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CURSO DE ENFERMAGEM GERAL

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
A CRIANÇA COM DOENÇA CARDIACA E RENAL
Elaborado por: Grupo nº 03

DOCENTE
________________________
Kapaca

BENGUELA, 2022
COLÉGIO WILIETE
CURSO DE ENFERMAGEM GERAL

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
A CRIANÇA COM DOENÇA CARDIACA E RENAL

Elementos do Grupo
 Isabel Ruth Domingos
 Isabel Narciso
 Julieta Hilário
 Joaquina Chimunu
 Simão Jorge
12ª Classe
Disciplina: Saúde a Criança
Turma: B
LISTA DE SIGLAS
CIPE – Classificação Internacional na Prática de Enfermagem
COFEN – Conselho Federal de Enfermagem
COREN – Conselho Regional de Enfermagem
DM – Diabetes Mellitus
HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica
HD – Hemodiálise
IRC – Insuficiência Renal Crônica
MPS – Modelo de Promoção de Saúde
MS – Ministério da Saúde
NANDA – Associação Norte Americana de Diagnósticos de Enfermagem
NIC – Classificação das Intervenções de Enfermagem
NOC -- Classificação do Resultado de Enfermagem
PH – Potêncial de Hidrogênio
PUBMED – Public Medline or Publisher Medline
QV – Qualidade de Vida
SAE – Serviço de Atendimento Especializado
SBN – Sociedade Brasileira de Nefrologia
SUS – Sistema Único de Saúde

Índice
LISTA DE SIGLAS..........................................................................................................3

INTRODUÇÃO.................................................................................................................5

Objetivo geral...........................................................................................................5

CONCEITOS.....................................................................................................................6

CARDIOPATIAS CONGÊNITAS..........................................................................6

CRIANÇAS CARDIOPATAS..........................................................................................9

AS CAUSAS..........................................................................................................10

TRATAMENTO E PREVENÇÃO........................................................................11

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A CRIANÇAS COM CARDIOPATIAS


CONGÊNITAS................................................................................................................12

INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM................................................................16

Atuação do enfermeiro no pré-operatório.......................................................16

Atuação do enfermeiro no trans-operatório....................................................18

INSUFICIÊNCIAS RENAL CRÔNICA........................................................................18

A INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM CRIANÇA...................................19

SISTEMATIZAÇÂO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM CRIANÇA


PORTADORA DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA...........................................20

CAUSAS FREQUENTES DE DOENÇA RENAL EM CRIANÇAS...................21

INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM................................................................22

CONCLUSÃO.................................................................................................................24

REFERENCIA................................................................................................................25

ANEXO...........................................................................................................................26
INTRODUÇÃO
Os defeitos cardíacos congênitos são definidos por diversos autores como uma
anormalidade observada já ao nascimento, tanto na estrutura como na função
cardiocirculatória. As malformações parecem resultar de uma interação multifatorial,
que abrange factores genéticos e ambientais.
De acordo com Victoria, de cada mil nascidos vivos, oito a dez apresentam
defeitos cardíacos congênitos, sendo atingidas crianças de todas as camadas sócio-
econômicas, indiscriminadamente. A grande excepção é a doença reumática, ainda
muito comum em nosso país, cuja incidência é maior entre as classes menos
favorecidas.
As cardiopatias congênitas começaram a ser identificadas a partir do século
XVII, mediante relatos esporádicos que procuravam correlacionar os sintomas clínicos
com achados de autópsia. Em 1936, Mande Abbot publicou um atlas com estudos
detalhados da anatomia de um grande número de cardiopatias congênitas.
Com o avanço tecnológico das técnicas cirúrgicas, o melhor conhecimento da
fisiopatologia e a implementação de protocolos mais sofisticados de pós-operatório, os
métodos paliativos passaram a ser o “salvamento” dos neonatos, pois as patologias são
tão complexas que, nos anos 70 e 80, a mortalidade das crianças nascidas com
cardiopatias congênitas e que morriam antes do primeiro ano de vida era estimada em
50%.
Na busca desse aperfeiçoamento, a enfermagem tem procurado direcionar e
integrar o saber com o fazer, visando contribuir para a melhoria da qualidade de sua
assistência. A prática diária junto às crianças internadas na cardiopediatria apresenta
respostas únicas, que precisam ser melhoradas e trabalhadas com um caráter científico,
através da intervenção de enfermagem, de forma sistematizada.

Objetivo geral
Evidenciar, a partir da literatura, a assistência da enfermagem frente ao cuidado
de criança com doenças cardíaca.

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CONCEITOS
CARDIOPATIAS CONGÊNITAS
As cardiopatias congênitas constituem um grupo de numerosas lesões que se
situam em diferentes locais do aparelho circulatório, com gravidade variável (Quilici et
al, 2009). São anomalias resultantes de defeitos anatômicos no coração ou na rede
circulatória que comprometem suas funções. O defeito resulta da malformação do
coração ou dos vasos próximos ao coração que não se desenvolveram normalmente
antes do
nascimento.
Segundo a American Heart Association (AHA), no mínimo 1 em cada 1000
crianças nascidas por ano possui defeitos cardíacos, o que significa quase 1% das
crianças nascidas. Assim, a incidência de doença cardíaca congênita varia
aproximadamente de 4 a 12 por 1000 nascidos vivos (Quilici et al,2009).
Frequentemente, não se sabe as causas das ocorrências de defeitos cardíacos. A
etiologia exata de 90% dos efeitos cardíacos congênitos é desconhecida. Acredita-se que
a maior parte seja consequência de herança multifatorial: uma interação complexa de
fatores genéticos e ambientais (Hockenberry, 2006).
Alguns factores de risco aumentam a incidência de defeitos cardíacos
congênitos. Os factores maternos de risco incluem as doenças crônicas, como as
diabetes ou a fenilcetonúria mal controladas, consumo de álcool e exposição a toxinas
ambientais e infecções. É importante lembrar que a história familiar de um defeito
cardíaco, principalmente em parentes de primeiro grau, aumenta a probabilidade de uma
anomalia cardíaca (Hockenberry, 2006).

