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TERESINA-PI
JUNHO/2020
TERESINA - PI
JUNHO/2020
A PSICOPATIA E O DIREITO PENAL:
DA RESPONSABILIDADE PENAL DO PSICOPATA
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
Prof. Me. Orientador: José Roger Gurgel Campos
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ABSTRACT
The aim of this article is to conduct research on psychopathy within the scope of criminal law.
Psychopathy, personality-related characteristics and the psychopathic mind will be guided throughout the
article. Subsequently, the study will focus on law and psychopathy showing the failure to apply the law in
cases of psychopathy. A brief explanation was made about security measures and their possible application
to psychopaths. . In Brazil, the perpetrator of a crime can be punished through a penalty and a security
measure. There are three types of punishment in the Brazilian System, the custodial sentence, the
custodial sentence and the fine. All imputable and non-imputable agents, who must have their sentence
reduced, who have committed a criminal offense, may incur these penalties. The subjects who suffer
psychopathy and commit crimes are given security measures, where criminal law, through criminal
sanctions, segregates the subject to the custody hospital for the treatment of their mental disorder.
Psychopathy can be understood as a specific personality disorder, resulting from an anomaly of
psychological development, signaled by extreme insensitivity to the feelings of others (total absence of
remorse), leading the individual to a marked affective indifference. What will be addressed in the work,
which is the cause of a relevant stir that revolves in the legal environment around psychopathy, arising
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Acadêmica de Direito Centro De Ensino Superior Do Vale Do Parnaíba – CESVALE, Direito 2016.1, 9º
período. Estágio 2018-2020 no Núcleo Estadual do Ministério da Saúde - PI.
E-mail: allanabarroso@hotmail.com
² Lara Neiva Araújo - Professora Centro De Ensino Superior Do Vale Do Parnaíba – CESVALE
E-mail: laraneivaadv@gmail.com
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from the imputability of such subjects; that is to say, whether psychopaths can be considered as semi or
fully attributable. The Brazilian legal and penal system is totally silent about the criminal responsibility of
the criminal who is diagnosed as a psychopath. Criminal Law was created with the purpose of protecting
the most important and necessary assets for the very survival of society, essential to the individual and the
community. Criminal law has been the subject of numerous questions about its effectiveness in the face of
the current problems of our society, including abolitionists who defend its eradication.
1. INTRODUÇÃO
Para que haja punição no direito penal é necessário que um delito tenha sido praticado
e para que exista punição para o fato delito realizado deverá haver nexo causal entre a conduta
do agente, fato típico, antijurídico e culpável e o resultado. No Brasil, pode se punir o autor de
um crime através de pena e medida de segurança. Existem três tipos de pena no Sistema
Brasileiro, a pena privativa de direito, a pena privativa de liberdade e a pena de multa. Podem
incorrer nessas penas todo o agente imputável e o sem i- imputável, que deverá ter sua pena
reduzida, que tenha praticado fato delituoso. O artigo 26 e o seu parágrafo único expõem que:
A psicologia jurídica trata de uma matéria aplicada há muito tempo em nosso meio
jurídico, mas de forma restrita, e somente há pouco tempo está sendo mais aceita no
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ordenamento brasileiro, sua aplicação é muito importante no referido trabalho, uma vez que
para a identificação de um psicopata é necessário à junção do direito penal e da psicologia
jurídica, assim chega à psicologia do delinquente.
No Brasil, o psicopata é algo fantasioso para a maioria das pessoas. Costuma-se pensar
que os casos envolvendo psicopatas ocorrem apenas em outros países. Silva (2008) sustenta
que no Brasil existem psicopatas assim como em qualquer outro lugar do mundo. As pessoas
que são diagnosticadas como psicopatas têm o poder de manipulação extremamente alta,
egocentrismo, não se sentem culpados pela prática de atos cruéis e não tem medo de nenhum
castigo ou punição que possam receber. (SILVA, 2008).
