A Nova

Lei de Licitações e
Contratos Administrativos
VPBG
INFRA
Abr / 2021
Apresentação
Após anos de expectativa e debates, finalmente foi sancionada a nova Lei de Licitações e
Contratos Administrativos (LLCA), a Lei Federal n. 14.133, de 1º de abril de 2021. A LLCA
traz um enorme esforço de uniformização em um único diploma legal de diversas leis
esparsas, a exemplo da Lei Federal n. 8.666/1993 (Lei Geral de Licitações), da Lei Federal
n. 10.520/2002 (Lei do Pregão) e da Lei Federal n. 12.462/2011 (Lei do RDC – Regime
Diferencial de Contratações), além de consolidar entendimentos já pacificados em
Tribunais judiciais e administrativos, neste último caso mais especificamente o Tribunal
de Contas da União (TCU).
A LLCA estabelece normas gerais de licitação e contratação para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios. É importante lembrar que as contratações públicas por empresas
estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista) continuarão a seguir a Lei
das Estatais (Lei Federal n. 13.303/2016).
Apesar de críticas acadêmicas ao texto final da LLCA, a nossa avaliação é que o saldo é
positivo e a nova lei de licitações deve ser comemorada. É claro que havia espaços para
avanços mais arrojados, mas a postura normativa minimalista do legislador é um
caminho legítimo de amadurecimento do marco regulatório e não pode eclipsar seus
aprimoramentos. Destacamos alguns desses aspectos positivos, que serão tratados de
forma detalhada neste Informe: (i) desejável uniformização da legislação esparsa sobre
contratações públicas, facilitando a compreensão do marco legal aplicável a esses
contratos; (ii) criação do Portal Nacional de Compras Públicas (PNCC), que servirá como
instrumento de centralização de informações relevantes sobre contratações públicas. É
um avanço inegável em termos de transparência e acessibilidade de informações
públicas. Quanto maior a transparência, mais fácil é exercido o controle social; (iii)
introdução no Brasil do instituto do diálogo competitivo, já previsto na Comunidade
Europeia desde 2014; (iv) previsão do performance bond, que nada mais é senão uma
garantia contratual que permite à seguradora assumir a execução do contrato e concluir
o seu objeto. Essa medida poderá reduzir o número elevado de obras públicas
inacabadas no Brasil; e (v) a adoção dos meios alternativos de prevenção e resolução de
controvérsias, a exemplo da arbitragem, da mediação e dos dispute boards, em todos os
contratos públicos, representando um elogiável esforço de consolidação desses meios
alternativos na relação público-privada.
A LLCA foi objeto de cerca de 26 (vinte e seis) vetos presidenciais. Isso significa dizer
que o Congresso Nacional ainda analisará estes vetos, que poderão ser mantidos ou
derrubados. Neste último caso, a LLCA será republicada com os dispositivos inicialmente
vetados e complementaremos este Informe no momento oportuno.
Nosso time de Direito Administrativo, Regulatório e Infraestrutura tem acompanhado de
perto esse tema, além de ter participado de debates acadêmicos e prestado consultoria a
organismos internacionais e clientes antes mesmo da publicação da nova lei. Assim, a
título de contribuição com a comunidade e com os nossos clientes, preparamos este
Informe sintético, com uma linguagem menos jurídica e voltada a uma maior
objetividade. Esperamos que seja útil.
O nosso time permanece à disposição para esclarecer qualquer ponto necessário.
 Artigo da LLCA
Art. 5º, caput
Art. 5° Na aplicação desta Lei, serão observados os
princípios da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da publicidade, da eficiência, do interesse
público, da probidade administrativa, da igualdade, do
planejamento, da transparência, da eficácia, da
segregação de funções, da motivação, da vinculação ao
edital, do julgamento objetivo, da segurança jurídica, da
razoabilidade, da competitividade, da proporcionalidade,
da celeridade, da economicidade e do desenvolvimento
nacional sustentável, (...).
Art. 5º, caput
Art. 5° Na aplicação desta Lei, serão observados os
princípios (...), assim como as disposições do Decreto-
Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
Conteúdo
Estabelecimento de novos princípios
Além dos princípios já previstos na Lei Federal n.
8.666/1993, a Nova Lei trouxe a previsão de novos
princípios, quais sejam: princípio do planejamento, da
transparência, da eficácia, da segregação de funções, da
motivação, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
competitividade, da proporcionalidade, da celeridade e
da economicidade.
Previsão expressa de aplicação da LINDB
A LLCA deixa claro que são aplicáveis as disposições da
Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro
(Decreto-Lei n. 4.657/1942).
Comentário
Ainda que a maioria desses “novos” princípios já fosse
amplamente aplicados aos procedimentos licitatórios,
considera-se uma mudança positiva a sua expressa
previsão na nova lei.
A inclusão de texto afirmando a aplicabilidade da LINDB
à nova lei de licitações também foi uma mudança
positiva, ainda que seja de mero reforço. Como sabido, a
Lei Federal n. 13.655/2018, que alterou a LINDB, trouxe
importantes regras para a aplicação do direito público,
de modo que a complementariedade com a nova lei de
licitações era inevitável e desejável em benefício da
segurança jurídica.
 Artigo da LLCA Conteúdo Comentário
Art. 17 Inversão de fases Apesar de já ser um procedimento adotado no pregão e
no RDC, o estabelecimento da inversão de fases como a
Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes A LLCA determina, como regra, que as propostas e regra geral é extremamente positivo. A habilitação antes
fases, em sequência: lances ocorrerão antes da habilitação. Admite-se a da apresentação das propostas financeiras tornava os
I - preparatória; inversão das fases (§ 1º). procedimentos licitatório muito morosos e com elevado
II - de divulgação do edital de licitação; custo de transação para os licitantes. A análise da
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o documentação de habilitação apenas da licitante-
caso; vencedora é medida que prestigia a eficiência, a
IV - de julgamento; celeridade e a economicidade.
V - de habilitação;
VI - recursal;
VII - de homologação.
 Artigo da LLCA Conteúdo Comentário
Art. 17, VI + Art. 165, I, e § 1º, II Fase recursal única A licitação na modalidade de pregão já adotava a fase
recursal única. A mudança também deve ser vista como
Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes A LLCA passa a adotar a fase recursal única, ou seja, o positiva, pois visa a celeridade dos procedimentos
fases, em sequência: recurso somente será apresentado após o julgamento licitatórios.
(...) das propostas e da documentação de habilitação.
VI - recursal;

