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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR VALE DO PARNAIBA

ALLANA BARROSO DE ASSUNÇÃO

A PSICOPATIA E O DIREITO PENAL:


DA RESPONSABILIDADE PENAL DO PSICOPATA

TERESINA-PI
JUNHO/2020

ALLANA BARROSO DE ASSUNÇÃO

A PSICOPATIA E O DIREITO PENAL:


DA RESPONSABILIDADE PENAL DO PSICOPATA

TERESINA - PI
JUNHO/2020
A PSICOPATIA E O DIREITO PENAL:
DA RESPONSABILIDADE PENAL DO PSICOPATA

ALLANA BARROSO DE ASSUNÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial


para obtenção do diploma do Curso de Bacharelado em Direito do
Centro de Ensino Superior Vale do Parnaíba - CESVALE

APROVADO pela Banca Examinadora em 19 de Junho de 2020.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________
Prof. Me. Orientador: José Roger Gurgel Campos
4

A PSICOPATIA E O DIREITO PENAL:


DA RESPONSABILIDADE PENAL DO PSICOPATA

Allana Barroso de Assunção1


Prof.ª. Me. Orientadora: Lara Neiva Araúo²
RESUMO
O objetivo do presente artigo visa a realização de uma pesquisa acerca da psicopatia no âmbito do direito penal.
No decorrer do artigo serão pautadas a psicopatia, características relativas à personalidade e a mente psicopata.
Posteriormente, o estudo será direcionado ao direito e a psicopatia mostrando a falha a aplicação da lei em casos
de psicopatia. Foi realizado um breve esclarecimento acerca das medidas de segurança e sua possível aplicação
aos psicopatas. . No Brasil, pode se punir o autor de um crime através de pena e medida de segurança. Existem
três tipos de pena no Sistema Brasileiro, a pena privativa de direito, a pena privativa de liberdade e a pena de
multa. Podem incorrer nessas penas todo o agente imputável e o semi-imputável, que deverá ter sua pena
reduzida, que tenha praticado fato delituoso. Aos sujeitos que sofrem psicopatia e praticam crimes, lhes são
atribuídas medidas de segurança, onde o direito penal, através da sanção penal, segrega o sujeito ao hospital de
custódia para tratamento de seu transtorno mental. A psicopatia pode ser compreendida como um transtorno
específico da personalidade, decorrente de uma anomalia do desenvolvimento psicológico, sinalizado por
extrema insensibilidade aos sentimentos alheios (ausência total de remorso), levando o indivíduo a uma
acentuada indiferença afetiva. O que será abordado no trabalho, ensejador de relevante celeuma que gira no meio
jurídico em torno da psicopatia, advindo da imputabilidade de tais sujeitos; vale dizer, se os psicopatas podem
ser considerados como semi ou plenamente imputáveis. O ordenamento jurídico-penal brasileiro é totalmente
silente quanto à responsabilidade penal do criminoso que é diagnosticado como psicopata. O Direito Penal foi
criado com a finalidade de proteger os bens mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da
sociedade, essenciais ao indivíduo e à comunidade. O Direito Penal vem sendo objeto de inúmeros
questionamentos acerca de sua eficácia perante os problemas atuais de nossa sociedade, havendo, inclusive, os
abolicionistas que defendem sua erradicação.

Palavras-chave: Psicopatia; Psicológico; Transtorno; Leis; Direito Penal


Allana Barroso de Assunção
Teacher Guiding: Lara Neiva Araújo

ABSTRACT

The aim of this article is to conduct research on psychopathy within the scope of criminal law.
Psychopathy, personality-related characteristics and the psychopathic mind will be guided throughout the
article. Subsequently, the study will focus on law and psychopathy showing the failure to apply the law in
cases of psychopathy. A brief explanation was made about security measures and their possible application
to psychopaths. . In Brazil, the perpetrator of a crime can be punished through a penalty and a security
measure. There are three types of punishment in the Brazilian System, the custodial sentence, the
custodial sentence and the fine. All imputable and non-imputable agents, who must have their sentence
reduced, who have committed a criminal offense, may incur these penalties. The subjects who suffer
psychopathy and commit crimes are given security measures, where criminal law, through criminal
sanctions, segregates the subject to the custody hospital for the treatment of their mental disorder.
Psychopathy can be understood as a specific personality disorder, resulting from an anomaly of
psychological development, signaled by extreme insensitivity to the feelings of others (total absence of
remorse), leading the individual to a marked affective indifference. What will be addressed in the work,
which is the cause of a relevant stir that revolves in the legal environment around psychopathy, arising
1
Acadêmica de Direito Centro De Ensino Superior Do Vale Do Parnaíba – CESVALE, Direito 2016.1, 9º
período. Estágio 2018-2020 no Núcleo Estadual do Ministério da Saúde - PI.
E-mail: allanabarroso@hotmail.com
² Lara Neiva Araújo - Professora Centro De Ensino Superior Do Vale Do Parnaíba – CESVALE
E-mail: laraneivaadv@gmail.com
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from the imputability of such subjects; that is to say, whether psychopaths can be considered as semi or
fully attributable. The Brazilian legal and penal system is totally silent about the criminal responsibility of
the criminal who is diagnosed as a psychopath. Criminal Law was created with the purpose of protecting
the most important and necessary assets for the very survival of society, essential to the individual and the
community. Criminal law has been the subject of numerous questions about its effectiveness in the face of
the current problems of our society, including abolitionists who defend its eradication.

