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SUMÁRIO
LEI DE DROGAS (11.343/2006) .......................................................................................................................... 2
CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................................................... 2
SEMANA NACIONAL DE POLÍTICA SOBRE DROGAS ....................................................................................... 2
CONCEITO DE DROGAS .................................................................................................................................. 2
DOS CRIMES E DAS PENAS ............................................................................................................................. 4
PORTE OU POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL (ART. 28)........................................................ 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO .................................................................................................................................................... 10

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LEI DE DROGAS (11.343/2006)


CONSIDERAÇÕES GERAIS
Importante legislação penal especial, trata-se de Lei que é cobrada em, basicamente,
todos os concursos policiais. Isso porque se reflete na prática diária de atuação e repressão
delitiva. Pode ser dividida em três aspectos: a) o que trata de políticas públicas para evitar a
disseminação de drogas; b) aquele que apresenta medidas preventivas; c) da parte repressiva.
A Lei 11.343/2006 surgiu como importante instrumento de repressão ao tráfico de
drogas e demais condutas equiparadas. Revogou a antiga Lei de Entorpecentes (6.368/1976).
Essa nova Lei é considerada um microssistema multidisciplinar, na medida em que, ao
longo de seus 75 artigos, consegue dispor sobre normas de: a) Políticas Públicas; b) Direito
Administrativo; c) Direito Penal; Direito Processual Penal etc.
Curioso que, embora tenha a nomenclatura de LEI DE DROGAS, a conceituação não se faz
presente no bojo da Lei. Há uma delegação para a denominação para órgão do Poder
Executivo.
Importante destacar também que a UNIÃO pode autorizar o plantio, a cultura e a
colheita de vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas, desde
que para fins medicinais, científicos ou para uso estritamente em ritual religioso e mediante
fiscalização, conforme previsão do seu artigo 2º, parágrafo único.

SEMANA NACIONAL DE POLÍTICA SOBRE DROGAS


Inovação inserida pela Lei 13.840/2019, que incluiu o art. 19-A na Lei de Tóxicos,
considera-se como semana nacional da política sobre drogas a quarta semana do mês de
junho.

CONCEITO DE DROGAS
Como mencionado, a Lei de Drogas não trouxe a definição exata do que se trata o termo
“DROGA”, tanto assim que fez constar em seu artigo 1º, parágrafo único:
Art. 1º: (...)
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas
as substâncias ou os produtos capazes de causar dependência,
assim especificados em lei ou relacionados em listas
atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.
E, em conjugação com o referido parágrafo único, também merece destaque a lição do
art. 66 da Lei de Drogas:
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1º desta Lei,
até que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no
preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes,
psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da
Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998.
Constata-se, portanto, que definição de Drogas encontra definição em uma Portaria
editada pela Secretaria de Vigilância Sanitária, vinculada ao Ministério da Saúde.

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COMENTÁRIO IMPORTANTE:
A opção do legislador foi de editar uma NORMA PENAL EM BRANCO (ou
também chamada de PRIMARIAMENTE REMETIDA) – que é aquela que depende de
complemento normativo (no preceito primário da norma – em que consta a
descrição da conduta), extraída da própria Lei ou através de outro órgão normativo.
Esta opção se deu em razão de que alterar uma lista de responsabilidade do
Poder Executivo mostra-se menos burocrático do que se fosse necessário passar
por todo o processo legislativo.
LEI PENAL EM BRANCO – CLASSIFICAÇÕES:
A doutrina classifica a norma penal em Branco em duas categorias:
Homogêneas e Heterogêneas.
a) Homogêneas/Homólogas/Sentido Amplo/Imprópria: São aquelas
em que o COMPLEMENTO NORMATIVO DERIVA DA MESMA FONTE LEGISLATIVA.
Exemplo: Art. 338 do Código Penal, que disciplina o crime de reingresso de
estrangeiro expulso do território nacional. Referido artigo encontra complemento no
próprio Código Penal, em seu artigo 5º, em que temos a disposição daquilo que se
entende por território nacional.
Ainda, importante recordar que a doutrina classifica a Norma Penal em Branco
Homogênea em outras duas classificações:
a.1) Norma Penal em Branco Homogênea Homovitelina: a norma
complementar é do mesmo ramo do direito e de dentro do mesmo caderno que a
principal, ou seja, um dispositivo do código penal será complementado por outro
dispositivo que também pertença ao código penal (ex.: art. 338, que é
complementado pelo art. 5, §1º, CP).
a.2) Norma Penal em Branco Homogênea Heterovitelina: tem sua
norma complementar oriunda de outro ramo do direito, por exemplo, o art. 237 do
CP, que possui complemento normativo no art. 1521 do Código Civil.
Perceba, nesta hipótese, que a FONTE NORMATIVA das normas (principal e a
complementadora) são LEIS, expedidas pelo poder legislativo, porém, se
encontram em livros (leis) distintas. A norma principal, no Código Penal, e a norma
complementadora no Código Civil.

b) Heterogêneas/Heterólogas/Sentido Estrito/Própria: o complemento


normativo exigido é proveniente de fonte diversa daquela que editou a lei. No caso
do art. 28 da Lei de Drogas, por exemplo, estamos diante de uma norma penal em
branco heterogênea, uma vez que o complemento necessário ao referido artigo foi
produzido por uma autarquia (ANVISA), vinculada ao Ministério da Saúde, que
pertence ao Poder Executivo, ao passo em que a lei foi editada pelo Congresso
Nacional (Poder Legislativo).

- Assim, para que possamos saber se uma norma penal em branco é


considerada homogênea ou heterogênea, é preciso que conheçamos sempre sua
fonte de produção. Se for a mesma, ela será considerada homogênea; se diversa,
será reconhecida como heterogênea.

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DOS CRIMES E DAS PENAS


A parte específica da legislação acerca dos crimes e das penas aplicadas estão previstas
nos artigos 27 a 39.
Mas, antes de adentrar às condutas específicas que estão correlacionadas ao tráfico de
drogas, a Legislação laborou em sentido mais brando as disposições referentes ao usuário de
drogas. Esta parte, inclusive, é uma inovação da Lei, tendo em vista que a ultrapassada
legislação anterior tratava o traficante e o usuário da mesma forma, prevendo-a.
Porém, a Lei 11.343 deixou bastante claro que as duas figuras não podem ser tratadas da
mesma forma, tratando o usuário de maneira muito mais branda.
PORTE OU POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL (ART. 28)
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo.
§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo
pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de
pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar
dependência física ou psíquica.
Antes de analisar o núcleo do tipo (verbos que representam a conduta), é de se destacar
que as penas aqui previstas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
substituídas a qualquer tempo, após a oitiva do Ministério Público e da defesa. O critério para
aplicação da penalidade depende do grau de reprovabilidade da conduta.
 Muito se fala sobre a DESCRIMINALIZAÇÃO da conduta prevista neste artigo 28,
porém, ainda não houve uma revogação formal do instituto. Certo é, pois, que a
conduta segue sendo criminosa. Os Tribunais Superiores entendem que houve uma
DESPENALIZAÇÃO.
A doutrina atual utiliza a nomenclatura de DESCARCEIRIZAÇÃO, na medida
em que não há mais pena privativa de liberdade nem é permitida a prisão em
flagrante, porém, os tribunais superiores ainda não acolheram esta nomenclatura,
adotando o termo mencionado ao final do parágrafo (despenalização).

Aqui também não pode ficar esquecida a grande discussão acerca da natureza jurídica
da infração penal em comento. Isso porque não conseguimos enquadrá-la, tecnicamente,
como crime nem como contravenção.
A Lei de Introdução ao Código Penal trouxe esta distinção, com o seguinte enunciado:
Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina
pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer
alternativa ou cumulativamente com a pena de multa;
contravenção, a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas,
alternativa ou cumulativamente.

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Entretanto, ao analisarmos detidamente o preceito primário (descrição da conduta) e


preceito secundário do art. 28, notamos que não existe nenhuma pena de reclusão, detenção,
prisão simples ou multa. Somente existem situações que implicam a restrição de direitos.
A partir daí, surge uma terceira corrente, que pretende classificar a infração do art. 28
da Lei de Drogas como uma infração sui generis, o que ensejaria numa terceira classificação de
infração penal. Porém, esta ideia foi de plano descartada e não prosperou, eis que poderia
gerar um impacto negativo frente a outros institutos previstos na legislação.
Vez ou outra, surge a necessidade de manifestação do Poder Judiciário para pacificar a
questão e, visando a evitar a discussão, ele entendeu por seus Tribunais Superiores que a
conduta prevista no artigo 28 segue sendo crime (tanto que inserida no Capítulo III da Lei,
que especifica os crimes e as penas), considerada uma infração de menor potencial ofensivo
(art. 61 da Lei 9.099/1995), além de que a CF prevê em seu art. 5º, XLVI, que a "XLVI - a lei
regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou
restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão
ou interdição de direitos;".
Outra questão de fundamental relevância é acerca das penas aplicáveis, estas podem ser
a: advertência, prestação de serviços comunitários, curso educativo.
 O não cumprimento da pena, nos termos definidos pelo Poder Judiciário, pode
ocasionar na aplicação e uma medida coercitiva para garantir o cumprimento da
reprimenda e, para isso, o magistrado poderá se valer, sucessivamente, de uma
admoestação verbal e multa (mínimo de 40 e máximo 100 dias multa). O dia multa
pode variar de 1/30 (um trinta avos) do salário mínimo até 3 (três) vezes o valor
deste.
Para recordar das medidas aplicáveis, lembrar da técnica mnemônica MACPA,
ao contrário:
Advertência;
Prestação de serviços comunitários;
Cursos educativos sobre os efeitos das drogas;

Admoestação verbal;
Multa.
Ressaltando que as duas últimas não são consideradas sanções, mas sim
medidas coercitivas de garantia de cumprimento.

As penalidades aplicáveis aos indivíduos condenados por porte de droga para consumo
pessoal possuem prazos predeterminados pela legislação. Sendo o agente primário, as penas
previstas no caput do art. 28 não poderão ser superiores a 5 meses (art. 28, §3º). Se o agente
for reincidente, a pena poderá ser de até 10 meses (art. 28, §4º).
CUIDADO!!!! (1)
A reincidência exigida pelo artigo 28,§4º, da Lei de Drogas, é a reincidência
específica, ou seja, o agente já deve ter sido condenado por crime de igual
natureza.
Além disso, é importante também destacar que a condenação pelo artigo 28
não gera reincidência para outros crimes, apenas para fins de determinação da
reincidência específica.

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CUIDADO!!!! (2)
É possível aplicação do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ao crime contido no
artigo 28?
A RESPOSTA É NEGATIVA, tendo em vista que a pouca quantidade de droga
já é pressuposto para a caracterização do delito em tela, razão pela qual os
Tribunais Superiores entendem que não há aplicação do instituto.

CUIDADO!!!! (3)
Ao delito previsto neste artigo NÃO CABE PRISÃO EM FLAGRANTE. Uma vez
sendo surpreendido o agente na posse das substâncias, ele deverá ser conduzido à
autoridade judiciária e, na ausência desta, apresentado à autoridade policial para
que assuma compromisso comparecer em juízo.

Ainda sobre as penalidades, possuem prazo específico de prescrição em 2 (dois) anos,


aplicando-se, analogicamente, as mesmas causas de interrupção e prescrição previstas no
Código Penal.
Por fim, e que também chama atenção, é imperioso identificar quando a droga
apreendida se destinava ao uso e quando tinha por objeto o tráfico.
Porém, para situações como essa, é preponderante a análise de cada caso. Em resumo,
NÃO EXISTE QUANTIDADE ESPECÍFICA. O magistrado deve analisar a natureza e a substância
apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, ponderando também as
circunstâncias pessoais e sociais do envolvido.

EXERCÍCIOS
1. Ano: 2017 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: SEJUS - CE Prova: INSTITUTO AOCP - 2017
- SEJUS - CE - Agente Penitenciário
Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar será submetido às seguintes penas, EXCETO

a) detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.


b) prestação de serviços à comunidade.
c) advertência sobre os efeitos das drogas.
d) medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

GABARITO: A
A análise da referida questão passa pela análise do artigo 28 da Lei de
Drogas, bastando recordar quais são as penas aplicadas. Para o caso em tela, é
importante lembrar o entendimento dos Tribunais Superiores, no sentido de que
houve a DESPENALIZAÇÃO da referida conduta. Porém, a expressão mencionada
remete à ideia de que não haverá pena privativa de liberdade. Preferível e mais
fácil lembrar a expressão doutrinária, que remete à DESCARCEIRIZAÇÃO.

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2. Ano: 2016 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE -
Delegado de Polícia
Se determinada pessoa, maior e capaz, estiver portando certa quantidade de droga para
consumo pessoal e for abordada por um agente de polícia, ela

a) estará sujeita à pena privativa de liberdade, se for reincidente por este mesmo fato.
b) estará sujeita à pena privativa de liberdade, se for condenada a prestar serviços à
comunidade e, injustificadamente, recusar a cumprir a referida medida educativa.
c) estará sujeita à pena, imprescritível, de comparecimento a programa ou curso educativo.
d) poderá ser submetida à pena de advertência sobre os efeitos da droga, de prestação de
serviço à comunidade ou de medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo.
e) deverá ser presa em flagrante pela autoridade policial.
GABARITO: D
Novamente a questão exige conhecimento da letra de lei (arts. 28 a 30), em
razão disso, é importante recordar:
 O delito de posse/porte de drogas para consumo pessoal não é suscetível
de pena privativa de liberdade;
 Para recapitular as penas, lembrar da técnica do MACPA (ao inverso),
Advertência; Prestação de serviço comunitário; Comparecimento a cursos ou
palestras sobre os efeitos das drogas. As outras duas situações não são penas, mas
são medidas garantidoras, e serão aplicadas sucessivamente, sendo: Admoestação
verbal e Multa.

3. Ano: 2007 Banca: TJ-DFT Órgão: TJ-DFT Prova: TJ-DFT - 2007 - TJ-DFT - Juiz -
Objetiva.2
Qual o entendimento do Supremo Tribunal Federal relativamente ao art. 28 da Lei n.
11.343/2006 (Nova Lei de Tóxicos)?

a) Implicou abolitio criminis do delito de posse de drogas para consumo pessoal.


b) A posse de drogas para consumo pessoal continua sendo crime sob a égide da lei nova,
tendo ocorrido, contudo, uma despenalização, cuja característica marcante seria a exclusão
de penas privativas de liberdade como sanção principal ou substitutiva da infração penal.
c) Pertence ao Direito penal, mas não constitui "crime", mas uma infração penal sui generis;
houve descriminalização formal e ao mesmo tempo despenalização, mas não abolitio
criminis.
d) Não pertence ao Direito penal, constituindo-se numa infração do Direito judicial
sancionador, seja quando a sanção alternativa é fixada em transação penal, seja quando
imposta em sentença final (no procedimento sumaríssimo da Lei dos Juizados), tendo
ocorrido descriminalização substancial (ou seja: abolitio criminis).
Gabarito: B
A questão exige do candidato o conhecimento da jurisprudência sobre o tema.
a) INCORRETA. Segundo entendimento exarado pelas cortes máximas, o art.
28 da Lei de Drogas não implicou em abolitio criminis, na medida em que o crime
existe, porém punido com pena NÃO privativa de liberdade.
b) CORRETA. O crime previsto no art. 28 foi (nas palavras de STJ e STF)
DESPENALIZADO, pois não é suscetível de pena privativa de liberdade, seja isolada,
cumulativa ou alternativamente.

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c) INCORRETA. Uma corrente doutrinária defendeu uma terceira classificação


da infração, como sui generis, pois não se enquadrava nos conceitos de crime e
contravenção apresentados pelo art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal.
Novamente, o STF foi interpelado a se manifestar e entendeu no sentido de que a
CF possibilita ao legislador a individualização da pena, podendo infligir ao agente
penas não privativas de liberdade, sem que isso desnature a configuração de crime.
d) INCORRETA. Remete-se ao item “a” acima, pois não houve abolitio
criminis. Além disso, considerando que a infração está disposta no capítulo “Dos
Crimes e das Penas”, pertence ao direito penal, pois consiste numa norma penal
incriminadora.

4. Ano: 2018 Banca: UEG Órgão: PC-GO Prova: UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia
Dispõe a Lei n. 11.343/2006, em seu art. 28, que quem adquirir, guardar, tiver em
depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, será submetido às seguintes penas: I
- advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida
educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. Referida lei dispõe ainda que
as penas previstas nos incisos II e III do caput do referido artigo serão aplicadas pelo prazo
máximo de

a) quatro meses e, em caso de reincidência, serão aplicadas pelo prazo máximo de oito
meses.
b) cinco meses e, em caso de reincidência, serão aplicadas pelo prazo máximo de dez
meses.
c) três meses e, em caso de reincidência, serão aplicadas pelo prazo máximo de seis meses.
d) dois meses e, em caso de reincidência, serão aplicadas pelo prazo máximo de quatro
meses.
e) um mês e, em caso de reincidência, serão aplicadas pelo prazo máximo de dois meses.

Gabarito: B

Novamente versa sobre a letra da lei, especialmente os parágrafos 3º e 4º do


art. 28, que estabelecem: “§3º As penas previstas nos incisos II e III do caput
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses. §4º Em caso
de reincidência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão
aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.”
Ressalte-se que a reincidência prevista no §4º diz respeito a uma reincidência
específica, ou seja, somente se o agente já foi condenado preteritamente com
trânsito em julgado é que se admite a aplicação da pena por até 10 meses. (vide
informativo 662 do STJ).

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5. Ano: 2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES
- Delegado de Polícia
João Pedro foi abordado por policiais militares que faziam ronda próximo a uma
Universidade particular. Ao perceberem a atitude suspeita de João, os policiais resolveram
proceder a revista pessoal e identificaram que João portava um cigarro de maconha para
consumo pessoal. Nessa situação hipotética, a expressão “não se imporá prisão em flagrante”,
descrita no art. 48 da lei 11.343/06, significa que é vedado a autoridade policial: a) Efetuar a
condução coercitiva até a delegacia de polícia.
b) Efetuar a lavratura do auto de prisão em flagrante.
c) Lavrar o termo circunstanciado.
d) Apreender o objeto de crime.
e) Realizar a captura do agente.

Gabarito: B
É necessário que o candidato recorde a providência adotada pela autoridade
após a captura de sujeito que tenha drogas destinada ao consumo. Neste caso, a lei
de drogas, em seu art. 48, §2º, veta a prisão em flagrante. Entretanto, não há
impedimento para a condução do agente e apreensão das substâncias ilícitas.

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GABARITO
1. A
2. D
3. B
4. B
5. B

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SUMÁRIO
LEI DE DROGAS (11.343/2006) .......................................................................................................................... 2
DOS CRIMES E DAS PENAS ............................................................................................................................. 2
TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS E SUAS FIGURAS EQUIPARADAS (ART. 33 E SEUS PARÁGRAFOS) .............. 2
ART. 33, §1º, I - TRÁFICO POR EQUIPARAÇÃO – TRÁFICO DE MATÉRIA-PRIMA, INSUMO OU PRODUTO
QUÍMICO DESTINADO À PREPARAÇÃO DA DROGA ................................................................................... 5
ART. 33, §1º, II – PLANTAS PARA O TRÁFICO............................................................................................. 5
ART. 33, §º1, III – USO DE LOCAL PARA O TRÁFICO................................................................................... 6
RT. 33, §º1, IV – NOVA MODALIDADE DE TRÁFICO EQUIPARADO, INCLUÍDA PELO PROJETO ANTICRIME
................................................................................................................................................................... 6
RT. 33, §2º: INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO USO INDEVIDO DE DROGA ............................ 7
AR. 33, §3º: OFERECIMENTO DE DROGAS PARA CONSUMO EVENTUAL .................................................. 7
ART. 33, §4º - TRÁFICO PRIVILEGIADO ...................................................................................................... 8
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 9
GABARITO .................................................................................................................................................... 14

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LEI DE DROGAS (11.343/2006)


DOS CRIMES E DAS PENAS
A Lei de Drogas buscou evitar qualquer contato irregular de qualquer pessoa que seja
com a substância denominada droga.
Sempre que existir interesse ou necessidade de manipular uma substância ou matéria
prima que seja proibida pela regulamentação expedida pela Portaria n. 344 da SVS/MS, é
imprescindível a autorização do órgão especial para que esta manipulação seja autorizada.
Eventuais plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de polícia
(conforme previsão do art. 50-A da Lei de Tóxicos), independentemente de ordem judicial,
devendo, contudo, recolher quantidade suficiente para ser encaminhada ao exame pericial.
Os cuidados ambientais devem ser observados quando a destruição for por meio de
queimada.
Além da destruição da lavoura, haverá a expropriação da propriedade, conforme art. 243
da CF.
Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do
País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei
serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas
de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º.

TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS E SUAS FIGURAS EQUIPARADAS (ART. 33


E SEUS PARÁGRAFOS)
Ao elencar como conduta criminosa o tráfico, a legislação buscou evitar toda e qualquer
conduta envolvendo a posse ou o comércio de drogas.
Em razão disso, o artigo 33, caput, consta com 18 verbos (núcleos do tipo),
apresentando-nos as seguintes condutas:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
Estamos diante de um tipo misto alternativo ou crime de ação múltipla ou de
conteúdo variado, tendo em vista que, se o agente pratica mais de uma conduta em um
mesmo contexto fático, estará caracterizado crime único.
 Nada impede a ocorrência de concurso material de delito (art. 69 do CP) se a
prática dos verbos ocorrerem em momentos distintos. Ex.: importa cocaína, mas
vende crack.

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Características do delito:
O crime em estudo é um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer
pessoa.
 Ressalva-se o núcleo PRESCREVER, oportunidade que o delito se torna
próprio, pois somente um médico ou um dentista detém autorização legal para
prescrever determinadas substâncias.
Trata-se também de crime de perigo abstrato, eis que não se exige perigo de
dano para sua ocorrência.

Não raro as questões envolvendo tráfico ilícito de entorpecentes exigem um


conhecimento mínimo acerca do posicionamento jurisprudencial sobre a Lei, eis que as
decisões reiteradas e sucessivas proferidas pelos órgãos máximos do poder judiciário têm por
tendência permitirem um efeito cascata sobre os órgãos judiciários de instâncias inferiores.
Recentemente, ao analisar o HC 143.890/SP, o STF entendeu que não
configura tráfico ilícito de entorpecentes (não incidindo o caput e seus
parágrafos) a importação de pequena quantidade de semente de maconha, pois
nesta não se encontra o princípio ativo tetrahidrocanabinol, ou seja, não possuem
substâncias psicoativas e, assim, são desprovidas das qualidades necessárias à
preparação de drogas. Logo, sem o princípio ativo, não há que se falar em crime.
Ainda, foi usado o argumento de que a semente da planta “cannabis sativa
lineu” não é matéria-prima para a droga; matéria-prima para a droga é a própria
planta, não a sua semente, pois seria necessário o cultivo desta última
para se obter a droga, com o imprescindível princípio ativo que a caracteriza.

PONTOS RELEVANTES!

 Acerca do delito em questão, deve ser destacado que, quando se fala em sucessão
de leis penais no tempo (art. 5º, XL, CF), o entendimento consolidado dos Tribunais
é o de que não se admite a combinação da antiga Lei 6368/76 (art. 12) com o
privilégio contido no §4º do novo art. 33 da Lei 11.343/2006 (Súmula 501, STF).
Em resumo, o magistrado deve fazer a análise do caso concreto para definir qual
das leis mostra-se mais vantajosa ao acusado.
 O crime de tráfico só se pune mediante DOLO. Porém, há entendimento em que se
menciona a punição da tentativa, mas esta é de difícil configuração.
 Além disso, os núcleos PRESCREVER e MINISTRAR possuem a previsão de delito
culposo, porém não para o tráfico. Ensejam, pois, o art. 38, de Prescrição Culposa
de Medicamento.
 Acerca da aplicação do princípio da insignificância, é pacífica a orientação de que
referido princípio não tem aplicação, pois é um crime de potencialidade máxima.
Para a aplicação deste princípio, é imperioso lembrar da MARI (requisitos
definidos pelo STF para aplicação:
M ínima ofensividade da conduta;
A usência de periculosidade social da ação;
R eduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;
I nexpressividade da lesão.

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 O regime inicial de cumprimento de pena para o crime previsto no art. 33 não vai
ser necessariamente o fechado. Isto porque foi declarada a inconstitucionalidade
deste dispositivo (que está previsto na lei de crimes hediondos), assim como todos
os dispositivos que vedavam a concessão de liberdade provisória ou concessão de
qualquer outro benefício para o Tráfico (o mesmo entendimento se aplica ao
Terrorismo e Tortura e demais crimes hediondos). A definição do regime inicial de
cumprimento da pena deve observar o quantum de pena aplicada e seguir os
ditames do art. 33 do Código Penal.

 Situação que vem ganhando os holofotes diz respeito à figura do índio como sujeito
ativo da conduta. Inclusive, o STF já se manifestou no sentido de que pode ser
sujeito ativo do tráfico de entorpecentes sem a necessidade de ser submetido a
exame criminológico para avaliar seu grau de integração social.

 Comprovação da natureza da droga se dá em dois momentos: o primeiro com o


laudo de constatação, que é feito logo após a apreensão da substância. Para
constatação, basta o laudo preliminar de constatação de substância que é feito por
um perito oficial ou por pessoa idônea (Art. 50, §2º). O segundo momento diz
respeito ao laudo definitivo, feito por um perito oficial ou duas pessoas idôneas.
Vale o destaque de que o STJ tem entendimento que a ausência de laudo
toxicológico definitivo não constitui nulidade e, excepcionalmente, é possível que o
magistrado paute uma decisão condenatória com base no laudo preliminar desde
que corroborado por outras provas, como a testemunhal, por exemplo (EREsp
1.544.057/RJ, rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca).

 Outro realce é com relação à juntada tardia do laudo definitivo no processo. O


entendimento predominante é o de que não há que se falar em nulidade, pois,
mesmo que extemporâneo, será dada oportunidade às partes para se
manifestarem.

 Questiona-se também acerca da competência para processamento das demandas


envolvendo a traficância:
a) Súmula 528, STJ – Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga
remetida do exterior pela via postal processa e julgar o crime de tráfico
internacional.
b) Súmula 607, STJ – A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I,
da Lei 11.343/06) se configura com a prova da destinação internacional das
drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras.

c) Súmula 587, STJ – Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, V, da


Lei 11.343/06, é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados
da federação, sendo suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o
tráfico interestadual.
d) Súmula 630 STJ – A incidência da atenuante da confissão espontânea no
crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo
acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso.

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ART. 33, §1º, I - TRÁFICO POR EQUIPARAÇÃO – TRÁFICO DE MATÉRIA-


PRIMA, INSUMO OU PRODUTO QUÍMICO DESTINADO À PREPARAÇÃO
DA DROGA

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:


I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à
venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo
ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-
prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de
drogas;
 Por ser um desdobramento lógico das condutas previstas no caput, as condutas
descritas nos incisos deste parágrafo também são equiparadas a hediondas.
 Por matéria-prima, entende-se tudo aquilo que pode funcionar como meio de
obtenção direta do princípio ativo causador de dependência (folha de coca; flor
produzida pela planta de maconha...).
Obs.: Sobre a pequena quantidade de semente de maconha, ver o que foi
disposto acima, no sentido de que não se considera tráfico a importação de
pequena quantidade de semente de maconha por ausência do princípio ativo.

 Insumo é todo elemento necessário para produzir determinado produto ao ser


agregado à matéria-prima. É aquilo que é usado para o refinamento da droga. Ex.:
amônia ou bicarbonato de sódio que, após utilizados para dissolver a cocaína,
originam o crack.
 Produto químico é a substância que se agrega com a matéria prima. Ex.: Acetona,
éter.
Para o delito em questão, é exigido um especial fim de agir, pois deve ser demonstrado
(e não meramente suposto), que o produto destinava-se à produção de drogas.
ART. 33, §1º, II – PLANTAS PARA O TRÁFICO
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que
se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;

As plantas a que se proíbe a semeadura, cultivo e colheita encontram sua proibição


também na Portaria 344/94 da SVS/MS, e são elas:

1. CANNABIS SATIVUM
2. CLAVICEPS PASPALI
3. DATURA SUAVEOLANS
4. ERYTROXYLUM COCA
5. LOPHOPHORA WILLIAMSII (CACTO PEYOTE)
6. PRESTONIA AMAZONICA (HAEMADICTYON AMAZONICUM)
 Caso o cultivo seja destinado a uso pessoal, incide a figura do §1º do art. 28, mas
lembre que não há regra específica, deve ser analisado caso a caso.

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ART. 33, §º1, III – USO DE LOCAL PARA O TRÁFICO


III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou
consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
 Não se enquadra nesta hipótese o local público de uso comum (praças, ruas etc.);
 Ademais, para o cometimento do delito, é necessário que nas condutas utilizar ou
consentir com a utilização seja efetivamente para a prática de TRÁFICO (fim
específico). Sendo a ciência do proprietário ou vigilante apenas para permitir o
uso, não haverá a incidência deste crime, mas sim da figura no §2º, do art. 33, na
modalidade de auxiliar outrem no consumo indevido de drogas.
 Trata-se de um crime próprio, pois apenas o proprietário, possuidor,
administrador, guarda ou vigilante de determinada localidade é quem pode
praticar.
RT. 33, §º1, IV – NOVA MODALIDADE DE TRÁFICO EQUIPARADO,
INCLUÍDA PELO PROJETO ANTICRIME
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto
químico destinado à preparação de drogas, sem autorização ou em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente
policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios
razoáveis de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019).
Novidade inserida pelo pacote anticrime, que tem por objetivo validar a atuação policial
disfarçada quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta preexistente.
Não se trata de uma legitimação para arbítrio policial, mas sim de uma possibilidade de
flexibilizar a aplicação da súmula 145 do STF (“não há crime quando a preparação do flagrante
pela polícia torna impossível a sua consumação”).
Inclusive, foi deliberado na I Jornada de Direito Penal e Processo Penal do CJF/STJ que:
"Enunciado 7 — Não fica caracterizado o crime do inciso IV do § 1º
do artigo 33 da Lei 11.343/2006, incluído pela Lei Anticrime,
quando o policial disfarçado provoca, induz, estimula ou incita
alguém a vender ou a entregar drogas ou matéria-prima, insumo ou
produto químico destinado à sua preparação (flagrante preparado),
sob pena de violação do artigo 17 do Código Penal e da Súmula 145
do Supremo Tribunal Federal".
Assim, a conduta do policial deve ser avaliada com parcimônia e precedida de
elementos prévios de investigação.
Imagine o seguinte exemplo:
Um policial suspeita de um indivíduo (sem elementos probatórios
anteriores), ato contínuo solicita drogas ao mesmo, este vai até sua
residência, copta a droga e entrega na, sequência, ao policial, que o
prende em flagrante.
No exemplo mencionado, o agente policial somente obteve a droga a partir de sua
própria conduta (induziu o agente a praticar o crime). Logo, não haverá crime pelo fato de o
flagrante ter sido provocado, fazendo incidir, aí, a súmula 145 do STF.
Passemos a outra situação:

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Um policial disfarçado realiza intensa campana para identificar a


conduta de um indivíduo suspeito. Numa determinada ocasião, ao se
passar por usuário, adquire drogas do traficante, oportunidade em
que realiza a prisão em flagrante.
Perceba que, aqui, embora tenha o policial disfarçado atuado como agente provocador,
esta prisão foi precedida de elementos prévios. Foi corroborada por uma prática de
investigação.
O policial acompanha previamente o desenvolvimento da trilha criminosa, como se
agisse em uma espécie de “campana”, angariando elementos probatórios razoáveis.
A figura aqui discutida não se confunde com o “agente infiltrado” nem com a “ação
controlada”. Na primeira hipótese, o agente também age de maneira dissimulada, mas
depende de autorização judicial e tem por objetivo inserir o agente no seio da estrutura
criminosa no intuito de praticar a desarticulação, enquanto, na segunda hipótese, temos uma
postergação/retardamento da ação policial mediante acompanhamento para que se
identifique o melhor momento para o flagrante ou obtenção de provas, postura esta que
também demanda autorização judicial.
RT. 33, §2º: INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO USO
INDEVIDO DE DROGA
§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a
300 (trezentos) dias-multa.
Aqui consta a previsão de diversas condutas típicas cujas penas se equiparam às penas
do caput, porém, com previsão de pena mais branda, se comparada com a figura do caput.
Entende-se que o delito aqui previsto não é equiparado a hediondo, recebendo o
tratamento de infração penal comum.
Analisando os núcleos, temos como induzir aquela conduta que crie a ideia que até então
era inexistente. Instigar significa fomentar a ideia já existente, enquanto auxiliar é promover a
ajuda, criar meios.
Sobre o crime em tela, muito se discute acerca da MARCHA DA MACONHA, sua
legalidade, bem como se configura o crime previsto no §2º do art. 33.
Instado a se manifestar, o STF, ao analisar a ADPF 187/DF, entendeu no sentido de que
esse tipo de manifestação constitui o direito de livre exercício do direito de reunião e
exposição do pensamento, aprovando o que chama de “livre mercado de ideias”.
Esse posicionamento foi reiterado no julgamento da ADI 4274/DF, que aproveitou a
oportunidade para fixar condições para a realização desses “eventos”:

a) A reunião deve ser pacífica e sem armas, previamente noticiada à autoridade, sem
incitação à violência;
b) Não pode haver incitação, incentivo ou estímulo ao consumo de entorpecentes;
c) Não pode haver consumo de entorpecente, apenas expressar o pensamento;
d) Não pode haver participação ativa de crianças ou adolescentes.
AR. 33, §3º: OFERECIMENTO DE DROGAS PARA CONSUMO EVENTUAL
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa
de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700
(setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das
penas previstas no art. 28.

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Um crime de menor potencial ofensivo, mas que recebe severas críticas da doutrina e da
jurisprudência em razão do quantum de pena de multa prevista. Isso porque o máximo se
equipara ao máximo previsto para o crime de tráfico de drogas, o que se mostra como um
disparate, já que a penalidade aqui prevista é drasticamente menor do que a pena prevista
para o tráfico, modalidade do caput e §1º.
Para a configuração deste delito, é imprescindível a presença de 4 (quatro) requisitos
cumulativos:
a) oferecimento eventual de droga;
b) sem objetivo de lucro;
c) a pessoa deve ser de relacionamento do agente;
d) o consumo deve ser conjunto.

ART. 33, §4º - TRÁFICO PRIVILEGIADO


§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas
poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a
conversão em penas restritivas de direitos , desde que o agente seja
primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa.

O trecho que se encontra riscado foi declarado inconstitucional no STF. Dessa


forma, a conclusão que se extrai é que não só no tráfico privilegiado, mas sempre
que possível a conversão da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos,
isto poderá ser empregado, respeitado o que prevê o art. 44 do CP.

De início, convém destacar que, para a caracterização do privilégio aqui estabelecido, é


necessário o preenchimento dos 4 requisitos subjetivos e cumulativos previstos na lei, quais
sejam:
a) primariedade;
b) bons antecedentes;
c) agente não se dedicar a atividades criminosas;
d) não integrar organização criminosa.

