem presentes elementos típicos do senso
prática profissional sob a supervisão de pessoas sem qualificação,
comum, não parece ser pequena.
colocando em suspeição o que se define como próprio do âmbi-
Até os anos sessenta, segundo o mesmo autor, a assistência
to profissional. Segundo Ito (1995), haveria uma estreita relação
social ainda podia ser “desempenhada por ajudantes familiares
especialmente treinados, por conselheiros familiares, por orienta- entre a inovação no campo do conhecimento do serviço social ja-
dores familiares, por assistentes sociais ou por administradores re- ponês com a atuação dos serviços voluntários. Afirma o autor que
sidenciais”, caracterizando “a imaturidade da administração social “quarenta anos de experiências depois da guerra mostram que a
nesse setor específico”. Mesmo assim, o prestígio e status social ausência de movimentos voluntários significa a ausência de servi-
da assistência social continuaram altos e em ascensão. ços inovadores.
Como foi dito, embora as práticas assistenciais sejam anterio- Onde o serviço não é inovador, nenhuma nova teoria de ser-
res à formação da primeira Escola de Serviço Social, é de se notar viço social pode surgir”. Além disso, o governo japonês ainda de-
que está se institucionaliza, quando ganha força a lógica de que pende do setor voluntário, para a provisão dos serviços sociais.
os serviços voluntários representam um conceito ativo de cidada- Também na Rússia pós-comunista os mesmos problemas se
nia. Pelo que afirma Lowe (1999), as iniciativas privadas desem- fizeram presentes. O serviço social surge, em 1991, sendo con-
penharam um importante papel na provisão dos serviços sociais. siderado importante, no contexto de transição da Rússia, quando
Elas são, junto com as agências locais (estatais) de assistência, os muitas pessoas tornaram-se socialmente excluídas. O objetivo do
principais empregadores dos assistentes sociais. Sua importân- serviço social neste país era prover suporte social, domiciliar, mé-
cia está em identificar as reais necessidades da população e elas dico, psicopedagógico, serviços jurídicos e ajuda material, promo-
“eram também capazes de desenvolver novos métodos e técnicas vendo “reabilitação e adaptação social dos cidadãos em situação
de cuidado porque, diferente de suas contrapartes oficiais, eles não difícil de vida”.
tinham que assegurar sempre equidade ou considerar possíveis ob- A profissão também não contava com um grande prestígio so-
jeções políticas”. No entanto, estavam baseadas em uma antiga cial ou com bons salários.
tradição filantrópica que, por vezes, era indevidamente moralista Desta forma, menos de 30% dos assistentes sociais diploma-
ou ineficiente (ou ambas). dos seguiram a carreira. Como no Japão, o crescimento da pro-
Questões e problemas semelhantes ocorreram na implantação fissão ocorreu através da qualificação dos trabalhadores, que já
do serviço social na América Latina e África. Ao tratar do serviço atuavam na área, mas ainda sem diploma. Assim também, a partir
social nestas localidades (generalizado pelo autor como 3o. Mun- dos anos noventa, a participação do setor voluntário e das Igrejas,
do), Midgley (1981) afirma que até os anos sessenta não havia associada às atividades promovidas pelo Estado, foram os prin-
um acordo sobre o que propriamente qualificava um curso, como cipais responsáveis pelo desempenho das atividades assistenciais
profissional ou não profissional. naquele país.

Didatismo e Conhecimento 72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
O trabalho de Iarskaia e Romanov (2002) se reporta ao resul- te religiosa confere para essas atividades; em parte, são uma ex-
tado de entrevistas realizadas com 19 mulheres e um homem, entre pressão da própria identidade prática existente entre os trabalhos
24 e 51 anos, que trabalhavam no serviço social russo, em 1998, e assistenciais profissionais e voluntários. A relação entre Estado e
suas experiências de trabalho. Quando perguntados sobre o papel sociedade, no provimento dos serviços sociais, assim como a alter-
do conhecimento (teórico-técnico) no serviço social, os informan- nância em alguns países entre “profissionais” e “voluntários” para
tes mencionaram vários tipos de saberes, como relevantes, sem a execução dos mesmos serviços, atestou a fragilidade do Serviço
mencionar nenhuma habilidade específica da profissão. Social, como uma profissão e evidenciou que aqueles serviços es-
O método de trabalho dos profissionais derivava da própria tavam conectados com uma ideologia religiosa ou cívica.
prática e eles não viam a necessidade de ter nenhum conhecimento Em cada um dos países citados, além de outros tantos, reco-
sistematizado. Um dos entrevistados afirmou que: “conhecimento nhece-se que, em alguma medida, a religião continua, não apenas
de vida ajuda muito... precisa de gentileza, simpatia para as pes- presente na prática profissional, mas que o aprofundamento do de-
soas. Conhecimento não tem nada a ver com isso”. Na relação com bate sobre a temática pode acarretar uma melhor intervenção do
clientes, eles afirmam ter um forte senso de dívida moral para assistente social. Isto, no entanto, é matéria para outros artigos.
com eles, um forte sentimento de empatia e ainda que os próprios (Texto adaptado de Prof. Dr. SIMÕES, P.).
assistentes sociais tomavam para si o sofrimento de seus clientes.
Desta forma, afirmam os autores que, antes de serem experts A questão social e o Serviço Social
ou técnicos, os assistentes sociais russos mantém o foco de suas
atividades na caridade, patrocinada por valores ortodoxos religio- Inicialmente o Serviço Social creditava aos homens a “culpa”
sos, do período anterior à Revolução de 1917. O exemplo dado pelas situações que vivenciavam, e acreditando que uma prática
para ilustrar tal afirmação é retirado de uma das entrevistas, em doutrinária, fundamentada nos princípios cristãos, era a chave para
que o assistente social afirmou: a “recuperação da sociedade” (FALLEIROS, 1997)
“É um prazer conversar com eles... Eu mesmo aprendo com Posteriormente, o Serviço Social ultrapassa a ideia do homem
eles. É interessante visitar estas famílias, falar com elas... Eu sou como objeto profissional. Passa-se à compreensão de que a situa-
uma pessoa muito doente também e vejo como os outros lidam ção deste homem – analfabeto, pobre, desempregado, etc. – é fru-
com uma situação similar” (idem). to, não só de uma incapacidade individual, mas também, de um
Em uma profissão quase inteiramente feminina (98,5%), o conjunto de situações que merecem a intervenção profissional.
profissionalismo do serviço social russo tem se dado através do Para IAMAMOTO(2003), o objeto do Serviço Social, no Bra-
desenvolvimento da empatia, como uma habilidade necessária ao sil, tem, historicamente, sido delimitado em virtude das conjuntu-
trabalho com pessoas, para que se entenda como é possível aju- ras políticas e socioeconômicas do país, sempre se tendo em vista
dá-las, e não prejudicá-las. Baseado, então, no princípio da ajuda as perspectivas teóricas e ideológicas orientadoras da intervenção
social, para estas mulheres, nem o salário, nem o prestígio da pro- profissional.
fissão são o mais importante, mas a auto realização que é possível Para a Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social, o
obterem com estas atividades. Além disso, o trabalho flexível dos Assistente Social convive cotidianamente com as mais amplas ex-
assistentes sociais permite que estas mulheres possam também pressões da questão social, matéria prima de seu trabalho. Con-
cuidar de seus próprios filhos e parentes. fronta-se com as manifestações mais dramáticas dos processos da
O Serviço Social parece, assim, possuir características bas- questão social no nível dos indivíduos sociais, seja em sua vida
tante semelhantes nos diversos países em que ele foi estabelecido. individual ou coletiva.
Dada a importância difusora do Serviço Social americano na Não contraditória a esta concepção, temos IAMAMOTO: “Os
consolidação de cursos em toda a América Latina, África e Ásia, assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais
a análise de Canda e Furman (1999), embora não possa ser gene- variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as expe-
ralizável, em termos temporais para as demais experiências mun- rimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde,
diais, pois baseia-se na experiência americana, ela serve de na assistência social pública, etc. Questão social que sendo desi-
referência para uma questão importante: mesmo no período gualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam
considerado como o de “secularização” do Serviço Social ame- as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre
ricano, entre os anos 1920 e 1970, ideologias religiosas tácitas produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência,
continuavam presentes nos serviços sociais do Estado. que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movi-
Como foi dito, se a análise temporal não pode ser generalizá- do por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair
vel, é possível, no entanto, verificar que, em geral, após um perío- ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. [...] apreender a
do de identificação mais clara entre a gênese da profissão e seus questão social é também captar cujas múltiplas de pressão social,
impulsos religiosos, há a constituição de um período de “seculari- de invenção e de reinvenção da vida.”
zação” da mesma. No entanto, se na segunda fase ainda existem Segundo FALEIROS, (1997): “... a expressão questão social
elementos ideológicos atuando tacitamente na profissão, isso não é tomada de forma muito genérica, embora seja usada para definir
ocorre por falta de uma secularização do conhecimento profissio- uma particularidade profissional. Se for entendida como sendo as
nal mas, pelo conjunto de elementos analisados neste texto. contradições do processo de acumulação capitalista, seria, por sua
Somado a isto, está o fato de que, só é possível admitir a exis- vez, contraditório colocá-la como objeto particular de uma profis-
tência de elementos ideológicos tácitos na profissão, se os próprios são determinada, já que se refere a relações impossíveis de serem
profissionais perceberem nexos de sentido entre o seu fazer pro- tratadas profissionalmente, através de estratégias institucionais/
fissional e suas convicções religiosas. Estes nexos derivam, em relacionais próprias do próprio desenvolvimento das práticas do
parte, da fundamentação teológica / doutrinária que cada verten- Serviço Social. Se forem as manifestações dessas contradições o

Didatismo e Conhecimento 73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
objeto profissional, é preciso também qualificá-las para não colo- “Na década de 70, com a mobilização popular contra a di-
car em pauta toda a heterogeneidade de situações que, segundo tadura militar, o Serviço Social revê seu objeto, e o define como
Netto, caracteriza, justamente, o Serviço Social”. a transformação social. Apesar do objeto equivocado, afinal a
Acreditamos que a proposta de Faleiros torne mais clara a nos- transformação social não se constitui em tarefa de nenhum pro-
sa interpretação acerca da questão social. Pois qualificar a questão fissional – é uma função de partidos políticos; o que este objeto,
social significa apreender o que compete ao Serviço Social no âm- efetivamente, representou foi a busca, por assistentes sociais, de
bito da questão social. Se falarmos, por exemplo, nas expressões um vínculo orgânico com as classes subalternizadas e exploradas
sociais da questão social, estaremos, minimamente, definindo um pelo capital. E é esta postura política que tem marcado os debates
espaço de atuação profissional. do Serviço Social até os dias atuais. (IAMAMOTO, 2003)”
Segundo IAMAMOTO(2003), as expressões sociais necessi- O Movimento de Reconceituação, num primeiro momento
tam de uma reflexão contemporânea sobre o trabalho profissional, optou por numa linha claramente desenvolvimentista e posterior-
reflexão esta que permita identificar as expressões particulares da mente crescendo a influência de uma tendência mais crítica - da
questão social, assim como os processos sociais que as reprodu- teoria social crítica. Em 1964, o Brasil rapidamente entra na dita-
zem. dura militar e, consequentemente, o rumo do Serviço Social neste
Ao fazermos reflexões sobre as literaturas aqui apresentadas,
período em nosso país irá se diferenciar muito do rumo do Serviço
conseguimos entender o significado da questão social e suas ex-
Social latino-americano. A linguagem era diferente, as temáticas
pressões e compreendemos a forma como se deu, historicamente,
eram diferentes. O Movimento de Reconceituação foi de fato uma
o processo de institucionalização do Serviço Social no Brasil que,
aqui, está profundamente arraigado na questão social. unidade de diferenças, em função das particularidades dos contex-
tos nacionais. O Serviço Social brasileiro caminhou numa linha
A institucionalização do Serviço Social no Brasil mais tecnocrática, que podemos observar no Documento de Araxá
(1967) e no Documento de Teresópolis (1970). Melhor dizendo,
A questão social foi enfrentada inicialmente pela sociedade preocupação com o processo de desenvolvimento e a ratificação do
brasileira através da Igreja Católica e dos setores mais abastados modelo econômico implantada no pós-64, acabam influenciando
da burguesia, repassando ideologicamente para os leigos, princi- numa linha mais tecnicista, na preocupação com as técnicas, com
palmente para a parcela feminina, a ideologia dos serviços assis- o planejamento, com o instrumental da profissão. O Serviço Social
tenciais, como missão, tendo estes um cariz de benevolência so- brasileiro sofre um processo de consolidação acadêmica: cresce o
cial. Com o agravamento da questão social, a classe trabalhadora mercado editorial, cresce a pós-graduação, o mestrado, o doutora-
insatisfeita com os serviços prestados pela Igreja, reivindicava, do; movimento esse, acadêmico, que não foi acompanhado pelos
através de movimentos sociais, políticas que respondessem aos países de língua espanhola no mesmo ápice de tempo. O desdobra-
problemas de forma mais ampla, sendo, portanto, necessária à in- mento disso é o seguinte: o Serviço Social brasileiro se consolida.
tervenção estatal no intuito de conter tais movimentos. Passa a ter, depois dos anos 80, com a abertura democrática, uma
A partir da década de 30, o Estado, enquanto representante dos produção muito mais madura academicamente e politicamente do
interesses da classe burguesa, interferiu na questão social através que nos outros países. Tem-se todo o processo de renovação do
de seus aparelhos coercitivos, a questão social como caso de po- Serviço Social brasileiro e uma preocupação muito interessante
lícia. A burguesia e o Estado ao perceberem que tais mecanismos numa linha de reconhecimento de fazer a diferença entre a militân-
eram insuficientes, passaram a enfrentá-la pela ideologia, através cia e a profissão, que são dimensões correlatas, mas são dimensões
da criação e fundamentação de leis, serviços e políticas sociais. distintas, e o Serviço Social brasileiro chega aos anos 90/2000 com
O Estado necessitava de profissionais tecnicamente qualifica- o papel de efetiva liderança no Serviço Social latino-americano. O
dos para a execução e organização dos Serviços Sociais, capazes movimento, que num primeiro momento da Reconceituação, en-
de organizar, coordenar e distribuir esses serviços à população. controu nos países de língua espanhola um tom crítico do Serviço
A atuação desses profissionais foi um mecanismo de repasse da Social latino-americano, tem nos anos 80/90 o seu papel invertido,
ideologia burguesa. Dessa forma ocorre a institucionalização da
onde o Brasil passa a dar o tom mais acadêmico-crítico da leitura
profissão, inscrita na divisão sócio técnica do trabalho, sob forte
do Serviço Social latino-americano. (IAMAMOTO, 2001)
influência do Serviço Social americano e europeu.
Com a instalação do governo ditatorial, a partir de 64, o Ser- Acreditamos que, muito do que foi discutido nos congressos
viço Social passou a implementar e legitimar as políticas sociais que geraram esses importantes documentos que reconceituaram a
implantadas nesse período. A política desenvolvimentista, estra- categoria, contribuiu para os avanços no campo de atuação profis-
tegicamente adotada pelo governo ditatorial, tinha por objetivo sional e da forma de fazer a profissão, porém ainda há muito que se
levar o desenvolvimento através de uma série de medidas polí- avançar, se questionar. Não há teoria que responda todos os proble-
ticas, sociais e econômicas que permitissem o desenvolvimento mas. Ater-se a uma única matriz teórica não permite um avanço,
econômico dessas populações, os profissionais do Serviço Social é necessário buscar a pluralidade teórica que dê conta dos vários
eram os agentes responsáveis por levar o desenvolvimento. Mas o problemas sociais da sociedade contemporânea. (Texto adaptado
referencial teórico dos profissionais não permitia uma leitura das de SILVA, E. da).
problemáticas da época, passando a buscar instrumentos para in-
tervir nessa realidade. A categoria passou a questionar a sua atua-
ção, esses questionamentos foram registrados nos documentos de
Araxá, Teresópolis, Sumaré, Boa Vista e Belo Horizontes, que fo-
ram formulados a partir dos congressos realizados pela categoria
na década de 70 e 80, período da efervescência política pela qual
o Brasil passava:

