Você está na página 1de 39

LEGISLAÇÃO PENAL E PROCESSUAL

PENAL ESPECIAL

LEI DE TRÁFICO DE DROGAS

Profa: Aleteia Queiroz Alves de Souza


ESTRUTURA NORMATIVA
➢ ART. 1º - Lei 11.343/06

➢ Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas -
Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas
para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define
crimes.

 FINALIDADE DO SISNAD: Articular, integrar, organizar e coordenar as


atividades relacionadas com a prevenção do uso indevido, a atenção e a
reinserção social de usuários e dependentes de drogas, assim como a
repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas.
DECRETO Nº 5.912/2006
➢ OBS: FINALIDADES DO SISNAD – ARTS. 3º AO 17, LEI 11.343/06.
➢ INTEGRAM O SISNAD:
1) Conselho Nacional Antidrogas (CONAD);
2) Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD);
3) Conjunto de órgãos e entidades públicas que exerçam atividades de
prevenção do uso indevido, de atenção e reinserção de usuários e
dependentes de drogas, assim como repressão ao tráfico de drogas no âmbito
do Poder Executivo Federal, dos Estados, Municípios e Distrito Federal;
4) As organizações, instituições ou entidades da sociedade civil que atuam nas
áreas da atenção à saúde e da assistência social e atendam usuários ou
dependentes de drogas e respectivos familiares, mediante ajustes específicos.
LEI 11.340/2006
➢ SUBSTITUIÇÃO DA LEI 6.368/76 – art. 12 – disciplinava igualmente
traficantes e usuários.

➢ OBJETIVO DA LEI DE DROGAS: Conferir tratamento jurídico


diverso ao usuário e ao traficante de drogas. Sob a premissa de que
a pena privativa de liberdade em nada contribui para o problema
social do uso indevido de drogas, o qual deve ser encarado como
um problema de saúde pública e não de polícia. (LIMA, 2021, p. 1027)

➢ A Lei 11.343 inovou em relação à Lei 6.368 – aboliu a possibilidade de


aplicação da pena privativa de liberdade para aqueles que fazem uso
para consumo pessoal.
DEFINIÇÃO DE DROGAS
➢ OBS: A LEGISLAÇÃO ANTERIOR (LEI 6.368/76) UTILIZAVA A
EXPRESSÃO SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE OU QUE DETERMINE
DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA. A LEI 11.343/06 USA A
EXPRESSÃO DROGAS.

 DEFINIÇÃO DE DROGAS: ART. 1º.


 Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as
substâncias ou os produtos capazes de causar dependência, assim
especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas
periodicamente pelo Poder Executivo da União.
DEFINIÇÃO DE DROGAS
➢ A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE PREFERE A
DENOMINAÇÃO DROGAS.

➢ DENOMINAM-SE DROGAS AS SUBSTÂNCIAS


ENTORPECENTES, PSICOTRÓPICAS, PRECURSORAS E
OUTRAS SOB CONTROLE ESPECIAL DA PORTARIA
SVS/MS 344 DE 12 DE MAIO DE 1988.

➢ (OBS: SVS/MS – Secretaria de Vigilância Sanitária do


Ministério da Saúde)
NORMA PENAL EM BRANCO

 LEI 11.343/06 necessita de uma complementação por meio de lei ou


portaria – por isso, trata-se de norma penal em branco.

 NORMA PENAL EM BRANCO: É aquela cuja compreensão do preceito


primário demanda complementação.

 Existe uma conduta proibida que demanda um completo extraído de outro


diploma normativo (podem ser leis, decretos, regulamentos) que vão
auxiliar a compreender os limites da proibição feita pela lei penal.
FUNDAMENTAÇÃO LEGAL – LEI 11.343/06

 Art. 2º Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o


plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais
possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de
autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção
de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a
respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.

 Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos


vegetais referidos no caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais
ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
respeitadas as ressalvas supramencionadas.
SUBSTÂNCIAS BANIDAS/PROSCRITAS
PORTARIA SVS/MS 344
 LISTA - F
 LISTA DAS SUBSTÂNCIAS DE USO PROSCRITO NO BRASIL
 LISTA F1 - SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES
 1.3-METILFENTANILA (N-(3-METIL 1-(FENETIL-4-PIPERIDIL)PROPIONANILIDA)
 2.3-METILTIOFENTANILA (N-[3-METIL-1-[2-(2-TIENIL)ETIL]-4-PIPERIDIL]PROPIONANILIDA)
 3.ACETIL-ALFA-METILFENTANILA (N-[1-µ -METILFENETIL)-4-PIPERIDIL]ACETANILIDA)
 4.ALFA-METILFENTANILA (N-[1-µ -METILFENETIL)-4-PIPERIDIL]PROPIONANILIDA)
 5.ALFAMETILTIOFENTANIL (N-[1-[1-METIL-2-(2-TIENIl)ETIL]-4-PIPERIDIL]PROPIONANILIDA)
 7.BETA-HIDROXI-3-METILFENTANILA
 8.BETA-HIDROXIFENTANILA
 11. COCAÍNA
 12. DESOMORFINA (DIIDRODEOXIMORFINA)
 20. ECGONINA
 24. HEROÍNA (DIACETILMORFINA)
SUBSTÂNCIAS BANIDAS/PROSCRITAS
PORTARIA SVS/MS 344
 32. MPPP (1-METIL-4-FENIL-4-PROPIONATO DE PIPERIDINA (ESTER))
 33. PARA-FLUOROFENTANILA (4-FLUORO-N-(1-FENETIL-4-PIPERIDIL)PROPIONANILIDA)
 35. PEPAP (1-FENETIL-4-FENIL-4-ACETATO DE PIPERIDINA (ESTER))
 43. TIOFENTANILA (N-[1-[2-TIENIL)ETIL]-4-PIPERIDIL]PROPIONANILIDA)
 LISTA F2 - SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS
 1.4-METILAMINOREX (± )-CIS-2-AMINO-4-METIL-5-FENIL-2-OXAZOLINA
 2.BENZOFETAMINA
 3.CATINONA ( (-)-(5)-2-AMINOPROPIOFENONA)
 4.CLORETO DE ETILA
 5.DET ( 3-[2-(DIETILAMINO)ETIL]LINDOL)
 6.LISERGIDA (9,10-DIDEHIDRO-N,N-DIETIL-6-METILERGOLINA-8 b -CARBOXAMIDA) -LSD
 7.DMA ((± )-2,5-DIMETOXI-µ -METILFENETILAMINA)
 8.DMHP(3-(1,2-DIMETILHEPTIL)-7,8,9,10-TETRAHIDRO-6,6,9-TRIMETIL-6H-DIBENZO[B,D]PIRANO-1-OL)
 9.DMT (3-[2-(DIMETILAMINO)ETIL] INDOL)
 10. DOB ((± )-4-BROMO-2,5-DIMETOXI-µ -METILFENETILAMINA)-BROLANFETAMINA
SUBSTÂNCIAS BANIDAS/PROSCRITAS
PORTARIA SVS/MS 344
 11. DOET ((± ) ?4-ETIL-2,5-DIMETOXIµ -FENETILAMINA)
 12. ETICICLIDINA (N-ETIL-1-FENILCICLOHEXILAMINA)-PCE
 13. ETRIPTAMINA (3-(2-AMINOBUTIL)INDOL)
 14. MDA (µ -METIL-3,4-(METILENDIOXI)FENETILAMINA)-TENAMFETAMINA
 15. MDMA ( (± )-N, µ -DIMETIL-3,4-(METILENDIOXI)FENETILAMINA)
 16. MECLOQUALONA
 17. MESCALINA (3,4,5-TRIMETOXIFENETILAMINA)
 18. METAQUALONA
 19. METICATINONA (2-(METILAMINO)-1-FENILPROPAN-L-ONA)
 20. MMDA (2-METOXI-µ -METIL-4,5-(METILENDIOXI)FENETILAINA)
 21. PARAHEXILA (3-HEXIL-7,8,9,10-TETRAHIDRO-6,6,9-TRIMETIL-6H-DIBENZO[B,D]PIRANO-1-OL)
 22. PMA (P-METOXI-µ -METILFENETILAMINA)
 23. PSILOCIBINA (FOSFATO DIHIDROGENADO DE 3-[2-(DIMETILAMINOETIL)]INDOL-4-ILO)
 24. PSILOCINA (3-[2-(DIMETILAMINO)ETIL]INDOL-4-OL)
 25. ROLICICLIDINA (L-(L-FENILCICLOMEXIL)PIRROLIDINA)-PHP,PCPY
SUBSTÂNCIAS BANIDAS/PROSCRITAS
PORTARIA SVS/MS 344

