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ALEGAÇÕES FINAIS
Com fundamento no Art. 403, §3º do Código de Processo Penal pelas razões de
fato e de direito a seguir expostos
DA SINTESE PROCESSUAL
“Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem
ou qualificam o crime:
...
II - ter o agente cometido o crime:
...
L - em estado de embriaguez preordenada”
A sustentação do parquet toma como base o fato de a “vítima” ter 13(treze) anos
de idade.
O Acusado, por ter bons antecedentes, residência fixa e ser primário, está
respondendo ao processo em liberdade.
Em Audiência de Instrução e Julgamento, a “vítima” afirmou que esta foi a sua
primeira relação sexual e que tinha o hábito de “fugir de casa” para frequentar
bares com as amigas.
As testemunhas de acusação afirmaram que não viram os jovens conversarem
nem se beijarem no bar e que não sabiam das “fugas” da Exequente.
As testemunhas de defesa, amigas de Jorge, por sua vez, disseram que o
comportamento e a vestimenta da Exequente estavam incompatíveis com menina
de 13(treze) anos e que qualquer pessoa poderia acreditar que ela fosse maior de
18(dezoito) anos. Afirmaram também que o Acusado não demonstrava sinais de
embriaguez enquanto “trocavam carinhos” e que assim permaneceu até o
momento em que se retirou do local em companhia da Exequente.
No depoimento o Acusado confirmou que se interessou por Analisa devido a sua
beleza e elegância. Disse, ainda, que não perguntou a idade dela porque o local é
frequentado por pessoas maiores de 18 anos. Admitiu que praticaram sexo oral e
vaginal, de forma espontânea e voluntária por parte de[ ambos.
A prova pericial atestou que a menor não é virgem, mas não pôde definir se o ato
denunciado foi a primeira experiência da Exequente, pois o exame não foi
realizado no prazo apto para tal diagnóstico.
Esta é a breve síntese processual.
DA TEMPESTIVIDADE
DO DIREITO
Jorge, desconhecia a idade da “vítima” e foi induzido a acreditar que ela fosse
maior de 18(dezoito) anos, pois acabavam de se conhecer num bar onde o
ingresso e a permanência são admitidos somente para pessoas a partir desta
faixa etária. Além disso, a aparência geral, a roupa e o comportamento de Analisa
eram de mulher de 18(dezoito) anos, o que foi corroborado pelos depoimentos
das testemunhas da defesa na Audiência.
Está claro que o Acusado incidiu em erro sobre o elemento constitutivo do tipo
legal:
CP-Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Antes da reforma trazida pela lei 12.015/09, havia dois delitos: o de estupro, no
Art. 213, e o de atentado violento ao pudor, no Art. 214. Em ambos, o meio de
execução era a “violência” ou “grave ameaça”. No entanto, quando praticados
contra menores de 14(quatorze) anos, ou contra pessoas alienadas, ou débeis
mentais ou por quem não podia oferecer resistência, falava-se em “presunção de
violência”, ou seja, ainda que o agente não empregasse violência real contra a
vítima, presumia-se a sua existência em virtude da idade dela.
Por repousar em frágil alicerce, o termo “presunção” levava a inevitáveis
questionamentos. E se houvesse consentimento? E se a vítima fosse prostituta?
E se existisse relação de namoro entre autor e vítima?
Com o advento da lei 12.015/09, qualquer discussão nesse sentido foi encerrada,
pois o critério, agora, é o objetivo, a idade, e não mera presunção, que, por
natureza, é subjetiva. Pela redação atual, se a vítima for menor de 14(quatorze)
anos, seja do sexo masculino ou feminino, ocorrerá o crime, pouco importando o
seu histórico sexual. Neste sentido, STJ:
E ainda:
“Não evidencia fundamentação idônea e suficiente, decisão que impõe o regime
inicial fechado de cumprimento de pena, baseado, objetiva e exclusivamente na
norma inscrita no Art. 2º, § 1º, da lei 8.072/90, declarada incidentalmente
inconstitucional por este supremo tribunal, no HC 111 840(Relator o ministro dias
Toffoli, de 27/06/2012, STF, HC 120.274/ES)
DOS PEDIDOS
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, data
ADVOGADO
OAB nº