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LEGISLAÇÃO PENAL E PROCESSUAL

PENAL ESPECIAL

LEI DE TRÂNSITO

Profa: Aleteia Queiroz Alves de Souza


DADOS ESTATÍSTICOS
➢ Segundo dados da Organização Mundial do Comércio, o Brasil registra cerca
de 47 mil mortes por trânsito por ano.

➢ Cerca de 400 mil pessoas ficam com algum tipo de sequela.

➢ De acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária, o custo para o


país é de 56 bilhões por ano, o que daria para construir 28 mil escolas e
1.800 hospitais.

➢ Centro de Pesquisas e Economia do Seguro (Cpes) – em 2016, o Brasil


perdeu 146 bilhões em decorrência de acidentes de trânsito, ou seja, 2,3% de
todo o PIB (Produto Interno Bruto). Esse valor seria gerado pelo trabalho das
vítimas que morreram ou ficaram inválidas. (LIMA, 2021, p. 1181)
LEI 9.503/1997
➢ DEFINIÇÃO DE TRÂNSITO DO PONTO DE VISTA TÉCNICO:

➢ Art. 1º. Lei 9.503/1997


➢ § 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas,
veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não,
para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de
carga ou descarga.
LEI 9.503/1997
➢ EM UMA PERSPECTIVA TÉCNICO-JURÍDICA A PALAVRA TRÂNSITO PODE
SER CONSIDERADA MAIS AMPLA QUE MOVIMENTAÇÃO OU
CIRCULAÇÃO PELAS VIAS TERRESTRES.

➢ Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os


logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão
seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas,
de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais.
➢ Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consideradas vias
terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias internas pertencentes
aos condomínios constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de
estacionamento de estabelecimentos privados de uso coletivo.
LEI 9.099/95
➢ A LEI 9.099/95 FUNCIONA COMO UMA NORMA GERAL, EM
RELAÇÃO ÀS INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL
OFENSIVO.

➢ NORMAS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO:


CONTRAVENÇÕES PENAIS (LEI 3.688/41) E OS CRIMES
COM A PENA MÁXIMA COMINADA IGUAL OU INFERIOR A 2
ANOS, CUMULADA OU NÃO COM MULTA, SALVO ALGUNS
CASOS (VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E JUSTIÇA MILITAR).
APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95
➢ Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se
as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de
modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
➢ § 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei
no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:
➢ I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
➢ II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou
demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente;
➢ III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta
quilômetros por hora).
➢ § 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a
investigação da infração penal.
➢ § 3º (VETADO).
➢ § 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade do agente e às
circunstâncias e consequências do crime.
ART. 291, LEI 9.503/97
 OBS: A ANTIGA REDAÇÃO DO ART. 291 PERMITIA QUE SERIAM
APLICÁVEIS AOS CRIMES DE TRÂNSITO DE LESÃO CORPORAL
CULPOSA, DE EMBRIAGUEZ AO VOLANTE E DE PARTICIPAÇÃO EM
COMPETIÇÃO NÃO AUTORIZADA – OS ARTS. 74, 76 E 88 DA LEI
9.099/95 (RESPECTIVAMENTE: COMPOSIÇÃO CIVIL DOS DANOS,
TRANSAÇÃO PENAL E NECESSIDADE DE REPRESENTAÇÃO PARA OS
CRIMES DE LESÃO CORPORAL LEVE E CULPOSA)

 Isso gerava enorme controvérsia porque a antiga redação do


dispositivo considerava necessária a representação para os crimes de
embriaguez ao volante (que é de perigo abstrato) e participação em
competição não autorizada (que é de perigo concreto) – PORQUE
NÃO EXISTIA UMA VÍTIMA DETERMINADA.
ART. 291, LEI 9.503/97
 OBS2: ASSIM, SEMPRE SE ENTENDEU QUE ESSES CRIMES SERIAM DE
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA. SOMENTE A LESÃO CORPORAL
CULPOSA – ART. 303, CTB – É QUE ESTARIA SUJEITA A
REPRESENTAÇÃO – PORQUE HAVERIA VÍTIMA DETERMINADA.