Didatismo e Conhecimento 74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administra-
5. LEIS E CÓDIGOS RELACIONADOS AO ção pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades,
com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo;
TRABALHO PROFISSIONAL DO IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em ma-
ASSISTENTE SOCIAL téria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos
direitos civis, políticos e sociais da coletividade;
X - planejamento, organização e administração de Serviços
Sociais e de Unidade de Serviço Social;
XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para
LEI No 8.662, DE 7 DE JUNHO DE 1993. fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração
pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social:
I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar es-
Art. 1º É livre o exercício da profissão de Assistente Social em tudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço
todo o território nacional, observadas as condições estabelecidas Social;
nesta lei. II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em
Unidade de Serviço Social;
Art. 2º Somente poderão exercer a profissão de Assistente So- III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública
cial: direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria
I - Os possuidores de diploma em curso de graduação em de Serviço Social;
Serviço Social, oficialmente reconhecido, expedido por estabele- IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, infor-
cimento de ensino superior existente no País, devidamente regis- mações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social;
trado no órgão competente; V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de
II - os possuidores de diploma de curso superior em Serviço graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam
conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regu-
Social, em nível de graduação ou equivalente, expedido por esta-
lar;
belecimento de ensino sediado em países estrangeiros, conveniado
VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários
ou não com o governo brasileiro, desde que devidamente revalida- de Serviço Social;
do e registrado em órgão competente no Brasil; VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Ser-
III - os agentes sociais, qualquer que seja sua denominação viço Social, de graduação e pós-graduação;
com funções nos vários órgãos públicos, segundo o disposto no VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estu-
art. 14 e seu parágrafo único da Lei nº 1.889, de 13 de junho de do e de pesquisa em Serviço Social;
1953. IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e co-
Parágrafo único. O exercício da profissão de Assistente Social missões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para
requer prévio registro nos Conselhos Regionais que tenham juris- Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos ineren-
dição sobre a área de atuação do interessado nos termos desta lei. tes ao Serviço Social;
X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos as-
Art. 3º A designação profissional de Assistente Social é priva- semelhados sobre assuntos de Serviço Social;
tiva dos habilitados na forma da legislação vigente. XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos
Federal e Regionais;
Art. 4º Constituem competências do Assistente Social: XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades
I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais públicas ou privadas;
junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empre- XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da ges-
sas, entidades e organizações populares; tão financeira em órgãos e entidades representativas da categoria
II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas profissional.
e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com
participação da sociedade civil; Art. 5o-A. A duração do trabalho do Assistente Social é de
III - encaminhar providências, e prestar orientação social a 30 (trinta) horas semanais. (Incluído pela Lei nº 12.317, de 2010).
indivíduos, grupos e à população;
IV - (Vetado); Art. 6º São alteradas as denominações do atual Conselho Fe-
V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos so- deral de Assistentes Sociais (CFAS) e dos Conselhos Regionais de
Assistentes Sociais (CRAS), para, respectivamente, Conselho Fe-
ciais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos
deral de Serviço Social (CFESS) e Conselhos Regionais de Serviço
no atendimento e na defesa de seus direitos;
Social (CRESS).
VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços
Sociais; Art. 7º O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e os
VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contri- Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) constituem, em
buir para a análise da realidade social e para subsidiar ações pro- seu conjunto, uma entidade com personalidade jurídica e forma fe-
fissionais; derativa, com o objetivo básico de disciplinar e defender o exercí-
cio da profissão de Assistente Social em todo o território nacional.

Didatismo e Conhecimento 75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
1º Os Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) são Art. 12. Em cada capital de Estado, de Território e no Distrito
dotados de autonomia administrativa e financeira, sem prejuízo de Federal, haverá um Conselho Regional de Serviço Social (CRESS)
sua vinculação ao Conselho Federal, nos termos da legislação em denominado segundo a sua jurisdição, a qual alcançará, respecti-
vigor. vamente, a do Estado, a do Território e a do Distrito Federal.
2º Cabe ao Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e aos 1º Nos Estados ou Territórios em que os profissionais que
Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), representar, em neles atuam não tenham possibilidade de instalar um Conselho
juízo e fora dele, os interesses gerais e individuais dos Assistentes Regional, deverá ser constituída uma delegacia subordinada ao
Sociais, no cumprimento desta lei. Conselho Regional que oferecer melhores condições de comuni-
cação, fiscalização e orientação, ouvido o órgão regional e com
Art. 8º Compete ao Conselho Federal de Serviço Social homologação do Conselho Federal.
(CFESS), na qualidade de órgão normativo de grau superior, o 2º Os Conselhos Regionais poderão constituir, dentro de sua
exercício das seguintes atribuições: própria área de jurisdição, delegacias seccionais para desempenho
I - orientar, disciplinar, normatizar, fiscalizar e defender o de suas atribuições executivas e de primeira instância nas regiões
exercício da profissão de Assistente Social, em conjunto com o em que forem instalados, desde que a arrecadação proveniente dos
CRESS; profissionais nelas atuantes seja suficiente para sua própria manu-
II - assessorar os CRESS sempre que se fizer necessário; tenção.
III - aprovar os Regimentos Internos dos CRESS no fórum
máximo de deliberação do conjunto CFESS/CRESS; Art. 13. A inscrição nos Conselhos Regionais sujeita os Assis-
IV - aprovar o Código de Ética Profissional dos Assistentes tentes Sociais ao pagamento das contribuições compulsórias (anu-
Sociais juntamente com os CRESS, no fórum máximo de delibera- idades), taxas e demais emolumentos que forem estabelecidos em
ção do conjunto CFESS/CRESS; regulamentação baixada pelo Conselho Federal, em deliberação
V - funcionar como Tribunal Superior de Ética Profissional; conjunta com os Conselhos Regionais.
VI - julgar, em última instância, os recursos contra as sanções
impostas pelos CRESS; Art. 14. Cabe às Unidades de Ensino credenciar e comunicar
VII - estabelecer os sistemas de registro dos profissionais ha-
aos Conselhos Regionais de sua jurisdição os campos de estágio
bilitados;
de seus alunos e designar os Assistentes Sociais responsáveis por
VIII - prestar assessoria técnico-consultiva aos organismos
sua supervisão.
públicos ou privados, em matéria de Serviço Social;
Parágrafo único. Somente os estudantes de Serviço Social,
IX - (Vetado)
sob supervisão direta de Assistente Social em pleno gozo de seus
direitos profissionais, poderão realizar estágio de Serviço Social.
Art. 9º O fórum máximo de deliberação da profissão para os
fins desta lei dar-se-á nas reuniões conjuntas dos Conselhos Fede-
Art. 15. É vedado o uso da expressão Serviço Social por quais-
ral e Regionais, que inclusive fixarão os limites de sua competên-
cia e sua forma de convocação. quer pessoas de direito público ou privado que não desenvolvam
atividades previstas nos arts. 4º e 5º desta lei.
Art. 10. Compete aos CRESS, em suas respectivas áreas de ju-
risdição, na qualidade de órgão executivo e de primeira instância, Parágrafo único. As pessoas de direito público ou privado que
o exercício das seguintes atribuições: se encontrem na situação mencionada neste artigo terão o prazo de
I - organizar e manter o registro profissional dos Assistentes noventa dias, a contar da data da vigência desta lei, para proces-
Sociais e o cadastro das instituições e obras sociais públicas e pri- sarem as modificações que se fizerem necessárias a seu integral
vadas, ou de fins filantrópicos; cumprimento, sob pena das medidas judiciais cabíveis.
II - fiscalizar e disciplinar o exercício da profissão de Assisten-
te Social na respectiva região; Art. 16. Os CRESS aplicarão as seguintes penalidades aos in-
fratores dos dispositivos desta Lei:
III - expedir carteiras profissionais de Assistentes Sociais, fi- I - multa no valor de uma a cinco vezes a anuidade vigente;
xando a respectiva taxa; II - suspensão de um a dois anos de exercício da profissão ao
Assistente Social que, no âmbito de sua atuação, deixar de cumprir
IV - zelar pela observância do Código de Ética Profissional, disposições do Código de Ética, tendo em vista a gravidade da
funcionando como Tribunais Regionais de Ética Profissional; falta;
V - aplicar as sanções previstas no Código de Ética Profis- III - cancelamento definitivo do registro, nos casos de extrema
sional; gravidade ou de reincidência contumaz.
VI - fixar, em assembléia da categoria, as anuidades que de- 1º Provada a participação ativa ou conivência de empresas,
vem ser pagas pelos Assistentes Sociais; entidades, instituições ou firmas individuais nas infrações a dispo-
VII - elaborar o respectivo Regimento Interno e submetê-lo a sitivos desta lei pelos profissionais delas dependentes, serão estas
exame e aprovação do fórum máximo de deliberação do conjunto também passíveis das multas aqui estabelecidas, na proporção de
CFESS/CRESS. sua responsabilidade, sob pena das medidas judiciais cabíveis.
2º No caso de reincidência na mesma infração no prazo de
Art. 11. O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) terá dois anos, a multa cabível será elevada ao dobro.
sede e foro no Distrito Federal.

Didatismo e Conhecimento 76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Art. 17. A Carteira de Identificação Profissional expedida pe- V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que
los Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), servirá de assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos
prova para fins de exercício profissional e de Carteira de Identida- programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática;
de Pessoal, e terá fé pública em todo o território nacional. VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconcei-
to, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos
Art. 18. As organizações que se registrarem nos CRESS rece- socialmente discriminados e à discussão das diferenças;
berão um certificado que as habilitará a atuar na área de Serviço VII. Garantia do pluralismo, através do respeito às cor-
Social. rentes profissionais democráticas existentes e suas expressões
teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelec-
Art. 19. O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) será
tual;
mantido:
VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao
I - por contribuições, taxas e emolumentos arrecadados pelos
CRESS, em percentual a ser definido pelo fórum máximo instituí- processo de construção de uma nova ordem societária, sem domi-
do pelo art. 9º desta lei; nação, exploração de classe, etnia e gênero;
II - por doações e legados; IX. Articulação com os movimentos de outras categorias pro-
III - por outras rendas. fissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a
luta geral dos/as trabalhadores/as;
Art. 20. O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e os X. Compromisso com a qualidade dos serviços presta-
Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) contarão cada dos à população e com o aprimoramento intelectual, na perspec-
um com nove membros efetivos: Presidente, Vice-Presidente, dois tiva da competência profissional;
Secretários, dois Tesoureiros e três membros do Conselho Fiscal, e XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem
nove suplentes, eleitos dentre os Assistentes Sociais, por via direta, discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero,
para um mandato de três anos, de acordo com as normas estabe- etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gê-
lecidas em Código Eleitoral aprovado pelo fórum instituído pelo nero, idade e condição física.
art. 9º desta lei.
CÓDIGO DE ÉTICA DO ASSISTENTE SOCIAL
Parágrafo único. As delegacias seccionais contarão com três
membros efetivos: um Delegado, um Secretário e um Tesoureiro, Título I
e três suplentes, eleitos dentre os Assistentes Sociais da área de sua
DISPOSIÇÕES GERAIS
jurisdição, nas condições previstas neste artigo.

Art. 21. (Vetado). Art.1º Compete ao Conselho Federal de Serviço Social:


A- zelar pela observância dos princípios e diretrizes deste Có-
Art. 22. O Conselho Federal e os Conselhos Regionais te- digo, fiscalizando as ações dos Conselhos Regionais e a prática
rão legitimidade para agir contra qualquer pessoa que infringir as exercida pelos profissionais, instituições e organizações na área
disposições que digam respeito às prerrogativas, à dignidade e ao do Serviço Social;
prestígio da profissão de Assistente Social. B- introduzir alteração neste Código, através de uma
ampla participação da categoria, num processo desenvolvido em
Art. 23. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. ação conjunta com os Conselhos Regionais;
C- como Tribunal Superior de Ética Profissional, firmar juris-
Art. 24. Revogam-se as disposições em contrário e, em espe- prudência na observância deste Código e nos casos omissos.
cial, a Lei nº 3.252, de 27 de agosto de 1957. Parágrafo único: Compete aos Conselhos Regionais, nas
áreas de suas respectivas jurisdições, zelar pela observância dos
Brasília, 7 de junho de 1993; 172º da Independência e 105º princípios e diretrizes deste Código, e funcionar como órgão jul-
da República. gador de primeira instância.
ITAMAR FRANCO Título II
Walter Barelli
DOS DIREITOS E DAS RESPONSABILIDADES GE-
Princípios Fundamentais RAIS DO/A ASSISTENTE SOCIAL
I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e
das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e Art. 2º Constituem direitos do/a assistente social:
plena expansão dos indivíduos sociais; A- garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas, esta-
II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do ar- belecidas na Lei de Regulamentação da Profissão e dos princípios
bítrio e do autoritarismo; firmados neste Código;
III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tare- B- livre exercício das atividades inerentes à Profissão;
fa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos C- participação na elaboração e gerenciamento das políti-
civis sociais e políticos das classes trabalhadoras; cas sociais, e na formulação e implementação de programas
IV. Defesa do aprofundamento da democracia, sociais;
enquanto socialização da participação política e da riqueza social- D- inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arquivos
mente produzida; e documentação, garantindo o sigilo profissional;

Didatismo e Conhecimento 77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
E- desagravo público por ofensa que atinja a sua honra pro- B- garantir a plena informação e discussão sobre as possibili-
fissional; dades e consequências das situações apresentadas, respeitando de-
F- aprimoramento profissional de forma contínua, colocando mocraticamente as decisões dos/as usuários/as, mesmo que sejam
-o a serviço dos princípios deste Código; contrárias aos valores e às crenças individuais dos/as profissionais,
G- pronunciamento em matéria de sua especialidade, sobretu- resguardados os princípios deste Código;
do quando se tratar de assuntos de interesse da população; C- democratizar as informações e o acesso aos programas dis-
H- ampla autonomia no exercício da Profissão, não sendo poníveis no espaço institucional, como um dos mecanismos indis-
obrigado a prestar serviços profissionais incompatíveis com as
pensáveis à participação dos/as usuários/as;
suas atribuições, cargos ou funções;
I- liberdade na realização de seus estudos e pesquisas, D- devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas
resguardados os direitos de participação de indivíduos ou grupos aos/às usuários/as, no sentido de que estes possam usá-los para o
envolvidos em seus trabalhos. fortalecimento dos seus interesses;
E- informar à população usuária sobre a utilização de mate-
Art. 3º São deveres do/a assistente social: riais de registro audiovisual e pesquisas a elas referentes e a forma
A- desempenhar suas atividades profissionais, com eficiência de sistematização dos dados obtidos;
e responsabilidade, observando a legislação em vigor; F- fornecer à população usuária, quando solicitado, informa-
B- utilizar seu número de registro no Conselho ções concernentes ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e
Regional no exercício da Profissão; as suas conclusões, resguardado o sigilo profissional;
C- abster-se, no exercício da Profissão, de práticas que carac- G- contribuir para a criação de mecanismos que venham des-
terizem a censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento dos burocratizar a relação com os/as usuários/as, no sentido de agilizar
comportamentos, denunciando sua ocorrência aos órgãos compe- e melhorar os serviços prestados;
tentes;
D- participar de programas de socorro à população em situa- H- esclarecer aos/às usuários/as, ao iniciar o trabalho, sobre
ção de calamidade pública, no atendimento e defesa de seus os objetivos e a amplitude de sua atuação profissional.
interesses e necessidades.
Art. 6º É vedado ao/à assistente social:
Art. 4º É vedado ao/à assistente social: A- exercer sua autoridade de maneira a limitar ou cercear o
A- transgredir qualquer preceito deste Código, bem como da direito do/a usuário/a de participar e decidir livremente sobre seus
Lei de Regulamentação da Profissão; interesses;
B- praticar e ser conivente com condutas antiéticas, crimes ou B- aproveitar-se de situações decorrentes da relação assistente
contravenções penais na prestação de serviços profissionais, com social-usuário/a, para obter vantagens pessoais ou para terceiros;
base nos princípios deste Código, mesmo que estes sejam pratica- C- bloquear o acesso dos/as usuários/as aos serviços ofereci-
dos por outros/as profissionais; dos pelas instituições, através de atitudes que venham coagir e/ou
C- acatar determinação institucional que fira os princípios desrespeitar aqueles que buscam o atendimento de seus direitos.
e diretrizes deste Código;
D- compactuar com o exercício ilegal da Profissão, inclusive
nos casos de estagiários/as que exerçam atribuições específicas, Capítulo II
em substituição aos/às profissionais; Das Relações com as Instituições
E- permitir ou exercer a supervisão de aluno/a de Serviço So- Empregadoras e outras
cial em Instituições Públicas ou Privadas que não tenham em seu
quadro assistente social que realize acompanhamento direto ao/à Art. 7º Constituem direitos do/a assistente social:
aluno/a estagiário/a; A- dispor de condições de trabalho condignas, seja em
F- assumir responsabilidade por atividade para as quais entidade pública ou privada, de forma a garantir a qualidade do
não esteja capacitado/a pessoal e tecnicamente; exercício profissional;
G- substituir profissional que tenha sido exonerado/a por de- B- ter livre acesso à população usuária;
fender os princípios da ética profissional, enquanto perdurar o mo- C- ter acesso a informações institucionais que se relacionem
tivo da exoneração, demissão ou transferência; aos programas e políticas sociais e sejam necessárias ao pleno
H- pleitear para si ou para outrem emprego, cargo ou função exercício das atribuições profissionais;
que estejam sendo exercidos por colega;
I- adulterar resultados e fazer declarações falaciosas sobre si- D- integrar comissões interdisciplinares de ética nos locais de
tuações ou estudos de que tome conhecimento; trabalho do/a profissional, tanto no que se refere à avaliação da
J- assinar ou publicar em seu nome ou de outrem trabalhos de conduta profissional, como em relação às decisões quanto às polí-
terceiros, mesmo que executados sob sua orientação. ticas institucionais.

