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Resumo dos livros de Microeconomia

1. Concorrência perfeita
⇢ Fiani, capítulo 1, Teoria do Equílibrio Geral na Abordagem dos Mercados:
A Abordagem dos Mercados é uma corrente econômica tradicional que defende

a solução de problemas de desenvolvimento apenas por meio de uma economia de livres

mercados. Em outras palavras, em qualquer caso, o livre mercado é superior a qualquer

outra forma de organizar as decisões do sistema econômico. Ou seja, apenas a

liberalização e a generalização do mercado seriam suficientes para produzir o progresso

econômico e este será o único tipo de instituição capaz de tal proeza.


A justificativa para essa abordagem do desenvolvimento é a Teoria do Equilíbrio

Geral, que demonstra a eficiência dos mercados. Segundo os proponentes dessa

abordagem, o problema do subdesenvolvimento seria resultado da alocação ineficiente

de recursos, proveniente de barreiras ao livre mercado. Portanto, neste método, analisa-

se o equilíbrio simultâneo entre oferta e demanda de todos os mercados que compõem a

economia, o que levaria ao equilíbrio de preços e à alocação eficiente de recursos

produtivos entre as diferentes atividades da economia.

Para caracterizar o mercado competitivo, foram estabelecidas 4 hipóteses


fundamentais para explicar o funcionamento da Teoria do Equílibrio Geral.

A primeira é a hipótese da informação perfeita, que afirma que todos os

agentes da economia possuem todas as informações relevantes para tomar decisões

assertivas, as quais envolvem retornos.

O segundo pressuposto é a livre mobilidade de recursos econômicos, que

sustenta que nas melhores oportunidades que a economia oferece, não há barreiras à

entrada e saída de recursos, ou seja, não há dificuldades para trabalhadores, empresários,

entre outros fatores envolverem-se em atividades específicas que os beneficiem.

O terceiro pressuposto é o de haver um grande número de compradores e

vendedores, em que acredita-se que não há mercado, comprador ou vendedor que

tenha a capacidade de influenciar o preço de mercado através de suas decisões.

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A última suposição é a de produtos homogêneos, ou seja, os compradores se

preocupam apenas com os bens e serviços que atendem às suas necessidades, não com

as marcas que os fabricam, ou seja, a reputação da marca não afeta os consumidores e

eles optam por compras mais baratas.

De acordo com a teoria econômica tradicional, as quatro premissas acima são

importantes porque caracterizam um mercado competitivo. Mas, para que funcionem, é

preciso levar em conta que existe um mercado para todos os bens e serviços desejados,

ou seja, parte da hipótese de mercados completos. A combinação da hipótese do

mercado competitivo e da hipótese do mercado completo fornece a base para o

equilíbrio dos movimentos de expansão e contração de oferta e demanda. Quando isso

acontece, a alocação de recursos é eficiente, uma vez que a produção de cada bem ou

serviço será o que as pessoas desejam, dado o custo de produção.

⇢ Fiani, capítulo 1, Primeiro Teorema do Bem-Estar, de nição e limitações


para o problema do desenvolvimento econômico
Fiani (2011) argumenta que a análise da eficiência na Teoria do Equilíbrio Geral --

o caso da eficiência refere-se à eficiência de Pareto, caso em que em um equilíbrio em

que os recursos são alocados de forma eficiente, é impossível melhorar algo sem piorar a

situação do outro -- produz o Primeiro Teorema do Bem-Estar. Neste, o autor traz que o

equilíbrio em um mercado perfeitamente competitivo é eficiente na produção de bens e

serviços.

Uma situação em que a alocação de recursos pode ser alterada e melhorar a

situação de alguém é chamada de ineficiência porque os recursos são desperdiçados de

acordo com a abordagem tradicional. Para o autor, essa é uma limitação do conceito de

eficiência, pois trata apenas do desperdício ou não de recursos, e não implica uma

distribuição justa. Ou seja, a eficiência de Pareto lida com pontos de vista individualistas.

Além disso, segundo o autor, é somente em caso de ineficiência que os

economistas podem fazer julgamentos claramente contra ela e a favor da eliminação do

desperdício e da restauração do funcionamento do livre mercado. No entanto, em

circunstâncias efetivas, a única maneira de decidir quem ganha e quem perde é

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politicamente, pelo julgamento. Mas, de acordo com a análise tradicional, isso é

impossível porque está fora do alcance dos economistas. Isso significa que os mercados

competitivos produzem resultados que estão além do escopo da análise econômica.

Assim, argumenta Fiani, nem toda distribuição eficiente é necessária do ponto de vista

social.

Ainda, o Primeiro Teorema do Bem Estar só é válido sob mercados competitivos,

o que é uma simplificação da realidade, especialmente dos países em desenvolvimento,

uma vez que limita o desenvolvimento econômico desses.

Por fim, é necessário expor que em mercados competitivos, o preço é constante,

uma vez que as empresas que compõe o mercado competitivo são tomadoras de preço

(aceitam o preço estipulado). Ademais, para uma firma em concorrência perfeita a receita

marginal é igual ao preço de mercado (ou seja, no caso de concorrência perfeita, na

quantidade que maximiza o lucro, p = CMg).

A seguir, é demonstrado um exemplo de empresa competitiva:

Quantidade CT RT (RT = preço CMg = Δ CT RMg = Δ LMg (RMg - LT (RT - CT


x quantidade) RT CMg) ou Δ LMg)

0 8 0 — — — —

1 9 6 1 6 5 -3 OU 5

2 10 12 1 6 5 2 OU 10

3 11 18 1 6 5 7 OU 15

4 13 24 2 6 4 11 OU 19

5 19 30 6 6 0 11 OU 19

6 27 36 8 6 -2 9 OU 17

7 37 42 10 6 -4 5 OU 13
Em caso de firma em concorrência perfeita, a quantidade que maximiza o lucro é

Q = 5, uma vez que o custo marginal e a receita marginal se igualam.

⇢ Krugman e Wells (2007), capítulo 6, de nição de excedente do produtor e


consumidor e perda por peso morto:
De acordo com Krugman e Wells, o excedente do consumidor (EC) é uma medida

utilizada para examinar o benefício de ser capaz de comprar um bem. Já o excedente do

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produtor (EP) seria uma medida correspondente dos benefícios que os vendedores

recebem por serem capazes de vender um bem.

Os conceitos de excedente do consumidor e excedente do produtor são

extremamente úteis para analisar uma ampla variedade de questões econômicas. Eles

nos permitem calcular quanto é o beneficio que produtores e consumidores obtêm da

existência de um mercado. Eles também nos permitem calcular como o bem-estar de

consumidores e produtores é afetado por mudanças nos preços de mercado. Tais cálculos

desempenham um papel essencial na avaliação de muitas politicas econômicas.

Graficamente, os excedentes de produtor e consumidor são representados da

seguinte forma:

A curva de demanda representa a disposição a pagar do consumidor por um bem,

logo o Excedente do Consumidor estará sempre acima ou dentro do preço de equilíbrio

e sempre abaixo da curva de demanda.

