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Curso: Direito
Período: Manha
Turma : 1M
Sala : 13
Ano : 3º ano
Integrantes do grupo:
Docente
Dr Waldemar José
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Índice
- Introdução -03
- Embriaguez -07
- Conclusão -18
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Introdução
O presente trabalho visa demonstrar os casos de imputabilidade penal que se manifesta por
menoridade ou por doença mental.
Em Direito, descreve inimputabilidade, como o estado de pessoa a quem não se pode atribuir, por
razão particular ou legal, responsabilidade criminal por alguma infração.
por exemplo: menoridade penal, patologia psíquica, embriaguez completa, proveniente de caso
fortuito ou força maior.
dizer que a inimputabilidade difere-se da imputabilidade, por mais que suas terminologias serem
semelhantes, imputável: é aquele que é capaz de ser responsabilizado criminalmente pelos seus
actos, ou seja, é o indivíduo capaz de entender o carácter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento, ao tempo da acção ou da omissão. Enquanto que inimputável é
aquele que por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era ao tempo da
acção ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com este entendimento.
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Desenvolvimento histórico
O legislador de 1984 deu ao titulo III denominação mais apropriada: imputabilidade e não mais
responsabilidade, modificando igualmente a rubrica correspondente (inimputáveis).
A internação que será por tempo de indeterminado mais com prazo mínimo de 1 a 3 anos, perdurara
enquanto não se verificar, mediante perícia, a cessação da tuberculosidade (art. 96 e 97 inc. I)
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Redução da pena
A pena pode ser reduzida de um a dois terço (1 a 2/3), se o agente, em virtude de perturbação de
saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz
de intender o carácter ilícito do facto ou de determinar - se de acordo com esse entendimento.
esclarece a exposição de motivos ter sido adoptado "o sistema de vicariante para o sem-imputável.
Nos casos fronteiriços, em que predominar o quadro mórbido, optara o juiz pela medida de
segurança. Em casos opostos, pela pena reduzida".
Desse modo, rejeitado o sistema do duplo binário (pena + medida de segurança) , adota - se o
sistema acariciante ou monista (ou pena ou medida de segurança).
Entre na rigidez mental e total insanidade, psíquica, de que cuida da cabeça do art. 26, existe uma
zona cinzenta, na qual se localizam os fronteiriços ou semi imputáveis, referidos pelo dispositivo
ora analisado.
como nature non agit per saltu ( a natureza não age por salto), não é de se supor apenas a existência
dos dois extremos: normalidade plena e loucura total. entre ambos, há os chamados demi-fous
(semí-loucos), que são os demi-responsables.
artigo 27º, os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos as normas
estabelecidas na legislação especial.
vide artigo do código da família: são penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, sujeitos as
normas da legislação especial.
1. Antecedentes históricos- no código de 1890 (artigo 27º, §1ª), até os 9 anos de idade era
incontestável a irresponsabilidade do menor infractor. entre os 9 e os 14, incumbia a um magistrado
verificar se o menor havia cometido com discernimento o crime.
O dispositivo foi revogado pela lei nº 4, 242, de 5.01.1921, que dispõe em seu artigo 3 § 16, que o
menor de 14 anos autor do crime ou contravenção, não seria submetido a processo. a consolidação
das leis penais adoptou o princípio 8artigo 27 parágrafo 1ª).
O código de 1940, ao estabelecer em seu artigo 23 que os menores de 18 anos são penalmente
irresponsáveis, adoptou uma presunção absoluta de inimputabilidade.
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O código de 1969, em seu artigo 63, determinou que o menor entre 16 3 18 anos que revelasse
suficiente desenvolvimento psíquico para entender o carácter ilícito do fato e determinar-se de
acordo com este entendimento, responderia penalmente pelo crime praticado.
2. Presunção absoluta- o portador de doença mental só será declarado inimputável se, em razão dela
ao tempo da conduta, fosse inteiramente incapaz de entender o carácter ilícito determinar-se de
acordo com este entendimento. Para o menor, a lei adoptou posicionamento diverso: mesmo que
dotado de capacidade plena para entender a ilicitude do fato ou de determinar-se segundo esse
entendimento, a norma o considera imaturo e, portanto, inimputável. Uma posição júris et de jure,
assenta em mero critério biológico que não admite prova em contrária.