 26. STP,DOM (2,5-DIMETOXI-µ ,4-DIMETILFENETILAMINA)


 27. TENOCICLIDINA (1-[1-(2-TIENIL)CICLOHEXIL]PIPERIDINA)-TCP
 28. THC (TETRAIDROCANABINOL)
 29. TMA ( (± )-3,4,5-TRIMETOXI-µ -METILFENETILAMINA)
 30. ZIPEPROL
 LISTA F3 OUTRAS SUBSTÂNCIAS
 1.ESTRICNINA
 2.ETRETINATO
ART. 28, LEI 11.343/06 – PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO
PESSOAL

 Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer


consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às
seguintes penas:
 I - advertência sobre os efeitos das drogas;
 II - prestação de serviços à comunidade;
 III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

 OBS: AFASTA-SE A APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE


LIBERDADE AO CRIME DE PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO
PESSOAL.
ART. 28, LEI 11.343/06 – NATUREZA JURÍDICA

1) DESCRIMINALIZAÇÃO FORMAL E TRANSFORMAÇÃO EM INFRAÇÃO


SUI GENERIS:

➢ Considera que a Lei de Introdução ao Código Penal classifica como


crime a infração penal punida com pena de reclusão ou detenção; e
contravenção a infração punida com pena simples e multa – TERIA
HAVIDO UMA DESCRIMINALIZAÇÃO DO PORTE DE DROGAS PARA
CONSUMO PESSOAL.

➢ Para Luiz Flávio Gomes – Porte de drogas para consumo pessoal


não poderia mais ser considerado crime, mas apenas uma infração
sui generis de menor potencial ofensivo.
ART. 28, LEI 11.343/06 – NATUREZA JURÍDICA

2) DESCRIMINALIZAÇÃO SUBSTANCIAL E TRANSFORMAÇÃO EM


INFRAÇÃO DO DIREITO JUDICIAL SANCIONADOR:

➢ Considera que teria havido uma descriminalização substancial –


ABOLITIO CRIMINIS – Porte de Drogas para consumo pessoal não
mais pertenceria ao Direito Penal.

➢ Seria uma infração do Direito judicial sancionador – quando a


sanção é fixada em transação penal ou quando é imposta uma
sentença final.
(LIMA, 2021, p. 1031)
ART. 28, LEI 11.343/06 – NATUREZA JURÍDICA

3) DESPENALIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DO STATUS DE CRIME:

 DESPENALIZAR – Adoção de processos ou medidas substitutivas ou


alternativas de natureza penal ou processual, que visam, sem rejeitar o
caráter criminoso da conduta, dificultar, evitar ou restringir a aplicação da
pena de prisão ou sua execução ou, pelo menos, sua redução.

➢ FOI ISSO QUE OCORREU COM O ADVENTO DA LEI 11.343/06 –


AFASTOU A POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA
DE LIBERDADE.

(LIMA, 2021, p. 1031)


ART. 28, LEI 11.343/06 – NATUREZA JURÍDICA

3) DESPENALIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DO STATUS DE CRIME:

 Art. 5º, CF/88 – Inciso XLVI - a lei regulará a individualização da pena e


adotará, entre outras, as seguintes:
 a) privação ou restrição da liberdade;
 b) perda de bens;
 c) multa;
 d) prestação social alternativa;
 e) suspensão ou interdição de direitos;
(“ENTRE OUTRAS” – o rol de penas desse artigo é meramente
exemplificativo. Legislador poderá criar outras penas).
ART. 28, LEI 11.343/06 – NATUREZA JURÍDICA

OBS: NÃO É PORQUE O LEGISLADOR AFASTOU A


POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE QUE HOUVE
DESCRIMINALIZAÇÃO, SOB PENA DE SE
INTERPRETAR A CONSTITUIÇÃO À LUZ DA
LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA E NÃO O CONTRÁRIO
(LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA À LUZ DA
CONSTITUIÇÃO) QUE É O QUE DEVE SER.
ART. 28, LEI 11.343/06 – RECONHECIMENTO DA
REINCIDÊNCIA (AGRAVANTE ART. 61, I, CP) E
AFASTAMENTO DA CAUSA ESPECIAL DE
DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 33, PARÁGRAFO 4º,
LEI 11.343/06?

