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PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.503/1997 – Crimes no Código de
Trânsito Brasileiro
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.503/1997 – Crimes no Código de Trânsito Brasileiro
Sergio Bautzer
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Gabarito...................................................................................................................... 105
Gabarito Comentado. ................................................................................................... 106
Referências Bibliográficas........................................................................................... 143
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Veículos automotores são todos aqueles em que há motor de propulsão que circule por
seus próprios meios, e que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou
para a tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas.
AUTOMÓVEL é o veículo automotor destinado ao transporte de passageiros, com capacidade
para até oito pessoas. Abrange: automóveis, micro-ônibus, ônibus elétrico que não circule sobre
trilhos, vans, motocicletas, motonetas, quadrículos, caminhões e tratores. Não abrange: veículos
ciclomotores, veículos de propulsão humana e de tração animal (bicicletas, patinetes, carroças).
MP/SP (Oral): imagine que o condutor de um veículo deixou o caminhão desengatado e
este desceu e atropelou uma pessoa, que veio a óbito. Neste caso, não se tem um crime de
trânsito, pois o critério do CTB é o agente estar na condução do veículo automotor.
Finalidade
Uma das finalidades da lei em comento é a proteção da segurança viária, conforme é esta-
belecido no art. 28:
Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e
cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
O crime de lesão corporal culposa decorrente de acidente de trânsito em regra é de ação penal
pública condicionada à representação. Porém será de ação penal pública incondicionada quando:
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Exemplo: imagine que uma pessoa seja atropelada por um veículo que transita em velocidade
superior à permitida para a via (ex.: veículo a 60km/h em uma pista de 40 km/h). O condutor,
entretanto, não estava embriagado, não participava de racha e, como se nota, a velocidade não
ultrapassa a permitida em 50 km/h à permitida para a via. Quando os peritos do instituto de
criminalista verificam a cena do crime, avaliando distância de frenagem e danos nos veículos,
eles verificam a velocidade do veículo no momento do acidente. O atropelado ainda será enca-
minhado ao IML, onde passará pelo exame de lesões. Ao final da coleta de elementos informa-
tivos, é possível que o Delegado de Polícia lavre o chamado termo circunstanciado para apurar
a lesão corporal culposa em virtude de acidente de trânsito. Imagine que depois disso o con-
dutor do veículo tenha arcado com todas as despesas relacionadas ao acidente e, ao chamar
a vítima para ser ouvida na delegacia, esta afirma que não deseja ser encaminhada para IML
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e, não obstante, “renuncia” ao seu direito de representar. Neste caso, a postura do delegado
deve ser a de tombar o termo circunstanciado em apuração e remetê-lo ao Poder Judiciário
(em algumas unidades da Federação, como no Distrito Federal, a tramitação é direta ao MP).
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Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado
e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado
ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante,
nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de
cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela
Lei n. 10.455, de 13.5.2002)
Obs.: Quais são as infrações de menor potencial ofensivo? (Art. 61, Lei n. 9.099/1995)
Crimes cuja pena máxima é de até 2 anos e todas as contravenções penais.
Atenção: em uma prova realizada pelo CESPE, no ano de 2013, o examinador elaborou
uma assertiva afirmando que os crimes contra as relações de consumo eram todos de
menor potencial ofensivo, o que demandava do aluno a leitura da letra da lei no tocan-
te, como diria o Capitão, ao Código de Defesa do Consumidor.
O crime de lesão corporal culposa ocorrida por acidente de trânsito será apurado por termo
circunstanciado. Será apurado por inquérito policial quando:
1. O condutor estiver embriagado ou sob efeito de substâncias entorpecentes;
2. O condutor estiver participando de competição ou exibição não autorizadas;
3. O condutor transitar em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km.
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Vale a pena transcrever a análise do artigo 291 do CTB feita pelo professor Guilherme de
Souza Nucci:
Acerca dos incisos I a III do § 1º, o agente não poderá preencher qualquer das hipóteses previstas
nesses incisos. Sendo assim, se sua conduta for detectada em qualquer dessas situações, a lesão
corporal culposa, caracterizada com infração penal de trânsito, deixa de ser considerada de menor
potencial ofensivo. Logo, não caberá a transação ou composição dos danos, nem se exige represen-
tação da vítima.
Sobre a questão da lesão corporal culposa causada por motorista embriagado ou drogado,
ensina Nucci.
Entendemos que não é necessário que o condutor faça o exame do bafômetro no caso em
comento, uma vez que a lei não exige no tipo penal um percentual de álcool no organismo do
autor, bastando assim o exame clínico de embriaguez, feito por perito oficial, e na falta deste
por duas pessoas idôneas.
Sobre o “racha” professa Nucci:
O inciso acima exposto trata-se da figura vulgarmente conhecida como “racha”. Desse modo, como
o tipo penal trata de um crime de perigo, pois configurado o dano, por exemplo: lesão corporal ou
morte, pune-se a infração mais grave, (vide art. 302 e 303) que absorve o art. 308. Pelo exposto,
cuidando-se de lesão corporal culposa, decorrente do crime descrito no art. 308, da lei em comento,
não se pode considerar de menor potencial ofensivo. Assim, afastam-se os benefícios advindos da
Lei n. 9.099/1995.2
Relativo à velocidade excessiva trata-se de infração administrativa prevista no art. 218, inc. III, desta
lei (dirigir em velocidade superior a máxima permitida para a via em 50%), considerada gravíssima,
embora importada com erro.3
1
Ibidem.
2
NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Comentadas: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.1137
3
Ibidem, p.1137
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O referido art. 218, III, indica o excesso quando atingida a velocidade superior á máxima em 50%,
enquanto o inc III do § 1º do art. 291 menciona 50Km/h. O equívoco soa-nos evidente. O motorista
em dirigir a 90 Km/ h em via cuja velocidade máxima é de 50 Km/h provocando acidente, com lesões
corporais culposas, pode receber os benefícios da Lei n. 9.099/1995, pois a velocidade em excesso
não atingiu 50 km /h. No entanto, cuida-se de infração administrativa gravíssima, uma vez que foi
ultrapassado o limite máximo de velocidade em mais de 50%.O ideal seria a mensão em percentual
e não é parâmetro fixo, vale dizer, 50km/h.4
De acordo com o doutrinador Ordeli Savedra Gomes no tocante à suspensão: “o juiz aplica
a penalidade de suspensão do direito de dirigir de uma pessoa que já está devidamente habi-
litada para conduzir veículos automotores em vias públicas” (…) No que se refere a proibição:
O juiz aplica a penalidade de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veícu-
los automotores em vias públicas, em relação a uma pessoa que ainda não esteja devidamente
habilitada nos termos deste código. Esta pessoa poderá, inclusive, já ter-se inscrito em um Centro
de Formação de Condutores e está em processo de aprendizagem, mas, em razão de ter cometido
determinado crime de trânsito, o juiz poderá lhe aplicar pena impeditiva de obter sua habilitação, por
determinado período de tempo.5
Você deve memorizar nos crimes previstos no CTB, quando o juiz, após o processo-crime,
converter a pena privativa de liberdade em restritiva de direitos, e o sujeito for prestar serviços
à comunidade, suas atividades serão disciplinadas pelo Art. 312-A do CTB:
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em que o
juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá
ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes ativida-
des: (Incluído pela Lei n. 13.281, de 2016) (Vigência)
4
Op. Cit. p.1159
5
GOMES, Ordeli Savedra, Código de trânsito Brasileiro Comentado e Legislação Complementar, 4ed, Curitiba: Juruá,2009,
p.291.
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I – trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras uni-
dades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; (Incluído pela Lei n. 13.281, de
2016) (Vigência)
II – trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de
acidente de trânsito e politraumatizados; (Incluído pela Lei n. 13.281, de 2016) (Vigência)
III – trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito;
(Incluído pela Lei n. 13.281, de 2016) (Vigência)
IV – outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes
de trânsito.
Você deve memorizar que o STJ entende que quando há penalidade de imposição da proi-
bição ou suspensão da CNH, não cabe HABEAS CORPUS, pois quando o juiz a impõe não há
ameaça à liberdade de ir e vir.
Análise do Artigo 293
Entendemos assim como a maioria da doutrina que a lei estabeleceu um espaço despro-
porcional para o magistrado fixar a pena em comento, pois ela deve ser aplicada entre o mínimo
de (dois) meses e o máximo de 5 (cinco) anos.
De acordo com NUCCI:
Em nosso ponto de vista, fixando o mínimo, o máximo ou qualquer medida no meio-termo, deve o
juiz fundamentar, expondo, claramente, as razões que o levaram a esse quantum. Entretanto, a ju-
risprudência é mais condescendente, exigindo motivação apenas para o caso de ser fixado período
superior a dois meses.6
6
Op. Cit. p.1139.
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Fixou-se o prazo em horas, ou seja, 48 horas, por esse motivo é necessário constar no mandado de
intimação exatamente o momento em que o oficial de justiça intimou o acusado a entregar o docu-
mento. Sendo assim, é de fundamental importância essa menção, pois somente se pode considerar
comprida qualquer penalidade envolvendo a suspensão da habilitação ou permissão para dirigir
quando a carteira for entregue a autoridade7.
Obviamente não há sentido, o réu que esteja cumprindo pena em regime fechado entregar
a carteira de habilitação, pois encontrando-se preso, é normal que o mesmo não possa sequer
dirigir.8
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia
da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada,
a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua
obtenção.
7
NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Comentadas: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.1137.
8
Ibidem.
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Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o
requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.
Cuida-se de medida positiva, a ser tomada de ofício pelo magistrado, ou atendendo a requerimen-
to do Ministério Público ou representação da autoridade policial, embora a lei seja, mais uma vez,
redundante ao exigir decisão fundamentada. (…) A decisão que deixar de decretar a suspensão
cautelar do direito de dirigir será impugnada pelo Ministério Público através de Recurso em Senti-
do Estrito, naturalmente sem efeito suspensivo. Porém, a decisão que suspender cautelarmente o
direito, pode ser impugnada pelo indiciado ou réu, através do mesmo recurso, embora sem o efeito
suspensivo.9
Nos termos do art. 294 do CTB, o delegado pode representar pela proibição ou suspensão
da habilitação, o que pode ser feito no próprio relatório final de conclusão do inquérito poli-
cial. A norma prevê que o juiz também pode decretar tal medida cautelar de ofício, o que é
questionável diante do princípio da imparcialidade. Vários dispositivos do sistema processual
penal brasileiro, que tratavam da possibilidade magistrado decretar a cautelar de ofício, foram
revogados por conta do Pacote Anticrime.
Análise do Artigo 295
Rege o artigo 295 do CTB:
9
Op. Cit. p.1141
10
GOMES, Ordeli Savedra,Código de trânsito Brasileiro Comentado e Legislação Complementar, 4. ed,Curitiba: Juruá,2009,
p.295.
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Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a pena-
lidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das
demais sanções penais cabíveis. (Redação dada pela Lei n. 11.705, de 2008)
Pela leitura da letra do artigo 296 do CTB verifica-se que o legislador adotou a corrente am-
pliativa da reincidência específica, ou seja, não é necessário que o condutor cometa o mesmo
crime de trânsito, que outrora foi condenado, devendo ele praticar qualquer delito previsto na
lei em estudo.
Assim, se o indivíduo foi processado e condenado por crime de embriaguez ao volante,
caso ele cometa um crime de “racha” após o trânsito em julgado da sentença do primeiro
processo, ele será considerado reincidente específico em crime de trânsito.
Sustentamos que a multa prevista no artigo em comento tem natureza penal, pois a base
de cálculo é feita a partir do Código Penal. Guilherme de Souza Nucci ainda acrescenta que a
11
NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Comentadas: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p.1236.
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vítima insatisfeita pela fixação da multa feita pelo juiz do processo criminal, pode demandar na
esfera cível uma complementação.12
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o con-
dutor do veículo cometido a infração:
I – com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com grande risco de grave dano patrimonial
a terceiros;
II – utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adulteradas;
III – sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
IV – com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;
V – quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados especiais com o transporte de passageiros
ou de carga;
VI – utilizando veículo em que tenham sido adulterados equipamentos ou características que afe-
tem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas
especificações do fabricante;
VII – sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres.
Circunstâncias Agravantes
São circunstâncias que servem para que o juiz eleve a pena do acusado.13
Dano potencial está diretamente ligado à virtualidade, potência ou capacidade produtiva do perigo.
A segunda diz respeito ao grande risco de grave dano patrimonial a terceiros. Aqui o comporta-
mento do condutor se revelou demasiadamente grave, expondo patrimônio de terceiros a riscos
financeiros elevados.
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A falsificação pode ser material (fabricação da placa for feita por agente não autorizado) ou
ideológica (placa emitida por órgão de trânsito porém tendo como base dados irreais).14
O condutor deve estar devidamente habilitado para conduzir aquele determinado veículo,
pois de nada lhe adianta possuir a habilitação na categoria A e conduzir veículo para o qual
necessita ter habilitação com categoria E.E
Portanto, se o proprietário tiver efetuado alguma alteração no veículo, a qual seja proibida,
ou não esteja devidamente registrada junto ao DETRAN, e vier a se envolver em crime de trân-
sito, terá essa circunstância agravante a seu desfavor.15
Análise do Artigo 301
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se
imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.
14
NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Comentadas: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.1144.
15
Ibidem. p.298
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Proibição da prisão em flagrante: cuida-se de medida salutar, pois os crimes de trânsito, quando
provocam danos (homicídios ou lesões corporais), são culposos, motivo pelo qual se espera do
condutor a sensibilidade de prestar pronto e integral socorro à pessoa atingida. Se não agiu proposi-
tadamente, constituindo o acidente fruto da sua imprudência, negligência ou da imperícia, a conduta
ideal é a prestação de socorro, que não poderá naturalmente, terminar ocasionando a sua prisão.
Não há compatibilidade entre o incentivo à prestação de ajuda à vítima do delito de trânsito e a
prisão do condutor em flagrante, obrigando-o a se submeter, por exemplo, à prestação de fiança
para sair do cárcere. Por outro lado, quando o crime ocorrer e houver omissão de socorro, torna-se
situação mais grave, gerando causa de aumento de pena (artigo 302, parágrafo único, III; art. 303,
parágrafo único).16
Diferença de voz de prisão x auto de prisão em flagrante: não podemos confundir o ato de dar
voz de prisão em flagrante (uma das fases da prisão) com a lavratura do auto de prisão em flagran-
te, que é a peça inaugural do inquérito (eu sugiro que você estude os arts. 304 a 306 do CPP).
