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Gestão Governamental

(continuação)
Analista de Políticas Públicas e Gestão
Governamental – APPGG

Professor: Thiago Chaves


Tópicos que serão abordados

• Instrumentos de Planejamento e Orçamento no Município: PPA, LDO, LOA, Ciclo de


Planejamento e Orçamento Participativos, Programa de Metas, Plano Diretor
Estratégico e Agenda Municipal 2030;

• Lei de Responsabilidade Fiscal: princípios, objetivos, efeitos no planejamento e no


processo orçamentário;

• Os Controles interno e externo; e

• Responsabilização e prestação de contas.


Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Introdução
Planejamento Público
Constituição Federal de 1988 (CF88) - Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante
para o setor público e indicativo para o setor privado.
§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual
incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.

Lei Orgânica do Município de São Paulo (LOMSP) - Art. 143 - O Município organizará sua administração e exercerá
suas atividades com base num processo de planejamento, de caráter permanente, descentralizado e
participativo, como instrumento de democratização da gestão da cidade, de estruturação da ação do Executivo e
orientação da ação dos particulares.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Introdução
Orçamento Público
O orçamento público é o instrumento de planejamento que detalha a previsão dos recursos a serem
arrecadados (impostos e outras receitas estimadas) e a destinação desses recursos (ou seja, em quais despesas
esses recursos serão utilizados) a cada ano. Ao englobar receitas e despesas, o orçamento é peça fundamental
para o equilíbrio das contas públicas e indica as prioridades do Governo para a sociedade (Ministério da
Economia).

Instrumento pelo qual o governo estima as receitas e fixa as despesas para poder controlar as finanças públicas e
executar as ações governamentais, ensejando o objetivo estatal do bem comum. No modelo brasileiro,
compreende a elaboração e execução de três leis – o plano plurianual (PPA), as diretrizes orçamentárias (LDO) e
o orçamento anual (LOA) – que, em conjunto, materializam o planejamento e a execução das políticas públicas
federais (Senado Federal).
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Introdução
Tipos de Orçamento
Orçamento Tradicional: técnica orçamentária mais antiga, se preocupa com a mera previsão de receitas e
fixação de despesas. Instrumento de caráter contábil, sem foco em necessariamente planejar as ações
governamentais. Importante como controle político do Poder Legislativo sobre o Poder Executivo.

Orçamento de Desempenho: transição para a análise de desempenho, tornando-se o orçamento um


instrumento de gerenciamento. Surge a partir da Segunda Guerra Mundial, em que o Estado se torna propulsor
da atividade econômica em momentos de crise. Evolução em do orçamento tradicional no sentido de
preocupação com o resultado e não apenas com os gastos.

Orçamento Base Zero: o planejamento parte do zero anualmente, a fim de evitar que o orçamento fosse
apenas uma ferramenta de reajuste dos valores do ano anterior. O Poder Público deve analisar e justificar as
atividades que desenvolve a cada reinício do ciclo orçamentário. De difícil implementação por envolver maior
tempo e custo na sua elaboração.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Introdução
Tipos de Orçamento
Orçamento-Programa: instrumento de planejamento orçamentário que, além de considerar o desempenho
(como o Orçamento de Desempenho), possui uma estrutura mais minuciosa, organizada e articulada,
identificando programas, projetos e atividades que nortearão as ações do governo. Desenvolvido através da
disseminação do Orçamento de Desempenho pela ONU ao final da década de 1950. Introduzido no Brasil através
da Lei 4320/64 e do Decreto-lei 200/67, porém definitivamente normatizado na Constituição Federal de 1988.

Orçamento
Orçamento Orçamento-
de
Tradicional Programa
Desempenho
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Instrumentos Legais
CF88 - Art. 165 (LOMSP - Art. 137). Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.

LOMSP - Art. 144 - Integram o processo de planejamento os seguintes planos:


I - o Plano Diretor, de elaboração e atualização obrigatórias, nos termos da Constituição da República;
II - o plano plurianual;
III - os planos setoriais, regionais, locais e específicos.

LOMSP - Art. 69-A. O Prefeito, eleito ou reeleito, apresentará o Programa de Metas de sua gestão, até noventa
dias após sua posse, que conterá as prioridades: as ações estratégicas, os indicadores e metas quantitativas para
cada um dos setores da Administração Pública Municipal, Subprefeituras e Distritos da cidade, observando, no
mínimo, as diretrizes de sua campanha eleitoral e os objetivos, as diretrizes, as ações estratégicas e as demais
normas da lei do Plano Diretor Estratégico.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Planejamento e Orçamento
Ciclo PDCA
Planejar

Planejar (To Plan) -> planos e orçamentos (instrumentos legais)


Desenvolver (To Do) -> execução orçamentária e financeira
Agir
Checar (To Check) -> monitoramento e avaliação (economicidade, Corretivamente
Desenvolver
eficiência, eficácia e efetividade)
Agir Corretivamente (To Act Correctly) -> revisão de programas e ações
Checar

LOMSP - Art. 143 - [...]


§ 1º - Considera-se processo de planejamento a definição de objetivos determinados em função da realidade
local e da manifestação da população, a preparação dos meios para atingi-los, o controle de sua aplicação e a
avaliação dos resultados obtidos.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Planejamento e Orçamento
Planejamento Integrado

Planejamento • Plano Diretor Estratégico (PDE)


Estratégico • Planos Setoriais
(Longo Prazo) • Plano Plurianual (PPA)*
• Programa de Metas (PdM)

Planejamento
Tático • Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
(Médio Prazo)

Planejamento
Operacional • Lei Orçamentária Anual (LOA)
(Curto Prazo)

*Importante! O PPA possui caráter estratégico, porém é um instrumento de planejamento de médio prazo (4
anos).
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Planejamento e Orçamento
Planejamento Integrado
CF88 - Art. 165 [...] § 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão
elaborados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.

LOMSP - Art. 143 [...] § 2º - Os planos integrantes do processo de planejamento deverão ser compatíveis entre si e
seguir as políticas gerais e setoriais segundo as quais o Município organiza sua ação.

LOMSP - Art. 137 [...]


§ 9º - As leis orçamentárias a que se refere este artigo deverão incorporar as prioridades e ações estratégicas do
Programa de Metas e da lei do Plano Diretor Estratégico.
§ 10. - As diretrizes do Programa de Metas serão incorporadas ao projeto de lei que visar à instituição do plano
plurianual dentro do prazo legal definido para a sua apresentação à Câmara Municipal.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Competência das leis orçamentárias
CF88 - Art. 165 - Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.