A causa redutora de pena aqui prevista tem por intuito beneficiar o traficante de
primeira viagem, conhecido no meio do crime como “mula”, que é aquele que exerce a
atividade de transporte dos entorpecentes.
Para definir o quantum de diminuição a ser aplicado, o magistrado deve observar a
natureza e a quantidade do entorpecente.
Por muito tempo, o crime de tráfico privilegiado foi considerado como hediondo, tanto
que o STJ tinha entendimento sumulado neste sentido:
“Súmula 512 do STJ: a aplicação da causa de diminuição de pena
prevista no artigo 33, §4º, da Lei 11.343/2006 não afasta a
hediondez do crime de tráfico de drogas”.
Todavia, o entendimento representado pela súmula mencionada foi revisto 1, pois,
considerando que o privilégio elencado no §4º representava e representa um benefício aos
que, muitas vezes se envolviam pela primeira oportunidade no mundo do crime, não havia
razão para repreendê-lo tão severamente. Assim, referida súmula foi revogada em 2016
(overruling).

1
HC 118.533/MS, rel. Min. Cármen Lúcia, Plenário, j. 19.09.2016.

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A alteração do entendimento noticiado também foi inserida em nosso ordenamento


jurídico, trazido com o Pacote Anticrime, incluindo o §5º no art. 112, verbis:
Art. 112: (...)
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste
artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei
nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.

EXERCÍCIOS
1. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: DPE-RJ Prova: FGV - 2019 - DPE-RJ - Técnico
Superior Jurídico
Plínio foi flagrado enquanto transportava 10 (dez) “sacolés” de maconha. Na ocasião,
admitiu para os policiais que a droga destinava-se a seu consumo pessoal e também de sua
esposa, que não estava com ele na oportunidade, sendo que ele adotaria essa conduta de
transportar o material para usar com sua esposa recorrentemente. Os policiais, nas suas
declarações, disseram que alguns usuários próximos a Plínio conseguiram se evadir antes da
abordagem. Diante das declarações, o Ministério Público ofereceu denúncia imputando a
Plínio a prática do crime de tráfico de drogas (Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06). Finda a
instrução, com a juntada do laudo definitivo confirmando que o material era entorpecente,
sendo apresentadas em juízo as mesmas versões colhidas na fase policial e restando certo que
Plínio era primário e de bons antecedentes, os autos foram conclusos para a sentença.
Preocupado com sua situação jurídica, e as consequências no caso de condenação, Plínio
procura a Defensoria Pública.

Considerando as informações expostas, deverá a defesa técnica esclarecer, com base na


jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores, que:
a) a condenação por tráfico com incidência da causa de diminuição da pena prevista no
Art. 33, §4º, da Lei nº 11.343/06, retira a hediondez do crime, mas não se mostra possível a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, ainda que a pena seja
inferior a 4 (quatro) anos;
b) a condenação pelo crime de tráfico de drogas, ainda que não reconhecida a causa de
diminuição do Art. 33, §4º, da Lei nº 11.343/06, admitirá a aplicação de regime diverso do
fechado de acordo com a sanção aplicada, mesmo que a pena não permita a substituição por
restritiva de direitos;
c) o descumprimento injustificado da medida imposta, no caso de condenação pelo
crime de porte de droga para consumo próprio (Art. 28 da Lei nº 11.343/06), torna possível a
aplicação de pena privativa de liberdade apenas pelo prazo máximo de 5 (cinco) meses;
d) a progressão de regime, no caso de condenação por um dos crimes previstos nos Arts.
33, caput e §1º, e 34 a 37 da Lei nº 11.343/06, dar-se-á após o cumprimento de dois terços da
pena, vedada sua concessão ao reincidente específico;
e) o denunciado que induz, instiga ou auxilia alguém ao uso indevido de drogas incorre
na mesma pena do caput do Art. 33 da Lei nº 11.343/06.

GABARITO: B
Importante que o candidato mostre ciência acerca da letra de lei, bem como
ao entendimento dos Tribunais Superiores.
a) INCORRETA. A incidência do privilégio disposto no §4º do art. 33, além de
afastar a hediondez do crime, também permite a substituição da Pena Privativa de

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Liberdade por Restritiva de Direitos, uma vez que o trecho da Lei que vetava esta
substituição foi considerado inconstitucional.
b) CORRETA. Com a declaração de inconstitucionalidade de todos os
dispositivos que violavam a individualização da pena, tornou-se possível, não só ao
Tráfico, mas a todos os crimes hediondos e equiparados, a aplicação do regime
prisional adequado, observando as regras do art. 33 do CP. Em suma, aos crimes
hediondos e equiparados não se exige a concessão de regime inicial fechado.
c) INCORRETA. De início, impende ressaltar que o crime previsto no art. 28 da
Lei de Drogas não é suscetível de pena privativa de liberdade, em hipótese
alguma. No caso de descumprimento das penas previstas no caput do referido
artigo, cabem como medidas coercitivas sucessivas apenas a admoestação verbal e
a multa.
d) INCORRETA. Com a alteração do art. 112 da LEP pelo pacote anticrime, o
condenado por crime hediondo, se primário, poderá progredir de regime após o
cumprimento de 40% da pena ou 50% se houver resultado morte (Art. 112, V, e
VI, “a”, LEP). Ao reincidente em crime hediondo (reincidência específica), poderá
ser deferida a progressão de regime, mediante cumprimento de 60% da pena.
e) INCORRETA. Aquele que induz, instiga ou auxilia outrem a consumir droga
não responde pela mesma pena daquele que pratica a conduta descrita no art. 33,
caput. De plano, a conduta é mais branda, pois estimula o consumo, e não a
traficância em si. Ademais, o art. 33, §2º prevê pena de 01 a 03 anos de detenção,
além de multa de 100 a 300 dias multa. Enquanto a figura do caput prevê pena
privativa de liberdade de 5 a 15 anos, além de multa de 500 a 1500 dias multa.

2. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP -
2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

Assinale a alternativa que está de acordo com a Lei n° 11.343/2006.


a) Em caso de apreensão de droga remetida do exterior por via postal, a competência
para processar e julgar o crime de tráfico internacional de drogas é do juiz federal do
local da apreensão.
b) Os crimes previstos nos artigos 33, caput, §1º, 34 e 37 da Lei n° 11.343/2006 são
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça indulto, anistia e liberdade provisória,
autorizada, entretanto, a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
c) Em caso de prisão em flagrante, no prazo de 24 horas, a autoridade policial fará
comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, dando-se
vista imediata ao Ministério Público.
d) Em 10 dias, o Ministério Público poderá arrolar até 8 testemunhas.
e) Nas hipóteses dos crimes previstos nos artigos 33, caput, §1º, 34 e 37 da Lei n°
11.343/2006, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de 2/5 da pena.

GABARITO: A
a) CORRETA. Redação da Súmula 528, do STJ.
b) INCORRETA. Os crimes previstos nos artigos mencionados são, de fato,
inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia, porém, segundo entendimento atual
é permitida a concessão de liberdade provisória e a conversão de pena privativa de
liberdade em restritiva de direitos.
C) INCORRETA. A vista ao membro do MP deve ser dada em até 24 horas,
conforme art. 50.

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D) INCORRETA. Após o recebimento do IP ou do caderno de investigação pelo


membro do MP, ele tem o prazo de 10 dias para: requerer o arquivamento; ou,
solicitar novas diligências; ou oferecer a denúncia e arrolar até 5 testemunhas,
conforme art. 54 da Lei 11343/2006.
E) INCORRETA. Cuide para não confundir o antigo quórum de progressão,
com o quantum previsto para livramento condicional, que ocorrerá após o
cumprimento de 2/3 da pena, conforme art. 44 da Lei de Drogas.

3. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP -
2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

No tocante à Lei de Tóxicos n° 11.343/06, para a lavratura do auto de prisão em


flagrante por tráfico de drogas previsto no art. 33 caput, é indispensável para a
materialidade do delito
a) que o sujeito esteja exercendo a venda da substância entorpecente proibida.
b) o exercício de qualquer ação prevista no art. 33 e o laudo de constatação provisório.
c) que ao agente possua quantidade superior a 10 gramas do entorpecente.
d) que a detenção ocorra em via pública.
e) que haja testemunha do exercício da venda de entorpecente.
Gabarito: B
Para a resolução desta questão, é preciso análise detida do contexto fático,
bem como relembrar a parte teórica envolvendo a lei de drogas.
Preliminarmente, recorde-se de que o núcleo do crime do art. 33 da Lei
11.343/2006 é composto por 18 verbos, contendo inúmeras condutas proibidas de
serem praticadas, não configurando crime apenas a venda.
Além disso, não há necessidade de o fato acontecer em via pública nem
quantidade mínima de substância, tendo em vista que um único cigarro de
maconha, por exemplo, que contém de 3 a 6 gramas, aproximadamente, pode
configurar uso ou tráfico, dependendo da circunstância.
Também, não há necessidade de testemunha da venda, pois, conforme visto
acima, existem outros núcleos/verbos/ações, que também configuram o crime em
debate.
Por fim, resta-nos a alternativa B, tendo em vista que, para configurar o
tráfico, é necessário que um agente pratique uma das ações proibidas e que a
autoridade policial promova o laudo preliminar de constatação.

4. Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-CE Prova: CESPE /


CEBRASPE - 2020 - MPE-CE - Analista Ministerial - Direito

Luciano, morador de Fortaleza – CE, réu primário e de bons antecedentes, foi flagrado na
posse de 20 quilos de cocaína durante blitz de trânsito realizada pela polícia militar. Em
razão disso, foi denunciado pelo Ministério Público do Estado do Ceará e, ao final do
processo, condenado pelo crime de tráfico de drogas.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir, com base na Lei de Drogas
(Lei n.º 11.343/2006).
A natureza e a quantidade da substância entorpecente não devem ser consideradas
como circunstâncias preponderantes entre os critérios para aplicação da pena
estabelecidos no Código Penal.

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Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: ERRADO.
A Lei de Tóxicos, em seu artigo 42, é enunciativa no sentido de que o juiz, na
fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do
Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a
personalidade e a conduta social do agente.

5. Ano: 2019 Banca: Quadrix Órgão: CRF - SE Prova: Quadrix - 2019 - CRF - SE -
Farmacêutico Fiscal Júnior
Com base nas Leis n.º 11.343/2006, n.º 11.903/2009 e n.º 13.021/2014, julgue o item.
As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de polícia, que
recolherá quantidade suficiente para exame pericial.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: CERTO
A Lei de Tóxicos, em seu artigo 32, estabelece que as plantações ilícitas serão
imediatamente destruídas pelo delegado, sem necessidade de autorização judicial e
sem necessidade de conter presença do MP. Antes de fazer a destruição, o
delegado recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando
auto de levantamento das condições encontradas, com delimitação do local,
asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova.

6. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: FGV - 2019 - MPE-RJ - Analista do
Ministério Público - Processual
Diego, 20 anos, reincidente, foi denunciado pela suposta prática do crime de tráfico de
drogas, tendo em vista que trazia consigo 300g de Cannabis Sativa L., popularmente
conhecida como maconha. No curso da instrução, por ocasião de seu interrogatório, Diego
confirmou que estava portando as drogas mencionadas na denúncia, mas assegurou que o
material seria destinado ao seu próprio consumo e não para comercialização.
Considerando apenas as informações narradas, de acordo com a jurisprudência dos
Tribunais Superiores, no momento da análise de aspectos relacionados à dosimetria da pena
em alegações finais, o promotor de justiça deverá destacar que a:
a) atenuante da confissão espontânea deverá ser reconhecida, podendo ser
compensada com a agravante da reincidência, mas não caberá reconhecimento da
atenuante da menoridade relativa;
b) atenuante da menoridade relativa e a atenuante da confissão espontânea devem
ser reconhecidas, não podendo, porém, a pena intermediária ser fixada abaixo do
mínimo legal;
c) quantidade de drogas poderá ser considerada na fixação da pena base, devendo
ser reconhecida a atenuante da menoridade relativa, mas não a da confissão
espontânea;
d) atenuante da menoridade relativa e a atenuante da confissão espontânea devem
ser reconhecidas, podendo a pena intermediária ser fixada abaixo do mínimo legal;
e) causa de diminuição de pena do tráfico privilegiado poderá ser reconhecida,
possibilitando a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos.
Gabarito: C
Lembrando do entendimento já sumulado (Súm. 630, STJ), a atenuante da
confissão espontânea somente será ponderada se o agente assumir o tráfico.

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A quantidade de entorpecente apreendida é significativa, além de o agente


ser reincidente, o que impede a aplicação do privilégio de redução de pena.
Outrossim, a quantidade e natureza da droga devem ser valoradas pelo
magistrado para determinar a pena base.
Acerca da atenuante da menoridade relativa, ela incide na espécie, pois o art.
65, I, estabelece que o fato de o agente ter menos de 21 anos na data do fato
possibilita a redução na segunda fase da dosimetria.

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GABARITO
1. B
2. A
3. B
4. E
5. C
6. C

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SUMÁRIO
LEI DE DROGAS (11.343/2006) .......................................................................................................................... 2
DOS CRIMES E DAS PENAS ............................................................................................................................. 2
ART. 34 – OBJETOS E MAQUINISMOS DESTINADOS À PRODUÇÃO DE DROGAS ...................................... 2
ART. 35, – ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO................................................................................................. 3
ART. 36 – FINANCIAMENTO OU CUSTEIO DO TRÁFICO ............................................................................. 3
ART. 37 – INFORMANTE COLABORADOR .................................................................................................. 3
ART. 38: PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA .................................................................................. 4
ART. 39: CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE SOB INFLUÊNCIA DE DROGA ............................ 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

MUDE SUA VIDA!


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LEI DE DROGAS (11.343/2006)


DOS CRIMES E DAS PENAS
ART. 34 – OBJETOS E MAQUINISMOS DESTINADOS À PRODUÇÃO DE
DROGAS
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender,
distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer,
ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou
qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou
transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200
(mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
Este delito consagra uma exceção dentro do ordenamento jurídico, pois, via de regra, a
conduta só é punível a partir do início dos atos executórios, porém, a exceção também se
vislumbra em outros dispositivos, tais como artigos 253, 286, 288, 291, todos do CP.
Porém, este delito consagra o chamado crime subsidiário, ou soldado de reserva, pois tem
por objetivo evitar toda e qualquer conduta que possibilite a fabricação e posterior circulação
de substância entorpecente. Em exemplo, vejamos: se alguns indivíduos montam um
laboratório para fabricação de drogas, e, após serem surpreendidos por uma ação da polícia,
não se identifica nenhuma substância, eles responderão de acordo com o artigo 34 da Lei de
Drogas. Porém, se com os indivíduos forem encontradas drogas, serão responsabilizados de
acordo com o art. 33, caput, pois a conduta de possuir os materiais destinados à fabricação de
drogas foram o crime meio para que se alcançasse o crime fim, que é o tráfico, propriamente
dito.
A prudência aqui recomenda a análise de contexto fático. O STJ já se manifestou que é de
se reconhecer o concurso de crimes dos arts. 33 e 34 quando se verifica uma verdadeira fábrica
para a produção de drogas em grande escala. Aqui, não haverá aplicação do princípio da
consunção pelo crime subsidiário, pois a capacidade lesiva do maquinismo representa risco
gravíssimo à saúde pública. Além disso, também haverá concurso quando existirem contextos
diversos (Ex.: Indivíduo tem em depósito 20kg de maconha e adquire uma máquina para
fabricação de ecstasy).
 O delito previsto no art. 34 também é considerado hediondo, devendo ser analisado
sob a ótica da Lei 8.072/90.
 O elemento subjetivo aqui é específico, pois é necessário um especial fim de agir,
pois os objetos, materiais ou maquinários devem ser destinados à preparação,
fabricação, produção ou transformação da droga.
 Embora exista controvérsia doutrinária sobre o tema, ainda prevalece a ideia de que
é aplicável a causa de redução de pena prevista no art. 33, §4º da Lei de drogas, uma
vez que, em se tratando de normas semelhantes, com disposições distintas, o
processo hermenêutico nos conduz à ideia de que UBI EADEM RATIO IBI IDEM JUS,
ou seja, onde existem as mesmas razões, que exista o mesmo direito. Portanto, a
doutrina que prevalece entende que é cabível a aplicação do privilégio através da
analogia in bonam partem.

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ART. 35, – ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO


Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
caput e § 1º , e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700
(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre
quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36
desta Lei.

Trata-se de delito em que a legislação exige a pluralidade de agentes (pelo menos dois),
para a sua consumação.
Para a corrente majoritária, este delito não se enquadra no rol dos crimes hediondos, e
não receberá o mesmo tratamento do tráfico ilícito de entorpecentes.
O tipo previsto no art. 35 somente será caracterizada se demonstrada a estabilidade e
permanência entre seus integrantes. Para a consumação, é imprescindível que exista o dolo de
se associar com a referida permanência e estabilidade. Ocorrendo um ânimo associativo
eventual, a conduta será atípica.
Ressalte-se também que a associação para o tráfico só será considerada para a prática das
figuras descritas nos arts. 33 caput e §1º e art. 34.
Em outro prisma, se o objetivo dos agentes é praticar o financiamento ao tráfico (art. 36),
incidirá o parágrafo único do art. 35, nominado de associação para o financiamento.
 Para a consumação deste delito, exige-se finalidade específica, consistente em ter a
finalidade de praticar o tráfico de drogas ou de petrechos ou de financiamento, na
hipótese do parágrafo único.
ART. 36 – FINANCIAMENTO OU CUSTEIO DO TRÁFICO
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes
previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500
(mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.
Pelo fato de este delito permitir o desenvolvimento da atividade da traficância, é
equiparado a hediondo.
O financiamento ou custeio aqui mencionado não precisa necessariamente ser realizado
apenas em dinheiro. O Supremo Tribunal Federal entendeu como típica a conduta de indivíduo
que fornecia veículos para transporta das drogas, ou para que fossem negociadas.
O delito em comento só terá incidência quando o agente não tenha participado do tráfico
de drogas. Se tiver participado como financiador e como agente efetivo na traficância,
responderá por apenas um crime (tráfico), acrescido de causa de aumento prevista no art. 40,
VII 1 da Lei 11.343/2006.
ART. 37 – INFORMANTE COLABORADOR
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou
associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos
arts. 33, caput e § 1º , e 34 desta Lei:

1
“Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
(...)
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.

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Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300


(trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
Figura que possui importante participação na empreitada criminosa, por ter a função de
informar os membros do grupo sobre a chegada de substância ou em razão de atuação policial
na localidade, o “olheiro” ou “figueteiro” também recebe uma chancela específica. Ademais, pelo
fato de auxiliar no desenvolvimento do tráfico, também é conduta equiparada a hedionda.
O Superior Tribunal de Justiça já reconheceu 2 a tipicidade desta conduta quando um
indivíduo usava um apito e uma arma de fogo para informar os membros da facção, além de
receber semanalmente determinada quantia dos líderes da quadrilha pelas funções
desempenhadas.
A colaboração deve ser efetiva, permitindo aos membros do grupo criminoso agirem de
modo distinto ou desviarem suas funções após a sinalização do agente. O aviso ou colaboração
inócuos, que não sejam suscetíveis de auxiliar efetivamente a organização, por desconhecer a
natureza do aviso, não configura o crime em comento.
CUIDADO!!!
A jurisprudência exige a eventualidade da participação do agente para a
configuração do crime do art. 37. Tendo o informante uma atuação habitual, o crime
praticado será o de associação ao tráfico (pois já possível identificar uma função por
ele desempenhada), sem prejuízo de enquadrá-lo no art. 33 caso praticado algum de
seus verbos.

ART. 38: PRESCRIÇÃO OU MINISTRAÇÃO CULPOSA


Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50
(cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho
Federal da categoria profissional a que pertença o agente.
Trata-se da única figura culposa prevista na Lei de Drogas.
Naturalmente que, se houver a prescrição ou ministração DOLOSA de drogas, haverá a
incidência da figura descrita no art. 33, caput.
É um crime próprio, pois somente o médio ou o dentista podem praticá-lo. Não há que se
falar em prescrição por veterinário, pois somente tem autorização legal para prescrever
medicamentos para animais.
 Ocorrendo a superveniência de lesão corporal culposa ou morte culposa, entende-
se, majoritariamente, que estarão caracterizados, em concurso formal, o delito
previsto no art. 38 da Lei de Drogas com o de lesão culposa ou homicídio culposo.
 Ocorrendo a condenação do agente, há obrigação legal de comunicação ao órgão de
classe que pertença o agente, a fim de que seja igualmente apurada eventual
responsabilidade administrativa.
ART. 39: CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE SOB
INFLUÊNCIA DE DROGA
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de
drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:

2
HC 156.656/RJ, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 15.05.2014.

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Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da apreensão


do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-
la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e
pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos
e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo
referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de
passageiros.
Trata-se de crime de perigo concreto, pois se exige que outra pessoa seja colocada perigo
para a consumação.
A condução de embarcação ou aeronave em situações regulares após o consumo de
drogas é atípica. É necessário que se demonstre que o agente estava sob o efeito da droga, sendo
desnecessária a completa intoxicação. Basta o andar cambaleante, a perturbação, para que a
infração seja suscetível de consumação.
A previsão elencada no artigo 39 também não abrange a condução após o consumo de
álcool, hipótese que, em ocorrendo, caracterizará contravenção penal (art. 34 ou 35 do Dec. Lei
3688/41).
Se o agente conduzir veículo automotor após o consumo de drogas, violará o disposto no
art. 306 do CTB.
Caso o agente se negue a participar de exame toxicológico para se apurar suas reais
condições clínicas (corolário do princípio da vedação à autoincriminação), não há óbice em se
utilizar analogicamente do disposto no art. 306, §2º do CTB para avaliar a real situação do
agente.
A autocolocação em risco, após a ingestão de substância alucinógena, não é passível de
punição, pois há a necessidade de colocar sob risco de lesão bem jurídico de terceiro, pois, como
regra, a lesão a bem jurídico próprio não é tutelada (princípio da alteridade).
Penas previstas:
a) pena privativa de liberdade;
b) apreensão do veículo;
c) cassação da habilitação ou proibição de obtê-la (mesmo prazo da pena privativa de
liberdade);
d) multa.
Já a figura qualificada, impõe pena mais severa para aqueles que praticarem a conduta em
aeronave (avião comercial) ou embarcação (navios, balsas etc.) de transporte coletivo de
passageiros.

EXERCÍCIOS
1. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-
ES - Investigador
Considerando o disposto na Lei nº 11.343/06 (Lei Antidrogas), assinale a alternativa
correta.
a) Constitui crime punido com pena de reclusão a conduta de oferecer droga,
eventualmente e sem objetivo de lucro, à pessoa de seu relacionamento, para juntos a
consumirem.
b) A Lei nº 11.343/06 não criminaliza a conduta de conduzir embarcação ou aeronave após
o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem.

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c) Quem adquirir, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar poderá ser submetido à pena de prestação de
serviços à comunidade.
d) Prescreve em 1 ano a imposição e a execução da pena para quem adquirir, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.
e) O tráfico transnacional de drogas não configura uma causa de aumento de pena.

Gabarito: C
a) INCORRETA: O crime mencionado está descrito no artigo 33, §3º, da Lei de
Drogas e é punido com pena de DETENÇÃO.
b) INCORRETA: A Lei incrimina a conduta descrita na alternativa, com previsão
no artigo 39 da Lei de Drogas.
c) CORRETA: Trata-se da figura do usuário, que não recebe pena privativa de
liberdade, em razão da despenalização que a conduta sofreu. Previsão no art. 28 da
Lei de Drogas.
d) INCORRETA: O prazo prescricional para o crime de posse/porte para
consumo de drogas, nos termos do artigo 30, é de dois anos.
e) INCORRETA: O tráfico internacional é causa de aumento de pena, conforme
art. 40, I da Lei 11.343/2006.

2. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE -
Delegado de Polícia
Acerca do tráfico ilícito de entorpecentes, de ações de prevenção e repressão a delitos
praticados por organizações criminosas, de abuso de autoridade e de delitos previstos na Lei
de Tortura, julgue o item que se segue.
Situação hipotética: Em um mesmo contexto fático, um cidadão foi preso em flagrante por
manter em depósito grande variedade de drogas, entre elas, cocaína, maconha, haxixe e crack,
todas para fins de mercancia. Foram apreendidos também maquinários para o preparo de
drogas, entre eles, uma balança digital e uma serra portátil. Assertiva: Nessa situação, afastada
a existência de contextos autônomos entre as condutas delitivas, o crime será único.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: CERTO.

3. Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia
Federal - Delegado de Polícia Federal
Acerca de tráfico ilícito de entorpecentes, crimes contra o meio ambiente, crime de
discriminação e preconceito e crime contra o consumidor, julgue o próximo item.
Aquele que adquirir, transportar e guardar cocaína para consumo próprio ficará sujeito
às mesmas penas imputadas àquele que adquirir, transportar e guardar cocaína para fornecer
a parentes e amigos, ainda que gratuitamente.
Certo ( ) Errado ( )

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Gabarito: ERRADO.

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GABARITO
1. C
2. Certo
3. Errado

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SUMÁRIO
LEI DE DROGAS (11.343/2006) .......................................................................................................................... 2
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ................................................................................................................... 2
DISPOSIÇÕES IMPORTANTES ACERCA DA DEFINIÇÃO DA PENA ............................................................... 3
PROCEDIMENTO PENAL................................................................................................................................. 4
ETAPA DE INVESTIGAÇÃO .......................................................................................................................... 5
ETAPA DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL ......................................................................................................... 6
DESTRUIÇÃO DE PLANTAÇÕES APREENDIDAS........................................................................................... 8
EXERCÍCIOS ...................................................................................................................................................... 10
GABARITO .................................................................................................................................................... 12

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LEI DE DROGAS (11.343/2006)


CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas
de um sexto a dois terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido
e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do
delito;
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou
no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou
vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações
de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de
entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou
beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se
realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços
de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de
unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça,
emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação
difusa ou coletiva;
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes
e o Distrito Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou
a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a
capacidade de entendimento e determinação;
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
O art. 40 da Lei de Tóxicos traz importante ferramenta para aumentar a pena dos delitos
descritos nos arts. 33 a 37 (excluindo-se, pois, as condutas dos arts. 38 e 39) em determinadas
situações. Tal aumento pode variar de 1/6 a 2/3 e dependerá da análise do caso concreto pelo
magistrado, conforme previsão do art. 42 ("Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da
substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente."). É evidente que a
aplicação da causa de aumento deve ser fundamentada.
A transnacionalidade prevista no inciso I ocorre nas situações em que a prática do delito
envolve dois ou mais países, ou seja, quando o agente tem intenção clara e manifesta de
transpassar as barreiras de um país com a substância. Registre-se que, conforme estabelece a
súmula 607 do STJ, a majorante do tráfico transnacional configura-se com a prova da destinação
internacional das drogas, mesmo que não seja consumada a transposição de fronteiras. Para a
identificação da transnacionalidade, é prudente a análise de três fatores: a) a natureza; b) a
procedência da substância apreendida; c) as circunstâncias.
Ressalva-se também que o tráfico internacional somente será consumado se a substância
for considerada ilícita tanto no Brasil quando no país de remessa ou destino.
Quando a droga é remetida do exterior pela via postal, a competência para julgamento
será do juízo federal do local da apreensão da droga (súmula 528, STJ).
O disposto no inciso II também deve ser analisado com parcimônia. Relativamente à
primeira parte, é importante que o agente que pratica a traficância prevaleça-se de sua função
pública, quebrando o dever de probidade, lealdade e eficiência, trazidos pela CF. Importante
avaliar no caso concreto se existe nexo de causalidade entre a função exercida e o crime
praticado.

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A segunda parte exige, para a configuração do aumento, que o agente pratique o delito no
desempenho de missão de educador, durante o exercício do poder familiar, guarda ou
vigilância.
Por sua vez, o contido no inciso III tem por objetivo evitar a disseminação de drogas em
ambientes coletivos, onde se percebe uma vulnerabilidade dos agentes que se pretende a
proteção.
Para configurar a situação de aumento do inciso IV, é imprescindível que o agente tenha
agido com violência, grave ameaça e empregado efetivamente o uso da arma de fogo, ou
utilizado-se de qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva (ex.: toque de recolher em
comunidades comandadas pelo tráfico).
CUIDADO!
A mera existência de arma de fogo não é suficiente para ensejar na causa de
aumento mencionada. É preciso sua efetiva utilização (finalidade específica), bem
como demonstração de seu uso, pena de não se aplicar o aumento.
Sobre a ocorrência de concurso de crimes entre o tráfico e o porte ou posse de
arma, é necessária a análise do caso concreto. A posição que prevalece e é
encampada pelo STJ e pela maioria da doutrina é a de que, se a única finalidade do
emprego da arma de fogo é o cometimento do crime previsto na lei de drogas, o
crime da Lei 10.826/03 será absorvido, incidindo, pois, a presente majorante. Mas,
se o porte já estava consumado antes mesmo do delito da traficância, em situação
fática diversa, haverá concurso material entre o porte/posse de arma, com a lei de
drogas, sem, contudo, incidir a majorante.

O aumento previsto no incido V prevê a hipótese de interestadualidade. Aqui, como ocorre


na internacionalidade, não há necessidade de ocorrer a efetiva transposição de fronteiras entre
um estado e outro (Súmula 587, STJ).
Naturalmente, esta causa de aumento pode ser cumulada com a causa de aumento
prevista no inciso I, desde que efetivamente demonstrada a intenção do agente em distribuir a
droga em dois ou mais Estados da Federação.
O inciso VI protege a inocência dos agentes ao prever que o aumento restará caracterizado
de a conduta visar a atingir criança ou o adolescente ou quem tenha diminuída a capacidade de
entendimento ou determinação. Para a análise da capacidade de entendimento, é necessária a
análise de cada caso. Relativamente à criança e ao adolescente, é importante lembrar das lições
da Lei 8.069/90, que classifica a criança como aquela pessoa entre 0 e 12 anos incompletos, e o
adolescente, a pessoa dos 12 aos 18 anos.
Além disso, se verificado que restou praticado qualquer crime previsto dos arts. 33 a 37
da Lei de drogas em concurso com criança ou adolescente, haverá concurso material entre a
conduta descrita nesta lei, com a causa de aumento, em concurso com o crime previsto no art.
244-B do ECA.
A causa de aumento do art. VII será utilizada para aumentar a pena do indivíduo que
custeia/financia o tráfico e junto pratica o núcleo do tipo do art. 33. Em resumo, incide na
hipótese de autofinanciamento.
DISPOSIÇÕES IMPORTANTES ACERCA DA DEFINIÇÃO DA PENA
"Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com
a investigação policial e o processo criminal na identificação dos
demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou
parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena
reduzida de um terço a dois terços.

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Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com


preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a
natureza e a quantidade da substância ou do produto, a
personalidade e a conduta social do agente.
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. 33 a 39 desta
Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei, determinará
o número de dias-multa, atribuindo a cada um, segundo as condições
econômicas dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem
superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso de crimes serão
impostas sempre cumulativamente, podem ser aumentadas até o
décuplo se, em virtude da situação econômica do acusado, considerá-
las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no máximo.
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta
Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia
e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em
restritivas de direitos.
Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-
á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da
pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou
sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga,
era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a
infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força
pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo,
as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o
juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico
adequado.
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se,
por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente
não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação que
ateste a necessidade de encaminhamento do agente para
tratamento, realizada por profissional de saúde com competência
específica na forma da lei, determinará que a tal se proceda,
observado o disposto no art. 26 desta Lei.

PROCEDIMENTO PENAL
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por crimes definidos
neste Título rege-se pelo disposto neste Capítulo, aplicando-se,
subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal e da Lei
de Execução Penal.
§ 1º O agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 desta Lei,
salvo se houver concurso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37
desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes
da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os
Juizados Especiais Criminais.
§ 2º Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se
imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser
imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste,

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assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo


circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e
perícias necessários.
§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as providências previstas no §
2º deste artigo serão tomadas de imediato pela autoridade policial,
no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente. (Vide
ADIN 3807)
§ 4º Concluídos os procedimentos de que trata o § 2º deste artigo, o
agente será submetido a exame de corpo de delito, se o requerer ou
se a autoridade de polícia judiciária entender conveniente, e em
seguida liberado.
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei nº 9.099, de 1995, que
dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Ministério Público
poderá propor a aplicação imediata de pena prevista no art. 28 desta
Lei, a ser especificada na proposta.
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. 33, caput e § 1º
, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as circunstâncias o
recomendem, empregará os instrumentos protetivos de
colaboradores e testemunhas previstos na Lei nº 9.807, de 13 de julho
de 1999.

O sujeito que for surpreendido com drogas para o consumo pessoal não se submete ao
rito de julgamento previsto nesta lei. Por se tratar de delito de menor potencial ofensivo, a
competência para julgamento será do Juizado Especial Criminal.
Ademais, ao usuário de drogas não se imporá a prisão em flagrante, por expressa
determinação da Lei. Ora, se mesmo após uma condenação o agente não será submetido a pena
privativa de liberdade, não há por que se permitir a custódia cautelar.
ETAPA DE INVESTIGAÇÃO
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia
judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente,
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao
órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas.
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e
estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de
constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
§ 2º O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º deste artigo
não ficará impedido de participar da elaboração do laudo definitivo.
(...)
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta)
dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser
duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido
justificado da autoridade de polícia judiciária.
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a
autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao
juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as
razões que a levaram à classificação do delito, indicando a
quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o
local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as
circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes
do agente; ou

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II - requererá sua devolução para a realização de diligências


necessárias.
Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de
diligências complementares:
I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo resultado
deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias antes
da audiência de instrução e julgamento;
II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e valores de que
seja titular o agente, ou que figurem em seu nome, cujo resultado
deverá ser encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias antes
da audiência de instrução e julgamento.
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes
previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei,
mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os
seguintes procedimentos investigatórios:
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação,
constituída pelos órgãos especializados pertinentes;
II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus
precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção,
que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de
identificar e responsabilizar maior número de integrantes de
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal
cabível.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização
será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a
identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.

Para validar a prisão em flagrante de um agente, basta a realização do exame de


constatação provisória da droga (nas palavras do STJ, trata-se de uma condição de
procedibilidade para a apuração do ilícito), que consiste em identificar em caráter preliminar
que se trata de substância entorpecente. O laudo será realizado por perito oficial, ou, na falta
deste, por pessoa idônea. Registre-se que nada impede que o perito que realizou o laudo
preliminar participe da elaboração do laudo definitivo.
O prazo para conclusão do IP também difere da regra geral do art. 10 do CPP. Para esta
Lei, em se tratando de acusado preso, o prazo será de 30 dias, podendo ser duplicado. Quando
o investigado estiver solto, este prazo é de 90 dias e poderá ser duplicado quantas vezes
entender necessária a autoridade.
O art. 53 e seus incisos trazem hipóteses de ação controlada ou flagrante
prorrogado/postergado ou diferido, que, como a essência do instituto preconiza, dependem de
autorização judicial.
ETAPA DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de Comissão
Parlamentar de Inquérito ou peças de informação, dar-se-á vista ao
Ministério Público para, no prazo de 10 (dez) dias, adotar uma das
seguintes providências:
I - requerer o arquivamento;
II - requisitar as diligências que entender necessárias;
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas e requerer
as demais provas que entender pertinentes.
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do
acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez)
dias.