Apresentação espontânea da pessoa que se apresenta espontaneamente na unidade poli-
cial alegando a prática de uma infração penal, até então desconhecida do Delegado de Polícia,
não tem o condão de impedir a decretação de prisão preventiva ou temporária, nos casos pre-
vistos no CPP e na Lei n. 7.960/1989.
NÃO PODEM SER SUJEITOS PASSIVOS DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE:
(I) o autor da infração penal que presta pronto e integral socorro;
O autor da infração penal de trânsito que presta pronto e integral socorro à vítima de aci-
dente de trânsito não poderá ser sujeito passivo do auto de prisão em flagrante.
Exemplo: motorista de caminhão de móveis que mata uma criança ao dar ré, mas, a despei-
to disso, chama a ambulância, permanecendo no local até o socorro e a Polícia chegarem e,
quando chamado a Delegacia, comparece prontamente para prestar todos os esclarecimentos.
Se há risco de o motorista ser linchado, ele até pode sair do local, mas desde que ligue para o
SAMU, Corpo de Bombeiros Militar ou tome as medidas necessárias para providenciar o socorro.
(II) o adolescente infrator tendo em vista que o ECA já prevê um procedimento especial
(auto de apreensão);
(III) o usuário de drogas.
16
NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Comentadas: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p.1242.
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Caso do usuário de drogas: o art. 48 da Lei de Drogas (11.343/06) dispõe que o usuário
que se recusar a assinar o termo de compromisso de comparecimento ao Juizado Especial
Criminal não será preso em flagrante. Em verdade, mais correto e técnico seria que o art. 48 da
Lei de Drogas colocasse como consequência a não lavratura de auto de prisão em flagrante
considerando a impossibilidade de detenção do usuário.
Rege o art. 48 da Lei de Drogas:
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos neste Título rege-se pelo dis-
posto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal
e da Lei de Execução Penal.
§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso
com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts. 60
e seguintes da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais
Criminais.
§ 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, deven-
do o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir
o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as
requisições dos exames e perícias necessários.
§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas no § 2º deste artigo serão tomadas
de imediato pela autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente.
§ 4º Concluídos os procedimentos de que trata o § 2º deste artigo, o agente será submetido a exa-
me de corpo de delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender conveniente,
e em seguida liberado.
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei n. 9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados Espe-
ciais Criminais, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena prevista no art. 28
desta Lei, a ser especificada na proposta.
LEMBRE-SE: a Lei de Drogas foi alterada em 2019, criando a chamada internação voluntá-
ria e involuntária no âmbito administrativo, o que demonstra que o usuário é um caso de saúde
pública. Atenção, mesmo com a referida alteração legislativa, PORTE DE DROGA PARA USO
PRÓPRIO CONTINUA SENDO CRIME.
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(IV) aquele que assume o compromisso de comparecer ao juizado especial criminal (art. 69,
parágrafo único, Lei n. 9099/95).
O autor de infração de menor potencial ofensivo que assumiu o compromisso de compa-
recer ao Juizado não poderá ser sujeito passivo do auto de prisão em flagrante. Do contrário,
não assinando o termo de compromisso comparecimento ao Juizado Especial Criminal, será
lavrado o auto de prisão em flagrante e fixado o valor da fiança.
Omissão de socorro como crime subsidiário: o crime de omissão de socorro previsto no
Art. 304 do CTB é infração de menor potencial ofensivo, mas é crime subsidiário, pois pode ser
que o fato constitua elemento de crime mais grave, como no caso do homicídio culposo.
O Art. 304 do CTB é modalidade especial de omissão de socorro (prevista no CP).
CTB
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, apli-
cam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não
dispuser de modo diverso, bem como a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da
Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo
único pela Lei n. 11.705, de 2008)
(i) Na COMPOSIÇÃO CIVIL – Autor e Vítima chegam a um acordo lavrado em audiência pre-
liminar convocada antes do oferecimento da denúncia. Tal audiência de conciliação é realizada
antes de se propor a transação e, uma vez realizada a composição, a vítima renuncia ao direito
de queixa ou de representação. A sentença que homologa a composição civil é irrecorrível.
Caso não haja o cumprimento do acordo, a sentença que homologa a composição é executada
no Juízo Cível.
(ii) A TRANSAÇÃO PENAL também é realizada em audiência preliminar, constituindo-se
em um acordo entre o Promotor de Justiça e o autor do fato (Art. 76, Lei n. 9.099/1995). Da
sentença que homologa a transação penal, contudo, cabe Apelação, diferente do que ocorre
com a composição civil (Art. 76, § 5º, Lei n. 9.099/1995). Caso o sujeito não cumpra o acordo,
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o juiz abre vista ao MP, que oferecerá a denúncia ou requererá o retorno do procedimento in-
vestigatório para a unidade policial requisitar diligências, de acordo com o disposto em Súmula
Vinculante do STF.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não
sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena res-
tritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por
sentença definitiva;
II – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena
restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena
restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para
impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de anteceden-
tes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo
aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
(iii) O Art. 88 da Lei n. 9.099/1995 exige REPRESENTAÇÃO para os crimes de lesão corporal
leve e lesão corporal culposa:
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação
a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Antes da edição da Lei dos Juizados Especiais Criminais, tais delitos eram de ação penal
pública incondicionada.
Exceção ao Art. 88, L.9099/95: Art. 41 da Lei Maria da Penha determina que não se aplica a
Lei n. 9.099/1995 aos crimes (e contravenções) cometidos em situação de violência doméstica.
Logo, a lesão corporal em situação de violência doméstica é de ação penal pública incondiciona-
da. O mesmo valendo para a contravenção penal praticada em situação de violência doméstica.
Rege o art. 41 da Lei Maria da Penha:
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Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independente-
mente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não te-
nha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
CTB
Art. 291.
§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da
Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo
único pela Lei n. 11.705, de 2008)
I – sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
(Incluído pela Lei n. 11.705, de 2008)
Até um determinado tempo apenas era possível lavrar o auto de prisão em flagrante por
embriaguez ao volante se a pessoa tivesse soprado o bafômetro, sendo que o resultado era
comprovado por meio da “fita” confeccionada pelo aparelho. Depois da alteração de 2008 feita
pelo legislador em relação ao art. 306 do CTB, muitos condutores começaram a se recusar se
submeter ao teste do etilômetro. Em 2012, houve nova alteração no art. 306 do CTB, para que
outros meios de prova fossem usados para autuação criminal do motorista embriagado.
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apenas as substâncias ilícitas que determinam dependência. O Art. 243 do ECA, por exemplo,
fala em substâncias que causam dependência e que são vendidas livremente no comércio,
como a cola de sapateiro, por exemplo. Assim, ainda que a cola seja uma substância lícita,
não enquadrada no rol de entorpecentes, ela causa dependência (O art. 243 do ECA foi um dos
assuntos mais cobrados pelo MPSP nos anos 2000).
Deve-se ter cuidado ao estudar o CTB na parte da racha, pois tal delito, assim como a
embriaguez ao volante e a lesão culposa em virtude de acidente de trânsito, sofreu profundas
muitas alterações.
A exibição não autorizada, que é diferente da competição não autorizada, também afasta a
aplicação de medidas despenalizadoras, caso alguém se lesione. Ex.: motociclistas que costu-
mam empinar motos com alguém na garupa, por exemplo, caso causem um acidente, respon-
dem pelo crime de lesão corporal culposa prevista no CTB, sem a possibilidade de aplicação
das medidas despenalizadoras. Vale lembrar, porém, que existem exibições autorizadas pelo
Poder Público.
III – transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta qui-
lômetros por hora). (Incluído pela Lei n. 11.705, de 2008)
CUIDADO: quando o indivíduo recebe uma multa administrativa, ela vem com a infração
descrita em forma de porcentagem e não nominalmente, como ocorre no inciso III (50 km/h).
Exemplo: o condutor que transita a 120 km/h em uma via de 60 km/h encaixa-se nesta exce-
ção. Cabe mencionar que o laudo/informação pericial juntados ao inquérito são capazes de
indicar a velocidade do motorista no momento do acidente que ocasionou a lesão corporal.
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§ 2º Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a
investigação da infração penal. (Incluído pela Lei n. 11.705, de 2008)
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Penas – reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei n. 13.546, de 2017) (Vigência)
Além do mais, o crime de homicídio culposo do Código Penal NÃO é punido com a mesma
pena do homicídio culposo previsto no Código de Trânsito.
Você deve memorizar que o STF e o STJ entendem que o fato de a infração do Art. 302 do
CTB ter sido praticada por motorista profissional não conduz à substituição da pena acessória
do direito de dirigir por outra, pois é justamente de tal categoria que se espera mais cuidado e
responsabilidade no trânsito.
JURISPRUDÊNCIA
HOMICÍDIO. FAIXA. PEDESTRES. A causa de aumento da pena constante do art. 302,
parágrafo único, II, do CTB só incide quando o homicídio culposo cometido na direção de
veículo automotor ocorrer na calçada ou sobre a faixa de pedestres. Portanto, não incide
quando o atropelamento ocorrer a poucos metros da referida faixa, tal como no caso,
visto que o Direito Penal não comporta interpretação extensiva em prejuízo do réu, sob
pena de violação do princípio da reserva legal (art. 5º, XXXIX, da CF/1988). HC 164.467-
AC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5ª Turma, julgado em 18/5/2010.)
Objetividade Jurídica
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Sujeito ativo é o condutor do veículo. Trata-se de crime comum, ou seja, qualquer pessoa
pode praticá-lo. O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa.
Havendo duas ou mais vítimas, aplica-se, no caso, a regra do art. 70 CP (concurso formal).
Objeto Material
A pessoa que vem a morrer, vítima da ação do agente. Na definição de GIULIO BATTAGLINI,
“objeto material é a coisa corporal ou a pessoa física sobre a qual a ação incide materialmente.”17
Elemento Subjetivo
Você deve memorizar que o STJ entende que na hipótese de homicídio praticado na dire-
ção de veículo automotor, havendo elementos nos autos indicativos de que o condutor agiu,
possivelmente, com dolo eventual, o julgamento acerca da ocorrência deste ou da culpa cons-
ciente compete ao Tribunal do Júri, na qualidade de juiz natural da causa.
17
Direito penal; parte geral, trad. De Paulo José da Costa Jr. E Ada Pellegrini Grinover, com notas de Euclides Custódio da
Silveira, São Paulo, Saraiva, 1964, p.139
18
JESUS, DAMÁSIO EVANGELISTA DE. CRIME DE TRÂNSITO. SÃO PAULO. ED. SARAIVA. 1998
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Tentativa
Consumação
Perdão Judicial
O instituto do perdão judicial é admitido toda vez que as consequências do fato afetem
o respectivo autor, de forma tão grave que a aplicação da pena não teria sentido, injusti-
ficável de torna sua cisão (STJ, HC 21.442, SP, 5ªT., rel. Min. Jorge Scartezzinni, DJU de
9-12-2002, Revista IOB de Direito Penal e Processual Penal n. 18, p.86).
A 6ª Turma do STJ:
O perdão judicial não pode ser concedido ao agente de homicídio culposo na direção de
veículo automotor (art. 302 do CTB) que, embora atingido moralmente de forma grave
pelas consequências do acidente, não tinha vínculo afetivo com a vítima nem sofreu
sequelas físicas gravíssimas e permanentes. Conquanto o perdão judicial possa ser apli-
cado nos casos em que o agente de homicídio culposo sofra sequelas físicas gravíssi-
mas e permanentes, a doutrina, quando se volta para o sofrimento psicológico do agente,
enxerga no § 5º do art. 121 do CP a exigência de um laço prévio entre os envolvidos
para reconhecer como “tão grave” a forma como as consequências da infração atingi-
ram o agente. A interpretação dada, na maior parte das vezes, é no sentido de que só
sofre intensamente o réu que, de forma culposa, matou alguém conhecido e com quem
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mantinha laços afetivos. O exemplo mais comumente lançado é o caso de um pai que
mata culposamente o filho. Essa interpretação desdobra-se em um norte que ampara o
julgador. Entender pela desnecessidade do vínculo seria abrir uma fenda na lei, não dese-
jada pelo legislador. Isso porque, além de ser de difícil aferição o “tão grave” sofrimento,
o argumento da desnecessidade do vínculo serviria para todo e qualquer caso de delito
de trânsito com vítima fatal. Isso não significa dizer o que a lei não disse, mas apenas
conferir-lhe interpretação mais razoável e humana, sem perder de vista o desgaste emo-
cional que possa sofrer o acusado dessa espécie de delito, mesmo que não conhecendo
a vítima. A solidarização com o choque psicológico do agente não pode conduzir a uma
eventual banalização do instituto do perdão judicial, o que seria no mínimo temerário no
atual cenário de violência no trânsito, que tanto se tenta combater. Como conclusão, con-
forme entendimento doutrinário, a desnecessidade da pena que esteia o perdão judicial
deve, a partir da nova ótica penal e constitucional, referir-se à comunicação para a comu-
nidade de que o intenso e perene sofrimento do infrator não justifica o reforço de vigência
da norma por meio da sanção penal. REsp 1.455.178-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 5/6/2014.
Ação Penal
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
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Você deve memorizar que o STJ entende que o crime de embriaguez ao volante e de lesão
corporal culposa na direção de veículo automotor, são autônomos e o primeiro não é meio
normal nem fase de preparação ou execução para o cometimento do segundo, não havendo
em se falar no princípio da consunção. Haverá, portanto, lesão corporal culposa em concurso
com embriaguez ao volante. Tal entendimento deve ser usado quando resultar lesão corporal
culposa de natureza “grave”.
Objetividade Jurídica
O bem protegido pelo direito penal é a incolumidade física dos outros condutores de
veículos e dos pedestres.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O mesmo vale para a vítima.
Elemento Subjetivo
É a culpa. Culposos são os crimes “em que o resultado provém de imprudência, negligên-
cia ou imperícia do agente”.19 A forma dolosa não é tipificada como crime de trânsito.
Objeto Material
Tentativa
Não tentativa em crime culposo. “O dolo é essência à tentativa. Assim, não há tentativas
em crime culposo”.