Importante! A prerrogativa de elaboração dos respectivos Projetos de Lei caberá ao Poder Executivo, que os
encaminhará ao Congresso Nacional para discussão, deliberação e aprovação!!!
Outros Poderes elaboram seus orçamentos e encaminham para o Executivo, que os consolida e encaminha para o
Legislativo como projeto de lei. Competência exclusiva e vinculada.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Plano Plurianual (PPA)

CF88 - Art. 165 [...] § 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma
regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas (DOM) da administração pública
federal para as despesas de capital, e outras delas decorrentes, e para as relativas
aos programas de duração continuada.

Art. 167, § 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício


financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei
que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Plano Plurianual (PPA)
Regionalização: trazer para o orçamento público a dimensão do espaço ou território da cidade, e vice-versa: o
orçamento regionalizado envolve a distribuição de recursos no território. Pressupõe duas coisas: que os gastos
deverão ser feitos em todas as regiões da cidade; e a prestação de contas, pela Prefeitura, em relação à execução
regionalizada do orçamento.

A Prefeitura Municipal de São Paulo


(PMSP) adota o Índice de Distribuição
Regional do Gasto Público Municipal.
Os indicadores que compõem o índice
e sua fórmula de cálculo são apresentados
ao lado.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Plano Plurianual (PPA)
DOM!
Diretriz - declaração ou conjunto de declarações que orientam os programas abrangidos no PPA, com
fundamento nas demandas da população;
Objetivo - declaração de resultado a ser alcançado que expressa, em seu conteúdo, o que deve ser feito para a
transformação de determinada realidade;
Meta - declaração de resultado a ser alcançado, de natureza quantitativa ou qualitativa, que contribui para o
alcance do objetivo.

Despesas de capital: gastos para a produção ou geração de novos bens ou serviços que integrarão o patrimônio
público, ou seja, que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital. Ex.:
construção de um hospital.
Despesas decorrentes das despesas de capital: gastos correntes de manutenção e funcionamento. Ex.: compras
de bens de consumo e manutenção de equipamentos do hospital.
Despesas relativas aos programas de duração continuada: gastos referentes a programas com prazos que
ultrapassam o período do exercício financeiro.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Plano Plurianual (PPA)
O PPA integra o planejamento de médio prazo à execução das políticas públicas, estabelece os programas de
governo e orienta as peças orçamentárias. Apresenta, portanto, desdobramentos vinculantes nas Leis de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e nas Leis Orçamentárias Anuais (LOA).

Programa é um instrumento de organização da atuação governamental. Articula um conjunto de ações que


concorrem à concretização dos objetivos pretendidos, sendo mensurado por indicadores estabelecidos no PPA.
Tecnicamente, é um conjunto de ações orçamentárias que serve para que os órgãos públicos atinjam
determinados objetivos ou metas. O PPA está organizado em programas e ações. Ex.: Acesso à Cultura, que reúne
todas as ações da Prefeitura relacionadas com a promoção da cultura.

Ação orçamentária é todo projeto, atividade ou operação especial de uma organização no setor público. Ex.:
Administração da Unidade, que reúne despesas com a manutenção dos órgãos e das entidades públicas; e Obras
e Serviços nas Áreas de Riscos Geológicos.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Plano Plurianual (PPA)
Projeto é despesa de capital referente a operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que
concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da atuação governamental, capaz de gerar novos bens e serviços
com benefícios que se estendam por vários períodos. Ex.: Obras e Serviços nas Áreas de Riscos Geológicos, pois
cada obra tem começo, meio e fim determinados.

Atividade é despesa corrente relacionada a operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das
quais resulta um produto necessário à manutenção da atuação do governo. Ex.: Administração da Unidade, que
trata de uma operação contínua.

Operação Especial, por sua vez, não resulta um produto ou contraprestação direta sob a forma de bens ou
serviços. Ex.: pagamento de juros e refinanciamento da dívida.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Plano Plurianual (PPA)
Produto é o bem ou serviço que será entregue à população, resultante de uma ação orçamentária. Os produtos
contribuem para que sejam alcançados resultados efetivos sobre determinado segmento ou da sociedade como
um todo.

Indicadores são números que expressam aspectos da realidade e, no PPA, buscam medir a relação entre o
planejamento e a realidade. Existem diferentes tipos de indicadores de desempenho, para monitorar ou
acompanhar diferentes processos, resultados ou impactos.

Programa
Ações orçamentárias
Projeto, Atividade ou Operação Especial
Produto
Indicadores
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Plano Plurianual (PPA)
Vigência
Período: 4 anos.
Início: segundo ano do mandato de uma gestão.
Término: primeiro ano da gestão subsequente.

Período de vigência do PPA não coincide com o período de mandato do Chefe do Poder Executivo.
O Chefe do Poder Executivo, quando assume (1º ano de mandato), governa com o PPA do governo anterior (4º
ano do PPA anterior).
Garante a continuidade do planejamento.
Permite ao governo que assume propor seu programa de trabalho e adaptar sua plataforma eleitoral à lei que
norteará o planejamento pelos próximos 4 anos.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Plano Plurianual (PPA)
Vigência
1º ano de 2º ano de 3º ano de 4º ano de
mandato mandato mandato mandato

• Chefe do • Chefe do • 2º ano de • 3º ano de


Executivo Executivo execução do execução do
governa com governa com seu PPA seu PPA
o PPA do seu PPA,
governo aprovado pelo
anterior. Poder
Legislativo.
• Elabora o seu
PPA para os • 1º ano de
próximos 4 execução do
anos. próprio
planejamento.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
CF88 - Art. 165 [...]
§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades (MP) da Administração Pública
Federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei
orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação
das agências financeiras oficiais de fomento.

MP: metas e prioridades! Enquanto o PPA apresenta as grandes prioridades para o período de 4 anos, a LDO
estabelece as despesas prioritárias para o ano seguinte, inclusive as despesas de capital para o exercício
financeiro subsequente. Faz a conexão entre o estratégico (PPA) e o operacional (LOA).

Alterações na legislação tributária: explicita mudanças na legislação, que possam ter impactos na arrecadação de
tributos.

