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Sustentabilidade (Educação Ambiental)

Discente: Vilson Franco de Oliveira


Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária

Atividade 1 - Escolher um capítulo do livro e fazer uma resenha sobre.


Capítulo escolhido: Educação Ambiental Crítica

Texto original: A re-conceituação de algo traz a idéia da existência de


algum significado que seja anterior. Na discussão sobre Educação, não
significa necessariamente dizer que essa re-significação de algo anterior
seja decorrência de uma evolução do conhecimento, ou aperfeiçoamento
metodológico, ou outro desenvolvimento qualquer partindo de um mesmo
referencial. Nesse caso específico que trataremos da educação ambiental, é
uma contraposição a algo existente, como forma de superação.

O texto começa tratando de sua premissa, uma ressignificação do conceito de


“Educação Ambiental”, mas não especificamente sobre uma evolução de um
conceito já estabelecido, mas sim com um critério inovador, reestruturando uma
base ou fundamento, e olhando por outra perspectiva, a fim de contrariar e
contrapor a normativa (o “senso” criado).

O autor compreende a necessidade de atribuir outro significado a educação


ambiental ao fundamentar uma “crítica”, por ver como necessária a
diferenciação da ação educativa que favorece a transformação de uma realidade
que, historicamente, se coloca em uma grave crise socioambiental. Ele também
aponta que apesar de não estar em vigor com a norma culta da língua, o
conceito “socioambiental” apresentado aqui serve para evidenciar o
entrelaçamento e o vínculo da questão “ambiental” com a “social”, superando a
ideia fragmentária presente na sociedade atualmente.

Ele evidencia também que acredita que tem havido uma consolidação perante a
sociedade de uma visão sobre a educação ambiental que reproduz uma postura
de mundo alavancada por referenciais paradigmáticos e ideológicos, que se
manifestam hegemonicamente (de modo supremacista) na constituição da
sociedade atual. Mesmo assim, ele pontua que esse conceito não é
instrumentalizado epistemologicamente. Essa educação ambiental busca
encontrar sua solução pelo mesmo viés e referencial constitutivo da crise,
fazendo ainda um comparativo com uma história, na qual o personagem tenta
escapar de um atoleiro que o afundava ao puxar seus próprios cabelos para
cima.

Logo, dentro dessa construção, o autor busca concluir que a educação


ambiental, um dos mecanismos de reprodução da realidade, se coloca como
inapta para transformá-la, conservando ainda o movimento de constituição da
realidade de acordo com os interesses dominantes, pela lógica do capital. Assim
ele a denomina como “Educação Ambiental Conservadora”. Sustentando ainda
mais esse argumento, ele pontua que essa perspectiva substancia-se nos
paradigmas constituintes da sociedade moderna, e então os reproduz em sua
ação educativa. Pois então, não é capaz de superar o cientificismo cartesiano e o
antropocentrismo, por exemplo, que informam sobre o mundo e se constituem
como uma compreensão hegemônica. Isso também, retomando suas pontuações
anteriores, elucida que é essa visão social de mundo que mantém a relação
desintegrada entre a sociedade e natureza, baseada na dominação e espoliação
dos homens sobre o ambiente.

É fragmentado, o homem se vê acima da natureza dos demais. Ele se isenta do


conjunto e da totalidade complexa. A sociedade estabelece uma diferença de
hierarquia que constrói e fundamenta a lógica da dominação. Assim, pelo
privilégio e pela prevalência do homem no entendimento e na ação sobre o
mundo, surgem características na vida moderna que são individuais e sociais:
Sectarismo; Individualismo; Competição exacerbada; Solidão; Violência e
desigualdade.

O texto ainda fomenta que a violência sinaliza para a perda da afetividade, do


amor, da capacidade de se relacionar de um com o outro em âmbito social, do
um com o mundo em âmbito ambiental, denotando a crise socioambiental que é
de um modelo de sociedade e seus paradigmas; uma crise civilizatória.