1ª CORRENTE: NÃO HÁ ILEGALIDADE NA UTILIZAÇÃO


DE SENTENÇA CONDENATÓRIA IRRECORRÍVEL PELO
CRIME DE PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO
PESSOAL PARA A APLICAÇÃO DA AGRAVANTE
GENÉRICA DA REINCIDÊNCIA.
ART. 28, LEI 11.343/06 – RECONHECIMENTO DA
REINCIDÊNCIA (AGRAVANTE ART. 61, I, CP) E
AFASTAMENTO DA CAUSA ESPECIAL DE
DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 33, PARÁGRAFO 4º,
LEI 11.343/06?

2ª CORRENTE: (POSIÇÃO DE RENATO BRASILEIRO) - É


DESPROPORCIONAL O RECONHECIMENTO DA
REINICIDÊNCIA NO DELITO DE TRÁFICO DE DROGAS
QUE TENHA POR FUNDAMENTO CONDENAÇÃO
ANTERIOR POR POSSE DE DROGAS PARA USO
PRÓPRIO.
ART. 28, LEI 11.343/06 – RECONHECIMENTO DA
REINCIDÊNCIA (AGRAVANTE ART. 61, I, CP) E
AFASTAMENTO DA CAUSA ESPECIAL DE
DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 33, PARÁGRAFO 4º,
LEI 11.343/06?

OBS1: Condenação anterior por contravenção não gera reincidência (art. 63, CP –
exige prática de novo crime).
OBS2: As penas para o crime de porte de drogas para uso pessoal são brandas,
não havendo possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade.
OBS3: STF (Desde agosto/2015) – Repercussão Geral no RE 635.659 –
Constitucionalidade do art. 28, Lei 11.343/06 – Para decidir sobre a tipicidade do
porte de drogas para consumo pessoal.
(LIMA, 2021, p. 1032)
ART. 28, LEI 11.343/06 – QUANTIDADE DE DROGA
APREENDIDA
OBS1: COMO É “PARA CONSUMO PESSOAL” – Entende-se ser uma pequena
quantidade de droga. Do contrário configuraria tráfico. (LIMA, 2021, p. 1039)

STJ: “Estando a materialidade demonstrada com a apreensão da droga e não se


negando a autoria do fato, a quantidade do entorpecente, mais de quatro quilos, a que se
somam os dados acidentais e os contornos acessórios do fato, podem justificar o Juízo
condenatório quando firmada a evidência de não corresponder a ação do agente, por
qualquer argumento, ao uso de entorpecente. Assim penso que o princípio do in dubio pro
reo aplicado pelo Tribunal a quo violou aquilo que se conhece por razoável, na medida
em que, na espécie, não se cogita do imponderável sobre a existência do fato e da
autoria, mas, ao contrário, se denota, de forma efetiva, que a conduta restou voltada para
a traficância. Ademais, enquadrando-se a conduta no núcleo “importar”, é de se
pressupor que a ação delituosa tenha se perfectibilizado com a simples entrada do
entorpecente no território nacional;” (STJ, 6ª Turma , REsp 817.058/RJ, Rel. Maria Thereza de Assis Moura, Dje 25/06/2009)
ART. 28, LEI 11.343/06 – REINCIDÊNCIA

➢ ART. 28. § 4º Em caso de reincidência, as penas previstas nos incisos II e


III do caput deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez)
meses.

 ENUNCIADO 118 DO FÓRUM NACIONAL DE JUIZADOS ESPECIAIS:


“Somente a reincidência específica autoriza a exasperação da pena de
que trata o parágrafo quarto do artigo 28 da Lei 11.343/06” (XXIX
ENCONTRO – BONITO/MS)

 PENA PARA O REINCIDENTE ESPECÍFICO: Poderia ser de 10 meses.


