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LEI Nº 11.

343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006

E n tr e o s a r ts . 3 ° e 1 7 , a L e i d e D r o g a s tr a ta n ã o a p e n a s
Institui o Sistema Nacional de Políticas d a s fi n a lid a d e s d o S IS N A D , c o m o ta m b é m d e s e u s
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve p r in c íp io s e o b je tiv o s , d e s u a c o m p o s iç ã o e
o r g a n iz a ç ã o , re g u la m e n ta d a p e lo D e creto nº
medidas para prevenção do uso indevido, 5 .9 1 2 /2 0 0 6 , e d a c o le ta , a n á lis e e d is s e m in a ç ã o d e
in fo r m a ç õ e s s o b r e d r o g a s
atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas; estabelece normas E n tr e o s a r ts . 2 0 a 2 6 , a L e i d e D r o g a s
ta m b é m b u sca im p le m e n ta r ações
para repressão à produção não autorizada e d e s tin a d a s à r e d u ç ã o d o s r is c o s e d o s d a n o s
ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e à s a ú d e a tr a v é s d a c o n tr o v e r s a p o lític a d a
re d u ç ã o d e d a n o s .
dá outras providências.
N o T ítu lo IV , a L e i d e D r o g a s n ã o a p e n a s
tip ifi c a o s c r im e s r e la tiv o s a o trá fi c o , c o m o
O PRESIDENTE DA ta m b é m e s ta b e le c e u m p r o c e d im e n to e s p e c ia l e
REPÚBLICA Faço saber que o Congresso d is p õ e s o b r e a a p r e e n s ã o , a r re c a d a ç ã o e
1 e s tin a ç ã o d e b e n s d o a c u s a d o .
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:

TÍTULO I Fonte: Renato Brasileiro – Leis Especiais Penais


DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei institui o Sistema


Nacional de Políticas Públicas sobre A seguir, alguns pontos importantes sobre a Lei de
Drogas:
Drogas - Sisnad; prescreve medidas para
prevenção do uso indevido, atenção e
Qual é o bem protegido?
reinserção social de usuários e dependentes
de drogas; estabelece normas para repressão Crimes contra a saúde pública. A lei de drogas na
à produção não autorizada e ao tráfico ilícito parte criminal não está preocupada com a saúde do
de drogas e define crimes. usuário de drogas ou quem consome a droga. O
direito penal se justifica em face da tutela da saúde
pública – princípio da alteridade no direito penal.
Parágrafo único. Para fins desta Lei,
consideram-se como drogas as substâncias • Existência de uma droga coloca a coletividade em
ou os produtos capazes de causar risco, risco coletivo = dano social
dependência, assim especificados em lei ou
relacionados em listas atualizadas O princípio da alteridade refere-se a não intervenção
do Direito Penal em condutas que, mesmo sendo
periodicamente pelo Poder Executivo da
inaceitáveis para a sociedade, não lesionam o bem
União. jurídico de outros, a não ser o próprio bem do agente.
Por ex.: O Estado não pune quem tenta suicídio.
O art. 1° da Lei nº 11.343/06 deixa claro que o Outro exemplo é o art. 28 desta Lei, pois quem usa
principal objetivo da Lei de Drogas é conferir droga só está fazendo mal a própria saúde, o que
tratamento jurídico diverso ao usuário e ao traficante não justificaria uma intromissão repressiva do
de drogas. Sob a premissa de que a pena privativa de Estado.
liberdade em nada contribui para o problema social
do uso indevido de drogas, o qual deve ser encarado NORMA PENAL EM BRANCO
como um problema de saúde pública - e não "de
polícia" -, a Lei nº 11.343/06 inovou em relação à Norma penal em branco é aquela cuja compreensão
legislação pretérita, abolindo a possibilidade de do preceito primário demanda complementação. Em
aplicação de tal espécie de pena ao crime de porte de outras palavras, por mais que exista a descrição de
drogas para consumo pessoal. uma conduta proibida, esta descrição demanda um
complemento extraído de um outro diploma, como, que o MP ofereça a denúncia. Ele só serve para esse
por exemplo, leis, decretos, regulamentos, etc., para primeiro momento. Não embasa a condenação.
que se possa compreender os limites da proibição
feita pela lei penal. 2ª perícia: técnico-científico necessário para a
condenação: exame químico toxicológico.
É o que ocorre, por exemplo, com os crimes de
drogas. O termo drogas constante dos diversos Sujeito ativo
dispositivos previstos na Lei nº 11.343/06 não
funciona como elemento normativo do tipo, sujeito a Regra geral crimes comuns / gerais = podem ser
uma interpretação valorativa do magistrado. Na praticados por qualquer pessoa.
verdade, há um verdadeiro branco que precisa ser
complementado por norma específica. Ou seja, Atenção art. 40, II
somente após a leitura da Portaria nº 344 da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é que Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei
poderemos saber se esta ou aquela substância é são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
considerada droga para fins de aplicação dos tipos
penais constantes da Lei nº 11.343/06. Destarte, ainda II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de
que determinada substância seja capaz de causar função pública ou no desempenho de missão de
dependência física ou psíquica, se ela não constar educação, poder familiar, guarda ou vigilância;
da Portaria SVS/MS 344/98, não haverá tipicidade
na conduta daquele que pratique quaisquer das ❖ Tem alguma hipótese de crime próprio/especial
condutas previstas na Lei nº 11.343/06. Renato (aquele que depende de situação fática ou jurídica
Brasileiro diferenciada no tocante ao sujeito ativo) na lei de
drogas? Sim, art. 38:
Vale lembrar que que existe a norma penal em
branco homogênea e a heterogênea: Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente,
drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo
• Homogênea: complemento da norma penal está em doses excessivas ou em desacordo com
contido em outra lei. determinação legal ou regulamentar:

• Heterogênea: complemento está contido em um ato Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
administrativo. Atualmente está previsto em um ato pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias
administrativo a relação do que é considerado droga multa
para efeitos penais. Portaria 344/98 ANVISA.
“Prescrever” = Somente pode ser feita por
Essa portaria traz o nome da droga? profissional da medicina ou odontologia.

Não. A lei traz o nome cientifico, princípio ativo da “Ministrar” = A conduta de ministrar é do
droga. Pouco importa o nome comercial da droga. profissional de farmácia ou enfermagem.
(Cannabis ativa; cloreto de etila- lança perfume).
Presente o princípio ativo no produto ele é Sujeito passivo
considerado como droga. T.C.F
É a coletividade/sociedade. São crimes vagos =
• Como se prova a materialidade dos crimes da lei aqueles que tem como sujeito passivo um ente
de droga? destituído de personalidade jurídica.

Através da presença do princípio ativo, que é Dica: Sujeito passivo de um crime está sempre
detectado por meio de perícia. relacionado com o bem jurídico tutelado.

Duas perícias previstas na lei de drogas: Aqui na lei de drogas o bem jurídico é a saúde
pública que é um bem pertencente à coletividade.
1ª perícia: precária, provisória = auto de constatação
da natureza da substância. Exame preliminar que vai Sempre que um crime tem a coletividade como
servir para validar a prisão em flagrante, permitir sujeito passivo (código de trânsito, estatuto do
desarmamento) a ação penal será pública
incondicionada. A coletividade não tem como ajuizar Entendimento que prevalece (STF) art. 28 contempla
queixa crime. um CRIME. Precedente RE 430.105/questão de
ordem/RJ. Fundamentos:
Elemento subjetivo
i) A lei de drogas ao tratar do tema classificou a
Os crimes da lei de drogas Em regra são DOLOSOS. conduta como crime, está no capítulo dos crimes e
Vontade e consciência de realizar os tipos penais. das penas;

ii) Estabeleceu rito processual junto ao juizado


ATENÇÃO: Tem exceção? Sim, art. 38, cometido por
especial criminal;
médico, profissional da saúde, farmácia ou
enfermagem, é culposo. iii) Prescrição: art. 30 determina a aplicação do art.
107 do CP, causas interruptivas da prescrição,
Fonte: Thais Fraga com base nas aulas do G7
suspensivas da prescrição.
Jurídico, professor Cleber Masson.
iv) Finalidade do art. 1º da lei de introdução ao
NATUREZA JURÍDICA DO ART. 28: código penal era para diferenciar crimes e
contravenções penais.
A partir do momento em que a nova Lei de Drogas
deixou de prever a possibilidade de aplicação de v) LICP pode ser modificada por outra lei ordinária.
pena privativa de liberdade para o usuário de Não existia penas alternativas naquela época, ex.:
drogas, surgiu intensa controvérsia acerca da medida educativa.
natureza jurídica do art. 28 da Lei nº 11.343/06.
Renato Brasileiro traz um fundamento interessante:
Basicamente, há 3 (três) posições distintas:
1) O fato de o art. 1º da Lei de Introdução ao CP
1ª - descriminalização formal e transformação em estabelecer um critério que permite distinguir crime
infração sui generis: crime é infração penal com pena de contravenção, não impede que o legislador
de reclusão ou detenção e contravenção penal é ordinário adote outros critérios gerais de distinção...
infração com pena de prisão simples e multa. Sendo
2) O art. 5º, XLVI, da CF, diz que a lei regulará a
assim, o porte de drogas para consumo pessoal não
mais pode ser considerado crime, passando a individualização da pena e adotará, ENTRE
OUTRAS, seguintes: a) privação ou restrição da
funcionar com uma infração penal sui generis de
menor potencial ofensivo. (LFG) liberdade; b) perda de bens; c) multa; prestação social
alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos. A
2ª - descriminalização substancial e transformação expressão entre outras constante do referido
em infração do Direito judicial sancionador: dispositivo constitucional demonstra que o rol de
defende que houve abolitio criminis, a transformação penas aí previsto é meramente exemplificativo.
de um fato típico em atípico. O art. 28 da Lei de
Drogas não pertence mais ao D. Penal. Obs. Se o Plenário do Supremo Tribunal Federal
rejeitou a tese de abolitio criminis ou de infração
Direito judicial sancionador: o referido artigo penal sui generis, para afirmar a natureza de crime
funciona como uma infração do D. Jud. Sancionador. doloso da conduta do usuário de drogas, muito
Este não é instituto do Direito Penal, porque não se embora despenalizado, é de se concluir que o
permite a aplicação de PPL. Também não está na flagrante de porte de drogas para consumo pessoal
seara do Direito Administrativo, pois é realizado pelo cometido no interior de estabelecimento prisional
Judiciário. caracteriza falta grave, nos termos do art. 52 da Lei
3ª despenalização e manutenção do status de crime: de Execução Penal. Nesse caso, é imprescindível a
confecção do laudo toxicológico para comprovar a
- Despenalizar - significa abrandar a resposta penal, materialidade da infração disciplinar e a natureza da
seja abolindo a pena de prisão seja mitigando-a, mas substância encontrada com o apenado no interior do
mantém-se intacto o caráter de crime da infração. presídio.
Foi o que aconteceu com o advento da Lei n.
11.343/06, que afastou a possibilidade de aplicação de
pena privativa de liberdade ao usuário de drogas.
CRIMES DE PERIGO ABSTRATO
Princípio da insignificância – criminalidade de
Os crimes da Lei de Drogas são de perigo abstrato. bagatela
Praticada a conduta descrita em lei presume-se de
forma absoluta que houve perigo ao bem jurídico. Exclui a tipicidade material do fato. Aplica na lei de
drogas? Para Cleber Masson (posição MP/policial)
Crimes de dano são aqueles que, para a sua não é aplicável.
consumação, é indispensável que haja efetiva lesão
ao bem jurídico tutelado, a exemplo do que ocorre A jurisprudência não é consolidada nesse sentido,
mas a tendência é a admissão do princípio da
com os crimes de homicídio.
insignificância na lei de drogas em relação ao crime
Crimes de perigo são aqueles em que há uma do art. 28, mas para o tráfico de drogas não se aplica.
probabilidade e dano, que, no entanto, não precisa
ocorrer para a consumação do delito. Crime de perigo abstrato, por menor que seja a
quantidade de drogas, o crime é de perigo abstrato.
Obs. Na verdade, quando o legislador cria um crime
de perigo, seu objetivo é levar a efeito a punição do Tráfico de drogas: não é aceito a insignificância, é
agente antes que sua conduta venha, efetivamente, a crime de máximo potencial ofensivo, ou seja, a CF
causar lesão ao bem juridicamente protegido. Por exige tratamento mais rigoroso, equiparado a
isso, os crimes de perigo são, em regra, de natureza hediondo (mando de criminalização)
subsidiária, sendo absorvidos pelos crimes de dano.
Fonte: Thais Fraga com base nas aulas do G7
Há duas espécies de crimes de perigo: Jurídico, professor Cleber Masson.

a) crimes de perigo abstrato: nesse caso, o legislador


penal não toma como pressuposto da criminalização
a lesão ou o perigo concreto de lesão a determinado
bem jurídico. Há, pois, uma presunção de que a
prática de determinada conduta representa um risco
ao bem jurídico, sendo desnecessária, portanto, a
comprovação no caso concreto de que a conduta do Art. 2º Ficam proibidas, em todo o
agente tenha efetivamente produzido a situação de
território nacional, as drogas, bem como o
perigo que o tipo penal visa evitar (v.g., porte ilegal
plantio, a cultura, a colheita e a exploração
de arma de fogo, crimes da lei de drogas);
de vegetais e substratos dos quais possam
b) crimes de perigo concreto: a situação de perigo ser extraídas ou produzidas drogas,
supostamente criada pela conduta do agente faz ressalvada a hipótese de autorização legal
parte do tipo penal, daí por que deve ser
ou regulamentar, bem como o que
comprovada no caso concreto, sob pena de
estabelece a Convenção de Viena, das
atipicidade da conduta. Ex.: O crime do art. 309 do
CTB ("Dirigir veículo automotor, em via pública, sem
Nações Unidas, sobre Substâncias
a devida permissão para dirigir ou habilitação, Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas
gerando perigo de dano"), cujo juízo de tipicidade de uso estritamente ritualístico-religioso.
demanda a comprovação, no caso concreto, que a
condução de veículo automotor pelo agente trouxe Importante notar que o art. 2°, caput, não autoriza, de
risco à vida ou à saúde de outrem (v.g., motorista em per si, o cultivo de plantas de uso ritualístico-
religioso. Para tanto, também se faz necessária a
zigue-zague, na contramão, em alta velocidade, etc.).
concessão de autorização legal ou regulamentar. É o
que ocorre, por exemplo, com o chá Ayahuasca,
Fonte: Resumo do Livro Leis Especiais Penais – R.
produto da decacção do cipó Banisteriopsis caapi e
Brasileiro.
da folha Psychotria viridis, utilizado pelo movimento
religioso conhecido como Santo Daime. Manifestação
cultural das populações tradicionais da Amazônia e CAPÍTULO I
de parte da população urbana do País. Fonte: Renato DOS PRINCÍPIOS E DOS
Brasileiro – Leis Especiais Penais
OBJETIVOS DO SIS TEMA NACIONAL DE
POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS

Art. 4º São princípios do Sisnad:

Parágrafo único. Pode a União I - o respeito aos direitos


autorizar o plantio, a cultura e a colheita fundamentais da pessoa humana,
dos vegetais referidos no caput deste especialmente quanto à sua autonomia e à
artigo, exclusivamente para fins medicinais sua liberdade;
ou científicos, em local e prazo
predeterminados, mediante fiscalização, II - o respeito à diversidade e às
respeitadas as ressalvas supramencionadas. especificidades populacionais existentes;

TÍTULO II III - a promoção dos valores éticos,


DO SIS TEMA NACIONAL DE culturais e de cidadania do povo brasileiro,
POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS reconhecendo-os como fatores de proteção
para o uso indevido de drogas e outros
Art. 3º O Sisnad tem a finalidade de comportamentos correlacionados;
articular, integrar, organizar e coordenar as
atividades relacionadas com: IV - a promoção de consensos
nacionais, de ampla participação social,
I - a prevenção do uso indevido, a para o estabelecimento dos fundamentos e
atenção e a reinserção social de usuários e estratégias do Sisnad;
dependentes de drogas;
V - a promoção da responsabilidade
II - a repressão da produção não compartilhada entre Estado e Sociedade,
autorizada e do tráfico ilícito de drogas. reconhecendo a importância da participação
social nas atividades do Sisnad;
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto
ordenado de princípios, regras, critérios e VI - o reconhecimento da
recursos materiais e humanos que intersetorialidade dos fatores
envolvem as políticas, planos, programas, correlacionados com o uso indevido de
ações e projetos sobre drogas, incluindo-se drogas, com a sua produção não autorizada
nele, por adesão, os Sistemas de Políticas e o seu tráfico ilícito;
Públicas sobre Drogas dos Estados, Distrito
VII - a integração das estratégias
Federal e Municípios. (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019) nacionais e internacionais de prevenção do
uso indevido, atenção e reinserção social de
§ 2º O Sisnad atuará em articulação usuários e dependentes de drogas e de
com o Sistema Único de Saúde - SUS, e repressão à sua produção não autorizada e
com o Sistema Único de Assistência Social - ao seu tráfico ilícito;
SUAS.  (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VIII - a articulação com os órgãos do
Ministério Público e dos Poderes
Legislativo e Judiciário visando à IV - assegurar as condições para a
cooperação mútua nas atividades do Sisnad; coordenação, a integração e a articulação
das atividades de que trata o art. 3º desta
IX - a adoção de abordagem Lei.
multidisciplinar que reconheça a
interdependência e a natureza CAPÍTULO II
complementar das atividades de prevenção DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS
do uso indevido, atenção e reinserção social PÚBLICAS SOBRE DROGAS
de usuários e dependentes de drogas,
repressão da produção não autorizada e do Seção I
tráfico ilícito de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Da Composição do Sistema Nacional de
X - a observância do equilíbrio entre Políticas Públicas sobre Drogas
as atividades de prevenção do uso
indevido, atenção e reinserção social de Art. 6º (VETADO)
usuários e dependentes de drogas e de
Art. 7º A organização do Sisnad
repressão à sua produção não autorizada e
assegura a orientação central e a execução
ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a
descentralizada das atividades realizadas
estabilidade e o bem-estar social;
em seu âmbito, nas esferas federal, distrital,
XI - a observância às orientações e estadual e municipal e se constitui matéria
normas emanadas do Conselho Nacional definida no regulamento desta Lei.
Antidrogas - Conad.
Orientação – central

Art. 5º O Sisnad tem os seguintes Execução – descentralizada (Esfera federal, distrital,


objetivos: estadual e municipal)

I - contribuir para a inclusão social do Art. 7º-A.  (VETADO). 


cidadão, visando a torná-lo menos
vulnerável a assumir comportamentos de Art. 8º (VETADO)
risco para o uso indevido de drogas, seu
tráfico ilícito e outros comportamentos Seção II
correlacionados; Das Competências

II - promover a construção e a Art. 8º-A.  Compete à União: (Incluído


socialização do conhecimento sobre drogas pela Lei nº 13.840, de 2019)
no país;
I - formular e coordenar a execução da
III - promover a integração entre as Política Nacional sobre Drogas; (Incluído pela
políticas de prevenção do uso indevido, Lei nº 13.840, de 2019)
atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas e de repressão à sua II - elaborar o Plano Nacional de
produção não autorizada e ao tráfico ilícito e Políticas sobre Drogas, em parceria com
as políticas públicas setoriais dos órgãos do Estados, Distrito Federal, Municípios e a
Poder Executivo da União, Distrito Federal, sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Estados e Municípios;
III - coordenar o Sisnad; (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019)
IV - estabelecer diretrizes sobre a XIV - estabelecer uma política
organização e funcionamento do Sisnad e nacional de controle de fronteiras, visando
suas normas de referência; (Incluído pela Lei nº a coibir o ingresso de drogas no
13.840, de 2019) País.   (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

V - elaborar objetivos, ações Art. 8º-B.  (VETADO). 


estratégicas, metas, prioridades,
indicadores e definir formas de Art. 8º-C. (VETADO).       
financiamento e gestão das políticas sobre
drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) CAPÍTULO II-A
DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS
VI – (VETADO);       SOBRE DROGAS

VII – (VETADO);          Seção I


Do Plano Nacional de Políticas sobre
VIII - promover a integração das Drogas
políticas sobre drogas com os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Art. 8º-D.  São objetivos do Plano
Lei nº 13.840, de 2019) Nacional de Políticas sobre Drogas, dentre
outros: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IX - financiar, com Estados, Distrito
Federal e Municípios, a execução das I - promover a interdisciplinaridade e
políticas sobre drogas, observadas as integração dos programas, ações, atividades
obrigações dos integrantes do e projetos dos órgãos e entidades públicas e
Sisnad; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) privadas nas áreas de saúde, educação,
trabalho, assistência social, previdência
X - estabelecer formas de colaboração social, habitação, cultura, desporto e lazer,
com Estados, Distrito Federal e Municípios visando à prevenção do uso de drogas,
para a execução das políticas sobre atenção e reinserção social dos usuários ou
drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) dependentes de drogas; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)
XI - garantir publicidade de dados e
informações sobre repasses de recursos para II - viabilizar a ampla participação
financiamento das políticas sobre social na formulação, implementação e
drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) avaliação das políticas sobre drogas; (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
XII - sistematizar e divulgar os dados
estatísticos nacionais de prevenção, III - priorizar programas, ações,
tratamento, acolhimento, reinserção social e atividades e projetos articulados com os
econômica e repressão ao tráfico ilícito de estabelecimentos de ensino, com a sociedade
drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) e com a família para a prevenção do uso de
drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
XIII - adotar medidas de enfretamento
aos crimes transfronteiriços; e (Incluído pela IV - ampliar as alternativas de inserção
Lei nº 13.840, de 2019) social e econômica do usuário ou
dependente de drogas, promovendo
programas que priorizem a melhoria de sua
escolarização e a qualificação profissional; § 1º O plano de que trata o caput terá
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) duração de 5 anos a contar de sua
aprovação.
V - promover o acesso do usuário ou
dependente de drogas a todos os serviços § 2º O poder público deverá dar a mais
públicos; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) ampla divulgação ao conteúdo do Plano
Nacional de Políticas sobre Drogas.
VI - estabelecer diretrizes para garantir
a efetividade dos programas, ações e Seção II
projetos das políticas sobre drogas; (Incluído Dos Conselhos de Políticas sobre
pela Lei nº 13.840, de 2019) Drogas

VII - fomentar a criação de serviço de Art. 8º-E.  Os conselhos de políticas


atendimento telefônico com orientações e sobre drogas, constituídos por Estados,
informações para apoio aos usuários ou Distrito Federal e Municípios, terão os
dependentes de drogas; (Incluído pela Lei nº seguintes objetivos: (Incluído pela Lei nº 13.840,
13.840, de 2019)
de 2019)

VIII - articular programas, ações e I - auxiliar na elaboração de políticas


projetos de incentivo ao emprego, renda e sobre drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
capacitação para o trabalho, com objetivo de
promover a inserção profissional da pessoa II - colaborar com os órgãos
que haja cumprido o plano individual de governamentais no planejamento e na
atendimento nas fases de tratamento ou execução das políticas sobre drogas, visando
acolhimento; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) à efetividade das políticas sobre drogas;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
IX - promover formas coletivas de
organização para o trabalho, redes de III - propor a celebração de
economia solidária e o cooperativismo, instrumentos de cooperação, visando à
como forma de promover autonomia ao elaboração de programas, ações, atividades
usuário ou dependente de drogas egresso de e projetos voltados à prevenção, tratamento,
tratamento ou acolhimento, observando-se acolhimento, reinserção social e econômica e
as especificidades regionais; (Incluído pela Lei repressão ao tráfico ilícito de
nº 13.840, de 2019) drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

X - propor a formulação de políticas IV - promover a realização de estudos,


públicas que conduzam à efetivação das com o objetivo de subsidiar o planejamento
diretrizes e princípios previstos no art. 22; das políticas sobre drogas; (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) 13.840, de 2019)

XI - articular as instâncias de saúde, V - propor políticas públicas que


assistência social e de justiça no permitam a integração e a participação do
enfrentamento ao abuso de drogas; usuário ou dependente de drogas no
e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) processo social, econômico, político e
cultural no respectivo ente federado; e
XII - promover estudos e avaliação dos (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
resultados das políticas sobre drogas.
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
VI - desenvolver outras atividades TÍTULO III
relacionadas às políticas sobre drogas em DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO
consonância com o Sisnad e com os DO USO INDEVIDO, ATENÇÃO E
respectivos planos. (Incluído pela Lei nº 13.840, REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E
de 2019) DEPENDENTES DE DROGAS
CAPÍTULO I
Seção III DA PREVENÇÃO
Dos Membros dos Conselhos de Políticas
sobre Drogas Seção I
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 8º-F.  (VETADO).      Das Diretrizes

CAPÍTULO III Art. 18. Constituem atividades de


(VETADO) prevenção do uso indevido de drogas, para
efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a
Art. 9º (VETADO) redução dos fatores de vulnerabilidade e
risco e para a promoção e o fortalecimento
Art. 10. (VETADO) dos fatores de proteção.