A curva de oferta representa a disposição que o produtor tem de ofertar aquele

bem, logo o Excedente do Produto sempre estará abaixo ou dentro do preço de

equilíbrio e sempre acima da curva de oferta.

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Ambas as curvas são in uenciadas pelo preço, uma vez que o excedente do

produtor se expande se o preço aumentar (pois incentiva a entrada neste mercado)

enquanto o excedente do consumidor se expande se o preço diminuir (incentivo à

demanda).

A partir dessa definição, tragamos um exemplo prático de como uma política de

teto de preços pode interferir nesses excedentes e causar a perda por peso morto.

Se uma prefeitura implementar um teto para aluguéis, por exemplo, o excedente do

produtor irá diminuir, o do consumidor irá aumentar e, dessa forma, o excedente total

desta economia irá diminuir. O teto de aluguéis, representado por preço-teto no gráfico

abaixo, modifica a quantidade de oferta e demanda, diminuindo a oferta inicial de

imóveis, gerando uma perda por peso morto (ineficiência causada por uma política ou um

imposto que faz com que transações mutuamente benéficas deixem de ocorrer por conta

do limite que foi imposto).

É importante ressaltar que se a política de teto de preços for implementada acima

do preço de equilíbrio, não há interferência alguma no excedente total da economia.

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2. Falhas de mercado
⇢ Stiglitz, capítulo 4, falhas de mercado, de nições:
As falhas de mercado acontecem quando o mercado não gera alocações

eficientes, ou seja, quando os mercados competitivos se mostram ineficientes, rompendo

com o Primeiro Teorema do Bem-Estar.

Stiglitz (1998), traz que existem seis falhas de mercado, as quais são: a competição

imperfeita, os bens públicos, as externalidades positivas e negativas, os mercados

incompletos, a informação imperfeita e o desemprego e outros distúrbios

macroeconômicos.

1. Falhas de competição ou competição imperfeita: Para que os mercados resultem em

eficiência de Pareto, deve haver concorrência perfeita, ou seja, deve haver um número

suficientemente grande de empresas que cada acredita que não tem efeito sobre os

preços. Mas em algumas indústrias de supercomputadores, alumínio, cigarros, cartões

comemorativos, há relativamente poucas empresas, ou uma ou duas empresas têm uma

grande fatia do mercado.  Quando uma única empresa abastece o mercado, os

economistas se referem a ela como um monopólio; quando poucas empresas abastecem

o mercado, os economistas se referem a elas como um oligopólio. E mesmo quando há

muitas empresas, cada uma pode produzir um bem ligeiramente diferente e, assim,
perceber-se diante de uma curva de demanda descendente.  Economistas referem a

situações como a concorrência monopolista.  Em todas essas situações, a concorrência se

desvia do ideal de concorrência perfeita, onde cada empresa é tão pequeno que acredita

que não há nada que possa fazer para afetar os preços. É importante reconhecer que,

nessas circunstâncias, as empresas ainda parecem estar competindo ativamente umas

com as outras, e que a economia de mercado pode parecer "funcionar" no sentido de

que os bens estão sendo produzidos dos quais os consumidores parecem gostar.  O

primeiro teorema fundamental da economia do bem-estar, o resultado de que as

economias de mercado são Pareto eficientes, requer mais do que apenas que haja

alguma competição.  Como vimos no último capítulo, a eficiência de Pareto envolve


condições rigorosas, como eficiência de troca, produção e mix de produtos, e essas

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condições normalmente são satisfeitas apenas se cada empresa e família acreditar que

não tem efeito sobre os preços.

2. Bens públicos: Existem alguns bens que ou não serão fornecidos pelo mercado ou, se

fornecidos, serão fornecidos em quantidade insuficiente.  Um exemplo em larga escala é

a defesa nacional;  em pequena escala, auxílios à navegação (como uma bóia).  São os

chamados bens públicos puros.  Eles têm duas propriedades críticas.  Primeiro, não custa

nada para um indivíduo adicional desfrutar de seus benefícios: formalmente, há custo

marginal zero para o indivíduo adicional que desfruta do bem. Em segundo lugar, é, em

geral, difícil ou impossível excluir os indivíduos do gozo de um puro bem público.  O

mercado não fornecerá ou não fornecerá o suficiente de um produto puro bem público. 

O fato de os mercados privados não fornecerem, ou fornecerão demais pouco dos bens

públicos fornece uma justificativa para muitas atividades governamentais.

! Bens públicos puros:

- Não excludentes: não tem como você impedir a pessoa de usar, exemplo: iluminação

pública;

- Custo marginal nulo: enquanto uma pessoa a mais usufruir o bem, não há acréscimo de

custo para o ofertante -> mais de uma pessoa pode usar a iluminação pública, não vai ter

custo para o ofertante porque o poste já está ligado;


- Custo marginal não rivais: o consumo de um bem por um indivíduo não prejudica o

consumo deste bem por outro indivíduo;

! Bens privados: são o oposto de bens públicos puros, uma vez que são excludentes e

possuem custo adicional positivo/rivais;

! Educação e saúde são bens públicos? Educação e Saúde são excludentes, pois é

possível limitar seu uso por alguém, e são rivais porque possuem custo marginal positivo.

L Por que o Estado investe nessas áreas? Porque possuem grande externalidade positiva

(benefício social > benefício privado), justificando a oferta pública (Estado empreendedor

de Mariana Mazzucato);

! Bens excludentes, mas não rivais. Exemplos: metrô sem horário de pico ou estrada

com pedágio mas sem trânsito;

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! Bens rivais, mas não excludentes: recursos comuns que se uma pessoa a mais usar

pode prejudicar o outro.

3. Externalidades: Há muitos casos em que as ações de um indivíduo ou de uma

empresa afetam outros indivíduos ou empresas;  onde uma empresa impõe um custo a

outras empresas, mas não as compensa, ou, alternativamente, onde uma empresa

confere um benefício a outras empresas, mas não recebe uma recompensa por fornecê-

lo.  A poluição do ar e da água são exemplos.  Mas nem todas as externalidades são

negativas. Existem alguns casos importantes de externalidades positivas, onde as ações

de um indivíduo conferem um benefício a outros.

Ainda, é necessário trazer que há medidas governamentais que buscam a

internalização da externalidade, que se baseia na premissa de que os custos externos

que acompanham o processo produtivo - a exemplo da poluição - devem ser


internalizados, ou seja, assumidos por aqueles que auferem lucro com a exploração da

atividade.

! Por que as externalidades positivas são consideradas falha de mercado? Porque o

mercado pode produzir uma quantidade muito menor do que a sociedade deseja.