Segundo Hockenberry (2006), há dois sistemas de classificação para os


defeitos cardíacos congênitos:
1) Sistema que utiliza duas categorias: defeitos cianóticos e defeitos
acianóticos;
2) Sistema baseado em características hemodinâmicas: em que as
características diferenciadoras são: fluxo sanguíneo pulmonar aumentado; fluxo
sanguíneo pulmonar
diminuído; obstrução do fluxo sanguíneo fora do coração e fluxo sanguíneo misto.

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A divisão dos defeitos cardíacos em cianóticos e acianóticos pode ser
problemática, pois as crianças com defeitos acianóticos podem desenvolver cianose
(Hockenberry, 2006).
A cianose é uma coloração azulada nas mucosas, pele e leito ungueais da
criança que indica insaturação do sangue resultante da mistura do sangue venoso com o
sangue arterial (Hockenberry, 2006).
As cardiopatias acianóticas são aquelas em que não há mistura de sangue não
oxigenado na circulação sistêmica. Os principais defeitos acianóticos são descritos a
seguir, de acordo com Hockenberry (2006):

 Defeito Septal Atrial (DAS) ou Comunicação Interatrial (CIA): abertura


anormal entre os átrios, permitindo que o sangue a partir do átrio esquerdo flua
para o átrio direito. Variam de pequenos orifícios até grandes comunicações.
 Defeito Septal Ventricular (DSV) ou Comunicação Interventricular
(CIV): abertura anormal entre os ventrículos, permitindo que o sangue flua do
ventrículo esquerdo para o direito e, conseqüentemente, para dentro da artéria
pulmonar. Pode variar desde um pequeno orifício até a ausência do septo.
 Defeito do Canal Atrioventricular (CAV) ou Defeito de Septo
Atrioventricular (DSAV): consiste em um defeito septal atrial baixo, o qual
continua com um defeito septal ventricular alto e com as fendas das válvulas
mitral e tricúspide, criando uma grande válvula atrioventricular central que
permite que o sangue flua entre todos os quatro compartimentos do coração.
 Persistência do Canal Arterial (PCA): falha do canal arterial, que
conecta a aorta à artéria pulmonar, em se fechar nas primeiras semanas de vida.
A permeabilidade deste vaso permite que o sangue flua da aorta com maior
pressão para artéria pulmonar com menor pressão.
 Coartação da Aorta (CDA ou CoAo): estreitamento localizado próximo
à inserção do canal arterial, resultando em pressão aumentada proximal ao
defeito (cabeça e membros superiores) e pressão diminuída distal a obstrução
(corpo e membros inferiores).
 Estenose Aórtica (EA): estreitamento os estenose da válvula aórtica, gerando
resistência ao fluxo sanguíneo no ventrículo esquerdo, débito cardíaco
diminuído, hipertrofia ventricular esquerda e congestão vascular pulmonar.

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 Estenose Pulmonar (EP): estreitamento na entrada para a artéria
pulmonar. A resistência ao fluxo sanguíneo provoca hipertrofia ventricular
direita e fluxo sanguíneo pulmonar diminuído.
As cardiopatias cianóticas são aquelas em que há mistura de sangue
não oxigenado na circulação sistêmica. Os principais defeitos cardíacos
cianóticos são descritos a seguir:

 Tetralogia de Fallot (TDF): a forma clássica inclui quatro defeitos: defeito


septal ventricular; estenose pulmonar; cavalgamento da aorta e hipertrofia
ventricular direita.
 Atresia Tricúspide (AT): falha na válvula tricúspide em se desenvolver;
conseqüentemente, não existe comunicação do átrio direito para o ventrículo
direito. O sangue flui através de um DSA ou de um forame oval persistente para
o lado esquerdo do coração e pelo DSV para o ventrículo direito.
 Transposição das grandes artérias (TGA) ou transposição dos grandes
vasos (TGV): a artéria pulmonar origina-se no ventrículo esquerdo, e a aorta
origina-se no ventrículo direito, sem comunicação entre as circulações sistêmica
e pulmonar. A circulação pulmonar pode estar aumentada ou diminuída,
dependendo de outras patologias e do estado do padrão fetal.
 Retorno Venoso Pulmonar Anômalo Total (RVPAT): raro defeito
caracterizado por falhas das veias pulmonares em se unir ao átrio esquerdo. As
veias pulmonares se conectam anormalmente com o circuito venoso sistêmico
pelo átrio direito ou por várias veias que drenam no sentido do átrio direito,
como a veia cava superior. Esta inserção resulta no sangue misto sendo
devolvido ao átrio direito e desviado da direita para esquerda através de um
DAS.
 Síndrome do Coração Esquerdo Hipoplásico: subdesenvolvimento do lado
esquerdo do coração, resultando em ventrículo esquerdo hipoplásico e atresia
aórtica. Grande parte do sangue do átrio esquerdo flui pelo forame oval pérvio
para o átrio direito, para o ventrículo direito e para artéria pulmonar. A aorta
descendente
recebe o sangue do canal arterial persistente que supre o fluxo sanguíneo
sistêmico.