3. Novas condições sociais- as condições sociais de 1940 quando se estabeleceu a posição retro, não
são mesmas de hoje. Tudo mudou, de forma radical: as condições sociais, possibilitando novas
condutas permissivas; os meios de comunicação de massa ensejando ao jovem conhecer muito antes
o mundo. o jovem de hoje, aos 16 anos, tem plena capacidade para entender o caráter ilícito do fato.
como então insistir em estabelecer aos 18 anos o limite mínimo da imputabilidade penal?.
Nos países mais avançados, como na Alemanha e na Itália, dos 14 aos 18 anos o menor é
considerado imputável, se dotado de capacidade de entendimento e vontade. mais a pena será
sempre diminuída.
Justiça de menores seria aplicada e executada por um tribunal especializado, em que a pena, sem
perder seu caráter aflitivo, tivesse natureza prevalentemente pedagógica. o jovem infractor seria
alfabetizado fazendo cursos profissionalizantes com a cooperação de SESI e do SENAC. A
laborterapia e a ludoterapia deveriam ser empregadas absolutamente até o jovem atingir a fadiga,
para esgotar-lhe a agressividade, como se procedia nos torneios da idade média. Tenha-se ainda
presente o provérbio inglês, inscrito num estabelecimento de reeducação de jovens próximo a
Oxford, na Inglaterra: a mente desocupada é oficina do demônio.
Emoção e Paixão
I- A emoção ou a paixão;
A emoção é uma perturbação afetiva intensa, de breve duração, que por via de regra se desencadeia
de modo imprevisto, provocada como reacção a certos acontecimentos, acabando por predominar
sobre as demais atividades psíquicas. Ex: o modo, a ira, a alegria, aflição, o espanto, a surpresa, a
vergonha, o prazer erótico, etc.
A paixão não é se não há emoção permanente e mias intensa. A paixão está para emoção como, em
patologia, o estado crónico está para o estado agudo. Kante comprova a emoção à violência da
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torrente que rompe o dique. E a paixão à corrente que lentamente vai escavando o leite do rio.
O dispositivo seria dispensável. Não tendo a emoção ou a paixão carácter patológico e não influindo
sobre a saúde mental, não poderiam excluir a imputabilidade penal.
O código de 1890 excluía a ilicitude pelo que dominava perturbação dos sentidos que se originava
da forte emoção ou da paixão. O artigo actual limitou-se a incluir, entre as atenuantes genéricas, ter
sido crime cometido sobre a influência de violação emocional, provacada por acto injusto da vítima
(artª 65ª, inc.III. e).
Embriaguez
§1º É isento de pena de agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força
maior, era, ao tempo da acção ou omissão, inteiramente incapaz de intender o carácter ilícito do
facto ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
§2º A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente do caso
fortuito, ou força maoir, não possua ao tempo da acção ou da omissão, a plena capacidade de
entender o carácter ilícito do ato ou de determinar-se de acordo com este entendimento.
1. Conceito e espécies- A embriaguez é uma intoxicação aguda e transitório, causada pelo álcool ou
substância análoga, que ilimina ou diminui no agente sua capacidade de entendimento ou de
autodeterminação.
Quanto ao grau ou intensidade, a lei distinguiu a embriaguez completa (artº 28,§ 1º) da incompleta (
artº 28, § 2º).
a) Embriaguez acidental, derivada do caso fortuito ou da força maior que é a embriaguez não
desejada nem prevista, e adémias imprevisível.
O fortuito tem algo de misterioso, de obscuro e divino (quid obscurum quid divinum). Existe nele
alguma coisa que falta na força maior: a ignorância e o erro. Por isso se diz que, no fortuito, existe a
imprevisibilidade e a inevitabilidade do evento.
Ainda: O fortuito estará sempre relacionado com a acção humana, enquanto a força maior se
relaciona com eventos naturais, como a tempestade, o terramoto. A vis magna ou vis maior, à qual
não se pode existir, embora inevitável, é previsível (o casus ou fortuito é imprevisível).
