ARTIGO ORIGINAL DOI: 10.

13135/2384-8677/3261

"Do Ego ao Eco": A Contribuição da Ecopsicologia para a

atual Gestão de Crises Ambientais
Marcella Danon
Ecopsiché - Scuola di Ecopsicologia, Brianza, Itália

Resumo
Neste artigo exploro algumas novas direções para enfrentar os problemas ambientais contemporâneos, e discuto os
benefícios da adoção de um ponto de vista psicológico. Na verdade, defendo que um foco exclusivo na dimensão do
ego, incapaz de compreender as conexões com seu entorno, está profundamente ligado a uma atitude insensível e
meramente utilitarista em relação ao meio ambiente, seus recursos e à biosfera. Delineio um caminho de
crescimento pessoal que leva ao desenvolvimento do respeito e da empatia com os outros, e mostro que tal caminho
facilita um salto qualitativo em direção à dimensão ecológica mais ampla. Abraçar a dimensão ecológica, por sua
vez, promove uma revolução na percepção de si mesmo e em relação ao mundo, que é comparável à transição da
adolescência para a idade adulta. A ecopsicologia resulta do encontro e colaboração entre ecologia e psicologia e
estabelece as bases para um desafio evolutivo, ajudando as pessoas a consolidar uma consciência mais profunda de
si mesmas e a interagir de forma dialógica, tanto com o ambiente humano quanto não-humano. Essa disciplina
também contribui para desenvolver uma atitude ativa e atenta para o próprio impacto no mundo, e promover um
processo de crescimento pessoal (ou seja, do ego ao ecológico). Através desse salto evolutivo em direção a uma
identidade mais ampla e madura, nos tornamos conscientes de nosso papel e responsabilidades para com a vida e
o mundo. Neste artigo, ilustro como essa mudança de perspectiva tem sido defendida por muitos filósofos e
pensadores através de diferentes noções e conceitos – por exemplo, identidade terrestre, consciência biosférica,
cidadania ecológica. Também mostro como abraçar uma perspectiva ecopsicológica pode fazer a diferença no
enfrentamento dos problemas atuais com maturidade, criatividade e esperança, como as gerações mais jovens
esperam de nós.

Palavras-chave: ecopsycologia; ecologia; psicologia; crise ambiental; biofilia; crescimento pessoal; reconexão;
atenção plena; cidadania ecológica; identidade terrestre; sustentabilidade; desafio evolutivo.

ISSN 2384-8677 DOI: http://dx.doi.org/10.13135/2384-8677/3261

Histórico do artigo: Submetido em 11 de abril de 2019. Aceito em 13 de setembro de 2019. Publicado em 18 de

setembro de 2019

Citação: Danon, M. (2019). "Do Ego ao Eco": A contribuição da Ecopsychology para a atual gestão de crises
ambientais. Visões para a Sustentabilidade, 12, pp. 8-17.

Direitos autorais: ©2019 Danon, M. Trata-se de um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença
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desde que o autor original e a fonte sejam creditados.

Interesses Concorrentes: O autor declarou que não existem interesses concorrentes. Autor

correspondente: Marcella Danon, ecopsicologia@ecopsicologia.it

 8
Introdução
A crescente complexidade do mundo requer uma
visão interdisciplinar a serviço das necessidades
contemporâneas. Como espécie, somos agora
participantes ativos na concepção da evolução da
sociedade humana, de sua comunidade viva e do
próprio planeta. De fato, não é possível enfrentar os
desafios globais atuais, como descrito na Agenda
2030das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, apenas do ponto de vista técnico. Os
processos em curso em nossas sociedades – que
incluem economia, política, questões ambientais –
seguem razões que não estão necessariamente
enraizadas no âmbito científico. Ao agir sobre o
clima, a vida abaixo e acima da água, prevenindo a
poluição da água, a toxicidade do ar, a destruição da
floresta e as extinções em massa, também é
extremamente urgente agir em elementos mais
impalpáveis, como valores, comportamentos,
atitudes e visão básica de mundo. Para manter uma
presença humana na Terra e permitir que ela
floresça em termos hoje definidos como
"sustentáveis", é, portanto, imperativo recrutar
conhecimentos e práticas a partir das humanidades,
e especialmente a partir de perspectivas filosóficas e
psicológicas. Isso implica que as questões ambientais
devem ser enfrentadas, em primeiro lugar, como
questões epistemológicas. "O que precisamos,
então, é de um novo 'paradigma' - uma nova visão da
realidade; uma mudança fundamental em nossos
pensamentos, percepções e valores" (Capra, 1990, p.
16) "para contrabalançar nossa orientação cultural
para controlar e subjugá-la da natureza, em vez de
honrar que somos uma parte íntima dela" (Kabat-
Zinn, p.15).
