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gDireito Penal II – 05/08/2022 – Trabalho em grupos P4 e T4

Justificar se as asserções abaixo são corretas ou incorretas:

1) Quem, para satisfazer a própria libido, constrange mulher adulta a que tire a
roupa e se exiba pela webcam, em tempo real, mediante ameaça de relevar
infidelidades da vítima ao marido desta, comete o crime de estupro (CP, art. 213).

Correto, vez que o artigo 217 também engloba condutas que permitam que o agente
pratique ato libidinoso, a saber: “constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato
libidinoso”.

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DO ART. 217-A, CAPUT, C/C O ART. 71, CP (FATO 01); ART. 240, §1º,
ECA, NA FORMA DO ART. 71, CP (FATO 02); ART. 241-B, ECA (FATO 03), E; ART. 241-A, ECA (FATO 04),
TODOS NA FORMA DO ART. 69, CP. SENTENÇA CONDENATÓRIA.

1. CRIME DO ART. 217-A, CAPUT, C/C O ART. 71, CP (FATO 01). 1.1. PLEITO ABSOLUTÓRIO. AUTORIA
E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS. ALEGADA ATIPICIDADE FORMAL DA CONDUTA.
RELATOS COESOS E HARMÔNICOS, TANTO NA ETAPA INVESTIGATIVA QUANTO EM JUÍZO,
CONFIRMANDO QUE O ACUSADO CONSTRANGEU A OFENDIDA À PRÁTICA DE ATOS SEXUAIS,
COMO A AUTO MASTURBAÇÃO, POR MEIO VIRTUAL. CONTEMPLASÇÃO LASCIVA ATRAVÉS DE
FOTOS E VÍDEOS ÍNTIMOS. TIPICIDADE FORMAL DA CONDUTA RECONHECIDA PELO STJ. ALEGADO
ERRO DE TIPO (ART. 20, CP), POR AUSÊNCIA DE CONHECIMENTO QUANTO À IDADE DA VÍTIMA.
DEFESA QUE NÃO SE DESINCUMBIU DO ÔNUS DE PROVAR SUA ALEGAÇÃO. INTELIGÊNCIA DO
ART. 156 DO CPP. OFENDIDA QUE INFORMOU AO RÉU TER 13 (TREZE) ANOS DE IDADE À ÉPOCA
DO FATO. ESPECIAL RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA, QUE AINDA É CORROBORADA PELAS
DEMAIS DECLARAÇÕES CONSTANTES DOS AUTOS. PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE VIOLÊNCIA
RECONHECIDA PELO STJ EM RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. NEGATIVA DE
AUTORIA FRÁGIL E ISOLADA NOS AUTOS. NÃO ACOLHIMENTO. CONDENAÇÃO MANTIDA. 1.2.
PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DO ART. 241-D, ECA. CRIME QUE PREVÊ A
PRÁTICA DE ATOS PREPARATÓRIOS DO DELITO DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL. CONDUTA
PRATICADA PELO APELANTE QUE ULTRAPASSA O MERO ALICIAMENTO, ASSÉDIO, INSTIGAÇÃO OU
CONSTRANGIMENTO DA VÍTIMA. NÃO ACOLHIMENTO. 1.3. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O
DELITO DO ART. 240, §1º, ECA, COM O RECONHECIMENTO DA CONTINUIDADE DELITIVA ENTRE O
PRIMEIRO E SEGUNDO FATOS. CRIME IMPUTADO AO AGENTE QUE FACILITA, RECRUTA, AGENCIA,
COAGE OU DE QUALQUER MODO INTERMEDEIA A PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE
EM CENAS PORNOGRÁFICAS, SEM NECESSIDADE DA EFETIVA PRÁTICA DE ATO LIBIDINOSO.
IMPOSSIBILIDADE DE DESCLASSIFICAÇÃO. CONDUTAS EXPRESSAMENTE DISTINTAS.
INAPLICABILIDADE DA CONTINUIDADE DELITIVA ENTRE CRIMES DE DIFERENTES ESPÉCIES. NÃO
ACOLHIMENTO. 1.4. PEDIDO DE APLICAÇÃO DA ATENUANTE DO ART. 65, INC. III, ‘B’, CP.
ARREPENDIMENTO EFICAZ. INAPLICABILIDADE AO CASO CONCRETO. NÃO ACOLHIMENTO. 1.5.
PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DO ART. 65, INC. III, ‘D’, CP. AUSÊNCIA DE
CONFISSÃO QUANTO À PRÁTICA DELITIVA. NÃO ACOLHIMENTO. 1.6. RECONHECIMENTO, EX
OFFICIO, DA TENTATIVA (ART. 14, INC. II, CP). PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE DA PENA. RÉU
QUE INCITOU A VÍTIMA A LHE ENCAMINHAR FOTOS E VÍDEOS ÍNTIMOS E PROFERIU AMEAÇAS
PARA QUE A ADOLESCENTE O ENCONTRASSE PESSOALMENTE, NO INTUITO DE CONSTRANGÊ-LA
À PRÁTICA DA CONJUNÇÃO CARNAL. DEMONSTRADA A INTENÇÃO DO ACUSADO DE PRATICAR
ATOS MAIS INVASIVOS, QUE NÃO OCORRERAM POR CIRCUNSTÂNCIAS ALHEIAS À SUA VONTADE,
EIS QUE A OFENDIDA NÃO CEDEU ÀS AMEAÇAS E O DENUNCIOU À POLÍCIA. DESCLASSIFICAÇÃO
DO DELITO PARA A MODALIDADE TENTADA. ITER CRIMINIS PRÓXIMO AO EXAURIMENTO. FRAÇÃO
MÍNIMA DE 1/3 (UM TERÇO) APLICADA PARA REDUZIR A REPRIMENDA.