Art. 165. Dos atos da Administração decorrentes da

aplicação desta Lei cabem:
I - recurso, no prazo de 3 (três) dias úteis, contado da
data de intimação ou de lavratura da ata, em face de:
a) ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação
de interessado ou de inscrição em registro cadastral,
sua alteração ou cancelamento;
b) julgamento das propostas;
c) ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
d) anulação ou revogação da licitação;
e) extinção do contrato, quando determinada por ato
unilateral e escrito da Administração;

§ 1º Quanto ao recurso apresentado em virtude do

disposto nas alíneas "b" e "c" do inciso I do caput deste
artigo, serão observadas as seguintes disposições:
(...)
II - a apreciação dar-se-á em fase única.
 Artigo da LLCA
Art. 22, § 3º
Art. 22. O edital poderá contemplar matriz de alocação
de riscos entre o contratante e o contratado, hipótese
em que o cálculo do valor estimado da contratação
poderá considerar taxa de risco compatível com o objeto
da licitação e com os riscos atribuídos ao contratado, de
acordo com metodologia predefinida pelo ente
federativo.
(...)
§ 3º Quando a contratação se referir a obras e serviços
de grande vulto ou forem adotados os regimes de
contratação integrada e semi-integrada, o edital
obrigatoriamente contemplará matriz de alocação de
riscos entre o contratante e o contratado.
Art. 24, caput
Art. 24. Desde que justificado, o orçamento estimado da
contratação poderá ter caráter sigiloso, sem prejuízo da
divulgação do detalhamento dos quantitativos e das
demais informações necessárias para a elaboração das
propostas, e, nesse caso: (...).
Conteúdo
Matriz de risco obrigatória
A matriz de risco deverá estar, obrigatoriamente,
prevista no edital no caso de contratação de obras e
serviços de grande vulto ou quando for adotado o
regime de contratação integrada ou semi-integrada.
Orçamento sigiloso
Admite-se que o orçamento estimado para a
contratação seja sigiloso.
Comentário
A teoria da imprevisão resolve grande parte das
problemáticas envolvendo a alocação de risco em
contratos administrativos. Todavia, a previsão expressa
de uma matriz de risco positiva é uma das principais
evoluções no âmbito das contratações públicas, pois
trabalha em prol da segurança jurídica do
licitante/contratado, que saberá quais eventos gerarão o
seu direito ao reequilíbrio econômico-financeiro do
contrato.
Trata-se de uma medida que já era adotada pela Lei do
RDC e pela Lei das Estatais. O lado positivo do
orçamento sigiloso é o combate ao conluio entre
licitantes e a prevenção ao sobre preço, pois os
licitantes tendem a apresentar suas propostas perto do
limite orçamentário divulgado. Por outro lado, a adoção
do orçamento sigiloso é uma prática que permite
assimetrias, tendo em vista que o licitante que venha a
tomar conhecimento deste orçamento terá vantagem
competitiva em relação ao demais. Há quem sustente
que essa medida pode induzir comportamentos de
captura.
 Artigo da LLCA
Art. 26, I e § 1º, I
Art. 26. No processo de licitação, poderá ser
estabelecida margem de preferência para:
I - bens manufaturados e serviços nacionais que
atendam a normas técnicas brasileiras;
(...)
§ 1º A margem de preferência de que trata o caput deste
artigo:
I - será definida em decisão fundamentada do Poder
Executivo federal, no caso do inciso I do caput deste
artigo;
Conteúdo
Margem de preferência
O percentual máximo não será mais de até 25%, como
era previsto no § 8º, do art. 3º da Lei Federal n.
8.666/1993. Agora, com a edição da LLCA, restou
estabelecido que este percentual máximo não existe
mais, de modo que caberá ao Poder Executivo definir,
em decisão fundamentada, qual será a margem de
preferência para bens manufaturados e serviços
nacionais. Caso os bens a serem adquiridos não se
encaixem nos descritos na LLCA, a margem de
preferência poderá ser de até 10% sobre o preço dos
bens ou serviços.
Comentário
Os licitantes deverão estar atentos à fundamentação da
margem de preferência estabelecida, visando evitar
possíveis favorecimentos. Trata-se de tema ainda
polêmico e que deverá merecer a atenção dos licitantes
em cada edital. Dois dispositivos que tratavam da
margem de preferência em Estados e Municípios (art.
26, §§3º e 4º) foram vetados pelo Presidente da
República por contrariar o interesse público. Esse tema
foi objeto de artigo recente de um dos nossos sócios e
publicado na Agência Infra.
V. https://www.agenciainfra.com/blog/infradebate-as-
margens-de-preferencia-na-nova-lei-de-licitacoes-o-risco-
de-captura-e-o-paradoxo-regulatorio/