Art. 11. (VETADO) Art. 19. As atividades de prevenção do


uso indevido de drogas devem observar os
Art. 12. (VETADO) seguintes princípios e diretrizes:

Art. 13. (VETADO) I - o reconhecimento do uso indevido


de drogas como fator de interferência na
Art. 14. (VETADO)
qualidade de vida do indivíduo e na sua
relação com a comunidade à qual pertence;
CAPÍTULO IV
DO ACOMPANHAMENTO E DA
II - a adoção de conceitos objetivos e de
AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE
fundamentação científica como forma de
DROGAS
orientar as ações dos serviços públicos
comunitários e privados e de evitar
Art. 15. (VETADO)
preconceitos e estigmatização das pessoas e
Art. 16. As instituições com atuação dos serviços que as atendam;
nas áreas da atenção à saúde e da
III - o fortalecimento da autonomia e
assistência social que atendam usuários ou
da responsabilidade individual em relação
dependentes de drogas devem comunicar
ao uso indevido de drogas;
ao órgão competente do respectivo sistema
municipal de saúde os casos atendidos e os
IV - o compartilhamento de
óbitos ocorridos, preservando a identidade
responsabilidades e a colaboração mútua
das pessoas, conforme orientações
com as instituições do setor privado e com
emanadas da União.
os diversos segmentos sociais, incluindo
usuários e dependentes de drogas e
Art. 17. Os dados estatísticos nacionais
respectivos familiares, por meio do
de repressão ao tráfico ilícito de drogas
estabelecimento de parcerias;
integrarão sistema de informações do Poder
Executivo.
V - a adoção de estratégias preventivas XIII - o alinhamento às diretrizes dos
diferenciadas e adequadas às órgãos de controle social de políticas
especificidades socioculturais das diversas setoriais específicas.
populações, bem como das diferentes
drogas utilizadas; Parágrafo único. As atividades de
prevenção do uso indevido de drogas
VI - o reconhecimento do “não-uso”, dirigidas à criança e ao adolescente deverão
do “retardamento do uso” e da redução de estar em consonância com as diretrizes
riscos como resultados desejáveis das emanadas pelo Conselho Nacional dos
atividades de natureza preventiva, quando Direitos da Criança e do Adolescente -
da definição dos objetivos a serem Conanda.
alcançados;
Seção II
VII - o tratamento especial dirigido às (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
parcelas mais vulneráveis da população, Da Semana Nacional de Políticas Sobre
levando em consideração as suas Drogas
necessidades específicas;
Art. 19-A.  Fica instituída a Semana
VIII - a articulação entre os serviços e Nacional de Políticas sobre Drogas,
organizações que atuam em atividades de comemorada anualmente, na quarta semana
prevenção do uso indevido de drogas e a de junho. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
rede de atenção a usuários e dependentes de
drogas e respectivos familiares; § 1º No período de que trata o caput,
serão intensificadas as ações de: (Incluído pela
IX - o investimento em alternativas Lei nº 13.840, de 2019)
esportivas, culturais, artísticas,
profissionais, entre outras, como forma de I - difusão de informações sobre os
inclusão social e de melhoria da qualidade problemas decorrentes do uso de
de vida; drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

X - o estabelecimento de políticas de II - promoção de eventos para o debate


formação continuada na área da prevenção público sobre as políticas sobre drogas;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
do uso indevido de drogas para
profissionais de educação nos 3 níveis de
III - difusão de boas práticas de
ensino;
prevenção, tratamento, acolhimento e
XI - a implantação de projetos reinserção social e econômica de usuários de
pedagógicos de prevenção do uso indevido drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
de drogas, nas instituições de ensino público
IV - divulgação de iniciativas, ações e
e privado, alinhados às Diretrizes
campanhas de prevenção do uso indevido
Curriculares Nacionais e aos conhecimentos
de drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
relacionados a drogas;

XII - a observância das orientações e V - mobilização da comunidade para a


normas emanadas do Conad; participação nas ações de prevenção e
enfrentamento às drogas; (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)
VI - mobilização dos sistemas de fundamentais da pessoa humana, os
ensino previstos na Lei nº 9.394, de 20 de princípios e diretrizes do Sistema Único de
dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases Saúde e da Política Nacional de Assistência
da Educação Nacional, na realização de Social;
atividades de prevenção ao uso de
drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - a adoção de estratégias
diferenciadas de atenção e reinserção social
CAPÍTULO II do usuário e do dependente de drogas e
DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E respectivos familiares que considerem as
DE REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS suas peculiaridades socioculturais;
O U DEPENDENTES DE DROGAS
III - definição de projeto terapêutico
CAPÍTULO II individualizado, orientado para a inclusão
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) social e para a redução de riscos e de danos
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, sociais e à saúde;
TRATAMENTO, ACOLHIMENTO E DE
REINSERÇÃO SOCIAL E ECONÔMICA DE IV - atenção ao usuário ou dependente
USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE de drogas e aos respectivos familiares,
DROGAS sempre que possível, de forma
multidisciplinar e por equipes
Seção I multiprofissionais;
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Disposições Gerais V - observância das orientações e
normas emanadas do Conad;
Art. 20. Constituem atividades de
atenção ao usuário e dependente de drogas VI - o alinhamento às diretrizes dos
e respectivos familiares, para efeito desta órgãos de controle social de políticas
Lei, aquelas que visem à melhoria da setoriais específicas.
qualidade de vida e à redução dos riscos e
dos danos associados ao uso de drogas. VII - estímulo à capacitação técnica e
profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 21. Constituem atividades de
reinserção social do usuário ou do VIII - efetivação de políticas de
dependente de drogas e respectivos reinserção social voltadas à educação
familiares, para efeito desta Lei, aquelas continuada e ao trabalho; (Incluído pela Lei nº
direcionadas para sua integração ou 13.840, de 2019)
reintegração em redes sociais.
IX - observância do plano individual
Art. 22. As atividades de atenção e as de atendimento na forma do art. 23-B desta
de reinserção social do usuário e do Lei; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
dependente de drogas e respectivos
familiares devem observar os seguintes X - orientação adequada ao usuário ou
princípios e diretrizes: dependente de drogas quanto às
consequências lesivas do uso de drogas,
I - respeito ao usuário e ao dependente ainda que ocasional. (Incluído pela Lei nº 13.840,
de drogas, independentemente de quaisquer de 2019)
condições, observados os direitos
Seção II
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) II - orientar-se por protocolos técnicos
Da Educação na Reinserção Social e predefinidos, baseados em evidências
Econômica científicas, oferecendo atendimento
individualizado ao usuário ou dependente
Art. 22-A.  As pessoas atendidas por de drogas com abordagem preventiva e,
órgãos integrantes do Sisnad terão sempre que indicado, ambulatorial; (Incluído
atendimento nos programas de educação pela Lei nº 13.840, de 2019)
profissional e tecnológica, educação de
jovens e adultos e alfabetização. (Incluído pela III - preparar para a reinserção social e
Lei nº 13.840, de 2019) econômica, respeitando as habilidades e
projetos individuais por meio de programas
Seção III que articulem educação, capacitação para o
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
trabalho, esporte, cultura e
Do Trabalho na Reinserção Social e
acompanhamento individualizado;
Econômica
e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

Art. 22-B.  (VETADO).


IV - acompanhar os resultados pelo
SUS, Suas e Sisnad, de forma
Seção IV
articulada. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Do Tratamento do Usuário ou
§ 1º Caberá à União dispor sobre os
Dependente de Drogas
protocolos técnicos de tratamento, em
âmbito nacional. (Incluído pela Lei nº 13.840, de
Art. 23. As redes dos serviços de saúde
2019)
da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios desenvolverão programas § 2º A internação de dependentes de
de atenção ao usuário e ao dependente de drogas somente será realizada em unidades
drogas, respeitadas as diretrizes do de saúde ou hospitais gerais, dotados de
Ministério da Saúde e os princípios equipes multidisciplinares e deverá ser
explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória obrigatoriamente autorizada por médico
a previsão orçamentária adequada. devidamente registrado no Conselho
Regional de Medicina - CRM do Estado
Art. 23-A.  O tratamento do usuário ou
onde se localize o estabelecimento no qual
dependente de drogas deverá ser ordenado
se dará a internação. (Incluído pela Lei nº 13.840,
em uma rede de atenção à saúde, com de 2019)
prioridade para as modalidades de
tratamento ambulatorial, incluindo § 3º São considerados 2 tipos de
excepcionalmente formas de internação em internação: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
unidades de saúde e hospitais gerais nos
termos de normas dispostas pela União e I - internação voluntária: aquela que se
articuladas com os serviços de assistência dá com o consentimento do dependente de
social e em etapas que permitam: (Incluído drogas; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
pela Lei nº 13.840, de 2019)
II - internação involuntária: aquela
I - articular a atenção com ações que se dá, sem o consentimento do
preventivas que atinjam toda a dependente, a pedido de familiar ou do
população; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) responsável legal ou, na absoluta falta
deste, de servidor público da área de saúde, II - será indicada depois da avaliação
da assistência social ou dos órgãos sobre o tipo de droga utilizada, o padrão de
públicos integrantes do Sisnad, com uso e na hipótese comprovada da
exceção de servidores da área de segurança impossibilidade de utilização de outras
pública, que constate a existência de alternativas terapêuticas previstas na rede
motivos que justifiquem a de atenção à saúde; (Incluído pela Lei nº 13.840,
medida.     (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) de 2019)

Internação involuntária - III - perdurará apenas pelo tempo


sem o consentimento do necessário à desintoxicação, no prazo
dependente máximo de 90 dias, tendo seu término
determinado pelo médico responsável;
Se dá: a pedido do (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

IV - a família ou o representante legal


Familiar ou responsável poderá, a qualquer tempo, requerer ao
legal, na falta deste pode o médico a interrupção do
tratamento.   (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
servidor público da área de saúde, da
assistência social ou dos órgãos
públicos integrantes do Sisnad § 6º A internação, em qualquer de suas
modalidades, só será indicada quando os
Os servidores da área de segurança pública, mesmo recursos extra-hospitalares se mostrarem
que constate a existência de motivos que justifiquem insuficientes. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
a medida, NÃO PODEM REQUERER.
§ 7º Todas as internações e altas de que
trata esta Lei deverão ser informadas, em,
no máximo, de 72 horas, ao Ministério
§ 4º A internação voluntária: (Incluído
Público, à Defensoria Pública e a outros
pela Lei nº 13.840, de 2019)
órgãos de fiscalização, por meio de sistema
informatizado único, na forma do
I - deverá ser precedida de declaração
regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei nº
escrita da pessoa solicitante de que optou
13.840, de 2019)
por este regime de tratamento; (Incluído pela
Lei nº 13.840, de 2019)
§ 8º É garantido o sigilo das
informações disponíveis no sistema referido
II - seu término dar-se-á por
no § 7º e o acesso será permitido apenas às
determinação do médico responsável ou
pessoas autorizadas a conhecê-las, sob pena
por solicitação escrita da pessoa que deseja
de responsabilidade.  (Incluído pela Lei nº
interromper o tratamento. (Incluído pela Lei nº
13.840, de 2019)
13.840, de 2019)

§ 9º É vedada a realização de qualquer


§ 5º A internação involuntária: (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019) modalidade de internação nas comunidades
terapêuticas acolhedoras. (Incluído pela Lei nº
I - deve ser realizada após a 13.840, de 2019)

formalização da decisão por médico


Comunidades terapêuticas acolhedoras = ambiente
responsável; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) residencial, propício à formação de vínculos, com a
convivência entre os pares, atividades práticas de
valor educativo e a promoção do desenvolvimento os quais têm o dever de contribuir com o
pessoal, vocacionada para acolhimento ao usuário ou processo, sendo esses, no caso de crianças e
dependente de drogas em vulnerabilidade social.
Art. 26-A
adolescentes, passíveis de responsabilização
civil, administrativa e criminal, nos termos
§ 10.  O planejamento e a execução do da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 -
projeto terapêutico individual deverão Estatuto da Criança e do
observar, no que couber, o previsto na Lei nº Adolescente . (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
10.216, de 6 de abril de 2001 , que dispõe
sobre a proteção e os direitos das pessoas § 4º O PIA será inicialmente elaborado
portadoras de transtornos mentais e sob a responsabilidade da equipe técnica do
redireciona o modelo assistencial em saúde primeiro projeto terapêutico que atender o
mental.    (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) usuário ou dependente de drogas e será
atualizado ao longo das diversas fases do
Seção V atendimento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Do Plano Individual de Atendimento § 5º Constarão do plano individual,
no mínimo: (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 23-B. O atendimento ao usuário ou
dependente de drogas na rede de atenção à I - os resultados da avaliação
saúde dependerá de: (Incluído pela Lei nº 13.840, multidisciplinar; (Incluído pela Lei nº 13.840, de
de 2019) 2019)

I - avaliação prévia por equipe técnica II - os objetivos declarados pelo


multidisciplinar e multissetorial; e (Incluído atendido; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
pela Lei nº 13.840, de 2019)
III - a previsão de suas atividades de
II - elaboração de um Plano Individual integração social ou capacitação
de Atendimento - PIA.  (Incluído pela Lei nº profissional; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
13.840, de 2019)
IV - atividades de integração e apoio à
§ 1º A avaliação prévia da equipe família; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
técnica subsidiará a elaboração e execução
do projeto terapêutico individual a ser V - formas de participação da família
adotado, levantando no mínimo: (Incluído para efetivo cumprimento do plano
pela Lei nº 13.840, de 2019) individual; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

I - o tipo de droga e o padrão de seu VI - designação do projeto terapêutico


uso; e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) mais adequado para o cumprimento do
previsto no plano; e (Incluído pela Lei nº 13.840,
II - o risco à saúde física e mental do de 2019)
usuário ou dependente de drogas ou das
pessoas com as quais convive. (Incluído pela VII - as medidas específicas de atenção
Lei nº 13.840, de 2019) à saúde do atendido. (Incluído pela Lei nº 13.840,
de 2019)
§ 2º  (VETADO).

§ 3º  O PIA deverá contemplar a


participação dos familiares ou responsáveis,
§ 6º O PIA será elaborado no prazo de II - adesão e permanência voluntária,
até 30 dias da data do ingresso no formalizadas por escrito, entendida como
atendimento. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) uma etapa transitória para a reinserção
social e econômica do usuário ou
§ 7º As informações produzidas na dependente de drogas; (Incluído pela Lei nº
avaliação e as registradas no plano 13.840, de 2019)
individual de atendimento são consideradas
sigilosas.  (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) III - ambiente residencial, propício à
formação de vínculos, com a convivência
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito entre os pares, atividades práticas de valor
Federal e os Municípios poderão conceder educativo e a promoção do
benefícios às instituições privadas que desenvolvimento pessoal, vocacionada para
desenvolverem programas de reinserção no acolhimento ao usuário ou dependente de
mercado de trabalho, do usuário e do drogas em vulnerabilidade social; (Incluído
dependente de drogas encaminhados por pela Lei nº 13.840, de 2019)
órgão oficial.
IV - avaliação médica prévia; (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 25. As instituições da sociedade
civil, sem fins lucrativos, com atuação nas
V - elaboração de plano individual de
áreas da atenção à saúde e da assistência
atendimento na forma do art. 23-B desta Lei;
social, que atendam usuários ou
e (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
dependentes de drogas poderão receber
recursos do Funad, condicionados à sua
VI - vedação de isolamento físico do
disponibilidade orçamentária e financeira.
usuário ou dependente de drogas. (Incluído
pela Lei nº 13.840, de 2019)
Art. 26. O usuário e o dependente de
drogas que, em razão da prática de infração
§ 1º Não são elegíveis para o
penal, estiverem cumprindo pena privativa
acolhimento as pessoas com
de liberdade ou submetidos a medida de
comprometimentos biológicos e
segurança, têm garantidos os serviços de
psicológicos de natureza grave que
atenção à sua saúde, definidos pelo
mereçam atenção médico-hospitalar
respectivo sistema penitenciário.
contínua ou de emergência, caso em que
deverão ser encaminhadas à rede de
Seção VI
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
saúde. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
Do Acolhimento em Comunidade
§ 2º (VETADO).      
Terapêutica Acolhedora

§ 3º (VETADO).       
Art. 26-A.  O acolhimento do usuário
ou dependente de drogas na comunidade
§ 4º  (VETADO).    
terapêutica acolhedora caracteriza-se por:
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 5º  (VETADO).     
I - oferta de projetos terapêuticos ao
usuário ou dependente de drogas que visam
à abstinência; (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
CAPÍTULO III
DOS CRIMES E DAS PENAS
Art. 27. As penas previstas neste A fim de se comprovar a materialidade delitiva por
Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou meio do exame toxicológico, é imprescindível que
parte da substância entorpecente seja apreendida.
cumulativamente, bem como substituídas a
qualquer tempo, ouvidos o Ministério O art. 28 da Lei de Drogas incrimina as condutas de
Público e o defensor. adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou
trazer consigo. Cuida-se de tipo misto alternativo.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver Logo, mesmo que o agente pratique, em um mesmo
em depósito, transportar ou trouxer contexto fático, mais de uma ação típica, responderá
por crime único.
consigo, para consumo pessoal, drogas sem
autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas: Obs. Sobre a pena de prestação de serviço à
comunidade:
I - advertência sobre os efeitos das
NÃO SUBSTITUTIVIDADE: as penas restritivas de
drogas; direito previstas no Código Penal são autônomas e
aplicadas em substituição a uma pena privativa de
II - prestação de serviços à liberdade anteriormente fixada pelo magistrado.
comunidade; Exemplificando, após condenar um acusado à pena
não superior a 4 anos pela prática de crime cometido
III - medida educativa de sem o emprego de violência ou grave ameaça, deverá
o magistrado substituir esta pena privativa de
comparecimento a programa ou curso
liberdade por restritiva de direitos, nos termos do art.
educativo. 44 do Código Penal, desde que presentes os demais
pressupostos objetivos e subjetivos. Em sentido
diverso, no caso do crime de porte de drogas para
consumo pessoal, como sequer há previsão legal de
PORTE PARA CONSUMO PESSOAL, ART. 28 pena privativa de liberdade, a pena restritiva de
direitos de prestação de serviços à comunidade já
Também chamado de posse. vem cominada diretamente no preceito secundário
do art. 28, daí por que desprovida do caráter
Crime do usuário? substitutivo que geralmente acompanha essa espécie
de sanção. Fonte: Renato Brasileiro Leis Penais
Não está certo. Uso da droga por si só é penalmente Especiais
irrelevante, não há crime no uso pretérito da droga.
Não há o verbo usar no tipo penal.