"Ego" como um estágio no processo de crescimento
pessoal Preso em uma visão estreita de nós mesmos,
é cada vez mais difícil sentir a interconexão entre a
própria existência e a dos outros. Isso resulta no
chamado ego encapsulado da pele (Watts, 1994, p.
76), focando exclusivamente na dimensão I,
enquanto a alteridade é vista apenas como uma
variável instrumental, funcional para o próprio bem-
estar. Tal estado de consciência é atualmente o mais
difundido entre os membros da nossa espécie Homo
sapiens sapiens. Como metzner diz: "Esquecemos
algo que nossos ancestrais já conheceram e
praticaram, respeito ao misterioso e humildade em
relação às infinitas complexidades do mundo
natural" (1995, p. 61). Perdemos a percepção de
"fazer parte" – uma família, um grupo, uma
sociedade, o próprio planeta – bem como o senso de
conexão com a teia da vida. Uma vez que o outro se
9
torna apenas um objeto, nenhuma regra limita
nossas ações, nenhuma consideração ética as
restringe, pois não temos atenção às implicações e
efeitos do que fazemos. Uma vez que perdemos de
vista a interdependência, nosso foco se restringe aos
efeitos imediatos, políticas de curto prazo,
vantagens materiais, pois este é o único horizonte
visível neste nível de maturidade.
Mas e se tentássemos ver a atual crise ambiental
como uma crise existencial? No início de sua vida, uma
criança se identifica completamente com a mãe, a
ponto de o conceito de "eu" ainda não ter se
desenvolvido. Depois de alguns anos, o senso de auto-
consolidação e se diferencia de tudo o resto. Nesta
fase inicial de descoberta e consolidação do ego, a
criança é predominantemente egoísta. A fim de
desenvolver sua própria individualidade e começar a
experimentar o mundo como uma entidade separada,
ele tenderia a afirmar-se como sendo separado do
resto, em primeiro lugar da mãe. Tal estágio evolutivo
é, de fato, saudável e necessário, embora deva ser
visto como um estágio de desenvolvimento que é
fundamental para um crescimento maior. Durante a
adolescência, o senso de auto-consolidação e uma
conexão mais profunda com o mundo devem ser
recuperados, integrando a autoconhecimento com
alguma consciência da existência de outros.
Como ressaltam Fabbrini e Melucci: "A adolescência é
uma mudança catastrófica, no sentido que se
caracteriza por uma descontinuidade devido ao salto
no plano perceptivo, à transformação do olhar que a
pessoa é capaz de trazer para sua própria existência"
(1992, p. 34). À medida que o mundo exterior entra na
vida do jovem ser humano, um sentimento de choque
causado pela nova qualidade de "auto-testemunha"
força o adolescente a reformular sua identidade
pessoal e social, ao mesmo tempo em que adquire um
ponto de vista mais amplo sobre si mesmo e sobre o
mundo. Catani e Morgagni ressaltam efetivamente o
ponto: "É essa fase do ciclo de vida em que o indivíduo
adquire as competências e os requisitos para assumir
as responsabilidades do adulto; o período em que ele
enfrenta tarefas e deveres pela primeira vez, e no qual
pela primeira vez são feitas escolhas significativas,
apoiando o peso exclusivo sobre seus próprios
ombros" (2012, p. 17).
Quando o processo é adequadamente apoiado pelo
ambiente externo, surge uma nova necessidade
espontaneamente, ou seja, conectar-se com "quem
está lá" além do eu, em um nível de igualdade em vez
de dependência. Neste momento, os pais são
reconhecidos – talvez pela primeira vez – além de seu
papel, como pessoas, e o jovem ser humano pode se
tornar um parceiro no processo de gestão familiar,
como acontece nas sociedades tradicionais. De um
modo geral, o processo psicológico de
desenvolvimento descrito acima é o ideal no que diz
respeito ao indivíduo e sua relação com a sociedade.
Podemos, assim, traçar um paralelo entre esse
processo de desenvolvimento e nosso momento
histórico atual. De fato, estamos precisando de uma
transição de um sentido rígido e limitado do ego,que
parece ainda incapaz decompreender a conexão com
seu entorno, para uma identidade mais ampla e
madura, na qual nos tornamos conscientes de nosso
papel e nossas responsabilidades em relação à vida e
ao mundo. Nessa perspectiva, a questão ambiental
assume um novo significado e pode ser reformulada
em termos psicológicos. Em outras palavras, como
podemos preencher a lacuna em direção a um
estágio adulto de maturidade em que, uma vez que
a dimensão I é honrada, damos um passo em direção
à dimensão nós?
"Eco" como um horizonte mais amplo
Uma vez que chegamos ao estágio descrito acima, o
compromisso ambiental e a psicologia devem seguir
lado a lado. Como diz Clinebell: "É crucial que
aqueles de nós, na cura, ensino e ajudando as
profissões, juntamente com os pais, entendam as
complexas inter-relações da saúde pessoal e da
doença com a integralidade e quebra da biosfera"
(1996, p. 2). No entanto, para que tal conexão entre
as disciplinas funcione corretamente, a psicologia
também deve superar um impasse e começar a focar
na relação entre indivíduo e meio ambiente,
especialmente quando se trata de recursos naturais.