Art. 28 Extinção das modalidades de convite e tomada de Tanto o convite como a tomada de preços eram
preços modalidades licitatórias que estavam caindo em desuso,
Art. 28. São modalidades de licitação: de modo que as suas exclusões favorecem a
I - pregão; A LLCA previu como modalidades de licitação apenas o simplificação das contratações públicas.
II - concorrência; pregão, a concorrência, o concurso, o leilão e o diálogo
III - concurso; competitivo, excluindo, portanto, o convite e tomada de
IV - leilão; preços.
V - diálogo competitivo.
 Artigo da LLCA
Art. 28, V + Art. 32
Art. 28. São modalidades de licitação:
(...)
V - diálogo competitivo.
Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a
contratações em que a Administração: (...).
Art. 33, VI, Art. 39
Art. 33. O julgamento das propostas será realizado de
acordo com os seguintes critérios:
(...)
VI - maior retorno econômico.
Art. 39. O julgamento por maior retorno econômico,
utilizado exclusivamente para a celebração de contrato
de eficiência, considerará a maior economia para a
Administração, e a remuneração deverá ser fixada em
percentual que incidirá de forma proporcional à
economia efetivamente obtida na execução do contrato.
Conteúdo
Inclusão do diálogo competitivo como modalidade de
licitação
Em poucas palavras, o diálogo competitivo é uma nova
modalidade de licitação para contratação de obras,
serviços e compras, na qual, pela complexidade do
objeto, a Administração Pública precisa da iniciativa
privada para desenvolver alternativas que supram a sua
necessidade de contratação. Assim, os licitantes
ajudarão a Administração contratante a chegar na
melhor solução possível e, após isso, poderão
apresentar as suas propostas.
Novo critério de julgamento – maior retorno econômico
A LLCA estabeleceu que o julgamento das propostas
poderá ser feito por meio do critério de maior retorno
econômico. Este critério considerará a maior economia
para a Administração contratante e a remuneração da
contratada será proporcional a esta economia obtida.
Comentário
O diálogo competitivo é uma modalidade importada da
União Europeia, que a adota desde 2014. A
Administração contratante analisará as soluções e
alternativas apresentadas pela iniciativa privada na fase
de diálogo e poderá, assim, definir se quer adotar,
integralmente, uma das soluções apresentadas ou se
quer aproveitar partes de diferentes soluções.
Trata-se de uma modalidade licitatória que pode trazer
melhorias às atividades públicas, especialmente porque
a iniciativa privada poderá contribuir com as soluções
que sequer seriam consideradas pela Administração
contratante.
Já era um critério previsto na Lei do RDC. A lógica por
trás deste critério é interessante pelo fato de dar ênfase
aos princípios da eficiência da economicidade. O
desafio, contudo, será a aferição da economia
efetivamente obtida, o que poderá gerar disputas entre
Administração contratante e o contratado. A análise do
Edital e da minuta do contrato a ser firmado se tornam
particularmente relevante.
 Artigo da LLCA
Art. 36, § 2º
Art. 36. O julgamento por técnica e preço considerará a
maior pontuação obtida a partir da ponderação, segundo
fatores objetivos previstos no edital, das notas
atribuídas aos aspectos de técnica e de preço da
proposta.
(...)
§ 2º No julgamento por técnica e preço, deverão ser
avaliadas e ponderadas as propostas técnicas e, em
seguida, as propostas de preço apresentadas pelos
licitantes, na proporção máxima de 70% (setenta por
cento) de valoração para a proposta técnica.
Art. 46, V e VI
Art. 46. Na execução indireta de obras e serviços de
engenharia, são admitidos os seguintes regimes:
(...)
V - contratação integrada;
VI - contratação semi-integrada;
Conteúdo
Valoração da proposta técnica
A LLCA estabeleceu que, nas licitações de técnica e
preço, o limite de valoração para as propostas técnicas
será de 70% (setenta por cento).
Contratação integrada e semi-integrada
Passa-se a admitir contratações integradas e semi-
integradas. Integrada é aquela em que o contrato é
responsável por elaborar e desenvolver o projeto básico
e o executivo, bem como executar as atividades
necessárias para a entrega do objeto. Semi-integrada é
aquela em que o contratado é responsável por elaborar e
desenvolver o projeto executivo, bem como executar as
atividades necessárias para a entrega do objeto.
Comentário
O teto à valoração das propostas técnicas é necessário.
Contudo, entende-se que seria melhor se o limite fosse
fixado em 50% e não 70%, uma vez que excessivas
valorações atribuídas às propostas técnicas, em
detrimento da proposta de preços, podem prejudicar a
competitividade de certame licitatórios e valorizar a
subjetividade dos julgadores das propostas. Trata-se de
tema polêmico e que poderá ensejar discussões
administrativas e judiciais.
Os regimes de contratação já eram previstos na Lei do
RDC.
 Artigo da LLCA
Art. 56
Art. 56. O modo de disputa poderá ser, isolada ou
conjuntamente:
I - aberto, hipótese em que os licitantes apresentarão
suas propostas por meio de lances públicos e
sucessivos, crescentes ou decrescentes;
II - fechado, hipótese em que as propostas
permanecerão em sigilo até a data e hora designadas
para sua divulgação.
Conteúdo Comentário
Modos de disputa aberto e fechado Os modos de disputa já eram previstos na Lei do Pregão
Eletrônico.
O modo disputa aberto é aquele em que os licitantes
apresentam suas propostas por meio de lances
públicos. Já no modo de disputa fechado, as propostas
permanecem em sigilo até data e hora designadas para
sua divulgação.
A LLCA admite os dois modos, isolada ou
conjuntamente.
 Artigo da LLCA
Art. 59, § 4º
Art. 59. Serão desclassificadas as propostas que:
(...)
§ 4º No caso de obras e serviços de engenharia, serão
consideradas inexequíveis as propostas cujos valores
forem inferiores a 75% (setenta e cinco por cento) do
valor orçado pela Administração.
Conteúdo
Inexequibilidade da proposta
A LLCA estabeleceu critérios objetivos para que uma
proposta seja considerada inexequível, isto é,
