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GUIA DAS MODALIDADES

DE LICITAÇÃO: ATUALIZADO
DE ACORDO COM A NOVA
LEI Nº 14.133/2021

1
SUMÁRIO

Introdução................................................3

As modalidades de licitação na Lei


nº 8.666/1993 e na Lei nº 14.133/2021.........4

As modalidades de licitação e suas


principais características..........................7

Extra: e as empresas estatais?................19

Inversão de fases: julgamento anterior


à habilitação...........................................20

O escritório Schiefler Advocacia..............25

2
Um dos principais temas concernentes a licitações
públicas são as suas modalidades. Isso porque, se a
licitação é um procedimento administrativo formal pelo
qual a Administração Pública convocará, de acordo com
as condições estabelecidas em Edital, empresas que
estejam interessadas em apresentar propostas e contratar
com o poder público, são as modalidades de licitação que
indicarão as regras gerais da competição.

Em outras palavras, é a partir das modalidades de


licitação que será definido o rito com que os processos
de compra de produtos e de contratação de serviços
serão conduzidos pela Administração Pública.

Não por outra razão, as modalidades de licitação são um


dos temas que mais merece atenção ao se estudar a
Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos
(Lei nº 14.133/2021), especialmente ao se levar em
consideração que, nos próximos dois anos, a União Federal,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão optar
pela utilização da legislação antiga (Lei nº 8.666/1993) ou
da nova.

Por isso, conhecer as modalidades previstas e as


suas principais características em ambas as leis
mostra-se imprescindível.

Neste material, você entenderá cada detalhe das


novas características da Lei de Licitações e Contratos

3
AS MODALIDADES DE LICITAÇÃO
NA LEI Nº 8.666/1993 E NA LEI
Nº 14.133/2021

No âmbito do regime jurídico regulamentado pelas


Lei nº 8.666/93, Lei nº 10.520/02 e Lei nº 12.462/11 (leis
anteriores, em processo de substituição), são 7 (sete)
as modalidades licitatórias previstas:

(I) concorrência (V) pregão


(II) convite (VI) leilão
(III) tomada de preço (VII) RDC - Regime Diferenciado
(IV) concurso de Contratações Públicas.

Por sua vez, na Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei de


Licitações), as modalidades da tomada de preços, do
convite e do RDC deixam de existir, ao mesmo tempo
em que se prevê de forma inédita no direito brasileiro
uma nova modalidade licitatória: o diálogo competitivo.
Além disso, a modalidade pregão, prevista na Lei
nº 10.520/2002, passa a ser disciplinada pela nova
legislação junto das demais modalidades.

4
Nesse sentido, com a Nova Lei de Licitações, as
modalidades de licitação passam a ser 5 (cinco):

(I) pregão;
(II) concorrência;
(III) concurso;
(IV) leilão;
(V) diálogo competitivo

Em resumo, são as seguintes as modalidades licitatórias:

Lei 8.666/1993 (como “era”)

Concorrência
Tomada de preços
Convite
Concurso
Leilão
Lei 10.520/2002: o pregão
Lei 12.462/2011 (art. 1º ao 47-A): RDC

Lei n.º 14.133/2021 (como “é”)

Pregão
Concorrência
Concurso
Leilão
Diálogo competitivo

5
Processo de definição de modalidade
A seguir, estão elencados os dois critérios que se levam
em consideração, de acordo com a Lei n.º 8.666/1993, para
definir as modalidades de licitação a serem empregadas:

1 o valor da transação

2 as características do objeto (referente ao tipo


de produto ou de serviço que será adquirido
pela Administração Pública)

Por sua vez, a Lei nº 14.133/2021 prevê que a definição da


modalidade de licitação deverá ser feita apenas em razão
das características de seu objeto, ou seja, daquilo que
será licitado, não havendo mais restrições de valores.

Assim, passaremos a uma rápida análise de cada uma


dessas modalidades licitatórias, já sob o prisma da Nova
Lei de Licitações e Contratos Administrativos,
aproveitando-se para indicar no que cada uma dessas
modalidades se diferencia quanto às características e
previsões que eram existentes na Lei anterior.

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AS MODALIDADES DE LICITAÇÃO E
SUAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

(I) Pregão
O Pregão é definido pela Lei nº 14.133/2021, no inciso XLI
do seu artigo 6º, como a “modalidade de licitação
obrigatória para aquisição de bens e serviços comuns,
cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço
ou o de maior desconto”.