2. CRIME DO ART. 240, §1º, ECA (FATO 02). AUSÊNCIA DE INSURGÊNCIAS QUANTO A
MATERIALIDADE E AUTORIA DELITIVAS. 2.1. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA CONSUNÇÃO PELO
CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL (FATO 01). TIPOS PENAIS AUTÔNOMOS, COM DESÍGNIOS
PRÓPRIOS E QUE NÃO SE CONFUNDEM, AINDA QUE PRATICADOS DENTRO DO MESMO
CONTEXTO FÁTICO. NÃO ACOLHIMENTO. 2.2. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DO
ART. 146, CP. CARÁTER SUBSIDIÁRIO DO CRIME DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL EM RELAÇÃO
AOS DELITOS SEXUAIS ENVOLVENDO CRIANÇAS E ADOLESCENTES. PRECEDENTES. NÃO
ACOLHIMENTO. 2.3. PEDIDO DE APLICAÇÃO DA ATENUANTE DO ART. 65, INC. III, ‘B’, CP.
ARREPENDIMENTO EFICAZ. IMPOSSIBILIDADE. CRIME CONSUMADO. 2.4. PEDIDO DE
RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DO ART. 65, INC. III, ‘D’, CP. AUSÊNCIA DE CONFISSÃO QUANTO
À PRÁTICA DELITIVA. NÃO ACOLHIMENTO.

3. CRIME DO ART. 241-B, ECA (FATO 03). INCONFORMISMO RESTRITO À DOSIMETRIA DA PENA.
PEDIDO DE APLICAÇÃO DA MINORANTE PREVISTA NO ART. 241-B, §1º, ECA, EM GRAU MÁXIMO
(DOIS TERÇOS). QUANTIDADE DE MATERIAL PORNOGRÁFICO INFANTO-JUVENIL APREENDIDO NO
EQUIPAMENTO ELETRÔNICO DO RÉU QUE NÃO SE REVELA ÍNFIMA. CAUSA DE DIMINUIÇÃO
CORRETAMENTE APLICADA EM 1/3 (UM TERÇO) NA SENTENÇA. NÃO ACOLHIMENTO.

4. CRIME DO ART. 241-A, ECA (FATO 04). 4.1. PLEITO ABSOLUTÓRIO. AUTORIA E MATERIALIDADE
DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PROVA PERICIAL CONCLUSIVA ACERCA DO COMPARTILHAMENTO
DE MÍDIAS CONTENDO PORNOGRAFIA INFANTO-JUVENIL. NÃO ACOLHIMENTO. 4.2. PEDIDO DE
RECONHECIMENTO DA CONSUNÇÃO PELO CRIME DO ART. 241-B, ECA (FATO 03).
ARMAZENAMENTO DE CONTEÚDO PORNOGRÁFICO INFANTO-JUVENIL QUE NÃO PRESSUPÕE,
NECESSARIAMENTE, O SEU COMPARTILHAMENTO. DELITOS QUE, NA HIPÓTESE, FORAM
PRATICADOS DE MANEIRA AUTÔNOMA. NÃO ACOLHIMENTO. 4.3. PEDIDO DE APLICAÇÃO DA
ATENUANTE DO ART. 65, INC. III, ‘B’, CP. ARREPENDIMENTO EFICAZ. IMPOSSIBILIDADE. CRIME
CONSUMADO. 4.4. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DO ART. 65, INC. III, ‘D’, CP.
AUSÊNCIA DE CONFISSÃO QUANTO À PRÁTICA DELITIVA. NÃO ACOLHIMENTO.

5. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DO CONCURSO FORMAL ENTRE OS CRIMES (ART. 70, CP).


APELANTE QUE PRATICOU DIVERSAS CONDUTAS, MEDIANTE DESÍGNIOS AUTÔNOMOS. REGRA
DO CONCURSO MATERIAL (ART. 69, CP) CORRETAMENTE APLICADA EM SENTENÇA. NÃO
ACOLHIMENTO.

6. PEDIDO DE FIXAÇÃO DE REGIME PRISIONAL MENOS GRAVOSO. CARGA PENAL DEFINITIVA


SUPERIOR A 08 (OITO) ANOS DE RECLUSÃO. MANUTENÇÃO DO REGIME INICIAL FECHADO QUE SE
IMPÕE (ART. 33, §2º, ‘A’, CP). NÃO ACOLHIMENTO.

7. PEDIDO DE ISENÇÃO DA PENA DE MULTA. REPRIMENDA PECUNIÁRIA CALCULADA DE MANEIRA


PROPORCIONAL, EM OBSERVÂNCIA AO SISTEMA TRIFÁSICO. EVENTUAL PARCELAMENTO QUE
PODE SER PLEITEADO PERANTE O JUÍZO DA EXECUÇÃO. NÃO ACOLHIMENTO.

8. PEDIDO DE REDUÇÃO DO VALOR FIXADO A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


CONDENAÇÃO DEVIDA, NOS TERMOS DO ART. 387, IV, CPP. QUANTIA JÁ ARBITRADA EM VALOR
MÓDICO PELO JUÍZO A QUO (DOIS SALÁRIOS MÍNIMOS). NÃO ACOLHIMENTO.RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO, COM MEDIDA DE OFÍCIO PARA RECONHECER A TENTATIVA NO
CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL (FATO 01), REDUZINDO-SE A PENA DO APELANTE.

(TJPR - 3ª C.Criminal - 0000784-37.2020.8.16.0007 - Curitiba - Rel.: DESEMBARGADOR PAULO


ROBERTO VASCONCELOS - J. 14.06.2022) 

2) Quem, para satisfazer a própria libido, constrange mulher adulta a que lhe
envie fotos de seu corpo nu, mediante ameaça de relevar infidelidades da vítima ao
marido desta, comete o crime de constrangimento ilegal (CP, art. 146).

Errado, tendo em vista que neste caso o envio das fotos tinha o objetivo de satisfazer a
libido do agente. Assim, a conduta englobaria no artigo 213 que comete estupro aquele
que “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou
a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”.

Mesmo acórdão anterior.


3) Quem, para satisfazer a própria libido, constrange adolescente de 14 anos,
mediante ameaça de machucar o animal de estimação da vítima, a dar-lhe um beijo
na boca, comete crime de importunação sexual (CP, art. 215-A).

Nos termos do artigo 213 do código penal, configura-se como estupro constranger
alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ato libidinoso. Assim, a sexta
turma no STJ em recurso especial, decidiu caracterizar-se como estupro a conduta de
“beijo roubado”. Uma vez que, no caso concreto, há o beijo de modo lascivo ou com fim
erótico, considerado ato libidinoso, e emprego de grave ameaça.

4) Quem, para satisfazer a própria libido, toca nos seios de mulher adulta, sem o
consentimento desta, prevalecendo-se da lotação do transporte público, comete
crime de importunação sexual (CP, art. 213).

Correta. O crime de importunação sexual, definido pela lei n. 13.718 de 18, tem como
característica a realização de ato libidinoso na presença de alguém de forma não
consensual, com o objetivo de satisfazer a própria lascívia. A exemplo se tem o assédio
sofrido por mulheres nos transportes públicos, assim como se enquadram na conduta o
beijo forçado e passar a mão no corpo alheio sem permissão.

5) Quem, para satisfazer a própria libido, toca brevemente nos seios de


adolescente de 13 anos, sem o consentimento desta, prevalecendo-se da lotação do
transporte público, comete crime de estupro de vulnerável (CP, art. 217-A).
Correta. A conduta se caracteriza a consumação de um ato libidinoso com uma menor de 14
anos,se amoldando na conduta do Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
com menor de 14 (catorze) anos. A jurisprudência entende que mesmo que o toque tenha sido por
cima da roupa, não há um rol taxativo e exemplificativo acerca de quais atos seriam considerados
libidinosos nos arts. 213 e 217-A e que os atos não precisam ser necessariamente invasivos,
sendo irrelevante o contato físico entre ofensor e a vítima. Assim, a conduta se enquadra como
um ato necessário à tipificação de estupro de vulnerável, tendo em vista que se trata de uma
prática de ato libidinoso.