Enquanto ele produz mais a negativa que é o que a sociedade menos deseja. Logo, o

mercado se mostra ineficiente e necessita de intervenção estatal;

EXEMPLOS:

3.1. Decisão individual sobre quantas viagens de carro realizar por semana,

externalidade negativa:

! CMg privado (Custo Marginal privado = aumento do custo por cada viagem adicional

que o indivíduo terá de arcar):

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L Combustível

L Pedágio

L Manuntenção

L Estacionamento

! CMg social (aumento do custo por viagem adicional que um indivíduo faz para a

sociedade):

L Acidente

L Poluição

L Trânsito

L Manuntenção

! CMgS = CMgP + Externalidade negativa

L Se não houver externalidade, os custos marginais se igualam;

L CMgS > CMgP;

! Benefício Marginal Privado (BMgP):

L Segurança

L Tempo

L Conforto

! Benefício Marginal Social (BMgS):

L Por simplificação BMgP = BMgS;


L Tanto CMg quanto BMg podem ser convertidos em unidades monetárias;

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! Solução privada (custos mais toleráveis do que os custos sociais): CMgS > BMgS e

CMgP = BMgP

! Solução social: CMgS = BMgS

3.2. Decisão sobre quantas matrículas a rede privada oferece de ensino básico,

externalidade positiva (EDUCAÇÃO):

L CMgP (para cada matrícula ofertada a mais): manutenção das salas, sobrecarga de

professores;

L BMgP (para cada matrícula ofertada a mais): mensalidade, reputação;

L CMgS: por simplificação, CMgS = CMgP;

L BMgS: produtividade, inovação, preservação do meio ambiente, efeitos sobre a família;

! Nesse caso, o BMgS > BMgP

L BMgS = BMgP + externalidade positiva

! Escolha privada: CMgP = BMgP e BMgS > CMgS

! Escolha social: BMgS = CMgS 

4. Mercados incompletos: Bens e serviços públicos puros não são os únicos bens e

serviços que os mercados privados não fornecem adequadamente. Sempre que os

mercados privados não fornecem um bem ou serviço, mesmo que o custo de fornecê-lo

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seja menor do que os indivíduos estão dispostos a pagar, há uma falha de mercado que

chamamos de mercados incompletos (porque um mercado completo forneceria todos os

bens e serviços pelo qual o custo de provisão é menor do que os indivíduos estão

dispostos a pagar).

5. Informação imperfeita: Várias atividades governamentais são motivadas por

informações imperfeitas por parte dos consumidores e pela crença de que o mercado,

por si só, fornecerá muito pouca informação.

6. Desemprego e outros distúrbios macroeconômicos: Talvez os sintomas mais

amplamente reconhecidos de falha de mercado sejam os episódios periódicos de alto

desemprego, tanto de trabalhadores quanto de máquinas, que atormentaram as

economias capitalistas durante os últimos dois séculos.  A maioria dos economistas

considera os altos níveis de desemprego como evidência prima facie de que algo não

está funcionando bem no mercado.  Para alguns economistas, o alto desemprego é a

evidência mais dramática e convincente de falha de mercado.

Em resumo, Stiglitz considera a existência de seis falhas de mercado: competição

imperfeita, os bens públicos, as externalidades positivas e negativas, os mercados

incompletos, a informação imperfeita e o desemprego.


A primeira (competição imperfeita) relaciona-se ao poder das firmas sobre os

mercados, por exemplo, quando as firmas têm poder sobre os preços que é o caso dos

monopólios, não há uma alocação eficiente. A segunda, os bens públicos, são uma falha

de mercado porque não são oferecidos pelo mercado ou são oferecidos em pequena

quantidade, esses bens têm duas características principais, não há custo para um

indivíduo adicional usufruí-lo e é não excludente.

Ademais, as externalidades acontecem quando um agente melhora ou piora a

situação de outro agente, porém sem assumir os benefícios e os custos de fazê-lo. Sendo

assim, existem externalidades positivas e negativas, por exemplo, vacinas e poluição

respectivamente. Já os mercados incompletos são quando agentes isolados não

conseguem alcançar o interesse coletivo, portanto é necessária a intervenção do Estado

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na atividade econômica para que ela ocorra de forma coordenada, neste caso o mercado

não consegue oferecer seguros para os ricos importantes que os indivíduos sofrem.

Ao se tratar da informação imperfeita, o mercado não é capaz de fornecer

informação para todos os indivíduos, porém a eficiência requer informação de livre

disseminação, além disso é uma falha de mercado pois informação pode ser considerada

um bem público, já que se adquirida por mais um indivíduo não aumenta o custo, além

disso o mercado não fornece informação suficiente para todos os consumidores, é

necessária a ajuda do Estado.

Por último, o desemprego é uma das principais falhas de mercado, pois a solução

gerada pelo mercado será ineficiente, deste modo a ajuda do Estado é necessária,

ademais, em momentos de crise podemos considerar o Estado como empregador de

última instância. O alto desemprego é a evidência mais dramática e convincente de falha

de mercado.

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A partir disso, se mostra justificada a ação do Estado para inibir os efeitos de tais

falhas de mercado. A seguir, serão apresentadas algumas possíveis soluções.

1. Externalidades (Instituto Nacional de Metereologia), soluções:

! Políticas de regulamentação: leis, como por exemplo: quando o governo impõe limites

de poluição com o rodízio, com a proibição de fumar em lugares fechados, etc);

! Políticas públicas de mercado: operam via preço com taxas/impostos, buscando

internalizar a externalidade nos indivíduos. Exemplo: impostos ambientais sobre

combústiveis fósseis para elevar o preço e desestimular o uso;

L Impostos de Pigou, impostos corretivos que tributam as atividades que geram

externalidades negativas ou subsidiar as atividades que geram externalidades positivas,

buscando fazer com que a decisão privada coincida com a decisão social;

L Mercado de licença de poluição: criação de um mercado de licenças para poluir.

Mercado de créditos de carbono;

! Solução privada: deixar os próprios causadores da externalidade negativa discutirem

entre si os termos para resolverem;

L Teorema de Coase: se os agentes privados puderem negociar sem custos de

transação, então o mercado privado solucionará o problema das externailidades. O

teorema não funciona quando há custos para se chegar à um acordo (por exemplo: custo

com advogados);

⇢ Mankiw, externalidades, soluções:

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2. Bens públicos: são bens que o mercado não consegue ofertar, ou oferta em

quantidade insuficiente OU são bens não excludentes, não rivais/possuem custo marginal

nulo. Exemplos: defesa nacional, iluminação pública, pesquisa básica (conhecimento),

parques, etc;

! Bens públicos puros:

- Não excludentes: não tem como você impedir a pessoa de usar, exemplo: iluminação

pública;

- Custo marginal nulo: enquanto uma pessoa a mais usufruir o bem, não há acréscimo de

custo para o ofertante -> mais de uma pessoa pode usar a iluminação pública, não vai ter

custo para o ofertante porque o poste já está ligado;

- Custo marginal não rivais: o consumo de um bem por um indivíduo não prejudica o

consumo deste bem por outro indivíduo;

! Bens privados: são o oposto de bens públicos puros, uma vez que são excludentes e

possuem custo adicional positivo/rivais;

! Educação e saúde são bens públicos? Educação e Saúde são excludentes, pois é

possível limitar seu uso poro alguém, e são rivais porque possuem custo marginal

positivo. Por que o Estado investe nessas áreas? Porque possuem grande externalidade

positiva (benefício social > benefício privado), justificando a oferta pública (Estado

empreendedor de Mariana Mazzucato);


! Bens excludentes, mas não rivais. Exemplos: metrô sem horário de pico ou estrada

com pedágio mas sem trânsito;

! Bens rivais, mas não excludentes: recursos comuns que se uma pessoa a mais usar

pode prejudicar o outro, por exemplo: se uma pessoa ir pescar peixe mais vezes do que

o combinado entre os pescadores, a oferta de peixes vai diminuir (tragédia dos comuns).