Justamente por ser dedicado à aquisição de bens e de


serviços comuns, o pregão possui rito simplificado para
a licitação e, historicamente, sob a perspectiva estatística,
é a modalidade de licitação mais utilizada no Brasil.

Assim, a partir da Nova Lei de Licitações, o Pregão passa


a ser obrigatório para a contratação de todo e qualquer
bem ou serviço comum, a partir de dois critérios de
julgamento: (i) menor preço; ou (ii) maior desconto.

A definição de bens e serviços comuns está prevista no


iniciso XIII do artigo 6º da Lei nº 14.133/2021: “aqueles
cujos padrões de desempenho e qualidade podem
ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de
especificações usuais de mercado” (repetiu-se a definição
que é dada pela Lei nº 10.520/2002, Lei do Pregão).

Por outro lado, o pregão não pode ser utilizado para


contratações de serviços técnicos especializados de
natureza predominantemente intelectual e de obras e
serviços de engenharia, com exceção dos serviços comuns
de engenharia (previsão do parágrafo único do artigo 29 da
Lei nº 14.133/2021).

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Além disso, a Lei nº 14.133/2021 também trouxe um
conceito de serviços comuns de engenharia, que serve para
orientar os gestores quanto aos serviços que podem ser
contratados via pregão.

O inciso XXI do artigo 6º prevê que os serviços comuns


de engenharia “têm por objeto ações, objetivamente
padronizáveis em termos de desempenho e qualidade, de
manutenção, de adequação e de adaptação de bens móveis
e imóveis, com preservação das características originais
dos bens”.

Por fim, no no que se refere ao procedimento desta


modalidade, segue-se o rito procedimental previsto no
artigo 17 da Lei nº 14.133/2021, bastante semelhante ao rito
previsto na Lei nº 10.520/2002 (Lei do Pregão), qual seja:

Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes


fases, em sequência:

I - Preparatória

II - De divulgação do edital de licitação

III - De apresentação de propostas e lances, quando


for o caso

IV - De julgamento;

V - De habilitação;

VI - Recursal

VII - De homologação.

O que se percebe é que o rito procedimental previsto na


Lei nº 10.520/2002 (Lei do Pregão) acabou por inspirar e
influenciar o rito licitatório na Nova Lei de Licitações, de
modo que a ordem sequencial de etapas do pregão passou
a ser adotado como regra nas licitações em geral, inclusive
noutras modalidades.
(II) Concorrência
A Concorrência está definida no inciso XXXVIII do artigo
6º da Lei nº 14.133/2021, segundo o qual a concorrência
é “modalidade de licitação para contratação de bens
e serviços especiais e de obras e serviços comuns e
especiais de engenharia”.

Nesta modalidade de licitação, os critérios de julgamento


podem ser: (i) menor preço; (ii) melhor técnica ou
conteúdo artístico; (iii) técnica e preço; e (iv) maior
retorno econômico ou maior desconto.

Também é por meio da concorrência que poderá ocorrer a


contratação de obras e serviços comuns de engenharia.

A opção do gestor pela modalidade do Pregão ou da


Concorrência para a contratação, especificamente,
de serviços, deverá se dar por critérios técnicos e ser
devidamente fundamentada, uma vez que inexistem
critérios gerais para diferenciar hipóteses em que os
serviços comuns de engenharia serão contratados ou por
pregão ou por concorrência.

Igualmente como no pregão, a Concorrência também


deverá se ater ao rito previsto no artigo 17 da Lei nº
14.133/2021. Nesse aspecto, a grande novidade e diferença
da Concorrência na Nova Lei de Licitações, e a sua previsão
na Lei nº 8666/93, é a consolidação da inversão de fases.

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Isso porque, na Lei nº 8.666/1993, em regra, a fase de
habilitação antecede a fase de julgamento das propostas,
enquanto agora, a partir da Lei nº 14.133/21, deverá primeiro
ser realizado o julgamento das propostas e somente
depois a análise de documentação do licitante vencedor
(procedimentos semelhante ao que já era realizado na
modalidade do Pregão).

No mais, uma outra modificação relevante e importante de


ser destacada refere-se à fase recursal. Isso porque, pela Lei
nº 8.666/1993, é cabível a interposição de um recurso após
a fase de habilitação e outro após a fase de julgamento das
propostas.

Agora, com a Lei nº 14.133/21, mais especificamente


segundo previsão do §1º do artigo 165, haverá somente uma
fase recursal (fase recursal una), ao final da Concorrência.