Política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento: define a política de agências, como o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que utiliza recursos públicos para financiar projetos de
desenvolvimento.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
LOMSP - Art. 142 [...]
Parágrafo único - A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos ou
alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades
da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, só poderão ser
feitas:
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesas de pessoal e aos
acréscimos delas decorrentes;
II - se houver autorização legislativa específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas
públicas e as sociedades de economia mista.

Deve haver autorização na LDO para:


- concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração;
- criação de cargos, alteração de estrutura de carreiras e admissão de pessoal.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Lei Orçamentária Anual (LOA)
CF88 - Art. 165 [...]
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e
indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do
capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração
direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Lei Orçamentária Anual (LOA)
LOA é o orçamento propriamente dito, no qual são estimadas as receitas e fixadas as despesas.

Estruturada em 3 partes:
- orçamento fiscal: compreende fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta (inclui as empresas
estatais dependentes).
- orçamento de investimento: aquisição de bens do ativo imobilizado das empresas estatais independentes em
que a União possua maioria do capital social com direito a voto.
- orçamento da seguridade social: abrange órgãos e entidades com despesas relacionadas à saúde, previdência e
assistência social.
CF88 - Art. 195. [...] § 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos
órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades
estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Lei Orçamentária Anual (LOA)
Empresa estatal dependente x independente
LRF - Art. 2º[...] III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos
financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último
caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária (Ex.: Conab, Emprapa).

A empresa estatal independente gera recursos próprios suficientes, não necessita de repasses do governo para
manter suas atividades (Ex.: Petrobrás, Banco do Brasil).
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Lei Orçamentária Anual (LOA)
CF88 - Art. 165 [...]
§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as
receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira,
tributária e creditícia.

§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II (fiscal e de investimento), deste artigo, compatibilizados com o plano
plurianual, terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.

§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não
se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de
crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Lei Orçamentária Anual (LOA)
LOMSP - Art. 137 [...]
§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos poderes do Município, seus fundos, órgãos e entidades da administração
direta e indireta;
II - o orçamento de investimento das empresas em que o Município, direta ou indiretamente, detenha a maioria
do capital social com direito a voto.

Orçamento no Município de São Paulo não prevê orçamento da seguridade social: despesas de saúde, previdência
e assistência social são incluídas no orçamento fiscal. Portanto, LOA na PMSP é dividida em 2 partes: orçamentos
fiscal e de investimento.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Relação PPA x LDO x LOA

Lei de Diretrizes
• Define diretrizes, Orçamentárias • Orçamento por
objetivos e metas para excelência;
o período de 4 anos. • Define metas e • Estima receitas e fixa
prioridades da despesas.
Administração Pública; • Conformidade com
• Orienta a elaboração PPA e LDO.
da LOA.
Lei Orçamentária
Plano Plurianual
Anual
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Relação PPA x LDO x LOA
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Programa de Metas
O Programa de Metas da Cidade de São Paulo foi incorporado à Lei Orgânica do Município em 2008. Busca
organizar, de forma clara e transparente, as ações prioritárias da Prefeitura de São Paulo durante os 4 anos de
mandato de cada Prefeito(a) eleito(a). Diferentemente do PPA, coincide com os 4 anos de governo.

Os objetivos estratégicos da gestão são expressos em um número limitado de metas, indicadores de


monitoramento e iniciativas vinculadas a cada setor da Prefeitura e, naquilo que for possível, por região da
cidade.

É composto pelas diretrizes estabelecidas pelo Plano de Governo eleito, os


critérios determinados pelo Plano Diretor Estratégico e pelos demais documentos
de planejamento público de médio e longo prazos, a discussão provocada
pela sociedade civil durante o período de consulta pública e o devido
alinhamento orçamentário para que as metas nele expressas sejam
financeiramente executáveis. Portanto, além de ser construído com
participação popular, com a realização de audiências públicas, é
um instrumento de integração entre planejamento e orçamento.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Programa de Metas
LOMSP – Art. 69-A. O Prefeito, eleito ou reeleito, apresentará o Programa de Metas de sua gestão, até noventa
dias após sua posse, que conterá as prioridades: as ações estratégicas, os indicadores e metas quantitativas para
cada um dos setores da Administração Pública Municipal, Subprefeituras e Distritos da cidade, observando, no
mínimo, as diretrizes de sua campanha eleitoral e os objetivos, as diretrizes, as ações estratégicas e as demais
normas da lei do Plano Diretor Estratégico.
§ 1º O Programa de Metas será amplamente divulgado, por meio eletrônico, pela mídia impressa, radiofônica e
televisiva e publicado no Diário Oficial da Cidade no dia imediatamente seguinte ao do término do prazo a que se
refere o "caput" deste artigo.
§ 2º O Poder Executivo promoverá, dentro de trinta dias após o término do prazo a que se refere este artigo, o
debate público sobre o Programa de Metas mediante audiências públicas gerais, temáticas e regionais, inclusive
nas Subprefeituras.
§ 3º O Poder Executivo divulgará semestralmente os indicadores de desempenho relativos à execução dos
diversos itens do Programa de Metas.
§ 4º O Prefeito poderá proceder a alterações programáticas no Programa de Metas sempre em conformidade
com a lei do Plano Diretor Estratégico, justificando-as por escrito e divulgando-as amplamente pelos meios de
comunicação previstos neste artigo.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Programa de Metas
§ 5º Os indicadores de desempenho serão elaborados e fixados conforme os seguintes critérios:
a) promoção do desenvolvimento ambientalmente, socialmente e economicamente sustentável;
b) inclusão social, com redução das desigualdades regionais e sociais;
c) atendimento das funções sociais da cidade com melhoria da qualidade de vida urbana;
d) promoção do cumprimento da função social da propriedade;
e) promoção e defesa dos direitos fundamentais individuais e sociais de toda pessoa humana;
f) promoção de meio ambiente ecologicamente equilibrado e combate à poluição sob todas as suas formas;
g) universalização do atendimento dos serviços públicos municipais com observância das condições de
regularidade; continuidade; eficiência, rapidez e cortesia no atendimento ao cidadão; segurança; atualidade com
as melhores técnicas, métodos, processos e equipamentos; e modicidade das tarifas e preços públicos que
considerem diferentemente as condições econômicas da população.