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CRIANÇAS CARDIOPATAS
As crianças cardiopatas congênitas geralmente são pacientes crônicos, que
mesmo após a cirurgia corretiva, necessitam de um acompanhamento clínico pelo resto
de sua vida, demonstrando a necessidade durante a internação de uma assistência
diferenciada para que ela e sua família sintam-se acolhidos e seguros dentro da unidade
hospitalar.
Diante disso, devido ao facto de que nem todas as anomalias cardíacas são
corrigidas com a cirurgia, existe a necessidade de oferecer a esses pacientes pediátricos
cuidados paliativos, representando um conjunto de ações que visam promover uma
assistência integral, centralizada nas necessidades do paciente e sua família, realizando
cuidados embasados no respeito, nas necessidades especiais e nos conhecimento dos
valores familiares, estabelecendo uma relação que proporcione conforto ao ser cuidado.
No contexto familiar, o adoecimento que acomete a criança faz com que a
família se desestruture e também adoeça, pois percebe o risco da perda de um ente
querido, além de se sentir impotente diante das necessidades do mesmo, o que na
maioria dos casos é estabelecida uma relação marcada pela angústia e tristeza entre
ambos.
Segundo o Doutor Claude Yanaret, Pediatra da Organização Sanitas
Internacional, os problemas de coração em crianças podem ser detectados desde a
décima oitava e décima nona semana de gestação e alguns outros casos desde a décima
terceira.
Desta forma os pediatras têm em suas mãos, a tarefa fundamental de detectar
os sintomas e sinais de provável origem cardiovascular, contando para isso com
ferramentas tecnológicas que hoje em dia complementam a função deste profissional.
Com estas novas possibilidades pode-se reconhecer de maneira exata a presença de
determinadas enfermidades que dificultam as funções do coração, das artérias, e outros
componentes do aparelho cardiovascular de uma criança.
Médicos como o Doutor Esteban Carmuega - médico do Centro CESNI de
Buenos Aires e colaborador da Organização Mundial de Saúde - afirma que "durante as

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gestações e nos primeiros três anos, é que são estabelecidos certos mecanismos
biológicos que nos acompanharão ao longo da vida. "Daí a necessidade do papel do
pediatra na atenção ao recém-nascido.
Deve-se levar em conta que durante os primeiros dias de vida se desencadeiam
as mudanças mais importantes no aparelho cardiovascular infantil, há de se adaptar a
circulação uterina à vida fora do ventre materno.
É por isso que é importante conhecer e seguir tais mudanças através de exames
complementares, que incluem a medida do peso, altura, idade gestacional, a forma da
alimentação do bêbe, a respiração o nível de atividade física, a presença de dores ou
dificuldades articulares, os resultados destes estudos de diagnóstico e a consideração
dos antecedentes hereditários, assim como também as características da saúde da mãe
durante os meses da gravidez.
Em geral as cardiopatias congênitas resultam em ser as patologias mais comuns
quando se detecta alguma dificuldade cardiovascular em crianças. Através do
reconhecimento clínico, de eletrocardiogramas, radiografias e da correcta valorização da
função cardíaca, poderá ser tratado rapidamente um caso concreto
de insuficiência cardíaca, bem como evitar um alarme excessivo causado pela
identificação de um sopro discreto, onde a saúde da criança quase nunca está
comprometida.
De todas as formas a oportunidade de actuação de um especialista no tema em
conjunto com o médico clínico, determinará as medidas subsequentes e a real
importância dos sinais e sintomas encontrados. O risco da doença cardíaca congênita é
alarmante. Adiquire-se maior incidência se um familiar direto for portador de uma
patologia.
Deve ter-se em conta que nestes casos as conclusões dependerão dos
especialistas e sobre a base do tipo de antecedente familiar em relação à cardiopatia
envolvida.

AS CAUSAS
Algumas causas de doenças cardíacas congênitas além da herança e dos
factores genéticos, são de natureza ambiental, tais como a radiação, infecções, drogas,
diabetes, lupus, Síndrome de Down, entre outras. As tipologias mais frequentes de
cardiopatias congênitas podem ser classificadas em cianóticas e acianóticas.

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Para dar uma explicação simples e para se compreender o tema, teremos em
conta que o coração é um músculo que bombeia o sangue pelo corpo. Está dividido em
quatro partes denominadas câmaras cardíacas (dois átrios e dois ventrículos). Um átrio e
um ventrículo estão localizados no lado direito do coração e os outros dois no lado
esquerdo. Dentro do coração existem quatro válvulas- abertas unidirecionalmente - que
permitem ao sangue circular unicamente em uma determinada direção (entrado ou
saindo).
O sangue vai do coração aos pulmões, onde recebe oxigênio, necessário a todo
o corpo, e adquire uma cor brilhante regressando ao coração. Este, logo bombeia o
sangue através do corpo pelas artérias. Conforme o oxigênio é usado pelos tecidos e
órgãos do corpo, o sangue volta a escurecer e retorna pelas veias ao coração de onde o
processo começa todo novamente.
As anomalias congênitas podem impedir que este processo se desencadeie
corretamente e em grau menor afetar a capacidade da criança. Alguns bêbes já
apresentam sintomas. Outros podem possuir apenas um ruído diferente na ausculta do
coração - denominado normalmente de sopro - os que por sua vez podem ser inocentes
ou funcionais. Outra possibilidade é a existência de um desarranjo dos tecidos do
coração.

TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Dependendo do caso as diferentes patologias podem ser tratadas clinicamente
com atenção médica e farmacológica, ou nos casos mais complexos há que se intervir
cirurgicamente, seja com práticas reparadoras, paliativas ou até o transplante. A ciência
atualmente permite a implementação de técnicas cada vez mais aplicáveis e com
maiores possibilidades para a cirurgia, podendo ser realizadas em recém-nascidos,
lactentes e crianças na primeira e segunda infância.
Algumas destas patologias cardiovasculares são como explicado anteriormente,
as cardiopatias congênitas, a endocardite infecciosa, a miocardite, a pericardite, a
insuficiência cardíaca, a hipertensão arterial e mais outras relacionadas às anteriores.
Cada uma representará uma sintomatologia particular na criança e deverá também ser
tratada de maneira específica.
A experiência e as espectativas com relação às enfermidades cardiovasculares
em crianças são cada vez mais animadoras. O principal é o controle médico e a atenção
dos pais diante dos sinais e sintomas que seus filhos podem desenvolver. Dificuldades

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respiratórias, palpitações, falta de apetite, perda de peso, antecedentes familiares ou
algum outro sintoma que chame à atenção deve ser motivo para uma consulta ao
pediatra.
O especialista será a pessoa mais indicada para reconhecer a presença de algum
incoviniente de saúde. Não se deve ter uma preocupação desmedida sem antes ouvir a
opinião de um médico. O Dr. Mario Ciruzzi, chefe da Unidade Coronariana do Hospital
Pirovano, relembra a importância das consultas periódicas ao médico, dos bons hábitos
de vida e sempre ter em conta antecedentes familiares. "Os antecedentes são um fator de
risco imutável, por que fazem parte de uma bagagem genética, conhecê-los é poder
prevení-los".
A boa alimentação, a atividade física e outras medidas preventivas são fatores
variáveis que melhoram a qualidade de vida e a chegada da maturidade. O antecedente
familiar é um fator de risco fácil de identificar, daí a importância da atenção médica e o
acompanhamento tanto da mãe, desde a gestação, como do filho, desde o nascimento até
a vida adulta.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A CRIANÇAS COM


CARDIOPATIAS CONGÊNITAS
A fim de proporcionar uma assistência de enfermagem planejada e qualificada,
é fundamental que se tenha integração entre as equipes no pré, trans e pós-operatório. A
actuação da equipe de enfermagem nesse momento é de suma importância na prevenção
e diagnóstico precoce das complicações e na manutenção do conforto do paciente, com
observação rigorosa, detalhada e sistematizada do mesmo (MEDEIROS, 1990).
Ao longo do tempo, a prática de enfermagem sempre teve uma base teórica que
a norteou. Um dos marcos teóricos mais usados na enfermagem no século passado foi o
modelo médico, interventivo, hospitalocêntrico em que a ênfase era dada às desordens
da estrutura e função do corpo, isto é, centrado na doença. O modelo de atenção dos
enfermeiros centrava-se em intervir de forma a remover, neutralizar ou corrigir estas
mudanças.
Com o decorrer do tempo, os enfermeiros começaram o organizar o
conhecimento para que o mesmo respondesse às finalidades da enfermagem não
centrando no modelo médico.

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Com esse processo foram introduzidos na enfermagem outros modelos como o
psicológico, em que os enfermeiros procuraram identificar nos pacientes problemas
associados a variáveis psicológicas e o modelo social, os quais os levaram a identificar a
influência das variáveis culturais nas manifestações individuais ou grupais com a
finalidade de organizar o conhecimento gerado por outras disciplinas, redefinindo-o
através da constituição de marcos conceitual próprio e adequado para a enfermagem.
King (1998) destaca que, ao construir o conhecimento científico, os enfermeiros
selecionam conceitos relevantes para a enfermagem, identificam características e as
validam na prática e pesquisa.
Um método para construir o conhecimento de enfermagem é a identificação de
conceitos relevantes que descrevem a estrutura da disciplina em um contexto específico
de aplicação prática, mediante desenvolvimento e validação de conceitos. As teorias
fornecem um método para descrever, explicar e predizer fenômenos, para fortalecer as
bases científicas da enfermagem.
As teorias de enfermagem representam actualmente, os esforços coletivos e
individuais dos enfermeiros para definir e dirigir a profissão e proporcionar a base para
um desenvolvimento teórico continuado.
Elas mostram diferentes modos de pensar a prática da enfermagem. É
necessário que os enfermeiros façam a opção por uma teoria e ao fazer, que considerem
a adequação e a aplicabilidade à situação de enfermagem em que será utilizada.
O resultado final do cuidado prestado deverá refletir o marco conceitual
proposto, além de servir para confirmar e testar os conceitos formulados ou mesmo dar-
lhes novos direcionamentos e ou reconstruções (CARRARO, 2001, não paginado).
De acordo com Trentini (1991), o marco conceitual se constitui num
referencial
teórico que direciona e fundamenta a prática por intermédio do processo de enfermagem
e objetiva descrever, classificar e relacionar fenômenos de uma maneira organizada e
coerente.
Assim, um conceito é uma imagem mental de uma coisa, pessoa ou objeto e
são
compartilhados através de palavras. Uma função básica dos conceitos é conhecer e
descrever a natureza das coisas; são meios para organizar a informação concreta e são
armazenados, na memória, como ideias abstratas, dando significado para percepções
sensoriais.

