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LICITAÇÃO .................................................................................................................................................. 3
TIPOS DE LICITAÇÃO............................................................................................................................. 6
GARANTIA ................................................................................................................................................ 35
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FORMAS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO ............................................. 50
CONVÊNIOS ............................................................................................................................................ 57
CURSO MPE
LICITAÇÃO
Como conceito de licitação a definição do ilustre jurista Marçal Justen Filho, que assim
afirma: “A licitação é um procedimento administrativo disciplinado por lei e por um ato
administrativo prévio, que determina critérios objetivos de seleção de proposta da
contratação mais vantajosa, com observância do princípio da Isonomia, conduzido por
um órgão dotado de competência específica.”
O art. 37, XXI, da CRFB determina que os contratos administrativos sejam precedidos de
licitação pública, bem como o art. 175 da Carta Magna, ao tratar das outorgas de
Concessões e Permissões, também faz referência à obrigatoriedade de licitar, imposta ao
ente estatal.
Quanto à competência para legislar, de acordo com o art. 22, da Constituição Federal,
compete privativamente à União legislar sobre: (...) XXVII – normas gerais de licitação e
contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas,
autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido
o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista,
nos termos do art. 173, § 1°, III.
No âmbito federal, a Nova Lei 14.133/21 convive com outras três legislações gerais de
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licitações: Leis 8.666/93, Lei 10.520/02 (Lei do Pregão) e a lei 12462/11 que trata do
Regime Diferenciado de contratações.
A Licitação tem como finalidade viabilizar a melhor contratação possível para o poder
público, sempre buscando a proposta mais vantajosa ao Estado, evitar contratações com
sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e superfaturamento na
execução dos contratos, buscar incentivar inovações e o desenvolvimento nacional
sustentável, bem como permitir que qualquer pessoa tenha condições isonômicas de
participar das contratações públicas, desde que preencha os requisitos legais, consoante
disposição do art. 11, da Lei 14.133/21.
Vejamos abaixo a análise dos princípios aplicáveis de forma direta às licitações públicas.
Vinculação ao Edital - O edital é a “lei” interna da licitação, e deve definir tudo o que
for importante para o certame, vinculando os licitantes e a Administração Pública à sua
observância.
A elaboração do edital pela Administração pública é livre e discricionária, na busca por
satisfazer os interesses da coletividade; todavia, após a sua publicação, a Administração
fica vinculada àquilo que foi publicado.
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O edital deve estabelecer, de forma precisa e clara, qual critério será usado para seleção
da proposta vencedora.
Sigilo das Propostas - As propostas apresentadas pelos licitantes são sigilosas até a
data da abertura dos envelopes, a ser feita em conjunto por todos os concorrentes, em
sessão pública. Até este momento, previamente determinado pelo edital, um licitante
não pode saber da proposta do outro, pois a violação do sigilo da proposta representa
Improbidade Administrativa e crime definido na própria Lei de Licitações.
Competitividade - A licitação nada mais é senão um processo por meio do qual todos
poderão participar em igualdade de condições, para a escolha da proposta que esteja
em consonância com os interesses da coletividade.
Isonomia - Em seu aspecto material, isto significa tratar igualmente os iguais e oferecer
tratamento desigual aos desiguais na medida de suas desigualdades. Neste sentido, o
princípio visa a igualar juridicamente aqueles que são desiguais faticamente, formando
o que se convencionou chamar de isonomia material.
TIPOS DE LICITAÇÃO
A priori, cumpre salientar que a expressão Tipos de licitação não pode ser confundida
com a expressão Modalidades de licitação por que esta se relaciona com a estrutura
procedimental da licitação, enquanto os Tipos de licitação se vinculam ao critério de
julgamento da licitação. Dessa forma, são modalidades de licitação a tomada de preços,
a concorrência, o convite, entre outros. Por sua vez, os tipos são divididos em licitação
“menor preço”, “melhor técnica”, “técnica e preço” e “maior lance”, consoante se analisará
doravante.
Sendo assim, quatro critérios podem ser estabelecidos, no edital, como forma de escolha
do vencedor do certame. São os chamados tipos de licitação e estão definidos nos
artigos 33 e seguintes, da Lei 14.133/21.
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Menor preço - A Administração é orientada a selecionar a proposta de preço mais baixo
entre os competidores.
ATENÇÃO! Este tipo é utilizado quando o produto pretendido pela Administração não
tiver nenhuma característica especial, ou quando as características especiais são definidas
como requisitos mínimos para contratação.
Maior desconto - Nesses casos, o julgamento terá como referência o preço global fixado
no edital de licitação, e o referido desconto deverá será estendido aos eventuais termos
aditivos.
Melhor técnica ou conteúdo artístico - Trata-se de licitação que tem por critério de
escolha a qualidade do produto a ser adquirido ou do serviço a ser prestado.
ATENÇÃO! Em razão do previsto no artigo 35, parágrafo único, da lei 14.133/21, este
tipo poderá ser utilizado para a contratação de projetos e trabalhos de natureza técnica,
científica ou artística.
Técnica e preço - Nas licitações deste tipo, a escolha do vencedor será adequada,
quando a variação de qualidade da prestação refletir na satisfação das necessidades do
Estado. Sendo assim, será feita uma análise de preço bem como de qualidade do bem
ou serviço a ser prestado pelo vencedor.
Maior lance - A licitação do tipo maior lance se verifica para alienação pela
Administração Pública de bens e direitos, é apropriada para o leilão, que é modalidade
licitatória que utiliza sempre como critério de escolha do vencedor o maior lance, igual
ou superior ao valor da avaliação feita pelo ente público.