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§ 1º Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, o


acusado poderá arguir preliminares e invocar todas as razões de
defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas que
pretende produzir e, até o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
§ 2º As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts.
95 a 113 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de
Processo Penal.
§ 3º Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará
defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos
autos no ato de nomeação.
§ 4º Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias.
§ 5º Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de 10 (dez)
dias, determinará a apresentação do preso, realização de diligências,
exames e perícias.
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a
audiência de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do
acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente, se for o
caso, e requisitará os laudos periciais.
§ 1º Tratando-se de condutas tipificadas como infração do disposto
nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, ao receber a
denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denunciado de
suas atividades, se for funcionário público, comunicando ao órgão
respectivo.
§ 2º A audiência a que se refere o caput deste artigo será realizada
dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebimento da denúncia,
salvo se determinada a realização de avaliação para atestar
dependência de drogas, quando se realizará em 90 (noventa) dias.
Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o
interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada
a palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Público e
ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a
critério do juiz.
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará
das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as
perguntas correspondentes se o entender pertinente e relevante.
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de imediato,
ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe
sejam conclusos.
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta
Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo se for
primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença
condenatória.
Relativamente ao procedimento, manifesta-se como uma regra especial, a qual possui
prevalência sobre a norma geral, fazendo incidir o critério da especialidade mencionado no
artigo 12 do Código Penal, sendo de fundamental importância recapitular que a aplicação da
Lei Especial impossibilita a aplicação da Lei Geral. Esta somente será aplicada sobre as situações
de omissão da Lei Especial.
Outro ponto importante, que é abundantemente abordado acerca do procedimento, diz
respeito ao número de testemunhas. Para o caso em tela, o MP poderá arrolar até 5 (cinco)
testemunhas.
Após o oferecimento da denúncia, e antes de seu recebimento, o juiz notificará o acusado
para apresentar defesa prévia, no prazo de 10 dias, oportunidade em que poderá apresentar
toda a matéria de defesa necessária. Não sendo apresentada no prazo estipulado, o juiz
ordenará a nomeação de defensor para que apresente a respectiva defesa, sob pena de nulidade.

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Após o oferecimento da defesa, o magistrado designará dia e hora para a realização de


audiência de instrução e julgamento será realizada, preferencialmente, em um único ato, em
homenagem ao princípio da concentração dos atos processuais.
Na audiência de instrução e julgamento é a oportunidade em que serão tomados os
depoimentos das testemunhas de acusação e defesa, o réu será interrogado.
Em que pese o artigo 57 mencionar que o interrogatório será o primeiro ato da instrução
processual, tendo em vista a elevação deste ato como meio de prova, o STF, ao julgar o HC
127.900/AM, entendeu que a regra do art. 400 do CPP (que prevê o interrogatório como último
ato), deve ser estendida aos processos penais militares, aos processos penais eleitorais e a
todos os procedimentos penais regidos por legislação especial. Após referido julgamento, o STJ
também acompanhou a decisão. Além disso, impende ressaltar que a desobediência à ordem
estabelecida constitui constrangimento ilegal, impondo-se o reconhecimento de nulidade
absoluta.
Após as oitivas de testemunhas e do interrogatório, será oportunizada às partes a
realização dos debates orais (alegações finais), pelo prazo de 20 minutos, podendo ser
prorrogados por mais 10, a critério do juiz. Nada impede que o magistrado aplique a regra do
§3º do art. 403, do CPP, e determine a realização das alegações finais por memoriais (por
escrito), no prazo de 5 dias.
Por fim, a regra exigida pelo art. 59 da Lei de Drogas, que o Recorrente deve recolher-se à
prisão para apelar, não é compatível com o Estado Democrático de Direito, inclusive, há mais
de 10 anos esta é a orientação dos Tribunais Superiores, no sentido de que se revela violadora
aos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa est exigência. Tanto
assim, restou estabelecido entendimento sumular sobre o tema:
"Súmula 347, STJ: o conhecimento de recurso de apelação do réu
independe de sua prisão”.

DESTRUIÇÃO DE PLANTAÇÕES APREENDIDAS


Art. 50. (...)
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no prazo
de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo de
constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas,
guardando-se amostra necessária à realização do laudo
definitivo.
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia
competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do Ministério
Público e da autoridade sanitária.
§ 5º O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição
das drogas referida no § 3º , sendo lavrado auto circunstanciado pelo
delegado de polícia, certificando-se neste a destruição total
delas.
Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem a ocorrência de
prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de
30 (trinta) dias contados da data da apreensão, guardando-se
amostra necessária à realização do laudo definitivo.

Nos termos do art. 32 da Lei de Drogas, as plantações ilícitas serão imediatamente


destruídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que manterá quantidade suficiente
para exame pericial, lavrando-se auto de levantamento das condições encontradas, com a
delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a preservação da prova.
A destruição das plantações, portanto, pode e deve ser feita imediatamente, sem a
necessidade de obtenção de ordem judicial ou de procedimento específico. Não se pode olvidar
que, na maioria das vezes, as plantações localizam-se em local de difícil acesso, e aguardar-se a

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manifestação de autoridade judiciária poderia por favorecer a empreitada criminosa que,


clandestinamente, poderia dar fim aos elementos de prova.
Sendo necessário o uso da queimada para tal fim, deverá ser observado, além das cautelas
necessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto 2.661/1998.
Acerca das drogas apreendidas, é importante relembrar que, recebida a cópia do auto de
prisão em flagrante, no prazo de dez dias, o magistrado certificará a regularidade do laudo de
constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra
necessária à realização do laudo definitivo (LD, art. 50, § 3º).
"Assim, a destruição de drogas apreendidas por força de ato flagrancial, após autorização
judicial, será executada pelo delegado de polícia, no prazo de 15 (quinze) dias, na presença do
Ministério Público e da autoridade sanitária (art. 50, § 4º), sendo certo que o local de destruição
das drogas será vistoriado antes e depois de efetivado o ato, e de tudo será “lavrado auto
circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a destruição total delas” (LD, art.
50, § 5º). Destarte, em caso de flagrante, a droga haverá de ser destruída no prazo máximo de
25 (vinte e cinco) dias, resultante da soma de 10 dias para o magistrado ordenar o
procedimento e 15 dias para o delegado efetivá-lo." 1
Não bastasse, “a destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em
flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data da
apreensão, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo, aplicando-se, no
que couber, o procedimento dos §§ 3º a 5º do art. 50” (Art. 50-A, Lei de Tóxicos). Como o
procedimento de destruição dos entorpecentes apreendidos sem flagrante faz remissão, no que
couber, aos §§ 3º a 5º do art. 50, temos por imprescindível a obtenção de ordem judicia para a
destruição (§ 3º), que deve ser exarada antes do prazo limite para a incineração: 30 dias a
contar da apreensão. Ademais, a execução da ordem será levada a efeito pelo delegado de
polícia (§ 4º), na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária, após vistoria do local
de destruição e lavratura de auto circunstanciado (§ 5º).
Todas as amostras guardadas para fim de servirem de contraprova, após a preclusão de
impugnação ao laudo definitivo, também serão destruídas, devendo observar o mesmo rito do
art. 72.
Para uma compreensão esquematizada dos procedimentos, segue-se abaixo um quadro
comparativo extraído da doutrina de Cleber Masson e Vinícius Marçal:

1Lei de Drogas: aspectos penais e processuais / Cleber Masson, Vinícius Marçal. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.

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EXERCÍCIOS
1. A respeito do procedimento penal previsto na Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006,
relacionado com a repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas,
assinale a alternativa correta.
a) Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa
prévia, por escrito, no prazo de 10 dias.
b) Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará comunicação
imediata ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada
vista ao representante do Ministério Público, em 72 horas.
c) A destruição das drogas será executada pelo escrivão de polícia no prazo de 90 dias na
presença do Delegado de Polícia e da autoridade sanitária.
d) O inquérito policial será concluído no prazo de 60 dias, se o indiciado estiver preso, e de
120 dias, quando solto.
e) Na audiência de instrução e julgamento, após o interrogatório do acusado e a inquirição
das testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao defensor do acusado e ao
representante do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 20 minutos para cada
um.

GABARITO: A
A) CORRETA. Com base no art. 55 da lei 11343, uma vez oferecida a denúncia,
o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no
prazo de 10 dias.
B) INCORRETA. Após prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária
fará comunicação imediata ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado,
do qual será dada vista ao representante do Ministério Público, em 24 horas,
conforme art. 50 da lei 11343.
C) INCORRETA. De acordo com o art. 50 e seguintes da Lei de Drogas, a
destruição será sempre realizada pela autoridade policial, e não pelo escrivão de
polícia.
D) INCORRETA. Nos crimes da Lei de Drogas, o Inquérito Policial será
concluído em 30 dias se o investigado estiver preso, ou em 90 dias, se solto. Prazos
estes que podem ser duplicados.
E) INCORRETA. Nos termos do art. 57 da Lei 11.343/2006, na audiência de
instrução e julgamento, após o interrogatório do acusado e a inquirição das
testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério
Público e ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte)
minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz.

2. Com base no entendimento do STJ, julgue o próximo item, a respeito de aplicação da pena.
Condenação anterior por delito de porte de substância entorpecente para consumo
próprio não faz incidir a circunstância agravante relativa à reincidência, ainda que não tenham
decorrido cinco anos entre a condenação e a infração penal posterior.
Certo ( ) Errado ( )

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GABARITO: CERTO. Consoante entendimento do STJ, externado pelo


informativo 662, a condenação por porte de drogas para consumo pessoal não enseja
em reincidência para majorar a pena intermediária. Tal circunstância só vale para a
reincidência específica apta a ensejar o aumento da pena restritiva de direitos,
conforme previsão do art. 28, §4º da Lei de Tóxicos.

3. No item que segue, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a
ser julgada com base em disposições das Leis n. 9.605/1998, 11.343/2006 e
13.445/2017.
Durante uma vistoria, no estado do Paraná, em passageiros que viajavam de ônibus de
Foz do Iguaçu – PR para Florianópolis – SC, policiais rodoviários federais encontraram seis
quilos de maconha na mochila de Lucas, que foi preso em flagrante delito. Nessa situação, no
cálculo da pena de Lucas, não se considerará a majorante do tráfico interestadual de drogas,
pois a transposição da fronteira entre os estados ainda não tinha ocorrido.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: ERRADO. A transposição de fronteiras não é imprescindível para a
configuração da majorante em tela, bastando que as circunstâncias indiquem que
haveria referida destinação para outro estado da federação, conforme entendimento
consolidado na Súmula 587, STJ.

4. Julgue o próximo item, a respeito das Leis n. 13.445/2017, 11.343/2006, 8.069/1990 e


suas alterações.
Em caso de prisão por tráfico de drogas ilícitas, o juiz não poderá substituir a pena
privativa de liberdade por restritiva de direito.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: ERRADO. De acordo com o entendimento consolidado dos Tribunais
Superiores, a parte do art. 44 da Lei de Drogas, que proibia a conversão da pena em
restritiva de direitos foi revogada, sendo cabível, assim, referida substituição, desde
que obedecidos os critérios do art. 44 do Código Penal.

5. Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva
a ser julgada, a respeito de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, crime contra a
criança e adolescente e crimes licitatórios.
Em viagem pela Europa, Ronaldo, primário, de bons antecedentes e não integrante de
organização criminosa, adquiriu quinze cápsulas do entorpecente LSD com o objetivo de obter
lucro capaz de custear as despesas com a viagem. De volta ao Brasil, Ronaldo foi preso em
flagrante quando tentava vender a droga. Nessa situação, caso seja condenado pelo crime
tráfico de entorpecentes, Ronaldo poderá obter a redução da pena de um sexto a dois terços.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: CERTO. A jurisprudência já é pacífica no sentido de que não importa
qual a potencialidade lesiva da droga ou a quantidade apreendida, se o agente
preencher os requisitos exigidos pela legislação (art. 33, §4º, da Lei de Drogas), a
figura privilegiada poderá ser aplicada.

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6. Em cada item que segue, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva
a ser julgada.
Em um aeroporto no Rio de Janeiro, enquanto estava na fila para check-in de um voo com
destino a um país sul-americano, Fábio, maior e capaz, foi preso em flagrante delito por estar
levando consigo três quilos de crack. Nessa situação, ainda que não esteja consumada a
transposição de fronteiras, Fábio responderá por tráfico transnacional de drogas e a
comprovação da destinação internacional da droga levará a um aumento da pena de um sexto
a dois terços.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: CERTO. Consoante súmula 607 do STJ, a transnacionalidade
independe da efetiva transposição de fronteiras, bastando que as circunstâncias
indiquem que a droga seria levada ao exterior para incidir o aumento previsto no art.
40, I, da LD.

GABARITO
1. A
2. C
3. E
4. E
5. C
6. C

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SUMÁRIO
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI 8.069/1990) ........................................................................ 2
1. PARTE INTRODUTÓRIA .............................................................................................................................. 2
2. QUESTÕES RELACIONADAS À INIMPUTABILIDADE (ART. 228, CF): ........................................................... 2
3. DIREITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................................................................ 3
A) DIREITO À VIDA E SAÚDE: ..................................................................................................................... 3
B) DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE (ARTS. 15 A 18-B) ....................................... 3
C.1) DAS CLASSIFICAÇÕES DAS FAMÍLIAS .................................................................................................. 7
4. AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR ................................................................................................................... 12
5. CRIMES EM ESPÉCIE................................................................................................................................. 14
A) PROMESSA DE ENTREGA DE FILHO OU PUPILO A TERCEIRO E PROMOÇÃO/AUXÍLIO DE ENVIO DE
MENOR AO EXTERIOR .............................................................................................................................. 14
B) CONTEÚDO PORNOGRÁFICO ENVOLVENDO MENOR ......................................................................... 14
C) VENDER, FORNECER (AINDA QUE GRATUITAMENTE) OU ENTREGAR ARMA, MUNIÇÃO OU
EXPLOSIVO OU BEBIDA ALCOÓLICA À CRIANÇA OU ADOLESCENTE ....................................................... 16
D) PROSTITUIÇÃO OU EXPLORAÇÃO SEXUAL (ART. 244-A, ECA)............................................................. 16
E) CORRUPÇÃO DE MENORES (ART. 244-B, ECA). ................................................................................... 16
QUESTÕES COMENTADAS ............................................................................................................................... 17
QUESTÕES NÃO COMENTADAS ................................................................................................................... 20
GABARITO .................................................................................................................................................... 25

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI


8.069/1990)
1. PARTE INTRODUTÓRIA
O que é? É a disciplina das relações jurídicas entre crianças e adolescentes, de um lado, e,
de outro, a família, a sociedade e o Estado.
Obs.1: Em síntese, podemos concluir que, de um lado, temos a criança e o adolescente e, de
outro, a família, a sociedade e o Estado. Além disso, estes possuem um dever jurídico para com
os menores.
Obs. 2: A disciplina tem como fundamento a chamada “DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL”
(art. 1º ECA), ou seja, crianças e adolescentes são considerados SUJEITOS DE DIREITOS, e não
meros OBJETOS DE PROTEÇÃO.
Obs. 3: Pelo fato de estarem em desenvolvimento, aos menores é assegurada PRIORIDADE
ABSOLUTA no trato das demandas (art. 227, CF c/c art. 4º, ECA).
Obs. 4: Para solução das demandas, o STJ costuma adotar também um terceiro princípio
fundamental, denominado de SUPERIOR INTERESSE DA CRIANÇA.
Obs. 5: METAPRINCÍPIOS:
PROTEÇÃO INTEGRAL PRIORIDADE ABSOLUTA SUPERIOR INTERESSE

Obs. 6: Princípios Derivados (art. 100, p. único, ECA):


a) Princípio da Condição da Criança e do adolescente como sujeitos de direitos;
b) Princípio da Responsabilidade Primária e Solidária do Poder Público;
c) Princípio da Privacidade, art. 17, ECA;
d) Princípio da Intervenção Precoce;
e) Princípio da Intervenção Mínima;
f) Princípio da Proporcionalidade e Atualidade;
g) Princípio da Responsabilidade Parental;
h) Princípio da Prevalência da Família;
i) Princípio da Obrigatoriedade à Informação;
j) Princípio da Oitiva Obrigatória e Participação.

2. QUESTÕES RELACIONADAS À INIMPUTABILIDADE (ART. 228,


CF):
“Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos,
sujeitos às normas da legislação especial.”
a) Distinção entre criança x adolescente: nos termos do art. 2º do ECA: “Considera-se
criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e
adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.”
Obs. 1: e os maiores de 18 anos? Art. 2º, Parágrafo único, ECA: “Nos casos expressos em lei,
aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.”
Obs. 2: Emancipados? A emancipação é um instituto de DIREITO CIVIL, que não tem o condão
de antecipar a aplicação dos institutos relacionados no ECA.

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Obs. 3: Termo “menor”, ainda pode ser utilizado? Não é recomendado, tendo em vista que a
Lei 8.069/90 promoveu distinções entre Criança e Adolescente. Portanto, não é recomendado.
Entretanto, o STJ ainda utiliza. ATENÇÃO: não é errado, não é recomendado.

3. DIREITOS FUNDAMENTAIS
A) DIREITO À VIDA E SAÚDE:
“Art. 7º A criança e ao adolescente têm direito a proteção à vida e à
saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência. ”
Obs. 1: Com relação ao direito à vida, é mister recordar que este direito não é absoluto, pois a
vida pode ser restringida em situações excepcionais, como nos casos de aborto sentimental/
humanitário (gravidez decorrente de estupro) ou aborto necessário (quando a gravidez
representa risco à vida da gestante, e, ainda, nos casos de antecipação terapêutica do parto de
feto anencéfalo, conforme decidido na ADPF 54, de relatoria do Min. Marco Aurélio, bem como
a utilização de células tronco, nos termos da ADI 3.510, de lavra do ex Min. Ayres Britto).
Obs. 2: Com relação ao direito à saúde, é de fundamental relevância a leitura dos arts. 8º ao 14,
eis que boa parte desses dispositivos teve reflexo da alteração legislativa trazida pela Lei
13.257/2016, especialmente com relação ao direito à saúde da gestante.
B) DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE (ARTS. 15
A 18-B)
“Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,
ressalvadas as restrições legais;
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
VI - participar da vida política, na forma da lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,
dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do
adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e
cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou
degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou
qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada
com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte
em:
a) sofrimento físico; ou
b) lesão;

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II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de


tratamento em relação à criança ou ao adolescente que:
a) humilhe; ou
b) ameace gravemente; ou
c) ridicularize.
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os
responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de
crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que
utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como
formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto
estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes
medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso:
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção
à família;
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
V - advertência.
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas
pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.”

c) Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária (art. 19 a 53-D)

“Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado


no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta,
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que
garanta seu desenvolvimento integral.”

Comentário: como regra, vige em nosso estatuto o direito à prevalência da


família, o que importa dizer que, a todo custo, o poder público empregará esforços
para que a criança/adolescente permaneça no âmbito familiar, mas, não sendo
possível, é admitida a colocação em família substituta.

“§1º. Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa


de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação
reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a
autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado
por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma
fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou
colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades
previstas no art. 28 desta Lei.
§ 2º. A permanência da criança e do adolescente em programa de
acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18
(dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu
superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade
judiciária.”

Comentário: Embora o texto faça referência ao “acolhimento institucional”,


analogicamente se estende o referido conceito ao “acolhimento familiar”.

“§ 3º. A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente


à sua família terá preferência em relação a qualquer outra
providência, caso em que será esta incluída em serviços e programas

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de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1o do art. 23, dos


incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art.
129 desta Lei.
§ 4º. Será garantida a convivência da criança e do adolescente
com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas
periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de
acolhimento institucional, pela entidade responsável,
independentemente de autorização judicial.
§ 5º. Será garantida a convivência integral da criança com a mãe
adolescente que estiver em acolhimento institucional.
§ 6º. A mãe adolescente será assistida por equipe especializada
multidisciplinar.
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em entregar seu
filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será
encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude.”

Comentário: Percebam, a mãe não é obrigada a criar seu filho, porém,


se externar este desejo, deve ser encaminhada à Justiça da Infância e Juventude
para que tenha início um acompanhamento e monitoramento psicológico, com a mais
pura intenção de tentar compreender as razões pelo desinteresse da mãe em
participar do desenvolvimento do filho, bem como empregar técnicas psicológicas no
intuito de tentar reverter esta opinião.

“§ 1º. A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional da


Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório à
autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos do
estado gestacional e puerperal.
§ 2º De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá determinar
o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua expressa
concordância, à rede pública de saúde e assistência social para
atendimento especializado.
§ 3º. A busca à família extensa, conforme definida nos termos do
parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo de
90 (noventa) dias, prorrogável por igual período.
§ 4º. Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não existir
outro representante da família extensa apta a receber a guarda, a
autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção do
poder familiar e determinar a colocação da criança sob a guarda
provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que
desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional.
§ 5º. Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de ambos os
genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser
manifestada na audiência a que se refere o § 1o do art. 166 desta
Lei, garantido o sigilo sobre a entrega.
§ 6º. VETADO.
§ 7º. Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze) dias
para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data do
término do estágio de convivência.”

Comentário: A ideia da fixação do prazo previsto neste artigo é fazer com que
o procedimento de adoção tenha seu início rapidamente, fazendo assim com que o
menor permaneça “desamparado”/sem um lar o menor tempo possível.

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§ 8º. Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada em


audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega da
criança após o nascimento, a criança será mantida com os genitores,
e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.

Comentário: Novamente se manifesta o interesse do Código na prevalência da


família, todavia, depende de acompanhamento para que se verifique se os laços
familiares de fato estão sendo constituídos.

§ 9º É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento,


respeitado o disposto no art. 48 desta Lei.
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhimento
institucional ou familiar poderão participar de programa de
apadrinhamento.

Comentário: trata-se de inovação legislativa, na mais pura intenção de


promover a aproximação de pessoas que estabelecerão vínculos de proximidade para
com o menor, que o auxiliarão no seu desenvolvimento, conforme estabelece o
próximo artigo.

§ 1º. O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à


criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para fins de
convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu
desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo,
educacional e financeiro.
§ 2º. VETADO.
§ 3º. Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescente a
fim de colaborar para o seu desenvolvimento.
§ 4º. O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado será
definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, com
prioridade para crianças ou adolescentes com remota
possibilidade de reinserção familiar ou colocação em família
adotiva.
§ 5º Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados pela
Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por órgãos
públicos ou por organizações da sociedade civil.
§ 6º Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os
responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento deverão
imediatamente notificar a autoridade judiciária competente.
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou
por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

Comentário: Trata-se de dispositivo que confere IGUALDADE DE DIREITOS


entre os filhos, sejam biológicos ou adotados, proibindo-se, inclusive, quaisquer
distinções com relação aos mesmos. Ou seja, filho biológico ou não ostenta a
condição de filho e possuem todos os mesmos direitos, inclusive para fins
sucessórios.

Art. 21. O pátrio poder familiar será exercido, em igualdade de


condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação
civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de
discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a
solução da divergência.

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Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação


dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a
obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos
iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na
educação da criança, devendo ser resguardado o direito de
transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os
direitos da criança estabelecidos nesta Lei.
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui
motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder
familiar.

Comentário: CUIDADO! Não ter as condições financeiras mínimas, por si só,


não autoriza a Destituição do Poder Familiar (DPF). Para que cheguemos à situação
extrema, é necessário que sejam descumpridos os deveres dispostos no art. 22.

§ 1º. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação


da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família
de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e
programas oficiais de proteção, apoio e promoção.

Comentário: Inexistindo motivo para a Destituição do Poder Familiar,


obrigatoriamente a família será incluída em programas de proteção, apoio e
promoção à efetivação dos direitos fundamentais.

§ 2º. A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a


destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por
crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igualmente
titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou outro
descendente.

Comentário: O simples fato de o pai ou a mãe receber condenação criminal,


por si só não implica a DPF. Para que esta ocorra, é necessário que exista: 1) a
prática de um crime doloso; 2) com pena prevista de reclusão; e, ainda, 3)
que este crime seja praticado contra o próprio filho (a). Além disso, é
inovação legislativa a possibilidade de destituição do poder familiar no caso
de violência doméstica e familiar entre os detentores do poder familiar.

Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas


judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos
previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o
art. 22.

C.1) DAS CLASSIFICAÇÕES DAS FAMÍLIAS


 Nosso código adota a classificação trinária de família, podendo ser:
1) FAMÍLIA NATURAL: Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou
qualquer deles e seus descendentes (art. 25, ECA).
2) FAMÍLIA EXTENSA: Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para
além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os
quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (art. 25, p.
único, ECA).

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Obs. 1: Reconhecimento de filhos. “Art. 26. Os filhos havidos fora do


casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no
próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro
documento público, qualquer que seja a origem da filiação.”
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou
suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.
“Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,
indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus
herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.”

3) FAMÍLIA SUBSTITUTA: A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela


ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente (art. 28, ECA).
Obs. 1: O Art. 28 traz diversas observações gerais a respeito da colocação em família substituta
que precisam ser observadas, pois amplamente cobradas.
Obs. 2: Oitiva obrigatória: Nos procedimentos relacionados à Infância e Juventude, criança e
adolescente devem ser ouvidas. Todavia, com relação à criança, o juiz leva sua opinião em
consideração, atrelando-a aos demais elementos de prova (art. 28, §1º, ECA). Em outra banda,
com relação ao adolescente, o juiz fica vinculado à sua vontade, eis que presta consentimento
(art. 28, §2º, ECA).
Obs. 3: Grupo de Irmãos (§4º, art. 28, ECA): Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de
abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa,
procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais.
Obs. 4: Indígenas: (§6º, Art. 28, ECA): Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou
proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório:
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e
cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições,
desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais
reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal;
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua
comunidade ou junto a membros da mesma etnia;

Comentário: Perceba que não se trata de OBRIGAÇÃO, mas sim de


PRIORIDADE.

III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal


responsável pela política indigenista, no caso de crianças e
adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe
interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
Obs. 5: Não se deferirá colocação em família substituta à pessoa que revele, por qualquer modo,
incompatibilidade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado.
(art. 29, ECA).
Obs. 6: Somente mediante autorização judicial é que se admite a transferência daquele que
se encontra sob a modalidade de família substituta. A transferência não pode ocorrer a bel
prazer dos interessados (art. 30, ECA)
Obs. 7: A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente
admissível na modalidade de adoção (art. 31, ECA).
 Atenção: Família substituta estrangeira é aquela que tem residência e
domicílio fora dos limites territoriais brasileiros.

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Obs. 8: Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e


fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos (art. 32, ECA).
3.1) GUARDA (ARTS. 33 A 35, ECA).
 A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou ao
adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
 A guarda destina-se a regularizar a posse de fato (visando a dar ao menor um responsável
pelos atos cotidianos), podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos
de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
ATENÇÃO 1: Excepciona-se, na hipótese, a adoção por estrangeiros, pois esta
modalidade de colocação só se admite via adoção.
ATENÇÃO 2: De maneira excepcional, admite-se a guarda fora dos casos de
tutela e adoção para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos
pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática
de atos determinados, como para obtenção de um emprego, por exemplo. (QUESTÃO
JÁ COBRADA PELA FGV).
ATENÇÃO 3: A guarda confere à criança ou adolescente a condição de
dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.

 O deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do


direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de
regulamentação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público.
 A inclusão da criança ou adolescente em programas de acolhimento familiar terá
preferência a seu acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o caráter
temporário e excepcional da medida, nos termos desta Lei.
ATENÇÃO: A guarda é medida EXCEPCIONAL e TEMPORÁRIA. Dá-se
preferência ao acolhimento familiar em detrimento do institucional, em razão dos
vínculos afetivos que são criados e da proximidade do guardião que pode zelar de
maneira mais efetiva pelo desenvolvimento do menor.

 A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado,
ouvido o Ministério Público.
3.2. TUTELA (ARTS. 36 E 37, ECA)
 A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos,
pois visa a regulamentar a representação e administração patrimonial.
 O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder
familiar e implica necessariamente o dever de guarda.
 O tutor nomeado por testamento ou qualquer documento autêntico deverá, no prazo de 30
(trinta) dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao controle judicial
do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 do ECA.
 Somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada no testamento, se restar comprovado que
a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de
assumi-la.
 Somente se destitui a tutela por decisão judicial.

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3.3. ADOÇÃO (ARTS. 39 A 52-D)


 A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando
esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa,
na forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei.
 CARACTERÍSTICAS:
a) Excepcional e Irrevogável: trata-se de medida considerada de última alternativa (após não
ser mais possível manter em família natural) e irrevogável, pois a parte, uma vez que tem a
sentença constitutiva de adoção, não pode abrir mão do encargo (art. 39, §1º, ECA).
b) Ato personalíssimo: é vedada a prática do ato por procuração (art. 39, §2º, ECA);
c) Incaducável: Se os pais adotivos falecerem, não se reestabelece o poder familiar da família
biológica (art. 49, ECA).
d) Plena: A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres,
inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os
impedimentos matrimoniais. (art. 41, ECA).
e) Constituída por sentença judicial: A adoção é constituída por sentença (art. 47) e produz
seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese
prevista no § 6o do art. 42 desta Lei (§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de
vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença), caso em que terá força retroativa à data
do óbito.
REQUISITOS SUBJETIVOS:
a) idoneidade
b) motivo legítimo
c) vantagens ao adotando (art. 43, ECA).
REQUISITOS OBJETIVOS:
a) idade (art. 42, caput e §3º, ECA):

“Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,


independentemente do estado civil.
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do
que o adotando.”
b) consentimento dos pais (art. 45, ECA):

“Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do


representante legal do adotando.
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou
adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido
destituídos do poder familiar.
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, será
também necessário o seu consentimento.”
c) precedência de estágio de convivência:

 Trata-se de medida destinada a promover uma aproximação entre adotante(s) e adotado(s),


com o objetivo de promover uma aproximação entre as partes, bem como avaliar a constituição
de vínculos. Evidentemente, por se tratar de inserção de uma pessoa em desenvolvimento em
um novo lar, essa introdução precisa ser gradativa e precedida de todo o acompanhamento.
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com a
criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias,
observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do
caso.

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§1º. O estágio de convivência poderá ser dispensado se o


adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante
durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a
conveniência da constituição do vínculo.
§2º. A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa
da realização do estágio de convivência.
§2º-A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo pode ser
prorrogado por até igual período, mediante decisão fundamentada
da autoridade judiciária.
§3º. Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou
domiciliado fora do País (adoção internacional), o estágio de
convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45
(quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única
vez, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
§3º-A. Ao final do prazo previsto no § 3º deste artigo, deverá ser
apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no § 4º
deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da adoção à
autoridade judiciária.
§4º. O estágio de convivência será acompanhado pela equipe
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
execução da política de garantia do direito à convivência familiar,
que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do
deferimento da medida.
§ 5º. O estágio de convivência será cumprido no território
nacional, preferencialmente na comarca de residência da criança
ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada,
em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de
residência da criança.
Obs. 1: Como regra, para adoção conjunta (aquela realizada por duas pessoas), é indispensável
que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a
estabilidade da família. (art. 42, §2, ECA).
 Entretanto, os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros
podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de
visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do
período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade
e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a
excepcionalidade da concessão. (art. 42, §4º, ECA).
Obs. 2: Quem não pode adotar?
 Quem não preencher os requisitos objetivos e subjetivos;
 Os ascendentes e os irmãos do adotando (art. 42, §1º, ECA).
Obs. 3: Peculiaridades do registro de adoção.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que
será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se
fornecerá certidão.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem
como o nome de seus ascendentes.
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro
original do adotado.
§ 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado no
Cartório do Registro Civil do Município de sua residência.

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§ 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar


nas certidões do registro.
§ 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido
de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome.
§ 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o
disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.
§ 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado
da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6o do
art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do
óbito.
§ 8º O processo relativo à adoção assim como outros a ele
relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu
armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua
conservação para consulta a qualquer tempo.
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que
o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com
doença crônica.
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será de 120
(cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual período,
mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária..

Obs. 4: Respeito à fila de adoção


 Nas comarcas, existirão cadastros entre as pessoas que se encontram interessadas
e aptas a adotar. Esse cadastro nos revela uma fila que deve ser observada. Haverá
cadastro distinto para os casos de adoção internacional.
 Somente após a inviabilidade na adoção nacional é que se procederá às tentativas
de adoção internacional (art. 50, §10, ECA).
 Enquanto aguarda os interessados em adotar, criança ou adolescente deve aguardar
em programas de acolhimento, preferencialmente no acolhimento familiar. (art. 50,
§11, ECA).
EXCEÇÃO À FILA DE ADOÇÃO:
§13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato
domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos
desta Lei quando:
I - se tratar de pedido de adoção unilateral;

Comentário: Adoção unilateral é aquela realizada quando há a destituição de


um único vínculo anterior, por exemplo, a adoção realizada pelo padrasto.

II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente


mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de
criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso
de tempo de convivência comprove a fixação de laços de
afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-
fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.

4. AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR


“Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezesseis)
anos poderá viajar para fora da comarca onde reside

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desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa


autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou do
adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade da
Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; (Redação
dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver
acompanhado: (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado
documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou
responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável,
conceder autorização válida por dois anos.
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é
dispensável, se a criança ou adolescente:
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente
pelo outro através de documento com firma reconhecida.
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança
ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em
companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.”

Obs. 1: Esses dispositivos devem ser analisados com a Resolução 131/2011 do CNJ.
Obs. 2: Quadro geral da autorização para viajar.
AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR

I. Viagens nacionais/domésticas (art. 83, ECA)

1. Nenhum menor de 16 anos pode viajar para fora da comarca desacompanhado


ou sem expressa autorização judicial.
Obs.1: A autorização não será exigida nas hipóteses do §1º.
Obs. 2: Além disso, a resolução 295/2019 do CNJ também autoriza que a criança ou
o adolescente menor de 16 anos possa viajar desacompanhado desde que
expressamente autorizado por qualquer de seus genitores ou responsável legal, por
meio de escritura pública ou de documento particular com firma reconhecida por
semelhança ou autenticidade

II. Viagens internacionais (art. 84, ECA c/c Res. 131 do CNJ)

Crianças e adolescentes:
a) desacompanhados, com autorização judicial;
b) desacompanhados, com autorização de ambos os pais por documento com firma
reconhecida.
c) acompanhados de ambos os pais.
d) acompanhados de um dos pais, desde que haja autorização expressa do outro,
por documento com firma reconhecida;
e) acompanhados de terceiros maiores e capazes com autorização de ambos os pais
por documento com firma reconhecida.

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5. CRIMES EM ESPÉCIE
A) PROMESSA DE ENTREGA DE FILHO OU PUPILO A TERCEIRO E
PROMOÇÃO/AUXÍLIO DE ENVIO DE MENOR AO EXTERIOR
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro,
mediante paga ou recompensa:
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a
paga ou recompensa.
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio
de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das
formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou
fraude:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
correspondente à violência.

B) CONTEÚDO PORNOGRÁFICO ENVOLVENDO MENOR


Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar,
por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica,
envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta,
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança
ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda
quem com esses contracena.
§ 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o
crime:
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-
la;
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade; ou
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim
até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor,
empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha
autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir,
publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de
sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1 o Nas mesmas penas incorre quem:
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo;
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores
às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo.
§ 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste artigo são
puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço,

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oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo


ilícito de que trata o caput deste artigo.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,
fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena
quantidade o material a que se refere o caput deste artigo.
§ 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade
de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas
descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a
comunicação for feita por:
I – agente público no exercício de suas funções;
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre
suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o
encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de
acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o
recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial,
ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
§ 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter sob
sigilo o material ilícito referido.
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em
cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração,
montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra
forma de representação visual:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à
venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio,
adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput
deste artigo.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer
meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato
libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de
sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato
libidinoso;
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de
induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente
explícita.
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão
“cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma
criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.