determinou que propostas inferiores a 75% do valor
orçado pela Administração serão inexequíveis (no caso
de obras e serviços de engenharia).
Comentário
Cabe crítica a esta previsão. Entende-se que é
equivocado presumir a inexequibilidade da proposta. A
inexequibilidade deve ser demonstrada por meio de
estudos técnicos que comprovem, de fato, que a
proposta não é viável. A presunção de inexequibilidade
pode acabar por impedir que a Administração Pública
realize contratações que seriam, efetivamente, seguras e
vantajosas.
Além disso, tem-se que a análise da inexequibilidade
deve ser casuística. As empresas contratadas trabalham
com margens de lucros e operações distintas, variando
de acordo com a sua estratégia de mercado. Assim, uma
proposta inexequível para uma empresa, pode ser
plenamente exequível para outra.
Há se observar, também, que é bastante comum que os
orçamentos apresentados à Administração, na fase de
pesquisa de preços, sejam artificialmente inflados pelos
possíveis fornecedores, de modo que o valor orçado
pela Administração tende a ser maior do que o valor
efetivamente praticado no mercado. As empresas
licitantes também possuem diversos tipos de acordos
comerciais que garantem preços mais acessíveis, fato
este que não pode ser ignorado.
Trata-se de um tema que ainda encerrará debates na
aplicação prática da LLCA.
 Artigo da LLCA
Art. 60
Art. 60. Em caso de empate entre duas ou mais
propostas, serão utilizados os seguintes critérios de
desempate, nesta ordem:
I - disputa final, hipótese em que os licitantes empatados
poderão apresentar nova proposta em ato contínuo à
classificação;
II - avaliação do desempenho contratual prévio dos
licitantes, para a qual deverão preferencialmente ser
utilizados registros cadastrais para efeito de atesto de
cumprimento de obrigações previstos nesta Lei;
III - desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade
entre homens e mulheres no ambiente de trabalho,
conforme regulamento;
IV - desenvolvimento pelo licitante de programa de
integridade, conforme orientações dos órgãos de
controle.
Conteúdo
Critérios de desempate das propostas
Foram criados critérios de desempate entre duas ou
mais propostas:
Disputa final (apresentação de novas propostas);
Avaliação do desempenho contratual prévio dos
licitantes;
Desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade
entre homens e mulheres no ambiente de trabalho;
Desenvolvimento pelo licitante de programa de
integridade.
Comentário
Já existiam critérios de desempate na Lei do RDC e na
Lei 8.666/1993, mas foram criadas novas hipóteses, a
exemplo do desenvolvimento pelo licitante de programa
de integridade. Trata-se de uma evolução na cultura de
compliance e as empresas precisarão se atentar a isso,
na medida em que passará a se tornar possivelmente
uma vantagem competitiva em algumas circunstâncias.
 Artigo da LLCA
Art. 75, I e II
Art. 75. É dispensável a licitação:
I - para contratação que envolva valores inferiores a R$
100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços
de engenharia ou de serviços de manutenção de
veículos automotores;
II - para contratação que envolva valores inferiores a R$
50.000,00 (cinquenta mil reais), no caso de outros
serviços e compras;
Art. 79
Art. 79. O credenciamento poderá ser usado nas
seguintes hipóteses de contratação:
I - paralela e não excludente: caso em que é viável e
vantajosa para a Administração a realização de
contratações simultâneas em condições padronizadas;
II - com seleção a critério de terceiros: caso em que a
seleção do contratado está a cargo do beneficiário
direto da prestação;
III - em mercados fluidos: caso em que a flutuação
constante do valor da prestação e das condições de
contratação inviabiliza a seleção de agente por meio de
processo de licitação.
Conteúdo Comentário
Dispensa de licitação – alteração dos valores A atualização dos valores de dispensa foi positiva, já que
os valores anteriores estavam defasados.
No tocante às dispensas de licitação, a LLCA trouxe
relevantes alterações:
O valor máximo permitido para obras e serviços de
engenharia (e serviços de manutenção de veículos) foi
aumentado para 100.000 reais (cem mil reais); e o valor
máximo permitido para outros serviços e compras foi
aumentado para 50.000 reais (cinquenta mil reais).
Credenciamento O principal exemplo de credenciamento até então
existente era o credenciamento para aquisição de
A LLCA passa a admitir o credenciamento como passagens aéreas.
procedimento auxiliar das licitações e contratações, que
é o processo no qual a Administração Pública convoca
interessados em prestar serviço/fornecer bens para que,
preenchidos os requisitos necessários, sejam
credenciados e venham a executar o objeto quando
convocados. No credenciamento não é possível limitar o
número exato de contratados para suprir a necessidade
da Administração contratante; isto é, quanto mais
credenciados, melhor. O credenciamento é um
procedimento utilizado para se operacionalizar uma
contratação por inexigibilidade de licitação nas
hipóteses descritas no art. 79.
 Artigo da LLCA
Art. 83 a 86
Art. 83. A existência de preços registrados implicará
compromisso de fornecimento nas condições
estabelecidas, mas não obrigará a Administração a
contratar, facultada a realização de licitação específica
para a aquisição pretendida, desde que devidamente
motivada.
Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços
será de 1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual
período, desde que comprovado o preço vantajoso.
Conteúdo Comentário
Sistema de Registro de Preços Era previsto na Lei n. 8.666/1993, no art. 15, §§ 1º a 8º, e
na Lei do RDC (n. 12.462/2011). O Decreto Federal n.
Sistema de Registro de Preços previsto como 7.892/2013 regulamentava o SRP.
procedimento auxiliar das licitações e das contratações.
As Leis anteriores não traziam extensas previsões
quanto ao sistema de registro de preços, o que era feito
apenas em regulamento. Agora, no entanto, a própria Lei
aborda as principais questões envolvendo o sistema.