Maior retorno econômico - Deve ser utilizado exclusivamente para a celebração de
contrato de eficiência, considerará a maior economia para a Administração, e a
remuneração deverá ser fixada em percentual que incidirá de forma proporcional à
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economia efetivamente obtida na execução do contrato.
Caso nenhum desses critérios seja idôneo a desempatar a licitação, a lei determina
que o desempate se dará com base em critérios de preferência, a seguir expostos:
1. empresas estabelecidas no território do órgão ou entidade da Administração
Pública estadual licitante ou no Estado em que se localiza o órgão ou entidade da
Administração Pública municipal licitante.
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2. empresas brasileiras.
Por fim, o art. 44, § 2º, da LC 123/06, dispõe “na modalidade de pregão, o intervalo
percentual estabelecido no § 1º deste artigo será de até 5% (cinco por cento) superior
ao melhor preço”.
Demais entidades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público – Isso inclui
todas as entidades que recebem dinheiro público para custeio ou para manutenção de
pessoal.
Em 2016, foi editada a lei 13.303/16 que trata do Estatuto das empresas estatais, inclusive,
regulamentando novo procedimento licitatório para essas entidades. Enquanto esse novo
procedimento estiver em fase de vacância legal, lhes é aplicada a Lei 8.666/93, em sua
integralidade, devendo ser respeitado o art. 37, XXI, da Constituição Federal,
independente da finalidade da empresa estatal.
O TCU entende que, de fato, as empresas estatais precisam licitar, mas deve-se admitir
exceção. Quando a empresa estatal exploradora de atividade econômica licita para
contratações referentes à sua atividade-fim, está sendo impedida de concorrer com
igualdade no mercado. Isso porque a rapidez do mercado não se coaduna com a
burocracia da licitação e a realização de procedimento licitatório. Nestes casos, iria de
encontro ao interesse público. Assim, o Tribunal entende que não precisam realizar
procedimento licitatório, por motivo de inexigibilidade, uma vez que não há interesse
público na licitação.
No que diz respeito ao intervalo mínimo, este representa o prazo mínimo definido em
lei que deve ser respeitado entre a publicação do instrumento convocatório e a data
da abertura dos envelopes de documentação e de propostas. Se este prazo mínimo
não for observado pelo ente público, a licitação poderá ser considerada fraudulenta.
ATENÇÃO! Observe-se que o prazo previsto na lei é “mínimo”. Dessa forma, pode ser
concedido um prazo maior aos licitantes, a critério do Administrador Público, que deve
buscar, sempre, fixar um prazo suficiente para participação dos interessados.
Alienação de
15 dias úteis – quando se tratar de maior lance
bens
MODALIDADES LICITATÓRIAS
A lei prevê 5 modalidades licitatórias: pregão, concorrência, concurso, leilão e diálogo
competitivo.
Nessa modalidade, se admite que sejam usados como critério de escolha do vencedor o
menor preço, a melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço, maior retorno
econômico ou maior desconto. Assim, se caracteriza como uma modalidade mais ampla,
abarcando quase todos os tipos de licitação.
Cabe ressaltar que a legislação anterior exigia a concorrência para obras e compras de
valores mais altos, todavia, o novo regramento das licitações não faz distinção entre as
modalidades licitatórias em razão do valor.
O Leilão, por sua vez, é a modalidade licitatória destinada para alienação de bens pelo
poder público àquele que ofertar o maior preço, seja ele igual ou superior ao valor da
avaliação. Nesse sentido, o art. 6º, XL da lei 14.133/21 dispõe que o leilão é “modalidade
de licitação para alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou legalmente
apreendidos a quem oferecer o maior lance”.
O leilão é realizado pelo leiloeiro, que pode ser o leiloeiro oficial ou um servidor
designado pela Administração Pública para cumprir a função de leiloeiro. Se optar pela
realização de leilão por intermédio de leiloeiro oficial, a Administração deverá selecioná-
lo mediante credenciamento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de
julgamento de maior desconto para as comissões a serem cobradas, utilizados como
parâmetro máximo os percentuais definidos na lei que regula a referida profissão e
observados os valores dos bens a serem leiloados.
Ademais, conforme disposição legal, o leilão será sempre do tipo MAIOR LANCE, sendo
que a administração somente pode alienar o bem para lance vencedor que seja igual ou
superior ao valor da avaliação.
Não pode ser utilizado para execução de obras públicas, mas tem sido aceito, até
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mesmo, para contratação de serviços de engenharia.
A lei ainda prevê a designação de equipe de apoio, que não se trata de comissão licitante
e serve apenas para auxiliar o pregoeiro na realização do certame.
O Diálogo Competitivo é a modalidade de licitação que foi criada com a edição da Lei
14.133/21, utilizada para contratação de obras, serviços e compras em que a
Administração Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante
critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de
atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o
encerramento dos diálogos.
A Licitação para registro de preços ocorre quando o poder público licita com a
finalidade de registrar os preços, para o caso de eventual contratação posterior. Acontece
quando a administração entende que um bem ou serviço é adquirido com muita
frequência e, por isso, tem interesse em deixar um registro, no órgão, com o eventual
fornecedor deste bem ou serviço.
A ata de registro de preço terá validade de 1 (um) ano, prorrogável por igual período,
devendo ser realizado um novo procedimento licitatório, após este período.
Nesse sentido, o art. 83, da lei 14.133/21, dispõe que “A existência de preços registrados
implicará compromisso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obrigará
a Administração a contratar, facultada a realização de licitação específica para a aquisição
pretendida, desde que devidamente motivada”.