De fato, Hillman expressou a seguinte preocupação
com a psicologia: "Não quero que seja engolido em
suas cavernas de interioridade, perdidas em suas
próprias explorações labiríntidas e minúcias de
memórias, sentimentos e linguagem – ou a
interioridade ainda menor da bioquímica, genética e
dissecçãocerebral. " (1999, p. 52). Em grego antigo,
"eco" significa "lar" e assim denota nosso entorno e
nosso planeta. Essa perspectiva também poderia ser
interpretada como um estado de espírito e um nível
de consciência, onde "eco" caracteriza a consciência
da interdependência, conectividade e processo sinérgico pode ser ativado entre eles, e isso,
pertencimento à Terra. Roszak define o ego
ecológico como mais um passo no processo de
crescimento do indivíduo, bem como no caminho
evolutivo de nossa espécie: "O ego ecológico
amadurece para um senso de responsabilidade ética
com o planeta que é vividamente experimentado
como nossa responsabilidade ética com outras
pessoas. Busca tecer essa responsabilidade no tecido
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das relações sociais e das decisões políticas" (1992,
p. 321).
Todos esses autores veem o foco exclusivo na
dimensão do ego como limitado. Por um lado, somos
animais gregários por natureza, por outro, somos
seres espirituais que possuem uma dimensão ética e
de valor que precisa ser reconhecida e traduzida em
ação para gerar um autêntico senso de realização.
Para superar as limitações da dimensão do ego e nos
abrir para uma progressão adicional em direção à
maturidade, ou seja, para a dimensão ecológica,
precisamos trabalhar a reconexão em três níveis
diferentes. Esses níveis de reconexão nos ajudariam a
ganhar um estado de consciência mais amplo, bem
como uma atitude mais madura em relação a nós
mesmos e ao mundo:
1. Reconexão para baixo: recuperando a
consciência de que todos os seres vivos são membros
de comunidades ecológicas ligadas umas às outras em
uma rede de relações interdependentes (Capra,
1997).
2. Reconexão interna: abertura ao processo de
autorrealização, entrar em contato com "quem eu
realmente sou", além de imagens estereotipadas
propostas ou impostas de fora; construindo um
diálogo interno, desenvolvendo senso crítico,
consciência de seus talentos, necessidades e desejos
reais, fortalecendo uma vontade ativa (Assagioli,
1977).
3. Reconexão ascendente: descoberta e
treinamento da atenção plena, nossa capacidade de
estar no momento presente (Kabat-Zinn, p. 19) e
abrindo-se para o nível mais alto da psique, a sede das
potencialidades humanas mais avançadas (Wilber,
1985); adquirir uma percepção mais clara e eficaz da
realidade, maior disponibilidade à experiência,
aumento da unidade da pessoa, espontaneidade e
expressividade, identidade pessoal firme, maior
desprendimento e transcendência, objetividade em
relação a si mesmo, capacidade de mesclar
concretude e abstração, estrutura democrática de
caráter, capacidade de amar (Maslow, 1971, pp. 158-
9).
Ao facilitar a reconexão em cada um desses níveis, um
por sua vez, promove o passo necessário de uma visão
focada apenas na dimensão do ego para uma abertura
para a dimensão ecológica mais ampla.
Esse é precisamente o desafio da Ecopsychologia, uma
nova disciplina nascida do encontro entre ecologia e
psicologia com o objetivo de fornecer ferramentas
práticas para o momento cultural peculiar e crítico
que estamos vivenciando.
 Nasce a ecopsicologia Ecopsycologia
O encontro entre essas duas disciplinas diferentes e
relativamente jovens, ecologia e psicologia, ocorreu
há pouco mais de um século. Inicialmente sem
qualquer conexão entre si, eles estavam procedendo
em paralelo: o primeiro focava no bem-estar do meio
ambiente e o último no bem-estar humano. Talvez
tenha sido precisamente sua juventude que tornou
mais fácil superar as fronteiras entre eles, e se
aventurar em uma nova direção juntos. O casamento
oficial entre ecologia e psicologia ocorreu no final da
década de 1980, graças a um grupo de estudos da
Universidade de Berkeley focado na relação entre os
seres humanos e a natureza e liderado pelos
estudantes Alan Kanner e Mary Gomes.
Esse grupo de pesquisa começou a abordar a
necessidade cada vez mais premente de conectar a
saúde ambiental com o bem-estar social e individual.