PROCESSO PENAL E PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO


DE VULNERÁVEL. REEXAME DE PROVAS. DESNECESSIDADE. SITUAÇÃO FÁTICA
EXPRESSAMENTE DELINEADA NO ACÓRDÃO RECORRIDO. TOCAR OS SEIOS DA VÍTIMA.
CRIANÇA DE 10 ANOS DE IDADE. DOLO DE SATISFAÇÃO DA LASCÍVIA. CONTRAVENÇÃO
PENAL. INCOMPATIBILIDADE. ART. 215-A DO CÓDIGO PENAL. INAPLICABILIDADE.
VULNERABILIDADE DA VÍTIMA. ART. 217-A DO CÓDIGO PENAL. CONSUMAÇÃO. QUALQUER
ATO LIBIDINOSO OFENSIVO À DIGNIDADE SEXUAL. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. "A controvérsia atinente à inadequada desclassificação para a contravenção penal prevista no
art. 65 do Decreto-Lei n. 3.688/1941 prescinde do reexame de provas, sendo suficiente a
revaloração de fatos incontroversos explicitados no acórdão recorrido. (REsp 1.605.222/MS, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 28/6/2016, DJe 1º/8/2016).
2. Esta Quinta Turma, seguindo o voto do em. Ministro Joel Ilan Paciornik, já teve
oportunidade de ressaltar que "a maior parte da doutrina penalista pátria orienta-se no
sentido de que a contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos
arts. 213 e 217-A do Código Penal - CP, sendo irrelavante, para a consumação dos delitos,
que haja contato físico entre ofensor e ofendido" (RHC 70.976/MS, Rel. Ministro JOEL ILAN
PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 2/8/2016, DJe 10/8/2016).
3. No caso em apreço, o acusado, ao tocar nos seios da criança, ainda que por cima da
roupa, praticou todos os atos necessários à tipificação do delito de estupro de vulnerável,
que não exige atos invasivos, conforme jurisprudência deste Tribunal.
4. Não obstante a inovação trazida pelo art. 215-A do Código Penal (introduzido pela Lei
13.718/2018), "a Terceira Seção desta Corte Superior sedimentou a jurisprudência, então já
dominante, pela presunção absoluta da violência em casos da prática de conjunção carnal ou ato
libidinoso diverso com pessoa menor de 14 anos" (REsp n. 1.320.924/MG, relator Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 16/8/2016, DJe de 29/8/2016, grifei), de
modo que é "inaplicável o art. 215-A do CP para a hipótese fática de ato libidinoso diverso de
conjunção carnal praticado com menor de 14 anos, pois tal fato se amolda ao tipo penal do art.
217-A do CP, devendo ser observado o princípio da especialidade" (AgRg nos EDcl no AREsp n.
1.225.717/RS, relator Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 21/2/2019,
DJe 6/3/2019). 5. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp n. 1.824.358/MG, relator
Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 3/11/2020, DJe de 12/11/2020.)

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL.


DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME DO ART. 217-A PARA O CRIME DO ART. 215-A DO CP.
PRÁTICA DE ATOS LIBIDINOSOS DIVERSOS DA CONJUNÇÃO CARNAL COM MENOR DE 14
ANOS. ELEMENTO ESPECIALIZANTE DO CRIME DO ART. 217-A. PLEITO DE
RESTABELECIMENTO DA CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. SÚMULA
568/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
I - Ato libidinoso, atualmente descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, não é só o coito anal
ou o sexo oral, mas podem ser caracterizados mediante toques, beijo lascivo, contatos
voluptuosos, contemplação lasciva, dentre outros. Isto porque, o legislador, com a alteração
trazida pela Lei n. 12.015/2009, optou por consagrar que no delito de estupro a pratica de
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, não havendo rol taxativo ou exemplificativo acerca de
quais atos seria considerados libidinosos.
II - Com efeito, "a Terceira Seção desta Corte Superior sedimentou a jurisprudência, então já
dominante, pela presunção absoluta da violência em casos da prática de conjunção carnal ou ato
libidinoso diverso com pessoa menor de 14 anos" (REsp n. 1.320.924/MG, relator Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 16/8/2016, DJe de 29/8/2016, grifei), de
modo que é "inaplicável o art. 215-A do CP para a hipótese fática de ato libidinoso diverso de
conjunção carnal praticado com menor de 14 anos, pois tal fato se amolda ao tipo penal do art.
217-A do CP, devendo ser observado o princípio da especialidade" (AgRg nos EDcl no AREsp n.
1.225.717/RS, Quinta Turma, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, DJe de 6/3/2019).
Agravo regimental desprovido.
(AgRg nos EDcl no REsp n. 1.922.807/ES, relator Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em
23/3/2021, DJe de 30/3/2021.) 