Distingue-se a força maior do constrangimento físico, onde o homem não é sujeito, mas objecto de
acção. Na força maior, não há qualquer coação física. Se tanto coação meramente moral.
b) Embriaguez Voluntária, culposa ou não acidental. Diz-se voluntária porque, embora involuntária
o efeito, é voluntária a embriaguez na causa que lhe dá origem. Diz-se culposa a embriaguez, pois,
ainda que não desejado o efeito, poderia ter sido previsto (culpa consciente).
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c) Embriaguez Preordenada, quando o agente se embriaga para praticar o crime, quer para preparar
uma desculpa, quer para conquistar coragem pelo álcool.
A embriaguez não acidental, voluntária ou culposa, bem como a embriaguez habitual, não excluem
nem atenuam a pena. E a embriaguez preordenada agrava o crime (artº61, inc. II,I).
A lei se refere a embriaguez produzida pelo álcool ou substância de efeitos análogos. A cocaína, a
morfina, o éter, o clorofórmio, os produtos alucinogénios, como o LSD e demais narcóticos, ou
entorpecentes, produzem efeitos análogos ao do álcool.
No momento da conduta, o agente não se mostrava livre. no instante da ingestão de bebida, sim.
Não se pode entender o princípio à embriaguez culposa, em que se embriaga por imprudência ou
negligência. Em nenhuma destas hipóteses pretendia o agente, ao depois, praticar o crime.
O legislador penal, ao considerar imputável aquele que em realidade não era, fez uso de uma ficção
jurídica. ou melhor: adaptou a responsabilidade objectiva.
O legislador Pátrio não teve igual coragem. Preferiu "tapar o sol com a peneira", adoptando, sem o
confessar, a responsabilidade anômala. seria preferível ter confessado que, com base na defesa
social, foram compelido adoptar neste passo a responsabilidade objectiva, para evitar que
criminosos fossem buscar no uso abusivo do álcool a escusa absolutória.
Para que houvesse coerência com o princípio de que não há crime sem culpa, o legislador teria dois
caminhos a seguir: ou responsabilizar o agente a título de culpa, pelo crime cometido, se previsto
em sua modalidade culposa; ou criar o crime de embriaguez que teria como condição objectiva de
punibilidade o evento danoso realizado em estado de ebriedade.
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A primeira situação a desenvolver é que está prevista no artigo do código penal, trata dos casos de
imputabilidade penal por doença mental prevendo que o doente mental que ao tempo de conduta
defeituosa não possua condições de compreender as consequências de seus actos ou caráter ilícita
daquela conduta, seja isento da pena.
Admitindo-se que a culpabilidade é um juízo de reprovação e assentado que somente pode ser
responsabilizado o agente pela prática de um fato ilícito quando poderia ter agido em conformidade
com a norma penal, a imputação exige que o sujeito seja capaz de compreender a ilicitude da sua
conduta e de agir de acordo com este entendimento.
Essa capacidade só existe quando tiver ele uma estrutura psíquica para querer entender, de modo
que a lei considera inimputável quem a tem.
Imputável é aquele que tem capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de
acordo com este entendimento.
Semi inimputáveis são aqueles imputáveis mais que no momento que comentem o acto ilícito não
estavam em sã consciência do que estava fazer. E pena é reduzida de 1/3 não se excluindo a
ilicitude de facto, nos outros casos cabe ao juiz decidir ou averiguar se lhe será aplicado uma
medida de segurança de internamento.
Destaca-se o código penal em Angola, a ponta casos de imputabilidade conforme ensina o professor
doutor Carvalho (2015, p. 499).
Segundo este autor (2015,p. 499,500), que o sistema jurídico penal apresenta hipóteses diversas
como impostas ao agentes que praticam condutas ilícitas, elecando:
A teoria do crime é o estudo das condutas criminosas do ponto de vista jurídico, o qual abrange o
aspeto da responsabilidade pela violação da norma penal incriminadora.
No entanto, para chegar a um conceito, sub aspeto jurídico, de acordo Dr Brandão (2010, P.125)
que podemos fazê-lo dando ênfase ao preceito da norma.
Portanto, seu conceito se divide em material e formal, respetivamente. Ainda segundo o autor,
( 2010,p.125), a definição material de crime se estabelece pela relação ou exposição a perigo dos
bens jurídicos tutelados pelo direito penal. Quanto ao conceito formal, o ordenamento jurídico
angolano estabeleceu no artigo 1º.