Elan Shapiro, também parte do mesmo grupo,
procurou envolver Robert Greenway, que tinha sido
seu professor de psicologia na Universidade Estadual
de Sonoma, onde leciona psicoecologia desde 1968,
explorando interações "mente" e "natureza". A
participação da Greenway no grupo traz a
contribuição de algumas das principais figuras da
revolução em curso dentro da psicologia. Na época,
ele já havia conhecido Maslow, Skinner, Erikson, May,
Rogers, Huxley, e ele havia estudado
entusiasticamente as obras de Jung, Buber, Watts,
Shepard e Bateson, juntamente com o campo
emergente da psicologia transpessoal. Greenway vai
acabar participando do grupo por um ano, antes de
retornar à sua terra natal no
Península Olímpica. Pouco depois, Theodore Roszak,
historiador da contracultura e professor da Hayward
(atual Universidade Estadual da Califórnia), se juntará
ao grupo. Sua adição ao grupo se mostra
particularmente frutífera, pois reúne o que emerge
durante as reuniões com visões que já havia
desenvolvido em publicações anteriores, bem como
com outras linhas sinérgicas de pensamento surgindo
naqueles anos (Greenway, 2000). Esse rico e dinâmico
conjunto de ideias, atento às necessidades e
problemas da vida contemporânea, passa a ser
conhecido como Ecopsychologia e popularizado
através do livro A Voz da Terra (1992). O termo
"ecopsychologia" captura bem uma tendência que
estava muito viva naqueles anos. Ralph Metzner,
psicólogo clínico e professor emérito do Instituto de
Estudos Integrais da Califórnia caracteriza a psicologia
verde como a busca para curar a relação entre
humanos e natureza. O filósofo australiano Warwick
Fox chama a ecologia transpessoal de estudo de
11
conexões entre meio ambiente e consciência (Fox,
1995), enquanto o conselheiro pastoral Howard
Clinebell usa o termo ecoterapia para promover
práticas concretas destinadas a cultivar o despertar da
consciência pessoal e da ética ambiental (Clinebell,
1996). Os anos 90 também são a primeira vez –
historicamente falando – que permite a possibilidade
de conhecer e trocar ideias online, e isso contribui
muito para ampliar ainda mais o campo da
ecopsycologia. Como a Comunidade Internacional de
Ecopsychology resume adequadamente: "A
ecopssicologia está situada na intersecção de uma
série de campos de investigação, incluindo psicologia,
ecologia, espiritualidade e filosofia ambiental, mas
não se limita a quaisquer limites disciplinares.
Simplificando, a Ecopsychology explora a relação
sinérgica entre saúde pessoal e bem-estar e a saúde e
o bem-estar de nossa casa, a Terra" (ICE, 1998).
A ecopsicologia vai ainda mais longe e rapidamente
amplia seu campo de interesse e alcance de ação, a
ponto de desafiar três premissas fundamentais do
modernismo: nossa identificação exclusiva com
sujeitos centrados no ego, nossa crença de que o
mundo e o eu, ou os humanos e a natureza são
duplamente separados, e a crença antropocêntrica de
que os seres humanos são o lócus exclusivo de
significado e valor (Adams, 2005). A ecopsicologia é,
portanto, uma ciência jovem que "entra no jogo para
oferecer uma contribuição concreta nesta conjuntura
histórica particular em que a emergência ambiental e
a emergência psicológica estão intimamente ligadas e
o trabalho em cada uma dessas frentes é funcional
para a resolução do que acontece do outro" (Danon,
2006, p. xvii). Em 1992, quando foi realizada a
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, Roszak
percebeu a relativa ausência de psicologia nos
debates sobre sustentabilidade. De fato, ele via a crise
ambiental e a organização produtiva contemporânea
como sintomas profundos de insalubridade que só
poderiam ser explicados pela psicologia ou psiquiatria
(Carvalho, 2013, p.11). O psicanalista e físico
junguiano Andrew Fellows lançou recentemente o
seguinte apelo: "Precisamos desesperadamente de
uma visão de mundo alternativa mais ampla que seja
plausível, inteligível e apropriada". Este apelo introduz
a ecopsychologia como "uma abordagem original
dessa metanoia que a situação atual da humanidade e
do planeta exige" (Fellows, 2019, p. 6). Essa disciplina
aparece hoje como uma nova visão: "Ao despertar
uma consciência da Terra, abordamos o meio
ambiente de forma espontaneamente respeitosa,
sentindo-nos uma parte ativa dos ecossistemas cada
vez mais reconhecidos como mais amplos e
complexos. Além disso, a reconexão com nossa mais
profunda identidade terrestre promove a capacidade
de trabalhar em grupos com sinergias criativas e
construtivas, indispensáveis para o nosso futuro de
sapiens" (IES, 2018).