Necessária política pública para regular, fiscalizar e taxar, como, nesse caso, a política de

defeso ao defeso que institui períodos que a pesca de espécies de peixe em período de

reprodução é proibida em algumas bacias (01/11 a 28/02);

3. Falhas de informação: políticas públicas para corrigí-las poderiam ser cartilhas,

campanhas de conscientização, etc;

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L Exemplo: crédito público que o governo oferta para a população vulnerável. Essa

medida pode envolver essa população em uma situação de endividamento. Para

combater, poderia ser criada uma política pública de educação financeira, como uma

espécie de curso para essa população que demanda esse serviço ou treinar os gerentes

que provém esses recursos para orientarem os consumidores;

4. Falhas de competição: quando as firmas têm poder de mercado (oligopólio,

monopólio) não há alocações eficientes;

! Monopólio natural: a produção é mais eficientes quando oferecida por uma única

firma. Custo fixo elevado, mas o custo médio se reduz com a escala de produção;

5. Mercados incompletos (exemplo: banco público de desenvolvimento): os mercados

não provém o bem ou provém uma quantidade insuficiente deste, mesmo com o custo

de produção baixo;

! Mercados privados podem não oferecer seguros para riscos importantes que os

indivíduos sofrem. Exemplo: financiamento estudantil (FIES), tem uma grande incerteza se

a pessoa vai conseguir pagar ou não, ai se aumenta os juros por estar correndo um

grande risco;

L Problema: assimetria de informação (pode causar seleção adversa) e custos de


transação;

! Mercados complementares: agentes isolados não conseguem alcançar o interesse

coletivo;

L Papel importante do Estado como mecanismo de coordenação das atividades

econômicas;

L Importante especialmente em projetos de grande escala. Exemplo: governo JK

buscando trazer indústriais automobilísticas para o Brasil, para que essas se instalassem

no país eram necessários outros serviços complementares (como mecânicas, por

exemplo);

! O OPOSTO, Mercados completos: os mercados fornecem todos os vens nos quais o

custo de produção é menor do que os indivíduos estão dispostos a pagar dos indivíduos;

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6. Desemprego e outras instabilidades macroeconômicas:

! O desemprego é considerado como a principal falha de mercado, pois a solução

gerada pelo mercado será ineficiente, deste modo a ajuda do Estado é necessária;

! Ademais, em momentos de crise podemos considerar o Estado como empregador

de última instância;

7. Bens meritórios, quando não há uma falha de informação: mesmo informados, os

indivíduos podem não tomar as melhores decisões para si mesmos. Dessa forma, os bens

meritórios são bens que o Estado pode obrigar os indivíduos a consumirem, como: cinto

de segurança, educação básica;

3. Teoria dos jogos


Por definição, a teoria dos jogos é o estudo das tomadas de decisões que um

indivíduo realiza quando o resultado desta escolha depende do que outros indivíduos

decidem, como em um jogo de estratégias.

Essa teoria se desenvolveu a partir de estudos sobre economia e matemática,

através de situações estratégicas em que um jogador precisa fazer as melhores escolhas,

porém, existe uma relação de interdependência com outros jogadores.

A interdependência nas situações estratégicas acontece quando há concorrência e,

a ação de cada jogador, modificará o resultado dos outros jogadores e de todo o jogo.

Esse estudo, então, passou a ter relação com o comportamento das pessoas, empresas e

do governo.

⇢ Pindyck, capítulo 13, estruturação, objetivo e limitações/desa os da


Teoria dos Jogos
Em primeiro lugar, esclareceremos a finalidade dos jogos e do processo de decisões

estratégicas. Jogo é uma situação em que os jogadores (participantes) tomam decisões

estratégicas, ou seja, decisões que levam em consideração as atitudes e as respostas dos


outros. Exemplos de jogos incluem empresas que competem ao estabelecer preços ou

um grupo de consumidores competindo no oferecimento de lances para arrematar uma

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obra de arte em um leilão. Decisões estratégicas resultam em payoffs para os jogadores:

resultados que acarretam recompensas ou benefícios. Para as empresas que estabelecem

preços, os payoffs são os lucros; para aqueles que oferecem lances em um leilão,

consistem no excedente do consumidor, isto é, no valor que eles atribuem à obra de arte

menos o valor a ser pago.

Um objetivo crucial da teoria dos jogos é determinar a estratégia ótima para cada

jogador. Estratégia é uma regra ou um plano de ação para o jogo. Para nossas empresas

que estabelecem preços, um exemplo de estratégia seria: "Manter o preço alto enquanto

os concorrentes fizerem o mesmo, mas, caso um deles reduza seu preço, baixar o nosso

ainda mais". Para um apostador em um leilão, uma estratégia seria: "Oferecer um lance

inicial de $2.000 para convencer os outros de que existe a séria intenção de vencer, mas

desistir caso os lances ultrapassem $5.000". A estratégia ótima para um jogador é aquela

que maximiza seu payoff esperado.

Vamos nos concentrar nos jogos que envolvem jogadores racionais, ou seja,

jogadores que raciocinam levando em consideração as conseqüências de suas ações.

Essencialmente, trataremos da seguinte questão: se cremos que nossos concorrentes são

racionais e atuam visando à maximização de seus payoffs, de que modo devemos levar o

comportamento deles em consideração ao tomar nossas próprias decisões? Na vida real,

obviamente é possível encontrar competidores irracionais ou com menos capacidade de


avaliar as consequências de suas ações. No entanto, a melhor forma de começarmos é

partindo do princípio de que todos os competidores são tão racionais e inteligentes

quanto nós. Como poderemos ver, levar em consideração o comportamento dos

competidores não é tão simples quanto parece. Determinar a estratégia ótima pode ser

difícil mesmo em condições de perfeita simetria e de perfeita informação (isto é, situação

em que todos os concorrentes têm a mesma estrutura de custos e estão plenamente

informados sobre os custos uns dos outros, sobre a demanda etc.). Além disso, estaremos

preocupados com situações mais complexas, nas quais as empresas tenham diferentes

custos, diferentes tipos de informações e vários graus e formas de vantagem e

desvantagem competitiva.