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Correntes doutrinárias no direito angolano
No que concerne ao conceito de crime, em Angola, nada foi escrito, partiremos as correntes
brasileiras e portuguesas. De acordo com a corrente brasileira define o crime ou seja, refere ao
conceito analítico de crime, análise dos elementos que o impõe, existe divergências.
A principal corrente que prevaleceu no direito brasileiro, é a imputabilidade do delito, a qual define
o crime como acção típica, antijurídico e culpável, compreendida, como um todo, mas uma análise
distinta de cada elemento, existe outros elementos como bipartida e quadripartida.
A primeira considera o crime como um facto típico e culpável. A segunda conceitua como um facto
típico, antijurídico, culpável e punível, interessante, neste último caso, o elemento da punibilidade
em conjunto do crime, eis que, segundo esta corrente, não havendo a possibilidade de punir o
agente, não há que se falar em crime.
3º Biopsicológico: considera-se inimputável aquele que, em razão da sua condição mental ( por
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado), era, ao tempo da conduta,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Não basta ser portador de anomalia psíquica para ser inimputável.
Para que uma pessoa seja considerada imputável são necessários três elementos:
1º Consciência.
2º Domínio da vontade de fazer o acto.
3º Ter consciência da ilicitude do acto.
Os inimputáveis não são responsabilizados pelos seus actos, não podem ser responsabilizados
penalmente, estão isentos de penas.
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Imputabilidade em razão da idade
(menoridade)
A menoridade deve ser comparada por meio de documentos, é uma das causas ou factores que
excluem a pena do agente menor; sujeito a norma especial, o critério biológico adotado presume de
forma absoluta ser menor de 16 anos, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do facto e de
determinar com esse entendimento.
Com base a lei penal Angolano descreve a imputabilidade em razão da idade o seguinte: Nos
termos do art. 17º dez que a imputabilidade penal adquire - se sem prejuízo do disposto nos
números seguinte, aos 16 anos de idade. No caso de menor idade o agente não responde em
processo penal, mais aplica - se uma medida de segurança. O menor é encaminhado ao centro de
internamento de menores para o seu acompanhamento.
O Governo Angolano decidiu manter a idade mínima de responsabilidade penal nos 16 anos invez
de reduzir para os 14 anos, como constava do projecto de código penal.
Há quem diga, no entanto que, a par do aumento da idade minima, a lei penal devia tambem
incriminar os adultos que criam condições para os menores cometerem crimes.
O advogado Pedro Capracata admite ser esta uma das formas que pode ajudar a diminuir a
criminalidade praticada por menores num páis onde, segundo ele
, ha uma recessiva propensão para a privação de liberdade dos cidadãos e de menores em particular.
"Se uma criança de 14 anos disparos com arma de fogo numa escola a preocupação deve ser à volta
de quem lhe entregou a pistola e não da criança", disse Capracata.
O ministro da justiça e dos direitos humanos, Rui Mangueira, revelou durante a recente anaálise ao
estado do sector, em Luanda, que o governo decidiu manter a idade mínima de responsabilidade
penal nos 16 anos contra a proposta no projeto de código penal, que reduzia para 14.
A razão da primeira proposta se deveu ao facto de uma grande parte dos crimes violentos dos
crimes violentos que se cometem em Angola envolver cidadãos de menor idade.
Mangueira alegou, no entanto falta de condições para a sua aplicação, designadamente, o facto de
os menores não poderem ser colocados com cidadãos adultos nos mesmos estabelecimentos
prisionais e com a possibilidade do governo poder se confrontar com a falta de assistentes,
psicológicos, sociológicos e juristas para darem uma atenção especial a esses menores.
O ministro defendeu a necessidade do governo garantir que com a integração das famílias no
processo e com o apoio que toda a sociedade " os menores em causa possam ser reintegradas",
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acrescentando que assim se evita entrar "muito rapidamente com o concurso do sistema prisional
para os mesmos".
Neste sentido, Rui mangueira assegurou que no novo código penal as molduras penais vão
deixar de ter uma função apenas sancionatório, passando a privilegiar a reeducação a reinserção do
cidadão na sociedade, a prestação de serviços do cidadão na comunidade, o pagamento de multas e
a liberdade vigiada, entre outras medidas de coação.
O projeto de código penal de 1886 está em revisão desde 2004 para se adaptar a nova
realidade pontual do país.