Título III Art. 8º São deveres do/a assistente social:


DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS A- programar, administrar, executar e repassar os serviços so-
ciais assegurados institucionalmente;
Capítulo I B- denunciar falhas nos regulamentos, normas e programas da
Das Relações com os/as Usuários/as instituição em que trabalha, quando os mesmos estiverem ferindo
os princípios e diretrizes deste Código, mobilizando, inclusive, o
Art. 5º São deveres do/a assistente social nas suas relações Conselho Regional, caso se faça necessário;
com os/as usuários/as:
C- contribuir para a alteração da correlação de forças institu-
A- contribuir para a viabilização da participação efetiva da
cionais, apoiando as legítimas demandas de interesse da população
população usuária nas decisões institucionais;
usuária;

Didatismo e Conhecimento 78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
D- empenhar-se na viabilização dos direitos sociais dos/as B- apoiar e/ou participar dos movimentos sociais e organiza-
usuários/as, através dos programas e políticas sociais; ções populares vinculados à luta pela consolidação e ampliação da
E- empregar com transparência as verbas sob a sua responsa- democracia e dos direitos de cidadania.
bilidade, de acordo com os interesses e necessidades coletivas dos/
as usuários/as. Art. 13 São deveres do/a assistente social:
A- denunciar ao Conselho Regional as instituições públicas
Art. 9º É vedado ao/à assistente social: ou privadas, onde as condições de trabalho não sejam dignas ou
A- emprestar seu nome e registro profissional a firmas, or- possam prejudicar os/as usuários/as ou profissionais;
ganizações ou empresas para simulação do exercício efetivo do B- denunciar, no exercício da Profissão, às entidades de or-
Serviço Social; ganização da categoria, às autoridades e aos órgãos competentes,
B- usar ou permitir o tráfico de influência para obtenção de casos de violação da Lei e dos Direitos Humanos, quanto a: cor-
emprego, desrespeitando concurso ou processos seletivos; rupção, maus tratos, torturas, ausência de condições mínimas
C- utilizar recursos institucionais (pessoal e/ou financeiro)
de sobrevivência, discriminação, preconceito, abuso de autoridade
para fins partidários, eleitorais e clientelistas.
individual e institucional, qualquer forma de agressão ou falta de
respeito à integridade física, social e mental do/a cidadão/cidadã;
Capítulo III
Das Relações com Assistentes Sociais e outros/as Profissio- C- respeitar a autonomia dos movimentos populares e das or-
nais ganizações das classes trabalhadoras.

Art. 10 São deveres do/a assistente social: Art. 14 É vedado ao/à assistente social valer-se de posição
A- ser solidário/a com outros/as profissionais, sem, ocupada na direção de entidade da categoria para obter vantagens
todavia, eximir-se de denunciar atos que contrariem os postulados pessoais, diretamente ou através de terceiros/as.
éticos contidos neste Código;
B- repassar ao seu substituto as informações necessárias à CAPÍTULO V
continuidade do trabalho; Do Sigilo Profissional
C- mobilizar sua autoridade funcional, ao ocupar uma chefia,
para a liberação de carga horária de subordinado/a, para fim de Art. 15 Constitui direito do/a assistente social manter o sigilo
estudos e pesquisas que visem o aprimoramento profissional, profissional.
bem como de representação ou delegação de entidade de organi-
zação da categoria e outras, dando igual oportunidade a todos/as; Art. 16 O sigilo protegerá o/a usuário/a em tudo aquilo de
D- incentivar, sempre que possível, a prática profissional in- que o/a assistente social tome conhecimento, como decorrência do
terdisciplinar; exercício da atividade profissional.
E- respeitar as normas e princípios éticos das outras profis- Parágrafo único Em trabalho multidisciplinar só po-
sões; derão ser prestadas informações dentro dos limites do estritamente
F- ao realizar crítica pública a colega e outros/ as profissio- necessário.
nais, fazê-lo sempre de maneira objetiva, construtiva e comprová-
vel, assumindo sua inteira responsabilidade. Art. 17 É vedado ao/à assistente social revelar sigilo profis-
sional.
Art. 11 É vedado ao/à assistente social:
A- intervir na prestação de serviços que estejam sendo efe- Art. 18 A quebra do sigilo só é admissível quando se tratarem
tuados por outro/a profissional, salvo a pedido desse/a profissional;
de situações cuja gravidade possa, envolvendo ou não fato delituo-
em caso de urgência, seguido da imediata comunicação ao/à
so, trazer prejuízo aos interesses do/a usuário/a, de terceiros/as e
profissional; ou quando se tratar de trabalho multiprofissional e a
intervenção fizer parte da metodologia adotada; da coletividade.
B- prevalecer-se de cargo de chefia para atos discriminatórios Parágrafo único A revelação será feita dentro do estritamente
e de abuso de autoridade; necessário, quer em relação ao assunto revelado, quer ao grau e
C- ser conivente com falhas éticas de acordo com os princí- número de pessoas que dele devam tomar conhecimento.
pios deste Código e com erros técnicos praticados por assistente
social e qualquer outro/a profissional; Capítulo VI
D- prejudicar deliberadamente o trabalho e a reputação de ou- Das Relações do/a Assistente Social com a Justiça
tro/a profissional.
Art. 19 São deveres do/a assistente social:
Capítulo IV A- apresentar à justiça, quando convocado na qualidade de
Das Relações com Entidades da Categoria e demais organi- perito ou testemunha, as conclusões do seu laudo ou depoimento,
zações da Sociedade Civil sem extrapolar o âmbito da competência profissional e violar os
princípios éticos contidos neste Código;
Art.12 Constituem direitos do/a assistente social: B- comparecer perante a autoridade competente, quando in-
A- participar em sociedades científicas e em entidades re- timado/a a prestar depoimento, para declarar que está obrigado/a
presentativas e de organização da categoria que tenham por a guardar sigilo profissional nos termos deste Código e da Legis-
finalidade, respectivamente, a produção de conhecimento, a defesa lação em vigor.
e a fiscalização do exercício profissional;

Didatismo e Conhecimento 79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Art. 20 É vedado ao/à assistente social: Art. 26 Serão considerados na aplicação das penas os ante-
A- depor como testemunha sobre situação sigilosa do/a usuá- cedentes profissionais do/a infrator/a e as circunstâncias em que
rio/a de que tenha conhecimento no exercício profis- ocorreu a infração.
sional, mesmo quando autorizado;
B- aceitar nomeação como perito e/ou atuar em perícia quan- Art. 27 Salvo nos casos de gravidade manifesta, que exigem
do a situação não se caracterizar como área de sua competência ou aplicação de penalidades mais rigorosas, a imposição das penas
de sua atribuição profissional, ou quando infringir os dispositivos obedecerá à gradação estabelecida pelo artigo 24.
legais relacionados a impedimentos ou suspeição.
Art. 28 Para efeito da fixação da pena serão considerados es-
Título IV pecialmente graves as violações que digam respeito às seguintes
Da Observância, Penalidades, Aplicação e disposições:
Cumprimento Deste Código
Artigo 3º - alínea c;
Art. 21 São deveres do/a assistente social:
A- cumprir e fazer cumprir este Código;
Artigo 4º - alínea a, b, c, g, i, j;
B- denunciar ao Conselho Regional de Serviço Social,
através de comunicação fundamentada, qualquer forma
Artigo 5º - alínea b, f;
de exercício irregular da Profissão, infrações a princípios e
diretrizes deste Código e da legislação profissional;
C- informar, esclarecer e orientar os/as estudantes, na docên- Artigo 6º - alínea a, b, c;
cia ou supervisão, quanto aos princípios e normas contidas neste
Código. Artigo 8º - alínea b; e artigo 9º - alínea a, b, c;

Art. 22 Constituem infrações disciplinares: Artigo 11 - alínea b, c, d;


A- exercer a Profissão quando impedido/a de fazê-lo, ou faci-
litar, por qualquer meio, o seu exercício ao/às não inscritos/as ou Artigo 13 - alínea b;
impedidos/as;
B- não cumprir, no prazo estabelecido, determinação Artigo 14;
emanada do órgão ou autoridade dos Conselhos, em matéria des-
tes, depois de regularmente notificado/a; Artigo 16;
C- deixar de pagar, regularmente, as anuidades e contribui-
ções devidas ao Conselho Regional de Serviço Social a que esteja Artigo 17;
obrigado/a; Parágrafo único do artigo 18;
D- participar de instituição que, tendo por objeto o Serviço
Social, não esteja inscrita no Conselho Regional; Artigo 19 - alínea b;
E- fazer ou apresentar declaração, documento falso ou adulte-
rado, perante o Conselho Regional ou Federal. Artigo 20 - alínea a, b e

Das Penalidades Parágrafo único. As demais violações não previstas no


“caput”, uma vez consideradas graves, autorizarão aplicação
Art. 23 As infrações a este Código acarretarão penalidades, de penalidades mais severas, em conformidade com o artigo 26.
desde a multa à cassação do exercício profissional, na forma dos
dispositivos legais e/ ou regimentais.
Art. 29 A advertência reservada, ressalvada a hipótese prevista
Art. 24 As penalidades aplicáveis são as seguintes:
no artigo 32 será confidencial, sendo que a advertência pública,
A- multa;
suspensão e a cassação do exercício profissional serão efetivadas
B- advertência reservada;
através de publicação em Diário Oficial e em outro órgão da im-
C- advertência pública;
D- suspensão do exercício profissional; prensa, e afixado na sede do Conselho Regional onde estiver in-
E- cassação do registro profissional. serido/a o/a denunciado/a e na Delegacia Seccional do CRESS da
Parágrafo único Serão eliminados/as dos quadros dos jurisdição de seu domicílio.
CRESS aqueles/as que fizerem falsa prova dos requisitos exigidos
nos Conselhos. Art. 30 Cumpre ao Conselho Regional a execução das deci-
sões proferidas nos processos disciplinares.
Art. 25 A pena de suspensão acarreta ao/à assistente social a
interdição do exercício profissional em todo o território nacional, Art. 31 Da imposição de qualquer penalidade caberá recurso
pelo prazo de 30 (trinta) dias a 2 (dois) anos. com efeito suspensivo ao CFESS.
Parágrafo único A suspensão por falta de pagamento de anu-
idades e taxas só cessará com a satisfação do débito, podendo ser Art. 32 A punibilidade do assistente social, por falta sujeita a
cassada a inscrição profissional após decorridos três anos da sus- processo ético e disciplinar, prescreve em 5 (cinco) anos, contados
pensão. da data da verificação do fato respectivo.

Didatismo e Conhecimento 80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Art. 33 Na execução da pena de advertência reservada, não c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; (Incluí-
sendo encontrado o/a penalizado/a ou se este/a, após duas convo- do pela Lei nº 12.435, de 2011)
cações, não comparecer no prazo fixado para receber a penalidade, d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e
será ela tornada pública. a promoção de sua integração à vida comunitária; e (Incluído pela
§1º A pena de multa, ainda que o/a penalizado/a compareça Lei nº 12.435, de 2011)
para tomar conhecimento da decisão, será publicada nos termos do e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal
artigo 29 deste Código, se não for devidamente quitada no prazo à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir
de 30 (trinta) dias, sem prejuízo da cobrança judicial. meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua
§ 2º Em caso de cassação do exercício profissional, além dos família; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
editais e das comunicações feitas às autoridades competentes inte- II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territo-
rialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência
ressadas no assunto, proceder-se-á a apreensão da Carteira e Cédu-
de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; (Reda-
la de Identidade Profissional do/a infrator/a. ção dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos
Art. 34 A pena de multa variará entre o mínimo correspon- direitos no conjunto das provisões socioassistenciais. (Redação
dente ao valor de uma anuidade e o máximo do seu décuplo. dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistên-
Art. 35 As dúvidas na observância deste Código e os casos cia social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, ga-
omissos serão resolvidos pelos Conselhos Regionais de Serviço rantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender
Social “ad referendum” do Conselho Federal de Serviço Social, a contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos
quem cabe firmar jurisprudência. sociais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)

Art. 36 O presente Código entrará em vigor na data de sua pu- Art. 3o Consideram-se entidades e organizações de assistên-
blicação no Diário Oficial da União, revogando-se as disposições cia social aquelas sem fins lucrativos que, isolada ou cumulati-
em contrário. vamente, prestam atendimento e assessoramento aos beneficiários
LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993. abrangidos por esta Lei, bem como as que atuam na defesa e ga-
rantia de direitos. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
Mensagem de veto § 1o São de atendimento aquelas entidades que, de forma
continuada, permanente e planejada, prestam serviços, executam
(Vide Decreto nº 3.048, de 1999)
programas ou projetos e concedem benefícios de prestação social
(Vide Decreto nº 6.214, de 2007) básica ou especial, dirigidos às famílias e indivíduos em situações
(Vide Decreto nº 7.788, de 2012) de vulnerabilidade ou risco social e pessoal, nos termos desta Lei,
Vide Lei nº 13.014, de 2014 e respeitadas as deliberações do Conselho Nacional de Assistência
Social (CNAS), de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído
Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras pela Lei nº 12.435, de 2011)
providências. § 2o São de assessoramento aquelas que, de forma continua-
da, permanente e planejada, prestam serviços e executam progra-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- mas ou projetos voltados prioritariamente para o fortalecimento
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: dos movimentos sociais e das organizações de usuários, formação
e capacitação de lideranças, dirigidos ao público da política de as-
LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL sistência social, nos termos desta Lei, e respeitadas as deliberações
do CNAS, de que tratam os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela
CAPÍTULO I Lei nº 12.435, de 2011)
Das Definições e dos Objetivos § 3o São de defesa e garantia de direitos aquelas que, de for-
ma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e execu-
Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Es- tam programas e projetos voltados prioritariamente para a defesa
e efetivação dos direitos socioassistenciais, construção de novos
tado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê
direitos, promoção da cidadania, enfrentamento das desigualda-
os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de
des sociais, articulação com órgãos públicos de defesa de direitos,
ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendi- dirigidos ao público da política de assistência social, nos termos
mento às necessidades básicas. desta Lei, e respeitadas as deliberações do CNAS, de que tratam
os incisos I e II do art. 18. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
Art. 2o A assistência social tem por objetivos: (Redação dada
pela Lei nº 12.435, de 2011) CAPÍTULO II
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de Dos Princípios e das Diretrizes
danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: (Re-
dação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) SEÇÃO I
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescên- Dos Princípios
cia e à velhice; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; (Incluído Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios:
pela Lei nº 12.435, de 2011) I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre
as exigências de rentabilidade econômica;

Didatismo e Conhecimento 81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o des- § 3o A instância coordenadora da Política Nacional de Assis-
tinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas pú- tência Social é o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
blicas; à Fome. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu
direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convi- Art. 6o-A. A assistência social organiza-se pelos seguintes
vência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação tipos de proteção: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
vexatória de necessidade; I - proteção social básica: conjunto de serviços, programas,
IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem dis- projetos e benefícios da assistência social que visa a prevenir situa-
criminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às ções de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimen-
populações urbanas e rurais; to de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos
V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e familiares e comunitários; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Po- II - proteção social especial: conjunto de serviços, programas
der Público e dos critérios para sua concessão. e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de
vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortale-
SEÇÃO II
cimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias
Das Diretrizes
e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de
direitos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
Art. 5º A organização da assistência social tem como base as
seguintes diretrizes: Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um dos ins-
I - descentralização político-administrativa para os Estados, o trumentos das proteções da assistência social que identifica e pre-
Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em vine as situações de risco e vulnerabilidade social e seus agravos
cada esfera de governo; no território. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
II - participação da população, por meio de organizações re-
presentativas, na formulação das políticas e no controle das ações Art. 6o-B. As proteções sociais básica e especial serão ofer-
em todos os níveis; tadas pela rede socioassistencial, de forma integrada, diretamente
III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organizações de assis-
política de assistência social em cada esfera de governo. tência social vinculadas ao Suas, respeitadas as especificidades de
cada ação. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
CAPÍTULO III § 1o A vinculação ao Suas é o reconhecimento pelo Ministé-
Da Organização e da Gestão rio do Desenvolvimento Social e Combate à Fome de que a entida-
de de assistência social integra a rede socioassistencial. (Incluído
Art. 6o A gestão das ações na área de assistência social fica pela Lei nº 12.435, de 2011)
organizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, § 2o Para o reconhecimento referido no § 1o, a entidade de-
denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os verá cumprir os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 12.435,
seguintes objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) de 2011)
I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a I - constituir-se em conformidade com o disposto no art. 3o;
cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo articu- (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
lado, operam a proteção social não contributiva; (Incluído pela Lei II - inscrever-se em Conselho Municipal ou do Distrito Fe-
nº 12.435, de 2011) deral, na forma do art. 9o; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, III - integrar o sistema de cadastro de entidades de que trata o
projetos e benefícios de assistência social, na forma do art. 6o-C; inciso XI do art. 19. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) § 3o As entidades e organizações de assistência social vincu-
III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na
ladas ao Suas celebrarão convênios, contratos, acordos ou ajustes
organização, regulação, manutenção e expansão das ações de as-
com o poder público para a execução, garantido financiamento in-
sistência social;
IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades tegral, pelo Estado, de serviços, programas, projetos e ações de
regionais e municipais; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) assistência social, nos limites da capacidade instalada, aos benefi-
V - implementar a gestão do trabalho e a educação perma- ciários abrangidos por esta Lei, observando-se as disponibilidades
nente na assistência social; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) orçamentárias. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e § 4o O cumprimento do disposto no § 3o será informado ao
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome pelo ór-
VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de di- gão gestor local da assistência social. (Incluído pela Lei nº 12.435,
reitos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) de 2011)
§ 1o As ações ofertadas no âmbito do Suas têm por objetivo
a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à Art. 6o-C. As proteções sociais, básica e especial, serão ofer-
velhice e, como base de organização, o território.(Incluído pela Lei tadas precipuamente no Centro de Referência de Assistência So-
nº 12.435, de 2011) cial (Cras) e no Centro de Referência Especializado de Assistência
§ 2o O Suas é integrado pelos entes federativos, pelos respec- Social (Creas), respectivamente, e pelas entidades sem fins lucrati-
tivos conselhos de assistência social e pelas entidades e organiza- vos de assistência social de que trata o art. 3o desta Lei. (Incluído
ções de assistência social abrangidas por esta Lei. (Incluído pela pela Lei nº 12.435, de 2011)
Lei nº 12.435, de 2011)

