O documento discute a incorporação da subjetividade nas políticas públicas de saúde no Brasil. Aborda três usos principais da noção de sujeito na literatura da saúde coletiva e como a Política Nacional de Promoção da Saúde busca estimular uma cultura de alimentação saudável e solidariedade social.
Descrição original:
Subjetividade e políticas públicas no Brasil: o caso da saúde pública. 2ª ed. Fazzi & Lima. Campos das Ciências Sociais. Petrópolis: Vozes.
João Leite Ferreira Neto - Resumo
O documento discute a incorporação da subjetividade nas políticas públicas de saúde no Brasil. Aborda três usos principais da noção de sujeito na literatura da saúde coletiva e como a Política Nacional de Promoção da Saúde busca estimular uma cultura de alimentação saudável e solidariedade social.
O documento discute a incorporação da subjetividade nas políticas públicas de saúde no Brasil. Aborda três usos principais da noção de sujeito na literatura da saúde coletiva e como a Política Nacional de Promoção da Saúde busca estimular uma cultura de alimentação saudável e solidariedade social.
Organização mundial da saúde tem tomado como pauta fundamental a prevenção e a
promoção da saúde, voltando-se para promover “estilos de vida saudáveis”, o que demanda o envolvimento direto dos sujeitos. Busca-se, desde então, uma gestão dos estilos de vida de indivíduos e coletivos. A presença incisiva do tema da subjetividade Mesmo reconhecendo os governos como agentes maiores da política, outros atores sociais tem um protagonismo não negligenciável, tanto na formulação quanto na implementação das políticas públicas. Mediar entre ganhos de eficiência e a necessidade de envolver cidadãos e comunidades, mesmo a custa de algum grau de eficiência. Governos poderem fazer leis relacionadas a saúde pública, prevenção e proteção ambiental. Contudo, as escolhas das pessoas em sua conduta em casa, no trabalho, nas famílias e nas comunidades são os principais contribuintes para a saúde coletiva, para a segurança publica ou para um meio ambiente saudável. Subjetividade não como identidade, mas sob o signo da diferença e da mudança, dentro de uma perspectiva sociopolítica. Sujeito não é uma substancia, mas uma forma, sempre diversa. Essa dupla acepção da subjetividade como assujeitamento e como pratica de liberdade, compõe dois eixos importantes na introdução do tem nas politicas no brasil. Pensar o sujeito não apenas como submetido a estrutura, mas também como possuindo uma dimensão de agencia. Subjetivação Este trabalho, é realizado como atividade de si para consigo, e interação com um conjunto de elementos que o envolvem e o atravessam. Tanto na subjetivação assujeitada quanto na autônoma há um tipo próprio de relação com normas extraídas da cultura. Existem duas diferentes modalidades de relações com as normas, a primeira, recebendo-as acriticamente como exercício de um poder disciplinar, e, a segunda, interagindo criticamente com elas, utilizando-as reflexivamente. Ou seja, não se trata de pensar praticas de liberdade na ausência ou na recusa de normas, mas no seu uso autônomo e reflexivo. O sujeito se constitui através das praticas de sujeição (assujeitamento) ou, de uma maneira mais autônoma, através das práticas de liberação, de liberdade, a partir, obviamente, de um certo número de regras, de estilos, de convenções que podemos encontrar no meio cultural. Diferenciação entre subjetividade tomada como assujeitamento e a subjetividade como atitude critica ou pratica de si. A pratica de si não consiste em trabalho eminentemente intraindividual, mas também envolve dimensões coletivas e institucionais na cultura. Subjetividade não deveria ser estudada apenas sob um viés disciplinar especifico, mas mediante uma empreitada interdisciplinar.