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C) VENDER, FORNECER (AINDA QUE GRATUITAMENTE) OU ENTREGAR


ARMA, MUNIÇÃO OU EXPLOSIVO OU BEBIDA ALCOÓLICA À CRIANÇA
OU ADOLESCENTE
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de
qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou
explosivo:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que
gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente,
bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou psíquica: Pena -
detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui
crime mais grave.
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de
qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de
artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização
indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

D) PROSTITUIÇÃO OU EXPLORAÇÃO SEXUAL (ART. 244-A, ECA)


Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no
caput do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual:Pena
– reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e
valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos
Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação
(Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado
o direito de terceiro de boa-fé.
§1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o
responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou
adolescente às práticas referidas no caput deste artigo.
§2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença
de localização e de funcionamento do estabelecimento.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a
praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)
§ 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica
as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.

§ 2 o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um


terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no
rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 .

E) CORRUPÇÃO DE MENORES (ART. 244-B, ECA).


“Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a
praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

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§1º. Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica
as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.
§2º. As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um
terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no
rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990.”
 Trata-se de crime comum, não se exigindo qualidade ou condição especial do agente.
 O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, menor de dezoito anos, e, seguindo o
atual posicionamento do STJ, aplica-se, ainda que o menor já seja corrompido,
consoante súmula 500 do STJ (a configuração do crime do art. 244-B do ECA
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal).
Ou seja, basta a participação do menor que a conduta já se encontra consumada.
 O crime só é punido a título de dolo.

QUESTÕES COMENTADAS
Flávia, com vinte e três anos de idade, deu entrada no hospital estadual de sua cidade em
trabalho de parto, acompanhada de uma amiga à qual comunicou sua decisão de entregar o
filho para adoção logo após o nascimento. Do início ao final do parto, a jovem falou ao médico
sobre sua decisão, mas nada foi feito pelo profissional em questão. Flávia está desempregada,
encontra-se em situação de extrema pobreza e alega que, além disso, não conta com o apoio de
familiares. Segundo ela, o pai da criança, seu ex-companheiro, está envolvido com tráfico de
drogas e não reúne condições psicossociais para criar a criança, uma vez que é agressivo e
apresenta atitudes com as quais Flávia não concorda, como, entregar com frequência sua arma
de fogo, como se fosse um brinquedo, para um sobrinho de oito anos de idade que mora com
ele.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item que se segue, à luz do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
1. Caso não haja indicação do ex-companheiro de Flávia e não exista outro representante
da família extensa apto a receber a guarda do recém-nascido, a autoridade judiciária
competente deverá decretar a extinção do poder familiar.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: CERTO
A questão está correta porque o §4º do art. 19-A do ECA estabelece que, na
hipótese de não haver a indicação do genitor e de não existir outro representante da
família extensa apto a receber a guarda do menor, a autoridade judiciária competente
deverá decretar a extinção do poder familiar e determinar a colocação da criança sob
a guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que
desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional.

2. Considerando essa situação hipotética, julgue o item que se segue, à luz do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Dado o relato de Flávia, a atitude de seu ex-companheiro de entregar a arma ao sobrinho
de oito anos de idade constitui crime em espécie, com pena de reclusão de três a seis anos.
Certo ( ) Errado ( )

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Gabarito: CERTO.
Consoante previsão do art. 242 do ECA, a conduta de vender, fornecer ainda
que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma,
munição ou explosivo gera pena de reclusão de 3 a 6 anos.

3. Com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, julgue o item subsequente.


É permitido que menor de quatorze anos de idade trabalhe, na condição de aprendiz, em
atividade compatível com o seu desenvolvimento, devendo-lhe ser garantidos o acesso e a
frequência obrigatória ao ensino regular e horário especial para o exercício das atividades.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: CERTO.
Artigo 60 do ECA: "é proibido qualquer trabalho a menores de 14 anos de idade,
salvo na condição de aprendiz". Além disso, o artigo 63 traz os princípios a serem
obedecidos, dentre os quais se encaixam a garantia de acesso e frequência
obrigatória ao ensino regular; atividade compatível com o desenvolvimento do
adolescente; e o horário especial para o exercício das atividades.

4. Com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, julgue o item subsequente.


O instituto da guarda confere à criança ou ao adolescente a condição de dependente para
todos os fins de direito.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: CERTO
Art. 33, §3º do ECA. A guarda confere à criança ou adolescente a condição de
dependente para todos os fins, inclusive previdenciários.

5. Joana, de vinte e cinco anos de idade, é mãe de Maria, de dois anos de idade, cujo pai
falecera antes de ela ter nascido. Para que Joana fosse submetida a tratamento médico
em outro estado da Federação, a guarda judicial de Maria foi concedida aos avós
paternos, João e Clarissa. Na sentença que concedeu a guarda, o magistrado impôs a Joana
o dever de prestar alimentos a Maria. Por todos serem hipossuficientes, Clarissa
procurou a Defensoria Pública para orientação jurídica.
Considerando a situação hipotética apresentada, julgue o item seguinte, de acordo com a
legislação pertinente e a jurisprudência dos tribunais superiores.
A guarda dada aos avós paternos de Maria é irrevogável, porque foi concedida por
sentença judicial e obriga a prestação de assistência material, moral e educacional.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: ERRADO
A guarda, como situação excepcional e provisória, é REVOGÁVEL. A única
modalidade de colocação em família substituta que é considerada irrevogável é a
adoção.

6. Agiu equivocadamente o magistrado ao impor a Joana o dever de prestar alimentos a


Maria: os alimentos prestados pelos pais são incompatíveis com a guarda, modalidade de
colocação de criança e adolescente em família substituta.
Certo ( ) Errado ( )

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Gabarito: ERRADO
A guarda não implica extinção ou suspensão do poder familiar. É ferramenta
utilizada justamente para regularizar a situação do menor frente a ausência do
genitor. Assim, o art. 33, §4º do ECA dispõe que nada impede que seja estabelecido
um valor a título de pensão alimentícia para o filho.

7. Com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, julgue o item subsequente.


Pessoa solteira e maior de dezoito anos de idade pode adotar, desde que a diferença de
idade entre ela e o adotando seja de, pelo menos, dezesseis anos.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: CERTO
Art. 42, §3º, ECA.

8. De acordo com o disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), julgue o item


subsequente.
A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal do adotando,
sendo tal consentimento dispensado nos casos de criança ou adolescente cujos pais sejam
desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar. Será necessário, também, o
consentimento do adotando caso ele possua mais de doze anos de idade.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: CERTO
Art. 28, §2º, c/c art. 45, §1º e 2º, todos do ECA.

9. Com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, julgue o item subsequente.


Mediante expressa autorização dos pais ou responsáveis legais, qualquer criança ou
adolescente nascido em território nacional poderá sair do país na companhia de estrangeiro
residente ou domiciliado no exterior.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: ERRADO.
A criança ou o adolescente somente poderá sair do país na companhia de
estrangeiros mediante AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (art. 85, ECA).

10. A respeito do Ministério Público, da proteção judicial dos interesses individuais, difusos
e coletivos e dos crimes e infrações administrativas previstos no Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), julgue o item subsecutivo.
Caso o gerente de um hotel hospede um adolescente desacompanhado dos pais, sem
autorização escrita dos responsáveis legais ou autorização judicial, estará ele cometendo crime
punível com pena de detenção.
Certo ( ) Errado ( )
Gabarito: ERRADO.
A conduta praticada pelo gerente do hotel se equipara a uma infração
administrativa, prevista no art. 250 do ECA, punível com pena de multa.

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11. Em cada um dos itens que se seguem, é apresentada uma situação hipotética, seguida de
uma assertiva a ser julgada com base em disposições das Leis n. 8.069/1990,
12.037/2009 e 13.445/2017 e suas alterações.
Godofredo, maior e capaz, recorrentemente fingia ser adolescente, entrava em jogos
online e tentava aliciar menores para a venda de drogas a colegas de suas escolas. Em uma de
suas tentativas, em uma sala de bate-papo, enquanto conversava com um menor de dezesseis
anos, ele foi preso em flagrante delito. Nessa situação, Godofredo responderá por crime
previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, independentemente da prova da efetiva
corrupção do menor.
Certo ( ) Errado ( )

Gabarito: CERTO
O crime por ele praticado é análogo à corrupção de menores e, consoante
súmula 500 do STJ, tal crime é formal, consumando-se independentemente da
efetiva corrupção.

QUESTÕES NÃO COMENTADAS


12. João, criança de 07 anos de idade, perambulava pela rua sozinho, sujo e com fome,
quando, por volta das 23 horas, foi encontrado por um guarda municipal, que resolve
encaminhá-lo diretamente para uma entidade de acolhimento institucional, que fica a
100 metros do local onde ele foi achado. João é imediatamente acolhido pela entidade em
questão.
Sobre o procedimento adotado pela entidade de acolhimento institucional, de acordo com
o que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a afirmativa correta.
a) A entidade pode regularmente acolher crianças e adolescentes, independentemente de
determinação da autoridade competente e da expedição de guia de acolhimento.
b) A entidade somente pode acolher crianças e adolescentes encaminhados pela
autoridade competente por meio de guia de acolhimento.
c) A entidade pode acolher regularmente crianças e adolescentes sem a expedição da guia
de acolhimento apenas quando o encaminhamento for feito pelo Conselho Tutelar.
d) A entidade pode, em caráter excepcional e de urgência, acolher uma criança sem
determinação da autoridade competente e guia de acolhimento, desde que faça a
comunicação do fato à autoridade judicial em até 24 horas.
13. Maria, aluna do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola que não adota a
obrigatoriedade do uso de uniforme, frequenta regularmente culto religioso afro-
brasileiro com seus pais. Após retornar das férias escolares, a aluna passou a ir às aulas
com um lenço branco enrolado na cabeça, afirmando que necessitava permanecer
coberta por 30 dias. As alunas Fernanda e Patrícia, incomodadas com a situação,
procuraram a direção da escola para reclamar da vestimenta da aluna. O diretor da escola
entrou em contato com o advogado do estabelecimento de ensino, a fim de obter
subsídios para a sua decisão.
A partir do caso narrado, assinale a opção que apresenta a orientação que você, como
advogado da escola, daria ao diretor.

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a) Proibir o acesso da aluna à escola.


b) Marcar uma reunião com os pais da aluna Maria, a fim de compeli-los a descobrir a
cabeça da filha.
c) Permitir o acesso regular da aluna.
d) Proibir o acesso das três alunas.
14. Com forte inspiração constitucional, a Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990, consagra a
doutrina da proteção integral da criança e do adolescente, assegurando-lhes direitos
fundamentais, entre os quais o direito à educação. Igualmente, é-lhes franqueado o
acesso à cultura, ao esporte e ao lazer, preparando-os para o exercício da cidadania
e qualificação para o trabalho, fornecendo-lhes elementos para seu pleno
desenvolvimento e realização como pessoa humana. De acordo com as disposições
expressas no Estatuto da Criança e do Adolescente, é correto afirmar que
a) Toda criança e todo adolescente têm direito a serem respeitados por seus educadores,
mas não poderão contestar os critérios avaliativos, uma vez que estes são estabelecidos
pelas instâncias educacionais superiores, norteados por diretrizes fiscalizadas pelo
MEC.
b) É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental,
obrigatório e gratuito, mas sem a progressiva extensão da obrigatoriedade e
gratuidade ao ensino médio.
c) Não existe obrigatoriedade de matrícula na rede regular de ensino àqueles genitores
ou responsáveis pela criança ou adolescente que, por convicções ideológicas, políticas
ou religiosas, discordem dos métodos de educação escolástica tradicional para seus
filhos ou pupilos.
d) Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho
Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos, a reiteração de faltas
injustificadas e a evasão escolar, esgotados os recursos escolares, assim como os
elevados níveis de repetência.
15. Washington, adolescente com 14 (quatorze) anos, movido pelo desejo de ajudar seus
genitores no sustento do núcleo familiar pobre, pretende iniciar atividade laborativa
como ensacador de compras na pequena mercearia Tudo Tem, que funciona 24h,
localizada em sua comunidade. Recentemente, esta foi pacificada pelas Forças de
Segurança Nacional. Tendo como substrato a tutela do Estatuto da Criança e do
Adolescente no tocante ao Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho, assinale
a alternativa correta.
a) Washington poderá ser contratado como ensacador de compras, mesmo não sendo tal
atividade de aprendizagem, pois, como já possui 14 (quatorze) anos, tem discernimento
suficiente para firmar o contrato de trabalho e, assim, prestar auxílio material aos seus
pais, adotando a louvável atitude de preferir o trabalho às ruas.
b) Como a comunidade onde reside Washington foi pacificada pelas forças de paz, não há
falar em local perigoso ou insalubre para o menor; assim, poderá o adolescente exercer
a carga horária laborativa no período das 22h às 24h, sem qualquer restrição legal, desde
que procure outra atividade laborativa que seja de formação técnico-profissional.
c) Washington não poderá trabalhar na mercearia como ensacador de compras, pois tal
atividade não é enquadrada como de formação técnico-profissional; portanto, não se
pode afirmar que o menor exercerá atividade laborativa na condição de aprendiz.

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d) Na condição de aprendiz, não é necessário que o adolescente goze de horário especial


compatível com a garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular.
16. Os irmãos Fábio (11 anos) e João (9 anos) foram submetidos à medida protetiva de
acolhimento institucional pelo Juízo da Infância e da Juventude, pois residiam com os pais
em área de risco, que se recusavam a deixar o local, mesmo com a interdição do imóvel
pela Defesa Civil.
Passada uma semana do acolhimento institucional, os pais de Fábio e João vão até a
instituição para visitá-los, sendo impedidos de ter contato com os filhos pela diretora da
entidade de acolhimento institucional, ao argumento de que precisariam de autorização judicial
para visitar as crianças. Os pais dos irmãos decidem então procurar orientação jurídica de um
advogado.
Considerando os ditames do Estatuto da Criança e do Adolescente, a direção da entidade
de acolhimento institucional agiu corretamente?
a) Sim, pois o diretor da entidade de acolhimento institucional é equiparado ao guardião,
podendo proibir a visitação dos pais.
b) Não, porque os pais não precisam de uma autorização judicial, mas apenas de um ofício
do Conselho Tutelar autorizando a visitação.
c) Sim, pois a medida protetiva de acolhimento institucional foi aplicada pelo Juiz da
Infância, assim somente ele poderá autorizar a visita dos pais.
d) Não, diante da ausência de vedação expressa da autoridade judiciária para a visitação,
ou decisão que os suspenda ou os destitua do exercício do poder familiar.
17. Dentre os direitos de toda criança ou todo adolescente, o ECA assegura o de ser criado e
educado no seio de sua família e, excepcionalmente, a colocação em família substituta,
assegurando-lhe a convivência familiar e comunitária.
Fundando-se em tal preceito, acerca da colocação em família substituta, é correto afirmar
que:
a) A colocação em família substituta far-se-á, exclusivamente, por meio da tutela ou da
adoção.
b) A guarda somente obriga seu detentor à assistência material a criança ou adolescente.
c) O adotando não deve ter mais que 18 anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a
guarda ou tutela dos adotantes.
d) Desde que comprovem seu estado civil de casados, somente os maiores de 21 anos
podem adotar.
18. Dona Maria cuida do neto Paulinho, desde o nascimento, em razão do falecimento de sua
filha, mãe do menino, logo após o parto. João, pai de Paulinho, apenas registrou a criança
e desapareceu, sem nunca prestar ao filho qualquer tipo de assistência. Paulinho está tão
adaptado ao convívio com a avó materna, que a chama de mãe.
Passados dez anos, João faz contato com Maria e diz que gostaria de levar o filho para
morar com ele. Maria, desesperada, procura um advogado para obter orientações sobre o que
fazer, já que João é foragido da Justiça, com condenação por crime de estupro de vulnerável,
além de nunca ter procurado o filho Paulinho, que não o reconhece como pai.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a opção que indica a ação
mais indicada para regularizar de forma definitiva o direito à convivência familiar da avó com
o neto.

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a) Ação de Destituição do Poder Familiar cumulada com Adoção.


b) Ação de Destituição do Poder Familiar cumulada com Tutela.
c) Ação de Destituição do Poder Familiar cumulada com Guarda.
d) Ação de Suspensão do Poder Familiar cumulada com Guarda.
19. Os irmãos órfãos João, com 8 anos de idade, e Caio, com 5 anos de idade, crescem juntos
em entidade de acolhimento institucional, aguardando colocação em família substituta.
Não existem pretendentes domiciliados no Brasil interessados na adoção dos irmãos de
forma conjunta, apenas separados. Existem famílias estrangeiras com interesse na
adoção de crianças com o perfil dos irmãos e uma família de brasileiros domiciliados na
Itália, sendo esta a última inscrita no cadastro.
Considerando o direito à convivência familiar e comunitária de toda criança e de todo
adolescente, assinale a opção que apresenta a solução que atende aos interesses dos irmãos.
a) Adoção nacional pela família brasileira domiciliada na Itália.
b) Adoção internacional pela família estrangeira.
c) Adoção nacional por famílias domiciliadas no Brasil, ainda que separados.
d) Adoção internacional pela família brasileira domiciliada na Itália
20. Marcelo e Maria são casados há 10 anos. O casal possui a guarda judicial de Ana, que tem
agora três anos de idade, desde o seu nascimento. A mãe da infante, irmã de Maria, é
usuária de crack e soropositiva. Ana reconhece o casal como seus pais. Passados dois
anos, Ana fica órfã, o casal se divorcia e a criança fica residindo com Maria.
Sobre a possibilidade da adoção de Ana por Marcelo e Maria em conjunto, ainda que
divorciados, assinale a afirmativa correta.
a) Apenas Maria poderá adotá-la, pois é parente de Ana.
b) O casal poderá adotá-la, desde que acorde com relação à guarda (unipessoal ou
compartilhada) e à visitação de Ana.
c) O casal somente poderia adotar em conjunto caso ainda estivesse casado.
d) O casal deverá se inscrever previamente no cadastro de pessoas interessadas na adoção.
21. Isabela e Matheus pretendem ingressar com ação judicial própria a fim de adotar a
criança P., hoje com 4 anos, que está sob guarda de fato do casal desde quando tinha 1
ano de idade. Os pais biológicos do infante são conhecidos e não se opõem à referida
adoção, até porque as famílias mantêm convívio em datas festivas, uma vez que Isabela e
Matheus consideram importante que P. conheça sua matriz biológica e mantenha
convivência com os membros de sua família originária.
Partindo das diretrizes impostas pelo ECA e sua interpretação à luz da norma civilista
aplicáveis à situação narrada, assinale a afirmativa correta.
a) Durante o processo de adoção, Isabela, que reside fora do país, pode, mediante
procuração, constituir Matheus como seu mandatário com poderes especiais para
representar sua esposa e ajuizar a ação como adoção conjunta.
b) Dispensável a oitiva dos pais biológicos em audiência, desde que eles manifestem
concordância com o pedido de adoção por escritura pública ou declaração de anuência
com firma reconhecida.
c) Concluído o processo de adoção com observância aos critérios de regularidade e
legalidade, caso ocorra o evento da morte de Isabela e Matheus antes de P. atingir a
maioridade civil, ainda assim não se reestabelecerá o poder familiar dos pais biológicos.

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d) A adoção é medida excepcional, que decorre de incompatibilidade de os pais biológicos


cumprirem os deveres inerentes ao poder familiar, motivo pelo qual, mesmo os pais de
P. sendo conhecidos, a oitiva deles no curso do processo é mera faculdade e pode ser
dispensada.
22. Paulo, de 4 anos, é filho de Carla e não teve a sua paternidade reconhecida. Cláudio, avô
de Carla e bisavô de Paulo, muito preocupado com o futuro do bisneto, pretende adotá-
lo, tendo em vista que Carla ostenta uma situação financeira precária e, na opinião do
avô, não é muito responsável. Acerca da possibilidade de adoção de Paulo por Cláudio,
assinale a afirmativa correta.
a) Cláudio sendo bisavô de Paulo e membro de sua família extensa, terá prioridade na
adoção da criança, exigindo-se, contudo, que Carla, mãe de Paulo, autorize e que o
adotando dê o seu consentimento em juízo.
b) Cláudio, por ser bisavô de Paulo, não poderá adotá-lo, mesmo que Carla consinta, já que
tal medida excepcional não é permitida quando o adotante é ascendente ou irmão do
adotando.
c) Como Cláudio só poderá adotar Paulo se Carla for destituída do poder familiar exercido
em favor da criança, a medida, dada a sua excepcionalidade, só se justificaria na hipótese
de adoção bilateral.
d) Claudio, por ser bisavô de Paulo, por um lado, tem prioridade na adoção da criança, mas,
por outro, só poderá adotá-lo se Carla, além de autorizar a medida, for destituída do
poder familiar.
23. Acerca da colocação da criança ou do adolescente em família substituta na modalidade
adoção, assinale a afirmativa correta.
a) A adoção extingue os vínculos pretéritos entre o adotado e a família anterior, porém,
excepcionalmente, no caso de falecimento dos adotantes, o poder familiar dos pais
naturais poderá ser restabelecido, se atender ao melhor interesse do menor.
b) A adoção produz os seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença declaratória
do estado de filiação, porém, se o adotante vier a falecer no curso do procedimento os
efeitos retroagirão à data do óbito.
c) A adoção depende do consentimento do adotando, se maior de 12 anos de idade, e dos
pais do adotando ou do representante legal deste ou do guardião legal ou de fato, na falta
dos primeiros.
d) A adoção produz os seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva,
porém, se o adotante vier a falecer após inequívoca manifestação de vontade no curso
do procedimento, os efeitos retroagirão à data do óbito.
24. Acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), assinale a opção correta.
a) Os crimes definidos no ECA são de ação pública condicionada.
b) A internação, antes da sentença, pode ser determinada por prazo máximo de 65 dias.
c) O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória
pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo
dúvida fundada.
d) Não é assegurado ao adolescente infrator o direito de solicitar a presença de seus pais
ou responsável em qualquer fase do procedimento.

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GABARITO
1. C
2. C
3. C
4. C
5. E
6. E
7. C
8. C
9. E
10. E
11. C
12. D
13. C
14. D
15. C
16. D
17. C
18. B
19. D
20. B
21. C
22. B
23. D
24. C

MUDE SUA VIDA!


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SUMÁRIO
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 13.869/2019) ........................................................................................... 2
CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................................................... 2
SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................................................. 3
AÇÃO PENAL .............................................................................................................................................. 4
EFEITOS DA CONDENAÇÃO........................................................................................................................ 5
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 6
GABARITO ...................................................................................................................................................... 7

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LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 13.869/2019)


CONSIDERAÇÕES GERAIS
A chamada Nova Lei de Abuso de Autoridade surge num contexto importante para
impor balizas e evitar a autoritariedade e arbitrariedade dos Agentes Públicos no âmbito do
Poder Público.

A antiga lei, de número 4898/1965, já se mostrava ultrapassada e, como corolário da


modernização, impôs-se a necessidade de uma reforma no intuito de tornar a norma
contemporânea com a realidade apresentada.

Ademais, é sabido que o arbítrio estatal deve ser coibido na fonte. O Poder Público deve
funcionar como uma ferramenta de controle social, e não um instrumento de abusos e
desrespeito aos direitos e garantias fundamentais.

Esta Nova Lei, embora promulgada em 2019, começou a produzir efeitos no território
nacional em 03 de janeiro de 2020 e, dentre as características gerais, definições e conceitos,
apresenta um rol de 45 condutas consideradas criminosas.

Naturalmente que o exercício de uma função pública deve ser idealizado pelas premissas
constitucionais, priorizando-se a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência.

Assim, as autoridades que compõem os Poderes da Administração devem ter uma


atuação impecável e norteada sempre pelos princípios regentes.

A criação da nova lei tem por intuito conter os excessos e permitir segurança aos
jurisdicionados.

Dessa forma, o art. 1º da Lei já consagra importantes novidades:

Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos


por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas
funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha
sido atribuído.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de
autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade
específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos
e provas não configura abuso de autoridade.

De uma simples leitura, resta evidente que a lei permite que o crime de abuso de
autoridade pode ser praticado por agente público, servidor ou não, que, no exercício das
funções ou a pretexto dela, exceda seu limite de atuação. Além disso, outro ponto importante,
disposto no §1º, diz respeito à finalidade específica do agente em prejudicar alguém ou
beneficiar-se propriamente ou a terceiro ou até mesmo para uma satisfação pessoal.

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A doutrina critica a redação do §1º, na medida em que é dotado de uma subjetividade


que muitas vezes pode ser de difícil demonstração. Carecendo de comprovação ou descrição
por ocasião da inicial acusatória, é possível que a inicial seja rejeitada.

Por derradeiro, o §2º do artigo inaugural estabelece que a divergência na interpretação


ou avaliação de fatos não configura o crime. Dispositivo relativamente desnecessário, tendo
em vista que, com a divergência doutrinária e jurisprudencial saudável, natural que um mero
entendimento, praticado dentro dos limites da lei não configurem conduta ilícita, sob pena de
o direito penal intervir de maneira máxima, na oposição do que de fato é necessário e
recomendado.

Acerca da natureza jurídica do instituto, há debates. Uma corrente sugere que se trata de
causa excludente de ilicitude e outra de que se trata de afastamento do dolo.

A segunda corrente prevalece, tendo em vista que a primeira é derrotada quando se


interpreta que, para considerar causa excludente, deve ter havido previamente um ilícito.

SUJEITOS DO CRIME
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer
agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta
ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo,
mas não se limitando a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta
Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput
deste artigo.

Este artigo dispõe de maneira cautelosa quem são as pessoas que praticam o abuso de
autoridade, trata-se, pois, de delito próprio, eis que só podem ser praticados por um grupo
determinado de pessoas, que tenham a condição exigida pelo tipo.

Aqui, verifica-se também um excesso de zelo, pois apenas o caput já tem o condão de
demonstrar o âmbito de aplicação da Lei, sendo desnecessária a imposição dos incisos.

O excesso de zelo também é demonstrado ao longo do parágrafo único, tendo em vista


que repete o conteúdo daquilo que já vinha esmiuçado no art. 327 do Código penal e, ainda,
insiste que, mesmo o agente não estando no exercício da função, ele pode praticar crime,
desde que aja invocando a autoridade/graduação/importância do seu cargo.

Sobre os militares, de se ressaltar que não foram excluídos da prática de crimes, todavia,
deve ser observado de maneira categórica as regras de competência, a fim de se verificar se o

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julgamento se dará perante a justiça comum ou perante a justiça castrense/militar1.


Importante enfatizar que a alteração legislativa fez com que alguns entendimentos sumulados
restassem superados, como ocorreu com a Súmula 172 (“Compete à Justiça Comum Criminal
processar e julgar policial militar acusado da prática de vias de fato e de crime de abuso de
autoridade, eis que não se encontram previstos no Código Penal Militar.”) e 75 (“Compete à
Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar
a fuga de preso de estabelecimento penal.”), ambas do STJ. O mesmo raciocínio se aplica à
primeira parte da súmula 6, também do Tribunal da Cidadania (“Compete à Justiça Comum
Estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de trânsito envolvendo viatura de
Polícia Militar, salvo se autor e vítima forem Policiais Militares em situação de atividade.”)

Neste aspecto, fazemos menção à lição de Renee Souza 2:

“As férias ou licenças não desligam os vínculos jurídicos entre o agente


público e o Estado, razão pela qual, desde que a autoridade se valha do cargo e
cometa algum abuso, pode incorrer na Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade.
De outro lado, caso a conduta seja praticada com total desvinculação ao
cargo, em ato ligado essencialmente à vida privada do agente, não há que se falar
em abuso de autoridade.”

Inclusive, nesta mesma seara, o entendimento que prevalece é que o servidor


aposentado não pratica abuso de autoridade, em razão de já ter desvinculado das
funções até então atribuídas.

Em arremate, relativamente aos sujeitos da infração, hodiernamente


considera-se que o advogado, durante suas ocupações habituais e rotineiras, não
pode praticar crime de abuso de autoridade (exceto se atuando nos interesses da
Administração), eis que, conforme julgamento da ADI n. 3.026/DF, o STF entendeu
que a OAB possui natureza jurídica de entidade “sui generis”/ímpar, prestando um
serviço público independente, sem enquadramento nas categorias existentes em
nosso ordenamento jurídico, e sem qualquer vinculação à Administração Direta ou
Indireta.

Ressalvamos também a possibilidade de um particular responder pelo abuso de


autoridade, quando atuar na modalidade de concurso de pessoas, e desde que conheça a
condição pessoal do autor, nos termos do que preconiza o art. 30 do Código Penal.

AÇÃO PENAL
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública
incondicionada.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a

1
Avaliar as especificidades dos critérios de competências estabelecidos pela Lei 13.491/2017, que alterou o art. 9º do
Código Penal Militar.
2
SOUZA, Renee do Ó. Comentários à Nova Lei de Abuso de Autoridade. 1. Ed. São Paulo: Juspodivm, 2020, p. 40.

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queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em


todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor
recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
retomar a ação como parte principal.
§2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis)
meses, contado da data em que se esgotar o prazo para
oferecimento da denúncia.

Acerca da modalidade da ação penal a ser utilizada para dar início à fase judicial, não
vemos novidades. Isso porque labora com a regra de que as infrações serão judicializadas
através de Ação Penal Pública Incondicionada (independe do preenchimento de condições
autorizadoras) e, no caso de inércia do órgão acusador, dá-se início à persecução penal
através da ação penal substitutiva (ação penal privada subsidiária da pública), ressalvando-se
a contagem do prazo decadencial, que se inicia a partir do decurso do prazo legal do MP.

EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Art. 4º São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime,
devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos por ele sofridos;
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função
pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput
deste artigo são condicionados à ocorrência de reincidência em
crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser
declarados motivadamente na sentença.

Relativamente aos efeitos da condenação, podemos observar o efeito penal, que consiste
no cumprimento da pena prevista, bem como efeitos extrapenais, que atingem a esfera cível e
a administrativa.

O art. 4º em análise nos traz os efeitos extrapenais decorrentes da condenação. Dentre


eles, apenas o constante do inciso I é o que pode ser aplicado ao indivíduo primário da prática
desta conduta (isso se constata a partir de uma interpretação inversa ao parágrafo único). Os
efeitos, neste caso, são brandos, permitindo ao infrator uma espécie de benevolência para
evitar novas práticas. Na hipótese do inciso I, para que exista a possibilidade de o magistrado
fixar valor mínimo para indenização, deve haver requerimento prévio do ofendido.

Acerca do momento do pedido, embora existam entendimentos no sentido de que este


pode ser feito pelo ofendido (mesmo que não titular do domínio da ação) a qualquer tempo,
desde que seja assegurado o contraditório e ampla defesa, o entendimento predominante,
inclusive em sede de Tribunal Superior, é o de que tal pedido, para que seja valorado e
apreciado pelo juízo, deve constar na inicial acusatória, pena de não poder o juiz fixar valor
para indenização (STJ – AgRg no AREsp 389234-DF, Rel. Maria Thereza de Assis Moura, j. em
08.10.2013, DJe17.10.2013).

Neste exato sentido, o TRF da 4ª Região editou a súmula 131, que menciona: “Para que o
juiz possa fixar o valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração, é necessário

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que a denúncia contenha pedido expresso nesse sentido ou que a controvérsia desta natureza
tenha sido submetida ao contraditório da instrução criminal”.

O inciso II, que só pode ter sua aplicação destinada aos reincidentes, dispõe que o
magistrado pode proibir o condenado de praticar atos da vida pública, estendendo a
“indisponibilidade”, até mesmo ao exercício de mandato. E o período de duração varia num
intervalo de 1 a 5 anos.

Já o inciso III pressupõe o desligamento do infrator da Administração Pública.

Porém, muita cautela! Os efeitos dos incisos II e III somente poderão atingir o indivíduo
nos casos de reincidência e desde que seja declarado expressa e motivadamente na sentença.

EXERCÍCIOS
1. Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo do crime de abuso de autoridade

Certo ( ) Errado ( )

Como o rol do art. 2º da Lei 13.869/2019 não menciona, entende-se que


somente a pessoa física, ao que a lei denomina de “agente público”, é que pode
praticar o crime de abuso de autoridade.

2. A representação da vítima é condição necessária para autorizar o processamento do


agente.
Certo ( ) Errado ( )

A representação da vítima não é uma condicionante, tendo em vista que a


ação penal prevista para esta modalidade de crime é a ação penal pública
incondicionada, em que não se exige absolutamente nenhuma condição específica
para o agir do Ministério Público.

3. Pode haver concurso de pessoas com relação ao particular que atua em coautoria com o
agente público, desde que o particular conheça a condição funcional do agente.
Certo ( ) Errado ( )

Nos termos do art. 30 do Código Penal, a elementar subjetiva e comunica


com o agente, desde que tenha conhecimento da condição do autor do fato.

4. Os efeitos extrapenais de inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função


pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos e a perda do cargo, mandato ou função
pública pode ser aplicado para qualquer condenado pelo crime de abuso de autoridade,
inclusive os primários.
Certo ( ) Errado ( )

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Os efeitos extrapenais decorrentes da condenação pelo crime de abuso de


autoridade devem se dar de maneira cautelosa.
As medidas mais gravosas, consistentes na inabilitação para o serviço público
ou mandato e a perda do cargo só podem ser aplicadas aos condenados
reincidentes na prática do abuso de autoridade, e desde que haja motivação idônea
na sentença.

GABARITO
1. E
2. E
3. C
4. E

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SUMÁRIO
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 13.869/2019) ........................................................................................... 2
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS ................................................... 2
EFEITOS DA CONDENAÇÃO (ART. 4º) ........................................................................................................ 2
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS (ART. 5º)............................................................................................... 3
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA (ARTS. 6º A 8º) .................................................. 4
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 5
GABARITO ...................................................................................................................................................... 6

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LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 13.869/2019)


DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE
DIREITOS
EFEITOS DA CONDENAÇÃO (ART. 4º)
Art. 4º São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime,
devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos por ele sofridos;
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função
pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput
deste artigo são condicionados à ocorrência de reincidência em
crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser
declarados motivadamente na sentença.

Relativamente aos efeitos da condenação, podemos observar o efeito penal, que consiste
no cumprimento da pena prevista, bem como efeitos extrapenais, que atingem a esfera cível e
a administrativa.

O art. 4º em análise nos traz os efeitos extrapenais decorrentes da condenação. Dentre


eles, apenas o constante do inciso I é o que pode ser aplicado ao indivíduo primário da prática
desta conduta (isso se constata a partir de uma interpretação inversa ao parágrafo único). Os
efeitos, neste caso, são brandos, permitindo ao infrator uma espécie de benevolência para
evitar novas práticas. Na hipótese do inciso I, para que exista a possibilidade de o magistrado
fixar valor mínimo para indenização, deve haver requerimento prévio do ofendido.

Acerca do momento do pedido, embora existam entendimentos no sentido de que este


pode ser feito pelo ofendido (mesmo que não titular do domínio da ação) a qualquer tempo,
desde que seja assegurado o contraditório e ampla defesa, o entendimento predominante,
inclusive em sede de Tribunal Superior, é o de que tal pedido, para que seja valorado e
apreciado pelo juízo, deve constar na inicial acusatória, pena de não poder o juiz fixar valor
para indenização (STJ – AgRg no AREsp 389234-DF, Rel. Maria Thereza de Assis Moura, j. em
08.10.2013, DJe17.10.2013).

Neste exato sentido, o TRF da 4ª Região editou a súmula 131, que menciona: “Para que o
juiz possa fixar o valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração, é necessário
que a denúncia contenha pedido expresso nesse sentido ou que a controvérsia desta natureza
tenha sido submetida ao contraditório da instrução criminal”.

O inciso II, que só pode ter sua aplicação destinada aos reincidentes, dispõe que o
magistrado pode proibir o condenado de praticar atos da vida pública, estendendo a
“indisponibilidade”, até mesmo ao exercício de mandato. E o período de duração varia num
intervalo de 1 a 5 anos.