Didatismo e Conhecimento 82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
§ 1o O Cras é a unidade pública municipal, de base territorial, § 3º (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009)
localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco § 4º As entidades e organizações de assistência social podem,
social, destinada à articulação dos serviços socioassistenciais no para defesa de seus direitos referentes à inscrição e ao funciona-
seu território de abrangência e à prestação de serviços, programas mento, recorrer aos Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais e
e projetos socioassistenciais de proteção social básica às famílias. do Distrito Federal.
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 2o O Creas é a unidade pública de abrangência e gestão Art. 10. A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Fede-
municipal, estadual ou regional, destinada à prestação de servi- ral podem celebrar convênios com entidades e organizações de as-
ços a indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco sistência social, em conformidade com os Planos aprovados pelos
pessoal ou social, por violação de direitos ou contingência, que de- respectivos Conselhos.
mandam intervenções especializadas da proteção social especial.
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 11. As ações das três esferas de governo na área de assis-
§ 3o Os Cras e os Creas são unidades públicas estatais insti- tência social realizam-se de forma articulada, cabendo a coordena-
tuídas no âmbito do Suas, que possuem interface com as demais ção e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e execução
políticas públicas e articulam, coordenam e ofertam os serviços, dos programas, em suas respectivas esferas, aos Estados, ao Distri-
programas, projetos e benefícios da assistência social. (Incluído to Federal e aos Municípios.
pela Lei nº 12.435, de 2011)
Art. 12. Compete à União:
Art. 6o-D. As instalações dos Cras e dos Creas devem ser
compatíveis com os serviços neles ofertados, com espaços para I - responder pela concessão e manutenção dos benefícios de
trabalhos em grupo e ambientes específicos para recepção e aten- prestação continuada definidos no art. 203 da Constituição Fe-
dimento reservado das famílias e indivíduos, assegurada a acessi- deral;
bilidade às pessoas idosas e com deficiência. (Incluído pela Lei nº II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o apri-
12.435, de 2011) moramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de
assistência social em âmbito nacional; (Redação dada pela Lei nº
Art. 6o-E. Os recursos do cofinanciamento do Suas, destina- 12.435, de 2011)
dos à execução das ações continuadas de assistência social, pode- III - atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal
rão ser aplicados no pagamento dos profissionais que integrarem e os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência.
as equipes de referência, responsáveis pela organização e oferta IV - realizar o monitoramento e a avaliação da política de as-
daquelas ações, conforme percentual apresentado pelo Ministério sistência social e assessorar Estados, Distrito Federal e Municípios
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e aprovado pelo para seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
CNAS. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
Parágrafo único. A formação das equipes de referência deve- Art. 12-A. A União apoiará financeiramente o aprimoramento
rá considerar o número de famílias e indivíduos referenciados, os à gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos e benefí-
tipos e modalidades de atendimento e as aquisições que devem ser cios de assistência social, por meio do Índice de Gestão Descentra-
garantidas aos usuários, conforme deliberações do CNAS. (Incluí- lizada (IGD) do Sistema Único de Assistência Social (Suas), para
do pela Lei nº 12.435, de 2011) a utilização no âmbito dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal, destinado, sem prejuízo de outras ações a serem definidas
Art. 7º As ações de assistência social, no âmbito das entidades em regulamento, a: (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
e organizações de assistência social, observarão as normas expedi- I - medir os resultados da gestão descentralizada do Suas, com
das pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de que base na atuação do gestor estadual, municipal e do Distrito Federal
trata o art. 17 desta lei. na implementação, execução e monitoramento dos serviços, pro-
gramas, projetos e benefícios de assistência social, bem como na
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- articulação intersetorial; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
pios, observados os princípios e diretrizes estabelecidos nesta lei, II - incentivar a obtenção de resultados qualitativos na gestão
fixarão suas respectivas Políticas de Assistência Social. estadual, municipal e do Distrito Federal do Suas; e (Incluído pela
Lei nº 12.435, de 2011)
Art. 9º O funcionamento das entidades e organizações de as- III - calcular o montante de recursos a serem repassados aos
sistência social depende de prévia inscrição no respectivo Conse- entes federados a título de apoio financeiro à gestão do Suas. (In-
lho Municipal de Assistência Social, ou no Conselho de Assistên- cluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
cia Social do Distrito Federal, conforme o caso. § 1o Os resultados alcançados pelo ente federado na gestão do
§ 1º A regulamentação desta lei definirá os critérios de inscri- Suas, aferidos na forma de regulamento, serão considerados como
ção e funcionamento das entidades com atuação em mais de um prestação de contas dos recursos a serem transferidos a título de
município no mesmo Estado, ou em mais de um Estado ou Distrito apoio financeiro. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
Federal. § 2o As transferências para apoio à gestão descentralizada do
§ 2º Cabe ao Conselho Municipal de Assistência Social e ao Suas adotarão a sistemática do Índice de Gestão Descentralizada do
Conselho de Assistência Social do Distrito Federal a fiscalização Programa Bolsa Família, previsto no art. 8o da Lei no 10.836, de
das entidades referidas no caput na forma prevista em lei ou regu- 9 de janeiro de 2004, e serão efetivadas por meio de procedimento
lamento. integrado àquele índice. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)

Didatismo e Conhecimento 83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
§ 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência;
§ 4o Para fins de fortalecimento dos Conselhos de Assistên- V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta
cia Social dos Estados, Municípios e Distrito Federal, percentual lei.
dos recursos transferidos deverá ser gasto com atividades de apoio VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os
técnico e operacional àqueles colegiados, na forma fixada pelo programas e os projetos de assistência social em âmbito local; (In-
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, sen- cluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
do vedada a utilização dos recursos para pagamento de pessoal VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de
efetivo e de gratificações de qualquer natureza a servidor público assistência social em seu âmbito. (Incluído pela Lei nº 12.435, de
estadual, municipal ou do Distrito Federal. (Incluído pela Lei nº 2011)
12.435, de 2011)
Art. 16. As instâncias deliberativas do Suas, de caráter perma-
Art. 13. Compete aos Estados: nente e composição paritária entre governo e sociedade civil, são:
I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
participação no custeio do pagamento dos benefícios eventuais de I - o Conselho Nacional de Assistência Social;
que trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos Conse- II - os Conselhos Estaduais de Assistência Social;
lhos Estaduais de Assistência Social; (Redação dada pela Lei nº III - o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal;
12.435, de 2011) IV - os Conselhos Municipais de Assistência Social.
II - cofinanciar, por meio de transferência automática, o apri- Parágrafo único. Os Conselhos de Assistência Social estão
moramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de vinculados ao órgão gestor de assistência social, que deve prover
assistência social em âmbito regional ou local; (Redação dada pela a infraestrutura necessária ao seu funcionamento, garantindo re-
Lei nº 12.435, de 2011) cursos materiais, humanos e financeiros, inclusive com despesas
III - atender, em conjunto com os Municípios, às ações assis- referentes a passagens e diárias de conselheiros representantes do
tenciais de caráter de emergência; governo ou da sociedade civil, quando estiverem no exercício de
IV - estimular e apoiar técnica e financeiramente as associa- suas atribuições. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
ções e consórcios municipais na prestação de serviços de assistên-
cia social; Art. 17. Fica instituído o Conselho Nacional de Assistência
V - prestar os serviços assistenciais cujos custos ou ausência Social (CNAS), órgão superior de deliberação colegiada, vincu-
de demanda municipal justifiquem uma rede regional de serviços, lado à estrutura do órgão da Administração Pública Federal res-
desconcentrada, no âmbito do respectivo Estado. ponsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência
VI - realizar o monitoramento e a avaliação da política de as- Social, cujos membros, nomeados pelo Presidente da República,
sistência social e assessorar os Municípios para seu desenvolvi- têm mandato de 2 (dois) anos, permitida uma única recondução
mento. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) por igual período.
§ 1º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é
Art. 14. Compete ao Distrito Federal: composto por 18 (dezoito) membros e respectivos suplentes, cujos
I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento nomes são indicados ao órgão da Administração Pública Federal
dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência
estabelecidos pelos Conselhos de Assistência Social do Distrito Social, de acordo com os critérios seguintes:
Federal; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) I - 9 (nove) representantes governamentais, incluindo 1 (um)
II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral; representante dos Estados e 1 (um) dos Municípios;
III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, in- II - 9 (nove) representantes da sociedade civil, dentre repre-
cluindo a parceria com organizações da sociedade civil; sentantes dos usuários ou de organizações de usuários, das enti-
IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência; dades e organizações de assistência social e dos trabalhadores do
V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta setor, escolhidos em foro próprio sob fiscalização do Ministério
lei. Público Federal.
VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os § 2º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é
programas e os projetos de assistência social em âmbito local; (In- presidido por um de seus integrantes, eleito dentre seus membros,
cluído pela Lei nº 12.435, de 2011) para mandato de 1 (um) ano, permitida uma única recondução por
VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de igual período.
assistência social em seu âmbito. (Incluído pela Lei nº 12.435, de § 3º O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) con-
2011) tará com uma Secretaria Executiva, a qual terá sua estrutura disci-
plinada em ato do Poder Executivo.
Art. 15. Compete aos Municípios: § 4o Os Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do
I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento art. 16, com competência para acompanhar a execução da política
dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios de assistência social, apreciar e aprovar a proposta orçamentária,
estabelecidos pelos Conselhos Municipais de Assistência Social; em consonância com as diretrizes das conferências nacionais, esta-
(Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) duais, distrital e municipais, de acordo com seu âmbito de atuação,
II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral; deverão ser instituídos, respectivamente, pelos Estados, pelo Dis-
III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, in- trito Federal e pelos Municípios, mediante lei específica. (Redação
cluindo a parceria com organizações da sociedade civil; dada pela Lei nº 12.435, de 2011)

Didatismo e Conhecimento 84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Art. 18. Compete ao Conselho Nacional de Assistência Social: IV - elaborar e encaminhar a proposta orçamentária da assis-
I - aprovar a Política Nacional de Assistência Social; tência social, em conjunto com as demais da Seguridade Social;
II - normatizar as ações e regular a prestação de serviços de V - propor os critérios de transferência dos recursos de que
natureza pública e privada no campo da assistência social; trata esta lei;
III - acompanhar e fiscalizar o processo de certificação das VI - proceder à transferência dos recursos destinados à assis-
entidades e organizações de assistência social no Ministério do tência social, na forma prevista nesta lei;
Desenvolvimento Social e Combate à Fome; (Redação dada pela VII - encaminhar à apreciação do Conselho Nacional de As-
Lei nº 12.101, de 2009) sistência Social (CNAS) relatórios trimestrais e anuais de ativida-
IV - apreciar relatório anual que conterá a relação de entidades des e de realização financeira dos recursos;
e organizações de assistência social certificadas como beneficentes VIII - prestar assessoramento técnico aos Estados, ao Distrito
e encaminhá-lo para conhecimento dos Conselhos de Assistência Federal, aos Municípios e às entidades e organizações de assistên-
Social dos Estados, Municípios e do Distrito Federal; (Redação cia social;
dada pela Lei nº 12.101, de 2009) IX - formular política para a qualificação sistemática e conti-
V - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e partici- nuada de recursos humanos no campo da assistência social;
pativo de assistência social; X - desenvolver estudos e pesquisas para fundamentar as aná-
VI - a partir da realização da II Conferência Nacional de As- lises de necessidades e formulação de proposições para a área;
sistência Social em 1997, convocar ordinariamente a cada quatro XI - coordenar e manter atualizado o sistema de cadastro de
anos a Conferência Nacional de Assistência Social, que terá a atri- entidades e organizações de assistência social, em articulação com
buição de avaliar a situação da assistência social e propor diretri- os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
zes para o aperfeiçoamento do sistema; (Redação dada pela Lei nº XII - articular-se com os órgãos responsáveis pelas políticas
9.720, de 26.4.1991) de saúde e previdência social, bem como com os demais responsá-
VII - (Vetado.) veis pelas políticas sócio-econômicas setoriais, visando à elevação
VIII - apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistên- do patamar mínimo de atendimento às necessidades básicas;
cia Social a ser encaminhada pelo órgão da Administração Pública XIII - expedir os atos normativos necessários à gestão do Fun-
Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de As- do Nacional de Assistência Social (FNAS), de acordo com as dire-
sistência Social; trizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Assistência Social
IX - aprovar critérios de transferência de recursos para os (CNAS);
Estados, Municípios e Distrito Federal, considerando, para tanto, XIV - elaborar e submeter ao Conselho Nacional de Assistên-
indicadores que informem sua regionalização mais equitativa, tais cia Social (CNAS) os programas anuais e plurianuais de aplicação
como: população, renda per capita, mortalidade infantil e concen- dos recursos do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).
tração de renda, além de disciplinar os procedimentos de repasse de
recursos para as entidades e organizações de assistência social, sem CAPÍTULO IV
prejuízo das disposições da Lei de Diretrizes Orçamentárias; Dos Benefícios, dos Serviços, dos Programas e dos Projetos
X - acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como os de Assistência Social
ganhos sociais e o desempenho dos programas e projetos aprovados;
XI - estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas SEÇÃO I
anuais e plurianuais do Fundo Nacional de Assistência Social Do Benefício de Prestação Continuada
(FNAS);
XII - indicar o representante do Conselho Nacional de Assis- Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de
tência Social (CNAS) junto ao Conselho Nacional da Seguridade um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso
Social; com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não pos-
XIII - elaborar e aprovar seu regimento interno; suir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida
XIV - divulgar, no Diário Oficial da União, todas as suas de- por sua família. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
cisões, bem como as contas do Fundo Nacional de Assistência So- § 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é compos-
cial (FNAS) e os respectivos pareceres emitidos. ta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausên-
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) cia de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os
filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam
Art. 19. Compete ao órgão da Administração Pública Federal sob o mesmo teto. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência § 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação con-
Social: tinuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem im-
I - coordenar e articular as ações no campo da assistência so- pedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
cial; sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
II - propor ao Conselho Nacional de Assistência Social obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualda-
(CNAS) a Política Nacional de Assistência Social, suas normas de de condições com as demais pessoas. (Redação dada pela Lei
gerais, bem como os critérios de prioridade e de elegibilidade, nº 13.146, de 2015) (Vigência)
além de padrões de qualidade na prestação de benefícios, serviços, § 3o Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa
programas e projetos; com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita
III - prover recursos para o pagamento dos benefícios de pres- seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (Redação dada
tação continuada definidos nesta lei; pela Lei nº 12.435, de 2011)