Aos sujeitos que sofrem psicopatia e praticam crimes, lhes são atribuídas medidas de
segurança, onde o direito penal, através da sanção penal, segrega o sujeito ao hospital de
custódia para tratamento de seu transtorno mental. A Medida de Segurança é uma sanção
penal imposta ao semi-imputável ou ao inimputável. Está prevista no Código Penal Brasileiro,
iniciando com o art. 96, que qualifica somente duas espécies de medida de segurança, qual
seja: “Art. 96 (...) I internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta,
em outro estabelecimento adequado; II sujeição a tratamento ambulatorial. ”
O que será abordado no trabalho, ensejador de relevante celeuma que gira no meio
jurídico em torno da psicopatia, advindo da imputabilidade de tais sujeitos; vale dizer, se os
psicopatas podem ser considerados como semi ou plenamente imputáveis. O ordenamento
jurídico-penal brasileiro é totalmente silente quanto à responsabilidade penal do criminoso
que é diagnosticado como psicopata. E esse silêncio do legislador tem levado os juízes a
enquadrarem os psicopatas, ora como imputáveis, ora como semi-imputáveis.
2. METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia aferida neste artigo foi realizada em processo investigativo, por meio
de pesquisa bibliográfica em livros, artigos científicos, monografias e revistas especializadas
sobre tema da A Psicopatia e o Direito Penal: Da Responsabilidade Penal do Psicopata. De
acordo com Cervo, Bervian e/ Silva (2007, p.61), a pesquisa bibliográfica “constitui o
procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado
da arte sobre determinado tema”. Ainda segundo os autores, este estudo é caracterizado
também como pesquisa exploratória, já que não requer a formulação de hipóteses para serem
testadas, restringindo por definir objetivos e buscar informações sobre determinado assunto de
estudo, sendo assim um passo importante para o projeto de pesquisa.
O método utilizado nesse Artigo foi de pesquisa bibliográfica que tem por
finalidade fundamentar e contextualizar com abordagem de autores conceituados para maior
embasamento do tema tratado. De acordo com Gil (1999), o pesquisador necessita ampliar o
seu conhecimento, ser curioso e criativo e adquirir leitura para respaldar os conceitos.
Dentro desse contexto Pádua (1997), diz que pesquisa é uma atividade que está
relacionada a assuntos que instigam a inquietação da realidade e que direciona a um novo
conhecimento.
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Os psicopatas causam sofrimento, pois não têm consciência moral e empatia. Não se
comovem com o sofrimento alheio e podem cometer atrocidades sem sentir remorso algum ou
temer punições. De acordo com o Código de Moral e Ética, a empatia funciona como um freio
para as atitudes humanas. Logo, o psicopata não tem esse freio; realiza suas condutas sem
arrependimentos.
A visão que se tem do psicopata são todas cruéis, hediondas e maléficas, em geral,
tanto a mídia como a sociedade, impõem que todo individuou que sofre desse transtorno, é
sempre um assassino que mata a sangue frio. Em certo ponto isso é uma meia verdade,
realmente há psicopatas assim, mas nem todo psicopata é homicida. Existem vários níveis de
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psicopatia, desde, o mais leve ao mais grave, para que se possa fazer essa distinção, há alguns
critérios que precisam ser notados no indivíduo.
Há outro ponto muito importante e complexo que se visa a realizar um estudo sobre a
psicopatia. O conceito da psicopatia foi alvo de diversas mudanças e influências no
desenvolver histórico. Objetiva-se com o trabalho estudar a figura do psicopata na sociedade e
qual a resposta dada pelo Direito Penal nos casos de crimes cometidos por estes indivíduos.
Para o jurista, o psicopata é transgressor da lei, autor do delito grave, que exige uma
condenação severa. Para o sociólogo, o psicopata é um desadaptado social crônico
em relação ao grupo. Para o filósofo, um ser antiético e sem valores. Para o
psicólogo, o psicopata significa uma pessoa cujos traços de personalidade denotam
prejuízos interpessoais, afetivos e condutais. Para o homem comum, o psicopata
pode representar tanto um modelo de homem destemido, quanto um herói a ser
admirado e seguido, ou simplesmente um “bandido sem solução”. (TRINDADE,
2012, p. 179).