Keywords: Psychopathy; Psychological; Disorder; Laws; Criminal Law

1. INTRODUÇÃO

O objetivo do presente artigo visa a realização de uma pesquisa acerca da psicopatia


no âmbito do direito penal. No decorrer do artigo serão pautadas a psicopatia, características
relativas à personalidade e a mente psicopata. Posteriormente, o estudo será direcionado ao
direito e a psicopatia mostrando a falha a aplicação da lei em casos de psicopatia. Foi
realizado um breve esclarecimento acerca das medidas de segurança e sua possível aplicação
aos psicopatas. Por fim, o estudo demostrará que os psicopatas não têm sua percepção da
realidade afetada, porém, sua capacidade de autocontrole é diminuída, e o senso ético acaba
sendo inexistente.

Para que haja punição no direito penal é necessário que um delito tenha sido praticado
e para que exista punição para o fato delito realizado deverá haver nexo causal entre a conduta
do agente, fato típico, antijurídico e culpável e o resultado. No Brasil, pode se punir o autor de
um crime através de pena e medida de segurança. Existem três tipos de pena no Sistema
Brasileiro, a pena privativa de direito, a pena privativa de liberdade e a pena de multa. Podem
incorrer nessas penas todo o agente imputável e o sem i- imputável, que deverá ter sua pena
reduzida, que tenha praticado fato delituoso. O artigo 26 e o seu parágrafo único expõem que:

“É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental


incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. A pena pode ser reduzida de um terço a dois terços, se o agente, em
virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto
ou retardo não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. (BRASIL, CÓDIGO PENAL,
1940).

A psicologia jurídica trata de uma matéria aplicada há muito tempo em nosso meio
jurídico, mas de forma restrita, e somente há pouco tempo está sendo mais aceita no
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ordenamento brasileiro, sua aplicação é muito importante no referido trabalho, uma vez que
para a identificação de um psicopata é necessário à junção do direito penal e da psicologia
jurídica, assim chega à psicologia do delinquente.

No Brasil, o psicopata é algo fantasioso para a maioria das pessoas. Costuma-se pensar
que os casos envolvendo psicopatas ocorrem apenas em outros países. Silva (2008) sustenta
que no Brasil existem psicopatas assim como em qualquer outro lugar do mundo. As pessoas
que são diagnosticadas como psicopatas têm o poder de manipulação extremamente alta,
egocentrismo, não se sentem culpados pela prática de atos cruéis e não tem medo de nenhum
castigo ou punição que possam receber. (SILVA, 2008).

Aos sujeitos que sofrem psicopatia e praticam crimes, lhes são atribuídas medidas de
segurança, onde o direito penal, através da sanção penal, segrega o sujeito ao hospital de
custódia para tratamento de seu transtorno mental. A Medida de Segurança é uma sanção
penal imposta ao semi-imputável ou ao inimputável. Está prevista no Código Penal Brasileiro,
iniciando com o art. 96, que qualifica somente duas espécies de medida de segurança, qual
seja: “Art. 96 (...) I internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta,
em outro estabelecimento adequado; II sujeição a tratamento ambulatorial. ”

A psicopatia está em uma zona fronteiriça entre a sanidade mental e a loucura e os


instrumentos legais disponíveis têm se mostrado ineficientes e inadequados, seja para a
proteção social, seja para a garantia de vida digna a esses indivíduos. Conforme ensina
SOUZA e JAPIASSÚ (2008, p. 5) o ordenamento jurídico brasileiro é signatário do sistema
bipartido quando da definição de ‘infração penal’. O Código Criminal do Império disciplinava
crime e delito como se sinônimos fosse, termos que não se confundiam com contravenções,
cujo conceito encontra albergue na atual sistematização como infração de menor gravidade
ofensivo.

A psicopatia pode ser compreendida como um transtorno específico da personalidade,


decorrente de uma anomalia do desenvolvimento psicológico, sinalizado por extrema
insensibilidade aos sentimentos alheios (ausência total de remorso), levando o indivíduo a
uma acentuada indiferença afetiva. Enquanto os criminosos comuns almejam riqueza, status e
poder, os psicopatas apresentam manifesta e gratuita crueldade. O fato é que, a despeito de
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padecer de um transtorno de personalidade, o psicopata é inteiramente capaz de entender o


caráter ilícito do fato delituoso por ele praticado. Contudo, resta perquirir se o mesmo é capaz
de determinar-se de acordo com esse entendimento.

O que será abordado no trabalho, ensejador de relevante celeuma que gira no meio
jurídico em torno da psicopatia, advindo da imputabilidade de tais sujeitos; vale dizer, se os
psicopatas podem ser considerados como semi ou plenamente imputáveis. O ordenamento
jurídico-penal brasileiro é totalmente silente quanto à responsabilidade penal do criminoso
que é diagnosticado como psicopata. E esse silêncio do legislador tem levado os juízes a
enquadrarem os psicopatas, ora como imputáveis, ora como semi-imputáveis.

2. METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia aferida neste artigo foi realizada em processo investigativo, por meio
de pesquisa bibliográfica em livros, artigos científicos, monografias e revistas especializadas
sobre tema da A Psicopatia e o Direito Penal: Da Responsabilidade Penal do Psicopata. De
acordo com Cervo, Bervian e/ Silva (2007, p.61), a pesquisa bibliográfica “constitui o
procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado
da arte sobre determinado tema”. Ainda segundo os autores, este estudo é caracterizado
também como pesquisa exploratória, já que não requer a formulação de hipóteses para serem
testadas, restringindo por definir objetivos e buscar informações sobre determinado assunto de
estudo, sendo assim um passo importante para o projeto de pesquisa.

O método utilizado nesse Artigo foi de pesquisa bibliográfica que tem por
finalidade fundamentar e contextualizar com abordagem de autores conceituados para maior
embasamento do tema tratado. De acordo com Gil (1999), o pesquisador necessita ampliar o
seu conhecimento, ser curioso e criativo e adquirir leitura para respaldar os conceitos.

Dentro desse contexto Pádua (1997), diz que pesquisa é uma atividade que está
relacionada a assuntos que instigam a inquietação da realidade e que direciona a um novo
conhecimento.
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Os procedimentos metodológicos foram vivenciados e desenvolvidos com uma


pesquisa bibliográfica de natureza documental para revisão teórica através de uma leitura de
livros, sites, revistas científicas e artigos impressos e eletrônicos que contribuíram para o
suporte da base teórica necessária e para fins de coletar informações fundamentais para a
realização e fundamentação do objeto em estudo que se pretende pesquisar.

4. O PSICOPATA CRIMINOSO E SUA MENTE:

De início, vale esclarecer: a psicopatia não é uma doença mental; é um transtorno de


personalidade, mais precisamente um Transtorno de Personalidade Antissocial sob o código
301.7. O indivíduo tem incapacidade de adotar normas sociais em grandes aspectos, desde o
desenvolvimento da adolescência até a vida adulta.

Os psicopatas causam sofrimento, pois não têm consciência moral e empatia. Não se
comovem com o sofrimento alheio e podem cometer atrocidades sem sentir remorso algum ou
temer punições. De acordo com o Código de Moral e Ética, a empatia funciona como um freio
para as atitudes humanas. Logo, o psicopata não tem esse freio; realiza suas condutas sem
arrependimentos.

A palavra psicopatia, etimologicamente, vem do grego psyché, alma, e pathos,


enfermidade. O conceito de psicopatia não é consenso entre os especialistas, entretanto,
apesar das inúmeras definições diversificadas, acorda-se que a psicopatia é um transtorno da
personalidade e não, uma doença mental. O transtorno da personalidade:

[...] exige a constatação de um padrão permanente de experiência interna e de


comportamento que se afasta das expectativas da cultura do sujeito, manifestando-se
nas áreas cognoscitiva, afetiva, da atividade interpessoal, ou dos impulsos, referido
padrão persistente é inflexível, desadaptativo, exibe longa duração de início precoce
(adolescência ou início da idade adulta) e ocasiona um mal-estar ou deteriorização
funcional em amplas gamas de situações pessoais e sociais do indivíduo. (GOMES;
GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, 2008, p. 284)

A visão que se tem do psicopata são todas cruéis, hediondas e maléficas, em geral,
tanto a mídia como a sociedade, impõem que todo individuou que sofre desse transtorno, é
sempre um assassino que mata a sangue frio. Em certo ponto isso é uma meia verdade,
realmente há psicopatas assim, mas nem todo psicopata é homicida. Existem vários níveis de
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psicopatia, desde, o mais leve ao mais grave, para que se possa fazer essa distinção, há alguns
critérios que precisam ser notados no indivíduo.

Há outro ponto muito importante e complexo que se visa a realizar um estudo sobre a
psicopatia. O conceito da psicopatia foi alvo de diversas mudanças e influências no
desenvolver histórico. Objetiva-se com o trabalho estudar a figura do psicopata na sociedade e
qual a resposta dada pelo Direito Penal nos casos de crimes cometidos por estes indivíduos.

4.1 Comportamento Criminal do Psicopata

Normais na aparência possuem atitudes perigosas, com raciocino rápido e capacidade


de manipulação, são capazes de qualquer coisa para satisfazer seus desejos. Na realidade, não
são todos os psicopatas que são criminosos. Porém quando são, distinguem-se dos outros
tipos de delinquentes. São frios, mais impulsivos e violentos, veem os outros como presas
emocionais, físicas ou econômicas.

