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O tema aqui oferecido sugere que o trabalho a ser desenvolvido deva direcionar-se pela idéia
geral de educação. Entendido no âmbito universal, o conceito de educação se realiza na
perspectiva da paidéia grega clássica. A formação da consciência adolescente só pode ser
objeto de uma reflexão em separado, se depois de problematizado e analisado for devolvida
para a totalidade que é uma vida humana. Assim, sob um olhar que não consegue ser nulo de
pressupostos, tenta-se uma reflexão crítica de uma parte da totalidade, para mante-la ou
transforma-la segundo um ideal concebido. É a procura de um meio para atingir um fim.
Objetivos:
O objetivo deste texto é levar ao jovem uma reflexão do tema juventude na cultura do mundo
atual
Justificativas:
O trabalho se justifica pela importância de o próprio jovem tomar a iniciativa pessoal com a
conscientização de sua situação no mundo.
Metodologia
Pela própria dimensão de trabalho que o tema exige, diferentes das possibilidades exeqüíveis
aqui, o tema é desenvolvido em liberdade mas, tendendo para a complexidade.
A faixa etária mais interessada na reflexão desse tema, de forma geral, deveria ser o próprio
jovem. É ele que “vive” o período que para quem o analisa com critério metodológico,
normalmente pessoas acima da idade que o compreende, passa a ser um objeto. Porém, neste
caso em particular, sujeito e objeto se relacionam de forma diferente da maioria das relações
de sujeito e objeto de conhecimento. O sujeito já viveu, experienciou, a fase de
desenvolvimento humano que agora se torna seu objeto problematizado. Parte da própria
experiência retida na memória, enriquece-a com conhecimentos adquiridos pela reflexão
humana na história e transformando sua própria visão, projeta-a no seu objeto de reflexão e
estabelece uma relação dinâmica com este; relação dialética em que torna possível estabelecer
ideais de relações entre o período existencial como objeto de reflexão e a inteireza que é uma
vida humana.
Se ao jovem – a todo ser humano em geral - é dado conhecer sobre sua própria condição
existencial, não é possível que esse conhecimento não interfira, ou melhor, não se relacione
com sua personalidade, entendida como a totalidade da sua realização individual. Segundo
Carl G Jung 1875 -1961, formulador da psicologia analítica, fatores inconscientes e
conscientes se relacionam como elementos de uma totalidade: a psíquica. Todo elemento
psíquico inconsciente tornado consciente, realiza uma nova adaptação na personalidade. Daí a
necessidade da Educação, neste caso a formal, mas não se restringindo a ela, como aparelho
do Estado para a formação do cidadão, não poder se ausentar da questão existencial como a
mais radical do ser humano. O Homem, a partir de sua auto-consciência de ser humano,
estabelecerá suas outras dimensões de forma mais conseqüente e responsável, perante seu
grupo social, sua espécie e o universo que o abriga.
Cultura jovem é um termo muito amplo e indefinido porque não estabelece ao jovem de que
cultura se refere. Para o domínio deste texto, nossa referência é o jovem de nossa cultura
ocidental, brasileiro, nos seus aspectos medianos e mais aparentes nos dias atuais.
Uma reflexão sobre a cultura jovem que ficasse na inércia do plano teórico engavetado ou,
passiva no recesso mental do pesquisador, seria inútil. O jovem também sempre desconfia de
uma onipotente sabedoria que não se materializa. Tem a necessidade do contato sensível para
conferir a existência das coisas. Essa desconfiança pode ser dissolvida se a experiência for
demonstrada logicamente. Se a materialidade racional da teoria for levada à sua constatação.
No nosso caso, a própria experiência atual do jovem, tornada objeto do pesquisador,
problematizada sob regras inteligíveis e resultados compreensíveis. O jovem também tem que
oferecer seu olhar à sua própria condição e contribuir ativamente para a formulação de sua
situação real estabelecida e a ideal, a ser buscada inclusive por ele mesmo. A síntese do
trabalho deve ser a ferramenta indispensável e mais apropriada para a formação do jovem.
Os dilemas do mundo atual o são para toda a sociedade. Mas os jovens, aos quais em nossa
cultura (na ocidental de forma geral, mas tendendo a se universalizar) não são oferecidos
espaços definidos de atuação política e relações de poder suficientes para a transformação
material e cultural do sistema, vivem em crise existencial. Os meios econômico-financeiros,
políticos, artísticos, jurídicos etc, estão já definidos segundo uma hierarquia de valores que
contemplam interesses da minoria que detém o capital e, portanto, o poder de decisão.
A indústria cultural, tendo padronizado o gosto, estabelece sob a força dissimulada na
atratividade das imagens, veiculadas pela tecnologia, inicialmente pela televisão, estabelece
valores estéticos desprovidos de qualquer relação com as condições existenciais e materiais
do indivíduo, tornando-o um consumidor de fetiches sem significados relevantes para a sua
existência. O jovem, neste aspecto igualado ao todo social, não aprende a “criar” sentido para
a sua vida. Até a espiritualidade, como exercício de relação com o sagrado, passa a ser
oferecida como mercadoria, com valor de troca, mediada por pessoas que se encarregam de
receber valores monetários.
Uma Educação para o benefício do homem não pode estar a serviço de forças que o destroem.
Um Estado comprometido com o poder do Capital ( através do financiamento de campanhas
políticas de seus gestores) não pode oferecer uma educação que priorize as necessidades
próprias da condição humana e sua identidade, em prejuízo do mercado como veículo da
realização do capital. Uma sociedade razoavelmente esclarecida da essência da sua
humanidade não pode se submeter à escravização imposta pelo mercado. Vivemos num
círculo cada vez mais fechado e realimentado pelo vício. A realimentação é feita pela mass
media que também é mercado e, portanto, membro articulado do capital.
Para os objetivos deste texto, que se refere à consciência adolescente. A Educação é o órgão
formal mais próximo dessa faixa etária e que tem as pessoas mais passíveis de serem
responsabilizadas moralmente pelo ato de educar. Os educadores só podem ser assim
denominados se o forem realmente. Os professores têm a responsabilidade de atuar como
seres humanos conscientes da implicação de suas personalidades sobre a formação do jovem.
A Educação deve ser o veículo que leva ao jovem as ferramentas providas pelo conhecimento,
para que ele atue no mundo objetivo e subjetivo, de forma conseqüente e competente.
O educador deve ser a pessoa que já refletiu suficientemente sobre o processo humano e
técnico-educacional e sua própria formação humana e, por isso, se identifica ideologicamente
com a função humana, social e política de educar.
Em fim, Educação, Educador e Educando são elementos do mesmo órgão social. Aos dois
últimos compete uma relação que transforme a primeira em plasmadora da Paz e da Liberdade
Humana plena.