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⇢ Pindyck, capítulo 13, jogo cooperativo e não cooperativo, de nição e


exemplos
Os jogos econômicos praticados pelas empresas podem ser cooperativos ou não

cooperativos. Um jogo cooperativo ocorre quando seus participantes podem negociar

contratos vinculativos entre si, o que lhes permite planejar estratégias em conjunto. Um

jogo não cooperativo ocorre quando não é possível a negociação de tais contratos entre

os participantes.

Um exemplo de jogo cooperativo é a negociação entre um comprador e um

vendedor em torno do preço de um tapete. Se o tapete custa $100 para ser produzido e

o comprador atribui o valor de $200 ao tapete, torna-se possível uma solução

cooperativa para o jogo, pois um acordo de venda por qualquer preço entre $101 e $199

maximizará a soma do excedente do consumidor com o lucro do vendedor e será

benéfica para ambas as partes. Outro jogo cooperativo pode envolver duas empresas de

determinado setor que estejam negociando um investimento em conjunto para

desenvolver uma nova tecnologia (considerando-se que nenhuma das duas teria know-

how suficiente para obter sucesso sozinha). Se as empresas podem assinar um contrato

entre si, dividindo os lucros decorrentes de seu investimento conjunto, torna-se possível

um resultado cooperativo que beneficiará ambas as partes.

Um exemplo de jogo não cooperativo é a situação na qual duas empresas

concorrentes levam em consideração os prováveis comportamentos uma da outra ao

determinar de forma independente uma estratégia de preço. Ambas sabem que,

estabelecendo preços menores que a outra, podem obter uma fatia maior do mercado.

Mas também sabem que, ao fazê-lo, correm o risco de iniciar uma guerra de preços.

Outro jogo não cooperativo é o leilão mencionado anteriormente. Cada licitante deve

levar em consideração o comportamento dos outros ao determinar uma estratégia ótima

para oferecer lances.

A diferença fundamental entre os jogos cooperativos e os não cooperativos está na

possibilidade de negociar e implementar contratos. Nos jogos cooperativos, os contratos

vinculativos são possíveis; nos jogos não cooperativos, não.

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fi
⇢ Pindyck, capítulo 13, estratégia dominante, de nição, exemplo e
equilíbrio de estratégias dominantes
De que forma podemos decidir qual a melhor estratégia para participar de um

jogo? De que maneira podemos determinar o final mais provável de um jogo?

Necessitamos de algo que nos ajude a determinar de que modo o comportamento

racional de cada jogador levará a uma solução de equilíbrio. Algumas estratégias podem

ser bem-sucedidas se os concorrentes fizerem determinadas opções, mas serão

malsucedidas se eles fizerem escolhas diferentes. Outras estratégias, entretanto, poderão

ser bem-sucedidas quaisquer que sejam as atitudes dos participantes. Iniciaremos

apresentando o conceito da estratégia dominante - aquela que é ótima

independentemente do que seu oponente possa vir a fazer.

Um exemplo de empresas com estratégias dominantes: Consideremos que tem-se

duas empresas duopolistas (A e B) que vendem produtos concorrentes e estão decidindo

se irão investir ou não em propaganda.

Qual estratégia cada empresa deve escolher? Em primeiro lugar, consideremos a

Empresa A. Certamente ela deve investir em propaganda, porque, independentemente

do que possa fazer a Empresa B, a Empresa A realizará um melhor negócio ao investir em

propaganda. Se a Empresa B fizer propaganda, a Empresa A lucrará I0 se também fizer

propaganda, mas lucrará apenas 6 caso não faça. Se a Empresa B não investir em

propaganda, a Empresa A lucrará 15 caso faça propaganda, mas lucrará apenas 10 se não

fizer. Portanto, investir em propaganda é uma estratégia dominante para a Empresa A. O

mesmo é verdadeiro para a Empresa B: isto é, independentemente do que possa vir a

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fazer a Empresa A, a Empresa B realizará um melhor negócio se investir em propaganda.

Portanto, supondo que ambas as empresas sejam racionais, sabemos que o resultado do

jogo será ambas as empresas investirem em propaganda. Esse resultado é fácil de ser

determinado porque as duas possuem estratégias dominantes.

Quando cada jogador tem uma estratégia dominante, chamamos o resultado do

jogo de equilíbrio de estratégias dominantes. Esses jogos podem ser analisados

objetivamente, pois a estratégia ótima para cada jogador pode ser determinada sem a

preocupação com as ações dos outros.

⇢ Pindyck, capítulo 13, Equilíbrio de Nash, exemplo e de nição:


Infelizmente, nem todos os jogos apresentam estratégias dominantes para cada um

dos jogadores. Para entendermos esse processo, vamos alterar ligeiramente nosso

exemplo de propaganda.

A matriz de payoff da Tabela 13.2 é a mesma da Tabela 13.1, exceto o canto inferior

direito, pois, se nenhuma das empresas investir em propaganda, a Empresa B novamente

lucrará 2, mas a Empresa A lucrará 20. Talvez os anúncios da Empresa A sejam altamente

defensivos, visando a desmentir as afirmacões da Empresa B, e dispendiosos; portanto,

ao não fazer propaganda, a Empresa A consegue reduzir consideravelmente suas

despesas.

Agora a Empresa A não possui uma estratégia dominante. Sua decisão ótima

dependerá da ação da Empresa B. Se a Empresa B fizer propaganda, a Empresa A

realizará um melhor negócio se também investir em propaganda; entretanto, se a

Empresa B não fizer propaganda, a Empresa A também realizará um melhor negócio se

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fi

não investir em propaganda. Agora suponhamos que as duas empresas devam tomar

suas decisões simultaneamente. O que a Empresa A deve fazer?

Para poder responder a essa pergunta, a Empresa A terá de se colocar na posição

da Empresa B. Qual seria a melhor decisão do ponto de vista da Empresa B, e qual seria

a provável reação da Empresa B? A resposta é clara: a Empresa B tem uma estratégia

dominante que consiste em fazer propaganda, não importando o que a Empresa A possa

vir a fazer. (Se a Empresa A investir em propaganda, a Empresa B lucrará 5 se também

fizer propaganda e lucrará zero se não fizer. Se a Empresa 4 não fizer propaganda, a

Empresa B lucrará 8 caso faça propaganda e lucrará 2 se não fizer.) Portanto, a Empresa A

pode concluir que a Empresa B investirá em propaganda. Isso significa que a Empresa 4

deveria fazer o mesmo (podendo assim obter lucro de 10 em vez de 6). O equilíbrio será

alcançado quando ambas as empresas investirem em propaganda. Esse é o resultado

lógico do jogo, porque a Empresa A faz o melhor que pode em função da decisão da

Empresa B; e a Empresa B também faz o melhor que pode em função da decisão da

Empresa A.