A visão ecocêntrica A visão ecocêntrica
A ecosofia é um dos princípios filosóficos
fundamentais da ecopsychologia. O filósofo
norueguês Arne Naess, também fundador da Deep
Ecology, usa este termo para derrubar o paradigma
antropocêntrico que vê os seres humanos no topo de
uma pirâmide, e os caracteriza como parte de um ciclo
e de uma comunidade viva. Em outras palavras, ele
apoia uma visão ecocêntrica.
Como Panikkar diz, ecosofia é uma nova palavra para
expressar uma sabedoria antiga. Expressa a
consciência muito tradicional de que a Terra é um ser
vivo, tanto em suas partes quanto em todo (2015, p.
13). Da mesma forma, a ciência subscreve essa visão
do ser humano como parte do processo evolutivo na
Terra, notadamente através das ideias expressas pela
Teoria gaia. Esta teoria desenvolveu-se através do
trabalho do cientista independente James Lovelock e
da bióloga Lynn Margulis, e levou à definição da Terra
como um único sistema vivo, dotado de seu próprio
metabolismo: "A substância viva da Terra, do ar, dos
oceanos e das superfícies emergidas formam um
sistema complexo, que pode ser visto como um único
organismo com a capacidade de manter as condições
certas para a vida em nosso planeta" (Lovelock 1981,
p. 8). A Teoria de Gaia também destaca a presença de
loops de feedback entre a vida e as condições
ambientais: por um lado a vida tem o efeito de
estabilizar as condições ambientais, enquanto, por
outro, devido ao constante processo de mudança
evolutiva, novas formas de vida emergem juntamente
com novos efeitos sobre as condições ambientais e,
portanto, novos ciclos de feedback. Nas
considerações filosóficas que podem ser lidas entre as
linhas de seu texto científico, Lovelock sugere que
vemos os seres humanos como parceiros da Terra, e
até mesmo como partes do sistema nervoso de Gaia.
Nesse sentido, metaforicamente falando, os humanos
seriam capazes de antecipar mudanças ambientais e
prevenir desastres em caso de planetoides em órbita
de colisão com a Terra (Lovelock, 1981). A teoria
gaiana contribui para criar uma visão
verdadeiramente nova da relação entre os seres
humanos e a Natureza, em que os seres humanos não
são mestres nem parasitas, mas sim partes integrais
do processo evolutivo em
12
terra. Da mesma forma, a seguinte passagem bíblica
retrata o ser humano como um guardião da Terra: "O
Senhor Deus pegou o homem e o colocou no Jardim
do Éden para trabalhar e cuidar dele" (Gênesis, 2.15).
Finalmente, podemos começar a ler esta passagem
como um convite à criatividade e responsabilidade
para com a Terra, e não mais em um sentido
paternalista e conservador. Muitos dos problemas
ambientais atuais decorrem da exploração de
recursos de forma desconectada da consciência das
consequências que as ações têm sobre o ecossistema.
É precisamente aqui que a psicologia pode se tornar
uma forte aliada da ecologia.
A abordagem proporcionada pela ecopsicologia
consiste em intervir a partir de uma direção
inesperada, restringindo o processo de degradação
atual através da cura coletiva tanto do ambiente social
quanto do físico e através da crescente
conscientização de indivíduos e grupos. Como Brown
diz com razão e concisa: "Não podemos restaurar
nossa saúde, nosso senso de bem-estar, a menos que
restauremos a saúde do planot"(1995, p. xvi).
A ecopsicologia pode, portanto, ser interpretada
como uma forma de psicologia ecologicamente
comprometida, que leva em conta uma ampla rede de
relações significativas, incluindo o círculo familiar,
amizades, sociedade e, crucialmente, a própria Terra.
Essa abordagem tem suas raízes em uma
epistemologia que vê o mundo humano e social como
profundamente contínuo com o mundo natural. É
assim que Maturana e Varela, tanto biólogos quanto
filósofos, descrevem sua abordagem: "Não há
descontinuidade entre o social e o humano e suas
raízes biológicas. O fenômeno do conhecimento é um
único todo, e todos os campos têm a mesma base"
(1992, p. 47). Subscrever esses princípios
epistemológicos nos abre para uma nova perspectiva:
"Se você pensar em nós mesmos como saindo da
Terra, em vez de ter sido jogado aqui de outro lugar,
você vê que somos a Terra, somos a consciência da
Terra. Estes são os olhos da Terra. E esta é a voz da
Terra" (Campbell, 1991, p. 40). Recentemente, o
pesquisador e educador canadense Mark Hathaway e
o teólogo brasileiro Leonardo Boff cunharam o termo
ecopsychosis para descrever o resultado de um estilo
de vida disfuncional nas sociedades contemporâneas.
Uma das questões ligadas à ecopsicose diz respeito à
percepção de que de alguma forma existimos como
egos isolados que estão totalmente desconectados
dos outros, e que não temos nenhuma obrigação ética
real com as pessoas, outros seres vivos ou com a
própria Terra (Hathaway e Boff, 2009).