Didatismo e Conhecimento 85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
§ 4o O benefício de que trata este artigo não pode ser acumu- § 1o Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreende-
lado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da segurida- dora de que trata o caput deste artigo e, quando for o caso, encer-
de social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da rado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o
pensão especial de natureza indenizatória. (Redação dada pela Lei beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário,
nº 12.435, de 2011) poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício
§ 5o A condição de acolhimento em instituições de longa suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou rea-
permanência não prejudica o direito do idoso ou da pessoa com valiação da deficiência e do grau de incapacidade para esse fim,
deficiência ao benefício de prestação continuada. (Redação dada respeitado o período de revisão previsto no caput do art. 21. (In-
pela Lei nº 12.435, de 2011) cluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 6º A concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da § 2o A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz
deficiência e do grau de impedimento de que trata o § 2o, compos- não acarreta a suspensão do benefício de prestação continuada, li-
ta por avaliação médica e avaliação social realizadas por médicos mitado a 2 (dois) anos o recebimento concomitante da remunera-
peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro ção e do benefício. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)
Social - INSS. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011)
§ 7o Na hipótese de não existirem serviços no município de SEÇÃO II
residência do beneficiário, fica assegurado, na forma prevista em Dos Benefícios Eventuais
regulamento, o seu encaminhamento ao município mais próxi-
mo que contar com tal estrutura. (Incluído pela Lei nº 9.720, de Art. 22. Entendem-se por benefícios eventuais as provisões
30.11.1998) suplementares e provisórias que integram organicamente as garan-
§ 8o A renda familiar mensal a que se refere o § 3o deverá tias do Suas e são prestadas aos cidadãos e às famílias em virtude
ser declarada pelo requerente ou seu representante legal, sujeitan- de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e
do-se aos demais procedimentos previstos no regulamento para o de calamidade pública. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
deferimento do pedido.(Incluído pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998) § 1o A concessão e o valor dos benefícios de que trata este
§ 9o Os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado e artigo serão definidos pelos Estados, Distrito Federal e Municípios
de aprendizagem não serão computados para os fins de cálculo da e previstos nas respectivas leis orçamentárias anuais, com base em
renda familiar per capita a que se refere o § 3o deste artigo. (Reda-
critérios e prazos definidos pelos respectivos Conselhos de Assis-
ção dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
tência Social. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins
§ 2o O CNAS, ouvidas as respectivas representações de Es-
do § 2o deste artigo, aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo
tados e Municípios dele participantes, poderá propor, na medida
de 2 (dois) anos. (Inclído pela Lei nº 12.470, de 2011)
das disponibilidades orçamentárias das 3 (três) esferas de governo,
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o caput deste
a instituição de benefícios subsidiários no valor de até 25% (vinte
artigo, poderão ser utilizados outros elementos probatórios da con-
e cinco por cento) do salário-mínimo para cada criança de até 6
dição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulne-
(seis) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
rabilidade, conforme regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência) § 3o Os benefícios eventuais subsidiários não poderão ser
cumulados com aqueles instituídos pelas Leis no 10.954, de 29 de
Art. 21. O benefício de prestação continuada deve ser revisto setembro de 2004, e no 10.458, de 14 de maio de 2002. (Redação
a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
que lhe deram origem. (Vide Lei nº 9.720, de 30.11.1998)
§ 1º O pagamento do benefício cessa no momento em que SEÇÃO III
forem superadas as condições referidas no caput, ou em caso de Dos Serviços
morte do beneficiário.
§ 2º O benefício será cancelado quando se constatar irregula- Art. 23. Entendem-se por serviços socioassistenciais as ati-
ridade na sua concessão ou utilização. vidades continuadas que visem à melhoria de vida da população
§ 3o O desenvolvimento das capacidades cognitivas, moto- e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas, observem os
ras ou educacionais e a realização de atividades não remuneradas objetivos, princípios e diretrizes estabelecidos nesta Lei. (Redação
de habilitação e reabilitação, entre outras, não constituem motivo dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
de suspensão ou cessação do benefício da pessoa com deficiência. § 1o O regulamento instituirá os serviços socioassistenciais.
(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
§ 4º A cessação do benefício de prestação continuada con- § 2o Na organização dos serviços da assistência social serão
cedido à pessoa com deficiência não impede nova concessão do criados programas de amparo, entre outros: (Incluído pela Lei nº
benefício, desde que atendidos os requisitos definidos em regula- 12.435, de 2011)
mento. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) I - às crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e
social, em cumprimento ao disposto no art. 227 da Constituição
Art. 21-A. O benefício de prestação continuada será suspenso Federal e na Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer Criança e do Adolescente); (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
atividade remunerada, inclusive na condição de microempreende- II - às pessoas que vivem em situação de rua. (Incluído pela
dor individual. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011) Lei nº 12.435, de 2011)

Didatismo e Conhecimento 86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
SEÇÃO IV SEÇÃO V
Dos Programas de Assistência Social Dos Projetos de Enfrentamento da Pobreza

Art. 24. Os programas de assistência social compreendem Art. 25. Os projetos de enfrentamento da pobreza compreen-
ações integradas e complementares com objetivos, tempo e área dem a instituição de investimento econômico-social nos grupos
de abrangência definidos para qualificar, incentivar e melhorar os populares, buscando subsidiar, financeira e tecnicamente, inicia-
benefícios e os serviços assistenciais. tivas que lhes garantam meios, capacidade produtiva e de gestão
para melhoria das condições gerais de subsistência, elevação do
§ 1º Os programas de que trata este artigo serão definidos
padrão da qualidade de vida, a preservação do meio-ambiente e
pelos respectivos Conselhos de Assistência Social, obedecidos os sua organização social.
objetivos e princípios que regem esta lei, com prioridade para a
inserção profissional e social. Art. 26. O incentivo a projetos de enfrentamento da pobreza
§ 2o Os programas voltados para o idoso e a integração da assentar-se-á em mecanismos de articulação e de participação de di-
pessoa com deficiência serão devidamente articulados com o be- ferentes áreas governamentais e em sistema de cooperação entre or-
nefício de prestação continuada estabelecido no art. 20 desta Lei. ganismos governamentais, não governamentais e da sociedade civil.
(Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
CAPÍTULO V
Art. 24-A. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendimen- Do Financiamento da Assistência Social
to Integral à Família (Paif), que integra a proteção social básica e
Art. 27. Fica o Fundo Nacional de Ação Comunitária (Funac),
consiste na oferta de ações e serviços socioassistenciais de presta-
instituído pelo Decreto nº 91.970, de 22 de novembro de 1985, rati-
ção continuada, nos Cras, por meio do trabalho social com famílias ficado pelo Decreto Legislativo nº 66, de 18 de dezembro de 1990,
em situação de vulnerabilidade social, com o objetivo de prevenir transformado no Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).
o rompimento dos vínculos familiares e a violência no âmbito de
suas relações, garantindo o direito à convivência familiar e comu- Art. 28. O financiamento dos benefícios, serviços, progra-
nitária. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) mas e projetos estabelecidos nesta lei far-se-á com os recursos da
Parágrafo único. Regulamento definirá as diretrizes e os pro- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, das de-
cedimentos do Paif. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) mais contribuições sociais previstas no art. 195 da Constituição
Federal, além daqueles que compõem o Fundo Nacional de Assis-
Art. 24-B. Fica instituído o Serviço de Proteção e Atendi- tência Social (FNAS).
§ 1o Cabe ao órgão da Administração Pública responsável
mento Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi), que integra a
pela coordenação da Política de Assistência Social nas 3 (três) es-
proteção social especial e consiste no apoio, orientação e acompa-
feras de governo gerir o Fundo de Assistência Social, sob orien-
nhamento a famílias e indivíduos em situação de ameaça ou viola- tação e controle dos respectivos Conselhos de Assistência Social.
ção de direitos, articulando os serviços socioassistenciais com as (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
diversas políticas públicas e com órgãos do sistema de garantia de § 2º O Poder Executivo disporá, no prazo de 180 (cento e
direitos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) oitenta) dias a contar da data de publicação desta lei, sobre o regu-
Parágrafo único. Regulamento definirá as diretrizes e os pro- lamento e funcionamento do Fundo Nacional de Assistência Social
cedimentos do Paefi. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) (FNAS).
§ 3o O financiamento da assistência social no Suas deve ser
Art. 24-C. Fica instituído o Programa de Erradicação do efetuado mediante cofinanciamento dos 3 (três) entes federados,
Trabalho Infantil (Peti), de caráter intersetorial, integrante da devendo os recursos alocados nos fundos de assistência social ser
voltados à operacionalização, prestação, aprimoramento e viabili-
Política Nacional de Assistência Social, que, no âmbito do Suas,
zação dos serviços, programas, projetos e benefícios desta política.
compreende transferências de renda, trabalho social com famílias (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)
e oferta de serviços socioeducativos para crianças e adolescentes
que se encontrem em situação de trabalho. (Incluído pela Lei nº Art. 28-A. Constitui receita do Fundo Nacional de Assis-
12.435, de 2011) tência Social, o produto da alienação dos bens imóveis da extinta
§ 1o O Peti tem abrangência nacional e será desenvolvido Fundação Legião Brasileira de Assistência. (Incluído pela Medida
de forma articulada pelos entes federados, com a participação da Provisória nº 2.187-13, de 2001)
sociedade civil, e tem como objetivo contribuir para a retirada de
crianças e adolescentes com idade inferior a 16 (dezesseis) anos Art. 29. Os recursos de responsabilidade da União destinados
em situação de trabalho, ressalvada a condição de aprendiz, a par- à assistência social serão automaticamente repassados ao Fundo
tir de 14 (quatorze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) Nacional de Assistência Social (FNAS), à medida que se forem
realizando as receitas.
§ 2o As crianças e os adolescentes em situação de trabalho
Parágrafo único. Os recursos de responsabilidade da União
deverão ser identificados e ter os seus dados inseridos no Cadastro destinados ao financiamento dos benefícios de prestação continua-
Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), da, previstos no art. 20, poderão ser repassados pelo Ministério
com a devida identificação das situações de trabalho infantil. (In- da Previdência e Assistência Social diretamente ao INSS, órgão
cluído pela Lei nº 12.435, de 2011) responsável pela sua execução e manutenção.(Incluído pela Lei nº
9.720, de 30.11.1998)

Didatismo e Conhecimento 87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Art. 30. É condição para os repasses, aos Municípios, aos Es- § 1º O projeto de que trata este artigo definirá formas de trans-
tados e ao Distrito Federal, dos recursos de que trata esta lei, a ferências de benefícios, serviços, programas, projetos, pessoal,
efetiva instituição e funcionamento de: bens móveis e imóveis para a esfera municipal.
I - Conselho de Assistência Social, de composição paritária § 2º O Ministro de Estado do Bem-Estar Social indicará Co-
entre governo e sociedade civil; missão encarregada de elaborar o projeto de lei de que trata este
II - Fundo de Assistência Social, com orientação e controle artigo, que contará com a participação das organizações dos usuá-
dos respectivos Conselhos de Assistência Social; rios, de trabalhadores do setor e de entidades e organizações de
III - Plano de Assistência Social. assistência social.
Parágrafo único. É, ainda, condição para transferência de re-
cursos do FNAS aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios Art. 33. Decorrido o prazo de 120 (cento e vinte) dias da pro-
a comprovação orçamentária dos recursos próprios destinados à mulgação desta lei, fica extinto o Conselho Nacional de Serviço
Assistência Social, alocados em seus respectivos Fundos de Assis- Social (CNSS), revogando-se, em consequência, os Decretos-Lei
tência Social, a partir do exercício de 1999. (Incluído pela Lei nº nºs 525, de 1º de julho de 1938, e 657, de 22 de julho de 1943.
9.720, de 30.11.1998) § 1º O Poder Executivo tomará as providências necessárias
para a instalação do Conselho Nacional de Assistência Social
Art. 30-A. O cofinanciamento dos serviços, programas, pro- (CNAS) e a transferência das atividades que passarão à sua com-
jetos e benefícios eventuais, no que couber, e o aprimoramento petência dentro do prazo estabelecido no caput, de forma a assegu-
da gestão da política de assistência social no Suas se efetuam por rar não haja solução de continuidade.
meio de transferências automáticas entre os fundos de assistência § 2º O acervo do órgão de que trata o caput será transferido,
social e mediante alocação de recursos próprios nesses fundos nas no prazo de 60 (sessenta) dias, para o Conselho Nacional de Assis-
3 (três) esferas de governo. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) tência Social (CNAS), que promoverá, mediante critérios e prazos
a serem fixados, a revisão dos processos de registro e certificado
Parágrafo único. As transferências automáticas de recursos de entidade de fins filantrópicos das entidades e organização de
entre os fundos de assistência social efetuadas à conta do orça- assistência social, observado o disposto no art. 3º desta lei.
mento da seguridade social, conforme o art. 204 da Constituição
Federal, caracterizam-se como despesa pública com a seguridade Art. 34. A União continuará exercendo papel supletivo nas
social, na forma do art. 24 da Lei Complementar no 101, de 4 de ações de assistência social, por ela atualmente executadas direta-
maio de 2000. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) mente no âmbito dos Estados, dos Municípios e do Distrito Fede-
ral, visando à implementação do disposto nesta lei, por prazo má-
Art. 30-B. Caberá ao ente federado responsável pela utili- ximo de 12 (doze) meses, contados a partir da data da publicação
zação dos recursos do respectivo Fundo de Assistência Social o desta lei.
controle e o acompanhamento dos serviços, programas, projetos e
Art. 35. Cabe ao órgão da Administração Pública Federal res-
benefícios, por meio dos respectivos órgãos de controle, indepen-
ponsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência So-
dentemente de ações do órgão repassador dos recursos. (Incluído
cial operar os benefícios de prestação continuada de que trata esta
pela Lei nº 12.435, de 2011)
lei, podendo, para tanto, contar com o concurso de outros órgãos
do Governo Federal, na forma a ser estabelecida em regulamento.
Art. 30-C. A utilização dos recursos federais descentralizados
Parágrafo único. O regulamento de que trata o caput definirá
para os fundos de assistência social dos Estados, dos Municípios e as formas de comprovação do direito ao benefício, as condições de
do Distrito Federal será declarada pelos entes recebedores ao ente sua suspensão, os procedimentos em casos de curatela e tutela e o
transferidor, anualmente, mediante relatório de gestão submetido órgão de credenciamento, de pagamento e de fiscalização, dentre
à apreciação do respectivo Conselho de Assistência Social, que outros aspectos.
comprove a execução das ações na forma de regulamento. (Incluí-
do pela Lei nº 12.435, de 2011) Art. 36. As entidades e organizações de assistência social que
Parágrafo único. Os entes transferidores poderão requisitar incorrerem em irregularidades na aplicação dos recursos que lhes
informações referentes à aplicação dos recursos oriundos do seu foram repassados pelos poderes públicos terão a sua vinculação
fundo de assistência social, para fins de análise e acompanhamento ao Suas cancelada, sem prejuízo de responsabilidade civil e penal.
de sua boa e regular utilização. (Incluído pela Lei nº 12.435, de (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011)
2011)
Art. 37. O benefício de prestação continuada será devido após
CAPÍTULO VI o cumprimento, pelo requerente, de todos os requisitos legais e
Das Disposições Gerais e Transitórias regulamentares exigidos para a sua concessão, inclusive apresen-
tação da documentação necessária, devendo o seu pagamento ser
Art. 31. Cabe ao Ministério Público zelar pelo efetivo respeito efetuado em até quarenta e cinco dias após cumpridas as exigên-
aos direitos estabelecidos nesta lei. cias de que trata este artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.720, de
30.11.1998)(Vide Lei nº 9.720, de 30.11.1998)
Art. 32. O Poder Executivo terá o prazo de 60 (sessenta) dias, Parágrafo único. No caso de o primeiro pagamento ser feito
a partir da publicação desta lei, obedecidas as normas por ela ins- após o prazo previsto no caput, aplicar-se-á na sua atualização o
tituídas, para elaborar e encaminhar projeto de lei dispondo sobre mesmo critério adotado pelo INSS na atualização do primeiro pa-
a extinção e reordenamento dos órgãos de assistência social do gamento de benefício previdenciário em atraso. (Incluído pela Lei
Ministério do Bem-Estar Social. nº 9.720, de 30.11.1998)