Essa educação é individualista e comportamentalista, uma vez que há a


produção de uma prática pedagógica objetivada no indivíduo e na
transformação de seu comportamento. Essa perspectiva foca a realização da
ação educativa na finalidade da ação, de forma que essa terminalidade seja o
conhecimento retido e o indivíduo transformado. Espera-se ainda que pela
lógica de que a sociedade é o resultado da soma de seus indivíduos, que se dê à
transformação da sociedade. Porém, esse perspectiva é simplista, e de longe
pondera que a realidade complexa vai para além da soma das partes como
totalidade. Essa não contempla a perspectiva da educação se realizar na
transformação do indivíduo inserido em um processo coletivo da transformação
da realidade socioambiental como uma totalidade dialética em sua
complexidade.

E assim, a educação ambiental conservadora crê que ao transmitir o


conhecimento correto fará com que o indivíduo compreenda a problemática
ambiental e que isso vá transformar seu comportamento e a sociedade; o
racionalismo sobre a emoção; sobrepor a teoria à prática; o conhecimento
desvinculado da realidade; o individualismo diante da coletividade e a dimensão
tecnicista frente à política.

Avançando nesses termos, o autor comenta que a educação ambiental crítica é


uma contraposição novamente, apresentando uma leitura e um entendimento
mais completo, complexo e instrumentalizado para uma intervenção que
contribua no processo de transformação da realidade socioambiental que por si
só também é complexa. Um dos pilares básicos que é usado como referência
para essa educação ambiental é a Teoria Crítica, a qual o autor percebe vincular
outros pesquisadores de linha similar e que também tiveram uma importante
influência nas leituras marxistas em suas formações.

Desses, ele evidencia: Paulo Freire, Milton Santos e Edgar Morin, com mais
vigor, e que apontaram entre muitas coisas para a leitura crítica (Freire) de um
espaço (Santos) complexo (Morin).

Em Milton Santos, ele encontrou auxílio para olhar para a organização do


espaço socioambiental como reflexo da dialética constitutiva do real, como um
processo de totalização na interação entre local e global, entre a luta de classes e
entre o desenvolvimento e subdesenvolvimento. No caso de Paulo Freire, teve
seu suporte para seu fazer pedagógico, descortinando as possibilidades de uma
leitura problematizadora e contextualizadora do real. E por fim, nos
pensamentos de Edgar Morin, com suas relações dialógicas, da parte e do todo,
da ordem e da desordem, e da organização e na complexidade. E todos esses
referenciais articulados a uma perspectiva da Sociologia do Conhecimento, vem
embasando sua compreensão de educação ambiental em sua inserção na jornada
de modificação da realidade socioambiental.

Ele admite que isso por si só já é um contraponto aos paradigmas dominantes da


sociedade, e que essa visão crítica evidencia um olhar sobre a sociedade em que
o embate por hegemonia se faz estruturante dessa realidade. Assim, a educação
ambiental crítica é em primeira instância um mecanismo a desvelar os embates
presentes, para que em uma compreensão complexa do real se instrumentalize
os atores para intervir nessa realidade.

A educação ambiental crítica objetiva promover ambientes educativos de


mobilização de processos de intervenção (como ele relaciona com a mudança da
correnteza ou do fluxo natural de um rio) sobre a realidade e seus problemas
socioambientais, superando assim as armadilhas da normativa e propiciando um
processo de compreensão e ação efetiva.

Apontando ainda que deve haver a superação da mera transmissão de


conhecimentos ecologicamente corretos e da sensibilização, mas não
necessariamente negá-las. Trabalhar de forma pedagógica com a razão e a
emoção é essencial para gerar motivação nos educandos, porém isso não
engrandece a ação coletiva. O importante do trabalho e dos projetos de
educação ambiental é que eles procurem trabalhar as mudanças conjuntas, e não
para a mudança comportamental do indivíduo (essas últimas inseridas na
armadilha paradigmática). A prática coletiva promove a percepção que o
processo educativo não se restringe ao aprendizado individualizado, mas na
relação do um com o outro, do um com o mundo, e tratando assim da educação
a partir da relação.

Considerando a própria gravidade da crise socioambiental em que estamos


inseridos, não deve-se pensar em um público privilegiado a qual a educação
ambiental deva se destinar. O público da educação ambiental crítica é a
sociedade constituída por seus atores individuais e coletivos, em todas as faixas
etárias. Nesse proceso se dá a promoção da formação da cidadania, na
expectativa do exercício de um movimento político conjunto, gerador de
mobilização para a construção de uma nova sociedade. Isso seria voltado para o
processo de construção de um campo teórico que busca subsidiar a prática
diferente da educação ambiental.

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