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UNIDADE I
POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITOS BÁSICOS
Elaboração
Róbison Castro
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE I
POLÍTICAS PÚBLICAS: CONCEITOS BÁSICOS............................................................................................................................. 5
CAPÍTULO 1
ESTUDO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS: TRAJETÓRIA E DESENVOLVIMENTO EM NÍVEL INTERNACIONAL..... 5
CAPÍTULO 2
ESTUDO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS: SUA TRAJETÓRIA E DESENVOLVIMENTO NO BRASIL......................... 12
CAPÍTULO 3
COMPREENSÃO DO PROCESSO DE FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS.................................................. 21
CAPÍTULO 4
METODOLOGIAS DE ANÁLISE E FORMULAÇÃO............................................................................................................ 25
CAPÍTULO 5
INTER-RELAÇÃO PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL E POLÍTICAS PÚBLICAS............................................... 27
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................29
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POLÍTICAS PÚBLICAS:
CONCEITOS BÁSICOS
UNIDADE I
Capítulo 1
ESTUDO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS: TRAJETÓRIA E
DESENVOLVIMENTO EM NÍVEL INTERNACIONAL
A Gestão Pública, tal como diversas áreas do saber humano, sempre fez parte da história
e também contribuiu para o desenvolvimento da humanidade, em maior ou menor
grau e em todas as sociedades. Especificamente, exceto no Estado Moderno, a gestão/
administração é a parte mais aparente e, por conseguinte, mais bem assistida pelo
governo; ela executa, age, opera, sendo tão antiga quanto o próprio governo, “embora
só tenha passado a ser objeto de estudo sistemático como ciência de governo a partir
de meados do século XIX”. (PROCOPIUCK, 2013, p. 10).
De acordo com Procopiuck (2013, p. 10), em uma perspectiva temporal de longo prazo
de desenvolvimento da Gestão Pública, na medida em que os conhecimentos que
fundamentaram ações práticas em diferentes momentos foram explicitados, “a própria
história normalmente é contada a partir do surgimento, crescimento e declínio de
instituições e de políticas públicas administradas desde períodos históricos prévios aos
tempos bíblicos”.
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A cronologia traçada na figura 1, que o autor nos apresenta, evidencia por si mesma
que, no que tange aos aspectos históricos, trata-se de um período recente em que foi
possível perceber que se passou a estudar Gestão Pública. Também é se pode constatar
a seguir que, na medida em que a Administração Geral ganhou espaço como disciplina
acadêmica e de atuação profissional na modernidade, a Gestão Pública consolidou-se
em conjunto (PROCOPIUCK, 2013).
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Procopiuck (2013) ressalta, ainda, que desde o século XVI “vêm sendo aprofundadas
as pesquisas para levantamento e interpretação de dados”, e estes se dão por meio das
relações existentes entre a Gestão Pública e a Política em variados contextos, porém
sua identidade mesmo apenas se iniciou após o final do século XIX, momento em que
emergiu a Administração Geral nos Estados Unidos como disciplina e como campo de
atuação profissional independente.
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Segundo o autor, entre os séculos XVI e XIV são fartas as referências a escritos alemães
sobre políticas e Administração Pública na Espanha, França, Rússia e Inglaterra. Na
Gestão Pública germânica existem referenciais utilizados por Woodrow Wilson, em seu
clássico artigo de 1887, no qual defendeu a necessidade de desenvolvimento da Gestão
Pública nos Estados Unidos.