(LIMA, 2021, p. 1043)
ART. 33, LEI 11.343/06 – TRÁFICO DE DROGAS
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas,
ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
dias-multa.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de
drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar,
de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas,
sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
ART. 33, LEI 11.343/06 – TRÁFICO DE DROGAS

 CRIMES PERMANENTES PREVISTOS NO CAPUT DO ART. 33, DA LEI DE


DROGAS:

1) EXPOR À VENDA
2) TER EM DEPÓSITO
3) TRANSPORTAR
4) TRAZER CONSIGO
5) GUARDAR
OBS: A CF/88, ART. 5º, XI, AUTORIZA A VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO EM CASO DE
FLAGRANTE DELITO. Assim, se a autoridade policial que flagrar o delito de tráfico
na modalidade “guardar”, “ter em depósito” que são crimes permanentes e o flagrante
poderá ocorrer a qualquer momento, autoriza-se o ingresso no domicílio mesmo sem
autorização judicial.
ART. 33, § 1º, LEI 11.343/06 – TRÁFICO DE DROGAS

 MATÉRIA-PRIMA: É a substância bruta da qual podem ser extraídas e produzidas


drogas;

 INSUMO: Elemento participante do processo de formação de determinado


produto. Utilizado para a produção da substância entorpecente;

 PRODUTOS QUÍMICOS: Substância química qualquer, pura ou composta,


utilizada em laboratório para a produção da droga, sem todavia se agregar à
matéria prima.
 OBS: EXPRESSÃO “AGENTE POLICIAL DISFARÇADO” – Diferente o flagrante
preparado (onde há indução ao cometimento do crime e não é válido; Do flagrante
prorrogado ou ação controlada, onde apenas espera-se o momento certo e trata-
se de flagrante válido). (LIMA, 2021, p. 1068)
ART. 33, LEI 11.343/06 – TRÁFICO DE DROGAS
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa.

§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI nº 4.274)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.

§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para
juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.

§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos , desde que o agente seja primário, de
bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.
ART. 33, LEI 11.343/06 – TRÁFICO DE DROGAS

 OBS: OS CRIMES DE TRÁFICO DE DROGAS PREVISTOS NO ART. 33,


DA LEI DE DROGAS SÃO PUNIDOS EXCLUSIVAMENTE A TÍTULO DE
DOLO, OU SEJA, DEVE O AGENTE AGIR COM CONSCIÊNCIA E
VONTADE DE PRATICAR QUALQUER DOS NÚCLEOS VERBAIS
CONSTANTES NO ART. 33, CIENTE DE QUE O FAZ SEM
AUTORIZAÇÃO OU EM DESACORDO COM DETERMINAÇÃO LEGAL
OU REGULAMENTAR.

 ASSIM, BASTA A CONCIÊNCIA E A VONTADE DE PRATICAR UM DOS


18 VERBOS DO ART. 33, LEI DE DROGAS. (LIMA, 2021, p. 1068)
ENTENDIMENTOS SUMULADOS
 SÚMULA 630 – STJ: A incidência da atenuante da confi ssão espontânea no crime de
tráfi co ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da trafi cância pelo acusado,
não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio.
 Súmula 587-STJ: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da Lei
11.343/06, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da
federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o
tráfico interestadual.
Aprovada em 13/09/2017, DJe 18/09/2017.
 Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº
11.343/2006) configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda
que não consumada a transposição de fronteiras.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018.
 Súmula 501-STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/06, desde que o
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do
que o advindo da aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a combinação de leis.
• Aprovada em 23/10/2013.
TRÁFICO DE DROGAS PRIVILEGIADO

 É UM TIPO DE TRÁFICO DE DROGAS SOBRE O QUAL


RECAI UMA CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA.
ART. 33, § 4º, Lei 11.343/2006. Nos delitos definidos no
caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser
reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente
seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às
atividades criminosas nem integre organização criminosa.
 O CRIME DE TRÁFICO PRIVILEGIADO DE DROGAS
NÃO TEM NATUREZA HEDIONDA. (HC 118.533/MS, rel.
Min. Carmen Lúcia, em 23.06.2016.
IMPORTANTE

É POSSÍVEL A SUBSTITUIÇÃO DE UMA


PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR UMA
PENA RESTRITIVA DE DIREITOS PARA
CRIMES ENVOLVENDO TRÁFICO DE
DROGAS?
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e


substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro
anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça
à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
REQUISITOS OBJETIVOS

➢ Quanto à natureza do crime:


