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Sumário
INTRODUÇÃO................................................................................................. 2
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INTRODUÇÃO
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mas atuar na formulação e gestão de políticas públicas, conforme demandas do
mercado atual.
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acertos, erros e novas promessas de abordagens. Na perspectiva prática, há
pressões para mais e melhores serviços e uma expectativa de solução imediata de
problemas urgentes: o público espera da Administração Pública o melhor atendimento
de suas demandas sociais, pelo uso Paulo Roberto de Mendonça Motta
paulo.motta@fgv.br Professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de
Empresas, Fundação Getulio Vargas – Rio de Janeiro – RJ, Brasil eficiente de
recursos e transparência dos atos.
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PRIMEIRAS PROPOSTAS PARA UMA CIÊNCIA DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
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sobre a Administração pouco ajudavam na solução dos problemas. Nessa mesma
época, nações novas, como os Estados Unidos, buscavam nos modelos europeus
inspiração para práticas democráticas. Presumiam-se as constituições e as leis como
fundamentos lógicos e necessários para garantir a nova democracia. No entanto,
problemas administrativos e ineficiência na prestação dos serviços revelavam a
insuficiência da ordem jurídica.
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constituição e definir posturas democráticas do que aplicá-las. Admirador das práticas
europeias e consciente da ineficiência crônica da Administração pública, Wilson
preconizou a dicotomia – política e Administração – e a introdução do estilo privado
na gestão pública. Pregava, ainda, a necessidade dos estudos sistematizados de
Administração e a revisão geral da organização e dos métodos de trabalho no
governo (WILSON, 1955). Quando Wilson e Wharton propuseram uma nova ciência
e uma nova prática administrativa, estavam conscientes de que a gestão pelos donos
do poder, ou por leis, seria insuficiente para a gestão mais eficaz. O esforço para o
ensino independente da Administração facilitava uma ciência da Administração
Pública separada da política. Porem separadas, as semelhanças com a gestão
privada eram mais nítidas, e a gestão privada seria uma inspiração para a gestão
pública.
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Assim, os valores serviram de base quase como uma ética universal de gestão,
em que equidade, eficiência e eficácia condicionariam comportamentos
administrativos, e não propostas práticas de gestão (FREDERICKSON, 1980;
DENHARDT, 2012). Surgiu, assim, nos anos 1970, o movimento da Nova
Administração Pública – de duração efêmera pela:
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Desde o século XIX, propõe-se assemelhar a Administração Pública à empresa
privada. Anunciada muitas vezes durante décadas – poucas vezes efetivada – essa
ideia espalhou-se com uma nova e promissora modalidade de gestão pública nas
últimas décadas do século XX. O New Public Management (NPM) apresentou-se com
o objetivo primordial de fazer a Administração Pública operar como uma empresa
privada e, assim, adquirir eficiência, reduzir custos e obter maior eficácia na prestação
de serviços. Como ideologia, o NPM recuperou ideal do liberalismo clássico,
sobretudo a redução do escopo e do tamanho do Estado e a inserção do espírito e
dos mecanismos de mercado no governo. Nesse sentido, a Administração Pública
deveria apenas direcionar os serviços, e não executá-los diretamente. Havia uma
preferência por terceirizar e contratar fora. Por meio de vários provedores privados,
poder-se-iam usar os benefícios da competição entre eles, evitando monopólios e
permitindo maior flexibilidade na gestão (OSBORNE e GAEBLER, 1995).
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planejamento estratégico do tipo empresarial, as metas e os indicadores de
desempenho.
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ASSISTENTE SOCIAL NA GESTÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS
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Em termos gerais, a complexidade dos problemas sociais se torna necessária
à integração dos diversos atores na gestão das politicas sociais com já afirmada. A
sua execução se expressa na parceria entre o Estado, sociedade civil e demais
organizações, possuindo na intersetorialidade um fator de inovação na gestão da
politica, que possibilita a articulação com as diversas organizações que atuam com
politicas sociais. De acordo com Junqueira (2004, p.9) a intersetorialidade constitui
uma concepção que deve informar uma nova maneira de planejar, executar e
controlar a prestação de serviços como forma a garantir um acesso igual dos
desiguais. Nesse contexto, apresentam-se, então novas tendências na gestão das
políticas sociais, sendo uma delas a gestão compartilhada, na qual:
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por sua vez, implicam diferentes concepções de homem, de sociedade
e de relações sociais (MIOTO, 2001 apud LIMA, 2004 p. 61)
Dessa forma Torres e Lanza (2013, p.207 ) considera a gestão das politicas
sociais como sendo um dos principais campos de trabalho do assistente social, os
autores destacam ainda dois pontos considerados importantes: a Lei de
regulamentação da profissão a as discursões sobre a origem da profissão no Brasil.