Os Perfis Criminais podem ser um instrumento muito útil na investigação do crime


violento (Cook & Hinman, 1999), contudo existem alguns autores com diferentes perspectivas
no que concerne à sua definição. É notável que a psicopatia é estudada por diferentes campos
da ciência, o que faz com que seu conceito oscile de um campo para o outro, o que é apontado
de forma bem clara por Jorge Trindade, que assim à define:

Para o jurista, o psicopata é transgressor da lei, autor do delito grave, que exige uma
condenação severa. Para o sociólogo, o psicopata é um desadaptado social crônico
em relação ao grupo. Para o filósofo, um ser antiético e sem valores. Para o
psicólogo, o psicopata significa uma pessoa cujos traços de personalidade denotam
prejuízos interpessoais, afetivos e condutais. Para o homem comum, o psicopata
pode representar tanto um modelo de homem destemido, quanto um herói a ser
admirado e seguido, ou simplesmente um “bandido sem solução”. (TRINDADE,
2012, p. 179).

5. O DIREITO PENAL E A PSICOPATIA:


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Nosso ordenamento Penal Brasileiro classifica o psicopata como sendo semi-


imputável, alegando que o portador possui uma perturbação mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado que torna o indivíduo parcialmente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com tal entendimento, como dispõe o
parágrafo único do artigo 26 do Código Penal.

O Direito Penal foi criado com a finalidade de proteger os bens mais importantes e
necessários para a própria sobrevivência da sociedade, essenciais ao indivíduo e à
comunidade. Bens jurídicos como a vida, propriedade, incolumidade física e psíquica, são
penalmente tutelados pelo Direito Penal como última ratio – ou seja, a maioria dos bens
previstos também já é protegida por outras áreas do Direito. Assim, o Direito Penal é o setor
do ordenamento que define o que são crimes, comina as penas e prevê medidas de segurança
aplicáveis aos autores das condutas incriminadas.

O Direito Penal vem sendo objeto de inúmeros questionamentos acerca de sua eficácia
perante os problemas atuais de nossa sociedade, havendo, inclusive, os abolicionistas que
defendem sua erradicação. Nesse sentido, realizar-se-á análise acerca da primordial função do
Direito Penal, juntamente com seu principal instrumento de coação, qual seja, a pena,
demonstrando as características e as limitações do modelo criminal retributivo, que
predomina em nosso ordenamento jurídico atualmente, para depois se analisar os ideais da
Justiça Restaurativa.

No Código Penal Brasileiro segundo Nucci (2013), existem duas situações nas quais
um agente pode ser considerado inimputável: Inimputabilidade por doença mental e
Inimputabilidade por maturidade natural.
Como assegura os artigos 26, 27 do Código Penal e 228 da Constituição Federal, em
que destacamos junto a Nucci (2013):

 Art. 26. - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
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 Art. 27. - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando


sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
 Art. 228. - São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às
normas da legislação especial.

 Para a constatação da inimputabilidade penal, é mister observar alguns


critérios:

 I – higidez biopsíquica (saúde mental +capacidade de apreciar a criminalidade de


fato);
 II – Maturidade (desenvolvimento físico + mental que permite o ser humano viver em
harmonia social).
Ainda de acordo com Nucci (2013), nosso código penal, no art. 26, parágrafo único,
para um agente ser considerado semi-imputável, o crime deve ter sido cometido nas seguintes
condições:
 Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude
de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento (NUCCI, 2013).

A semi-imputabilidade deve ser atribuída ao indivíduo cuja responsabilidade é


considerada mínima, em razão de seu estado mental no momento do fato ilícito (PEREIRA,
2011, apud SANTOS).

O que difere a inimputabilidade da semi-imputabilidade é que na primeira há a doença


mental, já na última, há a necessidade de se existir no agente a perturbação mental, e que este
retire do portador somente parcialmente a capacidade do agente de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com tal entendimento.

O código Penal Brasileiro em nada disciplinou acerca da psicopatia, tampouco sobre a


existência de tal anomalia, e o que justifica a ausência legislativa sobre este aspecto é a
incerteza da psiquiatria em definir supra personalidade. Entretanto, o fato de haver omissão
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legislativa não nos impede de analisar a psicopatia conforme as regras estabelecidas pelo
Código Penal Brasileiro, bem como o entendimento de alguns doutrinadores.

5. DA CULPABILIDADE; IMPUTABILIDADE, INIMPUTABILIDADE E SEMI-


IMPUTABILIDADE

CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940.Art. 26 - É isento de pena o


agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984).
Redução de pena: Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

5.1 Da culpabilidade:

De extrema importância para o direito penal brasileiro, assim como para toda a
dogmática jurídica penal, a Culpabilidade é um instituto que se destaca. Embora diversas
vezes citada pelo Código Penal vigente, é desguarnecida de conceito e funções pré-
estabelecidas, missão que fica a cargo da doutrina e da jurisprudência, o que justifica a
ausência de uniformidade de entendimentos e a existência de diversas teorias acerca da
Culpabilidade.