O equilíbrio de Nash é um conjunto de estratégias (ou ações) no qual cada jogador

faz o melhor que pode em função das ações de seus oponentes. Uma vez que cada

jogador não possui estímulos para se desviar de seu equilíbrio de Nash, as estratégias

são estáveis. No exemplo apresentado na Tabela 13.2, o equilíbrio de Nash consiste em


ambas as empresas investirem em propaganda; trata-se de um equilíbrio de Nash

porque, em função da decisão de sua concorrente, cada empresa estará satisfeita por ter

tomado a melhor decisão possível e não terá estímulo para alterá-la.

Ainda, é necessário expor que há dois possíveis resultados de jogo quando se tem o

equilíbrio de Nash, sendo eles: a escolha ótima (quando se tem coordenação entre os

agentes) e a escolha sub-ótima (quando não há coordenação entre os agentes).

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RESUMO POR MEIO DE EXERCÍCIOS


1. Qual é a diferença entre um jogo cooperativo e um jogo não-cooperativo? Dê um exemplo
de cada um.

Em um jogo não-cooperativo, os participantes não negociam formalmente num esforço para


coordenar suas ações. Eles sabem da existência do outro, mas agem independentemente. A principal
diferença entre um jogo cooperativo e um jogo não-cooperativo é que um contrato vinculativo, isto
é, um acordo entre as partes ao qual ambas as partes devem aderir, é possível no jogo cooperativo
mas não no jogo não-cooperativo. Um exemplo de jogo cooperativo seria um acordo formal de
cartel, como a OPEP, ou uma joint venture. Um exemplo de jogo não-cooperativo seria uma disputa
na pesquisa e desenvolvimento de uma patente.

2. O que é uma estratégia dominante? Por que um equilíbrio é estável em estratégias


dominantes?

Uma estratégia dominante é a melhor estratégia independentemente da ação tomada pela


outra parte. Quando os dois participantes possuem estratégias dominantes, o resultado é estável
porque nenhuma das partes tem incentivo para mudar.

3. Explique o signi cado de um equilíbrio de Nash. De que forma ele difere do equilíbrio em
estratégias dominantes?

O equilíbrio de Nash é um resultado no qual ambos os jogadores corretamente acreditam


estar fazendo o melhor que podem, dadas as ações do outro participante. Um jogo está em
equilíbrio quando nenhum jogador possui incentivo para mudar suas escolhas, a menos que haja
uma mudança por parte do outro jogador. A principal característica que distingue um equilíbrio de
Nash de um equilíbrio em estratégias dominantes é a dependência do comportamento do oponente.
Um equilíbrio em estratégias dominantes ocorre quando cada jogador faz sua melhor escolha,
independente da escolha do outro jogador. Todo equilíbrio em estratégias dominantes é um
equilíbrio de Nash, porém, o contrário não é verdadeiro.

4. MODELO DE ESCOLHA OU TEORIA DO COMPORTAMENTO DO


CONSUMIDOR
⇢ Pindyck, capítulo 3, Teoria do comportamento do consumidor,
de nição e estruturação da teoria

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:

A Teoria do comportamento do consumidor é a descrição de como os consumidores

alocam sua renda, entre diferentes bens e serviços, procurando maximizar o próprio bem-

estar.

O comportamento do consumidor é mais bem compreendido quando examinado

em três etapas:

1. Preferências do consumidor: A primeira etapa consiste em encontrar uma forma

prática de descrever por que as pessoas poderiam preferir uma mercadoria a outra.

Veremos como as preferências do consumidor por vários bens podem ser descritas

gráfica e algebricamente.

2. Restrições orçamentárias: Obviamente, os consumidores devem também considerar

os preços. Por isso, na segunda etapa levaremos em conta que os consumidores têm

renda limitada, o que restringe a quantidade de mercadorias que podem adquirir. O

que um consumidor faz nessa situação? Encontraremos uma resposta para essa

questão ao juntar suas preferências e sua restrição orçamentária, na terceira etapa.

3. Escolhas do consumidor: Diante de suas preferências e da limitação de renda, os

consumidores escolhem comprar as combinações de mercadorias que maximizam

sua satisfação. Essas combinações dependerão dos preços dos vários bens

disponíveis. Assim, entender as escolhas do consumidor nos ajudará a compreender

a demanda - isto é, como a quantidade de bens que os consumidores podem


adquirir depende de seus preços.

⇢ Pindyck, capítulo 3, Preferências individuais, hipóteses e de nição de


consumidor racional
Segundo a obra “Microeconomia” de Robert S. Pindick, a teoria do

comportamento do consumidor possui três princípios básicos, sendo eles o de

“integralidade”, “transitividade” e “mais é melhor que menos”, que juntos norteiam

as preferências dos indivíduos, em relação a escolha de um determinado cesta, em

detrimento de outra.

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A primeira hipótese é da integralidade, que propõe que as preferências dos

indivíduos são completas, ou seja, os consumidores podem classificar e comparar as

cestas de mercado, por grau de preferência. Logo, se o indivíduo possui a opção de

escolher entre duas cestas X e Y, por exemplo, ele pode preferir X a Y, ou Y a X, ou até

mesmo ser indiferente às duas opções, ficando satisfeito com qualquer uma das cestas.

Contudo, vale destacar que essa hipótese econômica não leva em consideração os

valores dos bens em relação à preferência, já que provavelmente tal fato iria interferir na

escolha do consumidor.

A segunda, é a de transitividade, que sugere que o indivíduo possui preferências

transitivas, ou seja, se um certo consumidor prefere a cesta de mercado A a B e prefere B

a C, logo ele preferirá A a C. Essa transitividade da escolha do consumidor é considerada

necessária para designar a consciência das preferências desse indivíduo.

E por fim, a terceira hipótese é a de Mais é melhor do que menos, que supõem

que todas as mercadorias são desejadas pelos consumidores, que consequentemente

preferem maiores quantidades de cada mercadoria. Assim, entende-se que o indivíduo

de uma maneira geral nunca fica totalmente satisfeito ou saciado ao consumir um dado

bem, querendo sempre adquirir mais, na tentativa de sanar suas necessidades.

É válido destacar, por fim, que as três hipóteses mencionadas anteriormente, são

de extrema importância para a base da teoria do consumidor, contudo elas não explicam

as preferências do consumidor, apenas garantem um certo grau de racionalidade e

razoabilidade.

Pode-se classificar um consumidor como racional, a partir do momento que ele

define seu conjunto de oportunidade, demarcando seu consumo de acordo com as

restrições que ele enfrenta, analisando e delimitando o custo benefício de um produto,

por exemplo. Contudo, o ponto de escolha de um indivíduo varia muito de acordo com o

valor que ele atribui a certo bem ou serviço.

Logo, para tomar uma decisão de compra o consumidor necessariamente precisa

planejar sua compra, observando o custo benefício para aquisição dessa cesta, e para
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designar essas decisões, o indivíduo precisará de um certo grau de racionalidade. Desse

modo, o consumidor racional é aquele que buscará maximizar sua utilidade,

empenhando todo seu rendimento.