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(III) Concurso
Prevista no inciso XXXIX do artigo 6º da Lei nº 14.133/2021
o Concurso é “a modalidade de licitação para escolha
de trabalho técnico, científico ou artístico, cujo critério
de julgamento será o de melhor técnica ou conteúdo
artístico, e para concessão de prêmio ou remuneração
ao vencedor” (permanece com conceituação bem
semelhante àquela prevista na Lei nº 8666/93)

A Lei nº 14.133/2021 exige uma antecedência mínima de


45 dias entre a publicação do edital e a apresentação
dos trabalhos. Esse edital, por sua vez, segundo previsão
do artigo 30 da Nova Lei de Licitações e Contratos
Administrativos, deverá indicar a qualificação exigida dos
participantes, as diretrizes e as formas de apresentação
do trabalho técnico, científico ou artístico, bem como as
condições de realização e o prêmio ou remuneração do
vencedor (que já é definido no edital).

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(IV) Leilão
O Leilão é a modalidade de licitação adotada quando a
Administração Pública pretende alienar um bem que não lhe
serve ou que foi objeto de apreensão. É prevista no inciso
XL do artigo 6º da Lei nº 14.133/2021 nos seguintes termos:
“modalidade de licitação para alienação de bens imóveis ou de
bens móveis inservíveis ou legalmente apreendidos a quem
oferecer o maior lance“.

Segundo a previsão do §2º do artigo 31 da Lei nº 14.133/2021, o


edital do Leilão deverá conter os seguintes requisitos:

Art. 31. O leilão poderá ser cometido a leiloeiro oficial ou


a servidor designado pela autoridade competente da
Administração, e regulamento deverá dispor sobre seus
procedimentos operacionais.

[…]

2º O leilão será precedido da divulgação do edital em sítio


eletrônico oficial, que conterá:

I – a descrição do bem, com suas características, e, no caso


de imóvel, sua situação e suas divisas, com remissão à
matrícula e aos registros;

II – o valor pelo qual o bem foi avaliado, o preço mínimo pelo


qual poderá ser alienado, as condições de pagamento e, se
for o caso, a comissão do leiloeiro designado;

III – a indicação do lugar onde estiverem os móveis, os


veículos e os semoventes;

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IV – o sítio da internet e o período em que ocorrerá o
leilão, salvo se excepcionalmente for realizado sob a
forma presencial por comprovada inviabilidade técnica ou
desvantagem para a Administração, hipótese em que serão
indicados o local, o dia e a hora de sua realização;

V – a especificação de eventuais ônus, gravames ou


pendências existentes sobre os bens a serem leiloados.

No mais, prevê o §4º do artigo 31 que o leilão seguirá


o seguinte rito: (i) fase de lances; (ii) fase recursal;
(iii) pagamento pelo vencedor; e (iv) homologação. De
qualquer forma, os procedimentos operacionais do leilão
serão objeto de regulamento (caput artigo 31 da Lei nº
14.133/2021).

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(V) Diálogo competitivo
Como já adiantado, uma das grandes novidades da Lei nº
14.133/2021 está prevista em seu artigo 28, inciso V, por meio
do qual trouxe ao direito brasileiro uma nova modalidade de
licitação: o Diálogo Competitivo.

Na Nova Lei de Licitações, o Diálogo Competitivo aparece


definido da seguinte forma, no artigo 6º, inciso XLII:

Art. 6º. [...] XLII – diálogo competitivo: modalidade de


licitação para contratação de obras, serviços e compras
em que a Administração Pública realiza diálogos com
licitantes previamente selecionados mediante critérios
objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais
alternativas capazes de atender às suas necessidades,
devendo os licitantes apresentar proposta final após o
encerramento dos diálogos;

Assim, em âmbito nacional, pode-se afirmar que o Diálogo


Competitivo é uma modalidade de licitação que deverá ser
utilizada, especialmente, para a celebração de contratos de
natureza complexa, nos cenários em que a Administração
não consiga definir sozinha a solução que melhor atenderá
uma necessidade pública.

O Diálogo Competitivo encontra-se melhor desenhado no


artigo 32 da Lei nº 14.133/2021. Prevê o mencionado artigo,
por meio dos seus incisos, que a nova modalidade de licitação
destina-se às contratações que envolvam: (i) inovação
tecnológica ou técnica; (ii) impossibilidade de o órgão ou
entidade ter sua necessidade satisfeita sem a adaptação de
soluções disponíveis no mercado; e (iii) impossibilidade de
as especificações técnicas serem definidas com precisão
suficiente pela administração (inciso I).