Didatismo e Conhecimento 88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Art. 38. (Revogado pela Lei nº 12.435, de 2011) Mas a prática profissional representa uma das possibilidades
de se produzir conhecimento também. Alguns preferem denominar
Art. 39. O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), esta produção como um tipo de saber, e na pós-graduação de algu-
por decisão da maioria absoluta de seus membros, respeitados o mas áreas mais profissionalizadas, como é o caso do Serviço So-
orçamento da seguridade social e a disponibilidade do Fundo Na- cial, tem-se valorizado o saber que se origina do fazer profissional.
cional de Assistência Social (FNAS), poderá propor ao Poder Exe- O que é pesquisar para nós? Achamos que a pesquisa e a pro-
cutivo a alteração dos limites de renda mensal per capita definidos dução de conhecimento só podem ser desenvolvidas na Universi-
no § 3º do art. 20 e caput do art. 22. dade ou nas Instituições de Pesquisas? Ou só por pesquisadores
reconhecidos pela sociedade como tal?
Art. 40. Com a implantação dos benefícios previstos nos arts. Há pesquisas que contribuem para o avanço do conhecimento
20 e 22 desta lei, extinguem-se a renda mensal vitalícia, o auxílio- teórico ou que contestam teorias estabelecidas. É muito fre-
natalidade e o auxílio-funeral existentes no âmbito da Previdência quente, na pós-graduação e em bancas, arguidores perguntarem: o
Social, conforme o disposto na Lei nº 8.213, de 24 de julho de que esse trabalho trouxe de contribuição para a teoria? Quer dizer,
1991. que novo conhecimento foi produzido? Confirmou as teorias exis-
§ 1º A transferência dos benefíciários do sistema previdenciá-
tentes? Aponta novos caminhos para a pesquisa? Diante disso,
rio para a assistência social deve ser estabelecida de forma que o
pode se restringir a noção de pesquisa com a pesquisa teórica e
atendimento à população não sofra solução de continuidade. (Re-
acadêmica, bem como o lócus de produção do conhecimento na
dação dada pela Lei nº 9.711, de 20.11.1998
universidade. E muitos chegam a pensar que se não estão na uni-
§ 2º É assegurado ao maior de setenta anos e ao inválido versidade, não estão produzindo conhecimento, e, não podem ou
o direito de requerer a renda mensal vitalícia junto ao INSS até não têm condições de pesquisar.
31 de dezembro de 1995, desde que atenda, alternativamente, aos É certo que o desenvolvimento da pós-graduação e o apoio
requisitos estabelecidos nos incisos I, II ou III do § 1º do art. 139 das agências de fomento, como o CNPq, a Capes, a FINEP, e agên-
da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei nº cias estaduais, no caso do Brasil, permitiram o desenvolvimento da
9.711, de 20.11.1998 pesquisa no país, bem como a constituição de grupos de pesquisa-
dores e instituições de pesquisa que hoje podem ser consideradas
Art. 40-A. Os benefícios monetários decorrentes do disposto como “ilhas de excelência” reconhecidas internamente e algumas
nos arts. 22, 24-C e 25 desta Lei serão pagos preferencialmente à até internacionalmente. Esse apoio que se prolonga por quase qua-
mulher responsável pela unidade familiar, quando cabível. (Incluí- tro décadas, foi fundamental para o desenvolvimento de todas as
do pela Lei nº 13.014, de 2014) áreas do conhecimento e para o desenvolvimento dos Programas
de Pós–Graduação, inclusive no Serviço Social.
Art. 41. Esta lei entra em vigor na data da sua publicação. No entanto, essa não é a única forma de produzir conheci-
mento, e nem a universidade e os institutos de pesquisa são os
Art. 42. Revogam-se as disposições em contrário. únicos “lugares” para se desenvolver pesquisas. Há outras formas,
e dentre elas, devemos destacar a pesquisa em serviços, que neces-
Brasília, 7 de dezembro de 1993, 172º da Independência e sariamente, não está produzindo um novo conhecimento teórico,
105º da República. que muitas vezes não é valorizada pela academia, nem passa pelas
provas que a academia considera legítimas, mas que é uma pes-
ITAMAR FRANCO quisa realizada na pratica e no cotidiano de muitas instituições e
serviços.
Não podemos esquecer que o Serviço Social é uma profissão,
6. PESQUISA SOCIAL. ELABORAÇÃO DE e que na essência, somos profissionais embora também pesqui-
PROJETOS, MÉTODOS E TÉCNICAS sadores e formadores. Esta é uma questão muito importante para
pensarmos a pesquisa no Serviço Social, pois é fundamental para
QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS
o seu desenvolvimento que haja uma reflexão contínua sobre sua
prática, como uma forma de produzir conhecimento, tão importan-
te quanto à pesquisa acadêmica.
Na área social, pesquisas de tipo exploratório têm trazido con-
tribuições muito importantes para a compreensão de questões no-
o embora tenha partido da realidade concreta, passou por um vas que estão sendo percebidas na realidade concreta, denomina-
complexo processo de sucessivas abstrações, que ao mesmo tem- dos de “temas emergentes”. A pesquisa exploratória permite uma
po o faz distanciar-se do concreto imediato e poder explicar uma aproximação de tendências que estão ocorrendo na realidade, para
realidade mais ampla, concentrando-se em apontar os elementos as quais não temos ainda conhecimento sistematizado nem biblio-
essenciais de um objeto construído nesse processo de generaliza- grafia consolidada. Nestas condições é preciso consultar pessoas
ção e abstração. que tenham alguma experiência prática em relação ao tema ou que
A pesquisa é uma das formas de se produzir conhecimento, elaboraram alguma observação, ainda que inicial, sobre os fenô-
que foi se estruturando com o tempo, criando seus objetos e méto- menos que estão ocorrendo.
dos, definindo as relações que os pesquisadores devem estabelecer Este tipo de pesquisa pode ser um instrumento muito impor-
com seus objetos de conhecimento, em um processo de discussão tante para o trabalho profissional do Assistente Social e também
profundo e polêmico entre os cientistas. para a formação dos futuros profissionais.

Didatismo e Conhecimento 89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Da Observação Assistemática à Observação Sistemática tar, avaliar e reformular as propostas para a ação prática permite
ressignificar o processo de trabalho e a pratica profissional, bem
O trabalho no cotidiano permite uma observação muito pró- como produzir um novo saber profissional.
xima dos fenômenos que estão ocorrendo. Mas estas observações
tendem a ser espontâneas assistemáticas e muito seletivas: perce- O Que Usar? Metodologias Quantitativas ou Qualitativas?
bemos de um fato vivido, de uma reunião presenciada, as posturas
e as “falas” que mais nos impactaram e tendemos a registrar na Devemos reconhecer que atualmente, apesar das dificuldades,
memória, apenas aquilo que mais nos impressionou. temos melhores condições de desenvolver a produção do conhe-
Na prática profissional, no estágio ou na docência, é preciso cimento no Serviço Social, como em todas as áreas das Ciências
transformar as Observações Assistemáticas da realidade em Ob- Humanas e Sociais. As experiências de Iniciação Científica, ainda
servações Sistemáticas: este processo deve ser incorporado pelos durante a graduação, embora sejam ainda reduzidas numericamen-
profissionais e pelos docentes e transmitido aos estudantes. Esta é te, mostram tendência de crescimento; a exigência do Trabalho de
uma exigência para que o trabalho profissional se torne um saber Conclusão de Curso - TCC; algumas pesquisas, realizadas pelos
profissional. Mas como fazer isto? profissionais em seu campo de trabalho; as monografias de espe-
Primeiro: preparar o processo de observação, como um Proje- cialização; as dissertações de mestrado e as teses de doutorado têm
to que permita a observação o mais ampla possível dos processos incentivado a preocupação dos Assistentes Sociais com relação à
que estão ocorrendo na prática profissional, no estágio ou na prá- produção de conhecimento, ao domínio das metodologias de sua
tica docente. produção e à escolha dos métodos e instrumentos de pesquisa mais
Segundo: Registrar Detalhadamente o que foi observado. É adequados ao que desejam pesquisar.
difícil registrar o cotidiano: no dia-a-dia não dá tempo e na maioria Do ponto de vista metodológico, percebem-se no Serviço So-
das vezes, o profissional não desenvolveu essa habilidade, e nem cial nos últimos anos, uma valorização das pesquisas qualitativas,
sempre esta prática é considerada essencial nos planos de estágio. dos estudos de casos, dos instrumentos e técnicas de entrevistas,
No entanto, vale a pena frisar: uma prática se só torna um sa- principalmente entrevistas semiestruturadas, da análise de conteú-
ber sistemático se for observada e registrada detalhadamente. Re- do e de discurso.
gistrando-a de modo organizado e sistemático, podemos perceber Aproximamo-nos durante os anos 90 de uma visão muito in-
ângulos e dimensões que não tínhamos percebido no momento em teressante a respeito da discussão da relação sujeito-objeto, sub-
que os fatos estavam ocorrendo e, chegar a uma observação mais jacentes à discussão da pesquisa-ação e da pesquisa participante.
completa da realidade. Faz parte do arsenal profissional, do fazer E da reflexão sobre a necessidade de compartilhar o processo da
profissional, passar da observação assistemática da prática, para produção do conhecimento - seja científico ou popular. Devemos
uma observação sistemática. aproximar esses dois tipos de conhecimento, para que eles se com-
Se conseguirmos cumprir esta exigência, já será possível plementem e se fertilizem mutuamente.
apresentarmos uma Produção Importante sobre a Prática, sistema- Discutindo a questão das pesquisas na saúde, Turato, (2003)
tizar o saber profissional. Caso contrário, o conhecimento advindo relembra que o termo “quantitativo” relaciona-se à ideia de men-
da prática, o saber fazer, terá um alcance muito pequeno de disse- suração e busca resposta para a pergunta “quanto”? Enquanto o
minação: pode se perder ou quando muito, tornar-se uma imagem termo “qualitativo” busca responder a perguntas como “qual”?
“esfumaçada” na memória de alguns que dela participaram. “Qual tipo”?
Outra decorrência importante da observação e do registro sis- A constituição do conhecimento metódico ocorreu entre os
temático da prática cotidiana, é que eles nos permitem elaborar um séculos XVII e XIX, seguindo os princípios da observação (con-
diagnóstico mais preciso sobre a realidade e sobre os problemas e trolada), da experimentação (reprodução dos fenômenos) e da in-
os grupos populacionais com os quais estamos lidando. Nas insti- dução (regularidade matemática da repetição do fenômeno). No
tuições em que os profissionais registram e analisam minimamente século XIX, Claude Bernard incorporou os princípios na área da
seu trabalho profissional, apresentam as observações e os resulta- medicina, passando o corpo humano a ser pesquisado experimen-
dos de forma sistematizada nas reuniões de equipe ou para as dire- talmente, tendo a fisiologia como modelo para o entendimento dos
ções, as contribuições dos Assistentes Sociais se tornam valiosas fenômenos das áreas biomédicas (Turato, 2003). Este pensamento
para todos, podem fornecer subsídios para a tomada de decisões expandiu-se na área da saúde, e procurou-se expandir o uso do
e o Serviço Social é Reconhecido pelas outras profissões e pelas mesmo modelo nas Ciências Humanas e Sociais com pouco su-
direções. cesso.
Um diagnóstico mais preciso sobre a realidade, por sua vez, Já no século XX as Ciências Humanas e Sociais concentra-
permite chegar-se a Propostas de Ação mais adequadas às neces- ram-se mais nos métodos qualitativos de pesquisa, também de-
sidades, que devem ser acompanhadas durante o processo de im- nominados de compreensivo-interpretativos. E tem havido certa
plantação e avaliadas em seus resultados para o replanejamento. disputa entre as duas áreas de conhecimento, com defesas e ques-
Participando ativamente de todas as etapas desse processo, os tionamentos das pesquisas de caráter qualitativo pelas Ciências
profissionais e os estagiários terão a oportunidade de recompor a Básicas. No entanto, nos últimos anos, vem se firmando entre os
Totalidade dos Processos de Trabalho em que estão envolvidos nas pesquisados a ideia de os métodos quantitativos e os qualitativos
instituições, tornando sua própria pratica menos fragmentada, re- devem ser vistos como Complementares o que pode levar a um
petitiva e desligada de suas finalidades. O trabalho se torna mais melhor desenvolvimento das pesquisas com objetos complexos.
significativo para os profissionais à medida que eles dominam os Nesta perspectiva, Barros et. alii, (2003), afirmam que deter-
processos de trabalham como um todo, contribuem e participam minados objetos e problemas de pesquisa, dado seu caráter con-
das decisões. Reunir os momentos de observar, planejar, execu- textual, complexo e multicausal, podem ser menos controlados e

Didatismo e Conhecimento 90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
necessitam de métodos e técnicas diferenciadas de investigação. 5. Formulação de hipóteses ou pressupostos para a pesquisa
Minayo e Minayo, (2001) consideram que os estudos na área da A hipótese é uma pressuposição que se faz sobre o problema
saúde devem usar as metodologias qualitativas para captar o” sig- que se quer estudar, baseada numa reflexão teórica, nas leituras
nificado e a intencionalidade” inerentes aos atos, às relações e às prévias, nas entrevistas com especialistas e também na sua própria
estruturas sociais. observação sobre a realidade. É uma resposta prévia para o pro-
No que diz respeito aos serviços de saúde, tema importante do blema que se vai investigar e que poderá ser confirmada ou não ao
Congresso Internacional e Ibero-Americano de Investigação Qua- final da pesquisa. Para Minayo, (1992) e Quivy e Campenhoudt,
litativa em Saúde no México em 2003. Bosi e Mercado, (2004) (1998), as hipóteses são afirmações provisórias sobre o problema.
os congressistas presentes apresentaram-se preocupados com os Para Gil, (1987) as hipóteses podem surgir também da intuição
desafios existentes no interior dos serviços e no âmbito de sua in- do pesquisador, evidentemente de uma intuição sustentada pela
vestigação, chamando a atenção para a adequação das abordagens leitura, observação prévia ou experiência prática com respeito ao
qualitativas para o desenvolvimento do conhecimento nessa área. problema.

O Projeto de Pesquisa 6. Metodologia


Definir o tipo de estudo que será adotado. Serão usadas me-
As pesquisas teóricas, metodológicas ou sobre a prática exi- todologias quantitativas, ou qualitativas ou ambas. Quais serão
gem: uma preparação inicial passa pela etapa de execução (ou tra- as fontes de informação: as informações originais colhidas pelo
balho de campo) e análise dos achados, e, por fim, pela etapa de próprio pesquisador são denominadas de fontes primárias. Quan-
apresentação e divulgação dos resultados. do se recorre a dados já existentes em instituições, associações ou
trabalhos de outros pesquisadores; estamos lidando com fontes se-
1. Preparação ou Fase Exploratória da Pesquisa cundárias de informação.
Para Deslandes (1994), é preciso no início decidir sobre o Define-se neste momento o que será observado, quantos serão
tema e o problema a ser pesquisado: a saúde representa uma gran- entrevistados, o que representam do universo de envolvidos com
de área de interesse para a pesquisa, mas é preciso dentro dessa o problema, isto é, a Amostra que deverá representar a totalidade;
área definir especificamente o que se quer pesquisar. Por exemplo, o mesmo ocorre com os documentos que serão analisados no con-
certo aspecto da política, em um determinado período, os princí- junto de documentos existentes quando pretendemos desenvolver
pios que a orientam, o controle social que existe na área, os níveis
uma pesquisa documental; há que definirem-se ainda os instru-
de atenção à saúde, a organização dos serviços de saúde, o acesso
mentos a serem utilizados para a coleta de informações (observa-
da população a eles, a satisfação/insatisfação da população com o
ção, questionários, entrevistas, análise de documentos), etc.
que lhes é oferecido, os processos de trabalho em saúde, o merca-
do de trabalho, as necessidades da população, as concepções de
7. Amostragem
saúde e adesão aos tratamentos propostos, os sentidos que diferen-
No geral se trabalha com uma amostra da realidade e as amos-
tes segmentos sociais atribuem às doenças, as relações entre condi-
ções de vida, trabalho e saúde, os riscos diferenciados de adoecer, tras podem ser probabilísticas ou não probabilísticas. As proba-
as diferenças sociais e regionais do perfil de morbimortalidade, e, bilísticas são usadas em pesquisas quantitativas, buscando-se uma
muitos outros. representatividade do universo. As amostras não probabilísticas
O problema a ser pesquisador deve ser delimitado e apresenta- são mais usadas em pesquisas qualitativas, e estão preocupadas
do sob a forma de uma Pergunta e Avaliarmos se temos condições em captar a diversidade do universo.
de pesquisá-lo (acesso às informações, tempo disponível, compe-
tência, a conjuntura). As amostras probabilísticas mais usadas são:
a) Aleatórias simples: quando se procura garantir a mesma
2. Justificativa da Escolha do Problema de Pesquisa possibilidade de compor a amostra para cada um dos componentes
Razões da escolha de tal problema, relevância teórica, meto- do universo. Fazemos uso de sorteios, com numeração prévia de
dológica ou social do problema, contribuições para o conhecimen- cada elemento componente do universo;
to ou grupos sociais a serem beneficiados com os resultados. b) Sistemáticas: usadas quando os elementos do universo es-
tão ordenados: em listagens, em arquivos, em uma rua. Por exem-
3. Objetivos da pesquisa plo: queremos ter uma amostra de 10 % delas. Sorteamos a pri-
O que se pretende conhecer com a pesquisa (Objetivo Geral) meira entre os dez primeiros, e depois escolhemos as demais de
e as metas específicas a serem alcançadas (Objetivos Específicos). dez em dez;
c) Estratificadas: usadas quando a totalidade das pessoas pode
4. Definição da Base Teórica e Conceitual da Pesquisa ser subdividida em subgrupos ou estratos pôr faixas de idade, ren-
É a base de sustentação da pesquisa, deve ser obtida através da, religião, profissão, escolaridade ou outros critérios. Sorteia-se
de uma pesquisa bibliográfica sobre o problema, lendo-se vários certo número de elementos em cada estrato para compor a amostra
autores, que produziram sobre o tema de ângulos diferentes ou que final, conservando na amostra, a mesma proporção em que cada
apresentam posicionamentos controversos sobre o tema. Outras estrato participa na totalidade.
pesquisas produzidas sobre o mesmo assunto, e, se possível, reali-
zar entrevistas exploratórias com pessoas que tenham experiência As amostras não probabilísticas podem ser:
com o problema, mas que não foram publicadas. O material obtido a) Intencionais: quando se deseja, por exemplo, obter a opi-
nesta etapa deve ser fichado, e, as referências bibliográficas e as nião ou conhecer a situação de determinadas pessoas ou serviços,
citações, devem ser anotadas conforme as normas da ABTN. por sua especificidade e não representatividade do universo;

