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PASSO A PASSO E MONITORAMENTO DO SUAS

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 3
2. PASSO A PASSO E MONITORAMENTO DO SUAS .................................. 7
REFERENCIAS ................................................................................................ 19

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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1. INTRODUÇÃO

A introdução pela Política Nacional de Assistência Social de 2004


(PNAS/2004) da nova função de Vigilância Socioassistencial no âmbito das
responsabilidades da política de assistência social tem provocado diversidade
de entendimentos, e até mesmo inquietudes entre profissionais e gestores.
Essa diversidade vem se tornando mais explícita no momento em que o
Sistema Único de Assistência Social (SUAS) traz a exigência do desempenho
dessa função no processo de gestão. As razões explicativas para a presença da
função da Vigilância Socioassistencial no PNAS/2004 estão diretamente
vinculadas à condição de política pública enquanto dever do Estado e direito do
cidadão, estabelecidas pela LOAS de 1993 e pela LOAS-SUAS de
2011.Institucionalizar a assistência social como dever do Estado exige não só
explicitar quais são suas responsabilidades, princípios e diretrizes como também
estabelecer concretamente sua capacidade de ação perante as necessidades
pelas quais tem que responder, identificando com que intensidade se expressam
no contexto da sociedade brasileira.É preciso entender essa significativa
mudança que a política pública exige da gestão da Assistência Social em todos
os níveis de gestão.
Embora a concretização de um direito socioassistencial possa se dar junto
a um indivíduo ou uma família que requerem uma dada atenção, essa ação, ao
mesmo tempo, tem que garantir uma oferta pública que reconheça que essa
mesma atenção deve ser prestada a todos aqueles que apresentam a mesma
necessidade. Ao mesmo tempo, que se inclui um indivíduo ou uma família é
preciso ter presente quem e quantos não estão incluídos, portanto, excluídos
pela ação do Estado dessa atenção.
Caso não desenvolva tal capacidade ele não só deixa a desejar no
exercício de sua responsabilidade, como deixa de garantir a isonomia própria da
condição do reconhecimento do direito de cidadania. Capacitasuasessa
dinâmica termina por explicar como as três funções da política pública não são
guetos isolados, mas faces articuladas de um mesmo processo que efetiva o
dever do Estado e o direito do cidadão. Estão aí expressas num mesmo processo
as funções de proteção social, vigilância social e defesa de direitos. Assim, e ao
mesmo tempo, a Vigilância Socioassistencial não só se responsabiliza com os

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resultados do que é realizado, como também com o reconhecimento das
demandas não incorporadas. Alcançar a condição de política institucional que
efetiva direitos, implica em reconhecer todos os cidadãos “com direito a ter
direito”.
Essa dupla dimensão – efetivar direitos para uma parcela e ao mesmo
tempo reconhecer os que por eles não foram abrangidos- constrói o lugar político
institucional de Vigilância Socioassistencial na política de assistência social e em
seu processo de gestão, que deve seguir os princípios da matricial idade
sociofamiliar, territorialização, descentralização e participação democrática. Os
resultados dessa função de vigilância socioassistencial produzem elementos de
referência, parâmetros e como tal são, ao mesmo tempo, insumos para o
processo de gestão ao produzir conhecimentos para o planejamento institucional
e da ação dos agentes institucionais.
O exercício dessa função tem escalas que compreendem desde o local,
pode-se aqui incluir o cotidiano, o contexto de cidades, de regiões, o contexto
nacional e mesmo o contexto institucional. Reconhecer essas escalas no âmbito
do SUAS, um sistema único, significa objetivar o que cabe como
responsabilidade a cada nível de gestão no âmbito da vigilância
socioassistencial. Significa ainda, ter presente a complexidade das diversidades
e desigualdades na sociedade brasileira, que se expressam em cada uma
dessas escalas.
Como também as diversidades dos entes gestores em sua capacidade
para garantir e reconhecer os direitos socioassistenciais dos 190 milhões de
brasileiros espalhados em seus mais de 8,5 milhões de km2, agregados em 5565
municípios de variados portes, atravessados por rios, florestas, sertões,
caatingas, cerrados, arranha-céus, rodovias, ferrovias, aeroportos, pontes e
viadutos.
Ao lado da imensidão continental e diversidade regional, se encontram as
peculiaridades no interior de cada território e de cada população: o urbano pode
ser interior, capital, metrópole, cidade média, pequena ou grande; o rural pode
ser chácara, sítio, fazenda, colônia, agronegócio, arrendamento, vila; os povos
indígenas podem ser uma aldeia Krukutu fincada na zona sul da metrópole
paulistana, ou ainda o Povo Indígena Paiter-Suruí, cuja aldeia encontra-se
encravada em Rondônia, e que possui um sistema de monitoramento de seu