Consumação
Consuma-se o crime com a mera ofensa à integridade física da vítima. Assim é o entendi-
mento jurisprudencial:
19
Aníbal Bruno, Direito Penal: parte geral, 3. Ed, Rio de Janeiro, Forense, 1967, t.2, p.223
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Lesões corporais culposas, ainda que mínimas, constituem a materialidade exigida para
o reconhecimento do delito do art. 303 da L. 9503/97 (TJRS, ACr 70005350897, 1ª CCrim,
rel. Des. Manuel José Martinez Lucas, j. 12-3-2003, Revista de Direito Penal e Processual
n.23, p. 139)
Perdão Judicial
STJ – HC 21442 / SP
EMENTA
PROCESSO PENAL – ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO – PERDÃO JUDICIAL – MORTE DO
IRMÃO E AMIGO DO RÉU – CONCESSÃO – BENEFÍCIO QUE APROVEITA A TODOS.
– Sendo o perdão judicial uma das causas de extinção de punibilidade (art.107, inciso
IX, do C.P.), se analisado conjuntamente com o art. 51, do Código de Processo Penal (“o
perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos…”), deduz-se que o benefí-
cio deve ser aplicado a todos os efeitos causados por uma única ação delitiva. O que é
reforçado pela interpretação do art. 70, do Código Penal Brasileiro, ao tratar do concurso
formal, que determina a unificação das penas, quando o agente, mediante uma única
ação, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não.
– Considerando-se, ainda, que o instituto do Perdão Judicial é admitido toda vez que as
consequências do fato afetem o respectivo autor, de forma tão grave que a aplicação da
pena não teria sentido, injustificável se torna sua cisão.
– Precedentes.
– Ordem concedida para que seja estendido o perdão judicial em relação à vítima Rodrigo
Antônio de Medeiros, amigo do paciente, declarando-se extinta a punibilidade, nos termos
do art. 107, IX, do CP.
Você deve memorizar que o STJ entende que quando não reconhecida a autonomia de
desígnios, o crime de lesão corporal culposa (art. 303 do CTB) absorve o delito de direção sem
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habilitação (art. 309 do CTB), funcionando este como causa de aumento de pena (art. 303,
parágrafo único, do CTB).
Classificação
Damásio de Jesus diz que o delito de circulação é o “praticado por intermédio do automóvel”.20
Aplicam-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa a composição civil e a transa-
ção penal, exceto:
1. se o agente estiver embriagado ou sob efeito de substâncias entorpecentes;
2. se o agente estiver participando de competição ou exibição não autorizadas;
3. se o agente estiver transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via
em 50 km.
Ação Penal
Diante da redação do artigo 291 da lei em comento, alterado pela “Lei Seca”, concluímos que
o crime de lesão corporal culposa decorrente de acidente de trânsito em regra é de ação penal
pública condicionada à representação. Porém será de ação penal pública incondicionada quando:
1. O condutor estiver embriagado ou sob efeito de substâncias entorpecentes;
2. O condutor estiver participando de competição ou exibição não autorizadas;
3. O condutor transitar em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km.
JURISPRUDÊNCIA
STF – HC 80303 / MG – MINAS GERAIS
E M E N T A: HABEAS CORPUS – DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR – MOTORISTA NÃO
HABILITADO – ACIDENTE DE TRÂNSITO – LESÕES CORPORAIS CULPOSAS – VÍTIMA
QUE NÃO OFERECE REPRESENTAÇÃO DENTRO DO PRAZO LEGAL – EXTINÇÃO DA PUNI-
BILIDADE DO AGENTE – ABSORÇÃO DO CRIME DE PERIGO (CTB, ART. 309) PELO DELITO
20
DISPONÍVEL EM 31/10/10, EM http: //www.monografias.brasilescola.com/direito/classificacao-legal-doutrinaria-dos-cri-
mes.htm
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DE DANO (CTB, ART. 303) – PEDIDO DEFERIDO. – O crime de lesão corporal culposa,
cometido na direção de veículo automotor (CTB, art. 303), por motorista desprovido de
permissão ou de habilitação para dirigir, absorve o delito de falta de habilitação ou per-
missão tipificado no art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro. – Com a extinção da puni-
bilidade do agente, quanto ao delito tipificado no art. 303 do Código de Trânsito Brasileiro
(crime de dano), motivada pela ausência de representação da vítima, deixa de subsistir,
autonomamente, a infração penal prevista no art. 309 do CTB (crime de perigo). Prece-
dentes de ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal. (STF, HC 80.303-MG, rel. Min.
Celso de Mello, 2ª Turma, DJU de 10-11-2000)
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Em 2017, o Código Penal foi alterado, de modo que o crime de lesão corporal em acidente
de trânsito passou a ter nova redação. Atualmente, se o sujeito causar uma lesão corporal cul-
posa em virtude de acidente de trânsito ou estiver embriagado ou sobre efeito de droga, a pena
poderá ser de até 5 anos se a lesão for de natureza grave ou gravíssima (ex.: moto que atropela
um pedestre e deixa este paraplégico).
PROBLEMA: até o advento da lei em 2017, a lesão corporação culposa não previa outras
naturezas, era penas a leve. Hoje, o CTB prevê duas modalidades (grave e gravíssima).
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima,
ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com feri-
mentos leves.
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Objeto Material
Elemento Subjetivo
Morte Instantânea
O tipo penal afirma incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo que se
omite em havendo vítima com morte instantânea.
Vale ressaltar que se a vítima for socorrida por terceiros ou se sofrer lesões corporais le-
ves, o crime restará configurado se o condutor do veículo se omitir.
Consumação
Com a mera omissão do agente. Para o doutrinador Luiz Flávio Gomes: “Não é preciso re-
sultado naturalístico. Consuma-se com a simples omissão”.
21
JESUS, DAMÁSIO EVANGELISTA DE. CRIME DE TRÂNSITO. SÃO PAULO. ED. SARAIVA. 1998
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Tentativa
Ação Penal
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal
ou civil que lhe possa ser atribuída:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Luiz Flávio Gomes entendia que o artigo 305 do CTB ofende o artigo 5º, LXVII, da Constitui-
ção Federal, pois: “ninguém está sujeito a prisão por obrigações civis (ressalvando-se as duas
hipóteses constitucionais: alimentos e depositário infiel). No art. 305 está contemplada uma
hipótese de prisão (em abstrato) por causa de uma responsabilidade civil. Pelas razões invo-
cadas, em suma, há séria dúvida sobre a constitucionalidade do preceito legal em debate”23.
Fernando Capez que sustenta que: “Não nos parece plausível o segundo argumento, no sen-
tido de que a infração penal em tela ofende o art. 5º, LXVII, da Constituição Federal, que veda
prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de
obrigação alimentícia e a do depositário infiel. Na realidade o agente é punido pelo artifício uti-
lizado para burlar a administração da justiça, e não pela dívida decorrente de ação delituosa”.24
22
Capez, Fernando. Curso de Direito Penal – Legislação Penal Especial. São Paulo, Saraiva, 2009, p.305.
23
Gomes, Luiz Flávio. Estudos de Direito penal e processual penal, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1988, p.47.
24
Capez, Fernando. Curso de Direito Penal – Legislação Penal Especial. São Paulo, Saraiva, 2009, p.314.
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.503/1997 – Crimes no Código de Trânsito Brasileiro
Sergio Bautzer
Plenário julga constitucional norma do CTB que tipifica como crime a fuga do local de
acidente
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deu provimento ao Recurso Extraordinário
(RE) 971959, com repercussão geral reconhecida, e considerou constitucional o artigo 305
do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que tipifica como crime a fuga do local de acidente.
A maioria dos ministros, nesta quarta-feira (14), entendeu que a norma não viola a garantia
de não autoincriminação, prevista no artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição Federal.
No caso dos autos, o condutor fugiu do local em que colidiu com outro veículo e foi con-
denado, com base no dispositivo, a oito meses de detenção, pena substituída por res-
tritiva de direitos. No entanto, no julgamento de apelação, o Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul (TJ-RS) absolveu o réu. A corte gaúcha considerou inconstitucional o artigo
do CTB com o fundamento de que a simples presença no local do acidente representaria
violação da garantia de não autoincriminação, uma vez que ninguém é obrigado a produ-
zir provas contra si. Buscando a reforma do acórdão do TJ-RS, o Ministério Público do Rio
Grande do Sul interpôs o recurso extraordinário ao Supremo.
Voto
O relator do RE, ministro Luiz Fux, votou pelo desprovimento do recurso. Segundo seu enten-
dimento, o tipo penal previsto no dispositivo tem como bem jurídico tutelado a administração
da Justiça, que, a seu ver, fica prejudicada pela fuga do agente do local do evento, pois essa
atitude impede sua identificação e a apuração do ilícito na esfera penal e civil.
“Quando ocorre um acidente de trânsito e a autoridade policial colhe as informações com
a presença dos protagonistas do evento, essa diligência por vez se transforma em meio de
defesa do suposto acusado numa eventual ação penal. A permanência no local é do interesse
da administração da Justiça. O particular ou o Ministério Público poderá dispor de instrumen-
tos necessários para a promoção da responsabilização civil ou penal de quem eventualmente
provoca, dolosa ou culposamente, um acidente de trânsito”, afirmou o relator.
O ministro Fux apontou que a jurisprudência do STF sempre prestigiou o princípio da não
autoincriminação, porém evoluiu no sentido de que não há direitos absolutos e que, no
25
Disponível em http: //www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=395716 Acesso em 16/04/2020,
às 19h29.
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sistema de ponderação de valores, é admitida uma certa mitigação. “Essa evolução con-
solidou-se no julgamento do RE 640139, quando se afirmou que o princípio constitucional
da autoincriminação não alcança aquele que atribui falsa identidade perante autoridade
policial com o intuito de ocultar maus antecedentes”, sustentou.
Para o relator, o direito à não autoincriminação não pode ser interpretado como direito do
suspeito, acusado ou réu a não participar de determinadas medidas de cunho probatório.
“A exigência de permanência no local do acidente e de identificação perante a autoridade
de trânsito não obriga o condutor a assumir expressamente sua responsabilidade civil ou
penal e tampouco enseja que seja aplicada contra ele qualquer penalidade caso assim
não o proceda”, ressaltou.
Provimento
Primeiro a seguir o relator, o ministro Alexandre de Moraes ressaltou a situação “caótica”
no trânsito brasileiro. Citando dados de 2017, ele assinalou que houve 47 mil mortes no
país por causa de acidentes de trânsito, sendo que 400 mil pessoas ficaram com seque-
las. O gasto resultante, de R$ 56 bilhões, daria para construir 28 mil escolas ou 1,8 mil
hospitais.
O ministro Edson Fachin afirmou que o legislador fez uma escolha ao tipificar essa con-
duta e citou a Convenção de Viena sobre Trânsito Viário, internalizada no Brasil em 1981,
a qual prevê que o condutor ou qualquer outro usuário da via implicado em acidente de
trânsito deverá, se houver mortos ou feridos, advertir a polícia e permanecer ou voltar ao
local até a chegada da autoridade, a menos que tenha sido autorizado para abandonar o
local ou que deva prestar auxílio às vítimas ou ser ele próprio socorrido.
Na avaliação do ministro Luís Roberto Barroso, o Estado não deve passar a mensagem
de que quem se envolva em acidente pode fugir do local, deixando para trás vítimas ou
danos materiais. “Se estendermos o direito à não autoincriminação à possibilidade de
fuga, sem atenção à vítima ou a danos, estaríamos estimulando um comportamento de
falta de solidariedade e de irresponsabilidade”, observou.
Destacando que não há direitos absolutos, a ministra Rosa Weber frisou que a exigência
de permanência do condutor no local permite sua identificação, facilita a responsabiliza-
ção penal e civil e, em casos de acidentes com vítimas, é um importante fator de solida-
riedade a incrementar, ainda que indiretamente, a proteção à vida e à integridade física
da vítima.
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Também para a ministra Cármen Lúcia, não há, no caso, afronta ao princípio da propor-
cionalidade ou excesso na atuação do legislador. “A conduta tipificada no artigo não
me parece conter excesso, pois o direito é feito considerando a realidade para a qual se
produz”, assinalou.
As sanções impostas pela norma impugnada, para o ministro Ricardo Lewandowski, não
se mostram irrazoáveis nem desproporcionais. “A presença do condutor no local do aci-
dente, por si só, não significa qualquer autoincriminação e pode até constituir um meio
de autodefesa, na medida em que constitui uma oportunidade para esclarecer as circuns-
tâncias do acidente que, eventualmente, podem militar a seu favor”, disse. No entanto,
para o ministro, o eventual risco de agressões que o condutor pode sofrer por parte dos
envolvidos ou uma lesão corporal sofrida que exija o abandono do local do acidente pode
ser legitimado mediante a alegação de uma excludente de ilicitude, tal como a legítima
defesa ou o estado de necessidade.
Divergência
O ministro Gilmar Mendes foi o primeiro a divergir do relator no sentido do desprovimento
do recurso. Segundo Mendes, o STF já assentou que o direito de permanecer calado, pre-
visto na Constituição, deve ser interpretado de modo amplo, e não literal. A Corte já afir-
mou que viola tal direito a obrigação de fornecimento de padrões grafotécnicos, de parti-
cipação em reconstituição de crime e de submissão ao exame de alcoolemia, disse. “Não
calha aqui o argumento de que, permanecendo em silêncio, não estaria a produzir prova
contra si. A comprovação da conduta criminosa pressupõe a configuração de autoria e
de materialidade, e a permanência do imputado no local do crime inquestionavelmente
contribui para a comprovação da autoria, assentando o seu envolvimento com o fato em
análise potencialmente criminoso”.
Além disso, o STF, no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Funda-
mental (ADPF) 395, consignou que a condução coercitiva do imputado para prestar infor-
mações, ainda que possa permanecer em silêncio, viola o direito à não autoincriminação.
Portanto, para Mendes, partindo de idêntica lógica, “o fato de o condutor do veículo poder
permanecer posteriormente em silêncio não afasta a violação ao direito à não autoincri-
minação quando obrigado a permanecer no local do acidente”.
Não há, no caso, para o ministro, ofensa ao princípio da proporcionalidade como proi-
bição de excesso. A fuga do local do acidente, ressaltou, pode ser objeto de tutela jurí-
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dica por outros âmbitos do Direito, suficientes para resguardar os interesses em ques-
tão. Além disso, ressaltou que há desproporcionalidade por excesso ao se considerar
a disparidade de tratamento em relação a outros delitos mais graves, como estupro ou
homicídio. Nesses casos, o legislador não criminalizou a conduta do acusado que venha
a evadir-se do local.