Fase preparatória
A lei 14.133/21 aponta no sentido de que o início da licitação se dá com o ato que
instaura o procedimento administrativo, dando início ao que se convencionou chamar de
fase preparatória da licitação. Nesse momento, o procedimento licitatório já está
formalmente iniciado, tendo sido atribuído um número ao processo administrativo.
Nesta fase, a Administração Pública está, internamente, se organizando para licitar, com
a abertura do processo administrativo respectivo e com a realização dos atos
preparatórios que justifiquem a realização do certame. O texto legal define requisitos a
serem observados para início do procedimento.
Ademais, o poder público deve ter um orçamento, definindo o valor máximo que está
disposto a pagar pela aquisição do bem ou serviço ou pela execução da obra a ser
contratada (art. 18, IV, da Lei 14.133/21).
A lei prevê pessoa jurídica poderá participar de licitação em consórcio, salvo vedação
expressa e justificada no próprio edital. Nesses casos, para que seja lícita a participação
em consórcio, devem ser observados os requisitos previstos na legislação.
O art. 21, da lei 14.133/21 prevê a possibilidade de convocação de audiência pública,
com antecedência mínima de 8 (oito) dias úteis, que poderá ser realizada
presencialmente ou a distância – por meio eletrônico - com disponibilização prévia de
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informações pertinentes, inclusive de estudo técnico preliminar, elementos do edital de
licitação e outros, permitindo a manifestação de todos os interessados.
Além disso, ainda nesta fase interna, o Poder Público elabora a minuta do edital de
licitação que será encaminhado ao órgão de consultoria jurídica para aprovação.
A execução direta, como se percebe pela nomenclatura utilizada, ocorre todas as vezes
que o objeto do contrato é executado pela própria Administração Pública por meio de
seus órgãos e agentes públicos.
A execução indireta está presente sempre que o órgão ou ente da Administração Pública
celebra contrato com terceiro para realização do objeto do contrato, conforme previsão
expressa do instrumento convocatório. Admite-se seis hipóteses de contratação para
execução indireta de obras, quais sejam: a) empreitada por preço global; b) empreitada
por preço unitário; c) empreitada por tarefa; d) empreitada integral; e) contratação
integrada; f) contratação semi-integrada.
Fase externa
Inicia-se essa fase mostrando aos interessados como participarão da disputa, através da
publicação do edital.
Todavia, mediante justificativa do ente estatal, as fases podem ser invertidas por
determinação do edital, quando, então, serão habilitados os licitantes e, somente depois,
será feita a classificação das propostas.
Com a publicação, a Administração Pública marca uma data para que sejam abertos os
envelopes de propostas e documentação dos licitantes, respeitado o prazo de intervalo
mínimo exigido para cada modalidade de licitação. Nesse mesmo momento, se inicia a
contagem do prazo para a impugnação administrativa do edital.
Conforme a lei, qualquer cidadão pode impugnar o edital por irregularidade na aplicação
desta Lei ou para solicitar esclarecimento sobre os seus termos, devendo protocolar o
pedido até 3 (três) dias úteis antes da data de abertura das propostas.
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O poder público deverá responder à impugnação ou ao pedido de esclarecimento com
a divulgação em sítio eletrônico oficial também no prazo de 3 (três) dias úteis. Se
nenhum interessado impugnar dentro do prazo estabelecido, precluirá o direito de fazê-
lo na via administrativa, o que não impede de fazê-lo judicialmente, por meio da
propositura da ação judicial cabível, dependendo do caso concreto.
Nesse momento, o poder público irá receber as propostas apresentadas pelos licitantes.
A lei permite que o edital do certame preveja modo de disputa fechado ou aberto.
Assim, caso opte pelo modo de disputa aberto, os licitantes deverão apresentar suas
propostas por meio de lances sucessivos e, caso se determine a utilização do sistema
fechado, as propostas serão entregues em envelope lacrado e permanecerão em sigilo
até a data marcada para a abertura de todas em conjunto.
Ressalte-se que o sistema pode ser fechado e aberto, quando, então, se apresentarão as
propostas fechadas e, posteriormente, serão selecionadas aquelas que seguirão na
apresentação dos lances sucessivos.
Não será permitida a utilização do modo de disputa aberto, quando se tratar de licitação
cujo critério de julgamento seja técnica e preço, assim como não se pode utilizar o modo
fechado para licitações do tipo menor preço e maior desconto.
Julgamento
Habilitação
Essa fase é também conhecida como fase de qualificação, quando devem ser analisados
os requisitos e documentos pessoais dos licitantes. É a fase de análise da documentação
dos licitantes a fim de verificar se têm idoneidade para contratar com o Poder Público.
É importante frisar que o edital não pode estabelecer critérios não previstos em lei, mais
especificamente no art. 62, da lei 14.133/21, evitando assim restringir a licitação de forma
desarrazoada. Para cumprimento desses requisitos, basta que se realize a apresentação
de documentos enumerados pela própria lei, que podem ser originais ou cópias do
cartório competente. Vejamos um elenco legal dos requisitos de habilitação.
A – Habilitação jurídica: para parte da doutrina, essa exigência, assim como a exigência
de regularidade fiscal e respeito ao art. 7º, XXXIII, da CF são inconstitucionais, por estarem
previstos em lei, sem que haja disposição similar no art. 37, XXI, da Carta Magna,
ensejando burocratização indevida da licitação. Porém, este entendimento não prevalece,
por se tratar de posição minoritária.