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Além disso, a modalidade também pode ser utilizada
quando a administração pública precisar definir e identificar
os meios e as alternativas que possam satisfazer suas
necessidades, com destaque para os seguintes aspectos:

(i) a solução técnica mais adequada; (ii) os requisitos


técnicos aptos a concretizar a solução já definida; e (iii) a
estrutura jurídica ou financeira do contrato (inciso II).

Também pode ser apontado, quanto ao instituto do Diálogo


Competitivo, que:

(I) a administração pública precisará apresentar, no edital


de lançamento da licitação, as exigências de participação
e as suas necessidades, conferindo prazo aos interessados
para se manifestarem, prevendo os critérios da pré-seleção
dos licitantes e admitindo todos os que atenderem aos
requisitos objetivos (artigo 32, § 1º, incisos I e II);

(II) a administração não poderá divulgar informações


de modo a favorecer algum licitante ou revelar a outros
licitantes as soluções propostas ou informações sigilosas
comunicadas por um licitante sem o seu consentimento
(incisos III e IV);

(III) a fase de diálogo entre os licitantes e a administração


pública, cujas reuniões deverão ser registradas em ata e
gravadas em áudio e vídeo, poderá ser mantida até que esta
identifique, fundamentadamente, a solução que atenda à
sua necessidade (incisos V e VI);

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(IV) a depender da necessidade que se pretende atender, o
edital poderá prever fases sucessivas de diálogo competitivo
para restringir em cada uma delas as soluções ou as
propostas a serem discutidas (inciso VII); e

(V) ao final da etapa de diálogo, a administração pública


declarará a sua conclusão, definindo qual é a solução eleita,
e iniciará a fase competitiva com a divulgação de novo edital,
contendo a especificação da solução alcançada para atender
à sua necessidade e os critérios objetivos para a seleção
da proposta mais vantajosa, as quais serão apresentadas
pelos licitantes pré-selecionados (inciso VIII), sendo que a
proposta vencedora deverá ser definida conforme os critérios
divulgados no início da fase competitiva e deve retratar a
contratação mais vantajosa (incisos IX e X).

Como se vê a partir das previsões acima, o Diálogo


Competitivo permite que um diálogo público-privado ocorra,
durante o próprio certame, para a melhor definição do objeto
a ser contratado. Isto, inclusive, consolida a noção de diálogo
público-privado como fenômeno imprescindível para as
atividades contratuais da Administração.

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(VI) Tomada de Preços, Convite e RDC
Por fim, destacam-se as três modalidades que deixam de
existir a partir da Lei nº 14.133/2021: a Tomada de Preços, o
Convite e o RDC.

A modalidade da Tomada de Preços e do Convite são definidas


nos §§2º e 3º artigo 22 da Lei nº 8.666/93, respectivamente, da
seguinte forma:

Tomada de preços é a modalidade de licitação entre


interessados devidamente cadastrados ou que atenderem
a todas as condições exigidas para cadastramento até o
terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação.

Convite é a modalidade de licitação entre interessados


do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,
escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela
unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado,
cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos
demais cadastrados na correspondente especialidade que
manifestarem seu interesse com antecedência de até 24
(vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

Em linhas gerais, a diferença da Tomada de Preços para


Concorrência é que, na primeira, as licitantes realizam um
cadastramento prévio, apresentando os documentos que
são solicitados, o que torna uma modalidade mais ágil que
a concorrência.

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Essa modalidade pode ser utilizada para contratos de
até R$ 3.300.000,00, no caso de obras e serviços de
engenharia, e para os demais casos no limite de até
R$ 1.430.000,00.

Por sua vez, assim como a modalidade da Tomada


de Preços, o Convite também é amparado pela Lei nº
8.666/93 e envolve interessados do ramo pertinente
ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e
convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade
administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia
do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
cadastrados na correspondente especialidade que
manifestarem seu interesse com antecedência de até 24
(vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

Para a contratação de obras e serviços de engenharia,


a carta convite será utilizada nas contratações até o
valor de R$ 330 mil. Em outras compras e serviços, o
valor limite dela será de até R$ 176 mil.