O ministro Marco Aurélio também acompanhou a divergência. Para ele, a norma, “no que
lança ao banco dos réus alguém que simplesmente deixa o local do acidente”, não é har-
mônica com o princípio constitucional da proporcionalidade. Também o decano da Corte,
ministro Celso de Mello, divergiu do relator por entender que a cláusula contra a autoin-
criminação não se restringe ao direito de permanecer silêncio, mas preserva o suspeito,
investigado, denunciado ou o réu da obrigação de colaborar ativa ou passivamente com
as autoridades, sob pena de infringência à cláusula do devido processo legal. Com os
mesmos argumentos, o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, também acompa-
nhou a corrente divergente pelo não provimento do recurso.
Tese
Por maioria de votos, vencidos os ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de
Mello, o Plenário aprovou a seguinte tese de repercussão geral, proposta pelo relator,
ministro Luiz Fux: “A regra que prevê o crime do artigo 305 do CTB é constitucional posto
não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e as hipóteses
de exclusão de tipicidade e de antijuridicidade.
Objetividade Jurídica
Objetividade Material
Local do acidente.
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Consumação
Cabe a aplicação dos benefícios da Lei n. 9.099/1995. No caso, são cabíveis a suspensão
do processo e a transação penal.
Tentativa
É admissível, uma vez que se trata de crime plurissubsistente. Para Capez, a tentativa é
possível, desde que o agente não obtenha êxito em se afastar do locus delicti.26
Ação Penal
Jurisprudência e Doutrina
STJ – HC 14021 / SP
EMENTA
PENAL. DELITO DE TRÂNSITO. AFASTAMENTO DO LOCAL. CRIME COMISSIVO PRÓPRIO.
AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
26
Capez, Fernando. Curso de Direito Penal – Legislação Penal Especial. São Paulo, Saraiva, 2009, p.316.
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Fernando Capez diz que: “É evidente, entretanto, que todas as pessoas que tenham esti-
mulado a fuga ou colaborado diretamente para que ela ocorresse responderão pelo crime na
condição de partícipes”.27
Concurso Material
Em uma situação hipotética, um indivíduo atropela e foge. Neste caso, há concurso material
de crimes.
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal
ou civil que lhe possa ser atribuída:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência
de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei n.
12.760, de 2012)
Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permis-
são ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei n. 12.760, de 2012)
I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior
a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei n. 12.760, de 2012)
II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora.
(Incluído pela Lei n. 12.760, de 2012)
§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou to-
xicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito
admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela Lei n. 12.971, de 2014)
27
Capez, Fernando. Curso de Direito Penal – Legislação Penal Especial. São Paulo, Saraiva, 2009, p.315
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§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos
para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei n. 12.971,
de 2014)
§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia – INMETRO – para se determinar o previsto no caput. (Incluído pela Lei n.
13.840, de 2019)
O pagamento da multa reparatória prevista no 297 do CTB será abatido do valor indeniza-
Objetividade Jurídica
mediata.
Objeto Material
Veículo conduzido.
O sujeito ativo pode ser pessoa que dirige veículo automotor, com capacidade psicomoto-
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Elemento Subjetivo
Tentativa
Inadmissível, uma vez que se o agente tiver quantidade inferior a 6 (seis) decigramas de
álcool por litro de sangue, por exemplo, haverá infração administrativa.
Consumação
Ocorre no momento em que o indivíduo dirige o veículo automotor com capacidade psico-
motora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que deter-
mine dependência.
Ação Penal
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I – O delito de embriaguez ao volante previsto no art. 306 da Lei n. 9.503/97, por ser de
perigo concreto, necessita, para a sua configuração, da demonstração da potencialidade
lesiva. In casu, em momento algum restou claro em que consistiu o perigo, razão pela
qual impõe-se a absolvição do réu-recorrente (Precedente).
II – A análise de matéria que importa em reexame de prova não pode ser objeto de apelo
extremo, em face da vedação contida na Súmula 7 – STJ (Precedente). Recurso despro-
vido. (GRIFEI) (STJ, REsp 608.078-RS, rel. Min. Felix Fischer, 5ª Turma, DJU de 16-08-2004).
Você deve memorizar que o STJ entende que o crime do art. 306 do CTB é de perigo abs-
trato, sendo despicienda a demonstração da efetiva potencialidade lesiva da conduta.
Capez diz que:
De acordo com a nova redação legal, não é mais necessário que a conduta do agente exponha a
dano potencial a incolumidade de outrem, bastando que dirija embriagado, pois presume-se o peri-
go. Assim, não se exigirá que a acusação comprove que o agente dirigia de forma anormal, de forma
a colocar em risco a segurança viária.29
Uso do Bafômetro
Se a medida constatada for até 0,13 mg/l de ar alveolar, levando-se em consideração a to-
lerância do Decreto 6488/08 e a margem de erro da Portaria do Imentro n. 06/02, o agente de
trânsito não deverá lavrar auto de infração e deverá liberar o veículo.
Agora se a medida constatada for de 0,14 a 0,33 mg/l de ar alveolar, o agente de trânsito
deverá lavrar o auto de infração, recolher a carteira de habilitação, e liberar o veículo a outro
motorista devidamente habilitado.
Por fim, se a medida constatada for igual ou superior a 0,34 mg/l de ar alveolar, o agente de
trânsito deverá lavrar o auto de infração, recolhendo a carteira de habilitação mediante recibo,
e dar voz de prisão pela prática do delito previsto no artigo 306 do CTB. A 1ª via será fornecida
para Autoridade Policial, para que seja anexado aos autos do inquérito.
29
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4: legislação penal especial/ Fernando Capez. – 4.ed.-São Paulo: Saraiva,
2009, p. 318.
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Você deve memorizar que o STJ entende que para a configuração do delito tipificado no
art. 306 do CTB, antes da alteração introduzida pela Lei n. 12.760/2012, é imprescindível a
aferição da concentração de álcool no sangue por meio de teste de etilômetro ou de exame de
sangue, conforme parâmetros normativos.
Também o STJ entende que com o advento da Lei n. 12.760/2012, que modificou o art. 306
do CTB, foi reconhecido ser dispensável a submissão do acusado a exames de alcoolemia,
admite-se a comprovação da embriaguez do condutor de veículo automotor por vídeo, teste-
munhos ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova.
Por fim, você deve memorizar que o STJ entende que é irrelevante qualquer discussão
acerca da alteração das funções psicomotoras do agente se o delito foi praticado após as
alterações da Lei n. 11.705/2008 e antes do advento da Lei n. 12.760/2012, pois a simples
conduta de dirigir veículo automotor em via pública, com concentração de álcool por litro de
sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, configura o crime previsto no art. 306 do CTB.
Como o bafômetro só atesta a embriaguez ao volante, alguns Estados já fazem também
testes com a saliva dos condutores para detectar eventual presença de substâncias psicoativas.
Jurisprudência
Com base no princípio de que ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo, mui-
tos se socorreram do Judiciário, requerendo a ordem de “HABEAS CORPUS” preventivo, para
que não fossem submetidos ao teste do bafômetro, livrando-se assim da multa administrativa
e da responsabilização no âmbito criminal. A 6ª Turma do STJ não encampou a tese. Vejamos:
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No parágrafo único do art. 307 do CTB, há um exemplo de crime a prazo que é aquele que
só se consuma depois de decorrido o transcurso do tempo previsto na lei.
Outro exemplo de crime a prazo – art. 13, parágrafo único, Estatuto do Desarmamento):
o proprietário de empresa de segurança ou de transporte de valores, que deixa de registrar a
ocorrência policial e deixa de comunicar a PF o extravio, perda, furto ou roubo de arma de fogo,
acessório ou munição, após 24 horas da ocorrência do fato, responde por crime.
Objeto Jurídico
É a incolumidade pública.30
30
NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Comentadas: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.1158.
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Em uma interpretação sistemática dos dispositivos do novo Código, é possível concluir que a infra-
ção penal consistente na violação da suspensão refere-se apenas às hipóteses em que a medida
foi imposta judicialmente, pois apenas nesses casos há condenação anterior por crime de trânsito.
Com efeito, o parágrafo único do artigo 307 faz expressa menção à palavra “condenado” e serve,
portanto, de fonte interpretativa para que se conclua que apenas essa hipótese será abrangida pelo
texto legal.32
É fato atípico a conduta daquele que viola a suspensão ou a proibição de se obter a per-
missão ou a habilitação para dirigir veículo automotor advinda de restrição administrativa,
segundo o Informativo n. 641 do STJ:
31
Op. Cit. p.1158
32
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4: legislação penal especial/ Fernando Capez. – 4.ed.-São Paulo: Saraiva,
2009, p. 323.
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2. Assim, nos termos do art. 292 do CTB, a suspensão da habilitação para dirigir veículo
automotor pode ser imputada como espécie de sanção penal, aplicada isolada ou cumu-
lativamente com outras penas.
3. Dada a natureza penal da sanção, somente a decisão lavrada por juízo penal pode ser
objeto do descumprimento previsto no tipo do art. 307, caput, do CTB, não estando ali
abrangida a hipótese de descumprimento de decisão administrativa, que, por natureza,
não tem o efeito de coisa julgada e, por isso, está sujeita à revisão da via judicial.
4. In casu, a conduta de violar decisão administrativa que suspendeu a habilitação para
dirigir veículo automotor não configura o crime do artigo 307, caput, do CTB, embora
possa constituir outra espécie de infração administrativa, segundo as normas correlatas.
5. Ordem concedida para anular a condenação do paciente e determinar o trancamento
do procedimento penal que já se encontra em fase de execução.
(STJ, Sexta Turma, HC 427.472/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
23/08/2018).
Elemento Subjetivo
É o dolo. Não se pune a forma culposa, nem se exige elemento subjetivo específico.34
Classificação
É crime próprio (somente pode ser praticado por sujeito qualificado); mera conduta (não há
resultado naturalístico, consistente na existência de lesão efetiva a alguém); de forma livre (pode
33
NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Comentadas: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.1158
34
Ibidem
35
Op. Cit. p.1158
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ser cometido de qualquer forma); comissivo (demanda-se uma ação) e, excepcionalmente, co-
missivo por omissão (art. 13, § 2º, CP); instantâneo (o resultado não se prolonga no tempo); de
perigo abstrato (não se exige prejuízo efetivo ao bem tutelado, nem mesmo prova da probabilida-
de de ocorrência do dano); unissubjetivo (pode ser cometido por uma só pessoa); plurissubsis-
tente (demanda vários atos); admite tentativa, embora seja de difícil configuração.36
Pena – Acessória
Trata-se de pena acessória à principal. Além da pena priva privativa de liberdade (detenção, de
seis meses a um ano) e multa, deve o juiz aplicar prazo adicional de suspensão ou proibição de
permissão ou habilitação para dirigir veículo nos moldes anteriormente fixados e não cumpridos.
Consumação
O crime se consuma no exato momento em que o agente se põe a conduzir veículo auto-
motor, contrariando decisão judicial ou administrativa que tenha imposto suspensão ou proibi-
ção de se obter permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor.
Tentativa
É possível em relação à conduta regulada no caput, por se tratar de crime comissivo. Quanto à
modalidade prevista no parágrafo único, não é possível, visto tratar-se de crime omissivo próprio.37
Para o doutrinador Damásio de Jesus:
Crimes omissivos próprios ou de pura omissão se denominam os que perfazem com a simples abs-
tenção da realização de um ato, independentemente de um resultado posterior.38
36
Op. Cit. p.1158
37
Ibidem
38
Jesus, Damásio Evangelista, Direito Penal, 26 ed., São Paulo, 2003, v.1, p.193
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
Lei n. 9.503/1997 – Crimes no Código de Trânsito Brasileiro
Sergio Bautzer
Ação Penal
Tendo em vista tanto a pena mínima, como a pena máxima cominadas, cabe tanto a
transação penal como a suspensão condicional do processo.
A Lei n. 13.546/2017 deu nova redação ao tipo penal em que está o crime de homicídio culposo
em decorrência de crime de trânsito revogando o § 2º do art. 303 do CTB.
Assim, não se fala mais em “homicídio culposo em virtude de acidente de trânsito causado
por racha”.
Vale ressaltar que o § 3º do art. 303 do CTB fala em homicídio culposo causado em virtude
de acidente de trânsito causado por motorista embriagado ou sob efeito de drogas, cuja pena
pode ser de reclusão, de cinco a oito anos, além da suspensão ou proibição do direito de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Assim o ordenamento jurídico pátrio tem no § 1º o racha com resultado lesão corporal
grave e no § 2º o racha com resultado morte.
O crime de “racha” na forma simples é crime de médio potencial ofensivo. Não cabe tran-
sação penal, mas cabe suspensão condicional do processo. Vejamos:
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou com-
petição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo
automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade
pública ou privada: (Redação dada pela Lei n. 13.546, de 2017) (Vigência)
Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veíc u lo automotor. (Redação dada pela Lei n. 12.971, de
2014) (Vigência)
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Lei n. 9.503/1997 – Crimes no Código de Trânsito Brasileiro
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§ 1º Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as cir-
cunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo,
a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas
previstas neste artigo. (Incluído pela Lei n. 12.971, de 2014) (Vigência)
§ 2º Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que
o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de
reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Incluído
pela Lei n. 12.971, de 2014) (Vigência)
O art. 308 “caput” do CTB é aplicado nos casos em que não há resultado lesão grave ou
morte. Já o § 1º é aplicado se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal
de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem
assumiu o risco de produzi-lo. A pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis)
anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. Por fim, o § 2º será aplicado se
da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o
agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo. No caso, a pena privativa de
liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas
neste artigo.
Sobre o conflito de normas que pode ocorrer no caso concreto (e que não são cobradas em
provas de primeira fase), por conta das diversas alterações legislativas que o CTB sofreu ao
longo de quase 10 anos, recomendamos a leitura de “Crimes de trânsito: embriaguez e racha
com morte ou lesão grave – Matando a proporcionalidade” 39, de Eduardo Luiz Santos Cabette.
39
Disponível em https: //jus.com.br/artigos/63459/crimes-de-TRÂNSITO-embriaguez-e-racha-com-morte-ou-lesao-grave-ma-
tando-a-proporcionalidade
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Para Nucci:
Elemento Subjetivo
É o dolo de perigo. Não há a forma culposa, nem se exige o elemento subjetivo específico.44
40
NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Comentadas: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.1158
41
Ibidem
42
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4: legislação penal especial/ Fernando Capez. – 4.ed.-São Paulo: Saraiva,
2009, p. 326.
43
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4: legislação penal especial/ Fernando Capez. – 4.ed.-São Paulo: Saraiva,
2009, p. 326.