Já o inciso III pressupõe o desligamento do infrator da Administração Pública.

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Porém, muita cautela! Os efeitos dos incisos II e III somente poderão atingir o indivíduo
nos casos de reincidência e desde que seja declarado expressa e motivadamente na sentença.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS (ART. 5º)


Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privativas
de liberdade previstas nesta Lei são:
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo
prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das
vantagens;
III - (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser
aplicadas autônoma ou cumulativamente.

Como já conhecido e amplamente difundido em nossa realidade, o cárcere constitui um


“estado de coisas inconstitucionais”, na medida que não permite uma efetiva reintegração e
ressocialização.

Por esta razão, e fazendo coro também ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana,
que objetiva o privilégio à condição existencial do indivíduo, é que se exige uma alternativa à
pena privativa de liberdade.

Entretanto, a lei foi omissa no que diz respeito aos requisitos para a substituição. Nessa
toada, prudente tomar a aplicação da Lei Geral ao caso, cuja previsão remete ao artigo 44 do
Código Penal, in verbis:

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem


as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos
e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa
ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
(requisito de ordem objetiva)
II – o réu não for reincidente em crime doloso; (requisito de ordem
objetiva)
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
(requisito de ordem subjetiva)
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode
ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se
superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas
restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a
substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida
seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha
operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de
liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da
restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a
executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de

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direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou


reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por
outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão,
podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a
pena substitutiva anterior.

Os destaques em amarelo, por nós acrescentados, dizem respeito à natureza jurídica das
causas que autorizam a substituição.

Cuidado, com a nova lei, temos duas variações de pena, uma que remete ao regramento
do JeCrim, e outra que tramitará perante a Vara Criminal Comum.

Assim, às infrações que correm perante o JeCrim será possível aplicar a substituição
mesmo que praticados com violência ou grave ameaça, eis que a aplicação da pena deve
analisar o art. 611 da Lei 9.099/95.

Quanto ao segundo requisito, havendo reincidência em crime doloso, devemos partir


por duas vertentes: a) se há reincidência específica, proibida a conversão; b) se houver
reincidência em crime doloso, o magistrado concede a substituição desde que verifique a
viabilidade da medida.

O inciso II, embora tenha uma punição relativamente branda, recebe diversas críticas
doutrinárias. Isso porque é possível que o agente público tenha dependentes. Nesse prisma,
suspender seus rendimentos pode impossibilitar o mesmo de custear as despesas básicas
vitais, alimentação aos herdeiros, pagamento de mensalidades etc. Assim, alguns entendem
que este dispositivo é revestido de inconstitucionalidade em razão de que a pena nesse caso
transcenderia a pessoa do condenado.

Por derradeiro, a aplicação das penas aqui previstas pode se dar de maneira isolada ou
cumulativa.

DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA (ARTS. 6º A 8º)


Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas
independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa
cabíveis.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que
descreverem falta funcional serão informadas à autoridade
competente com vistas à apuração.
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são
independentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a
existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido
decididas no juízo criminal.
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no
administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido
o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.

1
“Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

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Como preceito básico, a prática de um crime não irá desaguar numa única possibilidade
de sanção. Isso porque existe independência entre as esferas criminal, cível e administrativa.
Por isso, após a prática do abuso de autoridade, é possível a punição nas três esferas possíveis,
sem que isso se configure em bis in idem.

O art. 7º, por sua vez, traz a consagração da jurisprudência no aspecto de que, uma vez
transitada em julgado a sentença criminal que decida sobre a existência ou autoria do fato na
esfera criminal, o argumento não pode ser utilizado nas esferas cível e administrativa. Assim,
podemos também analisar o dispositivo sobre duas vertentes:

➢ A primeira, no sentido de que, se o réu for absolvido na esfera criminal por


inexistência do fato ou por não ter sido reconhecido como autor, não poderá haver
punição nas demais esferas;

➢ Já a segunda vertente, em sentido contrário, estabelece que, havendo trânsito em


julgado pelo crime de abuso de autoridade, a tese negativa de autoria ou
inexistência do fato já não mais podem ser ventiladas nas outras esferas.

O artigo 8º consagra, igualmente, uma importante regra, mas com redação que pode
levar o intérprete ao engano.

Em verdade, o que este artigo buscou atingir foi o de evitar a rediscussão da matéria em
outros âmbitos relativamente às excludentes.

Entretanto, é possível que, mesmo diante de uma situação descriminante ou justificante


(sinônimo para causas excludentes de ilicitude), exista o dever de indenizar.

EXERCÍCIOS
1. As penas previstas na Lei de abuso de autoridade ficam vinculadas a eventuais sanções
administrativas e cíveis.

Certo ( ) Errado ( )

As esferas cível administrativa e criminal são relativamente independentes.


Nesse contexto, as penalidades previstas nesta Lei serão aplicadas
independentemente das sanções de natureza civil ou administrativa.

2. As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se


podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões
tenham sido decididas no juízo criminal.
Certo ( ) Errado ( )

Trata-se da redação do art. 7º da Lei. As responsabilidades entre as esferas


são independentes, além disso, quando uma decisão proferida pela jurisdição
criminal transita e julgado e tenha deliberado sobre a (in)existência do fato, ou

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sobre a autoria, inexiste possibilidade de reabrir discussão sobre estas


circunstâncias no cível ou na esfera administrativa.

GABARITO
1. E
2. E

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SUMÁRIO
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 13.869/2019) ........................................................................................... 2
DOS CRIMES EM ESPÉCIE ............................................................................................................................... 2
ARTS. 9º A 20 ............................................................................................................................................. 2
EXERCÍCIOS ........................................................................................................................................................ 7
GABARITO ...................................................................................................................................................... 8

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LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 13.869/2019)


DOS CRIMES EM ESPÉCIE
Na parte especial da referida lei, ao analisar os crimes e as respectivas penas,
compreendemos de maneira efetiva o alcance da lei. Isso porque, como sujeito ativo dos
delitos, temos um agente público que tem poder conferido pela lei ou por superior
hierárquico e, como sujeito passivo das condutas, podemos identificar um sujeito passivo
primário, sendo aquele indivíduo que tem seu direito fundamental violado e, como sujeito
passivo secundário a Administração Pública.

Justamente nesse sentido, de proteção da moralidade e funcionalidade da Administração


pública, que os crimes de abuso de autoridade são todos dolosos, inexistindo previsão para
crime culposo.

E sobre o dolo, vale recordar que o §1º do art. 1º estabelece que o dolo deve ser
específico (para prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero
capricho ou satisfação pessoal).

ARTS. 9º A 20
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta
desconformidade com as hipóteses legais:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária
que, dentro de prazo razoável, deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de
conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando
manifestamente cabível.

Neste dispositivo, intimamente ligada a atos judiciais, deve ser relacionado e analisado
dentro de um contexto processual penal, especialmente com o que determina o art. 283 do
CPP (“Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em
virtude de condenação criminal transitada em julgado”).

Ademais, é prudente recapitular as formas de prisão, sendo elas: a) prisão em flagrante;


b) prisão temporária (Lei 7.960/89); c) prisão preventiva; d) prisão pena.

O delito em estudo é formal, pois a simples decretação já faz com que o crime se
consume sendo que, se o indivíduo tiver, de fato, a liberdade restrita, consideramos mero
exaurimento.

Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou


investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de
comparecimento ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

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Antes de analisar as especificidades deste delito, é prudente recordar o julgamento


proferido pelo STF ao analisar as ADPF’s 395 e 444, em que restou consagrada a ideia de que a
condução coercitiva de investigados não é compatível com o texto constitucional, na medida
em que o imputado não é legalmente obrigado a participar do ato, ademais, pode comparecer
e manter-se em silêncio.

Naturalmente que esta disposição não se aplica à testemunha, que tem a obrigação
moral e legal de dizer a verdade, não podendo invocar o direito ao silêncio (salvo nas
hipóteses por lei autorizadas – vide art. 206, CPP).

Como sujeito ativo do delito em questão, podemos definir a autoridade judiciária, o


delegado de polícia e o membro do MP (art. 26, I, Lei 8625/1993 - LOMP)

Art. 11. (VETADO).

Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em


flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão
temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa
e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela
indicada;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro)
horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da
prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão
temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de
internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de
executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de
promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou
legal.

Este dispositivo visa a compatibilizar a legislação ordinária com o que preconiza o texto
constitucional (art. 5º, LXII, CF), bem como a legislação ordinária (art. 306, caput, §1º e 2º,
CPP), que preconizam que a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente à família do preso ou à pessoa por ele indicada, sem prejuízo de,
em até 24 horas, encaminhar cópia do Auto de Prisão em Flagrante ao juiz competente,
defensor ou defensoria pública, bem como, no mesmo prazo, emitir a nota de culpa.

Registre-se, da mesma forma, que o caput do artigo 12 utiliza o termo injustificadamente


como um elemento normativo do tipo. Naturalmente que um atraso justificado afasta a
incidência do crime em tela.

Para os delitos aqui previstos, o sujeito ativo pode ser a autoridade que possui obrigação
legal de comunicar o flagrante, aquele que executa a prisão e deixa de comunicar
imediatamente a prisão, ou, ainda, o agente ou autoridade que deixa de cumprir a ordem de
soltura.

Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave


ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:

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I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade


pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não
autorizado em lei;
III - (VETADO).
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
(Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo
da pena cominada à violência.

O delito em estudo pretende proteger o preso no aspecto da sua dignidade pessoal.


Mesmo que estes comportamentos sejam intrinsicamente estabelecidos por nossa sociedade,
é imperioso que exista a disposição para a proteção do intelecto e imagem do detido,
especialmente diante da velocidade em que a informação se dissemina nos dias atuais.

Essas formas de conduta não podem ser confundidas com o crime de Tortura (Lei
9.455/97). Nesta as condutas são mais intensas, causando na vítima maior sofrimento. A linha
entre as condutas é, de fato, tênue, mas a análise da casuística permitirá melhor análise para
correto enquadramento.

“Art. 1º Constitui crime de tortura:


I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,
causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de
terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida
de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal.”

O sujeito ativo é qualquer agente ou autoridade que constrange o preso, podendo ser
desde um agente penitenciário, até a autoridade policial, membro do MP etc.

Art. 14. (VETADO).


Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em
razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar
segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. (VETADO).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o
interrogatório: (Promulgação partes vetadas)
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou
defensor público, sem a presença de seu patrono.

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Aqui estamos diante do chamado “crime de ação vinculada”, uma vez que o
constrangimento é executado mediante uma ameaça indevida de prisão.

Ademais, é prudente recordar o art. 207 do CPP, que define que “são proibidas de depor
as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo
se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho”.

Devemos elencar duas situações importantes, uma com relação ao parlamentar, que não
será obrigado a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício
do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações (art.
53, §6º, CF) e os médicos, que não são obrigados a revelar fato de que tenha conhecimento em
virtude do exercício da profissão, salvo por justo motivo, dever legal ou com o consentimento
do paciente.

Evidentemente que outras profissões também não obrigam o profissional a depor, como
o psicólogo, por exemplo. Entretanto, exemplificamos com duas das situações que são
bastante corriqueiras e cobradas pelas bancas.

O inciso I diz respeito ao prosseguimento/constrangimento do interrogatório de pessoa


que tenha optado por permanecer em silêncio. Ora, trata-se de uma matriz constitucional (art.
5º, LXIII, CF e corroborado pelo artigo 186, parágrafo único do CPP, no sentido de que o
silêncio é um direito assegurado ao interrogado, vedando-se o uso do mesmo contra o
indivíduo.

Por fim, o inciso II criminaliza a conduta de prosseguir com interrogatório sem a


presença do defensor, quando o acusado assim o quiser.

Hodiernamente, é obrigatória a presença de um defensor (constituído, público ou


dativo) aos réus, no ato do interrogatório, sob pena de nulidade absoluta. Tal orientação
aplica-se tão somente à fase processual. Relativamente ao inquérito policial, é prescindível a
presença do defensor.

Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao


preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante
sua detenção ou prisão:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável
por interrogatório em sede de procedimento investigatório de
infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si
mesmo falsa identidade, cargo ou função.

Mais uma consagração de previsão constitucional. Ora, o preso tem direito à


identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial (art. 5º, LXIV,
CF), por essa razão, passar-se por outra pessoa ou falsear o nome configura ilícito em razão da
violação ao preceito constitucionalmente estabelecido.

Art. 17. (VETADO).

Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o


período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito
ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:

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Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.


Excepcionada a situação de flagrante, o tipo penal em questão veda o interrogatório “na
surdina”, com os “holofotes apagados”.

Assim, aplicando interpretação inversa, concluímos que, para as hipóteses de prisão em


temporária ou preventiva, o interrogatório não pode ocorrer no período de repouso noturno.

E pela expressão de repouso noturno, aplicando uma interpretação coerente com o


estabelecido pela própria Lei de Abuso de Autoridade, em seu artigo 22, o período de repouso
noturno compreende das 21 horas até às 5 da manhã.

ATENÇÃO!
Em se tratando de flagrante delito, não há a proibição para que se realize
durante o repouso noturno, mas deve haver consentimento do preso.

Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito


de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação da
legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente
do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências
tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a
prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.

Prevê a repressão da conduta de não permitir o envio de


pedido/requerimento/manifestação do preso à autoridade judiciária.

A identificação dos sujeitos ativos para caput e parágrafo único são bem definidas e de
fácil constatação. No caput, pode praticar o crime o agente ou autoridade que retarda, de
alguma forma e sem justificação o envio do pleito. No parágrafo único, só o magistrado pode
praticar a conduta.

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada


do preso com seu advogado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o
réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e
reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável,
antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele
comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório
ou no caso de audiência realizada por videoconferência.

A entrevista pessoal do preso com seu advogado é um direito previsto em documentos


nacionais e internacionais, permitindo ao custodiado orientação técnica de pessoa capacitada
a representar os seus interesses.

A entrevista é pessoal (sem a presença de terceiros), reservada (ambiente alheio ao


ambiente do interrogatório) e prévia (antes do início do ato), conforme art. 185, §5º do CPP.

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Neste tipo penal, o legislador previu um mesmo comportamento criminoso da


conduta já tipificada no art. 7º-B do Estatuto da OAB, in verbis:

“Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advogado


previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta Lei:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.”

Como existe previsão idêntica pelo mesmo fato, a solução será aplicar a
norma mais benéfica ao agente.

EXERCÍCIOS
1. Constitui crime de abuso de autoridade decretar medida de privação da liberdade em
manifesta desconformidade com as hipóteses legais.

Certo ( ) Errado ( )

Trata-se da figura tipificada no art. 9º da Lei de Abuso de Autoridade.


Constatando-se o excesso pela autoridade que decreta a medida privativa de
liberdade, configura-se o delito.

2. Não constitui crime de abuso de autoridade o ato de impedir, sem justa causa, a
entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado, por se tratar de uma
faculdade, que deverá ser analisada casuisticamente pelo magistrado.
Certo ( ) Errado ( )

A Constituição Federal consagra em seu art. 5º, LV o direito ao contraditório e


ampla defesa. Ademais, o art. 261 do CPP dispõe que nenhum acusado, ainda que
ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor.
Não obstante, o art. 185 do CPP prevê que o acusado será interrogado na
presença de seu defensor.
O §5º do mesmo dispositivo, por fim, consagra que é um direito do preso, a
entrevista prévia, pessoal e reservada.
A inobservância dessa regra, constitui crime de abuso de autoridade, por
força do previsto no art. 20 da Lei 13.869/2019.

3. Os delitos previstos na Lei de Abuso de Autoridade admitem, em casos específicos, a


modalidade culposa.

Os crimes previstos na parte especial da Lei 13.869/2019 somente são


punidos a título de dolo, não existindo previsão para delito culposo.
Atente para o fato que a lei, em seu artigo 1º, §1º exige a ocorrência de dolo
específico

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GABARITO
1. C
2. E
3. E

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SUMÁRIO
LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 13.869/2019) ........................................................................................... 2
Dos Crimes em Espécie .................................................................................................................................. 2
Arts. 21 a 38 ............................................................................................................................................... 2
Procedimento ............................................................................................................................................ 8
Exercícios ........................................................................................................................................................... 9
Gabarito ......................................................................................................................................................... 9

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LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI 13.869/2019)


DOS CRIMES EM ESPÉCIE
ARTS. 21 A 38
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço
de confinamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma
cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em
ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

O disposto neste artigo tem por objetivo manter a lisura e conferir a igualdade ao
sistema prisional, evitando a junção de pessoas de sexos distintos, bem como aglomerando
pessoas tecnicamente capazes de responder por um crime com os indivíduos inimputáveis
(aqui, no aspecto biológico – menores de 18 anos).

Não é tarde para recordar que o art. 82 da Lei de Execuções Penais trata com bastante
clareza o tema, vejamos:

"Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao


submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso.
§ 1° - A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão
recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição
pessoal.
§ 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar
estabelecimentos de destinação diversa desde que devidamente
isolados.

Na mesma toada, o art. 123 do Estatuto da Criança e do adolescente estabelece a


formatação do estabelecimento apto a receber o menor que cumprirá a internação.

Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva


para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo,
obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição
física e gravidade da infração.

De se registrar que, se durante o confinamento do indivíduo houver imposição ao preso


de intenso sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei, a
conduta pode ser tipificada como Tortura.

O sujeito ativo da infração é aquele agente ou autoridade com responsabilidade para


determinar a organização dos presos no estabelecimento.

Acerca desta natureza delitiva, é imprecioso que analisemos os parâmetros envolvendo


a divergência de gênero.

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A Resolução Conjunta 1/2014, editada pelo Conselho Nacional de Política Criminal e


Penitenciária e pelo Conselho Nacional de Combate à Discriminação, estabeleceu parâmetros
de acolhimento LGBT.

"Art. 1º - Estabelecer os parâmetros de acolhimento de LGBT em privação de


liberdade no Brasil.
Parágrafo único - Para efeitos desta Resolução, entende-se por LGBT a
população composta por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais,
considerando-se:
I - Lésbicas: denominação específica para mulheres que se relacionam afetiva
e sexualmente com outras mulheres;
II - Gays: denominação específica para homens que se relacionam afetiva e
sexualmente com outros homens;
III - Bissexuais: pessoas que se relacionam afetiva e sexualmente com ambos
os sexos;
IV - Travestis: pessoas que pertencem ao sexo masculino na dimensão
fisiológica, mas que socialmente se apresentam no gênero feminino, sem rejeitar o
sexo biológico; e
V - Transexuais: pessoas que são psicologicamente de um sexo e
anatomicamente de outro, rejeitando o próprio órgão sexual biológico.
Art. 2º - A pessoa travesti ou transexual em privação de liberdade tem o
direito de ser chamada pelo seu nome social, de acordo com o seu gênero.
Parágrafo único - O registro de admissão no estabelecimento prisional deverá
conter o nome social da pessoa presa.
Art. 3º - Às travestis e aos gays privados de liberdade em unidades prisionais
masculinas, considerando a sua segurança e especial vulnerabilidade, deverão ser
oferecidos espaços de vivência específicos.
§ 1º - Os espaços para essa população não devem se destinar à aplicação de
medida disciplinar ou de qualquer método coercitivo.
§ 2º - A transferência da pessoa presa para o espaço de vivência específico
ficará condicionada à sua expressa manifestação de vontade.
Art. 4º - As pessoas transexuais masculinas e femininas devem ser
encaminhadas para as unidades prisionais femininas.
Parágrafo único - Às mulheres transexuais deverá ser garantido tratamento
isonômico ao das demais mulheres em privação de liberdade.
Art. 5º - À pessoa travesti ou transexual em privação de liberdade serão
facultados o uso de roupas femininas ou masculinas, conforme o gênero, e a
manutenção de cabelos compridos, se o tiver, garantindo seus caracteres
secundários de acordo com sua identidade de gênero."

Assim, o critério que se adota é o seguinte: se estivermos diante da prisão de travesti,


deverá ser respeitada a identidade social (nome social, de acordo com a gênero) e ser
recolhida em cela feminina. Noutro giro, estando diante de transexual, a pessoa deverá ser
recolhida em cela que diga respeito ao seu gênero, a menos que opte por permanecer em cela
correspondente ao seu sexo anatômico.

MUDE SUA VIDA!


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Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à


revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências,
ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação
judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste
artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-
lhe o acesso a imóvel ou suas dependências;
II - (VETADO);
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h
(vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou
quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do
ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.

Este dispositivo trata das situações envolvendo a inviolabilidade de domicílio. Como


sabido é, a CF consagra a casa com asilo inviolável, ninguém nela podendo adentrar
(penetrar), salvo no caso de flagrante delito, desastre, para prestar socorro ou, em
cumprimento de ordem judicial, durante o dia.

O sujeito ativo neste delito é aquele agente ou autoridade que invade ou adentra imóvel
alheio, pratica coação para adentrar em imóvel alheio ou cumpre mandado fora do horário
estabelecido.

Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de


investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de
pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de
responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a
responsabilidade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta
com o intuito de:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso
praticado no curso de diligência;
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações
incompletos para desviar o curso da investigação, da diligência ou
do processo.

Trata-se de uma modalidade especial referente ao tipo de fraude processual (art. 347,
CP), aqui, temos que o crime consuma-se coma a alteração, modificação, substituição ou
deformação referente ao estado de pessoa ou coisa, para tentar fugir da responsabilização ou
para responsabilizar criminalmente alguém ou tentar majorar-lhe a pena. A inovação
fraudulenta deve ser apta a enganar, pena de não consumar o crime.

O sujeito ativo é aquele agente público que pratica a conduta (inovação artificiosa) para
eximir-se da responsabilidade ou responsabilizar ou aumentar a pena de outrem.

Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou


empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir
para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de
alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração:

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Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena


correspondente à violência.

Aqui, o sujeito ativo, que é aquele agente público que pratica o constrangimento, age
com violência ou grave ameaça no intuito de obrigar funcionário ou empregado de instituição
hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa já morta, com o objetivo de
modificar o local do óbito ou o seu momento. A ideia é que o agente retira o cadáver do local
do crime, emprega constrangimento contra o funcionário do hospital, para atender ao defunto
como se vivo estivesse, visando a alterar o local do crime dificultando sua apuração.

Outro ponto de destaque e de difícil comprovação é que só existirá a infração se o agente


já sabia que o agente estava morto.

Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de


investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova,
em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento
de sua ilicitude.

Trata-se de delito que tem por objetivo preservar a lisura na produção da prova.

A CF em seu art. 5, inciso LVI dispõe que são inadmissíveis as provas obtivas por meio
ilícito. E considera-se como prova ilícita toda a prova que viola o procedimento estabelecido
pela Lei ou pelo Texto Maior.
Em que pese existir distinção doutrinária entre prova ilícita e prova ilegítima,
não adentraremos neste mérito pois irrelevante para a compreensão.

Importante asseverar também que o STJ possui julgados no sentido de ser ilícita a prova
obtida a partir de acesso não autorizado ao aplicativo WhatsApp.

Entretanto, noutro julgado também de 2017, o STJ entendeu como legítima a devassa em
celular de vítima de homicídio. Ressaltou também que neste caso sequer era necessária ordem
judicial, pois não havia como proteger a intimidade de quem foi morto, sendo que o objeto da
apreensão destinava-se a esclarecer o responsável pela morte.

Art. 26. (VETADO).

Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento


investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de
alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou
investigação preliminar sumária, devidamente justificada.

Ao nosso ver, trata-se de mais uma modalidade criminosa de difícil comprovação.


Naturalmente, tem por objetivo evitar a arbitrariedade e autoritariedade de quem tem por
função a prática investigativa.

MUDE SUA VIDA!


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Sobre os entendimentos já consolidados, consignamos que é plenamente possível o


início de investigação a partir de notícia vinculada na imprensa. Desde que se trate de crime
suscetível de ação penal pública condicionada, não há óbice em investigar. (STJ, RHC
98.056/CE, j. em 04.06.20190. Perceba que nesta situação não haverá crime, eis que
apontados os elementos mínimos (indícios) necessários para toda e qualquer investigação.

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com


a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida
privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

O dispositivo visa a evitar a estigmatização da imagem do acusado, para que não


ocorram pré-julgamentos ou formação de pré-conceitos com relação ao investigado. Isso
porque, se estamos diante de provas, é porque o magistrado ainda não proferiu uma decisão
definitiva. Para evitar, então, o apelo e clamor público, deve-se divulgar somente o trecho a
que se pretenda utilizar.

Não se pode confundir este delito com os contidos na Lei de Interceptação Telefônica
(Lei 9.296/1996), pois nesta existe a punição para as interceptações ou captações ilegais,
enquanto que a conduta do art. 28 da Lei de Abuso de Autoridade refere-se a uma
interceptação/captação lícita, mas com abuso no manejo do conteúdo obtido.

Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial,


policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse
de investigado: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. (VETADO).

Nos procedimentos judiciais e extrajudiciais, as autoridades são instadas a prestarem


informações sobre os seus atos. Assim, não podem faltar com a verdade. Além disso, devem
ter especial fim de agir no sentido de prejudicar interesse do investigado.

Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou


administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe
inocente:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Este tipo penal tem conteúdo delicado e se assemelha com a denunciação caluniosa (art.
339, CP). Porém, na conduta prevista no código penal, exige-se que ocorra a imputação de
crime ou contravenção a outrem. Por sua vez, no art. 30 da Lei de Abuso de autoridade não
existe a exigência, bastando a instauração sem justa causa ou contra pessoa que sabe inocente,
não importando a natureza do fato imputado.

Art. 31. Estender injustificadamente a investigação,


procrastinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo
para execução ou conclusão de procedimento, o estende de forma
imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do
fiscalizado.

MUDE SUA VIDA!


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É sempre prudente que a autoridade vele pela duração razoável do processo ou


procedimento (Art. 5, inciso LXXVIII, CF). Em algumas modalidades de investigação, inclusive,
este prazo já vem disponibilizado na própria legislação.

As condutas do caput e parágrafo único são, deveras, idênticas, incorrendo o legislador


em mera tautologia.

Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos


autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao
inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de
infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a
obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a
diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências
futuras, cujo sigilo seja imprescindível:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Neste dispositivo, vemos a criminalização pela desobediência a um pretexto que já


estava consolidado há muito na Súmula Vinculante número 14 (“É direito do defensor, no
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam
respeito ao exercício do direito de defesa”).

Ora, é natural que todo aquele que é submetido a um procedimento de investigação tem
o direito de saber quais as razões ensejadoras do procedimento.

Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive


o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo
ou função pública ou invoca a condição de agente público para se
eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio
indevido.

Aquele que, por sua posição e representação, exige informação ou cumprimento de


obrigação, sem autorização legal, pratica o presente crime. Convenhamos, a Administração
Pública é movida pelo ideal da legalidade. A ninguém é dado o direito de constranger outrem,
muito menos sem expressa disposição na lei.

Aqui temos a punição pelo conhecido fenômeno da "CARTEIRADA”, quando o agente


busca um tratamento diferenciado.

Art. 34. (VETADO).

Art. 35. (VETADO).

Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos


financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o valor
estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a

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demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de


corrigi-la:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

A conduta ora guerreada tem por ideal punir o magistrado que decreta a
indisponibilidade de ativos em montante que extrapole exacerbadamente o valor estimado
para garantia da dívida e que deixa de corrigi-la após a demonstração da excessividade pela
parte contrária.

A norma é excessivamente abstrata, devendo avaliar o caso prático para aferir a


incidência ou não deste crime.

Note também que a norma é composta de dois momentos para permitir a consumação. A
decretação e o deixar de corrigir.

Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de


processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com o
intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

O dispositivo também é impreciso e abstrato, pois não fixa padrões, permitindo um


campo fértil ao aplicador do direito no caso concreto.

Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de


comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de
concluídas as apurações e formalizada a acusação:
(Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Trata-se da punição ao agente afoito, que emite na imprensa ou outro meio de difusão de
conteúdo conceitos prévios sobre determinado investigado antes mesmo de haver acusação
formal.

PROCEDIMENTO
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos
previstos nesta Lei, no que couber, as disposições do Decreto-Lei nº
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei
nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

No procedimento para apuração dos delitos de abuso de autoridade, teremos duas


possibilidades de procedimento.

Para as infrações de menor potencial ofensivo (aquelas cuja pena máxima não
ultrapassam os 2 anos), será observada a Lei 9.099/95. Já para os crimes cuja pena máxima
transcendam os dois anos, o procedimento a ser adotado é o estabelecido pelo Código
Processual Penal.

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EXERCÍCIOS
1. É permitida a manutenção de presos de sexos distintos na mesma cela, sem que isso
configure crime, quando não existir possibilidade de separação.
Certo ( ) Errado ( )

O artigo 21 da Lei de Abuso de Autoridade não permite a manutenção de


presos dentro da mesma cela ou unidade de confinamento, pena de existir a
criminalização da conduta.

2. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado


de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de
responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade, configura o
crime de fraude processual.
Certo ( ) Errado ( )

O artigo 23 da Lei de abuso de autoridade se assemelha ao dispositivo


constante do art. 347 do Código Penal, que dispõe sobre a fraude processual,
porém, trata-se de situação específica, em que deve ser dada preferência à norma
especial, conforme artigo 12 do Código Penal. Ademais, no delito de fraude
processual tem-se por objetivo levar o magistrado a erro. No crime de abuso de
autoridade, o objetivo é evitar a própria responsabilidade ou responsabilizar
criminalmente alguém ou majorar-lhe a pena.

3. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação


preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento
investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção
de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem
a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível, configura prática do
crime de abuso de autoridade.

A súmula vinculante número 14 já previa a ilicitude do comportamento de


negar acesso aos autos do caderno de investigação ao patrono do acusado ou a ele
próprio. Tal conduta passou a ser taxada como crime, conforme previsão do art. 32
da Lei 13.869/2019.

GABARITO
1. E
2. E
3. C

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SUMÁRIO
LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (LEI 12.850/2013) ................................................................................... 2
CONSIDERAÇÕES GERAIS ......................................................................................................................... 2
CRIMES EM ESPÉCIE ................................................................................................................................. 2
CRIME ORGANIZADO POR NATUREZA E POR EXTENSÃO ....................................................................... 2
OBSTRUÇÃO OU EMBARAÇO DE INVESTIGAÇÃO DE INFRAÇÃO PENAL REFERENTE À ORGANIZAÇÃO ... 3
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ............................................................................................................... 3
AFASTAMENTO CAUTELAR DO SERVIDOR PÚBLICO DE SUAS FUNÇÕES .................................................... 3
PERDA DO CARGO, FUNÇÃO, EMPREGO OU MANDATO ELETIVO E INTERDIÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE
FUNÇÃO OU CARGO PÚBLICO .................................................................................................................. 4
POLICIAIS ENVOLVIDOS COM ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS..................................................................... 4
NOVOS DISPOSITIVOS INSERIDOS PELA LEI 13.964/2019 – PACOTE ANTICRIME ....................................... 4
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................. 5
GABARITO ................................................................................................................................................ 6

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LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (LEI 12.850/2013)


CONSIDERAÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a
investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações
penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro)
ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter,
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante
a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores
a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
§ 2º Esta Lei se aplica também:
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção
internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado
tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas
para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos.

Para definição da organização criminosa a lei conceitua como a associação de 4 ou mais


pessoas, em uma estrutura ordenada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com o
objetivo de obter vantagem de qualquer natureza, mediante prática de infrações penais cuja
pena seja superior a 4 a anos ou de caráter transnacional.
A lei também faz aplicação nos chamados crimes plurilocais, que são aqueles em que a
execução se inicia no estrangeiro e a consumação ocorra no Brasil ou vice versa. Da mesma
forma, a lei também se aplica às organizações terroristas voltadas para esta prática (vide Lei
13.260/2016).

CRIMES EM ESPÉCIE
CRIME ORGANIZADO POR NATUREZA E POR EXTENSÃO
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou
por interposta pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das
penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.

Trata-se de crime comum, ou seja, o tipo penal não exige qualidade ou condição especial
do agente. Ademais, sujeito passivo é a coletividade (crime vago).
O crime é plurissubjetivo ou de concurso necessário. Pois para sua ocorrência, depende-
se da existência de, pelo menos, 4 pessoas.
O bem jurídico tutelado por esta Lei é a paz pública, ou seja, o sentimento coletivo de
segurança e de confiança na ordem e proteção jurídica, que, pelo menos em tese, se veem
atingidos pela societas criminis.
Em se tratando de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado,
consuma-se o crime de organização com a simples associação de quatro ou mais pessoas para
a prática de crimes com pena máxima superior a 4 anos, ou de caráter transnacional, que
coloquem em risco a paz pública. Percebe-se, portanto, que a lei não exige a ocorrência de
resultado naturalístico, bastando a prática de um dos núcleos do tipo para a sua consumação.

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OBSTRUÇÃO OU EMBARAÇO DE INVESTIGAÇÃO DE INFRAÇÃO PENAL


REFERENTE À ORGANIZAÇÃO
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma,
embaraça a investigação de infração penal que envolva
organização criminosa.
As condutas aqui previstas significam obstar, interromper, tolher, criar empecilhos,
impedir o desenvolvimento.
Ademais, diversamente do crime de organização criminosa constante no caput do artigo
2º, que tutela a paz pública, o presente delito tem como bem jurídico protegido a
administração da justiça.
Ressalte-se que, diferentemente do crime de Organização Criminosa do art. 2º, caput, a
conduta aqui prevista é unissubjetiva (pode ser praticada por um só sujeito, admitindo o
concurso eventual de pessoas).

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA


§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da
organização criminosa houver emprego de arma de fogo.
A arma de fogo, seguindo a doutrina básica deve ser conceituada como a arma que
arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão de um
propelente confiando em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que tem a
função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade
ao projétil (Decreto nº 10.030/2019, Anexo, III).
Nesse contexto, seguindo a uniformidade de outros entendimentos, a jurisprudência
entende ser dispensável a apreensão da arma de fogo, bastando que seja comprovada por
outro meio de prova.
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou
coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique
pessoalmente atos de execução.
Aqui vemos a presença autor intelectual também denominado "de escritório", que, de
maneira maquiavélica, arquiteta a estrutura do crime com o objetivo de permitir o
desenvolvimento da estrutura criminosa.
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):
I - se há participação de criança ou adolescente;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização
criminosa dessa condição para a prática de infração penal;
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo
ou em parte, ao exterior;
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras
organizações criminosas independentes;
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade
da organização.

AFASTAMENTO CAUTELAR DO SERVIDOR PÚBLICO DE SUAS


FUNÇÕES
§ 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público
integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu
afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da

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remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação


ou instrução processual.
Este afastamento, que praticamente reproduz a cautelar constante do art. 319, VI, do
CPP é passível de decretação em qualquer fase da persecução penal, bastando a presença dos
requisitos ensejadores, quais sejam: o periculum in mora e fumus boni iuris.
Não obstante, o magistrado pode decretar também o afastamento cautelar dos
parlamentares federais (conforme julgado STF ADI 5526). Porém, o afastamento deve ser
submetido à apreciação da respectiva Casa Legislativa, que agirá nos exatos moldes do art. 53,
§2º da CF.

PERDA DO CARGO, FUNÇÃO, EMPREGO OU MANDATO ELETIVO


E INTERDIÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO OU CARGO
PÚBLICO
§ 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao
funcionário público a perda do cargo, função, emprego ou mandato
eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público
pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.
Trata-se de importante efeito extrapenal da sentença transitada em julgado, de efeito
automático, sendo desnecessária motivação.
Vale o destaque de que efeito similar ocorre na Lei de Tortura, vide artigo 1º,
§5º, da Lei 9.455/97.