Além destas duas modalidades, o RDC - Regime


Diferenciado de Contratações Públicas também deixará
de existir, no âmbito do regime de licitações e contratos.
Segundo a Nova Lei de Licitações, em seu artigo 193,
inciso II, após decorridos 2 (dois) anos da publicação da
Lei nº 14.133/2021, serão revogados os dispositivos da
Lei nº 12.462/2011 que regulamentam o RDC, o que
ocorrerá no ano de 2023, caso não haja nenhuma nova
alteração legislativa.

Em linhas gerais, essas são as modalidades de licitação


previstas na Lei nº 8666/93 e na Lei nº 14.133/21 e as suas
principais características!
EXTRA:
E AS EMPRESAS ESTATAIS?

O pregão é a única modalidade de licitação aplicada


no âmbito das empresas estatais. Para os casos de
contratação que não envolvem bens e serviços comuns,
a Lei nº 13.303/2016 (Lei das Estatais), que disciplina as
licitações e os contratos dessas empresas, não adotou
como padrão o uso de modalidades de licitação pública.

A regra é que, nesses casos, as licitações devem ser


modeladas a cada certame, de acordo com variáveis
previstas na legislação. Por exemplo, de acordo com o
que for licitado, o administrador deve decidir o critério de
julgamento, se o modo de disputa será aberto ou fechado,
o prazo para a apresentação das propostas (cujo prazo
mínimo varia de acordo com a natureza do objeto), dentre
outras variações possíveis.

Veja outras mudanças da nova Lei.

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INVERSÃO DE FASES: JULGAMENTO
ANTERIOR À HABILITAÇÃO

Outra novidade relevante é aquela trazida pelo o


art. 17 da nova Lei, que prevê, como regra geral, que as
licitações deverão seguir uma sequência em que a fase
de julgamento antecede a fase de habilitação.

Com isso, a ordem “antiga” – em que primeiro ocorria


a habilitação e depois o julgamento, conforme a Lei
nº 8.666/93 – ainda será possível, porém, somente
mediante ato motivado que torne explícitos os benefícios
decorrentes de tal sequência (art. 17, §1º, da Lei nº
14.133/2021).

Embora essa chamada “inversão de fases” não chegue a


ser uma novidade no ordenamento jurídico, uma vez que
já era praticada na Lei nº 10.520/2002 (Lei do Pregão),
a sua generalização afigura-se alvissareira para a
desburocratização dos certames públicos.

Com a sua extensão, como regra geral, a todas as


modalidades de licitação, é possível que a condução de
certames licitatórios se torne, na sua maior porção,
mais simples e mais célere.

Atualmente um símbolo da burocracia, é consenso


que a fase de habilitação representa uma desgastante
etapa tanto para os licitantes quanto para as Comissões
de Licitação.

20
Com a inversão das fases, o licitante passará a concentrar-
se primordialmente na proposta técnica a ser apresentada,
deixando as trabalhosas tarefas de reunião, conferência e
entrega de documentos de habilitação somente para o caso
de já ter-se sagrado vencedor da etapa de julgamento.

Além disso, a regularidade fiscal, em qualquer caso,


somente será exigida “em momento posterior ao
julgamento das propostas, e apenas do licitante mais bem
classificado” (art. 63, III).

Somada à preferência pela realização de modo eletrônico


(art. 17, §2º, da Lei nº 14.133/2021), a antecedência da fase
de julgamento sobre a fase de habilitação possivelmente irá
estabelecer-se como um importante marco da efetividade
e da celeridade das licitações brasileiras.

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Portal Nacional de Contratações
Públicas – PNCP
Com a finalidade de promover a transparência nas
contratações públicas e aprofundar o processo de
digitalização da Administração, o Portal Nacional de
Contratações Públicas (PNCP) merece destaque como
novidade e total atenção da comunidade jurídica.

A nova Lei de Licitações previu o PNCP no Capítulo I do seu


Título V – Disposições Gerais, fixando a sua destinação e
funcionalidades a serem oferecidas.

Assim, com a proposta de ser o site oficial e centralizador


das contratações públicas, o PNCP será, sem dúvidas, um
arrojado passo de modernização das licitações brasileiras,
avançando sobre uma frente já aberta, por exemplo, pelo site
“ComprasNet”, de utilização do Governo Federal.