Art. 85. A Administração poderá contratar a execução de

obras e serviços de engenharia pelo sistema de registro
de preços, desde que atendidos os seguintes requisitos:
I - existência de projeto padronizado, sem complexidade
técnica e operacional;
II - necessidade permanente ou frequente de obra ou
serviço a ser contratado.

Art. 86. O órgão ou entidade gerenciadora deverá, na

fase preparatória do processo licitatório, para fins de
registro de preços, realizar procedimento público de
intenção de registro de preços para, nos termos de
regulamento, possibilitar, pelo prazo mínimo de 8 (oito)
dias úteis, a participação de outros órgãos ou entidades
na respectiva ata e determinar a estimativa total de
quantidades da contratação.
 Artigo da LLCA Conteúdo Comentário
Art. 102 Seguro garantia, possibilidade de a seguradora assumir Trata-se de tema complexo e que ainda demandará
a execução do contrato – performance bond e step in muita reflexão. De um lado, reduz-se os riscos de obras
Art. 102. Na contratação de obras e serviços de rights inacabadas, que acabou se tornando uma realidade no
engenharia, o edital poderá exigir a prestação da Brasil. Por outro lado, é fato que a previsão de que a
garantia na modalidade seguro-garantia e prever a Performance bond – As seguradoras terão mais seguradora poderá ser obrigada a assumir a execução e
obrigação de a seguradora, em caso de inadimplemento responsabilidades, devendo acompanhar a execução do concluir o objeto do contrato encarecerá o custo das
pelo contratado, assumir a execução e concluir o objeto projeto do início ao fim. O seguro garantia visa que o obras e serviços de engenharia, tendo em vista que as
do contrato, hipótese em que: objeto seja cumprido da maneira acordada. seguradoras cobrarão valores mais elevados e
I - a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os demandarão mais contragarantias das seguradas.
aditivos, como interveniente anuente e poderá: Step in rights – A LLCA prevê que a seguradora pode vir
a) ter livre acesso às instalações em que for executado o a assumir a execução do contrato e concluir a execução Assim, o elevado valor do seguro garantia pode se
contrato principal; do objeto (diretamente ou através de empresa configurar como uma barreira e limitar à competitividade
b) acompanhar a execução do contrato principal; subcontratada), caso o contratado-segurado não do certame.
c) ter acesso a auditoria técnica e contábil; cumpra com as suas obrigações contratuais e se torne
d) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela inadimplente.
obra ou pelo fornecimento;
II - a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a
quem ela indicar para a conclusão do contrato, será
autorizada desde que demonstrada sua regularidade
fiscal;
III - a seguradora poderá subcontratar a conclusão do
contrato, total ou parcialmente.
Parágrafo único. Na hipótese de inadimplemento do
contratado, serão observadas as seguintes disposições:
I - caso a seguradora execute e conclua o objeto do
contrato, estará isenta da obrigação de pagar a
importância segurada indicada na apólice;
II - caso a seguradora não assuma a execução do
contrato, pagará a integralidade da importância
segurada indicada na apólice.
 Artigo da LLCA
Art. 103
Art. 103. O contrato poderá identificar os riscos
contratuais previstos e presumíveis e prever matriz de
alocação de riscos, alocando-os entre contratante e
contratado, mediante indicação daqueles a serem
assumidos pelo setor público ou pelo setor privado ou
daqueles a serem compartilhados.
(...)
§ 5º Sempre que atendidas as condições do contrato e
da matriz de alocação de riscos, será considerado
mantido o equilíbrio econômico-financeiro, renunciando
as partes aos pedidos de restabelecimento do equilíbrio
relacionados aos riscos assumidos, exceto no que se
refere:
I - às alterações unilaterais determinadas pela
Administração, nas hipóteses do inciso I do caput do art.
124 desta Lei;
II - ao aumento ou à redução, por legislação
superveniente, dos tributos diretamente pagos pelo
contratado em decorrência do contrato.
Conteúdo
Alocação de riscos
O contrato poderá prever matriz de alocação de riscos,
indicando quais serão assumidos pelo setor público,
pelo setor privado e/ou quais serão compartilhados. A
divisão dos riscos deverá levar em consideração qual
parte tem melhor capacidade para o gerenciamento do
risco.
A LLCA estabelece, ainda, que os riscos com cobertura
oferecida por seguradoras serão, preferencialmente,
transferidos para o contratado. Isso já ocorre nos
contratos de concessão, principalmente naqueles
estruturados nos últimos 05 (cinco) anos.
Comentário
A alocação dos riscos é medida acertada, pois garante
mais segurança jurídica para as partes e permite que os
riscos sejam devidamente quantificados quando da
elaboração das propostas. É desejável que os contratos
administrativos passem a estabelecer a matriz de risco,
independentemente de seus valores. Vale lembrar que,
pela LLCA, os contratos de grande vulto deverão
obrigatoriamente conter a matriz de risco com a
alocação de responsabilidades das partes.