Obs. Atipicidade do uso de drogas. Dentre os 5 § 1º Às mesmas medidas submete-se


verbos art. 28, caput, da Lei de Drogas, não consta a quem, para seu consumo pessoal, semeia,
conduta de mero uso de droga. cultiva ou colhe plantas destinadas à
Grande parte da doutrina prefere se referir ao art. 28 preparação de pequena quantidade de
com o nomen iuris de porte de drogas para consumo substância ou produto capaz de causar
pessoal, e não simplesmente uso de drogas. dependência física ou psíquica.
Pelo menos em regra, se o indivíduo é flagrado
“Pequena quantidade”: elemento normativo do tipo,
usando substância entorpecente, deverá responder
o juiz avalia em cada caso concreto.
pelo crime de porte de drogas para consumo pessoal,
não por conta do "uso da droga", que é uma conduta
atípica, mas sim porque é muito provável que, antes
DISTINÇÃO ENTRE O ART. 28, §1º E O ART. 33,
do uso, já tenha praticado uma das condutas
§1º
incriminadas pelo art. 28, como por exemplo, o
adquirir ou trazer consigo. ART. 28, §1º ART. 33, §1º
Às mesmas medidas § 1º Nas mesmas penas circunstâncias sociais e pessoais, bem como
submete-se quem, para incorre quem: T.C.F à conduta e aos antecedentes do agente.
seu consumo pessoal, I - importa, exporta, remete,
semeia, cultiva ou colhe produz, fabrica, adquire,
plantas destinadas à vende, expõe à venda,
§ 3º As penas previstas nos incisos II e
preparação de pequena oferece, fornece, tem em III do caput deste artigo serão aplicadas pelo
quantidade de depósito, transporta, traz prazo MÁXIMO DE 5 MESES.
substância ou produto consigo ou guarda, ainda que
capaz de causar gratuitamente, sem autori-
dependência física ou zação ou em desacordo com
psíquica. determinação legal ou regu-
§ 4º Em caso de reincidência, as penas
lamentar, matéria-prima,
insumo ou produto químico previstas nos incisos II e III do caput deste
destinado à preparação de artigo serão aplicadas pelo prazo máximo
drogas; de 10 MESES.

uida-se, o art. 28, § 1°, da Lei de Drogas, de norma §3º As penas de prestação §4º As penas de prestação
especial em relação ao crime do art. 33, § 1°, inciso II de serviço à comunidade e de serviço à comunidade e
comparecimento a programa comparecimento a programa
("semeia, cultiva ou faz a colheita, sem ‘ autorização ou curso educativo serão ou curso educativo serão
ou em desacordo com determinação legal ou aplicadas: aplicadas:
regulamentar , de plantas que se constituam em
matéria-prima para a preparação de drogas"),
diferenciando-se dele em virtude da presença de 2 Se primário Se
elementos especializantes, quais sejam: a finalidade reincidente
deve ser o consumo pessoal, e as plantas devem ser
Prazo
destinadas à preparação de pequena quantidade de Prazo
máximo de 5
substância entorpecente. meses máximo de
10 meses
Ademais, o juiz atenderá à natureza e da substância
apreendida, ao local e às condições em que se Nada impede a fixação da pena em lapso temporal
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e inferior.
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do
agente. Orientação do §2º deste artigo.

• Não é a quantidade de drogas que vai dizer se é


28 ou 33. É a combinação de vários fatores. § 5º A prestação de serviços à
comunidade será cumprida em programas
Na DÚVIDA? JUIZ deve condenar pelo art. 28,
comunitários, entidades educacionais ou
norma mais favorável ao réu.
assistenciais, hospitais, estabelecimentos
congêneres, públicos ou privados sem fins
TRÁFICO DE DROGAS = EQUIPARADO A lucrativos, que se ocupem,
HEDIONDO preferencialmente, da prevenção do
consumo ou da recuperação de usuários e
• NOS DOIS CASOS APLICA-SE O ART. 243 DA CF,
dependentes de drogas.
PENA DE CONFISCO. EXPROPRIAÇÃO.

§ 2º Para determinar se a droga § 6º Para garantia do cumprimento das


destinava-se a consumo pessoal, o juiz medidas educativas a que se refere o caput,
atenderá à natureza e à quantidade da nos incisos I, II e III, a que
substância apreendida, ao local e às injustificadamente se recuse o agente,
condições em que se desenvolveu a ação, às poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;

II - multa. Art. 30. Prescrevem em 2 anos a


imposição e a execução das penas,
Obs. O descumprimento injustificado das penas observado, no tocante à interrupção do
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 28 não
prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes
caracteriza o crime de desobediência (CP, art. 330).
Isso porque a própria Lei de Drogas já prevê em seu do Código Penal.
art. 28, § 6°, as consequências decorrentes do
descumprimento de tais penas – admoestação verbal Como o dispositivo faz referência à prescrição em 2
e multa, a serem aplicadas de maneira sucessiva -, anos da imposição e execução das penas, depreende-
sem fazer qualquer ressalva expressa quanto à se que este prazo prescricional vale tanto para a
possibilidade de responsabilização criminal pelo prescrição da pretensão punitiva (imposição), como
delito de desobediência, como o faz, por exemplo, o também para a prescrição da pretensão executória
art. 219 do CPP ao tratar da testemunha faltosa, em (execução).
relação à qual há previsão expressa quanto à
aplicação de multa, pagamento das custas da Obs. O art. 107 do Código Penal não trata das causas
diligência, sem prejuízo do processo criminal por interruptivas da prescrição, mas sim das diversas
desobediência. causas extintivas da punibilidade previstas no nosso
ordenamento jurídico (v.g., morte do agente,
prescrição, decadência, perempção, etc.). Na verdade,
as causas interruptivas da prescrição estão listadas
no art. 117 do Código Penal.
§ 7º O juiz determinará ao Poder
Público que coloque à disposição do Segundo Renato Brasileiro: diante da falta de técnica
infrator, gratuitamente, estabelecimento de do legislador, grande parte da doutrina prefere
saúde, preferencialmente ambulatorial, entender que o dispositivo deve ser objeto de
interpretação extensiva, porquanto disse menos do
para tratamento especializado. que pretendia. Ao crime de porte de drogas para
consumo pessoal devem ser aplicadas todas as
disposições constantes do Código Penal acerca da
prescrição, como, por exemplo, o termo inicial da
prescrição (CP, arts. 111 e 112), as causas de redução
do prazo prescricional (CP, art. 115), as causas
suspensivas da prescrição), e não apenas as causas
interruptivas da prescrição, mormente porque o art.
30 da Lei de Drogas determina a aplicação dos arts.
Art. 29. Na imposição da medida
107 e seguintes do Código Penal. Dito de outro
educativa a que se refere o inciso II do § 6º modo, quisesse o legislador referir-se apenas às
do art. 28 (multa), o juiz, atendendo à causas interruptivas da prescrição, teria se referido
reprovabilidade da conduta, fixará o tão somente ao art. 117 do Código Penal, e não aos
número de dias-multa, em quantidade arts. 107 e seguintes do CP.
NUNCA INFERIOR A 40 NEM SUPERIOR A
100, atribuindo depois a cada um, segundo a
capacidade econômica do agente, o valor de
um trinta avos até 3 vezes o valor do maior
salário mínimo.

Parágrafo único. Os valores


decorrentes da imposição da multa a que se
refere o § 6º do art. 28 serão creditados à
conta do Fundo Nacional Antidrogas.
O § 1º do art. 33 da LD prevê que também é crime a
importação de “matéria-prima” ou “insumo”
destinado à preparação de drogas. A semente de
maconha poderia ser considerada como “matéria-
prima” ou “insumo” destinado à preparação de
drogas?

Também não. A semente de maconha não pode ser


considerada matéria-prima ou insumo destinado à
preparação de drogas. Isso porque ela não é um
“ingrediente” para a confecção de drogas. Não se faz
droga misturando a semente de maconha com
qualquer coisa.

É possível que o indivíduo plante a semente de


maconha e que daí nasça a planta da cannabis sativa
JURIS – 2014 até junho de 2020 – relacionada ao art.
linneu... A planta tem THC (substância psicoativa
28: proibida)...: É verdade. Pode ser que o indivíduo
germine a semente, que isso vire uma muda, que ele
1) - A reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da cultive a muda e que se torne a planta da maconha.
Lei nº 11.343/2006 é a específica.A reincidência de No entanto, a mera importação da semente não é
que trata o § 4º é a reincidência específica. Assim, se crime algum porque configuraria, no máximo, mero
um indivíduo já condenado definitivamente por ato preparatório da figura típica prevista no § 1º do
roubo, pratica o crime do art. 28, ele não se enquadra art. 28 da Lei nº 11.343/2006.
no § 4º. Isso porque se trata de reincidente genérico.
O § 4º, ao falar de reincidente, está se referindo ao Obs.: (DPEAP-2018-FCC): A importação de semente
crime do caput do art. 28. STJ. 6ª Turma. REsp cannabis sativa linneu, vulgarmente conhecida como
1.771.304-ES, Min. Nefi Cordeiro, 10/12/2019 (Info maconha, segundo o STJ, configura delito de tráfico
662). de drogas, por ser matéria-prima para a produção de
substância entorpecente. CERTO.  STJ, AgRg no
2) - Não configura crime a importação de pequena REsp 1.609.752/SP e art. 31, §1º, I da Lei de Drogas.
quantidade de sementes de maconha. STF. 2ª
Turma. HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 3) - O réu não tem o dever de demonstrar que a
11/9/18 (Info 915). droga encontrada consigo seria utilizada apenas
para consumo próprio. Cabe à acusação comprovar
Tetrahidrocanabinol (THC): Tetrahidrocanabinol, os elementos do tipo penal, ou seja, que a droga
também conhecido como THC, é uma substância apreendida era destinada ao tráfico. Ao Estado-
psicoativa encontrada na planta Cannabis Sativa, acusador incumbe demonstrar a configuração do
mais popularmente conhecida como maconha. A tráfico, que não ocorre pelo simples fato dos réus
quantidade de THC na maconha pode variar de terem comprado e estarem na posse de entorpecente.
acordo com uma série de fatores, como o tipo de solo,
a estação do ano, a época em que foi colhida, o tempo Em suma, se a pessoa é encontrada com drogas, cabe
de colheita e consumo etc. A THC é prevista ao Ministério Público comprovar que o entorpecente
expressamente como droga na Portaria SVS/MS nº era destinado ao tráfico. Não fazendo esta prova,
344/1998, da ANVISA. prevalece a versão do réu de que a droga era para
consumo próprio. STF. 1ª Turma. HC 107448/MG,
Sementes de maconha não têm THC: Os frutos red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 18.6.2013.
aquênios da cannabis sativa linneu não apresentam
na sua composição o THC. A planta da cannabis 4) O porte de droga para consumo próprio, previsto
sativa linneu está prevista na lista “E” da Portaria no art. 28 da Lei nº 11.343/2006, possui natureza
SVS/MS 344/1998. Ocorre que essa Portaria prevê jurídica de crime. O porte de droga para consumo
apenas a planta como sendo droga (e não a sua próprio foi somente despenalizado pela Lei nº
semente). Assim, a semente de maconha não pode ser 11.343/2006, mas não descriminalizado. Despenalizar
considerada droga. é a medida que tem por objetivo afastar a pena como
tradicionalmente conhecemos, em especial a
privativa de liberdade. Descriminalizar significa Detração penal analógica virtual: Veja que o juiz
deixar de considerar uma conduta como crime. utiliza uma interessante nomenclatura: detração
Mesmo sendo crime, o STJ entende que a penal analógica virtual. O que é isso?
condenação anterior pelo art. 28 da Lei nº
11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO  Detração: a detração penal ocorre quando o juiz
configura reincidência. Argumento principal: se a desconta da pena ou da medida de segurança
contravenção penal, que é punível com pena de aplicada ao réu o tempo que ele ficou preso antes do
prisão simples, não configura reincidência, mostra-se trânsito em julgado (prisão provisória ou
desproporcional utilizar o art. 28 da LD para fins de administrativa) ou o tempo em que ficou internado
reincidência, considerando que este delito é punido em hospital de custódia (medida de segurança).
apenas com “advertência”, “prestação de serviços à
comunidade” e “medida educativa”, ou, seja, sanções  Analógica: o juiz afirmou que a detração que ele
menos graves e nas quais não há qualquer estava fazendo era “analógica” porque o art. 28 não
possibilidade de conversão em pena privativa de prevê pena privativa de liberdade. Logo, o
liberdade pelo descumprimento. Há de se considerar, magistrado utilizou-se da analogia para descontar
ainda, que a própria constitucionalidade do art. 28 da uma situação que não estava prevista na lei (abater o
LD está sendo fortemente questionada. STJ. 5ª T. tempo em que o réu ficou preso mesmo o art. 28 não
AgRg-AREsp 1.366.654/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, prevendo pena de prisão).
j. 13/12/18. STJ. 6ª T. REsp 1672654/SP, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, j. 21/8/18 (Info 632).  Virtual: além disso, a detração foi virtual porque o
STJ. 5ª T. HC 453437/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares juiz descontou o tempo que o réu ficou preso
da Fonseca, j. 4/10/18 (Info 636) cautelarmente mesmo sem condenar o acusado. É
como se ele dissesse o seguinte: eu nem vou condená-
5) Decisão que reconhece detração penal analógica lo pelo art. 28 porque já reconheço que não há
virtual não serve para fins de reincidência – (Info interesse processual nisso.
619) - IMPORTANTE!!! Concursos MP e
Magistratura! Segundo fato: Em 2012, João é preso novamente com
uma quantidade maior de droga em um local
É inviável o reconhecimento de reincidência com conhecido como boca-de-fumo. Ele foi denunciado e,
base em único processo anterior em desfavor do réu, ao final, condenado pela prática de tráfico de drogas
no qual - após desclassificar o delito de tráfico para (art. 33 da Lei 11.343/06). Na sentença, o magistrado
porte de substância entorpecente para consumo considerou que João seria reincidente pelo fato de ter
próprio - o juízo extinguiu a punibilidade por cometido o primeiro crime (aquele de 2010) que
considerar que o tempo da prisão provisória seria expliquei acima. Por conta dessa reincidência, o juiz
mais que suficiente para compensar eventual deixou de aplicar o benefício do art. 33, § 4º, da Lei
condenação. Situação concreta: João foi preso em de Drogas (tráfico privilegiado).
flagrante por tráfico de drogas (art. 33 da LD). Após 6
meses preso cautelarmente, ele foi julgado. O juiz A defesa recorreu alegando que a sentença proferida
proferiu sentença desclassificando o delito de tráfico no primeiro processo e que extinguiu a punibilidade
para o art. 28 da LD. Na própria sentença, o por levar em conta o tempo de prisão provisória do
magistrado declarou a extinção da punibilidade do acusado não teria o condão de gerar a reincidência
réu alegando que o art. 28 não prevê pena privativa para o segundo processo.
de liberdade e que o condenado já ficou 6 meses
preso. Logo, na visão do juiz, deve ser aplicada a O Tribunal de Justiça não concordou com o recurso
detração penal analógica virtual, pois qualquer da defesa. A defesa não se conformou com a decisão
pena que seria aplicável ao caso em tela estaria do TJ e conseguiu levar o caso até o STJ.
fatalmente cumprida, nem havendo justa causa ou
interesse processual para o prosseguimento do  O que decidiu o STJ? Foi acolhida a tese da defesa?
feito. Essa sentença não vale para fins de SIM. O STJ decidiu que: Não se pode reconhecer a
reincidência. Isso significa que, se João cometer um reincidência com base em único processo anterior
segundo delito, esse primeiro processo não poderá em desfavor do réu, no qual - após desclassificar o
ser considerado para caracterização de reincidência. delito de tráfico para porte de substância
STJ. 6ª Turma. HC 390038-SP, Rel. Min. Rogerio entorpecente para consumo próprio – o juízo
Schietti Cruz, j. 6/2/18 (Info 619). extinguiu a punibilidade por considerar que o tempo
da prisão provisória seria mais que suficiente para
compensar eventual condenação. STJ. 6ª T. HC do local, asseguradas as medidas
390.038-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 6/2/18 necessárias para a preservação da prova.       
(Info 619).
§ 1º (Revogado).          
Fonte: Dizer o Direito
§ 2º (Revogado).  
TÍTULO IV
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO            
AUTORIZADA E AO TRÁFICO ILÍCITO
DE DROGAS § 3º Em caso de ser utilizada a
CAPÍTULO I queimada para destruir a plantação,
DISPOSIÇÕES GERAIS observar-se-á, além das cautelas necessárias
à proteção ao meio ambiente, o disposto
Art. 31. É indispensável a licença no Decreto nº 2.661, de 8 de julho de
prévia da autoridade competente para 1998, no que couber, dispensada a
produzir, extrair, fabricar, transformar, autorização prévia do órgão próprio do
preparar, possuir, manter em depósito, Sistema Nacional do Meio Ambiente -
importar, exportar, reexportar, remeter, Sisnama.
transportar, expor, oferecer, vender,
comprar, trocar, ceder ou adquirir, para § 4º As glebas cultivadas com
qualquer fim, drogas ou matéria-prima plantações ilícitas serão expropriadas,
destinada à sua preparação, observadas as conforme o disposto no art. 243 da
demais exigências legais. Constituição Federal, de acordo com a
legislação em vigor.
- A rigor, esta autorização deve ser concedida
antecipadamente, daí por que não é possível que a CF. Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de
licença seja concedida após a prática do ato, como qualquer região do País onde forem localizadas
espécie de ratificação de conduta anteriormente culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a
praticada. Essa autorização é disciplinada, exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
atualmente, pela Portaria SVS/MS 344/1998. expropriadas e destinadas à reforma agrária e a
programas de habitação popular, sem qualquer
Segundo Renato Brasileiro: apesar de a expressão indenização ao proprietário e sem prejuízo de
sem autorização ou em desacordo com determinação outras sanções previstas em lei, observado, no que
legal ou regulamentar constituir fator vinculado à couber, o disposto no art. 5º.
ilicitude, foi inserida nos diversos crimes da Lei de Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor
Drogas como verdadeira elementar do tipo penal. econômico apreendido em decorrência do tráfico
Logo, uma vez não preenchida esta elementar, o fato ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração
se torna atípico. Além disso, eventual erro quanto à de trabalho escravo será confiscado e reverterá a
presença dessa elementar caracteriza hipótese de erro fundo especial com destinação específica, na forma
de tipo, e não de proibição, porquanto incidente da lei.
sobre elemento constitutivo do tipo legal do crime,
nos termos do art. 20, caput, do Código Penal.
CAPÍTULO II
DOS CRIMES

Art. 32. As plantações ilícitas serão Art. 33. Importar, exportar, remeter,
imediatamente destruídas pelo delegado de preparar, produzir, fabricar, adquirir,
polícia na forma do art. 50-A, que recolherá vender, expor à venda, oferecer, ter em
quantidade suficiente para exame pericial, depósito, transportar, trazer consigo,
de tudo lavrando auto de levantamento das guardar, prescrever, ministrar, entregar a
condições encontradas, com a delimitação consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em presentes elementos probatórios razoáveis
desacordo com determinação legal ou de conduta criminal preexistente.  (Incluído
regulamentar: pela Lei nº 13.964, de 2019)

Pena - reclusão de 5 a 15 anos e TRÁFICO DE DROGAS

pagamento de 500 a 1.500 dias-multa.


- 18 núcleos. (Tipo penal com mais núcleos no Brasil)
para evitar que alguma situação fique de fora.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
- Crime de máximo potencial ofensivo. Equiparado a
I - importa, exporta, remete, produz, hediondo, não cabe benefícios da lei 9.099
fabrica, adquire, vende, expõe à venda,
oferece, fornece, tem em depósito, - Embora referida na Constituição (art. 5°, inciso
XLIII), na Lei dos Crimes Hediondos (art. 2°, caput),
transporta, traz consigo ou guarda, ainda
a expressão tráfico ilícito de entorpecentes não consta
que gratuitamente, sem autorização ou em expressamente da Lei nº 11.343/06, na medida em
desacordo com determinação legal ou que a nova lei de drogas, assim como a anterior (Lei
regulamentar, matéria-prima, insumo ou nº 6.368/76), não traz um crime cujo nomen iuris seja
produto químico destinado à preparação "tráfico de drogas ".

de drogas;
Segundo Renato Brasileiro, não podem ser rotulados
como "tráfico de drogas" e, portanto, equiparados a
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, hediondos, os crimes previstos nos arts. 28 (porte ou
sem autorização ou em desacordo com cultivo de drogas para consumo próprio), 33, § 2°
determinação legal ou regulamentar, de (auxílio ao uso), 33, § 3° (uso compartilhado), 33, §4°
plantas que se constituam em matéria- (tráfico privilegiado).

prima para a preparação de drogas;


Por mais que a Lei nº 11.343/06 não defina
expressamente quais seriam os crimes de tráfico de
Semear consiste em espalhar sementes no solo
drogas, não se pode perder de vista que a palavra
para que possam germinar. Cultivar consiste em
tráfico está vinculada à ideia de comércio, mercancia,
propiciar condições para o desenvolvimento da
trato mercantil, negócio fraudulento, etc. Assim, não
planta. Por fim, Jazer a colheita significa recolher
se pode querer atribuir a natureza de tráfico de
aquilo que é produzido pela planta. O objeto material
drogas à conduta daquele que divide com outrem
dessa conduta delituosa são as plantas que se
um cigarro de maconha (Lei nº 11.343/06, art. 33, §
constituam em matéria-prima para a preparação
3°), sob pena de rotularmos como equiparado a
de drogas.
hediondo um crime cuja pena cominada é de
detenção, de 6 meses a 1 ano.
III - utiliza local ou bem de qualquer
natureza de que tem a propriedade, posse, - Prevalece o entendimento de que o princípio da
administração, guarda ou vigilância, ou insignificância não pode ser aplicado ao tráfico de
consente que outrem dele se utilize, ainda drogas.