Igualmente em linha com a regra de preferência pela


realização eletrônica dos certames, o Portal segue o formato
de dados abertos, com a obrigatoriedade de manter um
repositório de informações e documentos de abrangência
nacional, a ser gerido pelo “Comitê Gestor da Rede Nacional
de Contratações Públicas”, com representantes de todos os
entes da Federação (art. 174, § 1º, da Lei nº 14.133/2021).

A sua importância, no entanto, vai além de um mero


repositório virtual, pois a Lei preceitua que a divulgação
no PNCP será “condição indispensável para a eficácia” dos
contratos públicos e seus aditamentos (art. 94, caput, da Lei
nº 14,133/2021).

22
Assim, se, por um lado, o PNCP é um locus juridicamente
relevante para a eficácia dos contratos, por outro, as
incertezas sobre o início do seu efetivo funcionamento
acende um alerta para a aplicabilidade imediata da própria
Lei nº 14.133/2021.

Isso porque, diferentemente de outras previsões legais de


implementação imediata, o Portal Nacional de Contratações
Públicas ainda depende de sua estruturação completa no
mundo material da Web, apesar de já ter sido lançada uma
versão inicial no mês de agosto de 2021.

Como à eficácia da lei não é dado aguardar o desenvolvimento


completo do Portal, e como a própria lei não previu
alternativas para este “período de transição”, é certo que a
aplicação da nova Lei de Licitações terá um início fora do
esquadro ideal do dever-ser.

Assim, só nos resta aguardar, com esperança, que essa


novidade da Nova Lei de Licitações possa, no futuro
próximo, cumprir um importante papel de aprimoramento da
accountability das contratações públicas.

Por exemplo, o PNCP pode se tornar uma “ferramenta de


suma importância para a promoção da transparência da
administração pública, que conta com um imenso potencial
de transformar e viabilizar o controle efetivo das compras
públicas, em especial o controle advindo da sociedade por
intermédio do auxílio de ferramentas tecnológicas e de
inteligência artificial” ¹.

Fato indiscutível, no entanto, é que essa é uma previsão nova


e sem precedentes para o Direito Administrativo brasileiro.

¹ SCHIEFLER, Eduardo André Carvalho. Controle das Compras Públicas, Inovação Tecnológica
e Inteligência Artificial: o paradigma da administração pública digital e os sistemas inteligen-
tes na Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 2021. Dissertação (Mestrado em Di-
reito) – Programa de Pós-Graduação em Direito, Universidade de Brasília – UnB, Brasília, 2021.
23
Por fim, apenas a título exemplificativo, poder-se-ia ainda
mencionar outras novidades da Lei nº 14.133/2021 que
aqui não foram contempladas, mas que certamente trarão
mudanças nas licitações e contratações públicas, como:

I - a criação do “agente de contratação” e da “comissão de


contratação”;
II - a alteração nos critérios de julgamento das propostas;
III - a ampliação dos casos de contratação direta;
IV - a exigência de programas de integridade para
contratações de grande vulto;
V - a previsão de novos regimes de execução contratual;
VI - as alterações no Código Penal;
VII - a introdução e confirmação de métodos alternativos de
solução de conflitos, como o comitê de resolução de disputas
e a arbitragem.

Porém, como já dito inicialmente, este não é um texto que se


propôs a exaurir todas as novidades da Lei nº 14.133/2021,
mas tão somente informar acerca daquelas que o leitor não
poderia deixar de conhecer – e que, agora, já conhece.

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O ESCRITÓRIO
SCHIEFLER ADVOCACIA
O escritório Schiefler Advocacia desenvolve soluções
jurídicas com excelência técnica para o atendimento integral
das necessidades de clientes em todo o Brasil, com as
melhores tecnologias disponíveis. Nosso propósito é de
entregar resultados concretos, o melhor atendimento e uma
excelente relação de custo-benefício aos nossos clientes.

Além de atuar nas áreas de licitações e contratos


administrativos, com atendimento personalizado a empresas
exigentes, o escritório também oferece os seguintes
serviços a pessoas físicas:

Divórcio e dissolução de união estável;


Sucessão hereditária;
Pensão alimentícia, guarda e
regulamentação de visitas;
Planejamento Sucessório;
Interdição;
Elaboração e análise de contratos.

A atuação do escritório Schiefler Advocacia em Licitações


e Contratos Públicos é capitaneada pelo advogado
Gustavo Schiefler, enquanto a área referente a família,
sucessões e planejamento patrimonial é liderada pela
advogada Laísa Santos.

QUERO CONVERSAR COM UM ESPECIALISTA

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