Um possível antídoto para essa desconexão coletiva
da teia da vida seria um trabalho de grãos finos no
nível psicológico, que nos faria reconsiderar nossa
identidade em termos de ser "parte da comunidade"
e, portanto, responsável pela conexão entre
diferentes partes, em vez de sermos isolados e
desconectados.
Ecopsycologia na prática
Em primeiro lugar, a missão da ecopsicologia é
prática, e aponta para o desenvolvimento do
crescimento pessoal, juntamente com um senso de
pertencimento e cidadania ativa. Ele faz isso através
de um trabalho que incentiva a reconexão com a
Natureza e, ao mesmo tempo, com nossa identidade
pessoal. Ao adquirir familiaridade com o mundo
natural dinâmico, mutáveis e surpreendente,
exercemos habilidades vitais no cotidiano entre as
sociedades humanas – como resiliência, inteligência
emocional, iniciativa, pensamento sistêmico, ação
sinérgica. Quando essas habilidades estão em falta,
ficamos, assim, com lacunas significativas para
preencher (ver Danon, 2019, p. 19).
Ao aproximar indivíduos e grupos de natureza
selvagem e belas áreas naturais, na medida em que
a operação é conduzida adequadamente, ativamos
um processo de bem-estar. De fato, evidências
empíricas mostram que emoções positivas,
restauração mental e outros benefícios podem
ocorrer após apenas 5-20 minutos de imersão na
natureza (Brown, 2013). Da mesma forma,
ambientes restauradores podem restaurar
capacidades de atenção esgotadas, bem como
melhorar o desempenho em uma tarefa de atenção
(Berto, 2005). Nesses casos, a ecologia e a psicologia
trabalham juntas de forma simples: "O trabalho de
restauração ambiental pode gerar espontaneamente
mudanças profundas e duradouras nas pessoas,
incluindo um senso de dignidade e pertencimento,
uma tolerância à diversidade e uma sensibilidade
ecológica sustentável. Esta arte e ciência de ajudar a
teia da vida em um determinado lugar curar e
renovar-se pode servir como um espelho e um
impulso para a renovação individual e comunitária"
(Shapiro, 1995, p. 225). Em outras palavras, como
barbiero diz: "Proteger a Natureza é uma expressão
da nossa biofilia" (2017, p. 159).
Ao desenvolver uma maior sensibilidade, presença e
consciência, nos permitimos iniciar uma nova
relação com o ambiente natural e viver experiências
que não teriam sido notadas e apreciadas se nossa
conexão fosse mais superficial. Essa abertura
renovada e disposição ao sensor e ao sentimento,
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que se torna parte integrante do pensamento, tem
implicações reais para o crescimento em nível
pessoal e relacional. De fato, tanto as relações
intrapessoais quanto as interpessoais são facilitadas
quando indivíduos e grupos são convidados a estar
em contato suavemente consigo mesmos, quando
sua atenção é direcionada para seu diálogo interno,
e quando são orientadas para ouvir e compartilhar
sentimentos (ver Danon, 2006). Metodologicamente
falando, a combinação de trabalho ao ar livre, grupo
e pessoal revela-se particularmente eficaz, poderosa
e agradável. O objetivo dos exercícios e atividades da
ecopsicologia é, portanto, orientar para o
desenvolvimento da empatia e habilidades
dialógicas, através do despertar de nossa Biofilia
inata e nosso senso mais amplo de identidade e
compromisso com a vida.
O termo ecotuning descreve o processo de criação,
concepção, organização e condução dessas
atividades.
O termo foi cunhado pela Sociedade Internacional de
Ecopsycologia em 2006 (então Sociedade Europeia de
Ecopsycologia), justamente para definir a atividade de
profissionais treinados em ecopsicologia aplicada,
embora não necessariamente os próprios psicólogos.
O responsável pelo ecotuning (conhecido como
ecotuner) atua como um facilitador no processo de
recuperar a confiança com a Natureza,
acompanhando para retomar o contato direto com
ela. Ao mesmo tempo, o ecotuner fomenta e incentiva
relacionamentos de alta qualidade, (ou seja, "relações
ecológicas"), consigo mesmo, com outras pessoas e
com o meio ambiente.
De uma perspectiva diferente, a própria Natureza
pode estar ativamente envolvida em um trabalho
psicológico direto, agindo como um cenário ou uma
metáfora que facilita a expressão de um sentimento,
sentimento, pensamento ou até mesmo cura. Como
alguns ecopsycologistas proeminentes têm dito: "É
quando sabemos quem somos, por que somos, e onde
pertencemos, que os problemas sempre presentes de
vida se tornam mais fáceis de suportar, e fazem mais
sentido" (Sutton Chard, 1994, p.17); "A cura da
relação homem-natureza deve ser incluída no âmbito
da prática terapêutica" (Buzzel, 2009, p.20).