O Direito Penal foi criado com a finalidade de proteger os bens mais importantes e
necessários para a própria sobrevivência da sociedade, essenciais ao indivíduo e à
comunidade. Bens jurídicos como a vida, propriedade, incolumidade física e psíquica, são
penalmente tutelados pelo Direito Penal como última ratio – ou seja, a maioria dos bens
previstos também já é protegida por outras áreas do Direito. Assim, o Direito Penal é o setor
do ordenamento que define o que são crimes, comina as penas e prevê medidas de segurança
aplicáveis aos autores das condutas incriminadas.
O Direito Penal vem sendo objeto de inúmeros questionamentos acerca de sua eficácia
perante os problemas atuais de nossa sociedade, havendo, inclusive, os abolicionistas que
defendem sua erradicação. Nesse sentido, realizar-se-á análise acerca da primordial função do
Direito Penal, juntamente com seu principal instrumento de coação, qual seja, a pena,
demonstrando as características e as limitações do modelo criminal retributivo, que
predomina em nosso ordenamento jurídico atualmente, para depois se analisar os ideais da
Justiça Restaurativa.
No Código Penal Brasileiro segundo Nucci (2013), existem duas situações nas quais
um agente pode ser considerado inimputável: Inimputabilidade por doença mental e
Inimputabilidade por maturidade natural.
Como assegura os artigos 26, 27 do Código Penal e 228 da Constituição Federal, em
que destacamos junto a Nucci (2013):
Art. 26. - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
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legislativa não nos impede de analisar a psicopatia conforme as regras estabelecidas pelo
Código Penal Brasileiro, bem como o entendimento de alguns doutrinadores.
5.1 Da culpabilidade:
De extrema importância para o direito penal brasileiro, assim como para toda a
dogmática jurídica penal, a Culpabilidade é um instituto que se destaca. Embora diversas
vezes citada pelo Código Penal vigente, é desguarnecida de conceito e funções pré-
estabelecidas, missão que fica a cargo da doutrina e da jurisprudência, o que justifica a
ausência de uniformidade de entendimentos e a existência de diversas teorias acerca da
Culpabilidade.
5.2 Da imputabilidade:
5.3 Da inimputabilidade:
Neste diapasão, sobre a inimputabilidade, explica Damásio E. de Jesus (1999, p. 499) que:
O art. 26, parágrafo único, do Código Penal prescreve sobre essa situação:
“Art. 26 (…) Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”
Cumpre ressaltar que, no caso dos semi imputáveis, não é extinta a culpabilidade, e,
após análise do caso concreto, a lei confere ao juiz a opção de aplicar medida de segurança ou
a pena diminuída, depois de fixada a pena, portanto, uma natureza condenatória.
O juiz pode declará-lo imputável (tem plena consciência de seus atos e é punível
como criminoso comum) ou semi-imputável (não consegue controlar seus atos, embora tenha
consciência deles). Nesse segundo caso, o juiz pode reduzir de um a dois terços sua pena ou
enviá-lo para um hospital de custódia, se considerar que tem tratamento.
É preciso muita cautela, tanto do perito, quanto do juiz, para averiguar as situações
consideradas limítrofes, que não chegam a constituir normalidade, pois que personalidade
antissocial, mas também não caracterizam a anormalidade a que faz referência o art. 26.
No nosso atual sistema penal, conforme já tratado, serão impostas a esses autores de
infrações penais, como espécies de sanção criminal, a pena ou a medida de segurança (sistema
unitário). De acordo com a posição majoritária, o instituto da psicopatia é um transtorno de
personalidade antissocial, o qual não afeta a capacidade do indivíduo de entender o caráter
ilícito e nem sua capacidade de determinar-se de acordo com tal entendimento. Portanto,
resta concluir que o psicopata, a princípio, deverá ser tratado e considerado na esfera penal
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como um infrator imputável, e a ele deverá ser imposta uma pena como sanção adequada no
caso de cometimento de uma infração penal. Temos que ressaltar que, o princípio da
dignidade da pessoa humana, o direito à vida bem como o direito à segurança da coletividade
é fundamental. É necessário discutir uma proposta de política criminal para psicopatas.