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A habilitação jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer direitos e
assumir obrigações, e a documentação a ser apresentada por ele limita-se à
comprovação de existência jurídica da pessoa e, quando cabível, de autorização para o
exercício da atividade a ser contratada.
A LC 123/06 estabelece que essas empresas poderão participar da licitação ainda que
não tenham regularidade fiscal e trabalhista. Ao final da licitação, se forem declaradas
vencedoras, terão o prazo de 5 (cinco) dias úteis, prorrogável por igual período, cujo
termo inicial corresponderá ao momento em que o proponente for declarado o
vencedor do certame, prorrogável por igual período, a critério da Administração
Pública, para a regularização da documentação, pagamento ou parcelamento do débito
e emissão de eventuais certidões negativas ou positivas com efeito de certidão
negativa, ou seja, para fazer o saneamento do débito. Essa regra está disposta nos arts.
42 e 43 da referida lei complementar, alterados, inclusive pela LC 155/16.
O recurso deve ser interposto no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de
intimação ou de lavratura da ata, em face do julgamento das propostas, do ato de
habilitação ou inabilitação de licitante, ou ainda do ato que determine a anulação ou
revogação da licitação
É o procedimento pelo qual o poder público realiza diálogo prévio com os particulares
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como forma de encontrara a melhor solução para as suas necessidades e é restrita a
contratações em que a Administração:
INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO
A inexigibilidade de licitação ocorre sempre que a competição for impossível, a licitação
será inexigível.
entanto, a lei dispõe que é desnecessária a execução do certame (art. 75, da Lei
14.133/21). Somente a Lei de Licitações pode definir as hipóteses de dispensa, não
podendo haver definição de novas hipóteses por atos administrativos específicos ou
decretos.
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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
Inicialmente devemos ter em mente que a legislação, por diversas vezes, confunde
contratos administrativos com contratos da Administração, onde este é gênero do qual
aquele é espécie, pois a expressão “contratos da administração” (sentido amplo) engloba
os contratos administrativos e os contratos de direito privado celebrados pelo Poder
Público.
Em resumo: a Administração Pública pode celebrar contratos regidos pelo Direito Público
(ex: concessão de uso de bens públicos, permissão de serviços públicos) bem como pelo
Direito Privado (ex: contratos de locação, de compra e venda).
Sendo assim, pode-se apontar a verticalidade como característica inerente aos contratos
administrativos, haja vista a atuação do Poder Público com supremacia em face do
particular contratado.
Não havendo lei local ou estadual acerca do tema, a legislação federal será aplicada
integralmente a todos os contratos administrativos celebrados por aquele ente.
No que tange às características dos contratos administrativos, além da busca
incessante pelo interesse público, outras características estão presentes. Vejamos no
quadro abaixo:
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Personalíssimo
ATENÇÃO! O art. 122, da Lei n. 14.133/21 traz
que só ocorrerá subcontratação se houver
previsão no edital ou no contrato e desde que
haja a concordância da Administração, sob
pena de haver a rescisão contratual.
Formal
A Lei 14.133²1, em seu artigo 92, prevê todas
as cláusulas necessárias à validade do contrato
administrativo e a sua ausência gera o vício
de forma.
Formalismo – A primeira exigência é a realização de procedimento licitatório, conforme
determinação do próprio texto constitucional (art. 37, XXI da Carta Magna), não obstante,
tal exigência também atinja os contratos celebrados pela Administração Pública, regidos
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pelo direito privado.
Como regra geral, o contrato deve ser escrito, sendo que o termo de contrato ou
instrumento de contrato é o meio para a sua formalização, respeitando o art. 92, da
Lei 14.133/21, que traz as cláusulas obrigatórias.
Com efeito, a lei diz que o instrumento de contrato será dispensado, quando se tratar de
contratos cujo valor enseje dispensa de licitação. Assim, o instrumento de contrato não
se faz necessário para obras e serviços de engenharia de até R$ 100.000,00 (cem mil
reais) e para aquisição de bens e outros serviços no valor de até R$ 50.000,00 (cinquenta
mil reais).
ATENÇÃO! A legislação estabelece como regra que NÃO é possível contrato verbal
celebrado pela administração, dispondo ser nulo e de nenhum efeito qualquer contrato
verbal realizado pelo ente estatal.
Contudo, excepcionalmente, admite-se contrato verbal, nas compras e serviços que não
ultrapassam R$ 10.000,00 (dez mil reais) – desde que se trate de compra de pronta entrega
e pronto pagamento. Isso significa que este contrato não gera nenhuma espécie de
obrigação futura (art. 95, §, 2º da lei 14.133/21).
A administração pública deve providenciar a publicação do contrato até o quinto dia útil
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do mês seguinte ao da sua celebração, sendo que essa publicação deve acontecer, após
as providências, no prazo máximo de vinte dias corridos. Ou seja, o prazo de vinte dias
só terá início após o quinto dia útil do mês seguinte ao que o contrato foi celebrado.
A lei dispõe que essa divulgação deve se dar nos seguintes prazos, contados da sua
assinatura pelas partes:
Caso a administração deixe de publicar o contrato, ele é válido e perfeito, somente, não
sendo eficaz. Não produz efeito, uma vez que a eficácia fica dependendo da publicidade
do contrato administrativo celebrado. Todavia, cabe ressaltar que os contratos firmados
em caso de urgência produzem efeitos desde a data da sua assinatura, devendo ser
publicado nos prazos apresentados acima, sob pena de nulidade.
GARANTIA
A exigência de garantia é uma cláusula necessária dos contratos administrativos (art. 96
da Lei 14.133/21).
A Lei prevê a caução que poderá ser prestada em dinheiro, títulos da dívida pública, a
fiança bancária ou seguro garantia, a critério do contratado privado.