⇢ Pindyck, capítulo 3, Curvas de indiferença, de nição e exemplo:


As curvas de indiferença são curvas gráficas que representam as preferências de

consumidores, ou seja uma curva de indiferença representa todo conjunto de

combinações de cestas de mercado, que fornecem satisfação a um consumidor.

Admitindo-se nossas três premissas relativas a preferências, sabemos que o consumidor

poderá sempre manifestar sua preferência por determinada cesta em relação a outra, ou

ainda sua indiferença entre as duas. Essa informação poderá então ser utilizada para

ordenar todas as possíveis alternativas de consumo. Para visualizarmos esse fato

graficamente, vamos supor que existam apenas dois tipos de mercadorias disponíveis

para consumo: Alimentos e Vestuário; nesse caso, a cesta de mercado descreve

diferentes combinações desses dois tipos de mercadoria que uma pessoa poderia desejar

adquirir. Como observado, a Tabela abaixo oferece alguns exemplos de cestas de

mercado, contendo quantidades variadas de alimentos e vestuário.

Cesta de mercado Unidades de alimento Unidades de vestuário

A 20 30

B 10 50

D 40 20

E 30 40

G 10 20

H 10 40

Para apresentarmos a curva de indiferença do consumidor, é útil indicar primeiro

suas preferências particulares. O gráfico abaixo apresenta as mesmas cestas que se

encontram na tabela acima. O eixo horizontal mede o número de unidades de alimento

adquiridas semanalmente e o eixo vertical mede o número de unidades de vestuário. A

cesta de mercado A, com 20 unidades de alimento e 30 unidades de vestuário, é

preferível à cesta G, pois A contém mais unidades de ambos os bens (lembre-se de nossa

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terceira premissa: maior quantidade é melhor do que menor quantidade). De modo

similar, a cesta de mercado E, que contém ainda mais unidades de alimento e de

vestuário, é preferível a A. De fato, poderemos facilmente comparar todas as cestas de

mercado das áreas sombreadas (tais como E e G) com A, porque elas contêm

quantidades maiores ou menores de ambos os bens. Observe, porém, que B contém

mais vestuário, mas menos alimento que A. De maneira similar, D contém mais alimento,

mas menos vestuário que A. Assim, não são possíveis comparações entre a cesta de

mercado A e as cestas B, D e H sem que haja mais informações a respeito da ordenação

feita pelo consumidor.

A curva de indiferença U1 de um consumidor apresenta as cestas de mercado que fornecem o mesmo


nível de satisfação da cesta A; isso inclui as cestas B e D. O consumidor prefere a cesta E, que está acima
de U1 à cesta A, mas prefere A em relação a H ou G, que estão abaixo de U1.

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Um mapa de indiferença é um conjunto de curvas de indiferença que descrevem as preferências de um


consumidor. Qualquer cesta de mercado sobre a curva U, (por exemplo, a cesta A) é preferível a qualquer
cesta sobre a curva U, (por exemplo, a cesta B), que, por sua vez, é preferível a qualquer cesta sobre a
curva U, (por exemplo, a cesta D).

⇢ Pindyck, capítulo 3, Mapa de indiferença, de nição e explicação do


porquê duas curvas de indiferença não podem se cruzar
Para se determinar quais as preferências de um indivíduo em relação a diferentes

bens é necessário traçar diversas curvas de indiferença, e esse conjunto de curvas que se

manifesta por meio de um gráfico, é denominado mapa de indiferença, como ilustrado

abaixo.

Nesse contexto, para explicar os motivos pelos quais duas curvas de indiferença

não podem ser interceptar, é necessário um exemplo gráfico:

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Se as curvas de indiferença U, e U, se interceptassem, uma das


premissas da teoria do consumidor seria violada. De acordo com
o diagrama, o consumidor seria indiferente às cestas A. B e D.
Entretanto, B é preferível a D, pois B contém quantidades
maiores de ambas as mercadorias.

Na amostra acima é apresentada duas curvas de indiferença, U1 e U2, relativas às

cestas de mercado A, B e D, pontuando as combinações de vestuário e alimentos. Vamos

supor que ambas as curvas (U1 e U2), assim como evidenciado no gráfico, se cruzam e se
interceptam em A. Logo A e B estão sobre a curva de indiferença U1 (ilustrando que o

consumidor será indiferente a ambas cestas de mercado). Em consonância, as cestas A e

D se encontram sob a curva U2, evidenciando que esse consumidor também é

indiferente a essas duas opções. Por conseguinte, considerando a premissa da

transitividade, as cestas B e D, também não são a preferência do consumidor. A partir

desse exemplo, percebe que a premissa de “mais é preferível a menos’’ é interrompida,

uma vez que o indivíduo deveria ser preferível à cesta de mercado B em relação a D, já

que a essa possui maior número de alimentos e vestuários. Assim, conclui-se que quando

duas curvas de indiferença se interceptam, uma premissa da teoria do consumidor é

violada.

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5. Racionalidade limitada
⇢ Cruz e Pessali, Racionalidade limitada e políticas públicas, hipóteses e
problema da racionalidade ilimitada nas políticas públicas:
Tradicionalmente, a única variável relevante é o bem-estar do beneficiário. Essa

avaliação, ainda que útil, possui algumas limitações as quais são discutidas na hipótese

da racionalidade limitada. A primeira crítica que a racionalidade limitada traz em relação

à essa avaliação tradicional é que nessa é desconsiderado que o indivíduo possa ter

conhecimento limitado em relação a como selecionar a cesta ótima entre as cestas

alternativas que lhe são oferecidas, além de que esse pode não ter a noção do quão

custoso é melhorar seu estoque de informação. Ainda, é pressuposto que o indivíduo

possua racionalidade ilimitada para processar as informações e tomar decisões ótimas,

pois essas informações o permite antecipar o resultado ótimo de suas escolhas. Por fim, a

hipótese da racionalidade limitada traz que a análise tradicional desconsidera a potencial

influência do programa sobre as preferências dos beneficiários, seus aspectos positivos e

o custo de oportunidade de não utilizá-la.

A hipótese da racionalidade ilimitada do beneficiário impacta diretamente na

eficiência social da transferência de renda, uma vez que desconsidera os custos de

processamento da informação e o potencial caráter coletivo da decisão de alocação da

renda. Ainda, deixa-se de considerar a racionalidade limitada dos beneficiários em

processar informações mais complexas que exigem maiores habilidades através da

educação formal; fator que “tanto desencoraja quanto incapacita a busca por mais
informações”. Ademais, essa hipótese também desconsidera que possa haver a formação

de hábitos e rotinas pelos beneficiários como mecanismos de predisposição à ação. Ou

seja, não é capaz de prever e muito menos analisar o problema de hábitos nocivos ao

longo prazo e de certas práticas instituídas que, de maneira geral, causam um efeito

regressivo sobre as rendas e implicam em preocupantes consequências às populações de

baixa renda. Por fim, essa hipótese também não é capaz de analisar que os hábitos

possuem características de inércia que desincentivam a busca por novas informações,

ainda que haja alguma predisposição para se avaliar novos bens ou novas cestas.