 LEI 11.705/08 TROUXE NOVA REDAÇÃO AO ARTIGO 291, CTB –


POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 74, 76 E 88 DA LEI
9.099/95 APENAS PARA OS CRIMES DE LESÃO CORPORAL CULPOSA.

 OBS3: E NÃO PODERÃO SER APLICADOS SE ESSA LESÃO CORPORAL


CULPOSA FOI CAUSADA POR PESSOA EMBRIAGA, QUE ESTIVESSE
PARTICIPANDO DE COMPETIÇÃO AUTOMOBILÍSTICA EM VIA PÚBLICA OU
QUE ESTIVESSE COM VELOCIDADE SUPERIOR À PERMITIDA.
ART. 291, LEI 9.503/97 E LEI 9.099/95

 RESUMINDO: ART. 303, CAPUT – LESÃO CORPORAL CULPOSA NO


TRÂNSITO É INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
PORQUE TEM PENA DE 6 MESES A 2 ANOS (MENOR DE 2 ANOS) –
PORTANTO, DEVE TER A INCIDÊNCIA DA LEI DOS JUIZADOS
ESPECIAIS (ART. 61, LEI 9099/95) – AÇÃO PÚBLICA
CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO.

 NESSE CASO, DEVE-SE LAVRAR TERMO CIRCUNSTANCIADO DE


OCORRÊNCIA COM POSSIBILIDADE DE TRANSAÇÃO PENAL,
POSTERIORMENTE.
ART. 303, LEI 9.503/97
 Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
 Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
 § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art.
302.
 § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas
previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão
da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime
resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.

 OBS: COM O AUMENTO DE PENA PREVISTO NO PARÁGRAFO 1º DO


ART. 303, A PENA PASSARIA DE 8 MESES A 3 ANOS E NÃO PODERIA
MAIS SER TRATADA COMO INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL
OFENSIVO.
ART. 291, LEI 9.503/97 E LEI 9.099/95

ATENÇÃO: SE A LESÃO TIVER SIDO CAUSADA POR


PESSOA EMBRIAGADA, QUE ESTIVESSE EM
COMPETIÇÃO AUTOMOBILÍSTICA EM VIA PÚBLICA
OU TRAFEGANDO ACIMA DA VELOCIDADE
PERMITIDA (INCISOS I, II E III DO ART. 291, CTB) – A
AÇÃO SERÁ PÚBLICA INCONDICIONADA (DEIXA DE
SER INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO)
ART. 303, LEI 9.503/97

DEFINIÇÃO: Trata-se de ofender a integridade corporal ou saúde


de outrem, porém com culpa.

OBS: Entende-se ser um tipo aberto, já que não há uma descrição


minuciosa da conduta criminosa. Assim, o intérprete poderá fazer
algum juízo de valor para constatar se, na ocasião da prática
criminosa o agente teria realmente agido com inobservância do
dever de cuidado na direção de veículo automotor, causando um
resultado não desejado. (LIMA, 2021, p. 1227)
ART. 303, CTB - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Por se tratar de crime material, o art. 303 do CTB consuma-


se com a efetiva lesão à integridade corporal ou à saúde da
vítima.

OBS: A pluralidade de lesões causadas à mesma vítima num


único contexto fático não altera a unidade do crime, devendo
ser sopesadas pelo juiz por ocasião da dosimetria da pena.
(LIMA, 2021, p. 1228-1229)

 TENTATIVA: CRIME CULPOSO NÃO ADMITE TENTATIVA.


TIPOS DE CULPA
Culpa inconsciente (sem representação) e culpa consciente (ou com
representação).
Levando-se em consideração a previsão do agente acerca do
resultado naturalístico provocado pela sua conduta, é possível
apontar as seguintes espécies de culpa:

a)culpa inconsciente (sem previsão ou ex ignorantia)

b)culpa consciente (com previsão ou ex lascívia)