6) O empregador que, para satisfazer a própria libido, constrange uma


subordinada à prática de ato libidinoso, mediante ameaça de demissão, comete
crime de assédio sexual (CP, art. 216-A).

Correto. Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento
sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.   

7) O empregador que, para satisfazer a própria libido, oferece à sua


subordinada uma promoção em troca do consentimento para a prática de ato
libidinoso, não comete crime, caso a proposta seja recusada.

R: Errado. Comete crime de assédio sexual de acordo com o art. 216-A.


8) O professor que para satisfazer a própria libido, oferece à sua aluna de 13
anos garantia de aprovação escolar em troca da prática de ato libidinoso, comete o
crime de assédio sexual (CP, art. 216-A), na forma tentada.

R: Errado. Comete crime de estupro de vulnerável (CP, art. 217-A), segundo


entendimento julgado no HC 568.088/SP:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA


ELEITA. CRIMES DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL E AMEAÇA. INDEFERIMENTO
MOTIVADO DA PRODUÇÃO DE LAUDO PSICOSSOCIAL DA VÍTIMA E DA
REALIZAÇÃO DE PERÍCIA NO LOCAL DOS FATOS. FACULDADE DO MAGISTRADO.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE IMPORTUNAÇÃO SEXUAL.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECONHECIMENTO DA MODALIDADE
TENTADA. INVIABILIDADE. PRÁTICA DE ATOS LIBIDINOSOS DIVERSOS DA
CONJUNÇÃO CARNAL COM MENOR DE 14 ANOS. CRIME CONSUMADO.
INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. WRIT NÃO CONHECIDO.

9) Não comete crime quem, para satisfazer a própria libido, mantém relações
sexuais consensuais com adolescente que, embora tivesse 13 anos de idade,
afirmou ao parceiro já ter completado 14 anos.

Correta. Se o agente acredita que a vítima possui mais de 14 anos, e as circunstâncias


justificam o erro, não se configura o crime de estupro de vulnerável, uma vez que incide o
art. 20 do CP “o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”. Assim, o dolo resta excluído, e
como o delito não prevê modalidade culposa o agente não comete crime.

“APELAÇÃO. FAVORECIMENTO À PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE


EXPLORAÇÃO SEXUAL DE VULNERÁVEL. DECRETO ABSOLUTÓRIO. - No caso
concreto, ainda que possível a promessa de pagamento pelo réu para que a vítima
mantivesse relação sexual consigo, não há notícias de que a menor tenha sofrido atos de
manipulação da vontade por terceiro para o exercício de prostituição ou exploração
sexual, ou de que o acusado tenha se aproveitado dessa situação peculiar da ofendida
para com ela praticar atos libidinosos. Além disso, há dúvidas quanto ao conhecimento
pelo acusado da idade da vítima. Apelo provido. (Apelação Crime Nº 70043929652,
Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dálvio Leite Dias Teixeira,
Julgado em 11/12/2013).”
10) No crime de estupro de vulnerável (CP, art. 217-A) praticado contra criança de
6 anos, a idade da vítima não pode ser considerada para exacerbar a pena.

Correta. Conforme entendimento firmado pelo STJ: “[…] O artigo 217-A do Código Penal
dispõe sobre o crime de estupro cometido contra pessoa menor de 14 anos, o que torna
inviável á exasperação da pena, na segunda fase da dosimetria, em razão da incidência
da agravante prevista no art. 61, II, h, do Código Penal (crime cometido contra criança),
sob pena de bis in idem. Na espécie, deve ser afastada a referida agravante, diante da
ocorrência de bis in idem […]” (HC 396.017/SP, j. 22/08/2017).

Leia a notícia no link abaixo sobre condutas atribuídas ao comediante Louis C. K. e


justifique se, caso ocorridas no Brasil, deveriam ser consideradas criminosas.

https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/louis-ck-admite-ter-se-masturbado-na-frente-
de-mulheres-e-se-diz-arrependido.ghtml
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de
satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:  (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

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