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SUBJETIVIDADE E POLITICAS PUBLICAS

 Organização mundial da saúde tem tomado como pauta fundamental a prevenção e a


promoção da saúde, voltando-se para promover “estilos de vida saudáveis”, o que
demanda o envolvimento direto dos sujeitos. Busca-se, desde então, uma gestão dos
estilos de vida de indivíduos e coletivos.
 A presença incisiva do tema da subjetividade
 Mesmo reconhecendo os governos como agentes maiores da política, outros atores
sociais tem um protagonismo não negligenciável, tanto na formulação quanto na
implementação das políticas públicas.
 Mediar entre ganhos de eficiência e a necessidade de envolver cidadãos e
comunidades, mesmo a custa de algum grau de eficiência.
 Governos poderem fazer leis relacionadas a saúde pública, prevenção e proteção
ambiental. Contudo, as escolhas das pessoas em sua conduta em casa, no trabalho,
nas famílias e nas comunidades são os principais contribuintes para a saúde coletiva,
para a segurança publica ou para um meio ambiente saudável.
 Subjetividade não como identidade, mas sob o signo da diferença e da mudança,
dentro de uma perspectiva sociopolítica.
 Sujeito não é uma substancia, mas uma forma, sempre diversa.
 Essa dupla acepção da subjetividade como assujeitamento e como pratica de
liberdade, compõe dois eixos importantes na introdução do tem nas politicas no brasil.
 Pensar o sujeito não apenas como submetido a estrutura, mas também como
possuindo uma dimensão de agencia.
 Subjetivação
 Este trabalho, é realizado como atividade de si para consigo, e interação com um
conjunto de elementos que o envolvem e o atravessam.
 Tanto na subjetivação assujeitada quanto na autônoma há um tipo próprio de relação
com normas extraídas da cultura. Existem duas diferentes modalidades de relações
com as normas, a primeira, recebendo-as acriticamente como exercício de um poder
disciplinar, e, a segunda, interagindo criticamente com elas, utilizando-as
reflexivamente. Ou seja, não se trata de pensar praticas de liberdade na ausência ou
na recusa de normas, mas no seu uso autônomo e reflexivo.
 O sujeito se constitui através das praticas de sujeição (assujeitamento) ou, de uma
maneira mais autônoma, através das práticas de liberação, de liberdade, a partir,
obviamente, de um certo número de regras, de estilos, de convenções que podemos
encontrar no meio cultural.
 Diferenciação entre subjetividade tomada como assujeitamento e a subjetividade
como atitude critica ou pratica de si.
 A pratica de si não consiste em trabalho eminentemente intraindividual, mas também
envolve dimensões coletivas e institucionais na cultura.
 Subjetividade não deveria ser estudada apenas sob um viés disciplinar especifico, mas
mediante uma empreitada interdisciplinar.