Atentemos para o fato de que o prazo previsto para a interdição para o exercício será de
8 anos após o fim da pena.

POLICIAIS ENVOLVIDOS COM ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS


§ 7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que
trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito
policial e comunicará ao Ministério Público, que designará membro
para acompanhar o feito até a sua conclusão.

NOVOS DISPOSITIVOS INSERIDOS PELA LEI 13.964/2019 –


PACOTE ANTICRIME
§ 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que
tenham armas à disposição deverão iniciar o cumprimento da pena
em estabelecimentos penais de segurança máxima.
§ 9º O condenado expressamente em sentença por integrar
organização criminosa ou por crime praticado por meio de
organização criminosa não poderá progredir de regime de
cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros
benefícios prisionais se houver elementos probatórios que indiquem
a manutenção do vínculo associativo.
A ideia central do dispositivo é evitar a disseminação da prática criminosa pelas
organizações, alocando os chefes (e, se possível, os integrantes), em estabelecimentos de
segurança máxima.
Inclusive, destacamos que o STF já se posicionou no sentido de que, desde que haja
motivação idônea e existência de fatos caracterizadores de situação emergencial, a
transferência de preso para presídio de segurança máxima sem a prévia oitiva não configura

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ofensa aos princípios do devido processo legal, ampla defesa, individualização e dignidade da
pessoa humana (STF, HC 115.539/RO).
De acordo com a doutrina, trata-se de benefício condicionado, mas não há impedimento
absoluto. Caso o preso continue a liderar, por algum modo, a organização criminosa, não há
merecimento, que se trata de um critério subjetivo, para a progressão ou para o livramento
condicional.

EXERCÍCIOS
1. (CESPE/CEBRASPE – 2020 – MPE-CE) A respeito de aspectos penais da Lei de
Licitações e Contratos (Lei n.º 8.666/1993), da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei n.º
9.613/1998) e da Lei de Organização Criminosa (Lei n.º 12.850/2013), julgue o item
seguinte. A perda do cargo público constitui efeito automático extrapenal da
condenação transitada em julgado por crime de organização criminosa praticado por
servidor público.
Certo ( ) Errado ( )
Nos termos do que preconiza o art. 2º, § 6º da lei em estudo, a condenação
com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função,
emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo
público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena, sendo,
pois, um efeito automático da condenação.

2. (CESPE/CEBRASPE – 2019 – PRF) Quanto ao contexto histórico do tráfico de drogas no


Brasil e as principais características das organizações criminosas e do crime
organizado, julgue o seguinte item.
Em regra, o formato de gestão das organizações criminosas empresta maior autonomia
aos seus integrantes nas suas específicas funções, possibilitando a tomada de decisões
em diversos níveis hierárquicos, numa projeção horizontal e compartilhada.
Certo ( ) Errado ( )
Assim como o poder hierárquico dentro de uma organização administrativa, as
organizações criminosas possuem também essa mesma hierarquia na vertical, ou
seja, subordinação.

3. Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera, todas vendedoras em uma joalheria,
a desviar peças de alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou
detalhadamente o crime e entrou em contato com Ciro, colecionador de joias, para que
ele adquirisse a mercadoria. Luna desistiu de participar do fato e não foi trabalhar no
dia da execução do crime. Rita e Vera conseguiram se apossar das peças conforme o
planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las a Ciro no mesmo dia, Vera
levou-as para a casa de sua mãe, comunicou a ela o crime que praticara e persuadiu-a a
guardar os produtos ali mesmo, na residência materna, até a semana seguinte.
Considerando que o crime apresentado nessa situação hipotética venha a ser
descoberto, julgue o item que se segue, com fundamento na legislação pertinente.
Nessa situação hipotética, estão presentes os requisitos que caracterizam uma organização
criminosa, uma vez que houve o envolvimento de quatro pessoas, com prejuízo de alto valor,
além de planejamento e divisão de tarefas para a prática de um determinado crime.
Certo ( ) Errado ( )

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Para a caracterização da organização criminosa é imprescindível que haja o


preenchimento do que consta do art. 1º, §1º desta lei, qual seja, a junção de 4 ou
mais pessoas, estruturalmente ordenada e que haja divisão de tarefas, ainda que
informalmente, com o objetivo de obter, seja de forma direta ou indireta, vantagem
de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais, com pena máxima
superior a 4 anos ou que sejam de caráter transnacional.

De acordo com a questão, houve a prática de ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA,


prevista no art. 288, CP, que possui como elementos: a) Associação estável ou
permanente; b) Três ou mais pessoas; c) Finalidade específica de cometer crimes
indeterminados quanto às vítimas.

GABARITO
1. C
2. E
3. E

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SUMÁRIO
LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (LEI 12.850/2013) ................................................................................... 2
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS PARA A OBTENÇÃO DA PROVA .............................................................. 2
1) COLABORAÇÃO PREMIADA .............................................................................................................. 2
2) AÇÃO CONTROLADA......................................................................................................................... 7
3) INFILTRAÇÃO DE AGENTES ............................................................................................................... 8
4) DO ACESSO A REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES ...........................11
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................11
GABARITO ...............................................................................................................................................14

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LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (LEI 12.850/2013)


DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS PARA A OBTENÇÃO DA PROVA

Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem


prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de
obtenção da prova:
I - colaboração premiada;
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos;
III - ação controlada;
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados
cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a
informações eleitorais ou comerciais;
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos
termos da legislação específica;
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos
da legislação específica;
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na
forma do art. 11;
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais,
estaduais e municipais na busca de provas e informações de
interesse da investigação ou da instrução criminal.
§ 1º Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a
capacidade investigatória, poderá ser dispensada licitação para
contratação de serviços técnicos especializados, aquisição ou
locação de equipamentos destinados à polícia judiciária para o
rastreamento e obtenção de provas previstas nos incisos II e
V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
§ 2º No caso do § 1º , fica dispensada a publicação de que trata o
parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
devendo ser comunicado o órgão de controle interno da realização
da contratação. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)

A presente lei dispõe de diversas formas de investigação para viabilizar o êxito na


desarticulação criminosa.

A forma que se encontra em voga, muito difundida e discutida na sociedade, diz respeito
à delação premiada. Pois bem, neste aspecto, é importante destacar que o próprio STF já
possui entendimento sobre a validade do que se denomina justiça negocial (vide RHC 43.776),
que considera a colaboração premiada como meio de prova, que, contudo, restou incorporado
à novel legislação.

1) COLABORAÇÃO PREMIADA
Seção I
Da Colaboração Premiada
Seção I
Da Colaboração Premiada
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

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Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico


processual e meio de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e
interesse públicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização de acordo
de colaboração demarca o início das negociações e constitui
também marco de confidencialidade, configurando violação de
sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais
tratativas iniciais ou de documento que as formalize, até o
levantamento de sigilo por decisão judicial. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada poderá ser
sumariamente indeferida, com a devida justificativa, cientificando-
se o interessado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar
Termo de Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o
que vinculará os órgãos envolvidos na negociação e impedirá o
indeferimento posterior sem justa causa. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 3º O recebimento de proposta de colaboração para análise ou o
Termo de Confidencialidade não implica, por si só, a suspensão da
investigação, ressalvado acordo em contrário quanto à propositura
de medidas processuais penais cautelares e assecuratórias, bem
como medidas processuais cíveis admitidas pela legislação
processual civil em vigor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser precedido de
instrução, quando houver necessidade de identificação ou
complementação de seu objeto, dos fatos narrados, sua definição
jurídica, relevância, utilidade e interesse público. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Os termos de recebimento de proposta de colaboração e de
confidencialidade serão elaborados pelo celebrante e assinados por
ele, pelo colaborador e pelo advogado ou defensor público com
poderes específicos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do
celebrante, esse não poderá se valer de nenhuma das informações
ou provas apresentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer
outra finalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve estar instruída
com procuração do interessado com poderes específicos para iniciar
o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada
pessoalmente pela parte que pretende a colaboração e seu
advogado ou defensor público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser
realizada sem a presença de advogado constituído ou defensor
público. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de colaborador
hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar a presença de outro
advogado ou a participação de defensor público. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve
narrar todos os fatos ilícitos para os quais concorreu e que tenham
relação direta com os fatos investigados. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os
anexos com os fatos adequadamente descritos, com todas as suas

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circunstâncias, indicando as provas e os elementos de


corroboração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão
judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de
liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha
colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o
processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou
mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização
criminosa e das infrações penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da
organização criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da
organização criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das
infrações penais praticadas pela organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física
preservada.
§ 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a
personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a
gravidade e a repercussão social do fato criminoso e a eficácia da
colaboração.
§ 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o
Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos
autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério
Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de
perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha
sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art.
28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal).
§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos
ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses,
prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as
medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo
prescricional.
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o Ministério
Público poderá deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo
de colaboração referir-se a infração de cuja existência não tenha
prévio conhecimento e o colaborador: (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste
artigo.
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração
quando o Ministério Público ou a autoridade policial competente
tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório para
apuração dos fatos apresentados pelo colaborador. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser
reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime
ainda que ausentes os requisitos objetivos.
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas entre as
partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá
entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a
manifestação do Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o
Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.

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§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste artigo, serão


remetidos ao juiz, para análise, o respectivo termo, as declarações
do colaborador e cópia da investigação, devendo o juiz ouvir
sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu defensor,
oportunidade em que analisará os seguintes aspectos na
homologação: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - regularidade e legalidade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles previstos no caput e
nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo nulas as cláusulas que violem o
critério de definição do regime inicial de cumprimento de pena do
art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no Código Penal
e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e
os requisitos de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º
deste artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - adequação dos resultados da colaboração aos resultados
mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V do caput deste artigo;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - voluntariedade da manifestação de vontade, especialmente nos
casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas
cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise fundamentada do
mérito da denúncia, do perdão judicial e das primeiras etapas de
aplicação da pena, nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
outubro de 1941 (Código de Processo Penal), antes de conceder os
benefícios pactuados, exceto quando o acordo prever o não
oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou
já tiver sido proferida sentença. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito
de impugnar a decisão homologatória. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta que não
atender aos requisitos legais, devolvendo-a às partes para as
adequações necessárias. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre
acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do
Ministério Público ou pelo delegado de polícia responsável pelas
investigações.
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as
provas autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não
poderão ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.
§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir ao réu
delatado a oportunidade de manifestar-se após o decurso do prazo
concedido ao réu que o delatou. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua
eficácia.
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado,
o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das
partes ou por iniciativa da autoridade judicial.
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de colaboração deverá ser
feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia,

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digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter


maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização
de cópia do material ao colaborador. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na
presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao
compromisso legal de dizer a verdade.
§ 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da
colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor.
§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida
com fundamento apenas nas declarações do colaborador:
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - medidas cautelares reais ou pessoais; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
III - sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em caso de
omissão dolosa sobre os fatos objeto da colaboração. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe que o
colaborador cesse o envolvimento em conduta ilícita relacionada ao
objeto da colaboração, sob pena de rescisão. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
Art. 5º São direitos do colaborador:
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação
específica;
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais
preservados;
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e
partícipes;
IV - participar das audiências sem contato visual com os outros
acusados;
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação,
nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por
escrito;
VI - cumprir pena ou prisão cautelar em estabelecimento penal
diverso dos demais corréus ou condenados. (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito
por escrito e conter:
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados;
II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado
de polícia;
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor;
IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do
delegado de polícia, do colaborador e de seu defensor;
V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua
família, quando necessário.
Art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigilosamente
distribuído, contendo apenas informações que não possam
identificar o colaborador e o seu objeto.
§ 1º As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas
diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no
prazo de 48 (quarenta e oito) horas.

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§ 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e


ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das
investigações, assegurando-se ao defensor, no interesse do
representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam
respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de
autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em
andamento.
§ 3º O acordo de colaboração premiada e os depoimentos do
colaborador serão mantidos em sigilo até o recebimento da
denúncia ou da queixa-crime, sendo vedado ao magistrado decidir
por sua publicidade em qualquer hipótese. (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)

Trata-se de benefício que pode representar uma drástica redução de pena ou, até
mesmo, a concessão do perdão judicial.

Teve seu procedimento completamente reformulado pelo pacote anticrime e que,


certamente, ainda sofrerá reflexos de acordo com as decisões que, certamente serão
proferidas pelos Tribunais Superiores.

O prêmio pela delação pode ser: a) o perdão judicial, b) redução da pena até 2/3 ou a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, ficando, contudo,
condicionada aos seguintes aspectos:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das
infrações penais por eles praticadas;
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização
criminosa;
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização
criminosa;
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais
praticadas pela organização criminosa;
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

Os envolvidos são estabelecidos pelo art. 4º, §6º: "O juiz não participará das negociações
realizadas entre as partes para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o
delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou,
conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor."

2) AÇÃO CONTROLADA
Seção II
Da Ação Controlada
Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção
policial ou administrativa relativa à ação praticada por
organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob
observação e acompanhamento para que a medida legal se
concretize no momento mais eficaz à formação de provas e
obtenção de informações.
§ 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será
previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso,
estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não
conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada.

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§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será


restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como
forma de garantir o êxito das investigações.
§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado
acerca da ação controlada.
Art. 9º Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o
retardamento da intervenção policial ou administrativa somente
poderá ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que
figurem como provável itinerário ou destino do investigado, de
modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, objeto,
instrumento ou proveito do crime.

Trata-se da hipótese em que a polícia retarda sua atuação com o intuito de obter mais
informações e de conseguir ir mais a fundo da estrutura criminosa.

Como decorrência do texto legal, a atuação do agente não pode se dar de maneira livre,
depende de comunicação ao juiz competente, tendo em vista que ele poderá estabelecer os
limites de atuação do agente policial.

Ao final, deve ser confeccionado laudo pormenorizado acerca da atuação.

3) INFILTRAÇÃO DE AGENTES
Seção III
Da Infiltração de Agentes
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de
investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida
pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de
polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será
precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização
judicial, que estabelecerá seus limites.
§ 1º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz
competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
§ 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal
de que trata o art. 1º e se a prova não puder ser produzida por
outros meios disponíveis.
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses,
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua
necessidade.
§ 4º Findo o prazo previsto no § 3º , o relatório circunstanciado será
apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificará o
Ministério Público.
§ 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá
determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá
requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.
Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados
virtuais, obedecidos os requisitos do caput do art. 10, na internet,
com o fim de investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles
conexos, praticados por organizações criminosas, desde que
demonstrada sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos
policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e, quando
possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a
identificação dessas pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

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§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se: (Incluído


pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - dados de conexão: informações referentes a hora, data, início,
término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utilizado e
terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
II - dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de
assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a conexão a
quem endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso
tenha sido atribuído no momento da conexão. (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
§ 2º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz
competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal
de que trata o art. 1º desta Lei e se as provas não puderem ser
produzidas por outros meios disponíveis. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses,
sem prejuízo de eventuais renovações, mediante ordem judicial
fundamentada e desde que o total não exceda a 720 (setecentos e
vinte) dias e seja comprovada sua necessidade. (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
§ 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o relatório
circunstanciado, juntamente com todos os atos eletrônicos
praticados durante a operação, deverão ser registrados, gravados,
armazenados e apresentados ao juiz competente, que
imediatamente cientificará o Ministério Público. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá
determinar aos seus agentes, e o Ministério Público e o juiz
competente poderão requisitar, a qualquer tempo, relatório da
atividade de infiltração. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do disposto neste
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 10-B. As informações da operação de infiltração serão
encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da
medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos
autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de
polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o
sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade
para, por meio da internet, colher indícios de autoria e
materialidade dos crimes previstos no art. 1º desta Lei. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de observar
a estrita finalidade da investigação responderá pelos excessos
praticados. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos
praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados,
armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público,
juntamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

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Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no caput


deste artigo serão reunidos em autos apartados e apensados ao
processo criminal juntamente com o inquérito policial,
assegurando-se a preservação da identidade do agente policial
infiltrado e a intimidade dos envolvidos. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação do
delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão a
demonstração da necessidade da medida, o alcance das tarefas dos
agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas
investigadas e o local da infiltração.
Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro público poderão
incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento
sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações
necessárias à efetividade da identidade fictícia criada, nos casos de
infiltração de agentes na internet. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de
forma a não conter informações que possam indicar a operação a
ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado.
§ 1º As informações quanto à necessidade da operação de
infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz competente, que
decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, após manifestação
do Ministério Público na hipótese de representação do delegado de
polícia, devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das
investigações e a segurança do agente infiltrado.
§ 2º Os autos contendo as informações da operação de infiltração
acompanharão a denúncia do Ministério Público, quando serão
disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação da
identidade do agente.
§ 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco
iminente, a operação será sustada mediante requisição do
Ministério Público ou pelo delegado de polícia, dando-se imediata
ciência ao Ministério Público e à autoridade judicial.
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida
proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá
pelos excessos praticados.
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática
de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando
inexigível conduta diversa.
Art. 14. São direitos do agente:
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o
disposto no art. 9º da Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, bem
como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais
informações pessoais preservadas durante a investigação e o
processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário;
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado
pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização por
escrito.
De maneira distinta ao que ocorre na Ação Controlada, a infiltração de agentes depende
de prévia autorização judicial.

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Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art. 1º e se
a prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis. Além disso, a infiltração será
autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que
comprovada sua necessidade.
A legislação, complementada e atualizada pelo pacote anticrime, autoriza a infiltração de
agentes virtuais, obedecidos os requisitos anteriores.
A prova que não observar o procedimento indicado será considerada nula.

4) DO ACESSO A REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMENTOS E


INFORMAÇÕES
Seção IV
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso,
independentemente de autorização judicial, apenas aos dados
cadastrais do investigado que informem exclusivamente a
qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça
Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores
de internet e administradoras de cartão de crédito.
Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de 5
(cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do Ministério
Público ou do delegado de polícia aos bancos de dados de reservas e
registro de viagens.
Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo
prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades mencionadas
no art. 15, registros de identificação dos números dos terminais de
origem e de destino das ligações telefônicas internacionais,
interurbanas e locais.

Este dispositivo permite ao delegado de polícia e aos membros do Ministério Público o


acesso, MESMO QUE SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, a dados cadastrais do investigado. Os
dados cadastrais aqui mencionados dizem respeito a instituições telefônicas, financeiras,
provedores de internet, administradora de cartões de crédito e dados mantidos na Junta
Eleitoral.
O acesso não é ilimitado! O acesso é permitido a dados de qualificação (nome, endereço,
filiação e dados dos documentos pessoais).
O art. 16 faz uma ressalva acerca de manutenção de uma base de registro de dados pelo
prazo de 5 anos, para acesso das autoridades. Tal acesso é garantido a fim de permitir
identificar eventual deslocamento de indivíduo que é investigado por integrar organização
criminosa.
O mesmo prazo de 5 anos é assegurado no artigo 17, a fim de rastrear as ligações de
origem e de destino do investigado, tudo no intuito de desarticular o esquema criminoso.

EXERCÍCIOS
1. (CESPE – 2020) Delegado da PF instaurou IP para apurar crime cometido contra órgão
público federal. Diligências constataram sofisticado esquema de organização criminosa
criada com a intenção de fraudar programa de responsabilidade desse ente público.
Com base nessas informações e com relação à prática de crime por organização
criminosa, julgue o item seguinte.

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A fim de dar celeridade às investigações e em face da gravidade da situação investigada, é


possível a infiltração de agentes de polícia em tarefas da investigação, independentemente de
prévia autorização judicial.
Certo ( ) Errado ( )

Nos termos do art. 10 da LORCRIM, a infiltração de agentes de polícia em


tarefas de investigação, representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo
Ministério Público, após manifestação técnica do delegado de polícia quando
solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada,
motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites.
Não se pode confundir com a ação controlada, onde não se faz necessária a
autorização judicial, mas tão somente uma comunicação.

2. (SELECON – 2020) Abel é investigador da Polícia Federal, sendo integrante de equipe


que trabalha em inquérito sobre organizações criminosas. Como orientação da chefia do
setor especializado, busca utilizar todas as autorizações legais para produzir provas.
Nos termos da Lei nº 12.850/2013, um dos meios de obtenção de prova consiste em:
A) investigação social
B) decisão judicial prévia
C) colaboração premiada
D) ato de execução

Conforme disposições da Lei 12.850/2013, funcionam como meios de


obtenção de prova:
- Colaboração premiada;
- Ação controlada;
- Infiltração de agentes;
- Acesso a registros e dados cadastrais.

3. (VUNESP – 2019 – ADAPTADA) O acesso a dados cadastrais de investigados, tais como


endereço, qualificação e filiação, quando solicitados a administradoras de cartão de
crédito e provedores de internet, dependem de autorização judicial.
Certo ( ) Errado ( )

O artigo 15 da Lei de Organização criminosa estabelece que para o acesso a


dados cadastrais não se faz necessária a autorização judicial.

4. (VUNESP – 2019 – ADAPTADA) A infiltração de agentes de polícia em tarefas de


investigação será autorizada, inicialmente, pelo prazo de até 6 (seis) meses, sendo
possíveis renovações, desde que comprovada a necessidade.
Certo ( ) Errado ( )

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Conforme preconiza o art. 10, a infiltração será autorizada pelo prazo de até 6
(seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua
necessidade.

5. (VUNESP – 2019 – ADAPTADA) A ação controlada, consistente no retardamento da


intervenção policial à atividade praticada por organização criminosa, poderá ser
adotada, de ofício, pela Autoridade Policial, sem necessidade de prévia comunicação à
Autoridade Judicial.
Certo ( ) Errado ( )
Conforme §1º do art. 8º da Lei de Organizações Criminosas, o retardamento
da ação policial deve ser comunicado ao juiz competente.

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GABARITO
1. E
2. C
3. E
4. C
5. E

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SUMÁRIO
LEI 10.826/2003 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO .................................................................................... 2
CONSIDERAÇÕES GERAIS ......................................................................................................................... 2
DOS CRIMES EM ESPÉCIE ......................................................................................................................... 2
POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO ........................................................................................................ 2
OMISSÃO DE CAUTELA ......................................................................................................................... 4
PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO ........................................................................ 4
DISPARO DE ARMA DE FOGO ............................................................................................................... 5
PORTE OU POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO .......................................................... 6
COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO................................................................................................. 6
TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMAS ................................................................................................... 7
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ........................................................................................................... 7
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................. 8
GABARITO ...............................................................................................................................................10

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LEI 10.826/2003 – ESTATUTO DO DESARMAMENTO


CONSIDERAÇÕES GERAIS
As armas de fogo são construídas com uma finalidade específica, matar ou ferir. Seja para
defesa pessoal, seja para caça, tiro ao alvo, enfim. Fato é que, em razão dos trâmites impostos
para sua aquisição e manutenção, seguido da sua potencialidade lesiva, a mesma ostenta
interesse no estímulo de mercado clandestino para sua circulação.
Em razão da sua potencialidade lesiva é que surge a necessidade de se fomentar o manejo
de políticas públicas para estimular o controle e a prevenção de condutas ilícitas relacionadas
às armas.
O bem juridicamente tutelado por esta lei é a incolumidade pública, uma vez que o que se
almeja com a Lei é a manutenção da tranquilidade social, com a garantia de preservação dos
bens jurídicos essenciais.
Além disso, a doutrina considera os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento como
crimes de perigo abstrato, tendo em vista que o perigo decorrente das condutas é presumido,
não havendo necessidade da ocorrência efetiva de uma lesão.
Embora tenha existido questionamentos no passado, hoje, a questão é pacífica
de que os crimes de perigo abstrato são absolutamente constitucionais, não havendo
que se falar em inconstitucionalidade dos mesmos em razão de uma (suposta) ofensa
ao princípio da lesividade. (RHC 81.057-8/SP)

Os objetos materiais do delito são as armas de fogo, acessórios e munição. De se constar


que os explosivos e os artefatos incendiários são objetos materiais nos incisos III, V e VI do §1º
do art. 16.
Para definir o conceito de arma, passamos por diversos momentos, eis que, numa
primeira vertente houve a definição de que arma era qualquer artefato sujeito a causar dano à
pessoa ou coisa.
Por arma de fogo entende-se que é aquilo capaz de disparar um ou mais projéteis em alta
velocidade através de uma ação pneumática provocada pela expansão de gases resultantes da
queima de um propelente de alta velocidade.
A regulamentação para o uso da arma de fogo encontra-se no Decreto nº. 9.847/2019.
Embora seja de intensa curiosidade pública e do alunado em geral, essas questões fogem
da alçada daquilo que é usualmente cobrado, eis que as bancas tendem a analisar as condutas
típicas e expressões contidas no texto da lei.
Por isso, a análise pormenorizada dar-se-á com relação aos tipos penais constantes da Lei
10.826/2003, bem como seus efeitos e reflexo jurídico no cenário penal.

DOS CRIMES EM ESPÉCIE


POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta,
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o
responsável legal do estabelecimento ou empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

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Trata-se de crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa). Para agir em
desacordo com a regulamentação, o agente não pode ter o registro válido da arma.
Para fins de definir a elementar "em seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o
responsável legal pelo estabelecimento”, analisa-se o contrato social, com poderes de
gerência/administração. Por sua vez, o sujeito passivo é a coletividade (sociedade).
Por "interior da residência ou dependência desta" compreende-se o imóvel habitado, com
regularidade, e as áreas agregadas, tais como quintal, jardim, garagem, edícula etc.
Aos habitantes de imóvel rural, houve a inserção de um §5º ao art. 5º (através da Lei
13.870/2019, que assim prevê:
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput
deste artigo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do
respectivo imóvel rural.

Os núcleos do tipo (manter e possuir), consubstanciam um crime permanente (aquele


cuja consumação se protrai no tempo).
Se, num mesmo contexto forem apreendidas armas, acessórios e munição, haverá crime
único.
Outro ponto de relevância que deve ser debatido, diz respeito à arma de fogo
desmuniciada e arma desmontada.

Acerca da arma desmuniciada:


a) Constatando a perícia que a arma estava apta a produzir disparos, haverá
o crime;
b) Constatando a perícia que a arma era inapta a produzir disparos, não haverá
crime por ineficácia absoluta do meio (crime impossível – art. 17, CP).

Entretanto, embora a perícia seja de extrema relevância para a comprovação


da materialidade delitiva, a jurisprudência do STJ é uníssona no sentido da
desnecessidade da perícia (AgRg no REsp 1.527.891/MG).
No que concerne à arma desmontada, deve ser analisada a facilidade para sua
montagem. Se a operação puder ser executada rápida e facilmente, haverá o crime.
Do contrário não.

Perceba-se também que a Lei traz no caput do art. 12 a figura da munição, no singular.
Porém a jurisprudência dos Tribunais Superiores já estão uniforme com a ideia de que pode ser
aplicado o princípio da insignificância para aquelas condutas que não sejam capazes de colocar
em risco o bem jurídico tutelado.

O delito aqui trazido é doloso, não havendo previsão para modalidade culposa.

A consumação se dá com a posse ou com a manutenção e o processamento pelo delito se


dá a partir de ação penal pública incondicionada. O que também acontecerá para os outros
delitos.
Questão relevante, e decidida recentemente pelo STJ, diz respeito ao registro
vencido. Pois bem. Se o proprietário, que possui o registro da arma, não o renova, e
mesmo assim possui ou mantém em depósito a arma, não estaremos diante de
crime, mas sim, de mera infração administrativa. (HC 587834 – Dje 24/08/2020).

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OMISSÃO DE CAUTELA
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que
menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência
mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que
seja de sua propriedade:
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou
diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores
que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas
primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

Entende-se que se trata de crime próprio, na medida em que as figuras previstas no caput
(crime omissivo próprio) e no parágrafo único só poderão ser praticadas pelo proprietário ou
possuidor da arma de fogo. O sujeito passivo é a coletividade e o menor ou pessoa portadora de
deficiência que, no caso do caput, apodere-se da arma.
Para a configuração do delito constante do parágrafo único, exige-se a omissão dolosa das
duas condutas, não registrar a ocorrência policial E não comunicar a Polícia Federal. Portanto,
não estará caracterizado o crime, por exemplo, se o proprietário pela empresa apenas
comunicar a polícia civil.
O crime previsto no caput é considerado culposo enquanto a figura equiparada é tratada
pela doutrina como um crime no qual a omissão deve ser dolosa, sob pena de configurar
responsabilidade penal objetiva.

PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO


Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter,
empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo


quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente.

O primeiro núcleo, portar, diz respeito ao agente que carrega a arma de maneira ostensiva,
sem o devido porte. Não é necessário que o agente tenha a arma em suas mãos, bastando que
seja fácil o seu acesso (ex.: porta luvas do veículo).
Deter, consiste no ato de conservar o objeto em seu poder, de forma momentânea, sem
ser o proprietário.
Transportar, trata-se da conduta de, irregularmente, levar a arma (desmontada e dentro
do porta malas) de um lugar para o outro.

Adquirir consiste em obtenção onerosa, enquanto receber significa entrar na posse.

Fornecer consiste no ato de entregar a outrem. Ceder, consiste no ato de passar a outra
pessoa a posse do objeto.

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Ter em depósito é o mesmo que guardar, manter armazenado, desde que o objetivo não
seja a venda.
Ter em depósito e manter sob guarda são situações distintas, eis que, na
primeira, a manutenção do objeto com o agente se dá em nome de terceiro. Como
ensina a doutrina:
“O sujeito não é o proprietário nem o possuidor do objeto material, mas por
algum motivo guarda para o seu proprietário ou detentor."

Emprestar é ceder em caráter temporário e não oneroso.


Remeter significa enviar para outro local.
Empregar é a conduta do uso sem o disparo (Ex.: arma utilizada para intimidar).
Por derradeiro, o último núcleo, trata da conduta de ocultar, que consiste em esconder
para que não seja encontrada.
Por se tratar de tipo misto alternativo, também chamado de crime de ação múltipla, uma
vez praticados mais de um verbo num mesmo contexto, haverá crime único. O mesmo raciocínio
se aplica se o indivíduo porta mais de uma arma no mesmo contexto.
Acerca da aptidão e desmuniciamento da arma, valem os mesmos regramentos daqueles
esposados no artigo 12 desta mesma Lei.
Porém, acerca da arma desmontada, sorte não assiste ao agente, já o que STJ
consolidou jurisprudência no sentido de que, sendo crime de perigo abstrato, não se
exige que a arma esteja montada e apta ao uso.

O tipo penal é doloso.


Com relação ao porte e homicídio, se a arma é utilizada exclusivamente com a
finalidade de matar, haverá absorção do crime fim. Porém, se for possível separar os
contextos, haverá concurso material. (HC 356.198, STJ).

Consigne-se, por fim, que o STF julgou inconstitucional o parágrafo único do art. 14, razão
pela qual o magistrado pode conceder fiança, bem como liberdade provisória ao preso por porte
ilegal de arma de fogo.

DISPARO DE ARMA DE FOGO


Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela,
desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro
crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.
A conduta prevista pelo dispositivo pode ser praticada por qualquer pessoa, entretanto,
ocorrerá causa de aumento de pena se a conduta for praticada por integrante das forças
armadas ou empresas descritas nos arts. 7º, 8º e 9º do Estatuto.
Ademais, o parágrafo único também foi declarado inconstitucional.
A conduta aqui prevista independe do registro da arma, bastando que ocorra o disparo ou
acionamento de munição em local habitado ou em via pública ou em sua direção.
A conduta é dolosa, não existindo previsão para modalidade culposa.
Devemos destacar duas situações envolvendo concurso de crimes. Se ocorrerem, num
mesmo contexto fático o porte de arma de uso permitido e o disparo, em razão da identidade
das penas, o último absorve o primeiro. Entretanto, se o porte é de arma de uso restrito, o
disparo é absorvido pelo art. 16.

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Havendo crime contra vida mediante disparo de arma de fogo, o crime fim absorve o crime
meio (princípio da consunção).
PORTE OU POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar,
remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar: (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de
identificação de arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins
de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial,
perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou
incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo
com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação
raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de
fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou
adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo
envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é de reclusão, de 4
(quatro) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
O crime previsto no caput deixou de ser hediondo com a vigência do pacote anticrime, eis
que no novo rol somente consta o porte ou posse de armamento de uso proibido, que são as
situações previstas no §2º.

COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO


Comércio ilegal de arma de fogo
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor
à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito
deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em
residência. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo,
acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com a
determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
quando presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

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A ideia aqui alocada tem por intuito evitar a disseminação e proliferação de armas no
mercado.
Essa conduta, que também só é punida a título de dolo, é considerada crime hediondo.

TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMAS


Tráfico internacional de arma de fogo
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território
nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição,
sem autorização da autoridade competente:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e multa. (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou entrega
arma de fogo, acessório ou munição, em operação de importação,
sem autorização da autoridade competente, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de
conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

A ideia aqui alocada tem por intuito evitar a disseminação e proliferação de armas no
mercado brasileiro, criminalizando com pena bastante grave (aumentada recentemente,
inclusive) o sujeito ativo (qualquer pessoa) que pratica esta conduta.
Essa conduta, que também só é punida a título de dolo, é considerada crime hediondo.

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA


Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada
da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso
proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é
aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
I - forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas
nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
II - o agente for reincidente específico em crimes dessa
natureza. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de
liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1)
Tratam-se de situações sem alta complexidade, que aumentam a pena do indivíduo.

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EXERCÍCIOS
1. (CESPE/ CEBRASPE – 2019 – PRF) Luizinho de Jesus, famoso bicheiro de Duque de
Caxias, região do Rio de Janeiro, durante um protesto na BR 040, altura da Vila São
Sebastião, afirmou que já havia sido preso várias vezes, apesar de não o merecer; por
isso, iria continuar chefiando o jogo. Considerava absurdo o jogo ser proibido, pois este
ajudava financeiramente muitas pessoas e apenas lhes fazia o bem. Em suas palavras,
manifestava que “o jogo do bicho deve continuar, pois este dinheiro realmente ajuda as
pessoas carentes”. Em razão de suas falas, os policiais rodoviários que acompanhavam a
manifestação às margens da rodovia federal prenderam Luizinho de Jesus em flagrante.
O bicheiro portava um revólver marca Taurus, calibre 38, sem a documentação para tal.
Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Pelo fato de Luizinho ter sido abordado e estar de posse da arma de fogo (revólver Taurus,
calibre 38), os policiais rodoviários federais não poderiam lavrar termo circunstanciado de
ocorrência.
( ) Certo ( ) Errado
A questão exige do candidato o conhecimento do procedimento a ser lavrado
em razão do crime praticado. Na espécie, não se trata de infração de menor potencial
ofensivo, já que a pena prevista para o delito em tela é de 01 a 03 anos, razão pela
qual, ao invés do Termo Circunstanciado (só aplicável para infrações com pena
máxima de até 02 anos), deveria ter sido dada voz de prisão em flagrante.

2. (CESPE/CEPRASPE – 2019 – DPE) A respeito dos delitos tipificados na legislação


extravagante, julgue o item a seguir, considerando a jurisprudência dos tribunais
superiores.
O porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, ainda que a arma esteja desmuniciada ou comprovadamente inapta a realizar
disparos, configura delito de porte ilegal de arma de fogo.
( ) Certo ( ) Errado
Nos termos da jurisprudência já consolidada dos Tribunais Superiores, o porte
da arma de fogo desmuniciada configura crime, desde que ela esteja apta a produzir
os disparos. Porém, se a perícia comprovar que a arma era inapta a produzir os
disparos, não haverá crime por se tratar de crime impossível (art. 17, CP).