No Brasil o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) foi criado com a finalidade de estipular os
Direitos e as responsabilidades dos menores inspiradoras diretrizes da Constituição Federal de
1988. E considera criança, os menores de 10 anos, e adolescentes, os que tem entre 12 e 18 anos.
Pelo Estatuto, o menor, seja em qualquer situação, não comete crime, e sim atos inflacionais,
e atos inflacionais não possuem carácter penal e sim administrativo. Sendo assim, um menor que
comete delito, não é considerado um criminoso e sim um infrator.
O art. 27º da constituição federal, os menores de 18 anos são plenamente inimputáveis, ficando
sujeitos as normas estabelecidas na legislação especial.
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A imputabilidade por anomalia psíquica
Segundo o autor Jorge de Figueiredo Dias, sobre a inimputabilidade jurídico penal em razão de
anomalia psíquica: a caminho de um novo paradigma.
O tema objecto deste estudo tem diretamente haver com a noção e o sentido da existência de
imputabilidade como pressuposto ou elemento da categoria jurídica penal da culpa. São conhecidas
a evolução e as transformações sofridas por esta categoria na mais recente dogmática jurídica penal.
Dentro dos diversos temas que constarem a dogmática da culpa jurídica penal, porém, talvez que o
da inimputabilidade- e aqui deve ser feita já a primeira redução: o da inimputabilidade em razão da
anomalia psíquica, querendo-se com isto significar que ficará fora de consideração, em princípio, o
tema da inimputabilidade em razão da idade- seja aquele que parece ter alcansado uma maior "
estabilização doutrinal", e menos sofrer com as tormentas que hoje voltam a sacudir o edifício do
direito penal da culpa mesmo nos seus fundamentos. Parecem adquiridos, na verdade, o sentido e o
significado da existência de imputabilidade para afirmação da culpa jurídica penal; Parecem
assegurados nos seus critérios de aferição de uma anomalia psíquica de que padece o agente;
Parecem estabelecidas no essencial as consequências, substantivas e processuais, que daquela
inimputabilidade devem ser retiradas para responsabilização do agente.
É indiscutível, na verdade, que a relação dialética que, desde o surgimento das ciências do homem,
entre estas e o conceito de inimputabilidade em razão de anomalia psíquica se estabeleceu tem
deparado com sensíveis dificuldades, tão grandes que parecem por vezes, conduzir algum diálogo
de surdos e roçar o divórcio entre juristas e cientistas do homem, acarretando sempre os maiores
danos para a tarefa da aplicação do direito.
Mas os recentes desenvolvimentos operados a nível tanto da compreensão do direito penal, como da
imagens das ciências do homem, parece darem jus a esperar-se que se afetem as dificuldades
tradicionais e que se atinja um estado do trabalho conjunto basicamente numa racional divisão de
tarefas e competências, mas sem quebra da interdisplinariedade e da complementaridade funcional
necessária com o qual muito terá a ganhar a justiça e a eficácia da aplicação do direito penal.
Ponto é que este novo espírito de relacionamento, determinado por um novo ponto de encontro
entre o normativo e especulativo de um lado, e o fático e o impírico do outro, não fique reduzido ao
domínio da dogmática jurídico penal, mas se concretize na vivência prática da aplicação do direito.
Para tanto, a palavra decisiva pertence à reconfirmação do processo penal, sobre quem recai a tarefa
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prática de, sem enfraquecimento a função de proteção dos direitos, liberdade e garantias das
pessoas, gerir os mecanismos que permitem a mais frutuosa colaboração entre juristas e cientistas
do homem na definição da responsabilidade penal.
A intenção aqui presente é pois a de produzir uma breve mediação sobre o estado progresso do
relacionamento entre a inimputabilidade em razão de anomalia psíquica e o contributo que para ela
noção foi fornecido pelas ciências do homem: seguida de uma curta alegação em prol da
necessidade de carrear elementos que permitam a ponderação daquele relacionamento a uma nova
luz, ao longo de todo sistema da justiça penal.