§ 6º Na alocação de que trata o caput deste artigo,

poderão ser adotados métodos e padrões usualmente
utilizados por entidades públicas e privadas, e os
ministérios e secretarias supervisores dos órgãos e das
entidades da Administração Pública poderão definir os
parâmetros e o detalhamento dos procedimentos
necessários a sua identificação, alocação e
quantificação financeira.
 Artigo da LLCA
Art. 106 e 107
Art. 106. A Administração poderá celebrar contratos
com prazo de até 5 (cinco) anos nas hipóteses de
serviços e fornecimentos contínuos, observadas as
seguintes diretrizes: (...)
Art. 107. Os contratos de serviços e fornecimentos
contínuos poderão ser prorrogados sucessivamente,
respeitada a vigência máxima decenal, desde que haja
previsão em edital e que a autoridade competente ateste
que as condições e os preços permanecem vantajosos
para a Administração, permitida a negociação com o
contratado ou a extinção contratual sem ônus para
qualquer das partes.
Art. 109
Art. 109. A Administração poderá estabelecer a vigência
por prazo indeterminado nos contratos em que seja
usuária de serviço público oferecido em regime de
monopólio, desde que comprovada, a cada exercício
financeiro, a existência de créditos orçamentários
vinculados à contratação.
Conteúdo Comentário
Duração dos contratos de serviços e fornecimentos A Lei n. 8.666/1993 limitava a vigência destes contratos,
contínuos estabelecendo que o prazo máximo seria de 60
(sessenta) meses.
A duração máxima dos contratos será diferente, de
acordo com a sua natureza.
Para os contratos de serviços e fornecimentos
contínuos – o prazo será de até 5 anos, podendo ser
prorrogados sucessivamente, respeitada a vigência
máxima de 10 anos.
Prazo indeterminado A Lei 8.666/1993 vedava os contratos com prazo de
vigência indeterminado.
A LLCA passou a admitir os contratos administrativos
com prazo indeterminado, ainda que a hipótese
permitida seja bastante limitada.
 Artigo da LLCA
Art. 111
Art. 111. Na contratação que previr a conclusão de
escopo predefinido, o prazo de vigência será
automaticamente prorrogado quando seu objeto não for
concluído no período firmado no contrato.
Conteúdo
Prorrogação automática
Passou-se a admitir a prorrogação automática dos
contratos por escopo, quando estes não forem
concluídos no prazo estabelecido no instrumento
contratual. Todavia, caso a não conclusão no prazo seja
culpa do contratado, este será constituído em mora,
sendo aplicáveis as respectivas sanções administrativas
(inciso I); ou a Administração poderá optar pela extinção
do contrato (inciso II).
Comentário
Nos contratos por escopo, que são aqueles em que o
contratado tem o dever de realizar uma conduta
específica e definida, o contrato se extinguiria com a
conclusão do objeto e não com o tempo. Para parte da
doutrina, nestes contratos, o prazo seria, portanto,
meramente moratório. A jurisprudência do TCU, todavia,
entendia que, ainda que o prazo fosse meramente
moratório, seria necessário firmar termo aditivo para
formalizar a prorrogação. Assim, caso não fosse firmado
termo aditivo, o contrato deveria ser considerado
encerrado, sendo necessário novo procedimento
licitatório para concluir o objeto contratual.
 Artigo da LLCA Conteúdo Comentário
Art. 124, II, d e § 2º Previsão expressa de hipótese de necessidade de A inclusão do § 2º é bem-vinda, pois protege o
Reequilíbrio Econômico-Financeiro contratado.
Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser
alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes Foi alterada a redação da alínea (d) do art. 65, II, da Lei n. Deve-se analisar, contudo, a efetiva alocação de riscos
casos: 8.666/1993, sendo incluída frase sobre a repartição do contrato administrativo, que poderá disciplinar
(...) objetiva dos riscos. tratamento distinto.
II - por acordo entre as partes:
(...) Além disso, ficou definida, expressamente, no § 2º, nova
d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro hipótese em que será necessário reestabelecer o
inicial do contrato em caso de força maior, caso fortuito equilíbrio econômico do contrato – quando a execução
ou fato do príncipe ou em decorrência de fatos for obstada pelo atraso na conclusão de procedimentos
imprevisíveis ou previsíveis de consequências de desapropriação, desocupação, servidão
incalculáveis, que inviabilizem a execução do contrato administrativa ou licenciamento ambiental, por
tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a circunstâncias alheias ao contratado.
repartição objetiva de risco estabelecida no contrato.
(...)
§ 2º Será aplicado o disposto na alínea "d" do inciso II do
caput deste artigo às contratações de obras e serviços
de engenharia, quando a execução for obstada pelo
atraso na conclusão de procedimentos de
desapropriação, desocupação, servidão administrativa
ou licenciamento ambiental, por circunstâncias alheias
ao contratado.
 Artigo da LLCA
Art. 130
Art. 130. Caso haja alteração unilateral do contrato que
aumente ou diminua os encargos do contratado, a
Administração deverá restabelecer, no mesmo termo
aditivo, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.
Art. 131
Art. 131. A extinção do contrato não configurará óbice
para o reconhecimento do desequilíbrio econômico-
financeiro, hipótese em que será concedida indenização
por meio de termo indenizatório.
Parágrafo único. O pedido de restabelecimento do
equilíbrio econômico-financeiro deverá ser formulado
durante a vigência do contrato e antes de eventual
prorrogação nos termos do art. 107 desta Lei.
Conteúdo
Alteração unilateral do contrato – reestabelecimento do
equilíbrio econômico-financeiro em caso de alteração
unilateral
A LLCA prevê que, quando ocorrerem alterações
unilaterais que diminuam ou aumentem os encargos do
contratado, deverá ser restabelecido o reequilíbrio
econômico-financeiro inicial do contrato, no mesmo
termo aditivo que formalizou as alterações unilaterais.
Antecipação dos efeitos do termo aditivo
A LLCA inova e passa a permitir a antecipação dos
efeitos do termo aditivo, sendo a formalização do termo
deve ocorrer no prazo máximo de até 1 mês.
Comentário
A Lei n. 8.666/1993 estabelecia, no art. 65, § 6º, que a
alteração unilateral do contrato que aumentasse os
encargos do contratado geraria o dever de a
Administração restabelecer, por aditamento, o equilíbrio
econômico-financeiro inicial. Assim, nada era dito
quanto às alterações unilaterais que diminuíssem os
encargos do contratado.
Deverá ser justificada a necessidade de antecipação dos
efeitos do termo aditivo, ou seja, deve a Administração
demonstrar ser imprescindível que o serviço seja
executado antes da formalização do termo aditivo.
 Artigo da LLCA
Art. 132
Art. 132. A formalização do termo aditivo é condição
para a execução, pelo contratado, das prestações
determinadas pela Administração no curso da execução
do contrato, salvo nos casos de justificada necessidade
de antecipação de seus efeitos, hipótese em que a
formalização deverá ocorrer no prazo máximo de 1 (um)
mês.
Conteúdo
Antecipação dos efeitos do termo aditivo
A LLCA inova e passa a permitir a antecipação dos
efeitos do termo aditivo, sendo a formalização do termo
deve ocorrer no prazo máximo de até 1 mês.
Comentário
Deverá ser justificada a necessidade de antecipação dos
efeitos do termo aditivo, ou seja, deve a Administração
demonstrar ser imprescindível que o serviço seja
executado antes da formalização do termo aditivo.
 Artigo da LLCA Conteúdo Comentário
Art. 137 caput e § 2º Novas hipóteses de extinção do contrato Com relação ao conteúdo da Lei n. 8.666/1993, a LLCA
trouxe previsões mais rígidas para a Administração
Art. 137. Constituirão motivos para extinção do contrato, A LLCA criou nova hipóteses de extinção dos contratos contratante. Antes admitia-se: atrasos por até 90 dias,
a qual deverá ser formalmente motivada nos autos do administrativos, quais sejam: atraso na obtenção da agora são apenas 2 meses; suspensão por até 120 dias,