§ 6º Ao final de cada ano, o Prefeito divulgará o relatório da execução do Programa de Metas, o qual será
disponibilizado integralmente pelos meios de comunicação previstos neste artigo.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Plano Diretor Estratégico
CF88 - Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
gerais fixadas em lei*, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bem- estar de seus habitantes.
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes,
é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

* Regulamentado pela Lei 10.257/2001 (Estatuto das Cidades)


Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e
expansão urbana.
§ 1º O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as
diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas.
§ 2º O plano diretor deverá englobar o território do Município como um todo.
§ 3º A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a cada dez anos.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Plano Diretor Estratégico
LOMS - Art. 150 - O Plano Diretor é o instrumento global e estratégico da política de desenvolvimento urbano e de
orientação de todos os agentes públicos e privados que atuam na cidade.
§ 1º - O Plano Diretor deve abranger a totalidade do território do Município, definindo as diretrizes para o uso do
solo e para os sistemas de circulação, condicionados às potencialidades do meio físico e ao interesse social,
cultural e ambiental.
§ 2º - Será assegurada a participação dos munícipes e suas entidades representativas na elaboração, controle e
revisão do Plano Diretor e dos programas de realização da política urbana.

Art. 151 - A propriedade urbana cumpre a sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no Plano Diretor e na legislação urbanística dele decorrente.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Plano Diretor Estratégico
Lei municipal 16.050, de 31 de julho de 2014, que orienta o desenvolvimento e o crescimento da cidade até 2029.
Elaborado com a participação da sociedade, direciona as ações dos produtores do espaço urbano, públicos ou
privados, para que o desenvolvimento da cidade seja feito de forma planejada e atenda às necessidades coletivas
de toda a população, visando garantir uma cidade mais moderna, equilibrada, inclusiva, ambientalmente
responsável, produtiva e, sobretudo, com qualidade de vida.

Art. 3º O Plano Diretor Estratégico orienta o planejamento urbano municipal e seus objetivos, diretrizes e
prioridades devem ser respeitados pelos seguintes planos e normas:
I - Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orçamentária Anual e o Plano de Metas;
II - Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, Planos Regionais das Subprefeituras, Planos de Bairros, planos
setoriais de políticas urbano-ambientais e demais normas correlatas.
Art. 4º Os objetivos previstos neste Plano Diretor devem ser alcançados até 2029.
Parágrafo único. O Executivo deverá encaminhar à Câmara Municipal proposta de revisão deste Plano Diretor, a ser
elaborada de forma participativa, em 2021.
Porém, devido às circunstâncias da pandemia, o prazo foi prorrogado até 31 de dezembro de 2022 (Lei 17.837 de
2022).
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Agenda Municipal 2030
A Agenda 2030 é uma agenda programática de desenvolvimento pactuada, em 2015,
pelos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), incluindo o Brasil.
Esse pacto incorpora e reafirma o assumido no ano 2000, para implementação dos
Objetivos do Milênio (ODM), e tem como missão estabelecer um horizonte concreto
para o avanço das políticas mundiais de superação da pobreza, da fome, da falta de
acesso a serviços básicos e dos desafios socioambientais. O Município de São Paulo
adotou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável como diretriz de
políticas públicas em âmbito municipal através da Lei 16.817, de 2 de fevereiro de 2018, de iniciativa do Legislativo.

Art. 1º Fica instituído o Programa Municipal de Implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável da Organização das Nações Unidas, subscrita pela República Federativa do Brasil, que tem por objetivo
fomentar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser implementados por todos os
países do mundo até o ano de 2030 para orientar políticas públicas para segurança alimentar e agricultura, saúde,
educação, redução das desigualdades e erradicação da pobreza, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis
de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos ecossistemas,
crescimento econômico inclusivo, infraestrutura e industrialização, governança, e meios de implementação.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Agenda Municipal 2030
Art. 14. Fica instituído o dever dos Poderes Executivo e Legislativo municipais de incluírem em seu planejamento
de políticas públicas todas as futuras atividades, iniciativas e intervenções governamentais que possam guardar
relação com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e as correlatas metas que compõem a Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável, incluindo-se a identificação dos correspondentes indicadores e elaboração de
relatórios correlatos.

A Lei Municipal prevê a instalação da Comissão Municipal para o Desenvolvimento Sustentável (Comissão
Municipal ODS), instância colegiada paritária de natureza consultiva e deliberativa, de composição intersecretarial,
para a efetivação do Programa. A partir de um processo seletivo, que teve duração de 6 meses, foram selecionadas
16 organizações (8 titulares e 8 suplentes) representantes da Sociedade Civil para comporem da Comissão
Municipal ODS no biênio 2020-2022. A Comissão tomou posse em 24 de julho de 2020.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Agenda Municipal 2030
A Agenda Municipal 2030 é o documento resultado desse trabalho, que reúne o conjunto de objetivos, metas e
indicadores para o Município de São Paulo propostos pela Comissão Municipal ODS em 2020.

Em 2021, por meio do Plano de Ação para Implementação da Agenda 2030, a Comissão propôs o conjunto de ações
de médio prazo a serem executadas pela Prefeitura de São Paulo entre 2021 e 2024, com vistas a garantir o
monitoramento anual e o avanço das metas e indicadores pactuados na Agenda Municipal 2030.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Agenda Municipal 2030
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Ciclo Orçamentário
CF 88 - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) - Art. 35 [...]
§ 2º - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as
seguintes normas:

I – o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato
presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício
financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.

II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento
do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa;
(O primeiro período da sessão legislativa não poderá ser interrompido até que o Congresso Nacional aprove o
projeto de LDO!)

III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do
exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Ciclo Orçamentário
Projeto de Lei PPA LDO LOA
Fluxo
Encaminhado ao Até 4 meses antes Até 8 meses e Até 4 meses antes
Legislativo do encerramento meio antes do do encerramento
do primeiro encerramento do do primeiro
exercício do exercício (15/04) exercício (31/08)
mandato do novo
Governante
(31/08)
Devolução ao Até o Até o Até o
Executivo encerramento da encerramento do encerramento da
sessão legislativa primeiro período sessão legislativa
(22/12) da sessão (22/12)
legislativa (17/07)
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Ciclo Orçamentário
LOMSP - Art. 138 – [...]
6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual serão enviadas pelo
Prefeito à Câmara Municipal, nos termos da lei, e nos seguintes prazos:
I - diretrizes orçamentárias: 15 de abril;
II - plano plurianual e orçamento anual: 30 de setembro.