De acordo os incisos dispostos na lei, esse profissional deve realizar ações
características do planejamento e da gestão de serviços vinculados as politicas
públicas, ao estabelecer como competência:
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despolitizados (YAZBEK 2008). PEntretanto, o exercício da profissão requer um
profissional informado, crítico, culto e atento ao mundo contemporâneo, competente
na gestão e elaboração de projetos, avaliação de programas e projetos sociais,
capacitação de recursos, gestão de pessoas, socializando informações e
conhecimentos, propondo novos serviços e ampliando o espaço do Serviço Social
(PEREIRA E BENETTI, 2014, p.7).
Para tanto o enfrentamento dos desafios nesta área torna-se uma questão
fundamental para a legitimidade ética, teórica e técnica da profissão (MIOTO E
NOGUEIRA 2013 p.65). Neste aspecto Souza (2012, p.12) aponta que ao
compreendermos que o Serviço Social é uma profissão historicamente constituída,
percebemos também que ela é mutável e, portanto, suas determinações estão dadas
na realidade. A autora segue, afirmando que compreender a realidade em toda a sua
complexidade é um desafio apresentado ao assistente social, que tem sido
convocado a dar novas respostas no âmbito do exercício profissional, não apenas na
execução, mas também na formulação e gestão das políticas públicas (SILVA 2014
APUD BORDIN 2013 p.45), assim como na formulação de novas elaborações
teóricas, compreendendo que:
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Note-se que “novas possibilidades de trabalho se apresentam e necessitam
ser apropriadas, decifradas e desenvolvidas; se os assistentes sociais não o fizerem,
outros o farão absorvendo progressivamente espaços ocupacionais até então a eles
reservados” (IAMAMOTO, 2001, p. 48). A própria compreensão da função do
assistente social nesses novos espaços já se configura como um desafio para a
profissão, de forma que os mesmos sejam conscientemente ocupados e sirvam de
instrumentos de consolidação dos princípios da ética profissional e de superação da
ordem social do capital.
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garantia dos direitos sociais, como para a consolidação do projeto ético-político da
profissão. Portanto, o enfrentamento dos desafios nesta área torna-se uma questão
fundamental para a legitimidade ética, teórica e técnica da profissão. Sobre isso, a
leitura de resultados de pesquisas, que versam sobre a prática profissional em
diferentes políticas setoriais, e o contato sistemático com assistentes sociais,
inseridos nessas políticas, tem indica necessidade de aprofundar o conhecimento
acerca da intervenção profissional, contextualizado-a no campo da política social.
Porem, ao se introduzirem nos inúmeros espaços sócio-ocupacionais, é exigido dos
assistentes sociais a apropriação do debate sobre intervenção profissional travado na
sua área de conhecimento, e a necessidade de colocá-lo em movimento.
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(a) a existência de um campo de mediações que necessita ser considerado
para realizar o trânsito da análise da profissão ao seu exercício efetivo na diversidade
dos espaços ocupacionais em que ele se inscreve;
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programas abrangentes, com fontes de financiamento abrangentes e com a previsão
de recursos humanos (RIZZOTTI, 2010), têm sido também redefinidas. Redefinidas
na lógica da eficácia e da eficiência com redução de custos e, consequentemente,
com intensificação do trabalho no âmbito dos serviços sociais (BRITOS, 2006). A
utilização massiva da tecnologia, a padronização de procedimentos e controle da
produtividade nos serviços através de ações pré-determinadas, mesmo advogadas
em nome da transparência e da qualidade da oferta de serviços (RIZZOTTI, 2010),
parecem ter aumentado as dificuldades para o exercício da autonomia profissional.
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quantitativo, medido pelo número de reuniões, visitas domiciliares, dentre outros, sem
a clareza necessária da direção ético-política quanto à ação realizada. Para complicar
ainda mais o exercício da autonomia profissional, não se pode esquecer outra
injunção da atual política social brasileira que é o aumento significativo da
participação das entidades de cunho privado e filantrópico na prestação de serviços
sociais, financiadas pelo Estado.
Entretanto, mais uma vez reitera-se que uma das mediações fundamentais
para desenvolvimento do processo interventivo consiste na particularização do
debate do marco teórico-metodológico da profissão e das matrizes teóricas da área
disciplinar nos respectivos campos setoriais da política social. A partir dessa
particularização, será possível debruçar-se sobre um velho problema da profissão: a
recorrente indistinção entre objetivos institucionais e objetivos profissionais no âmbito
dos serviços sociais. Os primeiros, mesmo quando caudatários dos objetivos
expressos nas legislações que pautam a execução da política social, não deixam de
expressar sua filiação a determinados valores e concepções que direcionam
decisivamente a organização do processo de trabalho.