processo, assegurados o contraditório e a ampla defesa, licença ambiental, ou impossibilidade de obtê-la; atraso agora são apenas 3 meses ou 90 dias úteis.
as seguintes situações: na liberação de áreas sujeitas à desapropriação,
I - não cumprimento ou cumprimento irregular de desocupação ou servidão administrativa ou
normas editalícias ou de cláusulas contratuais, de impossibilidade de liberação dessas áreas; e o não
especificações, de projetos ou de prazos; cumprimento das obrigações relativas à reserva de
II - desatendimento das determinações regulares cargos prevista em lei, bem como em outras normas
emitidas pela autoridade designada para acompanhar e específicas, para pessoa com deficiência, para
fiscalizar sua execução ou por autoridade superior; reabilitado da Previdência Social ou para aprendiz.
III - alteração social ou modificação da finalidade ou da
estrutura da empresa que restrinja sua capacidade de O contratado também terá direito à extinção do contrato
concluir o contrato; quando: o contrato for suspenso por prazo superior a 3
IV - decretação de falência ou de insolvência civil, meses; ocorrerem repetidas suspensões que totalizem
dissolução da sociedade ou falecimento do contratado; 90 dias úteis ou mais; e ocorrer atraso dos pagamentos
V - caso fortuito ou força maior, regularmente superior a 2 meses.
comprovados, impeditivos da execução do contrato;
VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou
impossibilidade de obtê-la, ou alteração substancial do
anteprojeto que dela resultar, ainda que obtida no prazo
previsto;
VII - atraso na liberação das áreas sujeitas a
desapropriação, a desocupação ou a servidão
administrativa, ou impossibilidade de liberação dessas
áreas;
VIII - razões de interesse público, justificadas pela
autoridade máxima do órgão ou da entidade contratante;
(...).
 Artigo da LLCA
Art. 138
Art. 138. A extinção do contrato poderá ser:
I - determinada por ato unilateral e escrito da
Administração, exceto no caso de descumprimento
decorrente de sua própria conduta;
II - consensual, por acordo entre as partes, por
conciliação, por mediação ou por comitê de resolução
de disputas, desde que haja interesse da Administração;
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Decisões consensuais (mediação) e arbitrais podem Os dispositivos modernizaram a linguagem e, por
extinguir o contrato coerência com a previsão de cláusula compromissória,
reconheceu-se também a jurisdição arbitral para fins de
A Lei n. 8.666/1993 apenas estabelecia que a rescisão extinção do contrato administrativo.
dos contratos poderia ser determinada por decisão
unilateral da Administração, amigavelmente ou por
decisão judicial. Foram admitidas, portanto, a extinção
contratual através de mediação e arbitragem.
 Artigo da LLCA Conteúdo Comentário
Art. 147 Declaração de nulidade do contrato – aspectos a serem A inclusão dos aspectos a serem considerados antes de
considerados ser declarada nulidade do contrato administrativo
Art. 147. Constatada irregularidade no procedimento permite trazer maior segurança jurídica também ao
licitatório ou na execução contratual, caso não seja A declaração de nulidade do contrato passa a ser uma gestor público, na medida em que contará com um rol
possível o saneamento, a decisão sobre a suspensão da medida a ser evitada. Deve-se, de início, tentar o objetivo de critérios a ser observado para justificar a
execução ou sobre a declaração de nulidade do contrato saneamento da irregularidade que poderia levar à decisão de manutenção, ou não, do contrato
somente será adotada na hipótese em que se revelar nulidade. Caso não seja possível o saneamento, deverão administrativo. Com isso, evita-se o fenômeno do
medida de interesse público, com avaliação, entre ser considerados todos os aspectos dispostos no art. “apagão das canetas”, no qual os gestores deixam de
outros, dos seguintes aspectos: 147 antes de ser declarada a nulidade. Se a opção for tomar decisões com receio de posterior
I - impactos econômicos e financeiros decorrentes do pela manutenção e continuidade do contrato, poderá o responsabilização pelos órgãos de controle. Além do
atraso na fruição dos benefícios do objeto do contrato; contratado ser obrigado a pagar indenização por perdas mais, esse rol objetivo de critérios permitirá também um
II - riscos sociais, ambientais e à segurança da e danos, e sofrer as demais penas cabíveis. maior controle por parte da sociedade, dos Tribunais de
população local decorrentes do atraso na fruição dos Conta e do Judiciário sobre a motivação nessas
benefícios do objeto do contrato; circunstâncias.
III - motivação social e ambiental do contrato;
IV - custo da deterioração ou da perda das parcelas
executadas;
V - despesa necessária à preservação das instalações e
dos serviços já executados;
VI - despesa inerente à desmobilização e ao posterior
retorno às atividades;
VII - medidas efetivamente adotadas pelo titular do
órgão ou entidade para o saneamento dos indícios de
irregularidades apontados;
VIII - custo total e estágio de execução física e financeira
dos contratos, dos convênios, das obras ou das parcelas
envolvidas;
IX - fechamento de postos de trabalho diretos e indiretos
em razão da paralisação;
(...)
 Artigo da LLCA
Art. 151
Art. 151. Nas contratações regidas por esta Lei, poderão
ser utilizados meios alternativos de prevenção e
resolução de controvérsias, notadamente a conciliação,
a mediação, o comitê de resolução de disputas e a
arbitragem.
Art. 155 e 156
Art. 155.O licitante ou o contratado será
responsabilizado administrativamente pelas seguintes
infrações: (...)
Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações
administrativas previstas nesta Lei as seguintes
sanções: (...)
Conteúdo
Meios alternativos de resolução de controvérsias
A LLCA passa a admitir, expressamente, que sejam
utilizados meios alternativos de prevenção e resolução
de controvérsias – (i) conciliação; (ii) mediação; (iii)
comitê de resolução de disputas (dispute boards); e (iv)
arbitragem.
Estabelecimento de critérios objetivos para a aplicação
de sanções
Foi reduzida a discricionariedade da Administração
contratante. Agora, foram listadas, de maneira objetiva,
quais são as sanções aplicáveis para cada infração.
Comentário
Por anos se discutiu se as controvérsias sobre contratos
administrativos poderiam ser objeto de meios
alternativos de resolução de conflitos. A Lei n.
8.666/1993 não contém previsão expressa neste
sentido, mas outras normas já admitiam esses meios
alternativos, como é o caso da Lei de Concessões e da
Lei de PPPs.
O Relator da LLCA no Senado Federal, o Senador
Anastasia, é um defensor da arbitragem e demais meios
de resoluções de conflitos, o que certamente contribuiu
para esse resultado.
A inclusão dos comitês de resolução de disputa (ou
dispute boards) é uma inovação que merece destaque,
pois mitiga e administra os riscos contratuais, evitando
parte dos conflitos entre contratante e contratado e
favorecendo a redução do custo de litígio.
A Lei n. 8.666/1993 apenas prevê as possíveis
penalidades, não estabelecendo os critérios para a sua
aplicação. Essa medida favorecerá a graduação das
penas e aumentará a segurança jurídica do parceiro
privado.
 Artigo da LLCA Conteúdo Comentário
Art. 159 Aplicação da Lei Anticorrupção Trata-se de medida que favorece a coerência e evita
insegurança jurídica e decisões conflitantes.
Art. 159. Os atos previstos como infrações O ato que configurar infração na LLCA e na Lei
administrativas nesta Lei ou em outras leis de licitações Anticorrupção será apurado e julgado conjuntamente,
e contratos da Administração Pública que também nos mesmos autos.
sejam tipificados como atos lesivos na Lei nº 12.846, de
1º de agosto de 2013, serão apurados e julgados
conjuntamente, nos mesmos autos, observados o rito
procedimental e a autoridade competente definidos na
referida Lei.