O tema da subjetividade na saúde coletiva
Retorno do sujeito como necessário, como ator das reformas, como participe, para empreende-las ou para desvia-las. Reforma sanitária incorporação da dimensão social ao pensamento sanitário. Superar o modelo exclusivamente biologicista, na direção de uma compreensão da saúde que contemple seus determinantes sociais. Tendeu a subestimar a importância dos sujeitos na construção do cotidiano e da vida institucional. Uso da subjetividade na literatura da saúde coletiva: a ação social dos sujeitos coletivos, a intersubjetividade no cuidado e na gestão, e a produção de autonomia em indivíduos e coletivos. Buscando valorizar a noção de sujeito como agente de mudanças. Ou seja, em seu protagonismo, é a contraposição a estrutura e ao determinismo. Esta se constitui como primeiro uso identificado da noção de sujeito na saúde coletiva. 1 uso: processo coletivo de transformação social, da ação social de sujeitos políticos que formulam e produzem o projeto da reforma sanitária. Segundo uso: implementação do sus o primeiro uso mostrou-se insuficiente para atender aos valores do sus, especialmente o da integralidade das práticas. Tratava-se de defender, antes de tudo, que as práticas em saúde fossem sempre intersubjetivas, nas quais os profissionais de saúde se relacionassem com seus pacientes na condição de sujeitos, e não como sendo objetos. Humanização apresentava, como um de seus três princípios, a indissociabilidade entre atenção e gestão, entendida como associação inseparável entre os modos de cuidar e os modos de gerir, entre clínica e política, e entre produção de saúde e produção de sujeito. Terceiro uso: preconiza a importância da produção de autonomia em indivíduos e coletivos. Associada a ideias como protagonismo, empoderamento e participação. Pensar o estado, na figura dos servidores públicos, como o empoderador dos que demandam a assistência publica, ideário bastante naturalizado nas políticas públicas, deve receber uma análise mais crítica. Avaliação do caráter tutelar das politicas e o esforço de se efetivar um politica que favoreça a produção de autonomia individual e coletiva. Autonomia pode ser traduzida em um processo de co-constituição de maior capacidade dos sujeitos de compreenderem e agirem sobre si mesmos se sobre o contexto conforme objetivos democraticamente estabelecidos Autonomia: processo dinâmico, cuja perenidade não está garantida. Ela se expressa também na capacidade dos sujeitos de lidarem com sua rede de dependências. Assim, incluem-se o conjunto de serviços de saúde e de redes sociais a que ele tem acesso, fortalecendo a co-constituição de capacidades. Parece-nos que os segundo e terceiro usos possuem maior influencia na introdução do tema da subjetividade nas políticas nacionais de saúde a partir de 2003, enquanto o primeiro uso foi hegemônico durante o início do movimento da reforma sanitária brasileira, na fase que antecedeu sua institucionalização. Estão preocupadas com a dimensão de agencia, de protagonismo, dos sujeitos protagonizando, na participação e na utilização do sus. A subjetividade na política nacional de promoção da saúde
Politica nacionais de humanização (PNH) e da politica nacional de promoção da saúde
(PNPS) Transformação do modelo de atenção através da promoção da saúde. O Brasil vivia sua transição epidemiológica com a diminuição da mortalidade por doenças infecciosas e o aumento por doenças crônicas não transmissíveis apresentando estatísticas sociais e epidemiológicas Os comportamentos e os hábitos de vida dos sujeitos Nesse sentido, sistematizam um insistente repudio a tese de que a promoção da saúde lida com estilos de vida. Em que a população perde de vista o que é uma vida saudável. Defendem que os modos de viver em detrimentos dos estilos de vida, não se referem apenas ao exercício da vontade e/ou liberdade individual e comunitária, mas envolvem forças políticas, econômicas, afetivas e sociais. Estratégia global para alimentação, atividade física e saúde. Crescimento global das doenças crônicas não transmissíveis. No brasil elas são responsáveis por 69% dos gastos com atenção à saúde no sus. Foco estratégico deveria se firmar na prevenção e no controle dos fatores de risco modificáveis. A alimentação pouco saudável e a falta de atividade física são, pois, as principais causas das doenças não transmissíveis mais importantes. Estimular uma cultura de alimentação saudável e uma cultura da paz junto à população. A noção de qualidade de vida tem se tornado, na literatura, o objetivo primário da promoção da saúde e, por vezes, seu sinônimo. Nas sociedades democráticas, as politicas publicas necessitam do envolvimento voluntário dos cidadãos para que possam atingir sua efetividade. Indissociabilidade entre produção de saúde e produção de subjetividades, mais ativas, criticas, envolvidas e solidárias. Ideias de envolvimento e do laço coletivo solidário Faz, portanto, um contraponto ao individualismo crescente nas sociedades contemporâneas, apontando a solidariedade como experiencia subjetiva a ser fortalecida. Produção de subjetividade. Essa produção ocorre mediante a concorrência de múltiplas instancias, individuais, coletivas, familiares, institucionais, tecnológicas, sociais, culturais, econômicas, entre outras. Politica isoladamente não é e nem será o fator decisivo de produção de subjetividades, ainda que possa ser um de seus vetores. Por conseguinte, a produção de subjetividades “ativas, criticas, envolvidas e solidárias” tem, na PNPS, uma das instancias para favorece-la, mas é a concorrência de múltiplas instancias, com cada qual portando diferentes pesos e intensidades, que conduzirá ao surgimento de novos sujeitos. A mudança subjetiva ampla exige a concorrência de mudanças sociais mais amplas, juntamente com o envolvimento dos próprios sujeitos.