Quando os exercícios e atividades da ecopsicologia
são conduzidos por terapeutas e psicólogos,
caracterizam-se como ecoterapia, ou - em alguns
contextos - como ecopsychoterapia. Novos ramos da
ecopsicologia e novas aplicações de sua visão e
práticas estão agora emergindo em diferentes campos
profissionais. Dentro da educação, a ecopsicologia
tem sido utilizada para facilitar a comunicação entre
professores e alunos e enfatizar a importância das
experiências em contato com o ambiente natural
também para melhorar o desempenho escolar.
Práticas semelhantes têm sido aplicadas à
organização de creches para que incluam algumas
experiências significativas da Natureza desde cedo.
Dentro do treinamento de liderança e construção de
equipes, a ecopsycologia funciona como base para a
criação de ecossistemas sociais de qualidade (veja
também Danon, 2010, p. 376). Dentro do coaching, é
utilizado para complementar as práticas que visam
facilitar o alcance de objetivos pessoais com uma
visão sistêmica e ecossistênica mais ampla, para que
se aprenda a integrar sua própria atividade com a
comunidade mais ampla. Dentro da prática da
atenção plena, o cenário natural aumenta a eficácia e
os benefícios da meditação e facilita a realização de
um estado mais amplo de consciência: "Enquanto
oMindfulness é uma presença consciente para si
mesmo, aqui avançamos para o Mindfulness Verde
que caracteriza a abordagem ecopsicológica, que é a
expansão das fronteiras individuais para um sentido
mais amplo de compartilhamento com o mundo e, em
particular, com o mundo natural ao qual pertencemos
(Danon, 2018, p. 56).
Enfrentando um desafio evolutivo
Uma vez ativado, o processo de crescimento pessoal
leva a uma maior consciência de um recurso
específico potencialmente exibido pelo Homo
sapiens sapiens,embora não exclusivamente.
Filosoficamente, essa característica é conhecida
como livre arbítrio: a possibilidade de se opor a
impulsos instintivos – ou seja, a compulsão de repetir
padrões habituais de comportamento – e
desenvolver novas ideias, comportamentos,
realidades funcionais, ao lado de um contexto em
constante mudança.
O livre arbítrio pode ser descoberto primeiro, depois
fortalecido; deve ser adequadamente cultivada e
direcionada para uma perspectiva ética e
responsável, juntamente com a capacidade de
pensar e sentir que se é uma "parte de algo".
Jeremy Rifkin caracteriza este próximo passo
evolutivo como "A Era da Empatia". Na visão dele,
estamos caminhando para este objetivo e nossa
consciência emergirá como seres que fazem parte do
planeta. Ele define o processo como o surgimento da
Consciência da Biosfera (ver Rifkin, 2010). Este é o
conhecimento central necessário hoje para
estabelecer as bases para um futuro sustentável.
Edgar Morin fala sobre esse salto necessário em
termos de "identidade terrestre" que é a consciência
14
do nosso destino comum: "No final deste século,
descobrimos a Terra como sistema, como Gaia, como
biosfera, uma mancha cósmica-Terra Pátria. Cada um
de nós tem um pedigree, uma carteira de identidade
terrestre. Somos de, dentro e da Terra. Pertencemos
à Terra que nos pertence" (Morin, 1994, p. 187).
Leonardo Boff aponta o dedo na mesma direção,
cunhando o termo "Consciência Planetária": "Agora é
a hora de cuidar das coisas e da Terra. (...) Todos
devemos assumir a responsabilidade pelo sistema de
vida" (Boff, 2008). Ele sugere que a ciência e a religião
trabalhem juntas para evitar a tragédia e transformar
a crise em mudança para outro paradigma
civilizatório, um que seja mais amigável com a
Natureza e mais respeitoso com a Terra. Os mesmos
conceitos emergem claramente da seguinte passagem
da Carta da Terra, criada pela primeira vez após a
Cúpula da Terra no Rio de Janeiro (1992) e agora
adotada por milhares de organizações internacionais:
"Estamos em um momento crítico da história da Terra,
um momento em que a humanidade deve escolher
seu futuro. À medida que o mundo se torna cada vez
mais interdependente e frágil, o futuro ao mesmo
tempo tem grande perigo e grande promessa. Para
seguir em frente, devemos reconhecer que, em meio
a uma magnífica diversidade de culturas e formas de
vida, somos uma família humana e uma comunidade
da Terra com um destino comum" (Carta da Terra,
2000, preâmbulo). O ecologista e teólogo Thomas
Berry fala sobre um "Período Ecozoico" como objetivo
a ser alcançado: tal sociedade seria baseada em uma
relação de cuidado, respeito e reverência em relação
ao magnífico dom da Terra viva. Como diz Swimme,
um colaborador de longa data de Berry: "O futuro da
comunidade da Terra repousa de maneiras
significativas sobre as decisões a serem tomadas pelos
humanos que se inseriram tão profundamente nos
códigos genéticos do processo da Terra. Este futuro
será trabalhado nas tensões entre aqueles
comprometidos com o Tecnozóico, um futuro de
maior exploração da Terra como recurso, tudo em
benefício dos seres humanos, e aqueles
comprometidos com o Ecozoico, um novo modo de
relações humano-Terra, onde o bem-estar de toda a
comunidade terrestre é a principal preocupação"
(Swimme and Berry, 1992, pp.14-
15).