§ 9º - O projeto de lei de diretrizes orçamentárias encaminhado à Câmara Municipal no prazo previsto no inciso I
do § 6º deste artigo será votado e remetido à sanção até 30 de junho.

§ 10 - O projeto de lei do plano plurianual encaminhado à Câmara Municipal no prazo previsto no inciso II do § 6º
deste artigo será votado e remetido à sanção até 31 de dezembro.

Art. 140 - Aplicar-se-á, para o ano subsequente, a lei orçamentária vigente, pelos valores de edição inicial,
monetariamente corrigidos pela aplicação de índice inflacionário oficial, caso o Legislativo, até 31 de dezembro,
não tenha votado a proposta de orçamento.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Ciclo Orçamentário
Prazos específicos para o Município de São Paulo, segundo a LOMSP:

Projeto de Lei PPA LDO LOA


Fluxo
Encaminhado ao 30/09 15/04 30/09
Legislativo
Devolução ao 31/12 30/06 Aplica-se a lei
Executivo orçamentária
vigente caso não
devolva até 31/12
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Ciclo Orçamentário
O ciclo orçamentário compreende o período em que são realizadas
as atividades relacionadas ao processo orçamentário. Divide-se nas Elaboração
fases ou etapas:

Elaboração: fase que ocorre no âmbito do Pode Executivo e tem Controle Aprovação
início após o envio da proposta orçamentária do período anterior
ao Legislativo.
Por exemplo, a elaboração do PLOA 2024 inicia-se após o envio do
PLOA 2023 ao Legislativo, que deve ocorrer até o dia 31/08. A Execução
elaboração do PLOA 2024 se estende de setembro de 2023 até o
31/08/2024.
Nessa fase são realizados as estimativas de receita e demais estudos
e trabalhos de planejamento para construção da peça orçamentária.
Aqui ocorrem os processos participativos com a sociedade civil, nos quais os cidadãos contribuem com propostas
de ações a serem executadas no exercício financeiro seguinte.
Lembrando!!! Os projetos de lei orçamentária são de iniciativa (competência exclusiva) do Executivo.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Ciclo Orçamentário
Aprovação: etapa em que o Congresso Nacional analisa o projeto de lei e faz sua contribuição, podendo propor
emendas parlamentares e rever metodologias de estimativa de receitas e parâmetros de projeção de despesas. A
fase inicia-se após receber o projeto de lei do Executivo (31/08) e perdura até o dia 22/12, período em que deve
aprovar e devolver ao Executivo.
CF88 - Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e
aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
comum.
§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente
pelo Presidente da República;

Após aprovado, o projeto de lei orçamentária retorna para o Executivo. O Chefe desse Poder tem até o último dia
do ano para sancionar ou vetar. Em caso de sanção, o projeto de lei se torna lei, e sua execução terá início no
primeiro dia do ano subsequente.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Ciclo Orçamentário
Execução: momento em que se coloca em prática aquilo que foi planejado. Os projetos e atividades são
transformados em produtos para a sociedade no decorrer do exercício financeiro.

LC 101 (LRF) - Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de
diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4º, o Poder Executivo estabelecerá a
programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

Durante a execução, se os valores previamente aprovados forem suficientes ou ocorrer a realização de despesas
não previstas inicialmente, a LOA poderá ser alterada de suplementações.

Vale destacar que o orçamento não é impositivo. É um instrumento de caráter autorizativo, não obriga o
Executivo a executar todas as despesas nele previstas.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Ciclo Orçamentário
Controle: fase na qual é analisada a aplicação de recursos, e assegura-se sua conformidade com as lei
orçamentárias. Apesar de estar presente ao final do fluxo, é uma fase que perpassa todas as outras, gerando
informações gerenciais e retroalimentando o fluxo do ciclo orçamentário. Estão previstas duas formas de
controle: interna e externa.

Importante observar que ciclo orçamentário e exercício financeiro não se confundem:


aquele é maior que este!
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Participação Social
LOMSP - Art. 143 - O Município organizará sua administração e exercerá suas atividades com base num processo
de planejamento, de caráter permanente, descentralizado e participativo, como instrumento de democratização
da gestão da cidade, de estruturação da ação do Executivo e orientação da ação dos particulares.
§ 1º - Considera-se processo de planejamento a definição de objetivos determinados em função da realidade local
e da manifestação da população, a preparação dos meios para atingi-los, o controle de sua aplicação e a avaliação
dos resultados obtidos.
§ 3º - É assegurada a participação direta dos cidadãos, em todas as fases do planejamento municipal, na forma
da lei, através das suas instâncias de representação, entidades e instrumentos de participação popular.

A participação social no planejamento público tem como objetivo democratizar a gestão pública. Com a gestão
compartilhada na construção de políticas públicas, almeja-se assegurar legitimidade, transparência e controle
social, introduzindo maior capacidade de responsabilização e conformidade com as reais necessidades da
população.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Participação Social
LOMSP - Art. 143 - O Município organizará sua administração e exercerá suas atividades com base num processo
de planejamento, de caráter permanente, descentralizado e participativo, como instrumento de democratização
da gestão da cidade, de estruturação da ação do Executivo e orientação da ação dos particulares.
§ 1º - Considera-se processo de planejamento a definição de objetivos determinados em função da realidade local
e da manifestação da população, a preparação dos meios para atingi-los, o controle de sua aplicação e a avaliação
dos resultados obtidos.
§ 3º - É assegurada a participação direta dos cidadãos, em todas as fases do planejamento municipal, na forma
da lei, através das suas instâncias de representação, entidades e instrumentos de participação popular.

A participação social no planejamento público tem como objetivo democratizar a gestão pública. Com a gestão
compartilhada na construção de políticas públicas, almeja-se assegurar legitimidade, transparência e controle
social, introduzindo maior capacidade de responsabilização e conformidade com as reais necessidades da
população.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Participação Social
Orçamento participativo é um instrumento de participação social que busca colocar o cidadão como participante
ativo do processo de alocações de recursos realizado por ocasião da elaboração da lei orçamentária. Nesse
processo, a população tem a oportunidade de discutir e decidir sobre orçamento e políticas públicas, apontar
necessidades para setores mais prementes e demonstrar em que áreas o setor público deve estabelecer suas
prioridades.