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território em parceria com a maior empresa de busca na internet da atualidade.
(http://www.paiter.org/mapa/)Dessa parceria se produziu o Suruí Mapa Cultural1,
a partir do conhecimento da aldeia, envolvendo os jovens que entrevistaram os
membros mais velhos, ouvindo e registrando suas histórias. E, ao mesmo tempo,
esses mesmos jovens coletaram informações via aparelhos de GPS e fotos
digitais, identificando a flora e a fauna da floresta local, além de denúncias sobre
ações de desmatamento (em 1969, com a abertura da BR 364).
Figura 1: Suruí – Mapa Cultural

O mapa é uma coleção de fotografias e vídeos de locais, plantas e


animais da selva amazônica, dispo-nibilizando percursos
tridimensionais pelo território dos Suruí, no estado de Rondônia... A
ferramenta agora disponibilizada foi enriquecida pelos próprios índios,
que recolheram informações sobre a flores-ta e o que lá se passa
usando celulares com um “software” especial e ligação direta ao
Google Earth. E que lhes permitirá registrar os níveis de carbono, vigiar
as fronteiras e denunciar atividades ilegais”
(p3.publico.pt/actualidade/ambiente/3454/tribo-indigena-surui-lanca-
mapa-cultural-com-google).

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No depoimento do atual líder Almir Suruí, se destaca a seguinte frase: “a
gente monitora a floresta para protegê-la e defende-la”. Ficam as perguntas: o
que a política de assistência social deveria monitorar para exercer a proteção
social e a defesa dos direitos sociais? O que significa concretamente defender
direitos sociais de proteção social cuja materialidade ultrapassa a legislação
trabalhista? Pode causar estranhamento, porém, a experiência vivenciada pelo
Povo Pai-ter-Surui pode nos inspirar sobre o sentido de uma das três funções
estabelecidas pela política de assistência social: a Vigilância Socioassistencial.
Aqui um ponto de partida fundamental para contextualizar a Vigilância
Socioassistencial trata-se de uma função da política de assistência social
juntamente às duas outras funções: a proteção social e a defesa de direitos.

Figura 2: Funções da Política Nacional de Assistência Social.

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2. Passo a Passo e Monitoramento do SUAS

A NOB 2012 no artigo 87 evidencia a Vigilância Socioassistencial


enquanto uma função da política de assistência social:

A Vigilância Socioassistencial é caracterizada como uma das funções da


política de assistência social e deve ser realizada por intermédio da
produção, sistematização, análise e disseminação de informações
territorialidades, e trata:I – das situações de vulnerabilidade e risco que
incidem sobre famílias e indivíduos e dos eventos de violação de direitos
em determinados territórios;II – do tipo, volume e padrões de qualidade
dos serviços ofertados pela rede socioassistencial. (Brasil, 2012:p.40)

Na experiência do Suruí Mapa Cultural, quando o Povo Paiter-Suruí sai


da floresta e busca ser conhecido e compreendido pelas diferentes sociedades,
alia a tecnologia moderna com um instrumento de valorização do conhecimento
tradicional existente, num processo de (re) conhecimento do território e da
história para monitorar e proteger a floresta e seu povo, a partir de sua cultura e
suas expectativas. A Vigilância Socioassistencial alcança aqui um sentido
democrático de escuta, para que de fato possa criar proximidade com a realidade
vivenciada pela população. Seus indicadores ultrapassam a lógica racional da
gestão para incidir na lógica vivencial e relacional da população que a ela acorre.
Dessa forma, a Vigilância Socioassistencial é, ao mesmo tempo, processo
e produto. Pensada ou executada tão somente como processo, como sistema
tecnológico ou como um conjunto de procedimentos gera insumos racionais para
gestão. Sem dúvida há aqui ganhos no sentido de superar a leitura subjetiva,
individual e pontual. Mas, ela precisa gerar resultados, que impliquem na
garantia de proteção social e na defesa de direitos.
Portanto, para além da constatação da situação encontrada ela permite
estabelecer comparativamente o alcance de metas para uma política isonômica
para toda a população brasileira. Nessa direção, a Vigilância Socioassistencial
contribui para a construção da isonomia e a efetivação de direitos sociais.
Por isso, antes de tudo, essa função no SUAS deve prever consequências
e impactos diretos na gestão da política de assistência social. Não se trata de
um setor ou uma área isolada da gestão, responsável pela produção de