Ocorre que, nos contratos que envolvam alta complexidade técnica ou riscos financeiros
consideráveis, definido por meio de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade
competente, a garantia pode chegar a 10% do valor inicial do contrato, sempre mantida
a regra que o ente estatal é quem define o valor da caução.
Lembre-se, ainda, que, quando o contrato for de fornecimento contínuo com vigência
superior a 1 (um) ano, assim como nas subsequentes prorrogações, será utilizado o valor
anual do contrato para definição e ap licação dos percentuais da garantia
Em caso de descumprimento contratual, a garantia pode ser utilizada pelo Estado como
mínimo indenizatório, ou seja, o ente público pode executar a garantia e cobrar
indenização excedente em caso de o prejuízo ultrapassar o valor da caução.
CLÁUSULAS EXORBITANTES
As cláusulas exorbitantes decorrem da supremacia do interesse público sobre o
interesse privado e coloca o Estado em posição de superioridade jurídica na avença.
Vejamos abaixo cada uma destas cláusulas, sob a ótica da supremacia do interesse
público sobre o privado.
A administração NÃO pode alterar o OBJETO do contrato, porque seria burla à licitação.
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Alteração atinente ao valor da contração - Alteração quantitativa e, por sua vez, tem
limites definidos na lei, que prevê que o particular deve aceitar as modificações feitas
unilateralmente pela Administração Pública em até 25%, do valor original do contrato,
para acréscimos ou supressões. Nesses casos, a alteração não depende de concordância
do particular contratado.
Por outro lado, como a lei prevê expressamente os valores devidos ao particular em
casos de rescisão unilateral por motivo de interesse público e excluiu, não por acaso,
a obrigação de pagar lucros cessantes, por se tratar de mera expectativa de direito,
não passível de indenização, nesses casos.
Por outro lado, inadimplente o particular contratado, o Poder Público deverá assumir
imediatamente o objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, ocupar e
utilizar o local, instalações, equipamentos, material e pessoal empregados na execução
do contrato, necessários à sua continuidade, executar a garantia contratual, para
ressarcimento da Administração, e dos valores das multas e indenizações a ela devidos
e reter os créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à
Administração. Todas essas medidas independem da aplicação das penalidades cabíveis
em virtude do descumprimento contratual.
Nesse sentido, resta claro que o particular não pode determinar a rescisão unilateral, no
entanto, poderá suspender a execução do contrato pela exceção de contrato não
cumprido ou exceptio non adimplenti contractus.
ATENÇÃO! Todos os agentes públicos que praticarem atos que possam prejudicar a
licitação ou frustrar seu caráter competitivo ficarão sujeitos às sanções administrativas,
penais e civis cabíveis, nos moldes das legislações pertinentes.
Impedimento Indireto
O Impedimento Indireto ainda é algo muito novo, com pouca jurisprudência, mas deve
ser analisado com bastante cuidado pelos gestores que atuam no setor de licitações. A
intenção do instituto é coibir o abuso da Pessoa Jurídica.
Alguns indícios devem ser observados para a configuração do impedimento indireto, tais
como:
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O particular contratado não pode sofrer prejuízos de situações não causados por ele,
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durante a relação contratual, sob pena de se frustrar a garantia da proposta apresentada.
TEORIA DA IMPREVISÃO
Ocorre nos casos em que há uma situação fática não prevista quando da celebração do
contrato, portanto imprevisível, que venha a alterar o equilíbrio econômico-financeiro do
contrato, com reflexos em sua execução. Em virtude desta situação, se faz necessária a
recomposição dos preços.
Decorre da denominada Cláusula rebus sic stantibus: situações nas quais há desequilíbrio
contratual e a administração precisa, a fim de manter o equilíbrio do contrato, proceder
à revisão dos preços e prazos previamente pactuados.
Pode decorrer de fatos humanos, desde que não sejam provocados por nenhuma das
partes do acordo, ou podem ser causados por fatos da natureza, em relação aos quais
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nenhuma medida pode ser tomada para obstar sua precipitação
São situações preexistentes à celebração do contrato, mas que só vêm à tona durante
sua execução.
Fato da administração
Fato do príncipe
O desequilíbrio contratual também é causado pelo poder público e, por esta atuação,
haverá necessidade de recomposição do preço. Ocorre que, neste caso, há uma atuação
extracontratual (geral e abstrata) do ente estatal que termina por atingir diretamente a
relação contratual.
ATENÇÃO! Para que seja configurado o fato do princípe relevante que o agente que
pratica a conduta onerosa seja da mesma esfera de governo daquele que celebrou o
contrato administrativo atingido. Ente federativo diverso caracteriza caso fortuito.
DURAÇÃO
A duração dos contratos regidos pela lei 14.133/21 ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários que, no direito brasileiro, são definidos pela lei
orçamentária anual, à qual cabe prever todas as despesas e receitas da entidade no
período de um exercício. Desse modo, os contratos administrativos devem ter duração
máxima de um ano, para atender à previsão orçamentária.
Com efeito, a lei orçamentária define as despesas que podem ser contraídas pelo ente
público naquele exercício, limitando toda atuação ou ajuste firmado pelo Estado durante
a vigência dos respectivos créditos.
A Lei 14.133/21 define algumas situações excepcionais, nas quais se admite a contratação
além do prazo de um exercício. Vejamos no quadro abaixo as exceções à vigência
máxima de um ano.
Projetos contemplados na lei A avença terá duração de até quatro anos, para
do Plano Plurianual cumprimento das metas e execução de seu objeto.