A participação social aproxima a gestão pública das reais demandas da sociedades, principalmente ao incorporar
os anseios da população de forma regionalizada.

O orçamento participativo possui ainda um viés pedagógico. Quando o Setor Público estimula a participação,
apresenta aos cidadãos a temática do orçamento público, cumprindo um papel educativo e reduzindo a
complexidade orçamentária para o público em geral. Assim o orçamento deixa de ser objeto apenas de
tecnicistas e pode passar a debatido no âmbito da comunidade.
Instrumentos de Planejamento e Orçamento
Participação Social
A Prefeitura de São Paulo implementa a participação social na elaboração de diversos instrumentos de
planejamento e orçamento, como o Plano Diretor Estratégico, Programa de Metas, Agenda Municipal 2030, Plano
Plurianual e Lei Orçamentária Anual. Essa participação pode ocorrer através de diversas formas, como audiências
públicas e plataformas online.

O Participe+ (participemais@prefeitura.sp.gov.br) é o canal de participação online da Cidade de São Paulo, que


proporciona um ambiente para a discussão e formulação de políticas públicas municipais de maneira colaborativa
entre população e governo. Para isso, disponibiliza três formatos de participação: consultas públicas, Orçamento
Cidadão e votações. A plataforma foi desenvolvida a partir de uma cooperação entre a Prefeitura de São Paulo e a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O Orçamento Cidadão é um processo participativo que possui o intuito de viabilizar a participação da sociedade
civil no processo de elaboração do orçamento e planejamento municipais. As audiências públicas do Projeto de
Lei Orçamentária Anual e, a cada quatro anos, do Projeto de Lei do Plano Plurianual, ocorrem nas 32
Subprefeituras. O processo participativo atende a dispositivos legais previstos no ordenamento jurídico, em
especial a Lei Orgânica do Município de São Paulo e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Aplicação e Abrangência
Lei Complementar 101, de 04 de maio de 2000.

Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal.

Atende ao disposto no Art. 163 da CF88, segundo o qual lei complementar disporá sobre:
I - finanças públicas;
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo
Poder Público;
III - concessão de garantias pelas entidades públicas;
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta;
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e
condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Aplicação e Abrangência
A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e
corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de
resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita,
geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de
crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Nas referências:
- à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos:
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o
Ministério Público;
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes;
- a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
- a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando
houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Lei de Diretrizes Orçamentárias
A LDO disporá sobre:

- equilíbrio entre receitas e despesas;

- critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses:


i. de a realização da receita não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal ao final
de um bimestre; e
ii. a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre.

- normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos
dos orçamentos;

- demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas;


Lei de Responsabilidade Fiscal
Lei de Diretrizes Orçamentárias
Segundo a LRF, integrarão ainda o projeto de lei de diretrizes orçamentárias:

1. Anexo de Metas Fiscais: estabelece metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas,
despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e
para os dois seguintes.

2. Anexo de Riscos Fiscais: avalia os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas,
informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Lei Orçamentária Anual
O projeto de lei orçamentária anual:

- conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e


metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da LDO;

- será acompanhado do demonstrativo regionalizado do efeito de benefícios de natureza financeira, tributária e


creditícia (§ 6o do art. 165 da CF88), bem como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao
aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;

- conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente
líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao atendimento de passivos
contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Lei Orçamentária Anual
- Constarão ainda na lei orçamentária anual:
a. todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as
atenderão;
b. o refinanciamento da dívida pública.

- Vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação
ilimitada.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Execução orçamentária
Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o
cronograma de execução mensal de desembolso.

Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das
metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério
Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de
empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

i. No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos
empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.

ii. Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente,
inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, as relativas à inovação e ao desenvolvimento
científico e tecnológico custeadas por fundo criado para tal finalidade e as ressalvadas pela lei de diretrizes
orçamentárias.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Receitas
Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva
arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Caso o ente não arrecade
os IMPOSTOS de sua competência, não poderá receber transferências voluntárias.
Lembrando que há 5 espécies de tributos: taxas, impostos, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios
e contribuições especiais.
Não poderá receber apenas transferências voluntárias: não afeta transferências legais e constitucionais.

As previsões de receita deverão considerar:


- as normas técnicas e legais,
- os efeitos das alterações na legislação,
- variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante.

Devem ser acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois
seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Receitas
O Poder Legislativo só poderá fazer reestimativa de receita se comprovar erro ou omissão de ordem técnica ou
legal.

O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de
capital constantes do projeto de lei orçamentária: Regra de Ouro. O objetivo é evitar que o governo tome
empréstimos para custear despesas correntes.

Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo,
em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de
combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem
como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Receitas
A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita
deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar
sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das
seguintes condições:

- demonstração de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, e de que não
afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;

- estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado, por meio do aumento de receita,
proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou
contribuição. Nesse caso, o benefício só entrará em vigor após implementadas as medidas de compensação.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Despesas
A geração de despesa ou assunção de obrigação serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao
patrimônio público quando não forem acompanhadas de:
1. estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois
subsequentes;
2. declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei
orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

A LRF traz o conceito de despesa obrigatória de caráter continuado como sendo a despesa corrente derivada de
lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução
por um período superior a dois exercícios.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Despesas com Pessoal
Despesa total com pessoal: somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os
pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder,
com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios,
proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens
pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de
previdência.

Os limites com despesa total de pessoal, em cada período de apuração, não poderão exceder o percentual da
receita corrente líquida conforme abaixo:
- União: 50%
- Estados: 60%
- Municípios: 60%.
Sendo que, a repartição do limite global para os municípios, não poderá ultrapassar os percentuais: 6% para o
Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver; e 54% para o Executivo.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Despesas com Pessoal
A verificação do cumprimento dos limites com despesa de pessoal será realizada ao final de cada quadrimestre.

Se a despesa total com pessoal exceder a 95% do limite, são vedados ao Poder ou órgão:
- concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração;
- criação de cargo, emprego ou função;
- alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
- provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal, ressalvada a reposição decorrente de
aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;
- contratação de hora extra.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Despesas com Pessoal
O percentual excedente deverá ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no
primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição.

As providências previstas são as seguintes:


I - redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e funções de confiança;
II - exoneração dos servidores não estáveis.