O tema da subjetividade na saúde coletiva


 Retorno do sujeito como necessário, como ator das reformas, como participe, para
empreende-las ou para desvia-las.
 Reforma sanitária  incorporação da dimensão social ao pensamento sanitário.
Superar o modelo exclusivamente biologicista, na direção de uma compreensão da
saúde que contemple seus determinantes sociais.
 Tendeu a subestimar a importância dos sujeitos na construção do cotidiano e da vida
institucional.
 Uso da subjetividade na literatura da saúde coletiva: a ação social dos sujeitos
coletivos, a intersubjetividade no cuidado e na gestão, e a produção de autonomia em
indivíduos e coletivos.
 Buscando valorizar a noção de sujeito como agente de mudanças. Ou seja, em seu
protagonismo, é a contraposição a estrutura e ao determinismo. Esta se constitui
como primeiro uso identificado da noção de sujeito na saúde coletiva.
 1 uso: processo coletivo de transformação social, da ação social de sujeitos políticos
que formulam e produzem o projeto da reforma sanitária.
 Segundo uso: implementação do sus  o primeiro uso mostrou-se insuficiente para
atender aos valores do sus, especialmente o da integralidade das práticas. Tratava-se
de defender, antes de tudo, que as práticas em saúde fossem sempre intersubjetivas,
nas quais os profissionais de saúde se relacionassem com seus pacientes na condição
de sujeitos, e não como sendo objetos. Humanização apresentava, como um de seus
três princípios, a indissociabilidade entre atenção e gestão, entendida como
associação inseparável entre os modos de cuidar e os modos de gerir, entre clínica e
política, e entre produção de saúde e produção de sujeito.
 Terceiro uso: preconiza a importância da produção de autonomia em indivíduos e
coletivos. Associada a ideias como protagonismo, empoderamento e participação.
 Pensar o estado, na figura dos servidores públicos, como o empoderador dos que
demandam a assistência publica, ideário bastante naturalizado nas políticas públicas,
deve receber uma análise mais crítica. Avaliação do caráter tutelar das politicas e o
esforço de se efetivar um politica que favoreça a produção de autonomia individual e
coletiva.
 Autonomia pode ser traduzida em um processo de co-constituição de maior
capacidade dos sujeitos de compreenderem e agirem sobre si mesmos se sobre o
contexto conforme objetivos democraticamente estabelecidos
 Autonomia: processo dinâmico, cuja perenidade não está garantida.
 Ela se expressa também na capacidade dos sujeitos de lidarem com sua rede de
dependências. Assim, incluem-se o conjunto de serviços de saúde e de redes sociais a
que ele tem acesso, fortalecendo a co-constituição de capacidades.
 Parece-nos que os segundo e terceiro usos possuem maior influencia na introdução do
tema da subjetividade nas políticas nacionais de saúde a partir de 2003, enquanto o
primeiro uso foi hegemônico durante o início do movimento da reforma sanitária
brasileira, na fase que antecedeu sua institucionalização.
 Estão preocupadas com a dimensão de agencia, de protagonismo, dos sujeitos
protagonizando, na participação e na utilização do sus.
A subjetividade na política nacional de promoção da saúde

 Politica nacionais de humanização (PNH) e da politica nacional de promoção da saúde


(PNPS)
 Transformação do modelo de atenção através da promoção da saúde.
 O Brasil vivia sua transição epidemiológica com a diminuição da mortalidade por
doenças infecciosas e o aumento por doenças crônicas não transmissíveis
apresentando estatísticas sociais e epidemiológicas
 Os comportamentos e os hábitos de vida dos sujeitos
 Nesse sentido, sistematizam um insistente repudio a tese de que a promoção da saúde
lida com estilos de vida. Em que a população perde de vista o que é uma vida saudável.
Defendem que os modos de viver em detrimentos dos estilos de vida, não se referem
apenas ao exercício da vontade e/ou liberdade individual e comunitária, mas
envolvem forças políticas, econômicas, afetivas e sociais.
 Estratégia global para alimentação, atividade física e saúde.
 Crescimento global das doenças crônicas não transmissíveis. No brasil elas são
responsáveis por 69% dos gastos com atenção à saúde no sus. Foco estratégico
deveria se firmar na prevenção e no controle dos fatores de risco modificáveis.
 A alimentação pouco saudável e a falta de atividade física são, pois, as principais
causas das doenças não transmissíveis mais importantes.
 Estimular uma cultura de alimentação saudável e uma cultura da paz junto à
população. A noção de qualidade de vida tem se tornado, na literatura, o objetivo
primário da promoção da saúde e, por vezes, seu sinônimo.
 Nas sociedades democráticas, as politicas publicas necessitam do envolvimento
voluntário dos cidadãos para que possam atingir sua efetividade.
 Indissociabilidade entre produção de saúde e produção de subjetividades, mais ativas,
criticas, envolvidas e solidárias.
 Ideias de envolvimento e do laço coletivo solidário
 Faz, portanto, um contraponto ao individualismo crescente nas sociedades
contemporâneas, apontando a solidariedade como experiencia subjetiva a ser
fortalecida.
 Produção de subjetividade. Essa produção ocorre mediante a concorrência de
múltiplas instancias, individuais, coletivas, familiares, institucionais, tecnológicas,
sociais, culturais, econômicas, entre outras.
 Politica isoladamente não é e nem será o fator decisivo de produção de subjetividades,
ainda que possa ser um de seus vetores. Por conseguinte, a produção de
subjetividades “ativas, criticas, envolvidas e solidárias” tem, na PNPS, uma das
instancias para favorece-la, mas é a concorrência de múltiplas instancias, com cada
qual portando diferentes pesos e intensidades, que conduzirá ao surgimento de novos
sujeitos. A mudança subjetiva ampla exige a concorrência de mudanças sociais mais
amplas, juntamente com o envolvimento dos próprios sujeitos.

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