Art. 160 Possibilidade de desconsideração da personalidade Inexistia norma expressa sobre a desconsideração da
jurídica personalidade jurídica em matéria de licitações e
Art. 160. A personalidade jurídica poderá ser contratos administrativos, salvo na lei anticorrupção (Lei
desconsiderada sempre que utilizada com abuso do Passa-se a admitir a Administração contratante, de n. 12.846/13).
direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos forma autoexecutória, desconsidere a personalidade
atos ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar jurídica do infrator. Ou seja, a Administração poderá É preciso reconhecer que se trata de tema polêmico,
confusão patrimonial, e, nesse caso, todos os efeitos declarar a desconsideração sem precisar se socorrer ao ainda não pacificado no Judiciário.
das sanções aplicadas à pessoa jurídica serão Judiciário.
estendidos aos seus administradores e sócios com
poderes de administração, a pessoa jurídica sucessora
ou a empresa do mesmo ramo com relação de coligação
ou controle, de fato ou de direito, com o sancionado,
observados, em todos os casos, o contraditório, a ampla
defesa e a obrigatoriedade de análise jurídica prévia.
 Artigo da LLCA
Art. 174
Art. 174. É criado o Portal Nacional de Contratações
Públicas (PNCP), sítio eletrônico oficial destinado à:
I - divulgação centralizada e obrigatória dos atos
exigidos por esta Lei;
II - realização facultativa das contratações pelos órgãos
e entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário de todos os entes federativos.
Conteúdo Comentário
Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) A centralização das informações sobre as contratações
públicas é iniciativa que favorece a transparência e
Será criado site oficial com o objetivo de centralizar a permite maior controle por parte da sociedade.
publicidade dos atos determinados pela LLCA.
As seguintes informações constarão do PNCP (rol
exemplificativo): planos de contratações anuais;
catálogos eletrônicos de padronização; editais de
credenciamento e de pré-qualificação, aviso de
contratação direta e editais de licitação e respectivos
anexos; atas de registros de preços; contratos e termos
aditivos; notas fiscais eletrônicas.

Art. 178
Art. 178. O Título XI da Parte Especial do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa
a vigorar acrescido do seguinte Capítulo II-B: (...)
Revogação dos crimes previstos na Lei n. 8.666/1993
Os crimes que eram tipificados na Lei n. 8.666/1993 são
“transferidos” para o Código Penal, passando a integrar
o título XI da Parte Especial.
Optou o legislador por concentrar as matérias de acordo
com as suas especialidades, evitando-se a
fragmentação temática. Há novos tipos penais que
merecem atenção.
Seus contatos

Fernando Villela de Andrade

Vianna
Sócio / Partner
D +55 11 99410 4545
E fernando.villela@vpbg.com.br

Renato Otto Kloss

Sócio / Partner
D +55 11 96582 3615
E renato.kloss@vpbg.com.br
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