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informações. É mais do que isso: as informações produzidas necessitam fazer
sentido para a gestão, devem servir para proteger melhor, para defender melhor
os direitos dos usuários dos serviços, programas e benefícios socioassistenciais.
Desta forma criam-se referências para o planejamento, para o conhecimento das
famílias, para elaboração de ofertas sintonizadas com as necessidades e
demandas detectadas pela vigilância socioassistencial.
Tradicionalmente, no campo da assistência social tem prevalecido o
tratamento fragmentado e desconectado, tanto em relação aos
beneficiários/usuários, bem como às respostas às suas demandas, gerando
também informações desarticuladas, isoladas, caso a caso, família por família,
convenio por convenio. Esta herança fragmentadora da gestão se coloca como
um entrave na efetivação de uma função de Vigilância Socioassistencial, na
perspectiva de um Sistema Único de Assistência Social. Assim, só é possível
constituir uma Vigilância Socioassistencial, que se assente na visão de
totalidade: sobre o que é, e o que acontece no cotidiano da gestão da assistência
social, a partir dos territórios de vivencia dos usuários e beneficiários com seus
múltiplos agentes, das equipes de ponta com suas múltiplas ações, das
organizações socioassistenciais parceiras e suas múltiplas ramificações.
O ponto de partida e de chegada da Vigilância Socioassistencial está na
sua travessia cotidiana pela dinâmica da realidade que acontece nas cidades,
nos bairros, nos locais de atendimento, nas famílias chamadas de usuárias ou
beneficiárias. A Vigilância Socioassistencial não consegue ser realizada como
função da política pública, se não estiver conectada com o mundo real da gestão
e da prestação de serviços da política de assistência social.
A tabela 1, a seguir, mostra como se coloca a distribuição dos 5.565
municípios brasileiros pelos cinco portes populacionais estabelecidos pela
política de assistência social, segundo o Censo 2010 do IBGE

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Tabela 1 – Distribuição dos municípios brasileiros por porte populacional.
Aqui já se encontra outro desafio da Vigilância Socioassistencial: dar conta da dimensão
territorial.

Cada município, além das diferenças e discrepâncias que possui com


outros municípios, também apresenta diferenças e discrepâncias no seu interior:
bairros, distritos, áreas de planejamento, regiões orçamentárias. Mais ainda, os
municípios apresentam uma realidade urbana e outra rural. O pequeno município
tem forte presença da realidade rural e suas demandas não coincidem com as
da realidade urbana. Uma das grandes distâncias a ser observada entre essas
duas realidades está no âmbito das crianças e do trabalho infantil.
E mais, há cidades em que significativa parcela da população é boia-fria,
isto é, mora na cidade e trabalha no meio rural. Caso o CRAS dessa cidade não
leve isso em conta ocorrerá que o funcionamento dessa unidade, que é porta de
entrada do SUAS, abrirá e fechará suas portas nos horários em que tais cidadãos
não terão como acessá-los. Isto ocorre também com as cidades dormitórios em
contexto urbano, onde o trabalho da maioria se dá em outras cidades.
A disponibilidade de atenção para ser alcançável precisa levar em conta
a lógica de mobilidade da população em seu cotidiano. Outra implicação diz
respeito ao conhecimento dos meios de acesso aos serviços. A longa extensão
amazônica é acompanhada pela presença preponderante de rios e igarapés, que
exigem formas peculiares móveis de prestação de serviços de proteção
socioassistencial através de lanchas e barcos. Trata-se aqui de considerar a
escala territorial sobre a qual e a partir da qual se constrói o processo de (re)