Didatismo e Conhecimento 91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
b) Típicas: quando se seleciona para a pesquisa os casos tí- 9. Recursos necessários, composição da equipe e cronograma
picos, que tenham as características do universo. Isto exige um de execução.
razoável conhecimento prévio do problema e do universo da parte Definir os recursos financeiros, materiais e equipamentos
do pesquisadores; necessários; a equipe que vai desenvolver a pesquisa (currículo e
c) Cotas: considerando-se as características dos integrantes atribuições); as etapas de execução e o tempo previsto para cada
do universo, constrói-se uma maquete que o represente, com pre- uma delas (seleção e treinamento da equipe, coleta de dados, aná-
sença de todos os elementos na amostra, na mesma proporção em lise do material coletado, conclusões, relatório final e divulgação).
que aparecem no universo.
10. Comissão de Ética na Pesquisa
8. Técnicas ou instrumentos de pesquisa Todo projeto de pesquisa deve passar por uma comissão de
As técnicas mais usadas nas pesquisas são as observações, os ética, na instituição de ensino ou nos serviços, e anexando ao mes-
questionários, as entrevistas, histórias de vida e a análise de docu- mo um termo de Consentimento Informado, a ser assinado pelos
mentos. pesquisados, após receber as informações do pesquisador sobre os
objetivos da pesquisa e a garantia de sigilo sobre a fonte de infor-
As observações podem ser assistemáticas quando são realiza-
mação.
das de modo ocasional e informalmente, mas devem transformar-
se em observações sistemáticas: planejar o que será observado, em
Fase de Execução Trabalho de Campo e Análise dos Dados
que condições e como serão feitos os registros. Pode ser externa
(quando o pesquisador o faz a observação de fora da situação), par- Segundo Cruz Neto, (1994), a aproximação do pesquisador
ticipante (quando o pesquisador se insere na situação ou no grupo das pessoas selecionadas para a pesquisa, poderá ser facilitada se o
investigado), individual ou em equipe. pesquisador já tiver um relacionamento anterior com elas ou se pu-
O questionário é um instrumento de pesquisa, constituído pôr der contar com a ajuda de outras pessoas para facilitar a aproxima-
uma série ordenada de perguntas referentes ao tema de pesquisa. ção. É importante apresentar de início a proposta de pesquisa aos
Quando o Questionário é enviado para os pesquisados responde- grupos envolvidos e incorporar as contribuições que essas pessoas
rem diretamente, precisa ser acompanhado de uma carta com ex- possam dar à proposta. Os pesquisadores, além de registrarem as
plicações claras para o preenchimento correto, mas mesmo assim a informações obtidas nas entrevistas, questionários e observações
porcentagem de respostas e devolução costuma ser muito pequena. planejadas, devem fazer anotações de tudo que acontece no traba-
Quando o próprio pesquisador aplica pessoalmente o instrumento lho de campo (Caderno ou Diário de Campo).
nos pesquisados, este é denominado de Formulário. Os questioná- As entrevistas devem ser agendadas com antecedência, em
rios e formulários apresentam perguntas objetivas, muitas vezes local adequado, solicitando- se quando for o caso, permissão dos
com alternativas de respostas já codificadas, mas podem conter pesquisados para gravá-las. A aplicação de formulários deve se-
também algumas perguntas abertas. Antes de serem aplicados os guir o mesmo procedimento. É preciso prever o tempo que levará
formulários ou enviados os questionários, o instrumento de coleta cada procedimento, contar com recusas ou perdas de pessoas se-
deve passar por um pré - teste, isto é, ser aplicado em algumas lecionadas (daí ter uma reserva maior de pessoas selecionadas nas
pessoas que tenham características semelhantes àquelas que farão amostras).
parte das amostras, para se verificar se há necessidade de modificar Preparo dos Dados para Análise Quantitativa
as perguntas ou a sequência delas.
As entrevistas são os instrumentos mais usados nas pesqui- A “análise” é um processo de descrição dos dados coletados e
sas sociais, porque além de permitirem captar melhor o que os a “interpretação” é um processo de reflexão sobre o que foi descri-
pesquisados sabem e pensam, permitem também ao pesquisador, to, à luz de conhecimentos mais amplos, que extrapolam os dados
observar a postura corporal, a tonalidade da voz, os silêncios, etc. da pesquisa ou comparam esses dados com outras pesquisas se-
melhantes. A análise de dados quantitativos passa pelas seguintes
Podem ser Padronizadas, Estruturadas ou Semiestruturadas,
operações:
quando o pesquisador apenas coloca alguns tópicos para o pesqui-
a) estabelecimento de categorias para a análise;
sado expressar o que pensa sobre eles.
b) codificação das informações;
As histórias de vida: é um tipo particular de entrevista, em c) tabulação e distribuição de frequências: colocação dos da-
geral uma serie delas, em que se busca reconstituir a vida toda, dos em tabelas para verificar as relações que apresentam entre si, e
ou uma fase ou um aspecto da vida da pessoa (como profissio- apresentação dos dados sob a forma de frequências absolutas (n.º),
nal, como paciente, como docente, como estudante). As histórias frequências relativas (%) e frequências acumuladas. Podemos
de vida permitem também ao pesquisador perceber as concepções também cruzar uma ou mais variáveis entre si, como por exemplo:
que as pessoas têm de seu papel e de sua participação nos grupos escolaridade e acesso aos serviços de saúde.
dos quais fazem parte (família, trabalho, política, religião, etc.),
e podem ser complementadas com outros tipos de informações, Análise Estatística e Construção de Tabelas, Quadros e Grá-
sobre os processos sociais referidos pelos pesquisados, através da ficos.
pesquisas em jornais, revistas, documentos, relatórios ou outras
pesquisas. As medidas de Posição Central mais usadas são:
A análise de documentos: é dirigida a textos escritos que po- a) Moda (Mo): é o valor mais frequente encontrado na dis-
dem servir como fonte de informação para a pesquisa: planos, pro- tribuição das respostas, aquele que se repete o maior número de
gramas, leis, decretos, artigos, atas, relatórios, ofícios, documen- vezes. Quando temos mais de um valor que se repete, neste caso
tos, panfletos, etc. teremos uma distribuição bimodal, com três ou mais valores que se
multiplicam, temos uma distribuição multimodal;

Didatismo e Conhecimento 92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
b) Média aritmética (M): soma dos valores de todos os dados Bardin, (1979) apresenta várias técnicas de análise de conteú-
obtidos, dividida pelo número de casos; do e Minayo, (1992) faz uma proposta para análise de conteúdo
c) Mediana (Md): valor abaixo do qual estão metade dos casos em dois níveis:
estudados e acima do qual está a outra metade; No primeiro, apresentar a conjuntura socioeconômica e políti-
d) Quartil: os quartis dividem a distribuição dos valores em ca da qual faz parte o grupo de entrevistados, sua história e inser-
quatro partes iguais (até 25%, até 50%, até 75% e até 100%); ção no contexto sócio histórico mais geral;
e) Amplitude: é uma medida que nos mostra o quanto os dados No segundo, apresentar as observações de condutas, costu-
obtidos estão variando, entre o valor mínimo e o valor máximo da mes, o teor das comunicações de cada indivíduo.
distribuição;
f) Gráficos: para Marconi e Lakatos (1988), os gráficos apre- Conclusões, Recomendações, Divulgação e Relatório.
sentam os resultados de uma pesquisa, de uma maneira que facilita
a visão do conjunto de uma vez só. A conclusão da pesquisa deve compreender quatro partes:
Os gráficos lineares são os mais usados, apresentado os da- a) Retrospectiva rápida do que se pretendia com o trabalho
dos através de linhas retas ou curvas: são muito interessantes para
(objetivos, hipóteses mais importantes, conceitos que a embasa-
demonstrar a tendência de variação das informações colhidas e do
ram) e procedimentos que utilizou;
problema de pesquisa.
b) Apresentação dos principais resultados a que chegou;
Há ainda os gráficos de coluna (usa-se retângulos alongados
no sentido vertical) e os gráficos de barra (retângulos no sentido c) Contribuições para o conhecimento da temática que abor-
horizontal). dou novas questões que suscitou;
E há os gráficos circulares, sendo o mais usado o de setores, d) Recomendações de ordem pratica ou profissional se for o
mostrando a proporção de cada elemento no conjunto. caso;
e) Devolução dos resultados aos pesquisados: estes devem
Análise de Dados Qualitativos constituir o primeiro grupo a tomar conhecimento dos resultados
preliminares para que possam pronunciar-se, fazer sugestões e
Para pesquisas que usam entrevistas semiestruturadas, histó- ouvir as explicações dos pesquisadores. Estes devem incorporar
rias de vida, depoimentos, artigos, documentos, filmes, cartazes, o máximo possível, as sugestões dos entrevistados no Relatório
desenhos etc. Esses tipos de instrumentos de pesquisa permitem Final para divulgação;
revelar sentimentos, valores ou concepções mais profundas dos f) Divulgação dos resultados: o mesmo material deve ser
entrevistados do que os questionários e formulários, que no geral, apresentado em várias “versões”: uma para o meio científico, ou-
obtém informações mais superficiais, opiniões mais estereotipadas tra mais resumida para as reuniões, uma cartilha ou manual para
e racionalizadas. Procede-se análise da seguinte forma: a população, um artigo para revista especializada, um texto para
a) Elaboração e preparação do material: realizadas e grava- divulgação na mídia;
das as entrevistas, depoimentos ou histórias de vida, elas deverão g) relatório final: deve estar constituído pelas seguintes partes:
ser transcritas, na íntegra ou através de recortes sobre o tema em - Capa (título, autor, orientador, entidade responsável, data,
questão; a transcrição deve ser realizada logo após a gravação, e, cidade);
se possível, pelo pesquisador ou por quem realizou as entrevistas, - Folha de Rosto (idem acima);
para garantir a fidedignidade ao que foi dito pelos pesquisados; - Agradecimentos (se houver);
b) Definição das categorias de análise: ou pelo menos deve-se - Resumo (de uma página);
definir linhas orientadoras para a análise (Queiroz, 1988). Ler mais - Relação de tabelas e gráficos (se existirem);
de uma vez todo o material transcrito ou os documentos seleciona- - Sumário;
dos e levantar as categorias de análise, isto é, as questões que apa- 1 - Introdução (pesquisa realizada, importância, objeto, obje-
recem no material coletado e como os pesquisados se posicionam
tivos, disposição dos capítulos);
frente a eles. As categorias de análise são os recortes a partir dos
2 - Revisão da bibliografia relacionada ao tema;
quais o material coletado no campo será analisado;
c) Para Michelat (apud Thiollent, 1987), as pesquisas que usam 3 - Esquema de Investigação (procedimentos empregados,
entrevistas não diretivas, histórias de vida ou mesmo entrevistas fontes de dados, metodologia e organização da pesquisa de cam-
menos estruturadas, são realizadas com um número reduzido de po);
entrevistados e quantificar os resultados não tem valor estatístico. 4 - Apresentação, análise e interpretação dos resultados;
Recomenda-se uma apresentação inicial do perfil social dos entre- 5 - Resumo e Conclusões;
vistados (sexo, idade, profissão, escolaridade, procedência etc.), 6 – Recomendações;
para que se possa saber de que “lugar social” fala o entrevistado; 7 - Anexos (se houver: figuras, questionários ou roteiros, do-
d) Análise de conteúdo: Pode-se inicialmente proceder a aná- cumentos, circulares etc.).
lise semântica (do vocabulário usado) e proceder depois à análise 8 – Bibliografia. (Texto adaptado de MARSIGLIA, R. M. G.)
do conteúdo, isto é, das ideias contidas nos vários instrumentos de
comunicação. Há técnicas de análise de caráter quantitativo e de
caráter qualitativo na análise de conteúdo. Organização do mate-
rial após uma leitura profunda para definir: as unidades de registro
(palavras, frases, orações, temas, acontecimentos, personagens...);
as unidades de contexto (contexto do qual faz parte a mensagem);
as categorias de análise e separar os trechos mais significativos;
proceder a análise propriamente dita do material.

Didatismo e Conhecimento 93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
Estas aproximações são apresentadas nessa sequência, mas na
7. PLANEJAMENTO DE PLANOS, prática esses processos muitas vezes alteram essa ordem. Com-
preende-se que as aproximações da 1ª a 5ª relacionam-se como
PROGRAMAS E PROJETOS SOCIAIS fase de reflexão, as aproximações de 6ª a 8ª são reconhecidas como
fase de decisão e as aproximações de 9ª a 13ª são reconhecidas
como fase de ação. Podemos assim entender que o processo de pla-
nejamento faz parte de uma contínua análise, ou seja, se inicia com
Nossa vida cotidiana é cercada de planejamento, o homem em a reflexão de uma situação e simultaneamente o processo, devendo
sua essência planeja desde que toma consciência de sua importân- ser este contínuo, cíclico e reflexivo. Marx denomina este proces-
cia e contribuição para o meio social. Assim, serão apresentadas so de união do pensamento e da ação como práxis social. É neste
neste trabalho as aproximações que compõe o processo de plane- cotidiano que estabelecemos a compreensão para que as decisões
jamento e que exige do planejador o movimento de reflexão-deci- elaboradas no planejamento sejam concluídas.
são-ação. O planejamento é um processo racional que precisa de A realidade social, ou seja, a práxis, é determinante das re-
uma sequência antecipada de tempo não se manifestando em um lações sociais, fato que engloba aspectos políticos e econômicos.
dado momento, mas sim realizando-se de foram contínua ao longo Dessa maneira, entendemos que é dentro da realidade que o pla-
nejamento torna-se etapa indispensável para que se chegue a um
da história passando por vários estágios.
resultado final dentro do processo. Para tanto, detalharemos todas
O planejamento social é um instrumento de fundamental im-
as três fases do Planejamento outrora mencionado. São elas:
portância para o desenvolvimento de trabalho do profissional de
Serviço Social, pois este tem necessidades de conhecer e com- - (Re)Construção do objeto
preender a realidade do planejamento para que o profissional con- Essa aproximação é o primeiro passo para o processo de pla-
siga realizar intervenções com qualidade. Serão apresentadas as nejamento social. É necessário saber o que planejar e qual o seg-
etapas do planejamento, a divisão de conceitos e a importância do mento da realidade que será colocado em desafio, inicia-se assim
mesmo para a profissão e para o profissional. essa etapa compreendida como processo de reflexão. Nesta etapa
consideramos a realidade onde será formulado o conjunto de pro-
A importância do planejamento social posições para uma intervenção mais qualificada, e ao delimitarmos
o objeto de intervenção, estaremos olhando de fora para dentro,
O presente texto se apropria das ideias de Marx para com- confrontando as ações planejadas com as mudanças que ocorrem
preender seu método de interpretação da realidade social para, en- na realidade.
tão, aplicá-lo no âmbito da profissão de serviço social. O modo É importante ter em mente qual planejamento que será reali-
como Marx compreende a práxis do planejamento, possibilita en- zado em uma realidade, em qual conjuntura, em qual organização
tender de maneira mais completa a totalidade social e todas as suas especifica e quais práticas que serão utilizadas, e assim têm-se a
contradições. Marx compreende que o ato de planejar é de nature- capacidade de formular mudanças.
za do ser humano, o ser humano projeta em sua mente o ato para A reconstrução do objeto é o movimento que traduz a rela-
depois executar e antes de executar qualquer ato ele planeja. Isso é ção, a ação e o conhecimento. Segundo Baptista, “o profissional
consciência teleológica. precisa se preparar, [...] conhecer suas representações, seus siste-
O planejamento social busca utilizar de forma harmônica o mas e valores, suas noções e práticas [...]” (BAPTISTA, 2007). A
planejamento estratégico, ampliando a participação dos vários ní- cada mudança que o planejador faz ele está construindo um novo
veis profissionais existentes dentro da sociedade. Nesse sentido, a conhecimento sobre novas situações e esse processo é cíclico e
tomada de decisão se torna elemento fundamental, pois correspon- constante em todas as relações sociais.
de com as diferentes escolhas dentro do processo. Um elemento
importante no planejamento social é a operacionalização, onde re- - Estudo de situação
laciona as atividades necessárias para efetuar as decisões tomadas. Segundo Baptista (2007), o estudo de situação compõe-se da
descrição interpretativa, da caracterização, da compreensão e da
Nessa fase o planejador social (o assistente social) deve acompa-
explicação de uma situação para o planejamento, determinando
nhar a implantação, o controle e a avaliação do planejamento do
suas limitações. O estudo da situação é o conjunto de informações
projeto social que o mesmo for implantar em determinada institui- que provém em contribuição para tomar decisões, ampliando o co-
ção pública ou privada. O planejamento é um processo contínuo e nhecimento das realidades concretas. O objeto do planejamento
dinâmico, tendo o planejamento como uma decisão de planejar o não pode ser tratado separadamente, devem se levar em conside-
movimento de reflexão-decisão-ação que o caracteriza vai se reali- ração as propostas que estejam abertas às modificações perante a
zando de acordo com as seguintes aproximações. São elas: sociedade. Alguns objetivos, segundo Mattelart podem ser consi-
- 1ª a 5ª aproximação: Reflexão derados como estudo de situação:
Delimitação do objeto/reconstrução do objeto; Estudo de si- “Configuração do marco de situações ou de antecedentes,
tuação; Construção de referenciais teórico-práticos; Levantamento acompanhada de análise compreensiva e explicativa de suas deter-
de hipóteses preliminares e Coleta de dados. minações; a Identificação sistemática e contínua das áreas críticas
- 6ª a 8ª aproximação: Decisão e de necessidades, a que se pode acrescentar, ainda, de oportuni-
Organização e análise; Identificação de prioridades de inter- dade e de ameaças; a Determinação de elementos que permitam
venção e Definição de objetivos e estabelecimento de metas. justificar a ação sobre o objeto; o Estabelecimento de prioridades;
- 9ª a 13ª aproximação: Ação a Análise dos instrumentos e técnicas que podem ser operados na
Planificação; Implementação; Implantação e execução e Defi- ação; a Identificação de alternativas de intervenção.” (Mattelart
nição de parâmetros de avaliação e Controle. apud BATISTA, 2007).