3. (CESPE/ CEBRASPE – 2019 – PRF) No item a seguir é apresentada uma situação


hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada considerando-se o Estatuto do
Desarmamento, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Sistema Nacional de Políticas
Públicas sobre Drogas.
Em uma operação da PRF, foram encontradas, no veículo de Sandro, munições de arma de fogo
de uso permitido e, no veículo de Eurípedes, munições de uso restrito. Nenhum deles tinha
autorização para o transporte desses artefatos. Nessa situação, considerando-se o previsto no
Estatuto de Desarmamento, Sandro responderá por infração administrativa e Eurípedes
responderá por crime.
( ) Certo ( ) Errado

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Tanto a posse de arma quanto a de munição, sejam de uso permitido ou


restrito, configuram infrações penais, pois submetem o agente a uma pena.
Independentemente da capitulação, portanto, das condutas de cada indivíduo,
haverá, em ambos os casos, a ocorrência de crimes.

4. (CESPE/CEPRASPE – 2019 – PC-SE) Julgue o item seguinte, referente a crimes de trânsito


e a posse e porte de armas de fogo, de acordo com a jurisprudência e legislação
pertinentes.
O porte de arma de fogo de uso permitido sem autorização, mas desmuniciada, não configura o
delito de porte ilegal previsto no Estatuto do Desarmamento, tendo em vista ser um crime de
perigo concreto cujo objeto jurídico tutelado é a incolumidade física.
( ) Certo ( ) Errado
A conduta de portar arma desmuniciada com capacidade de produzir disparos,
segundo entendimento uníssono dos Tribunais Superiores, configura crime. Isso
porque, o simples fato de a mesma estar desmuniciada não impede que a qualquer
momento ela seja carregada e, aí sim, possa produzir um resultado danoso. Ademais,
vale ressaltar que os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento são crimes de
perigo abstrato, onde não se exige a ocorrência de um efetivo dano ao bem jurídico.

5. Em cada item que segue, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva
a ser julgada.
Samuel disparou, sem querer, sua arma de fogo em via pública. Nessa situação, ainda que o
disparo tenha sido de forma acidental, culposamente, Samuel responderá pelo crime de disparo
de arma de fogo, previsto no Estatuto do Desarmamento.
( ) Certo ( ) Errado
O crime descrito no artigo 15 do Estatuto do Desarmamento não possui
previsão de conduta culposa. Dessa forma, só se admite sua punição a título de dolo.

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GABARITO
1. C
2. E
3. E
4. E
5. E

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SUMÁRIO
LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO – LEI Nº 9.613/98 ....................................................................................... 2
1. ASPECTOS RELEVANTES ........................................................................................................................ 2
1.1. NOÇÕES GERAIS ............................................................................................................................ 2
1.2. REDAÇÃO ATUAL – APLICADA PELA LEI 12.683/2012 ..................................................................... 3
1.3. BEM JURÍDICO TUTELADO E CLASSIFICAÇÕES DO DELITO .............................................................. 3
1.4. AÇÃO PENAL.................................................................................................................................. 4
2. REGRAS PROCESSUAIS.......................................................................................................................... 4
2.1. ASPECTOS IMPORTANTES RELACIONADOS À INFRAÇÃO ANTECEDENTE ......................................... 5
3. EFEITOS DA CONDENAÇÃO................................................................................................................... 5
4. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS ................................................................................................................. 6

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LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO – LEI Nº 9.613/98


1. ASPECTOS RELEVANTES
1.1. NOÇÕES GERAIS
A Lei de Lavagem de Dinheiro ou de Capitais, foi criada no ano de 1998 e surgiu com o
intuito de evitar qualquer tipo de movimentação que tivesse por objetivo a transformação de
valores, bens ou direitos provenientes de atos ilícitos em ativos lícitos.

Em resumo, para que ocorra a lavagem de dinheiro. (também denominado de crime


acessório ou parasitário), é preciso que exista uma infração antecedente (segundo a doutrina,
esta infração prévia deve ser denominada PRODUTORA DE VALORES). Após esta infração
antecedente, tem-se a tentativa de tornar lícito o produto (bens, direitos ou valores) desta
infração.

Todavia, a redação originária trazia um rol taxativo de infrações antecedentes


suscetíveis de serem produtoras de lavagem de dinheiro.

Fato é que se percebeu que havia um número indiscriminado de condutas que poderiam
gerar produtos ilícitos e estas condutas não faziam parte do rol do art. 1º da Lei 9.613/98.

E foi neste contexto que a Lei 12.683/2012 abandonou a taxatividade do rol até então
existente e trouxe um gênero mais amplo, considerando agora, como infração antecedente
apta a produzir a lavagem de dinheiro qualquer infração penal (a infração penal é gênero, da
qual são espécies o crime e a contravenção penal).

Antes de examinar propriamente as questões envolvendo a lavagem de


capitais, é importante destacar que a doutrina trabalha com gerações da lavagem
de dinheiro.

- A 1ª geração e mais restritiva, é aquela que considera como infração


antecedente somente o tráfico de drogas.

- A 2ª geração, por sua vez, é aquela que apresenta um rol um pouco mais
flexível, apresentando outras infrações suscetíveis de serem consideradas crimes
antecedentes (como era a redação originária da Lei 9.613/98).

- Por última a 3ª geração da lavagem de dinheiro é aquela em que a Lei pune


as condutas antecedentes produtoras, considerando, para tanto, tanto crime,
quanto contravenção penal. Esta é, inclusive, a geração que a nossa atual redação
da Lei de Lavagem de Capitais pertence.

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1.2. REDAÇÃO ATUAL – APLICADA PELA LEI 12.683/2012


A redação atual assim dispõe:
Art. 1o Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou
valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa.
§ 1o Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a
utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração
penal: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
I - os converte em ativos lícitos;
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia,
guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere;
III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos
verdadeiros.
§ 2o Incorre, ainda, na mesma pena quem: (Redação dada pela
Lei nº 12.683, de 2012)
I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou
valores provenientes de infração penal; (Redação dada pela Lei
nº 12.683, de 2012)
II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento
de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de
crimes previstos nesta Lei.
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14
do Código Penal.
§ 4o A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes
definidos nesta Lei forem cometidos de forma reiterada ou por
intermédio de organização criminosa. (Redação dada pela Lei
nº 12.683, de 2012)
§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida
em regime aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de
aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de
direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar
espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos
que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos
autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos
ou valores objeto do crime. (Redação dada pela Lei nº 12.683,
de 2012)
§ 6º Para a apuração do crime de que trata este artigo, admite-se a
utilização da ação controlada e da infiltração de agentes.

1.3. BEM JURÍDICO TUTELADO E CLASSIFICAÇÕES DO DELITO


O bem jurídico tutelado pela norma é a Administração da Justiça e a Ordem
Socioeconômica.
O crime de lavagem de dinheiro é um crime comum, podendo ser praticado por qualquer
pessoa, não se exigindo condição específica do agente. Noutro giro, o sujeito passivo reveste-
se pela coletividade.
A conduta só se pratica mediante dolo, inexistindo previsão para sua modalidade
culposa. Ressalve-se que se admite a figura do dolo eventual, pelo que se adota a teoria da
cegueira deliberada (willfull blindness).

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A doutrina sugere 3 etapas de acontecimento do delito:

1) Colocação (placement/colocación): aqui, o agente, de posse do produto ou


proveito da infração antecedente, inicia a prática de condutas visando a inserção
dos valores criminosos na economia formal.
2) Ocultação (layering/encubrimiento): trata-se da fase de dissimulação, pois
é neste momento em que o agente emprega sua habilidade para não ser
descoberto.
3) Integração (integration/blanqueo): é o final do processo. É o momento em
que os recursos ilícitos já ostentam aparência de licitude e são recolocados no
mercado.

Importante destacar que não há a necessidade do agente praticar as


três etapas. Basta praticar uma delas, tendo ciência da ilicitude da origem
dos valores que a infração estará consumada.

Merece destaque também a disposição que prevê aumento de pena de 1 a 2/3 para casos
em que o crime é praticado de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.

Por fim, o parágrafo 5º, prevê a possibilidade de redução da pena pela delação premiada,
prevendo que a pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime
aberto ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a
qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe
colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que
conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e
partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.

A colaboração deve ser efetiva!

Por derradeiro, o pacote anticrime inseriu o §6º na Lei 9613/98, prevendo agora, a
possibilidade para utilização da Ação Controlada e da infiltração de agentes (requisitos das
modalidades previstos na Lei 12.850/2013).

1.4. AÇÃO PENAL


A ação penal para os delitos de lavagem de dinheiro é pública incondicionada.

2. REGRAS PROCESSUAIS
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:
I – obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos
crimes punidos com reclusão, da competência do juiz singular;
II - independem do processo e julgamento das infrações penais
antecedentes, ainda que praticados em outro país, cabendo ao juiz
competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a
unidade de processo e julgamento;
III - são da competência da Justiça Federal:
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem
econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou
interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas;

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b) quando a infração penal antecedente for de competência da


Justiça Federal.
Nos termos do art. 2º da Lei de Lavagem, o procedimento adotado deve ser o do CPP
(aplicação analógica).
Ademais, em que pese o crime de lavagem de dinheiro tenha estrita relação com o delito
antecedente, tendo em vista que é ele quem promove o ganho de um lucro indevido, os
mesmos não precisam ser processados em conjunto (teoria da acessoriedade limitada).
Avançando aos critérios de competência, vale ressaltar que, como regra, os feitos serão
processados perante a Justiça Estadual, deslocando-se a competência à Justiça Federal apenas
na hipótese inserida no art. 2º, III, "a”e "b”da Lei em Estudo.

2.1. ASPECTOS IMPORTANTES RELACIONADOS À INFRAÇÃO


ANTECEDENTE
Como visto, é corolário da existência do crime de Lavagem de Dinheiro a existência de
uma infração antecedente, porém, fica o questionamento: A absolvição do agente pelo fato
anterior, gera a atipia do crime de lavagem?

A resposta é: DEPENDE!

Isso porque, se a absolvição do agente, relativamente ao fato antecedente deu-se em


razão de inexistência do fato (causa excludente de fato típico ou de ilicitude), não poderá se
falar em crime posterior de lavagem.
Porém, se o agente for isento de pena no fato anterior (causa que afasta a culpabilidade),
poderá haver a punição pela lavagem de dinheiro. Mesmo raciocínio que se aplica para a
hipótese de extinção da punibilidade pelo fato anterior. Esta não obsta a punição por lavagem
de capitais.

3. EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código
Penal:
I - a perda, em favor da União - e dos Estados, nos casos de
competência da Justiça Estadual -, de todos os bens, direitos e
valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes
previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a
fiança, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-
fé; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012)
II - a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer
natureza e de diretor, de membro de conselho de administração ou
de gerência das pessoas jurídicas referidas no art. 9º, pelo dobro do
tempo da pena privativa de liberdade aplicada.
§ 1o A União e os Estados, no âmbito de suas competências,
regulamentarão a forma de destinação dos bens, direitos e valores
cuja perda houver sido declarada, assegurada, quanto aos processos
de competência da Justiça Federal, a sua utilização pelos órgãos
federais encarregados da prevenção, do combate, da ação penal e
do julgamento dos crimes previstos nesta Lei, e, quanto aos
processos de competência da Justiça Estadual, a preferência dos
órgãos locais com idêntica função. (Incluído pela Lei nº
12.683, de 2012)
§ 2o Os instrumentos do crime sem valor econômico cuja perda em
favor da União ou do Estado for decretada serão inutilizados ou

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doados a museu criminal ou a entidade pública, se houver interesse


na sua conservação.

Os efeitos decorrentes da condenação transitada em julgado consistem na perda integral


dos bens, valores e direitos, que serão destinados em prol da União ou dos Estados, a
depender da competência.
Além disso, haverá a interdição/impossibilidade para exercer cargo, emprego ou função
pública de qualquer natureza e, ainda, a função de administrador ou diretor das empresas
destacadas no art. 9º. pelo DOBRO do prazo da pena privativa de liberdade.

4. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS
Vale destacar que o texto da Lei prevê pela possibilidade da realização de medidas
assecuratórias. Registre-se, que são as mesmas inseridas na Lei Processual Penal (arresto,
sequestro, especialização de hipoteca legal).
Para tanto, nosso destaque fica por conta de que essas medidas, relativamente à Lei de
Lavagem de Capitais serão deferidas pelo juiz, que, inclusive poderá deferi-las de ofício ou a
partir de representação/requerimento do membro do Ministério Público ou da Autoridade
policial.

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SUMÁRIO
LEI DE TORTURA – LEI Nº 9.455/97 .............................................................................................................. 2
1. NOÇÕES GERAIS ................................................................................................................................... 2
2. CARACTERÍSTICAS GERAIS .................................................................................................................... 3
2.1. BEM JURÍDICO ............................................................................................................................... 3
2.2. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO ........................................................................................ 3
2.3. PRESCRIÇÃO .................................................................................................................................. 3
2.4. HEDIONDEZ ................................................................................................................................... 3
3. AÇÃO PENAL, CONDUTA E SUJEITOS DA INFRAÇÃO .............................................................................. 3
4. CRIMES EM ESPÉCIE ............................................................................................................................. 4
4.1. TORTURA PROVA/CONFISSÃO ....................................................................................................... 4
4.2. TORTURA CRIME ........................................................................................................................... 4
4.3. TORTURA DISCRIMINATÓRIA/PRECONCEITO ................................................................................. 5
4.4. TORTURA CASTIGO/PUNITIVA/PENA ............................................................................................. 6
4.5. TORTURA POR EQUIPARAÇÃO ....................................................................................................... 6
4.6. TORTURA OMISSÃO....................................................................................................................... 7
5. QUALIFICADORAS - ART. 1°, §3°............................................................................................................ 7
6. EFEITOS DA CONDENAÇÃO - ART. 1º, §5°, §6° E §7° .............................................................................. 8
7. EXTRATERRITORIALIDADE - ART. 2º ...................................................................................................... 9

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LEI DE TORTURA – LEI Nº 9.455/97


1. NOÇÕES GERAIS
Nossa Constituição Federal é um importante livro no aspecto de vetar, a todo custo, a
tortura. Ela não define nem conceitua diretamente a conduta, porém, determina que a Lei tem
essa incumbência, conforme abaixo.

Art. 5º, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento


desumano ou degradante;

Ainda, temos a previsão:

Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis


de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Como mencionado, a CF não trouxe em seu corpo a definição do que seria a tortura,
razão pela qual, a doutrina nominou de mandado de criminalização, na medida em que a
Constituição "impõe" que a Lei defina a tortura.

Ao avaliar topograficamente a lei de tortura, embora possamos avaliar vários aspectos e


discussões penais e processuais acerca da mesma, esta possui apenas 4 artigos. Sendo que
apenas os dois primeiros possuem relevância e conteúdo significativo.

No art. 1º veremos efetivamente os crimes, eis que o mesmo encontra-se assim


fragmentado:

Art. 1º:
 Inciso I: Tortura Prova, Tortura Crime e Tortura Discriminatória;

 Inciso II: Tortura Castigo.

 §1º: Tortura por Equiparação.

 §2º: Tortura Omissão.

 §3º: Qualificadoras.

 §4º: Causas de Aumento de Pena

 §5º: Consequências Criminais

Art. 2º:
 Extraterritorialidade.

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2. CARACTERÍSTICAS GERAIS
2.1. BEM JURÍDICO
O bem jurídico tutelado pela Lei 9.455/97, é a dignidade da pessoa humana, sendo mais
específico a proteção deste valor relacionado à integridade física e psíquica do indivíduo.

2.2. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO


A competência para julgamento dos crimes de tortura é, como regra, da Justiça Comum
Estadual. Ressalve-se a possibilidade de deslocamento de competência para a Justiça Federal
caso ocorra alguma das hipóteses mencionadas no art. 109, da CF.
Acerca do crime praticado por militar, deve ser enfatizado que, com a reforma
trazida pela Lei 13.491/2017, se a tortura for praticada por militar no exercício de
suas funções, a competência será da Justiça Militar (ou Castrense).

2.3. PRESCRIÇÃO
O crime de tortura é prescritível, ou seja, pode prescrever. Aplicam-se os prazos
prescricionais previstos no Código Penal. Os únicos crimes imprescritíveis no nosso
ordenamento jurídico são (art. 5, XLII e XLIV CF):
 Racismo;
 Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
Estado Democrático.

O que é imprescritível relativamente à tortura é a ação de reparação por
danos morais a ser ajuizada no âmbito civil, ajuizadas em decorrência de atos de
tortura cometidos durante o Regime Militar.

2.4. HEDIONDEZ
Os crimes comissivos (praticados mediante uma ação) da Lei de Tortura (art. 1, I, II e
§1°) são equiparados a hediondos.
A ressalva fica por conta da tortura por omissão, prevista no art. 1º, §2° da presente lei,
que não é considerado equiparado a hediondo.

3. AÇÃO PENAL, CONDUTA E SUJEITOS DA INFRAÇÃO


Antes de adentrarmos à análise específica dos crimes em espécie, vale o destaque de
que, em todas as formas de tortura, a ação penal deverá ser pública incondicionada.

No caso dos crimes da Lei de Tortura, todos serão cometidos mediação ação (conduta
comissiva), exceto o crime do art. 1, §2°, o qual exigirá omissão por parte do sujeito ativo.

Ademais, os tipos penais descritos nesta lei somente são praticados mediante dolo,
inexistindo previsão para a figura culposa.

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Não obstante, para os delitos do art. 1°, I (a, b, c) e II (tortura/ castigo) exige-se, além do
simples dolo, a presença de dolo específico.

Os crimes de Tortura previstos no art. 1°, inciso I (a, b, c), são classificados como
comuns, ou seja, qualquer pessoa poderá praticá-los.

Noutro giro, as condutas previstas no art. 1°, II (tortura castigo), §1° (tortura por
equiparação) e §2° (tortura omissão) da Lei, segundo a posição majoritária, são classificados
como próprios, na medida em que é necessária uma condição especial do agente.

O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa.

4. CRIMES EM ESPÉCIE
4.1. TORTURA PROVA/CONFISSÃO

Art. 1º Constitui crime de tortura:


I-Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,
causando-lhe sofrimento físico ou mental
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa;
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

O núcleo do tipo é “constranger” alguém, ou seja, obrigar, forçar, compelir alguém. Além
disso, esse constrangimento será exercido mediante o emprego de violência (violência física
ou própria) ou grave ameaça (violência moral).

O emprego da violência ou grave ameaça deve ter a aptidão de causar sofrimento físico
(violência) ou mental (grave ameaça) na vítima. Como exemplo de sofrimento físico, temos
desde vias de fato, lesão corporal e até homicídio. Como exemplo de sofrimento mental, temos
situações de extrema angústia, medo ou abalo psicológico.

A tortura prova consiste no ato de constranger alguém, mediante o emprego de violência


ou grave ameaça, causando sofrimento físico ou mental, a lhe fornecer informação, declaração
ou confissão.

Aqui existe a finalidade específica de obter informação, declaração ou confissão.

O crime é formal e se consuma no exato momento em que o agente é constrangido


mediante violência ou grave ameaça.

4.2. TORTURA CRIME


Art. 1º Constitui crime de tortura:
I-Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,
causando-lhe sofrimento físico ou mental
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

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A tortura crime consiste na conduta do agente que constrange/coage alguém, mediante


o emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, para que
este terceiro pratique uma conduta criminosa.

Exige-se a finalidade específica em torturar o agente para que ele pratique um ato ilícito.

O crime se consuma no exato momento em que é empregada a violência ou grave


ameaça, resultando no sofrimento físico ou mental à vítima, sendo considerado um crime
formal.

Registre-se que a conduta é criminalizada quando a tortura é empregada para fins de


que o agente pratique um crime. Se o indivíduo for torturado para praticar contravenção, não
há que se falar em crime de tortura.

Ainda, se a coação tiver como objetivo a prática de ato infracional análogo a algum
crime, estaremos diante da tortura.

4.3. TORTURA DISCRIMINATÓRIA/PRECONCEITO


Art. 1º Constitui crime de tortura:
I-Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,
causando-lhe sofrimento físico ou mental
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Aqui temos a conduta do agente que constrange alguém, mediante o emprego de


violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, em razão de
discriminação racial ou religiosa.

Aqui, diferentemente do que acontece nas modalidades anteriores, o agente não exige
que a vítima adote qualquer tipo de conduta (ação ou omissão). A tortura acontece em razão
da discriminação racial ou religiosa.

De qualquer forma, sempre deve existir a específica motivação discriminatória, seja


racial, seja religiosa.

Essa modalidade de tortura somente existe nas hipóteses previstas na alínea


“c”, que são situações envolvendo "discriminação racial ou religiosa". Havendo
tortura por outro tipo de discriminação (em razão de idade, sexo, orientação sexual
etc) não haverá o crime de tortura, por não se admitir o emprego da Analogia in
mallam partem..

A conduta aqui prevista se consuma no momento em que é empregada a violência ou


grave ameaça, resultando no sofrimento físico ou mental à vítima. Para alguns trata-se de
crime formal (a finalidade discriminatória não precisa ser atingida).

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4.4. TORTURA CASTIGO/PUNITIVA/PENA

Art. 1º Constitui crime de tortura:


II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico
ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de
caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Nesta modalidade de tortura, vemos a conduta do agente que submete alguém que
esteja sob sua guarda/poder/autoridade, mediante o emprego de violência ou grave ameaça, a
intenso sofrimento físico ou mental, com o intuito de castiga-lo ou aplicar-lhe medida de
caráter preventivo.

Por evidente que se trata de crime doloso. Porém, perceba que aqui também identifica-
se o dolo específico do agente, na medida em que a tortura é aplicada com a finalidade de
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Aqui, diferentemente das hipóteses constantes do inciso I, exige-se um intenso


sofrimento físico ou mental. Dessa forma, teremos a provocação de um sofrimento profundo,
além da média (a qual, na prática, é de difícil diferenciação para com a espécie de sofrimento
prevista no inciso anterior).

A discussão que se instaura sobre o tema às diferenças entre o crime de


tortura castigo e o delito de maus-tratos, previstos no artigo 136 do CP.

Em resumo, na conduta de maus tratos, há excesso nos meios de correção,


sem, contudo, existir o dolo de torturar.

Aqui estamos diante de um crime próprio, ou seja, na medida em que só pode ser autor
do fato aquele detentor da guarda, poder ou autoridade sobre alguém. O sujeito passivo
também depende de uma situação especial, pois é aquele que está sob guarda, poder ou
autoridade de outrem. Por essas condições, alguns doutrinadores trazem a nomenclatura de
crime bipróprio.

O crime se consuma no momento em que a vítima, a qual se encontra sob a guarda,


poder ou autoridade do agente, é submetida, mediante violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental como forma de imposição de castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo. Diferentemente das outras modalidades, aqui, estamos diante de um crime
material.

4.5. TORTURA POR EQUIPARAÇÃO


§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita
a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
de medida legal.

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Na tortura por equiparação temos a conduta do agente que submete pessoa presa ou
sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, mediante a prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Cuidado! Para que seja tipificada a tortura por equiparação a pessoa presa
deve cumprir uma prisão de ordem LEGAL. Em se tratando de prisão ilegal
estaremos diante de outras condutas.

Quanto ao sujeito ativo, apesar de haver divergência doutrinária, a banca CESPE adotou
posicionamento de que se trata de crime próprio, pois só pode ser praticado pelo servidor que
é responsável pelos detentos. O sujeito passivo é o preso ou a pessoa submetida à medida de
segurança.

O crime é consumado no momento em que a vítima, que se encontra presa ou sujeita a


medida de segurança, é submetida a sofrimento físico ou mental trata-se, por evidente, de
crime material.

4.6. TORTURA OMISSÃO

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o


dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um
a quatro anos.

No crime de tortura omissão é descrita a conduta do agente que se omite em face de


qualquer das modalidades de tortura previstas no art. 1, I, II ou §1°, quando tinha o dever de
evitá-las ou de apura-las. Para a caracterização do delito por equiparação é necessário que um
terceiro tenha dado início à execução de um crime de tortura e, enquanto a conduta criminosa
ocorria, o agente, que tinha o dever de evitá-la e podendo evitá-la, nada tenha feito para
impedi-la. A segunda possibilidade diz respeito ao agente que nada fez para apurar uma
tortura anteriormente praticada.
A pena do crime é mais branda se comparada com as figuras dos incisos do art. 1º e §1º,
pois para a tortura omissão a pena é de detenção (a única) de 1 a 4 anos. O crime é omissivo e
pelo entendimento que prevalece não é considerado hediondo.

5. QUALIFICADORAS - ART. 1°, §3°


§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a
pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a
reclusão é de oito a dezesseis anos.

Para que ocorra a forma qualificada do delito é imperioso que o resultado ocorra a título
de culpa (delito preterdoloso). O dolo específico é de torturar, porém, por descuido do agente,
ocorre lesão corporal grave ou gravíssima ou o óbito.

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Se do ato de tortura resulta lesão leve, não haverá a incidência da


qualificadora, posicionando-se a doutrina e os Tribunais no sentido de que a lesão
leve resta absorvida.

Não podemos confundir que, caso o agente se utilize da tortura como um


meio para a prática do crime de homicídio, o mesmo responderá por homicídio
qualificado pela tortura (art. 121, §2°, III CP). Para não correr o risco de errar,
deve se identificar qual era o dolo do agente.

Outro ponto importante que tem prevalecido é o de agente que inicia uma conduta com
o dolo de torturar mas, posteriormente resolve matar a vítima. Prevalece o entendimento de
que o agente responderá por crime de tortura (simples) em concurso material com o delito de
homicídio (art. 121 CP), na medida em que se tratam de condutas isoladas, que ofendem bens
jurídicos distintos.

As qualificadoras podem ser aplicadas a todos os crimes da Lei de Tortura.

6. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – ART. 1º, §4°


§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II - se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro.

As causas de aumento, cuja incidência deve recair na terceira fase da dosimetria, são de
redação simples e de fácil aplicação.

Elas podem ser aplicadas em todas as figuras delitivas, inclusive na tortura qualificada.

Relativamente ao inciso I, o conceito de agente público é emprestado do art. 327 do CP,


considerando-se todo aquele que exerce emprego, cargo ou função pública, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração.

Nas hipóteses descritas no inciso II, é imprescindível que o agente tenha ciência da idade
do agente ou da condição de gestante da vítima.

6. EFEITOS DA CONDENAÇÃO - ART. 1º, §5°, §6° E §7°


§5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego
público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da
pena aplicada.

A consequência aqui apontada é um efeito automático, sendo desnecessária qualquer


menção por parte do juiz. Vale a leitura do texto da lei para não incorrer em erro sobre o
prazo de interdição para o exercício do cargo, função ou emprego público.

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Mas, para que ocorra a aplicação deste efeito, o crime deverá ter sido praticado no
exercício de função pública ou em razão da função.

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou


anistia.

Os benefícios cuja concessão são vedadas estão elencadas também na Lei 8.072/90 que
veda a concessão do indulto. Embora a Lei de Tortura não faça menção expressa, o
entendimento é que intrinsicamente o indulto também não pode ser concedido.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do §


2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Sobre este artigo, temos sua revogação tácita eis que declarado inconstitucional pelo
STF no HC 111840 pois fere o princípio constitucional da individualização da pena, na medida
em que o magistrado é o responsável pela aplicação da pena, e não o legislador.

7. EXTRATERRITORIALIDADE - ART. 2º
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não
tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima
brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição
brasileira.

Aqui, vemos outra hipótese de extraterritorialidade, além daquelas previstas na Lei


Penal. Assim, poderá ser aplicada a Lei de Tortura, mesmo que o fato tenha ocorrido no
estrangeiro, se a vítima for brasileira ou se o agente encontrar-se em local sob a jurisdição
brasileira. Não a há a necessidade do preenchimento de nenhuma condição específica, sendo
denominada, portanto, de extraterritorialidade incondicionada.

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SUMÁRIO
LEI 12.846/2013 – LEI ANTICORRUPÇÃO ...................................................................................................... 2
1. NOÇÕES GERAIS ................................................................................................................................... 2
2. DISPOSIÇÕES INICIAIS........................................................................................................................... 2
3. ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (NACIONAL OU ESTRANGEIRA) ......................................... 3
3.1. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS ......................................................................................................... 4
3.2. SANÇÕES CIVIS .............................................................................................................................. 5
4. ACORDO DE LENIÊNCIA ........................................................................................................................ 6

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LEI 12.846/2013 – LEI ANTICORRUPÇÃO


1. NOÇÕES GERAIS
Trata-se de legislação genuinamente moderna, que surgiu no cenário jurídico no intuito
de apresentar novos quadros de punição nos âmbitos civil e administrativo relativamente à
pessoa jurídica que pratique atos ilícitos em detrimento da Administração Pública, seja no
Brasil ou no estrangeiro.

Assim, esta lei trouxe em seu corpo importantes mecanismos de punição com o claro
intuito de blindar a Administração Pública de qualquer ato ilícito bem como aplicando graves
sanções às Pessoas Jurídicas.

2. DISPOSIÇÕES INICIAIS
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos
contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades
empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não,
independentemente da forma de organização ou modelo societário
adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades
ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou
representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de
direito, ainda que temporariamente.
Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente,
nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta
Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.
Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a
responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores
ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato
ilícito.
§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da
responsabilização individual das pessoas naturais referidas no
caput .
§ 2º Os dirigentes ou administradores somente serão
responsabilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade.
Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de
alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão
societária.
§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade da
sucessora será restrita à obrigação de pagamento de multa e
reparação integral do dano causado, até o limite do patrimônio
transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas
nesta Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos antes da data da
fusão ou incorporação, exceto no caso de simulação ou evidente
intuito de fraude, devidamente comprovados.
§ 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no
âmbito do respectivo contrato, as consorciadas serão
solidariamente responsáveis pela prática dos atos previstos nesta
Lei, restringindo-se tal responsabilidade à obrigação de pagamento
de multa e reparação integral do dano causado.

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Iniciando, a lei labora em modalidade excepcional do ordenamento jurídico, pois


considera a responsabilidade da empresa que lesa a Administração Pública como objetiva.
Além disso, são suscetíveis de serem responsabilizados nos termos desta Lei qualquer
modalidade de empresa.

Ademais, consta que a responsabilização da PJ será independente da responsabilização


individual dos seus dirigentes, sócios, administradores ou de qualquer pessoa natural, autora,
coautora ou partícipe do ilícito. Assim, não se avaliará a ocorrência de dolo ou culpa pela
Pessoa Jurídica, bastando que fique demonstrada a ocorrência da conduta ilícita.

A responsabilidade da pessoa jurídica será mantida mesmo que promova alteração


contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão societária. A ideia é justamente evitar
qualquer tipo de fraude envolvendo a empresa com o intuito de seguir praticando ato ilícito
ou possibilitar que uma nova empresa, em continuação, prossiga na prática de crimes.

3. ATOS LESIVOS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (NACIONAL OU


ESTRANGEIRA)
Art. 5º Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou
estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas
pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1º , que
atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro,
contra princípios da administração pública ou contra os
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos:
I - prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem
indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada;
II - comprovadamente, financiar, custear, patrocinar ou de qualquer
modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
III - comprovadamente, utilizar-se de interposta pessoa física ou
jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a
identidade dos beneficiários dos atos praticados;
IV - no tocante a licitações e contratos:
a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer
outro expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório
público;
b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de
procedimento licitatório público;
c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou
oferecimento de vantagem de qualquer tipo;
d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;
e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para
participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo;
f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de
modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório
da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou
g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos
contratos celebrados com a administração pública;
V - dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos,
entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive
no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do
sistema financeiro nacional.

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§ 1º Considera-se administração pública estrangeira os órgãos e


entidades estatais ou representações diplomáticas de país
estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as
pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
público de país estrangeiro.
§ 2º Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração pública
estrangeira as organizações públicas internacionais.
§ 3º Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta Lei,
quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerça
cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou
em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como em
pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
público de país estrangeiro ou em organizações públicas
internacionais.

Percebe-se que o ato denominado lesivo é todo aquele que interfira, de alguma forma, no
bom andamento de um processo/procedimento público ou que tenha por intuito desvirtuá-lo.

O foco principal é garantir ao cidadão a eficiência que se espera de um serviço público,


sem nenhuma mácula.

3.1. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS


Na hipótese de sanções administrativas, duas são as formas: a primeira, é a multa, e a
outra é a publicação da decisão condenatória.

Art. 6º Na esfera administrativa, serão aplicadas às pessoas


jurídicas consideradas responsáveis pelos atos lesivos previstos
nesta Lei as seguintes sanções:
I - multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por
cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao da
instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a
qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível
sua estimação; e
II - publicação extraordinária da decisão condenatória.
§ 1º As sanções serão aplicadas fundamentadamente, isolada ou
cumulativamente, de acordo com as peculiaridades do caso
concreto e com a gravidade e natureza das infrações.
§ 2º A aplicação das sanções previstas neste artigo será precedida
da manifestação jurídica elaborada pela Advocacia Pública ou pelo
órgão de assistência jurídica, ou equivalente, do ente público.
§ 3º A aplicação das sanções previstas neste artigo não exclui, em
qualquer hipótese, a obrigação da reparação integral do dano
causado.
§ 4º Na hipótese do inciso I do caput , caso não seja possível utilizar
o critério do valor do faturamento bruto da pessoa jurídica, a multa
será de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00 (sessenta
milhões de reais).
§ 5º A publicação extraordinária da decisão condenatória ocorrerá
na forma de extrato de sentença, a expensas da pessoa jurídica, em
meios de comunicação de grande circulação na área da prática da
infração e de atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em
publicação de circulação nacional, bem como por meio de afixação

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de edital, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias, no próprio


estabelecimento ou no local de exercício da atividade, de modo
visível ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial de
computadores.
§ 6º (VETADO).
Art. 7º Serão levados em consideração na aplicação das sanções:
I - a gravidade da infração;
II - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;
III - a consumação ou não da infração;
IV - o grau de lesão ou perigo de lesão;
V - o efeito negativo produzido pela infração;
VI - a situação econômica do infrator;
VII - a cooperação da pessoa jurídica para a apuração das
infrações;
VIII - a existência de mecanismos e procedimentos internos de
integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a
aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da
pessoa jurídica;
IX - o valor dos contratos mantidos pela pessoa jurídica com o órgão
ou entidade pública lesados; e
X - (VETADO).
Parágrafo único. Os parâmetros de avaliação de mecanismos e
procedimentos previstos no inciso VIII do caput serão estabelecidos
em regulamento do Poder Executivo federal.

As sanções aqui previstas podem ser aplicadas de maneira individual ou coletiva,


levando sempre em consideração a gravidade do ato.

Ainda, acerca do processo administrativo para a apuração destes atos, vale destacar que
o processo será conduzido por 02 ou mais servidores estáveis na carreira, assegurado o prazo
de 30 dias para defesa da empresa e, além disso, os servidores deverão concluir o processo
em 180 dias, ressalvada possibilidade de prorrogação mediante ato fundamentado do órgão
instaurador.
3.2. SANÇÕES CIVIS
Avançando às sanções civis, estas somente poderão ser decretadas em procedimento
judicial.

Notaremos também que a punição na esfera administrativa não afasta a possibilidade de


punição na esfera judicial.

