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AO JUIZO DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE

LUZIÂNIA-GO

Processo nº .......
Natureza: Apuração de Ato Infracional
Autor: Ministério Público
Representado: ....
Ato Infracional: 217-A, caput, do Código Penal

MIQUÉIAS FERNANDES OLIVEIRA, já qualificado nos autos, por


intermédio de sua defensora dativa, nomeada na decisão de evento nº 25, vem,
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS,
nos seguintes termos:

I- SÍNTESE DA REPRESENTAÇÃO

O mérito da Representação trata-se de suposta prática do ato infracional


análogo ao crime de estupro de vulnerável, previsto no artigo 217-A do Código
Penal.
Segundo consta na inicial, o representado e a vítima mantiveram
relacionamento amoroso durante alguns meses e passaram a manter ralações sexuais
de forma consensual. Após algum tempo de relacionamento a vítima engravidou e
deu à luz à criança........

Stéphanie Araújo
Advocacia e Consultoria Jurídica
OAB-GO 61648
(61) 9 9997-9024
II- DO DIREITO

A materialidade do ato infracional está comprovada por meio do assento de


nascimento (fl. 10) e pelas provas orais carreadas aos autos, sobretudo pelo
depoimento do representado que confessou a prática do ato infracional. Senão,
vejamos:

...........: “que os fatos são verdadeiros; que conheceu Karolyne


em 13 de maio de 2019; que namorou com Karolyne com o
consentimento dela, da mãe dela e de sua mãe; que
mantinham relações sexuais; que Karolyne consentia; que
Karolyne engravidou; que não sabia que manter relações com
menores de 14 anos é crime; que sabia que Karolyne tinha 13
anos; que vive junto com Karolyne e que trabalha para
sustentar sua família”.

O âmago desta peça defensiva diz respeito à discussão de saber se o


Representado, mediante a conduta de manter relacionamento amoroso com a vítima,
incorreu no ato infracional descrito como crime no artigo 217-A do Código Penal.

Em que pese as provas juntadas aos autos demonstrem a ocorrência do ato


infracional em comento, a vulnerabilidade da vítima não pode ser entendida de
forma absoluta, simplesmente pelo critério etário, devendo ser mensurada em cada
caso trazido à apreciação do Poder Judiciário, à vista de suas particularidades.

Stéphanie Araújo
Advocacia e Consultoria Jurídica
OAB-GO 61648
(61) 9 9997-9024
Nos dizeres de
Cézar Roberto Bitencourt, em sua obra Tratado de Direito Penal, circunstâncias
como a maturidade da vítima, seu consentimento e sua experiência sexual anterior
poderiam relativizar a vulnerabilidade.

Também poderiam relativizar a vulnerabilidade, a prática de relações


sexuais ou de atos libidinosos decorrentes de relacionamentos amorosos entre o
agente e a vítima, aqui se valendo do princípio da adequação social, pois no mundo
atual os jovens iniciam seus relacionamentos de forma cada vez mais precoce.

Deste modo, Guilherme de Souza NUCCI (2009, p. 829/830), todavia,


admitindo a relativização tão somente quando a vítima menor de 14 anos for
adolescente (12 ou 13 anos), assim assevera:

“Partimos do seguinte ponto básico: o legislador, na área


penal, continua retrógrado e incapaz de acompanhar as
mudanças de comportamento reais na sociedade brasileira,
inclusive no campo da definição de criança ou adolescente.
Perdemos uma oportunidade ímpar para equiparar os
conceitos com Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja,
criança é a pessoa menor de 12 anos; adolescente, quem tem
mais de 12 anos. Logo, a idade de 14 anos deveria ser
eliminada desse cenário.
A tutela do direito penal, no campo dos crimes sexuais, deve
ser absoluta, quando se tratar de criança (menor de 12 anos),
mas relativa ao cuidar do adolescente (maior de 12 anos).”

Na hipótese dos autos, as provas angariadas revelam que não houve


lesividade ao bem jurídico tutelado, uma vez que a vítima, depois da relação sexual
mantida com o representado, engravidou e com ele passou a conviver em união
estável.
Stéphanie Araújo
Advocacia e Consultoria Jurídica
OAB-GO 61648
(61) 9 9997-9024
III- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

1) seja o Representado ............. absolvido, em razão do princípio da


adequação social;

2) De forma subsidiária, a aplicação da medida socioeducativa de


ADVERTÊNCIA, uma vez que é a medida que melhor se ajusta ao caso,
tendo em vista seu caráter preventivo e pedagógico, capaz de possibilitar
ao Representado uma reflexão e reavaliação de seus atos.

Nesses termos, pede deferimento.

Luziânia-GO, 06 de setembro de 2021

STÉPHANIE OLIVEIRA ARAÚJO


OAB Nº .....

Stéphanie Araújo
Advocacia e Consultoria Jurídica
OAB-GO 61648
(61) 9 9997-9024
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