1) em se tratando de crime doloso, deve ser cometido SEM
VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA.
2) Infrações Penais de Menor Potencial Ofensivo – quando
praticadas com emprego de violência, ex: lesão leve,
PREVALECE O ENTENDIMENTO DE QUE PODERÁ SER
APLICADA A PENA RESTRITIVA DE DIREITOS, substituindo a
pena privativa de liberdade.
3) CRIMES CULPOSOS – É POSSÍVEL A SUSBTITUIÇÃO EM
TODOS OS CRIMES CULPOSOS. Ex: Art. 121, parag. 3º, CP.
REQUISITOS OBJETIVOS
➢ Quanto à quantidade da pena aplicada:
1) Nos crimes dolosos, desde que não tenha sido praticado com
o emprego de violência ou grave ameaça – O LIMITE É DE 4
ANOS. (Art. 44, I, CP).
2) Nos concursos de crimes, tanto o somatório das penas
(cúmulo material) o percentual acrescentado ao crime de
maior gravidade (exasperação) – não podem ultrapassar 4
anos.
3) CRIMES CULPOSOS – É possível a substituição,
independente da quantidade de pena privativa de liberdade.
REQUISITOS SUBJETIVOS
 REGRA GERAL: Não ser reincidente em crime doloso (Art. 44, II,
CP);
EXCEÇÃO: Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar
a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a
medida seja socialmente recomendável e a reincidência não
tenha ocorrido com a prática de um mesmo crime.

MEDIDA SOCIALMENTE NÃO SE TRATAR DE REINCIDENTE


RECOMENDÁVEL ESPECÍFICO
TRÁFICO DE DROGAS PRIVILEGIADO
 RESOLUÇÃO Nº 5, DE 2012.
 Suspende, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a execução de
parte do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
 O Senado Federal resolve:
 Art. 1º É suspensa a execução da expressão "vedada a conversão em penas
restritivas de direitos" do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006,
declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal nos
autos do Habeas Corpus nº 97.256/RS. (Fonte: https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121928249/conforme-stf-e-
senado-federal-cabem-penas-restritivas-de-direitos-substitutivas-no-trafico-de-drogas)

 OBS: É POSSÍVEL A APLICAÇÃO DE PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS


PARA DETERMINADOS CASOS DE TRÁFICO DE DROGAS SE CUMPRIREM
OS REQUISITOS PARA A APLICAÇÃO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS.
ART. 35, LEI 11.343/06 – ASSOCIAÇÃO PARA O
TRÁFICO DE DROGAS
 TESES DO STJ – EDIÇÃO 131

 TESE 26: Para a caracterização do crime de associação para o tráfico de


drogas é imprescindível o dolo de se associar com estabilidade e
permanência. “Embora o art. 35 utilize a expressão REITERADAMENTE OU
NÃO, é necessária a intenção de permanência para configurar o crime.

 TESE 28: O crime de associação para o tráfico de entorpecentes não figura


o rol taxativo de crimes hediondos ou de delitos a eles equiparados. “O
crime de associação não se confunde com o crime de tráfico e, portanto,
não é abrangido pela equiparação a crime hediondo”.
 (@professorfelipenovaes, 2021)
TRÁFICO DE DROGAS – ART. 44, LEI 11.343/06
 Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37
desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça,
indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas
penas em restritivas de direitos.

 Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-


se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços
da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.

 OBS: ESSE DISPOSITIVO FOI CONSIDERADO INCONSTITUCIONAL


NO QUE TANGE À EXPRESSÃO: “VEDADA A CONVERSÃO EM
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS” E “E LIBERDADE
PROVISÓRIA” PORQUE AFRONTA O PRINCÍPIO DA
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA. (STF, Pleno, HC 104.339/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 10/05/2012)
TRÁFICO DE DROGAS E LIBERDADE PROVISÓRIA
 OBS1: NÃO É POSSÍVEL PROIBIR A CONCESSÃO DA LIBERDADE
PROVISÓRIA PARA CASOS MENOS GRAVES, QUE NÃO ENSEJAM
OS REQUSITOS DA PRISÃO PREVENTIVA.

 OBS2: PARA MANTER ALGUÉM PRESO PROVISORIAMENTE É


NECESSÁRIA FUNDAMENTAÇÃO.

 OBS3: NÃO SE PODE FALAR EM PROIBIÇÃO DA LIBERDADE


PROVISÓRIA SEM FIANÇA – CASO NÃO SEJAM PREENCHIDOS OS
REQUSITOS PARA A PRISÃO PREVENTIVA, PODERÁ SER
CONCEDIDA A LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA. COM
MEDIDAS CAUTELARES DIFERENTES DA PRISÃO.

Você também pode gostar