44
NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Comentadas: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.1158
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O objeto material é o veículo utilizado para o racha. O objeto jurídico é a segurança viária.45
Classificação
É crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa); formal (não se exige resultado
naturalístico, consistente na existência de lesão efetiva a alguém); de forma livre (pode ser
cometido de qualquer forma); comissivo (demanda-se uma ação) e, excepcionalmente, comis-
sivo por omissão (art. 13, § 2º, CP); instantâneo (o resultado não se prolonga no tempo); de pe-
rigo concreto (exige-se prova da probabilidade de ocorrência do dano); unissubjetivo (pode ser
cometido por uma só pessoa, na modalidade corrida) ou plurissubjetivo (somente se comete
com duas ou mais pessoas, nas formas disputa e competição); plurissubsistente (demanda
vários atos); admite tentativa, embora seja de difícil configuração.
Concurso
Nucci dizia, antes das alterações de 2017, que ”se, em razão do racha, houver morte ou
lesão corporal, o crime de dano absorve o de perigo, que é o previsto no art. 308”.46
Capez dizia, também antes das alterações de 2017, que se
(…) em decorrência da disputa ocorre um acidente do qual resulta morte, haverá absorção pelo
crime de homicídio culposo. Dependendo do caso concreto (modo como se desenrolou a disputa),
é até possível o reconhecimento de homicídio doloso, pois não é demasiado entender que pessoas
que se dispõem a tomar parte em disputas imprimindo velocidade extremamente acima do limite e
ainda em locais públicos assumem o risco de causar a morte de alguém. (…)47
45
Ibidem, p.1159.
46
Op. Cit., p. 1159.
47
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4 : legislação penal especial/ Fernando Capez. 4.ed. São Paulo: Saraiva,
2009, p. 328.
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Pena – Cumulativa
Consumação
Tentativa
Ação Penal
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilita-
ção ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
48
Op. Cit., p.1159
49
Marcão, Renato; Crimes de trânsito: (anotações e interpretação jurisprudencial da parte criminal da lei 9.503, de 23-9-1997)
– São Paulo: Saraiva, 2009, p.193
50
Ibidem, p.193
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Objetividade Jurídica
Os bens juridicamente protegidos pelo Direito Penal são a incolumidade pública e a segu-
rança viária.
Objetividade Material
É o veículo automotor.
Sujeito ativo é qualquer pessoa, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou,
ainda, se cassado o direito de dirigir. Já o sujeito passivo é a sociedade.
Para Capez, o sujeito ativo é:
A pessoa que dirige o veículo automotor sem possuir Permissão ou Habilitação ou com o Direito
de Dirigir cassado. Trata-se de crime de mão própria, que admite o concurso de pessoas apenas
na modalidade de participação, sendo incompatível com a coautoria. É partícipe do crime aquele
que, por exemplo, estimula ou instiga o agente a dirigir de forma anormal, ciente de que este não é
habilitado. Salienta-se, entretanto, que a pessoa que permite, entrega ou confia a direção de veículo
automotor a pessoa não habilitada, responde pelo crime autônomo do art. 310 (e não como mero
partícipe do crime do art. 309).51
Elemento Subjetivo
Dolo de perigo.
Tentativa
Consumação
51
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4: legislação penal especial/ Fernando Capez. – 4.ed.-São Paulo: Saraiva,
2009, p. 335.
52
APJ 2004.01.1.094974-3, SEGUNDA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS DO DISTRITO FEDERAL.
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Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em águas
públicas:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Súmula n. 720
O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano,
derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções penais no tocante à direção sem habilitação
em vias terrestres.
Nos anos 90, o art. 309 do CTB, que trata da direção perigosa, suscitou polêmicas. O re-
sultado das discussões na doutrina foi a conclusão de que se uma pessoa conduz um veículo
automotor sem CNH, mas não expõe terceiros a risco, não há crime, no máximo, infração admi-
nistrativa. De outra parte, se a pessoa tem habilitação e está dirigindo perigosamente, aplica-se
o art. 34, LCP.
Ação Penal
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Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor: a pessoa não habilitada, com
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde,
física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança:
Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Você deve memorizar que o STJ entende que constitui crime a conduta de permitir, confiar
ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encon-
tre em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência
de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.
É a entrega de volante a pessoa não autorizada. Permitir (dar licença ou liberdade), confiar (ter con-
fiança em) ou entregar (passar às mãos de alguém) a direção de veículo automotor a pessoa não
autorizada a conduzi-lo (por falta de habilitação ou em virtude de estado de saúde, física ou mental,
bem como por embriaguez).53
Segundo Capez: “É qualquer pessoa que possa permitir, confiar ou entregar o veículo a
outrem”.54 O sujeito passivo é a coletividade.
Elemento Subjetivo
Na lição de Guilherme Nucci: “É o dolo de perigo. Não há a forma culposa, nem se exige
elemento subjetivo específico”.55
53
NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Comentadas: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.1160
54
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4: legislação penal especial/ Fernando Capez. – 4.ed.-São Paulo: Saraiva,
2009, p.337
55
Op. Cit, p. 1160
56
Op.Cit. p. 1160
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Embriaguez
Nucci diz que: “basta que o condutor esteja sob influência de álcool ou substância de efeito
análogo, mesmo que não ocorra a embriaguez completa”.
Não há necessidade de se submeter o condutor ao bafômetro, bastando para comprova-
ção do estado de embriaguez, o exame clínico feito por médico legista. O tipo penal não exige
a dosagem alcoólica prevista no artigo 306 da lei em estudo.
Classificação
É crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa); formal (não se exige resultado naturalís-
tico, consistente na existência de lesão efetiva a alguém). Pensávamos ser crime de mera conduta
(aquele que jamais produz resultado naturalístico), mas, na verdade, é formal; de forma livre (pode
ser cometido de qualquer forma); comissivo (demanda-se uma ação), em regra, e, excepcionalmen-
te, comissivo por omissão (art. 13, § 2.0, CP); instantâneo (o resultado não se prolonga no tempo);
de perigo abstrato (não se exige prova da probabilidade de ocorrência do dano); unissubjetivo (pode
ser cometido por uma só pessoa); plurissubsistente (demanda vários atos); admite tentativa, embo-
ra seja de difícil configuração.57
(…) somente será possível o seu reconhecimento se o terceiro foi impedido de dirigir em momento
imediatamente anterior àquele em que iria colocar o veículo em movimento, v.g., se já havia aciona-
do o motor de um automóvel mas ainda não havia saído do local, quando vem a ser abordado por
policiais. Antes disso, não se pode afirmar ter havido início da execução.58
Acerca dos crimes de perigo abstrato Guilherme de Souza Nucci comunga do seguinte
entendimento:
Esses crimes não ofendem nenhum princípio constitucional. Ao elaborar um tipo penal incriminador,
valendo-se das regras de experiência, o legislador pode idealizar a proibição de uma conduta por gerar
57
Op. Cit, p. 1160
58
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4: legislação penal especial/ Fernando Capez. – 4.ed.-São Paulo: Saraiva,
2009, p. 338.
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perigo indesejado a sociedade, como pode criar uma proibição se e quando gerar perigo insuportável
a sociedade. Ex.: é crime trazer consigo arma de fogo, sem autorização da autoridade competente.
Todavia, Luiz Flávio Gomes não comunga do mesmo entendimento acima exposto, defende
a inconstitucionalidade do delito de perigo abstrato:” De qualquer maneira, qualquer que seja
a interpretação adotada impossível falar-se em crime de perigo abstrato, que estão definitiva-
mente excluídos do Direito Penal, mesmo porque não se compatibilizam com o Estado Demo-
crático de Direito. O perigo faz parte da realidade fática. Logo, como fato não se presume.”59
Análise do Artigo 311
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hos-
pitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja
grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Objetividade Jurídica
Segundo Capez: “É a segurança viária em locais onde normalmente existe maior concen-
tração de pessoas. Secundariamente, a incolumidade da vida e da saúde das pessoas”.60
Objeto Material
59
Parte Criminal do Código de Trânsito Brasileiro. “Estudos de Direito Penal de Processual Penal”, p.32.
60
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4: legislação penal especial/ Fernando Capez. – 4.ed.-São Paulo: Saraiva,
2009, p.339.
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Elemento Subjetivo
Tentativa
Não é possível uma vez que o crime é unissubsistente, ou seja, demanda a prática de um
único ato.
Consumação
Ação Penal
61
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4: legislação penal especial/ Fernando Capez. – 4.ed.-São Paulo: Saraiva,
2009, p. 340.
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Análise do Artigo 312
É uma espécie de fraude processual. Inovar (renovar, introduzir novidade), com perspicácia ou habi-
lidade, quando houver acidente automobilístico com vítima, antes ou durante investigação policial
ou processo criminal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com a finalidade de induzir (incutir,
gerar) a erro o agente policial, o perito ou o juiz.62
Nos dizeres de Guilherme Nucci: “O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; o passivo é o
Estado”.63
Elemento Subjetivo
Nos dizeres de Nucci: “O objeto material é o lugar, a coisa ou a pessoa objeto da inovação
artificial; o objeto jurídico é a administração da justiça”.
62
NUCCI, Guilherme de Souza, Leis Penais e Processuais Comentadas: São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.1161
63
Ibidem
64
Op. Cit, p.1161
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Classificação
Segundo o Mestre Guilherme de Souza Nucci, “é crime comum (pode ser praticado por
qualquer pessoa); formal (não se exige resultado naturalístico, consistente na existência
de lesão efetiva a alguém); de forma livre (pode ser cometido de qualquer forma); comissi-
vo (demanda-se uma ação) e, excepcionalmente, comissivo por omissão (art. 13, § 2º, CP);
instantâneo (o resultado não se prolonga no tempo); unissubjetivo (pode ser cometido por uma
só pessoa); plurissubsistente (demanda mais de um único ato); admite tentativa”.
Crítica
O caput do art. 312 menciona poder a inovação ocorrer na pendência de procedimento policial pre-
paratório, durante inquérito ou processo criminal. Ora, o que pode haver antes do procedimento
preparatório? Cremos que nada. Tomando conhecimento da prática da infração penal, mesmo que
ainda não instaurado o inquérito, o procedimento policial preparatório tem início. Logo, não nos pa-
rece que deva existir algo antes disso.66
Já Capez:
A conduta típica consiste na modificação do estado do lugar, de coisa ou de pessoa. Abrange, por-
tanto, as ações de apagar marcas de derrapagem, retirar placas de sinalização, alterar o local dos
carros, limpar os estilhaços do chão, alterar o local do corpo da vítima.
A lei deixa absolutamente clara a aplicação do dispositivo qualquer que seja o momento da ação,
ainda que os peritos nem sequer tenham chegado ao local para iniciar o procedimento apuratório.
Esse, aliás, o momento em que normalmente ocorrem as fraudes. Não obstante, mesmo que o
fato ocorra após o início do procedimento apuratório (diligências, exames e perícias preliminares),
ou, ainda, durante o inquérito ou ação penal, existirá crime. É o que ocorre, por exemplo, quando o
agente, antes de apresentar seu veículo para perícia, altera o local onde ocorreu o abalroamento.67
65
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4: legislação penal especial/ Fernando Capez. – 4.ed.-São Paulo: Saraiva,
2009, p.337
66
Op. Cit, p. 1161
67
Capez, Fernando. Curso de direito penal, volume 4: legislação penal especial/ Fernando Capez. – 4.ed.-São Paulo: Saraiva,
2009, p.341.
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RESUMO
Crimes de Trânsito
Lesão Corporal Culposa em Virtude de Acidente de Trânsito e a Representação
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, apli-
cam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não
dispuser de modo diverso, bem como a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da
Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo
único pela Lei n. 11.705, de 2008)
Exemplo: imagine que uma pessoa seja atropelada por um veículo que transita em velocidade
superior à permitida para a via (ex.: veículo a 60km/h em uma pista de 40 km/h). O condutor,
entretanto, não estava embriagado, não participava de racha e, como se nota, a velocidade não
ultrapassa a permitida em 50 km/h à permitida para a via. Quando os peritos do instituto de
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criminalista verificam a cena do crime, avaliando distância de frenagem e danos nos veículos,
eles verificam a velocidade do veículo no momento do acidente. O atropelado ainda será enca-
minhado ao IML, onde passará pelo exame de lesões. Ao final da coleta de elementos informa-
tivos, é possível que o Delegado de Polícia lavre o chamado termo circunstanciado para apurar
a lesão corporal culposa em virtude de acidente de trânsito. Imagine que depois disso o con-
dutor do veículo tenha arcado com todas as despesas relacionadas ao acidente e, ao chamar
a vítima para ser ouvida na delegacia, esta afirma que não deseja ser encaminhada para IML
e, não obstante, “renuncia” ao seu direito de representar. Neste caso, a postura do delegado
deve ser a de tombar o termo circunstanciado em apuração e remetê-lo ao Poder Judiciário
(em algumas unidades da Federação, como no Distrito Federal, a tramitação é direta ao MP).
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Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado
e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado
ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de caute-
la, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei
n. 10.455, de 13.5.2002)
(i) Na COMPOSIÇÃO CIVIL – Autor e Vítima chegam a um acordo lavrado em audiência pre-
liminar convocada antes do oferecimento da denúncia. Tal audiência de conciliação é realizada
antes de se propor a transação e, uma vez realizada a composição, a vítima renuncia ao direito
de queixa ou de representação. A sentença que homologa a composição civil é irrecorrível.
Caso não haja o cumprimento do acordo, a sentença que homologa a composição é executada
no Juízo Cível.
(ii) A TRANSAÇÃO PENAL também é realizada em audiência preliminar, constituindo-se
em um acordo entre o Promotor de Justiça e o autor do fato (Art. 76, Lei n. 9.099/1995). Da
sentença que homologa a transação penal, contudo, cabe Apelação, diferente do que ocorre
com a composição civil (Art. 76, § 5º, Lei n. 9.099/1995). Caso o sujeito não cumpra o acordo,
o juiz abre vista ao MP, que oferecerá a denúncia ou requererá o retorno do procedimento in-
vestigatório para a unidade policial requisitar diligências, de acordo com o disposto em Súmula
Vinculante do STF.
Rege o art. 76 da Lei dos Juizados Especiais:
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não
sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena res-
tritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
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I – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por
sentença definitiva;
II – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena
restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III – não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena
restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para
impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de anteceden-
tes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo
aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
(iii) O Art. 88 da Lei n. 9.099/1995 exige REPRESENTAÇÃO para os crimes de lesão corporal
leve e lesão corporal culposa.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação
a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Antes da edição da Lei dos Juizados Especiais Criminais, tais delitos eram de ação penal
pública incondicionada.