que gratuitamente, sem autorização ou em


- SUJEITOS DO CRIME.
desacordo com determinação legal ou
regulamentar, para o tráfico ilícito de Em regra, o crime de tráfico de drogas constante do
drogas. art. 33 pode ser praticado por qualquer pessoa, logo,
cuida-se de crime comum.
IV - vende ou entrega drogas ou
Especificamente em relação ao verbo "prescrever",
matéria-prima, insumo ou produto
trata-se de crime próprio, pois apenas aquele que
químico destinado à preparação de drogas, exerce profissão habilitada à prescrição de drogas
sem autorização ou em desacordo com a pode figurar como sujeito ativo do delito, como, por
determinação legal ou regulamentar, a exemplo, médicos e dentistas.
agente policial disfarçado, quando
Como se trata de crime de perigo abstrato contra a de drogas. Prepondera, no entanto, o entendimento
saúde pública, o sujeito passivo é a coletividade. de que as condutas delituosas descritas no § 1° do art.
33 têm caráter subsidiário, de modo que sua
Obs. Se a droga for entregue a criança ou aplicação só é possível se o agente não for punido por
adolescente, subsiste o crime do art. 33, Lei de qualquer das figuras previstas no caput.
Drogas. Todavia, se a substância entregue não
possuir princípio ativo de qualquer droga listada na Fonte: Renato Brasileiro – Leis Especiais Penais
Portaria nº 344 da ANVISA (v.g., álcool ou cigarro), o
agente deverá responder pelo crime do art. 243 do - Sobre a novidade legislativa trazida pela Pacote
ECA. Anticrime – INCISO IV DO §1º, art. 33: “vende ou
entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto
Obs. Sobre o verbo ministrar: é introduzir no químico destinado à preparação de drogas, sem
organismo de alguém substância entorpecente, por autorização ou em desacordo com a determinação
qualquer meio. Não se trata de crime próprio, já que, legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
diversamente da modalidade "prescrever", qualquer quando presentes elementos probatórios razoáveis
pessoa pode introduzir a droga no organismo de conduta criminal preexistente”.
humano. Essa modalidade do art. 33 é punida
exclusivamente a título doloso. Logo, se a conduta A configuração delitiva se dá com a prática dos
for praticada culposamente, o crime será o do art. 38 verbos vender ou entregar.
da Lei nº 11.343/06.
Para configuração desta figura criminosa não
- TIPO SUBJETIVO depende da lucratividade, basta a distribuição da
droga, matéria-prima, insumo ou produto químico.
Os crimes de tráfico de drogas previstos no art. 33 da
Lei de Drogas são punidos exclusivamente a título de A seguir, anotações dos comentários de Fábio Roque
dolo, ou seja, deve o agente ter consciência e vontade (Youtube) acerca do referido inciso:
de praticar qualquer dos núcleos verbais constantes
do art. 33, ciente de que o faz sem autorização ou Flagrante preparado ou provocado: ex. Policial
em desacordo com determinação legal ou disfarçado chega para alguém que ele imagina ser o
regulamentar. traficante e se passa por um usuário. O traficante não
tem a droga consigo, então o policial disfarçado faz
Os verbos "prescrever" e "ministrar" constantes do com que o traficante vá até a boca de fumo para
art. 33 também são utilizados no art. 38 da Lei de pegar. Nesse caso, o flagrante é provocado. O policial
Drogas, diferenciando-se pelo fato de que esta figura provocar o agente para praticar o crime.
delituosa pode ser praticada apenas culposamente.
A súmula 145 do STF determina que não há crime,
Apesar de a expressão "tráfico de drogas" estar quando a preparação do flagrante pela polícia torna
relacionada à ideia de mercancia e lucro, fato é que a impossível a sua consumação. Fala-se em flagrante
tipificação desse crime dispensa a presença de preparado quando o agente apenas comete o crime,
qualquer elemento subjetivo específico, bastando a pois induzido pelo agente provocador (autoridade
consciência e a vontade de praticar um dos 18 verbos policial).
constantes do art. 33. (Diferente do art. 28 que exige
especial fim de o agente trazer a droga para consumo Todavia, se o policial se passa por usuário, pedindo
pessoal) quantidade X de maconha e o traficante,
prontamente, entrega a droga, nesse caso, não foi
- Elemento normativo: sem autorização e em provocado. Ele já estava trazendo consigo a droga. O
desacordo com determinação legal ou regulamentar. flagrante será lícito. Já existia elementos probatórios
razoável que demonstram que ele estava praticando
- CRIMES EQUIPARADOS AO TRÁFICO DE crime. Já estava transportando a droga, etc. O crime
DROGAS já estava ocorrendo.

Com o objetivo de evitar que qualquer atividade # Não confundir com flagrante esperado. Neste o
relacionada à produção não autorizada e ao tráfico policial imagina (pois a investigação demonstra que
ilícito de drogas fique impune, o legislador descreve existe a probabilidade de o crime ocorrer) que o
no art. 33, § 1°, três condutas equiparadas ao tráfico crime vai ocorrer, então, o agente, apenas, aguarda o
momento melhor para poder flagrantear. Por ex.: reduzidas de um 1/6 a 2/3, desde que o
Devido a interceptação telefônica (devidamente agente seja primário, de bons antecedentes,
autorizada pelo juiz) os policiais que investigam uma
quadrilha já sabem o dia e a hora em que uma carga
não se dedique às atividades criminosas
de drogas irá chegar. Então esperam o momento da nem integre organização criminosa. (Vide
chegada das drogas para fazer o flagrante. Resolução nº 5, de 2012)

Parece que a hipótese do INCISO IV DO §1º, art. 33 Causa de diminuição de pena – TRÁFICO
não é caso de flagrante provocado. Este é ilícito. Ver PRIVILEGIADO (acidental)
como o assunto é cobrado em questões.
O agente seja
Primário

§ 2º Induzir, instigar ou auxiliar Bons antecedentes


alguém ao uso indevido de droga: (Vide ADI
nº 4.274) Requisitos
Não se dedique a
atividade criminosa
Pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa
de 100 a 300 dias-multa. Não integra
organização
Autoriza a concessão de suspensão condicional do criminosa
processo (Lei nº 9.099/95, art. 89), já que a pena
- Apesar de muitos se referirem a este dispositivo
mínima cominada ao delito é igual a 1 ano. R.
com a denominação de tráfico privilegiado,
Brasileiro
tecnicamente não se trata de privilégio, porquanto o
legislador não inseriu um novo mínimo e um novo
§ 3º Oferecer droga, eventualmente e máximo de pena privativa de liberdade. Limitou-se
sem objetivo de lucro, a pessoa de seu apenas a prever a possibilidade de diminuição da
relacionamento, para juntos a consumirem: pena de um sexto a dois terços. Logo, não se trata de
privilégio, mas sim de verdadeira causa de
Pena - detenção, de 6 meses a 1 ano, e diminuição de pena, a ser sopesada na terceira fase
do cálculo da pena no sistema trifásico. (Por isso o
pagamento de 700 a 1.500 dias-multa, sem
termo “acidental” no tópico)
prejuízo das penas previstas no art. 28.
Para o STF, apenas as modalidades de tráfico de
Também não é crime equiparado a hediondo, entorpecentes definidas no art. 33, "caput" e § 1°, da
porquanto não abrangida pelas restrições de Lei 11.343/2006 seriam equiparadas a crimes
benefícios prevista no art. 44 da Lei de Drogas. hediondos.

Como esta nova figura delituosa contém todos os - ÔNUS DA PROVA


requisitos descritivos típicos da conduta do tráfico de
drogas do art. 33, caput, na modalidade entregar a Quanto ao ônus da prova acerca da presença (ou
consumo, porém acrescidos de mais alguns ausência) dos requisitos previstos no art. 33, § 4°, da
elementos especializantes: Lei de Drogas, é certo dizer que, em virtude da regra
probatória que deriva do princípio da presunção de
- Eventualidade; inocência, incumbe à acusação comprovar a
impossibilidade de aplicação da referida causa de
- Ausência de objetivo de lucro; diminuição de pena, demonstrando que o acusado
não é primário, não tem bons antecedentes, que se
- Consumo conjunto dedica a atividades criminosas ou que integra
organização criminosa.
- Com pessoa do relacionamento
- Como a aplicação da minorante depende da
§ 4º Nos delitos definidos no caput e presença cumulativa de todos esses requisitos, é
no § 1º deste artigo, as penas poderão ser evidente que o preenchimento desses pressupostos,
por si só, não autoriza a aplicação da causa de Turma. HC 154694 AgR/SP, red. p/ o ac. Min. Gilmar
diminuição em seu patamar máximo . Fosse assim, Mendes, 4/2/2020 (Info 965).
toda vez que o acusado fizesse jus ao benefício legal
por preencher todos os 4 requisitos, a causa de 2) A habitualidade no crime e o pertencimento a
diminuição de pena seria aplicada no máximo legal - organizações criminosas deverão ser comprovados
2/3 (dois terços), tornando inócua a previsão legal de pela acusação, não sendo possível que o benefício do
um patamar mínimo e máximo. Por isso, o quantum tráfico privilegiado (art. 33, § 4º) seja afastado por
de diminuição deve ser fixado pelo magistrado com simples presunção – STF. 2ª T. HC 152001 AgR/MT,
base em critérios diversos daqueles necessários para rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac.
a aplicação da minorante. Min. Gilmar Mendes, j. 29/10/19 (Info 958).

Nesse contexto, como se pronunciou o Supremo, "o 3) Não é possível a fixação de regime de
juiz não está obrigado a aplicar o máximo da cumprimento de pena fechado ou semiaberto para
redução prevista, quando presentes os requisitos crime de tráfico privilegiado de drogas sem a devida
para a concessão desse benefício, tendo plena justificação. Não se admite a fixação automática do
discricionariedade para aplicar a redução no patamar regime fechado ou semiaberto pelo simples fato de
que entenda necessário e suficiente para reprovação e ser tráfico de drogas. Não se admite, portanto, que o
prevenção do crime, segundo as peculiaridades de regime semiaberto tenha sido fixado utilizando-se
cada caso concreto. como único fundamento o fato de ser crime de
tráfico, não obstante se tratar de tráfico privilegiado e
ser o réu primário, com bons antecedentes. A
gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para justificar a fixação do regime
mais gravoso. STF. 1ª T. HC 163231/SP, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, j. 25/6/19 (Info 945).
JURIS – 2014 até junho de 2020 – Dizer o Direito

1) A previsão da redução de pena contida no § 4º do


art. 33 da Lei 11.343/2006 tem como fundamento 4) Se o réu é primário e possui bons antecedentes, o
distinguir o traficante contumaz e profissional juiz pode, mesmo assim, negar o benefício do art.
daquele iniciante na vida criminosa, bem como do 33, § 4º da LD argumentando que a quantidade de
que se aventura na vida da traficância por motivos drogas encontrada com ele foi muito elevada?
que, por vezes, confundem-se com a sua própria
sobrevivência e/ou de sua família. Assim, para O tema é polêmico.
legitimar a não aplicação do redutor é essencial a
fundamentação corroborada em elementos capazes  1ª Turma do STF: encontramos precedentes
de afastar um dos requisitos legais, sob pena de afirmando que a grande quantidade de droga pode
desrespeito ao princípio da individualização da pena ser utilizada como circunstância para afastar o
e de fundamentação das decisões judiciais. benefício. Nesse sentido: não é crível que o réu,
surpreendido com mais de 500 kg de maconha, não
Desse modo, a habitualidade e o pertencimento a esteja integrado, de alguma forma, a organização
organizações criminosas deverão ser comprovados, criminosa, circunstância que justifica o afastamento
não valendo a simples presunção. Não havendo da causa de diminuição prevista no art. 33, §4º, da Lei
prova nesse sentido, o condenado fará jus à redução de Drogas (HC 130981/MS, Rel. Min. Marco Aurélio,
de pena. Em outras palavras, militará em favor do j. 18/10/16. Info 844).
réu a presunção de que é primário e de bons
antecedentes e de que não se dedica a atividades  2ª Turma do STF: a quantidade de drogas
criminosas nem integra organização criminosa. O encontrada não constitui, isoladamente, fundamento
ônus de provar o contrário é do MP. Assim, o STF idôneo para negar o benefício da redução da pena
considerou preenchidas as condições da aplicação da previsto no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 (RHC
redução de pena, por se estar diante de ré primária, 138715/MS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
com bons antecedentes e sem indicação de em 23/5/2017. Info 866). STF. 2ª Turma. RHC
pertencimento a organização criminosa. STF. 2ª 138715/MS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j.
23/5/17 (Info 866).
Obs.: o tema acima não deveria ser cobrado em uma 111.840/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
prova objetiva, mas caso seja perguntado, penso que 27/6/2012 (Info 672).
a 2ª corrente é majoritária.
7) O chamado tráfico privilegiado, previsto no § 4º do
5) É possível o confisco de todo e qualquer bem de art. 33 da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) não deve ser
valor econômico apreendido em decorrência do considerado crime de natureza hedionda. STF.
tráfico de drogas, sem a necessidade de se perquirir a Plenário. HC 118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, j.
habitualidade, reiteração do uso do bem para tal 23/6/16. STJ. 3ª S. Pet 11.796-DF, Rel. Min. Maria
finalidade, a sua modificação para dificultar a Thereza de Assis Moura, j. 23/11/16 (recurso
descoberta do local do acondicionamento da droga repetitivo) (Info 595).
ou qualquer outro requisito além daqueles previstos
expressamente no art. 243, parágrafo único, da (MPRS-2017): A aplicação da causa de diminuição da
Constituição Federal. STF. Plenário. RE 638491/PR, pena de um sexto a dois terços, prevista na Lei de
Rel. Min. Luiz Fux, j. 17/5/17 (repercussão geral) (Info Drogas, em favor do traficante primário, de bons
865). antecedentes e que não se dedique a atividades
criminosas nem integre organização criminosa, afasta
6) O condenado não reincidente, cuja pena seja a hediondez ou a equiparação à hediondez do crime
superior a 4 anos e não exceda a 8 anos, tem o direito de tráfico de entorpecentes. CERTO.
de cumprir a pena corporal em regime semiaberto
(art. 33, § 2°, b, do CP), caso as circunstâncias 8) O art. 40, V, da Lei de Drogas prevê que a pena do
judiciais do art. 59 lhe forem favoráveis. tráfico e de outros delitos deverá ser aumentada se
ficar caracterizado o tráfico entre Estados da
Obs.: não importa que a condenação tenha sido por Federação ou entre estes e o Distrito Federal. Para
tráfico de drogas. que incida essa causa de aumento não se exige a
efetiva transposição da fronteira interestadual pelo
A imposição de regime de cumprimento de pena agente, sendo suficiente a comprovação de que a
mais gravoso deve ser fundamentada, atendendo à substância tinha como destino localidade em outro
culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à Estado da Federação. Ex: João pegou um ônibus em
personalidade do agente, aos motivos, às Campo Grande (MS) com destino a São Paulo (SP);
circunstâncias e consequências do crime, bem como algumas horas depois, antes que o ônibus cruzasse a
ao comportamento da vítima (art. 33, § 3°, do CP). A fronteira entre os dois Estados, houve uma blitz da
gravidade em abstrato do crime não constitui polícia no interior do coletivo, tendo sido
motivação idônea para justificar a fixação do regime encontrados 10kg de cocaína na mochila de João, que
mais gravoso. STF. 2ª Turma. HC 140441/MG, Rel. confessou que iria levá-la para um traficante de São
Min. Ricardo Lewandowski, j. 28/3/17 (Info 859). (No Paulo. STF. 1ª Turma. HC 122791/MS, Rel. Min. Dias
mesmo sentido o Info 843) Toffoli, julgado em 17/11/2015 (Info 808).

OBS: A situação em tela se amolda ao art. 33, § 2º, do 9) Tráfico privilegiado e “mulas” – (Info 766) É
Código Penal, que é aplicável também aos possível aplicar o benefício do § 4º do art. 33 da Lei
condenados por tráfico de drogas: de Drogas às “mulas”. STF. 1ª Turma. HC 124107/SP,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/11/2014 (Info
Art. 33 (...) § 2º - As penas privativas de liberdade 766).
deverão ser executadas em forma progressiva,
segundo o mérito do condenado, observados os O que são as chamadas “mulas”? “Mula” é o nome
seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de dado a pessoa, geralmente primária e de bons
transferência a regime mais rigoroso: c) o condenado antecedentes (para que não desperte suspeitas), que é
não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 cooptada pelas quadrilhas de tráfico de drogas para
(quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em que realize o transporte do entorpecente de uma
regime aberto. cidade, estado, país, para outros, em troca de uma
contraprestação pecuniária, ou por conta de ameaças.
Mas o § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90 afirma que o
regime inicial no caso de crimes hediondos e Normalmente, a droga é transportada pela “mula” de
equiparados deverá ser o fechado... O STF decidiu forma dissimulada, escondida em fundos falsos de
que o § 1º do art. 2º da Lei nº 8.072/90, ao impor o bolsas, junto ao corpo ou até mesmo em cápsulas
regime inicial fechado, é inconstitucional. HC
dentro do estômago da pessoa. A “mula” também é para consumo próprio. Cabe à acusação comprovar
conhecida como “avião” ou “transportador”. os elementos do tipo penal, ou seja, que a droga
apreendida era destinada ao tráfico. Ao Estado-
10) A natureza e a quantidade da droga NÃO podem acusador incumbe demonstrar a configuração do
ser utilizadas para aumentar a pena-base do réu e tráfico, que não ocorre pelo simples fato dos réus
também para afastar o tráfico privilegiado (art. 33, § terem comprado e estarem na posse de entorpecente.
4º) OU para, reconhecendo-se o direito ao benefício, Em suma, se a pessoa é encontrada com drogas, cabe
conceder ao réu uma menor redução de pena. ao Ministério Público comprovar que o
Haveria, nesse caso, bis in idem. STF. 2ª Turma. RHC entorpecente era destinado ao tráfico. Não fazendo
122684/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 16/9/2014 esta prova, prevalece a versão do réu de que a droga
(Info 759). era para consumo próprio. STF. 1ª Turma. HC
107448/MG, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio,
- a natureza e a quantidade da droga não podem ser 18.6.2013.
utilizadas, concomitantemente, na primeira e na
terceira fase da dosimetria da pena, sob pena de BIS 14) A jurisprudência do STJ é no sentido de que o
IN IDEM. sentenciado condenado, primeiramente, por tráfico
privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei º 11.343/06)
11) Na dosimetria da pena de tráfico, o juiz não pode
aumentar a pena base utilizando como argumento o E, posteriormente, pelo crime previsto no caput do
fato de terem sido encontradas muitas trouxinhas art. 33 da Lei n.º 11.343/2006,
com o réu, se o peso delas era pequeno (7,1 gramas),
sendo esse fato preponderante. De igual modo, o Não é reincidente específico, nos termos da
magistrado não pode aumentar a pena pelo simples legislação especial.
fato de a venda da droga ocorrer dentro da própria
casa do condenado. Isso porque esse fato, por si só, Portanto, não é alcançado pela vedação legal,
não enseja uma maior reprovabilidade da conduta prevista no art. 44, parágrafo único, da referida Lei. -
delituosa. Por fim, o julgador não pode aumentar a In casu, embora o paciente já ostentasse condenação
pena do réu porque este declarou, em seu anterior por tráfico privilegiado quando praticou o
interrogatório, que era usuário frequente de droga. O crime de tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei n.
uso contumaz de drogas não pode ser empregado 11.343/2006), não se configurou a reincidência
como indicativo de necessidade de agravamento da específica, uma vez que se tratam de condutas de
reprimenda, visto que a conduta do réu que vende naturezas distintas. STJ. 6ª Turma. HC 419.974/SP,
drogas para sustentar o próprio vício é menos Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe
reprovável do que a daquele que pratica esse crime 04/06/2018. STJ. 5ª Turma. HC 453.983/SP, Rel. Min.
apenas com intuito de lucro. STF. 2ª Turma. RHC Felix Fischer, j. 02/08/2018.
122469/MS, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o
acórdão Min. Celso de Mello, julgado em 16/9/2014 15) O interrogatório, na Lei de Drogas, é o último
(Info 759). ato da instrução – (Info 609) – IMPORTANTE!!!

12) A natureza e a quantidade da droga podem ser O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório deverá
utilizadas para aumentar a pena-base e também ser realizado como último ato da instrução criminal.
para afastar o tráfico privilegiado?
Essa regra deve ser aplicada:
1ª corrente: SIM. Utiliza-se a mesma regra em
finalidades e momentos distintos. Posição do STJ. • nos processos penais militares;

2ª corrente: NÃO. Isso porque haveria, no caso, bis in • nos processos penais eleitorais e
idem. Posição do STF. STF. Plenário. HC 112776/MS
e HC 109193/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados • em todos os procedimentos penais regidos por
em 19/12/2013 (Info 733). legislação especial (ex: lei de drogas).

Juris do STJ: Essa tese acima exposta (interrogatório como último


ato da instrução em todos os procedimentos penais)
13) O réu não tem o dever de demonstrar que a só se tornou obrigatória a partir da data de
droga encontrada consigo seria utilizada apenas publicação da ata de julgamento do HC 127900/AM
pelo STF, ou seja, do dia 11/03/2016 em diante. Os Pedro, conhecido traficante do bairro, convenceu
interrogatórios realizados nos processos penais Lucas (17 anos) a entregar, de bicicleta, 100g de
militares, eleitorais e da lei de drogas até o dia cocaína na casa de Maurício, que havia encomendado
10/03/2016 são válidos mesmo que tenham sido a droga do traficante. Pedro foi denunciado pela
efetivados como o primeiro ato da instrução. STF. prática de dois crimes em concurso:
Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, j.
3/3/16 (Info 816). STJ. 6ª Turma. HC 397382-SC, Rel.  Tráfico de drogas (art. 33 c/c art. 40, VI, da Lei nº
Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 3/8/17 (Info 11.343/2006)
609).
Na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo
16) Inquéritos policiais e ações penais em cursos menor de 18 anos não estar previsto nos arts. 33 a 37
podem ser utilizados para afastar o benefício do da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo
tráfico privilegiado – (Info 596) – (TRF5-2017) (DPU- crime de corrupção de menores, porém, se a conduta
2017) estiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não
será possível a condenação por aquele delito, mas
É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou apenas a majoração da sua pena com base no art. 40,
ações penais em curso para formação da convicção VI, da Lei nº 11.343/2006. STJ. 6ª Turma. REsp
de que o réu se dedica a atividades criminosas, de 1.622.781-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j.
modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 22/11/16.
4º, da Lei n.º 11.343/2006. STJ. 3ª Seção. EREsp
1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, j. 14/12/16 (Info 18) Maria foi visitar seu marido, que cumpre pena em
596). um presídio, e, na oportunidade, levou uma pequena
quantidade de droga para entregar a ele. A conduta
17) Agente que pratica delitos da Lei de Drogas de Maria foi descoberta, tendo ela sido julgada e
envolvendo criança ou adolescente responde condenada por tráfico de drogas privilegiado (art. 33,
também por corrupção de menores? § 4º, da Lei nº 11.343/2006). O § 4º do art. 33 permite
que o magistrado reduza a pena em um percentual
 Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor que varia de 1/6 até 2/3. O juiz afirmou, na sentença,
de 18 anos NÃO ESTEJA previsto nos arts. 33 a 37 da que iria reduzir no menor percentual (1/6),
Lei de Drogas, o réu responderá pelo crime da Lei de considerando que Maria praticou o crime nas
Drogas e também pelo delito do art. 244-B do ECA dependências de um presídio, situação que era
(corrupção de menores). extremamente grave. Ocorre que o magistrado
também utilizou esta mesma circunstância (o fato de
João (com 20 anos de idade) e Maikon (com 16 anos), o crime ter sido cometido dentro do presídio) para
mediante grave ameaça, subtraem a carteira de uma aplicar uma causa de aumento prevista no art. 40, III,
vítima. Vale ressaltar que, antes desse evento, da Lei de Drogas.
Maikon já respondia a cinco ações socioeducativas
pela participação em outros atos infracionais Agiu corretamente o magistrado? NÃO.
equiparados a roubo. O Promotor de Justiça oferece
denúncia contra João pela prática de dois crimes em Ao utilizar a mesma circunstância duas vezes no
concurso: momento de aplicação da pena, o magistrado puniu
a ré duas vezes pelo mesmo fato, o que configura o
 Roubo circunstanciado (art. 157, § 2º, II, do CP); e chamado bis in idem. É o que decidiu o STJ.