A termo em epígrafe é alvo de uma constante evolução na história. Isto, desde os


tempos em que bastava o simples nexo causal entre a conduta e o resultado, até os tempos
atuais, onde a culpabilidade apresenta como elementos a imputabilidade, a essencial

consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. Sobre o tema, Cesar Roberto


Bitencourt (2000, p. 125) disserta:
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“Hodiernamente, a culpabilidade é vista como possibilidade de reprovar o autor de


um fato punível porque, de acordo com os fatos concretos, podia e devia agir de
modo diferente. Sem culpabilidade não pode haver pena e sem dolo ou culpa não
pode existir crime. Pelo exposto, a responsabilidade objetiva é insustentável no
sistema penal brasileiro, que, certamente, encapou as ideias da responsabilidade
penal subjetiva.”

5.2 Da imputabilidade:

A Imputabilidade é a capacidade psíquica do agente em compreender o caráter ilícito


de determinado comportamento e a condição para que seja passível de punição, caso não
venha agir de modo diverso conforme o direito. A imputabilidade, em conjunto com os
demais elementos que compõe a Culpabilidade, permiti atribuir punição ao agente infrator,
responsabilizando-o por sua conduta. É importante a consideração de que embora o CP
brasileiro não tenha estabelecido o que seja a Imputabilidade, ao definir as causas de
inimputabilidade, no artigo 26 do Código Penal, de forma indireta é possível extrair o
conceito da imputabilidade.

A Imputabilidade é um conceito jurídico, mas encontra suas bases condicionadas à


saúde mental e a normalidade psíquica, pertencentes a outra área. Representa a condição de
quem tem a capacidade de realizar um ato com pleno discernimento e com a realidade de
direcionar seus atos, ou seja, o binômio necessário para a formação das condições pessoais do
imputável consiste na sanidade mental e maturidade.

Neste sentido, entendemos que o termo em epígrafe é como um elemento da


culpabilidade, no qual o agente tem a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de
determinar-se de acordo com esse entendimento. Importando salientar que o agente deve ter
condições físicas, psicológicas, morais e mentais para saber que está realizando um ilícito
penal, nada mais que a capacidade de ser culpável, como assim expõe Fernando Capez (2002,
p. 273):
“O agente deve ter totais condições de controle sobre sua vontade. Em outras
palavras, imputável é não apenas aquele que tem capacidade de intelecção sobre o
significado de sua conduta, mas também de comando da própria vontade.”
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5.3 Da inimputabilidade:

A inimputabilidade é o termo associado ao agente que, ao tempo da infração penal,


não tinha o discernimento necessário para compreender a proibição imposta, bem como as
consequências de sua conduta. Fator esse que, em tese, exclui a sua responsabilidade sobre os
danos ocasionados por seu comportamento. Inicialmente, cumpre destacar que o Código Penal
Brasileiro (BRASIL, 1940) dispõe em seus artigos 26 a 28 sobre a imputabilidade penal,
elencado os casos em que o agente é isento de pena, sendo considerado, portanto, como
inimputável.

Sabe que a imputabilidade é a capacidade de culpabilidade. No entanto, em razão de


doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado, a higidez biopsíquoca do
agente pode restar comprometida. Assim, a inimputabilidade ou incapacidade de
culpabilidade pode decorrer da norma, ao se presumir a ausência de sanidade mental. Neste
sentido, há três causas de inimputabilidade em nosso Código Penal, que podem ser
encontradas no art. 26, in verbis:

“Art. 26 – É isento de pena o agente que, por doença mental, ou desenvolvimento


mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.”

Neste diapasão, sobre a inimputabilidade, explica Damásio E. de Jesus (1999, p. 499) que:

“Não havendo a imputabilidade, primeiro elemento da culpabilidade, não há


culpabilidade e, em consequência, não há pena. Assim, em caso de inimputabilidade,
o agente que praticou o fato típico e antijurídico deve ser absolvido, aplicando-se
medida de segurança.”

Há certas condições psíquicas, de que são exemplo algumas neuroses, transtornos


obssessivo-compulsivos, em que o sujeito, apesar de saber o valor de seu comportamento, não
detém a capacidade de autodeterminação ou de autogoverno para refrear seu agir, daí ser
considerado, para o direito penal, um doente mental, de forma a ser rotulado de absolutamente
incapaz. Essa falta de capacidade decorre de doença mental ou do desenvolvimento mental
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incompleto ou retardado. Ademais, há três critérios para se averiguar a inimputabilidade,


quanto à saúde mental do agente, vislumbrando desde já que o nosso Código Penal Brasileiro
adota o critério Biopsicológico. São eles:

 Biológico: leva-se em conta exclusivamente a saúde mental do agente, isto é, se o


agente é, ou não, doente mental ou possui, ou não, um desenvolvimento mental
incompleto ou retardado.
 Psicológico: leva-se em consideração a capacidade que o agente possui para apreciar o
caráter ilícito do fato ou de comportar-se de acordo com esse entendimento.
 Biopsicológico: neste se destaca dois critérios citados anteriormente unidos, ou seja,
verifica-se se o agente é mentalmente são e se possui capacidade de entender a
ilicitude do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

5.4 Da semi imputabilidade:

Existe uma situação anômala que se situa entre a imputabilidade e a inimputabilidade,


em que, à vista de certas gradações, pode haver a influência decisiva na capacidade de
entendimento e auto governo do indivíduo.