Numa análise mais acurada pode não haver uma real sinergia entre os
objetivos profissionais e os institucionais com as proposições constitucionais,
marcadas pela lógica da cidadania, e nem com o projeto defendido pelo conjunto
profissional, expresso no seu código de ética. São os antagonismos entre as
demandas institucionais e as demandas dos usuários que levam os profissionais a
estabelecerem tensão com o instituído através de seus processos de trabalho. Como
consequência, a análise dos processos institucionais que caracterizam os diferentes
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espaços sócio-ocupacionais, constitui uma segunda ordem de mediações
necessárias para a intervenção profissional. Apropriar-se dos processos
institucionais em curso é condição fundamental para planejar e decidir sobre ações
profissionais e movimentar-se no apertado campo da autonomia profissional.
Paradoxalmente, quanto mais se estreita o círculo da autonomia profissional, dado
pelos diferentes fatores elencados, maior é a exigência de conhecimento dos limites
impostos para o exercício dessa autonomia.
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Em relação ao Projeto Ético-político do Serviço Social brasileiro é importante
recordar que este contempla, tanto no âmbito da formação como no do exercício
profissional, a indissociabilidade das dimensões teórico-metodológica, ético-
política e técnico-operativa. Netto (2005, p. 291), ao referir-se ao projeto ético-
político, lembra que “não se desenvolveram suficientemente suas possibilidades, por
exemplo, no domínio dos indicativos para a orientação de modalidades de práticas
profissionais (nesse terreno se tem muito que fazer)”. Assim reafirma o que dizia em
1996:
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Portanto, as demandas postas pelos seus usuários, e do conhecimento
estruturado da natureza e do conteúdo das ações profissionais necessárias para a
consecução dos objetivos profissionais. São aspectos sempre vinculados, no campo
da política social, às possibilidades de conformação da proteção social, que requerem
outros desdobramentos, relacionados tanto ao conteúdo das ações como ao
conhecimento acerca do conjunto de instrumentos e técnicas necessários para a
abordagem dos sujeitos de intervenção que colocam o projeto profissional em
movimento.
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No âmbito governamental, o profissional sempre foi chamado a intervir junto às
manifestações da questão social, nas áreas da saúde, educação, assistência,
habitação entre outras políticas sociais. No enfrentamento as desigualdades
sociais, o Estado atribui legitimidade á instituições, políticas sociais e profissionais,
entre os quais o assistente social, que é requisitado e reconhecido, enquanto
profissional que intervém diretamente nas relações sociais e atua na gestão das
políticas sociais, tanto no âmbito municipal, estadual e federal. Dessa forma, o
Estado se qualificou como maior empregador de assistentes social, isto é, se
constituiu como campo privilegiado de contratação do trabalho do assistente. Para
Iamamoto, o:
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[...] saiba planejar, avaliar, implantar e executar os serviços incutidos
nas políticas sociais. Que também se evidencie na esfera dos planos,
programas e projetos sociais e na prestação de serviços no âmbito de
benefícios e serviços sociais, nas habilidades de elaborar, implementar,
organizar, administrar, pesquisar, encaminhar, coordenar e assessorar
(LEWGOY, 2010, p. 198)
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sociais, deve perpassar à apreensão das novas dinâmicas de trabalho e das
possibilidades instrumentais da gestão, que devidamente apropriadas viabilize ao
profissional a superação de práticas conservadoras e minimalistas. Para Sarmento,
as novas formas de gestão verificadas na esfera das políticas sociais:
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inseparável de qualquer situação que envolve pessoas, recursos e a intenção de
desenvolver e realizar objetivos. Isto é, o processo de tomar decisões sobre os
objetivos e a utilização de recursos é entendido por administração ou gestão. Desta
forma, a administração ou a gestão constitui-se de todo processo que tem a finalidade
de garantir a eficiência e a eficácia de ações realizadas pelas organizações. Na
administração o processo administrativo compreende quatro funções básicas para
que uma organização consiga a concretização de objetivos: o planejamento, a
organização, a direção, o controle e avaliação.
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habilidades no âmbito da gestão, enquanto instrumento de trabalho e de domínio do
assistente social.
Considerações finais
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emancipatórios dos indivíduos. De fato, o tema precisa ser mais bem explorado no
âmbito das políticas públicas sociais e do serviço social, de maneira a aprimorar a
atuação profissional. O que foi abordado até então, teve como intuito apontar
características das práticas dos profissionais, analisando as implicações da sua ação
profissional na garantia de direitos.
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almejam se destacar profissionalmente. A identidade profissional do Assistente Social
é um constante processo em construção, que requer resgates históricos e o
desenvolvimento de habilidades e competências que correspondam às novas
demandas do mercado e da sociedade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MIOTO, RC. T.; NOGUEIRA, Vera Maria Ribeiro. Política Social e Serviço
Social: os desafios da intervenção profissional. Revista Katálysis, v.16, 2013, p.61-
71.
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YAZBEK, M. C. Fundamentos Históricos e Teórico-metodológicos do Serviço
Social, (Org.) Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais, Brasília:
CFESS/ABEPSS, 2009. p. 143-164.
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