 Corrupção de menores (art. 244-B do ECA). 19) Ainda que o réu comprove o exercício de
atividade profissional lícita, se, de forma
concomitante, ele se dedicava a atividades
criminosas, não terá direito à causa especial de
 Caso o delito praticado pelo agente e pelo menor diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei
de 18 anos seja o art. 33, 34, 35, 36 ou 37 da Lei nº 11.343/06. O tráfico de drogas praticado por
11.343/2006: ele responderá apenas pelo crime da Lei intermédio de adolescente que, em troca da
de Drogas com a causa de aumento de pena do art. mercancia, recebia comissão, evidencia (demonstra)
40, VI. Não será punido pelo art. 244-B do ECA para que o acusado se dedicava a atividades criminosas,
evitar bis in idem. circunstância apta a afastar a incidência da causa
especial de diminuição de pena prevista no art. 33, §
4º, da Lei 11.343/06. STJ. 6ª Turma. REsp 1.380.741- bastando que tenha havido o ajuste. Assim, não é
MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 12/4/16 (Info indispensável que a droga tenha sido entregue ao
582). comprador e o dinheiro pago ao vendedor, bastando
que tenha havido a combinação da venda. STJ. 6ª
20) Presença de canabinoides na substância é Turma. HC 212.528-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
suficiente para ser classificada como maconha, julgado em 1º/9/2015 (Info 569).
ainda que não haja THC – Classifica-se como, para
fins da Lei 11.343/2006, a substância apreendida que 22) Livramento condicional no caso de associação
possua canabinoides (característica da espécie para o tráfico (art. 35) – IMPORTANTE!!!
vegetal Cannabis sativa), ainda que naquela não haja
tetrahidrocanabinol (THC). STJ. 6ª Turma. REsp O art. 83 do CP prevê que o condenado por crime
1.444.537-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. hediondo ou equiparado que não for reincidente
12/4/16 (Info 582). específico poderá obter livramento condicional após
cumprir 2/3 da pena. Os condenados por crimes não
O que é considerado para fins penais? O § único do hediondos ou equiparados terão direito ao
art. 1º da Lei 11.343/06 prevê que, para uma benefício se cumprirem mais de 1/3 da pena (não
substância ser considerada como, é necessário que sendo reincidentes em crimes dolosos) ou se
possa causar dependência, sendo isso definitivo em cumprirem mais de 1/2 da pena (se forem
uma lista a ser elencada em lei ou ato do Poder reincidentes em crimes dolosos). O crime de
Executivo federal. associação para o tráfico de drogas, previsto no art.
35 da Lei 11.343/2006, não é hediondo nem
Assim, o conceito é técnico-jurídico e só será equiparado. No entanto, mesmo assim, o prazo para
considerada droga o que a lei (em sentido amplo) se obter o livramento condicional é de 2/3 porque
assim reconhecer como tal. Mesmo que determinada este requisito é exigido pelo parágrafo único do art.
substância cause dependência física ou psíquica, se 44 da Lei de Drogas.
ela não estiver prevista no rol das substâncias
legalmente proibidas, ela não será tratada como Dessa forma, aplica-se ao crime do art. 35 da LD o
droga para fins de incidência da Lei 11.343/06 (ex: requisito objetivo de 2/3 não por força do art. 83, V,
álcool). do CP, mas sim em razão do art. 44, parágrafo único,
da LD. Vale ressaltar que, no caso do crime de
- Irrelevante, para a comprovação da materialidade associação para o tráfico, o art. 44, parágrafo único,
do delito, o fato de o laudo pericial não haver da LD prevalece em detrimento da regra do art. 83,
revelado a presença de tetrahidrocanabiol (THC) – V, do CP em virtude de ser dispositivo específico
um dos componentes ativos da Cannabis sativa – na para os crimes relacionados com drogas (critério da
substância, porquanto constatou-se que a substância especialidade), além de ser norma posterior (critério
apreendida contém canabinoides, característicos da cronológico).
espécie vegetal Cannabis sativa, que causam
dependência e integram a Lista E da Portaria nº Uma última observação: se o réu estiver cumprindo
344/98. pena pela prática do crime de associação para o
tráfico (art. 35), o requisito objetivo para que ele
21) Consumação do crime de tráfico de drogas na possa obter progressão de regime será de 1/6 da pena
modalidade adquirir – IMPORTANTE!!! (quantidade de tempo exigida para os crimes
comuns. Os condenados por crimes hediondos ou
A conduta consistente em negociar por telefone a equiparados só têm direito de progredir depois de
aquisição de droga e também disponibilizar o veículo cumpridos 2/5 (se primário) ou 3/5 (se reincidente).
que seria utilizado para o transporte do entorpecente STJ. 5ª Turma. HC 311.656-RJ, Rel. Min. Felix Fischer,
configura o crime de tráfico de drogas em sua forma julgado em 25/8/2015 (Info 568).
consumada (e não tentada), ainda que a polícia, com
base em indícios obtidos por interceptações 23) É possível que alguém seja condenado pelo art. 35
telefônicas, tenha efetivado a apreensão do material e, ao mesmo tempo, pelo art. 37, da Lei de Drogas em
entorpecente antes que o investigado efetivamente o concurso material, sob o argumento de que o réu era
recebesse. Para que configure a conduta de, prevista associado ao grupo criminoso e que, além disso,
no art. 33 da Lei nº 11.343/2006, NÃO É atuava também como “olheiro”?
NECESSÁRIA A TRADIÇÃO DO
ENTORPECENTE E O PAGAMENTO DO PREÇO,
NÃO. Segundo decidiu o STJ, nesse caso, ele deverá Finalidade: punir condutas ligadas a produção de
responder apenas pelo crime do art. 35 (sem concurso drogas, sem depender da existência da droga. Ex.:
material com o art. 37). Considerar que o informante Laboratório para produção de cocaína. Não tem
possa ser punido duplamente (pela associação e pela cocaína produzida, mas a preparação já basta.
colaboração com a própria associação da qual faça
parte), contraria o princípio da subsidiariedade e • Tipo penal preventivo. EVITAR A PRODUÇÃO.
revela indevido bis in idem, punindo-se, de forma
extremamente severa, aquele que exerce função que • Objeto material: máquina, aparelho, instrumento
não pode ser entendida como a mais relevante na destinado a preparação da droga. NÃO É A
divisão de tarefas do mundo do tráfico. STJ. 5ª DROGA!!!
Turma. HC 224.849-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, j. 11/6/13 (Info 527) ATENÇÃO: polícia encontra o laboratório + droga
produzida, qual crime?
24) O STJ entende que o delito de associação para o
tráfico de drogas não possui natureza hedionda, por 1- conflito de normas com o art. 33 caput e princípio
não estar expressamente previsto nos arts. 1º e 2º, da da consunção: agente responde só pelo art. 33.
Lei n. 8.072/90.
STF: “Ambos os preceitos buscariam proteger a
25) Para que fique caracterizado o crime de saúde pública e tipificariam condutas que — no
associação para o tráfico (art. 35 da Lei 11.343/2006) mesmo contexto fático, evidenciassem o intento de
exige-se que o agente tenha o dolo de se associar traficância do agente e a utilização dos aparelhos e
com PERMANÊNCIA e ESTABILIDADE. Dessa insumos para essa mesma finalidade – poderiam ser
forma, é atípica a conduta se não houver ânimo consideradas meros atos preparatórios do delito de
associativo permanente (duradouro), mas apenas tráfico previsto no art. 33, “caput”, da Lei
esporádico (eventual). STJ. 6ª Turma. HC 139.942-SP, 11.343/2006” (HC 109.708/SP, rel. Min. Teori
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 19/11/12. Zavascki, 2a Turma, j. 23.6.2015, noticiado no
Informativo 791).

Concurso de crimes art. 33 e art. 34

STJ: “Responderá pelo crime de tráfico de drogas –


art. 33 da Lei 11.343/2006 – em concurso com o crime
de posse de objetos e maquinário para a fabricação
de drogas – art. 34 da Lei 11.343/2006 – o agente que,
além de ter em depósito certa quantidade de drogas
ilícitas em sua residência para fins de mercancia,
possuir, no mesmo local e em grande escala,
objetos, maquinário e utensílios que constituam
laboratório utilizado para a produção, preparo,
fabricação e transformação de drogas ilícitas em
grandes quantidades. Nessa situação, as
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, circunstâncias fáticas demonstram verdadeira
autonomia das condutas e inviabilizam a incidência
transportar, oferecer, vender, distribuir,
do princípio da consunção. Sabe-se que o referido
entregar a qualquer título, possuir, guardar princípio tem aplicabilidade quando um dos crimes
ou fornecer, ainda que gratuitamente, for o meio normal para a preparação, execução ou
maquinário, aparelho, instrumento ou mero exaurimento do delito visado pelo agente,
qualquer objeto destinado à fabricação, situação que fará com que este absorva aquele outro
delito, desde que não ofendam bens jurídicos
preparação, produção ou transformação de
distintos.
drogas, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar: Dessa forma, a depender do contexto em que os
crimes foram praticados, será possível o
Pena - reclusão, de 3 a 10 anos, e reconhecimento da absorção do delito previsto no
pagamento de 1.200 a 2.000 dias-multa. art. 34 – que tipifica conduta que pode ser
considerada como mero ato preparatório – pelo crime Pena - reclusão, de 3 a 10 anos, e
previsto no art. 33. pagamento de 700 a 1.200 dias-multa.
Contudo, para tanto, é necessário que não fique
caracterizada a existência de contextos autônomos e
Parágrafo único. Nas mesmas penas
coexistentes aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado do caput deste artigo incorre quem se
de forma distinta. associa para a prática reiterada do crime
definido no art. 36 desta Lei.
Levando-se em consideração que o crime do art. 34
visa coibir a produção de drogas, enquanto o art. 33 Associação para o tráfico não admite tentativa. É um
tem por objetivo evitar a sua disseminação, deve-se Crime obstáculo, ou seja, trata-se de ato preparatório
analisar, para fins de incidência ou não do princípio de um delito.
da consunção, a real lesividade dos objetos tidos
como instrumentos destinados à fabricação, • Não se confunde com o art. 288 CPP associação
preparação, produção ou transformação de drogas. criminosa.
T.C.F
ASSOCIAÇÃO PARA O ASSOCIAÇÃO
Relevante aferir, portanto, se os objetos apreendidos TRÁFICO CRIMINOSA art. 288
são aptos a vulnerar o tipo penal em tela quanto à 2 ou mais pessoas 3 ou mais pessoas
coibição da própria produção de drogas. Logo, se os Intenção de cometer crimes Crimes em geral.
maquinários e utensílios apreendidos não forem previstos no art. 33 caput e (Genérico)
suficientes para a produção ou transformação da §1º e art. 34. (Tráfico de
droga, será possível a absorção do crime do art. 34 drogas) específicos
pelo do art. 33, haja vista ser aquele apenas meio para
a realização do tráfico de drogas (como a posse de
Dica:
uma balança e de um alicate – objetos que, por si sós,
Associação para o tráfico = 2 “s”
são insuficientes para o fabrico ou transformação de
Associação criminosa = 3 “s”
entorpecentes, constituindo apenas um meio para a
realização do delito do art.33).
- Associar-se quer dizer reunir-se, aliar-se ou
congregar-se de maneira estável ou permanente para
Contudo, a posse ou depósito de maquinário e a consecução de um fim comum. A característica da
utensílios que demonstrem a existência de um associação é a estabilidade do vínculo que une os
verdadeiro laboratório voltado à fabricação ou agentes, mesmo que nenhum dos crimes por eles
transformação de drogas implica autonomia das planejados venha a se concretizar. Por isso, por mais
condutas, por não serem esses objetos meios que o art. 35 da Lei de Drogas faça uso da expressão
necessários ou fase normal de execução do tráfico de "reiteradamente ou não", A TIPIFICAÇÃO DESSE
drogas” (AgRg no AREsp 303.213/SP, rel. Min. Marco CRIME DEPENDE DA ESTABILIDADE OU DA
Aurélio Bellizze, 5ª Turma, j. 08.10.2013, noticiado no PERMANÊNCIA (societas sceleris), características
Informativo 531). que o diferenciam de um concurso eventual de
agentes (CP, art. 29). Renato Brasileiro – Leis Penais
REGRA: ART. 33 ABSORVE ART. 34 Especiais

EXCEÇÃO: se esse 34 demonstra grande lesividade, Entendimento STJ: “Exige-se o dolo de se associar
alta capacidade de produção de droga em larga com permanência e estabilidade para a
escala, há concurso de crimes entre art. 33 e art. 34. caracterização do crime de associação para o tráfico,
previsto no art. 35 da Lei n. 11.343/2006. Dessa forma,
é atípica a conduta se não houver ânimo associativo
permanente (duradouro), mas apenas esporádico
Art. 35. Associarem-se 2 ou mais (eventual)” (HC 139.942/SP, rel. Min. Maria Thereza
pessoas para o fim de praticar, de Assis Moura, 6a Turma, j. 19.11.2012, noticiado no
Informativo 509).
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Obs.: o art. 35 fala que a finalidade da associação é a
Lei: prática, reiterada ou não, de qualquer dos crimes do
art. 33, caput e §1º, e art. 34 da Lei de Drogas. Assim,
se duas ou mais pessoas se associarem para a prática agente financia o tráfico sem se envolver no tráfico.
de crimes diversos, como, por exemplo, os delitos Ou seja, ele não tem parte no tráfico de drogas.
dos arts. 33, §§ 2° e 3°, 37 e 39, não será possível Apenas financia, não responde pelo tráfico de drogas.
tipificar a conduta como associação para fins de
tráfico (art. 35, caput) - Por força da teoria monista, também conhecida
- o que, no entanto, não significa dizer que a conduta como unitária, adotada pelo nosso Código Penal,
seria atípica, pois pode ser aplicado o tipo embora um crime seja praticado por diversos
subsidiário do art. 288 do Código Penal, desde que coautores e partícipes, o delito permanece único e
evidenciada a associação estável e permanente de indivisível. Nesse sentido, referindo-se ao crime
três ou mais pessoas com o objetivo de praticar uma sempre no singular, o art. 29 do CP deixa claro que
série indeterminada de crimes dolosos. aqueles que concorrem para o crime incidem nas
penas a este cominadas, na medida de sua
Na hipótese de a societas sceleris ter como objetivo a culpabilidade. Se, em regra, nosso Código Penal
prática do crime de financiamento ao tráfico (art. 36), adota a teoria monística, não se pode negar que, em
estará tipificado o crime de associação para fins de algumas situações, o próprio legislador opta por
financiamento, previsto no art. 35, parágrafo único, separar a conduta de cada um dos agentes, que
da Lei nº 11.343/06. passam a ser punidos por crimes distintos.

Nos mesmos moldes que a associação do caput do ATENÇÃO: art. 36 é financiamento de 3ª pessoa. O
art. 35, esta figura de associação também demanda a autofinanciamento não é crime do art. 36, o agente
presença de 2 (duas) ou mais pessoas, associadas de responde pelo art. 33 com a causa de aumento de
maneira estável e permanente. No entanto, pena do art. 40, VII:
diversamente daquela, esta associação tem como
objetivo o financiamento ou custeio do tráfico de Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei
drogas. são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
Como se trata de figura delituosa autônoma, é
perfeitamente possível que o agente responda pelo VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.
crime do art. 35, parágrafo único, em concurso
material com o delito do art. 36, ambos da Lei de Conflito aparente: Crime autônomo do art. 36 X
Drogas. causa de aumento do art. 40, VII = art. 33 c/c art. 40,
VII
- o crime de associação para fins de tráfico não deve
ser rotulado como equiparado a hediondo. STJ: “Na hipótese de autofinanciamento para o
tráfico ilícito de drogas, não há concurso material
Concurso de crimes. entre os crimes de tráfico (art. 33, caput, da Lei
A figura penal do art. 35 é crime formal, sua 11.343/2006) e de financiamento ao tráfico (art.36),
consumação independe da prática dos delitos para devendo, nessa situação, ser o agente condenado às
os quais os agentes se associaram. penas do crime de tráfico com incidência da causa de
No entanto, se tais delitos forem cometidos, os aumento de pena prevista no art. 40, VII.
agentes deverão responder pelo crime de tráfico por
eles praticado em concurso material com o delito de De acordo com a doutrina especialista no assunto,
associação, desde que, repita-se, demonstrada a denomina-se autofinanciamento a situação em que o
estabilidade e permanência da societas criminis. agente atua, ao mesmo tempo, como financiador e
Fonte: Renato Brasileiro – Leis Penais Especiais como traficante de drogas. Posto isso, tem-se que o
legislador, ao prever como delito autônomo a
Art. 36. Financiar ou custear a prática atividade de financiar ou custear o tráfico (art. 36 da
de qualquer dos crimes previstos nos arts. Lei 11.343/2006), objetivou – em exceção à teoria
33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: monista – punir o agente que não tem participação
direta na execução no tráfico, limitando-se a fornecer
dinheiro ou bens para subsidiar a mercancia, sem
Pena - reclusão, de 8 a 20 anos, e importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
pagamento de 1.500 a 4.000 dias-multa. fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter
em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
Financiamento ou custeio sem tráfico: exceção à prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
teoria monista no concurso de pessoas. Ou seja, o fornecer drogas ilicitamente.
Observa-se, ademais, que, para os casos de tráfico • Associação para o tráfico e subsidiariedade tácita:
cumulado com o financiamento ou custeio da se o agente integra associação para o tráfico o crime
prática do crime, expressamente foi estabelecida a do art. 35 exclui o crime do art. 37.
aplicação da causa de aumento de pena do art. 40,
VII, da referida lei, cabendo ressaltar, entretanto, que STJ: “Responderá apenas pelo crime de associação do
a aplicação da aludida causa de aumento de pena art. 35 da Lei 11.343/2006 – e não pelo mencionado
cumulada com a condenação pelo financiamento ou crime em concurso com o de colaboração como
custeio do tráfico configuraria inegável bis in idem. informante, previsto no art. 37 da mesma lei – o
agente que, já integrando associação que se destine à
Financiamento por 3ª Autofinanciamento (art. 33 prática do tráfico de drogas, passar, em determinado
pessoa (Art. 36) c/c art. 40, VII) momento, a colaborar com esta especificamente na
O agente que não tem O agente atua, ao mesmo condição de informante.
participação direta na tempo, como financiador e
execução no tráfico, como traficante de drogas. A configuração do crime de associação para o tráfico
limitando-se a fornecer exige a prática, reiterada ou não, de condutas que
dinheiro ou bens para visem facilitar a consumação dos crimes descritos nos
subsidiar a mercancia. arts. 33, caput e § 1o, e 34 da Lei 11.343/2006, sendo
Delito autônomo a O agente responde pelo art. necessário que fique demonstrado o ânimo
atividade de financiar 33 com a causa de aumento associativo, um ajuste prévio referente à formação
ou custear o tráfico (art. de pena do art. 40, VII: de vínculo permanente e estável. Por sua vez, o
36 da Lei 11.343/2006) Art. 40. As penas previstas crime de colaboração como informante constitui
nos arts. 33 a 37 desta Lei delito autônomo, destinado a punir específica forma
O agente responde são aumentadas de um de participação na empreitada criminosa,
pelo art. 36. sexto a dois terços, se: caracterizando-se como colaborador aquele que
VII - o agente financiar ou transmite informação relevante para o êxito das
custear a prática do crime. atividades do grupo, associação ou organização
criminosa destinados à prática de qualquer dos
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 da Lei
11.343/2006.

O tipo penal do art. 37 da referida lei (colaboração


Art. 37. Colaborar, como informante, como informante) reveste-se de verdadeiro caráter de
subsidiariedade, só ficando preenchida a tipicidade
com grupo, organização ou associação
quando não se comprovar a prática de crime mais
destinados à prática de qualquer dos crimes grave. De fato, cuidando-se de agente que participe
previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta do próprio delito de tráfico ou de associação, a
Lei: conduta consistente em colaborar com informações já
será inerente aos mencionados tipos.
Pena - reclusão, de 2 a 6 anos, e
A referida norma incriminadora tem como
pagamento de 300 a 700 dias-multa.
destinatário o agente que colabora como informante
com grupo, organização criminosa ou associação,
desde que não tenha ele qualquer envolvimento ou
relação com atividades daquele grupo, organização
Conduta típica do Fogueteiro. (Reconhecido pelo criminosa ou associação em relação ao qual atue
STF) sujeito fica no bar no morro, quando vê a polícia como informante. Se a prova indica que o agente
chegando ele solta um foguete, como se fosse um mantém vínculo ou envolvimento com esses grupos,
sinal para os traficantes. Ele não vende drogas, não conhecendo e participando de sua rotina, bem como
recebe parte do tráfico, mas colabora. cumprindo sua tarefa na empreitada comum, a
conduta não se subsume ao tipo do art. 37, podendo
ATENÇÃO!!! Informante for funcionário público e configurar outros crimes, como o tráfico ou a
recebe vantagem indevida para informar - responde associação” (HC 224.849/RJ, rel. Min. Marco Aurélio
pelo art. 37 da lei 11.343 c/c art. 317 CP corrupção Bellizze, 5a Turma, j. 11.06.2013, noticiado no
passiva concurso material. Informativo 527)
Art. 38. Prescrever ou ministrar, 1) sem que delas necessite o paciente;
culposamente, drogas, sem que delas
2) em doses excessivas; ou
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses
excessivas ou em desacordo com 3) em desacordo com determinação legal ou
determinação legal ou regulamentar: regulamentar.

Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e Prescrever tem o sentido de receitar. Somente o


pagamento de 50 a 200 dias-multa. médico ou o dentista podem prescrever
determinadas substâncias ou produtos considerados
como drogas, mas para fins terapêuticos, como, por
Parágrafo único. O juiz comunicará a
exemplo, medicamento à base de morfina para o
condenação ao Conselho Federal da alívio de dores. Ministrar significa introduzir no
categoria profissional a que pertença o organismo de terceira pessoa a droga prescrita por
agente. médico ou dentista. Pode ser feita por meio de
ingestão, aplicação, inalação ou qualquer outro meio
Somente será possível a punição de determinada apto para tanto.
conduta a título culposo se houver ressalva expressa
no texto da Lei. E é exatamente isso o que ocorre no Sobre o sujeito ativo que, agindo com culpa,
art. 38 da Lei nº 11.343/06. prescreve ou ministra a droga em desacordo com
determinação legal ou regulamentar (elemento
Ao contrário das demais condutas delituosas normativo do tipo): os profissionais da saúde são
constantes da Lei de Drogas, punidas apenas a título obrigados a obedecer a determinadas normas sobre
doloso, a redação do tipo penal em questão deixa medicamentos, mormente os controlados, que podem
transparecer que esta será punida exclusivamente se causar dependência. Caso o sujeito ativo, por culpa,
praticada culposamente, já que o próprio tipo penal deixe de obedecer à determinação de lei ou de
faz referência expressa à prescrição ou ministração regulamento no que é pertinente à prescrição ou
culposa de drogas. Portanto, na hipótese de ministração de droga, incorrerá no tipo penal.
prescrição ou ministração dolosa de drogas, deverá o
agente ser processado pelo crime do art. 33, caput, Consumação e tentativa
que também faz uso dos verbos prescrever e
ministrar. O crime se consuma com a entrega do receituário
(prescrever) ou com a introdução no organismo da
Sujeito ativo droga (ministrar). Por ser crime culposo, não admite
a tentativa.
Na conduta de prescrever, o delito só poderá ser
cometido por médico ou dentista. Na de ministrar,
por médico, dentista, farmacêutico ou profissional de
enfermagem. É, pois, CRIME PRÓPRIO, uma vez que
somente estes profissionais estão habilitados a
prescrever ou ministrar remédios à base de
substâncias ou produtos capazes de causar
dependência.

Sujeito passivo Art. 39. Conduzir embarcação ou


aeronave após o consumo de drogas,
É a coletividade e o paciente.
expondo a dano potencial a incolumidade
Conduta típica de outrem:

Consiste em prescrever ou ministrar droga Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos,


culposamente: além da apreensão do veículo, cassação da
habilitação respectiva ou proibição de obtê-
la, pelo mesmo prazo da pena privativa de - A condução de embarcação em águas públicas por
liberdade aplicada, e pagamento de 200 a pessoa em estado de embriaguez alcoólica, colocando
em perigo a segurança alheia, não configurará este
400 dias-multa. delito, mas a infração contravencional prevista no
artigo 34 da Lei das Contravenções Penais. Isso
Parágrafo único. As penas de prisão e porque o álcool não é considerado droga para fins
multa, aplicadas cumulativamente com as penais, não podendo ser enquadrado no presente
demais, serão de 4 a 6 anos e de 400 a 600 dispositivo.
dias-multa, se o veículo referido no caput
- Do mesmo modo, a condução de veículo automotor
deste artigo for de transporte coletivo de com capacidade psicomotora alterada em razão da
passageiros. influência de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência é crime
Condução de embarcações ou aeronaves após o previsto no artigo 306 do Código de Trânsito
consumo de drogas Brasileiro.

Objeto jurídico - SOMENTE ocorrerá o delito do art. 39 quando:

Diferentemente dos demais delitos, o bem  A condução for de embarcação ou aeronave


juridicamente protegido não é a saúde pública, mas a  E o sujeito tiver feito uso de qualquer espécie
INCOLUMIDADE PÚBLICA. Esta pode ser definida
de droga
como a segurança da sociedade como um todo em
face do dano que as pessoas possam sofrer contra
seus bens juridicamente protegidos, no caso a vida, a e advier perigo concreto de dano à coletividade, não
saúde e a integridade física. sendo exigido que pessoa determinada seja exposta a
risco de dano.
Sujeito ativo
Elemento subjetivo
O crime é comum, podendo ser praticado por
qualquer pessoa. O crime é doloso.

Sujeito passivo Qualificação doutrinária

É a coletividade (principal), cuidando-se de crime O crime é doloso, comum, instantâneo, material, de


vago. Poderá ser sujeito passivo secundário a pessoa perigo concreto e comum.
que venha eventualmente a ser vítima do perigo de
dano. Consumação e tentativa

Conduta típica O crime estará consumado com a produção do


perigo, ou seja, da possibilidade da ocorrência de
Consiste em conduzir embarcação ou aeronave após dano à incolumidade de terceiros. Não é possível a
o consumo de drogas, expondo a dano potencial a tentativa. Ou há produção do perigo concreto,
incolumidade de outrem. quando o delito estará consumado, ou ele não ocorre,
ocasião em que não haverá delito.
Conduzir tem o sentido de dirigir ou pilotar. O objeto
da conduta é a embarcação ou a aeronave. Forma qualificada (art. 39, parágrafo único)
Embarcação é qualquer meio de transporte utilizado
para navegação. Aeronave é qualquer aparelho que Na forma simples do delito (art. 39, caput) o veículo
possa voar. Ambas podem ser empregadas para o (embarcação ou aeronave) não se destina ao
transporte de pessoas ou coisas. transporte coletivo de pessoas. Caso isso ocorra, o
crime tem a pena elevada, ou seja, passa a ser de 4 a 6
- Para a caracterização do delito a embarcação ou a anos de prisão e pagamento de 400 a 600 dias-multa,
aeronave deverá estar em movimento, com ou sem o que serão aplicadas cumulativamente.
motor ligado.
Obs.: O tipo qualificado comina pena de prisão e não
faz referência a qual espécie (reclusão ou detenção).
No entanto, como o caput comina pena de detenção, de fogo, ou qualquer processo de
é mais razoável que ao tipo qualificado também se intimidação difusa ou coletiva;
aplique pena de detenção, uma vez que é mais
benéfica para o acusado.
V - caracterizado o tráfico entre
O tipo penal não exige a presença de passageiros na Estados da Federação ou entre estes e o
aeronave ou na embarcação, mas apenas que elas se Distrito Federal; (INTERESTADUALIDADE)
destinem ao transporte coletivo de pessoas.
VI - sua prática envolver ou visar a
Competência atingir criança ou adolescente ou a quem
tenha, por qualquer motivo, diminuída ou
Cuidando-se de aeronave ou navio (embarcação de
médio ou grande porte), a competência é da Justiça suprimida a capacidade de entendimento e
Federal (art. 109, IX, da CF), ressalvada a determinação;
competência da Justiça Militar. Sendo a embarcação
de pequeno porte, a competência é da Justiça VII - o agente financiar ou custear a
Comum Estadual. prática do crime.

- As causas de aumento de pena elencadas no artigo


40 são aplicáveis somente aos crimes descritos nos
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 artigos 33 a 37 da Lei de Drogas.
a 37 desta Lei são aumentadas de 1/6 a 2/3,
se: - Não aplica para os crimes previstos nos arts. 28, 38 e
39.
I - a natureza, a procedência da
- O dispositivo apresenta várias circunstâncias que
substância ou do produto apreendido e as ensejarão o aumento da pena de um sexto a dois
circunstâncias do fato evidenciarem a terços, que, inclusive, poderão concorrer entre si.
transnacionalidade do delito; Assim, a existência de mais de uma deverá ser levada
em consideração pelo juiz na dosagem do aumento.
II - o agente praticar o crime
prevalecendo-se de função pública ou no - Havendo mais de uma causa de aumento, o juiz, à
vista do caso concreto, por uma delas, aumentará a
desempenho de missão de educação, poder pena de um sexto a dois terços, funcionando as
familiar, guarda ou vigilância; demais como circunstâncias judiciais.

III - a infração tiver sido cometida nas Art. 40, I – Incidirá quando a natureza, a
dependências ou imediações de procedência da substância ou do produto
estabelecimentos prisionais, de ensino ou apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem
hospitalares, de sedes de entidades a TRANSNACIONALIDADE do delito.

estudantis, sociais, culturais, recreativas, - Exige transposição da fronteira? Não, basta que
esportivas, ou beneficentes, de locais de fique provado a intenção de transpor fronteiras.
trabalho coletivo, de recintos onde se Súmula 607 STJ:
realizem espetáculos ou diversões de
“A majorante do tráfico transnacional de drogas (art.
qualquer natureza, de serviços de
40, I, da Lei n. 11.343/2006) configura-se com a prova
tratamento de dependentes de drogas ou de da destinação internacional das drogas, ainda que
reinserção social, de unidades militares ou não consumada a transposição de fronteiras.”
policiais ou em transportes públicos;
• Competência: justiça federal art.70.
IV - o crime tiver sido praticado com
violência, grave ameaça, emprego de arma • Importação da droga pela via postal e competência:
STJ: “Na hipótese em que drogas enviadas via postal - Não há necessidade de que fique demonstrado que
do exterior tenham sido apreendidas na alfândega, o sujeito traficava drogas diretamente com os
competirá ao juízo federal do local da apreensão da frequentadores ou ocupantes destes locais, mas que o
substância processar e julgar o crime de tráfico de crime fora praticado nas dependências ou imediações
drogas, ainda que a correspondência seja endereçada deles. A pena é majorada exclusivamente em razão
a pessoa não identificada residente em outra do lugar onde o tráfico é cometido, uma vez que
localidade. Isso porque a conduta prevista no art. 33, serão seus frequentadores expostos ao risco inerente
caput, da Lei 11.343/2006 constitui delito formal, à atividade criminosa. (HC nº 121.793/SP)
multinuclear, que, para a consumação, basta a
execução de qualquer das condutas previstas no - Se o agente vende a droga nas imediações de um
dispositivo legal, dentre elas o verbo “importar”, que presídio, mas o comprador não era um dos detentos
carrega a seguinte definição: fazer vir de outro país, nem qualquer pessoa que estava frequentando o
estado ou município; trazer para dentro. presídio, ainda assim deverá incidir a causa de
aumento do art. 40, III, da Lei 11.343/06?
LOCAL DA APREENSÃO = FIXA A
COMPETENCIA = delito formal SIM. A aplicação da causa de aumento prevista no
art. 40, III, da Lei 11.343/06 se justifica quando
constatada a comercialização de drogas nas
dependências ou imediações de estabelecimentos
Art. 40, II – Trata-se de causa de aumento de pena prisionais, sendo irrelevante se o agente infrator visa
que incide sobre aquele que praticar o crime ou não aos frequentadores daquele local.
prevalecendo-se de função pública ou no
desempenho de missão de educação, poder familiar, Assim, se o tráfico de drogas ocorrer nas imediações
guarda ou vigilância. de um estabelecimento prisional, incidirá a causa de
aumento, não importando quem seja o comprador do
- Exige, portanto, nexo causal entre o desempenho da entorpecente. STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel.
função pública ou missão e a prática do delito. Min. Dias Toffoli, j. 21/3/17 (Info 858).

- Não há necessidade de que o agente exerça função - O art. 40, III, da Lei de Drogas prevê como causa de
pública relacionada com a repressão à criminalidade, aumento de pena o fato de a infração ser cometida
como exigia a lei anterior. Basta que o agente seja em transportes públicos. Se o agente leva a droga em
funcionário público nos termos do artigo 327 do transporte público, mas não a comercializa dentro
Código Penal e que viole seu dever funcional na do meio de transporte, incidirá essa majorante?
prática do delito.
NÃO. A majorante do art. 40, II, da Lei 11.343/06
- Poderá haver concomitantemente a incidência da somente deve ser aplicada nos casos em que ficar
causa de aumento de pena prevista no inciso VI do demonstrada a comercialização efetiva da droga em
art. 40 (VI - sua prática envolver ou visar a atingir seu interior. É a posição majoritária no STF e STJ.
criança ou adolescente...). STF. 1ª T. HC 122258-MS, Rel. Min. Rosa Weber, j.
Podemos citar, como exemplo, o caso do genitor que 19/08/2014. STF.2ª T. HC 120624/MS, Red. p/ o
fornece drogas a seu filho menor de dezoito anos acórdão, Min. Ricardo Lewandowski, j. 3/6/14 (Info
para usá-la. 749). STJ. 5ª T. AgRg no REsp 1.295.786-MS, Rel. Min.
Regina Helena Costa, j. 18/6/14 (Info 543). STJ. 6ª T.
- Será merecedor do aumento de pena aquele que REsp 1.443.214-MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j.
possuir a missão de guarda ou vigilância do objeto 22/09/2014.
material do delito. Há necessidade de dever
específico de guarda ou vigilância desses objetos, - A prática do delito de tráfico de drogas nas
sendo isso de ciência do agente. É o caso, por proximidades de estabelecimentos de ensino (art.
exemplo, do responsável pela farmácia de um 40, III, Lei 11.343/06) enseja a aplicação da
hospital que subtrai e vende remédios à base de majorante, sendo desnecessária a prova de que o
morfina. ilícito visava atingir os frequentadores desse local.
Para a incidência da majorante prevista no art. 40,
inciso III, da Lei 11.343/06 é desnecessária a efetiva
comprovação de que a mercancia tinha por objetivo
Art. 40, III atingir os estudantes, sendo suficiente que a prática
ilícita tenha ocorrido em locais próximos, ou seja, da Lei de Drogas, até podem ser aplicadas
nas imediações de tais estabelecimentos, diante da simultaneamente, desde que demonstrada que a
exposição de pessoas ao risco inerente à atividade intenção do acusado que importou a substância era
criminosa da narcotraficância. STJ. 6ª Turma. AgRg a de pulverizar a droga em mais de um Estado do
no REsp 1558551/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. território nacional. Se isso não ficar provado, incide
12/9/17. STJ. 6ª Turma. HC 359088/SP. Maria Thereza apenas a transnacionalidade.
de Assis Moura, j. 4/10/16.
Assim, é inadmissível a aplicação simultânea das
Mas, atenção: NÃO INCIDE a causa de aumento de causas de aumento da transnacionalidade (art. 40, I) e
pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei 11.343/06, se da interestadualidade (art. 40, V) quando não ficar
a prática de narcotraficância ocorrer em dia e comprovada a intenção do importador da droga de
horário em que não facilite a prática criminosa e a difundi-la em mais de um Estado-membro. O fato
disseminação de drogas em área de maior de o agente, por motivos de ordem geográfica, ter
aglomeração de pessoas. Ex: se o tráfico de drogas é que passar por mais de um Estado para chegar ao seu
praticado no domingo de madrugada, dia e horário destino final não é suficiente para caracterizar a
em que o estabelecimento de ensino não estava interestadualidade. STJ. 6ª Turma. HC 214.942-MT,
funcionando, não deve incidir a majorante. STJ. 6ª T. Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 16/6/16 (Info 586).
REsp 1719792-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, j. 13/3/18 (Info 622). Ex.: Pablo comprou cocaína na Bolívia e a trouxe para
o Brasil, entrando em nosso país por meio do
- O art. 40, III, da Lei de Drogas prevê como causa de Município de Corumbá, em Mato Grosso do Sul. De
aumento de pena o fato de a infração ser cometida Corumbá, Pablo pegou um ônibus com destino a
em transportes públicos. Se o agente leva a droga em Brasília, onde iria comercializar a droga. O ônibus
transporte público, mas não a comercializa dentro passou pelo Estado de Goiás e, quando chegou no
do meio de transporte, incidirá essa majorante? Distrito Federal, Pablo foi preso em uma fiscalização
de rotina da Polícia Rodoviária Federal. Pablo
NÃO. A majorante do art. 40, II, da Lei 11.343/06 confessou a prática do crime relatando que adquiriu
somente deve ser aplicada nos casos em que ficar o entorpecente na Bolívia e que pretendia vendê-lo
demonstrada a comercialização efetiva da droga em para um cliente em Brasília.
seu interior. É a posição majoritária no STF e STJ.
STF. 1ª T. HC 122258-MS, Rel. Min. Rosa Weber, j.
19/08/2014. STF.2ª T. HC 120624/MS, Red. p/ o Art. 40, VI
acórdão, Min. Ricardo Lewandowski, j. 3/6/14 (Info
749). STJ. 5ª T. AgRg no REsp 1.295.786-MS, Rel. Min. A participação do menor pode ser considerada para
Regina Helena Costa, j. 18/6/14 (Info 543). STJ. 6ª T. configurar o crime de associação para o tráfico (art.
REsp 1.443.214-MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 35) e, ao mesmo tempo, para agravar a pena como
22/09/2014. causa de aumento do art. 40, VI, da Lei nº
11.343/2006.

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o


Art. 40, V (inciso I também) fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta
- Se o agente importa a droga com objetivo de Lei:
vendê-la em determinado Estado da Federação, mas,
para chegar até o seu destino, ele tem que passar Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei
por outros Estados, incidirá, neste caso, apenas a são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
causa de aumento da transnacionalidade (art. 40, I),
não devendo ser aplicada a majorante da VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou
interestadualidade (art. 40, V) se a intenção do agente adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo,
não era a de comercializar o entorpecente em mais de diminuída ou suprimida a capacidade de
um Estado da Federação. entendimento e determinação; STJ. 6ª Turma. HC
250.455-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 17/12/15 (Info
As causas especiais de aumento da pena relativas à 576).
transnacionalidade e à interestadualidade do delito,
previstas, respectivamente, nos incisos I e V do art. 40
6) Pedro convidou Lucas (15 anos) para auxiliá-lo, de partícipes do crime e na recuperação total
forma estável e permanente, na prática do tráfico de ou parcial do produto do crime, no caso de
drogas. Como contrapartida, prometeu pelo serviço
dando 100g de cocaína por semana para que ele
condenação, terá pena reduzida de 1/3 a 2/3.
consumisse. Foram presos quando estavam
vendendo droga. Pedro foi denunciado por tráfico de (Colaboração ou delação premiada)
drogas (art. 33) e associação para o tráfico (art. 35),
com a causa de aumento do art. 40, VI. Em uma Para que seja possível essa barganha ao menos um
situação assemelhada a esta, o STJ concluiu que: dos integrantes deve ser identificado. Além disso, as
provas a ele apresentadas devem ser substanciais de
I - A causa de aumento de pena do art. 40, VI, da Lei modo que haja chance real ou mesmo a certeza da
nº 11.343/2006 pode ser aplicada tanto para agravar o condenação a severas sanções.
crime de tráfico de drogas (art. 33) quanto para
agravar o de associação para o tráfico (art. 35)
praticados no mesmo contexto. Não há bis in idem
porque são delitos diversos e totalmente Art. 42. O juiz, na fixação das penas,
autônomos, com motivação e finalidades distintas. considerará, com preponderância sobre o
previsto no art. 59 do Código Penal, a
II - O fato de o agente ter envolvido um menor na
natureza e a quantidade da substância ou
prática do tráfico e, ainda, tê-lo retribuído com
drogas, para incentivá-lo à traficância ou ao consumo do produto, a personalidade e a conduta
e dependência, justifica a aplicação, em patamar social do agente.
superior ao mínimo, da causa de aumento de pena
do art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006, ainda que haja O artigo 42 determina expressamente que o juiz, na
fixação de pena-base no mínimo legal. A aplicação da fixação das penas, considerará, com preponderância
causa de aumento em patamar acima do mínimo é sobre o previsto no artigo 59 do Código Penal, a
plenamente válida, desde que fundamentada na natureza e a quantidade da substância ou do
gravidade concreta do delito. STJ. 6ª Turma. HC produto, a personalidade e a conduta social do
250.455-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em agente. Com efeito, presente qualquer destas
17/12/2015 (Info 576). circunstâncias, elas preponderarão sobre as descritas
no artigo 59 do Código Penal, observando que a
personalidade e a conduta social já estavam lá
previstas. Assim, no confronto entre os antecedentes
Art. 40, VII criminais do acusado e a natureza ou quantidade da
droga apreendida, estas duas últimas terão maior
- Se o agente financia ou custeia o tráfico, mas não peso quando da dosagem da pena-base. Do mesmo
pratica nenhum verbo do art. 33: responderá apenas modo, a maior quantidade de droga e/ou seu alto
pelo art. 36 da Lei de Drogas. poder viciante são circunstâncias aptas a elevar a
pena-base acima do mínimo legal, mesmo que as
- Se o agente, além de financiar ou custear o tráfico, circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) sejam
também pratica algum verbo do art. 33: responderá favoráveis ao acusado (Nesse sentido: STJ – HC
apenas pelo art. 33 c/c o art. 40, VII da Lei de Drogas 136.618/MG, 5ª T., rel. Min. Laurita Vaz, v.u., j.
(não será condenado pelo art. 36). STJ. 6ª T. REsp 01/06/2010).
1.290.296-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, j. 17/12/13 (Info 534).