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Os conceitos representam a realidade e o conhecimento substantivo de alguém,
já que são as categorias de uma teoria e servem como guias para realizar observações no
mundo empírico (KING, 1998).
Por se constituir complexa em sua estrutura, composição e função, a família
não
escapa em vivenciar conflitos múltiplos ao longo do ciclo vital. Enquanto existe, “está
sujeita a transformações, necessitando, muitas vezes, redimensionar-se em suas
posturas diante de diversas realidades e adversidades, as quais são submetidas, na
busca de superação e equilíbrio” (MACEDO, 2006).
A atuação do enfermeiro já não encontra mais sustentação, quando apenas
calcado nas ações de ordem técnica ou instrumental, precisa de aprofundamento, de
cientificidade, de reflexão para que o cuidado seja voltado à integralidade do ser e
principalmente que associe a técnica à sensibilidade com responsabilidade e
compromisso. Pensar na prática demanda estudos, pesquisas, teorização, dedicação e
vontade de mudar o modelo fragmentado de atenção ainda vigente nos diferentes
contextos de atuação do enfermeiro, para um modelo que dê sustentação tanto teórica
como prática para o cuidado.
Ao utilizar um referencial teórico para a efetivação do cuidado, o enfermeiro
torna significativas e generalizáveis as descobertas científicas, possibilita um novo olhar
dos fatos de forma ordenada, sendo que a ligação das descobertas em uma estrutura
coerente torna acessível o corpo de conhecimentos acumulados e, consequentemente,
mais útil a profissionais que buscam implementar as descobertas e a pesquisadores que
buscam ampliar a base de conhecimento (POLIT, 1995, não paginado).
Para Oliveira (2006), a utilização de uma teoria no agir profissional auxilia na
especificação de variáveis, as relações entre si, além de proporcionar direção e força às
ações de cuidar. Com a formulação de marcos ou modelos conceituais e sua respectiva
aplicação na prática os enfermeiros se tornam realmente científicos, já que lidam com
abstrações, proposições e inter-relações de conceitos, colaborando para a geração e
validação de novos conhecimentos. Logo, para caminhar no mundo de incertezas do
conhecimento, é fundamental que a enfermagem saiba utilizar as vantagens das teorias
na prática diante, mediante o aprofundamento das suas pesquisas.
A assistência de enfermagem prestada a uma criança com cardiopatia congênita
deve ser estabelecida e executada tão logo se suspeite do diagnóstico de defeito cardíaco
congênito.

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Para o desenvolvimento do plano assistencial, é essencial o cuidadoso
levantamento de informações, voltado principalmente para avaliação da função cardíaca
e detecção de sinais e sintomas característicos de complicações da cardiopatia de base.
Alguns autores apontam vários diagnósticos de enfermagem presentes em
crianças com cardiopatias congênitas internadas em unidades clínicas e de recuperação
pós-cirúrgica: nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais, risco
para infecção, desobstrução ineficaz das vias aéreas, troca de gases prejudicada,
hipertermia, risco para temperatura corporal desequilibrada, dor aguda, crescimento e
desenvolvimento retardados, padrão de sono perturbado, risco para constipação e
integridade da pele prejudicada (SILVA, 2004; RUIZ, 2003; GUERRIERO, 2003).
Ao serem considerados os problemas colaborativos, se encontram geralmente
as complicações potenciais: pneumonia, hipoxemia e efeitos adversos da terapia
medicamentosa (SILVA, 2004).
É imprescindível salientar que algumas pesquisas desenvolvidas com crianças,
portadoras de cardiopatia congênita, avaliaram um aspecto específico do cuidado a esses
pacientes como, por exemplo, o atraso no crescimento e desenvolvimento (CHEN,
2004).
A literatura consultada também destaca associações estatísticas importantes
principalmente entre os diagnósticos de enfermagem hipertermia e desobstrução
ineficaz das vias aéreas, nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades
corporais e
crescimento e desenvolvimento retardados, padrão respiratório ineficaz e desobstrução
ineficaz das vias aéreas, e padrão respiratório ineficaz e hipertermia (SILVA, 2004, p.
33-7).
Tais pesquisas são análises pontuais que avaliaram o perfil diagnóstico num
único momento durante o período de internação. Não se encontrou pesquisas que
analisassem a evolução dos diagnósticos de enfermagem e suas possíveis mudanças
com o decorrer do tempo. A análise detalhada e profunda de dados clínicos é
fundamental para a compreensão dos processos saúde-doença que estão presentes numa
dada situação. E tal análise tem sido uma tarefa constante no trabalho de enfermagem
(LOPES, 2004).
Contudo, como exposto anteriormente, existem poucas pesquisas que abordam
a análise de diagnósticos de enfermagem em crianças com cardiopatia congênita e,
provavelmente, a necessidade de uma análise clínica complexa seja um dos motivos

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para isso. Além do mais, os diagnósticos de enfermagem têm sido utilizados em vários
países, mas, as enfermeiras não estão familiarizadas com o processo de raciocínio
diagnóstico (LEE, 2005).
Indiscutivelmente, antes de se definir um quadro restrito de diagnósticos de
enfermagem de crianças com cardiopatia congênita, sente-se a necessidade de
desenvolver uma análise de acompanhamento para se analisar com maior profundidade
a evolução do quadro diagnóstico. Logo, é possível direcionar melhor as ações de
enfermagem com a criança portadora de cardiopatia congênita e daí prosseguir com as
outras fases do processo de enfermagem, realizando com isso, intervenções efetivas,
fundamentadas em reflexão e prática científicas.
Estudos como esses são bastante importantes, já que indicam necessidades de
assistência de enfermagem à pessoa ou grupo objeto de cuidado.
A utilização de seus resultados beneficia o binômio paciente-enfermeiro, por
direcionar os cuidados de enfermagem para as reais necessidades do paciente,
facilitando, com isso, a escolha de intervenções mais convenientes. Por clarear os
fenômenos com os quais a enfermagem trabalha, estas análises apontam, geralmente,
áreas de cuidado carentes de intervenções.

INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM
Para proporcionar uma assistência de enfermagem planejada e qualificada, é
necessário que se tenha integração entre as equipes no pré, trans e pós-operatório. A
atuação da equipe de enfermagem nesse momento é de fundamental importância na
prevenção e diagnóstico precoce das complicações e na manutenção do conforto do
paciente, com observação rigorosa, detalhada e sistematizada do mesmo.