Contratos de operação
Esses contratos podem ser firmados com vigência
continuada de sistemas
máxima de 15 (quinze) anos, nos termos da lei.
estruturantes de tecnologia
da informação.
ATENÇÃO! Contratos que não geram despesas à Administração Pública não precisam
estar previstos na lei orçamentária, logo, não precisam respeitar o limite de vigência
definido, no art. 105, da lei 14.133/21.
Por fim, vale esclarecer que toda prorrogação de prazo contratual deverá ser justificada
por escrito e previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o
contrato. Importante salientar, ainda, que, para que haja prorrogação, é indispensável
que haja previsão orçamentária e que a empresa mantenha todas as condições
necessárias à sua habilitação para contratar com o poder público, além do respeito ao
disposto no art. 7º, XXXIII, da Constituição Federal.
Além disso, quaisquer prejuízos causados pelo particular, seja à Administração Pública ou
a terceiros, na execução da obra, ou prestação do serviço ensejam sua responsabilização
e, conforme já previamente estipulado, não excluem ou reduzem essa responsabilidade
à fiscalização ou ao acompanhamento pelo órgão interessado.
Noutro giro, o STF se manifestou no sentido de que é válida a aplicação da nova redação
da Súmula 331 do TST, no entanto, deixando claro que o empregado terá o ônus de
provar que houve a má fiscalização do gestor público.
Assim, o referido portal ficará responsável por dar publicidade aos procedimentos
licitatórios e ainda pode realizar os contratos firmados pelos entes públicos.
DISPOSIÇÕES PENAIS DA LEI 14.133/21
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A partir do art. 179, a Lei 14.133/21 trata acerca dos crimes que podem ser cometidos
na execução dos procedimentos licitatórios e dos contratos administrativos, por meio de
inserção de tipos penais no Código Penal, no capítulo atinente aos Crimes contra a
Administração Pública.
Além destes contratos regulamentados pela lei geral de licitações e contratos, a legislação
pertinente e a doutrina costumam apontar a existência ainda de contratos de concessão,
contratos de permissão de serviços públicos e os contratos de gestão. Vejamos:
Ademais, a lei 11.079/04 criou duas novas espécies de concessões de serviços públicos,
designadas, pela própria lei, como Parceria Público-Privada. Tais parcerias se dividem em
duas novas espécies de ajustes, quais sejam a concessão patrocinada e a concessão
administrativa.
Sendo assim, a lei 9649/98 regulamenta o contrato de gestão firmado entre entes
da Administração Direta e suas autarquias ou fundações públicas, ao mesmo
tempo que a lei 9637/98 designa com o mesmo título, o acordo celebrado entre
o Estado e entidades privadas sem fins lucrativos que atuam na execução de
serviços de utilidade pública, em um rol definido na própria lei. Por sua vez, o art.
37, §8º, da Constituição Federal, por meio de regulamentação muito criticada pela
doutrina brasileira, admite a celebração de contratos de gestão entre órgãos e, até
mesmo, entre órgãos públicos e seus administradores, pessoas físicas,
configurando verdadeira aberração jurídica, de impossível realização prática.
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• Contrato de eficiência – A lei 14.133/21 dispõe que o contrato de eficiência é
aquele “cujo objeto é a prestação de serviços, que pode incluir a realização de
obras e o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao
contratante, na forma de redução de despesas correntes, remunerado o contratado
com base em percentual da economia”.
CONVÊNIOS
Ajustes firmados entre a Administração Pública e entidades que possuam vontades
convergentes, mediante a celebração de acordo para melhor execução das atividades de
interesse comum dos conveniados.
CONSÓRCIOS PÚBLICOS
Os consórcios públicos foram criados com a edição da lei 11.107/05 e consistem na
gestão associada de entes federativos para prestação de serviços de interesse comum a
todos eles. Somente se admite a participação de entes políticos no acordo, ou seja, União
Federal, estados, municípios e Distrito Federal podem se associar para formação deste
ajuste.
A previsão desta gestão associada tem base constitucional, haja vista a previsão no art.
241 da Carta Magna e apresenta uma formalização jurídica estável, na qual, entidades
federativas firmam acordo para prestação de serviços públicos de forma associada,
garantindo maior eficiência e destinação de recursos mais consistentes para executar
a atividade pretendida.
Na formação do ajuste, o contrato de rateio é firmado para definir com que montante
cada uma destas entidades participará na formação de manutenção da nova pessoa
jurídica criada.
Dispensa e inexigibilidade
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Trata-se, portanto, de rol taxativo ou exaustivo, não podendo ser ampliado por
entendimento da Administração Pública ou doutrina.
Por seu turno, a inexigibilidade de licitação estará presente sempre que se demonstrar
a inviabilidade de competição. Neste sentido, o art. 30 da lei 13.303/16 dispõe acerca
de algumas hipóteses em que se configura a contratação direta com base neste
entendimento. Lembrando-se que se trata de um rol meramente exemplificativo.
O art. 32, IV, da Lei 13.303/16 prevê que o pregão deverá ser a modalidade licitatória
preferencialmente utilizada nas contratações realizadas pelas empresas públicas e
sociedades de economia mista. Saliente-se que a lei deixa claro o caráter preferencial –
e não exclusivo – desta modalidade licitatória, que somente será escolhida quando for
cabível, nos moldes da legislação vigente, ou seja, para aquisição de bens e serviços
comuns. Com efeito, não se pode utilizar o pregão para a execução de obras ou alienação
de bens pelas empresas estatais.