Art. 41. O indiciado ou acusado que Art. 43. Na fixação da multa a que se
colaborar voluntariamente com a referem os arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz,
investigação policial e o processo criminal atendendo ao que dispõe o art. 42 desta Lei,
na identificação dos demais co-autores ou determinará o número de dias-multa,
atribuindo a cada um, segundo as reafirmação da jurisprudência com status de
condições econômicas dos acusados, valor repercussão geral, esse entendimento deve ser
aplicado pelas demais instâncias em casos análogos.
não inferior a um trinta avos nem superior
a 5 vezes o maior salário-mínimo. Fonte: site do STF

Parágrafo único. As multas, que em - É possível a fixação de regime prisional diferente


caso de concurso de crimes serão impostas do fechado para o início do cumprimento de pena
sempre cumulativamente, podem ser imposta ao condenado por tráfico de drogas. O STF
DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DO §
aumentadas até o décuplo se, em virtude da
1o DO ART. 2o DA LEI N. 8.072/1990, COM
situação econômica do acusado, considerá- REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 11.464/2007,
las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no AFASTANDO A OBRIGATORIEDADE DO REGIME
máximo. INICIAL FECHADO PARA OS CONDENADOS
POR CRIMES HEDIONDOS E POR AQUELES A
ELES EQUIPARADOS, COMO É O CASO DO
TRÁFICO DE DROGAS. Precedentes citados do STF:
HC 111.247-MG, DJe 12/4/2012; HC 111.840-ES, DJe
2/2/2012 ; do STJ: HC 118.776-RS, DJe 23/8/2010, e HC
196.199-RS, DJe 14/4/2011. EREsp 1.285.631-SP, Rel.
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 24/10/2012.
33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são
inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, - Tráfico de entorpecente: substituição de pena e
fixação de regime. No crime de tráfico de
graça, indulto, anistia e liberdade
entorpecente, a substituição da pena privativa de
provisória, vedada a conversão de suas liberdade por restritiva de direitos, BEM ASSIM A
penas em restritivas de direitos. FIXAÇÃO DE REGIME ABERTO SÃO CABÍVEIS.
Essa a orientação da 2a Turma ao conceder dois
Essas vedações do art. 44, consoante R. Brasileiro, são habeas corpus para determinar que seja examinada a
de constitucionalidade duvidosa. possibilidade de substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos. HC 111844/SP,
- Há decisões do STF em que permitem a liberdade rel. Min. Celso de Mello, 24.4.2012. (HC-111844) HC
provisória, a substituição da pena privativa de 112195/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 24.4.2012. (HC-
liberdade pela restritiva de direitos e início de 112195)
cumprimento de pena em regime diverso do fechado
para os crimes de tráfico de drogas.

- O Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou sua Parágrafo único. Nos crimes previstos no
jurisprudência no sentido da inconstitucionalidade
caput deste artigo, dar-se-á o livramento
de regra prevista na Lei de Drogas (Lei 11.343/2006)
que veda a concessão de liberdade provisória a condicional após o cumprimento de dois
presos acusados de tráfico. A decisão foi tomada pelo terços da pena, vedada sua concessão ao
Plenário Virtual no Recurso Extraordinário (RE) reincidente específico.
1038925, com repercussão geral reconhecida.

Em maio de 2012, no julgamento do Habeas Corpus


(HC) 104339, o Plenário do STF havia declarado,
Art. 45. É isento de pena o agente que,
incidentalmente, a inconstitucionalidade da
expressão “liberdade provisória” do artigo 44 da Lei em razão da dependência, ou sob o efeito,
de Drogas. Com isso, o Supremo passou a admitir proveniente de caso fortuito ou força maior,
prisão cautelar por tráfico apenas se verificado, no de droga, era, ao tempo da ação ou da
caso concreto, a presença de algum dos requisitos do omissão, qualquer que tenha sido a infração
artigo 312 do Código de Processo Penal (CPP). Desde
penal praticada, inteiramente incapaz de
então, essa decisão serve de parâmetro para o STF,
mas não vinculava os demais tribunais. Com a entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse proferir sentença condenatória, fazendo incidir a
entendimento. (Inimputabilidade) causa de diminuição de pena de 1 (um) a 2/3 (dois
terços). (R. Brasileiro – Leis Especiais Penais)

Parágrafo único. Quando absolver o Não se aplica o artigo 26 ou 28 do Código Penal, mas
agente, reconhecendo, por força pericial, as disposições da lei especial.
que este apresentava, à época do fato
previsto neste artigo, as condições referidas JURIS: O art. 46 da Lei de Drogas prevê hipótese de
no caput deste artigo, poderá determinar o semi-imputabilidade do réu. Assim, a pena aplicada
pode ser reduzida de 1/3 a 2/3 se o agente não
juiz, na sentença, o seu encaminhamento
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
para tratamento médico adequado. capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. Se o
Praticado qualquer crime descrito nos artigos 33 a 39 juiz for aplicar a causa de diminuição em seu grau
por pessoa em situação de inimputabilidade em mínimo (1/3), ele deverá fundamentar a decisão,
razão de dependência, ou sob o efeito de droga expondo algum dado, em concreto, que justifique a
proveniente de caso fortuito ou força maior, o agente adoção dessa fração. STJ. 5ª Turma. HC 167.376-SP,
será isento de pena. Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 23/9/14 (Info 547).

Art. 47. Na sentença condenatória, o


E m r a z ã o d e d e p e n d ê n c ia juiz, com base em avaliação que ateste a
necessidade de encaminhamento do agente
para tratamento, realizada por profissional
O u s o b o e f e ito d e d r o g a p r o v e n ie n te
d e c a s o f o r tu ito o u f o r ç a m a io r de saúde com competência específica na
forma da lei, determinará que a tal se
I n te ir a m e n te in c a p a z a o te m p o d a proceda, observado o disposto no art. 26
a ç ã o o u d a o m is s ã o desta Lei.

N ã o s e a p l ic a o a r tig o 2 6 o u 2 8 d o C ó d i g o P e n a l,
m a s a s d is p o s iç õ e s d a l e i e s p e c i a l ( L e i d e D r o g a s ).
CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO PENAL

Art. 48. O procedimento relativo aos


Art. 46. As penas podem ser reduzidas processos por crimes definidos neste Título
de um terço a dois terços se, por força das rege-se pelo disposto neste Capítulo,
circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, aplicando-se, subsidiariamente, as
o agente não possuía, ao tempo da ação ou disposições do Código de Processo Penal e
da omissão, a plena capacidade de entender da Lei de Execução Penal.
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento. § 1º O agente de qualquer das
condutas previstas no art. 28 desta Lei, salvo
- É perfeitamente possível que, à época do crime, a
despeito da dependência química, ou do efeito de
se houver concurso com os crimes previstos
droga proveniente de caso fortuito ou força maior, nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e
não estivesse o acusado inteiramente incapaz de julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que
de acordo com esse entendimento. Nesse caso,
dispõe sobre os Juizados Especiais
reconhecida a semi-imputabilidade do acusado, o
processo penal seguirá seu curso normal. Ao final do
Criminais.
feito, se o juiz estiver convencido de que o semi-
imputável praticou conduta típica e ilícita, deve
§ 2º Tratando-se da conduta prevista As infrações de porte de
no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em drogas (art. 28, caput)
flagrante, devendo o autor do fato ser Infrações
processadas e E cultivo (art. 28, § 1°) para
imediatamente encaminhado ao juízo julgadas pelo consumo pessoal
competente ou, na falta deste, assumir o Juizado
Especial Compartilhamento (art.
compromisso de a ele comparecer, Criminal 33, § 3°)
lavrando-se termo circunstanciado e
Infrações de
providenciando-se as requisições dos menor p.
Prescrição culposa
exames e perícias necessários. ofensivo (art. 38)

§ 3º Se ausente a autoridade judicial, as


providências previstas no § 2º deste artigo Atenção as ressalvas previstas nos parágrafos do art.
serão tomadas de imediato pela autoridade 48 da Lei nº 11.343/06 em relação ao porte de drogas
policial, no local em que se encontrar, para consumo pessoal.

vedada a detenção do agente. Se houver concurso com os crimes previstos nos arts.
33 a 37 desta Lei = O art. 48, § 1°, da Lei de Drogas,
§ 4º Concluídos os procedimentos de deixa claro que não será possível a aplicação do
que trata o § 2º deste artigo, o agente será procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais
submetido a exame de corpo de delito, se o Criminais, quando os crimes de porte e cultivo de
requerer ou se a autoridade de polícia drogas para consumo pessoal forem praticados em
concurso com os tipos penais dos arts. 33 a 37 da Lei
judiciária entender conveniente, e em
nº 11.343/06. O dispositivo guarda relação com o
seguida liberado.
preceito constante do art. 60, caput, da Lei nº
9.099/95, que dispõe: "O Juizado Especial Criminal,
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 provido por juízes togados ou togados e leigos, tem
da Lei nº 9.099, de 1995, que dispõe sobre os competência para a conciliação, o julgamento e a
Juizados Especiais Criminais, o Ministério execução das infrações penais de menor potencial
Público poderá propor a aplicação imediata ofensivo, respeitadas as regras de conexão e
de pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser continência".
especificada na proposta.

Art. 49. Tratando-se de condutas


tipificadas nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37
desta Lei, o juiz, sempre que as Os crimes de tráfico e cultivo de
drogas (art. 33, caput, e § 1°)
circunstâncias o recomendem, empregará os
instrumentos protetivos de colaboradores e induzimento, instigação e
testemunhas previstos na Lei nº 9.807, de 13 auxílio ao uso indevido de droga
(art . 33, § 2°)
de julho de 1999.

estão sujeitos ao maquinário destinado à


Em síntese, pode-se dizer que os crimes previstos na produção de drogas (art. 34)
procedimento
Lei de Drogas estão sujeitos a dois procedimentos especial da Lei de
distintos, a depender do quantum de pena a eles Drogas e de forma
subsidiária o CPP associação para fins de tráfico (art.
cominado: 35), financiamento do tráfico (art. 36)

Todos com pena


colaboração como
máxima superior
a 2 anos informante (art. 37)
condução de embarcação ou
aeronave após o consumo de drogas,
nas formas simples e qualificada (art.
39, e parágrafo único)
Seção I § 3º Recebida cópia do auto de prisão
Da Investigação em flagrante, o juiz, no prazo de 10 dias,
certificará a regularidade formal do laudo
Investigação criminal de constatação e determinará a destruição
das drogas apreendidas, guardando-se
Com exceção dos crimes previstos nos artigos 28, 33,
amostra necessária à realização do laudo
§ 3º, e 38 da Lei de Drogas, que seguem o
definitivo.    
procedimento previsto na Lei nº 9.099/1995, os
demais delitos são apurados de acordo com as regras § 4º A destruição das drogas será
estabelecidas nos artigos 50 a 53.
executada pelo delegado de polícia
A Lei de Drogas, devido à especialidade dos delitos competente no prazo de 15 dias na presença
nela contidos, prevê procedimento próprio para a do Ministério Público e da autoridade
apuração dos fatos. Como ela não é completa, sanitária.    
subsidiariamente devem ser aplicados dispositivos
pertinentes do Código de Processo Penal. § 5º O local será vistoriado antes e
depois de efetivada a destruição das drogas
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, referida no § 3º, sendo lavrado auto
a autoridade de polícia judiciária fará, circunstanciado pelo delegado de polícia,
imediatamente, comunicação ao juiz certificando-se neste a destruição total
competente, remetendo-lhe cópia do auto delas.           
lavrado, do qual será dada vista ao órgão do
Ministério Público, EM 24 HORAS. Art. 50-A. A destruição das drogas
apreendidas sem a ocorrência de prisão em
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de flagrante será feita por incineração, no prazo
prisão em flagrante e estabelecimento da máximo de 30 dias contados da data da
materialidade do delito, é suficiente o laudo apreensão, guardando-se amostra necessária
de constatação da natureza e quantidade da à realização do laudo definitivo. (Redação
droga, firmado por perito oficial ou, na falta dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
deste, por pessoa idônea.
Art. 51. O inquérito policial será
Lavratura do auto de prisão em flagrante: basta o concluído no prazo de 30 dias, se o
laudo de constatação da natureza e quantidade da indiciado estiver preso, e de 90 DIAS,
droga, firmado por perito oficial, ou, na falta deste, quando solto.
por pessoa idônea (art. 50, § 1°). = laudo de
constatação. É precário, serve para legitimar o auto
Indiciado preso Indiciado solto
de prisão em flagrante, o oferecimento da denúncia e
30 dias 90 dias
o recebimento. Não é possível condenar com base
nesse laudo, para condenação precisa do exame
químico toxicológico.

Conclusão do IP: 30 dias se preso/90 dias se solto. Parágrafo único. Os prazos a que se
refere este artigo podem SER DUPLICADOS
§ 2º O perito que subscrever o laudo a pelo juiz, ouvido o Ministério Público,
que se refere o § 1º deste artigo não ficará mediante pedido justificado da autoridade
impedido de participar da elaboração do de polícia judiciária.
laudo definitivo.
Art. 52. Findos os prazos a que se I - a infiltração por agentes de polícia,
refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de em tarefas de investigação, constituída pelos
polícia judiciária, remetendo os autos do órgãos especializados pertinentes;
inquérito ao juízo:
As regras para a ação controlada e a infiltração de
I - relatará sumariamente as agentes para os crimes que envolvem organizações
criminosas vêm elencadas nos artigos 8º a 14 da Lei
circunstâncias do fato, justificando as razões nº 12.850/2013, que poderão ser aplicados
que a levaram à classificação do delito, subsidiariamente na Lei de Drogas, que não
indicando a quantidade e natureza da regulamentou como deve ser o procedimento desses
substância ou do produto apreendido, o métodos de obtenção de prova.
local e as condições em que se desenvolveu
a ação criminosa, as circunstâncias da II - a não-atuação policial sobre os
prisão, a conduta, a qualificação e os portadores de drogas, seus precursores
antecedentes do agente; ou químicos ou outros produtos utilizados em
sua produção, que se encontrem no
II - requererá sua devolução para a território brasileiro, com a finalidade de
realização de diligências necessárias. identificar e responsabilizar maior número
de integrantes de operações de tráfico e
Parágrafo único. A remessa dos autos distribuição, sem prejuízo da ação penal
far-se-á sem prejuízo de diligências cabível.
complementares:
Parágrafo único. Na hipótese do inciso
I - necessárias ou úteis à plena II deste artigo, a autorização será concedida
elucidação do fato, cujo resultado deverá ser desde que sejam conhecidos o itinerário
encaminhado ao juízo competente até 3 dias provável e a identificação dos agentes do
antes da audiência de instrução e delito ou de colaboradores.
julgamento;
Ação controlada ou flagrante retardado (art. 53, II) O
agente policial, ao tomar conhecimento de uma
II - necessárias ou úteis à indicação dos
infração penal, é obrigado a agir, inclusive
bens, direitos e valores de que seja titular o prendendo o infrator em flagrante (art. 301 do CPP).
agente, ou que figurem em seu nome, cujo Pode ocorrer que a prisão naquele momento não seja
resultado deverá ser encaminhado ao juízo interessante, havendo necessidade do
competente até 3 dias antes da audiência de aprofundamento das investigações para chegar-se a
outros criminosos.
instrução e julgamento.
Além da autorização judicial e da manifestação do
- Diligências complementares necessárias ou úteis
Ministério Público, a norma exige que sejam
para elucidação do dato ou para indicação dos bens,
conhecidos o itinerário provável e a identificação dos
direitos e valores do agente – devem ser
infratores ou de seus colaboradores (art. 53,
encaminhadas no prazo de até 3 dias antes da
parágrafo único). É medida salutar da lei a exigência
audiência de instrução e julgamento.
do conhecimento do provável itinerário da droga e
demais substâncias para que seja possível seu
Art. 53. Em qualquer fase da controle e se evite eventual fuga, que colocaria a
persecução criminal relativa aos crimes sociedade em perigo. Sem isso, a medida não pode
previstos nesta Lei, são permitidos, além ser deferida.
dos previstos em lei, mediante autorização
- Não confundir com o flagrante provocado, previsto
judicial e ouvido o Ministério Público, os na súmula 145 do STF determina que não há crime,
seguintes procedimentos investigatórios: quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação. Fala-se em flagrante
preparado quando o agente apenas comete o crime, oferecê-la em 10 dias, concedendo-lhe vista
pois induzido pelo agente provocador (autoridade dos autos no ato de nomeação.
policial).

- Também não confundir com o flagrante previsto no


§ 4º Apresentada a defesa, o juiz
inciso IV, §1º, do art. 33 – parece um flagrante decidirá em 5 dias.
provocado lícito.

Seção II
Da Instrução Criminal § 5º Se entender imprescindível, o juiz,
no prazo máximo de 10 dias, determinará a
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do apresentação do preso, realização de
inquérito policial, de Comissão Parlamentar diligências, exames e perícias.
de Inquérito ou peças de informação, dar-se-
á vista ao Ministério Público para, no prazo Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz
de 10 dias, adotar uma das seguintes designará dia e hora para a audiência de
providências: instrução e julgamento, ordenará a citação
pessoal do acusado, a intimação do
I - requerer o arquivamento; Ministério Público, do assistente, se for o
caso, e requisitará os laudos periciais.
II - requisitar as diligências que
entender necessárias; § 1º Tratando-se de condutas
tipificadas como infração do disposto nos
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o
testemunhas e requerer as demais provas juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar
que entender pertinentes. o afastamento cautelar do denunciado de
suas atividades, se for funcionário público,
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz comunicando ao órgão respectivo.
ordenará a notificação do acusado para
oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo
de 10 dias.
§ 2º A audiência a que se refere o
§ 1º Na resposta, consistente em defesa caput deste artigo será realizada dentro dos
preliminar e exceções, o acusado poderá 30 dias seguintes ao recebimento da
arguir preliminares e invocar todas as denúncia, salvo se determinada a realização
razões de defesa, oferecer documentos e de avaliação para atestar dependência de
justificações, especificar as provas que drogas, quando se realizará em 90 dias.
pretende produzir e, até o número de 5,
arrolar testemunhas.

§ 2º As exceções serão processadas em Art. 57. Na audiência de instrução e


apartado, nos termos dos arts. 95 a 113 do julgamento, após o interrogatório do
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de acusado e a inquirição das testemunhas,
1941 - Código de Processo Penal. será dada a palavra, sucessivamente, ao
representante do Ministério Público e ao
§ 3º Se a resposta não for apresentada defensor do acusado, para sustentação oral,
no prazo, o juiz nomeará defensor para pelo prazo de 20 minutos para cada um,
prorrogável por mais 10, a critério do juiz.
Parágrafo único. Após proceder ao decretar, no curso do inquérito ou da ação
interrogatório, o juiz indagará das partes se penal, a apreensão e outras medidas
restou algum fato para ser esclarecido, assecuratórias nos casos em que haja
formulando as perguntas correspondentes suspeita de que os bens, direitos ou valores
se o entender pertinente e relevante. sejam produto do crime ou constituam
proveito dos crimes previstos nesta Lei,
Art. 58. Encerrados os debates, procedendo-se na forma dos arts. 125 e
proferirá o juiz sentença de imediato, ou o seguintes do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
fará em 10 dias, ordenando que os autos outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
para isso lhe sejam conclusos. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)

§ 1º     (Revogado) § 1º (Revogado).         

§ 2º     (Revogado) § 2º (Revogado).        

Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. Indisponibilidade de bens ou valores consistentes em
33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o réu não produtos ou proveito de crime (caput) A Lei de
Drogas traz disciplina própria quanto à apreensão e
poderá apelar sem recolher-se à prisão,
indisponibilidade de bens e valores que constituam
salvo se for primário e de bons produto ou proveito de crime nela previstos.
antecedentes, assim reconhecido na sentença
condenatória. O objetivo da medida é manter os bens e valores
indisponíveis para poderem ser declarados perdidos
STF (HC 88.420/SP): em favor da União ao término do processo criminal
em que houver condenação. Poderão ser apreendidos
- o direito de apelação pode ser exercido no âmbito e tornados indisponíveis os bens móveis ou imóveis e
criminal, independentemente do recolhimento do valores que constituam produto ou proveito de crime
acusado à prisão, pouco importando também se ele é cuja origem seja o tráfico de drogas ou crime a ele
primário ou não, portador de bons antecedentes ou relacionado (arts. 33, caput, e § 1º, e 34 a 37). Embora
não; a norma se refira a “crimes previstos nesta lei”, não
há como aplicar referido dispositivo a infração de
- nada impede que o juiz, na sentença condenatória, menor potencial ofensivo, culposa ou de que não
decrete a prisão preventiva do acusado, fazendo-o de advenha produto ou proveito, embora descrita na Lei
maneira fundamentada à luz dos pressupostos dos de Drogas.
arts. 282, I, 312 e 313 do CPP, desde que revelada a
ineficácia ou insuficiência das medidas cautelares Além das medidas previstas neste artigo, também
diversas da prisão. poderão ser aplicadas outras descritas nos artigos 125
a 144 do Código de Processo Penal, que trazem as
- Súmula nº 347, segundo o qual o conhecimento de regras gerais sobre a sua aplicação. Assim, também é
recurso de apelação do réu independe de sua prisão. possível o sequestro, o arresto e a hipoteca legal
(medidas assecuratórias). As regras previstas no
Código de Processo Penal poderão ser aplicadas
subsidiariamente quando não colidirem com as
CAPÍTULO IV disposições especiais previstas na Lei de Drogas.
DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E
DESTINAÇÃO DE BENS DO ACUSADO

Art. 60.  O juiz, a requerimento do § 3º Na hipótese do art. 366 do


Ministério Público ou do assistente de Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
acusação, ou mediante representação da 1941 - Código de Processo Penal, o juiz
autoridade de polícia judiciária, poderá poderá determinar a prática de atos
necessários à conservação dos bens, direitos § 4º Os valores relativos às apreensões
ou valores. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de feitas antes da data de entrada em vigor
2019) da Medida Provisória nº 885, de 17 de junho
de 2019, e que estejam custodiados nas
dependências do Banco Central do Brasil
devem ser transferidos à Caixa Econômica
Federal, no prazo de 360 dias, para que se
proceda à alienação ou custódia, de acordo
§ 4º A ordem de apreensão ou
com o previsto nesta Lei. (Redação dada pela
sequestro de bens, direitos ou valores Lei nº 13.840, de 2019)
poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o
Ministério Público, quando a sua execução Art. 61.  A apreensão de veículos,
imediata puder comprometer as embarcações, aeronaves e quaisquer outros
investigações. (Redação dada pela Lei nº 13.840, meios de transporte e dos maquinários,
de 2019) utensílios, instrumentos e objetos de
qualquer natureza utilizados para a prática
Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias
dos crimes definidos nesta Lei será
de que trata o art. 60 desta Lei recaírem
imediatamente comunicada pela
sobre moeda estrangeira, títulos, valores
autoridade de polícia judiciária
mobiliários ou cheques emitidos como
responsável pela investigação ao juízo
ordem de pagamento, será determinada,
competente. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
imediatamente, a sua conversão em moeda 2019)
nacional. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019)