Didatismo e Conhecimento 94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
O planejamento é um processo feito a partir de uma realidade, A coleta de dados deve se ater a alguns aspectos como: cole-
de um estudo de uma situação, que deve ser considerado sob o ta de dados de situação; dados da instituição; dados das políticas
panorama de um conjunto dinâmico de informações durante esse públicas, da legislação, do planejamento jurídico, da rede de apoio
processo. Esse conjunto de informações deverão se constituir em existente e os dados da prática. Os dados de situação constituem-
recursos básicos e permanentes para o planejamento da ação, lo- se em objetivos do estudo. Estes estabelecem a compreensão do
calizando, compreendendo, controlando e prevendo as situações objeto que está em ação, estabelecendo assim a natureza e a pro-
de um modo geral, fornecendo elementos que permita mostrar al- blemática desse objeto. Os dados levantados estão ligados à reali-
ternativas de intervenção. O estudo da situação nada mais é que dade e com os fatores de ordem social, econômica e cultural que
a reflexão, a compreensão, a explicação e a expressão de causas compõem os problemas e as possibilidades. Sendo assim os dados
antes dos dados da realidade em relação ao seu conjunto de aspec- de situação procura entender a dimensão do objeto da ação que
tos especiais. está em questão, como está sendo percebido pelas pessoas, pela
sociedade e pelos profissionais.
- Construção de referenciais teórico-práticos
Para a construção de referenciais teóricos temos que enten- - Organização e análise
dê-los como conhecimentos que alimentam o estudo das situações A fase de organização e análise inicia um novo processo que
para que haja o planejamento e podem ser de natureza: cientifica, não se desmembra dos demais, todavia inicia uma nova fase que
documental, técnicos e periódicos. Seu principal objetivo é a aná- é a da decisão. É nessa fase que o planejador social deve se apro-
lise e a exposição da realidade que será planejada. Nesse processo fundar na observação, pois nessa fase que se descrevem os dados
precisamos conhecer a realidade de um modo geral, torna-se ne- e os interpreta de maneira organizada, sistemática e analítica. Ob-
cessário a união do pensamento e da ação, a realidade social apre- servar se os dados obtidos durante a investigação são suficientes
senta várias dimensões, sendo elas: sociais, culturais, psicológicas, para proporcionar respostas ao objetivo proposto. Depois destas
políticas e econômicas. observações damos início ao processo de olhar atentamente para
Os estudos devem ser organizados de uma forma simples e os dados coletados
clara para que possa ser confrontado com os dados concretos, sen-
do assim deve se fazer uma operacionalização dos conceitos que - Definição de objetivos e estabelecimento de metas
serão ou foram trabalhados. A operacionalização dos conceitos é A definição dos objetivos e o estabelecimento das metas dão o
o estabelecimento da relação entre os elementos da situação jun- real sentido e fundamento ao processo de planejamento. A função
tamente com os elementos que não são observáveis. Para opera-
específica do objetivo é posicionar a organização, orientar a ação,
cionalizar os conceitos é necessário observar o objeto de estudo e
definir o ritmo do planejamento, motivar os atores envolvidos no
os fatos a ele relacionados, com a observação de estudo podem-se
processo, facilitar a avaliação de desempenho e incorporar a racio-
encontrar diferentes elementos para serem trabalhados. Desta ma-
nalidade, entre outros. Este pode também ser classificado em três
neira, segundo Baptista o profissional deve sempre compreender
aspectos: Se é um objetivo geral ou específico; a média de tempo
essa realidade posta de forma que “essa teoria possibilite formular
previsto a ser utilizado; se é a longo, médio ou curto prazo e a
seu esquema de análise trazendo-lhe referência, supostos, concep-
ções amplas [...] que lhe vai permitir apreender a realidade” (BAP- delimitação de forma, se são quantitativos e/ou qualitativos. Des-
TISTA, 2007). sa maneira, os objetivos e metas “deverão ser conquistados para
transformar a visão em realidade, [...] (pois) buscam alcançar re-
- Levantamento de pressupostos sultados especificados em um tempo pré-estipulado” (TAVARES,
O levantamento de pressupostos ou hipóteses é estabelecido 2005).
na hora da elaboração teórica podendo ser desenvolvido de forma Após todas as etapas anteriores que foram a Reflexão e a De-
implícita ou explícita, como o planejamento social trabalha com cisão, temos uma nova etapa que não se desmembra das demais,
o ser humano, e por esses estarem sob um processo de evolução mas as completa de forma sucinta e eficiente que é a fase da Ação.
constante, os resultados ficam aproximados e não exatos, uma vez
que há mudanças constantes nas estruturas sociais e políticas a que - Planificação
os indivíduos estão inseridos. Assim, segundo Marx, No processo de planejamento, e a planificação é realizada de-
“O fato, portanto, é o seguinte: indivíduos determinados, que pois de passar por um conjunto de decisões. Decisões essas que
como produtores atuam de um modo também determinado, estabe- são sistematizadas, interpretadas e detalhadas em documentos que
lecem entre si relações políticas e sociais determinadas. É preciso apresentem níveis de decisão composto por diversificados planos,
que, em cada caso particular, a observação empírica coloque ne- programas e projetos.
cessariamente em relevo empiricamente e sem qualquer especula- O plano demarca as decisões gerais do sistema, suas estraté-
ção ou mistificação - a conexão entre a estrutura social e política e gias e suas diretrizes e deve ser formulado de forma clara e sim-
a produção.” (MARX, 1996). ples. São organizados os objetivos e metas.
O programa detalha os documentos por setores, ou seja, faz
- Coleta de dados projeções detalhadas das informações que são consideradas espe-
A partir da busca e do levantamento de informações, dá-se cíficas em relação aos níveis, modalidade e especificação do setor.
início a coleta de dados, onde o planejador consegue relacionar O projeto estabelece-se como documento que estabelece um
as informações que já foram anteriormente organizadas, consegue plano prévio da operação de um conjunto de ações, é também a ra-
programar as investigações e pesquisa as situações que forem ne- cionalização das decisões. Na planificação o projeto vem antes da
cessárias para que haja um aprofundamento para iniciar a tomada indicação dos resultados, é instrumento que está mais próximo da
de decisão. execução, sendo assim faz-se o detalhamento das atividades que

Didatismo e Conhecimento 95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
serão desenvolvidas estabelecendo-se os prazos e especificando os
recursos que serão utilizados. Para Zanoni e Bogado (2009) “como
planificação da ação, o projeto pressupõe a indicação aos resul- 8. AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS SOCIAIS
tados perseguidos. É o instrumental mais próximo da execução,
devendo detalhar as atividades a serem desenvolvidas, estabelecer
prazos e especificar recursos”.
A partir da compreensão da complexidade das políticas públi-
- Implementação cas e de sua importância na construção da hegemonia política, a
Para a implementação, destacamos a estratégia como um con- avaliação e monitoramento dos projetos sociais nos aspectos ma-
junto de ações e está ligada à realidade do homem desde os primór- cro e micros sociais, torna processo de avaliação e monitoramento
dios, sendo que esta se constitui em um conjunto amplo de ações
etapa crucial, principalmente os de relevância social.
e providências “destinado a viabilizar o seu avanço com a maior
segurança possível [...]. Mobilizando, motivando e condicionando Avaliação e monitoramento são concebidos segundo Samira
colaboradores para atingir um elenco de objetivos previamente es- Kauchakje (2007), em seu livro Gestão Públicos de Serviços So-
tabelecidos” (PINTO, 2004). ciais, como:
Dessa maneira, a implementação abrange a coordenação e a “(...) processo contínuo, estando presente em todos os mo-
integração de todas as áreas do planejamento de um processo, pre- mentos do projeto. Permite identificar problemas no desenvolvi-
cisa da colaboração, da competência técnica e gerencial de todos mento do projeto e suas possíveis causas, de modo a antecipar me-
os envolvidos para a resolução das problemáticas, assim faz-se didas para a recondução das atividades conforme o planejado ou
necessário a articulação e interdisciplinaridade para que haja a im- de acordo com necessidade de novos direcionamentos”
plementação das soluções. Logo, avaliação enquanto processo continuado e sistematiza-
do traz aos projetos a possibilidade de readequação as diversas
- Implantação e execução variações das premissas que podem levar ao sucesso ou a inefi-
A implantação é instituir na prática todas as ações que já foram ciência de sua execução. Conforme Samira, a avaliação não deve
planejadas, arquitetadas e avaliadas ao longo do tempo, passando a ser executada como etapa final de implementação de projetos, mas
cumprir os passos dos objetivos estabelecidos de forma criteriosa devem ser conjugados a cada etapa de execução.
para que essa execução se dê de forma contundente. Todavia, é Neste sentido, destaca Kauchakje a correlação quanto ao ob-
naturalmente compreensível que onde o plano estabelecido for im- jetivo da avaliação e aquilo que se deseja dar visibilidade. Desta-
plantado tornar-se alvo de insatisfação e/ou incompreensão por ra-
cam-se as seguintes metodologias e seus objetivos:
zões de peculiaridades, uma vez que ao se trabalhar com pessoas,
a) Avaliação de processo _ relação custo e benefício _ eficá-
atores de sua própria história haja opiniões distintas.
cia e eficiência;
- Parâmetros de Avaliação e Controle b) Avaliação de impacto _ impacto sobre o diagnóstico _
A avaliação é o caminho onde o planejador poderá aferir a efetividade;
efetividade e o impacto que sua ação e decisão tiveram sobre as c) Avaliação política _ processo de aprendizado _ impactos
outras etapas do processo. Por ser este processo dinâmico e contí- sociais;
nuo deve ser pautado sempre na reflexão. Já o controle é o instru- Evidencia-se, portanto, a inevitabilidade de se diagnosticar
mento que verifica o que já foi previsto e o que está acontecendo. a situação na qual imerge o objeto de intervenção missionária e
O controle define os parâmetros de avaliação, o estabelecimento assim se possa inferir medidas, ações, alterações no projeto con-
e a verificação dos pontos de controle, a correção dos possíveis fessional que está sendo executado a fim de que este alcance os
desafios e a reflexão contínua do processo em análise. resultados planejados.
Mesmo que por algum motivo o planejador social venha a se Da mesma forma, pode-se atribuir a capacidade de explicitar
desviar de seus propósitos iniciais há que se voltar atrás, avaliar o possíveis premissas que oferecem risco ou podem potencializar a
refletir cautelosamente a respeito das decisões tomadas a respeito missão, à atividade avaliativa (inserida no processo). São a partir
de seu trabalho, para que futuras falhas e erros não impeçam o destas práticas que se desenham ações interventivas que culmina-
contínuo andamento desse processo que deve ser dinâmico e res- rão no êxito do programa ou de um projeto.
ponsável em todas as esferas da vida social dos cidadãos que dele
necessitarem.
De avaliadores e monitoradores a avaliados e monitorados
Contudo, o planejamento é um importante aliado ao exercício
do trabalho profissional, pois permite antecipar possíveis e certas
mudanças do ambiente externo em que a sociedade está inserida A sociedade civil, segundo Gramsci, tem sua definição deli-
continuamente. O planejamento deve ser tratado como um processo neada enquanto “Estado Ético” como classe (aparelho privado, no
primordial ao trabalho profissional, pois é um método aplicado para qual a igreja constitui-se como meio) que busca a hegemonia e tem
a intervenção profissional, ou seja, o profissional deve investigar e por meio do consenso e da coerção, estratégias de galgar o poder.
analisar a realidade para assim propor uma intervenção eficaz. Por conseguinte configura-se imprescindível sua fiscalização do
Para o profissional de serviço social o planejamento deixa de funcionamento do equipamento público seja na monitoração ou na
ser um método de estudo e passa a ser um procedimento impor- avaliação através dos conselhos gestores.
tante para a profissão, torna-se instrumento essencial para com- Segundo a PNAS no item 3.1.7 sobre a Informação, Monito-
preender a profissão que trabalha com e na realidade, profissão esta ramento e Avaliação, contata-se e o processo continuado de ava-
que precisa repensar suas práticas para atender as mais diversas liação e monitoramento “são providências urgentes e ferramentas
realidades e expressões da questão social que surgem no cotidiano essenciais a serem desencadeadas para a consolidação da PNAS
profissional. (Texto adaptado de VIEIRA, R. C.) e para a implementação do Sistema Único de Assistência Social -

Didatismo e Conhecimento 96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente Social
SUAS. Trata-se, pois, de construção prioritária e fundamental que É preciso, portanto buscar a superação de ações cujo planeja-
deve ser coletiva e envolver esforços dos três entes da federação”. mento equivocado às necessidades sociais que acarretarão no des-
Assim as igrejas, entidades, ONG´s têm papel investigativo e de perdício do financiamento público, da igreja, dos mantenedores,
alta relevância à sociedade. além de reproduzirem diferenças sociais que assolam a população
Segundo Evelyne Leandro, em seu artigo “Avaliação e moni- brasileira. (Texto adaptado de RIBAS, S. Gestão de Políticas, Pro-
toramento de projetos” as ONG´s em sua maioria procuram atentar gramas e Projetos Sociais).
mais focadamente ao funcionamento do serviço público por meio
do fortalecimento dos conselhos gestores e movimentos sociais.
Mas com a inserção do capital privado, como também na parti-
cipação de entidades não governamentais, entidades associativas,
igrejas na prestação de serviços públicos, sobretudo no controle
social, recai sobre as tais, a responsabilidade implementar pro-
cessos continuados de avaliação e monitoramentos dos projetos e
programas sociais, que garantam a transparência na aplicação dos
financiamentos. Logo as iniciativas privadas (igrejas, associações
etc.) também se tornaram alvo de monitoração e avaliação por par-
te do governo e da sociedade em geral.
Para Eveline a monitoração e a avaliação precisam acontecer
respectivamente, pois:
“O monitoramento consiste, basicamente, em acompanhar o
andamento do projeto no dia-a-dia (...) possibilita a identificação
de problemas e possibilita solução. A avaliação, por sua vez, desti-
na-se a verificação dos indicadores quantitativos e qualitativos (...)
onde são postos à prova os mecanismos de gestão adotados pela
entidade. A avaliação permite identificar pontos críticos e propor-
ciona a resolução desses antes que comprometam o resultado final
do projeto.”
Verifica-se então que o sucesso do projeto está intimamente
ligado a um bom processo de monitoramento e avaliação do mes-
mo atrelado à capacidade de interpretação e problematização das
premissas que lhe são inerentes.
Destaca-se ainda que o acesso a financiamentos sociais, ou
a continuidade de seu fornecimento tem como pré-requisito bási-
co a transparência do emprego destes recursos, que só podem ser
obtidas através da contínua avaliação e monitoração dos serviços
executados pelos mesmos.
Contudo, a avaliação social teve no Brasil seu tardio reconhe-
cimento enquanto ferramenta de validação de projetos sociais. A
importância, embora indiscutível na atualidade, é contraposta às
poucas inovações postas nos projetos sociais.
A crescente demanda por serviços públicos, advindos do acir-
ramento das desigualdades sociais, da falta de acesso às riquezas
produzidas pela sociedade, traz ao programa/projeto, profissional
na assistência social, a dificuldade de se reservar tempo para vali-
dar dados, elaborar documentos, sistematizar atendimentos, redu-
zindo a atuação profissional ao atendimento das demandas sociais.
A incorporação de meios de avaliação e monitoração de proje-
tos ou de programas assistenciais representa um grande desafio aos
assistentes sociais. A capacidade de focar atividades e delas extrair
indicadores sociais requer do programa/projeto o domínio meto-
dológico e um acúmulo teórico-prático das diversas dimensões da
assistência social.
O fortalecimento da igreja, da sociedade civil e dos movimen-
tos sociais em espaços que possibilitem o controle e a participação
social é essencial à consolidação das políticas públicas e legitima
meios democráticos do país.

Didatismo e Conhecimento 97

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