Atuação do enfermeiro no pré-operatório


As crianças cardiopatas (entre a faixa etária de recémnato a adolescente)
chegam ao nosso serviço através de encaminhamento ao ambulatório de Pediatria, onde
serão avaliadas pelos cardiopediatras, definindo a patologia através de avaliação clínica,
ecocardiográfica e exames complementares. A terapêutica que será empregada
dependerá da cardiopatia, podendo ser clínica, cirúrgica ou hemodinâmica. As cirurgias
são agendadas por um médico da rotina, que é o responsável pela marcação, confecção
do mapa cirúrgico e exposição dos casos para a equipe cirúrgica, em sessão clínica

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semanal. Uma vez marcada a cirurgia, os pais são orientados a comparecer à instituição
no dia anterior para a internação.
Se o tratamento for cirúrgico, será feito o agendamento para a reunião pré-
operatória com uma equipe multiprofissional (enfermeira, assistente social,
fisioterapeuta, médico e psicóloga) para fornecer orientações pertinentes à cirurgia e à
internação com o esclarecimento de dúvidas aos pais. No dia da internação, a criança é
admitida pelo médico da rotina, será realizado radiografia de tórax, exames laboratoriais
e ECG (pré-operatórios). O médico comunica à enfermagem a patologia, tipo de
tratamento, estado geral e idade do cliente. A equipe de enfermagem providencia a
limpeza e o preparo do leito. A unidade de internação da pediatria é composta por 32
leitos, distribuídos em sete enfermarias, sendo um berçário, procurando atender à
especificidade do paciente, ou seja, pré-operatório, pós-operatório, cateterismo e
tratamento clínico. Destes 04 leitos são de isolamento.
A criança e a mãe receberão orientações sobre a rotina da hospitalização pela
enfermeira, assistente social e nutricionista. Os clientes que serão submetidos à cirurgia
ou cateterismo serão preparados a partir da noite anterior, compreendendo jejum após
24h e punção venosa para a infusão de hidratação venosa a partir das 6h do dia da
intervenção. As mães e as crianças passam por uma consulta de enfermagem, feita pela
enfermeira responsável pelo sector, onde é realizado exame físico e dadas orientações
pertinentes ao procedimento que será realizado. Em caso de cirurgia, a mãe é orientada
quanto ao tipo, preparo no centro cirúrgico, riscos, aparelhagem necessária para a
monitorização da criança após a cirurgia, o estado em que a criança poderá ser
encontrada após o procediemnto, visita e rotina do CTI e a importância da mãe na
recuperação pós-operatória. Em se tratando de procediementos hemodinâmicos, as
orientações são a respeito da finalidade, como é realizado e cuidados especiais após o
mesmo.
Os pacientes admitidos no sector que vieram transferidos de outras instituições,
reinternações em menos de 01 ano e internação de crianças que foram infectadas por
MRSA em internações anteriores, passam pelo rastreamento para MRSA, ou seja, são
mantidas em isolamento de contato, até a liberação do resultado do swab nasal, que
deverá ser colhido no momento da admissão.
Caso haja algum caso positivo para MRSA, será implementada a rotina de
descolonização e será mantido o isolamento de contato até a obtenção de swabs
negativos. De uma forma geral, todas as crianças são avaliadas diariamente pela

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enfermeira, através de visita e exame físico, com o objectivo de detectar problemas para
a implementação da assistência de enfermagem.
A criança, após a cirurgia, é encaminhada ao pósoperatório infantil, onde
permanecerá em média 03 dias, se não houver complicações pós-cirúrgicas. No segundo
dia de pós-operatório, o cliente será transferido para a unidade de internação da
Pediatria, após pedido prévio de vaga. Durante o pós-operatório, é realizada assistência
de enfermagem voltada para a recuperação e estimulação ao auto-cuidado com relação à
correção postural, incentivo à deambulação, estímulo à aceitação de dieta, avaliação da
cicatrização da incisão cirúrgica e avaliação do estado geral, com o objectivo de
promover a recuperação pósoperatória, diminuindo a permanência do cliente no
ambiente hospitalar, incorporando-o novamente ao convívio familiar e social. A
qualidade da assistência é importante para favorecer a recuperação do cliente em sua
totalidade, ou seja, de forma holística (corpo e mente).

Atuação do enfermeiro no trans-operatório


A cirurgia cardíaca infantil prolonga a vida, melhora os níveis de actividade e
cura muitas crianças que estão sujeitas à morte ou a um estilo de vida restrito. Buscando
um atendimento seguro junto à equipa multiprofissional do centro cirúrgico, a
enfermagem actua no planejamento e aquisição de equipamentos e materiais necessários
para a cirurgia, na prevenção e controle da infecção cirúrgica; nas intercorrências em
sala e na interação sobre as condições da criança ao ser encaminhada do Centro
Cirúrgico ao Pós-operatório Infantil, dando assim, um atendimento mais seguro em sala
e um recebimento mais tranqüilo no P.O.I.

INSUFICIÊNCIAS RENAL CRÔNICA


A SBN (2014) define a IRC como a redução aguda da função renal em horas
ou dias. Refere-se principalmente à diminuição do ritmo de filtração glomerular e/ou do
volume urinário, porém, ocorrem também distúrbios no controle do equilíbrio
hidroeletrolítico e acidobásico.
Segundo Pinheiro (2009), a IRC é a perda lenta e gradual das funções renais
que com medicamentos, dietéticos, restrições hídricas, se insuficiente na melhora, será
necessário iniciar a hemodiálise, diálise ou diálise peritoneal, que substitui em partes a
função dos rins; ou candidata-se a um transplante renal.