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Embora a Gestão Pública tenha nascido no âmbito da ação estatal para se definir o “o
que fazer”, mais tarde, ao renascer nos Estados Unidos, a preocupação se generalizou
no “como fazer”. Contudo, desde o último quarto do século XX, o escopo da Gestão
Pública “apresentou tendências de ampliação com bases na Policy Science, ao abordar
temas como concepções de políticas públicas e gestão da coisa pública”. Ademais, por
meio da retomada das políticas públicas como centro de atenção é que a Gestão Pública
“voltou a ampliar o seu escopo para além do gerencialismo, que tinha sido reproduzido
no contexto da Administração Pública sob os pressupostos da burocracia”. Com efeito,
tal reposicionamento da Gestão Pública
Para todos os efeitos há ainda muito, realmente muito conteúdo a ser trabalhado dentro
da trajetória de desenvolvimento histórico da Gestão Pública no mundo, porém teríamos
de usar inúmeras outras páginas apenas para trabalhar o assunto em obras de excelentes
autores; por ora vale destacar as conclusões que Procopiuck (2013, p. 64-65) faz acerca
do tema:
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Capítulo 2
ESTUDO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS: SUA TRAJETÓRIA E
DESENVOLVIMENTO NO BRASIL
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Aos donatários que eram homens de confiança do rei, segundo Procopiuck (2013, p.
240), “eram concedidos amplos poderes para ocupar e colonizar a sua capitania, fundar
vilas, cobrar tributos e escravizar indígenas e exercer funções judiciárias e militares”.
As capitanias eram consideradas de “propriedade privada dos capitães-donatários e
território português”. Com esse modelo, Portugal buscou instituir a centralização de
gestão político-administrativa em cada uma das capitanias.
O sistema de governo-geral foi formado, segundo Procopiuck (2013, p. 240), por uma
estrutura composta pelo seguinte quadro:
» alcaíde-mor: milícia;
» ouvidor-geral: justiça;
Deste modo, foi por meio da instituição de uma Governadoria-Geral que passaria
a defender interesses da metrópole. É que houve a centralização organizacional
e esta passou das capitanias para um governo geral com jurisdição sobre toda
a colônia brasileira. Destarte, a “atuação dos Governadores-Gerais passou,
então, a abrir espaços, mesmo que lentamente, para a formação de estruturas
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Enquanto houve a chamada União Ibérica – momento em que houve forte modernização
do sistema político português –, os espanhóis aperfeiçoaram a maneira como as colônias
portuguesas eram administradas. Nesse período, de acordo com Procopiuck (2013, p.
241), foram criadas instituições política e administrativamente importantes, como:
Dentre demais eventos cruciais que ocorreram na União Ibérica, o autor com o qual
estamos trabalhando nos traz alguns mais importantes na figura 3 a seguir:
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O autor destaca que, a despeito destes fatos, não se pode afirmar que se
chegou a formar uma estrutura burocrática sob a acepção weberiana.
Sobre burocracia e acerca do motivo pelo qual o Estado brasileiro jamais chegou a
ser uma democracia, devemos ponderar algumas questões relevantes. O grupo que
comandava o poder no Estado patrimonialista brasileiro é chamado na doutrina de
Estamento Burocrático. Este modelo se caracterizava por desrespeito aos princípios
da impessoalidade e era composto por ocupantes de cargos públicos de alta cúpula,
burocratas e políticos. É importante não confundir a Teoria da Burocracia, ou seu
modelo “puro”, com os problemas que a Burocracia causou – o que chamamos de
disfunções da Burocracia.
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Posto tudo isto, em detrimento de nossa falta de espaço, deixaremos, a seguir, alguns
eventos importantes na história da Gestão Pública no Brasil em linha cronológica,
elaborada pela excelente pesquisa de Procopiuck (2013, p. 257) acerca do Período
Imperial, inserido no Período Colonial:
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Por fim, podemos ver a seguir alguns dos demais acontecimentos importantes no setor
ocorridos em tempos recentes, ainda de acordo com as pesquisas de Procopiuck (2013,
p. 287):
» ASP (Departamento Administrativo do Serviço Público) – Criado pelo Decreto-
Lei nº 579/1938 e extinto pelo Decreto nº 93.211/1989 (30 de julho de 1938 –3 de
setembro de 1986).