TIPOS DE CULPA
a) Culpa inconsciente (sem previsão ou ex ignorantia): é aquela em que o agente
não prevê o resultado, conquanto objetivamente previsível. Ou seja, apesar de a
superveniência do resultado ser previsível, o autor do fato delituoso não
consegue prevê-lo, seja por descuido, desatenção, seja por simples
desinteresse;

b) Culpa consciente (com previsão ou ex lascívia): ocorre quando o agente prevê


a superveniência do resultado, mas confia levianamente na sua não ocorrência.
De acordo com a doutrina e a jurisprudência, a censurabilidade da conduta do
agente no caso da culpa consciente é maior do que na culpa inconsciente,
devendo, pois, ser valorada nesse sentido pelo magistrado por ocasião da
apreciação das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal.
CLASSIFICAÇÃO DO ART. 303, CTB
 O crime do art. 303 do CTB pode ser classificado da seguinte forma:
a) comum;
b) material; (só se consuma com a produção do resultado naturalístico)
c) culposo;
d) de forma parcialmente vinculada, pois exige que o agente esteja na direção
de veículo automotor;
e) comissivo; (ação)
f) instantâneo;
g) de dano;
h) unissubjetivo; (pode ser praticado por apenas um sujeito)
i) plurissubsistente. (conduta do agente poderá ser dividida em 2 ou mais atos)
(LIMA, 2021, p. 1229)
PREVISÃO LEGAL - ART. 303, CTB
 Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:
 Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
 § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das
hipóteses do § 1o do art. 302. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº
13.546, de 2017)
 § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem
prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo
com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de
outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar
lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. (Incluído pela Lei nº
13.546, de 2017) (Vigência)
ART. 303, CTB - QUALIFICADORAS
 O art. 303, §2°, do CTB, incluído pela Lei n. 13.546/17, a pena
privativa de liberdade aplicável ao crime de lesão corporal culposa na
direção de veículo automotor será de reclusão de dois a cinco anos,
sem prejuízo das outras penas previstas no referido artigo (suspensão
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor) se ocorrer uma das seguintes hipóteses
alternativas:

a) se o agente conduzir o veículo com capacidade psicomotora alterada


em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa
que determine dependência;
b) se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima;
LESÃO CORPORAL GRAVE OU GRAVÍSSIMA
 OBS1: Por força do acréscimo do §2° ao art. 303 do CTB pela Lei n. 13.546/17, a
lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor passa a
diferenciar a espécie de lesão a depender da gravidade dos ferimentos.
 OBS2: Assim, se do crime do art. 303 resultar lesão corporal de natureza grave -
incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias, perigo de vida,
debilidade permanente de membro, sentido ou função ou aceleração de parto (CP,
art. 129, §1°, I, II, III e IV) - ou gravíssima - incapacidade permanente para o
trabalho, enfermidade incurável, perda ou inutilização do membro , sentido ou
função, deformidade permanente ou aborto (CP, art. 129, §2°, I, II, III, IV e V) - , o
agente deverá ser responsabilizado pela figura qualificadora do art. 303, §2°, in
fine, do CTB.
 OBS3: Se do crime resultar lesão corporal de natureza leve, o correto
enquadramento típico deverá ser feito à luz do caput do art. 303 do CTB.
(LIMA, 2021, p. 1229)
ART. 306, CTB
 Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de
álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência:
 Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
 § 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por:
 I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a
0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
 II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora.
 § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou
toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito
admitidos, observado o direito à contraprova.
 § 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos
para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo.
 § 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto no caput.
ART. 306, CTB

“O alto índice de sinistralidade envolvendo pessoas que fizeram


uso de bebida alcóolica ou drogas , mas que, mesmo assim, se
põem a dirigir um veículo automotor, demonstra a necessidade da
intervenção do Direito Penal , porque esse tipo de conduta ao
volante expõe os demais participantes no tráfico viário a uma
situação potencial de perigo que, ano após ano, vem provocando
uma série de resultados lesivos à vida, à integridade física, à
saúde e ao patrimônio das pessoas.” (LIMA, 2021, p. 1236)
ART. 306, CTB
CRIME DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

 CRIME DE PERIGO ABSTRATO: REDAÇÃO ANTERIOR DO ARTIGO:


ainda que o agente conduzisse o veículo automotor completamente
embriagado, se acaso não restasse demonstrado risco concreto de dano
(v.g., excesso de velocidade, zigue-zague, contramão da direção, etc.), sua
conduta seria atípica.
 NOVA REDAÇÃO: foi suprimida com a nova redação conferida ao art. 306
pela Lei n. 11.705/08 ("Conduzir veículo automotor, na via pública, estando
com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6
decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência").
ART. 306, CTB
 CRIME DE PERIGO ABSTRATO – NÃO SERÁ NECESSÁRIA A
CONSUMAÇÃO, BASTANDO A COMPROVAÇÃO DE UMA
SITUAÇÃO QUE TENHA COLOCADO EM RISCO O BEM JURÍDICO
TUTELADO. Não se exige prova de perigo real. Perigo é
presumido.

 BEM JURÍDICO TUTELADO – SEGURANÇA VIÁRIA.


 RECKLESSNESS – TRADICIONAL IMPRUDÊNCIA REFERENTE A
ESSE TIPO ESPECÍFICO DE CRIME DE TRÂNSITO.
 OBS: O delito pode restar caracterizado se praticado em qualquer local
público e também no interior de uma propriedade privada. –
AMPLIAÇÃO DO ALCANCE DA REGRA PUNITIVA.
ART. 306 - CTB

 SINAIS TÍPICOS DA ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE PSICOMOTORA:


a) QUANTO À APARÊNCIA:
Sonolência
Olhos vermelhos
Vômito
Soluções
Desordem nas vestes
Odor de álcool
ART. 306 - CTB
 SINAIS TÍPICOS DA ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE PSICOMOTORA:
 b) QUANTO À ATITUDE:
 agressividade; arrogância; exaltação; ironia; falante ou dispersão;

 c) QUANTO À ORIENTAÇÃO, SE O CONDUTOR:


 sabe onde está; se sabe a data e a hora;

 d) QUANTO À MEMÓRIA, se o condutor: sabe seu endereço; lembra dos atos


cometidos;

 e) QUANTO À CAPACIDADE MOTORA E VERBAL, se o condutor apresenta: dificuldade


no equilíbrio; fala alterada.
JURISPRUDÊNCIA
 A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça caminha nesse sentido, in verbis: "( ... ) o delito
previsto no art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro é de perigo abstrato, sendo suficiente para
a sua caracterização que o condutor do veículo esteja com a capacidade psicomotora alterada
em razão da influência de álcool ou outra substância entorpecente, dispensada a
demonstração da potencialidade lesiva da conduta. Após a vigência da Lei n. 12.760/12, a
comprovação do delito do artigo 306 da Lei n. 9.503/97 pode ocorrer por qualquer meio de
prova em Direito admitido, sendo prescindível a realização dos testes alveolar ou sanguíneo.
No caso, o crime ocorrera em 10/8/2014, restando a comprovação quanto a estar o agravante
dirigindo veículo automotor com a capacidade psicomotora alterada em razão da influência de
álcool, atestada pelo Termo de Constatação de Sinais de alteração da capacidade psicomotora,
o qual indicou que o réu não estava sóbrio, encontrando -se com os olhos avermelhados,
possuindo desordem nas vestes, odor de álcool no hálito, atitude arrogante, exaltado, irônico,
dispersivo e falante, características, igualmente, constatadas pelos depoimentos dos policiais
encarregados de sua prisão . ( ... )“STJ, 5ª Turma, AgRg nos EDcl no HC 354.810/ PB, Rei.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j . 17/10/ 2017, DJe 23/10/2017
ART. 306 – CTB - BAFÔMETRO
 OBS: “A partir do momento em que a tipificação do crime do art. 306 do
CTB passou a exigir a taxa de 6 decigramas de álcool por litro de sangue,
restou assaz mais difícil a comprovação da referida prática delituosa ,
visto que, em virtude do princípio que veda a autoincriminação, o
motorista não podia ser obrigado a se sujeitar ao exame de sangue, nem
tampouco ao bafômetro, únicos meios de prova tecnicamente capazes de
aferir a concentração de álcool no sangue;” (LIMA, 2021, p. 1240)
 OBS2: RECUSAR FAZER O TESTE DE BAFÔMETRO NÃO
CONFIGURA CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. PODERÁ TAMBÉM SER
FEITO PELO ETILÔMETRO PASSIVO, MAS NEM SEMPRE EXISTE
DISPONÍVEL.
 OBS3: RESGUARDADO PELO PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE
DETEGERE.
COMPROVAÇÃO DA CAPACIDADE PSICOMOTORA
ALTERADA

 NOVA REDAÇÃO: LEI 12.790/2012:


 I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de
sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar
alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
 II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da
capacidade psicomotora.
 § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante
teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova
testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o
direito à contraprova.
EMBRIAGUEZ AO VOLANTE – INFRAÇÃO
ADMINISTRATIVA – LEI 9.503/97
 Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou
outro procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra
substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277:
 Infração - gravíssima;
 Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12
(doze) meses;
 Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e
retenção do veículo, observado o disposto no § 4º do art. 270.
 Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de
reincidência no período de até 12 (doze) meses.
EMBRIAGUEZ AO VOLANTE – INFRAÇÃO
ADMINISTRATIVA – LEI 9.503/97
 Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de trânsito ou que for
alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou
outro procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo
Contran, permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa que
determine dependência.
 § 2o A infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada mediante imagem,
vídeo, constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração
da capacidade psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito
admitidas.
 § 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art.
165-A deste Código ao condutor que se recusar a se submeter a qualquer dos
procedimentos previstos no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.281,
de 2016)
EMBRIAGUEZ AO VOLANTE – INFRAÇÃO
ADMINISTRATIVA – LEI 9.503/97
 CONCLUINDO: Ao contrário do sustentado pelo acórdão recorrido, a sanção do art. 277, §3°, do CTB
dispensa demonstração da embriaguez por outros meios de prova. A infração aqui reprimida não é a
de embriaguez ao volante, prevista no art. 165, mas a de recusa em se submeter aos procedimentos
do caput do art. 277, de natureza instrumental e formal, consumada com o mero comportamento
contrário ao comando legal. A prova da infração do art. 277, § 3° é a de descumprimento do dever de
agir.
 Não há incompatibilidade entre o princípio nemo tenetur se detegere e o §3° do art. 277 do CTB, pois
este se dirige a deveres instrumentais de natureza estritamente adminis - trativa, sem conteúdo
criminal, em que as sanções estabelecidas têm caráter meramente persuasório da observância da
legislação de trânsito. A dignidade da pessoa humana em nada se mostra afrontada pela obrigação
de fazer prevista no caput do art. 277 do CTB, com a consequente penalidade estabelecida no §3° do
mesmo dispositivo legal. (LIMA, 2021, p. 1242-1244)
 1) NÃO EXISTE COAÇÃO FÍSICA
 2) A RECUSA NÃO PRESUME EMBRIAGUEZ
ART. 306 – CTB - CLASSIFICAÇÃO

1) CRIME DOLOSO – SÓ SE APRESENTA NA FORMA DOLOSA;


2) CRIME COMUM – PRATICADO POR QUALQUER PESSOA;
3) CRIME DE MERA CONDUTA – NÃO NECESSITA DE CONSUMAÇÃO;
4) CRIME DE PERIGO ABSTRATO;
5) INSTANTÂNEO
6) UNISSUBJETIVO – UM SUJEITO
7) PLURISSUBSISTENTE – CONDUTA CARACTERIZADA POR VÁRIOS
ATOS.
8) ADMITE TENTATIVA – EX: Motorista completamente embriagado é
impedido de sair de estacionamento de bar.
ART. 302 – CTB – PREVISÃO LEGAL
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir
veículo automotor.
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade,
se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.
V - REVOGADO
§ 2º - REVOGADO
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência:
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor.
ART. 302 – CTB X HOMICÍDIO CULPOSO (ART. 121, § 3º, CP)

HAVERIA VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA


ISONOMIA?

PENA CTB – ART. 302 – 2 A 4 ANOS

PENA CP - ART. 121, § 3º – 1 A 3 ANOS


ART. 302 – CTB X HOMICÍDIO CULPOSO (ART. 121, § 3º, CP)

STF: "( ... ) é inegável a existência de maior risco objetivo em decorrência da


condução de veículos nas vias públicas - conforme dados estatísticos que
demonstram os alarmantes números de acidentes fatais ou graves nas vias públicas
e rodovias públicas - impondo-se aos motoristas maior cuidado na atividade . O
princípio da isonomia não impede o tratamento diversificado das situações quando
houver elemento de discrímen razoável, o que efetivamente ocorre no tema em
questão. A maior frequência de acidentes de trânsito, com vítimas fatais, ensejou a
aprovação do projeto de lei, inclusive com o tratamento mais rigoroso contido no art.
302, parágrafo único, da Lei nº 9.503/97. A majoração das margens penais -
comparativamente ao tratamento dado pelo art. 121, § 3°, do Código Penal -
demonstra o enfoque maior no desvalor do resultado, notadamente em razão da
realidade brasileira envolvendo os homicídios culposos provocados por indivíduos
na direção de veículo automotor ". STF, 2• Turma, RE 428.864/SP, Rei. Min .
Ellen Gracie, j. 14/ 10/2008 , DJe 216 13/ 11/ 2008
ELEMENTO NORMATIVO
 Alguém deve ser agregado um elemento normativo do tipo, que traduz a
forma ou modo de execução: na direção de veículo automotor.
 Eventual acidente com reboques e trailers, não acoplados a um veículo
automotor, bicicletas, carroças, etc., não podem ser considerados crimes de
trânsito, tipificando, na verdade, o crime do art. 121, §3°, do CP.

 ESPÉCIES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO: Abalroamento, atropelamento,


capotagem viária, choque viário (contra obstáculos físicos imóveis), colisão
viárias (choque mais violento entre veículos que vinham em direção oposta),
engavetamento viário, tombamento viário (veículo sai da posição normal e
fica apoiado em um dos lados), precipitação viária (projeção de um veículo
em nível inferior ao que trafegava) e queda acidental viária (veículo
despenca em queda vertical). (LIMA, 2021, p. 1212)
NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA
 1) O Art. 302 do CTB - e do Art. 121, §3° do Código Penal - exigem que sua
interpretação seja complementada pelo disposto no art. 18, inciso II, do Código
Penal, segundo o qual o crime é culposo quando o agente dá causa ao resultado
por imprudência, negligência ou imperícia.
 2) O essencial em um tipo de injusto culposo como o do art. 302 do CTB não é a
simples causação do resultado, mas sim a forma em que a ação causadora se
realiza. Por isso, a observância do dever objetivo de cuidado, ou seja, a diligência
devida, pelo condutor do veículo automotor afasta a tipificação do crime.

 ATENÇÃO: O motorista cumpre com as normas de trânsito e mesmo assim


provoca a morte de outrem, não será possível lhe imputar juridicamente esse
resultado, em face da inexistência de criação de um risco proibido, pouco
importando, in casu, a existência de nexo de causalidade física entre a sua conduta
e o evento morte. (LIMA, 2021, p. 1212)
NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA

 1) NEGLIGÊNCIA - É a imprevisão passiva, o desleixo, a inação.


Consiste em não fazer o que deveria ter sido feito.

 É a abstenção de uma cautela que deveria ter sido adotada antes do agir
descuidado.

 EX: o proprietário do veículo que deixa de fazer a sua manutenção


regular, transitando com pneus (ou freios) em péssimas condições, vindo
a perder a condução do automóvel, dando causa à morte de alguém.
(LIMA, 2021, p. 1213)
NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA

 2)IMPRUDÊNCIA - é a culpa em sua forma comissiva (in agendo).


É a imprevisão ativa, havendo concomitância entre a imprudência e
a ação, ou seja, a imprudência se desenvolve de maneira paralela à
ação, ou seja, surge e se manifesta enquanto o seu autor pratica a
conduta.

EX: O motorista que imprime velocidade excessiva em seu veículo,


com visível diminuição de seus reflexos e acentuada liberação de
seus freios inibitórios, ou que desrespeita um sinal vermelho em um
cruzamento; (LIMA, 2021, p. 1213)
NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA E IMPERÍCIA

 3) IMPERÍCIA - é a falta de capacidade, de aptidão, despreparo ou


insuficiência de conhecimentos técnicos para o exercício de arte, profissão
ou ofício, razão pela qual, aliás, é chamada de culpa profissional.

 OBS: A imperícia só pode acontecer no exercício de arte, profissão ou ofício.


Ocorrendo fora desses contextos, deve ser tratada, sob o ponto de vista
jurídico, como imprudência ou negligência.
 EX: Se um motorista de ônibus de transporte coletivo de passageiros
transita em excesso de velocidade, será imperito. Todavia, se essa mesma
conduta tivesse sido praticada por um motorista qualquer, sua conduta seria
imprudente. (LIMA, 2021, p. 1213)
CULPA CONSCIENTE X DOLO EVENTUAL

a) Culpa consciente (com previsão ou ex lascívia): ocorre quando o agente prevê a


superveniência do resultado, mas confia levianamente na sua não ocorrência. De
acordo com a doutrina e a jurisprudência, a censurabilidade da conduta do agente no
caso da culpa consciente é maior do que na culpa inconsciente, devendo, pois, ser
valorada nesse sentido pelo magistrado por ocasião da apreciação das circunstâncias
judiciais do art. 59 do Código Penal.
b) Dolo Eventual – o agente prevê o resultado (resultado bastante provável) e mesmo
assim resolve seguir adiante em sua ação. Ex: Jurisprudência: a embriaguez ao
volante, o excesso de velocidade, o tráfego na contramão, a participação em
competições automobilísticas não autorizadas, têm funcionado como indicativos de dolo
eventual na direção de veículo automotor, tipificando, quase automaticamente, o crime
de homicídio doloso do art. 121 do Código Penal, e não a figura culposa do art. 302 do
CTB.
DOLO EVENTUAL - STF

 Supremo Tribunal Federal, "(. .. ) a conduta social desajustada daquele


que, agindo com intensa reprovabilidade ético-jurídica, participa, com o
seu veículo automotor, de inaceitável disputa automobilística realizada
em plena via pública, nesta desenvolvendo velocidade exagerada - além
de ensejar a possibilidade de reconhecimento do dolo eventual inerente
a esse comportamento do agente -, justifica a especial exasperação da
pena, motivada pela necessidade de o Estado responder, grave e
energicamente, a atitude de quem, em assim agindo, comete os delitos
de homicídio doloso e de lesões corporais. ( ... )". STJ, 5ª Turma, RHC
83.687/SP, Rei. Min . Jorge Mussi, j. 17/08/2017, DJe 30/08/2017
PARA A DOUTRINA NEM SEMPRE SERÁ
DOLO EVENTUAL
 OBS RENATO BRASILEIRO: “Parte relevante da doutrina sustenta que
não se pode partir do princípio de que todos aqueles que dirigem
embriagados, com velocidade excessiva e/ou participando de rachas, não
se importavam em causar a morte ou mesmo lesões em outras pessoas. A
propósito, basta tomar o exemplo citado por Rogério Greco do agente que,
após beber excessivamente durante a comemoração de suas bodas de
prata, resolve voltar, juntamente com sua esposa e três filhos, para a sua
residência dirigindo um veículo automotor em alta velocidade, ocasião em
que dá causa a um acidente de trânsito, causando a morte de toda a sua
família. Aos olhos do referido autor, é de todo evidente que o agente
importava-se com a ocorrência dos resultados e jamais aderiu a sua
ocorrência, daí por que não se poderia lhe imputar o crime de homicídio a
título de dolo eventual.” (LIMA, 2021, p. 1218)
RACHA – ART. 308, CTB
 Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou
competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra
de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de
risco à incolumidade pública ou privada:
 Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
 § 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e
as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de
produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem
prejuízo das outras penas previstas neste artigo.
 § 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias
demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a
pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das
outras penas previstas neste artigo.
RACHA – ART. 308, CTB
 BEM JURÍDICO TUTELADO: o crime previsto no art. 308 tutela
diretamente a segurança viária, interesse de natureza transindividual,
vez que pertence a todos aqueles que participam do tráfico por meio de
vias terrestres.

 OBS: o crime visa à proteção da incolumidade pública ou privada.

 CRIME DE PERIGO CONCRETO: trata-se de crime de perigo concreto,


como é o caso, por exemplo, da constatação do perigo de vida, do
perigo de afetação da integridade física, ou o perigo ao patrimônio de
um número indeterminado de pessoas. Afinal, a situação de perigo
criada pela participação em racha estava (e está) inserida no tipo penal
RACHA – ART. 308, CTB
 SUJEITOS: Trata-se de crime comum, já que o tipo penal não exige
qualquer condição especial em relação ao agente . O condutor do
veículo pode ser habilitado ou não.

 OBS: No caso do condutor não habilitado, aplica-se a agravante do art.


298, inciso III. .

 TIPO OBJETIVO: O verbo núcleo do tipo é participar, que traduz a


ideia de tomar parte , intervir junto com outro, ou outros, em
atividade, assunto, ou negócio. A conduta em questão deve ser
praticada na direção de veículo automotor.
PARTICIPAÇÃO
a) CORRIDA: tipo de competição em que se percorre um
determinado trajeto. Nesse caso, é feita uma proposição
expressa por parte de um condutor, seguida da aceitação por
outro.
b) DISPUTA: há um desafio tácito entre os agentes, mediante
expressa ou tácita provocação. A título de exemplo, se o condutor
de um veículo, após ser ultrapassado por outro, passa a acelerar
seu automóvel simplesmente por não ter gostado de ter ficado
para trás, suscitando a reação do outro motorista que já estava à
frente. (LIMA, 2021, p. 1250-1251)
PARTICIPAÇÃO
c) COMPETIÇÃO AUTOMOBILÍSTICA: traduz a ideia de uma corrida,
geralmente entre mais de duas pessoas, porém com locais de saída e chegada
previamente estabelecidos.

d) EXIBIÇÃO OU DEMONSTRAÇÃO DE PERÍCIA EM MANOBRA NA


DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR: acrobacias, arrancadas, cavalos de pau,
freadas bruscas, deslizamento ou arrastamento de pneus, em manobras
conhecidas como "zerinho", empinar o guidão da motocicleta, etc. Nesses casos,
independentemente da existência de qualquer tipo de corrida, disputa ou
competição entre os envolvidos, ter-se-á como tipificado o crime do art. 308,
caput, in fine , desde que a conduta seja praticada a partir da entrada em vigor da
Lei n. 13.546/07 (19 de abril de 2018), sob pena de violação ao princípio da
irretroatividade da lei penal mais gravosa. (LIMA, 2021, p. 1250-1251)
RACHA – ART. 308, CTB
 RESULTADO LESÃO OU MORTE: Crime preterdoloso – dolo no antecedente,
quanto ao art. 308, CTB, e culpa no consequente, quanto ao art. 302, CTB.

 COMPETÊNCIA: Lesão corporal de natureza grave constante do art . 308, §1 º,


do CTB é cominada uma pena de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem
prejuízo das outras penas previstas neste artigo. Por sua vez, o crime
qualificado pela morte do §2° do art. 308 prevê uma pena de reclusão, de 5
(cinco) a 10 (dez) anos, também sem prejuízo das demais penas previstas
neste dispositivo legal. Em ambos os casos, a competência será do Juízo
Comum, aplicando- -se o procedimento comum ordinário (CPP, art. 394, §1 °,
I). Não há falar em transação penal, nem tampouco em suspensão
condicional do processo. A ação penal também é pública incondicionada.
Admite-se a multa reparatória do art. 297, CTB, porque pode produzir danos
materiais. (LIMA, 2021, p. 1253-1254)
COMPETÊNCIA – ART. 308, CTB

OBS: Redação original do CTB: a pena cominada ao art. 308,


caput, era de detenção, de seis meses a dois anos, multa e
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor. À época, portanto,
referido crime era considerado infração de menor potencial
ofensivo, sujeito, pois, à competência dos Juizados Especiais
Criminais e ao procedimento comum sumaríssimo, admitindo-
se, ademais, não apenas a transação penal quanto a
suspensão condicional do processo. (LIMA, 2021, p. 1253)
COMPETÊNCIA – ART. 308, CTB
APÓS A LEI N. 12.971/14: pena de detenção, de 6 (seis) meses a
3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

OBS: Competência não é mais dos Juizados Especiais Criminais,


e sim do Juízo Comum, aplicando-se o procedimento comum
sumário, nos termos do art. 394, §1°, II, do CPP. Não se admite a
transação penal, pois a pena máxima é superior a 2 (dois) anos.
Porém, como a pena mínima cominada não é superior a 1 (um)
ano, é cabível, pelo menos em tese, a suspensão condicional do
processo, nos termos do art. 89 da Lei n. 9.099/95. (LIMA, 2021, p.
1253)

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