“Aqui se situam os denominados fronteiriços (limítrofes), os quais apresentam


situações atenuadas ou residuais de psicoses, de oligofrenias ou ainda quadro de
psicopatia. Tais estados ou situações afetam a higidez mental do indivíduo, sem,
contudo, privá-lo completamente dela”. (PENTEADO FILHO, 2012, p.118)

O art. 26, parágrafo único, do Código Penal prescreve sobre essa situação:

 “Art. 26 (…) Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”

Nesse caso, a incidência da causa redutora é obrigatória, onde o magistrado


primeiramente irá fixar a pena privativa de liberdade para depois substituir por internação ou
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tratamento ambulatorial. Nada impede que se opere a substituição da pena privativa de


liberdade por medida de segurança.

Cumpre ressaltar que, no caso dos semi imputáveis, não é extinta a culpabilidade, e,
após análise do caso concreto, a lei confere ao juiz a opção de aplicar medida de segurança ou
a pena diminuída, depois de fixada a pena, portanto, uma natureza condenatória.

6. SANÇÕES PENAIS APLICADAS AOS PSICOPATAS HOMICIDAS:

Atualmente na justiça brasileira o portador de psicopatia pode seguir dois caminhos


distintos, a pena privativa de liberdade ou a medida de segurança. A elaboração dos quesitos
referentes à ao sujeito ser determinado imputável ou semi-imputável é realizada com
embasamento na conclusão do laudo pericial detalhado, o Conselho de Sentença reconhecerá
ou não a diminuição prevista no parágrafo único do art. 26 do Código Penal. Em geral, o
psicopata pode seguir dois caminhos na Justiça brasileira.

O juiz pode declará-lo imputável (tem plena consciência de seus atos e é punível
como criminoso comum) ou semi-imputável (não consegue controlar seus atos, embora tenha
consciência deles). Nesse segundo caso, o juiz pode reduzir de um a dois terços sua pena ou
enviá-lo para um hospital de custódia, se considerar que tem tratamento.

É preciso muita cautela, tanto do perito, quanto do juiz, para averiguar as situações
consideradas limítrofes, que não chegam a constituir normalidade, pois que personalidade
antissocial, mas também não caracterizam a anormalidade a que faz referência o art. 26.

6.1 Pena Cabível para o Psicopata

No nosso atual sistema penal, conforme já tratado, serão impostas a esses autores de
infrações penais, como espécies de sanção criminal, a pena ou a medida de segurança (sistema
unitário). De acordo com a posição majoritária, o instituto da psicopatia é um transtorno de
personalidade antissocial, o qual não afeta a capacidade do indivíduo de entender o caráter
ilícito e nem sua capacidade de determinar-se de acordo com tal entendimento. Portanto,
resta concluir que o psicopata, a princípio, deverá ser tratado e considerado na esfera penal
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como um infrator imputável, e a ele deverá ser imposta uma pena como sanção adequada no
caso de cometimento de uma infração penal. Temos que ressaltar que, o princípio da
dignidade da pessoa humana, o direito à vida bem como o direito à segurança da coletividade
é fundamental. É necessário discutir uma proposta de política criminal para psicopatas.

Para que haja aplicação da medida de segurança, necessita também que tenha nexo
causal entre a doença mental e o ato ilícito praticado. Após isso, será analisada a
periculosidade do agente sob o aspecto da probabilidade de reiteração da prática de outros
crimes. O artigo 97 do Código Penal Brasileiro prevê que o limite temporal do cumprimento
da medida de segurança é no mínimo de 1 (um) à 3 (três) anos. “A internação, ou tratamento
ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada,
mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um)
à 3 (três) anos.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendia que a medida de segurança na


modalidade de internação ou tratamento ambulatorial, seria por tempo indeterminado até que
fosse dada a cessação de periculosidade do agente. Porém o Supremo Tribunal Federal (STF)
proferiu de que a medida de internação deveria acatar à garantia constitucional que veda as
penas de caráter perpétuo. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu o
entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que as medidas de segurança seriam
aplicadas com o limite máximo de 30 (trinta) anos, como prevê o artigo 75 do Código Penal
Brasileiro:
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser
superior a 30 (trinta) anos. § 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas
de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas
para atender ao limite máximo deste artigo. § 2º - Sobrevindo condenação por fato
posterior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-
se, para esse fim, o período de pena já cumprido.

7. A RESPONSABILIDADE PENAL DO PSICOPATA:

Questão tormentosa no âmbito jurídico é definir os rumos da responsabilidade penal


do psicopata, isto é, se referidos indivíduos são imputáveis, semi-imputáveis ou mesmo
18

inimputáveis. O fato é que a doutrina da psiquiatria forense é uníssona no sentido de que, a


despeito de padecer de um transtorno de personalidade, o psicopata é inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito de sua conduta, restando perquirir, assim, se ele é capaz de
determinar-se de acordo com esse entendimento. A responsabilidade penal do psicopata é uma
questão altamente controversa, cercada de polêmicas aguçantes do senso crítico das ciências
criminais, do judiciário e da própria sociedade.