Se essas medidas não forem suficientes, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo
motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da
redução de pessoal.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Transparência, Controle e Fiscalização
São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios
eletrônicos de acesso público:
- PPA, LDO e LOA;
- prestações de contas e o respectivo parecer prévio;
- Relatório Resumido da Execução Orçamentária, o Relatório de Gestão Fiscal e as versões simplificadas desses
documentos.

A transparência será assegurada também mediante:


- incentivo à participação popular;
- realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão do PPA, LDO e LOA;
- liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações
pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; e
- adoção de sistema integrado de administração financeira e controle.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Transparência, Controle e Fiscalização
O Relatório Resumido da Execução Orçamentária abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público e será
publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre. Compõem o RREO:
- balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as receitas (realizadas e a realizar) e as
despesas (liquidada e o saldo);
- demonstrativos da execução das receitas (realizada no bimestre, realizada no exercício e previsão) e despesas
(dotação inicial, dotação para o exercício, empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício).

O RREO é um documento exigido pela CF88.


Art. 165. §3º. O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório
resumido da execução orçamentária.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Transparência, Controle e Fiscalização
O Relatório de Gestão Fiscal será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos ao final de cada quadrimestre
(também em até 30 dias), e conterá:
- comparativo com os limites de que trata a LRF da relacionados a despesa total com pessoal, dívidas consolidada
e mobiliária, concessão de garantias e operações de crédito;
- indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer desses limites;
- demonstrativos do montante das disponibilidades de caixa e de inscrição em Restos a Pagar.

O RGF é um relatório exigido pela LRF.

O descumprimento dos prazos do RREO e do RGF impedirá, até que a situação seja regularizada, que o Poder ou
órgão receba transferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao pagamento da
dívida mobiliária.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Transparência, Controle e Fiscalização
A prestação de contas evidenciará o desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando as
providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação de
créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas
tributárias e de contribuições.

As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, as quais receberão parecer prévio,
separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Princípios
A LRF destaca três princípios: o Princípio do Equilíbrio, o Princípio da Transparência e o Princípio do
Planejamento.

Princípio do Equilíbrio
O equilíbrio das contas públicas abrange o equilíbrio durante a execução orçamentária, indo além da relação de
estática entre receitas e despesas. A LRF preconiza o equilíbrio fiscal através do cumprimento e obediência a
limites de diversas variáveis.

Dentre outras previsões, estabelece metas anuais relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e
montante da dívida pública; estimativa do impacto orçamentário-financeiro em caso concessão de benefícios
tributários; estimativa de impacto para geração de despesas, criando limites para a despesa total com pessoal e
exigindo fonte de custeio total para despesas com Seguridade Social.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Princípios
Princípio da Transparência
A transparência é abordada com destaque na Lei, que possui um capítulo exclusivo para o tema. São apontadas
formas de incentivo à participação popular, como a realização de audiências públicas na elaboração do PPA, LDO
e LOA, assim como determina a ampla divulgação pelo Poder Público de informações em relatórios periódicos.

Segundo esse princípio, não basta apenas a divulgação de informações. Elas precisam ser claras, compreensíveis,
precisas, tempestivas, de modo a evidenciar a situação econômico-financeira do ente público. A transparência
deve alcançar o cidadão comum, tanto no que que se refere à disponibilidade e ao acesso, quanto à tradução dos
dados em informações de fácil entendimento.
Lei de Responsabilidade Fiscal
Princípios
Princípio do Planejamento
A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente. A LRF destaca que a
administração dos recursos públicos deve ocorrer de maneira planejada. A Lei não apenas cita os planos
consagrados pela Constituição Federal, como amplia as exigências que aumentem o controle fiscal e a integração
entre os instrumentos.

Ressalte-se a ênfase à Lei de Diretrizes Orçamentárias como importante instrumento orientador do orçamento,
direcionando prioridades, estabelecendo metas e sinalizando riscos fiscais. Destaca ainda a fiscalização no
processo de planejamento, com acompanhamento e avaliação permanente da política e operacionalidade da
gestão fiscal.
Controles Interno e Externo
Controle
O controle é parte importante do ciclo de planejamento. Possui ao menos duas dimensões.

A primeira está relacionada à fiscalização dos atos praticados pela Administração, com o intuito de verificar a
conformidade em relação à legalidade e efetividade do resultado que se pretendia por ocasião do planejamento.
Pressupõe a regulamentação das atividades a serem realizadas e aspectos quantificáveis, como metas e
indicadores, a partir dos quais seja possível a avaliação.

A segunda refere-se à identificação de falhas no processo de planejamento e execução, que devem ser corrigidos
com o objetivo de se aprimorar a prestação do serviço público. Nesse sentido, o controle gera informações
gerenciais fundamentais para realimentação do ciclo de planejamento.
Controles Interno e Externo
Controle
Quanto ao momento, o controle pode ser preventivo (a priori), concomitante ou posterior (a posteriori).
Controle preventivo: ocorre antes da prática do ato. Evita que o ato possa causar danos ao patrimônio ou possa
prejudicar o desempenho de políticas públicas.

Controle concomitante: acontece durante o curso do ato. A divulgação de relatórios de execução e gestão são
instrumentos que permitem o controle da prática de atos administrativos durante sua execução.

Controle posterior: esse tipo de controle analisa os atos após a sua realização. Os órgão de controle, nesse caso,
verificam a conformidade das ações praticadas com o propósito de corrigir ou desfazê-las.
Controles Interno e Externo
Controles Interno e Externo
Quanto ao alcance, o controle pode ser interno ou externo.
O controle interno é realizado no âmbito da estrutura do próprio órgão, que possui autonomia para exercer o
autocontrole. A Administração Pública realiza o controle administrativo dos atos de seus próprios agentes.

Já no controle externo, a fiscalização é feita por órgão ou entidade que se encontra fora da estrutura do órgão
sob avaliação. Esse tipo de controle é exercido pelo Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas.

CF 88 - Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial (COFOP) da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada Poder.