Exceção ao Art. 88, L.9099/95: Art. 41 da Lei Maria da Penha determina que não se aplica
a Lei n. 9.099/1995 aos crimes (e contravenções) cometidos em situação de violência domés-
tica. Logo, a lesão corporal em situação de violência doméstica é de ação penal pública incon-
dicionada. O mesmo valendo para a contravenção penal praticada em situação de violência
doméstica. Rege o art. 41 da Lei Maria da Penha:
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independente-
mente da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995.
Em situações excepcionais, a lesão culposa prevista no CTB passa a ser de ação penal
pública incondicionada, além de ser apurada por meio de inquérito policial.
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§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da
Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo
único pela Lei n. 11.705, de 2008)
I – sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
(Incluído pela Lei n. 11.705, de 2008)
Até um determinado tempo apenas era possível lavrar o auto de prisão em flagrante por
embriaguez ao volante se a pessoa tivesse soprado o bafômetro, sendo que o resultado era
comprovado por meio da “fita” confeccionada pelo aparelho. Depois da alteração de 2008 feita
pelo legislador em relação ao art. 306 do CTB, muitos condutores começaram a se recusar se
submeter ao teste do etilômetro. Em 2012, houve nova alteração no art. 306 do CTB, para que
outros meios de prova fossem usados para autuação criminal do motorista embriagado.
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Deve-se ter cuidado ao estudar o CTB na parte da racha, pois tal delito, assim como a
embriaguez ao volante e a lesão culposa em virtude de acidente de trânsito, sofreu profundas
muitas alterações.
A exibição não autorizada, que é diferente da competição não autorizada, também afasta a
aplicação de medidas despenalizadoras, caso alguém se lesione. Ex.: motociclistas que costu-
mam empinar motos com alguém na garupa, por exemplo, caso causem um acidente, respon-
dem pelo crime de lesão corporal culposa prevista no CTB, sem a possibilidade de aplicação
das medidas despenalizadoras. Vale lembrar, porém, que existem exibições autorizadas pelo
Poder Público.
III – transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta qui-
lômetros por hora). (Incluído pela Lei n. 11.705, de 2008)
CUIDADO: quando o indivíduo recebe uma multa administrativa, ela vem com a infração
descrita em forma de porcentagem e não nominalmente, como ocorre no inciso III (50 km/h).
Exemplo: o condutor que transita a 120 km/h em uma via de 60 km/h encaixa-se nesta exce-
ção. Cabe mencionar que o laudo/informação pericial juntados ao inquérito são capazes de
indicar a velocidade do motorista no momento do acidente que ocasionou a lesão corporal.
§ 2º Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a
investigação da infração penal. (Incluído pela Lei n. 11.705, de 2008)
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Voz de prisão x auto de prisão em flagrante: não podemos confundir o ato de dar voz de
prisão em flagrante (uma das fases da prisão) com a lavratura do auto de prisão em flagrante,
que é a peça inaugural do inquérito (estudar os arts. 304 a 306 do CPP).
Apresentação espontânea: a pessoa que se apresenta espontaneamente na unidade poli-
cial alegando a prática de uma infração penal, não impede a decretação de prisão preventiva
ou temporária, nos casos previstos no CPP e na Lei 7960/89.
Sujeito passivo do auto de prisão em flagrante: o autor da infração penal de trânsito que
presta pronto e integral socorro à vítima de acidente de trânsito não poderá ser sujeito passivo
do auto de prisão em flagrante.
NÃO PODEM SER SUJEITOS PASSIVOS DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE:
(I) o autor da infração penal que presta pronto e integral socorro;
Exemplo: motorista de caminhão de móveis que mata uma criança ao dar ré, mas, a despei-
to disso, chama a ambulância, permanecendo no local até o socorro e a Polícia chegarem e,
quando chamado a Delegacia, comparece prontamente para prestar todos os esclarecimentos.
Se há risco de o motorista ser linchado, ele até pode sair do local, mas desde que ligue para o
SAMU, Corpo de Bombeiros Militar ou tome as medidas necessárias para providenciar o socorro.
Omissão de socorro como crime subsidiário: o crime de omissão de socorro previsto no
Art. 304 do CTB é infração de menor potencial ofensivo, mas é crime subsidiário, pois pode ser
que o fato constitua elemento de crime mais grave, como no caso do homicídio culposo.
O Art. 304 do CTB é modalidade especial de omissão de socorro (prevista no CP).
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O Art. 312 do CTB prevê uma modalidade especial de fraude processual (art. 347 do CP):
Exemplo: imagine que esteja acontecendo um racha do qual resulte um acidente. Neste aci-
dente, o passageiro que se encontra no banco de trás é atingido por um poste por conta da
colisão do carro contra o objeto fixo, vindo a falecer. O outro veículo que estava disputando o
racha, a despeito de também estar envolvido no acidente, dá ré e sai da cena do local do crime.
Exemplo: crime de trânsito onde as pessoas modificam a cena do local do crime, retirando os
copos e latinhas de bebida alcoólica antes da autoridade chegar.
Nos crimes previstos no CTB, quando o juiz, após o processo-crime, converter a pena privativa
de liberdade em restritiva de direitos, e o sujeito for prestar serviços à comunidade, suas ativi-
dades serão disciplinadas pelo Art. 312-A do CTB:
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em que o
juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá
ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes ativida-
des: (Incluído pela Lei n. 13.281, de 2016) (Vigência)
I – trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras uni-
dades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; (Incluído pela Lei n. 13.281, de
2016) (Vigência)
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II – trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de
acidente de trânsito e politraumatizados; (Incluído pela Lei n. 13.281, de 2016) (Vigência)
III – trabalho em clínicas ou instituições especializadas na recuperação de acidentados de trânsito;
(Incluído pela Lei n. 13.281, de 2016) (Vigência)
IV – outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuperação de vítimas de acidentes
de trânsito.
(II) o adolescente infrator tendo em vista que o ECA já prevê um procedimento especial
(auto de apreensão);
(III) o usuário de drogas;
Caso do usuário de drogas: o art. 48 da Lei de Drogas (11.343/06) dispõe que o usuário
que se recusar a assinar o termo de compromisso de comparecimento ao Juizado Especial
Criminal não será preso em flagrante. Em verdade, mais correto e técnico seria que o Art. 48
da Lei de Drogas colocasse como consequência a não lavratura de auto de prisão em flagrante
considerando a impossibilidade de detenção do agente quando este é usuário.
Rege o dispositivo em estudo:
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos neste Título rege-se pelo dis-
posto neste Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal
e da Lei de Execução Penal.
§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com
os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts. 60 e se-
guintes da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais.
§ 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, deven-
do o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir
o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as
requisições dos exames e perícias necessários.
§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas no § 2º deste artigo serão tomadas
de imediato pela autoridade policial, no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente.
§ 4º Concluídos os procedimentos de que trata o § 2º deste artigo, o agente será submetido a exa-
me de corpo de delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender conveniente,
e em seguida liberado.
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei n. 9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados Espe-
ciais Criminais, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena prevista no art. 28
desta Lei, a ser especificada na proposta.
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LEMBRE-SE: a Lei de Drogas foi alterada em 2019, criando a chamada internação voluntá-
ria e involuntária no âmbito administrativo, o que demonstra que o usuário é um caso de saúde
pública. Atenção, mesmo com alteração legislativa, PORTE DE DROGA PARA USO PRÓPRIO
CONTINUA SENDO CRIME.
(IV) aquele que assume o compromisso de comparecer ao juizado especial criminal (art. 69,
parágrafo único, Lei n. 9099/95).
O autor de infração de menor potencial ofensivo que assumiu o compromisso de compare-
cer ao Juizado não poderá ser alvo de auto de prisão em flagrante. Do contrário, não assumin-
do o compromisso, será lavrado o auto de prisão em flagrante e fixado o valor da fiança.
Em 2017, o Código Penal foi alterado, de modo que o crime de lesão corporal em acidente
de trânsito passou a ter nova redação. Atualmente, se o sujeito causar uma lesão corporal cul-
posa em virtude de acidente de trânsito ou estiver embriagado ou sobre efeito de droga, a pena
poderá ser de até 5 anos se a lesão for de natureza grave ou gravíssima (ex.: moto que atropela
um pedestre e deixa este paraplégico).
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PROBLEMA: até o advento da lei em 2017, a lesão corporação culposa não comportava
modalidades diferentes; era um tipo único. Hoje, o CTB prevê duas modalidades (grave e
gravíssima).
Nos termos do art. 294 do CTB, o delegado pode representar pela proibição ou suspensão
da habilitação, o que pode ser feito no próprio relatório final de conclusão do inquérito policial.
O juiz também pode decretar tal medida cautelar de ofício, o que é questionável diante do
princípio da imparcialidade.
Da leitura do artigo, nota-se que após o devido processo legal, é possível a imposição das
medidas cautelares de suspensão ou proibição da CNH além das penas privativas de liberdade.
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Embriaguez ao Volante
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência
de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei n.
12.760, de 2012)
Pena – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permis-
são ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
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A fiança é uma garantia prestada pelo indiciado/acusado para que ele responda ao inqué-
rito/processo em liberdade. Liberdade esta que é de natureza provisória. As finalidades da
fiança são:
• pagar custas processuais;
• pagar a pena de multa;
• pagar a pena de prestação pecuniária;
• indenizar a vítima.
O pagamento da multa reparatória prevista no 297 do CTB será abatido do valor indeniza-
tório fixado no processo cível.
Como a pena mínima é de 06 (seis) meses, cabe suspensão condicional do processo nos
processos judiciais de embriaguez ao volante, o que determina também a suspensão do prazo
prescricional. Tudo mediante condições impostas ao beneficiário, como por exemplo compa-
recimento ao fórum para informar a atividade que ele vem exercendo. Em se tratando de sursis
processual, o processo fica suspenso por um período de 2 a 4 anos e, ao final, se o beneficiário
não der causa a nenhum tipo de revogação, o juiz declara extinta a punibilidade.
§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei n. 12.760, de 2012)
I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior
a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei n. 12.760, de 2012)
Note que quando a lei fala em sangue, a unidade de medida é o decigrama, e quando se
refere ao bafômetro, fala em miligrama. Ainda nesse sentido, a orientação do INMETRO é de
que a autoridade leve em consideração a margem de erro de 4 para cima e 4 para baixo. Assim,
quando constatar-se a presença de 0,34 miligramas por litro no organismo do indivíduo, este
deverá ser autuado em flagrante. Se for um valor abaixo de 0,34 mg/l só é possível aplicar mul-
ta administrativa. Se for mais do que 0,34, haverá prisão em flagrante acompanhada de multa.
II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora.
(Incluído pela Lei n. 12.760, de 2012)
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Os sinais aos quais o inciso faz menção podem ser obtidos por meio de testemunhas,
fotos; vídeos, dentre outros. As fotos podem, por exemplo, registrar o indivíduo tomando soro
ou glicose e mesmo assim com o aspecto de confusão. Da mesma forma, pode-se filmar o
indivíduo ziguezagueante ao caminhar para a cela.
§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou to-
xicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito
admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela Lei n. 12.971, de 2014) (Vigência)
Se o sujeito não quer soprar o bafômetro, é possível que as Autoridades de Trânsito (PRF, De-
tran, DER, Batalhões de Trânsito da PM), desde logo, lavrem auto de constatação de embriaguez,
ou então, o Delegado de Polícia pode determinar que o policial civil, depois registrada a ocorrên-
cia, elabore um memorando de encaminhamento do motorista para o IML, onde o médico legista
pode atestar a embriaguez. No geral, o legista pode afirmar 03 situações: (i) sujeito embriagado;
(ii) sujeito não embriagado ou (iii) sujeito não embriagado, mas sem exclusão da possibilidade
de haver embriaguez durante o acidente. O legista observa vários fatores durante o exame de
constatação: a vermelhidão nos olhos; a fala desconexa; o hálito; dentre outros elementos.
O auto de constatação pode fundamentar o flagrante em casos excepcionais (ex.: Central
de Flagrantes com diversas ocorrências policiais na frente para registro).
O Policial Rodoviário Federal quando detém motorista embriagado conduzindo veículo
automotor, ele o apresenta na Delegacia de Polícia Civil, para lavratura do auto de prisão, se for
o caso.
§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos
para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei n. 12.971, de
2014) (Vigência)
§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia – INMETRO – para se determinar o previsto no caput. (Incluído pela Lei n.
13.840, de 2019)
Direção Perigosa
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Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilita-
ção ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Nos anos 90, o Art. 309 do CTB, que trata da direção perigosa, suscitou polêmicas. O re-
sultado das discussões na doutrina foi a conclusão de que se uma pessoa conduz um veículo
automotor sem CNH, mas não expõe terceiros a risco, não há crime, no máximo, infração admi-
nistrativa. Por outro lado, se a pessoa tem habilitação e está dirigindo perigosamente, aplica-se
o art. 34, LCP:
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas públicas, pondo em perigo a se-
gurança alheia: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de trezentos mil réis
a dois contos de réis.
Outros Crimes
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal
ou civil que lhe possa ser atribuída:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
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Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à víti-
ma, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade
pública:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com feri-
mentos leves.
Caso do crime a prazo (307, parágrafo único): o crime a prazo é aquele que só se consuma
depois de decorrido o transcurso do tempo previsto na lei.
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Art. 308 do CTB
A Lei n. 13.546/2017 deu nova redação ao tipo penal em que está o crime de homicídio culposo
em decorrência de crime de trânsito revogando o § 2º do art. 303 do CTB.
Assim, não se fala mais em “homicídio culposo em virtude de acidente de trânsito causado
por racha”.
Vale ressaltar que o § 3º do art. 303 do CTB fala em homicídio culposo causado em virtude
de acidente de trânsito causado por motorista embriagado ou sob efeito de drogas, cuja pena
pode ser de reclusão, de cinco a oito anos, além da suspensão ou proibição do direito de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Assim o ordenamento jurídico pátrio tem no § 1º o racha com resultado lesão corporal
grave e no § 2º o racha com resultado morte.
O crime de “racha” na forma simples é crime de médio potencial ofensivo. Não cabe tran-
sação penal, mas cabe suspensão condicional do processo. Vejamos:
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou com-
petição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo
automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade
pública ou privada: (Redação dada pela Lei n. 13.546, de 2017) (Vigência)
Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veí c u lo automotor. (Redação dada pela Lei n. 12.971, de
2014) (Vigência)
§ 1º Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as cir-
cunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo,
a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas
previstas neste artigo. (Incluído pela Lei n. 12.971, de 2014) (Vigência)
§ 2º Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que
o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de
reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Incluído
pela Lei n. 12.971, de 2014) (Vigência)
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O Art. 308 “caput” é aplicado nos casos em que não há resultado lesão grave ou morte. Já
o § 1º é aplicado se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza
grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o
risco de produzi-lo. A pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem
prejuízo das outras penas previstas neste artigo. Por fim, o § 2º será aplicado se da prática do
crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não
quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo. No caso, a pena privativa de liberdade é
de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo.