Agindo como verdadeiros atores, os psicopatas são agentes perigosos, manipuladores,


indiferentes em relação ao convívio social e as emoções, logo, são dificilmente identificados.
Observando a psicopatia como transtorno da personalidade antissocial, provoca debate
intensamente divergente em amplos aspectos, desde sua definição até enquadramento do
agente como inimputável, imputável ou semi-imputável. Outrossim, carece de análise em caso
concreto.

O Direito Penal reside na possibilidade de se impor uma pena ao criminoso portador


de um transtorno de personalidade, o psicopata. O problema da psicopatia é algo que envolve
toda a sociedade de forma preocupante, pois, trata-se de um indivíduo que não possui
sentimento alheio, mas somente por si mesmo, agindo de forma a saciar seu desejo egoísta,
sem nenhuma preocupação com a vida do próximo, seus sentimentos, não demonstrando
sentir remorso, culpa, tristeza ou arrependimento.

O ordenamento penal brasileiro não disciplinou em nada especificamente sobre a


psicopatia, assim, conforme a legislação penal o psicopata é classificado como inimputável ou
semi-imputável, pois é considerado como um portador de uma perturbação mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que faz o indivíduo totalmente ou
parcialmente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento, como previsto no artigo 26 do Código Penal:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento


mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Redução de pena:
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Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em


virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto
ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. (BRASIL, 1940).

Desse modo, o psicopata quando pratica um crime tem sua culpabilidade classificada
de acordo com o artigo 26 do Código Penal, sendo isento de pena, ou tendo sua pena
reduzida. Podendo em ambos os casos ser aplicada a medida de segurança, pois o Código
Penal o considera como um doente mental, não tendo capacidade de discernimento, devendo
ser tratado dessa doença que o acomete, sendo classificado como semi-imputável ou
inimputável.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como podemos perceber diante o exposto, os psicopatas são seres que não possuem
sentimentos, são frios, e já pelo o motivo de serem assim, são capazes de fazerem coisas
terríveis, como torturar até matar pelo o simples fato de sentir prazer em fazer isso. Com base
em tudo que foi exposto, verifica-se que a justiça brasileira não se encontra apta a lidar com
indivíduos acometidos pela psicopatia, sobretudo os homicidas.

A partir desse estudo, foi possível observar, que a psicopatia não consiste em doença
mental, e tampouco desenvolvimento mental incompleto ou retardado, vez que não provoca
qualquer mudança na capacidade psíquica do indivíduo. Mesmo que fosse considerada uma
doença, não sairia do psicopata a capacidade de compreender o caráter ilícito dos fatos, ou de
determinar-se conforme esse entendimento, devido as razões de ordem genética e
psicossociais.

A psicopatia, não se tratar de tema propriamente da seara jurídica, foi de certa forma
abandonada pelos juristas, por dependerem de um estudo aprofundado principalmente da
psicologia e psiquiatria. Por isso, em um primeiro momento, desenvolvemos acerca da
criminologia e a sua interdisciplinaridade, que buscou corresponder às exigências atuais
concernentes ao tema ora proposto.
20

Os criminosos com traços psicopáticos apresentam alta nocividade social, razão pela
qual necessitam de atenção especial, de uma política criminal específica e, devido à elevada
probabilidade de reincidência criminal, de monitoramento permanente (MASI, 2018). A
solução para o problema não está na aplicação de medida de segurança, tampouco na pena de
prisão, uma vez que nenhuma das duas trata das especificidades do transtorno. As discussões
acadêmicas não devem ser encerradas até que seja encontrado um meio-termo entre a medida
de segurança e a pena de prisão.

Importante ressaltar que as sanções penais impostas aos psicopatas se mostram


impotentes, por se tratar de indivíduos isentos de sentimentos é muito difícil dar-lhes um
tratamento efetivo, por ser mostrarem incapazes de aprender com a punição. O psicopata sabe
que a conduta é errada e reprovável pela sociedade, mas mesmo sabendo disso eles a
cometem porque para eles o importante é manter o seu ego alto, por serem narcisistas. Não
somente no que diz respeito aos psicopatas, mas também aos presos comuns. O Brasil precisa
de uma atualização do seu sistema penitenciário, proporcionando novas medidas de inserção
do preso na sociedade, a ressocialização precisa deixar de ser utópica e virar realidade. É o
dever de o Estado proteger as garantias fundamentais de todos os cidadãos.

Por serem indivíduos instáveis e pelo fato de não sentirem medo, frustração, culpa ou
remorso, são propensos a reincidirem em atos criminosos, fatores que devem ser considerados
no momento de conceder liberdade condicional ou redução de pena a um indivíduo portador
do transtorno de personalidade. Muitas vezes diagnosticar um indivíduo como psicopata não é
uma tarefa tão fácil quanto se parece, pois além da psicopatia existem inúmeros outros
transtornos de personalidade, muitos considerados curáveis, que podem ser confundidos com
o transtorno de personalidade antissocial.