Art. 18. Na esfera administrativa, a responsabilidade da pessoa


jurídica não afasta a possibilidade de sua responsabilização na
esfera judicial.
Art. 19. Em razão da prática de atos previstos no art. 5º desta Lei, a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por meio das
respectivas Advocacias Públicas ou órgãos de representação
judicial, ou equivalentes, e o Ministério Público, poderão ajuizar
ação com vistas à aplicação das seguintes sanções às pessoas
jurídicas infratoras:
I - perdimento dos bens, direitos ou valores que representem
vantagem ou proveito direta ou indiretamente obtidos da infração,
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;

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II - suspensão ou interdição parcial de suas atividades;


III - dissolução compulsória da pessoa jurídica;
IV - proibição de receber incentivos, subsídios, subvenções, doações
ou empréstimos de órgãos ou entidades públicas e de instituições
financeiras públicas ou controladas pelo poder público, pelo prazo
mínimo de 1 (um) e máximo de 5 (cinco) anos.
§ 1º A dissolução compulsória da pessoa jurídica será determinada
quando comprovado:
I - ter sido a personalidade jurídica utilizada de forma habitual
para facilitar ou promover a prática de atos ilícitos; ou
II - ter sido constituída para ocultar ou dissimular interesses ilícitos
ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados.
§ 2º (VETADO).
§ 3º As sanções poderão ser aplicadas de forma isolada ou
cumulativa.
§ 4º O Ministério Público ou a Advocacia Pública ou órgão de
representação judicial, ou equivalente, do ente público poderá
requerer a indisponibilidade de bens, direitos ou valores necessários
à garantia do pagamento da multa ou da reparação integral do
dano causado, conforme previsto no art. 7º , ressalvado o direito do
terceiro de boa-fé.
Art. 20. Nas ações ajuizadas pelo Ministério Público, poderão ser
aplicadas as sanções previstas no art. 6º , sem prejuízo daquelas
previstas neste Capítulo, desde que constatada a omissão das
autoridades competentes para promover a responsabilização
administrativa.
Art. 21. Nas ações de responsabilização judicial, será adotado o rito
previsto na Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
Parágrafo único. A condenação torna certa a obrigação de reparar,
integralmente, o dano causado pelo ilícito, cujo valor será apurado
em posterior liquidação, se não constar expressamente da sentença.

Tais sanções, da mesma forma que as sanções administrativas, podem ser aplicadas de
maneira isoladas ou cumulativas.

4. ACORDO DE LENIÊNCIA
Vale destacar também a previsão do acordo de leniência, que é uma hipótese de
colaboração da empresa com o intuito de auxiliar nas investigações.
De acordo com a redação do art. 16, é preciso que da colaboração resulte a identificação
dos demais envolvidos, se for o caso e a obtenção célere de informações e documentos que
comprovem o ilícito sob apuração.
Tal acordo somente será permitido se preenchidos os seguintes requisitos (que são
cumulativos):

a) a pessoa jurídica deve ser a primeira a se manifestar sobre o seu interesse em


cooperar para apurar o ilícito;

b) a pessoa jurídica deve cessar seu envolvimento na infração investigada;


c) a pessoa jurídica deve assumir sua participação no ilícito e participar e colaborar de
maneira plena com as investigações, comparecendo, às suas custas, a todos os atos
processuais, até seu encerramento.

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Como consequência, a celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das


sanções administrativas e reduzirá em até 2/3 o valor da multa aplicável.
Registre-se que o acordo não afasta a responsabilidade de reparar o dano.

A proposta de acordo de leniência recusada não importa em reconhecimento de


reponsabilidade.
Em caso de descumprimento do acordo, a PJ ficará impedida de celebrar novo contrato
pelo prazo de 3 anos, contados da data de conhecimento pela Administração Pública do
descumprimento.
A celebração do acordo aqui ventilado interrompe o prazo prescricional dos ilícitos
previstos nesta Lei.

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SUMÁRIO
LEI 9.605/98 – LEI DE CRIMES AMBIENTAIS .................................................................................................. 2
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................................................................................... 2
2. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO DAS DEMANDAS .................................................................... 2
3. NOVAS DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS À ESPÉCIE ......................................................................................... 2
4. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ................................................................................... 2
5. RESPONSABILIDADE DA PESSOA FÍSICA E JURÍDICA............................................................................... 3
6. DA APLICAÇÃO DA PENA ...................................................................................................................... 3
7. CONSIDERAÇÕES ACERCA DA AÇÃO PENAL E DEMAIS DISPOSIÇÕES PROCESSUAIS ............................... 6

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LEI 9.605/98 – LEI DE CRIMES AMBIENTAIS


1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Analisando a legislação ambiental, temos que a mesma é dividida em duas partes, a
primeira, que vai do art. 1º ao 28, trazendo disposições gerais acerca da aplicação da Lei
Ambiental e, a segunda, que vai do art. 29 a 82, contendo figuras com conteúdo criminoso.
O foco principal deste diploma é a preservação e a reparação integral aos danos
ambientais.
Ademais, deve-se se ressaltar que o art. 79 desta lei dispõe que haverá aplicação
subsidiária do CP e CPP. Entende-se também que, mesmo diante da falta de previsão, aplicar-
se-á, igualmente, a Lei 9.099/95, seguido de todos os benefícios decorrentes.

2. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAMENTO DAS DEMANDAS


Via de regra, a competência será sempre da Justiça Comum Estadual, ressalvada
demonstração de interesse da União, conforme previsão do art. 109 da CF.
Crimes ocorridos no mar territorial – faixa de extensão de 12 milhas náuticas
contadas da linha de baixa mar -, são de competência da Justiça Federal.

Destacamos também que a súmula 91 do STJ, que previa que os crimes


contra a fauna seriam de competência da Justiça Federal, foi cancelada, enfatizando
a competência, via de regra, da Justiça Estadual.

3. NOVAS DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS À ESPÉCIE


Vale destacar duas novas súmulas do STJ, com potencial conteúdo para ser cobrada em
prova:
 Súm. 618, STJ: “A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação
ambiental.”
 Súm. 629, STJ: "Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à
obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar."

4. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA


Por muito tempo discutiu-se a possibilidade de aplicação do referido princípio nas
situações envolvendo meio ambiente. Por muito tempo, prevaleceu o entendimento de que o
meio ambiente seria indisponível por ser equiparado a bem de natureza pública, o obsta a
aplicação do referido princípio.
Porém, evoluindo na interpretação, hodiernamente entende-se que é possível a
aplicação, desde que preenchidos os requisitos estabelecidos pelo STF, que podem ser
relembrados pela técnica mnemônica (MARI – Mínima ofensividade da conduta; Ausência de
periculosidade social da ação; reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;
Inexpressividade da lesão).
Não há parâmetros. Deve ser analisada a aplicação casuisticamente.

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Acerca do atual entendimento, vale destacar que a Corte Suprema entendeu


pela não aplicação do princípio da insignificância ao delito capitulado no art. 34,
caput e inciso II, da Lei Ambiental (“Pescar em período no qual a pesca seja
proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena – detenção de um
ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único.
Incorre nas mesmas penas quem: (…) II – pesca quantidades superiores às
permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos
não permitidos”.

5. RESPONSABILIDADE DA PESSOA FÍSICA E JURÍDICA


Os arts. 2º e 3º da Lei trazem a previsão para a responsabilidade das pessoas
mencionadas. Para tanto, importante dizer que a pessoa física que pratica crime, responde na
medida de sua culpabilidade. Da mesma forma poderá responder o diretor, administrador,
membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou o mandatário que
se omite, quando podia agir para evitar a conduta danosa.
Por sua vez, a pessoa jurídica que praticar ilícito ambiental, responderá administrativa,
civil e penalmente. Ademais, a responsabilidade da PJ não exclui a da Pessoa Física.
Aqui, deparamo-nos com um dos temas mais cobrados em provas e
certames: para a responsabilidade da Pessoa Jurídica, também é necessária a
responsabilização da Pessoa Física responsável (Teoria da Dupla Imputação).
A RESPOSTA É NÃO!!! Segundo o entendimento vigente na jurisprudência
dos Tribunais Superiores, a PJ (de direito privado ou público) poderá ser
responsabilizada independentemente da responsabilização da Pessoa Física.
Registre-se, no entanto, que a responsabilização da pessoa jurídica exige
que: a) o crime tenha sido cometido por esta em virtude de decisão de seu
representante legal ou órgão colegiado, bem como que: b) a ação tenha ocorrido
buscando beneficiar a pessoa jurídica.
São, portanto, requisitos cumulativos e indispensáveis para a
responsabilização da entidade abstrata.

Inclusive, poderá ser desconsiderada a personalidade jurídica da empresa, sempre que


sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados ao meio ambiente.

6. DA APLICAÇÃO DA PENA
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade
competente observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da
legislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem
as privativas de liberdade quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de
liberdade inferior a quatro anos;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente
para efeitos de reprovação e prevenção do crime.

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Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este


artigo terão a mesma duração da pena privativa de liberdade
substituída.
Art. 8º As penas restritivas de direito são:
I - prestação de serviços à comunidade;
II - interdição temporária de direitos;
III - suspensão parcial ou total de atividades;
IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar.
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição
ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins
públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa
particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição
de o condenado contratar com o Poder Público, de receber
incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de
participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes
dolosos, e de três anos, no de crimes culposos.
Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não
estiverem obedecendo às prescrições legais.
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro
à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de
importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem
superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será
deduzido do montante de eventual reparação civil a que for
condenado o infrator.
Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e
senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância,
trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada,
permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência
ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme
estabelecido na sentença condenatória.
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea
reparação do dano, ou limitação significativa da degradação
ambiental causada;
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de
degradação ambiental;
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do
controle ambiental.
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública
ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas,
por ato do Poder Público, a regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;

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j) em épocas de seca ou inundações;


l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de
animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização
ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente,
por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das
autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da
pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de
liberdade não superior a três anos.
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78
do Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano
ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão
relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código
Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo,
poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da
vantagem econômica auferida.
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que
possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de
prestação de fiança e cálculo de multa.
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo
cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o
contraditório.
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio
ambiente.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a
execução poderá efetuar-se pelo valor fixado nos termos do caput,
sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente
sofrido.
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente
às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são:
I - multa;
II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:
I - suspensão parcial ou total de atividades;
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele
obter subsídios, subvenções ou doações.
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não
estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares,
relativas à proteção do meio ambiente.
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou
atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em
desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou
regulamentar.

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§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter


subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez
anos.
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica
consistirá em:
I - custeio de programas e de projetos ambientais;
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada,
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a
prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação
forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e
como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
Nestes dispositivos, temos questões peculiares envolvendo a formalidade das penas
suscetíveis de serem aplicadas. Entretanto, para a fixação do conteúdo, é imprescindível a
leitura dos mesmos.

7. CONSIDERAÇÕES ACERCA DA AÇÃO PENAL E DEMAIS


DISPOSIÇÕES PROCESSUAIS
Nos crimes contra o meio ambiente, a ação penal será sempre pública e incondicionada.

Quando estivermos diante de infrações de menor potencial ofensivo (aquelas cuja pena
máxima não ultrapasse dois anos), será permitida a aplicação dos benefícios da Lei 9.099/95,
porém, a Lei de Crimes Ambientais condiciona a aplicação dos benefícios à prévia reparação
do dano ambiental.
Quando o benefício for a suspensão condicional do processo, devem ainda ser
observados os seguintes requisitos:

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro


de 1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo
definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do
artigo referido no caput, dependerá de laudo de constatação de
reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista
no inciso I do § 1° do mesmo artigo;
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido
completa a reparação, o prazo de suspensão do processo será
prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no
caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da
prescrição;
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos
incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencionado no caput;
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de
novo laudo de constatação de reparação do dano ambiental,
podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o
período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste
artigo, observado o disposto no inciso III;
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de
extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação que
comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à
reparação integral do dano.

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SUMÁRIO
LEI 9.605/98 – LEI DE CRIMES AMBIENTAIS .................................................................................................. 2
1. DOS CRIMES CONTRA A FAUNA ............................................................................................................ 2
2. DOS CRIMES CONTRA A FLORA ............................................................................................................. 4
3. POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES .............................................................................................................. 6
4. DOS CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O PATRIMÔNIO CULTURAL ................................. 8

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LEI 9.605/98 – LEI DE CRIMES AMBIENTAIS


1. DOS CRIMES CONTRA A FAUNA
Na sequência, apresentaremos o rol de delitos considerados contra a fauna, seguido das
observações pertinentes.

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da


fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida
permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em
desacordo com a obtida:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou
em desacordo com a obtida;
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro
natural;
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em
cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou
espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem
como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros
não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização
da autoridade competente.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não
considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as
circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às
espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou
terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo
dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais
brasileiras.
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda
que somente no local da infração;
II - em período proibido à caça;
III - durante a noite;
IV - com abuso de licença;
V - em unidade de conservação;
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar
destruição em massa.
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício
de caça profissional.
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis
em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico
oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais
silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

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§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa


ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos,
quando existirem recursos alternativos.
§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas
descritas no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5
(cinco) anos, multa e proibição da guarda. (Incluído pela Lei nº
14.064, de 2020)
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do
animal.
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de
materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes
em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais
brasileiras:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas
cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de
aquicultura de domínio público;
II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e
algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade
competente;
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer
natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente
demarcados em carta náutica.
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em
lugares interditados por órgão competente:
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com
tamanhos inferiores aos permitidos;
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a
utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não
permitidos;
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes
provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.
Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam
efeito semelhante;
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade
competente:
Pena - reclusão de um ano a cinco anos.
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato
tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar
espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e vegetais
hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico,
ressalvadas as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas
oficiais da fauna e da flora.
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua
família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória
ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente
autorizado pela autoridade competente;
III – (VETADO)

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IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo


órgão competente.

Algumas observações acerca destes delitos:

O primeiro destaque, e talvez o mais importante, é a inserção do § 1º-A no art. 32, que
prevê uma figura mais gravosa para o crime praticado contra animal doméstico (cão e gato),
que agora prevê pena de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda,
dispositivo que foi inserido em 2020.

De plano, perceba-se que é possível ceifar a vida de um animal selvagem, desde que
autorizado pela autoridade competente. Por exemplo, o proprietário de um rebanho, que tem
perdido suas reses por ataques de onça. Neste caso, o proprietário pode abate-la, desde que
munido da autorização da autoridade.

Além disso, acerca do art. 34, que estabelece sobre a pesca em período de defeso. A
jurisprudência o considera como crime formal, ou seja, a infração estará consumada mesmo
que não apreendidos animais.

Além disso, no art. 37 prevê causas excludentes de ilicitude, que devem ser analisadas
com muito cuidado.

2. DOS CRIMES CONTRA A FLORA


Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação
permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com
infringência das normas de proteção:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
metade.
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária,
em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata
Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:
(Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as
penas cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
metade. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação
permanente, sem permissão da autoridade competente:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação
e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho
de 1990, independentemente de sua localização:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral
as Estações Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques
Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida
Silvestre. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 2000)
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção
no interior das Unidades de Conservação de Proteção Integral será

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considerada circunstância agravante para a fixação da pena.


(Redação dada pela Lei nº 9.985, de 2000)
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 40-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável
as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse
Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas Extrativistas, as
Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e
as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. (Incluído pela
Lei nº 9.985, de 2000)
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção
no interior das Unidades de Conservação de Uso Sustentável será
considerada circunstância agravante para a fixação da pena.
(Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
(Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis
meses a um ano, e multa.
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam
provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em
áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano:
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Art. 43. (VETADO)
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de
preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou
qualquer espécie de minerais:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim
classificada por ato do Poder Público, para fins industriais,
energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não,
em desacordo com as determinações legais:
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais,
madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem
exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade
competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o
produto até final beneficiamento:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à
venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão
e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o
tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade
competente.
Art. 47. (VETADO)
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e
demais formas de vegetação:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou
meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em
propriedade privada alheia:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as
penas cumulativamente.
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou
multa.
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou
vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de
especial preservação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta,
plantada ou nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem

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autorização do órgão competente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de


2006)
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído
pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à
subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família.
(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a
pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare.
(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas
demais formas de vegetação, sem licença ou registro da autoridade
competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo
substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração
de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade
competente:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de
um sexto a um terço se:
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou
a modificação do regime climático;
II - o crime é cometido:
a) no período de queda das sementes;
b) no período de formação de vegetações;
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a
ameaça ocorra somente no local da infração;
d) em época de seca ou inundação;
e) durante a noite, em domingo ou feriado.

Importante: É possível o corte de vegetação pertencente à área de


preservação permanente, DESDE QUE o interessado tenha obtido autorização pelo
órgão competente.

3. POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES


Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que
resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que
provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa
da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 2º Se o crime:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação
humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que
momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause
danos diretos à saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do
abastecimento público de água de uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos,
ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as
exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

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Pena - reclusão, de um a cinco anos.


§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior
quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade
competente, medidas de precaução em caso de risco de dano
ambiental grave ou irreversível.
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais
sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou
em desacordo com a obtida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de
recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da
autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do
órgão competente.
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar,
comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em
depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à
saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as
exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada
pela Lei nº 12.305, de 2010)
I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou
os utiliza em desacordo com as normas ambientais ou de
segurança; (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta,
reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos perigosos de
forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento.
(Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a
pena é aumentada de um sexto a um terço.
§ 3º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 57. (VETADO)
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas
serão aumentadas:
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora
ou ao meio ambiente em geral;
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de
natureza grave em outrem;
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente
serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave.
Art. 59. (VETADO)
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer
funcionar, em qualquer parte do território nacional,
estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores,
sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes,
ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as
penas cumulativamente.
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam
causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos
ecossistemas:

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Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.


Seção IV

Neste rol, devem-se destacar os arts. 54,55 e 60. O art. 54 traz a seguinte conduta:
“causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em
danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da 'ora”. Em seu §1o, há a previsão desse delito em sua forma culposa, além de
circunstância agravante (§ 2o), essas últimas, por disposição do §3 o, também aplicáveis àquele
que: “... deixar de adotar, quando o assim exigir a autoridade competente, medida de
precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível”. Outra menção
necessária se dá com o disposto no art. 55, caput, que traz previsão tipificando como crime:
“Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização,
permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida”. Assim como aquele que
(parágrafo único): “... deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da
autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente”. Porém,
nesse rol, destaca-se o art. 60, que apresenta condutas potencialmente poluidoras, como
construir, reformar, instalar, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais ou em
desacordo com as normas e regulamentos pertinentes.

4. DOS CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO E O


PATRIMÔNIO CULTURAL
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
decisão judicial;
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação
científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou
decisão judicial:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses
a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local
especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão
judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico,
artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade
competente ou em desacordo com a concedida:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu
entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico,
ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso,
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da
autoridade competente ou em desacordo com a concedida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou
monumento urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)

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§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em


virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de
6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. (Renumerado
do parágrafo único pela Lei nº 12.408, de 2011)
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o
objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante
manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e,
quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no
caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a
observância das posturas municipais e das normas editadas pelos
órgãos governamentais responsáveis pela preservação e
conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.

Na seção V, abrangida neste item 4, vale o destaque das condutas descritas nos arts. 62,
64 e 65.

O art. 62 cuida das condutas de destruir, inutilizar ou deteriorar bens que contam com a
proteção legal, administrativa ou judicial, assim como registro, arquivo, museu, biblioteca,
instalação científica e congêneres.

Já o art. 64, por sua vez, trata da proteção ao solo não edificável e seu entorno,
tipificando a conduta de construir nesses locais, sem autorização do órgão competente ou em
desacordo com essa.

Por fim, o mais relevante, diz respeito a conduta prevista no art. 65, que criminaliza a
pichação, prática muito comum nos centros urbanos, que se traduz em considerável
incremento da poluição visual e estética. Vale destacar que a grafitagem, desde que realizada
com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística,
desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do
bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a
observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais
responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional não
é considerada crime.

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SUMÁRIO
LEI 13.964/2019 – PACOTE ANTICRIME ........................................................................................................ 2
1) CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................................................................................... 2
2) ALTERAÇÕES SUBSTANCIAIS ................................................................................................................. 2
2.1. INTRODUÇÃO – DISPOSITIVOS SUSPENSOS .................................................................................... 2
2.2. ATERAÇÕES SUBSTANCIAIS NO CÓDIGO PENAL ............................................................................. 3
2.2.1. PARTE GERAL.............................................................................................................................. 3
2.2.2. PARTE ESPECIAL.......................................................................................................................... 3
2.3. ALTERAÇÕES SUBSTANCIAIS NO CÓDIGO PROCESSUAL PENAL....................................................... 5

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LEI 13.964/2019 – PACOTE ANTICRIME


1) CONSIDERAÇÕES GERAIS
Trata-se de uma das principais Leis no que diz respeito à modernização do combate à
corrupção e atualização de disposições constantes do Código Penal, Processual Penal e
Legislação Penal Extravagante.

As inovações trazidas pela aludida legislação têm o condão de fomentar o sistema


acusatório, como, por exemplo, com a nova disciplina do arquivamento do Inquérito Policial, o
fim da atuação de ofício do magistrado em sede de medidas cautelares pessoais, a
regulamentação da cadeira de custódia da prova e o juiz de garantias.

A referida Lei foi publicada no DOU em 24/12/2019 com período de vacatio de 30 dias.

Relativamente à eficácia intertemporal, é mister apresentarmos algumas considerações.

Os dispositivos de natureza estritamente penal, deverão ser submetidos à análise da


benevolência da nova norma, nos termos do que preconiza o art. 5º, XL da CF, sendo que,
somente possuirá aplicação retroativa se mais benéfica que os dispositivos com vigência
anterior.

Já as alterações que contemplem natureza processual, terão incidência imediata, por


força do que estabelece o art. 2º do CPP terão aplicação imediata, respeitado o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

Por derradeiro, as disposições mistas/híbridas, respeitarão as regras de aplicação


temporal do direito penal (art. 5º, XL, CF), pois estão diretamente relacionadas com o direito
de liberdade do cidadão.

2) ALTERAÇÕES SUBSTANCIAIS
2.1. INTRODUÇÃO – DISPOSITIVOS SUSPENSOS
O Ministro Luiz Fux, poucos dias antes da vigência efetiva da Lei suspendeu a eficácia de
três pontos da Nova Lei, uma vez que teríamos uma saturação do sistema penal.

Todavia, mesmo que os dispositivos estejam com eficácia jurídica plena, eles constam
das respectivas leis.

Assim, encontram-se suspensos:

a) As novas regras de arquivamento de Inquéritos Policiais (art. 28, CPP);


b) Juiz das garantias;
c) Ilegalidade de prisões pela não realização de audiência de custódia em 24h;
d) Proibição de atuação judicial em casos de provas declaradas ilícitas.

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2.2. ALTERAÇÕES SUBSTANCIAIS NO CÓDIGO PENAL


2.2.1. PARTE GERAL
Art. 1º Esta Lei aperfeiçoa a legislação penal e processual penal.
Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 25. ...................................................................................................
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste
artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de
segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima
mantida refém durante a prática de crimes.” (NR)

Este dispositivo passou a prever a chamada legítima defesa funcional. Porém, trata-se de
uma mera reprodução tautológica do caput do art. 25 do CP.

A doutrina atual já tem criticado a inserção deste dispositivo, tendo em vista que, para a
configuração da legítima defesa, basta que o agente encontre-se diante de uma agressão atual
ou iminente e repila esta agressão, valendo-se dos meios necessários.

Outro ponto de enfoque, que, embora fuja um pouco dos editais das carreiras policiais,
mas que pode aparecer dentro do tema “sucessão de leis no tempo, diz respeito à alteração do
art. 75 do CP, que agora, possui a seguinte redação:

Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade


não pode ser superior a 40 (quarenta) anos.
§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade
cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser
unificadas para atender ao limite máximo deste artigo.

Vale frisar que a Lei anterior previa prazo máximo de cumprimento de pena em 30 anos.
Portanto, a nova lei é um exemplo claro de Novatio legis in pejus.

2.2.2. PARTE ESPECIAL


Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la,
por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de
assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou
para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação
dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente
conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela
Lei nº 9.426, de 1996)

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V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua


liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios
que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação,
montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de
arma branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº
13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de
fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego
de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro
a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de
2018)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18
(dezoito) anos, e multa (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

Houve a inclusão do inciso VII do §1º, que corresponde ao uso da arma branca. Dessa
forma, houve uma adequação precisa da legislação para um aumento gradativo das penas
quanto ao uso da arma branca (aumento da pena 1/3 à metade); uso de arma de fogo
(aumento em 2/3) e uso de arma de fogo de uso proibido ou restrito (pena em dobro).

Importante destaque também fica por conta da inclusão do art. 171, §5º, que trouxe uma
alteração acerca da ação penal a ser adotada, vejamos:

§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima


for: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)

Assim, a conduta de estelionato passa a ser, via de regra, suscetível de ação penal pública
condicionada, ressalvadas as alterações constantes dos incisos I a IV.

Por derradeiro, acerca das alterações do Código Penal, houve a alteração da pena da
conduta de concussão – que antes era de 02 a 08 anos de reclusão -, que agora passa a ter a
pena prevista de 02 a 12 anos.

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,


ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
vantagem indevida:

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Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

2.3. ALTERAÇÕES SUBSTANCIAIS NO CÓDIGO PROCESSUAL PENAL


Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a
iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação
probatória do órgão de acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da
legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos
individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia
do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso
LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal; (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da
legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste
Código; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo
determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer
tempo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação
criminal; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra
medida cautelar, observado o disposto no § 1º deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem
como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o
exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do
disposto neste Código ou em legislação especial
pertinente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de
provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o
contraditório e a ampla defesa em audiência pública e
oral; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o
investigado preso, em vista das razões apresentadas pela
autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não
houver fundamento razoável para sua instauração ou
prosseguimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de
polícia sobre o andamento da investigação; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
XI - decidir sobre os requerimentos de: (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas
de informática e telemática ou de outras formas de
comunicação; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e
telefônico; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) busca e apreensão domiciliar; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
d) acesso a informações sigilosas; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

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e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos


fundamentais do investigado; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da
denúncia; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade
mental; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos
do art. 399 deste Código; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito
outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os
elementos informativos e provas produzidos no âmbito da
investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às
diligências em andamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para
acompanhar a produção da perícia; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução
penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante
a investigação; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá,
mediante representação da autoridade policial e ouvido o
Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do
inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a
investigação não for concluída, a prisão será imediatamente
relaxada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as
infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com
o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste
Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão
decididas pelo juiz da instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o
juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da
denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas
cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das
garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à
disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados
aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento,
ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas
de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser
remetidos para apensamento em apartado. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos
acautelados na secretaria do juízo das garantias. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato
incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará
impedido de funcionar no processo. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

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Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os


tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de
atender às disposições deste Capítulo. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas
de organização judiciária da União, dos Estados e do Distrito
Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente
divulgados pelo respectivo tribunal. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das
regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste
de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a
imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de
responsabilidade civil, administrativa e penal. (Incluído pela Lei
nº 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão
disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as
informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso
serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa
aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa,
assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à
informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)

A primeira figura relevante inserida no CPP, diz respeito à inclusão do juiz das garantias.
A presença deste juiz consagra a presença do sistema acusatório. Justamente para evitar
qualquer tipo de comprometimento do magistrado do processo ao ter contato com a etapa de
produção dos elementos informativos da fase administrativa.
A ideia, em si, é justamente assegurar que este magistrado atue exclusivamente na fase
inquisitiva, permitindo ao juiz do processo uma autonomia e imparcialidade acerca de sua
atuação.

O juiz das garantias tem dois objetivos específicos:

a) O primeiro é o de ser o responsável pelo CONTROLE DA LEGALIDADE DA


INVESTIGAÇÃO;

b) O segundo consiste em ser responsável pela salvaguarda dos direitos individuais.

Inclusive, a atuação do juiz das garantias ocorrerá até o RECEBIMENTO da queixa.


Importante não confundir o momento do RECEBIMENTO (ato solene pelo qual
o magistrado aceita a inicial acusatória, na medida em que preenchidos os
requisitos legais) com o do OFERECIMENTO (ato do protocolo).

Ademais, a competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais


suscetíveis do procedimento comum ordinário ou sumário, excluindo as infrações de menor
potencial ofensivo.
Noutro giro, as decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da fase
processual que, após o recebimento da denúncia ou queixa (que será feita pelo juiz das
garantias) deverá reexaminar a necessidade da manutenção ou alteração das medidas em
curso. Para isso, terá o prazo de 10 (dez) dias.

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Por derradeiro, insta observar que o juiz das garantias permanecerá IMPEDIDO de atuar
na fase processual.
Todavia, este dispositivo encontra-se com a eficácia suspensa, nos termos da
ADI 6.298/DF.

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SUMÁRIO
LEI 13.964/2019 – PACOTE ANTICRIME ........................................................................................................ 2
1) CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................................................................................... 2
2) ALTERAÇÕES SUBSTANCIAIS NO CPP .................................................................................................... 2
2.1. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA NO IP ...................................................................................... 2
2.2. ARQUIVAMENTO DO IP ................................................................................................................. 3
2.3. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL .......................................................................................... 4
2.4. PRISÃO OBRIGATÓRIA PÓS JÚRI..................................................................................................... 6

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LEI 13.964/2019 – PACOTE ANTICRIME


1) CONSIDERAÇÕES GERAIS
Trata-se de uma das principais Leis no que diz respeito à modernização do combate à
corrupção e atualização de disposições constantes do Código Penal, Processual Penal e
Legislação Penal Extravagante.

As inovações trazidas pela aludida legislação têm o condão de fomentar o sistema


acusatório, como, por exemplo, com a nova disciplina do arquivamento do Inquérito Policial, o
fim da atuação de ofício do magistrado em sede de medidas cautelares pessoais, a
regulamentação da cadeira de custódia da prova e o juiz de garantias.

A referida Lei foi publicada no DOU em 24/12/2019 com período de vacatio de 30 dias.

Relativamente à eficácia intertemporal, é mister apresentarmos algumas considerações.

Os dispositivos de natureza estritamente penal, deverão ser submetidos à análise da


benevolência da nova norma, nos termos do que preconiza o art. 5º, XL da CF, sendo que,
somente possuirá aplicação retroativa se mais benéfica que os dispositivos com vigência
anterior.

Já as alterações que contemplem natureza processual, terão incidência imediata, por


força do que estabelece o art. 2º do CPP terão aplicação imediata, respeitado o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

Por derradeiro, as disposições mistas/híbridas, respeitarão as regras de aplicação


temporal do direito penal (art. 5º, XL, CF), pois estão diretamente relacionadas com o direito
de liberdade do cidadão.

2) ALTERAÇÕES SUBSTANCIAIS NO CPP


2.1. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA NO IP
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições
dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como
investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e
demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação
de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício
profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações
dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado
deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório,
podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito)
horas a contar do recebimento da citação. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de
nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável
pela investigação deverá intimar a instituição a que estava

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vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que


essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para
a representação do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores
militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da
Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito
a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

A inserção do art. 14-A gera muita polêmica nos dias atuais, especialmente por
consagrar o contraditório e ampla defesa na fase de Inquérito.

Assim, quando os agentes das forças de segurança ou militares (que atuem em missão de
garantia de Lei e da Ordem) forem investigados em Inquéritos Policiais, Militares ou
responderem a Procedimentos Administrativos que tenham por objeto a investigação de fatos
relacionados ao uso letal da força praticados no exercício funcional, seja consumado ou
tentado, o mesmo poderá constituir defensor.

2.2. ARQUIVAMENTO DO IP
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de
quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do
Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à
autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de
revisão ministerial para fins de homologação, na forma da
lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o
arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta)
dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão
da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a
respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento
da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do
inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a
quem couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)

Quando o membro do MP recebe o inquérito oriundo da Delegacia de Polícia, o membro


do MP deve:

a) Oferecer a Denúncia;
b) Devolver para a DEPOL para novas diligências; ou
c) Ordenar o arquivamento.

O novo artigo 28 tirou de cena o controle jurisdicional sobre o ato de arquivamento, uma
antiga reivindicação do Ministério Público.
Todavia, este dispositivo encontra-se com a eficácia suspensa, nos termos da
ADI 6.298/DF.

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2.3. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL


Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado
confessado formal e circunstancialmente a prática de infração
penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a
4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não
persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação
e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas
cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na
impossibilidade de fazê-lo; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do
crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por
período correspondente à pena mínima cominada ao delito
diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal); (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art.
45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo
juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função
proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente
lesados pelo delito; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo
Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a
infração penal imputada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se
refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de
aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes
hipóteses: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados
Especiais Criminais, nos termos da lei; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou
profissional, exceto se insignificantes as infrações penais
pretéritas; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao
cometimento da infração, em acordo de não persecução penal,
transação penal ou suspensão condicional do processo; e (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou
familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de
sexo feminino, em favor do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito
e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado
e por seu defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será
realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua

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voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do


seu defensor, e sua legalidade. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as
condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá
os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a
proposta de acordo, com concordância do investigado e seu
defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o
juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua
execução perante o juízo de execução penal. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender
aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a
que se refere o § 5º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao
Ministério Público para a análise da necessidade de
complementação das investigações ou o oferecimento da
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não
persecução penal e de seu descumprimento. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo
de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao
juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo
investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público
como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão
condicional do processo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução
penal não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto
para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o
juízo competente decretará a extinção de punibilidade. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor
o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a
remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste
Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Este novo procedimento, que se aproxima da suspensão condicional do processo


prevista no art. 89 da Lei 9099/95, consiste na entabulação de um acordo entre o investigado
e o Ministério Público, no intuito de evitar a instauração do processo.

Para tanto, é necessário o preenchimento de alguns requisitos:

a) Crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa;

b) pena mínima inferior a 4 (quatro) anos.

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Firmado o acordo, após a confissão formal do fato, serão concedidas as condições a


serem cumpridas, de maneira isolada ou cumulativa, quais sejam:
a) reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
b) renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
c) prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à
pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo
juízo da execução;
d) pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal, a
entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha,
preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos
aparentemente lesados pelo delito; ou
e) cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público,
desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.

Frisamos que o benefício não será concedido nas seguintes hipóteses:

a) se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;
b) se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas;
c) ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do
processo; e
d) nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.

De se registrar que, se o acordo for descumprido, haverá a rescisão do acordo com o


oferecimento da denúncia.

2.4. PRISÃO OBRIGATÓRIA PÓS JÚRI


Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que:
I (...)
(...)
e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em
que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva, ou,
no caso de condenação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze)
anos de reclusão, determinará a execução provisória das penas, com
expedição do mandado de prisão, se for o caso, sem prejuízo do
conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos; (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

Trata-se da possibilidade de execução provisória da pena quando a pena decorrente do


rito do júri for igual ou superior a quinze anos de reclusão.

Vale destacar que o STF já decidiu pela inviabilidade da execução provisória


da pena.

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Porém, no que tange às decisões do júri, prevalece que a execução provisória


de suas penas não viola o princípio da presunção de inocência. (HC 118770 ED,
Relator: Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 04/06/2018, DJe-
116 DIVULG 12-06-2018 PUBLIC 13-06-2018).
Assim, o entendimento hoje predominante permite, portanto, a execução
provisória da pena, sem que isto importe violação às garantias constitucionais. (TRF
1ª R.; ACr 0001120-93.2008.4.01.3602; Quarta Turma; Rel. Juiz Fed. Conv. Saulo
Casali Bahia; DJF1 12/11/2020).

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