Com efeito, mais correto seria imaginar que se trata de nova modalidade licitatória, haja
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vista o procedimento totalmente inovador criado pela lei. Sendo assim, pode-se
considerar que se trata de NOVO pregão e não aquele apresentado pela lei 10.520/02.
Pré-qualificação permanente
Cadastramento
Não se confunde com a pré-qualificação, uma vez que o cadastro se apresenta como um
conjunto de informações armazenadas no órgão público, ou seja, não há qualquer
provimento de caráter decisório proferido pelo órgão.
Prazos de implementação
A lei entrou 13.303 em vigor na data de sua publicação, ou seja, no dia 01 de julho de 61
Inclusive, nesse sentido, o art. 173, II, da Constituição da República dispõe que essas
entidades devem se sujeitar ao regime jurídico próprio das empresas privadas, quanto
aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.
Sanções
A lei prevê que o descumprimento do contrato pelo particular, seja ele total ou parcial,
poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções: a)
advertência; b) multa; c) suspensão temporária de participação em licitação e
impedimento de contratar com a Administração
Subcontratação
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CONVÊNIOS E CONTRATOS DE REPASSE COM O PODER
PÚBLICO
A legislação dispõe que a celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos ou
entidades da Administração Pública depende de prévia aprovação de competente plano
de trabalho proposto pela organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo,
a identificação do objeto a ser executado, as metas a serem atingidas, as etapas ou fases
de execução, o plano de aplicação dos recursos financeiros, o cronograma de
desembolso, a previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim da conclusão
das etapas ou fases programadas e, caso o ajuste compreenda obra ou serviço de
engenharia, comprovação de que os recursos próprios para complementar a execução
do objeto estão devidamente assegurados, salvo se o custo total do empreendimento
recair sobre a entidade ou órgão descentralizador.
O decreto dispõe ainda que o convênio não pode ser firmado entre órgãos e entidades
da administração pública federal. O acordo não é permitido com entidades privadas sem
fins lucrativos que não comprovem ter desenvolvido, durante os últimos três anos,
atividades referentes à matéria objeto do convênio ou contrato de repasse ou com
entidades privadas sem fins lucrativos que tenham, em suas relações anteriores com a
União, cometido algumas das infrações reguladas no Decreto.
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A improbidade administrativa tem base na Constituição Federal que, em seu art. 37, §4º,
estabelece que a lei sancionará os atos de improbidade. Esse dispositivo constitucional
enumera algumas sanções a serem aplicadas pela prática de ato de improbidade e,
conforme entendimento majoritário da doutrina, trata-se de rol meramente
exemplificativo, não esgotando as sanções a serem aplicadas.
As sanções de improbidade previstas na Lei 8.429/92 têm natureza civil, não impedindo,
entretanto, a apuração de responsabilidades na esfera administrativa e na esfera penal.
Frise-se, todavia, mais uma vez, que a natureza da ação de improbidade é cível.
Não obstante tenha natureza de Ação Civil Pública, a Ação de Improbidade não é
regulamentada pela Lei de ACP (Lei 7.347/85). Isso porque a própria Lei de Improbidade
Administrativo (Lei n. 8.429/92) define os contornos dessa ação.
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Sujeito Ativo
A Lei 8.429/92 conceitua e apresenta o rol de sujeitos ativos a responderem por atos
ímprobos, afirmando que a improbidade administrativa pode ser praticada por qualquer
agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta, fundacional ou
autárquica de qualquer dos Poderes da União, Estados ou Municípios e de empresas
incorporadas ao patrimônio público. Isto posto, aqueles que praticam ato de improbidade
são agentes públicos. Importa-nos observar que também pode cometer ato de
improbidade quem atua em nome da Administração Pública ainda que temporariamente
e sem remuneração, conforme preceito do artigo 2º da referida lei.
Ademais, frise-se que particulares também podem responder por improbidade, desde
que se beneficiem ou concorram para a prática do ato.
O STJ, ainda, firmou entendimento, através do Recurso Especial 980706, de que somente
pode haver responsabilidade por atos de improbidade administrativa, quando houver
dolo por parte do agente. Por óbvio, tal entendimento diz respeito aos atos de
improbidade que não causam dano direto ao erário público.
Finalizou o STJ, este entendimento, informando que não basta um elemento para a
caracterização de ato de improbidade, mas, sim, uma série de atos que juntos
caracterizam a improbidade administrativa.
Sujeito Passivo
O sujeito passivo é identificado, pela lei como a pessoa jurídica, vítima do ato de 66
Ressalte-se que o art. 1° da Lei 8.429/92 ampliou o sujeito passivo para incluir a
Administração Pública Direta e Indireta e ainda as entidades privadas que recebem
dinheiro público para custeio ou formação do capital. Ressalte-se que, para as entidades
privadas cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de
50% do patrimônio ou da receita anual ou que recebam subvenção, as sanções de
improbidade somente se aplicam até o montante das verbas públicas recebidas.
Ademais, a Lei Complementar 157/16 criou uma subespécie dos atos de improbidade
administrativa, que ensejam prejuízo ao erário, ao inserir o art. 10-A na Lei 8.429/92.
Estabelece o mencionado artigo, que é ato de ato de improbidade a qualquer ação ou
omissão para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário de forma
indevida em relação ao ISS (Imposto Sobre Serviços).
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O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento que apenas os casos do art. 10 podem
ser sancionados a título de dolo ou culpa, sendo os demais atos de improbidade
sancionados somente se comprovada a má-fé do agente. Ou seja, deve ser comprovada
a atuação dolosa.
Ademais e por fim, os incisos dos arts. 9º, 10 e 11 definem exemplos de atos de
improbidade, não exaurindo as hipóteses de infrações.