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Traz ainda, que como a instalação da IRC costuma ser de forma lenta, o
organismo tem tempo para se adaptar ao mau funcionamento dos rins, fazendo com que
os sinais e sintomas sejam assintomáticos. Só através de análises laboratoriais poderá
ser detectada.
O sistema renal auxilia na homeostase, sendo também responsável por diversas
funções: eliminações de toxinas; eliminação de substâncias inúteis ou que estejam em
excesso na corrente sanguínea; controle dos níveis de eletrólitos do sangue; controle do
nível da água no corpo; controle do PH no sangue; produção de hormônios que
controlam a pressão arterial; produção de vitamina D; e produção de hormônios que
estimulam a produção de hemácias pela medula óssea.
O paciente com IRC que apresenta deficiência em cada uma dessas funções e
em fases avançadas terá sérios problemas (PINHEIRO, 2016).
Quando diagnosticada a doença renal crônica, é necessária a consulta com o
especialista da área de Nefrologia, para obter dois objetivos: atrasar a progressão da
doença e manter-se nas melhores condições físicas (GUIMARÃES, 2016).
Afirma que medidas protetoras serão tomadas para prevenir a evolução da
deterioração da função renal. Quando evidente que a função renal precisa ser
substituída, deverão ser apresentadas as alternativas: hemodiálise, diálise peritoneal e
transplante renal. O início do tratamento de diálise é pertinente quando entendido que os
benefícios superam o incômodo.
Traz ainda, que há quatro situações que requerem diálise urgente:
hipercaliemia ou hiperpotassemia; pericardite urêmica; acidose metabólica não
compensável medicamente; e edema do pulmão por perda da capacidade de excreção da
água. A decisão de substituir a função renal é quando já não é possível tratá-la com
medicamentos, não há melhora dos sintomas, há fraqueza e a capacidade física está
comprometida.

A INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM CRIANÇA


Carvalho (2015) traz que o tratamento da IRC é baseado em três pilares de
apoio: diagnóstico precoce da doença; encaminhamento imediato para tratamento
nefrológico; e implementação de medidas para preservar a função renal.
A criança com IRC sente-se excluída da vida social. As mudanças na qualidade
de vida (QV), restrita pela doença, que as impede de usufruir da liberdade da infância e
adolescência é um fator que pode levar ao isolamento e a depressão.

19
A experiência desde pequenas de enfrentar exames e procedimentos reflete na
sua adaptação com a doença e na forma de comunicação com os profissionais de saúde
(FROTA et al., 2010).

SISTEMATIZAÇÂO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM


EM CRIANÇA
PORTADORA DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
Chaves (2009) reforça que a Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE) é uma prática ou uma implantação usada para um bom planejamento, uma
execução e avaliação do cuidado, de fundamental importância do trabalho do
enfermeiro.
Sendo assim, a assistência de enfermagem ao portador de IRC deveria seguir
um fluxo entre os diferentes serviços e níveis de complexidade, através do sistema de
referência e contra referência, constituídas pelas redes básicas de saúde, ambulatórias
especializadas em nefrologia e assistência de emergência. Porém, a cultura
relacionada à saúde, no Brasil, leva a população a inverter esse fluxo, buscando o
atendimento primário diretamente em emergências e hospitais especializados em
tratamento substitutivo (AZEVEDO et al, 2014).
Fava et al. (2010) afirmam que cabe ao enfermeiro que trabalha em
hemodiálise, não apenas realizar funções administrativas e assistenciais, é necessário
realizar
também as funções educativas e de pesquisa, provendo as lacunas que as unidades
básicas deixam em meio ao tratamento.
Dentre as funções assistenciais destacam- se: orientar pacientes renais e seus
familiares quanto ao autocuidado e tratamento dialítico; assistir o paciente em
tratamento dialítico mediante elaboração do processo de enfermagem; prevenir,
identificar e tratar complicações intradialíticos em conjunto com a equipe médica;
estabelecer normas e rotinas para prevenção e controle de infecções hospitalares na
unidade de diálise, entre outras funções.

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Para que essas funções tenham um cuidado padronizado a SAE buscou
elaborar etapas no prontuário do paciente e considerando tudo o mais que consta nos
autos do processo n.134/2009.
Art.2. O Processo de Enfermagem organiza-se em cinco etapas inter-
relacionados, independentes e recorrentes: Histórico de Enfermagem; Diagnóstico
de Enfermagem; Planejamento de Enfermagem; Implementação de Enfermagem;
Avaliação de Enfermagem.
Traz ainda que as Diretrizes das Etapas da SAE são de grande importância e
para um bom controle no Processo de Enfermagem, deve-se observar: cuidado
prescrito; cuidado realizado; cuidado checado; cuidado anotado; cuidado assinado.
Para maior êxito na Sistematização de Assistência de Enfermagem ou Processo
de Enfermagem tendo como foco o profissional/cliente, foi criada nomenclaturas de
classificação padronizadas, como forma de organizar o ambiente de convivência do
trabalho e a comunicação dos indivíduos. Entre as nomenclaturas mais usadas e
conhecidas temos: NANDA-I (Diagnóstico de Enfermagem); NOC (Planejamento e
Avaliação de Enfermagem = Resultados de Enfermagem); NIC (Planejamento e
Implementação de Enfermagem = Intervenções de Enfermagem) e a CIPE
(Classificação Internacional para Prática de Enfermagem) (NANDA, 2012).

CAUSAS FREQUENTES DE DOENÇA RENAL EM CRIANÇAS   


A doença renal crônica se configura quando há uma alteração da função dos
rins por um período maior de três meses. Se diabetes e hipertensão arterial estão entre as
principais causas para o desenvolvimento da doença em adultos, já no caso das crianças
as malformações congênitas no sistema urinário e doenças renais hereditárias estão
entre os diagnósticos mais frequentes. 
Além dessas situações, a Dra. Ana Paula Brecheret, nefrologista pediátrica do
Sabará Hospital Infantil, explica que a Doença Renal Crônica é sempre secundária a
uma questão de saúde anterior. “Pode ser uma infecção urinária de repetição, um rim
que não se formou direito, uma glomerulopatia que vem de repente ou uma criança que
chegue com uma infecção muito grave e aí fez um choque séptico [infecção que
compromete a maior parte do órgãos] e estragou o rim. Sempre vem de alguma coisa”,
explica Brecheret.
Em relação à infecção urinária, a SBN alerta: “No Brasil e no mundo, de
cada 10 crianças que são tratadas com diálise ou transplante, 5 são portadoras de alguma

21
doença cuja primeira manifestação foi infecção urinária”. Por isso, é importante o
acompanhamento médico com uma investigação mais detalhada após o episódio.
É justamente essa atenção com os distúrbios que possam provocar a lesão renal
que pode auxiliar no cuidado precoce.
“O problema da doença renal é que ela é silenciosa, ela não dá muitos
sintomas. Se você tem uma criança que tem alguma alteração nos rins, você tem que
ficar de olho pra ver se o rim não vai perder função. Porque sozinho você não vai saber,
a hora que já deu sintoma é que o rim já foi comprometido”, alerta Brecheret. De acordo
com a SBN, a pessoa pode perder até 90% da função renal sem perceber. 

INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM
Dochterman e Bulechek (2008), dizem que a Intervenção de Enfermagem é
qualquer tratamento baseado no julgamento e no conhecimento clínico realizado por
um enfermeiro para melhorar os resultados do paciente/cliente.
Segundo Santos (2016), a Implementação de Enfermagem, consiste em
realização das ações determinadas na etapa de Planejamento de Enfermagem. É o ato ou
efeito de intervir e realizar mediações para beneficiar o cliente seguindo o
diagnóstico de enfermagem.
Traz ainda, que a intervenção de enfermagem na criança com IRC é de
fundamental importância para alívio das complicações oriundas da doença. Uma
intervenção planejada pode intervir nos processos das reações adversas e contribuir
nos benefícios do tratamento, tendo como foco a orientação/educação, devendo
ocorrer de forma permanente em centros ou domicílio dessa criança dialítica.
Tem-se como exemplos: manter equilíbrio hidroeletrolítico; manter estado
nutricional adequado; preparar para diálise ou transplante renal; explorar alternativas
que reduzam ou eliminem os efeitos colaterais do tratamento; ajustar esquema de
dialise; fracionar dieta a cada 3 horas; discutir opções de psicoterapia; proporcionar
massagem para câimbras musculares; evitar imobilização; oferecer apoio
emocional/espiritual ao paciente e/ou família; promover educação para a saúde;
estimular o desenvolvimento educacional; avaliar a (QV) imposta pela doença.
A intervenção de enfermagem na criança e adolescente em tratamento de
hemodiálise, deve ser específico para cada paciente e sua família com intuito de
apresentar cuidados especializados para a promoção da QV dessa criança e
adolescente em HD. Uma intervenção humanizada favorece e estreita a relação do

22
profissional, com o paciente e sua família, e com demais membros da equipe
multidisciplinar (SANTOS, 2016).
Afirma que ao lidar com pacientes dialíticos, a enfermagem necessita prestar
uma assistência de qualidade, por meio da Sistematização da Assistência de
Enfermagem conhecida como SAE, onde uma das suas etapas consiste na elaboração de
Intervenção de Enfermagem.
Segundo Docheterman e Bulechek (2008), a NIC é uma classificação
compreensiva e padronizada das intervenções realizadas pelos enfermeiros.

Afirmam, que as classificações existem desde os primórdios e servem como


forma de organizar os organismos vivos em grupos, conferindo ordem ao ambiente e
auxiliando-os a comunicar entre si, ajudaram a identificar falhas no conhecimento,
através da pesquisa e simplificação da comunicação.
Trazem ainda que a NIC foi elaborada por oito razões, para que enfermeiros
realizem a profissão com qualidade: Padronização da Nomenclatura dos
Tratamentos; Conhecimento dos diagnósticos, Intervenções e Resultados; Sistema
da Informação e de Assistência à Saúde; Tomada de Decisões aos Estudantes;
Determinação dos Custos dos Serviços; Planejamento de Recursos nas
Práticas;
Linguagem que Transmita as Funções; Sistemas de Classificação de Outros
Técnicos de Saúde.
A NANDA-I (2012), diz que a NIC divide-se em 3 níveis: 07 Domínios; 30
Classes; 542 Intervenções de Enfermagem; mais 12.000 Atividades. Esses níveis
podem ser selecionados de acordo com a necessidade de cada paciente e
julgamento clínico do enfermeiro.
Assim sendo, para que as intervenções tenham êxitos desejados a NIC, tem
como foco o enfermeiro, ou seja, as atividades desses profissionais que auxiliariam
o paciente a atingir as metas desejadas.

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CONCLUSÃO
Sendo assim concluímos que o enfermeiro possui a responsabilidade
de manter um relacionamento interpessoal entre clientes e famílias. O
momento de doença torna o cliente sensibilizado e sua autoes-tima é tocada de
forma que o paciente vê o cuidado como fonte de incapacidade funcional, não
apenas física, mas também emocional.
Portanto, os profissionais estão diretamente envolvidos no vínculo
afectivo com a criança se predispondo a solucionar problemas demostrando
empatia na assistência prestada.
O enfermeiro deve oferecer segurança ao paciente dentro de seu sector
de trabalho, como também dar apoio aos familiares, diante dessas situações de
extremo estresse. O enfermeiro humanizado busca a provisão de complicações
e estar sempre preparado para atender o indivíduo, esclarecer suas dúvidas e
oferecer apoio na adaptação ao tratamento, pois seu cotidiano sofre
modificações em função de um tratamento extenso e que requer total
dedicação dos familiares. Em resumo, o cuidado do enfermeiro nefrologista
está focado nas bases de conhecimento técnico-científico e no respeito à
individualidade de cada família e na valorização de cada membro.

24
REFERENCIA
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permanência: enfermagem 24 horas, nossa maneira de cuidar. Rev. bras. Enferm. 2010;
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25
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ANDERSON, R. N.; SMITH, B. L. Deaths: leading causes for 2001. Natl Vital Stat
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ANEXO

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