Do exposto conclui-se que a solução seria a aprovação de um projeto de lei que


viabilizasse a criação de uma prisão especial que isolasse eternamente o criminoso psicopata
de alta periculosidade da sociedade. Também, seria importante aplicar no Brasil a escala
Hare, com o fim de diagnosticar o grau de psicopatia destes indivíduos de forma que seriam
encaminhados para as prisões especiais somente aqueles indivíduos que oferecessem grandes
riscos à sociedade caso fossem colocados em liberdade, já que nem todo psicopata é
criminoso. No entanto, enquanto está prisão especial não é uma realidade no Brasil, entende-
21

se que classificar o psicopata como semi-imputável ainda é a melhor opção que se tem, pois,
mesmo a medida de segurança não sendo eterna, o agente passará por analises mais criteriosas
e exames biopsicológicos com vistas a constatar a cessação de sua periculosidade, evitando,
assim, que progrida de regime, tal como ocorre quando é considerado imputável e é
condenado à pena de prisão.
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REFERÊNCIAS:

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Atual. São Paulo: Editora Saraiva, 2008.

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. 4ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

CONDE, Francisca Munoz; HASSEMER, Winfried. Introdução à criminologia. Rio de


Janeiro: Lumes Juris, 2008.

GOMES, Luís Flávio; GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antônio. Criminologia:


introdução a seus fundamentos teóricos, introdução às bases criminológicas da lei
nº 9.099/95 – lei dos juizados especiais criminais. Trad. Luiz Flávio Gomes, Yellbin Morote
García e Davi Tangerino. 6. Ed. Reform., atual. E ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2008.

JESUS, Damásio E. de. Código Penal Anotado. 10; ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

SANTOS. Claudiene Reis dos. A psicopatia e seus reflexos na legislação


penal: imputabilidade versus semi-imputabilidade. Disponível em:

www.ambito-juridico.com.br>. Acesso em: 08 de Junho de 2020.

SILVA, Ana Beatriz Barboza: Mentes Perigosas: a psicopata mora ao lado. Rio de Janeiro:
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NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal - Parte geral/ Parte especial. 7. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

TRINDADE, J.; BEHEREGARAY, A.; CUNEO, M. R. Psicopatia – a Máscara da Justiça.


Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009.
23

TRINDADE, J. Manual de Psicologia Jurídica para operadores do Direito. 6. ed. rev.


atual. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2012.

A PSICOPATIA NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO


PIERI, Rhannele Silva1 - Acadêmica do Curso de Graduação em Direito da Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). E-mail: rhannele@hotmail.com
VASCONCELOS, Priscila Elise Alves - Orientadora. Doutoranda em Direito pela
Universidade Veiga de Almeida (RJ). Mestra em Agronegócios pela Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD); Especialista em Direito Processual Civil pela
Universidade Cândido Mendes (UCAM). E-mail: prisvascon@gmail.com
Disponível em: file:///C:/Users/user/Downloads/3111-10430-1-PB.pdf com acesso em 10 de
Junho de 2020.

A PSICOPATIA E O DIREITO PENAL


SIMSEN, Letícia Natiele da Silva - Acadêmica do 3º Semestre do Curso de Direito da
Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ). Integrante Grupo de Estudos “Estado de
Direito e Democracia: espaço de afirmação dos direitos humanos e fundamentais” –
UNICRUZ. E-mail: leticiasimsen05@gmail.com.
PIAS, Fagner Cuozzo - Professor do curso de Direito da Universidade de Cruz Alta,
orientador do presente trabalho. Mestre em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento
Social (UNICRUZ). E-mail: fpias@unicruz.edu.br – Disponível em :
https://home.unicruz.edu.br/mercosul/pagina/anais/2018/3%20-Mostra%20de%20Trabalhos
%20da%20Gradua%C3%A7%C3%A3o%20e%20P%C3%B3s-Gradua
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PSICOPATIA NO DIREITO PENAL: Tensões entre liberdade e segurança


VANESSA MICELI DE OLIVEIRA PIMENTEL
Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Ciências Criminais, Faculdade
Baiana de Direito, como requisito para obtenção do grau de especialização em Ciências
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Graduanda em Direito pela Faculdade do Vale do Itapecuru - FAI (Caxias - MA),
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%20ordenamento%20Penal%20Brasileiro%20classifica,de%20acordo%20com%20tal
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O psicopata e o direito penal brasileiro


Alex Moises de Oliveira
Bacharel em Direito pela Faculdade de Educação Ciências e Artes Dom Bosco –
Disponível em:https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/o-psicopata-e-o-direito-
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CRIMINOSOS PSICOPATAS: PENA OU TRATAMENTO?


Thaís Roberta da Silva ALMIRANTE - Discente do 8º termo do curso de Direito do Centro
Universitário Toledo Prudente de Presidente Prudente/SP.
Fernanda de Matos Lima MADRID - Docente do Centro Universitário Toledo Presidente
Prudente/SP. Graduada em Direito pelas Faculdades Integradas “Antônio Eufrásio de Toledo”
de Presidente Prudente. Especialista em Direito Penal e Processo Penal pela Universidade
Estadual de Londrina. Mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade Estadual do Norte do
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Disponível em: file:///C:/Users/user/Downloads/5119-13433-1-PB.pdf com acesso em 12 de
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