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Capítulo 3
COMPREENSÃO DO PROCESSO DE FORMULAÇÃO
DE POLÍTICAS PÚBLICAS
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eficácia, por outro lado, são condições sine qua non e padrões para medir o desempenho
do governo.
A eficiência é uma escala para medir se o trabalho de qualidade foi alcançado. A efetividade,
por sua vez, é a escala para pesar o estado final alcançado em relação aos objetivos
definidos. Eficiência e eficácia são, portanto, mecanismos úteis que devem ser utilizados
durante o processo de formulação de políticas e implementação de políticas para a
utilização de recursos escassos.
O método do caminho crítico é mais bem entendido como a única rota alternativa para
o sucesso. Tomemos por exemplo um caso de fome depois de uma seca severa e a chuva
começa a cair – não haverá nenhum atalho ou abordagem rápida para produzir omahangu
(um cereal nativo do continente africano, importante na agricultura de subsistência) e ter
comida na mesa. Inevitavelmente, produzir omahangu exigiria o processo de preparar
a terra, semear, germinar, crescer, amadurecer, colher antes de se alimentar. O mesmo
se aplica ao conceito de formulação de políticas.
Com efeito, política pública refere-se às ações tomadas pelo governo – suas decisões que
se destinam a resolver problemas e melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos. No
nível federal, as políticas públicas são promulgadas para regulamentar a indústria e os
negócios, para proteger os cidadãos no País e no exterior, para ajudar os governos estaduais
e municipais e pessoas, como os pobres, por meio de programas de financiamento e para
incentivar metas sociais. Uma política estabelecida e realizada pelo governo passa por
vários estágios, do início até a conclusão: construção de agenda, formulação, adoção,
implementação, avaliação e rescisão.
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entre os diversos atores sociais no intuito de que suas demandas sejam colocadas na
pauta dos debates públicos e, consequentemente, na agenda política.
Ainda segundo os mesmos autores, uma vez incluídos os temas na agenda do Poder
Público, inicia-se o processo de formulação da política propriamente dita. Nessa fase,
os operadores incumbidos da formulação e concepção das políticas públicas envolvem-se
na elaboração de projetos e programas, por intermédio dos quais determinada política
pública se torna objetiva e ganha existência concreta no interior do aparato estatal, via
agências e/ou órgãos especialmente responsáveis por políticas públicas.
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Por uma série de razões, conforme aponta Sabatier (2007 apud PROCOPIUCK, 2013,
p. 158), o processo político acaba por envolver um conjunto de alta complexidade de
elementos que interagem durante o tempo, quais sejam:
Sobre o ciclo que este processo toma, veremos com maiores detalhes a partir da Unidade II.
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Capítulo 4
METODOLOGIAS DE ANÁLISE E FORMULAÇÃO
Segundo ainda Procopiuck (2013, p. 152), a análise de políticas públicas, de modo geral,
tem se pautado pelas seguintes fases, com maior ou menor profundidade:
Com tendências normativas, a análise de políticas públicas (policy analysis) tem como
foco questões definidas ex-ante (que trabalharemos também no último tópico da Unidade
IV) e parte da seguinte tese principal: o que devemos fazer?
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O autor nos diz que ressalvas também devem ser feitas ao objetivo e aos critérios de
avaliação de políticas públicas. O objetivo,
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Capítulo 5
INTER-RELAÇÃO PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL
E POLÍTICAS PÚBLICAS
» Elevado nível de atenção deve ser dedicado para os aspectos políticos das decisões
públicas e do processo de formulação de políticas públicas.
» Grande ênfase deve ser direcionada para a criatividade e para a pesquisa de novas
alternativas de políticas públicas, com a atenção explícita ao encorajamento do
pensamento inovador.
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» A abordagem deve ser mais livre e menos rígida. Sem, contudo, deixar de ser
sistemática para reconhecer a complexidade da interdependência entre meios
e fins, a multiplicidade de critérios relevantes de decisão e a natureza parcial e
ensaística de cada análise.
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REFERÊNCIAS
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