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A obra "Sociologia Aplicada à Enfermagem" escrita por Eunice Almeida da Silva,

destaca a importância da sociologia na prática da enfermagem e como ela influencia a relação


entre profissionais de saúde e pacientes. Discuti questões como a influência dos determinantes
sociais da saúde, a compreensão das necessidades e expectativas dos pacientes dentro de um
contexto sociocultural, e como a profissão de enfermagem está inserida em sistemas de saúde
complexos.
No campo da saúde, a sociologia desempenha um papel fundamental, uma vez que a
enfermagem e outras profissões da área médica lidam diretamente com pessoas e
comunidades. Compreender as dinâmicas sociais, as estruturas de poder e as diferenças
culturais é essencial para prestar cuidados de saúde eficazes e sensíveis. A enfermagem não se
limita apenas a conhecimentos técnicos; ela é também uma disciplina social. A relação entre
profissionais de saúde e pacientes é profundamente influenciada pelo contexto social em que
ocorre.
Portanto, a sociologia aplicada à enfermagem é uma ferramenta valiosa para aprimorar
a qualidade do atendimento e promover uma abordagem holística e compassiva à saúde.

1. ANÁLISE CRÍTICA DO TRECHO DA OBRA

A sociologia surgiu no final do século XVIII e início do XIX na Europa como uma
resposta às transformações sociais que caracterizaram a modernidade, uma era marcada pela
expansão do sistema capitalista e por mudanças profundas em diversas esferas da sociedade.
Dois dos principais fundadores da sociologia, Augusto Comte e Émile Durkheim,
estavam preocupados com a desagregação social do século XIX. Para eles, a manutenção da
ordem era crucial para evitar o colapso da sociedade, e suas obras refletiam a noção de
progresso social por meio do controle e da manutenção social.
Karl Marx, outro influente teórico da sociologia, concentrou-se em compreender o
capitalismo em sua fase de criação e desenvolvimento. Utilizou o materialismo histórico
como método de análise, examinando o desenvolvimento das sociedades com base nas
condições materiais dos indivíduos.
Marx desempenhou um papel crucial na sociologia ao examinar as relações entre as
classes sociais, destacando a divisão entre proprietários dos meios de produção e a classe
trabalhadora. A formação da ciência moderna ocorreu em um período de grandes avanços,
como a invenção do microscópio no século XIX
A obra em questão aborda a evolução do pensamento científico, particularmente no
contexto da medicina e da saúde, criticando a abordagem fragmentada e reducionista que
predominou por muito tempo na ciência moderna. O autor argumenta que a ciência moderna
foi organizada de acordo com limites preestabelecidos em cada área, o que resultou em uma
desarticulação entre essas áreas. Cada disciplina se especializou em seu próprio campo, o que
levou a uma visão fragmentada da realidade.
A autora observa que essa fragmentação afetou também a medicina e as ciências da
saúde, onde o corpo humano foi dividido em partes, cada uma delas sendo objeto de estudo de
uma especialidade diferente. Isso levou a uma abordagem reducionista da saúde e da doença,
onde o foco estava apenas na dimensão biológica do ser humano. Essa abordagem limitada
não considerava os aspectos sociais e psicológicos que também desempenham um papel
fundamental na saúde e na doença. Os avanços na epidemiologia social destacaram a
importância dos determinantes sociais da saúde e da doença. Esses estudos mostraram que a
saúde e a doença são influenciadas por uma série de fatores sociais, econômicos e culturais,
além dos aspectos biológicos, tanto a saúde quanto a doença são partes de um mesmo
processo, complexo e interligado, que envolve múltiplos fatores sociais.
A obra ressalta a transição da abordagem reducionista da saúde e da doença para uma
perspectiva mais holística e integrativa, que reconhece a importância dos aspectos sociais e
culturais na compreensão da saúde humana. Essa mudança de paradigma é vista como uma
evolução necessária na ciência da saúde, que busca uma compreensão mais completa e
abrangente do ser humano e de sua relação com a saúde e a doença.
A articulação entre saúde e sociedade, segundo o autor, possibilita que a sociologia
ofereça explicações sobre os impactos das doenças endêmicas e epidêmicas na sociedade.
Além disso, essas abordagens sociológicas auxiliam na elaboração e implementação de
políticas de saúde, incluindo educação, prevenção e promoção da saúde nas comunidades.
A perspectiva sociológica também é vista como um contraponto ao entendimento
simplista da doença, que a considera causada apenas por agentes etiológicos. Em vez disso, a
sociologia promove uma visão multicausal, destacando a influência de fatores sociais,
econômicos, políticos e ambientais na saúde e na doença.
Outro ponto enfatizado é a compreensão do processo saúde-doença como uma
construção social, ou seja, algo que reflete a realidade social, econômica, política, cultural e
ambiental de cada indivíduo. A visão da saúde varia de pessoa para pessoa, dependendo de
diversos fatores, como época, local, classe social, valores individuais e coletivos, crenças
religiosas e filosóficas, entre outros.
A autora também ressalta que o conhecimento sociológico é relevante em todas as
áreas da saúde, uma vez que todos os indivíduos são membros de uma sociedade e estão
inseridos em relações sociais. Compreender o funcionamento da sociedade, seus mecanismos
de poder e exclusão, contribui para a formação crítica dos profissionais da saúde.
Uma visão positiva da contribuição da sociologia para o entendimento da saúde,
destacando sua importância na análise dos fatores sociais que moldam a saúde e a doença,
bem como na formulação de políticas de saúde mais abrangentes e sensíveis à realidade
social. A abordagem sociológica é vista como essencial para uma compreensão holística da
saúde humana e para a formação crítica dos profissionais da saúde.
O contexto das décadas de 1970 e 1980 no Brasil, destacando a necessidade de
reformas na área da saúde. O autor argumenta que essas reformas foram uma resposta à crise
geral que afetou a sociedade brasileira na época, juntamente com mudanças estruturais de
alcance global, como a globalização econômica e a revolução microeletrônica. O autor afirma
que, nesse período, foram implementados serviços de saúde que visavam descentralizar o
sistema e buscar a universalização com o apoio estatal.
É evidenciado que essas ações foram resultado de reivindicações de setores
organizados da sociedade. Algumas das iniciativas mencionadas incluem as Ações Integradas
de Saúde (AIS), a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que apresentou o projeto da Reforma
Sanitária Brasileira e a proposta de um Sistema Único de Saúde (SUS), e a criação dos
Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (SUDS). O autor enfatiza que a
Constituição de 1988 estabeleceu a saúde como um direito social e viabilizou a construção do
SUS com base em princípios de atendimento democrático e assistência integral.
Destaca-se a participação da comunidade na gestão do SUS por meio dos distritos
sanitários, que garantem a representação da população nos Conselhos Municipais de Saúde e
nas Conferências Municipais de Saúde. Isso é visto como um passo importante na
democratização do sistema de saúde.
O capítulo enfatiza a importância da abordagem sociológica na compreensão da saúde
como um processo influenciado por múltiplos fatores sociais, econômicos, políticos, culturais
e ambientais. Isso é visto como um avanço na compreensão da saúde como um bem social
proporcionado pelo Estado. No entanto, seria benéfico uma análise mais crítica das lacunas e
desafios na implementação do SUS e como as políticas de saúde podem continuar a evoluir
para melhor atender às necessidades da população brasileira.

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