LOMSP - Art. 47 – [...] será exercida pela Câmara Municipal, mediante controle externo e pelo sistema de
controle interno dos Poderes Executivo e Legislativo.
Controles Interno e Externo
Controle Interno
LOMSP - Art. 53 - Os Poderes Executivo e Legislativo manterão, de forma integrada, sistema de controle interno,
com a finalidade de:
I - avaliar o adequado cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos do Município;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados quanto à eficácia e à eficiência da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial dos órgãos da administração direta e indireta, bem como de aplicação de recursos
públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres do
Município;
IV - apoiar o controle externo, no exercício de sua missão institucional, o qual terá acesso a toda e qualquer
informação, documentos ou registro que repute necessários para o cumprimento de sua função;
V - organizar e executar, por iniciativa própria ou por solicitação do Tribunal de Contas do Município,
programação trimestral de auditorias contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial nas
unidades administrativas sob seu controle.
Controles Interno e Externo
Controle Interno
O Órgão Central do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo da PMSP é a Controladoria Geral do
Município. O órgão atua para prevenir e combater a corrupção na gestão municipal, garantir a defesa do
patrimônio público, promover a transparência e a participação social e contribuir para a melhoria da qualidade
dos serviços públicos.

Criada pela Lei 15.764/2013, possui entre suas atribuições:


Art. 119. Compete à Controladoria Geral do Município assistir, direta e imediatamente, o Prefeito no
desempenho de suas atribuições quanto aos assuntos e providências que, no âmbito do Poder Executivo, sejam
atinentes à defesa do patrimônio público, ao controle interno, à auditoria pública, à correição, à prevenção e ao
combate à corrupção, às atividades de ouvidoria, a promoção da ética no serviço público, o incremento da
moralidade e da transparência e o fomento ao controle social da gestão, no âmbito da Administração Municipal.
Art. 120. As competências da Controladoria Geral do Município se estendem, no que couber, às entidades
privadas de interesse público incumbidas, ainda que transitória e eventualmente, da administração ou gestão de
receitas públicas em razão de convênio, termo de parceria, termo de cooperação, contrato de gestão ou
quaisquer outros instrumentos de parceria.
Controles Interno e Externo
Controle Externo
CF88 - Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle
externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
§ 1º. O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados
ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
O Município de São Paulo possui Tribunal de Contas do Município.
O Tribunal de Contas é órgão com autonomia administrativa e financeira. Auxiliam o Poder Legislativo, mas estão
subordinados a qualquer Poder.

§ 4º. É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais.


É vedada a criação, mas como o Tribunal de Contas do Município já existia antes do advento da Constituição,
permanece. Os únicos municípios que possuem tribunal de contas são Rio de Janeiro e São Paulo.
Controles Interno e Externo
Controle Externo
LOMSP - Art. 48 - O controle externo, a cargo da Câmara Municipal, será exercido com o auxílio do Tribunal de
Contas do Município de São Paulo, ao qual compete:
- apreciar contas prestadas anualmente pelo Prefeito (apreciar, não julgar!), pela Mesa da Câmara e pelo próprio
Tribunal, que serão apresentadas obrigatoriamente até 31 de março de cada exercício, mediante parecer prévio
informativo, que deverá ser elaborado e enviado à Câmara Municipal no prazo máximo de 120 dias, contados da
data de seu recebimento, já incluídos nesse prazo eventuais diligências e apreciação definitiva de recursos
administrativos.
- apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a
das concessões de aposentadorias e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório;
- realizar, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo e Executivo e nas demais entidades, inspeções e
auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, por iniciativa própria e,
ainda, quando forem solicitadas;
a) pela Câmara Municipal, por qualquer de suas Comissões;
Controles Interno e Externo
Controle Externo
b) por cidadãos que subscreverem requerimento de pelo menos 1% eleitorado do Município;
- fiscalizar a aplicação de recursos de qualquer natureza, repassados ao Município, pela União, pelo Estado, ou
qualquer outra entidade, mediante convênio, acordo, ajuste e outros instrumentos congêneres;
- manifestar-se, no prazo de 30 dias, sobre os empréstimos a serem contraídos pelo Município quando for
solicitado pela Câmara Municipal;
- prestar informações solicitadas pela Câmara Municipal por suas Comissões ou lideranças partidárias, sobre a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre os resultados de auditorias e
inspeções que tenham sido realizadas;
- aplicar aos responsáveis as sanções previstas em lei, em caso de ilegalidade de procedimento no que tange às
receitas, despesas ou irregularidades das contas;
- assinalar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei,
sob pena de incidir nas sanções legais cabíveis pela desobediência.
- sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara Municipal, em prazo
não superior a 15 dias;
- representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
Responsabilização e Prestação de Contas

A responsabilização e prestação de contas remete ao termo accountability. Essa expressão, de difícil tradução
para o português, está relacionado a controle, fiscalização, responsabilização, prestação de contas e
transparência.

LOMSP - Art. 47 [...]


§ 1º - Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, de direito público ou de direito privado, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou pelas quais o Município responda,
ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária (AAGGU).

Podemos destacar duas formas de responsabilização:


Responsabilização administrativa: é a forma de responsabilização apurada no âmbito interno, e para a qual
podem ser atribuídas sanções impostas pela autoridade administrativa, como sanções disciplinares.
Responsabilização civil: esse tipo de responsabilização que o obriga implica no dever de reparação de danos
causados a terceiros por ação ou omissão do agente público.
Art. 37. [...] § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

CONGRESSO NACIONAL. Glossário de Termos Orçamentários. https://www25.senado.leg.br/web/congresso/legislacao-e-publicacoes/glossario-orçamentário.

ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚLICA. Introdução ao Orçamento Público. Brasília, 2017.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Plano Plurianual – PPA. http://www.ppa.sp.gov.br/ppa2023/Oque.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA. Orçamento Público. https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/planejamento-e-orcamento/orçamento.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Participe Mais. https://participemais.prefeitura.sp.gov.br/.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Prestação de Contas Públicas – Orçamento. https://orcamento.sf.prefeitura.sp.gov.br/orcamento/.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Apresentação - Controladoria Geral do Município.


https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/controladoria_geral/a_cgm/index.php?p=142874.

SÃO PAULO. PREFEITURA. Agenda Municipal 2030. Comissão Municipal ODS, 2020.

SÃO PAULO. PREFEITURA. Lei Orgânica do Município de São Paulo. Câmara Municipal, 2022.

SÃO PAULO. PREFEITURA. Programa de metas 2021-2024: versão final participativa. Secretaria de Governo Municipal, 2021.

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