Objeto do pensamento criminológico é agora considero a justo título, o inteiro sistema da aplicação
da justiça penal; enquanto por outro lado, a idea de uma direita intencionalidade políca criminal "
crítica" é intrínseca à própria se considera hoje pacífica, por esta forma, política criminal, direito
penal e criminologia são, a igual título, parte integrantes de uma unidade funcional, para
caracterização da qual poderá ser recuperado, se bem que em nós os termos e com sentido diferente.
Devendo a exposição ser acatada dentro de limites razoáveis, terá ela de exprimir-se através de
fórmulas secas, quando não mesmo, às vezes apodíticas; como deve, por outro lado procurar obter
uma redução da complexidade da matéria, ensaiando a sua compartimentação em sínteses a perdas.
Mas as sínteses que, apesar de tudo, não façam violência a realidade das coisas e à verdade histórica
da evolução nem obscureçam a culpa vertente- a normativa e a empírica- que
tem dificultado , mas ao mesmo tempo também enriquecido, o diálogo entre juristas e cientistas do
homem neste campo.
Parece poder afirmar-se, com razoável exatidão, que a história pregressa do contributo das ciências
do homem para elaboração e aplicação do conceito de inimputabilidade em razão da anomalia
psíquica se deixar reduzir as duas fases caraterísticas de evolução, prenunciando-se uma terceira e
nova via de consideração. Não seria conveniente, toda via, que esta tentativa rígida de
compartimentação fosse perspetivada e válida segundo um critério puramente histórico de análise.
Se bem se possa dizer que a primeira fase se encontra quase por inteiro superada que a segunda
corresponde à concepção ainda hoje dominante, enquanto a terceira mal desponta e a custo se deixa
definir, a verdade é que, no mesmo ponto geográfico e relativamente a um qualquer momento
histórico, a situação do problema nunca foi unívoca, nem relevou de uma única concepção. Não é
pois um ponto vista fundamentalmente histórico, mas compreensivo aquele que guiará as
considerações seguintes.
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O paradigma Biopsicológico
Na primeira fase de evolução do nosso problema, o modelo de racionalidade que preside as ciências
do homem é ainda basicamente, o das ciências naturais, um modelo, por conseguinte confessada-
mente positivista mecanicista estritamente casual. É certamente que, num primeiro momento o
modelo que as ciências naturais pressuponham assentava na distinção entre a natureza e pessoa
humana- aquela dominável através da observação e da experimentação, está formado o campo por
excelência do imprevisto da variabilidade e do mistério.
Quando, porém, as ciências do homem se constituíram como tais, elas viram nas ciências naturais a
concretização de um modelo de conhecimento universalmente válido, de resto, o único válido. A
psicologia, a psicopatologia, a psiquiatria, a psiquianáse e própria sociologia mexeram e
constituíram-se sob a égide do paradigma dominante das ciências naturais e ficaram, durante muito
tempo, por completo apagadas aos seus supostos metodológicos.
Deste ponto de vista um relacionamento das ciências humanas com a culpa e a imputabilidade
jurídico penais e uma efetiva contribuição daquelas para estás só se tornariam possíveis a própria
culpa fosse construida dentro de uma concepção do mundo e da vida, de pressuposto metodológicos
e epistemológicos- em suma, dentro de um modelo de racionalidade- compatíveis com o modelo de
que participava as ciências do homem.
Foi isso o que aconteceu no domínio do direito penal operou-se a dis-normatização dos seus
conceitos e a redução naturalista e positivista dos seus conteúdo. E antes de todos, do conceito de
culpa. A está luz, a culpa é apenas, só pode ser, o conglomerado dos momentos subjetivos do crime,
a comprovação da subsistência de uma relação psicológica do agente e o seu comportamento que
permite impultar-lhe a este título o dolo ou de negligência.
De certo, mesmo nesta concepção não deixava de se considerar a imputabilidade do agente fundada
na existência de uma certa idade e de um mínimo de saúde mental, como pressuposto da afirmação
da culpa. Bem se compreende, porém, que fossem então diminutas as exigências postas a afirmação
da imputabilidade: e não só diminutas como, sobretudo, assentes num fundamento somático numa
doença em sentido estrito, permanente, temporária ou intermitente, ainda e sempre
biopsicologicamente comprovável, por isso se pode ligar esta concepção aquilo que chamaremos o
paradigma do biopsicológico da imputabilidade.
Diga-se abono desta concepção, que ela tinha por si o mérito de ser simples e precisa; e mais ainda,
de ser reducionista ou mesmo eliminadora das tensões entre juristas das ciências do homem,
estabelecendo entre eles uma razoável divisão de trabalho. Em consequência, está fase viu crescer,
enormemente e com rapidez, a soma de conhecimento sobre o homem necessários as tarefas de
aplicação de direito e da administração da justiça penal.
Na criação desta espécie de harmonia universal jogou antes demais o seu papel a ideia que se fazia
do fundamento de intervenção do direito penal e do sentido e finalidade da pena. Considerações de
retribuição ou expiação eram repudiadas como incompatíveis com o monismo científico cultura em
que toda esta weltanschauung se baseava. Em seu lugar valiam puras considerações de prevenção,
observáveis, mensuráveis e, como tal, ainda condutíveis a única finalidade de conhecer a natureza,
para melhor dominar.
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Jogou aí o seu papel, em segundo lugar mais com importância decisiva, a circunstância de a
concepção que se fazia da culpa não pôr em causa o dogma consubstancial a própria ideia de
ciência: o dogma é determinista, aqui inflexivelmente estariam submetido todos os fenómenos,
incluindo o da vontade humana. O que fazia com que o problema da imputabilidade do agente
sofresse uma nova redução, sendo amputado praticamente da totalidade da temática relacionadas
com a capacidade de entender e quando muito de avaliar, em suma com a chamada momento
intelectual da imputabilidade.
Não havia pois, nesta perspetiva, lugar para quaisquer conflito, positivista ou negativista de
competência entre o aplicador do direito e o perito de ciências humanas- da biologia à psiquiatria,
da antropologia à psicologia e à própria sociologia- a quem fosse posta quaisquer questões
juridicamente relevantes: o que o juíz poderia querer saber era exatamente aquilo para cuja resposta
o perito se sentia capacitado, saber, nomeadamente, se o agente sofria de uma doença mental
biopsicologicamente comprovável, fosse permanente ou temporária; e, em caso afirmativo, se o seu
grau de gravidade era tal que afetasse as suas faculdades de entendimento, de discernimento e
eventualmente de avaliação do fato cometido.
Poderia pensar-se que, à luz do conceito de culpa jurídica penal que ficou esboçado, assenta numa
liberdade concebida como modo de ser característico de todo o existir humano, o problema da
inimputabilidade perderia sentido.
Pois que a distinção entre a imputabilidade e a inimputabilidade deixaria de poder fazer-se sobre a
fronteira hipotética que separaria ações livres de ações não livres; e pois que (como as mais recentes
investigações psicopatológicas, psicanalíticas e psiquiátricas parece confirmar) no próprio ser
psiquicamente enfermo ou anómalo há um princípio pessoal que permanece intocado, ou não é ao
menos destruído por anomalia mental- uma e outra coisa pareceriam reduzir a conclusão de que
mesmo os doentes mentais mais gravemente afetados continuam "capazes de culpa".
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Não é todavia assim. É verdade que anomalia psíquica não destrói o princípio pessoal e o ser-livre ,
pois também o ser psiquicamente anómalo ou doente, na sua maneira modificada, se realiza a si
mesmo. Mas, ao menos nas suas formas mais grave, a anomalia psíquica destrói as conexões reais e
objetivas de sentido da atuação do agente, de tal modo que os actos destes podem por ventura ser
explicados, mais não pode ser compreendidos como fatos de uma pessoa ou de uma personalidade.
Ora, a comprovação da culpa jurídica penal supõe justamente um ato de comunicação pessoal e,
portanto, de compreensão da pessoa ou da personalidade do agente. Por isso o juízo de culpa
jurídico penal não poderá efetivar-se quando anomalia mental oculte a personalidade do agente,
impedindo que ela se ofereça à contemplação compreensiva do juiz. É a isto que, no fundo,
chamamos inimputabilidade, e é para traduzir a ideia aqui contida que se falará do paradigma
compreensivo da imputabilidade.
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Conclusão
Os inimputáveis são aqueles incapazes de discernirem seus atos que cometem. Porém, no momento
do crime era inteiramente absolutos em reconhecer os atos ilícitos por eles praticados.
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Referências Bibliográficas
Livro Paulo José da Costa, professor de direito penal, " Direito Penal OBjetivo 4ª edição"
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