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A partir do pressuposto da racionalidade limitada, as dificuldades do acesso à

informação e à criação de hábitos, faz-se necessário expor os tipos de impostos

existentes que provocam o desincentivo à compra de determinados bens de consumo

através do preço.

Primeiramente, é necessário expor que o imposto de consumo se aplica sobre bens

selecionados consumidos dentro de um país, podendo ser classificado de duas formas:

impostos específicos ou impostos ad valorem.

Impostos especí cos ou indiretos (de nição): são impostos os quais não

variam com base no valor do produto, mas se refletem no preço deste, pois são cobrados

com base na quantidade consumida, por exemplo: é cobrado um imposto de R$ 2,50 por

maço de cigarro independente de seu preço.

Vantagens:

- Este tipo de imposto é previsível. Como o imposto é insensível às mudanças de

preços, a receita tributária não muda quando os fabricantes alteram os preços.

Portanto, a receita do governo é protegida do conflito de preços da indústria ou

manipulação destes. Um exemplo: o governo é capaz de prever a receita

tributária sobre o tabaco com base na demanda desse bem.

- Mais fácil de gerenciar. Os custos da administração desse tipo de imposto são

baixos, pois é mais fácil de calcular quantidade de produtos em vez de estimar


seu valor. Diferente do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), cobrado em

diferentes momentos da produção, o imposto específico é cobrado apenas uma

vez do produtor/importador e varejista, reduzindo bastante a possibilidade de

evasão fiscal e aumentando a eficácia da arrecadação.

Desvantagens:

- A inflação corrói seu valor. Como a alíquota do imposto é independente do

preço do produto, ela não se ajusta automaticamente à inflação. Para resolver

isso, o governo deve implementar periodicamente aumentos nas alíquotas de

impostos ou adicionar ao código tributário a premissa de que a alíquota do

imposto se ajustará automaticamente à inflação.

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- Pode ser reduzido pelas características variáveis do produto. Por exemplo: a

indústria do tabaco pode reduzir o impacto dos impostos específicos sobre o

consumo, por exemplo, produzindo cigarros maiores ou mais longos se

tributados por unidade de cigarro, ou aumentando o tamanho do maço se

tributados por maço.

Impostos ad valorem (de nição): são impostos que incidem sobre o

valor das mercadorias e são repassados diretamente ao comprador. O valor do

produto é medido pelo preço do fabricante (exemplo: 50% do preço do

fabricante), ou pelo preço pago pelos consumidores (exemplo: 80% do preço de

varejo).

Vantagens:

- Esse tipo de imposto se ajusta automaticamente para a inflação. Como a

alíquota do imposto está vinculada ao preço do produto, ela se ajusta

automaticamente com a inflação.

- A maior margem de lucro é tributada. Os impostos ad valorem reduzem as

margens de lucro da indústria, uma vez que uma parte de qualquer aumento de

preço/lucro vai para o governo na forma de renda tributária.

 
Desvantagens:

- Fluxos de receita imprevisíveis. Como os impostos ad valorem são baseados

em valor, é difícil prever as receitas tributárias ao longo do tempo.


- O valor do imposto é difícil de determinar. Ao contrário de impostos
específicos, que podem ser facilmente aplicados a um produto simplesmente

determinando a quantidade, os impostos ad valorem exigem mais esforço

para calcular os pagamentos. Os fabricantes podem facilmente precificar seus

produtos para evitar o pagamento de impostos mais altos.

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⇢ Matematicamente:
1. Imposto fixo = u (lump sum)

2. Imposto ad valorem = t sobre o bem 1 ! (p1 + p1.t). x1

3. Subsídio = s sobre a quantidade do bem 2 ! (p2 - s). x2

4. Restrição Orçamentária original: p1.x1 + p2.x2 = I

" Restrição Orçamentária após impostos e subsídios:

((1 + t). p1). x1 + (p2 – s). x2 + u = I

(p1 + p1.t). x1 + (p2 - s). x2 = I - u

⇢ Cruz e Pessali, Racionalidade limitada e políticas públicas,


estruturação e análise do Programa Bolsa Família
Ao abordarmos o conceito de indivíduo racional, entendemos que este traz

consigo preferências determinadas e breves, e através disso, conseguem determinar qual

seu objeto de consumo escolhido. Diante disso, o modelo de escolha racional deixa claro

que o consumidor torna-se o melhor para delinear o que de fato é ideal para si. Assim,

de acordo com Cruz e Pessali (2011), ao ser realizada uma transferência de renda

monetária sem delimitação, o indivíduo consegue visualizar como utilizar o benefício, e

através disso, pode verificar a melhor forma de utilização, visando elevar o seu bem estar.

Portanto, a transferência de renda sem restrições proporciona aos indivíduos a

maximização de seu bem-estar muito mais do que uma política pública condicionada,

visto que ao oferecer subsídio para alimentação, cartão alimentação, etc, não impede

que o indivíduo realize a troca por bens que sejam efetivamente úteis e se alinhem com

as preferências determinadas por si. Isso significa que desenhos alternativos limitam e

reduzem o bem estar do indivíduo e seu o poder de escolha. Com isso, torna-se claro

que, para os autores, a transferência de renda sem restrições faz com que o indivíduo

utilize-a para o que for de fato ser útil para si.

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De acordo com Cruz e Pessali, a política de transferência de renda pode criar uma

armadilha da pobreza, pois oferece ao indivíduo uma gama de escolhas a curto prazo,

sem que ofereçam a estes a possibilidade de ampliar seu rol de escolhas a longo prazo.

Diante disso, pode-se analisar que em consonância com a transferência monetária,

deve-se haver a possibilidade de disponibilizar ao indivíduo um conjunto amplo de

informações para que de fato, o Programa Bolsa Família, atue de forma paliativa

oferecendo auxílio a curto prazo e proporcionando a possibilidade da melhora de vida

dos que usufruem do benefício.

Ademais, Cruz e Pessali (2011) demonstram que o Programa Bolsa Família foi

desenvolvido a partir da hipótese da racionalidade limitada, visto que é oferecido ao

beneficiário a condicionalidade para que ocorra a transferência de renda, o que reflete

diretamente em sua tomada de decisão e elevando seu nível informacional, beneficiando

famílias que vivem na linha de pobreza e miséria, possibilitando o alívio dessa dor social.

Um exemplo que mostra a efetividade do PBF em relação a teoria da

racionalidade limitada é o reforço dos direitos básicos por meio da determinação de

condicionalidades. Na área da educação, torna-se obrigatório que crianças e

adolescentes tenham uma frequência escolar mínima, para que a partir disso, esses
recebam educação básica, possibilitando a saída da linha da pobreza e erradicando o

trabalho infanto-juvenil. Além de refletir em seu futuro, pois amplia as possibilidades e

condições de alcançarem empregos melhores por conta do nível educacional elevado.

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