§ 1º A moeda estrangeira apreendida


em espécie deve ser encaminhada a § 1º O juiz, no prazo de 30 dias
instituição financeira, ou equiparada, para contado da comunicação de que trata
alienação na forma prevista pelo Conselho o caput, determinará a alienação dos bens
Monetário Nacional. (Redação dada pela Lei nº apreendidos, excetuadas as armas, que
13.840, de 2019)
serão recolhidas na forma da legislação
específica. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
§ 2º Na hipótese de impossibilidade
2019)
da alienação a que se refere o § 1º deste
artigo, a moeda estrangeira será custodiada § 2º A alienação será realizada em
pela instituição financeira até decisão sobre autos apartados, dos quais constará a
o seu destino. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de exposição sucinta do nexo de
2019)
instrumentalidade entre o delito e os bens
apreendidos, a descrição e especificação dos
§ 3º Após a decisão sobre o destino da
objetos, as informações sobre quem os tiver
moeda estrangeira a que se refere o § 2º
sob custódia e o local em que se
deste artigo, caso seja verificada a
encontrem. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
inexistência de valor de mercado, seus
2019)
espécimes poderão ser destruídos ou
doados à representação diplomática do país § 3º O juiz determinará a avaliação dos
de origem. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de bens apreendidos, que será realizada por
2019)
oficial de justiça, no prazo de 5 dias a contar
da autuação, ou, caso sejam necessários
conhecimentos especializados, por avaliador dos bens no prazo de 30 dias, ficando o
nomeado pelo juiz, em prazo não superior a arrematante isento do pagamento de multas,
10 dias. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) encargos e tributos anteriores, sem prejuízo
de execução fiscal em relação ao antigo
§ 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o proprietário. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
órgão gestor do Funad, o Ministério Público 2019)
e o interessado para se manifestarem no
prazo de 5 dias e, dirimidas eventuais § 14. Eventuais multas, encargos ou
divergências, homologará o valor atribuído tributos pendentes de pagamento não
aos bens. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) podem ser cobrados do arrematante ou do
órgão público alienante como condição para
§ 5º (VETADO).        regularização dos bens. (Redação dada pela Lei
nº 13.840, de 2019)
§ 6º (Revogado).       
§ 15. Na hipótese de que trata o § 13
§ 7º (Revogado).        deste artigo, a autoridade de trânsito ou o
órgão congênere competente para o registro
§ 8º (Revogado).          poderá emitir novos identificadores dos
bens. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 9º O Ministério Público deve fiscalizar
o cumprimento da regra estipulada no § 1º Art. 62.  Comprovado o interesse
deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de público na utilização de quaisquer dos
2019) bens de que trata o art. 61, os órgãos de
polícia judiciária, militar e rodoviária
§ 10. Aplica-se a todos os tipos de bens poderão deles fazer uso, sob sua
confiscados a regra estabelecida no § 1º responsabilidade e com o objetivo de sua
deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de conservação, mediante autorização judicial,
2019)
ouvido o Ministério Público e garantida a
prévia avaliação dos respectivos bens.
§ 11. Os bens móveis e imóveis devem (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
ser vendidos por meio de hasta pública,
preferencialmente por meio eletrônico,
assegurada a venda pelo maior lance, por
preço não inferior a 50% do valor da § 1º (Revogado).              
avaliação judicial. (Redação dada pela Lei nº
13.840, de 2019)           § 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão
gestor do Funad para que, em 10 dias, avalie
§ 12. O juiz ordenará às secretarias de a existência do interesse público
fazenda e aos órgãos de registro e controle mencionado no caput deste artigo e indique
que efetuem as averbações necessárias, tão o órgão que deve receber o bem. (Redação
logo tenha conhecimento da apreensão. dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
§ 1º-B. Têm prioridade, para os fins do §
§ 13. Na alienação de veículos, 1º-A deste artigo, os órgãos de segurança
embarcações ou aeronaves, a autoridade de pública que participaram das ações de
trânsito ou o órgão congênere competente investigação ou repressão ao crime que deu
para o registro, bem como as secretarias de causa à medida. (Redação dada pela Lei nº 13.840,
fazenda, devem proceder à regularização de 2019)
§ 2º A autorização judicial de uso de § 11. (Revogado).            
bens deverá conter a descrição do bem e a
respectiva avaliação e indicar o órgão  Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de
responsável por sua utilização. (Redação dada valores referentes ao produto da alienação
pela Lei nº 13.840, de 2019) ou a numerários apreendidos ou que
tenham sido convertidos deve ser efetuado
§ 3º O órgão responsável pela na Caixa Econômica Federal, por meio de
utilização do bem deverá enviar ao juiz documento de arrecadação destinado a essa
periodicamente, ou a qualquer momento finalidade. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
quando por este solicitado, informações 2019)
sobre seu estado de conservação. (Redação
dada pela Lei nº 13.840, de 2019) § 1º Os depósitos a que se refere
o caput deste artigo devem ser transferidos,
§ 4º  Quando a autorização judicial pela Caixa Econômica Federal, para a conta
recair sobre veículos, embarcações ou única do Tesouro Nacional,
aeronaves, o juiz ordenará à autoridade ou independentemente de qualquer
ao órgão de registro e controle a expedição formalidade, no prazo de 24 horas, contado
de certificado provisório de registro e do momento da realização do depósito,
licenciamento em favor do órgão ao qual onde ficarão à disposição do Funad. (Redação
tenha deferido o uso ou custódia, ficando dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
este livre do pagamento de multas, encargos
e tributos anteriores à decisão de utilização § 2º Na hipótese de absolvição do
do bem até o trânsito em julgado da decisão acusado em decisão judicial, o valor do
que decretar o seu perdimento em favor da depósito será devolvido a ele pela Caixa
União. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) Econômica Federal no prazo de até 3 dias
úteis, acrescido de juros, na forma
§ 5º Na hipótese de levantamento, se estabelecida pelo § 4º do art. 39 da Lei nº
houver indicação de que os bens utilizados 9.250, de 26 de dezembro de 1995. (Redação
na forma deste artigo sofreram depreciação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
superior àquela esperada em razão do
transcurso do tempo e do uso, poderá o § 3º Na hipótese de decretação do seu
interessado requerer nova avaliação perdimento em favor da União, o valor do
judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) depósito será transformado em pagamento
definitivo, respeitados os direitos de
§ 6º Constatada a depreciação de que eventuais lesados e de terceiros de boa-fé.
trata o § 5º, o ente federado ou a entidade (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)

que utilizou o bem indenizará o detentor ou


§ 4º Os valores devolvidos pela Caixa
proprietário dos bens. (Redação dada pela Lei nº
13.840, de 2019) Econômica Federal, por decisão judicial,
devem ser efetuados como anulação de
§ 7º (Revogado).            receita do Funad no exercício em que
ocorrer a devolução. (Redação dada pela Lei nº
§ 8º (Revogado).           13.840, de 2019)

§ 9º (Revogado).            § 5º A Caixa Econômica Federal deve


manter o controle dos valores depositados
§ 10. (Revogado).              ou devolvidos. (Redação dada pela Lei nº 13.840,
de 2019)
Art. 63.  Ao proferir a sentença, o juiz I – ordenar às secretarias de fazenda e
decidirá sobre:  (Redação dada pela Lei nº 13.840, aos órgãos de registro e controle que
de 2019) efetuem as averbações necessárias, caso não
tenham sido realizadas quando da
I - o perdimento do produto, bem, apreensão; e (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
direito ou valor apreendido ou objeto de 2019)
medidas assecuratórias; e (Redação dada pela
Lei nº 13.840, de 2019) II – determinar, no caso de imóveis, o
registro de propriedade em favor da União
II - o levantamento dos valores no cartório de registro de imóveis
depositados em conta remunerada e a competente, nos termos do caput e do
liberação dos bens utilizados nos termos do parágrafo único do art. 243 da Constituição
art. 62. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) Federal, afastada a responsabilidade de
terceiros prevista no inciso VI do caput do
§ 1º Os bens, direitos ou valores art. 134 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de
apreendidos em decorrência dos crimes 1966 (Código Tributário Nacional), bem
tipificados nesta Lei ou objeto de medidas como determinar à Secretaria de
assecuratórias, após decretado seu Coordenação e Governança do Patrimônio
perdimento em favor da União, serão da União a incorporação e entrega do
revertidos diretamente ao Funad. (Redação imóvel, tornando-o livre e desembaraçado
dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
de quaisquer ônus para sua
destinação. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
§ 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do
2019)
Funad relação dos bens, direitos e valores
declarados perdidos, indicando o local em § 5º (VETADO).      
que se encontram e a entidade ou o órgão
em cujo poder estejam, para os fins de sua § 6º Na hipótese do inciso II do caput,
destinação nos termos da legislação vigente. decorridos 360 dias do trânsito em julgado e
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
do conhecimento da sentença pelo
interessado, os bens apreendidos, os que
§ 3º (Revogado).               
tenham sido objeto de medidas
§ 4º Transitada em julgado a sentença assecuratórias ou os valores depositados
condenatória, o juiz do processo, de ofício que não forem reclamados serão revertidos
ou a requerimento do Ministério Público, ao Funad. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
2019)
remeterá à Senad relação dos bens, direitos e
valores declarados perdidos em favor da
Art. 63-A.  Nenhum pedido de
União, indicando, quanto aos bens, o local
restituição será conhecido sem o
em que se encontram e a entidade ou o
comparecimento pessoal do acusado,
órgão em cujo poder estejam, para os fins de
podendo o juiz determinar a prática de atos
sua destinação nos termos da legislação
necessários à conservação de bens, direitos
vigente.
ou valores. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
2019)
§ 4º-A. Antes de encaminhar os bens ao
órgão gestor do Funad, o juíz deve: (Redação Art. 63-B.  O juiz determinará a
dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
liberação total ou parcial dos bens, direitos e
objeto de medidas assecuratórias quando
comprovada a licitude de sua origem, assegurada a venda pelo maior lance, por
mantendo-se a constrição dos bens, direitos preço não inferior a 50% do valor da
e valores necessários e suficientes à avaliação. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
reparação dos danos e ao pagamento de 2019)
prestações pecuniárias, multas e custas
decorrentes da infração penal.  (Redação dada § 2º O edital do leilão a que se refere o §
pela Lei nº 13.840, de 2019) 1º deste artigo será amplamente divulgado
em jornais de grande circulação e em sítios
Art. 63-C. Compete à Senad, do eletrônicos oficiais, principalmente no
Ministério da Justiça e Segurança Pública, Município em que será realizado,
proceder à destinação dos bens apreendidos dispensada a publicação em diário
e não leiloados em caráter cautelar, cujo oficial.       (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
perdimento seja decretado em favor da 2019)
União, por meio das seguintes modalidades:
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) § 3º Nas alienações realizadas por meio
de sistema eletrônico da administração
I – alienação, mediante: (Redação dada pública, a publicidade dada pelo sistema
pela Lei nº 13.840, de 2019) substituirá a publicação em diário oficial e
em jornais de grande circulação.   (Redação
a) licitação; (Redação dada pela Lei nº 13.840, dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
de 2019)
§ 4º Na alienação de imóveis, o
b) doação com encargo a entidades ou arrematante fica livre do pagamento de
órgãos públicos, bem como a comunidades encargos e tributos anteriores, sem prejuízo
terapêuticas acolhedoras que contribuam de execução fiscal em relação ao antigo
para o alcance das finalidades do Funad; proprietário.      (Redação dada pela Lei nº 13.840,
ou (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) de 2019)

c) venda direta, observado o disposto § 5º Na alienação de veículos,


no inciso II do caput do art. 24 da Lei nº embarcações ou aeronaves deverão ser
8.666, de 21 de junho de 1993; (Redação dada observadas as disposições dos §§ 13 e 15 do
pela Lei nº 13.840, de 2019) art. 61 desta Lei.        (Redação dada pela Lei nº
13.840, de 2019)
II – incorporação ao patrimônio de
órgão da administração pública, observadas § 6º Aplica-se às alienações de que trata
as finalidades do Funad; (Redação dada pela Lei este artigo a proibição relativa à cobrança de
nº 13.840, de 2019) multas, encargos ou tributos prevista no § 14
do art. 61 desta Lei.  (Redação dada pela Lei nº
III – destruição; ou (Redação dada pela Lei 13.840, de 2019)
nº 13.840, de 2019)

IV – inutilização.   (Redação dada pela Lei nº


13.840, de 2019)

§ 1º A alienação por meio de licitação


deve ser realizada na modalidade leilão,
para bens móveis e imóveis,
independentemente do valor de avaliação,
isolado ou global, de bem ou de lotes,
§ 7º A Senad, do Ministério da Justiça e ou proveito do crime, dos bens
Segurança Pública, pode celebrar convênios correspondentes à diferença entre o valor do
ou instrumentos congêneres com órgãos e patrimônio do condenado e aquele
entidades da União, dos Estados, do Distrito compatível com o seu rendimento
Federal ou dos Municípios, bem como com lícito.   (Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
comunidades terapêuticas acolhedoras, a
fim de dar imediato cumprimento ao Assim, é calculado o quanto aquele condenado
deveria ter de patrimônio com base em seu
estabelecido neste artigo. (Redação dada pela
rendimento lícito e o quanto ele tem de fato. A lei
Lei nº 13.840, de 2019)
presume que os valores que ele possui a mais são
produto ou proveito de crime e, por essa razão, o juiz
§ 8º Observados os procedimentos fica autorizado a decretar o perdimento dessa
licitatórios previstos em lei, fica autorizada a diferença.
contratação da iniciativa privada para a
execução das ações de avaliação, de Exemplo: com base nos rendimentos lícitos do réu,
era para ele ter R$ 100 mil de patrimônio; a despeito
administração e de alienação dos bens a que
disso, foram encontrados bens em seu nome ou em
se refere esta Lei. (Redação dada pela Lei nº seu poder avaliados em R$ 500 mil; diante disso, o
13.840, de 2019) magistrado irá decretar o perdimento de R$ 400 mil.

Art. 63-D. Compete ao Ministério da Fonte: Dizer o Direito


Justiça e Segurança Pública regulamentar os
procedimentos relativos à administração, à § 1º A decretação da perda prevista
preservação e à destinação dos recursos no caput deste artigo fica condicionada à
provenientes de delitos e atos ilícitos e existência de elementos probatórios que
estabelecer os valores abaixo dos quais se indiquem conduta criminosa habitual,
deve proceder à sua destruição ou reiterada ou profissional do condenado ou
inutilização. (Redação dada pela Lei nº 13.840, de sua vinculação a organização
2019) criminosa.   (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
2019)
Art. 63-E. O produto da alienação dos
bens apreendidos ou confiscados será Além do requisito objetivo (diferença de patrimônio)
a lei exige também um requisito subjetivo.
revertido integralmente ao Funad, nos
termos do parágrafo único do art. 243 da Elemento Diferença de patrimônio
Constituição Federal, vedada a sub-rogação objetivo
sobre o valor da arrematação para saldar Existência de elementos probatórios que
eventuais multas, encargos ou tributos Elemento indiquem conduta criminosa habitual,
subjetivo reiterada ou profissional do condenado
pendentes de pagamento.    (Redação dada pela
ou sua vinculação a organização
Lei nº 13.840, de 2019)
criminosa

Parágrafo único. O disposto


Vale ressaltar que, mesmo que o MP faça a
no caput deste artigo não prejudica o comprovação das duas circunstâncias acima, a defesa
ajuizamento de execução fiscal em relação ainda poderá evitar o perdimento, conforme prevê o
aos antigos devedores.   (Redação dada pela Lei § 3º do art. 63-F
nº 13.840, de 2019)

Art. 63-F. Na hipótese de condenação


por infrações às quais esta Lei comine pena § 2º Para efeito da perda prevista
máxima superior a 6 anos de reclusão, no caput deste artigo, entende-se por
poderá ser decretada a perda, como produto patrimônio do condenado todos os bens:
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) O que se Nações Unidas e outros instrumentos
entende por patrimônio do condenado? jurídicos internacionais relacionados à
questão das drogas, de que o Brasil é parte,
I – de sua titularidade, ou sobre os
o governo brasileiro prestará, quando
quais tenha domínio e benefício direto ou
solicitado, cooperação a outros países e
indireto, na data da infração penal, ou
organismos internacionais e, quando
recebidos posteriormente; e (Redação dada pela
necessário, deles solicitará a colaboração,
Lei nº 13.840, de 2019)
nas áreas de:
II – transferidos a terceiros a título
I - intercâmbio de informações sobre
gratuito ou mediante contraprestação
legislações, experiências, projetos e
irrisória, a partir do início da atividade
programas voltados para atividades de
criminal.  (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
2019)
prevenção do uso indevido, de atenção e de
reinserção social de usuários e dependentes
de drogas;

§ 3º O condenado poderá demonstrar a II - intercâmbio de inteligência policial


inexistência da incompatibilidade ou a sobre produção e tráfico de drogas e delitos
procedência lícita do patrimônio. (Redação conexos, em especial o tráfico de armas, a
dada pela Lei nº 13.840, de 2019) lavagem de dinheiro e o desvio de
precursores químicos;
Art. 64. A União, por intermédio da
Senad, poderá firmar convênio com os III - intercâmbio de informações
Estados, com o Distrito Federal e com policiais e judiciais sobre produtores e
organismos orientados para a prevenção do traficantes de drogas e seus precursores
uso indevido de drogas, a atenção e a químicos.
reinserção social de usuários ou
dependentes e a atuação na repressão à
produção não autorizada e ao tráfico ilícito
de drogas, com vistas na liberação de TÍTULO V-A
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019)
equipamentos e de recursos por ela
arrecadados, para a implantação e execução DO FINANCIAMENTO DAS
de programas relacionados à questão das POLÍTICAS SOBRE DROGAS
drogas.             
Art. 65-A. (VETADO). 

TÍTULO V
DA COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL
TÍTULO VI
Art. 65. De conformidade com os DISPOSIÇÕES FINAIS E
princípios da não-intervenção em assuntos TRANSITÓRIAS
internos, da igualdade jurídica e do respeito
à integridade territorial dos Estados e às leis Art. 66. Para fins do disposto no
e aos regulamentos nacionais em vigor, e parágrafo único do art. 1º desta Lei, até que
observado o espírito das Convenções das seja atualizada a terminologia da lista
mencionada no preceito, denominam-se II - ordenar à autoridade sanitária
drogas substâncias entorpecentes, competente a urgente adoção das medidas
psicotrópicas, precursoras e outras sob necessárias ao recebimento e guarda, em
controle especial, da Portaria SVS/MS nº 344, depósito, das drogas arrecadadas;
de 12 de maio de 1998.
III - dar ciência ao órgão do Ministério
Art. 67. A liberação dos recursos Público, para acompanhar o feito.
previstos na Lei nº 7.560, de 19 de dezembro
de 1986, em favor de Estados e do Distrito § 1º Da licitação para alienação de
Federal, dependerá de sua adesão e respeito substâncias ou produtos não proscritos
às diretrizes básicas contidas nos convênios referidos no inciso II do caput deste artigo,
firmados e do fornecimento de dados só podem participar pessoas jurídicas
necessários à atualização do sistema regularmente habilitadas na área de saúde
previsto no art. 17 desta Lei, pelas ou de pesquisa científica que comprovem a
respectivas polícias judiciárias. destinação lícita a ser dada ao produto a ser
arrematado.
Art. 67-A. Os gestores e entidades que
recebam recursos públicos para execução § 2º Ressalvada a hipótese de que trata
das políticas sobre drogas deverão garantir o § 3º deste artigo, o produto não
o acesso às suas instalações, à documentação arrematado será, ato contínuo à hasta
e a todos os elementos necessários à efetiva pública, destruído pela autoridade sanitária,
fiscalização pelos órgãos competentes. na presença dos Conselhos Estaduais sobre
(Redação dada pela Lei nº 13.840, de 2019) Drogas e do Ministério Público.

Art. 68. A União, os Estados, o Distrito § 3º Figurando entre o praceado e não


Federal e os Municípios poderão criar arrematadas especialidades farmacêuticas
estímulos fiscais e outros, destinados às em condições de emprego terapêutico,
pessoas físicas e jurídicas que colaborem ficarão elas depositadas sob a guarda do
na prevenção do uso indevido de drogas, Ministério da Saúde, que as destinará à rede
atenção e reinserção social de usuários e pública de saúde.
dependentes e na repressão da produção
não autorizada e do tráfico ilícito de drogas. Art. 70. O processo e o julgamento dos
crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei,
Art. 69. No caso de falência ou se caracterizado ilícito transnacional, são
liquidação extrajudicial de empresas ou da competência da Justiça Federal.
estabelecimentos hospitalares, de pesquisa,
de ensino, ou congêneres, assim como nos Parágrafo único. Os crimes praticados
serviços de saúde que produzirem, nos Municípios que não sejam sede de vara
venderem, adquirirem, consumirem, federal serão processados e julgados na
prescreverem ou fornecerem drogas ou de vara federal da circunscrição respectiva.
qualquer outro em que existam essas
substâncias ou produtos, incumbe ao juízo Art. 71. (VETADO)
perante o qual tramite o feito:
Art. 72.  Encerrado o processo criminal
I - determinar, imediatamente à ciência ou arquivado o inquérito policial, o juiz, de
da falência ou liquidação, sejam lacradas ofício, mediante representação da
suas instalações; autoridade de polícia judiciária, ou a
requerimento do Ministério Público,
determinará a destruição das amostras
guardadas para contraprova, certificando
nos autos.  (Redação dada pela Lei nº 13.840, de
2019)

Art. 73. A União poderá estabelecer


convênios com os Estados e o com o Distrito
Federal, visando à prevenção e repressão do
tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e
com os Municípios, com o objetivo de
prevenir o uso indevido delas e de
possibilitar a atenção e reinserção social de
usuários e dependentes de drogas.        

Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45


(quarenta e cinco) dias após a sua
publicação.

Art. 75. Revogam-se a Lei nº 6.368, de


21 de outubro de 1976, e a Lei nº 10.409, de
11 de janeiro de 2002.

Brasília, 23 de agosto de 2006; 185º da


Independência e 118º da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Márcio Thomaz Bastos
Guido Mantega
Jorge Armando Felix

Este texto não substitui o publicado no DOU


de 24.8.2006

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