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conhecimento, análise e ações da Vigilância Socioassistencial. Os territórios
administrativos se constituem em um importante e essencial referência para a
gestão da política de assistência social e para a construção de uma visão
territorialidade, tanto sobre as demandas como sobre as respostas de proteção
social.
Milton Santos (2002) que a escala é uma questão de limite e conteúdo.
Ou seja, não se trata simplesmente de adotar uma divisão regional da
assistência social. Porém, estas informações são insuficientes tanto para se
conhecer um território como para constituir a Vigilância Socioassistencial.
A vivência das populações sobre um território extrapola os limites estabelecidos
para separar bairros, distritos ou mesmo cidades. A luta para se conseguir
acessar os direitos sociais, o direito à própria cidade obriga os moradores a
Capacitasuas “adequarem-se” a esses limites administrativos, utilizando,
por exemplo, do artifício da comprovação de um endereço onde não se reside
(mas que está dentro da área de abrangência das políticas locais de assistência
social, de educação ou de saúde mais próxima ou de melhor qualidade).
A Vigilância Socioassistencial, ao referenciar-se nos territórios de vivência
das populações, envolve o reconhecimento não somente de situações pontuais
de vulnerabilidade e risco sociais, mas também da presença (ou não) das
políticas públicas nesses territórios, da oferta de serviços públicos com que
contam e das sociabilidades construídas por meio de conflitos, e que terminam
compondo as capacidades protetivas dos territórios, enquanto processos de luta
e de conquista de direitos sociais. A capacidade protetiva das famílias, que para
poder ser exercida, precisa da proteção social do Estado.
A Vigilância Socioassistencial, entendida para além de uma ferramenta,
um setor ou um conjunto de informações é função a ser cumprida na gestão da
política de assistência social, e, portanto, necessita prover respostas específicas
às demandas, em articulação com as funções de Proteção Social e de Defesa
dos Direitos.
Nessa direção, a Vigilância Socioassistencial se distancia totalmente da
perspectiva do uso de informações sobre os usuários como simples banco de
dados para verificação de cumprimento ou não cumprimento de
condicionalidades de determinados programas ou ainda como cadastro de perfil
socioeconômico para definição de critérios de inclusão a estes mesmos

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programas sociais. Poderíamos contar com referências comuns sobre serviços
socioassistenciais, afirmando o que pode ser assegurado em todos os
municípios brasileiros, por exemplo, em termos de vagas para cobertura de
crianças em abandono ou em padrões de qualidade no desempenho desse
serviço.
O SUAS é um sistema orgânico e articulado entre as três esferas do
governo, a responsabilidade pela realização de seu monitoramento e avaliação
é da união, estados e municípios. Contudo, pensar neste processo de gestão de
modo que, ao mesmo tempo envolva os entes federativos, inclua todos os
aspectos do SUAS e não gere sobreposições e contradições é um grande
desafio. Sabe-se que, no modelo federativo brasileiro, estados e municípios são
entes com autonomia política e administrativa e, além disso, possuem
competências comuns.
Contudo, a articulação entre competências comuns e a necessidade de
uma coordenação mínima exige políticas articuladas e com definição clara das
responsabilidades de cada entefederado. No que se refere ao monitoramento e
avaliação da política de assistência social há ainda uma indefinição quanto ao
papel de cada ente federado na sua execução. Neste sentido, o governo federal
privilegia o monitoramento e a avaliação dos serviços, programas e projetos
cofinanciados, os estados privilegiam os seus programas de governo e os
municípios ainda possuem muitas dificuldades técnicas e políticas para elaborar
seus próprios planos de monitoramento e avaliação.
Estes instrumentos de gestão são destinados, predominantemente, aos
programas que utilizam os maiores volumes de recursos públicos e/ou possuem
grande visibilidade política. Com isso, a avaliação e o monitoramento na área da
assistência social ainda permanecem muito restritos a medição da eficiência da
utilização dos recursos, isto é, voltados aos aspectos quantitativos de recursos
e atendimentos, em detrimento de uma análise do impacto das ações na
qualidade de vida da população destinatária da política. Uma definição clara de
cada instrumento de gestão pode contribuir para a superação desse impasse na
gestão do SUAS.
A recente publicação da NOB/SUAS/2012 descreveu cada um deles. No
que se refere ao planejamento prevê o aperfeiçoamento da estrutura, descrição
conceitual e de conteúdos mínimos dos Planos de Assistência Social, sendo que

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a sua elaboração deverá ser quadrienal coincidindo com os Planos Plurianuais
de cada ente federado e, ainda precedido da realização de diagnóstico sócio
territorial. A NOB/2012 também descreve a estrutura dos Planos que devem ter,
entre outras, diagnóstico sócio territorial, metas estabelecidas, resultados e
impactos esperados, indicadores de monitoramento e avaliação e espaço
temporal de execução.Com isso, articula os instrumentos de planejamento,
monitoramento e avaliação, posicionando-os com estratégias fundamentais para
o aprimoramento da gestão e a qualificação dos serviços e benefícios.
O monitoramento, Avaliação e monitoramento da política de
assistência social: uma proposta em construção. Katál., Florianópolis,
v. 18, n. 1, p. 13-21, jan./jun. 2015por sua vez, é considerado uma
função “inerente à gestão e ao controle social, e consiste no
acompanhamento contínuo e sistemático do desenvolvimento dos
serviços, programas, projetos e benefícios sócio assistenciais, em
relação ao cumprimento de seus objetivos e metas” (BRASIL, 2012).
É realizado por meio de indicadores e informações produzidas in loco,
dados de sistemas de informação e dados de sistemas de informações
específicos para a realização de monitoramento, sendo, portanto, uma
responsabilidade da união, estados e municípios. No texto da NOB/SUAS/2012,
também consta que o conjunto de indicadores do SUAS deve permitir
acompanhar: a qualidade e o volume de oferta dos serviços, programas, projetos
e benefícios de proteção social básica e proteção social especial; o cumprimento
do Protocolo de Gestão Integrada de Serviços, Benefícios e Transferência de
Renda; o desempenho da gestão de cada ente federativo e, o monitoramento do
funcionamento dos Conselhos de Assistência Social e das Comissões Inter
gestores.
O monitoramento é uma função inerente à gestão e deve ser realizada
pela própria equipe de implementação do programa. Portanto, na gestão
descentralizada da assistência social, esta responsabilidade torna-se maior para
os municípios, os quais devem executar os serviços, programas, projetos e
gerenciar benefícios, por ser o ente federado mais próximo da população. Em
vista disso, os municípios precisam de capacidade institucional e gerencial,
técnica, política, estruturas físicas, recursos humanos, além de orçamento, para
cumprir todas as suas responsabilidades enquanto ente federado autônomo.

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Entretanto, conforme demonstra Arretche (2000), a maioria dos
municípios brasileiros é de pequeno porte populacional, possui densidade
econômica pouco expressiva e significativa dependência de transferências
fiscais. Por isso, os Estados também precisam contribuir decisivamente para
compensar os obstáculos causados pelas dificuldades econômicas e fiscais dos
municípios, e ainda as dificuldades técnicas de gestão das políticas sociais.
Estes fatores determinam os diferentes graus de descentralização das políticas
sociais, em especial, a política de assistência social.
No que se refere à avaliação, a mesma poderá ser realizada através de
“contratação de serviços de órgãos instituições de pesquisa, visando à produção
de conhecimentos sobre a política e o sistema de assistência social” (BRASIL,
2012). Neste quesito, cabe à União a maior responsabilidade com as seguintes
ações: promover continuamente avaliações externas de âmbito nacional
abordando a gestão, os serviços, os programas, os projetos e os benefícios
socioassistenciais; estabelecer parcerias com órgãos e instituições federais de
pesquisa visando à produção de conhecimentos sobre a política e o SUAS;
realizar, em intervalos bianuais, pesquisa amostral de abrangência nacional com
usuários do SUAS para avaliar aspectos objetivos e subjetivos referentes à
qualidade dos serviços prestados.
Enquanto os Estados “poderão realizar avaliações periódicas da gestão,
dos serviços e dos benefícios sócio assistenciais em seu território, visando
subsidiar a elaboração e o acompanhamento dos planos” (BRASIL, 2012). Os
municípios poderão “instituir práticas participativas de avaliação da gestão e dos
serviços da rede sócio assistencial, envolvendo trabalhadores, usuários e
instâncias de controle social” (BRASIL, 2012).
Segundo Costa (2007), apesar do consenso sobre a importância da
avaliação, de fato avaliam-se muito pouco as ações na área da assistência social
e, principalmente, há dúvidas se os resultados das avaliações são utilizados de
maneira produtiva.
O autor cita alguns fatores que contribuem para isso:
 Existem poucos incentivos para a avaliação, pois o estilo de gestão
predominante nas políticas sociais é pouco orientado para resultados;
 Os objetivos geralmente são formulados de maneira genérica e ambiciosa
para serem operacionais, ou seja, para orientarem as ações e a avaliação;

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 Gestores e instituições públicas são mais cobrados por planos de trabalho
do que por resultados e inovações efetivamente obtidos;
 Os processos de decisão no campo da assistência social tendem a ser
frequentemente informais e pouco estruturados, o que leva a decisões pouco
estratégicas, fragmentadas e reativas.
Diante destes fatores, Costa (2007) afirma que para a avaliação ser
possível e relevante é preciso modificar a maneira como os projetos são
formulados, ou seja, formular objetivos operacionais e realistas e explicar a teoria
do projeto (por que e como se supõe que os insumos produzam resultados
esperados); estruturar... a avaliação e monitoramento na área da assistência
social ainda permanecem muito restritos a medição da eficiência da utilização
dos recursos, isto é, voltados aos aspectos quantitativos de recursos
atendimentos, em detrimento de uma análise do impacto das ações na qualidade
de vida da população ...
A tomada de decisão, criando-se espaços e momentos institucionalizados
de reflexão sobre os resultados das avaliações adotando-se o planejamento
estratégico; criar condições institucionais – financeiros e outros – para a busca
de resultados para promover e utilizar a avaliação. Além disso, destaca que o
sistema de monitoramento e avaliação deve estar orientado aos diferentes
atores envolvidos na organização, não apenas aos tomadores de decisão, para
estruturar o debate e a participação.
A avaliação participativa torna-se mais viável em âmbito municipal, onde
se concretizam as ações da política de assistência social. Segundo Barreira
(2000, p. 93), a avaliação de programas na assistência social deve investir
necessariamente na capacitação emancipatória dos usuários, tendo em vista
que “o referencial avaliativo na área volta-se para atendimento das necessidades
e exigências das populações vulnerabilidades pela pobreza e pela exclusão das
redes de seguridade social”.
Por isso, a autora indica a avaliação com características participativas e
de cunho emancipatório, para seguir os objetivos de inclusão social de seu
público-alvo. A avaliação participativa inclui todos os sujeitos envolvidos na
operacionalização do SUAS ou, no caso específico dos serviços, os profissionais
e os usuários. A riqueza das discussões está no fato de que cada sujeito possui
um olhar diferenciado para a mesma ação dependendo do lugar em que se situa.

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Entretanto, para sua realização são necessárias informações qualificadas e
relevantes.

O monitoramento e avaliação também ganhou desta que com a NOB/SUAS/2012, a partir da


definição de diretrizes para a concepção dos sistemas de informação no SUAS, sendo elas:
compartilhamento da informação na esfera federal, estadual e municipal e entre todos os
atores do SUAS, trabalhadores, conselheiros, usuários e entidades; compreensão de que a
informação noSUAS não se resume à informatização ou instalação de aplicativos e
ferramentas, mas afirma-se também como uma cultura a ser disseminada na gestão e no
controle social; disponibilização da informação de maneira compreensível à população com
transparência e acessibilidade; construção de aplicativos e subsistemas flexíveis que
respeitem as diversidades e particularidades regionais; e interconectividade entre os sistemas.

Desde a criação do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à


Fome (MDS), em 2004, informação, o monitoramento e a avaliação são
institucionalizados a partir da criação de uma secretaria específica para este fim,
representando grande avanço na área e o incentivo a Estados e municípios para
incorporarem estes instrumentos também em seu âmbito de atuação.
A Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) foi colocada no
mesmo patamar das outras secretarias do MDS: Secretaria Nacional de Renda
cidadania (SENARC), Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(SESAN), Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), e Secretaria de
Articulação para Inclusão Produtiva (SAIP).
Para Vaitsman e Paes-Sousa (2011, p. 23), a institucionalização da
avaliação na assistência social significou maior profissionalização da gestão,
porém reflete os tradicionais conflitos entre as esferas técnicas e políticas, uma
vez que a avaliação de políticas e programas públicos é “uma atividade exercida
em um terreno atravessado pela política, onde os estudos extrapolam o simples
âmbito da produção do conhecimento”.
Afirmam ainda que embora seja uma pesquisa aplicada às políticas
públicas, fazem parte das disputas políticas do setor avaliado e da política
pública de modo geral.
O processo de institucionalização da avaliação na área da assistência
social em âmbito federal dependeu de um conjunto de condições como, por

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exemplo, a decisão política de implantar um sistema de avaliação com alocação
de recursos financeiros, físicos e humanos e, ainda, a cooperação entre os
membros da organização.
Assim, para a institucionalização da avaliação foi necessário o
compartilhamento de dados gerenciais sobre os programas, dados físico-
financeiros, informações, conhecimentos e contatos dos municípios
(VAITSMAN; PAES-SOUSA, 2011).A seguir faremos alguns comentários sobre
os desafios à implementação de sistemas de avaliação e monitoramento na
política de assistência social a partir de dados coletados em municípios de
pequeno porte doestado do Paraná, foco de nossa pesquisa.
A avaliação ainda é percebida como opinião no sentido lato senso, ou
seja, informal/espontânea carecendo de instrumentos de coleta e análise de
dados advindos da pesquisa social aplicada. Já o monitoramento é vinculado à
fiscalização, controle, vigilância, organização de documentos e ao cumprimento
de normas em detrimento da sua valorização enquanto acompanhamento
planejado, sistemático e dirigido da implementação de um serviço, programa ou
projeto social.
A informação e os sistemas informatizados ainda não são considerados
como instrumento de organização e sistematização de dados que servem para
subsidiar processos de planejamento, mas como uma forma de controle de
benefícios eventuais.
As dificuldades financeiras na política de assistência social advêm, de um
lado, do próprio município, que direciona poucos recursos para a área e, de outro
lado, da falta de financiamento a fundo do Estado, que permanece com repasses
focalizados via convênios. O governo federal tem avançado na discussão sobre
o financiamento da gestão e dos serviços na área, porém ainda faltam
regulamentações e a concretização das previsões da Norma Operacional Básica
do Sistema Único de Assistência Social – NOB/SUAS/2012 (ALBUQUERQUE,
e tal., 2012), que prevê modalidades de financiamento via blocos, conforme os
níveis de proteção básica e especial a gestão do SUAS, o que, acredita-se,
poderá possibilitar maior autonomia para os municípios.
No Brasil, a incorporação da função avaliação nas políticas sociais se deu,
principalmente, a partir da década de 1990, devido à discussão sobre a
necessidade de modernização da administração pública em uma perspectiva

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gerencial. A avaliação é considerada um instrumento de gestão que garante
eficiência, eficácia efetividade às ações do Estado, tendo como modelo as
empresas privadas. Assim a ênfase maior é na sua dimensão técnica que
escamoteia a sua dimensão política, a qual se refere aos motivos que levaram à
sua realização e não realização, utilização e não utilização e, ainda, divulgação
e não divulgação dos resultados.
Destaca-se que a institucionalização da avaliação na área da assistência
social é parte de um processo mais amplo de construção da democracia e da
profissionalização da administração pública, uma vez que avaliação e o
monitoramento, ainda que representem a necessidade de estabelecimento de
mecanismos gerenciais, respondem também à pressão da sociedade por
transparência e responsabilização da gestão pública. Os instrumentos de
gestão, em especial o monitoramento e a avaliação, se forem pensados em sua
dimensão política, conforme prevê a legislação na área, podem ser
impulsionadores do avanço da assistência social como política pública
profissionalizada e qualificada. Por fim, reforçamos, nas três esferas de governo,
a necessidade do debate coletivo sobre a necessidade do estabelecimento de
uma cultura de avaliação e monitoramento da política de assistência social.

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REFERENCIAS

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