Ademais, trata-se de procedimento ordinário previsto na Lei de Ação Civil Pública que,
todavia, deve respeitar a aplicação das regras e peculiaridades estipuladas no art. 17 da
Lei de Improbidade Administrativa.
Neste sentido, o citado art. 17, § 7°, da L.I.A preconiza que após a notificação o acusado
tem 15 dias para apresentar defesa e convencer o juiz a indeferir a petição inicial.
Havendo o indeferimento, através do juízo de admissibilidade, caberá apelação e na
hipótese do deferimento, também através do juízo de admissibilidade, caberá agravo.
Importante ressaltar que a citação do Réu é determinada pelo juiz, após o recebimento
da petição inicial, para a apresentação da contestação.
Legitimidade
Pode ser proposta pela Pessoa Jurídica lesada – ou seja, uma das entidades elencadas no
art. 1º da Lei 8.429/92 que tenha sofrido o ato de improbidade – ou pelo Ministério
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Público.
Se a ação for proposta pelo Ministério Público, a entidade lesada deverá ser intimada
para, em tendo interesse, atuar como litisconsorte ativa. Por sua vez, se a Pessoa Jurídica
lesada propuser a ação, o parquet deverá atuar, necessariamente, como fiscal da lei
(custos legis).
Medidas Cautelares
As medidas cautelares podem ser concedidas a requerimento do Autor se demonstrado
o fumus boni iuris e o periculum in mora e, faz-se importante ressaltar, que elas não
impedem o curso normal do processo. Observe-se:
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• Afastamento Preventivo do Servidor Público: O administrador deve alegar e
demonstrar que a manutenção do agente no cargo de origem poderá atrapalhar
o andamento regular do processo judicial. Nesta hipótese, que pode ser
determinada sem prazo máximo, o acusado continuará a perceber sua
remuneração.
• Bloqueio de Contas: Visa garantir a solvência do Réu para arcar com os prejuízos
causados e demais sanções pecuniárias a serem aplicadas. Importante informar
que esta medida pode ser aplicada a contas fora do país.
• Sequestro de bens: O art. 16, § 1°, Lei 8.429/92 normatiza que para tratar das
disposições do sequestro aplica-se o Código de Processo Civil.
Ademais, existem ainda as medidas cautelares preparatórias que são ações autônomas
propostas previamente às Ações de Improbidade com o objetivo de garantir a
indisponibilidade dos bens, o afastamento preventivo do agente, sequestro ou
investigação de bloqueio de contas.
Frise-se que, nos casos de cautelares preparatórias, a ação de improbidade deve ser
intentada no prazo máximo de 30 dias, a contar da efetivação da cautelar requerida pelo
Ministério Público ou pela pessoa jurídica lesada, sempre nos mesmos autos processuais.
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Ademais, o juiz julga os fatos e não as penalidades, podendo aplicar penalidades que
não tenham sido expressamente requeridas na petição inicial.
Por fim, o art. 17, §1º, da Lei 8.429/92 estabelecia ser proibida expressamente a
transação, acordo ou conciliação nesse tipo de ação, não se admitindo inclusive a
celebração de TAC (termo de ajustamento de conduta) firmado pelo Ministério Público,
mesmo sendo ele o Autor da ação. Todavia, isso foi alterado com a edição da lei
13.964/19 (conhecida como pacote anticrime).
Com efeito, com a edição do referido diploma, o art. 17, §1º da lei 8.429/92 passa a ter
a seguinte redação: “As ações de que trata este artigo admitem a celebração de acordo
de não persecução cível, nos termos desta Lei”.
Ocorre que o acordo de não persecução cível teve todo o seu procedimento vetado pelo
Presidente da República, o que torna sua aplicabilidade impossível. De fato, o instituto
foi mantido, mas os dispositivos que explicitavam sua procedimentalização foram vetados,
razão pela qual ele não tem como ser efetivado.
Prescrição
b) Se o réu for servidor público que exerce cargo efetivo, o prazo prescricional é o
mesmo previsto no estatuto do servidor para as infrações puníveis com demissão.
No âmbito federal, a Lei 8.112/90 estabelece o prazo de prescrição, nestas
situações, de 5 (cinco) anos, a contar do conhecimento do fato infracional pela
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Administração Pública.
c) Quanto aos particulares, a lei é silente no que tange ao prazo de prescrição para
aplicação das sanções de improbidade. Sendo que a doutrina majoritária, para fins
de concurso, é de que a prescrição em relação aos particulares é a mesma prevista
para o agente público que atuou em concurso com o particular enquanto que a
doutrina minoritária é no sentido de que se aplica o prazo prescricional de 10
anos, por ser o previsto no Código Civil como prazo genérico.
d) Por fim, o art. 23, III, da Lei 8.429/92, alterado pela Lei 13.019/2014, dispõe que,
em relação às entidades privadas que recebem benefício fiscal ou aquelas em que
o dinheiro público concorre com menos de 50% da formação do capital, a ação
de improbidade prescreve em até cinco anos da data da apresentação à
administração pública da prestação de contas final.
Em 01 de agosto de 2013, foi sancionada a lei 12.846/13, chamada pela mídia de lei
“anti-corrupção”, que trata acerca da responsabilização objetiva administrativa e civil de
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, seja ela entidade
nacional ou estrangeira, bem como as organizações públicas internacionais que são, neste
caso, equiparadas às entidades estrangeiras.
Neste ponto, vale destacar a necessidade da leitura da Lei 12.846/13, a qual dispõe sobre
a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra
a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências.