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Nova Lei de Licitações:

Planejamento e
Governança

Direito e Legislação
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Diretoria de Desenvolvimento Profissional

Conteudista/s
Paulo Bernardes Honório de Mendonça (Conteudista)

Curso desenvolvido no âmbito da Diretoria de Desenvolvimento Profissional – DDPRO

Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1 - Lei Federal nº 14.133: contextualizando as mudanças trazidas pela
nova Lei
Unidade 1 – Principais informações da nova Lei de Licitações e Contratos.. 5
Unidade 2 – Aperfeiçoamentos trazidos pela nova lei.....................................8

Módulo 2. Introdução ao planejamento e governança das contratações


Unidade 1 – Importância do planejamento para a contratação pública.....11
Unidade 2 – Visão geral do planejamento das contratações.........................14
Unidade 3 – Responsáveis pelo planejamento da contratação....................16
Unidade 4 – Contexto geral da Governança Pública no País.........................19

Módulo 3. Processo de elaboração de Estudos Técnicos Preliminares - ETPs


Unidade 1 – Estudo Técnico Preliminar - ETP..................................................22
Unidade 2 – Os estudos e a metodologia de cálculo utilizados para definir a
quantidade e a qualidade da aquisição...........................................................26
Unidade 3 – Estudo de caso com serviço e aquisição.....................................30

Módulo 4. Processo de elaboração de Termos de Referência - TRs


Unidade 1 – Diferença básica entre Projeto Básico e Termo de Referência: o
‘DNA’ da contratação..........................................................................................32
Unidade 2 – Estruturação do Termo de Referência: descrição do objeto....36
Unidade 3 – Exigência de qualificação técnica e Exigência de Amostra ou de
Prova de Conceito e vistoria técnica.................................................................43
Unidade 4 – Estudo de caso com serviço e aquisição.....................................53
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Módulo

1 Lei Federal nº 14.133: contextualizando


as mudanças trazidas pela nova lei

Unidade 1 – Principais informações da nova Lei de Licitações


e Contratos

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar os objetivos e reconhecer


a vigência, a aplicabilidade e o período de transição da nova Lei de Licitações e
Contratos, bem como as principais inovações trazidas ao ordenamento jurídico
vigente.

1. Objetivos (o que a lei estabelece)

A Nova Lei de Licitações e Contratos (NLLC) é um novo sistema de contratações


públicas cuja operacionalização demandará o amadurecimento institucional da
Administração Pública.

Trata-se de uma elevada curva de aprendizado a ser percorrida, exigindo, entre


outros meios, iniciativas voltadas à capacitação e ao aperfeiçoamento dos servidores
quanto à condução dos procedimentos licitatórios e a correta fiscalização e gestão
contratual. Por isso, houve efetiva preocupação do legislador com a formação dos
agentes públicos que desempenharão funções essenciais na NLLC.

Os objetivos da nova lei ficam claros desde a sua concepção. Uma leitura atenta
dos primeiros artigos nos mostra de maneira clara os objetivos da nova lei. Vamos
começar.

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2. Vigência (prazo de vigência e revogação dos prazos anteriores)

A Nova Lei de Licitações e Contratos trouxe o prazo de vigência necessário para sua
entrada em vigor. Para tanto, algumas regulamentações e providências específicas
precisavam ser tomadas.

Após um longo período de tramitação no Congresso Nacional, a NLLC, estabelece


normas gerais de licitação e contratação para as Administrações Públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
pretendendo substituir, por meio de um único diploma, a Lei Geral de Licitações e
Contratos (Lei nº 8.666/1993), a Lei do Pregão (Lei nº 10.520/2002) e a Lei do Regime
Diferenciado de Contratações Públicas (artigos 1º a 47 da Lei nº 12.462/2011).

O intento de unificar e consolidar em uma só peça as principais normas da legislação


brasileira de compras públicas resta claro no exame do rol das modalidades de
licitação segundo a NLLC.

A Nova Lei de Licitações revoga a Lei n. 8.666/93, a Lei n. 10.520/2002


e Lei n. 12.462/2011, após o decurso de 02 anos (Art. 193). Entrou
em vigor na data da publicação (Art. 194), ou seja, em 01/04/2021.

Até o decurso de prazo de dois anos, foi estabelecido um período de transição, onde
o Poder Público poderá optar por seguir a Lei n. 8.666/93, a Lei n. 10.520/2002 e Lei
n. 12.462/2011 OU A NOVA LEI DE LICITAÇÕES, SENDO VEDADA A UTILIZAÇÃO DE
UM REGIME MISTO (Art. 191).

A própria Nova Lei de Licitações afasta qualquer possibilidade de sua aplicação


subsidiária, no que diz respeito aos certames e contratos firmados pelas Estatais,
trazendo expressa previsão no art. 1º , parágrafo primeiro, de que somente se
aplicam as disposições referentes aos crimes previstos no art. 178.

Isso também acontecia com a Lei nº 8.666/93, muito embora o TCU insistisse na
fundamentação dos seus julgados na antiga lei de Licitações para os casos referentes
às estatais.

Quanto ao uso por estados e municípios a permissividade diverge: muitos entes


autorizaram o uso e muitos vetaram o uso. Exemplo de entes favoráveis ao uso:
Acre, Município de Salvador, Paraíba, São Paulo, Distrito Federal, etc. Exemplo de
entes contrários ao uso: Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco,
Paraná, Espírito Santo.

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Referências

A APLICABILIDADE da Lei de Licitações e Contratos. Tocantins, 16 SET 2021. Disponível


em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/228101. Acesso em: 05 out 2021.
BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, Seção 1,
01 abr. 2021, p. 1. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2021/lei/L14133.htm. Acesso em: 05 out 2021.
BRASIL. Advocacia - Geral da União PARECER n. 00002/2021/CNMLC/CGU/AGU -
CAMARA NACIONAL DE MODELOS DE LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
- CNMLC/DECOR/CGU. Brasília, 14djun 2021. Disponível em: https://www.conjur.
com.br/dl/parecer-agu-aplicabilidade-lei-1413321.pdf. Acesso em: 05 out 2021.
Entenda a Nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021): quando passam a valer as
novas regras?. SCHIEFLER ADVOCACIA. São Paulo, 18 maio de 2021. Disponível
em: https://schiefler.adv.br/entenda-a-nova-lei-de-licitacoes-lei-no-14-133-2021-
quando-passam-a-valer-as-novas-regras/. Acesso em: 05 out 2021.
Gustavo Schiefler assina artigo em nova coluna do CONJUR: É recomendável aplicar
a nova Lei de Licitações na pendência do PNPC?. SCHIEFLER ADVOCACIA. São Paulo,
18 maio de 2021. Disponível em: https://schiefler.adv.br/gustavo-schiefler-assina-
artigo-em-nova-coluna-do-conjur-e-recomendavel-aplicar-a-nova-lei-de-licitacoes-
na-pendencia-do-pnpc/. Acesso em: 05 out 2021.
SABER Direito. Direito Administrativo: Nova Lei de Licitações e Contrato. Tv
Justiça. 2021. (56m51s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v
=CGMzQXhdSMk&list=PLVwNANcUXyA8UCF5BWI3lwIHnuO8pII8W&index=6.
Acesso em 05 out.2021.

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Unidade 2 – Aperfeiçoamentos trazidos pela nova lei

Ao final desta unidade, você será capaz de Reconhecer as principais alterações


trazidas pela Nova Lei de Licitações e Contratos

2.1 O que permanece com a nova Lei de Licitações

Nas licitações e contratações que envolvam recursos provenientes de empréstimo


ou doação oriundos de agência oficial de cooperação estrangeira ou de organismo
financeiro de que o Brasil seja parte, podem ser admitidas condições peculiares à
seleção e à contratação constantes de normas e procedimentos das agências ou dos
organismos DESDE QUE sejam exigidas para a obtenção do empréstimo ou doação
e NÃO CONFLITEM com a Constituição Federal (Art. 1º , Parágrafo Terceiro).

A Nova Lei de Licitação buscou enfatizar a necessidade de atendimento aos Princípios


do Planejamento, Transparência, Segregação de Funções e disposições da LINDB
(Art. 5º), o que já era previsto na Jurisprudência dos Tribunais de Contas.

2.2. Alterações legais e infralegais sobre licitações e contratos

As principais inovações, dentre muitas, podem ser listadas abaixo:

Regulamento federal - Estados, Distrito Federal e os Municípios poderão aplicar os


regulamentos editados pela União para execução da nova lei.
Diretrizes - Passam a constar, expressamente, no texto legal, as diretrizes da
segregação de funções e do planejamento.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - Na aplicação da nova lei deverão
ser observadas as disposições do Decreto-Lei nº 4.657/1942, alterado pela Lei nº
13.655/2018.
Modalidades licitatórias - Pregão; concorrência; concurso; leilão; e diálogo
competitivo.
Procedimentos auxiliares - Credenciamento; pré-qualificação; procedimento de
manifestação de interesse; sistema de registro de preços; e registro cadastral.
Critérios de julgamento - Menor preço; maior desconto; melhor técnica ou conteúdo
artístico; técnica e preço; maior lance, no caso de leilão; e maior retorno econômico.
Modos de disputa - (a) aberto, hipótese em que os licitantes apresentarão suas
propostas por meio de lances públicos e sucessivos, crescentes ou decrescentes; (b)

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fechado, hipótese em que as propostas permanecerão em sigilo até a data e hora
designadas para sua divulgação.
Grande vulto - Obras, serviços, locações e fornecimentos de grande vulto são
aqueles cujo valor estimado supere R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais).
Estudo técnico preliminar - Instrumento obrigatório, o qual deverá evidenciar o
problema a ser resolvido e a sua melhor solução, de modo a permitir a avaliação
da viabilidade técnica e econômica da contratação, servindo de supedâneo para a
elaboração do anteprojeto, do projeto básico e do termo de referência.
Exequibilidade da proposta - No caso de obras e serviços de engenharia, serão
consideradas inexequíveis as propostas cujos valores forem inferiores a 75% (setenta
e cinco por cento) do valor orçado pela administração
Diálogo competitivo - Modalidade de licitação para a contratação de obras,
serviços e compras em que a administração pública realiza diálogos com licitantes
previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver
uma ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades, devendo os
licitantes apresentar proposta final após o encerramento dos diálogos. É restrita a
contratações em que a Administração vise contratar objeto que envolva as seguintes
condições: a) inovação tecnológica ou técnica; b) impossibilidade de o órgão ou
entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis
no mercado; e c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com
precisão suficiente pela administração.
Agente de contratação, comissão de contratação e pregoeiro - São os
responsáveis pela condução do procedimento licitatório, definindo, o novo marco
legal, as situações em que cada um atua; as regras relativas à atuação desses
agentes serão estabelecidas em regulamento, devendo ser prevista a possibilidade
de contarem com o apoio dos órgãos de assessoramento jurídico e de controle
interno para o desempenho das funções essenciais à execução do novo marco legal.

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Referências

BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos


Administrativos. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, Seção 1,
01 abr. 2021, p. 1. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2021/lei/L14133.htm. Acesso em: 05 out 2021.
BRASIL. Ministério da Economia. Webinar - presente e futuro: a nova lei de licitações.
Youtube. Disponível em: <https://youtu.be/MJDzNAs3JqA> - Nova Lei de Licitações:
Presente e Futuro. Youtube, 06 abr. 2021.
BRASIL. Ministério da Economia. Webinar - 2 meses: nova Lei de Licitações. Youtube.
Disponível em: <https://youtu.be/2LZnVR-aLFc>. Acesso em 05 out. 2021.
SABER Direito. Direito Administrativo: Nova Lei de Licitações e Contrato. Tv
Justiça. 2021. (56m51s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v
=CGMzQXhdSMk&list=PLVwNANcUXyA8UCF5BWI3lwIHnuO8pII8W&index=6.
Acesso em 05 out.2021.

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Módulo

2 Introdução ao planejamento e
governança das contratações

Unidade 1 – Importância do planejamento para a


contratação pública

Ao final desta unidade, você será capaz de Reconhecer a importância do


planejamento para a contratação pública e as implicações da Nova Lei de
Licitações e Contratos no planejamento

1.1 O planejamento na nova lei

Muito embora previsto desde o DL 200/67, o planejamento foi, agora de maneira


explícita, alçado à condição de princípio (art. 5º) na NLLC, evidenciando a relevância
dada pelo legislador a essa importante ferramenta administrativa nas contratações
públicas.

A Nova Lei de Licitação buscou enfatizar a necessidade de atendimento aos Princípios


do Planejamento, Transparência, Segregação de Funções e disposições da LINDB
(Art. 5º), o que já era previsto na Jurisprudência dos Tribunais de Contas.

Compatibilizar as necessidades da Administração com o seu


planejamento estratégico e orçamentário e buscar o melhor
modo de atendê-las, levando em consideração todo o ciclo de vida
do objeto da contratação, inclusive quanto a aspectos ambientais
e de sustentabilidade, valendo-se, sempre que possível, de
mecanismos de centralização de contratações e de padronização
de procedimentos, documentos, bens, serviços e obras.

A Nova Lei de Licitações apresentou um foco claro na governança e fase preparatória,


de modo a evitar os problemas decorrentes de contratações mal planejadas ou
geridas de forma equivocada. A partir de documentos de formalização de demandas,
os órgãos responsáveis pelo planejamento de cada ente federativo poderão, na
forma de regulamento, elaborar plano de contratações anual , com o objetivo de

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racionalizar as contratações dos órgãos e entidades sob sua competência, garantir
o alinhamento com o seu planejamento estratégico e subsidiar a elaboração das
respectivas leis orçamentárias.

O plano deverá ser divulgado e mantido à disposição do público em sítio eletrônico


oficial e será observado pelo ente federativo na realização de licitações e na execução
dos contratos (Art. 12).

Os principais instrumentos de Planejamento são o PAC-Plano Anual de Aquisições,


o Estudo (técnico) Preliminar e o Termo de Referência.

A fase preparatória do processo licitatório é aquela caracterizada pelo planejamento


e deve compatibilizar-se com o plano de contratações (Art. 18).

Portanto, o estudo técnico preliminar deverá evidenciar o problema a ser resolvido


e a sua melhor solução, de modo a permitir a avaliação da viabilidade técnica e
econômica da contratação, e conterá a demonstração da previsão da contratação
no plano de contratação anual, sempre que elaborado, de modo a indicar o seu
alinhamento com o planejamento da Administração.

O art. 11, por sua vez, focou, de igual modo, na gestão, ao estabelecer que a alta
administração do órgão ou entidade passa a ser responsável pela governança
das contratações e deve implementar processos e estruturas, inclusive de gestão
de riscos e controles internos, para avaliar, direcionar e monitorar os processos
licitatórios e os respectivos contratos , com o intuito de promover um ambiente
íntegro e confiável, assegurar o alinhamento das contratações ao planejamento
estratégico e às leis orçamentárias e promover eficiência, efetividade e eficácia em
suas contratações.

Tal disposição deverá atrair a responsabilização dos gestores públicos por


contratações que resultem em má utilização de recursos públicos, seja por vícios
na licitação ou por eventuais falhas que não decorram diretamente da sua conduta.
Além disso, foi criada a fase do anteprojeto , cujos elementos aparecem detalhados
no art. 6º , XXIV.

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Referências

ÀVILA. Humberto. Teoria dos princípios : da definição à aplicação dos princípios


jurídicos. 19. ed. rev e atual. - São Paulo : Malheiros, 2019. 240 p. ; 21 cm.
MINISTÉRIO da Economia. Webinar - 2 meses: nova Lei de Licitações. Youtube.
Disponível em: <https://youtu.be/2LZnVR-aLFc>. Acesso em 05 out. 2021.
SABER Direito. Direito Administrativo: Nova Lei de Licitações e Contrato. Tv
Justiça. 2021. (56m51s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v
=CGMzQXhdSMk&list=PLVwNANcUXyA8UCF5BWI3lwIHnuO8pII8W&index=6.
Acesso em 05 out.2021.

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Unidade 2 – Visão geral do planejamento das contratações

Ao final desta unidade, você será capaz de Descrever o processo licitatório e as


fases do planejamento

2.1. Visão geral do processo licitatório

No processo licitatório as etapas são organizadas conforme a concretização do


Planejado. Neste sentido há a formalização da demanda, a elaboração dos Estudos
Preliminares - ETP, formação do Projeto Básico ou Termo de Referência, elaboração
das Minutas de Edital e do termo contratual, gerenciamento de riscos, autorização
conforme a instância de governança, emissão de pareceres e publicação do edital.

O ETP é tido pela nova lei como documento estrutural do


planejamento da contratação. É por seu intermédio que se
definirá como melhor atender a necessidade apontada pela
Administração, analisando e comparando as soluções passíveis
de serem implementadas, podendo, inclusive, concluir ao final
dos estudos que a contratação é inviável.

A elaboração do ETP é, em regra, obrigatória, admitindo-se, mediante justificativa,


a elaboração de estudo simplificado com, apenas, os elementos referidos nos
incisos I, IV, VI, VIII e XIII do § 1º do artigo 18, sendo sua elaboração facultativa nas
contratações diretas. Tal conclusão é extraída da leitura conjugada dos artigos 6º,
XX, 18, § 2º, e 72, inciso I, da NLLC.

A Administração poderá convocar, com antecedência mínima de 8 (oito) dias úteis,


audiência pública, presencial ou a distância, na forma eletrônica, sobre licitação que
pretenda realizar, com disponibilização prévia de informações pertinentes, inclusive
de estudo técnico preliminar e elementos do edital de licitação , e com possibilidade
de manifestação de todos os interessados.

A Administração também poderá submeter a licitação a prévia consulta pública,


mediante a disponibilização de seus elementos a todos os interessados, que poderão
formular sugestões no prazo fixado. (Art. 21)

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Referências

ASPECTOS relevantes sobre a aplicabilidade do PAC: Nas rotinas administrativas


dos órgãos públicos. Solicita. Disponível em: <https://sollicita.com.br/Noticia/?p_
idNoticia=17210&n=aspectos-relevantes-sobre-a-aplicabilidade-do-pac>. Acesso
em 05 out. 2021.
ÀVILA. Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios
jurídicos. 19. ed. rev e atual. - São Paulo : Malheiros, 2019. 240 p. ; 21 cm.
BRITO, Isabella. Governança em contratações públicas: a transformação passa pelos
meios. Disponível em: <http://www.licitacaoecontrato.com.br>. Acesso em dez/2020.
CHIAVENATO, I.; SAPIRO A. Planejamento estratégico - Fundamentos e Aplicações.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
FENILI, Renato Ribeiro. Governança em logística pública no enfrentamento à COID-
19: arcabouço legal em visão sistêmica e aplicada. Belo Horizonte, Fórum, 2020.
MINISTÉRIO da Economia. Webinar - presente e futuro: a nova lei de licitações.
Youtube. Disponível em: <https://youtu.be/MJDzNAs3JqA> - Nova Lei de Licitações:
Presente e Futuro. Youtube, 06 abr. 2021.
MINISTÉRIO da Economia. Webinar - 2 meses: nova Lei de Licitações. Youtube.
Disponível em: <https://youtu.be/2LZnVR-aLFc>. Acesso em 05 out. 2021.

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Unidade 3 – Responsáveis pelo planejamento da contratação

Ao final desta unidade, você será capaz de Identificar os responsáveis


pelo planejamento da contratação e reconhecer a visão do TCU sobre a
responsabilização dos planejadores.

3.1. Responsáveis pelo planejamento da contratação

A NLLC trouxe renovada preocupação com os agentes públicos que atuam no


processo de contratação pública.

A Nova Lei de Licitações trouxe uma diferenciação entre agente público e autoridade,
conceituando o primeiro como ¨indivíduo que, em virtude de eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, exerce
mandato, cargo, emprego ou função em pessoa jurídica integrante da Administração
Pública¨; e o segundo como o ¨agente público dotado de poder de decisão¨ (Art. 6º)

Comissão de contratação: conjunto de agentes públicos indicados


pela Administração, em caráter permanente ou especial, com a
função de receber, examinar e julgar documentos relativos às
licitações e aos procedimentos auxiliares;
Agente de contratação: pessoa designada pela autoridade
competente, entre servidores efetivos ou empregados públicos
dos quadros permanentes da Administração Pública, para tomar
decisões, acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao
procedimento licitatório e executar quaisquer outras atividades
necessárias ao bom andamento do certame até a homologação
(Art. 6º).

O art. 7º da NLLC estabelece requisitos básicos para atuação de agentes públicos em


processos de contratação pública.

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A lei exige que a designação venha a recair preferencialmente sobre servidores
efetivos ou empregados públicos do quadro permanente (inciso I), que recebam
prévia capacitação adequada (inciso II) e não tenham vínculos de parentesco ou de
natureza técnica, comercial, econômica, ou financeira com licitantes ou contratados
habituais da Administração (inciso III).

A NLLC exige a designação de servidor efetivo ou empregado público dos quadros


permanentes da Administração (art. 6º, LX e 8º, NLLC).

Segundo Marçal Justen Filho, ao exigir a “ausência de precariedade


na posição” como requisito, a nova lei presume que agentes
públicos que não gozem de estabilidade ou estejam sujeitos à
demissibilidade ad nutum podem sofrer pressões mais intensas no
sentido de condutas irregulares.

Em regra, cabe ao agente de contratação conduzir o procedimento administrativo,


tomando decisões de relevo e praticando, com o auxílio da sua equipe de apoio, os
atos principais do processo de contratação pública.

Mas a NLLC também prevê a atuação de comissões de contratação, bancas, leiloeiros


oficiais e pregoeiros, com funções distintas conforme a modalidade de licitação.

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Referências

ACÓRDÃO 1637/2021 - Plenário. Disponível em: <https://pesquisa.apps.


tcu.gov.br/#/documento/acordao-completo/3739720206.PROC/%2520/
DTRELEVANCIA%2520desc%252C%2520NUMACORDAOINT%2520desc/0/%2520>.
Acesso em dez. 2020.
LEONEZ, Angelins Souza. Etapas do Plano Anual de Contratações – PAC. Disponível
em: <http://www.licitacaoecontrato.com.br>. Acesso em dez. 2020.
PLANEJAMENTO da contratação. Ementário Ementário de Gestão Pública nº
2.343. Disponível em: <https://ementario.info/2020/01/14/ementario-de-gestao-
publica-no-2-343/?fbclid=IwAR28hJlju5gj0xucyw52KlSXFiHSjKFpDoDBsLfCIoPf9S_
IUpJV3xFzmG0&doing_wp_cron=1633707722.5437290668487548828125>. Acesso
em dez. 2020.

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Unidade 4 – Contexto geral da Governança Pública no País

Ao final desta unidade, você será capaz de Conceituar governança pública e


governança de contratações e Reconhecer a governança (estruturas, tarefas e
inovações) na Nova Lei de Licitações e Contratos

4.1 Governança de contratações

Na NLL, apesar de haver apenas duas menções a “governança”, há previsão


de diversos mecanismos de liderança, estratégia e controle para avaliação,
direcionamento e monitoramento dos processos licitatórios.

A primeira menção consta do parágrafo único do art. 11 e já


a segunda menção está no inciso I do art. 169, que estabelece
que a primeira linha de defesa das contratações públicas será
integrada por servidores e empregados públicos, agentes de
licitação e autoridades que atuam na estrutura de governança
do órgão ou entidade.

Segundo o art. 169 da NLLC, no que concerne ao controle das contratações:


A primeira linha de defesa: É integrada por servidores e empregados públicos,
agentes de licitação e autoridades que atuam na estrutura de governança do órgão
ou entidade.
A segunda linha de defesa: É composta pelas unidades de assessoramento jurídico
e de controle interno do próprio órgão ou entidade. Já a terceira linha de defesa é
formada pelo órgão central de controle interno da Administração e pelo tribunal de
contas.

O art. 7º da nova lei impõe à autoridade máxima de cada órgão o dever de observar
a gestão de competências e observar a aptidão dos servidores antes de designá-los
para atuação nos processos de contratação. Ou seja, os bons resultados esperados
passam pela responsabilidade do gestor superior.

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A aplicação da NLL exigirá a criação e o fortalecimento das estruturas de governança
em todas as áreas da administração pública. A grande participação foi a do
planejamento na aplicação da Lei e a obrigatoriedade do PAC para racionalização
e o alinhamento institucional com o planejamento estratégico e com as leis
orçamentárias.

A fase preparatória deverá conter, ainda, a Matriz de Riscos , que poderá constar
também no edital de modo a estabelecer a alocação de riscos entre o contratante
e o contratado , hipótese em que o cálculo do valor estimado da contratação
poderá considerar taxa de risco compatível com o objeto da licitação e com os
riscos atribuídos ao contratado, de acordo com metodologia predefinida pelo ente
federativo (Art. 22).

Quando a contratação se referir a obras e serviços de grande vulto ou forem adotados


os regimes de contratação integrada e semi-integrada, o edital obrigatoriamente
contemplará matriz de alocação de riscos entre o contratante e o contratado. (§ 3º)

Nas contratações integradas ou semi-integradas, os riscos decorrentes de fatos


supervenientes à contratação associados à escolha da solução de projeto básico
pelo contratado deverão ser alocados como de sua responsabilidade na matriz de
riscos. (§ 4º )

As condições do contrato e da matriz de alocação de riscos serão consideradas


para fins de equilíbrio econômico-financeiro, renunciando as partes aos pedidos de
restabelecimento do equilíbrio relacionados aos riscos assumidos.

Exceções:
1. às alterações unilaterais determinadas pela Administração, nas hipóteses do
inciso I do caput do art. 124 da Lei n. 14.333/2021;
2. ao aumento ou à redução, por legislação superveniente, dos tributos
diretamente pagos pelo contratado em decorrência do contrato. (Art. 103, § 5º)

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Referências

JUSTEN NETO, Marçal. Governança, gestão e planejamento de licitações na Lei


14.133/2021. Informativo Justen, Pereira, Oliveira e Talamini. Curitiba, n. 171, maio
de 2021. Disponível em: > www.justen.com.br>. Acesso em 05 out. 2021.
1º FÓRUM de Governança das Contratações - Dia 2. Repositório Institucional da
UFSC. Santa Catarina, 28 set. 2021. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/
handle/123456789/228329>. Acesso em 05 out.2021.
CARVALHO, Guilherme. O mito do planejamento exorbitante na Lei nº 14.133/2021.
Santa Catarina, 01 out. 2021. Disponível em: > https://repositorio.ufsc.br/
bitstream/handle/123456789/228633/ConJur%20-%20O%20mito%20do%20
planejamento%20exorbitante%20na%20Lei%20n%c2%ba%2014.133_2021.
pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 05 out. 2021.
LIMA, Jonas. Lei nº 14.133/2021: Licitações, regulação e normas técnicas. Disponível
em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/228172/ConJur%20
-%20Lei%20n%c2%ba%2014.133_2021_%20Licita%c3%a7%c3%b5es%2c%20
regula%c3%a7%c3%a3o%20e%20normas%20t%c3%a9cnicas.
pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Revista Consultor Jurídico. 24 set.2021. Acesso em
05 out.2021.

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Módulo

3 Processo de elaboração de Estudo


Técnico Preliminar - ETP

Unidade 1 – Estudo Técnico Preliminar - ETP

Ao final desta unidade, você será capaz de conceituar Estudo Técnico


Preliminar - ETP e enumerar seus objetivos e requisitos mínimos, identificando
os requisitos para a estruturação do Estudo Técnico Preliminar - ETP

1.1 Conceito

O ETP é tido pela nova lei como documento estrutural do planejamento da contratação.
É por seu intermédio que se definirá como melhor atender a necessidade apontada
pela Administração, analisando e comparando as soluções passíveis de serem
implementadas, podendo, inclusive, concluir ao final dos estudos que a contratação
é inviável.

A elaboração do ETP é, em regra, obrigatória, admitindo-se, mediante justificativa,


a elaboração de estudo simplificado com, apenas, os elementos referidos nos
incisos I, IV, VI, VIII e XIII do § 1º do artigo 18, sendo sua elaboração facultativa nas
contratações diretas. Tal conclusão é extraída da leitura conjugada dos artigos 6º,
XX, 18, § 2º, e 72, inciso I, da NLLC.

O Estudo Técnico Preliminar - ETP é parte fundamental do processo de planejamento


de qualquer contratação na administração pública federal, tendo em vista a
necessidade recorrente de demonstração da viabilidade técnica e do adequado
tratamento do impacto ambiental da proposta de contratação, bem como do
embasamento para o termo de referência. A fase interna do processo de licitação
é caracterizada pelo planejamento detalhado, cuja finalidade é evidenciar a
necessidade da administração pública que será suprida com a contratação de um
serviço ou compra de material. A ausência de planejamento submete os órgãos,
instituições e agentes públicos ao risco de cometer atos antieconômicos, ineficientes,
ineficazes, sem efetividade, ilegais e/ou imorais.

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O planejamento das contratações pela administração pública federal, assim como
a necessidade de estudo técnico preliminar e a confecção do termo de referência
têm sua justificativa também nas orientações do Tribunal de Contas da União-TCU
(acórdão 1.233/2012-Plenário, acórdão 310/2013-TCU-Plenario), além de outros
normativos e orientações dos órgãos de controle interno das entidades públicas.

1.2 Requisitos mínimos de um ETP

Pela IN 40/2020, os itens que devem constar no ETP digital são os seguintes:
I - descrição da necessidade da contratação, considerado o problema a
ser resolvido sob a perspectiva do interesse público;
II - descrição dos requisitos necessários e suficientes à escolha da solução,
prevendo critérios e práticas de sustentabilidade;
III - levantamento de mercado, que consiste na prospecção e análise das
alternativas possíveis de soluções, podendo, entre outras opções:
a) ser consideradas contratações similares feitas por outros órgãos e
entidades, com objetivo de identificar a existência de novas metodologias,
tecnologias ou inovações que melhor atendam às necessidades da
administração; e
b) ser realizada consulta, audiência pública ou diálogo transparente com
potenciais contratadas, para coleta de contribuições.
IV - descrição da solução como um todo, inclusive das exigências
relacionadas à manutenção e à assistência técnica, quando for o caso,
acompanhada das justificativas técnica e econômica da escolha do tipo de
solução;
V - estimativa das quantidades a serem contratadas, acompanhada das
memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, considerando a
interdependência com outras contratações, de modo a possibilitar economia
de escala;
VI - estimativa do valor da contratação, acompanhada dos preços unitários
referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte,
que poderão constar de anexo classificado, se a administração optar por
preservar o seu sigilo até a conclusão da licitação;
VII - justificativas para o parcelamento ou não da solução, se aplicável;
VIII - contratações correlatas e/ou interdependentes;
IX - demonstração do alinhamento entre a contratação e o planejamento
do órgão ou entidade, identificando a previsão no Plano Anual de Contratações
ou, se for o caso, justificando a ausência de previsão;

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X - resultados pretendidos, em termos de efetividade e de desenvolvimento
nacional sustentável;
XI - providências a serem adotadas pela administração previamente à
celebração do contrato, inclusive quanto à capacitação de servidores ou de
empregados para fiscalização e gestão contratual ou adequação do ambiente
da organização;
XII - possíveis impactos ambientais e respectivas medidas de tratamento; e
XIII - posicionamento conclusivo sobre a viabilidade e razoabilidade da
contratação.

Existem itens obrigatórios e facultativos que fazem parte da


elaboração do ETP, como mostra na imagem a seguir.

Contratações
Necessidade da correlatas Alinhamento entre
e/ou as contratação e
contratação
interdependentes o planejamento

Requisitos da Justificativas para Resultados


o parcelamento ou
contratação pretendidos
não da solução

Estimativa do Providencias a
Levantamento
valor da serem adotadas
de mercado
contratação pela administração

Impactos
Descrição da Viabilidade e
Estimativa das ambientais e
solução como razoabilidade da
quantidades medidas de
um todo contratação
tratamento

Elementos obrigatórios Elementos facultativos

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Referências

ACÓRDÃO Nº 1233/2012 – TCU – Plenário. Tribunal de Contas da União. Disponível


em: <http://www1.siop.planejamento.gov.br/siopdoc/lib/exe/fetch.php/acesso_
publico:qlikview:0000029368-acordao_1233_2012_tcu-plenario.pdf>. Acesso em 05
out. 2021.
ACORDÃO 3630/2013 - Plenário. Pesquisa Integrada do TCU. Disponível em: <https://
pesquisa.apps.tcu.gov.br/#/documento/acordao-completo/*/KEY%253AACORDAO-
COMPLETO-1259352/DTRELEVANCIA%2520desc/0/sinonimos%253Dfalse>. Acesso
em 05 out. 2021.
BRASIL. Ministério da Economia. WEBINAR - Estudo Técnico Preliminar. Youtube.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VpKDgkFRXdA>. Acesso em 05
out. 2021.

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Unidade 2 – Os estudos e a metodologia de cálculo utilizados
para definir a quantidade e a qualidade da aquisição

Ao final desta unidade, você será capaz de Analisar o objeto e a adequação do


ambiente à Nova Lei de Licitações e Contratos

2.1. Descrição detalhada do objeto

A ampla pesquisa de preços praticados pelo mercado no ramo do objeto da licitação


que se pretende fazer, com base na IN nº 73/2020 da Secretário de Gestão da
Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da
Economia, é um fator importante para o sucesso da pesquisa de preços.

A Validade das propostas comerciais tem que ser compatível com a duração do
planejamento dos documentos e dentro dos prazos previsto na legislação vigente.

O painel de preços é uma ferramenta que disponibiliza de forma


clara e ampla as informações das compras públicas homologadas
pelo sistema de compras do governo federal. Seu uso alem
de ser recomendável é extremamente importante. Assim, o
procedimento administrativo proposto pela IN nº 73/20 possui
alinhamento não somente com a Lei nº 8.666/93 mas também
com a Lei nº 13.303/2016, o que nos autoriza a concluir pela
possibilidade de sua utilização também pelas empresas estatais
e pela legitimidade de fruição das suas disciplinas e princípios.

Então, depreende-se que o alcance da referida norma é não apenas horizontal, mas
também vertical. Insta dizer que não somente União, Estados e Municípios, mas
também a Administração Indireta está acampada.

O grande marco substantivo que a Instrução traz é a sua não aplicabilidade às


contratações de obras e serviços de engenharia de que trata o Decreto nº 7.983,
de 8 de abril de 2013, que são serviços que, por sua alta heterogeneidade ou
complexidade técnica, não podem ser considerados serviços comuns e necessitam
da participação e do acompanhamento de profissional engenheiro habilitado, nos
termos do disposto na Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966.

O Superior Tribunal de Justiça – STJ, em seu manual, avalia as diversas funções da


Pesquisa de Preços, explicitando a necessidade de sua existência e a sua fundamental
dimensão conquanto determinante para decisões do gestor público:

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a. informar o preço justo de referência que a Administração está disposta a contratar;
b. verificar a existência de recursos suficientes para cobrir as despesas decorrentes
de contratação pública;
c. definir a modalidade licitatória;
d. auxiliar a justificativa de preços na contratação direta;
e. identificar sobrepreços em itens de planilhas de custos;
f. identificar jogos de planilhas; g. identificar proposta inexequível;
h. impedir a contratação acima do preço de mercado;
i. garantir a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração;
j. auxiliar o gestor a identificar a necessidade de negociação com os fornecedores,
sobre os preços registrados em ata, em virtude da exigência de pesquisa periódica;
k. servir de parâmetro para eventuais alterações contratuais; e
l. subsidiar decisão do pregoeiro para desclassificar as propostas apresentadas que
não estejam em conformidade com os requisitos estabelecidos no edital.

Com efeito, considerando os itens acima carreados, e os estreitos limites da via,


não se vê possibilidade de prosseguimento de um processo licitatório que afaste a
devida pesquisa de preços.

No tocante à temática, a nova Lei traz no artigo 23 novas tessituras sobre o tema.

O primeiro ponto importante remonta à necessária compatibilidade de preços entre


o valor estimado e o valor praticado pelo mercado, desde que levados em conta:
a) os preços constantes de bancos de dados públicos e as quantidades a serem
contratadas;
b) a potencial economia de escala; e,
c) as peculiaridades do local de execução do objeto.

Tal orientação, perfilada aos mais recentes entendimentos do TCU, torna a


possibilidade de vendas para a Administração mais atrativa, com preços praticados
no mercado.

Cumpre observar que a intenção do legislador não foi atrair o preço para um patamar
inexequível para o fornecedor e, consequentemente oneroso para a Administração.

Sustenta a lei, também, por lado outro, que o valor estimado será definido com base
no melhor preço. Tal expressão reflete o subjetivismo inerente ao próprio termo.

Navegação não exauriente nos julgados do TCU leva a concluir


que o melhor preço nem sempre será o menor. Tal qual seria
a melhor escolha de viagem. Não causa espanto que o melhor
destino não seja o mais barato. Os critérios de análise são muitos
para definir-se qual seria o melhor destino ou a melhor viagem.

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Desde que justificado, o orçamento estimado da contratação poderá ter caráter
sigiloso , sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quantitativos e das
demais informações necessárias para a elaboração das propostas, e, nesse caso, o
sigilo não prevalecerá para os órgãos de controle interno e externo. (Art. 24).

Na hipótese de licitação em que for adotado o critério de julgamento por maior


desconto, o preço estimado ou o máximo aceitável constará do edital da licitação.

A questão já tinha previsão na Lei das Estatais, mas ainda gerava uma certa
divergência na doutrina e jurisprudência pátria, quanto às licitações fundadas na
Lei n. 8.666/93.

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Referências

FORTINI, Cristiana; BRAGAGNOLI, Renila. Acordão 1875/21 do TCU e os parâmetros


para pesquisas de preços na Lei 14.133/21. Consultor Jurídico. 30 set. 2021.
Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/228538/
ConJur%20-%20O%20ac%c3%b3rd%c3%a3o%201875_21%20do%20TCU%20
e%20as%20pesquisas%20de%20pre%c3%a7os%20na%20Lei%2014.133_21.
pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 05 out. 2021.
SUPERIOR Tribunal de Justiça. Manual de orientação: pesquisa de preços. Disponível
em: <http://www.stj.jus.br/static_files/STJ/Licita%C3%A7%C3%B5es%20e%20
contas%20p%C3%BAblicas/Manual%20de%20pesquisa%20de%20pre%C3%A7o/
manual_de_orientacao_de_pesquisa_de_precos.pdf.>. Acesso em 05 out. 2021.

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Unidade 3 – Estudo de caso com serviço e aquisição

Ao final desta unidade, você será capaz de Analisar estudos de caso com
serviço de aquisição

3.1. Análise de estudo de caso

Vejamos um caso hipotético. DFD -

•ÓRGÃO ALFA

Chega na sua área de Licitações um Documento de Formalização da Demanda -


DFD, para aquisição de 2000 garrafas de álcool 70% marca ABC e 30000 máscaras
da marca XYZ, decorrentes da pandemia para proteção dos servidores. Valor total
do grupo: 145.000,00. Conforme mostra o quadro a seguir.

Item Quantidade marca V. UNIT V. TOTAL

GRUPO ÁLCOOL 20000 ABC 50.000,00 100.000,00


1
MÁSCARA 30000 XYZ 15.000,00 45.000,00

Valor total 145.000,00

A partir desses dados é possível formar grupos de itens? Justifique sua resposta.
Dica: Analise a questão da economia do órgão e da possibilidade da aquisição dos
itens serem atendidos pelo mesmo fornecedor.

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Referências

MODERNIZAÇÃO do Pregão Eletrônico. Repositório Institucional - UFSC.


Santa Catarina, 01 OUT. 2021. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/
handle/123456789/228539>. Acesso em 05 out. 2021.
AGU delimita requisitos para dispensa de análise jurídica em contratações públicas.
Repositório Institucional - UFSC. Santa Catarina, 28 set. 2021. Disponível em: <https://
repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/228334/ConJur%20-%20AGU%20
regulamenta%20dispensa%20de%20an%c3%a1lise%20jur%c3%addica%20nas%20
contrata%c3%a7%c3%b5es.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 05 out. 2021.
O PROCESSAMENTO da licitação segundo a Lei 14.133/2021. Webinar -
FGV Conhecimento. Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/
watch?v=nkHvSx1jrxY>. Acesso em 05 out. 2021.

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Módulo

4 Processo de elaboração de TRs

Unidade 1 – Diferença básica entre Projeto Básico e Termo


de Referência: o ‘DNA’ da contratação

Ao final desta unidade, você será capaz de conceituar Projeto Básico e Termo
de Referência e identificar seus objetivos e requisitos mínimos

1.1 Conceito

A Lei nº 8.666/93 adota a terminologia Projeto Básico. Já toda a legislação do pregão


fala em Termo de Referência. Observando-se suas definições e conteúdo, conclui-se
que se trata do mesmo documento.

O ETP não se confunde com o anteprojeto, termo de referência


ou projeto básico, sendo, na realidade, o documento que
sustentará a elaboração desses, caso se conclua pela viabilidade
da contratação.

O ETP é o documento que dá suporte à elaboração do anteprojeto, do termo de


referência e do projeto básico, e é natural que haja sobreposição entre os elementos
constantes dessas peças, como se verifica facilmente da leitura dos artigos 6º, incisos
XXIII, XXIV e XXV, e 18, § 1º, da NLLC.

1.2 Objetivos e Requisitos mínimos

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Como exemplo de justaposição, podemos citar a estimativa do valor da contratação,
que é um dos requisitos mínimos do ETP e, também, do termo de referência e do
projeto básico. A NLLC não aponta diferenças entre as estimativas do valor da
contratação que devem compor o ETP, o termo de referência ou o projeto básico.

Termo de referência na NLLC:

XXIII - termo de referência: documento necessário para a contratação de bens e


serviços, que deve conter os seguintes parâmetros e elementos descritivos:

a) definição do objeto, incluídos sua natureza, os quantitativos, o prazo do contrato


e, se for o caso, a possibilidade de sua prorrogação;

b) fundamentação da contratação, que consiste na referência aos estudos técnicos


preliminares correspondentes ou, quando não for possível divulgar esses estudos,
no extrato das partes que não contiverem informações sigilosas;

c) descrição da solução como um todo, considerado todo o ciclo de vida do objeto;

d) requisitos da contratação;

e) modelo de execução do objeto, que consiste na definição de como o contrato


deverá produzir os resultados pretendidos desde o seu início até o seu encerramento;

f) modelo de gestão do contrato, que descreve como a execução do objeto será


acompanhada e fiscalizada pelo órgão ou entidade;

g) critérios de medição e de pagamento;

h) forma e critérios de seleção do fornecedor;

i) estimativas do valor da contratação, acompanhadas dos preços unitários


referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, com
os parâmetros utilizados para a obtenção dos preços e para os respectivos cálculos,
que devem constar de documento separado e classificado;

j) adequação orçamentária;

Projeto Básico na NLLC:

XXV - projeto básico: conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de


precisão adequado para definir e dimensionar a obra ou o serviço, ou o complexo
de obras ou de serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33


estudos técnicos preliminares, que assegure a viabilidade técnica e o adequado
tratamento do impacto ambiental do empreendimento e que possibilite a avaliação
do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter
os seguintes elementos:

a) levantamentos topográficos e cadastrais, sondagens e ensaios geotécnicos, ensaios


e análises laboratoriais, estudos socioambientais e demais dados e levantamentos
necessários para execução da solução escolhida;

b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a


evitar, por ocasião da elaboração do projeto executivo e da realização das obras e
montagem, a necessidade de reformulações ou variantes quanto à qualidade, ao
preço e ao prazo inicialmente definidos;

c) identificação dos tipos de serviços a executar e dos materiais e equipamentos


a incorporar à obra, bem como das suas especificações, de modo a assegurar os
melhores resultados para o empreendimento e a segurança executiva na utilização
do objeto, para os fins a que se destina, considerados os riscos e os perigos
identificáveis, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;

d) informações que possibilitem o estudo e a definição de métodos construtivos, de


instalações provisórias e de condições organizacionais para a obra, sem frustrar o
caráter competitivo para a sua execução;

e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendidos


a sua programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros
dados necessários em cada caso;

f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de


serviços e fornecimentos propriamente avaliados, obrigatório exclusivamente para
os regimes de execução previstos nos incisos I, II, III, IV e VII do caput do art. 46 desta
Lei;

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 34


Referências

NOVA Lei das Licitações Ep 5: Estudo Técnico Preliminar e Termo de Referência.


TCMSP. Youtube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=shEpFgjASkc>.
Acesso em 05 out. 2021.
NOVA Lei de licitações e contratos administrativos: Lei Nº 14.133/2021. Tribunal de
Justiça. São Paulo: 2ª edição. Disponível em: <https://www.tjsp.jus.br/Download/
SecaoDireitoPublico/Pdf/Cadip/Esp-CADIP-Nova-Lei-Licitacoes.pdf>. Acesso em 05
out. 2021-
O PROCESSAMENTO da licitação segundo a Lei 14.133/2021. Webinar -
FGV Conhecimento. Youtube. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=nkHvSx1jrxY&t=614s>. Acesso em 05 out. 2021.
UTILIZAÇÃO do nome “Termo de Referência" ou “Projeto Básico. Acórdão 5865/2010
– Primeira Câmara. Professora Antonieta cursos e capacitações. Disponível em:
<https://professoraantonieta.com.br/destaques/tc>. Acesso em 05 out. 2021.

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Unidade 2 – Estruturação do Termo de Referência: descrição
do objeto

Ao final desta unidade, você será capaz de Descrever os requisitos mínimos do


Termo de Referência para contratações

2.1 Termo de referência

O Termo de Referência deveria ser utilizado somente para licitações na modalidade


Pregão, e para as modalidades clássicas da Lei 8.666/93, o instrumento adequado
é o Projeto Básico. Contudo a prática disseminou o uso do Termo de Referência
também para as modalidades prescritas na Lei 8.666/93, e, por conterem ambos os
instrumentos a mesma estrutura e objetivo, a nomenclatura, ainda que tecnicamente
muitas vezes errada, não ocasionou prejuízos transformando o TR no instrumento
mais utilizado pelos órgãos públicos.

Na Nova Lei de Licitações o Termo de Referência será utilizado


para aquisição de bens e para serviços e a grande inovação é
que para a realização de serviços comuns de engenharia o órgão
poderá optar pela sua formalização ou pela adoção do Projeto
Básico.

O Projeto Básico na nova lei de licitações é a regra para obras executadas sob
qualquer regime, será utilizado para obras e serviços de engenharia (especiais ou
comuns) e a exemplo do TR deverá ser elaborado com base nas indicações dos
estudos técnicos preliminares.

Na NLLC, temos:

Termo de referência, na NLLC:

XXIII - termo de referência: documento necessário para a contratação de bens e


serviços, que deve conter os seguintes parâmetros e elementos descritivos:

a) definição do objeto, incluídos sua natureza, os quantitativos, o prazo do


contrato e, se for o caso, a possibilidade de sua prorrogação;

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 36


É um dos itens mais importantes. Versa sobre a identificação da demanda e a
definição da necessidade.

Neste item deverá ser observado se será por Sistema de Registro de Preços ou
não. Caberá ao órgão gerenciador, então, compilar as demandas envolvidas, os
quantitativos mínimos por requisição e os máximos, os locais de entrega e prazos,
entre outras informações, para sistematizar e harmonizar as disposições do Edital e
Termo de Referência, e dispor os itens do objeto licitatório da forma mais adequada
para a obtenção da melhor proposta para a Administração Pública. Isso pressupõe
uma análise técnica, que considere o funcionamento daquele mercado específico,
entre outros aspectos, para então se deliberar sobre algumas questões envolvidas,
tais como: objetos com descrição semelhante podem ser convertidos em um mesmo
objeto, para ganho de economia de escala? Objetos idênticos para locais de entrega
próximos devem ser somados num mesmo item licitatório, ou divididos em itens
distintos? E objetos idênticos para locais de entrega afastados? Há alteração na
requisição mínima de algum item, por conta de demanda menor de algum órgão
participante?

Deverá também o órgão definir a aplicação da Lei Complementar 123/06. A


Administração deverá estabelecer, em certames para aquisição de bens de natureza
divisível, cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratação
de microempresas e empresas de pequeno porte. Por essa razão, parcela de até
25% (vinte e cinco por cento) dos quantitativos divisíveis deverão ser destinados
exclusivamente a ME/EPP/COOP beneficiadas pela LC n. 123/2006. Essas “cotas
reservadas” deverão ser definidas em função de cada item separadamente ou, nas
licitações por preço global, em função do valor estimado para o grupo ou o lote da
licitação que deve ser considerado como um único item (art. 9º, inciso I do Decreto
n. 8.538, de 2015). O Termo de Referência deverá identificar as cotas reservadas
para ME/EPP, assim como os respectivos itens/grupos de origem, de onde foram
desmembradas.

A fixação das cotas reservadas poderá ser justificadamente excepcionada


nas hipóteses do art. 10, incisos I, II e IV do Decreto nº 8.538, de 2015, a saber:
I - não houver o mínimo de três fornecedores competitivos enquadrados como
microempresas [...] capazes de cumprir as exigências estabelecidas no instrumento
convocatório; II - o tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas
e as empresas de pequeno porte não for vantajoso para a administração pública
ou representar prejuízo ao conjunto ou complexo do objeto a ser contratado,
justificadamente; (...) IV - o tratamento diferenciado e simplificado não for capaz de
alcançar, justificadamente, pelo menos um dos objetivos previstos no art. 1º.

A indicação das cotas reservadas, nos termos do inciso III do art. 48, da LC n. 123,
de 2006, não é aplicável para os itens e grupos alcançados pela exclusividade de

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37


que trata o inciso I do mesmo dispositivo para licitações com valor igual ou inferior
a R$80.000,00.

A cota de 25% de contratações reservada a microempresas e empresas de pequeno


porte prevista no inciso III do art. 48 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro
de 2006, não está limitada ao valor de R$80.000,00 previsto no inciso I do mesmo
artigo, pois são direitos independentes um do outro.
Deverá o órgão falar neste item sobre entregas parceladas, parcelamento do objeto,
agrupamento de itens, Margem de preferência, padronização, marca, similaridade
e vigência da contratação.

A vigência do contrato poderá ultrapassar o exercício financeiro, desde que as


despesas referentes à contratação sejam integralmente empenhadas até 31 de
dezembro, para fins de inscrição em restos a pagar, conforme Orientação Normativa
AGU n° 39, de 13/12/2011.

b) fundamentação da contratação, que consiste na referência aos estudos


técnicos preliminares correspondentes ou, quando não for possível divulgar
esses estudos, no extrato das partes que não contiverem informações sigilosas;

Conforme previsto na Súmula 177 do TCU, a justificativa há de ser clara, precisa


e suficiente, sendo vedadas justificativas genéricas, incapazes de demonstrar de
forma cabal a necessidade da Administração.
A Administração deverá observar o disposto no Art. 15, §7º, II, da Lei nº 8.666/93,
justificando as quantidades a serem adquiridas em função do consumo do órgão e
provável utilização, devendo a estimativa ser obtida, a partir de fatos concretos (Ex:
consumo do exercício anterior, necessidade de substituição dos bens atualmente
disponíveis, implantação de setor, acréscimo de atividades, etc). Portanto, deve
contemplar:

a) a razão da necessidade da aquisição;


b) as especificações técnicas dos bens; e
c) o quantitativo de serviço demandado.

A justificativa, em regra, deve ser apresentada pelo setor requisitante. Quando o


objeto possuir características técnicas especializadas, deve o órgão requisitante
solicitar à unidade técnica competente a definição das suas especificações, e, se for
o caso, do quantitativo a ser adquirido.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 38


c) descrição da solução como um todo, considerado todo o ciclo de vida do objeto;

A descrição da solução já deverá ter sido trabalhada no Estudo Preliminar. Caso


haja a necessidade de modificação da descrição em relação à originalmente feita
nos estudos técnicos preliminares, deverá haver justificativa aqui. Registre-se
que o objeto deve ser descrito de forma detalhada, com todas as especificações
necessárias e suficientes para garantir a qualidade da contração, cuidando-se para
que não sejam admitidas, previstas ou incluídas condições que comprometam,
restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da licitação ou, ainda, impertinentes
ou irrelevantes para o específico objeto do contrato. Deve-se levar em consideração
as normas técnicas eventualmente existentes, elaboradas pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas – ABNT, quanto aos requisitos mínimos de qualidade, utilidade,
resistência e segurança, nos termos da Lei n° 4.150, de 1962.

d) requisitos da contratação;

Aqui deverão ser abordados os critérios de sustentabilidade, caso incidam.

e) modelo de execução do objeto, que consiste na definição de como o contrato


deverá produzir os resultados pretendidos desde o seu início até o seu
encerramento;

Devem-se descrever, em tópicos, as etapas da execução do serviço a ser contratado.


São exemplos de etapas: assinatura de contrato, pagamento, comprovação de
capacidade técnica, limpeza, montagem de móveis etc.

f) modelo de gestão do contrato, que descreve como a execução do objeto será


acompanhada e fiscalizada pelo órgão ou entidade;

g) critérios de medição e de pagamento;

Caso não se aplique ao que se deseja contratar, isto é, não sendo o caso de gestão
contratual na contratação, o item deve ser apagado e mencionada sua supressão no
documento de justificativa.
Aplicando-se, serão incluídos aqui itens como:
• Servidores e demais envolvidos na gestão do contrato;
• Quais os critérios de medição para efeito de pagamento (exemplos quantitativos:
quantidade de redução de insetos, percentual de redução de mofo após dedetização
ou remoção de áreas afetadas; quantidade de exemplares impressos, em serviços
de impressão; metros quadrados contemplados, em serviços de colocação de
carpetes) (exemplos qualitativos: melhoria no escoamento de água, em serviços de
reparação no escoamento; melhoria na acessibilidade, após reparos em rampas;
funcionamento correto de software após sua contratação).
• Em caso de rescisão contratual: sanções, glosas e condições para sua realização.

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• Produtividade de referência (isto é: “Qual produtividade seria aceitável para
execução deste serviço?”)

Atentar, neste item, para o ACÓRDÃO Nº 17183/2021 – TCU – 1ª Câmara:

INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO DE RESULTADOS. ACÓRDÃO Nº 17183/2021 – TCU –


1ª Câmara.

1.7.1. determinar (…), que, no prazo de 30 dias, adote providências quanto aos
itens abaixo, e informe ao TCU os encaminhamentos realizados: (…)
1.7.1.1.3. inadequação do Instrumento de Medição de Resultados, (…), por prever
somente indicadores de meios, com foco predominantemente na gestão de
pessoal da contratada, e não de resultados, em desconformidade com o Acórdão
Plenário 947/2010, relator Ministro Valmir Campelo.

h) forma e critérios de seleção do fornecedor;

Neste tópico, é importante abordar os prazos de entrega dos bens e o endereço da


entrega.

Importante, igualmente, destacar o recebimento provisório e definitivo e o prazo


em dias para a verificação pela administração da conformidade dos itens recebidos.
Inclusive sobre a subcontratação. Não se admite a exigência de subcontratação para
o fornecimento de bens, exceto quando estiver vinculado à prestação de serviços
acessórios. Observe-se, ainda, que é vedada a subcontratação completa ou da
parcela principal da obrigação.

A subcontratação parcial é permitida e deverá ser analisada pela Administração


com base nas informações dos estudos preliminares, em cada caso concreto. Caso
admitida, o edital deve estabelecer com detalhamento seus limites e condições,
inclusive especificando quais parcelas do objeto poderão ser subcontratadas. É
importante verificar que são vedadas (i) a exigência no instrumento convocatório
de subcontratação de itens ou parcelas determinadas ou de empresas específicas;
(ii) a subcontratação das parcelas de maior relevância técnica, assim definidas no
instrumento convocatório; (iii) a subcontratação de microempresas e empresas de
pequeno porte que estejam participando da licitação; e (iv) a subcontratação de
microempresas ou empresas de pequeno porte que tenham um ou mais sócios em
comum com a empresa contratante.

i) estimativas do valor da contratação, acompanhadas dos preços unitários


referenciais, das memórias de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte,
com os parâmetros utilizados para a obtenção dos preços e para os respectivos
cálculos, que devem constar de documento separado e classificado;
Este tópico informa o custo estimado da contratação/aquisição.

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j) adequação orçamentária;

A soma de todas as despesas com aquisição de equipamentos/materiais de


consumo/contratação de serviço, realizadas e a realizar, deve ser compatibilizada
com o orçamento aprovado em suas respectivas Programáticas, de modo a não
ultrapassar os limites estabelecidos para o exercício de cada ano.

Em outras palavras: há uma programática por ano, isto é, um preenchimento de


dotação orçamentária a cada exercício, conforme o objeto: a cada ano, haverá um
preenchimento deste item para material de consumo, um preenchimento para
equipamentos, um preenchimento para contratação de serviços e um preenchimento
para serviços comuns de engenharia.

Caso um mesmo setor preencha 2 (dois) TRs diferentes no mesmo exercício, por
exemplo, ambos solicitando materiais de consumo, o preenchimento no campo
adequação orçamentária será o mesmo

O item que versa sobre recursos orçamentários apenas NÃO será preenchido caso
a aquisição/contratação seja pelo Sistema de Registro de Preços (SRP).

Caso se esteja diante de uma situação de SRP, o requisitante tem duas opções: a)
Preencher o item com a redação: “Não é necessário Indicar a dotação orçamentária
da aquisição, por se tratar de sistema de registro de preços”; b) Apagar o item e
relatar no documento de justificativa, que este foi apagado devido à qualidade de
sistema de registro de preços, que dispensa informação da dotação orçamentária.

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Referências

FERNANDES, Edilson. Recebimento provisório e definitivo - IN 05/2017. Youtube.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DbAxnrpODuQ>. Acesso em
05 out.2021.
GARCIA, Flávio Amaral; MOREIRA, Egon Bockman. A futura nova lei de licitações
brasileira: seus principais desafios analisados individualmente. Revista de Direito
Público e Economia – RDPE, Belo Horizonte, ano 18, n 69, P. 39-73, jan/mar 2020.
KIRBY, Mark. O Diálogo Concorrencial. I. GONÇALVES, Pedro Costa [Org.]. Estudos de
Contratação Pública. Coimbra: Coimbra. Ed. 2008, v.1, p. 278-279.
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. A nova Lei de Licitações: um museu de novidades?
Disponível em: <http://www.direitodoestado.com.br/colunistas/rafael-carvalho-
rezende-oliveira/a-nova-lei-de-licitacoes-um-museu-de-novidades>. Acesso em 24
mar. 2021.
RIBEIRO, Maurício Portugal. A proposta de usar “performance bond” como critério
de seleção em licitações de obras públicas. Disponível em: <https://portugalribeiro.
com.br/a-proposta-de-usar-performance-bond-como-criterio-de-selecao-em-
licitacoes-de-obras-publicas/>. Acesso em 24 mar. 2021.

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Unidade 3 – Exigência de qualificação técnica e Exigência
de Amostra ou de Prova de Conceito e vistoria técnica

Ao final desta unidade, você será capaz de identificar princípios, modelos e


regras do TCU que regem as exigências de qualificação técnica, de amostra ou
de prova de Conceito e de vistoria técnica

3.1 Princípios, modelos e regras do TCU

As exigências aqui tratadas estão na NLLC também. Nos arts. 18 e 67 sobre a


qualificação técnica a ser exigida dos licitantes:

Art. 18. A fase preparatória do processo licitatório é caracterizada pelo planejamento


e deve compatibilizar-se com o plano de contratações anual de que trata o inciso VII
do caput do art. 12 desta Lei, sempre que elaborado, e com as leis orçamentárias,
bem como abordar todas as considerações técnicas, mercadológicas e de gestão
que podem interferir na contratação, compreendidos:
I - a descrição da necessidade da contratação fundamentada em estudo
técnico preliminar que caracterize o interesse público envolvido;
II - a definição do objeto para o atendimento da necessidade, por meio
de termo de referência, anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo,
conforme o caso;
III - a definição das condições de execução e pagamento, das garantias
exigidas e ofertadas e das condições de recebimento;
IV - o orçamento estimado, com as composições dos preços utilizados
para sua formação;
V - a elaboração do edital de licitação;
VI - a elaboração de minuta de contrato, quando necessária, que constará
obrigatoriamente como anexo do edital de licitação;
VII - o regime de fornecimento de bens, de prestação de serviços ou de
execução de obras e serviços de engenharia, observados os potenciais de
economia de escala;
VIII - a modalidade de licitação, o critério de julgamento, o modo de disputa
e a adequação e eficiência da forma de combinação desses parâmetros, para
os fins de seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais

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vantajoso para a Administração Pública, considerado todo o ciclo de vida do
objeto;
IX - a motivação circunstanciada das condições do edital, tais como
justificativa de exigências de qualificação técnica, mediante indicação das
parcelas de maior relevância técnica ou valor significativo do objeto, e de
qualificação econômico-financeira, justificativa dos critérios de pontuação
e julgamento das propostas técnicas, nas licitações com julgamento por
melhor técnica ou técnica e preço, e justificativa das regras pertinentes à
participação de empresas em consórcio;
X - a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da licitação e
a boa execução contratual;
XI - a motivação sobre o momento da divulgação do orçamento da licitação,
observado o art. 24 desta Lei.

Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-profissional e técnico-


operacional será restrita a:
I - apresentação de profissional, devidamente registrado no conselho
profissional competente, quando for o caso, detentor de atestado de
responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características
semelhantes, para fins de contratação;
II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo conselho
profissional competente, quando for o caso, que demonstrem capacidade
operacional na execução de serviços similares de complexidade tecnológica e
operacional equivalente ou superior, bem como documentos comprobatórios
emitidos na forma do § 3º do art. 88 desta Lei;
III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do aparelhamento
adequados e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem como da
qualificação de cada membro da equipe técnica que se responsabilizará pelos
trabalhos;
IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando
for o caso;
V - registro ou inscrição na entidade profissional competente, quando for
o caso;
VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de todas as
informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto
da licitação.

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§ 1º A exigência de atestados será restrita às parcelas de maior relevância
ou valor significativo do objeto da licitação, assim consideradas as que tenham
valor individual igual ou superior a 4% (quatro por cento) do valor total estimado
da contratação.
§ 2º Observado o disposto no caput e no § 1º deste artigo, será admitida
a exigência de atestados com quantidades mínimas de até 50% (cinquenta por
cento) das parcelas de que trata o referido parágrafo, vedadas limitações de
tempo e de locais específicos relativas aos atestados.
§ 3º Salvo na contratação de obras e serviços de engenharia, as exigências a
que se referem os incisos I e II do caput deste artigo, a critério da Administração,
poderão ser substituídas por outra prova de que o profissional ou a empresa
possui conhecimento técnico e experiência prática na execução de serviço de
características semelhantes, hipótese em que as provas alternativas aceitáveis
deverão ser previstas em regulamento.
§ 4º Serão aceitos atestados ou outros documentos hábeis emitidos por
entidades estrangeiras quando acompanhados de tradução para o português,
salvo se comprovada a inidoneidade da entidade emissora.
§ 5º Em se tratando de serviços contínuos, o edital poderá exigir certidão
ou atestado que demonstre que o licitante tenha executado serviços similares
ao objeto da licitação, em períodos sucessivos ou não, por um prazo mínimo,
que não poderá ser superior a 3 (três) anos.
§ 6º Os profissionais indicados pelo licitante na forma dos incisos I e III do
caput deste artigo deverão participar da obra ou serviço objeto da licitação, e
será admitida a sua substituição por profissionais de experiência equivalente
ou superior, desde que aprovada pela Administração.
§ 7º Sociedades empresárias estrangeiras atenderão à exigência prevista
no inciso V do caput deste artigo por meio da apresentação, no momento da
assinatura do contrato, da solicitação de registro perante a entidade profissional
competente no Brasil.
§ 8º Será admitida a exigência da relação dos compromissos assumidos
pelo licitante que importem em diminuição da disponibilidade do pessoal
técnico referido nos incisos I e III do caput deste artigo.
§ 9º O edital poderá prever, para aspectos técnicos específicos, que a
qualificação técnica seja demonstrada por meio de atestados relativos a
potencial subcontratado, limitado a 25% (vinte e cinco por cento) do objeto
a ser licitado, hipótese em que mais de um licitante poderá apresentar
atestado relativo ao mesmo potencial subcontratado.
§ 10. Em caso de apresentação por licitante de atestado de desempenho
anterior emitido em favor de consórcio do qual tenha feito parte, se o
atestado ou o contrato de constituição do consórcio não identificar a

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atividade desempenhada por cada consorciado individualmente, serão
adotados os seguintes critérios na avaliação de sua qualificação técnica:
I - caso o atestado tenha sido emitido em favor de consórcio homogêneo,
as experiências atestadas deverão ser reconhecidas para cada empresa
consorciada na proporção quantitativa de sua participação no consórcio,
salvo nas licitações para contratação de serviços técnicos especializados
de natureza predominantemente intelectual, em que todas as experiências
atestadas deverão ser reconhecidas para cada uma das empresas
consorciadas;
II - caso o atestado tenha sido emitido em favor de consórcio
heterogêneo, as experiências atestadas deverão ser reconhecidas para cada
consorciado de acordo com os respectivos campos de atuação, inclusive nas
licitações para contratação de serviços técnicos especializados de natureza
predominantemente intelectual.
§ 11. Na hipótese do § 10 deste artigo, para fins de comprovação do
percentual de participação do consorciado, caso este não conste expressamente
do atestado ou da certidão, deverá ser juntada ao atestado ou à certidão cópia
do instrumento de constituição do consórcio.
§ 12. Na documentação de que trata o inciso I do caput deste artigo,
não serão admitidos atestados de responsabilidade técnica de profissionais
que, na forma de regulamento, tenham dado causa à aplicação das sanções
previstas nos incisos III e IV do caput do art. 156 desta Lei em decorrência de
orientação proposta, de prescrição técnica ou de qualquer ato profissional de
sua responsabilidade.

Nos artigos 17 e 41 sobre amostras e provas de conceito:

Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em sequência:


I - preparatória;
II - de divulgação do edital de licitação;
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;
IV - de julgamento;
V - de habilitação;
VI - recursal;
VII - de homologação.
§ 1º A fase referida no inciso V do caput deste artigo poderá, mediante
ato motivado com explicitação dos benefícios decorrentes, anteceder as fases
referidas nos incisos III e IV do caput deste artigo, desde que expressamente
previsto no edital de licitação.

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§ 2º As licitações serão realizadas preferencialmente sob a forma
eletrônica, admitida a utilização da forma presencial, desde que motivada,
devendo a sessão pública ser registrada em ata e gravada em áudio e vídeo.
§ 3º Desde que previsto no edital, na fase a que se refere o inciso IV do
caput deste artigo, o órgão ou entidade licitante poderá, em relação ao licitante
provisoriamente vencedor, realizar análise e avaliação da conformidade da
proposta, mediante homologação de amostras, exame de conformidade e
prova de conceito, entre outros testes de interesse da Administração, de modo
a comprovar sua aderência às especificações definidas no termo de referência
ou no projeto básico.
Art. 41. No caso de licitação que envolva o fornecimento de bens, a
Administração poderá excepcionalmente:
I - indicar uma ou mais marcas ou modelos, desde que formalmente
justificado, nas seguintes hipóteses:
a) em decorrência da necessidade de padronização do objeto;
b) em decorrência da necessidade de manter a compatibilidade com
plataformas e padrões já adotados pela Administração;
c) quando determinada marca ou modelo comercializados por mais
de um fornecedor forem os únicos capazes de atender às necessidades do
contratante;
d) quando a descrição do objeto a ser licitado puder ser mais bem
compreendida pela identificação de determinada marca ou determinado
modelo aptos a servir apenas como referência;
II - exigir amostra ou prova de conceito do bem no procedimento de
pré-qualificação permanente, na fase de julgamento das propostas ou de
lances, ou no período de vigência do contrato ou da ata de registro de preços,
desde que previsto no edital da licitação e justificada a necessidade de sua
apresentação;

A exigência de vistoria prévia no art. 63:

Art. 63. Na fase de habilitação das licitações serão observadas as seguintes


disposições:
I - poderá ser exigida dos licitantes a declaração de que atendem aos
requisitos de habilitação, e o declarante responderá pela veracidade das
informações prestadas, na forma da lei;
II - será exigida a apresentação dos documentos de habilitação apenas
pelo licitante vencedor, exceto quando a fase de habilitação anteceder a de
julgamento;

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III - serão exigidos os documentos relativos à regularidade fiscal, em
qualquer caso, somente em momento posterior ao julgamento das propostas,
e apenas do licitante mais bem classificado;

IV - será exigida do licitante declaração de que cumpre as exigências de


reserva de cargos para pessoa com deficiência e para reabilitado da Previdência
Social, previstas em lei e em outras normas específicas.

§ 1º Constará do edital de licitação cláusula que exija dos licitantes, sob


pena de desclassificação, declaração de que suas propostas econômicas
compreendem a integralidade dos custos para atendimento dos direitos
trabalhistas assegurados na Constituição Federal, nas leis trabalhistas, nas
normas infralegais, nas convenções coletivas de trabalho e nos termos de
ajustamento de conduta vigentes na data de entrega das propostas.

§ 2º Quando a avaliação prévia do local de execução for imprescindível


para o conhecimento pleno das condições e peculiaridades do objeto a ser
contratado, o edital de licitação poderá prever, sob pena de inabilitação,
a necessidade de o licitante atestar que conhece o local e as condições de
realização da obra ou serviço, assegurado a ele o direito de realização de
vistoria prévia.

§ 3º Para os fins previstos no § 2º deste artigo, o edital de licitação sempre


deverá prever a possibilidade de substituição da vistoria por declaração formal
assinada pelo responsável técnico do licitante acerca do conhecimento pleno
das condições e peculiaridades da contratação.

§ 4º Para os fins previstos no § 2º deste artigo, se os licitantes optarem por


realizar vistoria prévia, a Administração deverá disponibilizar data e horário
diferentes para os eventuais interessados.

A exigência do comparecimento” no local, ao invés da declaração, é medida


excepcional, a ser estabelecida somente se imprescindível, e não for possível
substituí-la pela divulgação de fotos, plantas etc,, presumivelmente para o fim de
verificação e ajuste das providencias e prazos necessárias ao início do contrato.

Por fim, não se deve confundir essa exigência excepcional, de comparecimento


do “licitante” para a contratação, com a exigência de vistoria para a própria
licitação. Trata-se de medida ainda mais excepcional, posto que mais restritiva à
competitividade, e só deve ser adotada com justificativa técnica rigorosa.

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A exigência de vistoria obrigatória representa um ônus desnecessário para os
licitantes, configurando restrição à competitividade do certame. Para evitar tal
quadro, o TCU recomenda que se exija não a visita, mas sim a declaração do licitante
de que está ciente das condições de execução dos serviços, nos termos do art. 30,
III, da Lei n° 8.666/93 (por exemplo, Acórdãos n° 2.150/2008, n° 1.599/2010, n°
2.266/2011, n° 2.776/2011 e n° 110/2012, todos do Plenário).

Esse quadro tornou-se mais crítico com o Acórdão 170/2018 – Plenário (Informativo
339), que chega a considerar a vistoria como um Direito do Licitante, e não uma
obrigação imposta pela Administração. O objetivo é evitar que exigências de vistoria
sem o embasamento técnico adequado sejam motivo de frustração do certame.

A previsão de vistoria traz um risco considerável para a licitação, mesmo que exista
justificativa técnica, com motivação mencionada de forma resumida no edital. Por
essa razão, a divulgação de ‘fotografias, plantas, desenhos técnicos e congêneres’
torna-se ainda mais importante, para a correta dimensão do custo da execução e,
consequentemente, para a maior isonomia entre os licitantes

Por fim, como já ressaltado, não se deve confundir essa previsão de vistoria para
a licitação com a exigência de declaração de pleno conhecimento das condições
necessárias para a prestação dos serviços.

Também, nao é possível exigir que a vistoria técnica seja realizada, necessariamente,
pelo engenheiro responsável pela obra (responsável técnico) ou em data única (TCU,
Acórdão nº 3.040/2011-Plenário).

Capacidade técnica. Comprovação de capacitação técnico-operacional mediante: (i)


certidões/atestados emitidos pelo conselho profissional competente, quando for o
caso; ou (ii) documentos emitidos na forma do art. 88, §3º, da Lei nº 14.133/2021,
que trata dos registros mantidos pela Administração acerca do desempenho dos
seus contratados (art. 67, II, da NLLC).

Sob a Lei nº 8.666/1993, a comprovação de capacidade técnico-operacional dava-se


por atestados emitidos pelos próprios tomadores de obras ou serviços anteriormente
executados pelas licitantes, ao passo que a capacidade técnico-profissional ficava
restrita ao registro ou inscrição na entidade profissional competente.

A literalidade da Lei nº 14.133/2021, além de alterar esse quadro, tende à revisão


da atual jurisprudência do TCU (e.g. Acórdão nº 7.620/2016 da Segunda Turma),
que reputa ilegal a exigência de registro de atestados de capacitação técnico-
operacional no conselho profissional competente, restringindo-a à capacitação
técnico-profissional.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 49


Parcelas elegíveis para exigência de atestados. Restrição da exigência de atestados
de capacidade técnica às parcelas de maior relevância ou valor significativo do objeto
licitado, assim consideradas as com valor individual igual ou superior a 4% (quatro
por cento) do valor estimado da contratação (arts. 18, IX, e 67, §1º, da NLLC).

A Lei nº 14.133/2021 estabelece um critério para a definição das parcelas que


autorizam a exigência de atestados de capacitação técnica, suprindo lacuna existente
na Lei nº. 8.666/1993.

Difere-se, ainda, do marco legal precedente ao aludir a parcelas de maior relevância


“ou” valor significativo do objeto licitado e não a parcelas de maior relevância “e”
valor significativo da contratação (art. 30, §§1º e 2º, da LLC).

A alteração pode dar base à revisão da atual jurisprudência do TCU (e.g. Acórdão
nº 2.282/2011 do Plenário) que aponta para a necessidade de os atestados de
capacitação técnica se referirem a parcelas, simultaneamente, de maior relevância
e de valor significativo da contratação. Logo, a adoção da expressão “ou” em
substituição ao termo “e” parece sugerir a possibilidade da exigência de atestados
de capacitação técnica em relação a parcelas do objeto licitado que, embora não
atendam ao critério legal do valor individual, sejam de maior relevância para a
contratação.

Possibilidade de exigência de atestados de capacitação técnica com quantitativos


mínimos limitados a 50% (cinquenta por cento) das parcelas do objeto licitado a que
se referem (art. 67, §2º, da NLLC).

Suprindo lacuna existente na Lei nº 8.666/1993, a Lei nº 14.133/2021 estabelece um


critério máximo de quantitativos mínimos exigíveis em atestados de capacitação
técnica.

A norma também inova na medida em que equipara capacitação técnico-operacional e


técnico-profissional, para efeito da exigência de quantitativos mínimos em atestados.

Possibilidade de ser admitida a substituição dos atestados ou certidões de


capacitação técnico-operacional e técnico-profissional por provas alternativas, a
critério da Administração, nos termos de regulamento, exceto na contratação de
obras e serviços de engenharia (art. 67, §3º, da NLLC).

Possibilidade de exigência de comprovação de experiência anterior na execução


de serviços similares ao objeto licitado, em períodos sucessivos ou não, por prazo
mínimo não superior a 3 (três) anos, em licitações destinadas à contratação de
serviços contínuos (art. 67, §5º, da NLLC).

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 50


A Lei nº 14.133/2021 encerra controvérsia existente no âmbito do TCU acerca da
compatibilidade destas estipulações com a vedação à exigência de comprovação de
capacitação técnica com limitações de tempo (art. 30, §5º, da LLC e art. 67, §2º, da
NLLC).

De todo modo, cabe ressaltar que, mesmo nos julgados em que admitida, o
entendimento adotado pelo TCU (e.g. Acórdão nº 14.951/2018 da Primeira Câmara)
foi de que a exigência de comprovação de experiência anterior por prazo mínimo
deve ser adstrita ao prazo inicial de vigência dos contratos de serviços contínuos a
que se referem, o que tende a ser mantido, a despeito da previsão legal relativa ao
limite trienal.

Disciplina específica da comprovação de capacitação técnica mediante a apresentação


de atestado ou certidão emitida em favor de consórcio, sem a identificação da
atividade desempenhada por cada consorciado individualmente (art. 67, §§10 e 11,
da NLLC);

Impossibilidade de aceitação de atestados de capacitação técnico-profissional


emitidos em nome de profissionais que tenham dado causa à aplicação das sanções
de impedimento ou declaração de inidoneidade para licitar e contratar, conforme o
disposto em regulamento (art. 67, §12, da NLLC);

Possibilidade de exigência, como condição de aceitação do pessoal técnico, das


instalações e do aparelhamento indicados pelas licitantes para a comprovação de
qualificação técnica, de certificação por organização independente acreditada pelo
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (“Inmetro”) (art. 17, §6º, III,
da NLLC).

A inovação introduzida pela Lei nº 14.133/2021 tende à revisão do atual entendimento


do TCU (e.g. Acórdão nº 545/2014 do Plenário).

Possibilidade de ser admitida a comprovação de capacidade técnica referente a


aspectos específicos do objeto licitado, no limite de 25% (vinte e cinco por cento)
do valor estimado da contratação, por meio de atestados relativos a potencial
subcontratado, o qual poderá ser indicado por mais de uma licitante (art. 67, §9º, da
NLLC).

A Lei nº 14.133/2021 positivou o instituto da subcontratação qualificada, que já era


admitido pelo TCU (e.g. Acórdão nº 2.992/2011 do Plenário) como forma de assegurar
a competitividade dos certames, nas hipóteses em que, excepcionalmente, faz-se
necessária a exigência de demonstração de capacidade técnica relativa a tipologias
específicas de obras ou serviços pertinentes ao objeto licitado.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 51


Referências

AMOSTRAS apenas do licitante provisoriamente classificado em primeiro lugar.


Acórdão 3269/2012- Plenário. Professora Antonieta cursos e capacitações. Disponível
em: <https://professoraantonieta.com.br/destaques/tcu-2/pregao/amostras-
apenas-do-licitante-provisoriamente-classificado-em-primeiro-lugar/>. Acesso em
05 out.2021.
JÚNIOR, Antonio Daud; BRAGA, Carlos Renato Araujo. Avaliação de amostras em
pregão para contratação de objetos de TI. Revista Zênite – Informativo de Licitações
e Contratos (ILC), Curitiba: Zênite, n. 224, p. 1020-1030, out. 2012. Disponível em:
<https://revista.tcu.gov.br/ojs/index.php/RTCU/article/view/129/126>. Acesso em
05 out.2021.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 52


Unidade 4 – Estudo de caso com serviço e aquisição

Ao final desta unidade, você será capaz de realizar estudos de caso de


contratação pública

Vejamos um caso hipotético:

Chega na sua área de Licitações um Documento de Formalização da Demanda


- DFD, para aquisição de serviços de locação de veículos para o Ministro e para o
Secretário-Executivo. Você terá que elaborar o ETP e o Termo de Referência. Para
tanto, atentar para: a) Unidade de medida (diária, distância percorrida, unidade -
km livre, etc); b) Locação com motorista e c) Contratação de serviço de locação +
Contratação de serviço de Motorista é imprescindível. Para sua melhor visualização,
trazemos um quadro abaixo que foi obtido no site www.gov.br/compras.

A partir dessas informações responda:

1) Quais as modelagens possíveis?


2) Qual a modelagem mais vantajosa? Justifique.

Cabe destacar que o órgão não possui motoristas em seu quadro


e tanto o Ministro como o Secretário-Executivo são legalmente
autorizados a não utilizar o serviço de transporte comum, como
o TaxiGov.

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Referências

MODERNIZAÇÃO do Pregão Eletrônico. Repositório Institucional - UFSC.


Santa Catarina, 01 OUT. 2021. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/
handle/123456789/228539>. Acesso em 05 out. 2021.
AGU delimita requisitos para dispensa de análise jurídica em contratações públicas.
Repositório Institucional - UFSC. Santa Catarina, 28 set. 2021. Disponível em: <https://
repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/228334/ConJur%20-%20AGU%20
regulamenta%20dispensa%20de%20an%c3%a1lise%20jur%c3%addica%20nas%20
contrata%c3%a7%c3%b5es.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 05 out. 2021.
O PROCESSAMENTO da licitação segundo a Lei 14.133/2021. Webinar -
FGV Conhecimento. Youtube. Disponível em: < https://www.youtube.com/
watch?v=nkHvSx1jrxY>. Acesso em 05 out. 2021.

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