A seguir teses firmadas pelo STJ sobre os crimes de trânsito (não confundir teses com
súmulas):
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Tese – STJ: Quando não reconhecida a autonomia de desígnios, o crime de lesão corporal
culposa (art. 303 do CTB) absorve o delito de direção sem habilitação (art. 309 do CTB),
funcionando este como causa de aumento de pena (art. 303, parágrafo único, do CTB).
Tese – STJ: o crime de embriaguez ao volante e de lesão corporal culposa na direção de
veículo automotor, são autônomos e o primeiro não é meio normal nem fase de prepara-
ção ou execução para o cometimento do segundo, não havendo em se falar no princípio
da consunção. Haverá, portanto, lesão corporal culposa em concurso com embriaguez
ao volante.
Tese – STJ: O crime do art. 306 do CTB é de perigo abstrato, sendo despicienda a
demonstração da efetiva potencialidade lesiva da conduta.
Tese – STJ: Para a configuração do delito tipificado no art. 306 do CTB, antes da alte-
ração introduzida pela Lei n. 12.760/2012, é imprescindível a aferição da concentração
de álcool no sangue por meio de teste de etilômetro ou de exame de sangue, conforme
parâmetros normativos.
Teste – STJ: O indivíduo não pode ser compelido a colaborar com os referidos testes do
‘bafômetro’ ou do exame de sangue, em respeito ao princípio segundo o qual ninguém é
obrigado a se autoincriminar (nemo tenetur se detegere).
Teste -STJ: É irrelevante qualquer discussão acerca da alteração das funções psico-
motoras do agente se o delito foi praticado após as alterações da Lei n. 11.705/2008 e
antes do advento da Lei n. 12.760/2012, pois a simples conduta de dirigir veículo auto-
motor em via pública, com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior
a 6 (seis) decigramas, configura o crime previsto no art. 306 do CTB.
Tese – STJ: Com o advento da Lei n. 12.760/2012, que modificou o art. 306 do CTB, foi
reconhecido ser dispensável a submissão do acusado a exames de alcoolemia, admite-
-se a comprovação da embriaguez do condutor de veículo automotor por vídeo, testemu-
nhos ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova.
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Tese – STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veí-
culo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das
situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de
perigo de dano concreto na condução do veículo.
Tese – STJ: A desobediência a ordem de parada dada pela autoridade de trânsito ou
por seus agentes, ou por policiais ou outros agentes públicos no exercício de ativida-
des relacionadas ao trânsito, não constitui crime de desobediência, pois há previsão de
sanção administrativa específica no art. 195 do CTB, o qual não estabelece a possibili-
dade de cumulação de punição penal.
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EXERCÍCIOS
Questão 1 (QUESTÃO INÉDITA) A desobediência à ordem de parada dada pela autoridade
de trânsito ou por seus agentes, ou por policiais ou outros agentes públicos no exercício de
atividades relacionadas ao trânsito, não constitui crime de desobediência, pois há previsão de
sanção administrativa específica no art. 195 do CTB, o qual não estabelece a possibilidade de
cumulação de punição penal.
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c) o crime de embriaguez ao volante não admite transação penal, mas nada impede a incidên-
cia de suspensão condicional do processo.
d) o crime de violação da suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou habilitação
para dirigir veículo é incompatível com a suspensão condicional de processo.
e) o crime de fuga do local do acidente não é considerado uma infração penal de menor poten-
cial ofensivo.
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permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor). No curso das investigações, o Minis-
tério Público encontra dificuldades na obtenção da justa causa, mas constam informações de
que Carlos conversa e ri dos fatos com amigos ao telefone, admitindo o crime. Diante disso,
o delegado representa pela interceptação de comunicações telefônicas. Sobre os fatos narra-
dos, é correto afirmar que a interceptação:
a) não deverá ser decretada, pois ainda na fase de inquérito policial;
b) poderá ser decretada, mas não poderá ultrapassar o prazo de 30 dias, prorrogável por igual
período;
c) não deverá ser decretada em razão da pena prevista ao delito investigado;
d) poderá ser decretada e a divulgação de seu conteúdo sem autorização judicial configura
crime;
e) poderá ser decretada, sendo que o conteúdo interceptado deverá ser, necessariamente,
integralmente transcrito.
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d) A suspensão do processo será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser pro-
cessado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano, e poderá
ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou
descumprir qualquer outra condição imposta.
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d) o rol de crimes previstos nos art. 303, caput, (lesão corporal culposa na direção de veículo
automotor) bem como o previsto no art. 306, caput, (condução de veículo automotor com ca-
pacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool) ambos do CTB, todos funda-
mentados pelo art. 69 do Código Penal (CP).
e) a circunstância prevista no art. 291, § 1º, I do CTB, em razão da lesão corporal culposa de-
corrente da condução de veículo automotor sob a influência de álcool e se afasta, portanto,
a possibilidade da aplicação de benefícios presente na Lei n. 9.099/1995.
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III – A remoção do veículo por seu condutor imediatamente após a ocorrência de acidente
automobilístico configura o crime de fraude processual.
IV – Em caso de acidente de trânsito de que resulte vítima, ao condutor do veículo não se
imporá a prisão em flagrante nem se exigirá fiança caso ele preste pronto e integral
socorro à vítima.
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liberdade aplicada, e não é iniciada enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal,
estiver recolhido a estabelecimento prisional.
c) No caso de réu reincidente em crime de trânsito – Lei n. 9.503/1997, é obrigatório que o
magistrado, ao julgar a nova infração, fixe a pena prevista no tipo, associada à suspensão da
permissão ou habilitação de dirigir veículo automotor.
d) São circunstâncias que sempre agravam as penas no crime de trânsito praticá-lo perto de
faixa de trânsito temporário destinada a pedestre e com a carteira de habilitação vencida.
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a) De acordo com a referida lei, constitui crime de trânsito punido com detenção a conduta
do agente que trafegue em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de
escolas, gerando perigo de dano.
b) Não há, na lei, previsão de pena de reclusão, sendo os crimes previstos puníveis com
detenção e(ou) multa.
c) Não é prevista, entre as penalidades constantes na lei, multa reparatória.
d) Consoante essa norma, é circunstância que pode agravar a penalidade do crime de trânsito,
conforme a apreciação subjetiva do juiz, ter o condutor do veículo cometido a infração sobre
faixa de trânsito destinada a pedestre.
e) Uma das críticas que a doutrina faz ao legislador em relação aos crimes de trânsito se
relaciona à ausência de previsão legal de benefício ao condutor do veículo que, após a prática
da infração, preste pronto e integral socorro à vítima.
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parou o veículo, chamou o socorro e prestou os primeiros atendimentos à vítima que ficou
gravemente ferida. Com a chegada da ambulância, Capitu foi removida para a emergência
hospitalar, porém, veio a falecer no caminho. A polícia militar preservou o local do acidente,
conduziu e apresentou Bentinho à autoridade policial. A autoridade policial, após advertir do
direito ao silêncio, verificou que o conduzido portava CNH regular e em seguida ouviu Bentinho
que confessou conduzir o veículo e falar ao celular, bem como ouviu as demais testemunhas
que confirmaram a narrativa. Como deve proceder a Autoridade Policial?
a) Deverá lavrar o auto de prisão em flagrante e representar pela suspensão da habilitação de
dirigir veículo.
b) Por se tratar de pena máxima de 04 anos, o delegado deverá arbitrar fiança.
c) O Delegado de Polícia deverá lavra:” o auto de prisão em flagrante.
d) O delegado deverá registrar a ocorrência, instaurar inquérito por portaria, não impor ao
indiciado a prisão em flagrante e nem exigir fiança.
e) Deverá lavrar o termo circunstanciado e encaminhar ao Juizado Especial Criminal.
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Considerando a situação hipotética apresentada, julgue o item que se segue, à luz do Código
de Trânsito Brasileiro.
Sandro responderá por crime de trânsito somente se a condução de Wellington causar perigo
de dano.
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GABARITO
1. C 28. a
2. d 29. E
3. c 30. d
4. b 31. C
5. c 32. c
6. e 33. d
7. c 34. e
8. c 35. c
9. b 36. E
10. a 37. C
11. b 38. E
12. E 39. C
13. E 40. C
14. c 41. E
15. C 42. C
16. b 43. E
17. c 44. C
18. c 45. E
19. c 46. E
20. c 47. E
21. b 48. d
22. e 49. a
23. b
24. E
25. C
26. c
27. a
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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (QUESTÃO INÉDITA) A desobediência à ordem de parada dada pela autoridade
de trânsito ou por seus agentes, ou por policiais ou outros agentes públicos no exercício de
atividades relacionadas ao trânsito, não constitui crime de desobediência, pois há previsão de
sanção administrativa específica no art. 195 do CTB, o qual não estabelece a possibilidade de
cumulação de punição penal.
Certo.
Segundo o Professor Rogério Sanches68:
68
Disponível em https: //meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/07/31/teses-stj-sobre-crimes-de-TRÂNSITO-2a-
-parte/ Acesso em 16/04/2020, às 20h40.
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Letra d.
Não é considera causada de aumento estar com sua carteira de habilitação suspensa.
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Letra c.
A alternativa C está de acordo com o que rege o § 3º do art. 302 do CTB, com a redação dada
pela Lei n. 13.456/2017:
Letra b.
A alternativa correta está de acordo com a redação do inc. I do § 1º do art. 306 do CTB:
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência
de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei n.
12.760, de 2012)
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Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permis-
são ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído pela Lei n. 12.760, de 2012)
I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior
a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar;
Letra c.
A pena mínima do crime de embriaguez ao volante admite a suspensão condicional do
processo, porém ao verificarmos a pena máxima, depreende-se que não é cabível a transação
penal, inclusive o STF já decidiu acerca do assunto em uma Ação Penal Originária:
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b) por Jaime ter conduzido o veículo automotor com a CNH vencida, incidirá causa de aumento
de pena no delito de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.
c) Jaime não responderá pelo crime de embriaguez ao volante, o qual será absorvido pelo de-
lito de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, que será, no entanto, aplicado
em sua forma majorada por força do princípio da consunção.
d) para que Jaime responda pelo delito de embriaguez ao volante, é imprescindível a aferição
de concentração de álcool por litro de sangue superior ao limite permitido pela lei, por se tratar
de circunstância objetiva elementar do tipo penal em questão.
e) Pedro responderá pelo crime de entrega da direção de veículo automotor a pessoa sem con-
dições de conduzi-lo com segurança, o qual se teria configurado ainda que não tivesse sido
demonstrado o perigo concreto de dano a terceiros.
Letra e.
O STJ entende que constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veícu-
lo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações
previstas no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano
concreto na condução do veículo.
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Letra c.
A letra C é a correta, pois não se admite a decretação de interceptação telefônica em crimes
punidos com pena de reclusão. A questão é do ano de 2016, e você deve ficar atento à nova
redação do crime previsto no art. 302 do CTB, pois em uma de suas formas qualificadas prevê
pena de reclusão:
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Lei n. 9.503/1997 – Crimes no Código de Trânsito Brasileiro
Sergio Bautzer
Letra c.
O Sursis Processual não entra na hipótese do §1º do artigo 291 do CTB.
A afirmativa da letra b está correta: A afirmativa está correta, pois na suspensão condicional
do processo (sursis processual), nos termos do artigo 89 da lei 9.099, o juiz poderá especificar
outras condições (além das previstas no parágrafo primeiro do citado artigo), desde que ade-
quada ao fato e a situação pessoal do acusado. O STF já decidiu sobre a matéria, destacando
que é “perfeitamente viável a utilização de prestação pecuniária ou de serviços à comunidade
tanto como pena restritiva de direitos, quanto como condição na proposta do sursis processu-
al sem caráter sancionatório”. (Recurso Ordinário em Habeas Corpus 133.039 Minas Gerais).
A afirmativa c está incorreta: A questão requer muita atenção do candidato, pois diante das
circunstâncias descritas na presente questão, o artigo 291, §1º, da lei 9.503/97 (CTB) veda:
1) composição civil dos danos (artigo 74 da lei 9.099/95); 2) transação penal (artigo 76 da lei
9.099/95) e 3) a aplicação do artigo 88 da lei 9.099/95, passando a ação penal a ser pública
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incondicionada. Assim, nas hipóteses abaixo não há vedação a suspensão condicional do pro-
cesso.
Como a questão pode a alternativa incorreta, o gabarito é a letra c.
Letra b.
A alternativa B está de acordo com a nova redação do § 3º do art. 302 do CTB:
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capacidade psicomotora, foi proibido de dirigir. Tendo lido na bula que o comprometimento
da capacidade psicomotora acomete menos de 1% dos usuários, Mévio decide descumprir a
proibição médica e continua a dirigir. Em uma tarde, Mévio foi buscar os netos na escola. Ao re-
tornar, com os netos no carro, em um trecho de curva, manteve o carro em reta, vindo a colidir
de frente com o muro de uma casa. No acidente, faleceu o neto mais novo. O mais velho teve
a perna amputada. Feita a perícia, constatou-se que Mévio dirigia na velocidade permitida, não
se apontado falha ou defeito mecânico. Ao prestar depoimento, Mévio informou que estava
sob efeito de medicação e disse acreditar estar com a capacidade psicomotora alterada, já que
o trajeto onde o acidente aconteceu lhe era bastante conhecido. Diante da situação hipotética,
tendo em vista os crimes de trânsito e o Código Penal, é correto afirmar que Mévio
a) praticou homicídio culposo de trânsito e lesão corporal culposa de trânsito.
b) praticou homicídio culposo de trânsito e lesão corporal culposa de trânsito, ambos com inci-
dência de causa de aumento, em decorrência de estar sob influência de substância que altera
a capacidade psicomotora.
c) praticou homicídio culposo qualificado de trânsito e lesão corporal culposa qualificada de trân-
sito, em decorrência de estar sob influência de substância que altera a capacidade psicomotora.
d) não praticou qualquer crime de trânsito, pois não infringiu nenhuma norma objetiva de
cuidado, sendo que os resultados morte e lesão corporal são decorrentes de fatalidade.
e) praticou homicídio culposo de trânsito e lesão corporal culposa qualificada de trânsito.
Letra a.
Tendo em vista o que rege o art. 302 do CTB, Mévio responderá pelas formas simples do
homicídio culposo e lesão corporal culposa decorrentes de acidente de trânsito, uma vez que a
substância usada, apesar de alterar a capacidade psicomotora, não causa dependência.
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despediu da noiva e partiu para casa em seu carro. No caminho de regresso, João – que es-
tava com sua capacidade psicomotora visivelmente alterada, em decorrência de bebida alco-
ólica que ingeriu durante a comemoração – subiu com seu carro em uma calçada e atropelou
Marcos, causando-lhe lesões leves, em diversas partes do corpo. João pediu socorro, ligando
para o corpo de bombeiros e a polícia. Com a chegada dos policiais João foi submetido ao
teste de dosagem alcoólica no ar expirado (exame de bafômetro), que fez voluntariamente.
Constatou-se que a concentração de álcool por litro de seu sangue era superior à quantidade
permitida na lei. Marcos, por sua vez, foi atendido e encaminhado para um hospital.
Tendo em vista a situação narrada e as regras sobre os crimes de trânsito constantes no
Código de Trânsito Brasileiro (CTB – Lei n. 9.503/97), é INCORRETO afirmar que, no presente
caso, incide
a) uma causa especial de aumento de pena conforme determina o § 1º do art. 303 combinado
com o art. 302, § 1º, II todos do CTB.
b) o § 2º do art. 291 do CTB e deverá ser lavrado um termo circunstanciado sobre a ocorrência.
c) o § 2º do art. 291 do CTB e deverá ser aberto inquérito policial para investigar a infração.
d) o rol de crimes previstos nos art. 303, caput, (lesão corporal culposa na direção de veículo
automotor) bem como o previsto no art. 306, caput, (condução de veículo automotor com
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool) ambos do CTB, todos
fundamentados pelo art. 69 do Código Penal (CP).
e) a circunstância prevista no art. 291, § 1º, I, do CTB, em razão da lesão corporal culposa
decorrente da condução de veículo automotor sob a influência de álcool e se afasta, portanto,
a possibilidade da aplicação de benefícios presente na Lei n. 9.099/1995.
Letra b.
Como João estava embriagado quando do atropelamento que vitimou Marcos, haverá o afas-
tamento da Lei n. 9.099/1995, o que torna incorreta a letra B, portanto não será lavrado termo
circunstanciado.
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Errado.
Se o condutor embriagado causar um homicídio culposo em decorrência de acidente de
trânsito, responderá pela forma “qualificada” do art. 302 do CP:
Errado.
Simão responderá pelos dois delitos em concurso, sendo que o art. 302 do CTB não prevê
como causa de aumento de pena o fato de o motorista estar com a habilitação vencida.
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Certo.
A alternativa está correta, uma vez que os terceiros não envolvidos no acidente não responde-
rão pelo crime previsto no CTB e sim pelo crime previsto no art. 135 do CP.
Letra b.
A alternativa B está de acordo com o que dispõe o § 1º do art. 302 do CTB:
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3
(um terço) à metade, se o agente: (Incluído pela Lei n. 12.971, de 2014)
I – não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
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Letra c.
Quando o condutor causar lesão corporal culposa em virtude de acidente por estar conduzindo
automóvel em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h, haverá o afas-
tamento da Lei n. 9.099/1995.
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c) A lesão corporal culposa cometida na direção de veículo automotor por condutor sob a
influência de álcool dispensa a representação do ofendido.
d) A suspensão da habilitação, aplicada cumulativamente na sentença condenatória por ho-
micídio culposo na direção de veículo automotor, deve ter o mesmo prazo da pena de prisão.
e) É causa de aumento de pena a utilização de veículo em que tenham sido adulterados
equipamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento.
Letra c.
Quando o condutor causar lesão corporal culposa em virtude de acidente por estar conduzindo
automóvel embriagado, haverá o afastamento da Lei n. 9.099/1995, e assim o crime será de
ação penal pública incondicionada.
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d) A instauração dos inquéritos policiais dependia de requerimento das vítimas, pois o crime
de lesão corporal culposa é de ação penal privada.
e) Tratando-se de infrações de menor potencial ofensivo, o Delegado não deveria ter instaura-
do os inquéritos policiais, senão lavrado os respectivos termos circunstanciados.
Letra c.
Como já exaustivamente estudado na aula de hoje, quando o motorista causar lesão corporal
culposa “leve” em virtude de “racha”, haverá o afastamento da Lei n. 9.099/1995, e assim o pri-
meiro crime será apurado por meio de inquérito, sendo de ação penal pública incondicionada.
Letra c.
A alternativa C está de acordo com a letra do art. 296 do CTB:
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Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a pena-
lidade de suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das
demais sanções penais cabíveis.
Letra b.
A alternativa B está de acordo com a letra do art. 302 do CTB:
Brasileiro preceitua que o Juiz, como medida cautelar, poderá decretar, em decisão motivada,
b) quando o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em cinco dias, a carteira de
habilitação.
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da ordem pública.
Letra e.
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia
da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada,
a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua
obtenção.
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o re-
querimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo. (Grifei)
na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente
Letra b.
A letra B está de acordo com o inc. II do art. 302 do CTB:
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Errado.
A assertiva está equivocada, uma vez que a conduta deve gerar perigo de dano, como se verifica
pela leitura do art. 311 do CTB:
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas,
hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde
haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Certo.
A assertiva está de acordo com o inc. IV do art. 298 do CTB:
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o con-
dutor do veículo cometido a infração:
IV – com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;
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Letra c.
Os dois crimes previstos no CTB possuem penas de detenção de 6 meses a 1 ano d ou multa.
Letra a.
A letra A está de acordo com o que rege o art. 311 do CTB:
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hos-
pitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja
grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
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Letra a.
A letra A está de acordo com o que rege o inciso IV do § 1º do art. 302 do CTB:
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3
(um terço) à metade, se o agente: (Incluído pela Lei n. 12.971, de 2014) (Vigência)
I – não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; (Incluído pela Lei n. 12.971, de
2014) (Vigência)
II – praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído pela Lei n. 12.971, de 2014) (Vigência)
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; (In-
cluído pela Lei n. 12.971, de 2014) (Vigência)
IV – no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passa-
geiros.
Errado.
Você deve memorizar que o STJ entende que o crime do art. 306 do CTB é de perigo abstrato,
sendo despicienda a demonstração da efetiva potencialidade lesiva da conduta.
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Letra d.
A alternativa D está de acordo com o que rege o “caput” do art. 293 do CTB:
Certo.
A assertiva está de acordo com o que rege o art. 304 do CTB:
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à víti-
ma, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade
pública:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com feri-
mentos leves.
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Letra c.
A letra c está de acordo com o que rege o inc. IV do art. 298 do CTB:
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penalidades dos crimes de trânsito ter o con-
dutor do veículo cometido a infração:
IV – com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo;
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silêncio, verificou que o conduzido portava CNH regular e em seguida ouviu Bentinho que
confessou conduzir o veículo e falar ao celular, bem como ouviu as demais testemunhas que
confirmaram a narrativa. Como deve proceder a Autoridade Policial?
a) Deverá lavrar o auto de prisão em flagrante e representar pela suspensão da habilitação de
dirigir veículo.
b) Por se tratar de pena máxima de 04 anos, o delegado deverá arbitrar fiança.
c) O Delegado de Polícia deverá lavra:” o auto de prisão em flagrante.
d) O delegado deverá registrar a ocorrência, instaurar inquérito por portaria, não impor ao
indiciado a prisão em flagrante e nem exigir fiança.
e) Deverá lavrar o termo circunstanciado e encaminhar ao Juizado Especial Criminal.
Letra d.
Apesar de o cabeçalho da questão ser extenso, ela representa basicamente o cotidiano policial.
Caso o condutor causador do acidente de trânsito com vítima fatal permaneça no local e preste
o devido socorro à vítima, mesma que ela venha a óbito, o Delegado de Polícia determinará o
registro de ocorrência policial, depois o IP será instaurado por portaria, e não por auto de prisão
em flagrante, por conta da redação do art. 301 do CTB.
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Letra e.
De acordo com o que rege o art. 291 do CTB, deverá ser instaurado inquérito policial para a in-
vestigação da infração penal de lesão corporal culposa se: 1) o agente estiver sob a influência
de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência, 2) participando,
em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstra-
ção de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente,
ou 3) transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta
quilômetros por hora).
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c) O crime previsto no artigo 306 da Lei n. 9.503/97 (embriaguez ao volante) admite, em tese,
a proposta de suspensão condicional do processo.
d) Admite-se a punição do agente pela prática do crime previsto no artigo 307 do Código de
Trânsito Brasileiro, ainda que não tenha sido notificado pessoalmente da penalidade adminis-
trativa de suspensão da habilitação.
e) O crime de lesões corporais culposas na condução de veículo automotor é de ação penal
pública incondicionada.
Letra c.
A pena mínima do crime de embriaguez ao volante admite a suspensão condicional do proces-
so, porém ao verificarmos a pena máxima, depreende-se que não é cabível a transação penal,
inclusive o STF já decidiu acerca do assunto em uma Ação Penal Originária, como já expus em
outra questão:
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Errado.
A conduta de conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da
influência de substância psicoativa que não seja bebida alcoólica é crime previsto no art. 306
do CTB:
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência
de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei n.
12.760, de 2012)
Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a per-
missão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Grifei).
Certo.
O crime de uso de documento falso praticado contra servidores públicos federais é de compe-
tência da Justiça Federal, segundo julgado do STJ.
Errado.
O crime em estudo está previsto no art. 311 do Código Penal:
Art. 311. Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automo-
tor, de seu componente ou equipamento: (Redação dada pela Lei n. 9.426, de 1996)
Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 9.426, de 1996)
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§ 1º – Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumen-
tada de um terço. (Incluído pela Lei n. 9.426, de 1996)
§ 2º – Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou regis-
tro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.
(Incluído pela Lei n. 9.426, de 1996)
Certo.
A questão está correta de acordo com o art. 298, II e IV, da Lei n. 9.503/1997.
Certo.
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A pena de Severino poderá ser aumentada até a metade, pois atropelou uma pessoa na calça-
da. Já a de Sávio será aumentada por ter atropelado a pessoa numa faixa de pedestres. Lucas,
por ser motorista profissional, também terá a sua pena aumentada.
Errado.
De acordo com o art. 307 do CTB será aplicada nova pena idêntica à primeira, sendo possível
a substituição por pena restritiva de direito:
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Certo.
Godofredo e Antônio responderiam pelo menos pelo caput do art. 308 do CTB, mesmo que não
tivesse causado lesão na transeunte:
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou com-
petição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo
automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade
pública ou privada: (Redação dada pela Lei n. 13.546, de 2017)
Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veí c u lo automotor. (Redação dada pela Lei n. 12.971,
de 2014)
Errado.
A assertiva está em desacordo com o que rege o art. 304 do CTB, pois ainda que 3º preste
socorro para a vítima de acidente de trânsito, haverá o crime em comento:
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à víti-
ma, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade
pública:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com feri-
mentos leves. (Grifei).
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houve colisão dos veículos, o que causou lesão corporal culposa de natureza grave em um
transeunte.
Considerando a situação hipotética apresentada e o disposto no Código de Trânsito Brasileiro,
julgue o item a seguir.
Godofredo e Antônio estão sujeitos à pena de reclusão, em razão do resultado danoso da
conduta delitiva narrada.
Certo.
Em 2017, houve uma alteração legislativa no crime previsto no art. 308 do CTB, e assim a
exibição não autorizada com resultado lesão grave é punido com pena de reclusão:
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou com-
petição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo
automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade
pública ou privada: (Redação dada pela Lei n. 13.546, de 2017) (Vigência)
Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veíc u lo automotor. (Redação dada pela Lei n. 12.971, de
2014) (Vigência)
§ 1º Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as cir-
cunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo,
a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras pe-
nas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei n. 12.971, de 2014) (Vigência)
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José cometeu infração administrativa, mas não crime, ao se recusar a fazer o teste do
bafômetro.
Errado.
Tanto Pedro como José praticaram crime previsto no art. 306 do CTB. Mesmo José tendo se
recusado a se submeter ao teste, quando avaliado na perícia, o médico legista constatou que
ele estava alterado por conta do uso de drogas.
Errado.
A conduta de Márcio não é prevista como crime previsto no Código de Trânsito Brasileiro.
Errado.
O STJ entende que constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veícu-
lo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações
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Letra d.
a) Errada. Com a reforma do Código de Trânsito Brasileiro imprimida pela “Lei Seca”, o crime
de lesão corporal culposa ocorrido por acidente de trânsito será apurado por termo circunstan-
ciado. Será apurado por inquérito policial quando:
1. o condutor estiver embriagado ou sob efeito de substâncias entorpecentes;
2. o condutor estiver participando de competição ou exibição não autorizadas;
3. o condutor transitar em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km.
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b) Errada. Nas hipóteses acima não se aplicam os benefícios da Lei n. 9.099/1995, no caso a
composição civil, ao condutor de veículo que causar acidente de trânsito.
c) Errada. A condução de veículo automotor em via pública sob influência de cocaína é crime.
Vejamos o que dispõe o art. 306 do CTB:
Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de sangue
igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa
que determine dependência:
Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permis-
são ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
d) Certa. A alternativa d está de acordo com o CTB, mesmo que o condutor cause um acidente
e venha socorrer a vítima, será instaurado inquérito policial para investigar sua conduta.
e) Errada. Contraria o disposto no art. 304 do CTB, que dispõe:
Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não
podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimen-
tos leves. (Grifo nosso).
Letra a.
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A alternativa a traz a conduta que não constitui crime, configurando apenas uma infração
administrativa de trânsito.
A alternativa b retrata a conduta do crime previsto no art. 305 do CTB.
Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil
que lhe possa ser atribuída:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não
podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime
mais grave.
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua
omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com feri-
mentos leves.
Já a alternativa d traz a conduta do crime previsto no art. 303 do CTB, que é a lesão corporal
culposa na direção de veículo automotor.
Por fim, a alternativa e traz a conduta daquele que pratica o crime previsto no art. 309 do CTB:
Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou,
ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Volume 4. Legislação Penal Especial. 15ª Edição.
Editora Saraiva.
NUCCI, Guilherme. Leis Penais e Processuais Penais Especiais. Vol. 1 e Vol. 2. Editora Forense.
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