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jurisprudência.pt
Supremo Tribunal
de Justiça
Processo
132/11.0JELSB. S1
Relator
RAUL BORGES
Sessão
02 Maio 2012
Votação
UNANIMIDADE
Meio Processual
RECURSO PENAL
Decisão
PROVIDO EM PARTE
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TRÁFICO DE ESTUPEFACIENTES
CORREIO DE DROGA
PREVENÇÃO ESPECIAL
Sumário
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Texto Integral
No âmbito do processo comum, com intervenção
do Tribunal colectivo, n.º 132/11.0JELSB da 6.ª Vara
Criminal de Lisboa, foram submetidos a
julgamento:
- AA, casada, cozinheira, nascida em 06-08-1959,
em L…, Espanha, residente em H… A…, T… dei C…,
L…, Espanha, presa preventivamente à ordem dos
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No domínio da versão originária do Código Penal
de 1982, alguma jurisprudência, dizendo basear-se
em posição do Professor Eduardo Correia (Actas
das Sessões, pág. 20), segundo a qual o
procedimento normal e correcto dos juízes na
determinação da pena concreta, em face do novo
Código, seria o de utilizar, como ponto de partida, a
média entre os limites mínimo e máximo da pena
correspondente, em abstracto, ao crime, adoptou
tal orientação, considerando-se em seguida as
circunstâncias que, não fazendo parte do tipo de
crime, depusessem a favor do agente ou contra
ele, sendo exemplos de tal posição os acórdãos de
13-07-1983, BMJ n.º 329, pág. 396; de 15-02-1984,
BMJ n.º 334, pág. 274; de 26-04-1984, BMJ n.º 336,
pág. 331; de 19-12-1984, BMJ n.º 342, pág. 233; de
11-11-1987, BMJ n.º 371, pág. 226; de 19-12-1994,
BMJ n.º 342, pág. 233; de 10-01-1987, processo n.º
38627 – 3.ª, Tribuna da Justiça, n.º 26; de 11-11-1987,
BMJ n.º 371, pág. 226; de 11-05-1988, processo n.º
39401 – 3.ª, Tribuna da Justiça, n.ºs 41/42.
Manifestou-se contra esta interpretação
Figueiredo Dias em Direito Penal Português, As
Consequências Jurídicas do Crime, § 277, págs.
210/211.
A refutação de tal critério foi feita por Carmona
da Mota, in Tribuna da Justiça, n.º 6, Junho 1985,
págs. 8/9 e Alfredo Gaspar, em anotação ao
acórdão de 02-05-1985, in Tribuna da Justiça, n.º 7,
págs. 11 e 13, dando-se conta, em ambos os casos,
de que o primeiro aresto em que se verificou uma
inflexão na jurisprudência foi o acórdão da Relação
de Coimbra de 09-11-1983, in Colectânea de
Jurisprudência 1983, tomo 5, pág. 73.
Posteriormente, e ainda antes de 1995, partindo
da ideia de que a culpa é a medida que a pena não
pode ultrapassar nem mesmo lançando apelo às
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seguinte modo:
«Tendo em atenção:
Por um lado, a ilicitude do facto (de natureza
elevada já que se trata de crime de tráfico de
estupefacientes materializado numa actividade de
transporte internacional de estupefacientes), a
culpa da arguida que actuou com dolo directo, o
comportamento anterior da arguida, nunca
censurada em Tribunal.
Por outro lado, a qualidade e a quantidade da droga
apreendida à arguida (2996,51 gramas de cocaína),
a confissão da arguida, as circunstâncias que
rodearam a prática do crime e as condições socio-
económicas e pessoais da arguida à data da
prática dos factos.
A que acrescem exigências de prevenção geral,
porquanto, se tratam de infracções que exigem
uma resposta institucional intensa e eficaz,
sobretudo de carácter preventivo, sendo certo que
a arguida não tem antecedentes criminais.
Com o consentimento e conhecimento da arguida,
foi-lhe facilitado o caminho na qualidade de
correio.
O facto de a arguida ser um “correio” não atenua a
culpa da mesma, já que o transporte da droga a
troco de remuneração pecuniária é tão ou mais
grave do que a sua venda directa - cfr. neste
sentido douto acórdão do S.T.J., de 19/02/97,
proferido no Processo n° 1049/96.
Conhecidas as penas cominadas nos tipos legais
de crime em análise impõe-se, em primeiro lugar, a
determinação da natureza da pena a aplicar.
Dentro da filosofia subjacente ao sistema punitivo
actualmente em vigor (artigo 70°, do CP.), resulta
claro que o recurso às penas privativas da
liberdade só será legítimo quando, face às
circunstâncias do caso, se não mostrem
adequadas as reacções penais não detentivas, o
que sucederá no caso de estas não serem
suficientes para promover a recuperação social do
delinquente e satisfazer as exigências de
reprovação e de prevenção do crime.
Consagrou-se deste modo, por via legislativa, o
carácter excepcional ou subsidiário da prisão, isto
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Decisão
Pelo exposto, acordam no Supremo Tribunal de
Justiça em julgar parcialmente procedente o
recurso interposto pela arguida AA, alterando o
acórdão recorrido, no que respeita à medida da
pena aplicada, que é reduzida para quatro anos e
dez meses de prisão, mantendo-se o acórdão
recorrido no demais.
Sem custas, atento o provimento parcial do
recurso.
Consigna-se que foi observado o disposto no
artigo 94.º, n.º 2, do Código de Processo Penal.
Henriques Gaspar
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