Para que haja aplicação da medida de segurança, necessita também que tenha nexo
causal entre a doença mental e o ato ilícito praticado. Após isso, será analisada a
periculosidade do agente sob o aspecto da probabilidade de reiteração da prática de outros
crimes. O artigo 97 do Código Penal Brasileiro prevê que o limite temporal do cumprimento
da medida de segurança é no mínimo de 1 (um) à 3 (três) anos. “A internação, ou tratamento
ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada,
mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um)
à 3 (três) anos.
Desse modo, o psicopata quando pratica um crime tem sua culpabilidade classificada
de acordo com o artigo 26 do Código Penal, sendo isento de pena, ou tendo sua pena
reduzida. Podendo em ambos os casos ser aplicada a medida de segurança, pois o Código
Penal o considera como um doente mental, não tendo capacidade de discernimento, devendo
ser tratado dessa doença que o acomete, sendo classificado como semi-imputável ou
inimputável.
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como podemos perceber diante o exposto, os psicopatas são seres que não possuem
sentimentos, são frios, e já pelo o motivo de serem assim, são capazes de fazerem coisas
terríveis, como torturar até matar pelo o simples fato de sentir prazer em fazer isso. Com base
em tudo que foi exposto, verifica-se que a justiça brasileira não se encontra apta a lidar com
indivíduos acometidos pela psicopatia, sobretudo os homicidas.
A partir desse estudo, foi possível observar, que a psicopatia não consiste em doença
mental, e tampouco desenvolvimento mental incompleto ou retardado, vez que não provoca
qualquer mudança na capacidade psíquica do indivíduo. Mesmo que fosse considerada uma
doença, não sairia do psicopata a capacidade de compreender o caráter ilícito dos fatos, ou de
determinar-se conforme esse entendimento, devido as razões de ordem genética e
psicossociais.
A psicopatia, não se tratar de tema propriamente da seara jurídica, foi de certa forma
abandonada pelos juristas, por dependerem de um estudo aprofundado principalmente da
psicologia e psiquiatria. Por isso, em um primeiro momento, desenvolvemos acerca da
criminologia e a sua interdisciplinaridade, que buscou corresponder às exigências atuais
concernentes ao tema ora proposto.
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Os criminosos com traços psicopáticos apresentam alta nocividade social, razão pela
qual necessitam de atenção especial, de uma política criminal específica e, devido à elevada
probabilidade de reincidência criminal, de monitoramento permanente (MASI, 2018). A
solução para o problema não está na aplicação de medida de segurança, tampouco na pena de
prisão, uma vez que nenhuma das duas trata das especificidades do transtorno. As discussões
acadêmicas não devem ser encerradas até que seja encontrado um meio-termo entre a medida
de segurança e a pena de prisão.
Por serem indivíduos instáveis e pelo fato de não sentirem medo, frustração, culpa ou
remorso, são propensos a reincidirem em atos criminosos, fatores que devem ser considerados
no momento de conceder liberdade condicional ou redução de pena a um indivíduo portador
do transtorno de personalidade. Muitas vezes diagnosticar um indivíduo como psicopata não é
uma tarefa tão fácil quanto se parece, pois além da psicopatia existem inúmeros outros
transtornos de personalidade, muitos considerados curáveis, que podem ser confundidos com
o transtorno de personalidade antissocial.
se que classificar o psicopata como semi-imputável ainda é a melhor opção que se tem, pois,
mesmo a medida de segurança não sendo eterna, o agente passará por analises mais criteriosas
e exames biopsicológicos com vistas a constatar a cessação de sua periculosidade, evitando,
assim, que progrida de regime, tal como ocorre quando é considerado imputável e é
condenado à pena de prisão.
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REFERÊNCIAS:
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Atual. São Paulo: Editora Saraiva, 2008.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. 4ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
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