Recentemente, até o Papa Francisco, em sua encíclica
Laudato Sì,pediu uma "cidadania ecológica", enviando
assim uma mensagem que está em perfeita harmonia
com a defendida pela ecopsychologia. Mais uma vez,
a cidadania ecológica é vista como um necessário salto
evolutivo, um convite urgente para renovar o diálogo
sobre as maneiras pelas quais estamos construindo o
futuro do planeta. Citando o Papa Francisco: "Em
primeiro lugar, é a humanidade que precisa mudar.
Falta a consciência de uma origem comum, de um
pertencimento mútuo e de um futuro compartilhado
por todos. Essa consciência básica permitiria o
desenvolvimento de novas crenças, novas atitudes e
estilos de vida. Assim, emerge um grande desafio
cultural, espiritual e educacional que envolverá longos
processos de regeneração" (2015, p. 179). A psicologia
pode, portanto, desempenhar um papel crucial na
conjuntura deste desafio evolutivo, expandindo os
limites do "Eu" para os limites do "Nós". Em outras
palavras, levar a mudança do ego para o ecológico,no
qual o ego não se perde, mas encontra um significado
mais amplo para sua individualidade.
Nova mentalidade, novos sentimentos, novos
estilos de vida
Além da mudança teórica e filosófica, o salto
qualitativo defendido acima também deve gerar
uma mudança real nas atitudes cotidianas e no estilo
de vida. Como Barbiero diz com razão: "A saúde e a
prosperidade humana dependem da saúde e
prosperidade de toda a biosfera" (2017, p. 186). Isso
implica que a sustentabilidade não deve ser
simplesmente vista como uma camada externa de
respeitabilidade em termos de reciclagem e redução
de resíduos. De fato, a sustentabilidade implica uma
visão ecocêntrica equipada com a consciência de que
nossos gestos e escolhas têm profundas implicações
no sistema. Daniel Goleman dubla esse processo de
inteligência ecológica e foca no impacto que a
consciência individual pode ter na sociedade
consumista. Em primeiro lugar, a inteligência
ecológica incentiva cada cidadão a promover o
consumo consciente e o compromisso social sem
obrigá-la a desistir de sua própria agência e
influenciar na evolução da vida: por exemplo, desde
a tendência geral dos mercados e processos sociais,
até reuniões comunitárias, até a gestão de uma
empresa (Goleman, 2010). Madonna também
descreveu recentemente um processo semelhante:
"A consciência dos fundamentos biológicos do
conhecimento, ou do que nos conecta com outros
seres vivos, nos ajuda a ser mais tolerantes e
respeitosos com todas as formas de vida, porque
quando se reconhece sua própria afinidade com o
resto do mundo, ele inevitavelmente trata-o de
forma mais semelhante à forma como ele se trata, ou
seja, de uma forma mais ética"(2003, p. 208).
Em resumo, este é exatamente o objetivo da
ecopssychologia, que responde ao chamado de
15
Hillman para "despertar a psicologia" redefinindo o
ser humano e desencadear a mudança interior que
produzirá novos comportamentos, ações e estilos de
vida. "Em seu sentido mais amplo, a Ecopsychologia
tornou-se a arte da awakening nas pessoas a
consciência de ser uma parte ativa no processo
evolutivo da vida no planeta Terra" (Danon, 2012, p.
218).
A ecopsicologia deve, portanto, ser vista como uma
direção a ser tomada. Somos livres para escolher se
queremos participar, ignorar ou mesmo nos opor a
um salto qualitativo do nosso Planeta. Como
humanidade, continuaremos destruindo o meio
ambiente apenas até pensarmos nele em termos de
separação e acreditamos estar sozinhos e isolados
dele. Agora temos a opção de escolher se devemos
permanecer fundamentados na ideia de ser apenas
um "eu"(ego),que é separado de tudo o resto, ou
podemos mirar em pensar e agir em uma perspectiva
de compartilhamento e co-criação, ou seja, como um
"Nós" (eco). Uma vez que começamos a
compreender o significado de estarmos vivos na
Terra em termos de pertencer a ela, torna-se
evidente que cuidar do meio ambiente e dos outros
está intimamente ligado a cuidar de nós mesmos.
Agir nessa direção também seria uma resposta à
demanda dos jovens, em que os adultos finalmente
assumem a responsabilidade pelo que está sendo
feito à Terra de hoje, que também será a Terra de
amanhã.
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